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ANATOMIA DO ABDOMEN
DIVISÃO ANATÔMICA E TOPOGRÁFICA DO ABDOME A fáscia superficial está localizada logo abaixo da pele e é
formada por tecido conjuntivo. Na parede abdominal anterior,
A divis o topogr fica do abdome pode ser feita de 2 formas: superior ao umbigo, ela é similar e contínua à fáscia superficial
em 4 quadrantes (superior e inferior, direito e esquerdo) ou em do corpo e é formada por 1 camada. Entretanto, inferior ao
9 divisões. Elas ajudam a descrever a localiza o dos órg os, umbigo, ela é dividida em 2 camadas:
dores ou doen as
• Fáscia superficial de Camper: uma
camada mais espessa e gordurosa que
pode ter um grau variado de espessura.
Por exemplo, ela é bem grossa em
indivíduos obesos e muito fina em
pessoas com pouca gordura corporal.
• Nervos toracoabdominais
• Ramos cutâneos laterais
• Nervo subcostal
• Nervos íliohipogástrico
• Ilioinguinal Relações entre vísceras e peritônio
Músculos
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
Nociceptores viscerais
• Estímulo da fibra A-delta: estimuladas por vários agentes
Os nociceptores viscerais respondem a estímulos mecânicos e irritantes (conte do gastrintestinal, urina, bile, suco
químicos (térmico só se for nocivo): pancre tico, sangue, pus) e por subst ncias (bradicinina, 5-
HT, histamina, prostaglandinas e enzimas proteol ticas)
• Sinal mecânico: o principal pelo qual eles respondem é o
estiramento da víscera (ou seja, cortar, dilacerar ou esmagar Caminho do estímulo
os órgãos não causam dor), por exemplo:
A partir da gera o dos impulsos nervosos nas fibras aferentes
- Distensão de uma víscera oca (obstrução intestinal) A-delta, o estimulo percorre os nervos espinhais somáticos
- Forte contração muscular (dor de cólica renal ou biliar) sensoriais que alcan am a medula espinhal nos nervos
- Estiramento da serosa ou cápsula de órgãos sólidos periféricos que correspondem aos dermátomos cut neos da
(congestão hepática) pele (T6 a L1) → como as fibras para a medula chegam de
- Torção do mesentério ou tração dos vasos do mesentério
(tumor retroperitoneal ou pancreático)
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
As respostas reflexas, como guarda involunt ria e rigidez O abdome agudo é definido como toda condi o dolorosa de
abdominal, s o mediadas por arcos reflexos espinhais que inicio s bito ou de evolução progressiva, localizada no
envolvendo as vias da dor som tica-parietal abdômen, que requer decisão terapêutica rápida, seja ela
clínica ou cirúrgica
• O folheto parietal recebe o mesmo suprimento neuronal da parede Ao aproximar-se de um paciente com dor abdominal aguda, o
abdominal. Então, quando ele for irritado, os impulsos aferentes m dico deve come ar com a avalia o do estado fisiol gico
serão transmitidos pelos nervos intercostais. Por isso ela vai ser bem como um todo, principalmente avaliando o ABC para
localizada, aguda, podendo acompanhar de manifestações identificar os pacientes que são instáveis e que, portanto,
musculares precisam de um tratamento mais acelerado
• O folheto visceral não dispõe de receptores pra dor, se • A (vias aéreas): paciente é capaz de manter uma via aérea?
manifestando inespecificamente pelo SNA. Por isso que a dor Há algum risco para aspira o de secre es ou v mito?
visceral pode acompanhar manifestações autonômicas
• B (respiração - Breathing): como está efetivamente a
respiração do paciente? S o respira es rápidas e super-
DOR REFERIDA OU IRRADIADA ficiais? O uso de m sculos acess rios é evidente? O
paciente parece taquipneico?
A dor referida é aquela dor que se origina em um órgão, mas é
percebida em uma estrutura somática como a pele ou o • C (circulação): compreende 3 áreas de avaliação:
músculo subjacente. Ou seja, ela vai ser produzida em um local
mas vai ser percebida em outro, distante órgão acometido, 1. paciente está em estado de choque (palidez, cianose,
porque há uma convergência na medula de um neurônio prostração, hipotensão, taquicardia etc)
aferente visceral e um neurônio aferente somático de regiões 2. Tem acesso estabelecido por via intravenosa?
anatômicas diferentes, causando uma “confusão de sensação" 3. Existe evidencia de sangramento ativo?
Essa converg ncia pode resultar da inerva o, no inicio do Se a instabilidade hemodin mica é aparente, incluindo a
desenvolvimento embriol gico, das estruturas adjacentes evid ncia clinica de choque, uma consulta cir rgica deve ser
que, posteriormente, migram para longe uma das outras. Por procurada imediatamente e deve-se considerar entuba o
exemplo, o tendão central do diafragma come a seu endotraqueal e ressuscita o no contato inicial. Os pacientes
desenvolvimento no pesco o e move-se craniocaudal trazendo que est o em choque demandam cuidados urgentes e n o
sua inerva o (nervo fr nico), assim, a irrita o do diafragma devem ser enviados para exames de imagem sem a
por um hematoma ou abscesso subfrênico, pode ser percebida ressuscita o agressiva e o monitoramento.
como dor no ombro
ANAMNESE NO ABDOME AGUDO
- Padrão crescente-decrescente: doi muito alguns momentos e outros melhoram, como a dor em cólica visto na cólica renal
Cronologia - Dores autolimitadas: iniciam mas depois regridem sozinhas, como a gastroenterite
- Dor progressiva (que só aumenta): apendicite aguda
- Dor muito intensa + incapacidade física: geralmente causada por uma doença grave como uma perfuração de víscera
A intensidade da dor abdominal est diretamente relacionada magnitude do est mulo doloroso: leve, moderada ou grave.
A caracteristica da dor pode auxiliar no DG diferencial:
(1) dor tipo peso: relacionada com o retardo do esvaziamento gástrico, distensão de vísceras ocas ou da cápsula de órgãos
Intensidade e
sólidos
características
(2) dor tipo cólica: cólica biliar e renal
(3) dor em queimação ou pontada
(4) dor continua: presente na peritonite e na distensão da capsula de órgãos sólidos
- dor visceral: dor difusa, referida na linha média (região epigástrico, periumbilical e hipogástrico)
Localização - Dor parietal: secundária à irritação do peritônio parietal, é mais localizada
- Dor referida: como na pancreatite aguda, inicia no epigástrio e irradia para o lado e para as costas
- posição: peritonite (dor piora com pequenos movimentos), dor de origem visceral (paciente fica em movimentação constante)
pancreatite (retroperitoneal, melhora com a flexão do tronco e piora em pé), irritação diafragmática (dor que piora ao inspirar)
- Hábito intestinal: dor aliviada pela evacuação sugere origem no cólon (intestino grosso)
Fatores agravantes
e atenuantes - Alimentos: a ingestão piora a dor (no caso de ulcera gástrica, pancreatite, perfuração intestinal, cólica biliar) e aliviam a dor
(no caso de gastrite)
- Medicamentos: a dor da lcera péptica é aliviada com anti-ácidos enquanto as c licas viscerais melhoram com
antiespasmódicos
Sintomas associados
Constitucionais Febre, calafrios, suores noturnos, perda de peso, mialgias artralgias, etc; temperatura axilar superior a 37,5°C pode es tar
presente em quase todos os quadros abdominais agudos; por m, a aus ncia de febre n o descarta o diagn stico, sobretudo
em idosos e imunocomprometidos; calafrios podem significar bacteremia, presente na colangite ou peritonite.
Gastrintestinais - nauseas e vomitos: como ocorre na obstru o dos rg os de musculatura lisa, irrita o intensa dos nervos do perit nio
- Anorexia: a perca de peso sugere malignidade
- Função intestinal: pode ter desde constipação por fecaloma ou até diarreia
Miccionais algúria, dis ria, polaci ria, hemat ria, reten o urin ria e altera es no aspecto da urina; = afecç es dos rg os urogenitais,
como c lica nefr tica, pielonefrite aguda, bem como condi es inflamat rias na pelve (ex: apendicite aguda, diverticulite
sigmoidiana)
História pregressa
Experiencia sugere problema recorrente (ex: obstru o parcial do intestino delgado, c lculos renais ou DIP s o suscet veis a recidivar
anterior
Doenças como esclerodermia, LES , cetoacidose diab tica, s ndrome nefr tica, porfiria ou doen a falciforme, frequentemente t m dor
sistêmicas abdominal como manifesta o do dist rbio subjacente
o alcoolismo cr nico associa-se fortemente a coagulopatia e hipertens o portal (devido hepatopatia), enquanto coica na e
Fumo, alcool,
metanfetamina podem promover intensa rea o vasoesp stica, podendo causar isquemia intestinal e card aca, bem como
drogas
hipertens o grave.
narc ticos podem causar obstipa o e obstru o, exacerbando a dor pancre tica e/ou biliar, AINE’s associam-se a maior risco
de inflama o gastrointestinal superior e inflama o, antiinflamat rios esteroides podem bloquear a produ o protetora de
Medicamentos
muco g strico e reduzir a rea o inflamat ria a infec o, agentes imunossupressores aumentam o risco de variedades de
doen as bacterianas e virias,
Possui 4 objetivos principais: Iniciar no QIE em sentido anti-hor rio e pesquisar a presen a
de ru dos hidroaéreos fisiol gicos, ru dos mais intensos
1. Identificar sinais clínicos que necessitem de medidas de (diarreia ou obstru o intestinal), borborigmos (RHA aud vel
suporte (soroterapia, transfusão e analgesia) sem estetosc pio) ou sil ncio abdominal ( leo paralitico)
2. Definir um diagnóstico etiológico
3. Avaliar necessidade de abordagem cirúrgica Percussão
4. Desvendar doenças que não estão diretamente
relacionadas com o abdome agudo mas que podem Avalia a distribuição dos gases em todos os quadrantes, além
contraindicar ou exigir precauções durante a cirurgia da presença de massas sólidas. O abdômen é
predominantemente timpânico, com presença de macicez no
• Exame físico abdominal: inspeção, ausculta, percussão e fígado (abaixo do rebordo costal direito)
palpação
- tem que fazer hepatimetria: normal = limite superior abaixo
Inspecção do 5o a 6o EICD e limite inferior no m ximo 2 dedos abaixo do
rebordo costal direito
• Estática:
Palpação superficial
EXAMES LABORATORIAIS
- hemograma completo com contagem diferencial
(leucocitose, desvio para esquerda pode traduzir
Para todos um processo inflamatório agudo)
- Urinálise (pode revelar hematúria, piúria,
sugerindo afecçoes urogenitais)
- eletrólitos (para casos de diarreia, abdome agudo
obstrutivo, pancreatite aguda)
- Creatinina
Para os que - Glicose (pode estar aumentada na pancreatite)
estão na - PCR (inflamação)
emergencia - VHS (inflamação)
- Enzimas hepatobiliares e as bilirrubinas (casos
de icterícia e dor no HD)
EXAMES DE IMAGEM
Laparoscopia diagnóstica
DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
CLÍNICA
• Peritonite visceral: o conteúdo bacteriano ou de outra • Obstipação: comumente ocorre devido à paralisia das alças
natureza também irrita o peritônio visceral e quando a serosa intestinais provocados com a peritonite. Entretanto, a
da víscera é lesada, ocorre a Lei de Stokes - a musculatura diarreia pode estar presente também, principalmente em
lisa abaixo da serosa entra em paralisia ou paresia. Por casos se abscessos pélvicos
exemplo, no caso dos intestinos, os movimentos peristálticos
vão diminuindo até pararem Ao EF: paciente em posição antálgica (quer ficar quieto), com
dor a percussão e palpação quando há sinais de peritonite. O
toque retal e genital são dolorosos
1. APENDICITE AGUDA
EXAMES LABORATORIAIS
- tratamento em UTI
- Hidratação mais agressiva
- Cuidado na redintrodução da dieta
Quadros - Avaliar necessidade de sonda nasogástrica e correção
graves hidroeletrolítica
- Cirurgia para casos complicados (necrose infectada e
abcesso) Esther Santos - Medicina Unimontes T77
ETIOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
A colonoscopia e o enema opaco (raio x de
intestino grosso) devem ser evitados no quadro A fisiopatologia dessa s ndrome ocorre pela perfuraç o de
agudo pelo risco de perfuração, mas deve ser uma v scera oca decorrente de um processo inflamat rio,
realizado a 4-6 semanas após a recuperação neopl sico, obstrutivo ou infeccioso. Pela presen a da
para excluir câncer colorretal em doentes que secre o na cavidade, ocorre uma inflama o peritoneal
não tenham realizado o exame recentemente de natureza qu mica (intensidade vari vel), seguida de uma
invas o bacteriana secund ria e progressivo processo
• Tratamento: pacientes com doen a leve e sem perfura o infeccioso, com repercuss es locais e sistêmicas
na TC, na aus ncia de comorbidades, podem ser tratados
ambulatorialmente QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
Quadro clínico
QUADRO CLÍNICO
• Dor: a dor se localiza no epig strio, seguida de dor
abdominal difusa → pode simular apendicite aguda • Dor abdominal do tipo cólica: mais intensa nas obstruções
medida em que migra para o QID, refletindo o escoamento do intestino médio e distal. Nos pacientes com obstrução
do l quido pela goteira parietoc lica alta, pode ser dita como um desconforto abdominal (nem dói
muito), alguns pacientes não sentem nem dor, mas trazem
• Choque hipovolêmico: a tr ade clássica é de dor uma QP de perda da eliminação de flatos e fezes
abdominal, taquicardia e rigidez abdominal
• Distensão e vômitos: depende da altura da obstrução. Mas
• Exame físico: paciente imóvel, com restrição respiratório os vômitos surgem depois das crises de dor, provocando
pela peritonite, RHA ausentes, palpação dolorosa, Blumberg desidratação nos pacientes
+, sinal de Jobert pode ser +
• HP: história de parada de eliminação de flatos e fezes
Exames laboratoriais mostram leucocitose e poss vel
hiperamilasemia. Pneumoperit nio est presente em 80% OBSTRUÇÃO INTESTINAL ALTA OBSTRUÇÃO INTESTINAL BAIXA
dos casos (PROXIMAL) (DISTAL)
- pode ser prim rio (má forma o cong nita) ou secund rio • Causas de isquemia: embolia e trombose mesentérica,
(rota o atrav s de um orif cio ou ader ncia) redução do débito cardíaco, gastroenterites, doença de
buerguer (tromboageíte obliterante), torção ovariana etc
OBSTRUÇÃO FUNCIONAL
EXAMES DE IMAGEM
EXAMES LABORATORIAIS
Podem ser importantes para quantificar o sangramento e suas • Gravidez ectópica: tratamento cirúrgico, podendo conduzir
repercussões com histerectomia total dependendo da origem do
• Hemograma: se a hemorragia for considerável e houver sangramento
tempo para mecanismos compensatórios, a hemoglobina e
hematócrito estarão reduzidos • Aneurismas rotos: o tratamento pode ser feito por via
intravascular e cirúrgico, como colocação de próteses ou
• Coagulação: é necessário fazer o estudo da protrombina, derivações vasculares
tromboplastina e trombina
• Clínica: dor abdominal difusa, intensa, associada à • EF: durante o EF, o abdômen é flácido, há dor a palpação
hipotensão + massa abdominal pulsátil + tontura e sudorese abdominal e a palpação do fundo de saco de Douglas. Além
disso, pode apresentar sinal de Cullen (equimose
• Diagnóstico: confirmado por USG, mas na suspeita clinica periumbilical)
não é necessário fazer exames, indicando-se a laparotomia
imediata O tratamento da GE rota consiste em avalia o da volemia
materna, bem como reposi o vol mica e tratamento do
choque hipovol mico. A abordagem cir rgica de urg ncia,
sendo realizado muitas vezes laparotomia explorat ria com
salpingectomia
REFERÊNCIAS
Porém, se a BB conjugada é
produzida, mas não é secretada de
maneira eficiente do fígado para a bile
(colestase intrahepática), ela difunde
("vaza") para o sangue, causando uma
hiperbilirrubinemia conjugada
• Incompatibilidade RH (antígeno D)
ICTERÍCIA PATOLÓGICA
Eritroblastose fetal: condição em que a mãe é Rh- e o filho
Rh +. No sistema Rh, quem é Rh + possui antígeno D na
Quase todas as ictericias patológicas ocorrem por uma superfície da hemácia, já o Rh - não possui. Por isso, nessa
exacerbação dos mesmos mecanismos que causam a condição, a mãe é sensibilizada na 1a gestação com o Rh + do
“fisiológica”, por isso, em alguns casos, é preciso pesquisar filho, produzindo anticorpos anti-D da classe IgG (que
algum fator etiopatogênico que pode estar originando ou consegue atravessar a placenta). Porém, quem sofre com a
agravando o quadro. São critérios para diagnóstico da icterícia eritroblastose é o segundo filho, uma vez que não há
patológica: anticorpos suficientes na sensibilização para ultrapassar a
placenta
Elementos sugestivos de icterícia patológica no RN
O aumento da BI no periodo neonatal pode ser devido a causas • Dessensibilização materna (imunoprofilaxia anti-D): é
fundamental dessensibilizar as mães Rh- no pós-parto, pós-
não fisiológicas (como doecas hemolíticas, deficiências de
abortamento, ou pós sangramentos durante a gestação. Isso
enzimas da conjugação, infecções etc). Além disso, alguns
é feito com a administração de imonoglobulina anti-D
fatores de risco têm sito valorizados para a hiperbilirrubinemia
(anticorpos já prontos, pra mãe nao precisar produzir os
indireta com necessidade de tratamento:
dela), promovendo proteção de até 99%
É bem comum e está presente em 30% dos neonatos em • Função da G6PD: a G6PD no eritrócito é uma enzima
aleitamento materno exclusivo. Acontece na 2a semana de vida essencial para fornecer o NADPH da célula, o qual é
em diante com aumento exclusivo de bilirrubina indireta. A BT responsável por manter a glutationa reduzida (agente
pode variar de 10-30mg/dl na 2a e 3a semana antioxidante). Assim, a célula consegue fazer normalmente
sua destoxificação de radicais livres e peróxidos
Ela atinge o pico após 2 semanas, a partir daí, começa a
declinar lentamente e desaparece depois da 3a semana (ou
seja, é um caso mais prolongado de icterícia). Constitui-se
como um diagnostico de exclusão porque acontece em bebê
saudáveis, com bom ganho de peso, sob aleitamento exclusivo
= bebê com bom estado geral 👶 🙂
• Hipotireoidismo congênito
O hormônio tireoidiano é indutor da atividade da
glicuroniltransferase (enzima que conjuga a BB), portanto, no
hipotireoidismo, há menos funcionalidade da enzima,
gerando uma icterícia prolongada.
Em situações onde há redução mais acentuada da atividade da Obs.: kernicterus é o nome da peça anatomopatológica com a
enzima, como na adolescência em meninos (fatores impregnação da bilirrubina nos núcleos da base, mas o termo é
hormonais), após exercícios físicos, durante a menstruação e usado como sinônimo
episódios de infecções e no jejum prolongado,
a bilirrubina indireta no sangue pode Como j dito, a BI atravessa a barreira hematoencef lica e
aumentar o suficiente para deixar pele e pode depositar-se nos n cleos da base (globo p lido e
olhos amarelados (icterícia). subtal mico principalmente) conferindo aos mesmos
colora o amarelada e acarretando em sinais neurol gicos.
De modo geral, ela é assintomática, mas o único inconveniente
Alguns fatores de risco contribuem para a lesão: doença
mais sério dessa síndrome é em relação à metabolização de
hemolítica, hipóxia, hupoalbuminemia, sepse, acidose
determinadas drogas. Isso porque o erro de conjugação da
bilirrubina nesta síndrome faz com que seu ciclo na circulação
• Quadro clínico fase aguda: letargia, hipotonia, choro
entero-hepática tenha um período aumentado, afetando a
estridente, dificuldade de amamentação
excreção de drogas que utilizam esta via para serem
metabolizadas (atazanavir, indinavir e irinotecano)
• Quadro clínico fase cronica: paresia vertical do olhar,
neuropatia auditiva, paralisia cerebral atetoide grave (braços
• Tratamento: O fenobarbital, um anticonvulsivante (aumento
pernas e corpos com movimento involuntário e lento)
da transmissão GABAérgica), estimula a atividade da
enzima UDP-glucuronil-transferase e leva a redução na
Se a hiperbilirrubinemia não for tratada, pode-se evoluir para
bilirrubina indireta, servindo como método diagnóstico.
apneia, coma, convulsões e morte. As crianças sobreviventes
apresentam a forma crônica da doença
• Síndrome de Crigler Najjar tipo I e tipo II
Os dois tipos da síndrome decorrem da deficiência congênita Obs.: risco aumentando quando nivel sérico de BT > 25mg/dL
da enzima glucoroniltransferase: e quanto menor a IG, maior a susceptibilidade
• Colúria: o aumento da BB direta na corrente sanguinea é Os RN desenvolvem desenvolvem icter cia progressiva nas
levada para o rins e pigmenta a urina (a BB indireta não primeiras 8 semanas de vida e podem apresentar acolia fecal,
pigmenta porque ela não é solúvel) entretanto, muitas vezes no in cio do quadro aparentam bom
estado geral e adequado ganho de peso
• Icterícia: o aumento de BB direta na corrente sanguinea
pigmenta a pele • Diagnóstico: observam-se aumento da BT com predomínio
da BD, valores elevados de TGO, TGP e gama-GT. A US
• Fezes acólicas: como há a colestase, a bilirrubina não abdominal em jejum é uma das maneiras mais fáceis de
chega no intestino para ser convertida em estercobilina, por iniciar a investigação por imagem e pode identificar algumas
isso, as fezes ficam sem cor características da AVB como: vesícula biliar vazia e trígono
fibroso. O padrão ouro é a biopsia hepática, podendo ser
• Hepatomegalia: na obstrução for extra-hepática, há guiada por US ou cirurgia
esplenomegalia pelo aumento da pressão da via biliar com a
estase da bile = proliferação de ductos biliares no espaço Na biopsia: proliferação e obstrução dos ductos biliares
porta = dilatação dos ductos biliares = hepatomegalia
EXAME FÍSICO
Presença de colúria • Define que existe aumento da BD, por ela ser hidrossolúvel. Sua percepção por volta do 30o dia = colestase
Neonato • Reage com hipotonia ou letargia (lembrar do hipotireoidismo que também causa hipotonia geral)
Acometimento
sistemico pré-escolar • acometimento do estado geral: pensar em hepatite, possibilidade de sepse e leptospirose
• Pesquisar dados da gestação, conferir grupos sanguíneos e fator Rh, pesquisar sobre diabetes
gestacional (incidência aumentada de hiperbilirrubinemia indireta em filhos de mãe DM)
Neonato • Conferir época de primeira eliminação do mecônio: pode estar retardada em patologias que
História pregressa evoluem com colestase (como a fibrose cística) ou com aumento da BI (como o hipotireoidismo)
• Verificar transfusão sanguínea (pensando em hepatite viral), contato com águas contaminas e ratos
pré-escolar (leptospirose)
• Informações de pais ou irmãos com historia de anemia e icterícia crônica sugere: doença hemolítica causada por
História familiar isoimuização ABO, ou Rh, icterícia por leite materno, deficiência de G6PD, síndrome de Gilbert etc
• Nomograma de Buthani
Outra forma de avaliar os valores de bilirrubina pelo m todo
invasivo de coleta por meio do sangue do RN. Deste modo
pode-se prever quais RN t m risco de desenvolver valores
elevados na 1a semana de vida. Para avalia o deste risco Logo, qualquer RN ictérico com IG ≥ 35 semanas é necess rio
um nomograma, conhecido como Nomograma de Buthani, foi
determinar o risco (baixo, intermedi rio ou alto) de desenvolver
constru do baseados nos percentis 40 (baixo risco), 75 (risco hiperbilirrubinemia significativa, ou seja, BT > 25mg/dL. Esta
intermediário) e 95 (alto risco) com os valores de BT séricas
avalia o deve ser feita antes da alta na maternidade, bem
colhidas do RN
como no per odo m ximo de 72h ap s a mesma
Esse nomograma classificou os riscos do valor de BT, com
Obs.: lembrar que icterícia é clinicamente vista > 5 mg/dl da BT
predom nio de BI, em RN com 35 semanas ou mais de idade
gestacional, conforme a idade p s natal. A designa o de
risco de RN saud vel de termo ou pr ximo do termo • Outros dados do EF
baseada nos valores de bilirrubina espec fica para sua idade
em horas de vida - palpação do fígado: fígado palpado a 2cm do rebordo
costal é normal em toda infância
Essa classificação orienta o pediatra a liberar ou n o a alta
- Colúria e acolia fecal: o médico, se possível, sempre deve
confirmar a presença através da visualização das fezes e
hospitalar, bem como elaborar o plano de investiga o e
xixi na fralda do bb
tratamento da icter cia.
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
• Icterícia moderada a intensa (maior que zona 2, ou BT > Obs.: Examinar o RN a cada 8-12hrs, avaliando a presença de
12mg/dl), com inicio precoce (antes de 24h de vida) ou mais icterícia e fatores de risco
tardio (depois de 72h de vida), durando > 2-3 semanas, com
fatores de risco (por exemplo, mãe Rh -, história familiar etc)
→ deve realizar avaliação laboratorial
FOTOTERAPIA
• Eficácia
A eficácia da técnica depende de 3 fatores:
• Indicação
- na incompatibilidade Rh se BI > 4mg/dl e/ou hemoglobina <
12mg/dl (anemia e hemólise)
- Elevação da velocidade de hemólise para > 0,5/md/dl/h
- Falha na fototerapia em reduzir os níveis de bilirrubina
- Criança apresentar sinais de encefalopatia bilirrubinica
Na verdade, não vai gerar só uma inflamação no fígado mas • Glomerulite aguda: pela mesma razão (imunocomplexos),
também uma necroinflamação, o que vai repercutir em e são especialmente da hepatite B
manifestações clinicas e também laboratoriais, marcando a
lesão hepática inflamatória Nas crianças, os sintomas pré-
ict ricos tendem a ser mais brandos
Na maioria dos casos, a hepatite viral aguda é autolimitada e, eventualmente, a fase
(dura de 1-2 meses) e n o apresenta complica es. Por m, prodr mica pode n o ser notada,
em outros casos, pode determinar sintomas extra-hep ticos com o paciente abrindo o quadro
significativos e evoluir para doen a hep tica cr nica sintom tico já na fase ict rica
FASE ICTÉRICA
EPIDEMIOLOGIA
• Manifestações extra-hepáticas
Manifesta es extra-hep ticas, como glomerulonefrite,
artrite e vasculite (extremamente raras). A vaculite e a artrite
costumam ter predileção pelos membros inferiores. O
mecanismo seria a deposi o de imunocomplexos contendo
anticorpos produzidos pelo hospedeiro e ant genos virais
secretados a partir do f gado
DIAGNÓSTICO
• Transaminases
Em geral, estão maiores do que 3x o limite superior da Obs.: Somente o achado de IgM anti-HAV autoriza o
normalidade, podendo atingir marcas altas quanto 5.000 U/L diagn stico de hepatite A aguda! Assim, se um paciente
desenvolver icter cia e em seu sangue for encontrado o anti-
Porém, apesar da alteração de TGO e TGP estarem HAV IgG, mas n o IgM, o diagn stico n o é de hepatite A
diretamente relacionada com a lesão hepatocelular, o nível de aguda (paciente j teve ou foi vacinado), devendo-se buscar
elevação não é fator prognóstico nem faz parte dos critérios de outra explica o para a icter cia.
definição de hepatite fulminante ou indicação de transplante
hepático No primeiro caso, o paciente pode ter tido a hepatite A nos
últimos 6 meses (porque IgM fica até aí). No segundo caso o
• Anticorpos paciente está protegido, seja por infecção anterior ou vacina.
São produzidos 2 tipos de anticorpos: anti-VMA IgM (quando No último, o paciente está suscetível, devendo aplicar as
presente indica infecção aguda) e anti-VMA IgG (quando medidas de prevenção
presente, significa imunidade permanente)
EPIDEMIOLOGIA
PREVENÇÃO
• Orientações
Coinfeção Superinfecção
Além disso, a superinfec o tamb m pode coincidir com um Após o resultado positivo e confirmação, o médico indicará o
decl nio nos níveis séricos do VHB-DNA porque a replica o tratamento de acordo com PCDT Hepatite B. Lembrando que
do VHD inibe a replica o do VHB os medicamentos não ocasionam a cura da hepatite D, o
objetivo é controlar o dano hepático. Todos os pacientes
Diferente da coinfecção, que não tem tendência de cronificar a portadores de hepatite Delta são candidatos à terapia
hepatite delta, aqui na superinfecção é, evoluindo para disponibilizada pelo SUS
cronicidade em pelo menos 70% dos pacientes e caracteriza-se
por viremia persistente do VHD e VHD-RNA no soro. Isso leva Todos os pacientes portadores de hepatite Delta são
a hepatite progressiva e cirrose em poucos anos candidatos à terapia composta por alfapeguinterferona 2a e/
ou um análogo de núcleos(t)ídeo (tenofovir ou entecavir)
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
• Patogenia
De modo semelhante às demais hepatites virais agudas, a
hepatite E “epid mica” se inicia com um per odo de incuba o,
em que o paciente permanece assintom tico, porém o v rus se
replica de forma exponencial (fase de viremia)
PREVENÇÃO
Quando o sistema imunol gico reconhece a presen a do
A imunização para hepatite B é a principal forma de prevenção invasor e monta uma resposta imune espec fica contra ele
da hepatite Delta, sendo universal no Brasil desde 2016. Outras (marcada pelo surgimento de anticorpos anti-HEV IgM e IgG), a
medidas envolvem o uso de preservativo em todas as relações doen a entra em sua forma cl nica, com manifesta es
sexuais e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal –
secund rias les o hepatocelular
como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material
de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas,
confecção de tatuagem e colocação de piercings. As gestantes 🤰 constituem o subgrupo onde a ocorr ncia de
formas graves tende a ser maior → principalmente quando a
Além disso, toda gestante precisa fazer o pré-natal e os infec o adquirida no terceiro trimestre, os casos de hepatite
exames para detectar as hepatites, o HIV e a sífilis. fulminante chegam a 20-30% do total.
• Tratamento
Envolve apenas medicamentos sintomáticos como a hepatite A
e, apesar de poder evoluir como hepatite fulminante como • Tratamento
qualquer uma hepatite viral, ainda pouco de sabe sobre o perfil
desse vírus, por isso não existem drogas especificas Ap s a constata o de que a hepatite E “autóctone” pode ter
um comportamento cr nico em pacientes imunodeprimidos,
HEPATITE AUTÓCTONE (3 e 4) deve-se tentar erradic -la com uma das seguintes estrat gias:
- HBeAg + na mãe
- Trabalho de parto pré-termo “laborioso"
- Procedimentos obstétricos com manipulacao da placenta
EPIDEMIOLOGIA A transmissão perinatal responde por 90-95% dos casos de
transmiss o vertical e ocorre por:
Como uma das formas de transmissão, se não a principal, seja
pela via sexual, a hepatite B é uma DST, por isso que no brasil - microtransfusoes de sangue materno durante as contrações
a faixa etária mais cometida vai dos 20-69 anos → a média de - Ruptura da membrana amniótica com exposição do feto ao
idade ao diagn stico gira em torno de 35 anos, notando-se sangue e secreções contaminadas
um predom nio no sexo masculino - Contato das mucosas fetais com sangue e secreções
contaminadas presentes no canal vaginal
A suscetibilidade à infecção pelo HBV é universal, menos para
quem é imunizado (por infecção pregressa ou vacina). Quando a mulher é agudamente infectada durante a
gesta o a chance de infecção é maior no 3o trimestre: 10%
- São considerados em maior risco: sexualmente ativos e (infec o adquirida no 1o trimestre) a 60% (infec o adquirida
desprotegidos, profissionais da saúde, RN de mãe HbsAg + e no 2o ou 3o trimestres)
contatos sexuais e domiciliares não imunizados com portadores
crônicos de HBV (mesmo os crônicos transmitem) Quando a mãe já é portadora crônica do vírus B, a chance de
transmissão vertical depende: se a mulher for HBeAg+, é 90%
O HBV pode determinar um amplo espectro de doen a (desde de chance. Se ela for negativo, é de 10-40%
infec o aguda a cr nica) → o maior determinante do curso
da infec o é a idade do paciente ao adquiri-la (as crianças Obs.: como n o existem evid ncias consistentes de que a
apresentam um risco muito grande): amamenta o poderia ser uma via de transmiss o do HBV,
n o se recomenda a suspens o do aleitamento 🤱 ✅
• 90% dos bebês infectados pela transmissão vertical evoluem
para a forma crônica da doença
• 70-90% das infecções ocorridas em crianças menores de 5 PATOGÊNESE
anos se cronificam
• 20-25% dos casos crônicos com replicação viral evoluem A aquisição do HBV pela via parenteral ou sexual, contato com
para doença hepática avançada (cirrose e hepatocarcinoma) sangue e fluidos, leva o vírus à corrente sanguínea e daí para o
• 5-10% dos adultos infectados evoluem para cronicidade fígado, pois o vírus é hepatotrófico (porém pode ocorrer
também nas células tronco do baço, pâncreas e medula óssea)
Transmissão vertical
Assim como o HAV, o HBV também não é diretamente
Pode ser de dois tipos, intrauterina (antes do parto) e perinatal citopático → existem evid ncias consider veis de que a
(durante o parto). hepatite B se inicia por uma resposta imune celular dirigida
contra ant genos virais que são expressos pelos hepat citos,
A import ncia da transmiss o vertical reside no fato de que a resultando em dano a estas c lulas → est o implicados nessa
chance de cronifica o da doen a é inversamente resposta linfócitos TCD8+ (geram apoptose dos hepat citos
proporcional idade, isto é, RN infectados de forma “vertical” infectados) e citocinas pr óinflamat rias, como o TNF-α
constituem o grupo com maior probabilidade de evoluir para
hepatite B cr nica e suas complica es (cirrose hep tica e
hepatocarcinoma), que geralmente s v o aparecer na idade
adulta
• Resolução: 90 a 95% dos casos (mas não é cura, o corpo No início da fase aguda, quando aparecem os primeiros sinais
consegue conter mas o vírus fica lá inativo pelo resto da vida e sintomas da hepatite B, acontecem 2 eventos importantes:
na maioria das pessoas)
• Aumento das aminotransferases: elevação de TGO/TGP
Isso acontece porque o vírus é de DNA, então ele consegue • Anti-HBc: o IgM está relacionado com a fase aguda e tende
integrar o seu DNA no genoma celular dos hepatócitos, a aparecer gradualmente enquanto o IgG se eleva depois,
conseguindo ficar “latente” pelo resto da vida (por exemplo, permanecendo para toda vida
pode reativar em casos de baixa imunidade)
Na fase sintomática, também há presença do antígeno “e"
• Cronicidade: 5% em adultos e 70-90% em RN de mães que é o HBeAg, produzido quando o vírus se replica
HBV-replicantes, ou seja, HbeAg+ intensamente. Quanto maior for o estado de replicação viral,
mais facilmente se encontrará esse antígeno e mais
infectitivade vai ter
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA
Convalescência
Na fase de recuperação, há melhora do quadro agudo da
hepatite B, queda progressiva das aminotransferases e
redução da icterícia
Núcleo Sua quantidade indica replicação viral (carga viral), o * técnicas: de PCR em todo real, é o
HBV - DNA 🧬 tratamento e a resposta do mesmo mais sensível.
HBsAg (antígeno Superficie, é uma Reflete a presença do HBV: indica infecção aguda ou Anti-HBs - sua presença indica
proteina do envelope é um marcador de cronicidade recuperação (cura) da infecção e
superficie) 💉 ⏰ viral imunidade. O único presente pós vacina
HBeAg (antígeno Proteína não estrutural Reflete replicação viral. Presente na fase aguda e na anti-HBe - na infeccao aguda, indica que
fase crônica quando há infecção ativa replicante. Alta entrou na fase de resolução. Na infecção
E)✖ 🦠 infectividade quando presente crônica, pode ser ativo ou não
Interno, no capsídeo Representa contato prévio. Ele não é liberado na Anti-HBc-IgM: é o único marcador de
corrente sanguínea, mas estimula a produção de infecção aguda disponível
HBcAg 🤝 anticorpos específicos (IgM e IgG) Anti-HBc-IgG: permanece + pra sempre,
uma vez que houve contato
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
Os imunocomplexos envolvendo ant genos do HBV e os Lembrando: presença de anti-HbsAg indica cura. A presença
anticorpos dirigidos contra eles parecem mediar, nestes casos, de anti-HBc-IgM fecha o diagnostico de hepatite B aguda
a agress o parede vascular
Em alguns casos, pode acontecer de o paciente perder o anti-
Glomerulonefrite HBs com o passar dos anos, mantendo apenas o anti-HBc
positivo. Nesse caso, solicita-se a carga viral de hepatite B
A glomerulonefrite relacionada à hepatite B é mais para descartar alguma atividade residual e, se negativa, vale
frequentemente observada em crian as. A les o é mediada tentar aplicar a vacina contra a hepatite B para potencializar o
pela deposi o de imunocomplexos e componentes do anti-HBs novamente
complemento na membrana basal glomerular e no mes ngio
Resultados conflitantes
Em crian as, a les o renal costuma regredir espontaneamente
entre 6 meses a 2 anos. Em adultos, por outro lado, a les o Algumas vezes nos deparamos com resultados de marcadores
glomerular pode assumir um curso insidiosamente progressivo sorol gicos que n o fazem sentido l gico → deve-se estar
em 1/3 dos casos, culminando em insufici ncia renal (com 10% sempre atento para a possibilidade de erro laboratorial
necessitando de di lise). A corticoterapia n o é eficaz e pode
potencializar a replica o viral. O uso de interferon capaz de - HBsAg + e anti-HBc IgG e IgM - → na infec o pelo v rus
induzir remiss es. B, o anti-HBc tem que ser positivo;
O diagn stico de hepatite B aguda pode ser suspeitado em • ALT (TGP) AST (TGO): normalmente, as aminotransferases
pacientes com sinais e sintomas e altera es bioqu micas no já se encontram elevadas quando do aparecimento dos
sangue, associados a um HBsAg positivo no soro. sintomas. (devem ser monitorados a cada 15 dias em
pacientes com HVB aguda)
TRATAMENTO DA HEPATITE B AGUDA Aqueles que tomaram todas as doses e não apresentaram
soroconversão vacinal, indicada por anti-HbS > 10mUI/mL,
Após o resultado positivo e confirmação, o tratamento será especialmente os profissionais da saúde e imunodeprimidas,
realizado com antivirais específicos, disponibilizados no SUS, deverão ser submetidos à revacinação
de acordo com o PCDT da hepatite B. Os tratamentos
disponíveis atualmente não curam a infecção pelo vírus da Profilaxia da transmissão vertical
hepatite B, mas podem retardar a progressão da cirrose,
reduzir a incidência de câncer de fígado e melhorar a sobrevida Todos os RNs verticalmente expostos ao HBV devem receber
em longo prazo imunização ativa e passiva logo após o nascimento (de
preferência nas primeiras 12h de vida) → recomenda-se que
Assim como na hepatite A, na hepatite B aguda é ainda na sala de parto seja feita uma dose da vacina + uma
recomendada apenas suporte clínico e sintomático. dose da imunoglobulina anti-HbS intramuscular
A introdução de antivirais nessa fase é indicada apenas na Em 2015, o MS atualizou suas recomenda es para a
hepatite fulminante, podendo ser considerada a terapia antiviral profilaxia da transmiss o vertical do v rus B em RN filhos de
com entecavir ou tenofovir m es HBsAg+ → agora, em casos selecionados, além da
estrat gia tradicional de vacina + imunoglobulina para o RN
• Entecavir logo ap s o nascimento, pode-se indicar o uso tempor rio de
drogas antivirais na m e com o intuito de reduzir sua carga
- Entecavir monoidratado é um análogo de nucleosídeo viral principalmente na hora do parto, mesmo que, de outro
guanosino, com atividade seletiva contra o vírus da hepatite B modo, a m e n o possua indica o de tratamento
(VHB)
- Mecanismo de ação: O entecavir possui atividade contra a Está indicado o uso de tenofovir na mãe a partir da 28ª
polimerase do VHB. Por meio da competição com o substrato semana de gestação (3º trimestre), podendo ser suspensa 30
natural deoxiguanosina TP, entecavir-TP inibe funcionalmente dias após o parto, caso a paciente não tenha indicação de
todas as três atividades da polimerase viral (transcriptase manter o tratamento
reversa, rt): (1) atividade principal da polimerase VHB, (2)
transcrição reversa da fita negativa do mensageiro
prégenômico do RNA, e (3) síntese da fita positiva de DNA do
VHB
• Tenofovir
PREVENÇÃO
HEPATITE C AGUDA
Vacinação
A vacina o contra HBV faz parte do calend rio nacional de O HCV é um v rus de RNA pertencente à fam lia Flaviviridae,
imuniza es e está indicado em neonatos, crian as e g nero Hepacivirus → possui elevada diversidade gen tica,
adolescentes, bem como em adultos com risco de contrair HBV contando com alto n mero de gen tipos (o 1 é o mais
frequente no nosso meio)
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
PATOGENIA
Biópsia hepática
Na ausência de tais fatores, leva cerca de 30 anos para chegar Confirmada a infecção, deve ser feita a avaliação clínico-
ao estágio de cirrose ou hepatocarcinoma. Já os pacientes laboratorial do grau de hepatopatia crônica. Nos consensos
crônicos, cerca de 20% evoluem para cirrose após 30 anos de mais recentes, a biópsia hepática tem sido recomendada para
infecção. Dos que evoluem para cirrose, 1-4% ao ano recebem todos os portadores crônicos de hepatite C:
o diagnostico de carcinoma hepatocelualr
- estadia a lesão hepática (com base na intensidade da
fibrose e desarranjo da arquitetura do fígado)
MARCADORES DA HEPATITE C - Estadia a atividade necroinflamatória portal/septal,
Sua presença pode ser devida a infecção em periportal/perisseptal e parenquimatosa
anti-HCV evolução (aguda ou crônica) ou à infecção - Avalia marcadores etiológicos e presença de depósitos,
total (IgG) pregressa, o que só pode ser distinguido através como esteatose e depósito de ferro
da detecção do RNA do HCV
Não serve como marcador de infecção aguda
Anti-HCV-IgM porque persiste na crônica
DIAGNÓSTICO
Monitorização
A monitorização da resposta ao tratamento é feita por meio da
dosagem da carga viral (HCV-RNA) após o final do tratamento,
com 12 semanas e com 24 semanas (depende da duração do
tratamento)
PREVENÇÃO
ATUALIZAÇÃO - 2022 A etiologia da lesão hepática importa muito porque com ela é
possível predizer a possibilidade de evolução desfavorável
(cirrose) ou não.
Primeiramente, as células de Kupffer, ao sofrerem injúria por As principais decorrem do hiperestrogenismo, hipertensão
uma série de toxinas (como liberadas no processo inflamatório portal e insuficiência hepática descompensada
da hepatite viral crônica), passam a secretar citocinas
inflamatórias, que estimulam as células estreladas Ascite
As células estreladas do fígado 🌟 , normalmente, possuem Acúmulo anormal de liquido na cavidade peritoneal, representa
baixa atividade metabólica e sua principal função é armazenar a principal complicação de pacientes cirróticos (30%) e é sinal
vitamina A. Entretanto, com certos estímulos (como a atividade de mau prognóstico. A principal manifestação clínica é o
necroinflamatória), podem ser transformadas em células aumento do volume abdominal
capazes de sintetizar matriz extracelular (principalmente
colágeno tipos I e III)
HEPATITE B CRÔNICA
AVALIAÇÃO
Alfainterferonapeguilada
• Função: grupo de proteína com atividade imunomoduladora
Tenofovir
O tenofovir é o principal medicamento para tratamento d
hepatite B crônica no Brasil. O tratamento é feito na dose de
300mg/d
Entecavir
Lembrando que, a exemplo da hepatite B crônica, a hepatite C • Elastogradia hepática (FibroScan): Realizada por meio de
se torna crônica quando há a permanência de vírus no sangue diferentes métodos, a elastografia hepática é um
por pelo menos 6 meses procedimento não invasivo que permite a identificação do
estágio de fibrose hepática. Ela mede em vários pontos
diferentes do fígado ondas que demonstradas em kPa
MANIFESTAÇÕES EXTRA-HEPÁTICAS
Desde setembro de 2017, o tratamento está indicado para
pacientes que apresentam valores da elastografia >= 7,2kPa
(que corresponde ao METAVIR F2 da biópsia)
EVOLUÇÃO
DUCTOS PANCREÁTICOS
FISIOLOGIA EXÓCRINA
INERVAÇÃO PANCREÁTICA Para que não haja ativação dessas enzimas proteolíticas
dentro do pâncreas, as mesmas células que secretam essas
O pâncreas recebe inervação involuntária através do SNA: enzimas também liberam outra substância, denominada
simpática e parassimpático. Dentro do pâncreas, transportam inibidor de tripsina, que inibe a tripsina ainda nas células
impulsos para as células acinares e das ilhotas pancreáticas secretoras, nos ácinos e nos ductos.
• A sua inervação parassimpática provém do nervo vago: Quando o pâncreas é lesado gravemente ou quando ocorre
estimulam a secreção das células acinares, levando à bloqueio do ducto, grande quantidade de secreção pancreática
liberação de suco pancreático, insulina e glucagon. se acumula e o efeito do inibidor de tripsina fica insuficiente,
levando à autodigestão da glândula (pancreatite aguda)
• Sua inervação simpática, dos nervos esplâncnicos
maior e menor (T5-T12): promovem a vasoconstrição e a
inibição da secreção exócrina, ou seja, inibem a liberação do Os sinais para a liberação das enzimas pancreáticas
suco pancreático. A inervação simpática regula também a incluem: distensão do intestino delgado, presença de alimento
secreção hormonal, estimulando a liberação de glucagon e no intestino, sinais neurais (via acetilcolina), hormônio
inibindo a de insulina. colecistocinina e secretina
PATOGÊNESE
• Aumento da [calcio]: facilita a ativação e dificulta a As mulheres produzem mais cálculos biliares provenientes
inativação, pois ele liga e desliga o processo da regulação da bilirrubina porque elas liberam estrogênio, que aumenta o
da ativação ou não da tripsina potencial de formação de cálculos na vesícula por aumentar a
secreção de colesterol e diminuir a secreção de ácidos biliares
As enzimas fosfolipase A e lipase são as responsáveis pela na vesícula. Além disso, existem estudos que
autodigestão da gordura pancreática e peripancreática. Os mostram que o estrogênio tem uma
ácidos graxos liberados nesse processo reagem com o cálcio relação importante com o
(saponificação), contribuindo para a hipocalcemia da relaxamento da vesícula biliar,
pancreatite aumentando o período de estase,
favorecendo a precipitação dos
componentes que formam os cálculos
• Pós-operatório
A pancreatite aguda pode ocorrer no pós-operatório de
• Hipertrigliceridemia cirurgias abdominais e cirurgias cardíacas (torácicas).Nas
cirurgias abdominais, o mecanismo é o trauma direto, sendo o
prognóstico muito ruim quando comparado com outras causas
A hipertrigliceridemia é responsável por < 4% das pancreatites
de pancreatite. O diagnóstico é difícil, pois a dor abdominal é
agudas. A maioria dos casos ocorre em pacientes diabéticos
comum no pós-operatório
mal controlados e/ou com hipertrigliceridemia familiar e em
alcoolistas. Geralmente são por níveis de TG > 1.000 mg/dl
Diz-se que a mortalidade por pancreatite pós-operatória é
Isso porque acredita-se que a lipase pancreática metabolize os mais alta (até 35%) do que por outras formas de pancreatite.
TG em ácidos graxos livres, que seriam diretamente nocivos ao Os fatores que contribuem para a morbidade e mortalidade por
tecido pancreático pancreatite pós-operatória são: a demora no dignóstico,
hipotensão, medicações (p. ex., azatioprina/ adminstração
As manifestações clínicas da pancreatite associada à perioperatória de cloreto de cálcio) e infecções
hipertrigliceridemia são semelhantes às de outras causas de
pancreatite aguda: dor abdominal, náusea e vômitos. • Trauma
Entretanto, o nível sérico de amilase e/ou lipase pode não
estar substanciabnente elevado na apresentação. Isso está Um trauma penetrante (ferimento por facada ou arma de fogo)
associado porque há uma substancia inibidora da atividade da ou contuso pode danificar o pâncreas. O trauma contuso
amilase que se eleva junto aos TGs resulta da compressão do pâncreas pela coluna, como, por
exemplo, em um acidente automobilístico
• Hipercalcemia
O trauma abdominal fechado com lesão do pâncreas é a
O hiperparatireoidismo primário é causa rara de pancreatite principal causa de pancreatite aguda em crianças. Geralmente
(menos que 0,5%). Cerca de 2% dos pacientes com esta há historia de choque direto ao tronco como na lesão do
síndrome endócrina podem evoluir com tal complicação “guidom da bicicleta” ou queda de grande altura. A lesão
causa liberação do suco pancreático, atiavacao das enzimas
Os mecanismos propostos incluem deposito de cálcio no ducto enzimáticas além de uma inflamação local ou retroperitoneal
pancreático e a ativação pelo cálcio do tripsinogenio dentro do
parênquima hepático A síndrome do “tanque de lavar
roupa” ficou conhecida como uma
série de traumatismos em crianças
causados por acidentes domésticos
com o tanque de lavar roupas, que
ocorrem quando ele está mal fixado, a
criança pendura e ele cai sobre ela
• Pancreatite medicamentosa
A pancreatite causada por medicamentos não é comum, mas
tende a ser leve e autolimitada. A patogenia pode estar
relacionada à hipersensibilidade ou a um efeito tóxico direto.
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
• Mecanismos da dor
Existem duas hipóteses para explicar a origem da dor na
pancreatite. A primeira, com poucas evidências, se refere a
uma possível associação entre a dor e hipertensão no ducto
pancreático, que levaria a isquemia tecidual, sendo esta
A canulação traumática da papilla promove freqüentemente responsável pela deflagração da resposta nociceptiva
um espasmo do esfíncter de Oddi e edema da papila,
criando um obstáculo ao fluxo de secreção pancreática e como A segunda, com mais evidências, enfoca a inflamação
conseqüência o desenvolvimento de pancreatite aguda. neurogênica, no qual há lesão local do nervo e, consequente,
resposta inflamatória
A colocação de stent pancreático diminui nitidamente o risco
de pancreatite pós-CPRE em pacientes de alto risco, por isso
ela se tornou uma prática padrão nesses
indivíduos. A colocação de stent no ducto
pancreático é presumidamente eficaz ao
prevenir edema induzido por canulação,
que pode causar obstrução do dueto
pancreático.
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
Durante Lesão Pulmonar Aguda e da Síndrome do Desconforto Achados: derrame pleural à esquerda (pela
Respiratório Agudo, citocinas pró-inflamatórias e quimiotáticas, extensão da inflamação para a semicúpula
atraem neutrófilos para o pulmão e, juntamente com os diafragmática esquerda), choque hipovolêmico
macrófagos residentes, induzem uma cascata inflamatória, que ou distributivo
vai resultar na exarcebação da lesão pulmonar, com apoptose
e necrose de células epiteliais alveolares. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Além disso, os neutrófilos liberam EROs que aumentam a lesão As doenças que se manifestam com intensa dor abdominal
tecidual, COX e lipoxigenase, que promovem a liberação de aguda devem ser afastadas, entre elas:
prostaglandinas e leucotrienos, produzindo vasoconstrição e
broncoconstrição = DISPNEIA 1) úlcera perfurada: o exame mnostra abdomen em tábua
O dano epitelial promove aumento da permeabilidade da # pela intensa peritonite, o que nao se acha na
membrana alveolo-capilar, com conseqüente afluxo de líquido pancreatite aguda já que é uma inflamaçao retroperitonial
rico em proteínas para o interior dos alvéolos, o que pode
causar inativação do surfactante. Todo esse processo 2) Colelitíase, coledocolitíase, colescistite aguda: na
inflamatório prejudica a troca de gases e leva a deterioração da colelitíase a dor dura de 6a 8 horas, na pancreatite aguda
função pulmonar a dor pode durar dias
3) Isquemia mesentérica
EXAME FÍSICO
4) Obstrução intestinal aguda
• Inspeção: abdomen pode estar distendido (devido ao íleo
paralítico causado pela inflamação abdominal). Nos casos 5) IAM inferior/ dissecção da aorta abdominal: mas na
graves que desenvolvem necrohemorragia" história o paciente pode referir histórico de fibrilação atrial,
pós-IAM, ausência de vômitos incoercíveis
- Sinal de grey-turner: equimose em flancos
- Sinal de Cullen: equimose periumbilical 6) Gravidez ectópica
- Sinal de Fox: equimose na região inguinal e base do pênis
- Paniculite: necrose gordurosa subcutânea
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
PROGNÓSTICO
• Critérios de Ranson
• Achados: aumento focal ou de todo o pâncreas, borramento No critério de Ranson, o paciente deve ser avaliado no
da gordura peripancreática e perirrenal, coleções líquidas momento da admissão e 48h depois do inicio dos sintomas. Ele
peripancreáticas. Quando existem áreas que não captam usa 11 critérios para avaliar o paciente com pancreatite aguda
contraste, é indicação de áreas necrosadas e a quantidade de critérios vai determinar o risco de letalidade
• RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
A RNM é equivalente à TC em termos de acurácia para o
diagnóstico de PA. É caro mas possui 2 importantes vantagens:
Obs.: Porém os opioides podem causar depressão respiratória Utiliza-se solução cristaloide isotônica (Ringer Lactato ou Soro
Fisiológico 0,9%) na dose de 5 a 10 mL/kg/hora, por via
endovenosa (EV), nas primeiras 12 a 24 h
• Reposição volêmica
Em pacientes com depleção volêmica grave, evidenciada
Sua necessidade se justifica pelo frequente quadro de
hipovolemia apresentado por pacientes com pancreatite aguda: clinicamente por taquicardia e hipotensão, deve-se infundir a
vômitos, aumento da permeabilidade vascular secundário ao solução cristaloide isotônica por via EV numa dose de ataque
processo inflamatório com consequente perda de líquido para de 20 mL/kg em 30 minutos, seguida por uma manutenção
com 3 mL/kg/ hora, durante 8 a 12 horas
o terceiro espaço, ingesta hídrica reduzida por via oral, entre
outros
• Suporte nutricional
• Controle eletrolítico e ácido-base
ex.: hipocalemia e alcalose metabólica devido aos vômitos,
hipocalcemia, hipomagnesemia, esta última comum na
pancreatite alcoólica
• Solicitação da TC
A forma leve geralmente é a manifestação da pancreatite
intersticial (edematosa) e nesses casos a TC não é necessária
(exceto se houver alguma complicação tardia)
A maioria dos pacientes são críticos e não conseguem se Medicas não cirúrgicas: pode-se fazer uso de bloqueadores
comunicar. Nos raros casos que podem falar: mal-estar, neuromusculares (aumentam a complacência da parede
fraqueza, dispneia, distensão abdominal (quase todos tem) e abdominal), colocar o paciente em posição supino (elevação da
dor. cabeceira fa cama aumenta a PIA), descompressão
intraluminal do TGI por meio de sonda nasogástrica ou retal,
É observado oligúria progressiva podendo chegar a anúria, o uso de drogas pró-cinéticas como metocloropramida
que pode ser explicado principalmente pela compressão da
veia renal. Outra explicação é porque elevação da PIA diminui A descompressão percutânea por catéter constitui método
a pressão de perfusão renal e o ritmo de filtração golmerular, eficiente na redução da PIA quando há acúmulo de líquido,
podendo levar à disfunção ou falência renal. sangue ou outro material na cavidade peritoneal. Esse método
é preferível em relação à laparotomia por sua significativa
O aumento da PIA e da pressão torácica reduz o retorno morbidade
venoso cerebral e aumenta a pressão intracraniana (PIC)
Descompressão abdominal cirúrgica: indicada para PIA > 25
Outros também ocorrem: hipotensão, taquicardia, elevação mmHg e pacientes que foram refratários ao tratamento clínico
da pressão jugular venosa, edema periférico, pele fria, acidose
lática
MEDIÇÃO DA PIA
Fibras vagais e esplâncnicas • Receptor serotoninérgico 5HT3 (a estimulaçao libera - irritação gástrica, distensão da mucosa biliar,
das vísceras do TGI dopamina que ativa receptores D2 e o vômito) distensão gastrointestinal, irritação peritoneal
• Receptores histamínicos H1 - movimentação
Sistema vestibular - Infecção
• Receptores muscarínicos colinérgicos M1
Área postrema - principal • Receptores neuroquinina NK1 - agentes quimioterápicos, drogas, toxinas,
local de ação dos fármacos • Receptores dopamínicos D2 acidose, hipóxia, radioterapia, distúrbios
antieméticos • Receptores 5HT3 metabólicos
• Receptor NK1 - odores, emoções, medo, ansiedade, estresse,
Cortical • Outros
REFERÊNCIAS
• MEDCURSO e MEDCEL
• Moore anatomia orientada para clínica
• Tratado gastrointestinal e doenças do fígado do Feldman
• Farmacologia ilustrada 5ed
• Livro sistema digestório: integração básico-clínica de
Pacientes com obstrução gastrointestinal ou íleo paralítico Reinaldo Barreto 2016
com distensão gástrica podem beneficiar-se do uso de sonda • Artigo de revisão - síndrome do compartimento abdominal e
nasogástrica hipertensão intra-abdominal
• Artigo - Diretrizes japonesas para o manejo da pancreatite
Orienta-se o paciente a fazer refeições mais frequentes e em aguda 2015
quantidades menores e evita-se dieta rica em gorduras, pois • Artigo de revisão: Náuseas e Vômitos em Anestesia:
elas são potentes inibidoras do esvaziamento gástrico Fisiopatologia e Tratamento
• Mecanismos: possuem propriedades antieméticas potentes pelo bloqueio desses receptores no centro do vomito, ZGQ e dos
receptores periféricos (nos nervos aferentes espinhais e vagais intestinais) - mais seletivos nesses últimos
• Indicação: êmese atribuída da estimulação do NC X, pós-operatório e à quimioterapia
• Exemplos: ondansetrona, granisetrona e dolasetrona
⚠ atenção redobrada ao administrar antagonistas serotoninérgicos em pacientes que já fazem uso de ADT e ISRS → risco de
síndrome serotoninérgica (instabilidade autonômica, hiperatividade muscular e alteração do estado mental)
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES NK1
• Mecanismos: bloqueio central na área postrema pela inibição da substância P/NK1
• Indicações: pós-operatório
• Efeitos adversos: constipação e fadiga
• Exemplos: aprepitante (VO) e fosaprepitante (via parenteral)
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS M1
• Mecanismos: inibem o estilo do vômito pela ação em receptores de Ach no centro do vômito e nos núcleos vestibulares. Na
periferia, possuem efeito antiespasmódicos, reduzindo secreções do TGI e relaxando a musculatura lisa
• Indicações: pós-operatório, intoxicação alimentar e cinetose
• Exemplo: escopolamina
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H1
• Exemplos: prometazina, cinarizina
Obs.: eficazes contra náuseas e vômitos de diversas etiologias, menos contra substâncias que atuam diretamente sobre a ZGQ
BENZODIAZEPÍNICOS
• Indicação: são antieméticos pouco eficazes, mas seus efeitos sedativos, amnésicos e ansiolíticos podem ser úteis para reduzir
o componente antecipatório das náuseas e vômitos → por ex., podem ser usados antes da quimioterapia
• Exemplos: lorazepam, diazepam
CORTICOSTEROIDES
• Mecanismos: não é conhecido, mas pode envolver o bloqueio das prostaglandinas. Também aumentam a eficácia dos antagonistas
dos receptores 5-HT3 para prevenir vômitos agudos e tardios em pacientes que fazem quimioterapia
• Indicação: quimioterapia e vômitos decorrentes de HIC
• Exemplos: dexametasona e metilprednisona
• Mucosa da cárdia
A mucosa da cárdia, que é a região de transição entre o
esôfago e o estômago, é especializada na secreção de muco
• Cárdia (perto do ❤ ): circunda o e bicarbonato, formando uma barreira protetora que ajuda a
óstio cárdico, próximo do EEI na prevenir a irritação e os danos causados pelo refluxo
junção com o esôfago gastroesofágico, contribuindo para a proteção do órgão
• Fundo: inferior ao diafragma contra os efeitos prejudiciais da DRGE
• Corpo: maior parte do estomago
• Piloro (antro + canal pilórico): A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) ocorre quando o
parte final do estômago, contém o ácido gástrico e outros conteúdos do estômago retornam para
piloro que o esfíncter que permite a o esôfago devido ao mau funcionamento do esfíncter esofágico
passagem do conteúdo estomacal inferior, o que pode levar a sintomas como azia, regurgitação e
para o duodeno irritação da mucosa esofágica
DIVISÃO FUNCIONAL
Quando as c lulas parietais s o destruídas (por ex., na gastrite • Causa a liberação e ativação do pepsinogênio em pepsina
cr nica), o paciente desenvolve n o só acloridria (aus ncia (que precisa do meio ácido pra isso) e digere proteínas
de secre o de HCl), mas, muitas vezes, tamb m anemia • Causa a liberação de FI pra absorção de B12 no intestino
perniciosa pois a vitamina B12 é essencial para estimular a • Desencadeia a liberação de somatostatina pelas células D
matura o das hem cias na medula óssea quando o pH está muito baixo (menor que 3)
• Ajuda a destruir bactérias e microrganismos ingeridos
• Inativa a amilase salivar, cessando a digestão de
carboidratos que iniciou na boca
ESTIMULA HCl
INIBE HCl
A secreção gástrica pode ser dividida de 2 formas: fase
Principal inibidor, produzido pelas células D do cefálica, gástrica e intestinal e em secreção interdigestiva e
Colecistocinin estômago. Inibe a célula parietal e também as secreção gástrica prandial
a (CCK) células G e celulas ECL, cessando todos os
estímulos que mandam liberar o HCl
SECREÇÃO INTERDIGESTIVA OU ESPONTÂNEA
FUNÇÃO DO ESTÔMAGO
REFLEXO PERISTÁLTICO
A palavra remete a uma “digestão difícil” podendo incluir • Dispepsia Org nica.
sintomas variáveis: plenitude pós-prandial, saciedade precoce, • Dispepsia Funcional.
anorexia, eructação (arroto), aumento de volume abdominal,
pirose, regurgitação, náuseas e vômitos
DISPEPSIA ORGÂNICA
Na ausência de alterações estruturais
ou irregularidades metabólicas e
bioquímicas (causas orgânicas), a A dispepsia org nica pode ser causada por uma s rie de
dispepsia será denominada como doen as - inclusive algumas que nem s o do trato digest rio.
FUNCIONAL As principais causas que o tratado de gastroenterologia do
Feldman cita são:
INTOLERÂNCIA A MEDICAMENTOS
TRANSTORNOS PANCREÁTICOS
DISPEPSIA FUNCIONAL
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Só para relembrar, a célula parietal pode ser estimulada por Os anti cidos s o bases fracas que
meio de 3 fatores: acetilcolina (neurônio), histamina (células reagem com o HCl, neutralizando-o. Dessa
ECL) e gastrina (células G). Qualquer ligação desses em seus forma, aumentam o pH e inibem a pepsina
devidos receptores ativam proteinocinases na célula parietal (que precisava do meio ácido para ser
que por fim vai estimular a bomba de prótons a secretar H+ em ativada), isso pode prejudicar a digestão de
troca de K+ para o lúmen do estômago proteínas no estômago (?)
São drogas terminadas em - tidina • Uso terapêutico: são usados para alívio dos sintomas da
Exemplos úlcera peptiza e DRGE. Para eficácia máxima, podem ser
• Cimetidina, nizatidina, ranitidina
administrados depois das refeições
Bloqueiam competitivamente e seletivamente os
Mecanismo de receptores H2, bloqueado a secreção ácida do
ação • Medicamentos: Hidr xido de Alum nio, Hidr xido de
estômago. São totalmente reversíveis
Magn sio e Bicarbonato de S dio
O uso desses fármacos diminuiu com o advento
Uso terapêutico
dos IBPs (mais eficazes). Mas eles podem ser - Hidróxido de Al: efeito adverso de constipação
usados para: úlceras pépticas (cicatrização - Hidróxido de Mg: diarreia
das gástricas e duodenos), DRGE - Comprometimento renal
Após administração VO, eles se distribuem
amplamente pelo organismo (incluindo leite PROCINÉTICOS
Farmacocinética materno e placenta) e são excretados na
urina. A meia-vida pode aumentar em pacientes Os procinéticos são medicamentos que atuam estimulando a
com disfunção renal - ajustar a dose motilidade gastrointestinal, frequentemente prescritos para
• Cimetidina exerce efeito antiandrogênico não melhorar condições como a dispepsia funcional (principalmente
esferoidal - ginecomastia e galactorreia o subtipo que tem mais sintomas de dispepsia, sem ser a dor),
• Cimetidina inibe CYPP450 podendo interferir refluxo gastroesofágico e gastroparesia.
Efeitos adversos na ação de outros fármacos
• Confusão e alteração mental em idosos Eles agem em diferentes receptores de conseguem acelerar o
após administração IV trânsito do conteúdo intraluminal. Isso porque o mecanismo de
ação final de muitos, independente do receptor usado, atuam
aumentando a liberação de acetilcolina, o que resulta em
aumento da motilidade gastrointestinal.
ANTIDEPRESSIVOS
PATOLOGIA E PATOGENIA
É importante destacar que os exames para avaliar a Tratado de fisiologia médica - Guyton
erradicação da H. pylori devem ser realizados pelo menos 4 Fisiologia humana do SIlverthorn
semanas após a conclusão do tratamento, para permitir a Farmacologia Ilustrada
completa eliminação da bactéria pelo organismo e evitar falsos Tratado de gastroenterologia Feldman
negativos IV consenso brasileiro sobre infecção pelo H.pylori 2018
• Qual exame usar? O teste respiratório é o método não
invasivo ideal para alcançar o controle da erradicação.
Porém, pode-se usar aquele para antígenos fecais também
Tabagismo
O efeito do cigarro sobre a gênese da DUP são vários:
diminuição da produ o de bicarbonato pelo duodeno, lentid o
no esvaziamento g strico (est mago mais distendido produz
Úlcera H.Pylori - e AINES - mais cido), maior incid ncia de infec o pelo H. pylori e
produ o de radicais livres lesivos à mucosa. Isso explica
São pacientes com úlcera sem evid ncia de infec o por H. algumas questões envolvidas:
pylori e sem hist rico de uso de AAS e AINEs. A patog nese
dessas lceras idiopáticas permanece desconhecida, mas (1) a DUP mais comum em tabagistas do que em indivíduos
sugere-se que podem ocorrer a partir da coloniza o por H. que n o fumam;
pylori no duodeno (2) ocorre uma cicatriza o mais lenta das lceras p pticas
em pacientes fumantes;
Esses pacientes podem ter testes negativos para HP nos (3) ocorre prejuízo à resposta terap utica em tabagistas; e
exames de EDA convencionais porque esses testes detectam a
(4) observa-se maior incid ncia de complica es da DUP nos
presença da bactéria em biópsias gástricas, não duodenais
tabagistas, sobretudo perfura o
CLASSIFICAÇÃO DE SAKITA
GASTRINA SÉRICA
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
FÁRMACOS PRÓ-SECRETORES
- sucralfato
- sais de bismuto coloidal
- prostaglandinas (misoprostol).
No ambiente ácido, o produto polimerizado pode formar uma pasta persistente que, por vezes, pode produzir uma crosta
obstrutiva que fica presa ao est mago. Além disso, reduz a absor o de v rios outros f rmacos, incluindo antibi ticos
Observação
fluorquinolonas, tetraciclina, digoxina e amitriptilina. Como exigem a presença do ácido para sua ativação, quando os
antiácidos são usados antes ou juntos, reduzem a eficácia do sucrafalto
Efeito adverso São poucos, sendo o mais comum a constipação
QUELATO DE BISMUTO
É utilizado no tratamento da doença ulcerosa gastroduodenal por Helicobacter pylori. O seu mecanismo de ação inclui uma
Mecanismo de proteção sobre as células da mucosa gástrica ao formar com as glicoproteínas do muco, um complexo estável antiácido.
ação Além disso, ele estimula a síntese local de prostaglandinas que, por sua vez, aumentam a produção de secreção alcalina
gastroduodenal e, finalmente, ele tem uma atividade bactericida sobre o H. pylori
EF. ADV Efeitos adversos incluem n useas e v mitos e escurecimento da l ngua e fezes
MISOPROSTOL
Uso É administrado por VO e usado para promover a cicatriza o de lceras ou para prevenir a les o g strica que pode ocorrer
terapêutico com o uso cr nico de AINES
Contraindic. está contra-indicado durante a gravidez, uma vez que pode causar abortos por meio do aumento da contratilidade uterina
O efeito colateral mais freqüente relatado do misoprostol é a diarréia, com ou sem dores e cólicas abdominais, que ocorre em
EF. ADV. até 30% dos pacientes podendo causar exacerbações clínicas em pacientes com doença intestinal inflamatória (DII)
Na úlcera duodenal, é importante associar uma das 3 técnicas Deve ser suspeitada em paciente com quadro de dor
de vagotomia, para diminuir a secreção gástrica (porque abdominal aguda, difusa, de forte intensidade. Em algumas
interrompe a estimulaçao das celulas parietais pela Ach) horas, taquipneia, taquicardia e redução dos ruídos HA +
abdômen em tábua. No exame físico, sinal de Jobert pode
O princípio da cirurgia da úlcera péptica duodenal consiste em ser + (timpanismo à percussão hepática, indicativo de
associar um procedimento que diminui a secreção gástrica pneumoperitônio)
(vagotomia ou gastrectomia) com maior número de celulas
produtoras de ácido. Quando a vagotomia é realizada A confirmação é realizada pelo quadro
(troncudas ou seletiva), precisa de um procedimento de clínico e pelo exame radiológico mostrando
drenagem, porque há desnervação do antro, gerando estase pneumoperitônio. Lembrando que o
gástrica principal fator de risco para perfuração da
ulcera peptica são os usos de AINES
Vagotomia e gastrectomia
A maioria das úlceras perfuradas estão localizadas na parede
anterior do bulbo duodenal
SANGRAMENTO
OBSTRUÇÃO
ANATOMIA DA ABSORÇÃO
Essas pregas se estendem circularmente ao Os principais sítios de absorção de carboidratos da dieta são
redor do intestino (são especialmente bem na boca e o lúmen intestinal, o objetivo é transformar os
desenvolvidas no duodeno e jejuno) polissacarídeos (amido) e dissacarídeos (sacarose, lactose ou
maltose) em monossacarídeos (glicose, frutose e galactose)
Vilosidades
• Digestão: feito pelo tripsinogênio ativado em tripsina (suco • Digestão: no lúmen do ID, as enzimas lipase pancreática,
pancreático) e as peptidases da borda em escova. Quebram hidrolase e fosfolipase A2 digerem o conteúdo lipídico das
os polímeros em aminoácidos absorvíveis micelas, que passam a conter mais ácidos graxos livres.
Depois, os produtos da hidrólise lipídica são absorvidos pelos
• Absorção das proteínas: acontece nos enterócitos através enterócitos Obs.: as micelas interagem com a membrana do
da PEPT1 - transporte ativo (os di e tripeptideos sofrem enterócito, permitindo a difusão dos componentes, os ácidos
hidrólise pelas peptidases). Os aminoácidos saem todos por biliares não entram nos enterócitos nesse momento, eles
difusão facilitada através da MBL permanecem no intestino para serem absorvidos e levados
de volta para o fígado
A maior parte da absorção de água ocorre no ID, com um Os movimentos de contração e relaxamento intestinais são de
adicional de 0,5L por dia absorvido no intestino grosso. No suma importância para a propulsão do quilo pelo trato e para a
período digestivo, é absorvida por osmose (a absorção dos limpeza de resíduos após a digestão. Ele ocorre por meio da
nutrientes e íons que criam um gradiente osmótico) sequência coordenada de contrações e relaxamento
As funções do IG são: absorção de água e eletrólitos, As fibras não são absorvidas pelo ID, então elas chegam no IG e são
secreção de eletrólitos e muco e propulsão das fezes em fermentadas pela flora intestinal. Os componentes são usadas como
direção ao reto. Além disso, ele tem uma pequena função na fonte energética pela microflora do cólon (AG de cadeia curta e gases).
digestão alimentar (quem digere são as bactérias comensais) Isso contribui para:
• Cólon direito: sede do metabolismo de carboidratos e • Aumento do bolo fecal: as fibras atraem água para o seu interior
proteínas residuais pela flora bacteriana, além de realizar a formando um gel, o qual aumenta o volume das fezes e amolece sua
consistência, facilitando a eliminação pelo organismo
absorção de Na+ e água • Prebióticos(componentes alimentares não digeríveis que estimulam
• Cólon transverso: também absorve sódio de água o crescimento/atividade de bactérias no cólon): os gases e os AGCC
• Cólon esquerdo: tem a menor taxa de absorção de sódio e são utilizados como fonte de energia
água, sendo a principal função atuar como reservatório • Motilidade do TGI (atua como laxante): porque elas amolecem as
fezes e aumentam a massa fecal, esses fatores aumentam o
Absorção peristaltismo intestinal. Por isso, uma alimentação rica em fibras
ajuda a prevenir a constipação
Grande parte da absorção no intestino grosso ocorre na
metade proximal do cólon (chamado de cólon absortivo), já o
Reflexo da defecação
Reflexo colônico
Também conhecido como reflexo de distensão do cólon, é um
mecanismo desencadeado pela presença de conteúdo no cólon
Reflexo gastrocólico
As infecções bacterianas são a segunda causa mais frequente • Sorotipo mais comum é o O157:H7
de diarreias agudas. Dentre os patógenos: a E.coli, a • Transmissão: carne bovina malpassada e leite
Êntero-
salmonela, Shigella, vibrio cholerae são as principais. nao pasteurizado
hemorrágica
• Frequente em crianças 5-9 anos e adultos
(EHEC)
• Mecanismo: se liga em receptores intestinais e
A que ganha de todas as outras é a Escherichia Coli, uma renais. Produzem toxinas como a “siga-like” e
bactéria colonizadora da flora intestinal. Porém, existem toxinas I e II, responsáveis por causar a colite
algumas cepas patogênicas que podem ser adquiridas e causar hemorrágica e manifestações sistêmicas
diarreia (água/alimentos contaminados com fezes) • Clínica: diarreia sanguinolenta, dor abodominal,
febre discreta. Após 1-2 semana, cueca com
Existem diversos sorotipos da E.coli (5 tipos diferentes), que síndrome hemolítico-urêmica (anemia hemolítica
podem ser divididas nas que causam diarreia secretaria e nas angiopática + insuficiência renal + plaquetopenia)
que causam diarreia exsudativa/inflamatória:
• Invadem o enterócito do ID e do cólon, se
Enteroinvasiva reproduzindo, deteriorando a função e causando a
(EIEC) morte dos enterócitos. Esse processo provoca
reação inflamatória, resultando em febre e
sangramento de pequena intensidade
• Clínica: diarréia aquosa que evolui para
disenteria com pequena quantidade de sangue,
cólicas, tenesmo, febre e leucócitos fecais
• Complicação: convulsões, meningite, sepse
INFECÇÃO FÚNGICA
QUADRO CLÍNICO
ANAMNESE
A hipernatremia subestima
a desidratação, enquanto
na hiponatremia os sinais
de desidratação são Obs.: o tempo de enchimento capilar não é apertando o
evidentes precocemente dedo, e sim pedir pra criança fechar a mão e comprimir por
15s, depois solta e conta o tempo de enchimento capilar
Na maioria dos casos de diarreia aguda, não há necessidade Procedimento importante para excluir a presença de
de exames complementares para o diagnóstico porque e ele é parasitasses intestinais como causa da diarreia, principalmente
eminentemente clínico, além disso, a DA é autolimitada (o naqueles que apresentam diarreia persistente (mais de 14d).
resultado do exame não vai alterar a conduta porque quando
ele sair o paciente já melhorou). Porém, existem alguns casos
em que são necessários solicitar:
• efeitos antagônicos
• competição: competem com nutrientes com as bactérias
prejudiciais, limitando a multiplicação delas. Além disso,
produzem substancias antimicrobianas para inibir proliferar
• efeitos imunológicos: os probióticos aumentam a IgA
secretaria, capacidade fagocítica e aumento da produção de
citocinas. Isso ajuda o sistema imune a combater a infecção
e inibir a produção de toxinas de dano celular pelo vibrião da
cólera e pela E.coli por exemplo
PROBIÓTICOS
Ao contrário da aguda, que estava relacionada a agentes Ocorre por alguma substancia osmoticamente ativa e
infecciosos principalmente, a maioria das diarreias crônicas não que não está sendo absorvida no ID, retendo grande
quantidade de água no lúmen intestinal. Por esse motivo
é de origem infecciosa. Existem muitas causas para DC que ela só ocorre depois da alimentação e obrigatoriamente
inclusive dificulta a sua identificação e terapêutica: pode estar cessa com o jejum (não há diarreias noturnas nesse
ligada as vezes ao ID ou as vezes ao cólon. caso). Ex.: diarreia dos carboidratos e dos antibióticos,
Diarreia uso abusivo de laxante, síndromes de má absorção
osmótia
• Diarreia dos carboidratos: a deficiencia de lactase
gera acúmulo de lactose (osmoticamente ativa)
• Diarreia dos antibióticos: a redução da flora do IG
prejudica a metabolização de carbo em AGCC que
seriam absorvidos pelo cólon. A sobra desses
carboidratos provoca um efeito osmótico no lúmen
As principais causas de diarreia crônica são Síndrome do • Diarreia crônica sanguinolenta: secundária a infecções
Intestino Irritável (SII), Doença Inflamatória Intestinal (DII), bacterianas como shigella, salmonela e E.coli. também está
Síndrome de má absorção e infecção crônica (mais relacionada com a doença inflamatória intestinal (DII), por
relevante em regiões de condições sanitárias inadequadas) exemplo, na retocolite ulcerativa que pode cursar com
diarreia e sangue
TIPO DE
EXPLICAÇÃO BREVE DAS ENFERMIDADES
DIARREIA
• Síndrome do intestino irritável: distúrbio caracterizado por dor abdominal recorrente + mudança do hábito (ora diarreia, ora constipado
+ flatulência, sensação de evacuação incompleta. A patogênese é multifatorial, mas acredita-se que disfunção do eixo cérebro-intestino
Diarreia
pode causar o processo, por exemplo, fatores como ansiedade e estresse
funcional
• Diarreia funcional: por exemplo a diarreia diabética (neuropatia autonômica) - o paciente tem aumento da motilidade intestinal por inibir
neurônios adrenérgico (danos aos nervos do SNAS), sendo exacerbada pela noite
• Síndrome carcinoide: pode ser originada de tumores produtores de hormônios, por exemplo, podem produzir serotonina (hormônio que
regula o transito intestinal de forma a aumentar a motilidade) que quando em excesso causa a diarreia crônica. Além disso, pode incluir
sintomas como rubor facial, palpitação, falta de ar e dor abdominal
• Gastrinoma: ocorre DC em 1/3 dos pacientes com a síndrome de zollinger-ellison, que no caso é pela estimulação da secreção de água
Diarreia
e eletrólitos pela gastrina produzida em excesso. Além disso, ela provoca secreção excessiva de HCl -> inflama a mucosa intestinal e
secretória
leva a sintomas de diarreia por má absorção de nutrientes (inativa a lipase pancreática)
• Síndrome do cólera pancreático (VIPoma): tumor também localizado no pâncreas, de células não-B que produz o VIP, um
neuropeptídeo que estimula a secreção de água e eletrólitos no intestino e que aumenta a motilidade. Isso pode levar a diarreia crônica,
desidratação, perda de peso e distúrbios hidroeletrolíticos como hipocalemia e acidose metabólica
• Retocolite ulcerativa: inflamação crônica que acomete reto e cólon, seguida de ulceração da camada mais
superficial. Isso pode gerar redução na capacidade de absorção de água e eletrólitos = diarreia (com sangue
+ desnutrição. Relacionada com a herança de genes (susceptibilidade) e fatores ambientais (desconhecidos)
Diarreia • Doença de Crohn: autoimune (corpo ataca revestimento do TGI), diferentemente da RCU, pode afetar
inflamatória (DII) qualquer parte do TGI, só que afeta mais o íleo e o cólon. Isso afeta a absorção de nutrientes
• Colite microscópica: inflamação crônica no cólon, com alterações na mucosa que só podem ser vistas sob
um microscópio. É uma causa comum de diarreia crônica não sanguinolenta (+ comum em idoso 👴 )
• Deficiência de lipólise: a deficiência de lipase pancreática pode ser pela ausência congênita ou adquirida
(pancreatite crônica destrói a glândula, causada por álcool). Leva a DC porque a gordura não vai ser digerida
no ID, chegando ao cólon e aumentando a motilidade intestinal = fezes volumosas + esteatorreia
• Deficiência de lactase: a lactose não absorvida é osmoticamente ativa, gerando diarreia crônica aquosa
diarreia • Trânsito intestinal rápido: doenças como hipertireoidismo e uso de procinéticos podem diminuir o tempo
disabsortiva (má de contato conteúdo/mucosa pra ser digerido, gerando diarreia (fezes com restos alimentares)
absorção • Deficiência na formação de micelas: por exemplo, na hepatopatia grave ou remoção dos sais biliares do
intestinal lúmen (supercrescimento bacteriano), as concentrações de bile pode diminuir, não formando micelas
prejudicando absorção de gordura. A absorção de vitaminas A D E K pode ser significativa
• Doença celíaca: autoimune com ingestão de glúten (proteína no trigo, cevada e centeio), que promove
produção de autoanticorpos que atacam a mucosa do delgado, apagando as vilosidades e interferindo na
absorção, isso pode levar a diarreia crônica (efeito osmótico dos nutrientes) + perda de peso + fraqueza
EXAME FÍSICO
Também auxilia na avaliação do transito pelo intestino delgado, com bom desempenho para lesões
tumorais dessa área. Pode-se também observar calcificações pancreáticas (no caso de pancreatite
TC + contraste
crônica por álcool) relacionada com a diarreia crônica
• Diarreia: acontece devido à hipermotilidade intestinal Outra via importante na conexão cérebro-intestinal é o eixo
caracterizada pelo aumento das contra ões (contribui para a hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). O HPA é ativado em
dor visceral), intensifica o da resposta gastrocólica resposta a estressores psicológicos e físicos e pode afetar a
(prolongamento da atividade motora após uma refei o) e motilidade e a secreção gastrointestinal. Na SII, a conexão
por hipersensibilidade retal → é aumentada pelo estresse, cérebro-intestinal parece estar desregulada, o que pode
levar a sintomas gastrointestinais, como dor abdominal,
raiva, dietas gordurosas, distens o do leo e por hormônios
distensão abdominal, diarreia e constipação
corticotr ficos (configura uma disfun o adrenérgica)
Além disso, parece que os sinais originados do intestino,
• Constipação: devido às vezes que o padrão é no sentido de mesmo os de menor intensidade, possuem uma área de
redução da motilidade, acontece o contrário do que ocorre na registro muito maior no córtex pré-frontal (comportamento) e
diarreia. Então, vamos ter a diminuição das contrações hipotalâmico nos pacientes com SII. Como consequência, a
propulsavas e redução da sensibilidade retal (agora seria por resposta eferente do SNC que retorna ao intestino é com
uma disfunção vagal) maior intensidade
HIPERSENSIBILIDADE VISCERAL
QUADRO CLÍNICO
ESTRESSE E ANSIEDADE
DIAGNÓSTICO
INVESTIGAÇÕA DIAGNÓSTICA
O diagnóstico NÃO É DE EXCLUSÃO, é essencialmente
clínico. Para ser feito, deve-se identificar a síndrome clínica
ANAMNESE típica (por meio da história) e deve-se excluir outras causas
orgânicas. Para isso, pode-se pedir exames complementares,
O primeiro aspecto a ser considerado é o reconhecimento do mas autores atuais dizem que se o paciente não tiver nenhum
paciente como portador da síndrome (através do quadro sinal de alarme, que ele não precisa fazer investigação
clínico). Porém, os pacientes com distúrbios intestinais se complementar
apresentam com uma grande variação dos sintomas
Quando estiverem presentes os sintomas sugestivos de SII, o
• Investigar gatilhos: principalmente se o paciente já teve passo seguinte é aplicar os critérios diagnósticos. Atualmente,
quadro de gastroenterite, pois muitos desenvolvem SII são definidos pelos critérios de ROMA IV (2016)
imediatamente depois ou decorrido um tempo. Intolerância
alimentar e estresse crônico também pode ser pesquisado
TRATAMENDO DA SII
PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
O tratamento da SII é um grande desafio para os
gastroenterologistas, e até o momento não existe uma
terapêutica verdadeiramente eficaz.
EXAMES COMPLEMENTARES
Dor predominante
REFERÊNCIAS
Constipação predominante
Outros
• ANTIMICROBIANOS: tem sido proposto no tratamento do
meterorismo, que as vezes é uma das queixas mais
incomodas dos doentes com SII. Confirmado o
supercrescimento bacteriano, pode-se usar metronidazol ou
ciprofloxacina por um período mínimo de 10 dias
A expressão DII aplica-se a duas doenças intestinais crônicas Retocolite ulcerativa (RCU), ou colite ulcerativa, é uma doen a
e idiopáticas: a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite inflamat ria que atinge preferencialmente a mucosa do reto e
Ulcerativa (RCU). A DC e a RCU são doenças crônicas de do cólon esquerdo (sigmoide). Trata-se de uma doen a
etiologia desconhecida que compartilham muitas características cr nica, com surtos de remiss o e exacerba o, caracterizada
epidemiológicas, clínicas e terapêuticas, mas que também por diarreia e perda de sangue.
possuem importantes diferenças
ETIOPATOGÊNESE
ANATOMOPATOLOGIA DA RCU
A RCU geralmente se apresenta como episódios de diarreia As manifestações mais comuns na RCU são: artrite/
invasiva (sangue, muco e pus), que variam de intensidade e artralgia, aftas orais, pioderma gangrenoso, eritema nodoso,
duração e são intercalados por períodos assintomáticos. Na manifestações oculares
maior partes das vezes, o inicio dos sintomas é insidioso (DG
feito em média 9 meses depois). O grau e a localização do O mecanismo fisiopatogênico das manifestações inflamatórias
acometimento determinam os achados clínicos: extraintestinais é a migração de leucócitos autorreativos,
ativados no intestino inflamado, os quais se tornam “células
• RCU distal (leve): diarreia presente em 80% dos casos, com residentes” no interstício dos órgãos-alvo acometidos. Além
inúmeras evacuações por dia + sangue nas fezes + muco + disso: formação de imunocomplexos circulantes
pus e tenesmo. A dor abdominal em cólica geralmente
precede as evacuações. Há urgência e incontinência fecal as Artralgia
vezes. As manifestações extra-intestinais são raras
A artrite ou artralgia é a mais frequente, acometendo 10 a 20%
A presença de sangue nas fezes é quase que universal na dos casos. Geralmente, n o produz deforma es, é migrat rio
RCU (como se trata de doença superficial da mucosa colônica, e assimétrico (pode ser periférico ou central), ocorrendo
espera-se grande friabilidade dessa estrutura). Geralmente não preferencialmente nas articula es dos joelhos, quadris,
há pausa à noite, as fezes são pastosas ou líquido-pastosas tornozelos e cotovelos.
RCU x CÂNCER
O megacólon tóxico é a complicação mais temida da RCU, que, Recomendação: para todos
embora incomum, frequentemente leva à óbito. Dor abdominal os pacientes com a doença há
intensa com distens o abdominal, taquicardia, febre e sinais mais de 8-10 anos, é
de peritonite comp em seu quadro cl nico recomendada colonoscopia
anual para rastrear displasia e
O megacólon tóxico ocorre quando a inflamação compromete a câncer colorretal
camada muscular, levando à perda de seu tônus intrínseco e
consequente adelgaçamento (afinamento) da parede intestinal.
Todo o cólon (ou segmentos dele) pode se dilatar, em geral, a DIAGNÓSTICO DA RCU
dilatação colônica predomina no transverso e cólon direito
N o existe nenhum marcador patognom nico da doen a;
desta forma, o diagn stico é, em geral, feito por meio da
avaliação do quadro cl nico, dos achados laboratoriais,
radiol gicos, endosc picos e histol gicos. Para confirmar o
diagnóstico da RCU, a retossigmoideoscopia com biópsias
é o exame de escolha! Praticamente todos os pacientes
proctite, e a maioria também apresentam proctossigmoidite
ALTERAÇÕES LABORATORIAIS
Azatioprina e ciclosporina
TERAPIA BIOLÓGICA
Derivados do 5-ASA
A colonoscopia com biópsias
é indicada na suspeita de O ácido 5-aminosalicílico é um anti-inflamatório que age na
doença grave (+6 evacuações mucosa intestinal (não é um AINE, então ele não aumenta o
diárias ou sinais sistêmicos), risco de sangramento) reduzindo a inflamação e os sintomas
embora seja contraindicada na associados à RCU, como diarreia, sangramento retal e dor
suspeita de megacólon tóxico. abdominal. Mecanismos:
Ela é útil para ver a extensão da
doença e DG diferencial com DC • Inibição da cascara do AA, envolvendo COX e lipoxigenase
• Inibição da produção de radicais livres
• Inibição da função linfomonocitária e produção de anticorpos
TRATAMENTO DA RCU • Inibição da produção da IL-1
O objetivo principal do tratamento, é a indução e a manutenção Existem 2 tipos básicos derivados do 5-ASA: compostos
da remissão, de preferencia clínica e endoscópica (ou seja, tem ligados ao radical sulfa e os não ligados
que reavaliar pra ver se melhorou).
• Compostos não ligados ao sulfa (mesalazina): se
dissolvem no pH básico, ou seja, no íleo terminal e intestino
MEDIDAS GERAIS
grosso. Pode ser ministrada pela via retal (como na colite
distas) como supositório. É uma boa estratégia pois permite
Devem ser empregadas medidas de suporte: reposição
doses altas do medicamento com pouco efeito colateral
hidroeletrolitica, correção de anemia e suporte nutricional. A
• Relação com o eixo HHA: os corticoides podem suprimir a Seu mecanismo de ação é por meio da inibição da
produção endógena de cortisol, levando à supressão da glândula calcineurina: a ciclosporina entra na célula T, inibe a
adrenal. Isso ocorre porque a administração exógena de corticoides calcineurina, consequentemente, a calcineurina não consegue
pode interferir no feedback negativo desse eixo, resultando em uma desfosforilar o FNcTA (fator nuclear citosólico da célula T
diminuição da secreção de hormônios adrenocorticotróficos (ACTH) ativada) que tinha a função de ativar genes que codificam
pela hipófise e, consequentemente, na produção de cortisol pelas citocinas. O resultado disso é a inibição da produção e
glândulas adrenais. liberação de IL-2
Agentes “biológicos"
Imunomoduladores
Este grupo é composto por anticorpos monoclonais
Os principais recomendados pelo PCDT da OMS são a humanizados que têm como alvo moléculas essenciais para a
ciclosporina e azatioprina. Essas drogas são usadas em cascata inflamatória. Atualmente, existem duas classes em uso
portadores de DII moderada-grave, e podem ser usadas para clínico nas DII: (1) agentes ANTI-TNF e (2) agentes anti-
permitir o desmame do corticoide (em pacientes que não integrinas
conseguem reduzir a dose do corticoide sem apresentarem
exacerbação) • Angentes anti-TNF (infliximab): é uma IgG monoclonal
que bloqueia o TNF-a (citocina inflamatória pois ativa os
• Mecanismo de ação da azatioprina: é uma pró-droga, linfócitos TH1). Sua administração é IV. O problema dele é
convertida em 6-mercaptopurina (6-MP), mas sua forma ativa que seu uso prolongado faz com que até 40% dos pacientes
é o TIMP (6-MP-ribose-fosfato). O TIMP é incorporado ao desenvolvam anticorpos anti-infliximab = afeta o efeito
DNA e ao RNA das células, interrompendo a síntese de terapêutico
Esther Santos - Medicina Unimontes T77
RETOCOLITE
• Tratados inicialmente com corticoide VO + 5-ASA.
Considerar imunossupressor (azatioprina) caso haja
Retocolite corticodependência
moderada-grave • Naqueles com falha ao imunossupressor (azatioprina),
considerar o uso de terapia imunobiológica com
infliximabe ou vedolizumabe
COLITE GRAVE
Os pacientes com doença grave que não responderam às medidas acima e
TRATAMENTO RCU PARA INDUZIR REMISSÃO aqueles pacientes com doença grave e acometimento sistêmico:
O tratamento vai depender se a doença está na sua forma leve, • O paciente deve ser internado e tratado em ambiente hospitalar com
moderada ou grave. Para saber isso, usados o índice de corticoide IV por 7 a 10 dias. Nesse período, a equipe cirúrgica deve
avaliar e acompanhar o paciente caso a cirurgia seja indicada
gravidade de Truelove e Witts: • Não melhorou com corticoide: adiciona ciclosporina IV durante 7 dias
• Cirurgia: colectomia subtotal com confecção de ileostomia e programação
de reconstrução de transito intestinal (com ou sem bolsa ileal) após
recuperar do quadro agudo
Fístulas
EXAMES DE IMAGEM
Os abscessos podem se formar dentro da parede intestinal,
ou em áreas adjacentes, como na cavidade abdominal, entre • Método de escolha🥇 : A ileocolonoscopia com biópsias
alças intestinais ou em tecidos próximos, como o espaço
perianal. Os sintomas dos abscessos na doença de Crohn é o exame de escolha! A grande maioria dos pacientes com
podem incluir dor abdominal intensa, sensibilidade ao toque, doença de Crohn apresenta acometimento do íleo terminal e
febre, calafrios, náuseas e vômitos do cólon ascendente. Encontraremos um comprometimento
salteado, manifesto por úlceras aftosas que, quando
coalescentes, dão o aspecto de “pedras de calçamento
DC x CÂNCER (paralelepípedo)”
Da mesma forma da RCU, a DC também aumenta o risco de • Raio X: podem ser úteis na suspeita de obstrução intestinal,
c ncer de c lon ap s 8 anos de doen a, principalmente com oclusão de megacólon tóxico (também pode acontecer na
grande área do c lon comprometida. Ou seja, maior risco DC), litíase urinária ou litíase biliar. O REED pode revelar
conforme dura o da DC, da extensão da doença, idade espessamento da mucosa ou estreitamento da luz
TRATAMENTO
Como não existe cura definitiva, o tratamento deve induzir e Pacientes doença grave a fulminante
manter sua remissão com o mínimo possível de complicações
Devem ser tratados em hospitais, com hidratação, transfusão e
e efeitos colaterais
suporte nutricional a critério clínico. Iniciamos o tratamento
com corticoide (hidrocortisona) IV, que é substituída por VO
• Medidas gerais na fase aguda: repouso no leito, suporte
após melhora clínica, passando a tratar o paciente como
nutricional com terapia enteral/parenteral, suplementação
doença moderada a grave (seguindo mapa mental)
vitamínica e suporte emocional. O TABAGISMO DEVE SER
ABANDONADO (SEMPRE)
CIRURGIA
CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE
Cerca de 50% dos portadores de DC necessitarão de pelo
O primeiro passo na definição da terapia farmacológica é menos um procedimento cirúrgico em algum momento de suas
classificar a gravidade da doença. Para tanto, seguimos os vidas. As principais indicações de cirurgia na DC são:
preceitos expostos na tabela:
REFERÊNCIAS
• Gastroenterologia essencial
• Gastroenterologia graduação pós graduação
• PCDT retocolite ulcerativa do MS 2019
• PCDT doença de Crohn MS 2017
FISIOLOGIA DA DEFECAÇÃO
DEFECAÇÃO
FATORES DE RISCO
CONTINÊNCIA x DEFECAÇÃO
• A defecação requer: relaxamento do puborretal, redução do • Gestação: pelo aumento dos níveis de progesterona,
angulo anorretal e relaxamento do esfíncter anal externo diminuição da atividade física e uso de suplementos com
efeitos constipastes (sulfato ferroso, cálcio)
• Medicamentos: opioides (os mais comuns), diuréticos, ADT,
anti-histamínicos, antiespasmódicos, anticonvulsivantes
GESTAÇÃO E CONSTIPAÇÃO
SINAIS DE ALARME
CONSTIPAÇÃO PRIMÁRIA
Obstrução A obstrução do cólon manifesta como constip
Também chamada de constipa o intestinal simples, é aquela
provocada por situa es inerentes aos hábitos de vida do O assoalho pélvico está fraco e relaxado
paciente → a anatomia do órg o est preservada. Síndrome do
excessivamente, deixando o reto mais vertical
períneo que o normal e o músculo frouxo favorece o
descendente
CAUSAS DA CONSTIPAÇÃO PRIMÁRIA prolapso retal. Ex.: pós parto
Pacientes que não apresentam causa orgânica Os pacientes sentem dor quando o reto está
Sensação retal
Ingesta alimentar revela ingesta reduzida de fibras (acelera o distendido no Vmáx,mas não conseguem sentir
diminuída
inadequada trânsito, aumenta o peso das fezes e a vontade de defecar
frequência) e/ou de líquidos
DISTÚRBIOS PSICOLÓGICOS
Um estudo mostrou que as evacuações não
são influenciadas pelos exercícios. Porém, A constipação pode ser uma manifestação da
principalmente em idosos, colabora para a depressão por vários motivos: depressão tem
Sedentarismo Depressão baixa serotonina (que regula função intestinal),
ocorrência de constipação (além disso, debilita
os mm diafragmáticos, abdominais e pélvicos podem ter dieta pobre em fibra e líquidos, falta
que atuam na fase expulsava da defecação de exercício físico por causa da desmotivação
Fica constipada por alterações hormonais e Pacientes com distúrbio alimentar (anorexia
Gravidez nervosa, bulimia) fazem uso regular de
compressão do útero sobre o intestino
laxantes para facilitar o emagrecimento ou
Durante as viagens, é comum a mudança do aliviar a compulsão alimentar.
hábito intestinal, consequentemente altera a Distúrbios
Viagens alimentares
evacuação (mas é transitória, quando volta à O uso crônico de laxantes pode levar à
rotina, normaliza) dependência ou tolerância, o que significa que
o intestino pode se tornar menos responsivo
O bloqueio repetido do desejo de evacuar aos efeitos dos laxantes ao longo do tempo.
provoca alterações, por vezes definitivas, nos
Perda do reflexo mecanismos sensoriais, fazendo com que a
da evacuação Esther Santos - Medicina Unimontes T77
chegada de fezes no reto não seja capaz de
provocar o desejo de evacuar
Geralmente é um problema crônico e corresponde à maior Parece que ocorre quando há uma incoordenação do
parte dos casos de constipa o intestinal, onde n o há mecanismo da evacuação, dependente da musculatura pélvica.
nenhuma alteraç o estrutural, metabólica ou medicamentosa,
Os mecanismos fisiopatológicos são diversos, mas parece que
nem qualquer altera o na rotina diária do paciente que possa
uma das causas principais é a contração da musculatura da
justificar o sintoma
pelve (músculo puborretal/levantador do ânus e EAE) em vez
de relaxamento na hora da evacuação. Isso gera um acúmulo
Do ponto de vista fisiopatol gico, pode ser dividida em 3 de bolo fecal na região retossigmoide (dissinergia do assoalho
grupos: constipa o intestinal com tr nsito normal, com pélvico)
tr nsito lento e obstru o anorretal (defeca o dissin rgica
ou obstrutiva)
Abordagem laboratorial
Para aqueles paciente que precisam de um diagnóstico
etiológico por exemplo: hemoragrama, proteínas séricas, testes
para alterações endócrinas (TSH, T4, PTH) ou metabólicas
(glicemia etc), exame das fezes etc. Sempre correlacionando
com os parâmetros clínicos
RECOMENDAÇÕES AGA
• Enema opaco: pode solicitar para casos com pacientes - é possível identificar: alterações que causam obstrução
chagásicos com o objetivo de identificar o megacólon, ou como retocele e contração paradoxal do levantador do ânus
para pacientes com constipação intestinal refratária
Manometria anorretal
• Colonoscopia: solicitada apenas para os pacientes com
sinais de alarme ( > 50 que não fizeram rastreio de câncer de A manometria anorretal é um exame realizado para avaliar a
colorretal após o inicio da constipação e pacientes com função muscular do ânus e do reto, ele faz isso medindo a
constipação refratária ao tratamento pressão de repouso e a pressão de contração da região
anorretal. Ele é utilizado para diagnosticar distúrbios
relacionados ao controle dos esfíncteres anais, como
TESTES FUNCIONAIS (FISIOLÓGICOS) incontinência fecal, constipação crônica e distúrbios da
evacuação.
Considera-se que os testes funcionais devem ser solicitados
nos casos de constipa o refrat ria ao tratamento cl nico
convencional (fibras e laxantes) → o racioc nio cl nico baseia-
se na identifica o de duas condi es principais: a evacua o
obstru da ou a inércia col nica.
É um exame muito usado, em que o paciente ingere capsulas Durante o exame, um pequeno cateter flexível, contendo
contendo marcadores radiopáticos, e depois, realiza-se uma sensores de pressão, é inserido no reto e/ou no ânus. Os
radiografia simples do abdome após 5 dias (o transito colônico sensores medem a pressão exercida pelos músculos anorretais
normal é de até 72 horas) durante as diferentes fases da evacuação. O paciente é
orientado a realizar certos movimentos, como apertar e relaxar
Obs.: se o paciente ficou com marcadores principalmente no os músculos, bem como a tolerar a introdução do cateter.
reto, ele pode apresentar algum de obstrução
Obs.: a principal indicação é pra diferenciar a constipação
intestinal idiopática da doença de Hirschprung (megacólon
congênito)
DOENÇA DE HIRSCHPRUNG
Durante o teste, um balão inflável é inserido no reto e • Postura: deverá ser ensinada e sugerida pelo médico. Nos
inflado com ar ou água para criar uma sensação de plenitude casos mais graves, pode-se lançar mão de um tablado ou
retal. O paciente é então solicitado a expulsar o balão como suporte de elevação para os pés, para conseguir uma
se estivesse tentando evacuar. A pressão do esfíncter anal e a posição mais fisiológica
coordenação entre os músculos do assoalho pélvico são
registradas por meio de sensores colocados na região anal.
O efeito benéfico da psicoterapia seria a diminuição da O tratamento cirúrgico deve ser restrito aos casos de
ansiedade e o consequente relaxamento da musculatura constipação refratária ao tratamento clínico. Devem ser
pélvica. Em crianças, a constipação intestinal pode fazer parte excluídas, no pré-operatório, a coexistência de distúrbios de
de uma constelação de problemas familiares. Com frequência, motilidade do trato gastrointestinal alto, assim como a
são constipadas apenas em casa, sugerindo um conflito com disfunção do assoalho pélvico. Para os pacientes com
um ou ambos os pais. constipação de trânsito lento, a cirurgia mais indicada é a
colectomia subtotal com ileorretoanastomose
É preciso convencer os pais de que o que eles pensam ser um
problema físico é, na verdade, emocional. Nesse caso, a
terapia da família é fundamental, tirando dos pais o
sentimento de culpa e frustração
ESCOLAR E PRÉ-ESCOLAR
INVESTIGAÇÃO DA CONSTIPAÇÃO
QUADRO CLÍNICO
ANAMNESE
MANUTENÇÃO