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Digestão
Fase Cefálica
Os processos digestórios iniciam antes que a comida entre na boca. O ato de simplesmente ver,
cheirar, ou até mesmo pensar sobre o alimento pode gerar reflexos longos que iniciam no
cérebro e criam uma resposta antecipatória, conhecida como fase cefálica da digestão.
Quando o alimento entra na boca, ele é inundado por uma saliva, uma secreção composta por
água, íons, muco, proteínas, enzimas e imunoglobulinas. A saliva está sob controle autonômico e
pode ser desencadeada por múltiplos estímulos como cheiro, visão, contato, etc.
A digestão mecânica é iniciada pela mastigação, cujo mecanismo tem como finalidade criar uma
massa amolecida e umedecida que pode ser facilmente engolida.
Excreção
Aproximadamente 1,5L de quimo normalmente passam pela válvula ileocecal para intestino grosso
a cada dia. A maior parte da água e dos eletrólitos nesse quimo é absorvida no cólon, geralmente
deixando 100ml de líquido para ser excretado nas fezes. Além disso, quase todos os íons são
absorvidos, deixando apenas 1 a 5 miliequivalente de íons sódio e cloro para serem perdidos nas
fezes.
A maior parte da absorção no intestino grosso ocorre na metade proximal do cólon (cólon
absorvente), enquanto o cólon distal (cólon armazenador) funciona principalmente para
armazenamento de fezes até um momento propício para a excreção.
A mucosa do intestino grosso, assim como a do intestino delgado, tem alta capacidade de
absorção ativa de sódio, e o gradiente de potencial elétrico criado pela absorção de sódio
também causa absorção de cloro.
Devido às junções das células epiteliais do intestino grosso serem estreitas, a retrodifusão de
quantidades significativas de íons é evitada, o que permite uma melhor absorção dos íons de
sódio no intestino grosso comparado ao intestino delgado.
As fezes normalmente são formadas por cerca de de ¾ de água e ¼ de matéria sólida que é
composta por:
- 10 a 20% de gordura;
- 2 a 3% de proteína;
2. Neutralização de ácidos no duodeno: Após o alimento passar pelo estômago, ele entra no
intestino delgado, especificamente no duodeno. Para proteger o revestimento do intestino
delgado e regular o pH, o pâncreas libera bicarbonato de sódio (NaHCO3) para neutralizar
o ácido proveniente do estômago. Isso ajuda a manter o pH ideal para as enzimas
digestivas pancreáticas funcionarem eficazmente.
A motilidade no trato gastrointestinal tem dois propósitos: transportar o alimento da boca até o
ânus e misturá-lo mecanicamente para quebrá-lo uniformemente em partículas pequenas.
A maior parte do trato é composta por músculo liso unitário, com grupos de células
eletricamente conectadas por junções comunicantes que criam segmentos contráteis.
Contrações físicas: caracterizadas por ciclos de contração e relaxamento que duram apenas
alguns segundos, ocorrem na região distal do estômago e no intestino grosso.
As ondas lentas são originadas em uma rede de células musculares lisas, chamadas de células
intersticiais de Cajal. Essas estão localizadas entre as camadas de músculo liso e os plexos
nervosos intrínsecos, podendo atuar como intermediárias entre neurônios e o músculo liso.
Além disso, as células intersticiais de Cajal funcionam como marca-passos para a atividade de
ondas lentas em diferentes regiões do trato GI.
Os potenciais de ondas lentas ocorrem a uma baixa frequência, cerca de 3-12 ondas/min,
variando em cada região do trato GI (3 ondas/min no estômago a 12 ondas/min no duodeno).
As ondas lentas iniciadas pelas células intersticiais de Cajal espalham-se para as camadas
musculares adjacentes por junções comunicantes.
Quando um potencial de onda lenta alcança o limiar, canais de cálcio dependentes de voltagem na
fibra muscular abrem-se, o cálcio entra, e a célula dispara mais potenciais de ação. Assim, a
entrada de cálcio inicia a contração muscular.
OBS: Quanto maior a duração das ondas lentas, mais potenciais de ação são disparados.
Peristaltismo
O peristaltismo é uma resposta reflexa que se inicia quando a parede do intestino é distendida
pelo conteúdo do lúmen, ocorrendo em todas as partes do trato gastrintestinal, do esôfago ao
reto.
A distensão inicia uma contração circular acima do estímulo, e em uma área de relaxamento
abaixo dele. A onda de contração se move em uma direção de oral para caudal, propelindo o
conteúdo luminal adiante em velocidades que variam de 2 a 25 cm/s.
A atividade peristáltica pode ser aumentada ou diminuída pelo influxo autonômico ao intestino,
mas sua ocorrência é independente da inervação extrínseca.
A distensão local libera serotonina, a qual estimula neurônios sensoriais que ativam o plexo
mioentérico.
Neurônios colinérgicos que transcorrem em uma direção retrógrada nesse plexo ativam
neurônios que liberam substância P e acetilcolina, causando a contração de músculo liso proximal
ao bolo alimentar.
Ao mesmo tempo, neurônios colinérgicos que trafegam em uma direção que se estende para
frente ativam neurônios que secretam óxido nítrico (NO) e polipeptídeo intestinal vasoativo
(VIP), produzindo relaxamento distal ao estímulo.
Segmentação
Esse padrão de mistura persiste por tanto tempo quanto permaneçam no lúmen nutrientes a
serem absorvidos. Provavelmente, isso reflete a atividade programada do intestino ditada pelo
sistema nervoso entérico, e pode ocorrer independentemente do influxo central, embora este
possa modulá-lo.
Cada ciclo, ou complexo motor migratório (CMM), começa com um período quiescente (fase I),
prossegue com um período de atividade elétrica e mecânica irregular (fase II), e termina com
uma erupção de atividade regular (fase III).
Os CMM são iniciados por motilina. O nível circulante deste hormônio aumenta a intervalos de
aproximadamente 100 min no estado interdigestivo, em coordenação com as fases contráteis do
CMM.
À medida que o estômago vai esvaziando, essas constrições começam cada vez mais acima no
corpo do estômago e adicionando-o ao quimo do antro.
Quando o tônus pilórico é normal, cada onda peristáltica forte força até vários mililitros de
quimo no duodeno, fornecendo uma ação de bombeamento chamada de bomba pilórica.
No piloro, a espessura do músculo da parede circular (esfíncter pilórico) torna-se de 50 a 100%
maior do que nas porções anteriores.
Apesar da contração tônica normal do esfíncter pilórico, o piloro geralmente está aberto o
suficiente para que a água e outros líquidos vazem do estômago para o duodeno com facilidade.
No entanto, partículas de alimento geralmente são impedidas pelas constrições até que se
misturem no quimo a uma consistência quase fluída.
Velocidade do esvaziamento gástrico
A velocidade com que o estômago se esvazia no duodeno depende do tipo de alimento ingerido.
Comida rica em carboidratos deixa o estômago em poucas horas. Alimentos ricos em proteínas
saem mais lentamente, e o esvaziamento é mais lento após uma refeição contendo lipídeos.
A velocidade do esvaziamento depende também da pressão osmótica do material que entra no
duodeno. A hiperosmolaridade do conteúdo duodenal é detectada por “osmorreceptores
duodenais”, que iniciam uma diminuição do esvaziamento gástrico, que é, provavelmente, de
origem neural.
● Feedback hormonal
Os hormônios liberados da parte superior do intestino também inibem o esvaziamento gástrico.
O estímulo para a liberação desses hormônios é principalmente a entrada de gorduras ao
duodeno, embora outros tipos de alimentos também estimulem a ação hormonal em um menor
grau.
Ao entrar no duodeno, as gorduras, que são digeridas mais lentamente do que a maioria dos
alimentos, extraem vários hormônios diferentes do epitélio duodenal e jejunal, os quais inibem a
bomba pilórica e, ao mesmo tempo, aumentam a força de contração do esfíncter pilórico.
O mais potente desses hormônios é a colecistoquinina (CCK), que é liberado da mucosa do jejuno
em resposta às substâncias gordurosas do quimo. O CCK atua como um inibidor para bloquear o
aumento da motilidade estomacal causada pela gastrina.
Outros possíveis hormônios inibidores do esvaziamento gástrico são:
● Secretina: liberada principalmente pela mucosa duodenal em resposta ao ácido gástrico
passado do estômago através do piloro.
● GIP (peptídeo insulinotrófico dependente de glicose): liberado da parte superior do
intestino delgado principalmente em resposta à gordura do quimo, mas também em
menor grau, à carboidratos.
O GIP inibe a motilidade gástrica em algumas condições e tem como principal efeito estimular a
secreção de insulina pelo pâncreas.
Dessa forma, lipídeos, carboidratos e ácido no duodeno inibem a secreção de ácido gástrico e
pepsina e a motilidade gástrica, por meio de mecanismos neurais e hormonais. O mensageiro
envolvido é provavelmente o peptídeo YY. A CCK também tem sido implicada como um inibidor do
esvaziamento gástrico.
O trato gastrointestinal é o maior órgão imune do corpo. Devido ao seu contato com o meio
externo, a sua superfície luminal é continuamente exposta a organismos causadores de doença, e
as células do GALT precisam impedir que os patógenos entrem no corpo através dos tecidos
absortivos.
Diarreia
Intolerância à lactose
Quando pessoas com deficiência a lactase (intolerância à lactose) bebem leite ou consomem
laticínios, a lactose não é digerida.
Diarreia infecciosa: caracterizada pela enterite que é uma inflamação geralmente causada por
vírus ou bactérias no trato intestinal. Nesse tipo de diarreia, a infecção é mais extensa no
intestino grosso e na extremidade distal do íleo.
Em todos os pontos em que a infecção está presente a mucosa fica irritada e sua taxa de
secreção aumenta muito, assim como a motilidade da parede intestinal. Como resultado, o
organismo secreta grandes quantidades de líquido para arrastar o agente infeccioso em direção
ao ânus e, ao mesmo tempo, realiza grandes movimentos de propulsão que impulsionam esse
líquido para frente.
Retocolite ulcerativa: é uma doença caracterizada por inflamações e úlceras em extensas áreas
do intestino grosso. A motilidade do cólon ulcerado costuma ser tão grande que os movimentos
de massa ocorrem durante a maior parte do dia. Além disso, as secreções do cólon são bastante
aumentadas. Como resultado, o paciente apresenta evacuações diarreicas repetidas.
Por mais que a diarreia atue como uma forma de adaptação do corpo para arrastar patógenos
para fora do lúmen, esse mecanismo tem o potencial de causar desidratação se a perda de
líquidos for excessiva.
Vômito
O vômito é o meio pelo qual o trato digestivo superior expulsa seu conteúdo gástrico ou duodenal
quando qualquer parte do trato superior se torna excessivamente irritada, distendida ou mesmo
superexcitada. É um reflexo protetor que remove materiais tóxicos do trato gastrointestinal.
O reflexo do vômito é coordenado por impulsos nervosos transmitidos pelas fibras nervosas
aferentes vagais e simpáticas para vários núcleos distribuídos no tronco encefálico (bulbo),
especialmente a área postrema, que são juntos chamados de centro do vômito.
Os impulsos motores causam que causam o vômito real são transmitidos do centro de vômito por
meio dos:
Mecanismo:
No início do vômito, ocorrem fortes contrações intrínsecas no duodeno e no estômago, junto com
o relaxamento parcial do esfíncter esofágico-estomacal, permitindo que o vômito comece a se
mover do estômago para o esôfago.
Quando o centro do vômito for suficientemente estimulado e o ato do vômito for instituído, os
primeiros efeitos são:
(2) elevação do osso hióide e da laringe para puxar o esfíncter esofágico superior aberto;
Em seguida, vem uma forte contração do diafragma para baixo junto com a contração simultânea
de todos os músculos da parede abdominal, elevando a pressão intragástrica a um nível alto.
Além dos vômitos iniciados por estímulos irritativos do próprio trato gastrointestinal, os vômitos
também podem ser causados por sinais nervosos que se originam em áreas do cérebro. Esse
mecanismo é particularmente evidenciado para uma pequena área chamada de zona
quimiorreceptora de gatilho para o vômito, localizada na área postrema do tronco encefálico, nas
paredes laterais do quarto ventrículo.
Náuseas