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Aula 01 – Introdução à obesidade: definição,
causas e impacto na saúde, incluindo a relação
entre a obesidade e a saúde mental 1

Aula 02 – Compreendendo nossas emoções e


comportamentos alimentares: como nossas
emoções podem afetar nossos hábitos
alimentares e nos levar a escolhas pouco 4
saudáveis.

Aula 03 – O que é uma alimentação emocional? 7

Aula 04 – O que liberamos quando comemos:


explorando as emoções que estão por trás da
comida e como essas emoções afetam nossos
10
hábitos alimentares

Aula 05 – Por que se alimentar tem a ver com


13
prazer e como a alimentação influencia nas
emoções
SUMÁRIO

Aula 06 – Alimentação saudável e prazerosa: é


possível equilibrar uma alimentação saudável
com o prazer de comer? 16
Aula 07/08 – Estilo de vida e hábitos alimentares:
alimentação saudável, atividade física e hábitos
de sono 19

Aula 09 – Fome emocional: por que descontamos


sentimentos na comida 27

Aula 10 – Bloqueios mentais que impedem seu


emagrecimento 29

Aula 11 – Trauma pessoal ou infantil e transtornos


alimentares 32

Aula 12 – Comendo de forma Consciente, longe


das distrações 36

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Aula 13 – Combate à compulsão alimentar:
identificação dos sintomas da compulsão
alimentar e compreensão dos fatores que podem 38
levar a esse comportamento.

Aula 14 – Superando a compulsão alimentar:


estratégias eficazes para lidar com a compulsão
alimentar e recuperar o controle sobre os hábitos 41
alimentares

Aula 15 – Superando a Bulimia Nervosa:


Estratégias Eficazes para Lidar com a Bulimia
Nervosa e Recuperar o Controle sobre os Hábitos 43
Alimentares

Aula 16 – Como a TCC pode ajudar no tratamento 47

Referências 50
SUMÁRIO

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1

Aula 01 – Introdução à obesidade: definição,


causas e impacto na saúde, incluindo a relação
entre a obesidade e a saúde mental

Os processos de saúde e adoecimento são influenciados por fatores


biológicos, psicológicos e sociais. A obesidade é comumente
associada a transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Essa
associação é verificada em ambas as direções. Transtornos mentais,
como distúrbios alimentares, depressão e ansiedade, favorecem o
desenvolvimento da obesidade, assim como a obesidade aumenta a
incidência dos transtornos mentais.

Muitos estudos investigaram a relação entre obesidade e depressão.


Luppino e colaboradores observaram que 55% das pessoas obesas
têm um maior risco de desenvolver depressão ao longo da vida,
enquanto 58% das pessoas deprimidas tendem a se tornar obesas.

Mas quais seriam os aspectos desse processo mais especificamente


presentes na obesidade? A obesidade é vista pelo corpo como um
processo inflamatório, uma vez que o ganho de peso ativa as vias
inflamatórias e a inflamação ativa citocinas pró-inflamatórias que
contribuem para o quadro depressivo. A obesidade, ao desregular o
eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA), produz um aumento na
secreção de cortisol, o que provoca oscilações no humor. A obesidade
central, relacionada principalmente a doenças cardiovasculares, está
associada diretamente a distúrbios emocionais, pesadelos e ao uso de
antidepressivos. Além disso, a medida da circunferência abdominal e
o índice de massa corporal (IMC) de pessoas com sobrepeso e obesas
vêm sendo associados a uma maior probabilidade de sintomas do
transtorno depressivo maior, moderado e grave. Como já
mencionado, a relação entre depressão e obesidade é bidirecional e é
mais prevalente em mulheres.

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No entanto, como a associação existente é bidirecional, a obesidade


também predispõe à depressão, e alguns dos seus mecanismos
incluem os efeitos negativos na autoimagem, os comentários
pejorativos sobre o peso e as consequências somáticas dessa doença.
Nos dias atuais, a magreza é considerada o padrão de beleza pelos
padrões sociais e culturais. Assim, a obesidade pode contribuir para a
insatisfação corporal e baixa autoestima, ambos considerados fatores
de risco para a depressão.

Além disso, a depressão, na maioria dos casos, causa diminuição da


motivação e da sensação de falta de energia, levando à mudança nos
hábitos alimentares e à despreocupação com a saúde da pessoa que
a vivencia. O indivíduo deprimido realiza menos atividades físicas, seu
engajamento em atividades físicas é menor, o que favorece o
desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto calórico. As
complicações clínicas podem ser explicadas, em parte, pelo estilo de
vida não saudável, frequentemente presente nos transtornos
depressivos e ansiosos e em pessoas obesas.

A associação entre os demais transtornos mentais e a obesidade


também revelou uma alta frequência de quadros de ansiedade entre
obesos. Outros transtornos mentais mais graves, como transtornos
bipolares e transtornos alimentares, têm sido menos estudados em
sua associação com a obesidade, com exceção do transtorno do
comer compulsivo (TCC), devido à sua associação com casos graves
de obesidade.

Os transtornos ansiosos são mais prevalentes em pacientes com


obesidade do que com sobrepeso. Ser diagnosticado com ansiedade
aumenta a probabilidade deste paciente tornar-se obeso em, pelo
menos, 12 meses. Essa associação é mais frequente em mulheres, da
mesma forma que acontece em comparação ao transtorno de de-

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pressão maior.

O diagnóstico da depressão é feito na presença de uma combinação


de sintomas, que incluem alterações no sono e apetite, humor
depressivo, crenças de menos valia e, principalmente, a falta de
interesse e motivação, além dos dois sintomas centrais da depressão,
que são a tristeza (humor depressivo, frequentemente manifesto por
choro fácil) e a perda de prazer nas atividades que antes eram
valorizadas. Diversas queixas físicas, incluindo dores
musculoesqueléticas e disfunções sexuais, que podem ser
consideradas queixas somáticas associadas ao sobrepeso, também
estão presentes na depressão e costumam ser atribuídas a uma
possível origem orgânica, dificultando a detecção do transtorno
mental.

Da mesma forma, a ansiedade se manifesta por queixas físicas, às


vezes inexplicáveis, e por sintomas genéricos como impaciência,
irritação e inquietação, além da alteração do sono e do apetite.
Devido a essa mistura de queixas somáticas, é fundamental que seja
ativamente pesquisada a presença de sofrimento emocional,
investigando esses sintomas e indagando sobre como o paciente se
sente emocionalmente.

Quanto aos dois transtornos alimentares mais associados à obesidade


(TCC e BN), em ambos se encontra o consumo excessivo e repetido
de grandes quantidades de comida em curto período de tempo,
acompanhado pela sensação subjetiva de perda de controle, seguido
de culpa. Na BN, os episódios de compulsão alimentar provocam
comportamentos compensatórios inapropriados, como a indução de
vômitos. Esses comportamentos têm o objetivo de evitar o ganho de
peso devido ao excesso calórico ingerido.

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Aula 02 – Compreendendo nossas emoções e


comportamentos alimentares: como nossas
emoções podem afetar nossos hábitos
alimentares e nos levar a escolhas pouco
saudáveis.
A relação entre nossas emoções e nossos comportamentos
alimentares é fundamental para entender como nossos hábitos
podem afetar nossa saúde. Talvez você já tenha percebido que em
momentos de grande felicidade ou tristeza, sua alimentação se altera,
levando a excessos ou a uma diminuição no consumo de alimentos
em relação ao seu padrão habitual.

O comportamento alimentar desempenha duas funções principais:


garantir a ingestão dos nutrientes necessários para nossa
sobrevivência (processos fisiológicos) e proporcionar prazer por meio
do ato de comer, liberando neurotransmissores, como a serotonina e
a dopamina, que estão associados ao bem-estar e ao prazer. Ambas
as funções dependem da motivação, ou seja, de impulsos internos
que levam o indivíduo a ajustar seu comportamento em relação ao
corpo e às necessidades alimentares.

O hipotálamo, uma parte essencial do cérebro, desempenha um


papel crucial na regulação da ingestão de alimentos e está dividido
em duas regiões distintas: a região lateral e a ventromedial.

A região lateral está relacionada com o centro da fome. Uma lesão


nessa área pode fazer com que a pessoa perca o apetite e,
consequentemente, peso constantemente. Por outro lado, a região
ventromedial está associada à sensação de saciedade. Se houver uma
lesão nessa área, a pessoa pode desenvolver comportamentos de
compulsão alimentar, nunca atingindo a sensação de saciedade.

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É importante destacar que todas as regiões do hipotálamo estão sob


a influência do Sistema Límbico, que desempenha um papel
fundamental nas nossas emoções. Qualquer alteração nesse sistema
pode ter um impacto significativo na regulação da fome e do
comportamento alimentar. Portanto, compreender como as
emoções e o cérebro estão interligados é essencial para abordar os
desafios relacionados à alimentação e ao bem-estar emocional.

Pesquisas têm demonstrado que lesões no núcleo amigdalóide,


localizado no Sistema Límbico, podem causar alterações significativas
na ingestão de alimentos. Dependendo da área afetada, essas lesões
podem levar a um aumento ou inibição na ingestão alimentar. O
principal efeito das lesões no núcleo amigdalóide é o que podemos
chamar de "cegueira psíquica", onde o indivíduo perde o controle
sobre o tipo e a quantidade de alimentos ingeridos. Isso acontece
com pacientes que têm lesões nessa área e que se tornam menos
seletivos, consumindo alimentos que antes não toleravam.

Mas afinal, qual é a função da fome?

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Do ponto de vista fisiológico, a fome é um sinal que nos alerta


quando é necessário ingerir alimentos, a fim de fornecer ao
organismo a energia e os nutrientes necessários para a sua
sobrevivência. No entanto, nos dias de hoje, a palavra "fome" adquiriu
uma nova conotação. A comida sempre desempenhou um papel
essencial nas relações humanas, associada a momentos de
confraternização e ao prazer, desempenhando um papel
fundamental na cultura de uma população. Portanto, mais do que
simplesmente atender às necessidades nutricionais, a busca por
alimentos se tornou uma estratégia para encontrar conforto e
sensações agradáveis. Por esse motivo, esse comportamento pode
ser diretamente influenciado pelo estado emocional do indivíduo.

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Aula 03 – O que é uma alimentação emocional?

A alimentação emocional refere-se ao ato de buscar a ingestão de


alimentos para suprir necessidades psicológicas, muitas vezes
resultando em um desejo súbito por alimentos específicos que,
frequentemente, não levam à sensação de saciedade após o
consumo. Os alimentos desejados nesses momentos costumam ser
ricos em carboidratos simples, que, quando ingeridos, provocam um
aumento nos níveis de glicose (açúcar) na corrente sanguínea,
proporcionando uma sensação de prazer e uma maneira de lidar com
decepções, tristeza, inquietações, perdas e ansiedade. Mas por que
isso acontece?

Sentimentos negativos, como frustração, ansiedade, raiva, cansaço,


tédio, tristeza, depressão e baixa autoestima, desencadeiam o
estresse, afetando o humor e influenciando o comportamento
alimentar. Esse estresse emocional contribui para um aumento do
apetite e da ingestão de alimentos, muitas vezes justificado pelo
pensamento de que merecemos um "agrado" em momentos difíceis,
como "hoje foi difícil, eu mereço" ou "estou muito estressado, mereço
um chocolate". No entanto, quando cedemos a esses pensamentos
com frequência, podem surgir sentimentos de culpa, que
intensificam ainda mais os quadros de estresse e ansiedade. Além
disso, as mudanças no comportamento alimentar, como a motivação
para comer, a ingestão de alimentos além das necessidades diárias
do corpo, a escolha de alimentos e a digestão, favorecem o ganho de
peso corporal, agravando ainda mais os problemas de baixa
autoestima, depressão e compulsão alimentar.

Alguns alimentos contêm nutrientes capazes de estimular o


hipotálamo, uma região do cérebro responsável pela síntese e
liberação de hormônios e neurotransmissores relacionados à regula-

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ção do apetite e do humor. Isso pode gerar efeitos semelhantes ao


uso de medicamentos que atuam no sistema nervoso central. Por
exemplo, a ingestão de carboidratos aumenta a liberação de insulina,
facilitando a passagem do aminoácido triptofano para o cérebro,
favorecendo a síntese de serotonina, um hormônio que regula o
humor e promove a sensação de bem-estar. Já a ingestão de
alimentos que combinam açúcar com gordura, presente em muitas
escolhas alimentares de alimentação emocional, estimula a síntese
de dopamina e noradrenalina, melhorando o estado de humor e
motivação, além de reduzir os sentimentos associados à ansiedade e
depressão.

Quando uma pessoa experimenta fome emocional, seus desejos


geralmente se concentram em alimentos específicos, como doces e
carboidratos, e essas ânsias são frequentemente urgentes, como se
apenas essas opções fossem capazes de satisfazer sua necessidade
emocional.

Por outro lado, quando uma pessoa sente fome física, o organismo
fica satisfeito com uma variedade de alimentos, incluindo opções
saudáveis, como frutas, grãos e proteínas. Portanto, é essencial
distinguir entre a fome e a alimentação por conforto (fome
emocional), especialmente quando a ansiedade se manifesta sob a
forma de desejos por sorvetes ou frituras, principalmente logo após
uma refeição.

A fome física costuma ser sentida no estômago, acompanhada por


sensações como ronco abdominal, e aumenta gradualmente. Em
contrapartida, a fome emocional muitas vezes leva a uma ingestão
rápida, sem degustação adequada dos alimentos, resultando em um
consumo compulsivo. Além disso, esse tipo de fome geralmente leva
a escolhas alimentares menos saudáveis, pois tende a ser impulsiva e

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a não priorizar alimentos nutritivos, levando muitas vezes a


sentimentos de culpa após a ingestão.

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Aula 04 – O que liberamos quando comemos:


explorando as emoções que estão por trás da
comida e como essas emoções afetam nossos
hábitos alimentares

Quem nunca experimentou aquela sensação de prazer instantâneo


ao saborear um pedaço de chocolate? Pode acreditar: não é apenas
uma lenda dizer que a alimentação pode influenciar diretamente o
nosso humor. Além disso, muitas vezes, o bem-estar proporcionado
pelos alimentos não está ligado apenas ao sabor agradável que eles
oferecem. A explicação para isso é mais científica do que se imagina.

Alguns alimentos contêm nutrientes capazes de aumentar a


produção de quatro neurotransmissores essenciais: dopamina,
serotonina, endorfina e ocitocina. Esses neurotransmissores são
substâncias químicas produzidas pelos neurônios, que
desempenham um papel crucial no funcionamento do cérebro,
transmitindo impulsos nervosos e causando sensações de prazer e
bem-estar.

Os hormônios da felicidade não estão sempre disponíveis, uma vez


que um excesso dessas substâncias pode levar a problemas de saúde,
como diarreia, tremores e até mesmo comportamento agressivo.
Portanto, depois de cumprir sua função, eles param de ser liberados.
Para que voltem a ter efeito, é necessário fornecer um novo estímulo,
que pode variar para cada um desses neurotransmissores.

A boa notícia é que existem maneiras simples e naturais de ativar


esses hormônios, como a escolha de alimentos específicos. Aqui está
mais informações sobre cada um deles:

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Endorfina

As endorfinas são um grupo de substâncias que têm uma estrutura


química semelhante à morfina e atuam como analgésicos naturais,
além de proporcionar uma sensação discreta de euforia. Portanto, as
endorfinas nos deixam mais dispostos e aumentam nossa tolerância
à dor, como as dores musculares após um exercício intenso. Estimular
a liberação desse neurotransmissor pode ocorrer através de exercícios
físicos, mas também pode ser alcançado por meio de atividades
como cantar, dançar ou colaborar em equipe.

Alimentos que ativam a endorfina: alimentos picantes ricos em


capsaicina, como pimenta-malagueta, pimenta-dedo-de-moça,
pimenta-caiena, jalapeño e chili.

Serotonina

A serotonina desempenha um papel importante no cérebro,


promovendo bem-estar e relaxamento, que estão intimamente
ligados à sensação de felicidade e tranquilidade. A deficiência de
serotonina (juntamente com a dopamina) é um dos principais
mecanismos bioquímicos por trás da depressão e da ansiedade. A
liberação de serotonina ocorre quando nos sentimos valorizados ou
importantes, ou após atividades que nos proporcionam prazer, como
ter relações sexuais, rir com amigos ou comer nosso prato favorito.

Alimentos que ativam a serotonina: alimentos ricos em triptofano, um


aminoácido precursor da serotonina. Esses alimentos incluem
laticínios, lentilhas, feijão, grão-de-bico, aveia, centeio, nozes,
castanhas, banana, abacate, frutas secas, brócolis, espinafre e
chocolate amargo.

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Dopamina

A dopamina está fortemente relacionada à motivação, incentivando-


nos a perseguir objetivos e recompensando-nos quando os
alcançamos. A liberação de dopamina ocorre quando damos o
primeiro passo em direção a um objetivo e quando o alcançamos,
seja conquistar uma promoção no trabalho ou entrar em uma calça
que antes não servia. A dopamina tem um aspecto viciante, pois nos
incentiva a buscar novas recompensas, tornando-se fundamental
para o alcance de nossos objetivos.

Alimentos que ativam a dopamina: Não há alimentos específicos que


estimulem a liberação da dopamina, pois isso depende das
preferências individuais. Portanto, seja uma pizza no sábado à noite
após uma semana de dieta ou uma salada que você mesmo cultivou -
qualquer alimento pode representar uma recompensa pelo seu
esforço.

Ocitocina

Conhecida como o "hormônio do amor", a ocitocina é responsável


pelos vínculos emocionais que estabelecemos com outras pessoas.
Ela desempenha um papel fundamental no parto e na
amamentação, facilitando a conexão entre mãe e bebê. Acredita-se
que seja o hormônio mais importante entre os quatro quando se
trata de estabelecer relações de confiança.

Alimentos que ativam a ocitocina: Não existem alimentos específicos


que estimulem a produção de ocitocina. Em vez disso, o que
realmente funciona é compartilhar uma refeição com entes queridos
e desfrutar de um prato que traz memórias afetivas, evocando
sentimentos de carinho e amor.

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Aula 05 – Por que se alimentar tem a ver com


prazer e como a alimentação influencia nas
emoções

A comida é percebida por muitos como algo que transcende a mera


sobrevivência. A exploração de novos sabores, seja durante uma visita
a um restaurante ou ao preparar uma refeição em casa, é uma fonte
significativa de satisfação e prazer. No cérebro, existem áreas
especializadas em identificar e processar mensagens de recompensa,
especialmente quando se trata de consumir alimentos ricos em
gordura e açúcar. Décadas de pesquisa psicológica sugerem que
qualquer comportamento recompensado tem uma tendência a se
repetir. É assim que surge a alimentação emocional - quando as
pessoas utilizam a comida como uma maneira de lidar com suas
emoções, em vez de simplesmente saciar a fome.

Mas o que é, de fato, a alimentação emocional ou fome emocional?

Existem inúmeros fatores que podem interferir nos sinais e sintomas


normais de fome, incluindo fatores genéticos, questões de saúde
física e mental e influências ambientais. A alimentação emocional
ocorre quando uma pessoa come, mesmo sem estar fisicamente com
fome, como resposta ao surgimento de emoções específicas.

A comida se torna uma fonte imediata de conforto emocional para


lidar com sentimentos difíceis, como angústia, vergonha, raiva e
estresse. Essa associação entre comida e conforto fica gravada no
cérebro, desencadeando a fome emocional sempre que esses
sentimentos surgem.

No entanto, a alimentação emocional não oferece uma solução real


para os problemas da vida, pois esse mecanismo de recompensa fun-

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ciona apenas temporariamente. A longo prazo, pode levar a um


descontrole alimentar e ganho de peso, o que, por sua vez, pode
agravar os sentimentos negativos ao criar uma sensação de
frustração e fracasso.

É importante destacar que a fome emocional não está


necessariamente relacionada a sentimentos negativos. Ela também
pode estar associada a emoções positivas, como o amor, quando
saboreamos uma sobremesa especial no Dia dos Namorados ou
quando celebramos com um banquete nos finais de semana.

Recompensa alimentar: por que a comida proporciona uma sensação


de prazer?

A fome emocional é baseada em um sistema de recompensa


alimentar que envolve vários mensageiros químicos do corpo, como a
serotonina e a dopamina, substâncias neurotransmissoras
relacionadas à sensação de bem-estar, prazer e felicidade.

Este sistema de recompensa alimentar é composto por três


componentes principais:

1. Componente hedônico (liking): Isso envolve a antecipação do


prazer que uma pessoa sente ao comer alimentos altamente
saborosos.
2. Motivação (wanting): Esse componente é acionado pelos sinais de
recompensa que uma pessoa recebe ao comer alimentos
saborosos, levando-a a buscar mais alimentos com alto teor de
calorias.
3. Aprendizado (learning): Esse aspecto envolve a repetição do
comportamento até que ele se torne um hábito, com a busca
constante por alimentos saborosos.

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Como identificar comportamentos relacionados à alimentação


emocional?

Para reconhecer comportamentos relacionados à alimentação


emocional, é essencial identificar o que desencadeia o desejo de
comer e se há uma mudança nos padrões alimentares. Algumas
perguntas podem orientar esse processo, como:

Estou consumindo porções maiores do que o habitual?


Estou comendo em horários incomuns?
Sinto que estou perdendo o controle em relação à minha
alimentação?
Houve algum evento significativo na minha vida recentemente
com o qual estou tendo dificuldades de lidar?
Estou sentindo ansiedade em relação a algo ou alguém?
Outros membros da minha família utilizam a comida como fonte
de conforto?
Estou com sobrepeso ou houve alguma mudança substancial em
meu peso recentemente?
Estou buscando satisfazer um desejo intenso por texturas, sabores
e aromas específicos?
Estou buscando conforto e prazer nos alimentos?

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Aula 06 – Alimentação saudável e prazerosa: é


possível equilibrar uma alimentação saudável
com o prazer de comer?

Começar uma dieta com o objetivo de emagrecer pode ser um


desafio significativo, pois envolve a necessidade de modificar alguns
hábitos. No entanto, é importante perceber que uma alimentação
saudável vai além de ser apenas um meio para a perda de peso. Na
verdade, nutrir-se de maneira equilibrada e fazer escolhas
alimentares conscientes contribui para melhorar a qualidade de vida
e prevenir várias complicações de saúde. A nutricionista Fernanda
Dal' Mora ressalta que é possível encontrar prazer em uma dieta e
compartilha dicas para tornar o processo mais agradável. Ela enfatiza
que para uma vida saudável, é crucial estabelecer uma relação feliz e
prazerosa com a comida e se libertar do "peso das dietas".

Também é fundamental compreender que os alimentos têm um


significado que vai muito além das calorias que contêm. Eles estão
ligados a questões sociais e emocionais que ultrapassam a
necessidade básica de consumir nutrientes. Portanto, as experiências
prazerosas proporcionadas pelos alimentos, frequentemente
associadas a momentos especiais, não devem ser descartadas. No
entanto, Fernanda destaca a importância de não usar a comida como
um refúgio para a fome emocional.

Aqui estão algumas dicas para uma alimentação saudável:

Entenda que é um processo: É essencial compreender que uma


alimentação saudável é um processo contínuo. Paciência, foco,
determinação e consistência são fundamentais. Evite os extremismos
alimentares e busque prazer em se alimentar bem.

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Procure um bom profissional: Antes de iniciar uma dieta, é


aconselhável procurar um profissional qualificado. Esse especialista
pode entender seus objetivos e criar estratégias personalizadas, com
base em uma avaliação cuidadosa.

Identifique seus gatilhos: Tente identificar os gatilhos físicos e


emocionais que têm atrapalhado seu progresso na dieta. Isso
facilitará o alcance de seus objetivos.

Escolha uma atividade física: Encontre uma atividade física que lhe
proporcione prazer. Não é necessário passar horas na academia; o
importante é escolher algo que o motive a manter o processo.

Cuide do seu sono: O sono reparador é fundamental para o sucesso


da perda de peso e para a manutenção de uma dieta saudável.

Organize-se: Estabeleça uma rotina alimentar e anote suas metas e


compromissos diários para manter o foco.

Faça o seu melhor: Lembre-se de que o progresso pode ser gradual,


e a perda de peso na balança nem sempre é rápida. No entanto, cada
passo em direção a uma alimentação mais saudável melhora sua
qualidade de vida.

É necessário eliminar todos os alimentos que gosto?

Não é necessário excluir todos os alimentos gostosos, como


chocolate, hambúrguer e pizza, para ter sucesso em uma dieta. A
estratégia de alimentação varia de acordo com os objetivos do
paciente e deve ser personalizada. A abordagem mais eficaz é não se
envolver em extremismo alimentar. Fernanda enfatiza que nenhum
alimento individual é capaz de prejudicar o processo de perda de pe-

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so. Portanto, é importante encontrar um equilíbrio que funcione para


você.

Como encontrar equilíbrio no processo?

Reuniões sociais em restaurantes, bares e festas com amigos


frequentemente envolvem alimentos, o que pode ser desafiador
durante uma dieta. No entanto, você não precisa recusar todos os
convites ou sentir-se privado nesses momentos. Fernanda destaca
que a organização facilita esses momentos "fora da dieta". A beleza
de uma alimentação equilibrada e organizada está na sua
flexibilidade, permitindo que você desfrute de ocasiões especiais sem
comprometer seus objetivos.

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Aula 07/08 – Estilo de vida e hábitos


alimentares: alimentação saudável, atividade
física e hábitos de sono

Vamos explorar o tripé da longevidade: sono, alimentação e


exercícios. Sono, alimentação balanceada e exercícios físicos são os
três elementos que compõem a pirâmide da qualidade de vida e são
essenciais para uma vida saudável. Portanto, é crucial mantê-los em
equilíbrio.

Um excelente exemplo disso é que, quando sua alimentação é


inadequada e você não pratica atividades físicas, sua qualidade de
sono pode ser prejudicada. Quando esses três elementos caminham
de mãos dadas, sua disposição aumenta, e todas as áreas da sua vida
colhem os benefícios. Afinal, como diz o ditado, "corpo são, mente sã."

Por esse motivo, é fundamental concentrar-se na melhoria contínua


de cada um desses pilares. Neste momento, vamos explorar a
importância de manter o equilíbrio entre eles e como integrá-los
harmoniosamente.

A Importância de Uma Boa Noite de Sono

É comum que, devido às demandas da rotina diária de trabalho,


muitas pessoas tenham noites de sono inadequadas durante a
semana, tentando compensar o sono perdido nos finais de semana.
No entanto, uma noite mal dormida pode ter um impacto negativo
no funcionamento adequado do organismo, especialmente quando
se torna recorrente. Portanto, esperar pelo final de semana para
recuperar o sono não é um plano eficaz.

O sono é o momento em que o corpo entra em repouso e se revitaliza

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para o próximo dia. Mesmo durante o sono, o organismo continua a


trabalhar. Por exemplo, enquanto dormimos, os tecidos do corpo se
regeneram, e as toxinas acumuladas durante o dia são eliminadas.

O sono possui duas fases distintas: o sono profundo e o sono REM


(movimento rápido dos olhos). A duração de cada fase é determinada
pelo nosso cérebro, levando em consideração nosso estado
emocional, físico e nossos hábitos alimentares.

O sono é um hábito natural, e muitas vezes, não refletimos


profundamente sobre os benefícios que ele traz. No entanto, dormir
adequadamente ajuda a prevenir a obesidade, melhora a resposta do
corpo à insulina, fortalece a memória e aprimora o condicionamento
físico.

O Que é o Ciclo Circadiano?

O ciclo circadiano se refere ao ritmo no qual o organismo realiza suas


funções ao longo do dia. Embora fatores como temperatura,
atividade física e social também desempenhem um papel, a luz é o
elemento que exerce a maior influência no ciclo circadiano.

O ciclo circadiano está diretamente relacionado ao dia e à noite, e é


observado em plantas e animais de diferentes espécies. Nas pessoas,
o ciclo circadiano coordena os sistemas mentais e físicos.

Resumidamente, a claridade da manhã estimula a liberação de


cortisol, o hormônio que nos mantém acordados. Ao anoitecer, a
produção de melatonina, o hormônio que induz o relaxamento e o
sono, começa. Entre esses dois extremos, encontramos nossos picos
de energia e fadiga.

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Quando seguimos nosso ciclo circadiano natural, isso permite uma


produção hormonal adequada e noites de sono consistentes e
restauradoras, o que, por sua vez, tem um impacto positivo na saúde
física e mental.

A duração do ciclo sono-vigília pode variar de acordo com a idade.


Bebês, por exemplo, precisam de muito mais horas de sono
diariamente do que idosos.

A Relação Entre o Sono e a Saúde Mental

O sono é essencial para funções cognitivas e comportamentais


adequadas. A falta de sono pode prejudicar nossa capacidade de
tomar decisões, concentrar-nos, processar informações e levar a
lapsos de atenção e mudanças de humor.

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Diferentes faixas etárias têm necessidades variadas de sono para


manter um estilo de vida saudável, com os mais jovens necessitando
de mais horas de sono.

A National Sleep Foundation dos Estados Unidos (Fundação Nacional


do Sono) recomenda as seguintes horas de sono diário para
diferentes faixas etárias:

0-3 meses ➔ 14-17 horas


4-11 meses ➔ 12-15 horas
1-2 anos ➔ 11-14 horas
3-5 anos ➔ 10-13 horas
6-13 anos ➔ 9-11 horas
13-17 anos ➔ 8-10 horas
18-25 anos ➔ 7-9 horas
65 anos e mais ➔ 7-8 horas

Além disso, a falta de sono tem sido associada a um risco aumentado


de várias condições médicas, como obesidade, diabetes, doenças
cardíacas, derrame, problemas de saúde mental e até morte
prematura.

Recuperando o Sono

Todos nós sabemos como o sono afeta nosso humor. Quando não
dormimos o suficiente, nos sentimos mentalmente exaustos, nossa
capacidade de tomar decisões diminui e ficamos irritados. No
entanto, essa situação não é para ser tratada com descaso, pois a
privação crônica do sono pode se tornar uma parte constante de
nossas vidas.

O sono não afeta apenas nossa saúde mental e emocional, mas está

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intrinsecamente ligado a condições graves, como a depressão e a


ansiedade. O sono e a saúde mental possuem uma relação recíproca;
distúrbios mentais tornam difícil dormir bem, e a falta de sono piora a
condição. Por outro lado, um padrão de sono adequado ajuda a
controlar doenças mentais e pode ser um elemento crucial no
processo de recuperação.

Mantenha a Higiene do Sono

Aumente sua exposição à luz do dia: A exposição regular à luz solar


ajuda o corpo a manter um ritmo circadiano eficaz, afetando o
cérebro, o corpo e os hormônios, o que resulta em um cronograma
regular para acordar e dormir. A luz natural durante o dia melhora a
energia diurna e promove uma noite de sono de qualidade.

Limite a exposição a telas após o pôr do sol: Telas eletrônicas


emitem luz azul especial que engana o cérebro, fazendo-o acreditar
que ainda é dia. Evitar a exposição a telas pelo menos uma hora antes
de dormir ajuda a manter o ciclo de sono adequado.

Controle o desejo de cochilar durante o dia: Cochilos curtos de 15 a


20 minutos durante o dia são benéficos, mas cochilos mais longos
podem atrapalhar o sono noturno, confundindo o relógio interno do
corpo.

Crie a atmosfera certa: O ambiente do quarto é fundamental para a


qualidade do sono. A temperatura, a posição e organização dos
objetos, a iluminação e os ruídos externos desempenham um papel
importante. A otimização do ambiente de sono, minimizando
interrupções externas e a luz artificial de dispositivos eletrônicos,
contribui para um sono reparador.

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24

Aumente a ingestão de melatonina: A melatonina é um hormônio


que induz o sono, produzido à medida que a noite se aproxima. No
entanto, o estilo de vida moderno muitas vezes interrompe a
produção natural de melatonina. Consumir alimentos ricos em
melatonina, como cerejas, nozes, bananas, aveia e gengibre, pelo
menos duas horas antes de dormir, pode melhorar a qualidade do
sono.

Evite cafeína e álcool à noite: A cafeína interfere nos receptores que


se ligam à melatonina, dificultando o sono. O álcool prejudica a
produção do hormônio do sono e afeta o ritmo circadiano do corpo.

Benefícios de uma alimentação equilibrada

Uma alimentação equilibrada fornece os nutrientes, fibras e


antioxidantes necessários para o funcionamento adequado do
organismo. É essencial equilibrar a ingestão de cada grupo
nutricional.

Um prato colorido e nutritivo melhora o sistema imunológico, a saúde


intestinal, o humor, o metabolismo e a concentração. Lembre-se de
que a rotina alimentar está diretamente ligada à saúde física e
mental. Quanto mais saudável a alimentação, menor a probabilidade
de desenvolver doenças.

Alimentação e Depressão

Um estudo publicado na BMC Medicine dos Estados Unidos


demonstrou que os sintomas de pessoas com depressão moderada a
grave diminuíram após 12 semanas de uma alimentação mais
saudável. De fato, a melhora foi significativa, com 32% dos
participantes atingindo o critério de remissão, o que significa que não

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25

apresentavam mais sintomas. O cérebro necessita de certas


vitaminas para funcionar normalmente. A falta prolongada desses
nutrientes pode levar a problemas neurológicos e emocionais. Esses
nutrientes desempenham um papel na produção de
neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que estão
diretamente relacionados ao humor.

Pratique Exercícios Físicos

É fundamental enfatizar que a prática regular de atividades físicas é


essencial para o bom funcionamento do organismo, mesmo em
tempos de distanciamento social. A atividade física oferece inúmeros
benefícios além da perda de peso e da prevenção de doenças.

Os exercícios também podem melhorar a concentração, o humor e a


qualidade do sono. Durante a atividade física, o corpo produz uma
série de substâncias químicas, incluindo neurotransmissores como
serotonina, endorfinas e noradrenalina, que estabilizam o humor e
proporcionam uma sensação de bem-estar físico e mental.

Independentemente do tipo de exercício que você escolher, haverá


muitos benefícios. Por exemplo, exercícios de alongamento que
trabalham a flexibilidade muscular podem promover uma boa noite
de sono, uma vez que relaxam o corpo. Atividades aeróbicas
melhoram o condicionamento físico e a saúde cardiorespiratória.

Se você deseja uma vida longa e saudável, não subestime nenhum


desses pilares. Estimule-se a buscar a excelência em cada um deles.

A Importância dos Exercícios Físicos na Saúde Mental

A atividade física também desempenha um papel crucial na saúde

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mental. Exercícios regulares não se limitam apenas a reduzir


medidas; eles aprimoram a capacidade cognitiva, reduzem a
ansiedade e o estresse, aumentam a energia e elevam a autoestima.
Durante o exercício, o cérebro libera neurotransmissores como a
serotonina, responsável pelo bom humor e regulação do sono, entre
outras funções.

O Papel dos Exercícios Físicos no Tratamento de Transtornos


Mentais

Acredita-se que a atividade física combate aspectos específicos dos


transtornos mentais e pode complementar o tratamento psicológico.
A prática de exercícios ajuda a focar a mente no momento presente,
proporcionando uma pausa nas preocupações e emoções negativas.
A sensação de controle que a atividade física oferece pode ser valiosa
para pessoas com transtornos mentais, já que muitas vezes sentem
que não têm controle sobre suas mentes e corpos.

A quebra da rotina é outro fator que pode ser benéfico. Transtornos


mentais, como depressão e ansiedade, tendem a manter as pessoas
em estados de inatividade, com medo de situações novas. A prática
regular de atividade física pode ajudar a quebrar esse ciclo de
estagnação e fornecer um caminho em direção à recuperação.

A atividade física também desempenha um papel importante na


prevenção de diversas doenças que afetam o corpo e a mente.

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27

Aula 09 – Fome emocional: por que


descontamos sentimentos na comida

A relação entre alimentos e emoções é profundamente entrelaçada.


As pessoas escolhem o que comem com base em suas preferências
pessoais e influências culturais, mas as emoções desempenham um
papel marcante nessa equação.

Desde o momento em que um bebê experimenta o toque suave do


seio materno, uma conexão de prazer com a comida começa a se
formar. Para muitas pessoas, pensar em seu prato favorito evoca uma
mistura de imagens, emoções, sensações e memórias tão
entrelaçadas que é quase impossível separar esses componentes.

Aqueles que tentam alterar seus hábitos alimentares apenas com


base na razão podem cair em uma armadilha, pois a alimentação é
muito mais do que simplesmente uma questão de nutrição. Para
muitos, ela representa um "prazer imediato" e serve como um meio
de aliviar e compensar sentimentos negativos, como tristeza,
angústia, ansiedade e medo. Com frequência, vemos o uso de
alimentos específicos, especialmente doces, para acalmar conflitos
existenciais que parecem insuperáveis. Nesse contexto, os alimentos
podem funcionar como um substituto para enfrentar desafios e
rejeições.

Pensar em comida é um hábito arraigado em nossas vidas, uma


constante ao longo de todos os dias. Durante os fins de semana, a
ideia de almoçar ou jantar fora se tornou um programa quase
obrigatório para famílias de todas as classes sociais. Comer não é
apenas um ato de subsistência; é um evento social que revela
tradições, status socioeconômico, aspectos psicológicos e influências
educacionais.

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28

As mulheres, independentemente de serem muito rigorosas ou


pouco restritivas em relação à alimentação, frequentemente
possuem preocupações abrangentes relacionadas a seus corpos e
aos tipos de alimentos que consomem. Um estudo realizado por
Gattellari & Huon (1997) analisou os hábitos alimentares de 41 jovens
mulheres que costumavam fazer dieta, revelando que:

Comidas consideradas "proibidas" estavam associadas a um maior


prazer, sociabilidade e relaxamento em comparação com as comidas
"permitidas". No entanto, elas também eram carregadas de
sentimentos de culpa e ansiedade. As comidas "proibidas" eram
percebidas como menos saudáveis, mais propensas a causar doenças
e associadas a um sofrimento maior em comparação com as comidas
"permitidas". Isso pode ser reflexo do fato de que comidas "proibidas",
frequentemente mais calóricas, tendem a causar desconforto físico,
especialmente quando consumidas em grandes quantidades. Além
disso, comer alimentos "proibidos" pode causar angústia em
mulheres que sentem a necessidade de "comer de forma leve".

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Aula 10 – Bloqueios mentais que impedem seu


emagrecimento

Emagrecer e conquistar uma vida saudável são objetivos


amplamente desejados. No entanto, para obter sucesso, a disciplina
se estende muito além dos planos alimentares e dos exercícios
regulares. Os verdadeiros obstáculos que se escondem na mente são
os principais adversários daqueles que buscam alcançar suas metas
de emagrecimento. Um conjunto de pensamentos, sentimentos,
padrões de fala, crenças limitantes e hábitos realizados de maneira
inconsciente são os principais fatores que atrapalham esse processo.
Essas barreiras estão embutidas em atitudes impulsivas, tornando-as
difíceis de identificar e entender em sua totalidade.

Nosso cérebro opera por meio de dois sistemas distintos: o racional e


o emocional. O primeiro representa escolhas conscientes, sendo a
lógica por trás delas, promovendo gratificações positivas no longo
prazo. Quando o sistema racional prevalece, o emagrecimento ocorre
sem grande sofrimento. No entanto, o sistema emocional, de acordo
com a neurociência, é aquele que dá vazão às nossas escolhas com
base nas emoções. Nesse sistema, as emoções desempenham um
papel dominante, proporcionando uma gratificação imediata e
prazerosa quando se come, mas frequentemente resultando em
consequências desastrosas a longo prazo.

Inúmeras atitudes podem levar alguém com excesso de peso a


sabotar seu próprio emagrecimento. Todas essas barreiras residem
na mente e ocorrem muitas vezes de forma inconsciente. Já foram
identificados 23 sabotadores do emagrecimento, porém a questão-
chave é quão presentes eles estão na vida de cada indivíduo. Um
exemplo evidente de um sabotador que pode surgir na vida adulta é
o caso de uma mulher casada há muitos anos que, após descobrir

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uma traição, decide se separar. Esse evento torna-se um gatilho


mental capaz de despertar o desejo de não mais se envolver com
homens, por acreditar que todos são iguais. Como resultado, ela
passa a utilizar a comida como um refúgio emocional e uma forma de
se afastar dos homens, ganhando peso inconscientemente, a fim de
evitar ser desejada por eles.

Esses autossabotadores mantêm um diálogo constante com as


pessoas, agindo como um sistema de defesa para enfrentar os
desafios da vida. Esse mecanismo tem suas raízes na infância, quando
as crianças aprendem a criar uma zona de conforto para si mesmas.
Embora seja comum utilizar essas "defesas" para lidar com os
desafios da vida, elas também podem ser usadas para justificar falhas
e motivações, uma vez que os sabotadores sempre proporcionam
algum ganho secundário.

Aqui estão três maneiras pelas quais o cérebro pode se tornar um


"vilão":

Cultivar uma mentalidade de fracasso: Nossos pensamentos têm


um impacto direto em nossas ações. Quando nutrimos uma imagem
negativa de nós mesmos, nos colocamos na posição de fracasso,
onde acreditamos que tudo dará errado. Esse autossabotador nos
impede de realizar nossos sonhos, simplesmente porque perdemos a
fé em nossas próprias capacidades. Isso pode ser considerado a
primeira "armadilha" da mente.

Tomar decisões com base nas emoções: Como você faz escolhas
alimentares? É uma questão de lógica ou emoção? Já aconteceu de
você comer algo não saudável para compensar o estresse ou quando
algo deu errado em seu dia? Se sua resposta for afirmativa, isso
significa que você toma decisões baseadas na emoção. Em certo sen-

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tido, a comida preenche lacunas emocionais, sendo uma recompensa


para momentos difíceis. Esse é outro erro substancial induzido pelo
cérebro, que pode comprometer todo o processo de emagrecimento.

Resistir à mudança de comportamento: Aqueles que tentam perder


peso por um período prolongado geralmente se deparam com o
conselho de definir metas e estratégias para alcançá-las. No entanto,
o que raramente é mencionado é a necessidade de alterar os padrões
de comportamento. É fundamental treinar a mente diariamente para
quebrar hábitos enraizados antes de tudo. Por exemplo, se você
seleciona seus alimentos com base em emoções, como mencionado
anteriormente, essa prática provavelmente se tornou um hábito e
precisa ser modificado.

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Aula 11 – Trauma pessoal ou infantil e


transtornos alimentares

O trauma, conforme definido por Harris (2009), é um evento


avassalador que ameaça a identidade do indivíduo, tornando-se
ainda mais devastador quando ocorre na infância, período em que o
complexo do ego está em fase de formação. Traumas infantis,
frequentemente denominados "traumas complexos" por Van der
Kolk (2005), descrevem a exposição repetida de uma criança a
eventos traumáticos crônicos e prolongados, normalmente de
natureza interpessoal. Essas experiências traumáticas podem causar
alterações no desenvolvimento neurobiológico da criança, afetando
suas capacidades sensoriais, emocionais e cognitivas (RAMOS;
MATTA, 2018; VAN DER KOLK, 2005). Além disso, o trauma infantil
pode ter impacto profundo na capacidade de uma pessoa de
imaginar e compreender o mundo.

Mas o que exatamente é o trauma?

O trauma infantil ocorre quando uma pessoa é sobrecarregada por


uma situação que está além de seu controle, superando seus
recursos e mecanismos de autorregulação. Os mecanismos de
controle, que normalmente mantêm o autocontrole, são
prejudicados devido à experiência traumática, resultando em surtos
de agressividade e reações incontroláveis e irracionais. Paralelamente,
o sistema de cuidado, que possibilita ao indivíduo envolver-se
ativamente com seu ambiente e as pessoas ao seu redor, também
fica comprometido. Isso pode levar o indivíduo a oscilar entre o desejo
desesperado por afeto e o temor à possibilidade de sua presença, em
uma relação ambivalente com o afeto. Além disso, o sistema que
confere significado e propósito à vida do indivíduo é prejudicado,
resultando em uma perda de sentido em sua existência.

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A experiência do trauma na infância é tão avassaladora que os afetos


da criança congelam, levando a uma subsequente perda na
capacidade de regular suas emoções. Assim, o trauma na infância
pode ser considerado uma ferida na capacidade de sentir.

Essa experiência avassaladora e insuportável interrompe a narrativa


da vida da criança, ficando registrada na forma de emoções, sons,
imagens, pensamentos e sensações físicas. Esses elementos não
aparecem de maneira coesa, mas sim de forma fragmentada e
desconectada, podendo invadir o indivíduo traumatizado a qualquer
momento, resultando em flashbacks que fazem com que a
experiência traumática seja revivida.

Como consequência, o indivíduo traumatizado pode apresentar um


discurso fragmentado, parecer distraído, distante ou desconectado,
permanecer em estado constante de alerta em relação a ameaças e
se assustar facilmente com eventos cotidianos.

Essa experiência faz com que o presente pareça embaçado e


obscurecido, enquanto elementos das memórias fragmentadas e
intrusivas do passado traumático permanecem intensos e vívidos. O
indivíduo se sente aprisionado e imobilizado em um lugar do qual
anseia desesperadamente escapar, a experiência traumática.

É importante notar que muitos indivíduos traumatizados não


conseguem conectar elementos intrusivos com o evento traumático
devido à desconexão emocional e à imagem dissociada (VAN DER
KOLK, 2015).

Quando uma pessoa vivencia um trauma na infância, como


observado por Bromberg (2001), a estrutura dissociativa é ativada. A
dissociação é definida pela American Psychiatric Association (2014)

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como uma divisão ou desconexão entre componentes intrapsíquicos


ou uma desconexão entre pensamento e emoção. Geralmente, é
mais evidente em indivíduos que sofreram traumas psicológicos.
Partes da personalidade do indivíduo traumatizado se dissociam para
suprimir pensamentos insuportáveis. A dissociação causa danos
significativos na função integrativa do indivíduo, levando ao declínio
nas funções pessoais e profissionais, bem como à atrofia das
capacidades psicológicas que foram suprimidas. No entanto, a
dissociação protege o indivíduo traumatizado contra a fragmentação
completa de sua personalidade e evita o contato com as memórias
traumáticas (HARRIS, 2009; VAN DER KOLK, 2015).

Além da dissociação, outros mecanismos de enfrentamento incluem


a supressão de pensamentos, minimização, negação e alteração da
percepção e senso de realidade. Indivíduos traumatizados
frequentemente recorrem à fantasia como um refúgio, evitando o
contato com a realidade. Isso pode levar a sensações de que o evento
traumático não está acontecendo consigo mesmo, como se o
indivíduo observasse de fora de seu próprio corpo ou como se tudo
fosse um sonho. É comum o uso da fantasia como um mecanismo de
proteção contra o medo de rejeição ou humilhação, seja real ou
temida.

Abuso emocional ou negligência podem ser igualmente


devastadores como o abuso físico e sexual, uma vez que
frequentemente ocorrem de maneira sistemática nas mãos dos
principais cuidadores da criança, que servem como modelos para a
internalização de características emocionais e cognitivas.
Vários fatores influenciam a percepção de um evento como
traumático, incluindo o grau de exposição e a intensidade do evento,
fatores socioculturais, características psicológicas, apoio social, fatores
biológicos e a percepção individual do evento.

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O trauma infantil desencadeia uma série de efeitos cognitivos,


emocionais, físicos e interpessoais em adultos. Esses efeitos incluem
pensamentos intrusivos, apatia, irritabilidade, estreitamento
perceptual, ansiedade, hipervigilância, perturbações de memória,
tristeza, culpa e vergonha. Em termos de efeitos físicos e
interpessoais, o trauma pode resultar em arrepios, fadiga, tontura,
transpiração excessiva, alterações na frequência cardíaca,
dificuldades sexuais, conflitos nas relações sociais e isolamento.

O indivíduo traumatizado, além de ter dificuldades para discriminar e


descrever suas reações fisiológicas, também enfrenta desafios para
identificar e expressar suas reações emocionais. Em vez de
reconhecer emoções, muitas vezes relaciona essas reações
emocionais a sintomas somáticos, como fome, dor muscular,
enxaqueca, crises de asma, problemas gastrointestinais e outros
sintomas. Isso pode prejudicar sua capacidade de cuidar de si mesmo
e tomar decisões saudáveis, contribuindo para diversos transtornos,
incluindo os Transtornos Alimentares (TCA).

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Aula 12 – Comendo de forma Consciente, longe


das distrações

Você já se questionou por que comemos o que comemos? A escolha


dos alimentos que ingerimos diariamente é influenciada por uma
complexa interação de determinantes, que vão desde fatores
fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais até elementos do nosso
contexto. Portanto, o ato de comer é motivado por uma série de
razões, incluindo a fome, o prazer, preferências pessoais, tradições
culturais e crenças, celebrações sociais, o custo e a disponibilidade
dos alimentos, influências da mídia e do marketing da indústria
alimentícia, padrões de beleza e saúde ditados pela sociedade,
significados afetivos que atribuímos à comida e experiências
passadas, sejam elas positivas ou negativas.

A Alimentação Consciente surge como uma abordagem que busca


melhorar nosso relacionamento com a comida e nosso
comportamento alimentar. Ela nos convida a praticar a alimentação
com atenção plena, direcionando nossa concentração para o
presente e permitindo que estejamos mais sintonizados com os sinais
de fome e saciedade que nosso corpo nos envia.

Como praticar a Alimentação Consciente:

Preste Atenção no Alimento:


Dedique sua atenção total ao alimento diante de você.
Escolha um ambiente tranquilo, livre de distrações como
televisão, celular, computador, tablets, revistas, jornais ou música.
Quando possível, sente-se à mesa para realizar suas refeições.

Coma Devagar:
Mastigue cuidadosamente os alimentos, apreciando sua textura e

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sabor, até que estejam bem triturados.


Coloque os talheres na mesa entre cada garfada.
Se achar difícil comer devagar, experimente ocasionalmente
utilizar a mão não dominante (por exemplo, se você é destro, use a
mão esquerda) para comer.

Aprecie e Saboreie o Alimento:


Envolve todos os seus sentidos na experiência alimentar, incluindo
visão, olfato, paladar, audição e tato.
Ouça o som dos alimentos enquanto os mastiga, perceba sua cor,
aparência, aroma, sabor e textura.
Desfrute genuinamente da sua refeição.

Perceba os Sinais de Fome e Saciedade:


Esteja ciente dos sinais de fome e saciedade que o seu corpo
emite.
Utilize a escala da fome e saciedade, com o objetivo de
permanecer entre os números 3 e 6.
Faça pausas durante a refeição para sintonizar-se com os sinais do
seu corpo, percebendo se ainda sente fome ou se já está satisfeito.

A prática da Alimentação Consciente permite que você se torne mais


consciente das suas escolhas alimentares e da forma como se
relaciona com a comida. Isso pode ajudar a evitar o consumo
excessivo e promover uma relação mais saudável com a alimentação.
Portanto, a próxima vez que você se sentar para uma refeição,
considere aplicar esses princípios e desfrutar da comida de maneira
mais consciente e satisfatória.

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Aula 13 – Combate à compulsão alimentar:


identificação dos sintomas da compulsão
alimentar e compreensão dos fatores que
podem levar a esse comportamento.
O transtorno de compulsão alimentar é caracterizado essencialmente
por episódios recorrentes de compulsão alimentar que ocorrem, em
média, pelo menos uma vez por semana ao longo de três meses.

Um "episódio de compulsão alimentar" é definido como a ingestão,


durante um período específico, de uma quantidade de comida
definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em
um mesmo período, sob circunstâncias semelhantes.

Ao lado da anorexia e bulimia, a compulsão alimentar faz parte da


tríade clássica dos transtornos alimentares. Nesse transtorno, a
questão central é o excesso: a pessoa consome uma quantidade
enorme de comida. Algumas chegam a ingerir de 4 mil a 15 mil
calorias em poucos minutos, enquanto a média recomendada para
um adulto saudável é de 2 mil calorias por dia.

O que diferencia a compulsão alimentar de outros transtornos


alimentares é a falta de tentativas de eliminar esses alimentos por
meio de vômitos ou uso de medicamentos. Esses episódios súbitos
de consumo excessivo de comida são frequentemente motivados por
dilemas emocionais, como ansiedade e estresse.

É importante ressaltar a diferença entre episódios ocasionais de


consumo excessivo de alimentos e a compulsão alimentar crônica e
preocupante. Comer demais esporadicamente, como em um rodízio
de pizzas ou churrascaria, não indica necessariamente um transtorno
psiquiátrico.

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O transtorno de compulsão alimentar é caracterizado pelo consumo


repetido de quantidades excepcionalmente grandes de alimentos,
conhecido como comer compulsivamente, frequentemente
acompanhado de uma sensação de perda de controle durante o
episódio. Diferentemente de outros distúrbios alimentares, os
episódios de compulsão alimentar não são seguidos por tentativas de
compensação, como induzir o vômito.

O transtorno de compulsão alimentar periódica é mais comum em


pessoas com sobrepeso ou obesidade, que comem grandes
quantidades rapidamente, sem a prática de purgação, e isso lhes
causa grande angústia. O diagnóstico é baseado na descrição do
comportamento fornecida pela pessoa.

O tratamento visa auxiliar a pessoa a controlar a compulsão alimentar


e inclui terapia cognitivo-comportamental, o uso de inibidores
seletivos de recaptação da serotonina (ISRS), um tipo de
antidepressivo, e medicamentos estimulantes. Programas de perda
de peso, certos medicamentos para redução de peso e estimulantes
podem ser utilizados para auxiliar no controle do peso.

Normalmente, cerca de 3,5% das mulheres e 2% dos homens sofrem


do transtorno de compulsão alimentar periódica. No entanto, esse
transtorno se torna mais comum à medida que o peso corporal
aumenta. Em programas de perda de peso, cerca de 30% das pessoas
obesas ou mais apresentam o transtorno. A maioria das pessoas com
esse transtorno é obesa e o transtorno contribui para o consumo
excessivo de calorias. Ao contrário, a maioria das pessoas com bulimia
nervosa tem peso normal, e as pessoas com anorexia nervosa são
magras. As pessoas com transtorno de compulsão alimentar tendem
a ser mais velhas do que aquelas que sofrem de anorexia ou bulimia,
e quase metade dos afetados são do sexo masculino.

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Além de comer rapidamente e até sentir desconforto, muitas vezes


comem grandes quantidades de alimentos mesmo quando não
estão com fome. Frequentemente, comem sozinhas para evitar
constrangimentos e, após um episódio de compulsão alimentar,
podem sentir-se desgostosas, deprimidas ou culpadas.

O transtorno de compulsão alimentar periódica pode causar grande


sofrimento à pessoa que o possui, principalmente se estiver tentando
perder peso. Aqueles com o transtorno são mais propensos a sofrer
de depressão e ansiedade em comparação com aqueles que não têm
o transtorno. Além disso, pessoas obesas com transtorno de
compulsão alimentar periódica têm maior probabilidade de ter
preocupações com a forma do corpo, peso ou ambos, em
comparação com pessoas obesas que não sofrem de compulsão
alimentar.

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Aula 14 – Superando a compulsão alimentar:


estratégias eficazes para lidar com a compulsão
alimentar e recuperar o controle sobre os
hábitos alimentares
Como Deve Ser o Tratamento

Assim como nos demais distúrbios alimentares, o tratamento da


compulsão alimentar deve ser multidisciplinar. O indivíduo deve
receber acompanhamento médico, psicológico e nutricional. O
médico é responsável por orientar o paciente e prescrever
medicamentos, se necessário. No entanto, é crucial destacar que o
tratamento não deve se limitar apenas ao uso de medicamentos. É
essencial que o paciente trabalhe a mente, ampliando sua
conscientização sobre si mesmo, por isso, o tratamento psicológico é
fundamental. O psicólogo e o paciente devem juntos investigar os
gatilhos de ansiedade e desenvolver estratégias de controle.

Depois de abordar a mente, é necessário estabelecer um plano


alimentar, o que envolve a consulta a um nutricionista. O nutricionista
e o paciente colaborarão na criação de um plano alimentar rico em
todos os nutrientes necessários para controlar a compulsão e atingir
os objetivos de saúde. Além disso, a prática de exercícios físicos e
atividades relacionadas à atenção plena, como a meditação e o yoga,
são altamente recomendadas. Essas práticas não apenas promovem
a saúde física, mas também auxiliam na produção de endorfinas e no
controle da ansiedade.

Dicas para Superar a Compulsão Alimentar

Entenda por que você come descontroladamente: Da próxima vez


que você sentir o impulso de atacar a geladeira, tente refletir sobre o

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42

que está sentindo. Essa autoconsciência é o primeiro passo para


controlar a compulsão alimentar.

Não adote o hábito de comer de 3 em 3 horas: Em vez disso, espere


até sentir fome antes de se alimentar, mas não espere tanto tempo a
ponto de ficar faminto.

Opte por alimentos ricos em fibras: Dê preferência a frutas,


verduras, hortaliças e fontes de gorduras saudáveis, pois essas opções
proporcionam uma sensação de saciedade duradoura.

Hidrate-se: Beber água é essencial não apenas para manter o corpo


saudável, mas também para controlar a fome e o desejo de comer, o
que é especialmente útil para quem sofre de compulsão alimentar.

Evite alimentos industrializados: Alimentos processados geralmente


carecem de fibras e, como resultado, podem não satisfazer a fome.
Para aqueles que lidam com compulsão alimentar, manter-se saciado
é fundamental para evitar a tentação.

Pratique alguma atividade física: Exercícios físicos não só ajudam a


controlar a compulsão alimentar, fornecendo uma sensação de
prazer e bem-estar, como também promovem a saúde física e
mental.

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Aula 15 – Superando a Bulimia Nervosa:


Estratégias Eficazes para Lidar com a Bulimia
Nervosa e Recuperar o Controle sobre os
Hábitos Alimentares
Na bulimia nervosa, identificamos dois momentos distintos: primeiro,
ocorre o consumo exagerado de determinados produtos alimentícios.
Em seguida, a pessoa se sente culpada por ter ingerido essa grande
quantidade e procura maneiras de expurgar as calorias consumidas.
O método mais comum para eliminar esse excesso é a indução do
vômito, embora existam outras formas de compensação.

Desde a primeira descrição da Bulimia Nervosa (BN) por Gerald


Russell (1979), o conhecimento desse transtorno como uma entidade
nosológica distinta tem progredido rapidamente, graças à
proliferação de grupos de pesquisa em vários países.

A BN, em sua forma típica, é caracterizada por episódios de ingestão


compulsiva e rápida de grandes quantidades de alimentos,
geralmente sem prazer, alternados com comportamentos destinados
a evitar o ganho de peso, como o vômito, o abuso de laxantes,
diuréticos ou períodos de restrição alimentar severa, e um medo
mórbido de engordar.

A autoindução do vômito é extremamente comum, encontrada em


até 95% dos pacientes, provavelmente devido ao imediato alívio da
ansiedade que proporciona. É interessante notar que o
comportamento de provocar vômito tem raízes antigas e pode ser
encontrado na história de diferentes povos da Antiguidade.

No antigo Egito, por exemplo, grande parte do papiro de Eber é


dedicada a estimular e enaltecer o ato de vomitar. Segundo

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44

Heródoto, os egípcios vomitavam e usavam purgativos todo mês,


durante três dias consecutivos, acreditando que "todas as doenças
dos homens derivavam da comida".

Na medicina grega, Hipócrates também recomendava a indução


de vômito durante dois dias consecutivos todos os meses como
uma medida preventiva contra diversas doenças.

Os romanos até tinham locais designados, chamados vomitórios,


onde podiam comer excessivamente durante banquetes e depois
vomitar, às vezes usando penas de aves para estimular o reflexo
do vômito.

O termo "bulimia" tem raízes antigas, derivando do grego "bous" (boi)


e "limos" (fome), indicando um apetite tão voraz que alguém poderia
comer um boi, ou algo parecido.

A BN tem como seu sintoma principal os episódios de compulsão


alimentar, frequentemente surgindo no contexto de uma dieta para
perda de peso. Inicialmente, pode estar ligada à fome, mas, com o
tempo, à medida que o ciclo de compulsão alimentar e purgação se
instala, ocorre em resposta a várias situações que evocam
sentimentos negativos, como frustração, tristeza, ansiedade, tédio e
solidão. Ela compreende um aspecto comportamental objetivo, que
envolve o consumo excessivo de alimentos em comparação com o
que uma pessoa comeria em circunstâncias normais, além de um
componente subjetivo, que é a sensação de completa falta de
controle sobre o próprio comportamento.

Esses episódios frequentemente ocorrem às escondidas e são


acompanhados por sentimentos intensos de vergonha, culpa e
desejo de autopunição.

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A quantidade de calorias ingeridas por episódio pode variar


consideravelmente, com uma média geralmente entre 2 mil e 5 mil
calorias. A autoindução de vômito é o método de purgação mais
comum, com o efeito imediato de aliviar o desconforto físico causado
pela superalimentação e, principalmente, de reduzir o medo de
ganhar peso. A frequência do vômito varia, indo de um episódio a 10
ou mais episódios por dia nos casos mais graves. No início, a pessoa
pode recorrer a manobras, como a inserção do dedo ou de um objeto
na garganta, para induzir o vômito. Alguns casos graves de bulimia
podem levar a lesões nas costas da mão devido ao uso frequente
dessa área para estimular o vômito, o que é chamado de sinal de
Russell. Conforme o transtorno progride, a pessoa pode aprender a
vomitar sem a necessidade de estimulação mecânica.

Há relatos de bulimia nervosa em frequências semelhantes na


maioria dos países industrializados, incluindo Estados Unidos,
Canadá, muitos países europeus, Austrália, Japão, Nova Zelândia e
África do Sul.

A bulimia nervosa é significativamente mais comum em mulheres do


que em homens. As amostras de pesquisa frequentemente têm uma
representação desproporcionalmente baixa de homens.

O risco de suicídio é alto entre as pessoas com bulimia nervosa.


Portanto, a avaliação abrangente de indivíduos com esse transtorno
deve incluir a avaliação de ideação e comportamento suicida, além
de outros fatores de risco para o suicídio, incluindo histórico de
tentativas de suicídio.

Pacientes com bulimia nervosa frequentemente apresentam


pensamentos e emoções desadaptativos, autoestima variável e
podem exibir atitudes caóticas, não apenas em relação à alimentação

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mas também em outras áreas da vida, como estudos, carreira e


relacionamentos amorosos. Alguns autores destacam aspectos
emocionais predominantes em pacientes com anorexia nervosa,
incluindo baixa autoestima, alta ansiedade, perfeccionismo,
pensamento dicotômico ("tudo ou nada"), dificuldade em encontrar
satisfação, alto grau de autocrítica e incapacidade de experimentar
alegria.

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Aula 16 – Como a TCC pode ajudar no


tratamento
A TCC consolidou-se como uma das principais abordagens para o
tratamento de transtornos alimentares. No entanto, mesmo sendo
amplamente adotada atualmente, essa abordagem ainda é
relativamente nova, especialmente no contexto brasileiro.

A TCC é uma abordagem de intervenção semiestruturada e focada,


cujo propósito é identificar e corrigir as condições que favorecem o
desenvolvimento e a manutenção de alterações cognitivas e
comportamentais. Nessa perspectiva, o sistema de crenças de um
indivíduo desempenha um papel crucial na formação de seus
sentimentos.

No tratamento dos transtornos alimentares, os programas de TCC


concentram-se principalmente em técnicas para a redução da
ansiedade, no autogerenciamento de comportamentos e na
modificação de cognições disfuncionais. Comparado com a terapia
de alguns outros transtornos, como a depressão, os transtornos
alimentares enfatizam mais os componentes comportamentais, dado
que comportamentos perturbados, como jejum ou vômitos,
desempenham um papel central que precisa ser controlado.

Um dos principais representantes do modelo cognitivo-


comportamental no tratamento de transtornos alimentares é
Fairburn (1991). Sua abordagem estabelece conexões entre
pensamentos, emoções e comportamentos observáveis, visando a
fazer com que o paciente analise a validade de suas crenças no
presente e modifique comportamentos disfuncionais. Os processos
cognitivos mais comuns nessas condições, como abstração seletiva,
supergeneralização, magnificação, pensamento dicotômico, persona-

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lização e pensamento supersticioso, são cuidadosamente definidos e


examinados para promover a alteração de pensamentos e
pressupostos automáticos.

Por exemplo, os pacientes frequentemente adotam pensamentos


incondicionais e extremos, caracterizados pelo pensamento
dicotômico. Assim, eles seguem regras dietéticas rígidas e inflexíveis,
onde pequenos desvios são vistos como evidência de fracasso e falta
de autocontrole, podendo levar a episódios de descontrole alimentar.
Não é incomum que pensem: "Se não estiver completamente no
controle, isso significa que perdi todo o controle, está tudo perdido e
posso me entregar." Em vez de reconhecer que são as regras
distorcidas que precisam ser modificadas e de considerar outras
áreas onde demonstram autocontrole, eles atribuem a falta de
autocontrole a falhas pessoais, o que acaba reforçando a baixa
autoestima (Fairburn, 1991).

Atualmente, as estratégias recomendadas pela TCC no tratamento


dos transtornos alimentares visam reduzir a restrição alimentar, os
episódios de compulsão alimentar, a bulimia e a frequência da
atividade física excessiva. Além disso, a abordagem busca diminuir o
distúrbio da imagem corporal e modificar crenças disfuncionais
relacionadas à aparência, ao peso e à alimentação, enquanto
promove o aumento da autoestima.

No início do tratamento, o comprometimento do paciente é o foco


principal e pode ser resumido em três áreas: expectativas, intenções e
esperança. É essencial criar expectativas positivas sobre a terapia,
tanto no que diz respeito ao papel do terapeuta quanto aos
resultados esperados.

Outra meta inicial consiste em estabelecer o controle da ingestão

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alimentar. Para evitar a transição do paciente entre uma dieta


restritiva que o faz sentir fome e episódios de compulsão alimentar, é
recomendado um programa alimentar fixo, juntamente com técnicas
comportamentais que ajudam a evitar situações de estresse,
contextos de hábitos ou tentações que costumam precipitar
episódios de alimentação compulsiva.

A segunda fase concentra-se na reestruturação cognitiva e envolve a


modificação de crenças irracionais que mantêm e reforçam padrões
disfuncionais. Durante essa etapa, são explorados métodos
alternativos para solução de problemas. Segundo Fairburn (1991), para
essas pessoas, os valores e crenças não são apenas sintomáticos, mas
essenciais para a manutenção do transtorno alimentar. Assim, a
modificação desses aspectos é fundamental para a recuperação do
paciente.

É crucial que os pacientes compreendam a interação entre seus


pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais. Eles
devem perceber que o peso não é o problema real, mas que questões
mais profundas mantêm o transtorno alimentar.

Por fim, a terceira etapa visa à manutenção das conquistas obtidas


nas fases anteriores, desenvolvendo um plano de prevenção de
recaídas. Isso envolve a antecipação e preparação para enfrentar
situações de estresse que costumavam ativar os padrões
disfuncionais. Além disso, a TCC reconhece a importância da
qualidade do relacionamento terapêutico, destacando a necessidade
de construir uma relação de confiança entre o paciente e o terapeuta
desde o início do tratamento. Isso envolve estabelecer claramente o
compromisso com a ajuda genuína, a honestidade e a capacidade de
gerenciar os sintomas do paciente.

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REFERÊNCIAS
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Considerações sobre a Vivência de Situações Potencialmente Traumáticas
Dione de Medeiros Lula Zavaroni Terezinha Camargo Viana

https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/23421/2/Vivian%20de%20Freita
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trauma in light of quantum physics. In: Imagination and medicine: the
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Journal Books, 2009. p. 61-75.

VAN DER KOLK, B. Developmental Trauma Disorder: Toward a rational


diagnosis for children with complex trauma histories. Psychiatric Annals, v.
35, n. 5, p. 401– 408, 2005. VAN DER KOLK, B. The body keeps the scores:
brain, mind, and body in the healing of trauma. New York: Viking, 2015.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso


eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria
Inês Corrêa Nascimento ... et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli
... [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014.

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REFERÊNCIAS
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais
[recurso eletrônico] / Paulo Dalgalarrondo. – 3. ed. – Porto Alegre : Artmed,
2019. E-pub. Editado também como livro impresso em 2019. ISBN 978-85-
8271-506-2

Psicoterapias : abordagens atuais [recurso eletrônico]/ Organizadores,


Aristides Volpato Cordioli, Eugenio Horacio Grevet. – 4. ed. – Porto Alegre:
Artmed, 2019. E-pub.

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