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DIREITO, PESSOA E SOCIEDADE

COPEX
RELATÓRIO DA PALESTRA DO DIA 23/10/2023
NOME: Sidinéia Alves dos Reis, 2º período de Direito noturno

“Sequestro Internacional de Crianças: O Caso de Mark David Martin”

O sequestro internacional de crianças é um problema grave que afeta milhares de famílias em todo o
mundo. Trata-se da remoção ilícita de uma criança de seu país de residência habitual por um dos
genitores ou por outra pessoa, sem o consentimento do outro genitor ou da autoridade competente.
Esse ato viola o direito da criança de conviver com ambos os pais e pode causar danos psicológicos e
emocionais irreparáveis.

Um caso emblemático de sequestro internacional de crianças é o de Mark David Martin, um menino


brasileiro que foi levado para os Estados Unidos pelo seu pai, David Goldman, em 2004, quando tinha
apenas quatro anos de idade. A mãe do menino, Bruna Bianchi, que tinha a guarda legal da criança no
Brasil, faleceu em 2008, e desde então iniciou-se uma disputa judicial entre o pai biológico e o
padrasto, João Paulo Lins e Silva, que se casou com Bruna em 2007 e adotou Mark como seu filho.

O caso envolveu questões complexas de direito internacional privado, como o conflito de leis entre os
países, a escolha da jurisdição competente e a validação das sentenças estrangeiras. Além disso, o caso
teve repercussão política e diplomática, pois envolveu a aplicação da Convenção sobre os Aspectos
Civis do Sequestro Internacional de Crianças (CAF), um tratado internacional assinado por mais de
100 países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, que tem como objetivo garantir o retorno imediato
das crianças sequestradas ao país de residência habitual e assegurar o direito de visita dos pais.

A CAF estabelece que o sequestro internacional deve ser denunciado em até um ano após a remoção
da criança e que o genitor que solicita o retorno deve ter a guarda efetiva da criança, concedida pelo
país de origem. No caso de Mark, o pai biológico alegou que tinha a guarda compartilhada da criança
no Brasil e que não autorizou a viagem do menino para os Estados Unidos. Ele também argumentou
que a legislação norte-americana é muito frouxa na verificação da autorização de ambos os genitores
nas viagens realizadas com crianças, sejam elas internacionais ou não.
O padrasto, por sua vez, defendeu que tinha a guarda definitiva da criança no Brasil e que o menino já
estava adaptado à sua nova família e ao seu novo país. Ele também afirmou que a CAF não se aplicava
ao caso, pois não havia sequestro, mas sim uma mudança consensual de residência. Ele ainda invocou
o princípio do melhor interesse da criança, que prevê que a decisão judicial deve levar em conta a
vontade e o bem-estar da criança.

O caso foi julgado por diversas instâncias judiciais nos dois países, gerando decisões contraditórias e
recursos. Em 2009, após uma intervenção do governo dos Estados Unidos e uma pressão da opinião
pública internacional, o Supremo Tribunal Federal do Brasil determinou a entrega imediata da
criança ao pai biológico, com base na CAF. O menino foi devolvido aos Estados Unidos no dia 24 de
dezembro de 2009, após cinco anos e meio longe do pai.

O caso de Mark David Martin é um exemplo de como o sequestro internacional de crianças pode afetar
a vida das pessoas envolvidas e como é importante a cooperação entre os países para resolver esse tipo
de conflito. É também um alerta para os pais que pretendem viajar com seus filhos para o exterior,
para que respeitem as leis dos países de destino e obtenham as autorizações necessárias dos outros
genitores ou das autoridades competentes. Assim, evita-se que situações como essa se repitam e
causem sofrimento às crianças e às famílias.

"Os desafios atuais nos litígios de Família: um panorama sobre as ações de guarda"

As ações de guarda são processos judiciais que envolvem a definição da responsabilidade legal e do
cuidado dos filhos de pais separados ou divorciados. Essas ações podem gerar conflitos e disputas
entre os ex-cônjuges, afetando não só a relação entre eles, mas também o bem-estar e o
desenvolvimento dos filhos. As famílias em litígio pela guarda dos filhos são marcadas por uma
produção subjetiva que orienta as ações e as emoções dos seus membros. Essas configurações podem
ser influenciadas por fatores históricos, m dos fatores que contribuem para a complexidade dos litígios
de família é a mudança no modelo de família nuclear burguesa, que se baseava na hierarquia entre os
papéis de gênero e nas funções parentais. Nas últimas décadas, observou-se uma diversidade de
arranjos familiares, que envolvem novas formas de conjugalidade, parentalidade, filiação e
convivência. Essas transformações exigem dos operadores do direito e do serviço social uma
compreensão profunda das realidades subjetivas das famílias e da necessidade de produzirem novos
sentidos em relação ao litígio.

Um exemplo dessa diversidade é o movimento de pais separados que lutam pelos direitos de
conviverem com os filhos e de participarem da sua educação. Esse movimento questiona a
predominância da guarda materna e defende a guarda compartilhada como uma forma de garantir o
melhor interesse da criança. No entanto, a guarda compartilhada também pode gerar conflitos entre
os pais, especialmente quando há divergências sobre questões práticas, como horários, rotinas, escola,
saúde e lazer dos filhos.

"Bioética e Biodireito: Princípios e Fundamentos de Bireitos de 3º geração"

O Biodireito se baseia nos princípios da Bioética, mas também busca harmonizá-los com os valores
constitucionais e os interesses sociais.

Os direitos de 3ª geração são aqueles que se referem à solidariedade, à fraternidade e à cooperação


entre os povos e as nações, visam garantir a paz, o desenvolvimento, o meio ambiente, a diversidade
cultural e o patrimônio comum da humanidade. Eles são considerados direitos difusos ou coletivos,
pois transcendem os interesses individuais e exigem a participação de todos os sujeitos.

A Bioética e o Biodireito estão intimamente relacionados com os direitos de 3ª geração, pois ambos
tratam de questões que afetam a vida humana em sua dimensão individual e coletiva. Alguns
exemplos dessas questões são:

- A manipulação genética: envolve a intervenção no material genético de seres vivos, com fins
terapêuticos ou de melhoramento. Pode gerar benefícios para a saúde humana e animal, mas também
riscos para a biodiversidade, a identidade pessoal e a dignidade humana.

- A reprodução assistida: envolve o uso de técnicas médicas para auxiliar casais inférteis ou com
problemas genéticos a terem filhos. Pode proporcionar o exercício do direito à procriação, mas
também dilemas éticos sobre o destino dos embriões.

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