Você está na página 1de 4

DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE NUTRIENTES EM CÃES E GATOS

Profa. Me. Vanessa Pavesi de Faria

RESUMO

INTRODUÇÃO

O sistema digestório tem como função principal transportar nutrientes


como aminoácidos, açucares, água e eletrólitos para o sistema circulatório
distribuir para todas as células do corpo. A partir da chegada do alimento a boca,
até a utilização do nutriente pela célula, este passa por diversos processos, como
a digestão e absorção. Para tal, o alimento sofre processos como digestão
química (através de secreções glandulares), digestão mecânica (através de
movimentos peristálticos) e uma pequena quantidade de digestão
microbiológica, onde ele é quebrado em micronutrientes, o que possibilita seu
transporte através dos enterócitos e chegada ao sistema circulatório.
Os nutrientes podem ser classificados como macronutrientes ou
micronutrientes. Os macronutrientes são componentes químicos servem para
manutenção do metabolismo basal das células, por tanto, necessitam ser
absorvidos em grande quantidade, um exemplo clássico são os aminoácidos
essenciais, que são base de estruturas funcionais e da produção de enzimas.
Outros exemplos de macronutrientes são os minerais (podem ser classificados
como macro e microminerais), e a água (essencial a maioria das reações do
organismo).
Os Micronutrientes, também conhecidos como elementos traço, são
componentes químicos necessários em pequenas quantidades pelo organismo,
por exemplo: vitaminas e minerais.

DIGESTÃO E ABSORÇÃO

Diferente dos humanos, onde a digestão do alimento começa com ação


de tritura mecânica pelos molares e ação enzimática da saliva, nos cães e gatos
este processo inicia somente no estomago, pois, estes animais não apresentam
1
mastigação complexa, pela presença de molares pontiagudos, e não
apresentam ação de alfa amilases na saliva.
A digestão é em sua maioria feita por enzimas do tipo hidrólases
secretadas na luz intestinal (luminais) e sintetizadas nos enterócitos (enzimas de
borda em escova) dos enterócitos no delgado. Estas enzimas promovem a
quebra dos macronutrientes através da utilização de água, resultando em
polissacarídeos e dissacarídeos após a quebra de carboidratos, ácidos graxos e
glicerol após a ação em triglicerídeos e aminoácidos após fragmentar as
proteínas.
A mucosa gástrica se divide em fúndica e antral com células variadas:
mucosas superficiais ( muco ), parietais ou oxínticas ( HCL, fator de Castle) ,
zimogênicas ou parietais ( pepsinogênio ), mucosas do colo ( mucosidade e
gastrina) e mucosas gerais ( muco). O HCL tem papel importante de manter o
meio ácido para ativar a Pepsina e lipase gástrica, além de manter o equilíbrio
microbiológico do estômago. Outra substância que advêm destas células é o
fator intrínseco responsável pela combinação com vitamina do complexo B,
permitindo sua posterior absorção no intestino. Estas duas secreções são
controladas pelo sistema nervoso autonômico, em especial pela liberação do
neurotransmissor parassimpático acetilcolina, além de outros fatores como
liberação de gastrina e histamina.
Após a passagem pelo estômago o alimento triturado e aquoso ganha o
nome de quimo, e chega a primeira porção do intestino delgado, o duodeno,
onde recebera a secreção exócrina do pâncreas com presença de enzimas e
bicarbonato. O suco pancreático tem como principal função fazer a digestão
enzimática dos nutrientes, além de liberar NaHCO₃ que irá neutralizar os ácidos.
Outras secreções pancreáticas são os hormônios (função endócrina), como
insulina e glucagon, ambos responsáveis pelo balanço glicêmico do organismo.
Na fase duodenal também se observa a chegada da bile, produzida no
fígado, esta tem papel de emulsificar gorduras ingeridas e torna-las partículas
menores aptas a receber ação das lipases originando ácidos graxos e gliceróis.
Existem substâncias capazes de aumentar a secreção biliar e/ou sua eliminação
(denominadas coléréticas), são os próprios sais biliares e a secretina, além do
estímulo vagal e a ingestão de alimentos (post-prandial).

2
A quebra de carboidratos e proteínas é auxiliada ainda pela secreção de
peptidases, aminopeptidases, sacarase, maltase, lactase e isomaltase pelos
enterócitos. O quimo é misturado as enzimas pelos movimentos peristálticos,
além de transportado pelo intestino onde as substâncias são absorvidas.
As enzimas digestivas promovem a as quebras de moléculas por hidrolise,
por isso as gorduras precisam de um processo diferenciado para serem
quebradas. Este processo é dividido em três fases:
 Emulsificação: Na fase gástrica as gorduras sofrem redução e se tornam
gotículas, de forma que seu tamanho seja suficientes para manter a
suspensão estável, isto ocorre graças ao aquecimento do bolo alimentar
no estômago, além de agitação.
 Hidrolise: Ao chegar no intestino a emulsificação é completada pela
adição da bile ao quimo, a ação detergente biliar reduz tensão superficial
da molécula permitindo divisão em partículas cada vez menores. Neste
momento são adicionadas ao quimo também o suco pancreático, onde a
ação de lipase e colipase fazem com que ocorra a liberação de ácidos
graxos.
 Formação micelas: os ácidos graxos se combinam com sais biliares e
fosfolipideos formando as micelas (hidrossolúveis), desta forma estes
lipídeos podem difundir pela camada de água estacionaria e entrar em
contato com membrana apical dos enterócitos onde são absorvidos.

O quimo é misturado as enzimas pelos movimentos peristálticos, além de


transportado pelo intestino onde as substâncias são absorvidas pelos enterócitos
e captadas pelos capilares entéricos. Todas os nutrientes absorvidos são
drenados ao fígado pelo sistema porta hepático, onde ocorre os processos de
metabolização.
Após os ácidos graxos se combinam com sais biliares e fosfolipídios
formam as micelas (hidrossolúveis), desta forma estes lipídeos podem difundir
pela camada de água estacionaria e entrar em contato com membrana apical
dos enterócitos onde são absorvidos. Após entrada de lipídeos nos enterócitos
estes se ligam a outras moléculas e formam os quilomícrons, eles passam pela
membrana baso-lateral e são drenados para o sistema linfático, diferente de
outros nutrientes que ganham a corrente sanguínea.
3
Diferente dos herbívoros os processos fermentativos de fibras alimentares
contribuem minimamente para o balanço energético de cães e gatos, pois estes
animais possuem ceco não funcional e colón curto, limitando a produção de
ácidos graxos de cadeia curta e o equilíbrio de fluidos e eletrólitos locais.
A água, os minerais, as vitaminas hidrossolúveis não necessitam quebra
para sua absorção, porém, as proteínas, os lipídeos e os açúcares necessitam
sofrer digestão para atingirem formas mais simples. O processo de absorção
pode ser feito através de quatro maneiras, sendo elas: Difusão parede, Osmose
(água), Ativo com gasto de ATP, Ativo secundário sem gasto de ATP.
Basicamente entre a luz intestinal e a mucosa temos a presença de água
estacionaria, formando uma barreira em contato com a parede, permitindo que
nutrientes hidrofílicos maior tempo para ação de enzimas de borda de escova e
absorção. A absorção é feita por contato, e as pregas e vilosidades e
microvilosidades intestinais aumentam esse contato das células com as
partículas, transportando após os micronutrientes para os sistemas: circulatório
e linfático.

Você também pode gostar