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PROCESSOS

ENDÊMICOS E
EPIDÊMICOS
Prof.(a) Fernanda C. de Abreu Quintela Castro
Objetivo da Aula
• Apresentar a epidemiologia descritiva.
• Conceituar termos do processo endêmico e epidêmico.

Jens Martensson
• Apresentar técnicas de construção dos níveis endêmicos e epidêmicos.
• Caracterizar aspectos relativos a epidemias.

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Referências

• Cap. 04 Abordagens e uso da epidemiologia • As pandemias em perspectivas históricas.


descritiva: quem, quando e onde. Curso USP Aula I

Jens Martensson
• Cap.05. Os processos endêmicos e • https://www.youtube.com/watch?v=BGIvC
epidêmicos. MCUNrA&feature=youtu.be

• Canal saúde: Endemia, Epidemia e Pandemia


(Medronho, outubro/2020)
• https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/vide
oAberto/endemia-epidemia-e-pandemia-
sbcm-pan-0001

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ABORDAGENS E USO DA
EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA:
QUEM, QUANDO E ONDE.
PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DA DOENÇA
• Pessoa, lugar e tempo, variáveis consideradas o tripé da epidemiologia
descritiva.
• Pessoa: informa em quem ou em qual grupo humano a doença ocorre com
maior frequência. Isso porque algumas enfermidades são mais frequentes

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em determinados grupos de indivíduos. Essas diferenças são chamadas
de variações pessoais (exemplo: doenças mais comuns em mulheres ou
homens).
• Tempo: informa sobre a época ou quando a doença aparece. Essas
diferenças de incidência são chamadas de variações temporais (exemplo:
dengue no verão).
• Espaço (lugar): informa sobre o local onde a doença ocorre. Algumas são
mais frequentes em determinadas regiões do que em outras. Essa diferença
é chamada de variações espaciais (exemplo: malária na região Norte do
Brasil). 5
ESPAÇO

Fatores do Ambiente
Natural
Localização, relevo, hidrografia,
solo, clima, vegetação, fauna.

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Fatores do Ambiente
Artificial
Modificação ou destruição do
ambiente natural, uso abusivo de
agrotóxicos, poluentes, etc

Fatores populacionais
AS VARIAÇÕES ESPACIAIS PODEM
APRESENTAR 4 PADRÕES PRINCIPAIS:

•Distribuição focal: a doença se concentra em


, cidade
exivel de estado ,
determinada parte do território. país
·

•Distribuição regular: doença se distribui de forma

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homogênea por toda localidade, com boa
delimitação das regiões em que casos foram
registrados e distâncias iguais entre elas.- dengue atinge
:.
,
criança adulto
-

idoso
e

•Distribuição aleatória: os casos parecem se


,

1 unico
em

distribuir ao acaso ao longo do território, de forma grupo igualmente


aleatória.
•Distribuição clusterizada: a doença se apresenta

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pode ser de forma
com aglomeração de casos, os quais podem até se t homogênea M

heterogeni
ou

distribuir por todo o território, mas de forma o atinge


·
conglomerado
un

nãoifocalemmregular luge
e
agrupada. ·
em em
"único, criança or 7
adulto .

em e
todo irritore
PESSOA

Idade — ciclos da
Raça/ Grupo étnico
vida

Sexo – gênero

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Práticas religiosas Cultura
Orientação sexual

Nível sócio-econômico e qualidade de vida


Condições de trabalho e ocupação; Renda pessoal
e familiar; Nível de instrução; Condições de
moradia; Acesso a bens e serviços públicos
ex: -
a cada 6 meses ,
hemoglobina gricado-diabetes
,

arterial Lipertensão
pressão -

TEMPO

Descrição do estado
atual Descrição da
tendência histórica

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Captação e registro de
uma situação média
num determinado
intervalo cronológico Séries temporais que
(ano, mês, grupo de revelam a dinâmica do
meses, semana processo e sua tendência
epidemiológica, dias, ao longo do tempo
horas...
VARIAÇÕES TEMPORAIS permitem avaliar como é
a incidência de determinada doença em
determinados períodos em 3 padrões principais:

•Variações cíclicas/regulares/periódicas: a
frequência da doença aumenta em intervalos de
tempos iguais e superiores a 1 ano, provavelmente

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pela renovação de indivíduos suscetíveis na
comunidade ao longo do tempo.

•Variações sazonais: a frequência da doença


também aumenta de forma periódica, mas o período
estipulado é de até 1 ano (exemplo clássico: gripe
nos meses de outono e inverno).

•Variações acíclicas/irregulares/atípicas: não


seguem padrão, uma vez que a elevação do
número de casos parece ocorrer ao acaso
(epidemias). 10
PROCESSOS ENDÊMICOS
E EPIDÊMICOS
* Epidemia “visitar”, no intuito talvez
de salientar o caráter de
temporalidade, de provisório, aos
diversos aspectos da epidemia,
diferentemente da denominação
* endemia, que traduziria o sentido
de habitar o lugar, nele residindo
de longa data ou nele se instalando
por longo tempo.

Mundus Admirabilis (2019), de Regina Silveira https://www.select.art.br/pragas-pestes-


epidemias-e-pandemias-na-arte-contemporanea/
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Processos endêmicos e epidêmicos

No contexto atual, além das


epidemias, são registradas
endemias e surtos de diversas
etiologias, tomando proporções

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das mais variadas.
As repercussões das epidemias são
observadas diretamente na
assistência aos doentes e na
vigilância epidemiológica, expondo,
muitas vezes, suas fragilidades com
grande impacto de ordem
socioeconômica, política e
psicológica. 12
A ausência de doenças ou agravos
ou sua manifestação, seja na forma
esporádica, endêmica ou epidêmica,
está associada a um conjunto de
fatores, dentre os quais os de
ordem socioambiental e política

O “x” da tornam mais vulneráveis grupos


populacionais expostos às

questão!
condições desfavoráveis de vida.

Acrescentam-se na contribuição do
surgimento e da propagação das
epidemias a importância dos
desastres naturais, a mutação dos
agentes patogênicos e as facilidades
de deslocamentos populacionais.
ENDEMIA Dá-se o nome de endemia à
ocorrência coletiva de determinada
doença que, no decorrer de um largo
período histórico, acomete
sistematicamente grupos humanos
distribuídos em espaços delimitados e
caracterizados, mantendo sua

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incidência constante, permitidas as
flutuações de valores, tais como as
variações sazonais.
Note-se que o termo endemia refere-
se à doença habitualmente presente
entre os membros de
determinado grupo, numa
determinada área, isto é, presente
numa população definida.
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A definição de endemia só é possível
após o estabelecimento prévio de uma
faixa endêmica com base no
Dimensionamento comportamento verificado
passado, associando-a a outros
no

da endemia critérios discriminatórios, inclusive

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à variável lugar. Portanto, a distinção
entre comportamento endêmico e
epidêmico de uma dada doença fica
estabelecida com base em critérios
relativos.
Os conceitos a seguir são importantes
para a compreensão dos níveis endêmico
e epidêmico.
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Assim é possível estabelecer:
Em epidemiologia, quando do estudo da
Incidência normal doença como fenômeno endêmico, ao se

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usar o termo “normal”, quer-se referir àquilo
Limite superior da incidência normal que tem sido o habitual.
Limite inferior da incidência normal
Coeficientes de incidência altíssimos ou

baixíssimos são normais, desde que
O
ques adequado constituam o habitual esperado.
momento
P) aquer .
e território

FAIXA ENDÊMICA

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Faixa endêmica - é o espaço nos limites do qual as medidas de
incidência podem flutuar sem que delas se possa inferir ter havido
qualquer alteração sistêmica na estrutura epidemiológica, condicionante
do processo saúde-doença considerado.
observar valor aumenta
consigo se o

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ou diminui
,
da
p/prevo
comportamento dentro da

epidemiologia

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Como dimensionar a endemia?
Análise estatística - Avaliar e identificar a frequência média dos casos (média ou
mediana).

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Frequência média ou
incidência média no período:
comportamento mensal de uma
doença, ao longo de um período
de vários anos, dado por meio da
média da incidência no período.
Os valores atribuídos à
endemicidade podem ser expressos
em escala nominal, sejam, por
exemplo, os valores hipoendêmicos,
mesoendêmicos e hiperendêmicos
usados para quantificar
nominalmente a referida variável e
qualificar, portanto, uma ocorrência,
Endemia e suas uma situação ou uma incidência.
Na situação da hanseníase, o
características indicador da força da morbidade,
magnitude e tendência da endemia
considera nível hiperendêmico se o
coeficiente de detecção anual de
casos novos for maior que 40 por
100 mil habitantes (Brasil, 2009b).
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Continuação do exemploNesse caso, as linhas poligonais que
determinam os limites da faixa endêmica –
os limites superior e inferior da incidência
normal – passam a ser denominados,
respectivamente, limite superior endêmico e
limite inferior endêmico.

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Surto:
A nume condição encêmile
,
aumite de Casos sem a dança cria susto
, er
fab
epidemio

· Centrada
previsibilidade restrito -
-
,
-
Local e não ati
sigir o
a um local tamanho le
st de verritorio todo
,

di us município acimo do superior

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limit superio
o perto do

hiperendemia média
da lindo
mesoendemia perto
* normal
linho
o
hipoendemi o perto do limite geria

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EPIDEMIA prazo p/diminuir

rum
um
-

Alteração espacial e
cronologicamente delimitada, do
estado de saúde-doença de uma
população, caracterizado por uma

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elevação progressiva , inesperada e
descontrolada dos coeficientes de
incidência de determinada doença
ou agravo, ultrapassando valores
do limiar endêmico estabelecido.

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As epidemias foram e continuam sendo
temas relevantes no cenário global, uma
vez que nos dias atuais ainda convivemos
com epidemias de doenças infecciosas
emergentes e reemergentes, a exemplo
da COVID-19 (pandemia), AIDS, da
influenza por H1N1, da cólera e da
dengue.
Vale realçar as recentes manifestações
epidêmicas de Chikungunya e de Zica
vírus, cujos primeiros casos autóctones
EPIDEMIA surgiram no Brasil, respectivamente, em
2014 e 2015; no caso do Zica, com o
agravante da associação do vírus ao
surto de microcefalia e outras
malformações congênitas. Somam-se a
essa realidade a concomitância atual de
causas externas e a obesidade como
exemplos de agravos não transmissíveis
na configuração epidêmica.
O diagrama de controle é um
dispositivo gráfico destinado ao
acompanhamento no tempo –
Detecção da

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semana a semana, mês a mês –
epidemia da evolução dos coeficientes de
incidência com o objetivo de
estabelecer e implementar
medidas profiláticas que possam
manter a doença sob controle
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DIAGRAMA DE O diagrama de controle é construído sobre um
sistema de coordenadas cartesianas. No eixo das

CONTROLE ordenadas (Y) deverão ser registradas as medidas


de incidência (brutas ou trabalhadas) e no eixo das
abscissas (X) , a variável relacionada ao tempo. O
diagrama de controle abrange dois conjuntos de
informações: um gráfico de controle e um gráfico de

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acompanhamento

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Diagrama de controle
Figura 5.5 - O gráfico de controle é a própria Quando o gráfico de acompanhamento iguala ou
representação gráfica da faixa endêmica ultrapassa o limiar epidêmico, o sistema de vigilância
convencionada. Se um diagrama for montado para epidemiológica deve ser colocado em alerta, pois
ser operado por dois ou mais anos de possivelmente a incidência está passando do nível
acompanhamento, a faixa endêmica deverá ser endêmico para o nível epidêmico.
repetida quantas vezes se fizerem necessárias.

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Coeficientes dentro da faixa
endêmica significa que :
Estatisticamente são estáveis.
ANÁLISE DO

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DIAGRAMA DE
NÃO SIGNIFICA que não se
CONTROLE
deva implementar medidas
para diminuir ainda mais a
incidência.

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Mecanismos que desencadeiam uma
epidemia
1)Importação e incorporação de casos alóctones e populações formadas por grande
número de suscetíveis, com os quais a transmissão seja uma possibilidade real.

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2)Ingressos de casos alóctones em áreas cujas condições ambientais são favoráveis à
propagação da doença.
3)Contato acidental com o patógeno.
4)A doença no hospedeiro favorece a dispersão do agente patogênico.
5)Intencional (bioterrorismo).

Obs.: Quanto às doenças erradicadas ou inexistentes até então, o


coeficiente de incidência que fixa seu limiar epidêmico é igual a zero. Nessa
situação, apenas um caso poderá ser considerado uma ocorrência
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epidêmica.
- ainda não

Tenho vidamento
, ainda
tenho pessoas sucetíveis a
doença

Curva
Epidêmica
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Aumento Mostras Vendas


Curva epidêmica
CARACTERÍSTICA DA CURVA EPIDÊMICA

Progressão: Regressão:
incidência crescente, acima do limiar Retorno dos valores iniciais de
epidêmico. incidência.
Sugere ocorrência de um desequilíbrio na Estabilização da endemia.
estrutura epidemiológica. Regressão até a incidência nula,
Evento inesperado e fora de controle. erradicação.

Incidência máxima:
Diminuição dos suscetíveis.
Diminuição dos expostos.
Ação efetiva de vigilância e controle.
Processo natural de controle.
Restrita a um intervalo de
tempo marcado por um
Duração das começo e um fim, com
retorno das medidas de
epidemias incidência aos patamares
endêmicos observados
anteriormente ao evento.
ASPECTOS DIFERENCIAIS DAS EPIDEMIAS:
Não é classificatória, mas apenas c) epidemia progressiva: o critério
didática. Alguns exemplos: diferenciador é a transmissão hospedeiro-
a-hospedeiro, pessoa a pessoa, por via
• a) epidemia explosiva: refere-se a
respiratória, anal, oral, genital, ou por
velocidade do processo na primeira

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vetores; sua progressão é lenta. (Ex.:
etapa, que é de progressão. A incidência
máxima é alcançada logo após ter-se doenças transmissíveis respiratórias, DSTs,
iniciado a progressão. por insetos e artrópodes).
• b) epidemia lenta: a velocidade com d) epidemia por fonte comum:
inexistência de um mecanismo de
que a incidência máxima é atingida é
transmissão hospedeiro-hospedeiro. O
lenta. (Ex.:doenças de longo período de
fator extrínseco (ag. Infeccioso, fatores
incubação, hanseníase).
físico-químicos ou produtos do
metabolismo biológico) é veiculado pela
água, alimento, ar ou introduzido por
inoculação.
Pandemia - Dá-se o nome de
pandemia à ocorrência epidêmica
caracterizada por larga distribuição
espacial, atingindo várias nações. A
pandemia pode ser tratada como uma
série de epidemias localizadas em
Observações diferentes regiões e que ocorrem em
vários países ao mesmo tempo.
Surto epidêmico, ou simplesmente
surto, uma ocorrência epidêmica
restrita a um espaço extremamente
delimitado: colégio, quartel, edifício de
apartamentos, bairro etc.
Desafios
DOENÇAS
EMERGENTES E
REEMERGENTES NO

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AGRAVAMENTO DOS
PROCESSOS
ENDÊMICOS E
EPIDÊMICOS, QUE
SALIENTAM AS
DESIGUALDADES
SOCIAIS.

https://www.youtube.com/watch?v=BGIvCMCUNrA&feature=youtu.be
OBRIGADA
fernanda.castro@unesc.br

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