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Instituto de Educação da Paraíba-IEP

Docente: Hans
Componente curricular: Filosofia

O conceito de Nietzsche de “vontade de poder”

A vontade de poder é um conceito central na filosofia do filósofo alemão do século XIX Friedrich
Nietzsche. Mas o que, exatamente, ele quer dizer com a vontade de poder?

Origens da Ideia
Aos vinte e poucos anos, Nietzsche leu O Mundo como Vontade e Representação, de Arthur
Schopenhauer (1788-1860), e caiu sob seu feitiço. Schopenhauer ofereceu uma visão
profundamente pessimista da vida, e no centro dela estava a ideia de que uma força cega,
incessante e irracional que ele chamava de “Vontade”, constituía a essência dinâmica do mundo.
Esta vontade cósmica manifesta-se ou expressa-se através de cada indivíduo na forma do
impulso sexual e da “vontade de viver” que pode ser vista em toda a natureza. É a fonte de muita
miséria, uma vez que é essencialmente insaciável. A melhor coisa que se pode fazer para reduzir
o sofrimento é encontrar maneiras de acalmá-lo. Esta é uma das funções da arte.
Em seu primeiro livro, O nascimento da tragédia, Nietzsche postula o que ele chama de impulso
“dionisíaco” como a fonte da tragédia grega. Como a Vontade de Schopenhauer, é uma força
irracional que surge de origens sombrias e se expressa em frenéticos bêbados selvagens, gozo
sexual e festivais de crueldade. Sua noção posterior da vontade de poder é significativamente
diferente, mas retém algo dessa ideia de uma força inconsciente profunda, pré-racional, que
pode ser aproveitada e transformada para criar algo belo.
A vontade de poder como um princípio biológico
Às vezes, Nietzsche parece postular a vontade de poder como algo mais do que apenas um
princípio que leva à compreensão das profundas motivações psicológicas dos seres humanos.
Por exemplo, Zaratustra diz: “Onde quer que encontrei uma coisa viva, encontrei a vontade de
poder”. Aqui, a vontade de poder é aplicada ao reino biológico. E em um sentido bastante direto,
pode-se entender um evento simples como um peixe grande comendo um peixinho como uma
forma da vontade de poder; o peixe grande está assimilando parte de seu ambiente para si
mesmo.

A vontade de poder como um princípio metafísico


Nietzsche planejou um livro intitulado “A vontade de poder”, mas nunca publicou um livro com
este nome. Após sua morte, no entanto, sua irmã Elizabeth publicou uma coletânea de notas
inéditas, organizadas e editadas por ela mesma, intitulada A Vontade de Poder. Algumas seções
deixam claro que Nietzsche levou a sério a ideia de que a vontade de poder poderia ser postulada
como um princípio fundamental a ser encontrado operando em todo o cosmos. A seção 1067, a
última seção do livro, e cujo estilo é claramente polido, resume a maneira de pensar de Nietzsche
sobre o mundo como “um monstro de energia, sem começo, sem fim … meu mundo dionisíaco
da eternamente auto-criadora, o eternamente auto-destrutivo …” E conclui:
Você quer um nome para este mundo? Uma solução para todos os seus enigmas? Este mundo
é a vontade de poder – e nada além disso! E vocês também são essa vontade de poder – e nada
além disso! E vocês também são essa vontade de poder – e nada além disso!1
Exercício.
1- Como Nietzsche relaciona vontade de Poder e vida? (Mínimo de 8 linhas)

Ideias de Karl Marx.

Infraestrutura e superestrutura
Marx diferencia entre infraestrutura e superestrutura ao analisar a sociedade. A primeira é tudo
aquilo que serve para a produção econômica. Inclui a tecnologia, a ciência, a educação técnica,

1
https://filosofianaescola.com/metafisica/vontade-de-poder/
os recursos naturais e as relações de produção. A segunda é tudo aquilo que não faz parte da
base econômica da sociedade, como a religião, os valores morais, as leis, o Estado, a política, a
polícia, a ideologia etc.

Materialismo histórico
O materialismo histórico explica porque ocorrem mudanças sociais. Ao estudarmos a história,
percebemos que algumas sociedades se tornam capitalistas, escravagistas, democráticas,
autoritárias, cristãs, muçulmanas. Segundo o materialismo histórico, tais mudanças são o
resultado de alterações na base econômica das sociedades, em especial na sua tecnologia.
Essa teoria de Marx afirma que a infraestrutura da sociedade determina sua superestrutura.
Sendo assim, quando a primeira muda, a segunda também muda. Numa citação conhecida, ele
afirmou
“O moinho movido a braço engendra a sociedade com os senhores feudais: o moinho a vapor, a
sociedade dos capitalistas industriais”
Em outras palavras, Marx acredita que essa mudança tecnológica provocou grandes mudanças
nas relações sociais, fez que determinadas sociedades deixassem de ser feudalistas e
passassem a ser capitalistas. Para melhor compreensão do conceito vejamos o texto a seguir:

A vida que determina a consciência


“contrariamente à filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui parte-se da terra para
atingir o céu. Isto significa que não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam e pensam
nem daquilo que são nas palavras, no pensamento na imaginação e na representação de outrem
para chegar aos homens em carne e osso; parte-se dos homens, da sua atividade real. É a partir
do seu processo de vida real que se representa o desenvolvimento dos reflexos e das
repercussões ideológicas deste processo vital. Mesmo as fantasmagorias correspondem, no
cérebro humano, a sublimações necessariamente resultantes do processo da sua vida material
que pode ser observado empiricamente e que repousa em bases materiais. Assim, a moral, a
religião, a metafísica e qualquer outra ideologia, tal como as formas de consciência que lhes
correspondem, perdem imediatamente toda a aparência de autonomia. Não têm história, não
têm desenvolvimento; serão antes os homens que, desenvolvendo a sua produção material e as
suas relações materiais, transformam, com esta realidade que lhes é própria, o seu pensamento
e os produtos desse pensamento. Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que
determina a consciência.”
Marx, A
ideologia Alemã

Exercício.
1-) Interprete e comente a frase de Marx: Não é a consciência que determina a vida, mas a vida
que determina a consciência”. (Mínimo de 8 linhas)

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