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do ser humano
Tutoria
1 - Puberdade / Ciclo menstrual
2 - Fecundação até nidação / Hiperêmese gravídica/ Idade
gestacional
3 - Desenvolvimento embrionário até 4 semanas / Diabetes
gestacional
4 - Desenvolvimento até 8 semanas / Abortamento /
Eritroblastose fetal
5 - Desenvolvimento até 12 semanas / Pré-natal
6 - Desenvolvimento até 16 semanas / Infecções congênitas /
Riscos
7- Maturidade fetal / Edema materno / Crescimento
intrauterino
8 - Gestação gemelar / Crises hipertensiva na gravidez
9 - Hipotireoidismo na gestação
Por ordem
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Rafaela Amaral Eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal Medicina-FPME-3°P
A vasopressina, ou hormônio antidiurético, é retroalimentação negativa de alça curta sobre a secreção
secretada quando a pressão osmótica do sangue aumenta. de CRH.
O estímulo de osmorreceptores situados no hipotálamo Em síntese:
anterior promove a secreção em neurônios do núcleo O feedback negativo é aquele no qual os hormônios
supraóptico. Seu efeito principal é aumentar a (finais) atuam, na hipófise e no hipotálamo, para reduzir a
permeabilidade dos túbulos coletores do rim à água. secreção, inibindo-a.
Como consequência, mais água sai do lúmen desses O Feedback positivo é aquele em que os hormônios
túbulos em direção ao tecido conjuntivo que os envolve, (finais) atuam, na hipófise e no hipotálamo, para aumentar
onde é coletada por vasos sanguíneos. Assim, a a secreção, estimulando-a.
vasopressina ajuda a regular o equilíbrio osmótico do
ambiente interno. Em doses altas, a vasopressina
promove a contração do músculo liso de vasos
sanguíneos (principalmente de artérias pequenas e
arteríolas), elevando a pressão sanguínea.
A vasopressina, ou hormônio antidiurético, é secretada
quando a pressão osmótica do sangue aumenta. O
estímulo de osmorreceptores situados no hipotálamo
anterior promove a secreção em neurônios do núcleo
supraóptico. Seu efeito principal é aumentar a
permeabilidade dos túbulos coletores do rim à água.
Como consequência, mais água sai do lúmen desses
túbulos em direção ao tecido conjuntivo que os envolve,
onde é coletada por vasos sangtúneos. Assim, a
vasopressina ajuda a regular o equilibrio osmótico do
ambiente interno. Em doses altas, a vasopressina
promove a contração do músculo liso de vasos
sanguíneos (principalmente de artérias pequenas e
arteríolas), elevando a pressão sanguínea.
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Rafaela Amaral Sistema reprodutor feminino Medicina – 3°P
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Rafaela Amaral Bacia obstetrica/ Ossos da pelve Medicina – 3°P
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os testículos e se unem, formando o epidídimo, um ducto
único que forma um cordão firmemente enovelado na
superfície da cápsula testicular. O epidídimo origina o
O trato genital masculino é constituído de testículos, vaso deferente, também conhecido como ducto deferente.
Esse ducto passa para dentro do abdome, onde
genitália interna (glândulas acessórias e ductos) e
genitália externa. A genitália externa consiste no pênis finalmente desemboca na uretra, a passagem da bexiga
e no escroto, uma estrutura em forma de saco que contém urinária para o meio externo.
os testículos. A uretra atua como uma via comum de Túbulos seminíferos: Os túbulos seminíferos são o local
passagem para o esperma e a urina, embora isso não de produção de espermatozoides e contêm dois tipos de
ocorra simultaneamente. A uretra está situada ao longo da células: espermatogônias, em diversos estágios de
parte ventral do eixo do pênis e é circundada por uma desenvolvimento de espermatozoides e as células de
coluna de tecido esponjoso, chamada de corpo Sertoli, que são células de suporte. O desenvolvimento
esponjoso. O corpo esponjoso e duas colunas de tecido, dos espermatócitos ocorre em colunas, da borda externa do
denominadas corpos cavernosos, constituem o tecido túbulo em direção ao lúmen. Entre cada coluna existe uma
erétil do pênis. única célula de Sertoli que se estende da borda externa até
A ponta do pênis é alargada em uma região chamada de o lúmen do túbulo. Circundando o lado de fora do túbulo
glande que, ao nascimento, é coberta por uma camada de existe uma lâmina basal que atua como uma barreira,
pele, chamada de prepúcio. O escroto é um saco externo impedindo que certas moléculas grandes do líquido
intersticial entrem no túbulo, mas permitindo que a
para dentro do qual os testículos migram durante o
testosterona entre facilmente.
desenvolvimento fetal. A sua localização externa à
cavidade abdominal é necessária, pois o desenvolvimento As células de Sertoli adjacentes de um túbulo são unidas
normal dos espermatozoides requer uma temperatura de 2 umas às outras por junções oclusivas que formam uma
a 3°C inferior à temperatura corporal. barreira adicional entre o lúmen do túbulo e o líquido
As glândulas acessórias masculinas incluem a glândula intersticial que fica do lado de fora da lâmina basal. Essas
prostática, as vesículas seminais e as glândulas junções oclusivas algumas vezes são chamadas de
bulbouretrais (glândula de Cowper). As glândulas barreira hematotesticular porque restringem o
bulbouretrais e as vesículas seminais liberam as suas movimento de moléculas entre compartimentos. A lâmina
secreções na uretra através de ductos. As glândulas basal e as junções oclusivas criam três compartimentos
individuais da próstata abrem-se diretamente no lúmen da funcionais. Devido às barreiras entre esses
uretra. A próstata é a glândula mais bem conhecida das compartimentos, o líquido luminal tem uma composição
três glândulas acessórias por seu significado clínico. diferente do líquido intersticial, com baixas concentrações
de glicose e altas concentrações de K+ e de hormônios
O desenvolvimento fetal da próstata, como o da genitália esteroides.
externa, está sob o controle da DHT, uma versão super
concentrada de testosterona e por isso, uma característica Células de Sertoli: A função das células de Sertoli é
do organismo masculino. A descoberta do papel da DHT regular o desenvolvimento dos espermatozoides, elas
no crescimento da próstata levou ao desenvolvimento da dão sustento, ou nutrição, às espermatogônias em
finasterida, um inibidor da enzima 5-redutase, que desenvolvimento. As células de Sertoli produzem e
bloqueia a produção de DHT. secretam proteínas que vão desde hormônios, como a
inibina e a ativina, a fatores de crescimento, enzimas e
Os testículos humanos são estruturas pares ovoides com
a proteína ligadora de androgênios (ABP). A ABP é
cerca de 5 cm por 2,5 cm. Os testículos possuem uma
secretada no lúmen dos túbulos seminíferos, onde se liga à
cápsula externa fibrosa resistente que envolve uma massa
testosterona.
de túbulos seminíferos enrolados, agrupados em cerca de
250 a 300 compartimentos. Entre os túbulos seminíferos Células intersticiais: (células de Leydig), localizadas no
existe um tecido intersticial, onde ficam os vasos tecido intersticial entre os túbulos seminíferos, secretam
sanguíneos e as células intersticiais de Leydig testosterona. Elas tornam-se ativas inicialmente no feto,
produtoras de testosterona. Os túbulos seminíferos quando a testosterona é necessária para determinar o
constituem aproximadamente 80% da massa testicular de desenvolvimento das características masculinas. Após
um homem adulto. o nascimento, as células tornam-se inativas. Na
puberdade, elas retomam a produção de testosterona.
Cada túbulo individual tem 0,3 a 1 metro de
As células intersticiais também convertem parte da
comprimento, e, se todos fossem esticados e colocados
testosterona em estradiol.
ponta a ponta, o comprimento total seria de cerca de dois
campos e meio de futebol. Os túbulos seminíferos deixam
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A genitália externa feminina é conhecida como vulva
ou pudendo. Lateralmente, estão os lábios maiores do
pudendo, dobras de pele que se originam do mesmo
tecido embrionário que o escroto. Medial e internamente
aos lábios maiores, estão os lábios menores do pudendo,
derivados dos tecidos embrionários que, dão origem ao
corpo do pênis. O clitóris é uma pequena saliência de
tecido sensorial erétil, situado na extremidade anterior da
vulva, envolto pelos lábios menores e por uma dobra
adicional de tecido equivalente ao prepúcio do pênis.
As glândulas parauretrais de Skene, homólogas da
próstata masculina, têm seus orifícios externos
localizados lateroposteriormente ao meato uretral. As
glândulas vulvovaginais de Bartholin se localizam de O endométrio consiste em um epitélio com glândulas que
cada lado do introito vaginal, apresentando orifícios na
se aprofundam na camada de tecido conectivo situada
parte posterior do vestíbulo, entre os pequenos lábios e o
abaixo. A espessura e as características do endométrio
hímen. Correspondem às glândulas bulbouretrais no sexo
masculino e secretam muco, especialmente durante o variam durante o ciclo menstrual. As células do
ato sexual. revestimento epitelial alternadamente proliferam e
desprendem-se, acompanhadas de uma pequena
quantidade de sangramento no processo conhecido como
menstruação. Os espermatozoides nadam em direção
ascendente e deixam a cavidade do útero pelas
aberturas das duas tubas uterinas. As tubas uterinas têm
de 20 a 25 cm de comprimento, e um diâmetro aproximado
de um canudinho de refrigerante. O movimento de líquido
criado pelos cílios e ajudado pelas contrações musculares
Nas mulheres, a uretra abre-se para o ambiente externo transporta o ovócito ao longo das tubas uterinas até o
entre o clitóris e a vagina. Ao nascimento, a abertura útero. Se o espermatozoide se movendo para cima na
externa da vagina está parcialmente fechada por um anel tuba uterina encontra um ovócito, que se move para
fino de tecido, chamado de hímen. O hímen é externo à baixo na tuba uterina, a fertilização pode ocorrer. As
vagina, e não dentro dela, de modo que o uso normal de fímbrias são mantidas próximas ao ovário adjacente por
tampões durante a menstruação não rompe o hímen. tecido conectivo, o qual ajuda a assegurar que o ovócito
Para continuar pelo trato genital feminino, o liberado na superfície do ovário será capturado para
espermatozoide deve passar pela estreita abertura do colo dentro da tuba e não cairá na cavidade abdominal.
do útero (ou cérvice uterino), que se projeta
ligeiramente para dentro da extremidade superior da O ovário é uma estrutura elíptica, com cerca de 2 a 4 cm
vagina. O canal cervical é revestido com glândulas de comprimento. Ele possui uma camada externa de tecido
mucosas, cujas secreções criam uma barreira entre a conectivo e uma estrutura de tecido conectivo interior,
vagina e o útero. O espermatozoide que passa através do chamada de estroma. Grande parte do ovário é constituído
canal cervical entra no lúmen do útero, um órgão por um espesso córtex externo preenchido por folículos
muscular oco levemente menor que o tamanho de um
ovarianos em diversos estágios de desenvolvimento ou de
punho fechado da mulher. O útero é a estrutura onde o
ovócito fertilizado se implanta e se desenvolve durante a degradação. A pequena medula central contém nervos e
gestação. Ele é composto por três camadas de tecido: uma vasos sanguíneos. O ovário, assim como os testículos,
fina camada externa de tecido conectivo, uma camada produz gametas e hormônios.
intermédia espessa de músculo liso, denominada
miométrio, e uma camada interna, denominada
endométrio.
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semelhante ao lisossomo, chamada de acrossomo, achata-
se para formar uma capa que cobre a ponta do núcleo. O
acrossomo contém enzimas essenciais à fertilização. As
mitocôndrias produzem energia para o movimento do
espermatozoide e se concentram na peça intermediária do
corpo do espermatozoide, junto com os microtúbulos que
Masculino - Produção de espermatozoides se estendem para dentro do flagelo.
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As crianças que apresentam deficiência de GnRH não Como consequência, o feedback negativo sobre o FSH é
amadurecem sexualmente na ausência de estimulação liberado, observa-se então seu aumento nos primeiros dias
das gônadas pelas gonadotrofinas. Se tratadas com da fase folicular.
infusão contínua de GnRH, por meio de uma bomba de
infusão, essas crianças não amadurecerão Ovulação: Algumas substâncias não esteroides existem
sexualmente. No entanto, se as bombas forem ajustadas no líquido folicular, modulando os processos ovarianos
para liberar o GnRH em pulsos similares aos que (inibina, ativina e inibidor da maturação do oócito).
ocorrem naturalmente, as crianças entrarão na Sob o estímulo dos estrogênios (especificamente, nível de
puberdade. Aparentemente, altos níveis contínuos de estradiol plasmático acima de 200 pg/mℓ agindo sobre o
GnRH causam uma regulação para baixo dos receptores centro cíclico hipotalâmico por período crítico de 50 h), há
de GnRH nas células produtoras de gonadotrofinas, liberação significativa de LH (pico do LH) pela adeno-
fazendo a hipófise não ser capaz de responder ao GnRH. hipófise, fenômeno que permanece por cerca de 24 h e
induz a ovulação. A postura ovular ocorre dentro de 24 h
O controle hormonal da espermatogênese segue o padrão após o pico do LH, cerca de 2 semanas antes do período
geral descrito previamente: o hormônio hipotalâmico menstrual a se instalar, isto é, 14 dias após o 1 o dia da
GnRH promove a liberação de LH e FSH da adeno- menstruação, no ciclo usual de 28 dias.
hipófise. O FSH e o LH, por sua vez, estimulam o
testículo. As gonadotrofinas foram originalmente Fase lútea: Logo após a ovulação, as células da granulosa,
denominadas por seus efeitos nos ovários, porém os sob a influência do LH, hipertrofiam-se acentuadamente
mesmos nomes foram mantidos nos homens. O FSH tem e enchem a cavidade cística remanescente, por vezes com
como alvo as células de Sertoli. conteúdo hemorrágico, transformando-a em estrutura
granulosa, tingida por pigmento amarelo (luteína), o
Diferentemente dos ovócitos, as células germinativas corpo lúteo ou corpo amarelo, produtora de estrogênio
masculinas não possuem receptores de FSH. Em vez e de progesterona. Na verdade, as células da granulosa e
disso, o FSH estimula nas células de Sertoli a síntese de da teca interna do folículo ovulatório remanescente, que
moléculas parácrinas, que são necessárias à mitose das apresentam receptores LH, é que, ativadas pelo hormônio,
espermatogônias e à espermatogênese. Além disso, o formam o corpo lúteo. As células da granulosa e da teca
FSH estimula a produção da proteína ligadora de interna são convertidas em células luteínicas e produzem
androgênios e da inibina. O alvo principal do LH é a ativamente progesterona, principalmente as derivadas da
célula intersticial (célula de Leydig), que produz granulosa.
testosterona. Por sua vez, a testosterona faz
retroalimentação e inibe a liberação de LH e de GnRH.
A testosterona é essencial para a espermatogênese,
porém as suas ações parecem ser mediadas pelas células
de Sertoli, que possuem receptores de androgênios. Os
espermatócitos não possuem receptores de androgênios
e não podem responder diretamente à testosterona.
Hormônios no ciclo ovariano:
Desenvolvimento folicular - Desenvolvimento de uma
cápsula de tecido conectivo, a teca folicular,
proveniente do estroma ovariano. O crescimento do
folículo primário (oócito I mais uma camada de células
da granulosa) faz-se à custa, principalmente, dessas
células, estratificadas em derredor do oócito.
Subsequentemente, espaços cheios de líquido aparecem
em volta das células, tornam-se coalescentes e formam
uma cavidade única – o antro. O oócito situa-se
excentricamente, cercado pelas células da granulosa,
constituindo o cúmulo oóforo.
O desenvolvimento folicular é estimulado,
basicamente, pelo FSH que, além disso, prepara o Síntese da fisiologia do ciclo menstrual
folículo para responder ao LH (ovulação e
luteinização). Os folículos em crescimento produzem O GnRH é liberado de modo pulsátil, sendo sua
estrogênios (estradiol), hormônio sexual feminino que periodicidade e sua amplitude críticas para determinar a
regula o desenvolvimento e a função dos órgãos genitais. liberação fisiológica do FSH e do LH, gonadotrofinas
O sinal para o recrutamento folicular inicia-se na fase produzidas na adeno-hipófise. O FSH tem produção
lútea do ciclo anterior, com a diminuição da crescente no início do ciclo menstrual por estímulo do
progesterona, do estradiol e da inibina A. GnRH, com aumento mais marcante na metade do ciclo; é
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responsável pelo desenvolvimento do folículo Características sexuais secundárias – a puberdade e
préantral e secreção dos estrogênios pelas células da os hormônios
granulosa. O folículo inicia a produção do estrogênio por
Entender quais fatores contribuem para o amadurecimento
meio da intervenção do FSH nas células da granulosa e do eixo HHG após a infância e quais fatores levam à
do LH nas células da teca interna. Na verdade, os reativação da secreção de GnRH é fundamental para a
estrogênios são produzidos na granulosa por meio de compreensão da regulação do início da puberdade.
precursores androgênicos elaborados nas células da teca. A ativação do Kiss1R pela kisspeptina desempenha um
O LH, liberado em pequena quantidade desde o início do papel essencial no início da puberdade. Estudos realizados
ciclo, apresenta elevação subitânea em torno do 13 o dia, em animais e humanos identificaram a kisspeptina (Kiss1)
causada por pico na produção do estradiol ovariano e seu receptor (Kiss1R) como componentes críticos do
(feedback positivo). O pico do estradiol ocorre eixo HHG. Ainda não se sabe se este sistema é o gatilho
aproximadamente 24 h antes do pico do LH, que, por sua do início da puberdade ou se age em conjunto com outros
vez, precede a ovulação em 24 h. Os estrogênios voltam fatores reguladores. Outro fator excitatório no hipotálamo
a ter pequena elevação na segunda fase do ciclo. A é o glutamato, um importante estimulador da secreção
de GnRH através de suas ações nos receptores n-metil D-
progesterona, que, no início do ciclo, apresenta níveis
aspartato (NMDA) e de cainato. A secreção de GnRH
muito baixos, tem sua expressão maior logo após a também é estimulada por fatores como norepinefrina,
ovulação, produzida pelo corpo lúteo. Quando os níveis dopamina, TGFα, neuregulina, sinalizando via receptores
desses hormônios esteroides (estrogênios e erbB4, leptina e peptídeo semelhante à galanina.
progesterona) estão altos, ocorre feedback negativo O desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários é
com o hipotálamo, que suprime a liberação do GnRH, resultado da gonadarca e da adrenarca. A adrenarca
levando à queda da produção hipofisária de LH e de FSH refere-se à maturação da zona reticular da glândula
no final do ciclo e à consequente diminuição da produção adrenal, resultando em aumento na produção de
hormonal do corpo lúteo. andrógenos adrenais, associado aos caracteres sexuais
secundários, tais como o desenvolvimento de pelos
pubianos (pubarca), pelos axilares, odor corporal e
acne. A adrenarca é um processo de maturação gradual e
progressivo, que tem início no começo da infância e é
marcada pelo aumento da produção de andrógenos
adrenais (DHEA, DHEA-S e androstenediona) na
puberdade. A gonadarca é o aumento dos esteroides
sexuais, por ação do FSH e do LH. Dessa forma, os
testículos produzem a testosterona, responsável pela
virilização (pelos faciais e pubianos, engrossamento da
voz), enquanto os ovários produzem estrógenos, que
levam ao desenvolvimento das mamas e do útero, à
mudança do epitélio vaginal e à menstruação. Ou seja, a
testosterona e os estrógenos são responsáveis pelo
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.
Algumas vezes, a adrenarca precede a gonadarca por 1 ou
2 anos, em meninos e meninas, mas o momento dos sinais
clínicos pode variar. Apesar de a adrenarca e a gonadarca
frequentemente se sobreporem, são processos separados
que são regulados independentemente.
Os gatilhos para a adrenarca permanecem desconhecidos;
no entanto, alterações no peso corporal e no índice de
massa corporal, assim como na fisiologia intrauterina
e neonatal, provavelmente possam modular este
processo, até mesmo em conjunto com a produção adrenal
de cortisol.
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de tamanho, em aproximadamente oito vezes antes resultado a acne. Assim, a acne é uma das características
dos 20 anos de idade. mais comuns da adolescência masculina, quando o corpo
Diversos estados patológicos influenciam o início da está sendo exposto pela primeira vez a quantidades
puberdade direta ou indiretamente; entretanto, a maioria elevadas de testosterona.
das variações do início puberal não pode ser atribuída a Uma das características masculinas mais importantes é o
nenhum distúrbio clínico. Noventa e cinco por cento dos desenvolvimento da musculatura após a puberdade, com
garotos iniciam o desenvolvimento genital entre os 9,5 aumento de cerca de 50% da massa muscular em relação
e os 13,5 anos. Esses dados levaram à definição às meninas. Esse aumento da massa muscular está
tradicional de precocidade sexual como o associado à elevação da quantidade de proteína também
desenvolvimento de características sexuais secundário em regiões não musculares do corpo. Muitas das alterações
antes dos 9 anos e atraso puberal, como a ausência de da pele se devem à deposição de proteínas, e as alterações
alargamento testicular, até 14 anos de idade na voz também resultam, parcialmente, dessa função
Mesmo durante a vida fetal, os testículos são estimulados anabólica proteica da testosterona.
pela gonadotropina coriônica, proveniente da placenta, a
produzir quantidades moderadas de testosterona por Garotas: Os hormônios ovarianos, estrogênio e
todo o período de desenvolvimento fetal e por 10 progesterona, são secretados pelos ovários em resposta
semanas ou mais, após o nascimento; depois disso, aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise anterior.
praticamente não é produzida testosterona durante a Sem dúvida, o mais importante dos estrogênios é o
infância, até cerca das idades de 10 a 13 anos. Então, a hormônio estradiol, e a mais importante das progestinas é
produção de testosterona aumenta rapidamente, sob a progesterona. Os estrogênios promovem,
estímulo dos hormônios gonadotrópicos da hipófise essencialmente, a proliferação e o crescimento de células
anterior, no início da puberdade, permanecendo assim específicas no corpo, responsáveis pelo desenvolvimento
pela maior parte do resto da vida. da maioria das características sexuais secundárias da
mulher. As progestinas atuam, basicamente, preparando o
útero para a gravidez e as mamas para a lactação.
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Quando os músculos lisos vasculares relaxam, o fluxo Fase 2 - platô/ emissão
sanguíneo para o pênis aumenta, causando a Masculino - Os impulsos parassimpáticos durante a
liberação de óxido nítrico das células endoteliais estimulação sexual, além de promover a ereção, induzem
vasculares e posterior vasodilatação. O tecido erétil do a secreção mucosa pelas glândulas uretrais e bulbouretrais.
pênis consiste em grandes sinusoides cavernosos que, Esse muco flui pela uretra, auxiliando a lubrificação
normalmente, não contêm sangue, mas se tornam durante a relação sexual. Entretanto, a maior parte da
tremendamente dilatados quando o fluxo sanguíneo lubrificação do coito é fornecida pelos órgãos sexuais
arterial flui rapidamente para ele sob pressão, enquanto a femininos, muito mais do que pelos masculinos.
saída venosa é, parcialmente, ocluída. Os corpos eréteis A emissão começa com a contração do canal deferente
também são envolvidos por camada fibrosa espessa, e da ampola, promovendo a expulsão dos
especialmente os dois corpos cavernosos; portanto, a espermatozoides para a uretra interna.
pressão elevada dentro dos sinusoides provoca o Em seguida, as contrações da camada muscular da
enchimento do tecido erétil em tal extensão, que o pênis próstata, seguidas pela contração das vesículas seminais,
fica duro e alongado, o fenômeno chamado ereção. expelem os líquidos prostático e seminal também para
Os impulsos parassimpáticos durante a estimulação a uretra, forçando os espermatozoides para frente.
sexual, além de promover a ereção, induzem a secreção Todos esses líquidos se misturam, na uretra interna, com o
mucosa pelas glândulas uretrais e bulbouretrais. Esse muco já secretado pelas glândulas bulbouretrais, formando
muco flui pela uretra, auxiliando a lubrificação o sêmen. O processo até esse ponto é chamado emissão.
durante a relação sexual. Entretanto, a maior parte da Feminino - Sinais parassimpáticos também passam
lubrificação do coito é fornecida pelos órgãos sexuais para as glândulas bilaterais de Bartholin, localizadas
femininos, muito mais do que pelos masculinos. sob os grandes lábios, fazendo com que, prontamente,
secretem muco no introito. Esse muco é responsável por
grande parte da lubrificação durante o ato sexual, muito
embora ela também seja provida pelo muco secretado pelo
epitélio vaginal e pequena quantidade pelas glândulas
uretrais masculinas. Essa lubrificação é necessária durante
o intercurso, para estabelecer sensação massageadora
satisfatória, em vez de sensação irritativa, que pode ser
provocada pela vagina ressecada. A sensação
massageadora constitui o estímulo ideal para evocar os
reflexos apropriados que culminam no clímax masculino e
feminino.
Fase 3 – orgasmo
Masculino - O enchimento da uretra interna com sêmen
provoca sinais sensoriais que são transmitidos pelos
nervos pudendos para as regiões sacrais da medula
espinal, dando a sensação de plenitude súbita aos órgãos
genitais internos. Além disso, esses sinais sensoriais
promovem as contrações rítmicas dos órgãos genitais
internos e contrações dos músculos isquiocavernoso e
bulbocavernoso, que comprimem as bases do tecido erétil
peniano. Esses efeitos associados induzem aumentos
rítmicos e ondulatórios da pressão do tecido erétil do
pênis, dos ductos genitais e da uretra, que “ejaculam”
o sêmen da uretra para o exterior. Ao mesmo tempo,
contrações rítmicas dos músculos pélvicos, e mesmo de
Feminina - Localizado em torno do introito e alguns músculos do tronco, causam movimentos de
estendendo-se até o clitóris, existe tecido erétil quase propulsão da pélvis e do pênis, que também auxiliam a
idêntico ao tecido erétil do pênis. Esse tecido erétil, propelir o sêmen para os recessos mais profundos da
assim como o do pênis, é controlado pelos nervos vagina e, talvez, mesmo levemente, para o colo do útero.
parassimpáticos que passam pelos nervos erigentes, Esse período todo de emissão e ejaculação é chamado
desde o plexo sacral até a genitália externa. Nas fases orgasmo masculino.
iniciais da estimulação sexual, sinais parassimpáticos Feminino - Quando a estimulação sexual local atinge sua
dilatam as artérias do tecido erétil, provavelmente intensidade máxima e, especialmente, quando as
decorrente da liberação de acetilcolina, óxido nítrico sensações locais são favorecidas por sinais de
e polipeptídeo intestinal vasoativo nas terminações condicionamento psíquico, apropriados do cérebro, são
nervosas. Isso permite rápido acúmulo de sangue no desencadeados reflexos que levam ao orgasmo feminino,
tecido erétil, de maneira que o introito se contrai ao redor também denominado clímax feminino. O orgasmo
do pênis, o qual ajuda muito o homem a obter feminino é análogo à emissão e à ejaculação no homem
estimulação sexual suficiente para ocorrer a ejaculação. e pode ajudar a promover a fertilização do óvulo.
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Primeiro, durante o orgasmo, os músculos perineais da com VIH/SIDA ou outra infecção sexualmente
mulher se contraem ritmicamente, em decorrência de transmissível – e no maior impacto destas consequências
reflexos da medula espinal, semelhantes aos que causam para o projeto de vida dos adolescentes (UNAIDS, 2018).
a ejaculação no homem. É possível que esses reflexos De acordo com os últimos dados estatísticos da UNICEF,
aumentem a motilidade uterina e falopiana durante o em termos mundiais, em 2017, cerca de 30 jovens entre
orgasmo, ajudando, assim, a propelir os espermatozoides os 15 e os 19 anos foram infetados com o VIH/SIDA,
para o útero, onde se encontra o óvulo. por hora. Estes números são particularmente alarmantes
Fase 4 – resolução se considerar que nos restantes grupos etários a epidemia
Depois do clímax do ato sexual, essas sensações dão estará a diminuir (UNICEF, 2018). Para além do uso do
lugar, por alguns minutos, à sensação de satisfação, preservativo, as relações sexuais associadas ao consumo
caracterizada por relaxamento tranquilo, efeito de álcool e/ou droga têm sido identificadas como
denominado resolução. comportamentos sexuais de risco, uma vez que estas
substâncias alteram os níveis de racionalidade e de
Na adolescência, ocasionada pela puberdade, a desinibição de quem as consome, o que no caso dos
sexualidade se manifesta em diferentes e surpreendentes adolescentes será particularmente indesejável
sensações corporais, em desejos ainda desconhecidos e considerando que o desenvolvimento psicossocial destes
em novas necessidades de relacionamento interpessoal, estará ainda a formar-se.
tornando-se um foco importante de preocupação e A educação em saúde é reconhecida como um dos
curiosidade para adolescentes de ambos os sexos. Nesse principais métodos para que os adolescentes aprendam
contexto, os valores, atitudes, hábitos e comportamentos sobre a sexualidade e a vivam de forma sadia e segura. A
estão em processo de formação e solidificação. A educação sexual precisa ser realista e conter assuntos
maneira como os adolescentes expressam e vivem a sua como: sexualidade, sexo, relacionamentos, saúde
sexualidade é influenciada por vários fatores entre os reprodutiva e segurança. Desta forma, para que os
quais estão: a qualidade das relações, emocional e programas e as ações voltados para essa temática sejam
afetiva, que viveram com as pessoas significativas na mais efetivos, há a necessidade de se considerar todas as
infância e na sua vivência atual; relações com seus influências recebidas por esses jovens, observando- se não
grupos de pares; as transformações físicas, apenas os seus âmbitos socioeconômicos e culturais, como
psicológicas, cognitivas e sociais trazidas pelo também as contribuições que pais, professores
crescimento e desenvolvimento e pelo início da profissionais de saúde podem oferecer de forma conjunta
capacidade reprodutiva, até os valores, crenças, e aliada para o comportamento seguro.
normas morais, mitos e tabus, e tradições da família e da
sociedade na qual estão inseridos(as).
Diante da possibilidade dessa nova experimentação da
sexualidade e da reprodução, e quando essas vivências se
baseiam em inseguranças, dúvidas e desconhecimentos
sobre a própria sexualidade, em vergonhas, estereótipos,
medos e preconceitos, aumenta a vulnerabilidade dos
adolescentes a problemas nesse campo, principalmente,
quando não encontram apoio familiar e social e políticas
que esclareçam e informem sobre as questões da
sexualidade.
Há necessidade de orientar os(as) adolescentes, bem
como as suas famílias, com informações científicas e
claras, sobre as transformações que ocorrem no corpo,
sobre as sensações sexuais, o caráter normal da
masturbação, a curiosidade sexual, o tamanho dos
órgãos genitais, sobre o ato sexual propriamente dito
e suas consequências e sobre diversidade sexual.
Enfatizar que o ato sexual é de caráter íntimo e Referências:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_ad
privado e que os parceiros têm de estar de acordo com olescentes_atencao_basica_2ed.pdf
as práticas sugeridas e, portanto, prontos para http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/993
assumir as responsabilidades advindas destas. Editora Guanabara Koogan, 2002. -GUYTON, A.C. e Hall J.E.–
Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017.
O não uso do preservativo e as relações sexuais SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem
associadas ao consumo de álcool ou drogas têm sido integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017
desde sempre considerados comportamentos sexuais MONTENEGRO,C.A.B.; REZENDE,J.F. Obstetrícia Funda
de risco, em particular para os adolescentes, dada a maior mental, 13 ed,. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
dificuldade destes na resolução das consequências Sociedade Brasileira de Pediatria
negativas - como gravidez indesejada e/ou infecção
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Em cada ciclo vários folículos (15 a 20) se desenvolvem,
Compreender o processo de fecundação até a nidação porém apenas um (dito dominante), por mecanismo ainda
pouco conhecido, chega à plena maturação e, após romper-
Lembrar da ovogênese e espermatogênese se, expulsa o óvulo. É a ovulação.
As gonadotrofinas produzem alterações cíclicas nos
ovários – desenvolvimento dos folículos, ovulação,
formação do corpo lúteo –, constituindo o ciclo ovariano.
Desenvolvimento folicular
• Crescimento e diferenciação do oócito I
• Proliferação das células da granulosa
• Desenvolvimento de uma cápsula de tecido conectivo, a
teca folicular, proveniente do estroma ovariano
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Transporte do óvulo: no momento da ovulação, o
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pronúcleo feminino. Uma vez no interior do citoplasma
oócito está rodeado de células da granulosa (cumulus ovular, o espermatozoide rapidamente perde a cauda e sua
oophorus), que são responsáveis pela sua aderência à cabeça aumenta de tamanho para formar o pronúcleo
parede folicular. masculino. O oócito contendo dois pronúcleos haploides
O transporte do ovo envolve o tempo entre a ovulação e é chamado de oótide. Os pronúcleos feminino e masculino
a formação da mórula dentro do útero. As fímbrias se aproximam no centro do óvulo, onde ficam em contato,
tubárias que se localizam perto da superfície do perdem as membranas nucleares e fusionam seus
ovário captam o óvulo e levam-no para o infundíbulo. cromossomos, constituindo o ovo.
Quando chegam à ampola, os cílios movem-se de forma Resultados da fecundação:
sincronizada em direção ao útero, levando o óvulo. Estimula o oócito secundário a completar a segunda
Em geral, o tempo de transporte é de 3 dias. Já o tempo divisão meiótica, produzindo o segundo corpo polar;
para fertilização do oócito é de 12 a 24 horas. restaura o número diploide normal de cromossomos (46)
Para ocorrer a fertilização, os espermatozoides devem no zigoto; responsável pela variação da espécie humana;
sofrer processo de capacitação. A capacitação é determina o cromossomo sexual do embrião; causa a
caracterizada pela habilidade do espermatozoide de ativação metabólica do oócito, iniciando a clivagem do
sofrer reação acrossômica e pela capacidade de ligar- zigoto.
se à zona pelúcida e adquirir hipermotilidade. A
reação acrossômica é caracterizada pelo aparecimento
de pequena perfuração na parede do acrossoma por onde
saem as enzimas, hialuronidase e acrosina, que
digerem a coroa radiada e a zona pelúcida, favorecendo
o percurso do espermatozoide no interior do óvulo.
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Nesse estágio de desenvolvimento, o embrião é chamado
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Durante a gestação, a hipófise materna sofre mudanças
blastocisto. O embrioblasto faz uma saliência na anatômicas e funcionais. Observa-se aumento
cavidade blastocística e o trofoblasto forma a parede do significativo do volume glandular de mais de 100%,
blastocisto. Após o blastocisto flutuar por cerca de 2 dias especialmente de seu lobo anterior. A hiperplasia e
nas secreções uterinas, a zona pelúcida se degenera hipertrofia das células acidófilas produtoras de prolactina
gradualmente e desaparece, possibilitando seu rápido são as responsáveis pelo aumento da hipófise na gestação.
crescimento. Cerca de 6 dias após a fertilização, o Didaticamente, costuma-se dividir a endocrinologia da
blastocisto fixa-se ao epitélio do endométrio (nidação), gravidez em duas fases:
geralmente do lado adjacente à massa celular interna, o Ovariana: corresponde às primeiras 8 a 9 semanas da
polo embrionário. gravidez, quando o corpo amarelo gravídico, estimulado
pela gonadotrofina coriônica humana (hCG), é o
principal responsável pela secreção de esteroides.
Placentária: a partir de 8 a 9 semanas, quando a placenta
se incumbe da produção de esteroides em quantidades
crescentes.
O ovário também produz a relaxina, peptídio cuja
principal função é, juntamente com a progesterona,
inibir a contratilidade espontânea do útero, o que é útil
para a manutenção inicial da gravidez.
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maternas, protegem o feto de infecções e preparam o
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da placentação e, portanto, para a manutenção da gravidez.
organismo materno para o parto e lactação. Após essa época, a progesterona placentária é suficiente
As vilosidades coriônicas produzem hCG e hormônio para manter a gravidez.
lactogênico placentário. No entanto, órgãos fetais como
fígado, pulmão, rins, ainda que em menores quantidades,
também sintetizam. O hCG é possivelmente o primeiro
sinal da presença de tecido trofoblástico no
organismo materno, sua identificação constitui
ferramenta importante no diagnóstico de gravidez.
Nas primeiras semanas, os níveis do hormônio dobram a
cada 1,7 a 2 dias, e atingem valores máximos entre 60 e
80 dias. Um sinal presuntivo é o teste de farmácia, que
pode detectar na urina a presença do hCG.
A gonadotropina coriônica humana causa persistência
do corpo lúteo e evita a menstruação
A menstruação normalmente ocorre em mulher não
grávida cerca de 14 dias depois da ovulação, época em que
grande parte do endométrio uterino descama-se da parede
uterina e é expelido para fora do útero. Se isso ocorresse A progesterona produzida pelo trofoblasto é fundamental
após a implantação do ovo, a gravidez seria terminada. para a quiescência do miométrio ao reduzir o número
Entretanto, essa descamação é evitada pela secreção de de junções comunicantes existentes entre as células
gonadotropina coriônica humana pelos tecidos miometriais, indispensáveis para o sincronismo da
embrionários em desenvolvimento. Simultaneamente ao contratilidade uterina, assim como para inibir a síntese
desenvolvimento das células trofoblásticas do ovo recém- de prostaglandinas. A produção de progesterona aumenta
fertilizado, o hormônio gonadotropina coriônica humana é progressivamente com a evolução da gravidez, alcançado
secretado pelas células trofoblásticas sinciciais para os o seu máximo (300mg/dia) poucas semanas antes do parto.
líquidos maternos. A secreção desse hormônio pode
primeiro ser medida no sangue, 8 a 9 dias após a ovulação,
pouco depois do blastocisto se implantar no endométrio.
Em seguida, a secreção aumenta rapidamente, atingindo
nível máximo em torno de 10 a 12 semanas de gestação e
diminuindo novamente a valor mais baixo, por volta de 16
a 20 semanas, continuando nesse nível pelo restante da
gravidez.
A sua função mais importante é evitar a involução do
corpo lúteo ao final do ciclo sexual feminino mensal.
Em vez disso, faz com que o corpo lúteo secrete
quantidades ainda maiores de seus hormônios sexuais
— progesterona e estrogênios — pelos próximos meses.
Esses hormônios sexuais impedem a menstruação e
fazem com que o endométrio continue a crescer e • A progesterona faz com que células deciduais se
armazenar grandes quantidades de nutrientes, em vez de se desenvolvam no endométrio uterino. Essas células têm
descamar em produto menstrual. papel importante na nutrição do embrião inicial.
• A progesterona diminui a contratilidade do útero
Progesterona: O colesterol-LDL materno é ligado a um grávido, evitando, assim, que contrações uterinas causem
receptor específico no sinciciotrofoblasto, transportado aborto espontâneo.
por endocitose e hidrolisado em colesterol livre dentro • A progesterona contribui para o desenvolvimento do
dos lisossomos. No sinciciotrofoblasto, o colesterol é, concepto mesmo antes da implantação, pois
então, convertido em pregnenolona pela enzima especificamente aumenta as secreções das trompas de
mitocondrial 20,22 desmolase. A pregnenolona é Falópio e do útero, proporcionando material nutritivo
posteriormente transformada em progesterona pela apropriado para o desenvolvimento da mórula e do
enzima 3- β-hidroxiesteroide-deidrogenase. blastocisto.
A maioria dessa progesterona (90%) é secretada na • A progesterona, secretada durante a gravidez, ajuda o
circulação materna, e o restante (10%), na circulação estrogênio a preparar as mamas da mãe para a lactação.
fetal. Embora a placenta comece a sintetizar
progesterona bem no início da gestação, antes de 8 a 9 Em relação aos estrógenos, durante a gestação a
semanas, a progesterona produzida pelo corpo amarelo placenta produz de modo crescente e progressivo grande
gravídico é indispensável para o êxito da implantação e quantidade de estrógenos. O tecido trofoblástico não
possui as enzimas fundamentais para a produção dos
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Rafaela Amaral Fecundação e Gestação
estrógenos a partir do colesterol, diferentemente do que
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Ademais, o hormônio promove a liberação de ácidos
ocorre com o corpo lúteo. Os estrogênios desempenham graxos livres das reservas de gordura da mãe, assim,
papel relevante na implantação da placenta ao proporcionando essa fonte alternativa de energia para
induzirem uma vasodilatação do leito vascular o metabolismo materno durante a gravidez.
uterino materno. Durante a gravidez, as quantidades A placenta produz o hormônio liberador
extremas de estrogênios causam: de corticotrofina (CRH), que estimula a produção
• Aumento do útero materno; materna do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O
• Aumento das mamas maternas e crescimento da aumento dos níveis de ACTH eleva os níveis de
estrutura dos ductos da mama; hormônios adrenais, principalmente de aldosterona e
• Aumento da genitália externa feminina da mãe. cortisol, contribuindo assim para o edema. A gestação
Os estrogênios também relaxam os ligamentos pélvicos pode causar ingurgitamento mamário pelo aumento
da mãe, assim as articulações sacroilíacas ficam dos níveis de estrogênio (principalmente)
relativamente maleáveis; e a sínfise pubiana, elástica. e progesterona — uma extensão do ingurgitamento
Essas mudanças facilitam a passagem do feto pelo mamário pré-menstrual.
canal de parto. Existem fortes razões para acreditarmos
que os estrogênios também afetam muitos aspectos Náuseas e vômitos são queixas comuns na primeira
gerais do desenvolvimento fetal durante a gravidez, metade da gestação, usualmente permanecendo até 16
como, por exemplo, a intensidade da reprodução celular semanas gestacionais. Acredita-se que esteja
no embrião inicial. Após o parto, a súbita cessação do relacionada à elevação súbita dos níveis de
estímulo estrogênio-progesterona possibilita o gonadotrofina coriônica humana (hCG) e estrógeno. O
estabelecimento da lactação. tratamento não traz alívio completo dos sintomas na
maioria das vezes, sendo, em geral, paliativo.
Recomendam-se refeições em pequenas quantidades e
fracionadas. O odor de alimentos estimulantes agrava os
sintomas e deve ser evitado.
A pirose é um dos sintomas mais comuns na gestação.
Decorre do refluxo de conteúdo gástrico na porção
baixa do esôfago, resultado da compressão uterina
sobre o estômago e do relaxamento do esfíncter inferior
esofágico. Em geral, são sintomas leves que melhoram
com fracionamento das refeições, evitando a posição
muito plana ao deitar e com uso de antiácidos, como
hidróxido de alumínio ou magnésio isolados ou em
combinação. Deve-se evitar a ingestão de alimentos
gordurosos e contendo cafeína, pois eles relaxam o
esfíncter esofágico inferior.
A obstipação é muito comum e piora à medida que a
gestação evolui, podendo surgir apenas no terceiro
trimestre. Sua etiopatogenia é desconhecida, e a
progesterona pode exercer efeito inibidor sobre a
musculatura colônica. Como tratamento, orienta-se o
aumento do consumo de legumes, verduras e frutas para
hidratação; se isso não for suficiente, prescrevem-se
A somatomamotropina coriônica humana, ou HLP formadores de bolo fecal que contenham psílio hidrofílico
(Hormônio Lactogênico Placentário), é um hormônio muciloide ou farelo de trigo. Não se deve prescrever óleos
proteico que começa a ser secretado pela placenta em minerais porque eles reduzem a absorção de vitaminas
torno da quinta semana de gestação. A secreção desse lipossolúveis.
hormônio aumenta progressivamente durante todo o A fadiga e sonolência também são sintomas comuns no
restante da gravidez, em proporção direta ao peso da início da gestação e, em geral, regridem espontaneamente
placenta. Embora as funções da somatomamotropina por volta do quarto mês. Sua etiologia é atribuída ao efeito
coriônica sejam incertas, ela é secretada em quantidade da progesterona sobre o sistema nervoso central.
muitas vezes maior do que todos os outros hormônios da
gravidez combinados. A somatomamotropina coriônica Diferenciar êmese gravídica de hiperêmese
humana diminui a sensibilidade à insulina e a utilização A êmese gravídica, vômitos simples do início da
de glicose pela mãe, disponibilizando, assim, gestação, e a hiperêmese gravídica, vômitos incoercíveis
quantidades maiores de glicose ao feto. Como a glicose da gravidez, diferem apenas na intensidade e na
é o principal substrato usado pelo feto para fornecer repercussão clínica de seus efeitos. Tratam-se do mesmo
energia ao seu crescimento, a possível importância desse processo, no entanto, a hiperêmese configura a forma
efeito hormonal é óbvia. grave.
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Não há definição única para a hiperêmese gravídica,
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sendo a mais aceita aquela que considera a perda
ponderal de, no mínimo, 5% do peso pré-gravídico;
anormalidades como desidratação e desnutrição
(cetonúria) costumam estar presentes. A hiperêmese
gravídica é a segunda causa mais frequente de internação
hospitalar; a primeira é o parto pré-termo. Quando a
paciente experimenta náuseas e vômitos após 9 semanas,
outras condições, em sua maioria intercorrentes na
gravidez, devem ser cogitadas.
A separação da hiperêmese gravídica em duas formas
clínicas, de média e de grave intensidade, é clássica:
Formas médias: pacientes abandonadas na êmese A fisiopatologia por meio da qual a hCG causaria a
simples, por 2 a 4 semanas, com perda ponderal discreta, hiperêmese ainda é desconhecida. Segundo um
de 5% do peso pré-gravídico; o pulso mantém-se abaixo mecanismo proposto, esse hormônio promoveria a
de 100 bpm estimulação da secreção das glândulas do sistema
Formas graves: a perda ponderal é acentuada, 6 a 8%, e digestório superior ou ainda a estimulação da função
o pulso mostra-se rápido, acima de 100 bpm; cetonúria tireoidiana, por possuir estrutura molecular semelhante à
pontual. do hormônio estimulante da tireoide (TSH).
Esses sintomas têm início entre 5 e 6 semanas de
gestação, com picos em torno de 9 semanas, e Em gestantes com níveis iatrogenicamente elevados de
usualmente declinam por volta de 16 a 18 semanas. No progesterona, em que há múltiplos corpos lúteos causados
entanto, em 15 a 20% das gestantes os sintomas podem pela estimulação ovariana medicamentosa, ou em que a
persistir até o terceiro trimestre, e em 5% até o parto. O progesterona é administrada como suporte da
desconforto pode ocorrer em qualquer horário e em 80% fase lútea, não há um aumento da incidência da doença, o
dos casos persiste o dia todo. que sugere que os níveis de progesterona (endógenos e
O quadro clínico é caracterizado por vômitos exógenos) por si só não causam a doença.
incoercíveis que podem levar a alterações do
equilíbrio acidobásico e hidroeletrolítico, Hiperêmese gravídica é mais prevalente em condições
desidratação e perda de peso. Em alguns casos, associadas a níveis elevados de estrógeno, como na
ocorrem alterações hepáticas, renais, cerebrais e gestante com sobrepeso, na primigesta e em gestantes com
hemorragia retiniana. Caso esses distúrbios não sejam fetos em que não ocorreu a descida dos testículos. Uma
corrigidos, a paciente pode evoluir para desnutrição e elevada incidência de carcinoma testicular é observada nos
deficiência de vitaminas. Em fases mais avançadas, filhos de mães que sofreram da doença durante a gravidez.
sintomas de psicose tornam-se presentes, aparecendo Esses achados somados ao fato de que a náusea é um efeito
alucinações e síndrome de Korsakoff, uma doença colateral comum em tratamentos com estrógenos
crônica neuropsiquiátrica caracterizada por alterações do corroboram a hipótese de que esse hormônio pode ser um
comportamento associadas a perda de memória (amnésia fator causal da hiperêmese. Uma explicação dessa
retrógrada) e do aprendizado (amnésia anterógrada). A correlação é que os níveis elevados de estrógeno
síndrome de Wernicke, caracterizada pela tríade provocam lentidão no trânsito intestinal e aumento do
confusão mental, alterações oculares e ataxia, pode se tempo de esvaziamento gástrico, resultando em
instalar em quadros graves de hiperêmese, acúmulo de fluidos no trato gastrointestinal.
principalmente naquelas pacientes que foram submetidas
a longo período de hidratação venosa à base de solução Hormônio estimulante da tireoide (TSH): A glândula
glicosilada e sem suplementação de tiamina (vit B1). tireoide é fisiologicamente estimulada no início da
Há teorias que afirmam que os hormônios da gravidez gestação. Em alguns casos, os níveis dos hormônios
podem causar essa doença, baseadas no fato de que as tireoidianos desviam de sua normalidade, provocando
pacientes que a apresentam estão expostas a altos níveis um estado conhecido como hipertireoidismo gestacional
hormonais no início da gestação. Como ela é mais transitório, que se apresenta em aproximadamente 60%
prevalente nas primeiras semanas de gravidez, período das pacientes com hiperêmese gravídica. A concentração
no qual a placenta e o corpo lúteo produzem hormônios de hCG tem correlação com o grau de estimulação da
como a progesterona e a gonadotrofina coriônica tireoide e é comprovada por ensaios capazes de aferir a
humana (hCG), estes são normalmente associados à sua atividade tireotrófica, mostrando que o grau de
gênese. Entre os fatores de risco, podem ser citadas a hipertireoidismo e a concentração de hCG se relacionam
história de hiperêmese gravídica em gestação diretamente com a gravidade dos sintomas.
anterior, a história familiar (mãe, irmã) e a gravidez Vários mecanismos podem envolver a estimulação da
de feto feminino. função tireoidiana durante a gestação. Em decorrência da
influência dos estrógenos, a produção de globulinas
trans-portadoras de T4 está aumentada e o
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Rafaela Amaral Fecundação e Gestação
metabolismo desse hormônio, diminuído, causando
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pode ser obtido entre 8 a 11 dias após a concepção. Os
uma diminuição transitória dos níveis séricos de T4 livre. níveis plasmáticos de β-hCG aumentam rapidamente até
Do ponto de vista renal, o alto clearance de iodo atingir o pico entre 60 e 90 dias de gravidez. Na prática,
provoca a estimulação da tireoide para compensar a níveis menores que 5mUI/mL são considerados negativos
relativa deficiência de iodo. Por fim, em virtude da e acima de 25mUI/mL são considerados positivos.
semelhança estrutural com o TSH, a elevação dos níveis
séricos de hCG pode causar uma estimulação excessiva
da tireoide.
HIDRATAÇÃO
A paciente com hiperêmese normalmente se apresenta
desidratada, necessitando de reposição volêmica
intravenosa feita em geral com soro glicofisiológico Sinais de Probabilidade
que, além da hidratação, oferece um aporte calórico. Aumento do volume uterino: O toque combinado infere
Podem ser adicionadas a essa expansão vitaminas como as alterações que a gravidez imprime ao útero. Fora da
as do complexo B e o ácido ascórbico, a fim de tratar gestação, o órgão é intrapélvico, localizado abaixo do
eventual carência vitamínica. O volume a ser estreito superior; na gravidez, expande-se; com 6 semanas,
administrado depende da intensidade da desidratação. apresenta volume de tangerina; com 10 semanas, de uma
Uma avaliação clínica de que a paciente está hidratada laranja; e com 12 semanas, o tamanho da cabeça fetal a
pode ser feita pela presença de diurese clara. Se mesmo termo, sendo palpável logo acima da sínfise púbica.
após a reposição volêmica intravenosa a paciente não • Sinal de Piskacek: Inicialmente, o desenvolvendo-se
apresentar diurese, deve-se suspeitar de necrose tubular mais acentuadamente na zona de implantação. A sensação
aguda e, nesse caso, a hidratação deve ser cautelosa para tátil é de abaulamento e amolecimento no local, sendo
evitar hipervolemia e suas complicações, como edema possível notar, eventualmente, sulco separando as duas
agudo dos pulmões. regiões (sinal de Piskacek).
Vômitos persistentes causam perdas de ácido
clorídrico, cloreto de sódio e cloreto de potássio
provenientes do suco gástrico, o que dá início à
alcalose metabólica. Em decorrência da desidratação e
da perda de íons cloro, a alcalose persiste, pois gera
diminuição do ritmo de filtração glomerular com maior
reabsorção de sódio e bicarbonato. Dessa forma,
desencadeia-se uma alcalose metabólica hipoclorêmica.
O tratamento, portanto, deve preconizar a reposição
volêmica com cloreto de sódio, por causa da • Sinal de Jacquemier: hipervascularização da vulva
desidratação, e deve repor o cloro. Se ocorrerem (coloração violácea vulvar)
alterações dos níveis séricos de potássio e sódio, esses • Sinal de Kluge: hipervascularização da vagina e colo
elementos devem ser repostos até sua devida uterino (cianose vaginal e cervical)
normalização. • Sinal de Osiander: pulsação da artéria vaginal
(perceptível ao toque vaginal)
Elucidar os métodos para diagnosticar uma gravidez, • Sinal de Hegar: amolecimento do istmo cervical
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Rafaela Amaral Fecundação e Gestação
Sinais de certeza além do beta
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semanas, o diâmetro biparietal (DBP) fornece precisão de
São dados pela existência do concepto, anunciada pelos ± 10 dias. Após 20 semanas as medidas sonográficas são
batimentos cardiofetais e pela sua movimentação ativa; a imprecisas. Se houver diferença entre a idade da gravidez
ultrassonografia é capaz de rastreá-los com 7 a 8 obtida pela última menstruação e a avaliada pelo
semanas. ultrassom, prevalece a estimada pela sonografia. A datação
14 semanas – Sinal de Puzos da idade gestacional (IG) por ultrassonografia (USG) deve
Trata-se do rechaço fetal intrauterino, que se obtém ao ser sempre baseada na primeira USG realizada e nunca
impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo deve ser recalculada com ultrassonografias posteriores.
de saco anterior. Dessa maneira, ocorre impressão de
rechaço quando o concepto se afasta e quando retorna. Gestação de 8 semanas. E, embrião; VV, vesícula vitelina.
Diagnóstico ultrassonográfico
Atualmente, é obrigatório o uso da ultrassonografia
transvaginal no primeiro trimestre da gravidez. Com 4 Idade gestacional
a 5 semanas, na parte superior do útero, começa a A gravidez é datada do 1° dia do último período
aparecer formação arredondada, anelar, de menstrual. A duração média da gestação é de 280 dias (40
contornos nítidos, que corresponde à estrutura semanas), e isso fornece a data provável do parto,
ovular, denominada, em ultrassonografia, saco assumindo que:
gestacional (SG). • O ciclo é de 28 dias
• A ovulação ocorreu geralmente no 14 o dia do ciclo
• O ciclo foi normal, ou seja, não ocorreu imediatamente
após a parada de contracepção oral ou após gravidez
anterior.
Na prática usa-se a regra de Naegele, que consiste em
adicionar à data da última menstruação 7 dias e mais 9
meses (ou menos 3 meses, quando se faz o cálculo
retrógrado).
Por exemplo, se a última menstruação foi em 10 de
novembro (mês 11), temos 10 + 7 = 17, e 11 – 3 = 8,
portanto, 17 de agosto (mês 8) será a data provável do
Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se espessamento no
parto. Aparentemente, a gravidez, assim avaliada, não teria
SG, que representa a placenta em desenvolvimento e seu
os 280 dias de duração média que lhe foram atribuídos (9
local de implantação no útero. Com 12 semanas, a
× 30 = 270 + 7 = 277). No entanto, há correspondência
placenta pode ser facilmente identificada e apresenta
perfeita: no decurso de 9 meses, como norma, 3 ou 4 têm
estrutura definida com 16 semanas.
31 dias e essa diferença (de 1 dia) torna a regra de Naegele
No 1° trimestre a idade da gravidez é estimada pela
a mais aproximada dos referidos 280 dias.
medida do comprimento cabeça-nádega (CCN) com
precisão de aproximadamente 5 dias; de 12 até 20
@resumeairafa
Rafaela Amaral
Aumento do volume uterino
Fecundação e Gestação Medicina-FPME-3°P
O útero pode ser palpado no abdome, a partir de 12
semanas. À medida que a gestação avança, o fundo
uterino mostra-se gradativamente mais alto,
distanciando-se da sínfise púbica. Na primeira metade da
gestação, a mensuração do fundo de útero é bom
indicador para o cálculo da idade da gravidez. Na
segunda metade, embora ele cresça cerca de 4 cm/mês,
as variações são maiores e os erros, mais comuns. Com
16 semanas, o fundo de útero estará a meia distância
entre a sínfise púbica e o umbigo; com 20 semanas,
nesse, e ao termo, próximo das rebordas costais.
Referências
• MONTENEGRO, C.A.B.; REZENDE-FILHO, J.
Rezende obstetrícia. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.
• ZUGAIB, M.; FRANCISCO, R.P.V. Zugaib
obstetrícia. 4. ed. Barueri: Manole, 2020.
• GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Guyton e Hall: tratado de
fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2017.
• MOORE, Keith L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia
básica. 8. ed. [Rio de Janeiro]
@resumeairafa
Rafaela Amaral Desenvolvimento do embrião Medicina-FPME-3°P
@resumeairafa
Rafaela Amaral Desenvolvimento do embrião Medicina-FPME-3°P
Algumas vezes ocorre sangramento no local da
implantação, como resultado de aumento do fluxo
sanguíneo para os espaços lacunares. Como esse
sangramento ocorre próximo ao vigésimo oitavo dia do
ciclo menstrual, pode ser confundido com sangramento
menstrual normal e, desse modo, causar inexatidão na
determinação da data provável do parto.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Desenvolvimento do embrião Medicina-FPME-3°P
Gastrulação: formação das camadas germinativas proliferar e se diferenciar em diversos tipos de células,
A gastrulação é o processo em que o disco embrionário como fibroblastos, condroblastos e osteoblastos. A linha
bilaminar é convertido em um disco embrionário primitiva forma ativamente o mesoderma até o começo
trilaminar. Cada uma das três camadas germinativas da quarta semana.
(ectoderma, endoderma e mesoderma) do disco
embrionário dá origem a tecidos e órgãos específicos. Processo Notocordal e Notocorda
Algumas células mesenquimais migram pela região
Linha Primitiva cranial, do nó e da fosseta primitivos, formando um
No início da terceira semana, a linha primitiva aparece cordão celular na região mediana, o processo
na região dorsal do disco embrionário. Essa banda notocordal. Este processo logo adquire um lúmen, o canal
linear espessada resulta da proliferação e migração de notocordal. O processo notocordal cresce cranialmente
células do epiblasto para o plano mediano do disco entre o ectoderma e o endoderma, até atingir a placa
embrionário. Assim que a linha primitiva aparece, é pré-cordal, uma área pequena e circular de células, que é
possível identificar o eixo craniocaudal do embrião um organizador importante da região cefálica. As
(extremidades craniais e caudais), superfícies dorsais e camadas fusionadas do ectoderma e do endoderma
ventrais, lados direito e esquerdo. À medida que a linha formam a membrana orofaríngea, situada na futura
primitiva se alonga através da adição de células à sua região da cavidade oral (boca).
extremidade caudal, sua extremidade craniana prolifera
e forma o nódulo primitivo. Ao mesmo tempo, um sulco
primitivo estreito se desenvolve na linha primitiva, que
termina em uma pequena depressão no nódulo primitivo,
a fosseta primitiva. Pouco tempo depois de a linha
primitiva aparecer, as células deixam sua superfície
profunda e formam o mesoderma, uma rede frouxa de
tecido conjuntivo embrionário, conhecido como
mesênquima, que forma os tecidos de suporte do
embrião.
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Desenvolvimento dos somitos
Assim que a notocorda e o tubo neural se formam, o
mesoderma intraembrionário de cada lado do embrião
prolifera para formar uma espessa coluna longitudinal: o
mesoderma para-axial. Cada coluna é contínua
lateralmente ao mesoderma intermediário, que
gradualmente se afina para formar o mesoderma lateral.
O mesoderma lateral é contínuo com o mesoderma
extraembrionário, que cobre a vesícula umbilical e o
âmnio. Os somitos formam protuberâncias distintas
na superfície do embrião e aparecem um pouco
triangulares, em secções transversais. Por serem os
somitos tão proeminentes durante a quarta e a quinta Desenvolvimento inicial do sistema cardiovascular
semana, eles são utilizados como um dos muitos Ao final da segunda semana, a nutrição embrionária é
critérios para determinar a idade de um embrião. O obtida do sangue materno, por difusão através do
primeiro par de somitos aparece no final da terceira celoma extraembrionário e da vesícula umbilical. A
semana, perto da extremidade craniana da notocorda. formação inicial do sistema cardiovascular se correlaciona
Pares subsequentes se formam em uma sequência com a necessidade urgente de transporte de oxigênio e
craniocaudal. Somitos dão origem à maior parte do nutrientes para o embrião da circulação materna por meio
esqueleto axial e da musculatura associada, bem do cório. No início da terceira semana, a formação de
como à derme da pele. vasos sanguíneos, ou vasculogênese, começa no
Desenvolvimento do celoma intraembrionário mesoderma extraembrionário do saco vitelino,
O celoma intraembrionário (cavidade do corpo) aparece pedúnculo e cório. A vasculogênese começa no cório.
primeiro como espaços celômicos, pequenos e isolados Os vasos sanguíneos se desenvolvem cerca de dois dias
no mesoderma intraembrionário lateral e cardiogênico mais tarde. No final da terceira semana, a circulação
para formar uma cavidade única, em forma de uteroplacentária primordial está desenvolvida.
ferradura, o celoma intraembrionário. O celoma
divide o mesoderma Vasculogênese e Angiogênese
(formador do coração). Esses espaços coalescem lateral A formação de vasos sanguíneos no embrião e nas
em duas camadas: membranas extraembrionárias, durante a terceira semana,
• Uma camada somática ou parietal (somatopleura), podem ser resumidas em:
que é contínua com o mesoderma extraembrionário que Vasculogênese
cobre o âmnio • As células mesenquimais se diferenciam em precursores
• Uma camada esplâncnica ou visceral das células endoteliais ou angioblastos (células
(esplancnopleura), que é contínua com o mesoderma formadoras de vasos), que se agregam de modo a formar
extraembrionário que cobre a vesícula umbilical aglomerados isolados de células angiogênicas conhecidas
O mesoderma somático e o ectoderma embrionário como ilhas de sangue;
sobreposto formam a parede do corpo embrionário, • Pequenas cavidades aparecem dentro das ilhotas de
enquanto o mesoderma esplâncnico e o endoderma sangue pela confluência de fissuras intercelulares;
embrionário subjacente formam a parede do intestino. • Os angioblastos se achatam para formar as células
Durante o segundo mês, o celoma intraembrionário é endoteliais e se organizam em torno das cavidades nas
dividido em três cavidades do corpo: cavidade ilhotas de sangue para formar o endotélio primordial;
pericárdica, cavidades pleurais e cavidade peritoneal. • As cavidades revestidas pelo endotélio logo se fusionam
para formar redes de canais endoteliais.
Angiogênese
• Vasos brotam pela camada endotelial em áreas
adjacentes não vascularizadas e se fundem com outros
vasos.
As células sanguíneas se desenvolvem a partir de
células-tronco hematopoiéticas ou a partir do endotélio
hemangiogênico ou dos vasos sanguíneos que se
formam na vesícula umbilical e no alantoide, no fim da
terceira semana. A formação do sangue (hematogênese)
não começa dentro do embrião até a quinta semana. Este
processo ocorre primeiro em várias partes do
mesênquima embrionário, principalmente no fígado, e
mais tarde no baço, medula óssea e nódulos linfáticos.
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As células mesenquimais, que rodeiam os vasos
sanguíneos primordiais endoteliais, se diferenciam em
elementos do tecido muscular e conjuntivo dos vasos. Os
grandes vasos e as veias cardíacas se formam a partir
de células mesenquimais no primórdio cardíaco ou
área cardiogênica. Canais revestidos por endotélio – os
tubos cardíacos do endocárdio – se desenvolvem
durante a terceira semana e se fusionam para formar o
tubo primordial cardíaco. O coração tubular se une a
vasos sanguíneos no embrião, ligando o pedúnculo, o
cório e a vesícula umbilical para formar o sistema
cardiovascular primordial. No fim da terceira semana,
o sangue está fluindo e o coração começa a bater a
partir do 21º ou 22º dia.
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No início, o embrião é quase reto. Na quarta semana,
elevações de superfície visíveis são produzidas pelos
somitos e o tubo neural está aberto nos neuroporos cranial
e caudal. Com 24 dias, os arcos da faringe tornam-se
visíveis. Neste momento, o embrião encontra-se
ligeiramente curvado por causa dos dobramentos cefálico
e caudal. O coração primitivo produz uma grande
proeminência ventral e bombeia sangue. Com 24 dias, o
neuroporo cranial já está se fechando.
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Com 26 dias, o encéfalo anterior produz uma elevação
saliente da cabeça e uma longa e curva eminência caudal
(estrutura tipo cauda) está presente. Aos 28 dias, os
brotos dos membros superiores aparecem como
pequenas intumescências na parede ventrolateral do
corpo. Aos 26 dias, as fossetas óticas (primórdios das
orelhas internas) também são visíveis. Nos lados da
cabeça são visíveis os placoides do cristalino,
espessamentos ectodérmicos que indicam os futuros
cristalinos dos olhos. O quarto par de arcos faríngeos e
os brotos dos membros inferiores são visíveis no final da
quarta semana. Normalmente, no final da quarta
semana o neuroporo caudal está fechado.
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Referências
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decrescente de frequência, dos cromossomos 16, 22, 21, Causas uterinas e malformações:
15, 13, 2 e 14. Sinéquias intrauterinas (síndrome de Asherman)
Erros na meiose II são a principal explicação para a As aderências intrauterinas, geralmente secundárias a
ocorrência das trissomias e relacionam-se com a curetagens pós-abortamento infectado, podem interferir
idade materna avançada e com a diminuição ou no processo de implantação ovular. Estima-se que entre 15
ausência de recombinação meiótica. e 30% das pacientes com aderências intrauterinas
A triploidia encontra-se associada à mola parcial e os desenvolvem abortamento de repetição. Geralmente,
achados patológicos frequentemente encontrados essas mulheres apresentam diminuição do fluxo menstrual
incluem saco gestacional desproporcionalmente ou amenorreia.
grande, degeneração hidrópica parcial das Incompetência cervical
vilosidades coriônicas e hiperplasia do trofoblasto. Os A incompetência cervical é uma condição que se
fetos triploides podem apresentar defeitos do tubo caracteriza por perda fetal recorrente no segundo trimestre
neural, onfalocele, dismorfismo facial, fenda labial e da gravidez, em consequência de insuficiência do sistema
sindactilia. de oclusão do colo uterino. Essa inabilidade do colo
A monossomia do cromossomo X é a segunda causa uterino em manter-se convenientemente ocluído pode ser
de alteração cromossômica mais comumente consequente a um defeito estrutural ou funcional. Entre os
relacionada ao abortamento. Ela está presente em fatores etiológicos destacam-se as causas traumáticas,
cerca de 7 a 10% dos abortamentos de primeiro trimestre. como dilatação e curetagem, laceração cervical pós-parto
Aproximadamente 99% dos casos de monossomia do X traumático ou pós-abortamento, amputação ou conização
evoluem para o abortamento. Essa alteração do colo uterino.
cromossômica geralmente ocorre pela falta de um Defeitos da fusão dos ductos de Muller
cromossomo sexual paterno, não havendo correlação As malformações uterinas, como útero unicorno, didelfo,
com a idade materna. septado, bicorno e arqueado são consequentes às
Alterações endócrinas – defeito na fase lútea anomalias de fusão dos ductos de Müller, também
A implantação ovular em endométrio pobremente denominados paramesonéfricos. O útero, as tubas uterinas,
preparado, em consequência à produção deficiente de a cérvix e parte da vagina originam-se da fusão desses
progesterona pelo corpo lúteo, foi aventada no passado ductos. A mais comum anomalia mülleriana de causa
como causa de abortamento espontâneo e habitual. iatrogênica deve-se à exposição intrauterina ao
Atualmente, os defeitos da fase lútea são considerados dietilestilbestrol. Os defeitos da fusão dos ductos de
causa pouco provável de abortamento e sua pesquisa não Müller são aventados como causa de abortamento ha-
faz mais parte da rotina diagnóstica atual. bitual, restrição do crescimento fetal, prematuridade,
Diabetes mellitus tipo 1: A taxa de abortamento apresentações anômalas e hemorragia pós-parto.
encontra-se aumentada em mulheres com diabetes Fatores imunológicos: (autoimunes e aloimunes) –
mellitus tipo 1 que não estão metabolicamente relacionados aos abortos de repetição.
controladas no início da gravidez. Autoimunes: Pacientes com doenças autoimunes
Tireopatias: A incidência de abortamento mostra-se apresentam maior probabilidade de perda fetal, contudo
aumentada em pacientes com evidente tireopatia. Alguns somente a síndrome antifosfolípide (SAF) apresenta como
estudos têm demonstrado que pacientes com critério de definição a presença de perda fetal.
abortamento apresentam maior incidência de anticorpos Os anticorpos antifosfolipídicos (anticorpo
antitireoidianos, mesmo na ausência de doença anticardiolipina, anticorpo anticoagulante lúpico e anti-
tireoidiana. Por outro lado, outros estudos não beta-2-glicoproteína I), estão implicados em várias
encontraram relação causal entre a taxa de abortamento complicações obstétricas, como abortamento habitual,
e a presença desses anticorpos. restrição do crescimento fetal (RCF), prematuridade,
Síndrome dos ovários policísticos: afeta cerca de 10% doença hipertensiva específica da gestação,
das mulheres em idade reprodutiva e tem sido descolamento prematuro de placenta (DPP) e óbito
considerada causa de abortamento, inclusive de fetal. Os anticorpos antifosfolipídicos são responsáveis
abortamento habitual. Os possíveis mecanismos por fenômenos trombóticos, tanto arteriais como venosos,
responsáveis pelo abortamento em pacientes com e encontram-se presentes entre 15 e 20% das mulheres com
síndrome dos ovários policísticos são: maior resistência abortamento habitual.
à insulina, com consequente hiperinsulinemia e elevação Aloimune: diz respeito a diferenças genéticas entre
do hormônio luteinizante, obesidade e indivíduos da mesma espécie. A teoria aloimune para
hiperandrogenismo. Alguns estudos têm mostrado que o abortamentos de repetição baseia-se em resposta materna
tratamento preconcepcional e durante a gravidez com anormal para antígenos paternos, ou do trofoblasto.
metformina diminui a taxa de abortamento em pacientes Partindo-se do princípio de que a desigualdade antigênica
com essa síndrome. entre mãe e feto é fundamental para o progredir da
INFECÇÕES gestação, na presença de histocompatibilidade materno-
Teoricamente, as infecções maternas (bacterianas ou fetal exagerada pode ocorrer uma resposta imunológica
virais) podem ocasionar abortamento por lesões da alterada e paradoxal (agressora), ocasionando rejeição
decídua, da placenta, das membranas ovulares e do materna aos tecidos fetais, semelhante ao observado em
produto conceptual. transplantes.
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Esse descontrole do mecanismo imune normal Dores: precedem, acompanham e geralmente sucedem a
provavelmente ocorre na interface materno-fetal, hemorragia. São provocadas por metrossístoles fugazes
podendo envolver aumento de atividade de células e intermitentes. Contrações regulares, como as do
natural killer uterinas, que regulam o crescimento da trabalho de parto, espelham processo irreversível. Deve ser
placenta e do trofoblasto, a imunomodulação local e lembrado que o abortamento, muitas vezes, é precedido
o controle da invasão trofoblástica. pela morte do embrião, e as perdas sanguíneas e as cólicas,
antes de constituírem ameaça, anunciam interrupção
A utilização de imunoterapia para tratar casais co inevitável.
abortamento de repetição de causa aloimune tem como
objetivo suprimir a atividade das células natural killer. Fluxo interviloso no abortamento
Diante da ameaça de abortamento, os sintomas decorrem
Drogas e agentes nocivos: da hemorragia nas áreas periféricas em que está o fluxo
Tabagismo, álcool e cafeína entram nos estudos para interviloso. Nos abortamentos inevitáveis, todavia, o
associação com aborto, no entanto não há nada fluxo interviloso é bastante comum nas áreas centrais da
concreto. placenta. Em cerca de dois terços dos casos de
O risco de abortamento é maior em mulheres ≥ 35 anos, abortamento há placentação defeituosa, caracterizada,
mas esse risco se eleva consideravelmente se a mulher principalmente, por manto trofoblástico fino e
tiver ≥ 35 e o homem ≥ 40 anos. fragmentado e invasão reduzida do trofoblasto
extravilositário situado na extremidade do lúmen das
artérias espiraladas. Na maioria dos casos de abortamento,
Constituem tipos clínicos de abortamento:
essa invasão está associada ao início prematuro da
• Ameaça de abortamento
circulação materna por toda a placenta. A entrada
• Abortamento inevitável
excessiva de sangue materno no espaço interviloso tem
• Abortamento completo efeito mecânico direto no tecido viloso e indireto no
• Abortamento incompleto estresse oxidativo, que contribuem para a disfunção e a
• Abortamento infectado lesão celular.
• Abortamento habitual Diagnóstico sonográfico de gravidez inviável
• Insuficiência cervical. São considerados sinais diagnósticos de gravidez inviável:
comprimento cabeça-nádega (CCN) ≥ 7 mm e ausência
Ameaça de abortamento: gravidez complicada por de batimento cardiofetal (bcf), diâmetro médio do saco
sangramento antes de 22 semanas gestacional (SG) ≥ 25 mm e embrião ausente. Valores
Abortamento inevitável: o colo está dilatado, mas o do CCN < 7 mm sem bcf e do SG de 16 a 24 mm sem
produto da concepção não foi eliminado embrião são considerados suspeitos, mas não diagnósticos.
Abortamento completo: todo o produto da concepção Nesse cenário, pode ser útil repetir a ultrassonografia 7 a
foi eliminado sem a necessidade de intervenção médica 10 dias mais tarde.
ou cirúrgica O hematoma intrauterino é outro sinal de
Abortamento incompleto: alguma parte do produto da abortamento. Hematomas intrauterinos muito grandes (>
concepção foi eliminada, mas não a sua totalidade; 50% do SG) e de aparecimento muito precoce na gestação
podem estar retidos feto, placenta ou membranas estão associados a prognóstico adverso em quase 50% dos
Abortamento infectado: abortamento (geralmente casos.
incompleto) complicado por infecção intrauterina Hematoma intrauterino. SG = saco gestacional; H = hematoma.
Abortamento retido: gravidez na qual já há a morte
fetal (usualmente por semanas) sem a sua expulsão
Abortamento habitual: 2 ou mais abortamentos
consecutivos.
Curetagem uterina: Estando o colo uterino aberto, ou dilatado previamente pelos dilatadores de Deninston ou velas de Hegar, introduz-
se a cureta e promove-se uma raspagem da cavidade uterina, extraindo-se o material desprendido pelo instrumental. Por ter diâmetro
variável e ser de material rígido (aço) pode provocar acidentes, tal como perfuração do útero. Por ser de utilização mais antiga, ainda
é muito usada no Brasil. Nos casos do colo uterino estar fechado ou pouco dilatado, pode-se promover sua abertura por meio da dilatação
cervical, embora esse procedimento não esteja isento de riscos. Nas gestações superiores a 12 semanas deve-se promover a indução
farmacológica com misoprostol. Então, após a expulsão fetal, faz-se a curetagem uterina.
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Conduta frente a uma mãe com Rh negativo e suas metabolizados no fígado materno.
Por razões desconhecidas, a avidez dos anticorpos IgG
possíveis complicações tende a aumentar quando o intervalo entre as exposições é
prolongado. Quanto maior for o intervalo entre as
Doença hemolítica perinatal gestações, mais grave tende a ser a doença.
Quando uma gestante RhD-negativo é exposta a sangue A anemia fetal leva à eritropoese medular e extramedular
com células RhD-positivo, frequentemente por conta (principalmente no fígado, no baço e na parede intestinal),
de hemorragia feto-materna, ela desenvolve que é mediada pela eritropoetina fetal. Nesse momento, a
anticorpos an-ti-D que atravessam a placenta, presença de eritrócitos jovens na circulação periférica fetal
resultando na destruição de eritrócitos fetais, situação é grande, originando, então, o termo eritroblastose fetal.
que é denominada doença hemolítica perinatal (DHPN). A anemia crescente intensifica a eritropoese, sobretudo no
As manifestações clínicas dessa doença variam de fígado do feto, o que leva a um aumento das ilhotas de
anemia fetal leve assintomática, hidropsia fetal com células eritropoéticas que se coalescem, ocupando a maior
anemia grave e icterícia até óbito fetal. parte da estrutura hepática. Essas alterações hepáticas
A etiologia da aloimunização RhD é decorrente da levam a disfunção celular, diminuição do transporte de
exposição a antígenos eritrocitários não compatíveis, a substâncias, interrupção dos sistemas enzimáticos e
principal causa é a ocorrência de hemorragia feto- insuficiência hepática. O quadro se agrava com a
materna em gestação de feto RhD-positivo com mãe manutenção da hemólise, ocorrendo hipoalbuminemia,
RhD-negativo. Kleihauer et al. desenvolveram um teste hepatoesplenomegalia, hipertensão do sistema porta,
que possibilita identificar e quantificar a hemorragiafeto- ascite, derrame pericárdico e pleural, insuficiência
materna. O teste de Kleihauer consiste na adição de cardíaca, alteração na circulação e na função placentária e,
solução ácida (pH = 3 a 3,5) a uma amostra de sangue por fim, óbito fetal.
materno, o que faz com que essas células sofram DIAGNÓSTICO
desnaturação, enquanto as células fetais se mantêm A primeira etapa no diagnóstico da aloimunização é a
intactas. Esse teste permite diferenciar as hemácias fetais solicitação, no início do pré-natal, da tipagem sanguínea
das adultas, possibilitando então o diagnóstico da e a pesquisa de anticorpos irregulares (PAi) de todas as
hemorragia feto-materna. Em razão da maior chance e do gestantes. O Coombs indireto apenas indica a presença de
maior volume de hemorragia feto-materna no terceiro algum anticorpo antieritrocitário, ao passo que a PAi é
trimestre, preconiza a profilaxia contra aloimunização capaz de identificar e titular os anticorpos presentes. Caso
RhD. a gestante seja RhD-negativo, deve-se determinar a
A sensibilização ainda pode ocorrer em situações ou tipagem sanguínea do parceiro. Se este também for RhD-
procedimentos que provocam hemorragia feto-materna, negativo, o feto será RhD-negativo e a gestante não
como ameaça de abortamento, descolamento prematuro apresentará risco de sensibilização ou de doença
de placenta, trauma materno, biópsia de vilosidades hemolítica perinatal se já for sensibilizada. Quando o
coriônicas, amniocentese, cordocentese, transfusão parceiro for RhD-positivo, PAi e titulação devem ser
intrauterina e manipulação obstétrica. Pode-se detectar solicitados na primeira consulta, repetidos entre 16 e 18
eritrócitos fetais na circulação materna a partir de 10 semanas de gestação e depois mensalmente até o termo.
semanas; portanto, pacientes que abortam também Tratamento:
correm risco de sensibilização, que é maior nos casos de Para evitar que uma mulher com sangue Rh negativo
abortamento induzido (4,5%) do que nos de abortamento desenvolva anticorpos ela recebe uma injeção de um
espontâneo (2%). Há risco de aloimunização também em preparado de imunoglobulina anti-D (Rh0)
gravidez ectópica, gestação molar e síndromes aproximadamente na 28ª semana de gestação e novamente
hemorrágicas – placenta prévia e descolamento 72 horas após o parto. Elas também recebem uma injeção
prematuro de placenta (DPP). após qualquer episódio de sangramento vaginal durante a
Em todas as situações citadas anteriormente, é gravidez e depois da amniocentese ou amostragem das
preconizada a administração de imunoglobulina anti-D vilosidades coriônicas. A imunoglobulina rapidamente
para prevenção da aloimunização. reveste os glóbulos vermelhos fetais que sejam Rh positivo
que tenham entrado na circulação da mãe para evitar que
Fisiopatologia: o sistema imunológico da mãe determine que eles são
Após exposição primária aos antígenos eritrocitários “estranhos”.
desconhecidos, ocorre sensibilização por meio da Referências
produção inicial de imunoglobulina M (IgM), que não • ZUGAIB, M.; FRANCISCO, R.P.V. Zugaib
atravessa a barreira placentária por causa de seu obstetrícia. 3. ed. Barueri: Manole, 2020.
grande peso molecular. Posteriormente, em uma • MONTENEGRO, C.A.B.; REZENDE-FILHO, J.
segunda exposição ao antígeno desconhecido, ocorre a Rezende obstetrícia. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
produção de imunoglobulina G (IgG), que ultrapassa a Koogan, 2017.
barreira placentária, aderindo-se à membrana dos • MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia
eritrócitos e ativando o sistema reticulo-endotelial, Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
principalmente no baço, onde acontecem a hemólise e a
fagocitose. Os produtos da hemólise fetal são
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Rafaela Amaral Desenvolvimento do feto e pré-natal Medicina-FPME-3°P
Desenvolvimento fetal desde a 9ª a 12ª semana Os testículos produzem testosterona fetal iniciando na
oitava semana e atingindo um máximo
9 semanas: O intervalo do início da nona semana até o aproximadamente na 12ª semana, estimulados pela
nascimento é chamado de período fetal e caracteriza-se gonadotrofina coriônica, e HAM em 6 a 7 semanas –
pela maturação dos tecidos e dos órgãos e pelo hormônio antimülleriano (HAM). HAM é produzido pelas
crescimento corporal rápido. No início da nona células de sustentação (células de Sertoli) até a puberdade,
semana, a cabeça constitui metade do CCN do feto - após a qual os níveis do hormônio decrescem. A
comprimento cabeça- nádega (CCN). Em seguida, há uma testosterona estimula os ductos mesonéfricos para formar
rápida aceleração do crescimento do comprimento do os ductos genitais masculinos, enquanto o HAM faz com
corpo, de modo que, ao final de 12 semanas, o CCN que os ductos paramesonéfricos desapareçam por
corresponde a quase o dobro. Com 9 semanas a face é transformação epitélio-mesenquimal. Os ductos
larga, os olhos estão bem separados, as orelhas têm mesonéfricos dos embriões femininos regridem devido à
implantação baixa e as pálpebras estão fusionadas. No ausência de testosterona. Os ductos paramesonéfricos se
início da nona semana, as pernas são curtas e as coxas desenvolvem devido à ausência de HAM.
são relativamente pequenas.
Ossos do crânio
de um feto de 3
meses mostram a
Feto de 11 semanas que sofreu aborto espontâneo. Seus sacos propagação das
coriônico e amniótico foram removidos. Observe que a cabeça é espículas ósseas a
relativamente grande – Embriologia básica de Moore partir dos centros
primários de
12 semanas: Por volta da 12ª semana, os centros ossificação nos
primários de ossificação já apareceram em quase todos ossos chatos do
os ossos dos membros. As clavículas começam a crânio.
ossificar antes dos demais ossos do corpo, seguidas pelos
fêmures. Praticamente todos os centros primários de
ossificação (diáfise) estão presentes ao nascimento. O
esqueleto axial abrange o crânio, a coluna vertebral, as Feto de 12 semanas no
costelas e o esterno. Em geral, o sistema esquelético se útero. Pele extremamente
desenvolve a partir do mesoderma da placa lateral fina e os vasos sanguíneos
(camada parietal) e paraxial e da crista neural. Os subjacentes. A face já tem
somitos se diferenciam na região ventromedial, todas as características
formando o esclerótomo, e na região dorsolateral, dando humanas, mas as orelhas
origem ao dermomiótomo. No final da quarta semana, as ainda são primitivas. Os
células do esclerótomo se tornam polimórficas e formam movimentos começam
nesse período, mas
o mesênquima, ou tecido conjuntivo embrionário. É uma
geralmente não são
característica das células mesenquimais sua migração e sentidos pela mãe.
diferenciação em muitos tecidos. Elas podem se tornar
fibroblastos, condroblastos ou osteoblastos (células
formadoras de ossos).
A capacidade de formação óssea do mesênquima não
está restrita às células do esclerótomo, ela também ocorre
na camada parietal do mesoderma da placa lateral da Normalmente, os testículos alcançam a região inguinal por
parede corporal. Essa camada de mesoderma forma os volta da 12a semana de gestação e chegam ao escroto na
ossos das cinturas pélvica e escapular, os membros e o 33a semana. O processo é influenciado por hormônios,
esterno. incluindo andrógenos e MIS. Independentemente da
descida dos testículos, o peritônio da cavidade abdominal
forma uma evaginação em cada lado da linha média na
parede abdominal ventral. Essa evaginação, o processo
vaginal, acompanha o trajeto do gubernáculo testicular até
as protuberâncias escrotais. Assim, o processo vaginal,
acompanhado pelas camadas muscular e fascial da parede
corporal, evagina na protuberância escrotal, formando o
canal inguinal.
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Rafaela Amaral Desenvolvimento do feto e pré-natal Medicina-FPME-3°P
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• avaliação nutricional: utilizando a curva de peso/idade • Oferta de atendimento clínico e psicológico à gestante
gestacional e/ou medida do perímetro braquial. Nesse vítima de violência, seja esta de qualquer tipo (doméstica,
momento, a gestante deverá receber as orientações física, sexual, psicológica etc.), seja àquela em risco de
necessárias referentes ao acompanhamento pré-natal - depressão pós-parto, referenciando-a para equipes
seqüência das consultas médica e de enfermagem, visitas especializadas e/ou encaminhamento para serviços
domiciliares e reuniões educativas. Deverão ser específicos, conforme fluxograma local;
fornecidos: • Visita domiciliar às gestantes e puérperas,
principalmente no último mês de gestação e na primeira
Para um bom pré-natal, é preciso: semana após o parto, com o objetivo de monitorar a mulher
• Realização do cadastro da gestante, após confirmada a e a criança, orientar cuidados adequados, identificar
gravidez, por intermédio do preenchimento da ficha de possíveis fatores de risco e realizar os encaminhamentos
cadastramento do SisPreNatal ou diretamente no sistema necessários; Atenção à puérpera e ao recém-nascido na
para os serviços de saúde informatizados, fornecendo e primeira semana após o parto e na consulta puerperal (até
preenchendo o Cartão da Gestante; o 42º dia após o parto).
• Classificação do risco gestacional (em toda consulta) • Realização de testes rápidos na unidade básica de saúde,
e encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de assim como apoio laboratorial, garantindo a realização dos
alto risco ou à urgência/emergência obstétrica; seguintes exames de rotina:
• Acompanhamento periódico e contínuo de todas as
gestantes, para assegurar seu seguimento durante toda a
gestação, em intervalos preestabelecidos (mensalmente,
até a 28ª semana; quinzenalmente, da 28ª até a 36ª
semana; semanalmente, no termo), acompanhando-as
tanto nas unidades de saúde quanto em seus domicílios,
bem como em reuniões comunitárias, até o momento do
pré-parto/parto, objetivando seu encaminhamento
oportuno ao centro obstétrico, a fim de evitar sofrimento
fetal por pós-datismo. Toda gestante com 41 semanas
deve ser encaminhada para a avaliação do bem-estar
fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico
e monitoramento cardíaco fetal;
• Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea;
• Realização de anamnese, exame físico e exames
complementares indicados;
• Imunização; Realizar a anamnese englobando antecedentes, história da
• Oferta de medicamentos necessários (inclusive sulfato paciente, data provável do parto, idade gestacional. O
ferroso, para tratamento e profilaxia de anemia, e ácido exame físico deve conter o IMC e ganho de peso, palpação
fólico, com uso recomendado desde o período pré- do abdome, manobras de Leopold, escuta dos batimentos
concepcional e durante o primeiro trimestre de gestação); cardiofetais, altura uterina, exame das mamas e
• Diagnóstico e prevenção do câncer de colo de útero e ginecológico, exame especular, orientações a queixas
de mama; gerais e sintomas comuns.
• Avaliação do estado nutricional e acompanhamento do
ganho de peso no decorrer da gestação;
• Atenção à adolescente conforme suas especificidades;
• Realização de práticas educativas, abordando
principalmente: (a) o incentivo ao aleitamento materno,
ao parto normal e aos hábitos saudáveis de vida; (b) a
identificação de sinais de alarme na gravidez e o
reconhecimento do trabalho de parto; (c) os cuidados
com o recém-nascido; (d) a importância do
acompanhamento pré-natal, da consulta de puerpério e
do planejamento familiar; (e) os direitos da gestante e do
pai; (f) os riscos do tabagismo, do uso de álcool e de
outras drogas; e (g) o uso de medicações na gestação.
Tais práticas podem ser realizadas de forma individual
ou coletiva, por meio de grupos de gestantes, sala de
espera, intervenções comunitárias etc.;
• Identificação do risco de abandono da amamentação e
encaminhamento da gestante aos grupos de apoio ao
aleitamento materno e/ou ao banco de leite humano
(BLH) de referência;
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Rafaela Amaral Desenvolvimento do feto e pré-natal Medicina-FPME-3°P
Classificação de risco gestacional Fatores de risco que podem indicar encaminhamento
Devido a alguns fatores de risco, algumas gestantes ao prénatal de alto risco
podem apresentar maior probabilidade de evolução O pré-natal de alto risco abrange cerca de 10% das
desfavorável. São as chamadas “gestantes de alto risco”. gestações que cursam com critérios de risco, o que
Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade aumenta significativamente nestas gestantes a
materno-infantil e ampliar o acesso com qualidade, é probabilidade de intercorrências e óbito materno e/ou
necessário que se identifiquem os fatores de risco fetal. Atenção especial deverá ser dispensada às grávidas
gestacional o mais precocemente possível. Dessa forma, com maiores riscos, a fim de reduzir a morbidade e a
o acolhimento com classificação de risco pressupõe mortalidade materna e perinatal
agilidade no atendimento e definição da necessidade de Fatores relacionados às condições prévias:
cuidado e da densidade tecnológica que devem ser • Cardiopatias;
ofertadas às usuárias em cada momento. De maneira • Pneumopatias graves (incluindo asma brônquica);
geral, o acolhimento, em especial à gestante, objetiva • Nefropatias graves (como insuficiência renal crônica e
fornecer não um diagnóstico, mas uma prioridade em casos de transplantados);
clínica, o que facilita a gestão da demanda espontânea e, • Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus,
consequentemente, permite que haja impacto na história hipotireoidismo e hipertireoidismo);
natural de doenças agudas graves e potencialmente • Doenças hematológicas (inclusive doença falciforme e
fatais, que, se não atendidas como prioridades, podem talassemia);
levar à morte, por exemplo, uma gestante com síndrome • Hipertensão arterial crônica e/ou caso de paciente que
hipertensiva. Portanto, é indispensável que a avaliação faça uso de anti-hipertensivo (PA>140/90mmHg antes de
do risco seja permanente, ou seja, aconteça em toda 20 semanas de idade gestacional – IG);
consulta. Em contrapartida, quando são identificados • Doenças neurológicas (como epilepsia);
fatores associados a um pior prognóstico materno e •Doenças psiquiátricas que necessitam de
perinatal, a gravidez é definida como de alto risco, acompanhamento (psicoses, depressão grave etc.);
passando a exigir avaliações mais frequentes, muitas • Doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras
vezes fazendo-se uso de procedimentos com maior colagenoses);
densidade tecnológica. • Alterações genéticas maternas;
• Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia
Fatores de risco que permitem a realização do pré- pulmonar;
natal pela equipe de atenção básica • Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores
Fatores relacionados às características individuais e anexiais e outras);
às condições sociodemográficas desfavoráveis: • Portadoras de doenças infecciosas como hepatites,
• Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos; toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG
• Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma);
extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes • Hanseníase; • Tuberculose;
físicos, químicos e biológicos, estresse; • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
• Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, • Qualquer patologia clínica que necessite de
principalmente em se tratando de adolescente; acompanhamento especializado.
• Situação conjugal insegura; Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:
• Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de estudo • Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior,
regular); principalmente se for de causa desconhecida;
• Condições ambientais desfavoráveis; • História prévia de doença hipertensiva da gestação, com
• Altura menor do que 1,45m; mau resultado obstétrico e/ou perinatal (interrupção
• IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome
obesidade. Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI);
Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: • Abortamento habitual;
• Recém-nascido com restrição de crescimento, pré- • Esterilidade/infertilidade.
termo ou malformado; Fatores relacionados à gravidez atual:
• Macrossomia fetal; • Restrição do crescimento intrauterino;
• Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; • Polidrâmnio ou oligoidrâmnio;
• Intervalo interpartal menor do que dois anos ou maior • Gemelaridade;
do que cinco anos; • Malformações fetais ou arritmia fetal;
• Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos); • Distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão
• Cirurgia uterina anterior; crônica preexistente, hipertensão gestacional ou
• Três ou mais cesarianas. transitória);
Fatores relacionados à gravidez atual: • Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios
• Ganho ponderal inadequado; de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve ser
• Infecção urinária; inicialmente encaminhada ao hospital de referência, para
• Anemia. avaliação);
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Rafaela Amaral Desenvolvimento do feto e pré-natal Medicina-FPME-3°P
• Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de Pesquisar a triagem pré-natal e quais os marcadores
tratamento com sulfato ferroso;
• Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, ultrassonográficos do primeiro trimestre.
toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG O objetivo do diagnóstico e triagem pré-natais é informar
com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma); às mulheres grávidas e casais sobre os riscos de defeitos
• Infecções como a rubéola e a citomegalovirose congênitos e de doenças genéticas em seus fetos e lhes
adquiridas na gestação atual; fornecer escolhas de como gerenciar esse risco.
• Evidência laboratorial de proteinúria; A triagem pré-natal tradicionalmente se refere a testes para
• Diabetes mellitus gestacional; certos defeitos congênitos comuns, como aneuploidias
• Desnutrição materna severa; cromossômicas, defeitos do tubo neural e outras
• Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes casos, deve- anomalias estruturais na gravidez conhecida por ter
se encaminhar a gestante para avaliação nutricional); um risco aumentado para um defeito congênito ou
• NIC III (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao doença genética. Os testes de triagem foram
oncologista); desenvolvidos pelo fato de defeitos congênitos comuns
• Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia muitas vezes ocorrerem em gravidezes em que se
com Bi-rads III ou mais (nestes casos, deve-se desconhece a presença de qualquer risco aumentado, e,
encaminhar a gestante ao oncologista); sendo assim, o diagnóstico pré-natal não seria oferecido
• Adolescentes com fatores de risco psicossocial. aos pais. Tais testes são tipicamente não invasivos,
Fatores de risco que indicam encaminhamento à baseados na coleta de amostras de sangue materno ou
urgência/ emergência obstétrica em imagens, normalmente pela ultrassonografia ou
• Síndromes hemorrágicas (incluindo descolamento ressonância magnética (RM).
prematuro de placenta, placenta prévia), Tradicionalmente, a distinção entre diagnóstico pré-natal
independentemente da dilatação cervical e da idade e triagem pré-natal é baseada em:
gestacional; • Se a gravidez esteve ou não sob risco de um distúrbio em
• Suspeita de pré-eclâmpsia: pressão arterial > 140/90, particular.
medida após um mínimo de 5 minutos de repouso, na • Se o objetivo do teste foi um diagnóstico definitivo de
posição sentada. Quando estiver associada à proteinúria, um distúrbio em particular ou uma avaliação de risco em
pode-se usar o teste rápido de proteinúria; comparação com o risco de fundo da população.
• Sinais premonitórios de eclâmpsia em gestantes • Se o teste foi ou não invasivo.
hipertensas: escotomas cintilantes, cefaleia típica Na assistência pré-natal moderna a ultrassonografia mais
occipital, epigastralgia ou dor intensa no hipocôndrio importante é aquela de 1° trimestre (11 a 13 +6 semanas),
direito; constituindo o modelo piramidal da assistência pré-natal.
• Eclâmpsia (crises convulsivas em pacientes com pré- Serve para datação da gravidez, rastreamento de
eclâmpsia); aneuploidias, diagnóstico de anomalias fetais, diagnóstico
• Crise hipertensiva (PA > 160/110); de gemelidade, predição de toxemia gravídica e de parto
• Amniorrexe prematura: perda de líquido vaginal pré-termo.
(consistência líquida, em pequena ou grande quantidade,
mas de forma persistente), podendo ser observada A amniocentese acompanhada de análise cromossômica
mediante exame especular com manobra de Valsalva e por microarranjos já está sendo oferecida a toda mulher
elevação da apresentação fetal; grávida, como teste de triagem, não apenas para as
• Isoimunização Rh; aneuploidias cromossômicas comuns, mas também para
• Anemia grave (hemoglobina < 8); outros desequilíbrios genômicos independentemente da
• Trabalho de parto prematuro (contrações e modificação avaliação de riscos baseada na história pessoal ou familiar
de colo uterino em gestantes com menos de 36 semanas); ou dos resultados de testes de triagem não invasivos.
• IG a partir de 41 semanas confirmadas; Triagem para Defeitos do Tubo Neural
• Hipertermia (Tax > = 37,8C), na ausência de sinais ou A AFP, alfa feto proteína, principal proteína do soro
sintomas clínicos de Ivas; fetal, é indicada para gestações que estão sendo
• Suspeita/diagnóstico de abdome agudo em gestantes; submetidas à amniocentese devido a um alto risco para
• Suspeita/diagnóstico de pielonefrite, infecção ovular ou DTN, defeitos no tubo neural, aberto. Porém, como cerca
outra infecção que necessite de internação hospitalar; de 95% de crianças com DTNs nascem em famílias sem
• Suspeita de trombose venosa profunda em gestantes histórico conhecido dessa malformação, um teste de
(dor no membro inferior, edema localizado e/ou triagem relativamente simples, como um teste não
varicosidade aparente); invasivo de MSAFP, rastreamento da alfaproteína do soro
• Investigação de prurido gestacional/icterícia; materno (MSAFP) pode ser solicitado, constitui uma
• Vômitos incoercíveis não responsivos ao tratamento, ferramenta importante para o diagnóstico, a prevenção e o
com comprometimento sistêmico com menos de 20 manejo pré-natal. Quando o feto possui um DTN aberto,
semanas; a concentração de AFP no soro materno é
• Vômitos inexplicáveis no 3º trimestre; provavelmente mais alta do que o normal, bem como no
• Restrição de crescimento intrauterino; líquido amniótico. Essa observação é a base para o uso da
• Oligoidrâmnio;
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Rafaela Amaral Desenvolvimento do feto e pré-natal Medicina-FPME-3°P
medição de MSAFP na 16° semana como uma triagem
para DTN aberto. Embora uma concentração elevada de
MSAFP em hipótese alguma seja específica de uma
gestação com DTN aberto, muitas das outras causas da
concentração elevada de MSAFP podem ser distinguidas
de DTN aberto por ultrassonografia fetal.
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Rafaela Amaral Desenvolvimento do feto e pré-natal Medicina-FPME-3°P
Ultrassonografia de 1° trimestre (11 a 13 +6 semanas) O CCN é melhor indicador da idade gestacional do que o
Deve ser realizada entre a 11a e 14a semana, podendo diâmetro médio do SG (DMS). Todavia, esse último
realizar triagem de cromossomopatias, com avaliação parâmetro deve ser considerado se o embrião ainda não foi
do osso nasal o que eleva o índice de detecção precoce identificado. A visualização de SG com a presença da VV
de síndrome de Down em 88%; além disso, também é ou do embrião deve ser cuidadosa. Sem esses achados,
possível avaliar a translucência nucal e presença do ducto coleção de líquido intrauterina e reação decidual podem
venoso inseridas na avaliação das cromossomopatias. estar associadas ao saco pseudo gestacional, sinal de
O primeiro passo é determinar a presença do saco gravidez ectópica.
gestacional (SG) no útero em local apropriado, O corte transversal da cabeça fetal é obrigatório para
eventualmente no colo e nos anexos. O SG, que atestar a normalidade do plexo coroide (sinal da
representa a cavidade coriônica, é coleção pequena de borboleta). A ausência do sinal da borboleta é
líquido, anecoica, cercada por anel ecogênico, o indicativo certo de holoprosencefalia e indicação de
trofoblasto e a reação decidual. Com a ultrassonografia cariótipo fetal.
vaginal é possível identificar o SG com 5 semanas. O útero, incluindo os anexos, também deve ser pesquisado.
A vesícula vitelina pode ser visualizada a partir de 5,5 Massas anexiais, miomas e malformações uterinas serão
semanas e com 6 semanas, o eco embrionário com os descritos. O fundo de saco posterior deve ser avaliado para
batimentos cardiofetais (bcf). Em torno da 10 a à 12 a a possível presença de líquido.
Suplementação vitamínica durante a gravidez.
semana, aparece espessamento no SG, que representa
a placenta em desenvolvimento e o seu lugar de
implantação no útero. Com 12 semanas, a placenta pode Ferro: É recomendado o aumento do consumo de ferro
ser facilmente identificada e com 16 semanas tem durante a gravidez, pois inúmeras revisões sistemáticas
estrutura definida. Acompanhando o desaparecimento do têm mostrado que a suplementação de ferro reduz em 70%
SG, a partir de 11 a 12 semanas, individualiza-se a o risco de anemia na gestação e no puerpério. O Ministério
cabeça do feto. da Saúde recomenda a ingesta de 40mg/dia de ferro
elementar (200mg de sulfato ferroso) sempre 1 hora antes
das refeições devendo a mesma ser mantida por 3 meses
no pós-parto ou pós-aborto.
Ácido fólico (vitamina B9): Esta vitamina contribui para
o fechamento do tubo neural que acontece na 6a semana
de gestação, sendo fundamento da prevenção de defeitos
de fechamento de tubo neural como espinha bífida,
meningomielocele, acrania, anencefalia, meningocele,
encefalocele. Nas populações de baixo risco para tal
patologia recomenda-se o uso de 0,4-0,8mg/dia de ácido
fólico 1 mês antes da gravidez até a 12ª semana de
gestação. Para aquelas populações de alto risco
recomenda-se a dose de 5mg/dia.
Cálcio: Recomenda-se a suplementação deste
oligoelemento em populações que possuem deficiência do
mesmo e, naquelas mulheres que tem risco de desenvolver
hipertensão e pré-eclâmpsia. A suplementação pode ser
feita com 1,5-2g de cálcio diariamente, ressaltando que a
gestante precisa ter cerca de 30g de cálcio por dia para
garantir uma boa formação do esqueleto fetal.
Referências:
• https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/201901/09090527-guia-
pre-natal-na-atencao-basica-web.pdf
• https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_pre_natal_baixo_risco.pdf
• MONTENEGRO, C.A.B.; REZENDE-FILHO, J. Rezende obstetrícia. 13. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
• https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4128230/mod_folder/content/0/T14.%2
0Diagn%C3%B3stico%20Pr%C3%A9-
Natal/cap.17%20Thompson.pdf?forcedownload=1
• Sanarflix – Assistência pré-natal
• Thompson & Thompson Genética Médica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
Cap 17.
• https://drpixel.fcm.unicamp.br/conteudo/rastreamento-ultrassonografico-de-
cromossomopatias-no-primeiro-trimestre-da-gestacao
• MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia Básica. 9. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2016.
Medida do comprimento cabeça-nádega (CCN) em • Langman Embriologia Médica. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
gestação de 11 semanas e 6 dias. 2005. SCHOENWOLF, G.C
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Rafaela Amaral Riscos na gravidez Medicina-FPME-3°P
Compreender o desenvolvimento fetal da 13º até desenvolvidos com cerca de 14 semanas após a concepção.
16º semana 16 semanas: Com 16 semanas, a cabeça é relativamente
pequena em comparação com a de um feto de 12 semanas,
e os membros inferiores estão mais compridos.
Os ossos em desenvolvimento são claramente visíveis em
imagens de ultrassom nesse período. Os ovários são
diferenciados e contêm folículos ovarianos primordiais
com ovogônias (células germinativas primordiais). Os
olhos ocupam uma posição anterior na face, e não mais
anterolateral. As glândulas submandibulares começam a
atividade secretora. O fundo de útero estará a meia
distância entre a sínfise púbica e o umbigo.
Durante 16 semanas, todos os principais elementos do
pulmão se formam, exceto aqueles envolvidos com a
14 semanas: Os movimentos dos membros, que ocorrem troca gasosa. A respiração não é possível;
pela primeira vez no final do período embrionário, consequentemente, os fetos nascidos durante esse período
tornam- se coordenados a partir da 14ª semana, mas ainda são incapazes de sobreviver. Há presença de lanugem e
são discretos demais para serem sentidos pela mãe. No início do vernix caseoso.
entanto, esses movimentos são visíveis nos exames de
ultrassom. Movimentos lentos dos olhos ocorrem com 14
semanas. A padronização dos cabelos do couro cabeludo
também é determinada durante este período.
No 2° trimestre, a gravidez pode ser datada pela
medida do diâmetro biparietal (DBP) ou pelo Elucidar as TORSCHs - Z (analisar o exame
comprimento do fêmur (CF), com precisão de ± 10 VDRL e demais exames) Toxoplasmose – Outras
dias. O DBP é medido no nível do tálamo e do cavo do doenças – Rubéola – Citomegalovírus – Herpes - zika
septo pelúcido. A medida é realizada entre a borda externa
do parietal proximal e a borda interna do parietal distal. Até 2015, os patógenos mais frequentemente relacionados
às infecções uterinas com potencial risco ao feto eram a
bactéria Treponema pallidum que causa a sífilis (S), o
protozoário Toxoplasma gondii que causa a toxoplasmose
(TO) e o vírus da rubéola (R), citomegalovírus (C), vírus
herpes simplex (H), compondo o acrônimo STORCH. Este
foi ampliado para STORCH+Z, com a epidemia do vírus
Zika no Brasil. Algumas referências colocam a letra O
como “outras doenças”.
As relações entre o feto e a mãe são necessariamente feitas
pelas membranas placentária e amniótica. Assim, as vias
de penetração dos germes são divididas em dois grupos:
Via transplacentária
Via transamniótica
A α-fetoproteína (AFP) é produzida normalmente Infecção transplacentária: Os microrganismos
pelo fígado fetal e atinge seu valor máximo em procedentes do sangue materno cruzam a placenta,
aproximadamente 14 semanas, quando “extravasa” alcançam a circulação fetal e se disseminam
Infecção transamniótica: Os germes da vagina e do colo
para a circulação materna pela placenta. Assim, as
acometem a cavidade amniótica e o feto.
concentrações de AFP aumentam no soro materno
A. Infecção transplacentária. B. Infecção transamniótica.
durante o segundo trimestre e, então, começam a declinar
de modo constante após a trigésima semana de gestação. Infecção paranatal: É adquirida por
Depois das 14 semanas, tem sido identificada amilase no contato direto com as secreções
líquido amniótico, embora a maiorias das outras enzimas maternas, no momento da passagem
estejam presentes somente depois das 16 semanas, com as do feto pelo canal do parto; o mesmo
quantidades aumentando conforme a idade gestacional. O ocorre com relação à infecção pelo
hipotálamo terá origem na parte ventral do diencéfalo, herpes simples genital, hepatite B,
com todos os seus núcleos diferenciados e plenamente estreptococo do grupo B (GBS) –
condicionam infecção neonatal.
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Rafaela Amaral Riscos na gravidez Medicina-FPME-3°P
T - Toxoplasmose: sintomas clínicos e deficiências na segunda ou terceira
Parasita intracelular obrigatório, se apresenta como década da vida (coriorretinite, problemas neurológicos e
oocisto, taquizoíto e cisto. Os hospedeiros intermediários psicomotores, convulsões, retardamento mental).
são principalmente o porco, a ovelha e o ser humano; os
hospedeiros definitivos são membros da família Felidae,
e o exemplo típico é o gato doméstico. As três principais
formas de transmissão da toxoplasmose são a ingesta de
carne crua ou malcozida, a exposição a fezes de gatos
contaminadas com oocistos e a transmissão vertical.
AIDS
AIDS (acquired immune deficiency syndrome) é a doença
causada pelo vírus HIV (vírus da imunodeficiência
humana), retrovírus RNA, linfotrópico, que pode
permanecer por um longo período no corpo (fase
assintomática) antes que danos causados por ele apareçam
como sintomas visíveis; quando a enfermidade surge,
caracteriza a AIDS doença. A AIDS tem o seu aspecto
principal na imunossupressão da resposta imune
mediada pelos linfócitos T-CD4, que o vírus ataca,
parasita e inutiliza, diretamente.
O vírus HIV desarma gradualmente o sistema
imunológico, tornando o doente cada vez mais
vulnerável a qualquer infecção ocasionada por outro
vírus, bactéria, fungo ou parasita. Essas infestações
oportunistas ocorrem principalmente na pele, nos
pulmões, no sistema digestivo, nos nervos e no cérebro.
Exames diagnósticos
O mais utilizado é o teste ELISA, atualmente de quarta
geração, que detecta anticorpos HIV-1 e HIV-2 no
sangue, em menos de 2 semanas da contaminação. O
resultado positivo deverá ser sempre confirmado pelo
Western blot, que é definitivo. Há também o teste rápido,
que apresenta o resultado em menos de 30 min.
As vias de transmissão na gravidez são:
transplacentária, paranatal e amamentação. A
transmissão vertical da AIDS está estimada em 25% caso
nenhuma medida preventiva seja tomada. Desse total, 20%
da transmissão ocorre antes de 36 semanas; 50%, entre 36
semanas e o parto; e 30%, durante o parto.
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Rafaela Amaral Riscos na gravidez Medicina-FPME-3°P
O risco de transmissão do aleitamento natural pode ser primária, secundária e latente inicial; e de 30% nas fases
tão elevado quanto 15%, quando continuado por 2 anos. latente tardia e terciária (MS, 2006).
Totalizando a gravidez e a amamentação, o risco de Há possibilidade de transmissão direta do T. pallidum por
transmissão vertical da AIDS é de 40%. Com o uso da meio do contato da criança pelo canal de parto, se houver
terapia antirretroviral na gestação, a prática da lesões genitais maternas. Durante o aleitamento, ocorrerá
cesárea e a proibição da amamentação, a transmissão apenas se houver lesão mamária por sífilis.
vertical do HIV ficou reduzida a < 2% A infecção in utero pode determinar abortamento,
Exames de laboratório específicos natimortalidade, hidropisia fetal não imune (HFNI),
Na gestante infectada pelo HIV, está indicada na placentomegalia e parto pré-termo; aproximadamente
primeira consulta pré-natal a determinação de CD4 e da 50% dos fetos escapam da infecção. A transmissão da
carga viral, que será repetida 4 a 6 semanas após o início infecção no final da gravidez está associada a maior dano
do tratamento; depois, com 34 semanas, é feita a última fetal, paradoxalmente quando é maior a sua competência
determinação para escolher a via de parto. imunológica.
Uso da terapia antirretroviral na gestação Sífilis congênita precoce: os sintomas aparecem nos
Na gravidez utiliza-se a TARV combinada – primeiros 2 anos de vida. Além da prematuridade e do
zidovudina (AZT), lamivudina (3TC) e baixo peso ao nascimento, as principais características
lopinavir/ritonavir (LPV/r) (MS, 2010). O efavirenz é dessa síndrome são, excluídas outras causas:
teratogênico e não deve ser usado. Para evitar a hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, lesões
transmissão vertical, as grávidas assintomáticas, mesmo cutâneas (como por exemplo, pênfigo palmo-plantar,
aquelas com CD4 ≥ 500 células/mm3, que fora da condiloma plano), periostite ou osteíte ou osteocondrite
gravidez não necessitariam de tratamento, serão (com alterações características ao estudo radiológico),
obrigatoriamente tratadas, não sem antes fazer um teste pseudoparalisia dos membros, sofrimento respiratório com
de genotipagem para verificar possível resistência a ou sem pneumonia, rinite sero-sanguinolenta, icterícia,
medicamentos; No parto vaginal, o AZT será venoso até anemia e linfadenopatia generalizada (principalmente
a ligadura do cordão e não será interrompida a medicação epitroclear). Outras características clínicas incluem:
oral; na cesárea indicada, o AZT IV será iniciado 3 h petéquias, púrpura, fissura peribucal, síndrome nefrótica,
antes. O bebê receberá o AZT por solução oral nas hidropsia, edema, convulsão e meningite. A
primeiras 8 h após o nascimento, permanecendo o hepatoesplenomegalia e o exantema são as
tratamento por 6 semanas; também estão recomendadas manifestações iniciais mais comuns da sífilis congênita
três doses de nevirapina na primeira semana. precoce, que geralmente se manifesta ao nascimento ou
Via de parto dentro de 3 a 7 semanas do parto.
Cesárea eletiva com 38 semanas de gravidez se a carga Sífilis congênita tardia: se os sintomas se desenvolvem
viral for ≥ 1.000 cópias/mℓ ou desconhecida, estando a após os 2 anos de idade. As principais características dessa
gestação com 34 semanas na época da aferição. A síndrome incluem: tíbia em “Lâmina de Sabre”,
cesárea somente terá indicação se não houver ruptura das articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em
membranas e a dilatação for inferior a 3 a 4 cm. Nos sela”, dentes incisivos medianos superiores deformados
casos em que a carga viral for < 1.000 cópias/mℓ e a (dentes de Hutchinson), molares em “amora”, rágades
paciente foi tratada com TARV, o parto vaginal pode ser periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite
realizado. intersticial, surdez neurológica e dificuldade no
aprendizado.
Sífilis Sorologia existem dois tipos de testes:
A sífilis é doença venérea sistêmica causada pelo Testes não específicos: VDRL(venereal disease
Treponema pallidum. A infecção sifilítica pode ser research laboratory)
dividida em diversos estágios: incubação, primária, Testes específicos (treponêmicos): FTA-Abs
secundária, latente inicial, latente tardia e terciária. A (fluorescent treponemal antibody absorption).
classificação mais recente é em: sífilis inicial (primária, O rastreamento é feito com o VDRL, mas a ocorrência de
secundária e latente até 1 ano) e tardia (latente após 1 ano falso-positivo obriga que seja feita a confirmação com o
e terciária). FTA-Abs. Em geral, o VDRL se torna positivo 1 a 3
Sífilis congênita: Das várias doenças que podem ser semanas após o aparecimento do cancro duro. O VDRL
transmitidas durante a gravidez, a sífilis é a que tem a quantitativo também é o teste de escolha para seguir os
maior taxa de transmissão. casos após o tratamento, uma vez que o FTA-Abs
A sorologia VDRL na primeira consulta pré-natal é a permanece positivo após a infecção sifilítica inicial.
medida mais importante para identificar os fetos de risco O resultado é descrito qualitativamente (“reagente”, “não
para a sífilis congênita. O MS (2006) recomenda ainda a reagente”) e quantitativamente (titulações tais como 1:2,
repetição do teste no terceiro trimestre (28 semanas). A 1:32 etc). Mesmo sem tratamento, o teste apresenta queda
infecção transplacentária pode ocorrer durante quaisquer progressiva dos títulos ao longo de vários anos; com a
estágios da doença e idade da gravidez; o instituição do tratamento há queda tendendo à
comprometimento fetal depende particularmente da negativação, podendo, porém, se manter reagente por
treponemia materna. Assim, a taxa de transmissão em longos períodos, mesmo após a cura da infecção
mulheres não tratadas será de 70 a 100% nas fases (“memória imunológica”). Considerando-se que a maioria
das crianças apresenta-se assintomática ao nascimento, a
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aplicação de testes sorológicos para o diagnóstico deve • Realizar o controle de cura mensal por meio do VDRL,
ser avaliada cuidadosamente, tendo em vista que o considerando resposta adequada ao tratamento o declínio
diagnóstico da infecção pelo T. pallidum por meio da dos títulos;
presença de anticorpos na criança pode ser confundida • A elevação de títulos de em quatro ou mais vezes
com a passagem passiva por via transplacentária de (exemplo: de 1:2 para 1:8) acima do último VDRL
anticorpos IgG maternos. Títulos da criança maiores do realizado, justifica um novo tratamento; deve-se verificar
que os da mãe indicariam suspeita de sífilis congênita.
se o tratamento do parceiro foi realizado.
De uma forma geral, aplicando-se testes não-
treponêmicos, os títulos de anticorpos começam a Gestantes ou nutrizes comprovadamente alérgicas à
declinar a partir dos três meses de idade, negativando-se penicilina, após teste de sensibilidade à penicilina, devem
aos seis meses de idade. Após os seis meses de vida, a ser dessensibilizadas e posteriormente tratadas com
criança com VDRL reagente deve ser investigada, exceto penicilina. Na impossibilidade, deverão ser tratadas com
naquelas situações em que a criança está em seguimento. eritromicina (estearato) 500 mg, por via oral, de 6 em 6
Para os testes treponêmicos, uma sorologia reagente após horas durante 15 dias, para a sífilis recente, ou durante 30
os 18 meses de idade define o diagnóstico de sífilis dias, para a sífilis tardia; entretanto, essa gestante não será
congênita. Por outro lado, a negatividade sorológica do considerada adequadamente tratada para fins de
recém-nascido não exclui a infecção, especialmente transmissão fetal, sendo obrigatória a investigação e o
quando a infecção materna se dá no período próximo ao tratamento adequado da criança logo após seu nascimento.
parto. Deste modo, nos casos com suspeita Gripe suína (influenza H1N1)
epidemiológica, no recém-nascido não-reagente para os
testes sorológicos devem ser repetidos após o terceiro A gravidez é fator de risco para o aumento da
mês de vida, pela possibilidade de positivação tardia. morbiletalidade materna e fetal na gripe suína. Na
gripe suína, a mortalidade materna é 5 vezes maior que na
O VDRL reagente com título igual ou superior a 1:16 é população geral; a mortalidade fetal está aumentada de 2
definido como doença e nestes casos o paciente deve ser vezes. Em consequência de menor capacidade residual
tratado. É também o exame utilizado para seguimento (3 funcional no pulmão e maior consumo de oxigênio, o
meses, 6 meses e um ano após o tratamento). Espera-se risco de pneumonia grave é 7 vezes maior na gravidez e,
que os títulos apresentem queda para menor que 1:8 após 20 semanas, é 13 vezes mais elevado. A mortalidade
materna nos casos de síndrome da angústia respiratória
negativem após um ano. Os títulos baixos (menor ou igual
aguda (SARA) é de 10%, e a fetal também. Toda grávida
a 1:4) podem persistir por mais tempo. Por este motivo, deverá tomar a vacina contra a gripe, inclusive a H1N1.
diante de pacientes assintomáticos, sem antecedente Não há risco para o feto quando a vacina for de vírus
conhecido de sífilis tratada, com qualquer teste inativado, bacteriana ou de toxoide. O Tamiflu ®
imunológico reagente, deve-se prescrever tratamento (oseltamivir), administrado nas primeiras 48 h do início
adequado com três doses de Penicilina a intervalos dos sintomas em grávidas suspeitas ou comprovadas da
semanais. doença, na dose de 75 mg 2/dia durante 5 dias, tem ação
poderosa para evitar a morte materna.
Um resultado 1/8 (1:8) significa que o anticorpo foi
identificado até 8 diluições; um resultado 1/64 mostra
que podemos detectar anticorpos mesmo após
diluirmos o sangue 64 vezes. Quanto maior for a
diluição em que ainda se detecta o anticorpo, mais
positivo é o resultado. Assim, o VDRL de 1/2 é um
título mais baixo que 1/4, que é mais baixo que 1/8 e
assim por diante. Quanto mais alto o título, mais
positivo é o exame.
Tratamento: imediato dos casos diagnosticados em
gestantes e seus parceiros:
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R – Rubéola Síndrome da rubéola congênita
Na gravidez, a infecção nas primeiras 16 semanas, em
O vírus causador da rubéola é um RNA-togavírus que especial nas 12 iniciais, determina abortamento,
contém em seu envelope as glicoproteínas E1 e E2, natimortalidade e defeitos congênitos que constituem a
responsáveis pela indução da resposta humoral do síndrome da rubéola congênita (SRC).
organismo hospedeiro. A rubéola é transmitida por
meio de secreções respiratórias, cujo período inicia-se
em torno de uma semana antes de o indivíduo apresentar
o quadro clínico, juntamente com a viremia, que perdura
por 5 a 7 dias depois da instalação do exantema. A
incubação tem o período em torno de 2 semanas.
Após período de incubação de 14 a 21 dias, a rubéola
exterioriza-se como doença de pequena gravidade,
caracterizada por linfadenopatia pós-auricular
(precede de 5 dias o exantema); exantema
maculopapular, que se inicia na parte superior do
tórax, estendendo-se depois por todo o corpo; e
febrícula. As complicações são mais comuns no adulto e
incluem artralgia, artrite, encefalite, neurite e púrpura
trombocitopênica.
Diagnóstico laboratorial
Testes sorológicos específicos são recomendados em
todos os casos de doença exantemática durante a
gestação, uma vez que o diagnóstico etiológico não é
possível apenas pelo exame clínico. A técnica mais
empregada é o ensaio imunoenzimático, além dos testes Se a infecção ocorrer no primeiro trimestre, o risco da SRC
de inibição da hemaglutinação e de imunofluorescência. está estimado em > 90%; entre 16 e 20 semanas, o risco é
A detecção de anticorpos específicos da classe IgM é muito pequeno (< 1%) e quase sempre associado à surdez;
possível a partir do 5° dia do início do rash cutâneo e após 20 semanas, é praticamente inexistente. A tríade da
persiste por aproximadamente 6 semanas. A pesquisa da SRC está representada por surdez, catarata e defeito
avidez da IgG é importante para determinar quando cardíaco (especialmente a persistência do canal arterial) e
ocorreu a infecção e para o diagnóstico diferencial de ocorre em cerca de 50% das crianças acometidas. São
portadores crônicos de IgM. A avidez aumenta constantes os achados de defeitos cardíacos, e as
progressivamente durante os 3 primeiros meses após a alterações mais comuns são defeitos do septo
infecção primária. Valores baixos de avidez sugerem interventricular, ducto arterioso patente, estenose
infecção recente. pulmonar e coarctação de aorta. Em cerca de 50% dos
casos apresentam surdez e catarata. Ainda podem ser
O diagnóstico deve ser realizado em duas situações:
encontradas alterações radiográficas do esqueleto,
Nas grávidas com exantema, os seguintes resultados
meningoencefalites, microcefalia, trombocitopenia,
indicam infeção:
hepatoesplenomegalia e icterícia obstrutiva.
• Soroconversão (caso a paciente tenha feito teste
Além de alterações cardíacas, os achados
sorológico)
ultrassonográficos podem incluir: ventriculomegalia,
• Aumento do título de IgG de, no mínimo, 4 vezes em microcefalia, acrania, distúrbios do crescimento fetal e
dois exames espaçados de 2 a 3 semanas (fase aguda anormalidades no volume do líquido amniótico.
exantemática e convalescença)
• IgM positivo
Nas grávidas que tiveram contato com a rubéola aplicam-
se os mesmos critérios, apenas o intervalo dos exames
pareados será de 4 a 5 semanas.
Diagnóstico da infecção fetal
Realizada por PCR no líquido amniótico. Para reduzir os
resultados falso-negativos, é necessário esperar 6 a 8
semanas após a infecção materna e 21 semanas de
gestação, quando a excreção urinária fetal é maior.
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congênita acompanhadas em longo prazo. Panencefalite
progressiva e diabetes mellitus representam até 20% dos
casos de síndrome da rubéola estendida, que é de
instalação tardia, geralmente até a 2ª ou 3ª décadas de vida.
Prevenção
Atualmente, não se recomenda a administração de
imunoglobulinas em altas doses para gestantes expostas ao
vírus da rubéola, em razão de não demonstrar benefício. A
vacinação de mulheres suscetíveis em idade reprodutiva é
a estratégia para prevenção primária da rubéola congênita.
C – Citomegalovírus
O citomegalovírus pertence à família Herpesviridae e é
considerado um dos principais patógenos da atualidade.
Assim como os demais herpesvírus, o CMV estabelece
Diagnóstico
infecção, podendo ocorrer episódios de reativação da
Investigações por ultrassonografia, que são não invasivas,
infecção ao longo da vida do indivíduo. O citomegalovírus
podem ser usadas para distinguir casos em que o feto
pode ser detectado em secreções da orofaringe, no sêmen,
também esteja envolvido em infecção exclusivamen-te
na secreção vaginal, no leite materno, no sangue, na urina
maternas.
e nas lágrimas. A transmissão pode ocorrer por diversas
Hidropsia, intestino hiperecoico e restrição do
maneiras, sendo as principais: sexual (evidências sugerem
crescimento fetal são achados ultrassonográficos que
alta concentração vaginal de CMV durante a
caracterizam acometimento fetal; porém nem todos os
primoinfecção), contato próximo (transmissão por saliva e
fetos comprometidos podem exibir achados suspeitos
trato respiratório superior), hemotransfusão, exposição
pelo fato de o exame ultrassonográfico não garantir
ocupacional e transmissão vertical.
sensibilidade de 100%.
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico laboratorial na gravidez somente está
indicado quando a gestante apresentar sintomatologia
semelhante à da mononucleose ou à da influenza, ou sinais
ultrassonográficos sugestivos de infecção fetal pelo CMV.
A paciente é assintomática em cerca de 80% dos casos de
CMV.
O diagnóstico laboratorial é realizado pela pesquisa de
anticorpos específicos. A infecção aguda é sugerida pela
presença de anticorpos imunoglobulina M (IgM).
Contudo, testes para IgM apresentam altas taxas de falso-
positivo, além disso, os títulos de IgM podem manter-se
detectáveis por meses após o episódio de primoinfecção.
Deste modo, a Sociedade de Medicina Materno-Fetal
Biópsia de vilosidades coriônicas, da amniocentese ou da recomenda que a detecção de IgM não seja utilizada
cordocentese são também úteis para a investigação do isoladamente como critério diagnóstico. Para datar a
acometimento fetal, que identificam IgM específico em infecção, alguns casos exigem a pesquisa de avidez da
sangue do feto, que podem ser encontradas somente imunoglobulina G (IgG). Quando a avidez está a mais de
depois da 22ª semana de gestação, por isolamento viral ou 65%, ou seja, elevada, é sinal de que a infecção está
pesquisa por técnica de reação em cadeia da polimerase. ativa há mais de 6 meses, por outro lado, se acusar
A investigação invasiva é mais efetiva se for realizada menos de 30%, baixa avidez, habitualmente significa
depois do período mínimo de 6 semanas, caso contrário uma infecção primária ativa de 8 a 12 semanas.
corre-se o risco de um resultado falso-negativo.
Em suma, o diagnóstico da infecção materna primária
Prognóstico recente é feito pela soroconversão ou pelo aparecimento
Maior incidência de glaucoma, retinopatia, surdez do anticorpo IgM específico associado à baixa avidez IgG.
neurossensorial, atraso do desenvolvimento A infecção primária por CMV no primeiro e no segundo
neuropsicomotor, baixa estatura, diabetes mellitus, trimestres da gravidez é responsável por 5 a 10% de
disfunções tireoidianas e alguns distúrbios psiquiátricos recém-nascidos infectados sintomáticos e, desses, 30%
foram constatados em crianças com história de rubéola morrem; dos que sobrevivem, 90% apresentam sequelas
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definitivas (perda da audição e comprometimento
neurológico).
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H - Herpes-vírus simples Disseminado: envolvimento de múltiplos órgãos (pulmão,
fígado, suprarrenal, pele, olhos, cérebro) (presente em
O herpes simples é uma doença infecciosa determinada 25% dos casos)
pelo herpes simplex virus (HSV) com dois tipos Herpes do SNC: (30% dos casos)
sorologicamente distintos: tipo 1 (HSV-1) e tipo 2 Localizado (SEM): pele, olhos e boca (45% dos casos).
(HSV-2). O HSV-1 é o responsável pela infecção não Esta classificação é preditiva de morbidade e de
genital (lábios, face, córnea, mucosa oral), e o HSV-2 mortalidade: no tipo disseminado, a mortalidade é de 30%,
está associado à infecção genital (pênis, uretra, vulva, mesmo com o uso do antiviral.
vagina, cérvice, pele das coxas e das nádegas).
HSV materno
A infecção genital pelo HSV é mais comum com o
HSV-2 (90%), mas a doença genital pelo HSV-1 está
aumentando de frequência.
Terminologia da infecção materna
Quando um indivíduo sem anticorpo HSV-1 ou HSV-2
adquire qualquer um dos vírus no sistema genital, é
estabelecida uma infecção primária primeiro episódio.
Se a pessoa com anticorpo HSV-1 preexistente adquire Prevenção
infecção genital HSV-2 (ou vice-versa), ocorre a Em mulheres com lesão genital ativa, a cesárea pode
infecção não primária primeiro episódio. A reativação reduzir o risco de o bebê adquirir a infecção pelo HSV.
do vírus e a sua translocação para a pele e mucosas A cesárea está indicada em mulheres que apresentaram a
produzem a infecção recorrente. A diferenciação por infecção primária com lesão ativa/pródromos no momento
sorologia e por PCR/cultura da lesão genital, entre esses do parto ou que referem no terceiro trimestre da gravidez,
três tipos clínicos, é possível e complexa. e será realizada até 4 h após a ruptura das membranas. Para
Ainda, a infecção genital HSV pode ser clinicamente as mulheres com diagnóstico prévio de herpes genital
aparente (p. ex., lesões genitais) ou inaparente (infecção recorrente), a cesárea para evitar a infecção
(assintomática ou subclínica), localizando-se o vírus na neonatal pelo HSV somente estará indicada se houver
cérvice uterina. Cerca de 2/3 das mulheres que adquirem lesão genital no momento do parto. Se não houver lesão,
o herpes genital durante a gravidez permanecem poderá ser permitido o parto vaginal se a mulher fez
assintomáticas. Isso é consistente com o achado de que uso oral de aciclovir, a partir de 36 semanas da
60 a 80% das mulheres cujos bebês foram infectados gravidez, por pelo menos 4 semanas, para suprimir o
pelo HSV não apresentam qualquer lesão durante o aparecimento da lesão genital ativa ou a eliminação do
parto, nem referem história de herpes genital. vírus na época do parto.
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Disrupção é o defeito no desenvolvimento que resulta • A exposição crônica em baixas doses pode
de fatores extrínsecos ou intrínsecos, produzindo quebra contribuir para o risco teratogênico.
ou interferência do processo de desenvolvimento • A gestação pode alterar a distribuição e o
originalmente normal. Na ausência do fator extrínseco ou metabolismo da droga.
intrínseco (estado de deficiência física, química ou • Pode ser difícil determinar se a condição (doença)
biológica, exposição a agentes teratogênicos), o materna contribui para a etiologia da malformação
desenvolvimento seria normal. associada ao tratamento da condição (por exemplo, fatores
Deformação é a forma ou posição anormal de etiológicos que levam à epilepsia associada à exposição de
determinada parte do corpo, causada por forças difenilidantoína podem contribuir para o mau
mecânicas que atuam naquela parte do corpo durante o desenvolvimento fetal).
desenvolvimento. Exemplos de deformações são • Meia-vida longa do agente teratogênico, que pode
gestações complicadas por oligoâmnio, em que a provocar alterações fetais, mesmo após alguns meses de
compressão intrauterina pode levar a alterações no interrupção do uso ou da exposição (por exemplo,
posicionamento dos pés (pé torto). substâncias lipossolúveis como os policlorados e etreti-
Displasia é o processo e a consequência da natos).
desistogênese, ou seja, da formação anormal do tecido.
Todas as anormalidades relacionadas à histogênese são Genótipo do embrião
classificadas como displasias. A displasia não tem causa A suscetibilidade aos teratógenos depende do genótipo do
específica e frequentemente afeta vários órgãos por produto conceptual e da maneira como ele interage com os
causa da natureza do distúrbio celular subjacente. fatores do meio. Diferenças genéticas podem interferir na
resposta aos agentes teratogênicos, de forma que o
Teratógeno é qualquer agente que provoque uma genótipo do embrião determine quando um agente vai
anomalia congênita ou aumente a incidência de afetar seu desenvolvimento.
anomalias numa população. O embrião é mais sensível
aos agentes teratogênicos durante o período de DROGAS
diferenciação rápida. A teratogênese de um agente (por As drogas apresentam capacidades teratogênicas variáveis
exemplo, droga ou agente químico) deve ser avaliada em quando comparadas umas às outras. Algumas causam
três importantes princípios: período crítico do graves disrupções do desenvolvimento se administradas
desenvolvimento, dose ou magnitude da exposição e durante o período da organogênese, como a talidomida.
genótipo do embrião. Outras produzem retardo mental, restrição do crescimento
ou outras anomalias quando usadas excessivamente
Período: É importante lembrar que, durante as duas durante o desenvolvimento do produto conceptual, como
primeiras semanas do desenvolvimento embrionário, os o álcool.
teratógenos danificam todas ou quase todas as células,
resultando em morte celular, ou danificam poucas Álcool
células, o que permite que o embrião se recupere e se O álcool é um dos teratógenos mais frequentes, com a
desenvolva sem defeitos (“fenômeno do tudo ou nada”). prevalência de crianças afetadas, pelo consumo materno,
O período da organogênese (do 18° ao 60° dias de na ordem de 0,5 a 2:1.000 nascimentos. As crianças
gestação) é aquele em que os teratógenos provocam nascidas de mães alcoólatras apresentam alterações bem
maior dano, já que as malformações mais graves ocorrem específicas, como restrição de crescimento, retardo
quando a exposição se dá antes do 36° dia, exceto para mental e anomalias como microcefalia, fissura
as malformações do aparelho genitourinário, do palato, palpebral pequena, prega epicantal, hipoplasia
do SNC ou deformações decorrentes de constrição, maxilar, nariz pequeno com filtro hipoplásico, lábio
disrupção ou destruição. superior fino, prega palmar anormal, anomalias de
O período fetal é caracterizado pela histogênese que articulações e cardiopatias. Essas alterações são
envolve o crescimento, a diferenciação celular e a conhecidas como Síndrome Alcoólica Fetal, condição
migração neuronal. Os agentes teratogênicos, nessa fase, extremamente grave com risco de morte fetal em até 17%
podem reduzir a população celular por causarem morte das vezes.
celular e inibição da divisão ou da diferenciação celular.
Dose ou magnitude da exposição
Estudos em animais mostram que existe relação dose-
res-posta aos agentes teratogênicos, ou seja, quanto
maior for a exposição durante a gestação, mais grave será
o efeito fenotípico. Deve-se considerar que doses
necessárias para provocar anomalias em animais são
muito maiores do que em humanos.
A interpretação da dose-resposta pode ser afetada e,
portanto, alguns aspectos devem ser considerados, como:
• A concentração do metabólito ativo pode ser mais
importante do que a dosagem do produto químico
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efeito carcinogênico, mutagênico e outros efeitos tóxicos),
no metabolismo do folato e da vitamina K.
Antibióticos Tetraciclinas
As tetraciclinas atravessam a barreira placentária e se
depositam nos ossos e dentes, nos locais de ativação da
calcificação. Essa categoria de drogas inclui: tetraciclina,
doxiciclina, oxitetraciclina e minociclina. O uso de 1 g de
tetraciclina ao dia no segundo e terceiro trimestres pode
provocar descoloração marrom-amarelada dos dentes e
diminuição do crescimento dos ossos longos. Essas altera-
ções são decorrentes da ação quelante da droga, que forma
um complexo com o ortofosfato de cálcio e se incorpora
nos ossos e dentes que se encontram no processo de
calcificação. Nos dentes, esse complexo causa
descoloração, uma vez que a remodelação e a troca de
cálcio não ocorrem após se completar a calcificação. Os
Os danos provocados pelo uso excessivo de álcool estão dentes deciduais começam a se calcificar por volta do
relacionados à ação específica nas moléculas que quinto e do sexto mês de gestação e o uso das tetraciclinas
regulam os processos-chave do desenvolvimento (por após esse período provoca descoloração.
exemplo, células L1 de adesão molecular, álcool Antivirais
desidrogenase e catalase). Esses danos interferem no A ribavirina é disponibilizada em apresentação oral,
desenvolvimento precoce dos neurônios intravenosa e inalatória para tratar infecções respiratórias
serotoninérgicos da linha média, interrompem a principalmente em crianças e adolescentes. A droga é
regulação da sinalização para outras estruturas do SNC, altamente teratogênica em todos os estudos em animais,
alteram os fatores tróficos que regulam a neurogênese e com malformações como hidrocefalia e de extremidades.
a sobrevida celular ou provocam morte celular excessiva É considerada droga da categoria X durante a gestação e
pelo estresse oxidativo ou ativação de proteases. NS na lactação, não devendo ser utilizada nesses períodos.
Além disso, o álcool parece ter efeitos específicos no es de que o tabagismo é prejudicial ao feto, mais de 25%
material genético fetal, promovendo alterações das mulheres continuam fumando durante a gestação. O
epigenéticas com manifestações ao longo de toda a vida. cigarro contém mais de 3 mil diferentes compostos; entre
O álcool pode produzir, na mãe, alterações os teratógenos estão a nicotina, cotinina, cianida,
hemodinâmicas sistêmicas (aumento da pressão tiocianato, monóxido de carbono, cádmio, chumbo e
arterial, frequência cardíaca, hipoxia, acidose), vários hidrocarbonetos. Embora essas e outras substâncias
alterações no sistema endócrino (aumento de cortisol, químicas presentes no cigarro representem risco para a
hormônio adrenocorticotrófico, vasopressina), gestação, a maior preocupação está relacionada à nicotina
aumento da reatividade vascular e, ainda, alterações e ao monóxido de carbono. Essas substâncias, além de
na circulação placentária, como alteração do fluxo serem fetotóxicas, têm efeitos vasoativos ou reduzem os
uteroplacentário, angiogênese e remodelação níveis de oxigênio. A nicotina promove a liberação de
vascular. adrenalina, que resulta em redução marcante do fluxo
A dose limiar diária de ingesta de álcool em que a sanguíneo uterino e aumenta a resistência vascular
gestante não expõe o feto a risco não está bem placentária.
estabelecida. Entretanto, estudos demonstram que doses O tabagismo na gestação está associado aos seguintes
abaixo de 15 mL/dia (um drinque) de álcool absoluto não aspectos: gravidez ectópica, abortamento espontâneo,
levariam a riscos teratogênicos. Alterações leves foram baixo peso ao nascimento, parto prematuro, placenta
descritas com doses de dois drinques diários (30 mL de prévia, descolamento prematuro de placenta e rotura
álcool absoluto) em fases iniciais da gestação prematura das membranas ovulares (RPMO). As
Anticonvulsivantes alterações relacionadas são dependentes da quantidade de
Aproximadamente 0,3 a 0,5% das grávidas utilizam cigarros consumidos por dia. Alguns estudos demonstram
drogas anticonvulsivantes. O risco de malformações também associação do cigarro (20 cigarros/dia) com
maiores em filhos de mães usuárias dessas drogas é de 4 anomalias congênitas, como gastrósquise, onfalocele,
a 8%, comparado a 2 a 4% na população geral. Os fatores atresia de intestino delgado, fenda labial e palatina,
de risco incluem doses diárias elevadas e a politerapia. hidrocefalia, microcefalia e anomalias de mãos.
Portanto, o risco dessas drogas pode ser minimizado com Algumas dessas malformações são provavelmente
a monoterapia e a utilização de menor quantidade associadas ao efeito vasoativo do tabaco. O fumo é
efetiva, o que significa que elas podem ser administradas considerado droga das categorias X na gestação e U na
em doses divididas para minimizar os seus picos lactação, e, portanto, é contraindicado nesses dois
sanguíneos. As malformações mais comuns são os períodos.
defeitos faciais Cafeína
e cardíacos. O mecanismo de teratogênese dessas drogas A cafeína é um estimulante do SNC. Trata-se da droga
parece estar relacionado ao efeito direto na membrana mais popular, pois é encontrada em várias bebidas de
celular, no acúmulo de radicais livres (que possuem consumo (café, chás, achocolatados e bebidas com cola).
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Não é produto teratogênico. Quando usada em Em contraste, muitas tinturas têm sido associadas a
quantidades moderadas, não apresenta associação com defeitos congênitos em camundongos. No entanto, vale
malformações congênitas, abortamento espontâneo, ressaltar que tais testes envolvem grandes exposições e
baixo peso no nascimento e parto prematuro. Duas não se sabe até que ponto predizem o uso em humanos.
xícaras regulares de café contêm aproximadamente 454 Alguns estudos mostraram que cabeleireiras apresentam
mg de cafeína, e o consumo excessivo corresponde a um índice elevado de abortos espontâneos, maior número
doses diárias maiores do que estas que poderiam de partos prematuros e malformações, que se
provocar restrição de crescimento, abortamento correlacionam com a duração da exposição.
espontâneo e aumento da infertilidade. Doses acima de Alisamento
454 mg demonstraram aumento significativo dos níveis Os alisantes de cabelo podem conter hidróxido de sódio ou
maternos de adrenalina, mas não de noradrenalina e potássio ou combinação de hidróxido de cálcio e carbonato
dopamina. A exposição fetal a altas doses pode de guanidina. Em relação ao uso tópico de tais agentes, não
provocar no recém-nascido sintomas da síndrome da foram encontradas referências a desfechos gestacionais
abstinência com taquiarritmia, contração atrial desfavoráveis em humanos. Entretanto, não existem
prematura, tremores finos e taquipneia. Em doses estudos epidemiológicos que permitam garantir a
regulares e normais, a cafeína pode ser usada durante a segurança do uso durante a gestação. O formol
gestação e a amamentação, sem risco de danos. (formalina), que é uma solução de formaldeído em água,
MONÓXIDO DE CARBONO tem sido amplamente utilizado em técnicas de alisamento
O gás tóxico, inodoro e incolor apresenta afinidade até capilar. Estudos em animais detectaram diversas
trezentas vezes maior com a hemoglobina quando alterações. A inalação, em ratos, foi associada à
comparada à afinidade do oxigênio com a hemoglobina. diminuição do tempo gestacional e a um conteúdo menor
Quando presente na circulação sanguínea, o monóxido de ácidos ascórbico e nucleicos no feto. No entanto, outros
de carbono reduz o transporte de oxigênio aos tecidos e estudos não evidenciaram essas alterações, nem efeitos
a intoxicação aguda pode ser fatal e provocar cefaleia, teratogênicos.
fadiga, efeitos cardíacos e alterações neurológicas. Esse Tinturas
gás é encontrado na combustão de processos industriais, As tinturas para cabelo são fonte de constante preocupação
de veículos automotores e na fumaça de cigarro. No feto, para gestantes, pois são compostas por inúmeras
os danos ao SNC foram descritos com exposições muito substâncias e não recomendadas pelos fabricantes.
altas, mas o risco parece ser baixo, apesar das Aparentemente, a sua absorção sistêmica é muito pequena,
controvérsias. não demonstrando teratogenicidade. Não existem, ainda,
CHUMBO relatos de caso associando o uso de tinturas de cabelo a
Presente em abundância nos locais de trabalho e no meio malformações congênitas.
ambiente, o chumbo atravessa a placenta e pode se
acumular nos tecidos fetais. A exposição ao chumbo Referências
ocorre por meio de solos contaminados, contatos com • https://www.febrasgo.org.br/images/arquivos/manuais/
tintas à base de chumbo e exposição ocupacional (na Outros_Manuais/manual_teratogenese.pdf
fabricação de cristais, de cerâmicas, de plásticos e em • MONTENEGRO, C.A.B.; REZENDE-FILHO, J.
artesanatos que utilizam chumbo). Exposições a doses Rezende obstetrícia. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
muito altas podem provocar abortamentos, anomalias Koogan, 2017.
fetais (marcas na pele e não descida dos testículos em • ZUGAIB, M.; FRANCISCO, R.P.V. Zugaib obstetrícia.
fetos do sexo masculino), restrição de crescimento, 3. ed. Barueri: Manole, 2020.
deficiências funcionais e atraso no desenvolvimento. • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_r
Entretanto, o efeito teratogênico não está estabelecido esposta_microcefalia_relacionada_infeccao_virus_zika.
para exposições a doses muito baixas, ou seja, pdf
concentrações no sangue materno abaixo de 20 mg%. • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifi
Produtos para o cabelo lis_bolso.pdf
Muitos estudos sugerem que substâncias químicas • MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. EmbriologiaBásica.
tóxicas podem ser absorvidas através do couro 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
cabeludo em quantidades suficientes para aumentar • Langman Embriologia Médica. 9ª Ed. Rio de Janeiro:
o risco de efeitos na gestante e na sua prole. Mulheres Guanabara Koogan, 2005. SCHOENWOLF, G.C
que usam produtos para alisamento, os ditos relaxantes,
por exemplo, geralmente realizam um tratamento a cada
4 a 8 semanas. Tais produtos apresentam cerca de 2 a
3,5% de hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio,
alguns apresentam hidróxido de cálcio e carbonato de
guanidina juntamente com hidróxido de guanidina. Os
produtos usados em técnicas de permanente contêm
tioglicolato de sódio ou amônia. Assim como estes, a
maioria dos componentes de fórmulas para o cabelo
carece de estudo sobre o potencial teratogênico.
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A função gastrointestinal também é foco na maturidade
fetal. Em bebês que são prematuros por mais de dois
meses, os sistemas digestivo e absortivo são quase
sempre inadequados. A absorção de gorduras também
é comprometida, de maneira que o bebê prematuro deve
A maturidade fetal consiste no pleno desenvolvimento ter dieta pobre em gorduras. Ademais, o bebê prematuro
dos diversos órgãos e sistemas fetais que, no seu tem dificuldade incomum de absorver cálcio e,
processo fisiológico normal, se completa entre 37 e 40 portanto, pode desenvolver grave raquitismo, antes que
semanas de gestação. A maturidade do sistema se reconheça tal dificuldade. Por esta razão, deve-se ter
respiratório fetal ocorre ao redor da 35ª semana de atenção especial à ingestão adequada de cálcio e vitamina
gestação, quando as adaptações anatômicas e funcionais D.
permitem ao recém-nascido (RN) prematuro sobreviver
ao ambiente extra-uterino. É conhecido que algumas A imaturidade de outros sistemas de órgãos que, com
condições clínicas aceleram a maturidade fetal (por frequência, causam sérias dificuldades no bebê inclui: (1)
exemplo a hipoxia fetal crônica), enquanto que outras, imaturidade do fígado, que resulta no comprometimento
como o diabete melito, estão associadas a um atraso na do metabolismo intermediário e, muitas vezes, em
maturação pulmonar. A avaliação da maturidade tendência a sangramentos, decorrentes da formação
pulmonar fetal, através da análise do líquido amniótico inadequada de fatores de coagulação; (2) imaturidade dos
(LA), pode ser realizada antes da resolução da gestação, rins, particularmente deficientes na sua capacidade de
principalmente naquelas pré-termo, evitando-se assim, livrar o organismo de ácidos, predispondo o bebê à acidose
em algumas situações, o parto prematuro iatrogênico. e a anormalidades sérias do equilíbrio hídrico; (3)
Entre as múltiplas complicações da prematuridade, a imaturidade do mecanismo de formação do sangue da
imaturidade pulmonar, relacionada à produção medula óssea, que permite o rápido desenvolvimento de
inadequada de surfactante, constitui a de maior gravidade, anemia; e (4) formação diminuída de gamaglobulina
comprometendo, muitas vezes, a sobrevida do concepto. pelo sistema linfoide, que, com frequência, leva a
infecções graves.
O pulmão fetal inicia seu desenvolvimento por volta da
terceira semana de vida e, entre 16 e 24 semanas de
gestação, ocorre aumento da angiogênese e diferenciação
do epitélio cuboide que reveste os ácinos em pneumócitos
do tipo I e II. O pneumócito do tipo I é uma célula com
funções principalmente relacionadas ao revestimento
alveolar. Já o pneumócito do tipo II é a célula Uma das alterações sistêmicas mais notáveis observadas
responsável pela produção do surfactante. O na gravidez é a retenção de líquido, intra e extracelular,
surfactante é produzido pelos pneumócitos tipo II e mas especialmente responsável pelo aumento do volume
armazenado em estruturas granulares chamadas de corpos plasmático. Essa alteração hidreletrolítica é decisiva para
lamelares (CL), que medem de 1 a 5 μm de diâmetro e são que ocorram outras modificações importantes, tais como o
ricas em lipídios. Os CL aparecem no citoplasma dos aumento do débito cardíaco e o do fluxo plasmático
pneumócitos por volta de 24 semanas de gestação, renal. O acréscimo do volume plasmático é maior na
apesar do surfactante no líquido amniótico começar a gravidez gemelar e menor naquela complicada pelo
aumentar após 32 semanas, sugerindo que a secreção de crescimento intrauterino restrito (CIR) e pela pré-
surfactante pelos CL não coincide com o seu eclâmpsia. O provável mecanismo para essa adaptação é a
aparecimento retenção de sódio, determinada principalmente pela
Embora um feto de 22 a 25 semanas nascido maior secreção de aldosterona pela suprarrenal, a
prematuramente possa sobreviver inicialmente se receber despeito do efeito natriurético da progesterona.
cuidados intensivos, ele pode morrer, pois seu sistema
respiratório ainda é imaturo. Fetos nascidos antes de 26 Para conservar o sódio, quando a taxa de filtração
semanas de gestação têm risco elevado de deficiência glomerular aumenta em torno de 50%, surge na gravidez
(funcional) no desenvolvimento neurológico. Da mecanismo compensatório representado pelo sistema
vigésima sexta à vigésima nona semana, em geral, os renina-angiotensina. A renina é elaborada pelo aparelho
fetos sobrevivem se nascerem prematuramente e justaglomerular renal e age, em última análise,
receberem cuidados intensivos, porque os pulmões já se estimulando a secreção de aldosterona pelo córtex
desenvolveram o suficiente para realizar trocas suprarrenal, via angiotensina. A aldosterona é
gasosas adequadas. Além disso, o sistema nervoso responsável pelo aumento da reabsorção tubular de
central já amadureceu para o estágio em que pode sódio, preservando a homeóstase materna -
guiar o ritmo dos movimentos respiratórios e “hiperaldosteronismo secundário da gravidez”.
controlar a temperatura corporal. Próximo ao termo
(37 a 38 semanas), o sistema nervoso está suficientemente Na verdade, a concentração de sódio plasmática
maduro para realizar algumas funções integrativas. encontra-se ligeiramente diminuída na gestação, assim
como a osmolaridade total.
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A gestante parece aceitar esse nível de osmolaridade, Na avaliação do edema na gravidez, é importante
sem elevar a diurese. Por outro lado, o limiar de sede na diferenciar o generalizado do gravitacional. O edema
gravidez está alterado de tal sorte que a gestante sente gravitacional está limitado aos tornozelos e decorre do
vontade de ingerir líquido com nível mais baixo de aumento de pressão nos capilares dos membros
osmolaridade do que a não gestante. Do mesmo modo, inferiores. Quando cessa a pressão na veia cava inferior
há redução acentuada também da pressão oncótica pelo útero gravídico, por exemplo, no momento em que a
paciente fica em decúbito lateral, o edema cede, como
(pressão coloidosmótica), determinada principalmente
habitualmente ocorre à noite. Não apresenta qualquer
pela queda na concentração de albumina plasmática de conotação com o acúmulo de sódio e de água e está
cerca de 20% (níveis gravídicos: 2,8 a 3,7 g/dℓ). O destituído de importância clínica. O edema
significado dessa alteração é o de que a pressão oncótica generalizado, que se anuncia pelo súbito aumento de
é o fator mais relevante para o equilíbrio de Starling, peso, engrossamento dos dedos, face vultosa e
vale dizer, o grau de passagem de líquido através dos deposição de água na metade superior do corpo, é visto
capilares (inclusive dos capilares glomerulares). Assim, em 25 a 30% das gestantes. O edema generalizado, na
a diminuição da pressão oncótica do plasma é ausência de hipertensão e proteinúria, representa simples
responsável pelo aumento da taxa de filtração exagero do processo fisiológico de retenção de sódio,
glomerular renal (TFG) observada na gravidez, além agravado pela queda de pressão oncótica plasmática,
de contribuir para o desenvolvimento do edema decorrente da relativa hipoalbuminemia gravídica. Os
periférico, trivial até mesmo na gravidez normal. Em diuréticos e a dieta hipossódica não são indicados na
resumo, os fatores responsáveis pela retenção de líquido gravidez.
estão descritos a seguir:
A Respiração Materna Aumenta Durante a Gravidez.
• Retenção de sódio Devido ao aumento do metabolismo basal da gestante e
• Novo nível de osmolaridade por causa do aumento de tamanho da mãe, a quantidade
• Diminuição do limiar da sede total de oxigênio usado por ela, pouco antes do
nascimento do bebê, é de aproximadamente 20%
• Redução da pressão oncótica.
acima do normal, e uma quantidade proporcional de
dióxido de carbono é formada. Esses efeitos fazem com
que a ventilação minuto da mãe aumente. Acredita-se
também que os altos níveis de progesterona durante a
gravidez elevem a ventilação minuto ainda mais, já que
a progesterona aumenta a sensibilidade do centro
respiratório ao dióxido de carbono. O resultado efetivo
é o aumento da ventilação minuto de cerca de 50% e queda
na PCO2 arterial de vários milímetros de mercúrio, abaixo
do que seria em uma mulher não grávida.
Simultaneamente, o útero em crescimento pressiona os
conteúdos abdominais para cima, fazendo pressão
ascendente contra o diafragma; assim, a excursão total do
diafragma diminui. Por conseguinte, a frequência
respiratória aumenta para manter a ventilação extra.
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A grávida, portanto, já respira de forma mais rápida queratinização da pele fetal. O líquido é reabsorvido pelo
que o habitual e usa parte do oxigênio inspirado para feto, principalmente, pela deglutição, na sequência, por
o desenvolvimento do feto e da placenta. Por reabsorção intestinal e por trocas através da superfície
isso, qualquer atividade física que demande um das membranas que revestem o cordão umbilical, a face
aumento ainda maior do consumo de fetal da placenta e a parede uterina. Por volta da 2° metade
oxigênio costuma ser tão mal tolerada, da gestação, acredita-se que cerca de 30% do peso corporal
principalmente pelas mulheres que eram do feto seja decorrente da produção urinária diária, e que
sedentárias antes da gravidez e têm uma de 20 a 25% corresponda ao volume deglutido.
capacidade cardiopulmonar abaixo da desejada.
O volume amniótico é muito variável de um ovo a outro e,
O feto e a placenta também demandam sangue, e na mesma gestante, oscilante, embora com tendência geral
parte da circulação sanguínea é desviada para o ao aumento progressivo. Nos primórdios da gravidez, é
novo ser em desenvolvimento. Além do desvio de maior o volume amniótico que o do concepto. Sendo mais
sangue, os hormônios da gravidez também acentuado o desenvolvimento do feto que o do âmnio,
estimulam uma redução da pressão arterial, igualam-se, em torno do 5° mês, os volumes fetal e
provocada por vasodilatação das artérias. Logo, na amniótico, invertendo-se a proporção ao final do ciclo
gestante, há uma pressão arterial mais baixa para gravídico, ocupando o nascituro, em geral, a maior parte
irrigar uma área tecidual maior que a habitual. do ovo. Em média, o líquido amniótico tem 30 mℓ na 10°
semana, aumenta para 350 mℓ na 20°, próximo ao termo
Além de tudo isso, a retenção de líquidos dilui o alcança 1.000 mℓ, para depois diminuir 150 mℓ/semana. O
sangue, fazendo com que a grávida tenha uma anemia volume anormalmente reduzido é denominado
relativa, o que colabora ainda mais para o cansaço a oligodrâmnio, enquanto o aumento no volume do líquido
para a intolerância aos esforços. é denominado hidrâmnio ou polidrâmnio.
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excretado pelos rins fetais e devolvido para o saco A altura do útero está maior do que a esperada para a idade
amniótico por meio do trato urinário fetal. O volume de gestacional e a pele abdominal se apresenta distendida, lisa
líquido amniótico é classicamente reconhecido como e brilhante, com estrias extensas. A gestante pode relatar
normal quando está entre 300 e 400 mL dispneia. Os fenômenos mecânicos relacionados à
sobredistensão uterina e à pressão sobre os órgãos
Oligoâmnio: a suspeita é levantada em caso de o volume adjacentes causam outras queixas. O volume excessivo do
uterino ser menor que o esperado para a idade útero pode simular hipertonia, em alguns casos. A
gestacional, a palpação do abdome da gestante permite a identificação das partes fetais está prejudicada à palpação.
percepção da diminuição do líquido, bem como do O feto apresenta com excesso de movimentação,
reconhecimento das partes fetais. Pode haver relato da dificultando a ausculta dos batimentos cardíacos, é
mãe de redução na movimentação fetal e/ou perda de constatado sinal do “piparote”. Edema no baixo ventre
líquido por via vaginal. Pode resultar em insuficiência materno, bem como nos membros inferiores, é comum.
placentária, com diminuição do fluxo sanguíneo Contrações que caracterizam o trabalho de parto
placentário. prematuro podem acontecer em quadros agudos, precoces
e que se desenvolvem em poucos dias. A maioria dos casos
Diante de insuficiência placentária, sob hipofluxo de polidrâmnio (60%) é idiopática (de causa
sanguíneo, ocorrem déficit nutritivo e regime de hipóxia desconhecida); 20% dos casos são causados por fatores
relativa, que desencadeiam a redistribuição da circulação maternos, enquanto 20% são de origem fetal. O
fetal (centralização hemodinâmica), com desvio de polidrâmnio pode estar associado a anomalias graves do
maior fluxo sanguíneo para órgãos mais importantes sistema nervoso central, como a meroencefalia
(cérebro, coração e adrenais), em detrimento de outros, (anencefalia). Com outros defeitos congênitos, como a
como rins, pulmões e sistema digestório. Assim, o atresia de esôfago, o líquido amniótico se acumula porque
oligoâmnio é marcador de insuficiência placentária e não consegue passar para o estômago e intestinos fetais
sofrimento fetal e está frequentemente relacionado a para ser absorvido.
restrição de crescimento fetal e recém--nascidos
pequenos para a idade gestacional.
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Ultrassonografia
O diagnóstico provável de CIR é feito pela
ultrassonografia, que é mais precisa do que a medida da
altura uterina. Na avaliação do crescimento fetal por esse
método, diversos parâmetros permitem a detecção e a
classificação da CIR. São importantes as medidas do
diâmetro biparietal (DBP), da circunferência cefálica
(CC), da circunferência abdominal (CA), da relação
circunferência cefálica/circunferência abdominal
(CC/CA), do comprimento do fêmur (F) e da relação
comprimento do fêmur/circunferência abdominal (F/CA).
Entre essas medidas, CA é um dos marcadores mais
importantes do estado nutricional do feto, por refletir o
volume do fígado e da gordura subcutânea abdominal. O
volume do fígado depende da quantidade de glicogênio
armazenada, que é influenciada por fatores que levam à
CIR, especialmente do tipo II. Mesmo diante da estimativa
de peso fetal acima do percentil 10, se CA for inferior à
esperada para a idade gestacional, deve-se manter a
vigilância. Para o cálculo do peso fetal, utilizam-se as
Medida da altura uterina medidas do polo cefálico, do abdome e do fêmur.
A medida da altura uterina com a fita métrica menor do Considera-se a presença de CIR quando o peso do feto se
que a esperada para a idade gestacional, ou seja, abaixo encontra abaixo do percentil 10 em relação à idade
do percentil 10, constitui sinal clínico suspeito e deve ser gestacional.
sempre utilizada para o seu rastreamento. É importante
que tais medidas sejam seriadas, utilizando-se curvas-
padrão próprias da população a ser avaliada.
A medida da altura uterina com a fita métrica apresenta
boa taxa de detecção de CIR, com sensibilidade e
especificidade acima de 80%. Quando a medida obtida
encontra--se acima do percentil 10, a probabilidade de
crescimento normal é superior a 90%. Por outro lado,
quando essa medida é inferior ao percentil 10, a
probabilidade de ser um feto com crescimento restrito é
de aproximadamente 60%, ou seja, o seu valor preditivo
positivo é baixo.
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Gestação gemelar °
Gêmeos Dizigóticos
Como resultam da fecundação de dois oócitos por dois
espermatozoides, os gêmeos DZ podem ser do mesmo
sexo ou de sexos diferentes. Pela mesma razão, eles não
são mais parecidos do que irmãos ou irmãs genéticos
nascidos em épocas diferentes. Os DZ sempre
apresentam dois âmnios e dois córios, mas os córios e
as placentas dos dois gêmeos podem se fusionar.
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Gestação gemelar °
Placenta dicoriônica e diamniótica de gêmeos. A membrana divisória que separa os fetos gemelares foi levantada e é formada por
córion (c) entre dois âmnios (a).
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Gestação gemelar °
Diagnóstico da gemelidade Número de placentas: duas placentas separadas,
Suspeita-se de gravidez gemelar quando o tamanho distintas, sugerem dicorionicidade, mas uma única massa
uterino está muito aumentado, em discordância com a placentária pode ser indicativa de 2 placentas fusionadas
idade da gestação. Sinal twin peak ou lambda: esse sinal representa uma
Ultrassonografia: Do 1° trimestre da gravidez até o projeção do tecido corial placentário estendendo-se entre
parto do 2° gemelar, a utilização da ultrassonografia no o septo intergemelar e representa a gemelidade DC
acompanhamento da gravidez gemelar é onipresente e O exame ultrassonográfico realizado no primeiro trimestre
indispensável. Entre as aplicações clínicas mais comuns identifica com acurácia próxima de 100% as gestações
estão a determinação de corioamnionicidade; a dicoriônicas pela presença de mais de um saco gestacional
confirmação da idade da gravidez; o diagnóstico de e um septo espesso entre eles.
anomalias e de complicações; o exame do colo; a O sinal do lambda é a projeção do componente
avaliação do crescimento fetal e do volume do líquido coriônico entre as membranas amnióticas identificada
amniótico (LA); a localização da placenta; e a posição na base da inserção placentária portanto, a identificação
fetal para a conduta no parto desse sinal em qualquer estágio da gestação constitui
Determinação da corionicidade evidência de dicorionicidade. A ausência do sinal do
Por conta dos maiores riscos envolvidos em uma lambda após o primeiro trimestre de gestação não deve ser
gestação múltipla monocoriônica, o conhecimento da considerada evidência de monocorionicidade e não exclui
corionicidade em gestações múltiplas é essencial para a possibilidade de gestação dicoriônica ou dizigótica. Isso
guiar o aconselhamento do casal e, principalmente, o decorre do fato de que a camada coriônica regride
manejo dessas gestações. conforme a gestação evolui, o que dificulta
O primeiro trimestre da gestação é o melhor período progressivamente a identificação do sinal do lambda, e as
para se determinar a corionicidade e a amnionicidade. massas placentárias podem se fundir e apresentar aspecto
Indica-se a realização do exame entre 6 e 8 semanas de de massa placentária única.
gestação, por via transvaginal
Antes de 10 semanas da gravidez há inúmeros sinais
sonográficos que tornam possível a determinação da
corioamnionicidade:
Número de sacos gestacionais: cada SG forma a própria
placenta. Assim, a presença de 2 SG implica uma
gravidez DC, enquanto SG único com 2 batimentos
cardiofetais (bcf) identificados atesta gemelaridade MC
Número de cavidades amnióticas: quando os gêmeos
DA são identificados antes de 10 semanas, âmnios
separados e distintos podem ser vistos pela
ultrassonografia transvaginal (UST). Antes de 10
semanas, os 2 âmnios separados da gravidez DA ainda
não se expandiram o suficiente para entrarem em contato
e criarem a membrana (ou septo) intergemelar. Os 2
âmnios são extremamente finos e delicados, mas podem
ser identificados como estruturas separadas na UST
Número de vesículas vitelinas: o número de vesículas
vitelinas (VV) é útil para o diagnóstico da amniocidade.
Quando 2 VV são vistas, a gravidez é DA, enquanto uma
única VV, na maioria dos casos, indica gêmeos MA.
Uma única VV com 2 embriões obriga a um seguimento
sonográfico para determinar definitivamente a
amniocidade. Depois de 10 semanas, esses sinais
sonográficos já não estão mais presentes: os SG já não
são mais distintamente separáveis, e a membrana Gravidez gemelar monocoriônica e diamniótica com 8
intergemelar está formada. semanas. Observe o âmnio delgado envolvendo cada
Nesse estágio, novos sinais sonográficos para determinar embrião, o que resulta em uma membrana divisória fina
amniocidade/corionicidade são procurados: (1) genitália (seta azul).
fetal; (2) quantidade de placentas; (3) sinal twin peak
ou lambda; e (4) características do septo
intergemelar.
Discordância sexual: não é rotineiramente utilizada na
ultrassonografia de 10 a 14 semanas. A discordância
entre os sexos identifica a dicorionicidade; mas a
concordância não a afasta.
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Gestação gemelar °
Outros Tipos de Nascimentos Múltiplos Trigêmeos complicações hemorrágicas da gestação, como placenta
podem ser derivados a partir de: prévia e descolamento prematuro de placenta (DPP);
• Um zigoto e ser idênticos infecção puerperal; edema pulmonar e óbito. A
• Dois zigotos, sendo dois gêmeos idênticos e um hipertensão arterial merece destaque pois é uma das
diferente complicações gestacionais mais frequentes nas gestações
• Três zigotos do mesmo sexo ou de sexos diferentes; múltiplas.
neste caso, as crianças não são mais semelhantes do que
Causas da infertilidade feminina e masculina
crianças oriundas de três gestações separadas
Combinações semelhantes ocorrem em quádruplos,
quíntuplos, sêxtuplos e sétuplos. Infertilidade é a dificuldade de um casal obter gravidez
no período de um ano tendo relações sexuais sem uso
Gêmeos siameses de nenhuma forma de anticoncepção. As causas de
infertilidade ligadas ao fator feminino podem ser divididas
Se o disco embrionário não se dividir completamente, em quatro grupos:
vários tipos de gêmeos monozigóticos conjugados Causas ovarianas e ovulares:
poderão se formar. A terminologia utilizada para Síndrome dos ovários policísticos ou síndrome da
descrever os gêmeos baseia-se nas regiões do corpo pelas anovulação (ausência de ovulação) crônica; insuficiência
quais estão ligados; por exemplo, toracopago indica ovariana prematura ou menopausa precoce; secreção
união anterior das regiões torácicas. Em alguns casos, os excessiva de prolactina; hipotireoidismo; idade da
gêmeos são ligados um ao outro apenas pela pele ou por mulher – basicamente, a partir dos 37 anos;
outros tecidos, como, por exemplo, fígados fusionados. Síndrome do ovário policístico:
Alguns gêmeos siameses podem ser separados com
sucesso por cirurgia.
Fisiologia materna
São exemplos de alterações mais acentuadas nas
gestações gemelares:
A expansão volêmica média é de 1.960 mL, conforme
observado por Pritchard em estudo longitudinal Esses folículos ficam liberando uma enorme quantidade de
prospectivo, enquanto a observada em gestações únicas estrógeno que circula na corrente sanguínea e pode causar
é de 1.570 mL. outros sintomas, como: irregularidades menstruais,
O aumento da volemia e da pré-carga cardíaca provoca hirsutismo, acne, alopecia, obesidade e infertilidade.
aumento também do débito cardíaco. Em gestações O aumento da resistência à insulina pode causar SOP
gemelares, o débito cardíaco é cerca de 20% maior do (aumento de insulina → aumenta andrógenos →
que nas gestações únicas, o que provoca um estado anovulação).
hiperdinâmico da circulação materna
As queixas de dispneia são mais frequentes nas gestações Insuficiência hipotálamo-hipofisária:
gemelares, pois o aumento do volume abdominal e, É uma causa pré-ovariana na qual há alterações no eixo
consequentemente, o aumento do recrutamento de hipotálamo-hipófise, gerando deficiências na produção
músculos acessórios para a respiração são mais de gonadotrofinas (não libera FSH e LH – perda do
acentuados nessas gestações. Também há quadros de controle ovariano). Pode ser congênita ou adquirida.
pielectasia renal causados pela compressão da drenagem •Congênita → amenorreia primária, anosmia e baixa
ureteral pelo útero distendido. A homeostase gasosa e o concentração de gonadotrofinas, levando a deficiência na
equilíbrio acidobásico são semelhantes aos observados produção GnRH.
em gestações únicas. •Adquirida → perda excessiva de peso, desordem do
Complicações apetite, excesso de exercícios físicos, desnutrição e uso de
Sabe-se que a incidência de complicações gestacionais é medicamentos (anticoncepcionais hormonais,
maior nas gestações múltiplas, com exceção apenas do anfetaminas) e ao estresse crônico, acarretando supressão
pós-datismo e da macrossomia fetal. O diagnóstico de da liberação dos pulsos de GnRH e ao hipogonadismo. É
baixo peso ao nascer é frequente nessas gestações por reversível.
conta da maior incidência de prematuridade e Anovulação crônica de origem hipofisária: Apresenta
restrição do crescimento fetal (RCF). A síndrome da causas multifatoriais, como: síndrome de sheehan
transfusão feto-fetal e a discordância entre os fetos (necrose aguda hipofisária), tumores hipofisários,
quanto a alterações morfológicas, alterações de cirurgias hipofisárias, irradiações hipofisárias, moléstias
vitalidade fetal e alterações do crescimento fetal são granulomatosas (micose, turbeculose, sífilis, etc) e
exclusivas das gestações múltiplas. Entre as hiperprolactina.
complicações maternas, há um aumento na frequência
de anemia; hiperêmese gravídica; pré-eclâmpsia;
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Gestação gemelar °
Na hiperprolactinemia a mulher não libera LH e FSH, e espermatozoides (azoospermia), diminuição do seu
pode gerar disfunções ovarianas, provocadas por: número (oligospermia) ou alteração na forma
(teratospermia), na capacidade de movimento
(astenospermia) ou na vitalidade (necrospermia). A
insuficiência testicular primária é responsável por,
aproximadamente, 75% de todos os casos de infertilidade
masculina. Até 30 a 50% dos casos não conseguem ter sua
etiologia confirmada, sendo rotulados como infertilidade
idiopática.
Causas:
Criptorquidia (testículos que não desceram):
Endometriose: doença crônica, causa pós-ovariana;
malformação identificada no nascimento do menino,
caracterizada pela presença de tecido endometrial
caracterizada pelo posicionamento incorreto do testículo,
funcionante fora da cavidade uterina podendo
atrapalhando a produção de espermatozoides. O problema
comprometer diversos locais.
deve ser corrigido na infância para evitar a infertilidade;
Fatores genéticos, como aberrações cromossômicas,
Sintomas → dores pélvicas, ausência de menstruação,
alterações genéticas e microdeleções do cromossomo Y.;
problemas intestinais, infertilidade.
Fatores hormonais, como disfunções hipotalâmico-
hipofisárias, tireoidianas ou adrenais;
Causas tubárias e do canal endocervical:
Infecções: prostatites, uretrites, infecções urinárias;
Obstrução tubária, geralmente provocada pela
Obstrução do canal por onde passam os espermatozoides;
endometriose ou infecções pélvicas; alterações na
Varicocele (veias do testículo com dilatação anormal);
secreção do muco cervical;
Outros fatores: radioterapia, quimioterapia, doenças
neurológicas, diabetes, traumas testiculares, drogas,
Causas ligadas à fertilização:
doenças sexualmente transmissíveis.
Vigor do espermatozoide e do óvulo; defeitos nos
cromossomos ou nas outras estruturas que regulam a
fusão dos dois gametas não permite a fertilização;
exposição a fatores de risco (raios X, radiações,
medicamentos tóxicos) podem dificultar ou impedir a
fertilização; idade da mulher;
Estima-se que a infertilidade atinja 10% a 20% dos casais O exame do sêmen constitui o aspecto mais importante da
em idade reprodutiva, independentemente de suas investigação de um homem infértil. A coleta deve ser
origens étnicas ou sociais. Em aproximadamente 30% realizada 3 a 7 dias de abstinência de relações sexuais. A
dos casos, a infertilidade é causada apenas por fatores concentração normal de espermatozoides situa-se em
masculinos. Na maioria dos casos, estão ligadas a 15.000.000/mL, entretanto, homens com uma contagem
indevida produção, ação e/ou transporte dos menor podem ser férteis.
espermatozoides. Em homens inférteis, há ausência de
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Gestação gemelar °
com as mulheres com idade de 40 anos ou mais. As
complicações mais frequentes observadas foram as
síndromes hipertensivas específicas da gestação,
sobressaindo-se a pré-eclampsia, diabetes gestacional e
rotura prematura de membrana. Os autores justificam
a maior prevalência de hipertensão crônica devido ao
comprometimento vascular da idade, o que pode
aumentar a susceptibilidade dessas mães à hipertensão
específica da gravidez, mesmo que a hipertensão não seja
Tratamento para infertilidade reconhecida clinicamente. Estudos apontam que o
A indução de ovulação com FSH associado à diabetes preexistente e gestacional aumenta de três a
gonadotrofina coriônica humana (hCG) ou ao citrato seis vezes em mulheres com mais de 40 anos em
de clomifeno aumenta notavelmente a probabilidade comparação com mulheres de 20 a 29 anos. A ruptura
de ovulações múltiplas concomitantes. Na revisão que prematura de membranas (RPM) incide em cerca de 10%
fizeram dessa prática, McClamrock e colaboradores de todas as gestações, em sua maioria ao termo, e em 2%
(2012) relataram taxas de gêmeos e de gestações a 3% das vezes na gestação pré-termo. Tem sua gênese em
múltiplas de maior ordem de até 28,6 e 9,3%, múltiplos fatores e, na maioria das vezes, de causas
respectivamente. desconhecidas. Tem sido apontado como fatores
predisponentes o tabagismo, deficiências vitamínicas,
Em geral, com a fertilização in vitro (FIV), quanto infecções genito-urinárias, antecedente de RPM em
maior for o número de embriões transferidos, maior gestação anterior, entre outras. Quanto à paridade, não
será o risco de ocorrerem gêmeos ou de outras houve significância para complicações na gestação.
gestações múltiplas. A American Society for
Porém, estudos afirmam que a multiparidade está
Reproductive Medicine (2017) recentemente revisou associada ao aumento do risco materno e neonatal e que
suas diretrizes relacionadas com a idade no que se refere em mulheres nulíparas com idade
ao número de embriões em estágio de clivagem ou superior a 40 anos correm maior risco de complicações do
blastocistos a serem transferidos durante a FIV. Esse que aquelas que já tiveram filhos, como complicações
esforço visa reduzir a incidência de gestações fetais de temos o baixo peso ao nascer e idade gestacional menor.
maior ordem. Com base nessas novas recomendações, as De todas as gestações clinicamente reconhecidas, 15 a
mulheres com menos de 35 anos de idade são 20% terminam em aborto espontâneo, especialmente
encorajadas a receber a transferência de um único durante as primeiras 13 semanas de gravidez.
embrião, independentemente do estágio do embrião. A idade materna é o rastreamento inicial para identificar
Essas práticas efetivamente reduziram as taxas de
os casos com risco de síndrome de Down (e outras
gestações múltiplas, e a taxa de trigêmeos ou de trissomias – 18, 13), visto que o risco de trissomia 21 se
gestações múltiplas de maior ordem diminuiu eleva com a idade. A priori, o risco para uma mulher de 35
anualmente desde 2009. anos de ter feto com Down, durante o segundo trimestre, é
de 1/270.
Riscos de uma gravidez a partir dos 35 anos As chances de uma mulher de 32 anos com gestação
gemelar e zigotia desconhecida ter ao menos um bebê com
São consideradas gestações tardias, as gestações em síndrome de Down são equivalentes ao risco de uma
mulheres que engravidam após os 34 anos de idade. grávida de 35 anos com gestação única.
A gravidez em idade avançada predispõe a maiores
riscos obstétricos. Tal risco é decorrente tanto da
própria senilidade ovariana, quanto da frequência
aumentada de doenças crônicas pré-existentes, fato
que aumenta com decorrer da idade. Logo, estas
mulheres estarão mais sujeitas a hospitalizações mais
frequentes e ainda terão chance aumentada para
abortamento espontâneo, onde 40 a 60% desses terão
alterações cromossômicas.
Isso se explica pelo fato do declínio da fertilidade ser
gradual até os 35 anos, acentuando-se após essa idade.
Com o avançar da idade aumenta a probabilidade de
defeitos estruturais nos óvulos, frequência de
patologias crônicas, o que torna a história
reprodutiva ser progressivamente mais complicada à
medida que aumenta a faixa etária da gestante. Diante
disso, destaca-se o fato de as mulheres na faixa etária
mais jovem (35 a 39 anos) apresentarem uma frequência
maior de complicações na gestação quando comparado
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Gestação gemelar °
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assim como prognóstico fetal adverso – CIR, Hipertensão gestacional:
oligoidramnia, morte fetal e neonatal. Igualmente os
bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) têm A doença hipertensiva específica da gestação (DHEG)
sido associados a anomalias renais, dismorfismo e compreende o conjunto das alterações pressóricas
natimortalidade. Os IECA e os BRA estão observadas na gestação, incluindo a pré-eclâmpsia e a
formalmente contraindicados em todos os trimestres eclâmpsia. Ela é caracterizada pela presença de
da gravidez. A terapia anti-hipertensiva será alterada e hipertensão arterial a partir de 20 semanas de
utilizada em mulheres com pressão arterial ≥ 160/110 gestação, em pacientes previamente normotensas.
mmHg. O objetivo do tratamento antihipertensivo é É uma das complicações mais frequentes da gravidez.
manter a pressão sistólica < 150/100 mmHg, de modo Embora a evolução seja favorável nas pacientes com
a assegurar o fluxo sanguíneo uteroplacentário. Fica formas leves da doença, as formas graves (com eclâmpsia
a mãe protegida contra acidentes vasculares e cerebrais, e síndrome HELLP*) constituem importante causa de
embora pareça não haver nenhuma melhora no morbidade materna grave e mortalidade materna e
prognóstico fetal. Em mulheres com lesão em órgãos- perinatal.
alvo, como hipertrofia ventricular esquerda ou
insuficiência renal, o objetivo é estabilizar a pressão Além da eclâmpsia e da síndrome HELLP, outras
sanguínea em níveis normais, assim reduzindo o risco de situações graves podem estar associadas à DHEG, como
comprometimento de outros órgãos-alvo. Mulheres com descolamento prematuro de placenta (DPP),
hipertensão leve, mas com lesão em órgãos-alvo coagulação intravascular disseminada (CIVD),
(portanto de alto risco), terão também terapia anti- hemorragia cerebral, edema pulmonar, insuficiência
hipertensiva pois há benefícios imediatos em baixar a hepática e insuficiência renal aguda. As complicações
pressão arterial nesse grupo de pacientes. perinatais incluem prematuridade, restrição do
crescimento fetal (RCF), sofrimento fetal e morte
perinatal.
O edema generalizado constitui sinal de alerta para
possível desenvolvimento de DHEG. Está presente
quando ocorre inchaço de mãos e face. O aumento súbito
de peso (> 1 kg/semana) deve ser considerado sinal clínico
de importância na identificação do edema generalizado.
Pré-eclâmpsia leve
Na Clínica Obstétrica do HC-FMUSP, prevalece a opinião
de que nas formas leves é possível fazer o
acompanhamento ambulatorial semanal para avaliação
clínica, proteinúria de fita e de vitalidade fetal. No entanto,
a vigilância materna e fetal deve ser cuidadosa, pois
subitamente podem surgir complicações graves. O
controle da vitalidade fetal deve ser realizado pelo menos
uma vez por semana a partir do diagnóstico de DHEG.
Estando a vitalidade fetal preservada, aguarda-se o parto
até o máximo de 40 semanas, quando se interrompe a
gestação, em princípio por indução do trabalho de parto. A
internação estará indicada em caso de necessidade de
doses crescentes de medicamentos anti-hipertensivos,
suspeita de progressão para forma grave, ou ainda para
A proteinúria é o marcador objetivo substituto que define
melhor avaliação da vitalidade fetal (restrição de
o amplo extravasamento endotelial sistêmico, o qual
crescimento fetal em gestação com menos de 37 semanas).
caracteriza a síndrome de pré-eclâmpsia.
Diante do comprometimento da vitalidade fetal, realiza-se
o parto terapêutico (indução).
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Pré-eclâmpsia grave Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica
As formas graves, a paciente deve ser internada em Independentemente de sua etiologia, todos os distúrbios
enfermaria de gestação de alto risco. A gravidez pode hipertensivos crônicos predispõem à pré-eclâmpsia
ser seguida até que se observe alguma anormalidade sobreposta. A hipertensão crônica subjacente é
que indique sua interrupção ou até que se atinja a diagnosticada em mulheres com pressão arterial > 140/90
idade gestacional de 37 semanas. mmHg antes da gravidez ou antes de 20 semanas de
gestação, ou ambas. Os distúrbios hipertensivos podem
Avalia-se o crescimento fetal por meio da criar problemas difíceis com o diagnóstico e o tratamento
ultrassonografia obstétrica a cada 15 dias. Na presença nas mulheres não observadas até depois da metade da
de alterações da Dopplervelocimetria ou em caso de gestação. Isso ocorre porque a pressão arterial
instabilidade clínica materna, a avaliação da vitalidade normalmente diminui durante o segundo trimestre e o
fetal deve ser diária. início do terceiro nas mulheres normotensas e
A interrupção da gestação está indicada diante de cronicamente hipertensas. Dessa maneira, uma mulher
controle materno ineficaz ou de alterações da vitalidade. com doença vascular crônica anteriormente não
O término da gestação pode ser imediato ou mediato: diagnosticada, observada pela primeira vez com 20
Imediato: semanas, frequentemente apresenta pressão arterial na
– Iminência de eclâmpsia. faixa da normalidade. No entanto, durante o terceiro
trimestre, quando a pressão arterial volta a seu nível
– Mau controle pressórico (já em uso de três drogas originalmente hipertenso, pode ser difícil determinar
hipotensoras em dose máxima). se a hipertensão é crônica ou induzida pela gravidez.
– Diástole reversa nas artérias umbilicais. Até mesmo uma pesquisa cuidadosa para a evidência de
lesão de órgão-alvo preexistente pode em vão, pois muitas
– Índice de pulsatilidade para veias do ducto venoso ≥
dessas mulheres têm doença leve e não têm evidência de
1,5. – Perfil biofísico fetal ≤ 6 (se igual a 6, requer
hipertrofia ventricular, alterações vasculares retinianas ou
repetição do exame em 6 horas e, se mantido, está
disfunção renal.
indicada a interrupção da gestação).
– Desacelerações tardias de repetição na Em algumas mulheres com hipertensão crônica, a pressão
cardiotocografia. arterial aumenta até níveis evidentemente anormais,
– Oligoâmnio grave (índice do líquido amniótico – ILA tipicamente depois de 24 semanas. Se a hipertensão de
– < 3,0 cm). início recente ou basal em agravamento for
Mediato (após uso de corticosteroide antenatal): acompanhada por proteinúria de início recente ou
outros achados, então a pré-eclâmpsia sobreposta é
– Índice de pulsatilidade para veias do ducto venoso >
diagnosticada. Comparada com a pré-eclâmpsia “pura”, a
1,0 e < 1,5.
pré-eclâmpsia sobreposta com frequência desenvolve-se
– Oligoâmnio (ILA entre 3,0 e 5,0 cm).]
mais precocemente na gravidez. A doença sobreposta
Alguns sintomas são considerados perigosos. Cefaleia tende a ser mais grave e, com maior frequência, é
ou distúrbios visuais, como escotomas, podem acompanhada por restrição do crescimento fetal.
preceder a eclâmpsia, que é uma convulsão não
Etiopatogênese
atribuível a outras causas. As convulsões são
generalizadas, podendo aparecer antes, durante ou Qualquer teoria satisfatória relacionada à origem da pré-
depois do trabalho de parto. Até 10% das mulheres só eclâmpsia deve considerar a observação de que os
desenvolvem convulsões depois de 48 horas após o distúrbios hipertensivos gestacionais são mais prováveis
parto. Outro sintoma, a dor epigástrica ou no de se desenvolver nas mulheres:
quadrante superior direito, frequentemente
acompanha necrose hepatocelular, isquemia e edema que •Expostas às vilosidades coriônicas pela primeira vez;
ostensivamente distende a cápsula de Glisson. Essa dor •Expostas a uma superabundância de vilosidades
característica é frequentemente acompanhada por níveis coriônicas, como com gêmeos ou mola hidatidiforme;
séricos elevados de transaminases hepáticas. Por fim, a •Com condições preexistentes associadas a inflamação ou
trombocitopenia também significa piora da pré- ativação de células endoteliais, como diabetes, obesidade,
eclâmpsia. Ela representa a ativação e agregação doença cardiovascular ou renal, distúrbios imunológicos
plaquetárias, além de hemólise microangiopática. Outros ou influências hereditárias;
fatores indicativos de pré-eclâmpsia grave são •Geneticamente predispostas ao desenvolvimento de
envolvimento renal ou cardíaco, bem como a evidente hipertensão durante a gravidez;
restrição do crescimento fetal e a doença de início Um feto não constitui um requisito para a pré-eclâmpsia.
precoce. Embora as vilosidades coriônicas sejam essenciais, elas
Quanto mais marcantes forem esses sinais e sintomas, não precisam estar localizadas dentro do útero. Por
menos provavelmente serão temporizados e mais exemplo, pode ocorrer pré-eclâmpsia em caso de gestação
provável será a indicação do parto. abdominal.
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Etiologia Fisiopatologia em algumas partes do corpo
Vários mecanismos foram propostos para explicar a
causa da pré-eclâmpsia. Atualmente, os considerados A evidência da manifestação de pré-eclâmpsia começa
importantes são: precocemente na gravidez com alterações fisiopatológicas
1.Implantação da placenta com invasão trofoblástica ocultas que ganham impulso ao longo da gestação e, mais
anormal dos vasos uterinos; adiante, ficam clinicamente aparentes. A menos que ocorra
o parto, essas alterações acabam levando ao envolvimento
de múltiplos órgãos com um espectro clínico que varia
desde achados escassos até uma deterioração expressiva.
■ Sistema cardiovascular
Os distúrbios cardiovasculares são comuns na síndrome de
pré-eclâmpsia. Eles estão relacionados com: (1) aumento
na sobrecarga cardíaca causada pela hipertensão, (2)
pré-carga cardíaca, que é reduzida pela diminuição
patológica da expansão volêmica durante a gravidez e é
aumentada pelas soluções de cristaloide intravenoso ou
oncóticas, e (3) ativação endotelial com extravasamento
interendotelial do líquido intravascular no espaço
2.Má adaptação da tolerância imunológica entre os extracelular e, importante salientar, nos pulmões.
tecidos materno, paterno (placentário) e fetal; .
3.Má adaptação materna às alterações cardiovasculares
ou inflamatórias da gravidez normal; ■ Hemólise
4.Fatores genéticos, como genes predisponentes
herdados, além de influências epigenéticas. A pré-eclâmpsia grave é frequentemente acompanhada por
hemólise, visto que se manifesta por níveis elevados de
Patogênese lactato-desidrogenase sérica e níveis diminuídos de
Vasospasmo haptoglobina. As outras evidências advêm da
A ativação endotelial sistêmica causa vasospasmo que esquizocitose, esferocitose e reticulocitose no sangue
eleva a resistência até produzir hipertensão periférico
subsequente. Nesse momento, a lesão celular
endotelial sistêmica causa extravasamento ■ Alterações de coagulação
intersticial, por meio do qual os constituintes Alterações sutis compatíveis com a coagulação
sanguíneos, como as plaquetas e o fibrinogênio, são intravascular e, com menor frequência, a destruição de
depositados em nível subendotelial. As proteínas da eritrócitos, são comumente encontradas com a pré-
junção endotelial também são alteradas, e a região eclâmpsia e, principalmente, com a eclampsia. Algumas
subendotelial das artérias de resistência sofrem dessas alterações consistem no maior consumo do fator
alterações ultraestruturais. O circuito venoso, muito VIII, maiores níveis de fibrinopeptídeos A e B, bem como
maior, também está envolvido. dos D-dímeros, e nos menores níveis de proteínas
Com o fluxo sanguíneo reduzido devido à má reguladoras, antitrombina III e proteínas C e S.
distribuição por vasospasmo e extravasamento
intersticial, a isquemia dos tecidos adjacentes pode ■ Rins
levar a necrose, hemorragia e outros distúrbios de
órgãos-alvo característicos da síndrome. Uma Durante a gravidez normal, o fluxo sanguíneo renal e a
importante correlação clínica é o volume sanguíneo taxa de filtração glomerular são apreciavelmente maiores.
acentuadamente atenuado observado em mulheres com Na pré-eclâmpsia, ocorrem várias alterações
pré-eclâmpsia grave. anatômicas e fisiopatológicas reversíveis. De
importância clínica, a perfusão renal e filtração
Lesão de célula endotelial glomerular ficam reduzidas. Os níveis muito menores
que os valores não gravídicos normais são raros, sendo
A lesão de células endoteliais sistêmicas é atualmente consequência da doença grave.
uma peça central na patogênese da pré-eclâmpsia. Nesse Grande parte da diminuição na filtração glomerular advém
esquema, fatores proteicos, provavelmente de origem da maior resistência arteriolar aferente renal, a qual
placentária, são secretados para dentro da circulação pode se mostrar elevada em até cinco vezes. As alterações
materna, provocando ativação e disfunção do endotélio morfológicas caracterizam-se por endoteliose glomerular,
vascular sistêmico. Acredita-se que a pré-eclâmpsia a qual bloqueia a barreira que permite a filtração. A
resulte dessas alterações disseminadas da célula filtração diminuída faz com que os valores da creatinina
endotelial. sérica se elevem até os observados em mulheres não
Respostas pressoras aumentadas e Proteínas grávidas, isto é, 1 mg/mL, mas, por vezes, ainda maiores.
angiogênicas e antiangiogênicas.
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Os valores anormais em geral começam a normalizar em pela sedação com benzodiazepínicos – diazepam (5 a 10
10 dias ou mais após o parto. mg por via oral a cada 12 horas). Nas formas graves, para
Na maioria das mulheres pré-eclâmpticas, a gestantes internadas, prefere-se a levomepromazina na
concentração de sódio na urina fica elevada. A dose de 3 mg (3 gotas da solução oral de levomepromazina
osmolalidade urinária aumenta, a razão creatinina a 4%) a cada 8 horas.
urinária/plasmática está elevada e a fração de excreção Hipotensores
de sódio está baixa, indicando que um mecanismo pré- O tratamento das doenças hipertensivas na gravidez é
renal está envolvido. objeto de controvérsias. Nas formas graves, é bem
definido que o tratamento reduz a mortalidade e a
morbidade maternas graves, diminuindo o risco de
eclâmpsia e acidentes vasculares cerebrais. Na hipertensão
leve e moderada, em contrapartida, as revisões e os estudos
questionam o benefício do tratamento, com a alegação de
que não haveria diferença nos desfechos, com
possibilidade de maior ocorrência de restrição de
crescimento fetal (RCF).
O tratamento com drogas hipotensoras deve ser iniciado
quando as medidas citadas forem insuficientes para
diminuir os níveis pressóricos e a pressão arterial
diastólica se mantiver maior ou igual a 100 mmHg. O mais
adequado, tanto para a gestante como para o feto, é reduzir
Conduta clínica na pré-eclâmpsia os níveis pressóricos em 20 a 30% das medidas diastólicas
O tratamento adequado da pré-eclâmpsia visa a diminuir iniciais. É importante destacar que, ao se iniciar o
a incidência de complicações maternas, como acidentes tratamento com esse tipo de drogas, os retornos
vasculares cerebrais, e a morbidade e a mortalidade por ambulatoriais devem ser mais próximos (semanais ou até
eclâmpsia. Embora o tratamento definitivo seja o parto, a cada 3 a 4 dias, se necessário), para a melhor avaliação
o controle da doença pelo tratamento conservador da resposta materna e fetal. Diante de pré-eclâmpsia grave,
permite reduzir as taxas de prematuridade e o tempo de hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia sobreposta
permanência do recém-nascido no berçário. e pré-eclâmpsia associada à RCF, o controle materno e
Repouso fetal deverá ser realizado com a paciente internada.
Recomenda-se repouso para as pacientes portadoras de
DHEG. O repouso em decúbito lateral esquerdo
promove o aumento do fluxo plasmático renal,
intensifica a natriurese e, consequentemente, diminui
os níveis de pressão arterial. Somado a isso, melhora
ainda o fluxo uteroplacentário. Recomendam-se o
afastamento das atividades profissionais, a redução dos
afazeres domésticos e o repouso em decúbito lateral
esquerdo por pelo menos 1 hora no período da manhã e
da tarde (ou 2 horas depois do almoço).
Dieta hipossódica
A recomendação da Clínica Obstétrica do HC-FMUSP é
a dieta hipossódica contendo 2 a 3 g de sal/dia. A
redução da oferta de sal acarreta queda dos níveis séricos
de sódio, com diminuição da reatividade vascular e
queda da pressão arterial. Considerando-se que a dieta
habitual contém de 10 a 12 g de sal/dia, recomenda-se
reduzir o sal adicionado aos alimentos, evitando o uso de
saleiro à mesa e o consumo de alimentos industrializados
(conservas, frios, embutidos, temperos e molhos
prontos). Eclâmpsia:
A eclâmpsia caracteriza-se pelo aparecimento de
Terapêutica farmacológica convulsões tonicoclônicas generalizadas, excluindo-se
Sedação aquelas de outras causas ou alterações do sistema nervoso
As gestantes portadoras de DHEG apresentam resposta central (SNC), em gestantes com sinais e sintomas de pré-
vascular lábil perante as alterações emocionais. Assim, eclâmpsia. Pode-se manifestar durante a gestação, o
para diminuir as oscilações pressóricas, recomenda-se a parto ou o puerpério. Quase sem exceção, a pré-
sedação. Nas formas leves, em gestantes acompanhadas eclâmpsia precede o início das convulsões, porém isso às
em regime ambulatorial, pode-se, eventualmente, optar vezes passa
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despercebido. A eclâmpsia é mais comum no último se estabelecer um estado combativo semiconsciente. Nos
trimestre e torna-se cada vez mais frequente à medida casos graves, o coma persiste de uma convulsão para outra,
que o termo se aproxima. podendo resultar em morte. Em casos raros, uma única
convulsão pode ser seguida por coma, do qual a mulher
Achados clínicos na eclampsia pode nunca retornar. No entanto, como regra, a morte não
A convulsão típica da eclâmpsia evolui clinicamente ocorre até depois de convulsões frequentes. Por fim, as
em quatro fases: convulsões podem raramente continuar sem diminuir –
Fase de invasão: pode ser silenciosa ou precedida de estado de mal epiléptico –, requerendo sedação profunda e
grito ou aura. Surgem fibrilações, principalmente em até mesmo anestesia geral para prevenir encefalopatia
torno da boca, com o aparecimento de contrações em anóxica.
outras regiões faciais. A língua pode ser exteriorizada
e, com o fechamento da boca, pode ser atingida e lesada. A frequência respiratória depois de uma convulsão
Os membros superiores ficam em pronação, com o eclâmptica costuma aumentar, podendo atingir 50 ou
polegar sobre a mão fechada. Esta fase dura cerca de 30 mais por minuto em resposta a hipercarbia, acidose láctica
segundos. e hipoxia transitória. A cianose pode ser observada nos
Fase de contrações tônicas: tetanização de todo o corpo casos graves.
com opistótono cefálico. Os masseteres se contraem com
força, fechando a boca. O rosto se mostra cianótico e A febre alta é um sinal de gravidade, porque
pletórico, com os olhos voltados para cima e as pupilas provavelmente resulta da hemorragia cerebrovascular.
dilatadas. A proteinúria está geralmente presente. O débito urinário
Fase de contrações clônicas: inspiração profunda pode diminuir de maneira apreciável, e por vezes
seguida de expiração estertorosa e saída de muco desenvolve-se anúria. Pode haver hemoglobinúria, mas a
sanguinolento pela lesão da língua. Pode haver hemoglobinemia é rara. Em geral, o edema facial e
incontinência de fezes e urina. periférico é pronunciado, mas pode estar ausente.
Fase de coma: surge diante de convulsões repetidas ou
prolongadas em que há perda de consciência e ausência A hemoconcentração é um marco da eclâmpsia. As
de reflexos com duração de alguns minutos até horas ou mulheres de tamanho médio têm um volume sanguíneo de
dias. Há situações em que as convulsões se tornam 3.000 mL, e, durante as últimas semanas de uma gravidez
frequentes e não ocorrem intervalos entre elas, o que normal, ele alcança uma média de 4.500 mL. No entanto,
caracteriza o estado de mal convulsivo. com a eclâmpsia, perde-se grande parte ou a totalidade do
excesso normal previsto de 1.500 mL. Essa
As convulsões eclâmpticas podem ser violentas, e a hemoconcentração resulta de vasospasmo generalizado
mulher deve ser protegida, principalmente a sua via que sucede à ativação endotelial e ao extravasamento do
aérea. Os movimentos musculares são tão vigorosos que plasma para dentro do espaço intersticial. Nas mulheres
a mulher pode ser arremessada para fora do leito, e, com pré-eclâmpsia, e dependendo de sua gravidade, a
quando não protegida, sua língua é mordida pela violenta hemoconcentração geralmente não é tão acentuada.
ação da mandíbula.
A contagem de plaquetas é rotineiramente feita nas
As complicações maternas mais frequentemente mulheres com qualquer forma de hipertensão gestacional.
associadas à eclâmpsia são hemoragia cerebral, edema As concentrações diminuídas de plaquetas na eclâmpsia
agudo dos pulmões, insuficiência respiratória ou foram descritas há mais de 100 anos. A frequência e a
renal e coagulopatia. Por outro lado, o manejo intensidade da trombocitopenia variam e são dependentes
inadequado da eclâmpsia também pode ser responsável da gravidade e da duração da síndrome de pré-eclâmpsia.
pelas mortes maternas, mas a maioria dessas mortes A trombocitopenia franca, definida por uma contagem de
poderia ser evitada com o diagnóstico correto e oportuno plaquetas < 100.000/μL, indica doença grave. Em geral,
e o manejo adequado, sendo a mortalidade perinatal uma quanto menor for a contagem de plaquetas, maiores serão
função dependente das complicações da prematuridade as taxas de morbidade e mortalidade maternas e fetais. Na
em função da idade gestacional ao nascimento. Embora maioria dos casos, o parto é aconselhável porque a
a morbidade e a mortalidade perinatais na eclâmpsia trombocitopenia comumente continua a se agravar. Depois
sejam decorrentes em grande parte da idade gestacional do parto, a contagem de plaquetas pode continuar a
precoce e das condições maternas, as causas diretas mais diminuir até o primeiro dia. Em seguida, costuma
frequentes são a hipoxia secundária às convulsões aumentar de forma progressiva até alcançar um nível
maternas e o descolamento prematuro de placenta. normal em 3 a 5 dias.
Fisiopatologia
A eclampsia consiste em uma manifestação do
comprometimento do SNC da pré-eclâmpsia e, portanto,
o motivo do aparecimento das convulsões é
desconhecido. Foi sugerida a participação do edema
cerebral, da isquemia, da encefalopatia hipertensiva, do Monitorização fetal
infarto cerebral e da hemorragia cerebral. Estudos Com a estabilização materna, deve-se dar início à
recentes têm avaliado o papel de fatores circulantes avaliação da idade gestacional, do peso e da vitalidade
(fatores de crescimento, citocinas, fatores pró- fetal. Bradicardias fetais transitórias com duração de 3 a 5
inflamatórios e antiangiogênicos) no endotélio dos vasos minutos são comuns após as convulsões e não indicam que
cerebrais, a interrupção da gestação deva ser imediata. Depois do
demonstrando aumento da permeabilidade capilar; a episódio convulsivo, é comum o aparecimento de
atividade de aquaporinas também seria reduzida em taquicardia fetal compensatória com desacelerações
pacientes com pré-eclâmpsia, dificultando a drenagem transitórias que desaparecem em 20 a 30 minutos.
de líquido acumulado no cérebro. Contudo, nenhuma Apesar de a interrupção da gestação constituir o
dessas condições tem explicado de maneira satisfatória a tratamento definitivo da eclâmpsia, é importante que as
fisiopatologia da eclâmpsia. avaliações maternas e fetais sejam adequadas e que todas
as medidas de correção sejam realizadas antes do
Manejo da eclâmpsia nascimento. A estabilização clínica antes do parto melhora
as condições perinatais e reduz os riscos maternos.
O sulfato de magnésio é altamente efetivo na
prevenção de convulsões em mulheres com pré- Síndrome HELLP
eclâmpsia e na sua interrupção naquelas com eclâmpsia. A síndrome HELLP é uma entidade clínica que pode
O sulfato de magnésio administrado por via parenteral é ocorrer na pré-eclâmpsia ou na eclâmpsia e se caracteriza
um anticonvulsivante efetivo que evita a depressão do por um conjunto de sinais e sintomas associados a
sistema nervoso central. Ele pode ser administrado por hemólise microangiopática, elevação das enzimas
via intravenosa por infusão contínua ou via hepáticas e plaquetopenia.
intramuscular por injeção intermitente. As dosagens para
a pré-eclâmpsia grave são idênticas às da eclâmpsia. Hemólise
Como o trabalho de parto e o parto constituem um O aumento da destruição de eritrócitos é responsável
momento mais provável para que se desenvolvam as pela hiperbilirrubinemia não conjugada, daí o
convulsões, as mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia aparecimento de icterícia.
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No entanto, a icterícia só é observada quando o nível de diagnósticos laboratoriais se encontram presentes e parcial
bilirrubina ultrapassa 3 mg/dL. Valores elevados de quando se verifica apenas parte deles
bilirrubina sugerem disfunção hepática, com aumento da
bilirrubina conjugada.
Entre os achados da anemia hemolítica
microangiopática, observam-se alterações eritrocitárias
que ocorrem em diversas situações clínicas (hipertensão
arterial maligna, púrpura trombocitopênica, necrose
cortical renal, LES, entre outras) em que há diminuição
do nível de hemoglobina e presença de lesões vasculares.
Entre as alterações eritrocitárias, destaca-se a presença
de esquizócitos e equinócitos.
O esquizócito, também denominado de célula capacete
ou fragmentada, caracteriza-se por apresentar forma
discoide alterada, com duas ou três espículas nas Tratamento
extremidades. Acredita-se que essa fragmentação O tratamento inicial é o mesmo utilizado para as formas
eritrocitária seja secundária à passagem do sangue por graves de hipertensão arterial, ou seja, estabilização das
pequenos vasos sanguíneos que possuem lesão da condições clínicas maternas, profilaxia da convulsão
camada íntima e/ou deposição de fibrina. O equinócito é (quando indicada), terapia anti-hipertensiva e avaliação da
outra alteração da morfologia do eritrócito, caracterizada vitalidade fetal.
por apresentar várias espículas em sua superfície.
Elevação de enzimas hepáticas
Em decorrência da necrose das células hepáticas, ocorre
a elevação das enzimas TGO e TGP. Além disso, no
comprometimento hepático, pode haver elevação da
DHL, desidrogenase láctica, embora em níveis inferiores
aos da TGO e da TGP.
Plaquetopenia
A redução do número de plaquetas (< 100.000/mm3) na
síndrome HELLP é consequência do aumento da sua
destruição. Acredita-se que as plaquetas circulantes
aderem ao colágeno vascular exposto pela lesão
endotelial. Além disso, o consumo de plaquetas
exacerba-se diante da coagulação intravascular
disseminada, situação em que se observam também
baixos níveis plasmáticos de fibrinogênio (< 300 mg/dL)
e de antitrombina III (< 80%) e aumento do tempo de
protrombina (< 70%), além de elevação dos produtos de Referências
• MONTENEGRO, C.A.B.; REZENDE-FILHO, J. Rezende
degradação da fibrina (> 40 mg/ mL). Pelo menos três
obstetrícia. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
desses valores alterados indicam a presença de
coagulação intravascular disseminada, e dois valores 2017.
alterados, a sua suspeita. • ZUGAIB, M.; FRANCISCO, R.P.V. Zugaib obstetrícia. 3.
Quadro clínico e diagnóstico ed. Barueri: Manole, 2020
A síndrome HELLP é um diagnóstico • Obstetrícia de Williams. 25.ed. AMGH São Paulo:
predominantemente laboratorial. As manifestações ARTMED, 2014.
clínicas são geralmente múltiplas e imprecisas e • MACHADO, Lucas Vianna. Endocrinologia
superpõem-se às da pré-eclâmpsia, sendo comuns as ginecológica. 3. ed. Rio de Janeiro: Med book, 2015.
queixas de cefaleia, dor epigástrica e/ou no • MOORE,K.L.; PERSAUD, T. V. N.EmbriologiaBásica. 9.
hipocôndrio direito, perda de apetite, náuseas e ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
vômitos, escotomas e níveis pressóricos elevados. Nos • https://bvsms.saude.gov.br/infertilidade-feminina/
casos mais graves, como na iminência de eclâmpsia e na • https://bvsms.saude.gov.br/infertilidade-masculina/
eclâmpsia, as pacientes apresentam-se com alteração do • https://www.scielo.br/j/rgenf/a/sv9h8bdt75zgqKhgXwfS
estado de consciência. O diagnóstico deve ser o mais BmB/?lang=pt&format=pdf
precoce possível, e quanto maior o número de sintomas
e sinais sugestivos de síndrome HELLP, maior a chance
do diagnóstico e a necessidade do tratamento. A
confirmação diagnóstica é laboratorial. A síndrome
HELLP é dita completa quando todos os critérios
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Rafaela Amaral Hipotireoidismo na gestação Medicina-FPME-3°P
A tireoide e sua ação uma reação de acoplamento. Uma MIT e uma DIT
A glândula tireoide é uma glândula em formato de combinam-se para formar o hormônio da tireoide tri-
borboleta que repousa sobre a traqueia, na base da iodotironina, ou T3 (observe a mudança de tirosina para
garganta, logo abaixo da laringe. Possui dois diferentes tironina no nome). Duas DIT unem-se para formar a
tipos celulares: células C, que secretam um hormônio tetraiodotironina (T4, também conhecida como tiroxina).
regulador de cálcio, chamado de calcitonina, e as células Neste ponto, os hormônios ainda estão ligados à
foliculares, que secretam os hormônios da tireoide. tireoglobulina. Quando a síntese hormonal está completa,
o complexo tireoglobulina-T3/T4 é recapturado pelas
células foliculares em vesículas. As enzimas intracelulares
liberam os hormônios T3 e T4 da proteína tireoglobulina.
Evidências atuais indicam que os hormônios da tireoide se
movem através das membranas por proteínas
carreadoras.
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Rafaela Amaral Hipotireoidismo na gestação
Problemas com a secreção dos hormônios da tireoide
Medicina-FPME-3°P
TSH aumenta a glândula tireoide (bócio). Apesar da
podem surgir na própria glândula tireoide ou ao longo da hipertrofia, a glândula não pode obter iodo para produzir
via de controle. A ação trófica do TSH sob a glândula hormônios, e, assim, o paciente permanece com
tireoide causa o crescimento, ou hipertrofia, das hipotireoidismo.
células foliculares. Em situações patológicas com
níveis elevados de TSH, a glândula tireoide aumenta Fisiologia da tireoide e gravidez
de tamanho, uma condição conhecida como bócio. O Relação do hipotireoidismo e a gravidez (identificar
bócio é o resultado do excesso de estimulação da tratamentos/sintomas, complicações e referências)
glândula tireoide pelo TSH, mas saber apenas que uma As mudanças na tireoide materna são substanciais, e a
pessoa tem um bócio não nos diz qual é a doença, função e a estrutura da glândula normalmente alteradas
hipotireoidismo ou hipertireoidismo. algumas vezes são confundidas com anormalidades da
O TSH reduz quando há um aumento significativo na tireoide. Destaca-se que os receptores de TSH são
produção dos hormônios da tireoide (T3 e T4), inibindo estimulados de maneira cruzada, embora fraca, por
a produção de TSH pela hipófise. O TSH alto indica que grandes quantidades de gonadotrofina coriônica
a tireoide não está produzindo seus hormônios (T3 e T4) humana (hCG) secretada pelo trofoblasto placentário.
de forma suficiente Como o TSH não atravessa a placenta, ele não apresenta
Hipertireoidismo efeitos fetais diretos. Durante as primeiras 12 semanas de
Uma pessoa cuja glândula tireoide secreta hormônios gestação, quando os níveis de hCG materna no soro são
em excesso sofre de hipertireoidismo. Os hormônios da máximos, a secreção do hormônio da tireoide é
tireoide em excesso causam alterações no metabolismo, estimulada. Os níveis mais altos resultantes de tiroxina
no sistema nervoso e no coração. livre (T4) no soro atuam para suprimir o hormônio
1. O hipertireoidismo aumenta o consumo de oxigênio liberador da tireotrofina (TRH) hipofisário e, por sua vez,
e a produção metabólica de calor. Devido ao calor limitam a secreção de TSH hipofisário (Fig. 58-1).
interno gerado, os pacientes têm pele quente e suada e Consequentemente, o TRH é indetectável no soro materno.
podem queixar-se de intolerância ao calor. Por outro lado, no soro fetal, a partir da metade da
2. O excesso de hormônios da tireoide aumenta o gestação, o TRH se torna detectável, mas os níveis são
catabolismo das proteínas e pode causar fraqueza estáticos e não aumentam.
muscular. Os pacientes muitas vezes relatam perda de
peso.
Hipotireoidismo
A hipossecreção de hormônios da tireoide afeta os
mesmos sistemas alterados no hipertireoidismo.
1. A diminuição da secreção dos hormônios da tireoide
diminui a taxa metabólica e o consumo de oxigênio. Os
pacientes tornam-se intolerantes ao frio, visto que eles
produzem menos calor interno.
2. O hipotireoidismo diminui a síntese proteica. Em
adultos, isso produz unhas quebradiças, queda de cabelos
e pele fina e seca. O hipotireoidismo também causa o
acúmulo de mucopolissacarídeos sob a pele. Essas
moléculas atraem água e causam a aparência inchada
do mixedema. Crianças com hipotireoidismo
apresentam crescimento atrasado dos ossos e dos tecidos Durante toda a gravidez, a tiroxina materna é transferida
e são mais baixas do que o normal para a sua idade. para o feto. A tiroxina materna é importante para o
3. Alterações do sistema nervoso em adultos incluem desenvolvimento normal do cérebro fetal, em especial
reflexos lentos, lentidão da fala e dos processos do antes do início da função da glândula tireoide fetal.
pensamento e sensação de fadiga. A deficiência da Ainda que a glândula fetal comece a concentrar iodo e
secreção de hormônios da tireoide na infância causa sintetizar o hormônio da tireoide após 12 semanas, a
cretinismo, uma condição marcada por capacidade contribuição de tiroxina materna permanece importante.
mental diminuída.
4. A alteração cardiovascular primária no A maioria dos distúrbios da tireoide estão intrinsecamente
hipotireoidismo é a bradicardia. ligados a autoanticorpos contra quase 200 componentes
O hipotireoidismo primário é frequentemente tireócitos. Esses anticorpos variavelmente estimulam a
causado por uma deficiência de iodo na dieta. Sem função da tireoide, bloqueiam a função ou causam
iodo, a glândula tireoide não é capaz de formar os inflamação na tireoide que pode levar à destruição das
hormônios da tireoide. Baixos níveis de T3 e T4 no células foliculares. Com frequência, esses efeitos
sangue não são capazes de exercer retroalimentação sobrepõem-se ou mesmo coexistem.
negativa no hipotálamo e na adeno-hipófise. Na Os autoanticorpos estimulantes da tireoide, também
ausência de retroalimentação negativa, a secreção do chamados imunoglobulinas estimulantes da tireoide
TSH aumenta significativamente, e o estímulo do (TSIs), ligam-se ao receptor de TSH e o ativam, causando
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Rafaela Amaral Hipotireoidismo na gestação
hiperfunção e crescimento da tireoide. Embora esses
Medicina-FPME-3°P
O hipotireoidismo clínico ou sintomático é caracterizado
anticorpos sejam identificados na maioria dos pacientes por achados clínicos não específicos insidiosos que
com doença de Graves clássica, a produção simultânea incluem fadiga, constipação, intolerância ao frio,
de anticorpos bloqueadores de tireoestimulantes pode cãibras musculares e ganho de peso. Uma glândula
neutralizar esse efeito. A tireoperoxidase (TPO) é uma tireoide patologicamente aumentada depende da etiologia
enzima da glândula tireoide que normalmente funciona do hipotireoidismo, sendo mais provável em mulheres em
na produção de hormônios da tireoide. Os anticorpos áreas de deficiência endêmica de iodo ou naquelas com
antitireoperoxidase, são direcionados contra a TPO. tireoidite de Hashimoto. Outros achados incluem edema,
Esses anticorpos foram associados em alguns estudos pele seca, queda de cabelo e fase de relaxamento
a perda gestacional precoce e parto pré-termo. Essas prolongada dos reflexos do tendão profundo.
mulheres também correm alto risco de disfunção O hipotireoidismo clínico é diagnosticado quando um
tireoidiana pós-parto e um risco para a vida toda de nível de TSH sérico anormalmente alto é acompanhado
insuficiência tireoidiana permanente. por um nível de tiroxina anormalmente baixo. O
hipotireoidismo subclínico é definido por um nível de
TSH sérico elevado e uma concentração de tiroxina
sérico normal. Às vezes, estão incluídos no espectro da
doença tireoidiana subclínica indivíduos assintomáticos
com altos níveis de anticorpos anti-TPO ou
antitireoglobulina.
A causa mais comum de hipotireoidismo na gravidez é
a tireoidite de Hashimoto, caracterizada pela
destruição glandular por autoanticorpos, em
particular anticorpos anti-TPO.
Outra causa é a doença de Graves pós-ablação. A
deficiência de iodo no Brasil é causa pouco comum de
hipotireoidismo devido à política de iodação do sal. O
hipotireoidismo é pouco comum na gravidez,
principalmente porque, quando não tratado, é causa de
infertilidade. A identificação clínica do hipotireoidismo é
especialmente difícil durante a gravidez porque muitos dos
sinais ou sintomas também são comuns da própria
gravidez.
Diagnóstico
O diagnóstico de hipotireoidismo clínico é feito por meio da dosagem do TSH e do T4 total ou livre. Nas pacientes com disf
glandular primária, espera-se TSH acima dos valores de referência para o trimestre e T4 total ou livre diminuídos. Ta
pode-se considerar hipotireoidismo clínico o achado de TSH maior que 10 mUI/L, a despeito dos níveis de T4 total ou livre. A pre
de anti-TPO e antitireoglobulina (anti-TG) relaciona-se com a doença de Hashimoto.
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Rafaela Amaral
Complicações materno-fetais
Hipotireoidismo na gestação Medicina-FPME-3°P
Estudos demonstram taxas aumentadas de complicações
materno-fetais nas gestantes com hipotireoidismo não
tratado. Observa-se que, na presença desta doença,
elevam-se as taxas de intercorrências como
abortamento, óbito fetal, prematuridade, pré-
eclâmpsia, RCF, anemia e anomalias congênitas.
As taxas de abortamento são maiores em mulheres que
apresentam hipotireoidismo pré-gestacional. A presença
de anti-TPO aumenta em duas vezes o risco de perdas
fetais precoces (17 versus 8,4%), e estima-se que 6% dos
abortamentos são associados à autoimunidade O intuito é manter o TSH dentro do intervalo de referência
tireoidiana com perdas fetais (3,8 versus 0,9%). Quando para a idade gestacional.
o TSH é superior a 10 mU/L, essa taxa pode chegar a Para mulheres que já usavam a levotiroxina antes da
8,1%. O não tratamento, mesmo em formas leves de gestação, prevendo-se a necessidade de aumento da
disfunção tireoidiana, está associado a déficit no medicação, provavelmente relacionada ao aumento
desenvolvimento intelectual de crianças em idade fisiológico dos níveis de estrógeno, orienta-se que a dose
pré-escolar e escolar. Os anticorpos anti-TG e anti-TPO de levotiroxina seja aumentada em cerca de 30% assim que
não atravessam a barreira placentária e, portanto, não se detecte a gravidez.
causam disfunções na tireoide fetal; contudo, os
anticorpos bloqueadores do receptor de TSH podem Para o hipotireoidismo subclínico, sugere-se que se inicie
atravessar essa barreira e causar hipotireoidismo a levotiroxina na dose de 1,2 µg/kg/dia, em dose única a
neonatal em 1:180.000 neonatos. ser tomada em jejum. O controle deve ser feito por meio
da dosagem de TSH a cada 4 semanas, também tendo
Hipotireoidismo subclínico como meta manter a concentração de TSH dentro dos
O hipotireoidismo subclínico é definido como elevações valores de normalidade para a idade gestacional. Os
dos níveis circulantes de TSH (porém abaixo de 10 ajustes de dose devem ser feitos de acordo com a dosagem
mUI/L), sem alterações dos valores absolutos dos do TSH, da mesma forma que para o hipotireoidismo
hormônios tireoidianos (T4 total, T4 livre e T3), em clínico.
pacientes assintomáticas. Há divergência na literatura A dosagem de TSH e T4 livre deve ser realizada a
quanto à associação do hipotireoidismo subclínico com intervalos de 4 semanas até se atingir controle adequado, a
maiores taxas de parto prematuro, descolamento partir de quando pode ser espaçada para cada 6 semanas.
prematuro de placenta, pré-eclâmpsia, diabetes
mellitus gestacional e admissão em UTI neonatal. Existe um potencial de piora do hipotireoidismo nos
Alterações no desenvolvimento neuropsicológico têm últimos trimestres da gravidez. Compostos à base de
sido observadas em filhos de mulheres com ferro e cálcio parecem interferir na absorção intestinal da
hipotireoidismo subclínico. Apesar desses achados, droga e, portanto, na biodisponibilidade da levotiroxina
ainda não existem dados que comprovem que o sódica no plasma materno. Recomenda-se a ingestão
tratamento do hipotireoidismo subclínico durante a desses compostos com intervalo mínimo de 4 horas após a
gestação melhore a evolução dessas crianças. Embora ingestão da medicação.
não haja comprovação do benefício do tratamento do
hipotireoidismo subclínico durante a gestação, o Após o pós-parto, recomenda-se retornar as doses de
potencial benefício supera os riscos do uso da levotiroxina usadas previamente à gestação naquelas
levotiroxina sódica. Dessa forma, é preconizado que o mulheres que já faziam uso do medicamento e estavam
tratamento sempre seja instituído mediante o diagnóstico bem controladas antes da gravidez. Naquelas em que o
do hipotireoidismo subclínico, principalmente em hipotireoidismo clínico ou overt hipotireoidismo foi
mulheres com anticorpo anti-TPO positivo. identificado na gravidez, orienta-se reduzir em 50% a dose
Tratamento de levotiroxina utilizada antes do parto. Para aquelas com
O tratamento do hipotireoidismo, tanto clínico quanto hipotireoidismo subclínico, duas situações são previstas:
subclínico, é realizado por meio de reposição hormonal se a dosagem de TSH ao diagnóstico tiver sido ≥ 5 mUI/L
com levotiroxina sódica administrada uma vez ao dia, ou se tiver sido detectada a presença de anticorpos anti-
preferencialmente em jejum (80% de absorção TPO ou anti-TG, reduz-se a dose de levotiroxina à metade
intestinal). Se for ingerido com alimentos, ou mesmo daquela usada ao final da gravidez; naquelas com
com outros medicamentos, a absorção desse anticorpos ausentes e TSH < 5 mUI/L ao diagnóstico,
medicamento é reduzida para 59%. pode-se suspender a medicação após o parto. Em todas as
Para o hipotireoidismo clínico, recomenda-se iniciar o situações descritas, deve-se reavaliar a dosagem de
tratamento com 2 µg/kg/dia, em dose única diária, em TSH 6 semanas após o parto para ajustes pertinentes
jejum, para as pacientes sem tratamento prévio, e da medicação. Não há restrições para a amamentação
aumentar a dosagem de acordo com a medida de TSH, em mulheres usando de levotiroxina.
dosado a cada 4 semanas.
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Rafaela Amaral
A gravidez está associada a um aumento nas
Hipotireoidismo na gestação Medicina-FPME-3°P
necessidades de tiroxina em aproximadamente um terço
das mulheres suplementadas. Acredita-se que o
aumento da demanda na gravidez esteja relacionado
à produção aumentada de estrogênio.
Referências
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