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OBSTETRÍCIA Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Sangramento da primeira metade da gestação 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. MARINA
AYABE GOMES DE

m
MORAES

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Olá, doutor(a),
como você está?

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Eu sou a professora Marina Ayabe G. de Moraes. É uma


o

honra fazer parte da equipe Estratégia MED e poder colaborar em


sua preparação para enfrentar as provas de Residência Médica.
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Eu já estive aí em seu lugar, estudando como louca, à procura de


um material bem elaborado, combinado com uma boa didática


para ajudar na compreensão de um tema que às vezes parece
impossível, seja por falta de afinidade ou seja por uma leitura
me

pesada e pouco atrativa.


Assim, esta será minha missão: oferecer a você um conteúdo
de qualidade para que consiga a tão sonhada aprovação na
Residência Médica. E ainda quero que se sinta confortável e à
vontade para voltar e me avisar que esse sonho aconteceu e eu
lhe ajudei nessa trajetória.

@dra.marinamoraes
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Sangramento da primeira metade da gestação 3

Agora, peço licença a você, hoje um querido aluno, mas enfrentar as questões de obstetrícia sem a necessidade de
em breve um especialista, para contar um pouco de minha material complementar. Vou aproveitar a oportunidade e deixar
trajetória profissional. Sou formada com muito orgulho e esforço alguns “macetes”, pois, para ser aprovado, não basta apenas
em Medicina pela Faculdade de Medicina de Botucatu, a gloriosa conhecimento teórico, faz-se necessário SABER REALIZAR UMA
UNESP (cada um “puxa a sardinha” e leva no peito o nome PROVA. Mas, além de estar mais preparado, você levará esse
de sua instituição, não é?). Durante meus 5º e 6º anos, estudei conhecimento adquirido para sua vida profissional.

m
desesperadamente para passar direto na Residência Médica, já Atenção para algumas dicas de estudo:
que minha meta era deixar de decorar Preventiva e Saúde Pública 1º Não leia este material apenas 1 vez. Faça seus resumos

co
(ops, falei!) e focar os meus estudos de uma vez, na minha paixão, e volte a ler para a FIXAÇÃO do conteúdo daqui a alguns dias ou
a ginecologia e obstetrícia. Não contente com o término do curso, meses.
passei direto na Residência Médica na UNESP-Botucatu e na 2º Resolva MUITAS QUESTÕES: método Dr. Joshua de
Universidade Estadual de Londrina (UEL) e optei para a Residência estudo “3Qs”: após a leitura, resolva QUESTÃO, QUESTÃO E
s.
Médica em minha querida universidade de formação acadêmica, QUESTÃO.
a UNESP-Botucatu. Realizei diversos cursos de aprimoramento 3º Faça RESUMOS da matéria. Não grife tudo, grife o que
na área de ginecologia e obstetrícia, entre eles, a experiência não pode faltar para ser compreendido e decorado (já deixei

em simulações realísticas em ginecologia e obstetrícia, além de pontos em negrito para ajudar).


eo

4º Vai ter que DECORAR porque a chance é alta de cair na


o

formulação e aplicação de estações no modelo OSCE (exame


ub

clínico objetivo e estruturado). Há mais de 10 anos, com muito prova: escreva em uma folha e COLE NA PAREDE DO QUARTO
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orgulho e carinho, sou docente de Medicina de uma Universidade OU NO BANHEIRO e olhe todos os dias. Certeza de que uma
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do interior de São Paulo. Já fui paraninfa de turma e professora hora entra na cabeça.
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homenageada. 4º Se necessário, pode me procurar pelo FÓRUM DE


o

Hoje minha meta é ajudar você, de uma maneira eficaz, DÚVIDAS e em nossas redes sociais: não vá para a prova com
a alcançar sua aprovação na tão sonhada vaga de Residência dúvidas, sendo que posso ajudá-lo.
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Médica e ser muito feliz. Claro que, além disso, vou fornecer uma 6º NÃO PERCA TEMPO: se seu objetivo é passar, vamos,

bagagem de conteúdos médicos seguros em obstetrícia para um então, conquistar essa vaga.
raciocínio clínico mais limpo e eficiente. Estudamos, por meio da 7º Não gosta de estudar OBSTETRÍCIA? Estude então
engenharia reversa, a teoria focada na maneira como são cobrados aqui comigo, de ódio mesmo! Eu vou facilitar seu estudo para sua
me

os conteúdos. Jamais estou aqui para escrever ou substituir aprovação, para sua especialidade e na instituição que desejar.
livros renomados, mas vou facilitar a você aquela visão para a Conte comigo!
qual eu, quando aluna, não encontrava a lógica do raciocínio. Pronto? Então, separe seus materiais, concentração e
Acredito que, ao término do livro, você estará preparado para vamos começar!

/estrategiamed Estratégia MED

@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
MED
OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6
1.0 ABORTAMENTO 8
1 .1 DEFINIÇÕES 8

1 .2 CLASSIFICAÇÃO 8

1 .3 EPIDEMIOLOGIA 10

m
1 .4 ETIOLOGIA 12

1.4.1 ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS 12

co
1.4.2 DOENÇAS ENDÓCRINAS 13

1.4.3 INFECÇÕES 14

1.4.4 CAUSAS UTERINAS 14


s.
1.4.5 FATORES IMUNOLÓGICOS 17

1.4.6 TABACO, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 18

1.4.7 TRAUMA 18

eo

1 .5
o

FORMAS CLÍNICAS DE ABORTAMENTO E CONDUTAS ESPECÍFICAS 19


ub

1.5.1 AMEAÇA DE ABORTAMENTO 19


ro

1.5.2 ABORTAMENTO INEVITÁVEL 23


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1.5.3 ABORTAMENTO COMPLETO 24


o

1.5.4 ABORTAMENTO INCOMPLETO 25


a

1.5.5 ABORTAMENTO INFECTADO 27


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1.5.6 ABORTO RETIDO E GESTAÇÃO ANEMBRIONADA 29


1 .6 CARACTERÍSTICAS ULTRASSONOGRÁFICAS DO ABORTAMENTO 34

1 .7
me

TÉCNICAS PARA ESVAZIAMENTO UTERINO 36

1.7.1 ASPIRAÇÃO INTRAUTERINA 36

1.7.2 CURETAGEM UTERINA 37

1 .8 LISTA DE QUESTÕES 39

2.0 GESTAÇÃO ECTÓPICA 40


2 .1 DEFINIÇÃO 40

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MED

2 .2 LOCALIZAÇÃO 41

2 .3 QUADRO CLÍNICO 42

2 .4 FATORES DE RISCO 43

2 .5 DIAGNÓSTICO 43

2 .6 TRATAMENTO 45

2.6.1 CONDUTA EXPECTANTE 46

2.6.2 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 46

2.6.3 TRATAMENTO LOCAL COM METOTREXATO 51

m
2.6.4 TRATAMENTO CIRÚRGICO 51

co
2 .7 GESTAÇÃO ECTÓPICA DE LOCALIZAÇÃO ATÍPICA 54

2 .8 LISTA DE QUESTÕES 56

3.0 DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL 57


s.
3 .1 MOLA HIDATIFORME 59

3.1.1 FATORES DE RISCO 59

3.1.2 PATOGÊNESE 61

eo

3.1.3 QUADRO CLÍNICO 67


o
ub

3.1.4 TRATAMENTO 74
ro

3.1.5 SEGUIMENTO PÓS-MOLAR 78


id
é

3.1.6 MOLA HIDATIFORME RECORRENTE FAMILIAR 83


o

3 .2 NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL 84


a

3.2.1 TRATAMENTO 86
dv
pi

3.2.2 MOLA INVASORA (CORIOADENOMA DESTRUENS) 87


3.2.3 CORIOCARCINOMA 88

3.2.4 TUMOR TROFOBLÁSTICO DO SÍTIO PLACENTÁRIO (TTSP) 88


me

3.2.5 TUMOR TROFOBLÁSTICO EPITELIOIDE (TTE) 88

3.2.6 SEGUIMENTO APÓS NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL 91

3 .3 LISTA DE QUESTÕES 92

4.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93


5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 94

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MED

INTRODUÇÃO

Pare!
Saiba por que você não deve pular
este tema!

m
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s.
O sangramento da primeira metade da gestação é um dos principais motivos de procura aos prontos-socorros obstétricos.
Por sua elevada prevalência e importância clínica, é um dos TOP TEMAS e está entre os mais abordados pelas bancas de Residência
de todo o país.

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2%
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2%
2%
4%
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3%
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7% 4%
o

25%

11% 9%
34%
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13% 12%

25%
15% 12%
20%
me

Intercorrências obstétricas Pré-natal Sangramento primeira metade Abortamento de repetição


Doenças associadas à obstetrícia Puerpério Sangramento segunda metade Morte materna
Parto Obstetrícia fisiológica Trabalho de parto prematuro Aborto legal
Medicina fetal Rotura prematura de membranas Morte fetal
Gestação múltipla Pós-datismo

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Deu para entender o porquê de eu querer sua atenção neste tema? Eu preciso que você garanta um ponto fundamental da prova.

Ao deparar-se com uma gestante com menos de 20 semanas ou na primeira metade da gestação, com queixa de sangramento vaginal,
fique atento aos três principais diagnósticos:

DOENÇA
GESTAÇÃO
ABORTAMENTO TROFOBLÁSTICA
ECTÓPICA
GESTACIONAL

Em nossa revisão, todos esses 3 temas têm uma participação importante no total de questões. É importante ressaltar que as questões,
na maior parte das vezes, misturam os diagnósticos diferenciais nas alternativas e, por isso, é necessário conhecer bem todas as patologias.

m
Para facilitar seu estudo, dividirei a abordagem do tema nesses três grandes tópicos.

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MED

CAPÍTULO

1.0 ABORTAMENTO
Você
precisa 1. A definição de abortamento.
saber: 2. Os fatores de risco para abortamento.

3. Quais são as formas clínicas de abortamento e suas manifestações.

4. A conduta específica para cada uma das formas.

m
1. 1 DEFINIÇÕES

co
ABORTAMENTO: é a interrupção da gestação antes de que o produto conceptual tenha atingido a viabilidade.
s.
Definição segundo a OMS:
- expulsão ou extração do feto antes de 20 semanas ou com menos de 500 g.

< 500 gramas



eo

ABORTAMENTO
o
ub

< 20 semanas
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Além disso, o termo "abortamento" refere-se ao processo de eliminação do concepto, enquanto "aborto" se refere ao produto
o

conceptual eliminado. Os termos "aborto" e "abortamento" costumam ser empregados como sinônimos pelas provas de Residência e assim
os utilizaremos.
a
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1. 2 CLASSIFICAÇÃO
me

O abortamento pode ser classificado quanto à intenção e à cronologia da seguinte maneira:

Precoce x Tardio

Os abortamentos com menos de 12 semanas são considerados precoces, sendo responsáveis por mais de 80% de todas as perdas,
enquanto aqueles que ocorrem entre as 13a e a 20a semana de gestação são considerados tardios. E a principal causa de abortamento
precoce são as anomalias cromossômicas, e a do abortamento tardio é a incompetência istmocervical, que ocorre geralmente no segundo
trimestre da gestação.

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80% das
perdas

PRECOCE
Menos que
12 semanas
x TARDIO
Entre 12 e 20
semanas

A importância dessa classificação reside no fato de que os abortos têm etiologias e condutas terapêuticas diferentes de acordo com a
idade gestacional.

m
co
#FICAADICA: nos abortos
tardios (> 12 semanas), o feto já
apresenta espículas ósseas! Assim,
seu raciocínio para a conduta
s.
deve basear-se no MAIOR RISCO
DE PERFURAÇÃO pelas espículas,
evitando-se a curetagem como
método único de tratamento.

eo
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Eu sei que essa imagem impressionou você de uma forma


triste ou gerou aflição. O que eu quero com ela? Preciso que você
id
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entenda o risco de perfuração por curetagem uterina isolada em


o

feto acima de 12 semanas pela presença de espículas ósseas.


Então vamos prosseguir os estudos entendendo as diferentes


a
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definições de abortamento. Isso será importante para você definir


Figura 1. Risco da curetagem uterina como procedimento isolado na conduta

as causas, os riscos e as condutas. de abortamento maior que 12 semanas de gestação e presença de espículas
ósseas.
me

Espontâneo x Provocado

O abortamento espontâneo é aquele que ocorre sem nenhuma intervenção externa, podendo ser causado por
condições maternas ou por anormalidade do embrião ou do feto.

Já o aborto provocado é aquele em que há intenção de provocá-lo e em que ocorre uma intervenção externa.
Vale ressaltar que o aborto provocado pode ocorrer dentro da legalidade e das condições sanitárias adequadas ou não.

Se você deseja aprofundar-se e saber detalhes sobre a interrupção legal na gestação, veja o livro digital de
ginecologia Assistência à vítima de violência sexual.

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Seguro x Inseguro

A OMS utiliza esses termos em seus documentos internacionais. O aborto seguro é aquele realizado por
médico habilitado, em ambiente adequado e com os meios necessários, a fim de minimizar os riscos para a paciente.

Já o aborto inseguro é um procedimento empregado a fim de interromper uma gestação indesejada, realizado
fora do ambiente hospitalar e/ou por profissional sem habilidades necessárias, implicando elevados riscos para a
paciente, como sangramentos e infecções, podendo levar à morte.

m
Esporádico X Repetição

co
O abortamento de repetição ou habitual é definido como a ocorrência de três ou mais abortamentos consecutivos.
s.
Em geral, sua etiologia difere dos abortamentos esporádicos, devendo haver uma investigação mais completa nesses casos. Fique
atento, pois muitas questões abordam esse tema e, se você deseja revisar com maior profundidade, não deixe de ler o livro digital Abortamento

habitual e insuficiência cervical .


eo
o

Os abortamentos esporádicos são aqueles que não se encaixam nos critérios acima, geralmente estando associados a anomalias
ub

cromossômicas e NÃO acarretando aumento de risco de um novo abortamento para a mulher.


ro
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Assim, fique atento para as pegadinhas de algumas bancas que podem cobrar esses conceitos. Se questionarem
o

sobre o risco de uma gestante que refere história de 1ª gestação: abortamento espontâneo com 5 semanas; 2ª

gestação: abortamento espontâneo após 5 dias do diagnóstico e a 3ª gestação com evolução normal até o termo. Veja
que a gestante não é definida como abortamento habitual ou de repetição porque não ocorreram 3 abortamentos
a
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consecutivos e ela pode prosseguir para uma nova gestação sem aumento de risco.

Ficou claro esse conceito? Não se sinta sozinho ou angustiado, porque estarei sempre disponível para ajudá-lo. Não se esqueça disso.
me

Então, vamos prosseguir para um outro ponto interessante, que é a epidemiologia do abortamento?

1. 3 EPIDEMIOLOGIA

O abortamento é considerado a complicação mais comum da gestação. Aproximadamente uma em cada quatro mulheres apresentará
um aborto espontâneo em sua vida, sendo que 15 a 20% de todas as gestações diagnosticadas clinicamente evoluirão para abortamento.
Muito triste saber disso, não é? Às vezes, a estatística assusta um pouco, mas ela é importante para sabermos lidar com o problema.

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Os abortamentos precoces, isto é, aqueles que ocorrem antes de 12 semanas de gestação, representam 80% dos abortamentos.

Veja que é exatamente o que faziam os nossos parentes mais hormonal, que ocasiona um teste de gravidez positivo, porém sem
velhos. Eram orientados a dar uma notícia de gestação somente diagnóstico de qualquer sinal clínico de gestação inicial. Estima-
após o 3º mês, porque sabiam do risco da perda precoce. se que 60% delas evoluam para abortamentos, porém muitas

Além disso, saiba que, diante de um abortamento esporádico, passarão despercebidas, como um atraso menstrual que evoluiu

a principal causa está associada às anomalias cromossômicas. E com uma menstruação mais importante. E você sabe qual é uma

por que você deve entender isso? Porque a família irá questionar situação comum para ocorrência da gestação bioquímica? Após

sobre o medo de nova perda gestacional. E a resposta é que NÃO uma gestação por reprodução assistida. A gestação é identificada

m
há aumento de risco de novo abortamento no caso do aborto pelo aumento do beta-hCG, porém sem detecção ao exame de

esporádico. Ainda bem, não é? ultrassom.

co
Mas e quanto às gestações bioquímicas, professora? Estrategista, vamos ver como a epidemiologia pode aparecer

Essa é uma condição em que ocorre apenas uma elevação em sua prova?
s.
CAI NA PROVA

(SCMM, 2020) Uma gestante G3 P1 A1, com idade gestacional de 6 semanas, procura o ginecologista para tirar uma dúvida a respeito do risco

de um novo abortamento. Não apresentou intercorrências nas gestações anteriores e o aborto aconteceu no primeiro trimestre da gestação
eo
o

anterior. A orientação mais correta nesse caso é:


ub
ro

A) o risco de abortamento nessa gestação aumenta e chega a cifras de 50%.


id

B) o risco de abortamento é muito grande, principalmente porque a gestante não está fazendo profilaxia com progesterona micronizada.
é

o risco de abortamento é baixo, porém é o dobro de uma primeira gestação.


o

C)

D) o risco de abortamento é baixo, semelhante a uma primeira gestação.


a
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COMENTÁRIO

Estrategista, veja que é uma questão de epidemiologia, mas cobrada por meio de uma questão comum na prática clínica. As pacientes
me

desejam saber o risco de um novo abortamento na próxima gestação.


Incorretas as alternativas A, B e C. O risco de abortamento para mulheres com história de um abortamento anterior é baixo, cerca
de 15% a 20% após a confirmação da gravidez, semelhante a uma primeira gestação. Lembrando que o abortamento habitual ou de
repetição é quando ocorrem 3 abortamentos consecutivos. Além disso, estudos com a utilização da progesterona, de forma profilática,
nos abortamentos esporádicos, não apresentaram impacto no desfecho do abortamento.

O risco de abortamento para mulheres com história de um abortamento anterior é baixo, cerca de 15 a
Correta a alternativa D.
20% após a confirmação da gravidez, semelhante a uma primeira gestação.

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1. 4 ETIOLOGIA

1.4.1 ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS

A ALTERAÇÃO CROMOSSÔMICA é a principal etiologia em 50 a 80% dos abortamentos precoces (antes da 12ª semana de gestação).

As TRISSOMIAS são as alterações mais comuns associadas às perdas precoces, correspondendo a 50% dos abortamentos de
causa genética.

m
A trissomia do cromossomo 16 é a mais frequente. Apesar de as causas cromossômicas serem frequentes, elas são decorrentes
de erros ou mutações pontuais. A monossomia do cromossomo X é a segunda maior causa genética de abortamento devido à falta do

co
cromossomo paterno e sem correlação com a idade materna.

O risco de alterações cromossômicas é maior com o avançar da idade da gestante, pois as divisões genéticas anômalas são mais
frequentes.
s.
Vamos resolver mais uma questão?

CAI NA PROVA

eo
o

(HMAR, 2020) Assinale a alternativa incorreta a respeito de abortamento:


ub
ro

A) A maioria dos casos de síndrome de Down acaba em abortamento.


id

Praticamente metade dos casos de abortamento é consequente a anomalias cromossômicas.


é

B)
o

C) As malformações uterinas representam outros 50% dos casos de abortamento.


D) Das trissomias que cursam com aborto, a 16 é a mais frequente.


a
dv
pi

COMENTÁRIO:

Incorreta a alternativa A. Está CORRETO. As trissomias são as anormalidades cromossômicas mais relacionadas ao abortamento, inclusive
me

a do cromossomo 21, que caracteriza a síndrome de Down.


Incorreta a alternativa B. Está CORRETO. Cerca de 50% a 70% dos abortamentos relacionam-se com anomalias cromossômicas.

Atenção, que a pergunta é a alternativa INCORRETA. Cerca de 50% a 70% dos abortamentos relacionam-se
Correta a alternativa C.
com anomalias cromossômicas, sendo que os 30% restantes estão associados a malformações uterinas,
infecções, distúrbios endocrinológicos ou imunológicos.

Incorreta a alternativa D. Está CORRETO. As trissomias são as anormalidades cromossômicas mais relacionadas ao abortamento, sendo
que, entre elas, a mais frequente é a do cromossomo 16.

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1.4.2 DOENÇAS ENDÓCRINAS

• Insuficiência de corpo lúteo


A progesterona é produzida pelo corpo lúteo até a oitava semana de gestação, quando o trofoblasto placentário passa a assumir essa
produção e manutenção hormonal. A produção deficiente desse hormônio está associada à geração de um endométrio pouco preparado para
a recepção do embrião. Por muito tempo, associou-se uma insuficiência da produção de progesterona pelo corpo lúteo aos abortamentos
espontâneos e de repetição.

ATENÇÃO DA CORUJA: atualmente, a literatura não demonstra que a deficiência lútea esteja associada

m
aos abortamentos nem que a suplementação de progesterona previna abortamentos.

• Diabetes mellitus

co
Pacientes com diabetes mellitus pré-gestacional do tipo 1, com descontrole glicêmico, têm uma taxa aumentada de abortamento. Em
s.
geral, recomenda-se manter a hemoglobina glicada inferior a 7,0% para que a paciente engravide, pois diminui-se o risco de perda fetal e
malformações, tornando-se semelhante ao risco da população geral.

Vamos apenas fazer uma breve recordação aqui? Diante de feto com a síndrome de regressão

eo

caudal, uma malformação congênita lombossacra, você deve associar com o diabetes pré-gestacional e
o
ub

maior risco de evolução para abortamentos. Lembrou-se dessa relação? Se foi uma novidade, lembre-se
ro

de revisar essa relação no livro digital Diabetes na gestação.


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• Tireoidopatias
o

Há uma incidência maior de abortamentos em pacientes com hipotireoidismo e naquelas com anticorpos antitireoidianos, mesmo na
ausência de doença tireoidiana. Os estudos não demonstraram uma relação causal entre os anticorpos e o abortamento.
a
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• Síndrome dos ovários policísticos (SOP)


me

A síndrome dos ovários policísticos tem sido considerada


como uma das causas de abortamento espontâneo ou de repetição.
Aventa-se que os mecanismos responsáveis pelo abortamento são:
maior resistência insulínica, com hiperinsulinemia e aumento do
LH, obesidade e hiperandrogenismo.

Figura 2. Comparativo entre ovário policístico e ovário normal.

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1.4.3 INFECÇÕES

Em teoria, todas as infecções virais ou bacterianas podem ocasionar abortamento por lesões na decídua da placenta, nas membranas
ovulares e no concepto.

Em especial o Treponema pallidum, agente etiológico da sífilis, está envolvido tanto no abortamento tardio como na infecção materna.
Outros agentes que você deve saber que também estão implicados no abortamento espontâneo são: clamídia, gonococo, herpes, CMV,
listeria e estreptococo do grupo B.

1.4.4 CAUSAS UTERINAS

m
• Sinéquias uterinas (síndrome de Asherman)

co
A síndrome de Asherman ocorre pela formação de aderências uterinas após agressão endometrial principalmente após a curetagem
uterina. Essas aderências podem interferir na implantação do embrião. Acredita-se que 15 a 30% das mulheres com essa patologia apresentem
abortamento de repetição. A lise das aderências pode ser realizada por meio da histeroscopia, e 50% das pacientes conseguem engravidar
após o tratamento.
s.

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Figura 3. Sinéquias uterinas.


me

• Miomas
Os miomas, além de serem uma causa de infertilidade, também são uma causa de abortamento.

Os miomas mais envolvidos no abortamento são aqueles que distorcem a cavidade uterina, como os SUBMUCOSOS e até os intramurais,
dificultando o processo de implantação do embrião. Além disso, a necrose desses miomas, por falta de fluxo vascular, promove a liberação de
citocinas inflamatórias que promovem contrações uterinas e podem levar ao abortamento.

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É mais importante a LOCALIZAÇÃO do mioma do que seu tamanho.

Logo, é maior o risco para abortamento com um mioma submucoso de 1 cm do que com um mioma
subseroso de 3 cm de diâmetro.

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Figura 4. Miomas uterinos.

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MED

• Incompetência cervical
A incompetência cervical é uma causa importante de perdas fetais tardias, correspondendo a 10-20% dos abortamentos de repetição.
Esse tema será discutido de maneira detalhada no livro digital sobre Abortamento habitual e insuficiência cervical.

• Malformações uterinas
As malformações uterinas associadas aos defeitos de fusão Entre as malformações, a que apresenta pior prognóstico é
dos ductos de Müller, como útero bicorno, didelfo, septado ou o ÚTERO SEPTADO. No entanto não foi encontrada base biológica
arqueado, estão associadas ao aumento de risco de abortamento. clara para resultados reprodutivos prejudicados nas mulheres

Atenção especial, pois essas anormalidades uterinas não afetadas. Mulheres com útero septado têm risco aumentado de

dificultam a concepção e a implantação. Entretanto podem aborto espontâneo (21 a 44%) e parto prematuro (12 a 33%), e a

provocar complicações obstétricas, como: abortos de repetição, taxa de nascimentos vivos varia de 50 a 72%.

m
partos prematuros, restrição de crescimento fetal e distocias no Aproveite para revisar as principais malformações
müllerianas pela figura abaixo.

co
parto.
s.

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a
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me

Figura 5. Principais características das malformações müllerianas.

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CAI NA PROVA

(IFF-RJ, 2021) Malformações uterinas são importantes causas de abortamento habitual. Elas deformam a cavidade uterina e prejudicam o
desempenho reprodutivo, aumentando o risco de abortamento, parto prematuro, restrição de crescimento fetal, ruptura prematura das
membranas e apresentação anômala. Marque a opção abaixo que configura o tipo de malformação com pior prognóstico obstétrico:

A) útero didelfo;

B) útero arqueado;

C) útero bicorno;

D) útero septado;

m
E) útero unicorno.

co
COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A: O útero didelfo provoca taxa de aborto espontâneo de 32% e taxas de nascimento prematuro de 28%.
s.
Incorreta a alternativa B. O útero arqueado é considerado uma variação anatômica e não está associado a desfechos obstétricos
desfavoráveis.
Incorreta a alternativa C. Revisões da literatura relataram aborto espontâneo em 36%, parto prematuro em 21 a 23% e sobrevida fetal em

eo

50 a 60% dos pacientes com útero bicorno.


o
ub

É mais provável que o útero septado esteja associado a resultados adversos na gravidez do que outras
Correta a alternativa D.
anomalias uterinas. No entanto não foi encontrada base biológica clara para resultados reprodutivos
ro

prejudicados nas mulheres afetadas.


id
é

Incorreta a alternativa E. Em uma revisão de resultados da gravidez, em mulheres com útero unicorno, observaram-se as seguintes taxas
o

de complicações obstétricas: 2,7% de gravidez ectópica, 24,3% de aborto no primeiro trimestre, 9,7% de aborto no segundo trimestre,
20,1% de parto prematuro, 3,8% de morte fetal e 51,5% nascidos vivos.
a
dv
pi

1.4.5 FATORES IMUNOLÓGICOS


me

As causas imunológicas estão relacionadas ao abortamento de repetição e têm sido amplamente estudadas nos últimos anos. A
síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF) é a principal causa autoimune abordada pelas provas. A SAAF e as demais trombofilias adquiridas
envolvidas com o abortamento serão abordadas em detalhes no livro digital sobre trombose e hemostasia.

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MED

1.4.6 TABACO, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Os estudos demonstram que mulheres que fumam mais de 10 cigarros por dia apresentam maior risco de abortamento; acredita-se
que a vasoconstrição e os danos placentários estejam envolvidos nesse processo. O uso de álcool também parece contribuir para o aumento
de risco para abortamento, apesar de os estudos serem inconsistentes.

1.4.7 TRAUMA

Em geral, o trauma de menor gravidade e intensidade não ação pela alteração do estado hemodinâmico materno. Os traumas
está associado ao abortamento, pois, no início da gestação, o estão mais associados ao descolamento prematuro de placenta em

m
feto está bem protegido dos traumas abdominais devido a sua gestações mais avançadas.
localização intrapélvica e central. Quando o útero sai da pelve, Deixo abaixo uma figura para ajudá-lo a resumir as principais

co
após a 12ª semana de gestação, ele fica mais exposto ao trauma etiologias:
externo direto. No trauma grave, pode ocorrer trauma direto ou
s.
Doenças Infecções
Alterações endócrinas (Treponema pallidum - sífilis,
cromossômicas (Insuficiência de corpo clamídia, gonococo, herpes,
(Trissomia) lúteo, diabetes mellitus, CMV, listeria, enterococo

eo

tireoidopatias, SOP) do grupo B)


o
ub

Causas uterinas
ro

(Sinéquias uterinas, miomas,


ETIOLOGIA DO ABORTAMENTO incompetência cervical,
id
é

malformações uterinas)
o

Fatores
Tabaco, álcool e
a

imunológicos Trauma
dv
pi

outras drogas
(SAAF)

Figura 6. Principais etiologias do abortamento.


me

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MED

1. 5 FORMAS CLÍNICAS DE ABORTAMENTO E CONDUTAS ESPECÍFICAS

FIQUE ATENTO:

As diferentes formas de apresentação clínica dos abortamentos e suas condutas


específicas são os tópicos mais abordados em abortamentos pelas provas de Residência.

m
co
Vamos lá? Vou detalhar de uma maneira direta e objetiva as
formas clínicas. Depois vou ajudá-lo a raciocinar de
uma maneira prática para simplificar o raciocínio.
s.

eo
o
ub
ro
id
é

1.5.1 AMEAÇA DE ABORTAMENTO


o

a
dv
pi

me

A ameaça de abortamento ou abortamento evitável é a principal entidade clínica que leva à procura de serviços de urgência.
Trata-se de uma complicação frequente, que acomete de 15 a 20% das mulheres. Aproximadamente 40 a 50% das mulheres que
sangram no início da gestação evoluem para perda gestacional. Após ser evidenciada a atividade cardíaca na ultrassonografia, esse
risco reduz para valores entre 4 e 10%.

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MED

Como a paciente se apresenta?


A paciente refere, em geral, um sangramento em pequena quantidade associado à cólica abdominal. No exame ginecológico,
o útero tem tamanho compatível com a idade gestacional, o colo uterino encontra-se impérvio e, no exame especular, pequena
quantidade de sangue coletado em fundo de saco posterior.

Como é o achado ultrassonográfico?


A ultrassonografia é compatível com a normalidade para a idade gestacional. É visualizada a presença de saco gestacional
regular e, a depender da idade gestacional, embrião com batimentos cardíacos fetais presentes.

m
Sempre que houver relato de sangramento vaginal, sem que haja uma ultrassonografia prévia com
gestação tópica, suspeitar também de gestação ectópica. O quadro clínico vai guiá-lo para a principal hipótese,

co
mas a ultrassonografia deve ser realizada sempre que possível.
s.
HEMATOMA Algumas questões de prova de Residência falam sobre
SUBCORIÔNICO
um achado ultrassonográfico específico, que é o hematoma

eo

subcoriônico.
o

Ele aparece em 4 a 40% dos casos de ameaça de


ub

abortamento e, quando envolve mais de 40% do saco


ro

gestacional, está associado com maior risco de perda fetal. A


id
é

imagem ao lado ilustra esse achado.


o

a

Figura 7. Hematoma subcoriônico.


dv
pi

Como tratar a paciente?


Diante de um quadro de ameaça de abortamento, não existe uma conduta específica para o sangramento.

O uso de progesterona não tem impacto no desfecho do quadro e a indicação de repouso relativo não tem comprovação
me

científica.

A conduta mais importante, nesses casos, é checar a tipagem sanguínea, assim como em qualquer sangramento durante a
gestação. Caso a paciente seja Rh negativo, deve ser empregada a imunoglobulina anti-D, a fim de prevenir a aloimunização dessa
paciente. Para efeito, nas provas, essa é uma conduta, em geral, obrigatória.

Porém, fique atento, pois, segundo o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG), a aplicação da imunoglobulina
somente deve ser feita em casos com mais de 12 semanas. Mas, no geral, as provas cobram a conduta da imunoglobulina como
obrigatória.

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É uma prática comum entre os obstetras indicar a suplementação de progesterona em


pacientes que apresentaram sangramentos no primeiro trimestre de gestação, a fim de
prevenir desfechos desfavoráveis.
Em 2019, a New England Journal of Medicine, uma conceituada revista científica,
publicou um estudo com mais de 4.000 pacientes que apresentaram sangramentos até
a 12ª semana de gestação. Um grupo recebeu progesterona, e o outro, não.
Os dados do estudo demonstram que não houve diferença no número de nascidos
vivos com mais de 34 semanas entre os dois grupos. Apenas houve diferença estatística
quando empregado em mulheres com três ou mais abortamentos de repetição.

m
Por esse estudo, não há aumento da taxa de nascidos vivos pelo uso de progesterona

co
em mulheres com sangramentos anteriores a 12ª semana de gestação.

CAI NA PROVA
s.
(UEL, 2020) Em relação ao abortamento espontâneo, considere as afirmativas a seguir.

I. O repouso no leito tem benefício comprovado nos casos de ameaças de abortamento.



eo

II. Não há redução do risco de abortamento com a suplementação aleatória de progesterona vaginal.
o
ub

III. A conduta expectante é uma opção terapêutica para as pacientes com abortamento retido ou incompleto.
ro

IV. Estão liberadas a engravidar novamente antes de 3 meses decorridos do abortamento anterior.
id
é

Assinale a alternativa correta.


o

A) Somente as afirmativas I e II são corretas.


a

B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.


dv
pi

C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.


D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.


me

COMENTÁRIO

Incorreta a afirmativa I. O repouso no leito não tem benefícios comprovados com a redução de abortamentos nem comprovação científica
de sua recomendação.
Correta a afirmativa II. Não houve redução de abortamentos com uso aleatório de progesterona em pacientes com sangramento de
primeiro trimestre. Mas houve diferença nos casos de abortamento de repetição.

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Correta a afirmativa III. A conduta expectante é uma opção terapêutica para as pacientes com abortamento retido, sendo que
aproximadamente 30 a 50% das pacientes com gestações não evolutivas terão um abortamento completo após 15 dias do diagnóstico,
sendo esse período bem tolerado pelas pacientes.
Correta a afirmativa IV. No caso de evolução expectante do abortamento espontâneo, as pacientes podem ser liberadas a nova gestação
antes de 3 meses do abortamento anterior.

Correta a Alternativa E. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Incorretas as alternativas A, B, C e D.

(Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – SCMSP, 2015) Preocupada por estar apresentando sangramento vaginal, uma primigesta com

m
idade gestacional de 7 semanas e 5 dias procurou o pronto-socorro. Ao exame especular, apresentava pequena quantidade de sangue coletado
em fundo de saco posterior e ao toque vaginal colo impérvio. Como praxe, foi solicitada ultrassonografia que revelava saco gestacional regular

co
localizado em fundo uterino e contendo no seu interior embrião único e vivo com comprimento crânio-nádega de 15 mm (compatível com
7 semanas e 6 dias) e frequência cardíaca de 172 bpm. Notava-se ainda, no interior do saco gestacional, adjacente ao embrião, pequena
estrutura arredondada e regular de conteúdo anecoico e paredes finas, além de hematoma subcoriônico periférico, ocupando cerca de 50%
s.
da área ovular. Apesar de diagnosticar ameaça de abortamento, o médico responsável pelo atendimento ficou preocupado, pois detectou
achado que sugere mau prognóstico. Tal achado é:

A) Taquicardia embrionária.

eo

B) Hematoma subcoriônico superior a 40% da área ovular.


o

Imagem cística próxima ao embrião.


ub

C)
ro

D) Comprimento crânio-nádega incompatível com a idade gestacional.


id

E) Localização fúndica do saco gestacional.


é
o

COMENTÁRIO
a
dv
pi

Incorreta a alternativa A. A taquicardia embrionária é um sinal ultrassonográfico normal em gestações iniciais. A frequência cardíaca

embrionária pode estar abaixo de 100 bpm com 5 ou 6 semanas, podendo chegar até 90 bpm ou alcançar uma média de 175 bpm com 9
semanas.
me

A presença de hematoma subcoriônico superior a 40% é sugestivo de mau prognóstico (Zugaib Obstetrícia,
Correta a alternativa B.
2020).

Incorreta a alternativa C. A imagem cística próxima ao embrião é a presença da vesícula vitelínica. É uma estrutura presente após o saco
gestacional, visível no início da 5ª semana de gestação e começa a desaparecer ao redor da 12ª semana de gestação.
Incorreta a alternativa D. O comprimento crânio-nádega (CCN) pode ser incompatível devido a erro da data da última menstruação.
Geralmente é por meio de sua medida a melhor avaliação do cálculo da idade gestacional.
Incorreta a alternativa E. O saco gestacional de localização fúndica uterina é compatível com a melhor localização e evolução de uma
gestação.

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A gestação inicial ou incipiente pode gerar confusão por não haver visualização de todos os componentes
necessários para uma gestação viável e evolutiva. Por isso a conduta é repetir a ultrassonografia em 7 a 10 dias
para reavaliação.

1.5.2 ABORTAMENTO INEVITÁVEL

m
co
Algumas provas de Residência trazem esse termo em suas questões. Considera-se um abortamento inevitável aquele em
que ainda não houve eliminação do material ovular ou do embrião pelo colo, porém o processo já é irreversível. Em algumas
questões, mesmo com a eliminação de restos, dá-se o nome de abortamento inevitável. A nomenclatura mais correta nesses casos é
de abortamento em curso, porém podem ser empregados como sinônimos (em curso ou inevitável).
s.
Como a paciente se apresenta?
Em geral, a paciente apresenta sangramento em moderada a grande quantidade, associado à dor pélvica. Ao exame
ginecológico, há presença de sangue coletado, podendo haver sangramento ativo. Um ponto importante é que, ao toque vaginal, o

colo uterino geralmente está PÉRVIO, podendo haver herniação da bolsa em gestações mais avançadas. Como já dissemos, as provas
eo
o

podem considerar que um abortamento em curso, com saída de restos no momento da avaliação, seja um abortamento inevitável.
ub

Como é o achado ultrassonográfico?


ro

Pode ser visualizado o saco gestacional ou o embrião com batimentos cardíacos ou não, porém há descolamento ovular
id
é

significativo, associado a coágulos ou a hematoma.


o

Em geral, o quadro evolui espontaneamente, podendo tornar-se um abortamento completo ou incompleto.

Como tratar a paciente?


a
dv
pi

A paciente deve ser internada para estabilização clínica e, sobretudo nos casos em que houver sangramento importante, deve

ser realizada expansão volêmica. Caso não haja resolução espontânea, deve ser realizado o esvaziamento uterino.

Sempre lembrar de realizar imunoglobulina anti-D nas pacientes Rh negativo.


me

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CAI NA PROVA

(USP-SP, 2020) Paciente secundigesta, com 9 semanas de gravidez pela data da última menstruação, refere cólica abdominal de forte
intensidade e sangramento vaginal volumoso e espontâneo. Ao exame especular, moderada quantidade de sangue em fundo de saco
posterior, com sangramento ativo. Toque vaginal com colo pérvio para 2 cm.

Qual é a principal hipótese diagnóstica?

A) Abortamento retido.

B) Gestação incipiente.

C) Abortamento inevitável.

m
D) Incompetência cervical.

co
COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. Aborto retido caracteriza-se pela visualização de embrião sem atividade cardíaca e colo uterino impérvio.
s.
Incorreta a alternativa B. Gestação incipiente caracteriza-se por colo uterino impérvio e sinais ultrassonográficos que não permitem
confirmar que se trata de gestação evolutiva, sendo necessário o seguimento ultrassonográfico para observar se será visualizado embrião
com batimentos cardíacos.

eo
o

Correta a alternativa C. Sangramento vaginal ativo e colo uterino pérvio caracterizam o abortamento inevitável.
ub
ro

Incorreta a alternativa D. Incompetência cervical caracteriza-se por dilatação cervical espontânea e perdas gestacionais tardias de
id

repetição.
é
o

1.5.3 ABORTAMENTO COMPLETO


a
dv
pi

Quando ocorre a eliminação completa do produto concepcional, dizemos que houve um abortamento completo. Em gestações
mais iniciais, em geral é um processo comum.
me

Como a paciente se apresenta?


A paciente costuma procurar o pronto-socorro dizendo que apresentou um sangramento em grande quantidade, geralmente
referindo eliminação de um material amorfo e que, após esse processo, o sangramento diminuiu e as cólicas reduziram a intensidade.

Após a eliminação completa, o colo uterino fecha-se e geralmente está impérvio ou fechando-se ao toque vaginal, e o útero
apresenta-se diminuído em relação à idade gestacional.

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MED

Como é o achado ultrassonográfico?


O diagnóstico de certeza somente pode ser obtido por meio da realização de ultrassonografia
transvaginal. Apesar de não haver consenso na literatura, a maioria das referências considera que a presença
de eco endometrial com espessura inferior a 15 mm, no corte longitudinal do útero, indica um abortamento
completo, sem a necessidade de procedimentos terapêuticos. A imagem abaixo apresenta uma ultrassonografia
transvaginal com o endométrio de 9 mm de espessura, confirmando o abortamento completo.

EE

m
co
s.
Figura 8. Ultrassonografia pós-abortamento completo com medida do endométrio menor que 15 mm.

Como tratar a paciente?



eo

Diante do diagnóstico de abortamento completo, não há necessidade de condutas terapêuticas de urgência. Caso a paciente se
o

encontre estável hemodinamicamente e sem queixas, deve-se realizar orientação e alta hospitalar com medicamentos sintomáticos.
ub
ro

Vale lembrar que deve ser colhida tipagem sanguínea e, em caso de Rh negativo, realizar imunoglobulina anti-D.
id

Nos casos de abortamento completo, pode haver casos em que não há a possibilidade de enviar material para análise
é

anatomopatológica. Nesses casos, a paciente deve ser orientada a retornar ao serviço em 15 dias para coleta de HCG urinário, a fim
o

de avaliar a negativação e descartar o diagnóstico de doença trofoblástica gestacional.


a
dv
pi

1.5.4 ABORTAMENTO INCOMPLETO


me

O abortamento incompleto ocorre quando há eliminação parcial dos produtos da concepção, sendo mais comum em abortos
mais tardios.

Como a paciente se apresenta?

Na maior parte dos casos, a paciente refere um sangramento de moderada a grande quantidade, podendo haver eliminação de
material amorfo. O sangramento persiste em menor volume após esse episódio.

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Ao exame físico, o útero encontra-se com volume menor do que o esperado para a idade gestacional e o colo uterino encontra-
se pérvio na maior parte dos casos. Em poucos casos, o colo pode estar fechado. Em alguns casos, como já foi citado anteriormente,
a paciente pode chegar eliminando o material, recebendo o nome de abortamento em curso.

Como é o achado ultrassonográfico?

O diagnóstico de certeza, assim como no abortamento completo, deve ser realizado por meio da ultrassonografia. Nesse
caso, espera-se encontrar a presença de material amorfo, com espessura do eco endometrial superior a 15 mm, como pode ser
evidenciado na imagem abaixo:

m
co
s.
Figura 9. Aborto incompleto. Observe a espessura endometrial de 23 mm.

Como tratar a paciente?


A conduta clássica é o esvaziamento uterino. E, em geral, essa é a resposta cobrada pelas bancas com o objetivo de resolutividade

eo

dos restos intrauterinos. Porém existe a possibilidade de tratamento expectante, que deverá ser discutida com a paciente – após
o
ub

avaliar os riscos e benefícios –, a qual deverá tomar sua decisão.


ro

Expectante
id
é

Aguardar a expulsão dos restos ovulares. Nos casos de abortamento incompleto, alcança uma taxa de sucesso de 95% em
o

15 dias, sem aumentar a taxa de complicações. Deve-se adotar a conduta expectante, observando alguns cuidados: ausência de

sangramento importante, ausência de sinais de infecção, presença de pouca quantidade de material (em geral com eco endometrial
a

menor que 50 mm) e desejo por parte da paciente, que deve ser bem esclarecida.
dv
pi

Ativa

- Medicamentosa

Consiste na administração do misoprostol, que é um análogo da prostaglandina que promove esvaecimento do colo uterino e
me

contração do útero. Aguarda-se a eliminação dos restos e, após sua ocorrência, realiza-se uma ultrassonografia para confirmar se o
abortamento foi completo (eco endometrial inferior a 15 mm).

- Cirúrgica

Como o colo uterino encontra-se dilatado, na maior parte dos casos, o esvaziamento uterino com curetagem ou aspiração
manual intrauterina (AMIU) são as opções. Lembre-se de que a AMIU é recomendada para gestações iniciais e de pequeno volume.

Sempre deve ser avaliada a tipagem sanguínea e, se a paciente apresentar Rh negativo, deve ser realizada imunoglobulina
anti-D.

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1.5.5 ABORTAMENTO INFECTADO

O abortamento infectado, em geral, é uma complicação do abortamento retido. Em países em que o aborto não é legalizado,
muitas vezes está associado à prática de abortamento inseguro, fora do ambiente hospitalar.

A flora bacteriana envolvida, assim como em todos os processos do trato genital superior feminino, envolve bactérias Gram-
positivas e negativas, além de anaeróbias. Assim como na doença inflamatória pélvica (veja o livro digital sobre esse assunto), a
doença pode propagar-se do útero para os anexos e para a cavidade pélvica, além de haver disseminação hematogênica, levando a
quadros sépticos.

m
Mioendometrite Salpingooforite Pelviperitonite Sepse

Como a paciente se apresenta?

co
O quadro clínico da paciente depende do grau de comprometimento. Nos casos mais leves de mioendometrite, a paciente
s.
apresenta dor abdominal, febre, sangramento vaginal e saída de secreção purulenta pela vagina.

Ao exame físico, a paciente pode encontrar-se febril e taquicárdica por quadro séptico. O útero encontra-se doloroso e o colo
uterino encontra-se geralmente pérvio. Ao exame especular, pode ser evidenciada saída de sangue e de secreção purulenta. Em

casos mais graves, a paciente pode evoluir com choque séptico e com disfunção de múltiplos órgãos.
eo
o
ub

Como tratar a paciente?


ro

Vamos para um raciocínio prático?


id
é

Sempre que você se deparar com um foco infeccioso, raciocine de forma semelhante aos casos de abscesso:
o

conduta ativa para retirar a fonte infecciosa pelo esvaziamento do conteúdo uterino e antibioticoterapia.
a
dv
pi

Antibioticoterapia
+ Esvaziamento
uterino
me

Antibioticoterapia intravenosa

Sabe aquele esquema terapêutico que você precisa decorar?

Ele é indicado para abortamento infectado, corioamnionite, infecção puerperal e na doença inflamatória pélvica, isto é, para
ginecologia e obstetrícia.

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Então, se não decorou até hoje, coloque entre suas prioridades de estudo. Abaixo, a combinação terapêutica querida da
obstetrícia:

C
CLINDAMICINA
G
GENTAMINICINA

600 mg IV 6/6h
900 mg IV 8/8h
+ 3 A 5 mg/kg
INTRAVENOSO

m
1 VEZ AO DIA

co
Abaixo seguem alguns esquemas alternativos:

AMPICILINA 1 g IV 6/6 h + GENTAMICINA 3–5 mg IV 1x ao dia + METRONIDAZOL 500 mg IV 8/8 h

ou
s.
CEFTRIAXONE 1 g IV 12/12 h + CLINDAMICINA 600 mg IV 8/8 h.

A antibioticoterapia intravenosa, nos casos de endometrite não complicada, deve ser mantida por 48 horas com a paciente
afebril e assintomática e, após, não há necessidade de manutenção de antibióticos por via oral ou de internação. Nos casos de sepse,

eo

deve ser mantida por mais tempo, o que varia, de acordo com os protocolos, entre 7 e 14 dias.
o

Esvaziamento intrauterino
ub
ro

Nos casos em que haja confirmação da presença de restos ovulares ou de abscesso, deve ser realizado o esvaziamento com
curetagem ou aspiração manual intrauterina.
id
é

Fique atento a 4 pontos importantes:


o

Obs. 1: nos casos de sangramento importante, pode ser empregada a metilergometrina intramuscular para controle antes da
abordagem cirúrgica.
a
dv
pi

Obs. 2: em casos de perfuração uterina, deve ser realizada laparotomia exploradora.


Obs. 3: nos casos refratários ao tratamento com esvaziamento e antibioticoterapia, pode haver a necessidade de realização de
histerectomia.
me

Obs. 4: nos casos de sepse, deve ser realizado o tratamento adequado direcionado ao quadro com expansão volêmica e
antibioticoterapia. A conduta, nos quadros de sepse, está detalhada no livro digital sobre o assunto.

E para encerrar e não ser diferente do restante, checar a tipagem sanguínea e, se o Rh for negativo, deve ser administrada
imunoglobulina anti-D.

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1.5.6 ABORTO RETIDO E GESTAÇÃO ANEMBRIONADA

m
Figura 10. Imagem de embrião com CCN maior que 7 mm e Figura 11. Gestação anembrionada (Fonte: arquivo pessoal dos professores do EMED).

co
ausência de batimento cardioembrionário (Fonte: arquivo pessoal
dos professores EMED).
s.
Denomina-se aborto retido a ocorrência de morte embrionária ou fetal antes da 20ª semana de gestação,
com retenção do produto conceptual por tempo prolongado (dias a semanas).

Do ponto de vista ultrassonográfico, faz-se o diagnóstico de aborto retido ou óbito embrionário quando
há presença de embrião com comprimento cabeça-nádega maior do que 7 mm e sem atividade cardíaca.

eo
o

Já a gestação anembrionada ou “ovo cego” é a presença de saco gestacional sem embrião em seu
ub

interior, em geral, após 6 semanas de gestação. Isso pode ocorrer por ausência de desenvolvimento ou por
ro

reabsorção do embrião. O principal critério ultrassonográfico para definição diagnóstica é a ausência de


id

embrião na presença de saco gestacional com diâmetro interno médio maior que 25 mm.
é
o

Como a paciente se apresenta?


Em ambas as situações, a paciente, em geral, encontra-se assintomática e acaba realizando o diagnóstico durante uma
a

ultrassonografia. Pode haver desaparecimento dos sintomas associados à gestação, tais como náuseas, vômitos e ingurgitamento
dv
pi

mamário, além de pequenos sangramentos vaginais. Ao exame físico, o útero pode estar menor para a idade gestacional e o colo

encontrar-se impérvio.

Diante do exposto acima, muitas vezes a confirmação de uma gestação anembrionada ou de um aborto retido dependerá da
me

repetição do exame ultrassonográfico, e isso pode ser cobrado pelas provas de Residência.

Como tratar a paciente?

Existem algumas possibilidades de tratamento para a gestação anembrionada e para o aborto retido. Elas deverão ser discutidas
com a paciente, que, após avaliar os riscos e benefícios, deverá tomar sua decisão.

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MED

Expectante:

Aproximadamente 30 a 50% das pacientes com gestações não evolutivas terão um abortamento completo
após 15 dias do diagnóstico, sendo esse período bem tolerado pelas pacientes. Pode-se aguardar até 4 semanas
para a eliminação, pois, após esse período, o risco de coagulação intravascular disseminada e de infecção torna-se
alto. Em geral, não se aguarda mais do que 15 dias, pois a taxa de sucesso, após esse período, é muito baixa.

Ativa:

Medicamentosa

m
Esse esquema pode ser realizado com a paciente internada ou ambulatorialmente. Consiste na administração do misoprostol.
Aguarda-se a eliminação do concepto e, quando ela ocorrer, realiza-se uma ultrassonografia para confirmar se o abortamento foi

co
completo (eco endometrial inferior a 15 mm).

Cirúrgica

Como o colo se encontra impérvio, em geral, administram-se 400 mcg de misoprostol e realiza-se o esvaziamento uterino com
s.
curetagem ou AMIU.

Obs.: é importante lembrar que, em gestações com mais de 12 semanas, há a presença de estruturas ósseas, então recomenda-
se realizar a conduta cirúrgica apenas após a eliminação do concepto.

eo
o
ub

Depois de detalhar as formas clínicas, vamos praticar com algumas questões?


ro
id
é

CAI NA PROVA
o

(USP-SP, 2020) Paciente secundigesta com 9 semanas de gravidez pela data da última menstruação, refere cólica abdominal de forte intensidade
a
dv

e sangramento vaginal volumoso e espontâneo. Ao exame especular, moderada quantidade de sangue em fundo de saco posterior, com
pi

sangramento ativo. Toque vaginal com colo pérvio para 2 cm.


Qual é a principal hipótese diagnóstica?


me

A) Abortamento retido.

B) Gestação incipiente.

C) Abortamento inevitável.

D) Incompetência cervical.

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MED

COMENTÁRIO

Estrategista, você está diante de uma questão-padrão das bancas que, por meio do caso clínico, questiona qual é a forma clínica.
Incorreta a alternativa A. Aborto retido caracteriza-se pela visualização de embrião sem atividade cardíaca e colo uterino impérvio.
Incorreta a alternativa B. Gestação incipiente caracteriza-se por colo uterino impérvio e sinais ultrassonográficos que não permitem
confirmar que se trata de gestação evolutiva, sendo necessário o seguimento ultrassonográfico para observar se será visualizado embrião
com batimentos cardíacos.

Correta a alternativa C. Sangramento vaginal ativo e colo uterino pérvio caracterizam o abortamento inevitável.

m
Incorreta a alternativa D. Incompetência cervical caracteriza-se por dilatação cervical espontânea e perdas gestacionais tardias de
repetição.

co
(SUS-SP, 2020) Considera-se conduta adequada no aborto retido na 8ª semana de gestação:

A) Orientar a paciente para aguardar a eliminação fisiológica por até 40 dias em uso de antibioticoprofilaxia.
s.
B) Indicar curetagem uterina pelo risco de fenômenos tromboembólicos nos primeiros 7 dias.

C) Orientar a paciente em relação à possibilidade de aguardar a eliminação fisiológica ou esvaziamento uterino com ou sem preparo do colo
uterino.

eo

D) Repetir a ultrassonografia semanalmente para observar absorção fisiológica do feto, por até 40 dias.
o
ub

E) Prescrever misoprostol diariamente até a eliminação espontânea dos restos placentários.


ro
id
é

COMENTÁRIO
o

Incorreta a alternativa A. Quando se opta pela conduta expectante, nos casos de abortamento, não é indicado o uso da antibioticoprofilaxia.
a
dv
pi

Incorreta a alternativa B. O risco de coagulopatia associada ao aborto retido aumenta por volta da 4ª semana.

Diante do diagnóstico de aborto retido, a paciente deve ser orientada sobre os riscos e benefícios de cada
Correta a alternativa C.
uma das condutas para que possa optar pela conduta ativa ou expectante.
me

Incorreta a alternativa D. Quando se opta pela conduta expectante, nos casos de abortamento, não é indicado realizar ultrassonografia
seriada a menos que a paciente apresente sangramento sugestivo de que ocorreu o esvaziamento uterino.
Incorreta a alternativa E. Caso a paciente opte por conduta ativa para esvaziamento uterino, o misoprostol será usado para dilatação do
colo uterino, sem indicação de doses diárias.

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MED

(Hospital Alvorada – HA-SP, 2018) Paciente, bastante aflita, procura obstetra referindo gestação de aproximadamente 6 semanas, tendo
realizado o primeiro ultrassom obstétrico, que evidenciou saco gestacional sem embrião visualizado.

A conduta mais adequada a esse caso é:

A) Informar da perda fetal e internar para curetagem o mais breve possível.

B) Informar da perda fetal, referindo que isso é muito comum, e aguardar a resolução espontânea.

C) Informar a paciente que se trata de ovo cego e a melhor conduta é induzir a eliminação do material com misoprostol.

D) Tranquilizar a paciente e solicitar novo ultrassom em 1 a 2 semanas.

COMENTÁRIO

m
Incorreta a alternativa A. É necessário tranquilizar a gestante, indicando que pode se tratar de gestação incipiente, em que o embrião

co
ainda não foi visualizado devido às limitações próprias da ultrassonografia transvaginal e idade gestacional precoce.
Incorreta a alternativa B. Pela idade gestacional, pode-se estar diante de um erro de cálculo da idade gestacional pela data da última
menstruação e diante de ultrassonografia precoce. Deve-se repetir a ultrassonografia entre 1 a 2 semanas e fazer o diferencial de uma
gestação evolutiva.
s.
Incorreta a alternativa C. Deve-se repetir o exame em uma ou duas semanas para ser possível fazer o diagnóstico diferencial entre uma
gestação evolutiva, situação em que se observará o surgimento do embrião no saco gestacional, ou uma gestação anembrionada, em que
o saco gestacional permanecerá sem embrião em seu interior. O critério diagnóstico de gestação anembrionada é a visualização do saco

eo

gestacional com diâmetro interno médio maior ou igual a 25 mm sem embrião em seu interior.
o
ub

É necessário tranquilizar a gestante, indicando que pode se tratar de gestação incipiente, em que o
Correta a alternativa D.
ro

embrião ainda não foi visualizado devido às limitações próprias da ultrassonografia transvaginal e
idade gestacional precoce. Deve-se repetir o exame em uma ou duas semanas para ser possível fazer o diagnóstico diferencial entre uma
id
é

gestação evolutiva, situação em que se observará o surgimento do embrião no saco gestacional, ou uma gestação anembrionada, em que
o

o saco gestacional permanecerá sem embrião em seu interior.



a
dv
pi

Claro que, diante de tudo isso, não vou


abandoná-lo! Deixo, abaixo, um quadro


com o resumo das características principais
me

de cada forma clínica.

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MED

FORMAS CLÍNICAS DO ABORTAMENTO

CLÍNICA
CARACTERÍSTICA DO COLO EXAME DE IMAGEM
(sangramento, cólicas)

Sangramento
AMEAÇA DE Embrião vivo (hematoma
intermitente,em pequena Fechado
ABORTAMENTO subcoriônico-40%)
quantidade

Sangramento moderado a Orifício interno do colo Descolamento ovular


ABORTAMENTO EM CURSO
intenso geralmente dilatado Saco gestacional baixo

Material amorfo e

m
ABORTAMENTO heterogêneo
Sangramento intermitente Geralmente pérvio

co
INCOMPLETO (espessura endometrial
> 15 mm)

Endométrio fino ou
Fechado (fecha poucas material mínimo
ABORTAMENTO
s.
Diminui de intensidade horas após expulsão
COMPLETO
completa) (espessura endometrial até
15 mm)

Cessação dos sintomas da Morte conceptual



eo

ABORTAMENTO RETIDO gestação, sangramento Fechado (ausência BCF em embrião


o

≥ 7 mm)
ub

discreto
ro

Retenção prolongada
id
é

(> 4 semanas) Restos ovulares


ABORTAMENTO Geralmente pérvio e
o

INFECTADO Pode ocorrer sangramento doloroso à mobilização Endométrio irregular


discreto, purulento ou não,


a

febre
dv
pi

Figura 12. Tabela com as principais diferenças entre as formas clínicas.


Como é uma das etapas que eu mais quero que você grave e fixe sobre abortamento, veja abaixo um fluxograma muito prático que
você pode realizar para classificar as formas clínicas pela ultrassonografia. Faça 3 perguntas principais:
me

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MED

FORMAS CLÍNICAS
EE < 15mm

Abortamento completo Colo Impérvio

Saco gestacional? NÃO


Abortamento incompleto Colo geralmente pérvio
SIM EE > 15mm

Embrião? NÃO Gestação anembrionada Diam SG > 25mm

SIM Gestação
CCN > 7mm incipiente?
Batimentos
NÃO Aborto retido

m
cardíacos?
Considerar se
SIM
medidas menores

co
Ameaça de abortamento

Colo pérvio Abortamento inevitável ou em curso Febre Abortamento infectado

Figura13. Fluxograma das principais diferenças das formas clínicas pela ultrassonografia.
s.
Você está firme na diferença das formas clínicas do abortamento e em sua conduta? Se está inseguro, recomendo que você retorne ao
texto e revise. Não tenha pressa. Não saia com a sensação de que leu, mas que daqui a dois dias esquecerá. Como é um tema que é muito
cobrado nas provas, sugiro voltar ou colocar um quadro de resumo na parede até ficar firme.

eo

Se estiver seguro nessa parte dos estudos, prossiga a leitura. Vou continuar a detalhar assuntos interessantes e bastante cobrados em
o
ub

provas, que são as características ultrassonográficas do abortamento.


ro

1 .6 CARACTERÍSTICAS ULTRASSONOGRÁFICAS DO ABORTAMENTO


id
é
o

As provas de Residência gostam de cobrar os critérios sugestivos d eque uma gestação não está evoluindo de forma adequada e
apresentando mau prognóstico.
a
dv
pi

Para facilitar seu aprendizado, trago, no quadro abaixo, as principais definições ultrassonográficas para definir gestações não evolutivas:

1. Embrião com CCN > 7 mm sem atividade cardíaca.


me

2. Ausência de embrião na presença de saco gestacional com diâmetro interno médio maior
que 25 mm; alguns autores consideram que se o saco gestacional tem diâmetro maior do
que 20 mm, já deve ser observado embrião.
3. Ausência de embrião com atividade cardíaca após 2 semanas de ultrassonografia que
evidenciou saco gestacional sem vesícula vitelínica.
4. Ausência de embrião com atividade cardíaca 11 dias após USG que evidenciou saco
gestacional com vesícula vitelínica.

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Abaixo, vou colocar alguns critérios que sugerem mau prognóstico. Atenção especial aos primeiros 4 critérios, que são os mais cobrados
nas provas:

- Embrião com comprimento cabeça-nádegas (CCN) maior ou igual a 7 mm sem atividade cardíaca (critério mais utilizado).

- Saco gestacional: maior ou igual a 25 mm e sem embrião (gestação anembrionada).

maior que 10 mm e ausência de vesícula vitelínica (VV).

- Bradicardia embrionária ou fetal (< 100 bpm).

- Hematoma subcoriônico > 40% da área ovular.

- Descolamento central (retrovular).

- Presença de malformações fetais.

m
- Desenvolvimento embrionário anormal (CCN < 2 DP para a idade gestacional).

- SG muito pequeno comparado ao CCN.

co
- SG de forma irregular, anômala e distorcida.

- Vesícula vitelínica de dimensões anormais (em média, normal até 6 mm).

- Alterações na circulação trofoblástica e/ou ovariana (insuficiência lútea).


s.
- Ausência de sinal do duplo halo.

- Implantação baixa do saco gestacional.



eo

CAI NA PROVA
o
ub
ro

(HOS, 2021) A.C.O., 30 anos, primigesta, veio à primeira consulta de pré-natal com teste de farmácia positivo e ansiosa para ver a gestação
id

pela ultrassonografia. Porém, relata início de dor pélvica e sangramento vaginal há 1 dia. O critério ultrassonográfico que permite concluir
é

que se trata de um abortamento é:


o

A) VV (vesícula vitelínica > 5 mm sem embrião.


a
dv
pi

B) SG (saco gestacional > 10 mm de diâmetro sem embrião.


C) SG > 7 mm sem VV.

D) embrião > 7 mm sem batimentos cardíacos.


me

E) embrião > 3 mm sem VV.

COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. Quando o saco gestacional está com diâmetro médio de 8 mm ou mais, a vesícula vitelínica (VV) deve ser
visualizada. Usualmente a medida da VV não deve exceder 6 mm de diâmetro até 10 semanas de gestação. Sinal de mau prognóstico
quando a VV passa de valores acima do percentil 95, está com aspecto "hidrópico", encontra-se desproporcional ao tamanho do saco
gestacional ou de aspecto calcificado.

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Incorreta a alternativa B. Segundo o UpToDate, deve ser visualizado embrião quando o diâmetro do saco gestacional está de 16 a 24 mm.
Incorreta a alternativa C. É considerado sinal de mau prognóstico o saco gestacional maior que 10 mm e a não visualização da vesícula
vitelínica.

Na avaliação pela ultrassonografia transvaginal, denomina-se óbito conceptual a ausência de batimento


Correta a alternativa D.
cardíaco fetal em embriões com comprimento cabeça-nádega maior ou igual a 7 mm.

Incorreta a alternativa E. A vesícula vitelínica é a primeira estrutura anatômica a ser encontrada no interior do saco gestacional. Sua
identificação no interior do saco gestacional confirma o diagnóstico de gestação intrauterina inicial. Logo, a VV aparece antes do embrião.

1. 7 TÉCNICAS PARA ESVAZIAMENTO UTERINO

m
O tratamento clássico e mais cobrado pelas provas de Residência nos casos de abortamento é a curetagem uterina. Nos últimos anos,
surgiram novas técnicas de esvaziamento uterino e mais protocolos passaram a adotar as condutas expectantes ou medicamentosas para o

co
tratamento do abortamento. O intuito dessas novas modalidades é reduzir as complicações associadas à curetagem uterina, como perfuração
e formação de sinéquias (síndrome de Asherman).
s.
1.7.1 ASPIRAÇÃO INTRAUTERINA

O esvaziamento uterino por aspiração é considerado atualmente uma opção mais segura e tão eficaz quanto a curetagem. É a técnica

eo

de escolha nas gestações precoces, até 12 semanas. É um instrumento barato, de simples manuseio e com uma técnica de fácil aplicação.
o

A aspiração pode ser realizada através de vácuo elétrico, chamada de aspiração elétrica, ou através de um vácuo manual produzido por uma
ub

seringa e chamado de AMIU.


ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 14. Aspiração manual intrauterina (AMIU).

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A técnica de preparação da paciente é semelhante à da curetagem, com a vantagem de que, em alguns serviços, o procedimento pode
ser realizado sem a necessidade de anestesia geral ou bloqueio de neuroeixo. As complicações, como perfuração e sinéquias, são bem pouco
frequentes, por tratarem-se de um material rombo e que não “raspa” as paredes uterinas. A imagem mostra o dispositivo de AMIU montado.

1.7.2 CURETAGEM UTERINA

A curetagem uterina somente deve ser empregada nos abortamentos com menos de 12 semanas na indisponibilidade de material para
aspiração. Já nas gestações com mais de 12 semanas ou com material muito abundante, ela é a primeira opção.

Antes da curetagem em si, pode haver a necessidade de dilatar o orifício do colo uterino para a passagem da cureta. Para esse
procedimento, empregam-se as chamadas velas de dilatação de Hegar, que são introduzidas no colo (imagem abaixo, à esquerda). Após a

m
dilatação, procede-se com a retirada mecânica dos restos ovulares com a cureta (imagem abaixo, à direita).

co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 15. Figura à esquerda: velas de Hegar. Figura à direita: curetas.

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A perfuração uterina é a complicação mais frequente na curetagem. Caso ela ocorra, o procedimento deve ser interrompido, e a paciente
deve ser observada. Caso ela apresente instabilidade hemodinâmica, deve ser realizada laparotomia exploradora devido ao extravasamento
de sangue para a cavidade abdominal, provocado pela perfuração.

Vou aproveitar o “gancho” e relembrá-los de que, após a 12ª semana de gestação, o feto apresenta espículas ósseas e a curetagem
uterina direta provoca risco de perfuração uterina. Você deve primeiro induzir com misoprostol, aguardar a expulsão e, somente após, iniciar
a curetagem.

Ufa!
Terminamos o primeiro tema.
Parabéns!

m
co
s.

eo
o

Sei que estou detalhando um tema triste da obstetrícia,


ub

porém muito cobrado pelas bancas. Mas dê um voto de confiança


ro

para o útero. Acredite no potencial de uma gestação saudável.


id
é

Preciso, de verdade, que você leia com muita atenção e


o

carinho.

Agora, peço para você não perder sua atenção para a


a
dv
pi

segunda etapa deste livro. Se está cansado, não pare agora! Faça
um intervalo, tome uma água e não deixe de terminar os 3 tópicos

de estudo. Todos os 3 grandes temas são cobrados pelas bancas!


me

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Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


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m
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eo
o
ub
ro
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é

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o

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a
dv
pi

me

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MED

CAPÍTULO

2.0 GESTAÇÃO ECTÓPICA


Vamos para a segunda parte das hipóteses que você deve
sempre excluir quando uma gestante se queixa de sangramento
do primeiro trimestre da gestação e não se encontra imagem
intrauterina na ultrassonografia.

A gestação ectópica continua sendo uma patologia com


elevada morbimortalidade materna, sendo a principal causa de
mortalidade materna no primeiro trimestre da gestação.

m
Com o acesso mais precoce da dosagem da fração beta
da gonadotrofina coriônica humana (β-hCG) e também da

co
ultrassonografia transvaginal (USTV), o diagnóstico está cada vez
mais precoce e está sendo realizado em uma fase mais inicial, antes
que ocorra a ruptura tubária.

A gestação ectópica é responsável por 6 a 13% das mortes no período gestacional e a principal causa de mortalidade materna no
s.
primeiro trimestre da gestação.

2. 1 DEFINIÇÃO

eo
o
ub

A gestação ectópica é definida quando a implantação e desenvolvimento do embrião ocorre fora da cavidade corporal uterina.
ro

A gestação ectópica pode ser diagnosticada na forma


id
é

ÍNTEGRA ou ROTA, o que vai diferenciar principalmente a clínica e


o

a conduta. Além disso, o termo "ABORTAMENTO TUBÁRIO" é dado


para as gestações ectópicas que evoluíram naturalmente para a


a

eliminação espontânea em uma conduta expectante.


dv
pi

GRAVIDEZ HETEROTÓPICA: é definida quando ocorre uma


gestação intrauterina combinada com uma extrauterina. Houve um


aumento da incidência dos casos com as técnicas de reprodução
me

assistida, elevando para 1% dos casos de gestações ectópicas pós-


FIV.

Figura 16. Gestação heterotópica.

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2. 2 LOCALIZAÇÃO

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

Figura 17. Principais localizações da gestação ectópica.



a
dv
pi

A gestação ectópica TUBÁRIA ocorre entre 90 e 95% dos


casos, sendo que a porção AMPOLAR da tuba uterina é a localização
mais comum.
me

Porém, outras localizações também podem ocorrer e são de


localizações atípicas em 10% dos casos: porção intersticial da tuba,
ovário, cérvix, cicatriz da cesárea ou na cavidade abdominal.

Figura 18. Gestação ectópica à direita. (Fonte: acervo dos professores do EMED).

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2. 3 QUADRO CLÍNICO

A suspeita clínica irá depender da evolução da gestação Na gestação ectópica ÍNTEGRA, a dor geralmente é em
ectópica. O mais comum é a gestação ectópica ser diagnosticada na cólicas e a história clínica pouco esclarecedora. Porém pode cursar
forma ÍNTEGRA ou ROTA. com a tríade clássica de DOR ABDOMINAL, ATRASO MENSTRUAL

No ABORTAMENTO TUBÁRIO, a paciente apresenta clínica e SANGRAMENTO GENITAL. Como os sinais e sintomas são pouco

de sangramento vaginal discreto e queda dos níveis de beta-hCG. A esclarecedores, pode lançar mão de exames subsidiários como o

resolução da gestação é espontânea e a conduta expectante. β-hCG e a USTV.

TRÍADE CLÁSSICA

m
ATRASO
MENSTRUAL
SANGRAMENTO
GENITAL
co DOR
ABDOMINAL
s.

eo

Indo um pouco mais a fundo, um sinal sugestivo de gestação ectópica é o fenômeno ou a reação de Arias-Stella. Essa é uma reação
o

endometrial encontrada na gestação ectópica devido a uma resposta fisiológica da mucosa endometrial à presença de tecido corial. Isto é,
ub

uma reação intrauterina (endometrial) de uma gestação de localização fora da cavidade uterina.
ro

Os sintomas mais intensos estão relacionados à ROTURA TUBÁRIA, então atenção ao quadro clínico da gestante.
id
é
o

A característica da dor, na gestação ectópica ROTA, é SINCOPAL e LANCINANTE.


a
dv
pi

Quanto ao estado hipovolêmico da gestação ectópica rota, a gestante apresenta palidez, taquicardia e hipotensão arterial sem perda

sanguínea visível.

Já no ABDOME, é encontrado descompressão brusca positiva (Blumberg positivo), diminuição de ruídos hidroaéreos intestinais e
me

HEMOPERITÔNIO. E, neste ponto, vamos relembrar os sinais clínicos do hemoperitônio:

• Sinal de Laffont: dor escapular devido à irritação diafragmática pelo hemoperitônio.


• Sinal de Proust: também conhecido como grito de Douglas, é a dor intensa à palpação do fundo de saco posterior vaginal.
• Sinal de Cullen: é a presença de equimose periumbilical devido ao sangramento retroperitoneal. Pode ser acompanhada pelo
sinal de Grey-Turner (equimose dos flancos).
O útero apresenta-se ligeiramente aumentado e amolecido e, em metade dos casos, pode ser palpável tumoração anexial.

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Para que você possa fixar, relato um momento de experiência pessoal: nunca me esqueço isto que aprendi na Residência Médica,
quando uma gestante chegou carregada no colo pelo marido, desacordada, pálida e quase inconsciente, trazendo o cartão de pré-natal na
mão e beta-hCG positivo. Nesse instante, ouvi meu chefe gritar:

Sinais de choque hipovolêmico em uma gestante no primeiro trimestre é igual à LAPAROTOMIA


EXPLORADORA DE EMERGÊNCIA.

m
Quer saber o final da história? Muito sangue em cavidade e salpingectomia da tuba acometida, mas a paciente sobreviveu e, após 2
anos, retornou grávida com evolução intrauterina normal. Um final feliz que poderia ser catastrófico se ocorresse um atraso diagnóstico.

co
Chega de nostalgia e vamos continuar com os fatores de risco?

2. 4 FATORES DE RISCO
s.
Veja que, nessa etapa, a recorrência da doença é comum e geralmente infecções e patologias que afetam o endométrio e a tuba uterina
podem ser fatores de risco para a gestação ectópica. Veja abaixo os fatores de risco:

eo
o

- Gestação ectópica prévia (recorrência de 15%).


ub
ro

- Cirurgia tubária prévia (laqueadura tubária, reanastomose tubária).

- Infertilidade (técnicas de fertilização assistida).


id
é

- Doença inflamatória pélvica (principalmente a infecção por Clamydia).


o

- Endometriose.
a

- Usuárias de dispositivo intrauterinos (DIU).


dv
pi

- Anticoncepção de emergência.

- Tabagismo.
me

2. 5 DIAGNÓSTICO

O objetivo é diagnosticar o mais precocemente, ainda na gravidez ectópica íntegra, para reduzir o risco de rotura tubária e aumentar o
sucesso da conduta conservadora.

Na vigência de atraso menstrual, dor abdominal e sangramento genital, deve ser levantada a suspeita de gestação ectópica e o
diagnóstico complementado com β-hCG e ultrassonografia transvaginal.

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A ultrassonografia transvaginal é o exame de preferência, utilizado para confirmar uma gestação tópica com a visualização de saco
gestacional ou de restos ovulares. Geralmente, a ultrassonografia consegue visualizar o saco gestacional intrauterino na 5ª semana de gestação
e, no ovário, a presença de corpo lúteo.

Na gestação ectópica, o exame consiste em avaliar a massa anexial conforme seu aspecto (hematossalpinge, presença de anel tubário
e de embrião vivo).

Alguns pontos para os quais preciso que você fique atento:

No caso de beta-hCG positivo > 2.000 mUI/mL, devemos visualizar uma gestação intrauterina na ultrassonografia transvaginal.
Exceto nos casos de gestações gemelares, que podem aumentar o valor para 3.500 mUI/mL.

Se acaso os valores do beta-hCG forem < 2.000 mUI/mL e USTV não confirmar gestação tópica ou ectópica, devem-se repetir

m
os valores de beta-hCG a cada 48 horas.

co
Cuidado, pois você pode estar diante de uma GESTAÇÃO INICIAL, ainda não visível e tópica. Em uma gestação viável, tópica, os
valores de beta-hCG aumentam de 35% ou mais a cada 48 horas. s.
Para facilitar, deixo abaixo um fluxograma para ajudar no raciocínio diagnóstico da gestação ectópica.

β-hCG
POSITIVO

eo
o
ub

USTV
ro
id
é

Saco gestacional intrauterino Cavidade uterina vazia


o

GESTAÇÃO TÓPICA
Ausência de massa anexial Massa anexial visível
a
dv

(embrião vivo, anel tubário, hematossalpinge)


pi

β-hCG β-hCG
< 2.000 mUI/mL ≥ 2.000 mUI/mL GESTAÇÃO
ECTÓPICA
me

Repetir β-hCG
em 48h

↑ ≥ 35% em 48h ↑ < 35% em 48h

GESTAÇÃO TÓPICA Gestação tópica inviável


ou ECTÓPICA

Figura 19. Fluxograma da interpretação e associação de resultados do β-hCG e da ultrassonografia (Fonte: Adaptado do livro Zugaib Obstetrícia).

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Vamos aproveitar para treinar respondendo a uma questão?

CAI NA PROVA

(AMRIGS, 2018) Primigesta, 30 anos, com data da última menstruação há 5 semanas, traz beta-hCG sérico realizado há 5 dias com resultado
de 2.560 mUI/ml. Hoje, apresentou sangramento vivo de pequena quantidade e dor pélvica tipo cólica. Foi solicitado novo beta-hCG sérico,
cujo resultado foi 1.500 mUI/ml. Analise as hipóteses diagnósticas para o caso em questão:

I. Gravidez viável;

II. Abortamento;

m
III. Gravidez ectópica.

Quais estão CORRETAS?

co
A) Apenas I.

B) Apenas II.

C) Apenas III.
s.
D) Apenas II e III.

E) I, II e III.

eo

COMENTÁRIO
o
ub
ro

Incorreta a afirmativa I. Gravidez viável. Diante de uma gestação viável, o β-hCG geralmente aumenta seu título acima de 35%. No caso,
id
é

houve uma diminuição dos valores.


o

Correta a afirmativa II. Abortamento. Devido aos valores do β-hCG estarem diminuindo e não haver imagem ultrassonográfica localizando

essa gestação, podemos estar diante de um abortamento.


a

Correta a afirmativa III. Gravidez ectópica. Como não há imagem ultrassonográfica confirmando uma gestação tópica, podemos estar
dv
pi

diante de um abortamento tubário.


Correta a alternativa D. Afirmativas II e III corretas.


me

Incorretas as alternativas A, B, C e E.

2. 6 TRATAMENTO

Devido a diagnósticos cada vez mais precoces em pacientes assintomáticas, está-se optando pela utilização de métodos não invasivos.
Consequentemente, são propostas mais opções terapêuticas, como condutas expectantes e medicamentosas com metotrexato (MTX) de
forma sistêmica ou local, guiado por ultrassom; ou o tratamento cirúrgico com salpingectomia ou salpingostomia por via laparotômica ou
laparoscópica.

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MED

2.6.1 CONDUTA EXPECTANTE

A conduta expectante não está bem estabelecida e foi inconclusiva por revisão Cochrane. Ela pode ser adotada com evolução para a
cura espontânea, variando de 48 a 100% quando acompanhada por dosagens seriadas em declínio do β-hCG. É uma conduta definida para o
ABORTAMENTO TUBÁRIO.

Abaixo, quero que você decore e entenda os principais critérios para o sucesso da conduta expectante. Veja que são sinais de que a
gestação é inicial e está regredindo espontaneamente.

BAIXO VALOR DE β-hCG


(< 1.000 mUI/mL)

m
co
Conduta DECLÍNIO DOS TÍTULOS DE β-hCG
EM 48 HORAS
expectante
s.
AUSÊNCIA DE SACO GESTACIONAL
NA ULTRASSONOGRAFIA

eo

Essas pacientes apresentam maior segurança para a conduta expectante, sem a necessidade de uso de quimioterápicos, quando
o

apresentam títulos baixos de β-hCG e declínio dos títulos em 48 horas.


ub
ro
id
é

2.6.2 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO


o

Querido aluno, atenção para esta


a
dv

parte do texto que considero uma das


pi

mais importantes para seu estudo da


gestação ectópica!
me

Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Curso Extensivo | Junho 2022 46


OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

A medicação de escolha para o tratamento medicamentoso Efeitos colaterais do MTX: distensão, dor abdominal,
da gestação ectópica é o metotrexato (MTX), um antagonista do sangramento genital, aumento do beta-hCG no 1º e 4º dia após
ácido folínico. Ele age nas células trofoblásticas de divisão rápida e o MTX. Além de náuseas, vômitos, irritação gástrica, estomatite,
impede sua multiplicação. Como há risco de persistência do tecido tontura, neutropenia, pneumonite e alopecia reversível.
trofoblástico com o metotrexato, é imprescindível o controle do Pare agora e fique atento para este quadro, que é minha
nível sérico do beta-hCG. aposta para você decorar, decorar e decorar!

m
CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DO METOTREXATO
co
s.
ESTABILIDADE
β-hCG MASSA ANEXIAL BCF HEMODINÂMICA PACIENTE
DESEJO DE
< 5.000 mUI/mL < 4 CM AUSENTE ECTÓPICA ÍNTEGRA GRAVIDEZ FUTURA

eo

• Divergências na literatura:
• Parâmetro mais • BCF: batimento Ausência de dor • Termo de
o

• Zugaib Obstetrícia: < 4cm


importante cardíaco fetal abdominal consentimento assinado
ub

• Tratado FEBRASGO: < 3,5cm


ro

* Zugaib Obstetrícia, 2020, Tratado de Obstetrícia da FEBRASGO, 2021.


id
é

DECOROU o quadro acima? De verdade?


o

Se tem um quadro de gestação ectópica que quero que grave é esse! Não conseguiu decorar? Então transcreva-o e coloque-o na
parede de seu quarto e olhe para ele até passar nas provas.
a
dv
pi

Agora, sim, vamos prosseguir.


Uma vez indicado o tratamento medicamentoso com metotrexato, é importante avaliar a existência de contraindicações:

• Gravidez intrauterina concomitante (heterotópica).


me

• Recidiva de gravidez ectópica na mesma tuba.


• Declínio de títulos de β-hCG antes do tratamento.
• Amamentação.
• Anemia.
• Leucopenia (leucócitos < 2.000 células/mm3).
• Trombocitopenia (plaquetas < 100.000).
• Vigência de doença pulmonar, disfunção hepática, renal.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Abaixo, descrevo os esquemas terapêuticos recomendados que você deve saber. Geralmente, o mais utilizado é o esquema em DOSE
ÚNICA, já que são necessários menos dias de internação, e ele apresenta poucos efeitos colaterais.

ESQUEMA DOSE ÚNICA:


METOTREXATO: 50 mg/m2 por via intramuscular em dose única*.
*Controlar com dosagem do β-hCG no 4º e no 7º dia após a dose.

Se ocorrer redução de 15% do valor do β-hCG entre o 4º e o 7º dia, é sinal de bom prognóstico e de que se deve seguir com dosagens
de beta-hCG semanais até negativar. Se redução menor que 15% no 7º dia, deve-se repetir nova dose de MTX. Se não houver queda dos

m
títulos, realizar cirurgia.

O esquema em múltiplas doses é uma opção. Apesar de geralmente não ser a primeira escolha, você pode deparar-se com ela em

co
alguma questão. Geralmente é uma opção terapêutica para casos de critérios para o tratamento medicamentoso mais próximos do limite.

ESQUEMA MÚLTIPLAS DOSES:


s.
METOTREXATO: 1 mg/kg (nos dias 1, 3, 5 e 7) + LEUCOVIRINA (ácido folínico) 0,1 mg/kg (nos dias alternados 2,
4, 6 e 8).
* Controle com dosagem do β-hCG no primeiro dia da aplicação e antes de aplicar nova dose.

eo
o
ub

Avaliar a redução de 15%, nesse intervalo, para considerar independentemente da via de administração, varia de 75% a 96%
ro

tratamento adequado. Não se deve dar mais que 4 doses de MTX. (média de 80%). Porém a falha do tratamento é muito preocupante,
id

Outro ciclo de 4 doses poderá ser repetido apenas após 14 dias. pelo risco da rotura tubária.
é
o

ACOMPANHAMENTO Lembre-se de que NÃO está recomendada a ultrassonografia


É realizado por meio da dosagem semanal do β-hCG até ficar transvaginal seriada para controle de tratamento, pois ela é incapaz
de detectar resposta ou falha do tratamento. Exceção está nos
a

NEGATIVO. Em geral, ficam negativos em torno de 4 a 6 semanas.


dv
pi

casos de suspeita de rotura tubária.


Você pode perguntar agora qual é a chance de essa forma de

tratamento dar certo. A taxa de sucesso do tratamento com MTX,


me

NÃO ESQUEÇA: está recomendada a profilaxia com a imunoglobulina anti-D em TODAS as gestantes Rh negativo com gravidez
ectópica.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Devido à relevância do tópico abordado, vou comentar sobre algumas opções para a indicação da conduta
medicamentosa e outros esquemas terapêuticos.

São consideradas uma alternativa para orientação da conduta as recomendações indicadas pelo NICE (National
Collaborating Centre for Women’s and Children’s Health):

• β-hCG < 1.500 mUI/mL e massa anexial menor que 3,5 cm: MTX.
• β-hCG > 5.000 mUI/mL: indicado cirurgia.
• β-hCG entre 1.500 e 5.000 mUI/mL: indicado MTX ou cirurgia.

Ou, também, foi elaborado o índice de Elito-Camano, que glicose hipertônica utilizada por laparoscopia ou ultrassonografia
utiliza um score para orientar a conduta entre videolaparoscopia transvaginal.

m
ou medicamentosa pelo metotrexato com dose única. Além disso, pode associar a utilização do cloreto de potássio
Quanto às alternativas terapêuticas, estão sendo estudados com o objetivo de provocar assistolia em embriões com BCF

co
outros protocolos com o metotrexato, como o esquema em dose presentes de gestações ectópicas. É uma alternativa para gestações
dupla, esquemas em múltiplas doses, porém esses esquemas de cicatrizes de cesáreas, na gestação cervical ou até nos casos de
apresentaram eficácia semelhante ao esquema em dose única. gestações heterotópicas, como fármaco isolado.
Existem, também, estudos com a associação da MIFEPRISTONA e
s.
Veja abaixo como cai nas provas! Vamos treinar algumas
o GEFITINIBE, diminuindo o tempo para o β-hCG negativar, além questões?
de estudos com outros fármacos, como as prostaglandinas e a

eo

CAI NA PROVA
o
ub
ro

(SUS-SP, 2020) Para tratamento conservador da gravidez ectópica íntegra, é correto afirmar que:
id
é

A) a embolização de artérias uterinas é indicada nos casos de massa anexial em expansão.


o

B) o cloreto de potássio pode ser injetado em massa anexial que for menor que 3 cm.

o misoprostol pode ser empregado por via vaginal nos casos em que a massa anexial é inferior a 3 cm e não há batimentos cardíacos
a

C)
dv
pi

fetais.

D) o metotrexato pode ser usado por via intramuscular se a massa tubária for menor que 3,5 cm e o beta-hCG menor que 5.000 mUI/mL.

E) a exérese do segmento tubário afetado por meio de videolaparoscopia preserva mais adequadamente o futuro reprodutivo.
me

COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. A embolização das artérias uterinas não é indicada nos casos de gestação anexial.
Incorreta a alternativa B. O cloreto de potássio é uma opção para gestações ectópicas com BCF presentes. Diante de massa anexial menor
do que 3,5 cm e ausência de batimentos cardíacos embrionários, é possível realizar conduta expectante.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Incorreta a alternativa C. Diante de massa anexial menor do que 3,5 cm e ausência de batimentos cardíacos embrionários, é possível
realizar conduta expectante. Vale ressaltar que misoprostol não é utilizado no tratamento da gestação ectópica, uma vez que é indicado
para auxiliar no esvaziamento uterino.

Diante de massa anexial menor do que 3,5 cm e β-HCG menor do que 5.000 mUI/mL, assim como ausência
Correta a alternativa D.
de batimentos cardíacos embrionários e estabilidade hemodinâmica, é possível optar por conduta
conservadora com tratamento com metotrexato.

Incorreta a alternativa E. A salpingectomia do segmento tubário afetado não tem maior benefício em preservar o futuro reprodutivo.

(UNICAMP, 2019) Mulher, 20a, G1P0A0C0, idade gestacional 8 semanas e 3 dias, comparece ao pronto atendimento com queixa de
sangramento vaginal em pequena quantidade e dor em fossa ilíaca esquerda há 1 dia. Traz beta-HCG sérico coletado há dois dias de 1.800

m
mUI/mL.

co
Exame físico: Abdome: pouco doloroso à palpação com descompressão brusca dolorosa negativa; Toque vaginal: útero discretamente
aumentado de volume e anexo esquerdo palpável e doloroso. Ultrassonografia transvaginal: saco gestacional de 3 cm em anexo à esquerda,
sem visualização de batimentos cardiofetais, sem líquido livre na cavidade. β-HCG sérico, colhido hoje, é de 4.000 mUI/mL.

A CONDUTA É:
s.
A) Expectante com retorno em 24 horas para ultrassonografia.

B) Expectante com retorno em 72 horas para beta-HCG.



eo

C) Prescrever metotrexato e colher beta-HCG em 72 horas.


o
ub

D) Cirurgia salpingectomia à esquerda.


ro

COMENTÁRIO
id
é
o

Separando os dados de importância da questão: gestante com sangramento vaginal pequeno, estável e sem sinais clínicos de rotura
(sem líquido livre na cavidade, beta-hCG de 4.000 mUI/mL (< 5.000 mUI/mL), saco gestacional de 3 cm (< 4 cm), sem BCF. Estamos diante de
a
dv
pi

critérios compatíveis para tratamento conservador.


Incorreta a alternativa A. De acordo com o caso clínico, paciente está estável, com critérios para tratamento medicamentoso com
metotrexato. Não se deve aguardar de forma conservadora, pois o β-hCG está subindo e pode aumentar o risco de rotura da gestação
ectópica.
me

Incorreta a alternativa B. Não se deve realizar a conduta expectante, pois o β-hCG está subindo, e pode ocorrer a rotura da gestação
ectópica. Nesse caso, a paciente apresenta critérios para o tratamento medicamentoso com metotrexato.

Paciente apresenta critérios para o tratamento medicamentoso com metotrexato e, após iniciado o
Correta a alternativa C.
tratamento em dose única, deve-se controlar o β-hCG no 4º e no 7º dia após a aplicação.

Incorreta a alternativa D. Paciente primigesta, sugestivo de gestação ectópica íntegra, apresenta critérios para conduta por tratamento
medicamentoso com objetivo de preservação da tuba uterina acometida.

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MED

(SURCE, 2018) Paciente procura emergência referindo atraso menstrual, sangramento transvaginal em pequena quantidade e dor abdominal.
Após propedêutica diagnóstica, evidencia-se beta-hCG quantitativo de 900 mUI/ml em curva decrescente, ultrassonografia transvaginal sem
evidência de imagem sugestiva de gestação intrauterina, massa anexial de 2,8 cm e ausência de líquido livre. Durante toda a avaliação, ela
manteve-se estável hemodinamicamente e sem sinais de peritonite. Qual a melhor conduta a ser adotada?

A) Laparoscopia.

B) Laparotomia.

C) Expectante.

D) Metotrexato.

COMENTÁRIO

m
co
Incorretas as alternativas A e B. Diante de paciente com gestação ectópica estável hemodinamicamente, com curva descrescente de
β-hCG, com valor menor que 1.000 mUI/mL, massa anexial menor que 4 cm, pode ser adotada a conduta conservadora expectante.

Com paciente com estabilidade hemodinâmica, massa anexial menor que 4 cm, β-hCG menor que
Correta a alternativa C.
s.
1.000 mUI/mL em curva decrescente, pode ser optado por conduta expectante por diagnóstico de
abortamento tubário.

Incorreta a alternativa D. Paciente apresenta diagnóstico de abortamento tubário devido a valores decrescentes de β-hCG e estabilidade
hemodinâmica. Como há efeitos colaterais pelo uso do metotrexato, pode-se optar pela conduta expectante.

eo
o
ub
ro

2.6.3 TRATAMENTO LOCAL COM METOTREXATO


id
é

Essa é uma opção de tratamento guiado por ultrassonografia Como o tratamento local tem resultados semelhantes ao
o

transvaginal. Sua principal indicação é para os casos de EMBRIÃO tratamento sistêmico (mais prático, fácil de ministrar, não depende
VIVO e LOCALIZAÇÃO ATÍPICA da gravidez ectópica. de habilidades e não é invasivo), o tratamento sistêmico com o
a
dv
pi

É realizado introduzindo uma sonda vaginal com uma agulha metotrexato ficou como a principal opção entre os tratamentos

calibre 20 ou 22, com a paciente sedada, e injeção de metotrexato conservadores.

na dose de 1 mg/kg.
me

2.6.4 TRATAMENTO CIRÚRGICO

É considerado o tratamento padrão no tratamento de pinçando o arco vascular tubo-ovárico do mesossalpinge.


gravidez ectópica rota com abdome agudo hemorrágico e A principal indicação de LAPAROTOMIA é nos casos em que
instabilidade hemodinâmica. há INSTABILIDADE HEMODINÂMICA. Geralmente, nas demais
A cirurgia clássica é a SALPINGECTOMIA TOTAL (tipo Fritsch), situações, a indicação pode ser VIA LAPAROSCÓPICA.

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Indicações de laparotomia

Choque hipovolêmico

Massa anexial > 5 cm

Localização não tubária (cervical, abdominal)

Múltiplas aderências

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

Figura 20. Tratamento cirúrgico de gestação ectópica por via laparoscópica.

A pergunta seguinte, após a decisão da laparotomia ou laparoscopia, fica entre a opção pela salpingectomia (retirada de toda a tuba
me

uterina) ou pela salpingostomia (preservação da tuba uterina).

Veja abaixo quando devemos decidir pela SALPINGECTOMIA:

• Prole constituída.
• Lesão tubária irreparável ou rota.
• Salpingostomia com sangramento persistente.
• Recidiva de gestação ectópica na mesma tuba.
• β-hCG muito elevados (> 5.000 mUI/mL), com invasão do trofoblasto na serosa.

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MED

Agora, entendendo um pouco sobre a SALPINGOSTOMIA, ela está indicada principalmente nos casos em que se pretende preservar a
fertilidade. É realizada uma incisão de 2 cm no ponto de maior abaulamento da borda antimesentérica da tuba e é realizado o esvaziamento.
A incisão não é suturada e é fechada por segunda intenção.

m
co
Figura 21. Salpingostomia por laparoscopia.

Qual é o RISCO da salpingostomia? O maior risco é a persistência do tecido trofoblástico local (3 a 20%). Logo, deve-se acompanhar,
s.
no pós-operatório, o declínio dos títulos do β-hCG. Se ocorrer aumento, está indicado esquema em dose única de metotrexato (50 mg/m2
intramuscular) na tentativa da preservação da tuba uterina.

CAI NA PROVA

eo
o
ub

(Hospital Oftalmológico de Sorocaba – HOS, 2021) J.G.A., nulípara, com diagnóstico de prenhez ectópica íntegra a E, com embrião vivo,
ro

apresenta-se como antecedente de salpingectomia D por gestação ectópica há 4 anos e salpingostomia a E por gestação tubária há 8 meses.
id
é

Assinale a alternativa que apresenta a conduta correta nesse caso:


o

A) Salpingectomia.
a

B) Salpingostomia.
dv
pi

C) Tratamento medicamentoso com metotrexato.


D) Controle ultrassonográfico em 7 dias.

E) Controle com beta-HCG quantitativo em 24/48 horas.


me

COMENTÁRIO

Como a paciente já teve uma gestação ectópica nessa mesma tuba e foi submetida a uma salpingostomia
Correta a alternativa A.
prévia, a conduta é realizar salpingectomia.

Incorreta a alternativa B. A paciente já realizou uma salpingostomia prévia na mesma tuba, portanto o procedimento está contraindicado.

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Incorreta a alternativa C. Gestações ectópicas que apresentem embrião vivo contraindicam o uso de metotrexato. Além disso, a recidiva
na mesma tuba contraindica essa conduta.
Incorreta a alternativa D. A presença de embrião vivo contraindica a conduta expectante.
Incorreta a alternativa E. Já temos o diagnóstico de gestação ectópica e a única conduta aceitável, nesse caso, é a salpingectomia, não
havendo necessidade de novas dosagens de HCG.

Mas, professora, Não esqueci não!


e quanto à São questões mais raras, mas podem
gestação ectópica ser encontradas em alternativas.

m
de localização Vou deixar abaixo as características
atípica? principais e sua conduta.

co
s.

eo
o
ub

2. 7 GESTAÇÃO ECTÓPICA DE LOCALIZAÇÃO ATÍPICA


ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 22. Localizações das gestações ectópicas.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

GRAVIDEZ TUBÁRIA INTERSTICIAL OU CORNUAL: é a implantação próxima ao óstio tubário com o útero. Se o embrião estiver vivo, indica-
se tratamento local com cloreto de potássio e MTX. Se dose elevada de β-hCG, estão indicadas múltiplas doses de MTX. A ressecção
cornual ou a histerectomia são indicadas em situações de emergência.
GRAVIDEZ CERVICAL: é a implantação e desenvolvimento da gestação no canal cervical. Devido à intensa vascularização, pode levar
à hemorragia intensa. Os fatores de risco estão ligados a manipulações uterinas (cirurgias de útero e colo uterino, curetagem prévia,
cesáreas, síndrome de Asherman, FIV). O diagnóstico clínico é difícil e geralmente é realizado por meio da avaliação ultrassonográfica.
A necessidade de tratamentos por histerectomia vem diminuindo, e têm aumentado as opções de tratamentos conservadores (balão
intracervical após curetagem, cerclagem, ressecção histeroscópica do tecido trofoblástico, cervicotomia). O tratamento medicamentoso
também pode ser realizado de forma conservadora e efetiva por meio da injeção local com metotrexato (1 mg/kg), com a punção do saco
gestacional guiado por USTV, evitando-se outras intervenções.
GRAVIDEZ ECTÓPICA DE CICATRIZ DE CESÁREA: é a forma mais rara de gravidez ectópica. Tende a ser mais agressiva devido ao risco de

m
ruptura uterina e sangramento no primeiro e segundo trimestre de gestação. Os principais fatores de riscos são o número de cesáreas
anteriores, o intervalo curto entre a cesárea e a gestação e o útero retrovertido. O diagnóstico é realizado pela ultrassonografia. O

co
tratamento pode ser cirúrgico, por meio da curetagem uterina, pela histerectomia ou por meio da embolização das artérias uterinas. Já o
tratamento conservador pode ser realizado pela conduta expectante ou pelo tratamento medicamentoso com metotrexato.
GESTAÇÃO OVARIANA: é a localização mais comum quando fora da cavidade uterina e da tuba uterina. Devido a sua pequena capacidade
de distensão, a rotura é precoce. Existe forte associação entre uso de DIU e essa forma de gestação ectópica. O tratamento pode ser
s.
medicamentoso ou cirúrgico por ooforectomia ou cistectomia por laparoscopia ou laparotomia.
GESTAÇÃO ABDOMINAL: é quando a implantação ocorre livre na cavidade peritoneal (1,5% dos casos de gestação ectópica). A gestação,
na maioria das vezes, não evolui. Porém, no caso de evolução, possui alta mortalidade materna (90 vezes maior que a gestação tópica), a
placenta invade órgãos abdominais e surgem quadros de suboclusão e dor excessiva à movimentação fetal abdominal. Pela ultrassonografia,

eo

observa-se feto livre no abdome e útero vazio. No caso de diagnóstico de gestação precoce, devido ao alto risco de complicação materna,
o
ub

indica-se a interrupção da gravidez por laparotomia. Se o diagnóstico for tardio e o feto estiver vivo, a depender das condições maternas
ro

e dos riscos da prematuridade, realiza-se a laparotomia. Quanto à abordagem da placenta, a princípio, deve ser removida, exceto na
implantação de vasos de grade calibre e estruturas vitais. Diante do risco, a placenta pode ser deixada in situ e sua reabsorção pode ser
id
é

acompanhada por meio da ultrassonografia e beta-hCG seriado.


o

GRAVIDEZ HETEROTÓPICA: quando ocorre simultaneamente uma gestação intrauterina e outra ectópica. Sua incidência pode ser
alta, chegando até 1:100 gestações após a fertilização in vitro. A conduta mais utilizada é a CIRURGIA. Se tuba íntegra, está indicada a
a
dv

laparoscopia. Uma alternativa terapêutica é o uso do cloreto de potássio direto no embrião ectópico ou da glicose hipertônica. É de se
pi

entender que o tratamento com metotrexato está contraindicado, pois existe uma gestação intrauterina viável.

Encerramos mais um dos grandes tópicos do sangramento de primeira metade da gestação. Mas não desista de estudar aqui comigo!
Se você deu uma olhada em provas anteriores, sabe que a doença trofoblástica gestacional está tanto nas alternativas como corresponde a
me

quase em equilíbrio ao número de questões de abortamento e gestação ectópica, dependendo da instituição que você deseja.

Aproveite e já estique o corpo. Se estiver cansado, coloque uma música agitada para acordar, mas não pare
por aqui, please! Mais um pouquinho e concluímos todo o tópico. Pegue uma água, mais um pouco de cafezinho ou
um suco mais gelado e concentração!

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Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação.
Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser.

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m
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co
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eo
o
ub
ro
id
é

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dv
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me

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MED

CAPÍTULO

3.0 DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL


É o termo genérico utilizado para uma gestação que A mola hidatiforme é a forma clínica mais comum e divide-
evoluiu de forma anormal, cuja característica principal é a se em dois tipos distintos: mola hidatiforme completa (MHC) e
proliferação anormal e desordenada do TECIDO PLACENTÁRIO. mola hidatiforme parcial (MHP) com diferenças histopatológicas,
Existe uma proliferação anormal e desordenada de diferentes genéticas, clínicas e evolutivas. A mola hidatiforme apresenta
epitélios trofoblásticos (sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto viloso complicações clínicas e pode apresentar, apesar de incomum,
e trofoblasto intermediário). A incidência mundial da doença potencial maligno. O grande desafio é manter o seguimento
trofoblástica gestacional (DTG) é de 1:1.000 ou 2.000 gestações, adequado pós-molar garantindo a vigilância e o controle hormonal
sendo 1 mola completa para cada 3 molas parciais em cada 1.000 do hCG.

m
gestações. Porém essa incidência varia entre regiões e países, sendo O termo neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) é dado
maior na América Latina e em países asiáticos. No Brasil, estima- às alterações que possuem potencial maligno, com invasão local

co
se que ocorra entre 1:200–400 gestações, porém isso pode estar e risco de metástases. Ela ocorre geralmente após uma gestação
ligado a dados de locais de centro de referência para o tratamento, molar, mas também pode ocorrer após a evolução de gestação
não traduzindo a verdadeira incidência da população geral. normal, que evoluiu a termo. A NTG divide-se em: mola invasora,
s.
A doença trofoblástica gestacional apresenta a forma coriocarcinoma, tumor trofoblástico do sítio placentário e tumor
benigna (mola hidatiforme – MH) e maligna (neoplasia trofoblástica trofoblástico epitelioide.
gestacional).

eo
o

DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL


ub
ro
id
é

BENIGNA MALIGNA
o

NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA
MOLA HIDATIFORME
GESTACIONAL
a
dv
pi

MOLA HIDATIFORME
MOLA HIDATIFORME MOLA INVASORA
INCOMPLETA OU
COMPLETA
PARCIAL
me

CORIOCARCINOMA

TUMOR TROFOBLÁSTICO
DO SÍTIO PLACENTÁRIO

TUMOR TROFOBLÁSTICO
EPITELIOIDE

Figura 23. Fluxograma da forma benigna e maligna da doença trofoblástica gestacional. (Fonte: criado pela autora).

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

O grande marcador biológico da doença é a gonadotrofina coriônica humana (hCG), produzida principalmente pelo sinciciotrofoblasto.
Se você já começar a imaginar que eu tenho uma proliferação desordenada e acelerada de citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto, começa a
entender que um dos grandes achados são valores elevados do hCG.

Além disso, o maior acesso à ultrassonografia fez com que cerca de 90% dos diagnósticos fossem realizados por esse recurso.

CAI NA PROVA

(AMP-PR, 2021) As doenças trofoblásticas gestacionais (DTGs) constituem grupo heterogêneo de doenças raras originadas da proliferação
atípica do epitélio trofoblástico placentário. Sua patogênese é peculiar, uma vez que as lesões maternas são originárias dos tecidos resultantes
da fertilização e não de tecidos maternos. Sobre essa situação, analise as afirmativas abaixo:

m
I - As molas hidatiformes são normalmente benignas, mas podem adquirir potencial maligno em algumas circunstâncias, como nas molas
invasivas.

co
II - Em termos de gestações molares, estimam-se uma completa e três parciais em cada 1.000 gestações.

III - Pacientes com gestação molar apresentam-se com sangramento a partir do terceiro trimestre da gravidez e a ultrassonografia (US) falha
muitas vezes em detectá-la.
s.
IV - O risco de nova gravidez molar, caso haja anterior, é de 1–2%, subindo para 15–20% se duas previamente.

Estão corretas apenas as afirmativas:



eo

A) I e IV.
o

I, II e III.
ub

B)
ro

C) I, II e IV.
id

D) II, III e IV.


é

I, II, III e IV.


o

E)

a

COMENTÁRIO
dv
pi

Afirmativa I - CORRETA. A mola hidatiforme tem comportamento benigno, em sua grande maioria, porém pode evoluir para a forma
maligna (neoplasia trofoblástica gestacional), mas é incomum. O seguimento pós-molar adequado com acompanhamento clínico da
me

mulher e da curva de regressão do hCG pode sugerir a remissão e cura da mola hidatiforme ou a suspeita de evolução para a neoplasia
trofoblástica gestacional.
Afirmativa II - CORRETA. Em termos de gestações molares, estimam-se uma completa e três parciais em cada 1.000 gestações. A incidência
mundial da DTG é de 1:1.000 gestações.
Afirmativa III – INCORRETA. A mola hidatiforme é um diagnóstico diferencial nos quadros de sangramento de primeira metade da gestação,
junto com abortamento e gestação ectópica. O sangramento geralmente ocorre entre a 6ª e a 16ª semana de gestação em 80/90% dos
casos. A ultrassonografia tem papel fundamental no diagnóstico molar. Observa-se um padrão vesicular característico com múltiplas áreas
anecogênicas na massa placentária.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Afirmativa IV - CORRETA. O risco de nova gravidez molar, caso haja anterior, é de 1–2%, subindo para 15–20% se duas previamente. O risco
de recorrência molar é maior em pacientes que já apresentaram a doença anteriormente.

Correta a alternativa C. Afirmativas I, II e IV.

Incorretas as alternativas A, B, D e E.

3. 1 MOLA HIDATIFORME

m
co
A mola hidatiforme é a placenta que apresenta aumento
anormal das vilosidades com vilos coriônicos vesiculares
acompanhados por proliferação trofoblástica.
s.

eo
o

Figura 24. Gestação molar.


ub
ro
id
é

3.1.1 FATORES DE RISCO


o

a

Os fatores de risco mais comuns associados à mola hidatiforme são:


dv
pi

- Antecedente de gestação molar prévia.


- Extremos de vida reprodutiva (adolescentes ou acima de 40 anos).


me

A idade materna avançada tem risco 10 vezes maior que entre 20 e 40 anos de idade. Já a chance de recorrência está em 1 a 2% de
chance, porém é muito maior após 2 gestações molares anteriores (16 a 18%). Além disso, podem ocorrer pelo estado nutricional, paridade,
consanguinidade, contracepção oral, infecções virais, porém o papel de cada fator é pouco conhecido.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

CAI NA PROVA

(AMP–PR, 2021) As doenças trofoblásticas gestacionais (DTGs) constituem grupo heterogêneo de doenças raras originadas da proliferação
atípica do epitélio trofoblástico placentário. Sua patogênese é peculiar, uma vez que as lesões maternas são originárias dos tecidos resultantes
da fertilização, e não de tecidos maternos. Sobre essa situação, analise as afirmativas abaixo:

I - As molas hidatiformes são normalmente benignas, mas podem adquirir potencial maligno em algumas circunstâncias, como nas molas
invasivas.

II - Em termos de gestações molares, estimam-se uma completa e três parciais em cada 1.000 gestações.

III - Pacientes com gestação molar apresentam-se com sangramento a partir do terceiro trimestre da gravidez e a ultrassonografia (US) falha

m
muitas vezes em detectá-la.

IV - O risco de nova gravidez molar, caso haja anterior, é de 1–2%, subindo para 15–20% se duas previamente.

co
Estão corretas apenas as afirmativas:

A) I e IV.
s.
B) I, II e III.

C) I, II e IV.

D) II, III e IV.



eo

E) I, II, III e IV.


o
ub
ro

COMENTÁRIO
id
é

Afirmativa I - CORRETA. O seguimento pós-molar adequado com acompanhamento clínico da mulher e da curva de regressão do hCG
o

pode sugerir a remissão e cura da mola hidatiforme ou a suspeita de evolução para a neoplasia trofoblástica gestacional.
Afirmativa II - CORRETA. Em termos de gestações molares, estimam-se uma completa e três parciais em cada 1.000 gestações. A incidência
a
dv
pi

mundial da DTG é de 1:1.000 ou 2.000 gestações.


Afirmativa III - INCORRETA. O sangramento geralmente ocorre entre a 6ª e a 16ª semana de gestação em 80 e 90% dos casos. A
ultrassonografia tem papel fundamental no diagnóstico molar. Observa-se um padrão vesicular característico com múltiplas áreas
anecogênicas na massa placentária.
me

Afirmativa IV - CORRETA. O risco de nova gravidez molar, caso haja anterior, é de 1–2%, subindo para 15–20% se duas previamente. O risco
de recorrência molar é maior em pacientes que já apresentaram a doença anteriormente.

Correta a alternativa C. As afirmativas I, II e IV estão corretas.

Incorretas as alternativas A, B, D e E.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

3.1.2 PATOGÊNESE
Opa!!!
Não pule esta parte do texto!

m
co
Não parece, mas as bancas cobram a genética da mola hidatiforme.

Não deixe de ler e até, talvez, decorar esta parte da aula!

Mas, calma, vou ajudá-lo facilitando esta etapa de sua leitura e memorização.
s.
MOLA COMPLETA

eo

A característica da mola completa é a proliferação exagerada e anormal do tecido trofoblástico, NÃO desenvolve embrião, membranas
o

e cordão umbilical. Macroscopicamente, a placenta perde aquele aspecto de formato ovalado bem definido e a visualização dos cotilédones.
ub

O aspecto fica de um material totalmente heterogêneo com múltiplas vesículas pelas vilosidades coriônicas edemaciadas, com dilatação
ro

hidrópica e formação de cisterna central repleta de líquido. Na imagem ultrassonográfica, as múltiplas vesículas são descritas com aspecto
id

em “cachos de uva” ou “flocos de neve”.


é
o

a
dv
pi

me

Figura 25. Imagem macroscópica e ultrassonográfica da mola hidatiforme completa.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

A principal característica histológica é a hiperplasia difusa do citotrofoblasto e do sinciciotrofoblasto. Quando é uma mola precoce (no
início do 1º trimestre), o diagnóstico é mais difícil e é possível diferenciar pelo marcador p57.

Na mola completa, o marcador p57KIP2 está ausente, porém está presente na mola hidatiforme parcial (expressão pelo alelo materno).

E, por incrível que pareça, você deve saber a diferença genética da mola hidatiforme completa e parcial. Do ponto de vista genético, a mola
completa origina-se por um ÓVULO “VAZIO” fecundado por espermatozoide 23X. Logo, observe que o material genético é exclusivamente
PATERNO, sendo duplicado e originando uma célula 46XX (90% das vezes). Veja como pode ser formada pelo esquema abaixo.

MNEMÔNICO RÁPIDO:

Mnemônico

m
Mola hidatiforme
CD COMPLETA

co
DIPLOIDE
s.
MOLA HIDATIFORME COMPLETA

eo

Cromossomo
23 X exclusivo paterno
o
ub
ro

ÓVULO
23 X 23 X 23 X 46 XX 90 - 95%
id

“VAZIO”
é
o

Perda de Duplicação MOLA HIDATIFORME


cromossomos de cromossomos
a

COMPLETA
dv
pi

maternos paternos MONOSPÉRMICA


DIPLOIDE
23 X
Cromossomo
me

exclusivo paterno
23 X
ÓVULO 46 XY 5 - 10%
“VAZIO” 23 X
ou Y

Perda de MOLA HIDATIFORME


23 X
ou Y cromossomos COMPLETA
maternos DISPÉRMICA

Figura 26. Genética da mola hidatiforme completa (Fonte: baseado em livro e modificado pela autora).

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MED

MOLA PARCIAL OU INCOMPLETA

Para o raciocínio da mola parcial ou incompleta, pense em “quase” uma gestação normal. Macroscopicamente, existe a proliferação
anormal difusa ou parcial do tecido trofoblástico com formação de múltiplas vesículas e pode ser encontrado embrião com múltiplas
malformações e restrição do crescimento fetal. Na microscopia, existem vilosidades normais com hidrópicas e a inclusão do trofoblasto
dentro do estroma.

m
co
s.
Figura 27. Imagem macroscópica e utrassonográfica da mola hidatiforme parcial.

eo

Uma característica que pode ser cobrada nas provas e que diferencia a mola parcial da mola completa é o
o
ub

marcador p57. Na mola parcial, o marcador p57KIP2 está presente devido a sua expressão pelo alelo materno, e, na
ro

mola completa, está ausente por ser formada apenas pela genética paterna.
id

Em 90% das vezes, a mola parcial origina-se por DISPERMIA, que consiste na fecundação de um ÓVULO
é

NORMAL por 2 espermatozoides, gerando uma célula triploide (69,XXX ou 69,XXY) e 10% tetraploide.
o

a
dv
pi

me

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MED

Mnemônico
Mola hidatiforme
PARCIAL

PT TRIPLOIDE / TETRAPLOIDE

MOLA HIDATIFORME PARCIAL

m
23 X
ou Y

co
23 X
ou Y TRIPLOIDE
23 X 23 X 69,XXY OU
23 X TETRAPLOIDE
s.
ou Y

23 X origem materna
ou Y MOLA HIDATIFORME

e paterna
eo

PARCIAL
o
ub

Figura 28. Genética da mola hidatiforme parcial (Fonte: baseado em livro e modificado pela autora).
ro
id
é

RISCO DE EVOLUÇÃO PARA NTG


o

A mola COMPLETA tem maior chance de progressão para a forma maligna (NTG) em 15 a 20% dos casos.
Já a mola hidatiforme PARCIAL tem menos risco de evolução para neoplasia trofoblástica gestacional (em 5%
a
dv
pi

dos casos).

Abaixo, deixo aquele quadro que ajuda a relembrar as principais diferenças entre a mola hidatiforme completa e a parcial. Preciso que
me

você pense um pouco sobre este quadro, não corra para terminar a leitura sem decorar ou realmente fixar as diferenças. Senão novamente
será aquela leitura em que você só perdeu tempo e em que ficou com a sensação de que não vai adiantar para nada. Mas, sim, este é um
conteúdo que vai fazer a diferença para uma questão que muitos irão errar. Sabe aqueles quadros para os quais de nada adianta olhar e que
não despertam seu interesse? Então está na hora de parar e fixar com calma essas diferenças. Elas costumam estar nas alternativas, o que
gera muita insegurança em sua resposta caso não domine a diferença.

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MED

DIFERENÇAS ENTRE MOLA COMPLETA E PARCIAL

MOLA COMPLETA MOLA PARCIAL

GENÉTICA DIPLOIDE TRIPLOIDE OU TETRAPLOIDE

PRESENÇA de concepto
EMBRIÃO Ausente
malformado ou perda precoce

RISCO DE NEOPLASIA Maior (15-20%) Raro (5%)

m
hCG ALTOS VALORES de hCG Valores de hCG mais BAIXOS

HISTOLOGIA

co
Hiperplasia trofoblástica difusa Hiperplasia trofoblástica focal

p57 AUSENTE PRESENTE

Figura 29. Quadro com as principais diferenças entre a mola hidatiforme completa e parcial.
s.
CAI NA PROVA

eo

(AMRIGS, 2021) Em relação às doenças trofoblásticas gestacionais (DTGs), analise as seguintes assertivas:
o

I. As DTGs são eventos patológicos relacionados a erros de fertilização.


ub

II. Na mola hidatiforme parcial, é possível encontrar macroscopicamente embrião e membrana amniótica.
ro

III. São consideradas complicações possíveis: pré-eclâmpsia, hipotireoidismo, anemia e hiperêmese gravídica.
id
é

IV. A aspiração a vácuo é o principal método de esvaziamento uterino nas gestações molares.
o

Quais estão corretas?


a

A) Apenas I e II.
dv
pi

B) Apenas III e IV.


C) Apenas I, II e IV.

D) I, II, III e IV.


me

COMENTÁRIO

I – CORRETA. A doença trofoblástica gestacional relaciona-se a erros de fertilização, sendo erro diploide no caso das molas completas, e
triploides no caso das parciais.
II – CORRETA. Na mola hidatiforme parcial, é possível identificar a presença de embrião ou feto, além da placenta com presença de
vesículas. Vale ressaltar que, na mola hidatiforme completa, não se desenvolve embrião ou membranas.

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MED

III – INCORRETA. Embora a doença trofoblástica gestacional possa relacionar-se à hiperêmese gravídica devido aos níveis elevados de
gonadotrofina coriônica humana (hCG), à doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) antes de 20 semanas e à anemia se ocorrerem
sangramentos volumosos, ela relaciona-se ao hipertireoidismo, e não ao hipotireoidismo, devido ao estímulo cruzado dos receptores de
TSH pelo hCG. CUIDADO com a pegadinha!
IV – CORRETA. Aspiração a vácuo é o método de escolha para o esvaziamento da cavidade uterina nos casos de doença trofoblástica
gestacional.

Correta a alternativa C. Apenas a I, II e IV estão corretas.

Incorretas as alternativas A, B e D.

m
(Secretaria Municipal da saúde de São Paulo – SMS, 2021) Com relação à doença trofoblástica gestacional, assinale a alternativa correta:

co
A) A presença de cistos tecaluteínicos, na ultrassonografia, está mais comumente associada à mola hidatiforme incompleta.

B) Deve-se avaliar a função tireoidiana, pois o hCG pode ligar-se a receptores de TSH localizados na tireoide, provocando hipotireoidismo.

C) As pacientes que tiveram gestação molar no passado e engravidaram novamente deverão realizar o exame do β-hCG quantitativo quatro
s.
semanas depois do término da gravidez atual, para identificar a ocorrência de neoplasia trofoblástica gestacional.

D) Pacientes com Rh negativo deverão realizar imunoglobulina anti-Rh após a aspiração intrauterina, mesmo quando a suspeita é de mola
hidatiforme completa.

E) A presença do marcador p57 sugere a ocorrência de mola hidatiforme completa.


eo
o
ub

COMENTÁRIO
ro
id
é

Incorreta a alternativa A. Os cistos tecaluteínicos estão mais presentes na mola hidatiforme completa avançada. Esses cistos ovarianos
o

surgem devido à hiperestimulação ovariana pelos altos níveis de hCG. Uma vez a mola esvaziada, os cistos regridem espontaneamente.

Incorreta a alternativa B. Os sinais clínicos de HIPERTIREOIDISMO podem ser encontrados na doença trofoblástica gestacional. Eles
a
dv

incluem: tremores, taquicardia, pele úmida e extremidades quentes. Isso ocorre devido ao fato de os altos níveis de hCG (cadeia alfa)
pi

levarem a estimulação cruzada dos receptores do hormônio estimulante da tireoide (TSH).


Incorreta a alternativa C. As pacientes que apresentaram gestação molar no passado possuem maior risco de recorrência da doença.
As pacientes devem manter o seguimento pós-molar com acompanhamento da curva de regressão do hCG semanal ou quinzenal até
me

sua negativação. Ela continua em acompanhamento mensal por 6 meses após a negativação, e, após 6 meses de hCG negativo, ela está
liberada para uma próxima gestação. Se ocorrer uma nova gestação, a paciente necessita de avaliação ultrassonográfica no primeiro
trimestre da gestação subsequente para confirmar o desenvolvimento normal da gestação.

Todas as pacientes Rh negativo, com diagnóstico de doença trofoblástica da gestação (NTG), devem
Correta a alternativa D.
receber a imunoglobulina anti-Rh, independentemente de qual é o tipo de NTG (mola completa ou parcial
ou as variantes mais raras malignas).

Incorreta a alternativa E. No caso de dúvida diagnóstica, o estudo imuno-histoquímico com o marcador p57 pode ser uma opção. Ele está
AUSENTE nos casos de mola completa.

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MED

3.1.3 QUADRO CLÍNICO

Aqui eu preciso que você pare, respire e


tente entender o quadro clínico típico da
gestação molar!

m
co
Outro ponto que as bancas adoram cobrar é a suspeita diagnóstica por meio da descrição do quadro clínico da gestante. Não é difícil,
mas existem sinais e sintomas típicos para você definir a hipótese diagnóstica como gestação molar. O quadro clínico vai depender de se o
s.
diagnóstico ocorreu em idade gestacional precoce ou não. Quanto mais tardio o diagnóstico, maior será a sintomatologia. Vou colocar abaixo
os sinais e sintomas característicos da doença para ajudar a entendê-los.

eo

↑hCG
o
ub

Cistos
Hiperêmese tecaluteínicos
ro

gravídica
id
é
o

Hipertireoidismo
Eliminação
de vesículas
a
dv
pi

DHEG < 20
semanas
Altura uterina >
me

que o esperado
para IG

US Imagem:
Sangramento “cachos de uva”
vaginal

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MED

hCG MUITO ELEVADO: a característica principal da doença é a elevação exagerada do título de hCG composta das subunidades alfa e beta.
Valores ACIMA DE 200.000 mUI/mL devem sempre fazer você suspeitar fortemente da doença trofoblástica gestacional. O título pode
chegar a níveis exageradamente altos, de até 1 milhão de mUI/mL, a depender da idade gestacional e evolução da doença. Isso é um ponto
interessante, porque vai ajudá-lo a raciocinar sobre os outros sintomas que serão descritos abaixo.

Como há aumento da subunidade alfa e beta do hCG, os altos valores podem determinar uma reação cruzada levando a outras
manifestações clínicas decorrentes desse estímulo cruzado. Mas, não se esqueça de que valores mais altos de hCG também podem ser
encontrados em gestação múltipla normal, porém não tão elevados quanto na gestação molar.
SANGRAMENTO VAGINAL: é o sintoma mais comum. Ocorre por volta da 4ª a 16ª semana de gestação, é de coloração escura, indolor,
geralmente de pequena quantidade. Pode estar ou não associado à eliminação de vesículas por via vaginal, que é sinal patognomônico da
doença.
HIPERÊMESE GRAVÍDICA: a presença de vômitos geralmente está presente, principalmente nos casos de molas volumosas. É só pensar:

m
se, no início da gestação, algumas pacientes já têm náuseas com pequena elevação do hCG, imagine com títulos muito altos do hCG.
Em algumas pacientes, a náusea e o vômito podem ser tão exuberantes, incoercíveis, chamados de hiperêmese gravídica, que levam a

co
alterações do equilíbrio hidreletrolítico e a emagrecimento e desidratação.
ÚTERO AUMENTADO PARA A IDADE GESTACIONAL: esse sinal é encontrado em 41% dos casos. Como ocorre uma desordenada e intensa
proliferação trofoblástica, o volume uterino aumenta mais rápido do que a altura uterina esperada para a idade gestacional.
s.
CISTOS TECALUTEÍNICOS: são cistos ovarianos BENIGNOS uni ou bilaterais, formados pela hiperestimulação ovariana, decorrentes dos
altos títulos de hCG. Após a resolução e o esvaziamento uterino, os cistos apresentam uma regressão espontânea, o que determina uma
conduta expectante, não sendo necessário sua remoção.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 30 . Cistos tecaluteínicos por mola hidatiforme.

HIPERTIREOIDISMO: os sinais de hipertireoidismo, como taquicardia, tremores finos e extremidades quentes, intolerância ao calor,
fraqueza muscular, sudorese e perda de peso, podem surgir nos casos de gestação molar avançada em 2% dos casos. Isso ocorre devido
à estimulação cruzada do hCG nos receptores do TSH na tireoide. Como há um estímulo intenso da subunidade alfa do hCG direto na
tireoide (“tireolike”), este envia um sinal para a adeno-hipófise, por feedback negativo, para diminuir o estímulo para a tireoide e, então,
observa-se uma diminuição do TSH. Logo, uma das características da gravidez molar é o encontro de níveis diminuídos de TSH.

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DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO ANTES DE 20 SEMANAS: o aumento pressórico antes da 20ª semana de gestação é
um sinal que ocorre em 10% dos casos e deve chamar a atenção em pacientes previamente normotensas. Um raciocínio prático para
ajudar você a memorizar é pensar que, como há uma proliferação trofoblástica acelerada e desordenada intrauterina, o organismo
materno entende que há necessidade de maior aporte de sangue para nutrir a região. Logo, como resposta, há um aumento pressórico
compensatório para aumentar o fluxo sanguíneo uterino. Esse aumento pressórico pode ser tão pronunciado, que pode levar a quadros de
eclâmpsia/iminência de eclâmpsia e haver a necessidade de controle por meio da utilização de sulfato de magnésio e controle pressórico
com a hidralazina.
ASPECTO ULTRASSONOGRÁFICO: é o exame mais utilizado para o diagnóstico da gestação molar. O padrão ocorre como imagens em
“cachos de uva” ou “flocos de neve”, com múltiplas áreas anecoicas entremeadas com ecos amorfos que correspondem às vesículas.
Na mola hidatiforme parcial, essa imagem pode estar ausente, sendo observada também uma placenta espessada, hiperecoica com
imagens císticas. No caso de formação de embrião, identificam-se múltiplas malformações e restrição de crescimento fetal, tornando-o
incompatível com a vida.

m
Quer decorar e ainda não conseguiu?

co
Criei um MNEMÔNICO para ajudar… Olhe
isso!!! O que um professor não faz para
ajudar seus alunos?!
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

"HIPERCHATICE DHE MOLA"

Mnemônico
HIPER Hiperêmese gravídica

C Cistos tecaluteínicos

H hCG muito elevado

m
co
A Altura uterina maior que a esperada

Tl Tireóide (hipertireoidismo)
s.
C Cachos de uva

eo
o

E Eliminar vesículas
ub
ro

DHE DHEG < 20 semanas


id
é
o

MOLA
a
dv
pi

E, para não esquecer, confira a regra do HIPER na mola da professora Marina Ayabe:
- HIPERêmese;
me

- HIPERtireoidismo;
- HIPERtensão arterial (DHEG);
- HIPER-hCG (muito aumentado);
- HIPERcistos ovarianos (tecaluteínicos);
- HIPERaltura uterina;
- HIPERchato de estudar...

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MED

Se você errou alguma questão antes, agora, com as loucuras do mnemônico que a professora inventa, espero que isso ajude.

Vamos treinar um pouco com questões para fixar?

CAI NA PROVA

(Hospital Angelina Caron - HAC-PR, 2021) Assinale a alternativa que não incluiu uma manifestação clínica da doença trofoblástica gestacional:

A) Hiperêmese gravídica.

B) Pré-eclâmpsia antes de 20 semanas de gestação.

C) Hipotireoidismo.

m
D) Cistos ovarianos tecaluteínicos.

co
E) Útero aumentado em relação à idade gestacional.

COMENTÁRIO
s.
Incorreta a alternativa A. A hiperêmese gravídica pode ser um sinal clínico característico da mola hidatiforme com grande volume de
material placentário ou quando os níveis de hCG estão muito elevados.
Incorreta a alternativa B. Quando você se deparar com uma paciente previamente normotensa e que, na gestação, apresenta aumento

eo

dos níveis pressóricos antes de 20 semanas, fique atento com a hipótese diagnóstica de gestação molar. Esse aumento do nível pressórico
o

pode evoluir chegando até a quadro de eclâmpsia.


ub
ro

A questão pediu qual NÃO é manifestação clínica. São os sintomas de HIPERTIREOIDISMO que podem
Correta a alternativa C.
surgir na gestação molar, como taquicardia, pele úmida e com extremidades quentes e tremores finos.
id
é

Esses sintomas ocorrem devido ao hCG em altos níveis atuarem como “tireolike”, pela cadeia alfa do hCG, levando aos sinais clínicos de
o

hipertireoidismo e exame laboratorial com níveis baixos de TSH.


Incorreta a alternativa D. Os cistos ovarianos tecaluteínicos são cistos benignos nas gestações molares e regridem espontaneamente após
a
dv
pi

o esvaziamento molar. Eles formam-se devido à hiperestimulação ovariana pelas altas doses de hCG.

Incorreta a alternativa E. A segunda queixa mais comum percebida pelo exame clínico é a discordância entre a altura uterina e a idade
gestacional pelo atraso menstrual. O tecido trofoblástico prolifera-se exageradamente em alta velocidade levando a um volume uterino
maior do que o esperado para a idade gestacional.
me

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

(SUS-SP 2021) Com relação à doença trofoblástica gestacional, assinale a alternativa correta:

A) A presença de cistos tecaluteínicos, na ultrassonografia, está mais comumente associada à mola hidatiforme incompleta.

B) Deve-se avaliar a função tireoidiana, pois o hCG pode ligar-se a receptores de TSH localizados na tireoide, provocando hipotireoidismo.

C) As pacientes que tiveram gestação molar no passado e engravidaram novamente deverão realizar o exame do β-hCG quantitativo quatro
semanas depois do término da gravidez atual, para identificar a ocorrência de neoplasia trofoblástica gestacional.

D) Pacientes com Rh negativo deverão realizar imunoglobulina anti-Rh após a aspiração intrauterina, mesmo quando a suspeita é de mola
hidatiforme completa.

E) A presença do marcador p57 sugere a ocorrência de mola hidatiforme completa.

m
COMENTÁRIO

co
Incorreta a alternativa A. Os cistos tecaluteínicos estão mais presentes na mola hidatiforme completa avançada. Esses cistos ovarianos
surgem devido à hiperestimulação ovariana pelos altos níveis de hCG. Uma vez a mola esvaziada, os cistos regridem espontaneamente.
Incorreta a alternativa B. Os sinais clínicos de hipertireoidismo podem ser encontrados na doença trofoblástica gestacional. Eles incluem:
tremores, taquicardia, pele úmida e extremidades quentes. Isso ocorre devido ao fato de os altos níveis de hCG (cadeia alfa) levarem à
s.
estimulação cruzada dos receptores do hormônio estimulante da tireoide (TSH).
Incorreta a alternativa C. As pacientes que apresentaram gestação molar no passado possuem maior risco de recorrência da doença.
As pacientes devem manter o seguimento pós-molar com acompanhamento da curva de regressão do hCG semanal ou quinzenalmente

eo

até sua negativação. Ela continua em acompanhamento mensal por 6 meses após o título de hCG se tornar negativo. Se ocorrer uma
o

nova gestação, a paciente necessita de avaliação ultrassonográfica no primeiro trimestre da gestação subsequente para confirmar o
ub

desenvolvimento normal da gestação.


ro

Todas as pacientes Rh negativo, com diagnóstico de doença trofoblástica da gestação (NTG), devem
id

Correta a alternativa D.
é

receber a imunoglobulina anti-Rh, independentemente de qual é o tipo de NTG (mola completa ou parcial
o

ou as variantes mais raras malignas).


Incorreta a alternativa E. No caso de dúvida diagnóstica, o estudo imuno-histoquímico com o marcador p57 pode ser uma opção. Ele está
a
dv
pi

AUSENTE nos casos de mola completa.


(UFAL, 2019) Em que consiste o tratamento de cistos tecaluteínicos, frequentemente encontrados na vigência de doença trofoblástica
me

gestacional?

A) Ooforectomia total bilateral.

B) Ooforoplastia parcial bilateral.

C) Ooforectomia parcial bilateral.

D) Seguimento ultrassonográfico mensal.

E) Monoquimioterapia semanal com MTX.

Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Curso Extensivo | Junho 2022 72


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COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. A visualização ultrassonográfica de cistos tecaluteínicos ovarianos é comum nas gestações molares. Isso ocorre
devido à hiperestimulação ovariana provocada pelo grande aumento dos níveis de hCG. São cistos benignos, que regridem espontaneamente
após o esvaziamento molar e não necessitam ser removidos.
Incorretas as alternativas B e C. Os cistos tecaluteínicos decorrentes da hiperestimulação ovariana na gestação molar são cistos benignos,
que regridem espontaneamente após o esvaziamento molar e não necessitam ser removidos.

É necessário apenas o acompanhamento ultrassonográfico no seguimento pós-molar da regressão


Correta a alternativa D.
espontânea dos cistos tecaluteínicos.

Incorreta a alternativa E. Os cistos tecaluteínicos em ambos os ovários surgem devido à hiperestimulação ovariana e altas concentrações de

m
hCG. Após o esvaziamento molar, é realizado o controle por avaliação ultrassonográfica e acompanhamento de sua regressão espontânea.

(SES PE, 2021) NÃO é manifestação clínica da mola hidatiforme:

co
s.
A) Útero diminuído de volume para a idade gestacional.

B) Sangramento transvaginal de repetição e intensidade variável.

C) Cistos tecaluteínicos.

D) Hipertireoidismo.
eo
o

E) Sinais de pré-eclâmpsia.
ub
ro

COMENTÁRIO:
id
é
o

Como ocorre uma proliferação rápida e desordenada do tecido trofoblástico, a altura uterina é maior do

Incorreta a alternativa A.
que a esperada para a idade gestacional.
a
dv
pi

Corretas as alternativas B, C, D e E. O sangramento vaginal é a queixa mais comum e geralmente é indolor e de coloração escura, além

disso, são sinais sugestivos os cistos ovarianos tecaluteínicos, sinais de hipertireoidismo e aumento dos níveis pressóricos antes da 20ª
semana de gestação.
me

Estão firmes nos sinais e sintomas da gestação molar? Então vamos entender o tratamento e o seguimento pós-molar. Também questão
de prova!!

Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Curso Extensivo | Junho 2022 73


OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

3.1.4 TRATAMENTO

Deve-se internar a gestante logo ao diagnóstico e programar o esvaziamento molar. Para a programação do esvaziamento molar,
deve-se estabilizar a paciente quanto aos sintomas clínicos, além da solicitação de alguns exames laboratoriais: dosagem sérica do hCG,
hemograma, coagulograma, função tireoidiana, tipagem sanguínea e radiografia de tórax.

No caso de grande quantidade de conteúdo intrauterino, com altura uterina superior à estimada de 14 semanas de gestação,
recomenda-se a reserva de concentrado de hemácias devido ao risco aumentado de sangramento.

A administração de betabloqueadores para controle dos sintomas de hipertireoidismo pode ser necessária para prevenir crise tireotóxica
induzida pela anestesia no esvaziamento molar. O controle pressórico adequado também deve ser outro ponto de atenção, já que algumas
pacientes com gestações molares avançadas podem apresentar pré-eclâmpsia grave ou até eclâmpsia.

m
• ESVAZIAMENTO MOLAR

A ASPIRAÇÃO A VÁCUO é o tratamento de eleição por ser

co
um procedimento de menor risco. Nas molas de menor volume,
pode-se optar pela aspiração manual intrauterina (AMIU) e, para
facilitar a aspiração de conteúdo molar em útero de maior volume,
pode-se optar por aspiradores elétricos. A aspiração a vácuo pode
s.
ser completada por CURETAGEM com cureta romba ou fenestrada
se opção do cirurgião.
Não é aconselhável a utilização de misoprostol devido ao
risco de embolização trofoblástica e hemorragia. A dilatação do

eo

colo deve ser realizada com as velas de Hegar e, após, iniciar a


o
ub

infusão de ocitocina para provocar a contração uterina e diminuir o


ro

risco de perfuração durante o esvaziamento molar. Figura 31. Aspiração manual intrauterina (AMIU).
id
é

A histerectomia é reservada para mulheres com idade superior a 40 anos e prole constituída. O risco de neoplasia trofoblástica diminui
o

consideravelmente após a histerectomia quando comparado ao esvaziamento molar por aspiração a vácuo. A histerotomia (esvaziamento

uterino por via abdominal) apresenta indicações restritas devido a maiores taxas de neoplasia trofoblástica gestacional pela abertura uterina
a

e manipulação abdominal.
dv
pi

Lembrar que os ovários devem ser preservados, mesmo que na presença de cistos tecaluteínicos volumosos, uma vez que sua regressão

ocorre espontaneamente após o esvaziamento molar e normalização no hCG. Pode-se tornar uma urgência no caso de torção dos ovários,
na presença de cistos volumosos.
me

Além disso, não se esqueça da incompatibilidade Rh, quando é indicada a imunoglobulina anti-D a todas as pacientes RhD
negativo que não foram sensibilizadas.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

CAI NA PROVA

(PSU-MG, 2019) Paciente com 15 anos, hígida, G1P0A0, idade gestacional nove semanas e dois dias, comparece à segunda consulta de pré-
natal na Unidade Básica de Saúde com queixa de sangramento genital. Ultrassonografia transvaginal realizada hoje revelou cavidade uterina
distendida, com a presença de múltiplas vesículas em forma de "flocos de neve", embrião não identificado e ovários aumentados de volume,
repletos de cistos com diâmetro médio de 2,0 cm.

Diante dessa situação, assinale a conduta MAIS ADEQUADA:

A) Encaminha a paciente à maternidade para realização de esvaziamento intrauterino.

B) Encaminhar a paciente ao serviço de pré-natal de alto risco para seguimento adequado.

m
C) Repetir a ultrassonografia obstétrica em aproximadamente 15 dias para confirmação diagnóstica.

co
D) Solicitar semanalmente exame de beta-hCG quantitativo para acompanhamento da evolução da gestação.

COMENTÁRIO
s.
A presença de múltiplas vesículas na cavidade uterina à ultrassonografia pélvica caracteriza o diagnóstico
Correta a alternativa A.
de doença trofoblástica gestacional. A paciente deve ser encaminhada à maternidade para realização do
esvaziamento uterino por vácuo-aspiração pelo menor risco de perfuração uterina.

eo

Incorreta a alternativa B. A presença de múltiplas vesículas na cavidade uterina à ultrassonografia pélvica caracteriza o diagnóstico de doença
o
ub

trofoblástica gestacional. A paciente deve ser encaminhada à maternidade para realização do esvaziamento uterino por vacuoaspiração
ro

pelo menor risco de perfuração uterina. Após, a paciente deverá ser encaminhada ao serviço especializado para o seguimento adequado.
Incorreta a alternativa C. A presença de múltiplas vesículas na cavidade uterina à ultrassonografia pélvica caracteriza o diagnóstico
id
é

de doença trofoblástica gestacional. A paciente deve ser encaminhada à maternidade para realização do esvaziamento uterino por
o

vacuoaspiração pelo menor risco de perfuração uterina. Não é necessário repetir ultrassonografia para confirmação diagnóstica.
Incorreta a alternativa D. A presença de múltiplas vesículas na cavidade uterina à ultrassonografia pélvica caracteriza o diagnóstico de doença
a
dv
pi

trofoblástica gestacional. A paciente deve ser encaminhada à maternidade para realização do esvaziamento uterino por vacuoaspiração
pelo menor risco de perfuração uterina. Após, a paciente deverá ser encaminhada ao serviço especializado para seguimento adequado

com dosagem seriada de beta-hCG.


me

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

(Universidade Federal de Alagoas-UFAL, 2018) M.S.P.,16 anos, vem à Unidade de Emergência da Maternidade do HUPAA/UFAL por apresentar
sangramento transvaginal volumoso, há cerca de 2 horas. Relata início de atividade sexual, há cerca de 6 meses, sem uso de métodos
contraceptivos, além de amenorreia há cerca de 12 semanas. Traz exame de β-HCG sérico qualitativo com resultado positivo realizado 1
semana antes desse atendimento, porém nega ter iniciado pré-natal ou realizado quaisquer outros exames complementares. Ao exame
físico: estado geral regular, hipocorada (2+/4+); pressão arterial de 90/40 mmHg, frequência cardíaca de 105 bpm, ausculta cardiovascular
e pulmonar sem alterações; abdome flácido, levemente doloroso à palpação em hipogástrio e com identificação de massa pélvica a 2 cm
abaixo da cicatriz umbilical. Exame especular: colo uterino aberto, sangramento vaginal moderado com eliminação de vesículas. Assinale a
alternativa que afirma corretamente a hipótese mais provável e a primeira conduta para o caso descrito:

A) Gravidez ectópica; laparotomia exploradora.

B) Abortamento em curso; estabilização clínica com reposição volêmica e esvaziamento de cavidade uterina.

m
C) Abortamento molar; estabilização clínica com reposição volêmica e esvaziamento de cavidade uterina.

D) Abortamento molar; estabilização clínica com reposição volêmica e realização de ultrassonografia pélvica.

co
E) Abortamento em curso; estabilização clínica com reposição volêmica e realização de ultrassonografia pélvica.

COMENTÁRIO
s.
Incorreta a alternativa A. A eliminação de vesículas espontaneamente não é muito frequente, mas patognomônica de doença trofoblástica
gestacional, também chamada de mola hidatiforme, e não de gestação ectópica. Embora a laparotomia exploradora fosse a conduta

adequada diante de hipótese diagnóstica de gestação ectópica rota, a conduta diante do quadro apresentado no enunciado deve ser
eo
o

reposição volêmica para estabilização hemodinâmica materna e esvaziamento da cavidade uterina.


ub

Incorreta a alternativa B. Embora esteja correto que a conduta diante do quadro apresentado no enunciado deve ser reposição volêmica
ro

para estabilização hemodinâmica materna e esvaziamento da cavidade uterina, a eliminação de vesículas espontaneamente não é muito
id

frequente, mas patognomônica de doença trofoblástica gestacional, também chamada de mola hidatiforme, e não de abortamento em
é

curso.
o

A eliminação de vesículas espontaneamente não é muito frequente, mas patognomônica de doença


Correta a alternativa C.
trofoblástica gestacional, também chamada de mola hidatiforme. Além disso, observa-se útero aumentado
a
dv
pi

em relação ao esperado para idade gestacional do caso descrito no enunciado. A conduta diante desse quadro deve ser reposição volêmica

para estabilização hemodinâmica materna e esvaziamento da cavidade uterina.

Incorreta a alternativa D. No caso descrito no enunciado, deve-se realizar o esvaziamento da cavidade uterina para controle do
me

sangramento, sem necessidade de ultrassonografia pélvica para elucidação diagnóstica, embora esteja correto que o diagnóstico é de
doença trofoblástica gestacional, também chamada de mola hidatiforme. A eliminação de vesículas espontaneamente não é muito
frequente, mas patognomônica de doença trofoblástica gestacional. Além disso, observa-se útero aumentado em relação ao esperado
para idade gestacional do caso descrito no enunciado. A conduta diante desse quadro deve ser reposição volêmica para estabilização
hemodinâmica materna e esvaziamento da cavidade uterina.
Incorreta a alternativa E. Embora esteja correto que a conduta diante do quadro apresentado no enunciado deve ser reposição volêmica
para estabilização hemodinâmica materna, a eliminação de vesículas espontaneamente não é muito frequente, mas patognomônica de
doença trofoblástica gestacional, também chamada de mola hidatiforme, e não de abortamento em curso. Além disso, deve-se realizar o
esvaziamento da cavidade uterina para controle do sangramento, sem necessidade de ultrassonografia pélvica para elucidação diagnóstica.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

(UNIFESP. 2017) Paciente com 19 anos de idade refere que estava grávida de 10 semanas, quando teve, há 30 dias, sangramento abundante
interpretado como abortamento espontâneo, sem necessidade de curetagem uterina. Continuou apresentando sangramento vaginal, sendo
submetida à ultrassonografia pélvica por via transvaginal, que mostrou a seguinte imagem em cavidade uterina (VER IMAGEM):

Indique a alternativa que contém, RESPECTIVAMENTE, a principal


hipótese diagnóstica e conduta:

A) Abortamento incompleto / Esvaziamento uterino por


vacuoaspiração.

B) Mola hidatiforme invasora / Estadiamento e tratamento


quimioterápico.

C) Mola hidatiforme parcial / Esvaziamento uterino com uso de

m
misoprostol.

co
D) Mola hidatiforme completa / Esvaziamento uterino por
vacuoaspiração.

E) Abortamento retido / Esvaziamento uterino por curetagem


uterina.
s.
COMENTÁRIO

eo

Incorreta a alternativa A. Na imagem ultrassonográfica, identificam-se imagens císticas na cavidade uterina, típicas da mola hidatiforme
o

completa. O tratamento indicado é o esvaziamento uterino por vacuoaspiração, pelo menor risco de perfuração uterina. Vale ressaltar
ub

que, no abortamento incompleto, seria visualizado apenas o eco endometrial, sem imagens anecoicas, com mais de 15 mm.
ro

Incorreta a alternativa B. Na imagem ultrassonográfica, identificam-se imagens císticas na cavidade uterina, típicas da mola hidatiforme
id
é

completa. O tratamento indicado é o esvaziamento uterino por vacuoaspiração, pelo menor risco de perfuração uterina. Vale ressaltar
o

que o diagnóstico de mola hidatiforme invasora relaciona-se a níveis persistentemente altos de beta-hCG após o esvaziamento uterino.

Incorreta a alternativa C. Na imagem ultrassonográfica, identificam-se imagens císticas na cavidade uterina, típicas da mola hidatiforme
a

completa. O tratamento indicado é o esvaziamento uterino por vacuoaspiração, pelo menor risco de perfuração uterina. Vale ressaltar que
dv
pi

a mola hidatiforme parcial caracteriza-se por imagens císticas associadas à presença de embrião.

Na imagem ultrassonográfica, identificam-se imagens císticas na cavidade uterina, típicas da mola


Correta a alternativa D.
hidatiforme completa. O tratamento indicado é o esvaziamento uterino por vacuoaspiração, pelo menor
me

risco de perfuração uterina.

Incorreta a alternativa E. Na imagem ultrassonográfica, identificam-se imagens císticas na cavidade uterina, típicas da mola hidatiforme
completa. O tratamento indicado é o esvaziamento uterino por vacuoaspiração, pelo menor risco de perfuração uterina. Vale ressaltar
que, no abortamento retido, seria visualizado embrião com mais de 7 mm sem atividade cardíaca.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Parabéns, você chegou até aqui.


NÃO PARE agora!
Se precisar, tome uma água, coloque
uma música e vamos estudar mais um
pouquinho.

m
co
Este é um ponto também muito cobrado nas provas, já que existe o risco de evolução maligna após
uma gestação molar.
s.

eo

3.1.5 SEGUIMENTO PÓS-MOLAR


o
ub

Veja que o seguimento pós-molar se baseia em dois pilares que você deve saber:
ro
id

Seguimento pós-molar
é
o

Dosagem β-hCG seriado Anticoncepção

+
a

Oral Injetável
dv
pi

SEMANAL até se tornar negativo. Transdérmico


Adesivo Implante

Após negativo, mensal por mais 6 meses.


*Exceto: DIU ou SIU (risco)
me

Qual é a frequência de acompanhamento?


O título sérico do hCG deve ser avaliado SEMANALMENTE ou, em alguns serviços, a cada 15 dias, até se tornar indetectável (< 5 mUI/
mL). Após 3 dosagens semanais negativas, deve ser acompanhado mensalmente por mais 6 meses para garantir a cura da mola hidatiforme.

Qual é o objetivo da anticoncepção?


É fundamental, para o seguimento pós-molar, que a paciente já seja orientada após o esvaziamento molar, na alta hospitalar, com
ANTICONCEPÇÃO. As pacientes são aconselhadas a não engravidarem até seis meses após o título de hCG negativar, para garantir que
qualquer elevação do hCG seja por transformação maligna da mola hidatiforme em neoplasia trofoblástica gestacional.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Dá-se preferência para métodos hormonais (orais, vaginal, transdérmica, injetável ou implantes) combinados ou não com métodos de
barreira.

O dispositivo intrauterino (DIU) ou o sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU) está contraindicado até a remissão
da doença devido ao aumento do risco de perfuração, infecção e hemorragia.

CAI NA PROVA

(SCM-SP, 2019) Uma paciente de trinta anos de idade, em tratamento de mola invasora, com persistência de valores elevados de β-hCG,

m
solicitou aconselhamento de contracepção. Considerando essa situação hipotética, assinale a alternativa correta quanto às opções e

co
contraindicações para a paciente:

A) A melhor opção seria o uso do dispositivo intrauterino medicado com cobre, visto que não apresenta hormônios.

B) O sistema intrauterino medicado com levonorgestrel seria a melhor opção, pois auxilia no controle do sangramento uterino.
s.
C) Apenas métodos de barreira estão indicados, sendo os hormonais contraindicados.

D) Todos os métodos que contenham hormônio poderão ser utilizados.

E) Pílulas combinadas ou que contenham apenas progestógenos podem ser utilizadas.



eo
o

COMENTÁRIO:
ub
ro

Incorretas as alternativas A, B, C e D. Todos os métodos hormonais e os de barreira estão indicados, exceto o dispositivo intrauterino (DIU)
id
é

e o sistema intrauterino (SIU) devido ao risco mecânico de perfuração, sangramento e infecção.


o

Podem ser utilizadas pílulas orais combinadas ou qualquer outro método, exceto o DIU ou SIU, devido ao
Correta a alternativa E.
risco de perfuração, infecção e sangramento.
a
dv
pi

Uma vez em seguimento do título do hCG, muitas questões cobram o que levariam à suspeita de evolução para NTG:
me

- Curva do hCG em platô (oscilação < 10% no título do hCG) por 3 semanas, em 4 valores (1, 7, 14 e 21 dias).

- Elevação do hCG em pelo menos 10% por 2 semanas, em 3 valores (1, 7, 14 dias).

- Aparecimento de metástases.

- Diagnóstico histológico de NTG.

- Nível do hCG mantém-se elevado por mais de 6 meses.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Suspeita
de NTG
DIAGNÓSTICO
CURVA hCG
HISTOLÓGICO
EM
DE NTG
PLATÔ

CURVA hCG
PRESENÇA
EM

m
DE
ASCENSÃO
METÁSTASES
(>10%)

co
s.
Figura 32. Suspeita de evolução para a Neoplasia trofoblástica gestacional (NTG).

CAI NA PROVA

eo
o
ub

(UFRJ, 2020) No terceiro mês de seguimento pós-esvaziamento uterino por mola hidatiforme, a paciente, em seguimento clínico regular, em
ro

Centro de Referência, evolui com os seguintes valores consecutivos de beta-hCG: 129 UI/L; 64 UI/L; 1,9UI/L. A interpretação correta desses
resultados indicam:
id
é
o

A) remissão espontânea

B) mola parcial persistente


a
dv
pi

C) neoplasia trofoblástica gestacional de baixo risco


D) neoplasia trofoblástica gestacional de alto risco


me

COMENTÁRIO

Os níveis de beta-hCG em declínio, após o esvaziamento uterino, sugerem remissão espontânea da mola
Correta a alternativa A.
hidatiforme.

Incorreta a alternativa B. Os níveis de beta-hCG em declínio, após o esvaziamento uterino, sugerem remissão espontânea da mola
hidatiforme. A mola parcial persistente caracteriza-se por níveis persistentemente altos de beta-hCG.

Prof. Marina Ayabe Gomes de Moraes | Curso Extensivo | Junho 2022 80


OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Incorreta a alternativa C. Os níveis de beta-hCG em declínio, após o esvaziamento uterino, sugerem remissão espontânea da mola
hidatiforme. A neoplasia trofoblástica gestacional de baixo risco caracteriza-se por níveis persistentemente altos de beta-hCG.
Incorreta a alternativa D. Os níveis de beta-hCG em declínio, após o esvaziamento uterino, sugerem remissão espontânea da mola
hidatiforme. A neoplasia trofoblástica gestacional de alto risco caracteriza-se por níveis persistentemente altos de beta-hCG.

(HIAE, 2018) Faz-se diagnóstico de neoplasia trofoblástica gestacional quando, após esvaziamento uterino por mola hidatiforme, ocorre:

A) Elevação aguda do beta-hCG no 10º mês, após estar negativo desde o 6º mês.

B) beta-hCG detectável após 3 meses (dois valores).

C) Elevação aguda do beta-hCG no primeiro mês.

m
D) beta-hCG em títulos maiores que 1.000 mUI/ml na primeira semana.

co
E) Manutenção de beta-hCG por três semanas consecutivas (quatro valores).

COMENTÁRIO
s.
Incorreta a alternativa A. O diagnóstico da neoplasia trofoblástica gestacional caracteriza-se quando os níveis de beta-hCG se mantêm
estáveis ou elevam-se em quatro dosagens por três semanas consecutivas após o esvaziamento uterino por mola hidatiforme.
Incorreta a alternativa B. O diagnóstico da neoplasia trofoblástica gestacional caracteriza-se quando os níveis de beta-hCG se mantêm

eo

estáveis ou elevam-se em quatro dosagens por três semanas consecutivas após o esvaziamento uterino por mola hidatiforme.
o
ub

Incorreta a alternativa C. O diagnóstico da neoplasia trofoblástica gestacional caracteriza-se quando os níveis de beta-hCG se mantêm
estáveis ou elevam-se em quatro dosagens por três semanas consecutivas após o esvaziamento uterino por mola hidatiforme.
ro

Incorreta a alternativa D. O diagnóstico da neoplasia trofoblástica gestacional caracteriza-se quando os níveis de beta-hCG se mantêm
id
é

estáveis ou elevam-se em quatro dosagens por três semanas consecutivas após o esvaziamento uterino por mola hidatiforme.
o

O diagnóstico da neoplasia trofoblástica gestacional caracteriza-se quando os níveis de beta-hCG se


Correta a alternativa E.
mantêm estáveis ou elevam-se em quatro dosagens por três semanas consecutivas após o esvaziamento
a
dv
pi

uterino por mola hidatiforme.



me

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

(UNIFESP, 2016) Primigesta foi submetida à aspiração manual intrauterina em 07/05/2015 e anatomopatológico do material aspirado
compatível com mola hidatiforme completa. Apresentou esta curva de hCG, e ultrassonografia pélvica em 29/05/15 evidenciou lesão expansiva
e heterogênea na cavidade uterina sem plano de clivagem nítido com o miométrio. Qual o diagnóstico mais provável? (VER IMAGEM)

A) Mola hidatiforme em regressão.

B) Restos molares pós-aspiração.

C) Mola hidatiforme recidivante.

D) Neoplasia trofoblástica gestacional.

m
E) Neoplasia germinativa primária.

COMENTÁRIO
co
s.
Incorretas as alternativas A, B, C e E. Diante da estabilização e aumento dos níveis de beta-hCG, faz-se o diagnóstico de neoplasia
trofoblástica gestacional.

eo

Diante da estabilização e aumento dos níveis de beta-hCG, faz-se o diagnóstico de neoplasia trofoblástica
Correta a alternativa D.
o

gestacional.
ub
ro
id
é

(SANTA CASA DE LIMEIRA–SCML, 2016) Após realização de curetagem uterina por suposto abortamento, o médico verifica o resultado
o

anatomopatológico, que confirma o diagnóstico de mola hidatiforme completa. Imediatamente está recomendado(a):

A) Nova curetagem uterina para eliminar eventuais focos de neoplasia trofoblástica gestacional.
a
dv

B) Prescrição de metotrexato 50 mg/m².


pi

C) Controle clínico com beta-hCG seriado com intervalos de 7 a 15 dias.

D) Histeroscopia cirúrgica para avaliação da cavidade endometrial.


me

COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. Não é necessária nova curetagem. O seguimento pós-molar é realizado principalmente com reavaliação semanal
da paciente e com controle da curva de regressão do hCG.
Incorreta a alternativa B. O metotrexato está indicado no caso de confirmação diagnóstica durante o seguimento pós-molar de neoplasia
trofoblástica gestacional de baixo risco como terapia com agente único após estadiamento.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Uma vez que já foi realizado o esvaziamento uterino, deve-se fazer o seguimento pós-molar com novas
Correta a alternativa C.
dosagens de beta-hCG semanais. Os níveis devem estar em queda, caso contrário, deve-se aventar a
hipótese de malignização da doença.

Incorreta a alternativa D. Após o esvaziamento molar, está indicado o seguimento pós-molar com controle do hCG semanal, e não nova
histeroscopia.

3.1.6 MOLA HIDATIFORME RECORRENTE FAMILIAR

O antecedente pessoal de mola hidatiforme na gestação anterior é o principal fator de risco para uma nova gestação molar. Isso se
deve ao fato de que algumas pacientes apresentam a mola hidatiforme recorrente familiar. Observa-se a ocorrência de mutações nos genes

m
NLRP7 e KHDC3L. Porém seu risco não se encontra aumentado de evolução para a NTG.

co
CAI NA PROVA

(Hospital oftalmológico de Sorocaba – HOS, 2021) B.M.V., 20 anos, deu entrada no PSGO com quadro de sangramento vaginal, náuseas e
s.
vômitos, emagrecimento e cefaleia occipital. Apresentou beta-hCG qualitativo positivo. Ao EF: volume abdominal aumentado, PA 170 x 110
mmHg, FC: 90 bpm e obnubilação de consciência. A ultrassonografia pélvica achou o ilustrado na figura a seguir. Diante da suspeita referida,
indique a primeira conduta para a paciente do caso clínico, a melhor técnica cirúrgica para a resolução do caso e a orientação correta para o

seguimento da doença, respectivamente.


eo
o
ub

A) Prescrever soro fisiológico; histerectomia; iniciar o segmento


ro

pós-molar após o resultado do AP.


id

B) Prescrever antieméticos; administração de misoprostol; repetir


é

o USG 7 dias após, para avaliar a existência de restos molares.


o

C) Prescrever metildopa; curetagem; realizar o acompanhamento


com dosagens mensais de beta-hCG, para detectar a presença
a
dv
pi

de NTG.

D) Prescrever sulfato de magnésio; AMIU; realizar a contracepção


hormonal rigorosa e acompanhar o beta-hCG semanal.
me

E) Prescrever hidralazina; administração de dinoprostona; repetir


USG 3 dias após, para avaliar a existência de restos molares.

COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. Paciente com diagnóstico de doença trofoblástica deve ser internada para o esvaziamento molar por aspiração
associada à curetagem. O seguimento pós-molar semanalmente com anticoncepção rigorosa é indicado desde a alta hospitalar.

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OBSTETRÍCIA Sangramento da primeira metade da gestação Estratégia
MED

Incorreta a alternativa B. A conduta após a internação da paciente é o esvaziamento molar por meio de aspiração pela AMIU ou por aspirador
elétrico associado ou não à curetagem uterina. Não é indicada a indução com misoprostol, pelo risco de embolização trofoblástica. E, após
o esvaziamento, deve ser mantido o seguimento pós-molar com contracepção rigorosa e seguimento semanal da curva de regressão do
hCG.
Incorreta a alternativa C. Não está indicado o uso de metildopa para o controle pressórico, já que a regressão dos sintomas da doença
ocorre após o esvaziamento molar. Como a paciente apresenta pico hipertensivo (PA > ou igual a 160 x 110 mmHg) e queixas de eclâmpsia
iminente, a pressão arterial pode ser prontamente controlada com hidralazina e o uso de sulfato de magnésio para prevenção da eclâmpsia.
A dosagem de hCG no seguimento pós-molar deve ser realizada semanal ou quinzenalmente para acompanhar a curva de regressão do
hCG até sua negativação.

À presença de sintomas de iminência de eclâmpsia devido à gestação molar, deve ser prescrito sulfato de
Correta a alternativa D.
magnésio e hidralazina pelo pico hipertensivo apresentado pela paciente. No seguimento pós-molar, é

m
importante a contracepção rigorosa para que não ocorra nova gestação e avaliação da curva de regressão do hCG semanal até sua
negativação. Após sua negativação, seguir mensalmente por 6 meses.

co
Incorreta a alternativa E. A indução com dinoprostona (pessário vaginal) não é indicada para expulsão de conteúdo molar. A dilatação
cervical deve ser realizada por meio das velas de Hegar.
s.
3. 2 NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL

A neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) é a forma maligna da doença trofoblástica gestacional. A detecção precoce da forma

maligna, com o tratamento adequado, leva à cura de quase todas as pacientes, com retorno até de sua capacidade reprodutiva.
eo
o

Antes de iniciar o tratamento da NTG, é necessário ESTADIAR a paciente para orientar o tratamento mais adequado por meio da
ub

quimioterapia por agente único ou pela poliquimioterapia. A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) 2000 determinou,
ro

em uma tabela, os grupos prognósticos de baixo ou alto risco para a resistência à quimioterapia com agente único.
id
é
o

O score ≤ 6 indica BAIXO RISCO, e a paciente é tratada com quimioterapia por agente único. Já o
a

score de risco > 6 significa ALTO RISCO e grande risco de quimiorresistência. Nesse caso, está indicado
dv
pi

tratamento com múltiplos agentes antineoplásicos.



me

Veja, na tabela abaixo, como é realizado o estadiamento por meio da pontuação pela FIGO 2000.

Estadiamento anatômico da NTG

Estádio I Doença restrita ao corpo uterino

Estádio II Doença estendendo-se para os anexos ou vagina, mas limitando-se a estruturas genitais

Estádio III NTG com extensão para os pulmões, com ou sem envolvimento genital

Estádio IV Outros sítios de metástases

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MED

Escore 0 1 2 4

Idade (anos) < 40 ≥ 40 - -

Gestação anterior Mola hidatiforme Abortamento Getação a termo -

Intervalo entre
gestação e neoplasia <4 4a<7 7–12 ≥ 13
(meses)

hCG sérica pré-


< 103 103 a 104 > 104 a 105 > 105
tratamento (UI/L)

m
Maior tumor,
<3 3a4 ≥5
incluindo útero (cm)

co
Local das metástases Pulmão Baço e rim Gastrointestinal Fígado e cérebro

Número das
- 1–4 5–8 >8
metástases
s.
Falha em
- - Agente único 2 ou mais agentes
quimioterapia prévia

BAIXO RISCO: total de score até 6.


eo
o

ALTO RISCO: total de score ≥ 7.


ub

ULTRA-ALTO RISCO: total de escore ≥ 13.


ro
id
é

Outro ponto a ser lembrado são os principais focos de metástases.


o

a

FIQUE ATENTO PARA OS PRINCIPAIS FOCOS DE METÁSTASES:


dv
pi

- Pulmonar: radiografia de tórax detecta 40% das metástases ou por meio da TC de tórax.

- Cerebral: pesquisa por RNM ou TC de crânio.

- Hepática: avaliação por ultrassonografia de abdome. Se visualizada imagem metastática, deve ser avaliada por TC ou RNM de
me

abdome.

- Vaginal: caracteriza-se como nódulo violáceo ou escurecido, sangrante à manipulação.

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MED

3.2.1 TRATAMENTO

Para o início do tratamento, não é necessário realizar a para as pacientes com idade avançada (superior a 40 anos) e prole
biópsia do tumor. É necessário iniciar o estadiamento pela FIGO definida.
2000 para orientar o tratamento quimioterápico com agente único Tratamento da NTG de ALTO RISCO: está indicado o
ou com poliquimioterapia. tratamento com poliquimioterapia. O esquema de primeira linha
A quimioterapia apresenta índices de cura elevados com é o chamado EMA-CO (etoposide, metotrexato, actinomicina D,
taxas de recorrência baixa, inferiores a 5%. ciclofosfamida e vincristina). As pacientes de alto risco tratadas com

Tratamento da NTG de BAIXO RISCO: é indicado o tratamento poliquimioterapia apresentaram taxa de sobrevida de 80%, e 30%

por agente único, e a escolha é o METOTREXATO (MTX) ou apresentam resistência ou recidiva. Outros especialistas preferem o
protocolo EP/EMA modificado (etoposídeo, cisplatina e etoposídeo,

m
também a opção do uso da actinomicina D (ACTD). Geralmente os
protocolos com MTX são preferidos para o tratamento de primeira metotrexato e actinomicina D) ou utilizado também como segunda
linha.

co
linha na NTG de BAIXO RISCO por terem eficácia, menor toxicidade
e baixo custo. Em geral, a ACTD é escolha na contraindicação para o Devido à elevada chance de cura pelo tratamento
uso do MTX. Após o hCG tornar-se negativo, devem-se repetir mais quimioterápico, a histerectomia tem sido indicada em poucos casos.
2 ciclos de quimioterapia para consolidação e diminuição das taxas Está indicada nos casos de perfuração uterina, hemorragia uterina
s.
de recidivas da doença. grave, quimiorresistência, tumor trofoblástico do sítio placentário e

A histerectomia é uma alternativa como tratamento inicial tumor trofoblástico epitelioide.



eo
o
ub

O tumor trofoblástico do sítio placentário e o tumor trofoblástico epitelioide são POUCO RESPONSIVOS
ro

À QUIMIOTERAPIA. Assim, o estadiamento classificado pela OMS e pela FIGO não é utilizado para escolha
id

terapêutica e para predizer o prognóstico. O melhor tratamento indicado, nesse caso, é a HISTERECTOMIA.
é
o

a
dv
pi

CAI NA PROVA

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS–UFAL, 2017) Após três meses de seguimento de Mola Hidatiforme Completa, aumentam os níveis
me

séricos de beta-hCG.

Qual a conduta para essa intercorrência?

A) Dosar beta-hCG por três semanas consecutivas para início do tratamento.

B) Monoquimioterapia (MTX), seguida de rastreamento de metástases.

C) Iniciar somente o rastreamento/estadiamento.

D) Poliquimioterapia (EMA-CO).

E) Poliquimioterapia (EP-EMA).

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COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. Diante do aumento dos níveis de beta-hCG durante o seguimento pós-molar, é realizado o diagnóstico da
neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). Deve ser, então, iniciado o estadiamento pela FIGO 2000 para orientar o tratamento com
quimioterapia por agente único na NTG de baixo risco ou poliquimioterapia para NTG de alto risco.

Diante do aumento dos níveis de beta-hCG, após o esvaziamento uterino por doença trofoblástica
Correta a alternativa B.
gestacional, também chamada mola hidatiforme, faz-se o diagnóstico de neoplasia trofoblástica
gestacional, ou mola invasora, e o tratamento deve ser quimioterápico, com metotrexato, e rastreamento de metástases. Vale ressaltar que
a quimioterapia deve ser iniciada sem resultado histopatológico, uma vez que a biópsia é desaconselhada pelo alto risco de sangramento.

Incorreta a alternativa C. O rastreamento já é realizado por meio do beta-hCG e sua elevação indica diagnóstico e avaliação do tratamento

m
por meio do estadiamento pela FIGO 2000 em baixo risco e indicação de monoquimioterapia, ou alto risco por meio da poliquimioterapia.

co
Incorretas as alternativas D e E. A poliquimioterapia está indicada para pacientes com NTG de alto risco por meio do estadiamento pela
FIGO 2000. s.
NÃO DESISTA…

E, para encerrar, vou detalhar as principais características das formas histológicas da NTG: mola invasora, coriocarcinoma, tumor
trofoblástico do sítio placentário e tumor trofoblástico epitelioide. Essas hipóteses costumam estar nas alternativas e podem gerar certa
confusão. Vou descrever abaixo as características principais de cada uma:

eo
o
ub

3.2.2 MOLA INVASORA (CORIOADENOMA DESTRUENS)


ro
id
é
o

Geralmente ocorre após uma gestação molar completa. Em


torno de 12 a 15% dos casos evoluem para a mola invasora.


a

Sua característica principal é a imagem de invasão da


dv
pi

parede do miométrio pelo trofoblasto e extensa proliferação


trofoblástica. Seu diagnóstico pode passar despercebido se não


for corretamente seguido e se ocorrer intensa invasão miometrial,
me

chegando à invasão de vasos sanguíneos, porém a serosa uterina


usualmente está intacta, com maior característica de ser restrita
ao útero. Apresenta baixo risco de metástase. Sua confirmação
diagnóstica é feita pelo exame histopatológico, porém traz muita
semelhança ao tecido molar original, e vai diferenciar-se por sua
invasão miometrial em camadas mais profundas.

Figura 33: Mola invasora.

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3.2.3 CORIOCARCINOMA

É a forma maligna MAIS AGRESSIVA e corresponde a 2–5% com aspecto hemorrágico e necrótico com invasão miometrial e
das gestações molares. A maioria dos casos ocorre após a mola atingindo até o peritônio. Não há evidências de vilosidade coriônica
hidatiforme completa (50% dos casos), porém pode originar-se como na mola invasora.
após uma gestação normal (25%), gestação ectópica e abortamentos Característica ultrassonográfica: ecogenicidade variável,
(25%). áreas de necrose, de hemorragia e císticas mescladas.
Cursa com rápida disseminação hematogênica e envia O tratamento é realizado principalmente pela quimioterapia,
METÁSTASES principalmente para pulmões, vagina, fígado, cérebro. e seu controle é realizado por meio da ultrassonografia com o
Característica histológica: massa tumoral vermelha escura, seguimento da remissão das metástases.

m
co
3.2.4 TUMOR TROFOBLÁSTICO DO SÍTIO PLACENTÁRIO (TTSP)

É uma forma tumoral mais RARA e derivada da proliferação gestação molar. A maioria apresenta a doença confinada ao útero e
do TROFOBLASTO INTERMEDIÁRIO e ausência de vilosidades as metástases são infrequentes.
s.
coriônicas. Além disso, apresenta BAIXOS NÍVEIS DE beta-hCG, há níveis
Apresenta-se como MASSA SÓLIDA CIRCUNSCRITA NO mais altos do lactogênio placentário humano por suas características
MIOMÉTRIO de padrão interdigitante ou até polipoide, podendo celulares, ausência de p63 e alto índice de proliferação (Ki-67 >
projetar-se para dentro da cavidade uterina. Em 75%, vem 10%).

eo

decorrente de uma gestação normal, e 5% provenientes de uma


o
ub
ro
id

3.2.5 TUMOR TROFOBLÁSTICO EPITELIOIDE (TTE)


é
o

É um tipo de tumor trofoblástico raro. Ocorre por histórico de gestação pregressa (recente ou remota) associada a ELEVADOS NÍVEIS

de beta-hCG. Pode acometer qualquer área do útero, inclusive o colo.


a
dv

Sua característica é a presença de trofoblastos intermediários agrupados, formando ninhos e massas sólidas de células neoplásicas,
pi

acompanhados por necrose.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica e adiciona mais dois tumores trofoblásticos diversos:
me

- Sítio placentário exagerado: é uma lesão benigna, sem risco de evoluir para NTG, com infiltração do trofoblasto
intermediário no miométrio. Geralmente se resolve espontaneamente após o parto ou curetagem pós-aborto.

- Nódulo do sítio placentário: também é uma lesão benigna encontrada por um achado incidental de curetagens
uterinas, biópsias de colo uterino e histerectomias. Pode representar sítios não involuídos de áreas placentárias de gravidez
remota.

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MED

CAI NA PROVA

(QUESTÃO FUNDAÇÃO HOSPITAL DO ACRE – FUNDHACRE, 2020) Mulher com 20 anos de idade desenvolveu quadro de doença trofoblástica
gestacional em sua primeira gestação. Foi submetida a esvaziamento uterino por vacuoaspiração e iniciou o seguimento pós-molar. Após quatro
semanas de acompanhamento, apresentou vários episódios de sangramento vaginal moderado, com três níveis ascendentes das dosagens
de gonadotrofina coriônica humana. Procurou a Emergência Obstétrica, onde foi prontamente atendida, após episódio de sangramento
vaginal intenso. Na ocasião, ao exame pélvico, não foi evidenciada lesão genital. Radiografia simples do tórax foi normal. Ultrassonografia
transvaginal mostrou cavidade endometrial distendida por material amorfo sugestivo de coágulos sanguíneos e miométrio heterogêneo, com
vascularização exuberante à dopplerfluxometria. Assinale a alternativa que contém diagnóstico e conduta indicados para esse caso:

A) Mola hidatiforme parcial; indicar cirurgia conservadora (endometrectomia por via histeroscópica) a fim de retirar a área de lesão tumoral.

m
B) Mola hidatiforme completa; realizar novo esvaziamento uterino a fim de retirar o material molar residual intrauterino.

co
C) Tumor trofoblástico do sítio placentário; indicar histerectomia.

D) Mola invasora; iniciar quimioterapia.


s.
COMENTÁRIO

Incorreta a alternativa A. A mola hidatiforme parcial ou incompleta é uma triploidia em que se observam imagens císticas associadas a
tecido trofoblástico normal, e pode ser encontrada a presença de embrião ao exame ultrassonográfico. Deve ser tratada com esvaziamento

eo

uterino, por curetagem ou aspiração manual intrauterina (AMIU) e seguida com a realização de beta-hCG, como citado no enunciado.
o
ub

Vale ressaltar que o aumento dos níveis de beta-hCG, após o esvaziamento uterino por mola, faz o diagnóstico de neoplasia trofoblástica
ro

gestacional.
Incorreta a alternativa B. A mola hidatiforme completa é a forma mais comum de doença trofoblástica gestacional, caracterizada por
id
é

imagens císticas semelhantes a “cachos de uva” ao exame ultrassonográfico, ausência de embrião e níveis de beta-hCG muito elevados,
o

chegando acima de 200.000 mUI/mL. Deve ser tratada com esvaziamento uterino, por curetagem ou aspiração manual intrauterina (AMIU)

e, após, acompanhada pelo seguimento pós-molar por meio da titulação do hCG.


a
dv

Incorreta a alternativa C. O tumor trofoblástico de sítio placentário é um tipo de neoplasia trofoblástica gestacional que se relaciona
pi

com níveis baixos de hCG e, em geral, apresenta-se como massas miometriais bem delimitadas, enquanto, no enunciado, o exame

ultrassonográfico revelou miométrio heterogêneo e imagens sugestivas de coágulos na cavidade.

Após o esvaziamento uterino por mola hidatiforme, faz-se o diagnóstico de neoplasia trofoblástica
me

Correta a alternativa D.
gestacional devido ao aumento do título do hCG no seguimento pós-molar e a descrição ultrassonográfica
com cavidade endometrial distendida por material amorfo sugestivo de coágulos sanguíneos e miométrio heterogêneo, com vascularização
exuberante à Dopplerfluxometria. Faz-se descrição de doença local, sem metástases, sugestiva de mola invasora, e o tratamento indicado
deve ser quimioterápico. Vale ressaltar que a quimioterapia deve ser iniciada sem resultado histopatológico, uma vez que a biópsia é
desaconselhada pelo alto risco de sangramento.

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MED

(AMRIGS, 2020) - Em relação à doença trofoblástica gestacional, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Representa diagnóstico diferencial com prevalência rara dos sangramentos de primeiro trimestre gestacional.

B) A eliminação via vaginal de vesículas em meio a sangramento constitui forte indício da presença de gestação molar.

C) Achado de embrião com vitalidade exclui a possibilidade de mola hidatiforme.

D) Coriocarcinoma é precedido em 50% dos casos por uma gestação molar e em 50% de uma gestação não molar.

COMENTÁRIO

Correta a alternativa A. A doença trofoblástica gestacional é de ocorrência rara, na prevalência de 1:1.000-2.000 gravidezes em países

m
desenvolvidos e em 1:200-400 gravidezes no Brasil.
Correta a alternativa B. A eliminação espontânea de vesículas pela vagina, em meio ao sangramento, é de ocorrência mais rara atualmente

co
pelo diagnóstico da doença cada vez mais precoce, pela ultrassonografia, porém sua visualização é patognomônica da doença.

Na mola hidatiforme parcial ou incompleta, pode ser encontrado o embrião geralmente com múltiplas
Incorreta a alternativa C.
malformações e com restrição de crescimento.
s.
Correta a alternativa D. O coriocarcinoma geralmente é precedido por uma gestação molar em 50% das vezes, de uma gestação normal
em 25% das vezes e de um abortamento ou de uma gestação ectópica em 25%.

eo

(Hospital de Olhos de Brasília HOB, 2016) O coriocarcinoma desenvolve-se mais comumente após:
o
ub

A) Evacuação de uma mola parcial.


ro

B) Evacuação de uma mola completa.


id
é

C) Parto de uma gravidez a termo normal.


o

D) Abortamento de um aborto geneticamente normal.


a

E) Ressecção de uma gravidez tubária.


dv
pi

COMENTÁRIO
me

Incorreta a alternativa A. O coriocarcinoma desenvolve-se mais comumente em gestação molar prévia. Vale ressaltar que a gestação
molar completa tende a evoluir com mais frequência para neoplasia trofoblástica gestacional do que a molar parcial.

O coriocarcinoma desenvolve-se mais comumente em gestação molar prévia. Vale ressaltar que a gestação
Correta a alternativa B.
molar completa tende a evoluir com mais frequência para neoplasia trofoblástica gestacional do que a
molar parcial.

Incorreta a alternativa C. Embora o coriocarcinoma possa se desenvolver após gestação normal, relaciona-se com mais frequência à
gestação molar prévia.

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MED

Incorreta a alternativa D. Embora o coriocarcinoma possa se desenvolver após aborto geneticamente normal, relaciona-se com mais
frequência à gestação molar prévia.
Incorreta a alternativa E. Embora o coriocarcinoma possa se desenvolver após gestação ectópica, relaciona-se com mais frequência à
gestação molar prévia.

3.2.6 SEGUIMENTO APÓS NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL

Após hCG tornar-se negativo nas pacientes classificadas como baixo risco, deve-se seguir dosagem a cada 2 semanas por 3 meses e,
após, mensalmente após completar 1 ano. Geralmente após 1 ano, o risco de recidiva é menor que 1%.

Se pacientes forem de alto risco, deve ser indicado seguimento por 18 meses e, se de ultra-alto risco, por 5 anos após hCG negativo.

m
Nesse período, é fundamental a orientação da ANTICONCEPÇÃO para o controle da remissão do hCG.

co
CAI NA PROVA

(SUS-SP, 2017) Em relação à mola hidatiforme, é CORRETO afirmar que:


s.
A) A incidência de mola é de 1:1000 gestações no Brasil.

B) Na mola hidatiforme parcial, observa-se placenta espessada com saco gestacional e, em seu interior, embrião com ou sem batimentos

eo

cardíacos.
o

C) A mola hidatiforme completa é observada na ultrassonografia como pequenas áreas hiperecogênicas que lembram cacho de uva.
ub

D) O metotrexato cura 50% dos casos com neoplasia trofoblástica de baixo risco.
ro

E) Deve-se aguardar 5 anos para uma nova gestação após uma gestação molar, pois antes o risco é muito alto de repetir-se o quadro.
id
é
o

COMENTÁRIO
a
dv
pi

Incorreta a alternativa A. A incidência da mola mundial é de 1:1.000 a 2.000 gestações, mas, no Brasil é de 1:200-400 gestações. Essa

diferença dá-se provavelmente devido à estatística ser baseada em centros de referência de tratamentos de doença trofoblástica.

A mola parcial é uma triploidia em que se observam imagens císticas associadas a tecido trofoblástico
Correta a alternativa B.
me

normal e presença de embrião com BCF ou não.

Incorreta a alternativa C. As imagens observadas na mola hidatiforme, que lembram cachos de uva, são anecogênicas (preto) e não
hiperecogênicas. CUIDADO com essa pegadinha!
Incorreta a alternativa D. O índice de cura dos casos de neoplasia trofoblástica de baixo risco com metotrexato é alto, 95%.
Incorreta a alternativa E. O seguimento pós-molar é feito pela titulação do hCG semanalmente até negativar. Mantendo 3 valores negativos,
realizar o seguimento mensal por 6 meses e então liberar para nova gestação.

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CAPÍTULO

4.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. FERNANDES C. E.; SILVA DE SÁ, M. F. Tratado de obstetrícia FEBRASGO. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2021.

2. ZUGAIB, M. Zugaib Obstetrícia. Editora Manole. 4ª. Ed. 2020.

3. BELFORT, P.; MADI, J.M.; GRILLO, B.; VIGGIANO M. Neoplasia trofoblástica gestacional: CONTROVÉRSIAS. Rio de Janeiro: Rubio; 2007.

4. LAUFER, MARC R., ALAN H. DECHERNEY, AND DEBORAH LEVINE. "Congenital uterine anomalies: Clinical manifestations and diagnosis.".
UptoDate; mar, 2021.

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CAPÍTULO

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Ufa, terminamos um capítulo cheio de detalhes e um tema obstétrico mais denso e triste, porém ele pode garantir aqueles pontos
extras, fundamentais para sua aprovação, e também ajudá-lo, e muito, nas condutas de plantões em pronto atendimento. Eu espero que
você tenha gostado da leitura e que eu o tenha ajudado. Esteja preparado para esses 3 temas, que são cobrados de forma semelhante e
intercalados pela banca.

Aguardo seu comentário ou suas dúvidas. Estou disponível tanto no fórum de dúvidas do Estratégia MED quanto nas redes sociais. Não
vá para a prova com dúvidas sobre sangramento de primeira metade, pois a chance é altíssima de esse tema estar em sua prova.

Faça agora sua organização de resumos e resolva o máximo de questões sobre o tema que você conseguir. Entender como ele é

m
cobrado e a profundidade de detalhes pode ajudar no detalhamento e fixação.

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Conte comigo!
Estou na torcida por você!
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♥ Um abraço!
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PROFESSORA MARINA AYABE


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