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Avaliação Físicofuncional

Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:


Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Elaine Ferrão Fernandes

Revisão Técnica:
Prof.ª M.ª Marcia Regina Pinez Mendes

Revisão Textual:
Esp. Aline Gonçalves
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a
Postura Humana: Definição, Desenvolvimento
e Alterações mais Comuns

• Testes Ortopédicos Especiais;


• A Postura Humana;
• Avaliação da Marcha.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer as finalidades da avaliação postural e dos testes especiais;
• Correlacionar as alterações articulares e posturais aos métodos e às técnicas de avaliação;
• Apresentar a marcha humana, sua descrição, avaliação e anormalidade;
• Conhecer as fases da marcha normal e os parâmetros de normalidade.
UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Testes Ortopédicos Especiais


Finalidade dos Testes Ortopédicos Especiais
Agora daremos continuidade à construção do conhecimento para a realização de
uma avaliação musculoesquelética.

Na disciplina Avaliação Físico-Funcional I, você aprendeu dados importantes:


como iniciar e conduzir uma avaliação com ênfase na inspeção, palpação, força mus-
cular, mobilidade e testes especiais dos membros superiores. Aprendeu, também, a
avaliar coordenação, equilíbrio e dor.

Você já sabe quantificar a dor, localizar as estruturas possivelmente alteradas com


a palpação e inspeção, sabe também verificar se uma pessoa tem força nos diferentes
grupos musculares para poder realizar atividades funcionais do membros superiores.

Agora aprenderá sobre testes denominados especiais, que possuem o objetivo de


confirmar um diagnóstico. Eles lhe ajudarão a perceber e classificar a instabilidade
articular, a integridade das articulações, possíveis compressões nervosas e a presença
de síndromes e disfunções, ou seja, aprenderá testes elaborados para determinar a
presença de algum mecanismo patológico que desencadeia uma patologia, como:
tendinite, bursite, ruptura de ligamento e/ou tendão, e ainda aprenderá a verificar a
integridade vascular e nervosa da região avaliada.

Algumas situações contraindicam ou necessitam de um cuidado maior na realização


de testes especiais, tais como (COOK, 2015):
• Dor intensa;
• Quadros articulares agudos;
• Grande instabilidade;
• Osteoporose;
• Doenças patológicas dos ossos (osteossíntese imperfeita);
• Sinais e sintomas incomuns;
• Sinais neurológicos significativos;
• Apreensão do paciente;
• Incapacidade de compreensão do paciente às instruções.

Aprenderá a obter novas informações importantes para essa complexa função


que é avaliar. A soma de todos os dados de uma avaliação é essencial para você
estabelecer os objetivos e as condutas de tratamento.

Quer dizer que você está ficando cada vez mais perto de ser um fisioterapeuta.

Então, vamos lá?

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Confiabilidade dos Testes Especiais
A necessidade de se obter uma avaliação precisa é essencial. Como acabamos de
ver, é o que direciona o tratamento, além do mais, seus dados ficarão no prontuário
do seu paciente, que é um documento de valor legal.

Buscamos sempre pela objetividade dos procedimentos de avaliação, existem


trabalhos científicos e testes que verificam a sua confiabilidade. Mantenha-se
informado, acompanhando as pesquisas realizadas continuamente.

A confiabilidade expressa o quanto um teste gera informação acertada sobre


determinada patologia. Nos testes de exame físico, a confiabilidade está relacionada
à concordância (COOK, 2015).

O importante, agora, é ficar atento ao quanto cada teste é confiável, depois você
pode se tornar o pesquisador que irá verificar a confiabilidade de diferentes testes.

Não podemos gerar distorções por percepções e opiniões pessoais, treine em um


grande número de pessoas, aproveite suas aulas práticas (pratique de verdade com
os seu colegas de sala) e treine também na avaliação dos seus pacientes no estágio
com o seu supervisor.

Leia o capítulo 1 do livro: COOK, C. E.; HEGEDUS, E. J. Testes ortopédicos em Fisioterapia.


2. ed. São Paulo: Manole, 2015.

Testes de Instabilidade
São utilizados na avaliação dos tecidos conjuntivos periarticulares, mais especifi-
camente, os ligamentos e as cápsulas articulares. A realização do teste consiste em
reproduzir um movimento na articulação avaliada que cause tensão nos ligamentos e
cápsulas, e essa é a razão de termos cuidado na aplicação dos testes e não os realizar
nos casos descritos anteriormente (CIPRIANO, 2015).

Lembrando que ligamentos e cápsulas são estruturas importantes para a estabili-


dade das articulações. Vamos acompanhar o caso a seguir.

Imagine um jogador de futebol, o Lucas, aquele que faz dribles maravilhosos,


corre, para, vira e ainda, de vez em quando, colide com outros jogadores. Nesses
momentos, seus joelhos sofrem forças que sobrecarregam os ligamentos.

O ligamento cruzado anterior é um dos mais sobrecarregados e pode acabar so-


frendo uma lesão.

Voltando ao nosso jogador, no meio da temporada, após uma grande colisão com
um dos adversários, sente forte dor no joelho e nos dias seguintes começa a sentir o
joelho como se estivesse saindo do lugar, voltando e travando.

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Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Lucas relata à equipe de saúde o que está acontecendo. Pela história, de imediato
desconfia-se de lesão no ligamento cruzado anterior.

Porém, para se ter certeza, é necessário realizar a avaliação física e os exames


complementares para estabelecer o diagnóstico.

Na avaliação física, após ter realizado inspeção, palpação, goniometria e teste de


força muscular, faz-se necessário realizar os testes ortopédicos especiais.

Nesse caso, um dos testes mais indicados seria o de instabilidade articular.

Para o ligamento cruzado anterior, existem três testes: Gaveta anterior, Lachman
e pivot shift. Após pesquisas, sabe-se que o teste Lachman é o de maior confiabili-
dade. Vamos ver como ele é realizado.

Teste de Lachman
• Posição do Paciente: Deitado em decúbito dorsal, com o joelho levemente em
rotação lateral e com 30 graus de flexão de joelho;
• Fisioterapeuta: Estabiliza a coxa distalmente com uma das mãos e a outra mão
posicionada na região anterior e superior da tíbia, anterioriza a tíbia;
• Resultado: Quando o ligamento cruzado anterior estiver normal, você tem a
sensação do final da amplitude (teste em joelhos normais antes para sentir como
é); no joelho com lesão, a amplitude de deslocamento anterior do joelho é maior
e representa um teste positivo (CIPRIANO, 2015).

Observação: não realizar esses especiais no joelho em lesões agudas associadas à


hemartrose e derrame articular.

Como quantificar o grau de lesão com os testes de instabilidade?

A instabilidade articular relacionada à frouxidão ligamentar é classificada em


uma escala de 0 a 3 (COOK, 2015):
• Grau 0: indica ausência de diferença na amplitude articular entre o lado afetado
e o lado normal; avalia-se a articulação normal e a articulação lesada para se ter
parâmetro comparativo;
• Grau 1: apresenta aumento de amplitude articular menor que 0,5 cm no lado
da articulação lesada;
• Grau 2: apresenta aumento na amplitude articular de 0,5 a 1,0 cm na articu-
lação lesada;
• Grau 3: apresenta aumento na amplitude articular superior a 1 cm no lado da
articulação lesada.

Existem muitos testes de instabilidade articular e estes serão estudados na disci-


plina Laboratório de Avaliação Físico-Funcional II. Aqui, discutiremos os diferentes
tipos de testes e as suas interpretações.

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Teste de Tração
São testes utilizados também para avaliar a integridade articular e uma possível
compressão nervosa. A tração ou decoaptação é realizada passivamente (pelo fisio-
terapeuta) e resulta em aumento do espaço intra-articular e separação das superfícies
articulares (COOK, 2015).

Análise de um teste de tração:


• Teste positivo:
» É considerado positivo para alterações articulares quando a dor diminui; ao
diminuir as forças compressivas, a dor diminui por diminuir a sobrecarga
na articulação;
» É considerado positivo para compressão nervosa se a dor diminui; ao aumen-
tar o espaço intra-articular, diminui a compressão nervosa;
» É considerado positivo para lesão ligamentar se aumentar a dor ao tracionar
a articulação;
» Se a amplitude articular estiver diminuída, pode haver uma contratura muscu-
lar e/ou perda da elasticidade do tecido conjuntivo;
» Se a amplitude estiver aumentada, pode haver hipermobilidade decorrente de
frouxidão ligamentar.

Um exemplo desse tipo de teste:


• Teste de distração cervical:
» Primeiro avaliar a intensidade da dor do paciente;
» Posição do paciente: deitado em decúbito dorsal;
» Fisioterapeuta: posicionado à cabeceira do paciente, segura a sua cabeça
com uma das mãos na região cervical e a outra no queixo; realiza uma tração
cervical e questiona sobre o comportamento da dor (CIPRIANO, 2015);
• Teste positivo:
» É considerado positivo para radiculopatia cervical quando o paciente refere
diminuição da dor no momento da distração; a dor diminui pelo aumento do
espaço intra-articular.

Quando usar esse teste?

Uma pessoa chega ao seu consultório queixando-se de dor na região cervical, que
irradia para o membro superior direito. Essa situação, somada aos outros dados da
avaliação, o leva a desconfiar de radiculopatia cervical. Para se certificar, você realiza
o teste de distração cervical.

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Teste de Compressão
Os testes de compressão são utilizados para avaliar a integralidade das estruturas
articulares, como a cartilagem articular e meniscos, e ainda verificar se existe uma
compressão nervosa.

É realizado pelo fisioterapeuta, tentando aproximar passivamente as superfícies


articulares. Análise de um teste de compressão:
• Teste positivo: É considerado positivo para alterações articulares e nervosas
quando a dor piora ao realizar o teste.

Exemplo de um teste de compressão:


• Teste de Compressão Cervical:
» Primeiro avaliar a intensidade da dor;
» Posição do paciente: sentado;
» Fisioterapeuta: posicionado atrás do paciente; colocar suas mãos sobre a
cabeça do paciente, com os cotovelos posicionados para baixo. Realize uma
compressão da cabeça e questione sobre o comportamento da dor;
• Teste positivo: O teste será positivo para radiculopatia cervical se o paciente
referir piora no quadro.

Você percebeu que foram usados, para o mesmo paciente, o teste de compres-
são cervical e o teste de distração cervical. Às vezes, usamos mais de um teste para
confirmar o resultado.

Mas não abuse. Lembre-se de que seu paciente está com dor, é importante lembrar
também que não é necessário repetir muitas vezes o mesmo teste pelo mesmo motivo.

No link a seguir, você encontrará videoaulas com a descrição de vários testes especiais e
goniometria realizados pela Universidade de São Paulo: https://bit.ly/305KoRI

A Postura Humana
A postura humana é um conjunto das posições das articulações corporais em um
dado momento. A postura ideal é representada por uma linha imaginária, a linha da
gravidade passando pelo corpo (KENDALL, 2007).

Na vista lateral, passa levemente posterior à sutura coronal, pelo lóbulo da orelha,
pelos corpos vertebrais cervicais, pelo meio do ombro, pela linha média do tórax,
corpos vertebrais lombares e ligeiramente posterior ao quadril, anterior do eixo do
joelho e anterior ao maléolo latera (MAGEE, 2010).

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Nas vistas posterior e anterior, a linha da gravidade incide entre os calcanhares,
passa entre os membros inferiores, pela região média da pelve, da coluna vertebral,
do esterno e do crânio. Os lados direito e esquerdo das estruturas esqueléticas são
normalmente simétricos. Na avaliação da postura, observaremos se o lado direito do
corpo apresenta-se em simetria (MAGEE, 2010).

Figura 1 – Linha da gravidade passando pelo corpo


Fonte: Adaptado de Getty Images

A manutenção da postura está relacionada à atuação conjunta dos sistemas: mus-


culoesquelético e nervoso.

A captação de informações do meio ambiente e do corpo, provenientes dos olhos,


ouvidos, das diferentes regiões corporais, mais especificamente das articulações, é
essencial para que o sistema nervoso elabore comandos pelos seus centros superiores
e os envie para o sistema musculoesquelético; este, por sua vez, os executa, permi-
tindo que o homem se mantenha em pé, ande, dance, trabalhe, ou seja, permite que
realize as atividades da sua vida e se relacione com o seu meio (CIPRIANO, 2015).

Outro dado importante de uma postura correta está no gasto energético e no


estresse causado sobre as articulações.

Quando um indivíduo apresenta as articulações alinhadas, o gasto muscular é


mínimo para mantê-lo em pé e a descarga de peso é dissipada sem causar estresse
articular em um ponto específico da articulação (CIPRIANO, 2015).

Na postura ideal, a coluna vertebral apresenta curvaturas que permitem mobilidade


e estabilidade, o tórax e o dorso permitem a função cardiorrespiratória, a pelve, na
posição neutra, colabora para o alinhamento do tronco e dos membros inferiores.

Os ossos dos membros inferiores, quando estão no alinhamento ideal, sustentam


o peso do corpo da forma adequada e, por fim, a cabeça também se alinha e permite
a captação de estímulos externos e as respostas vestibulares.

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O estresse em uma articulação pode ser pequeno e de repetição, inicialmente


gera microtraumas; depois, com a repetição e o tempo, causa a lesão propriamente
dita – o macrotrauma.

Ou pode ser um estresse anormal de maior magnitude constante em um curto


período, que acaba por gerar direto o macrotrauma. Os dois mecanismos de lesão
podem levar a alterações de tecidos moles e articulares (MAGGE, 2010).

Desgaste articular, osteófito, protrusão discal, esporão de calcâneo, desequilíbrios


musculares (fraqueza, hipertonicidade, encurtamentos e contraturas) e ligamentares
são exemplos de algumas alterações decorrentes de má postura e sobrecarga.

A incidência de lombalgias, cervicalgias, escolioses e dor nas diferentes articu-


lações, como pés, joelhos e quadris, justificam a necessidade de estudarmos a postura
humana, os seus desequilíbrios, avaliação e tratamento.

Nossa postura expressa dados que vão além da estrutura e função corporal, pode
expressar também nossa personalidade e emoções. O corpo se fecha frente à tristeza
e se abre com a presença da alegria, uma pessoa segura expande sua postura e se
move com destreza e altivez (MAGEE, 2010).

Desta forma, o fisioterapeuta, ao avaliar e tratar um paciente, sempre deve lembrar


que corpo, mente e emoções nunca se separam, nossos pacientes são pessoas que estão
escrevendo e vivendo a sua história, são pessoas que ocupam diferentes papéis na vida.

Antes de serem pacientes, são pais, mães, filhos, esposas, maridos, estudantes,
trabalhadores e namorados em diferentes momentos da vida.

Podemos utilizar a tecnologia computacional para realizarmos a avaliação postural e


obtermos dados para pesquisa científica: como o SAPO. O SAPO é um projeto que permite a
utilização de uma ferramenta com código aberto para procedimentos científicos de análise
postural. Visa elaborar um banco de dados sobre a organização postural da população
brasileira. Disponível em: https://bit.ly/3hGXxqv

Desenvolvimento Postural
Com o desenvolvimento filogenético, ou seja, com a evolução da nossa espécie,
passamos por mudanças físicas, cognitivas, relacionais e morais. Adquirimos a verti-
calização, a horizontalidade do olhar e a liberdade das mãos para explorar o meio e
criar artefatos.

Ao ficar em pé, adquirimos uma nova postura, uma nova disposição de cada parte
do corpo, nossa coluna vertebral e membros inferiores passam a receber uma sobre-
carga mecânica, os movimentos respiratórios precisam vencer a força da gravidade,
bem como o sistema cardiovascular se modifica para enviar oxigênio e nutrientes às
diferentes regiões corporais (CIPRIANO, 2015).

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Desenvolvimento da postura. Disponível em: https://bit.ly/30UzoG0

Ganhamos um grande campo de visão, ganhamos mobilidade, principalmente


de membros superiores, mas perdemos em estabilidade corporal (MAGEE, 2010).
Cada novo ser humano revisita a nossa história filogenética pela ontogênese ao
longo do seu desenvolvimento e amadurecimento.

Um bebê, ao nascer, tem, na coluna vertebral, curvaturas denominadas primárias.


As regiões torácicas e sacrais apresentam-se em cifose; durante o desenvolvimento,
surgem as lordoses cervical e lombar. Por volta dos 3 meses, quando o bebê passa
a controlar a cabeça, surge a lordose cervical, e a lordose lombar tem seu início em
torno dos 6 a 8 meses, quando o bebê começa a sentar e vai se estabelecendo ao
engatinhar e ficar em pé.

O centro de gravidade, na criança, localiza-se na altura da 12ª vertebra torácica,


em função da sua disposição corporal, a região superior do corpo possui maior
quantidade de massa corpórea, o que eleva o centro de gravidade (o centro de gra-
vidade, na criança, localiza-se na altura da 12ª vertebra torácica. Em função da sua
disposição corporal, a região superior do corpo possui maior quantidade de massa
corpórea, o que eleva o centro de gravidade). Na vida adulta, o centro de gravidade
localiza-se, aproximadamente, na altura de S2 e favorece a estabilidade de um indi-
víduo em pé.

Se compararmos o centro de gravidade de homens e mulheres, observaremos nas


mulheres um centro de gravidade ligeiramente mais baixo pela largura do quadril; e
nos homens, estará mais alto pela largura dos ombros.

Assim que o bebê começa a ficar em pé, apresenta uma base de apoio alargada
(mantém os pés separados), joelhos levemente fletidos e se segura com as mãos nos
móveis da casa. À medida que vai coordenando as funções musculares e vai ganhando
equilíbrio, começa a soltar as mãos, mantendo os ombros em abdução e cotovelos fle-
tidos; aos poucos abaixa o membro superior e diminui a base de sustentação quanto
mais equilibrado estiver.

Os joelhos, aos 18 meses de idade, apresentam-se arqueados, ou seja, em varo; à


medida que crescem, torna-se valgo (em x) até os 3 anos de idade, e aos 6 anos de
idade, aproximadamente, adquirem o alinhamento normal.

A lordose, na região lombar da coluna vertebral, inicialmente, é exacerbada


devido ao quadril ser pequeno em relação ao conteúdo abdominal e devido à fraqueza
dos músculos do abdome peculiares a esse período do desenvolvimento.

Os arcos plantares no bebê estão em formação, o que leva a um pé plano inicial-


mente. Seus músculos ainda precisam ser estimulados. Os pés dos bebês possuem
grande quantidade de coxim adiposo, o que lhes confere aparência própria (parecem
um pãozinho).

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Os arcos se estabelecem com a marcha: os músculos vão ficando fortes, o coxim


adiposo vai diminuindo e os arcos aparecem e passam a exercer as suas funções.

Na adolescência, o corpo muda muito, o sistema musculoesquelético se desenvolve


em forma de estirão, os hormônios desencadeiam a puberdade e podem surgir alte-
rações posturais importantes, como a escoliose, a hiperlordose e a hipercifose. Desta
forma, o fisioterapeuta deve sempre avaliar a postura dos seus pacientes adolescentes.

O corpo adulto se estabelece depois dos 20 anos e, na terceira idade, a cifose


torácica aumenta devido à degeneração dos discos intervertebrais, da calcificação
dos ligamentos, da osteoporose, e, muitas vezes, pelas alterações adquiridas ao longo
da vida e da falta de exercícios, têm grande incidência (MAGEE, 2010).

As Adaptações Posturais Associadas ao


Hábito Postural e à Estrutura Corporal
A postura pode ser alterada por diferentes fatores, alguns podem ser posturais
(posicionais) e outros podem ser estruturais (KENDALL, 2007).

Para a manutenção da postura correta, principalmente em pé e sentado em longos


períodos, solicita-se muito dos músculos para vencer a ação da gravidade. Quando
uma pessoa não tem músculos fortes, flexibilidade e adaptabilidade às alterações do
meio ambiente, acaba por adotar uma postura inadequada que poderá levar à dor e
incapacidade funcional no futuro.

Outra causa postural está ligada à percepção corporal alterada. Uma pessoa pode
ter os ombros elevados, aumento da lordose lombar e achar que a sua postura é ade-
quada, quando, na verdade, não é, e também poderá gerar desconforto posteriormente.

Os hábitos posturais inadequados, como: se jogar no sofá, ficar na frente do com-


putar sem adaptações adequadas e usar o celular na cama são exemplos de hábitos
posturais inadequados que podem evoluir para desconfortos ou alterações mais graves.

Permanecer em uma posição inadequada por muito tempo pode acabar gerando
desequilíbrios musculares e, consequentemente, articulares. Uma pessoa que tem o
hábito de ficar muitas horas na frente do computador, digitando com os ombros ele-
vados pela ação excessiva do músculo trapézio, pode acabar, com o tempo, desen-
volvendo uma alteração real nesse músculo, como o encurtamento, e a partir desse
momento, a elevação do ombro deixará de ser um hábito inadequado e passa a ser
uma alteração na estrutura corporal.

Mudanças estruturais congênitas, do desenvolvimento, traumáticas e secundárias


a diferentes patologias podem levar a alterações posturais de difícil tratamento.

Um exemplo bem conhecido é a Doença de Scheuermann ou a cifose juvenil que


acomete meninos e meninas, principalmente por volta dos 10 anos, e é caracteriza
por vértebras torácicas com alteração estrutural. Seus corpos vertebrais são mais
altos na região posterior das vértebras, o que acaba por intensificar a cifose torácica.

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A seguir, citaremos alterações estruturais mais comuns que interferem na postura:
• Alteração nos contornos ósseos (p. ex., hemivértebra);
• Frouxidão de estruturas ligamentares;
• Perda da elasticidade fascial ou musculotendínea;
• Tônus muscular diminuído ou aumentado;
• Alteração no ângulo lombo-pélvico;
• Posição e mobilidade articular.

O tratamento da grande parte dos desvios posturais não estruturais é possível.


O fisioterapeuta tem diferentes técnicas para conseguir reorganizar a postura do
seu paciente. Precisamos conscientizar o paciente sobre a necessidade de manter
a postura, dar condições de esse paciente ter a percepção do seu corpo e de ter o
equilíbrio necessário para se manter alinhado em pé, sentado e até mesmo deitado
e nas suas atividades da vida diária.

Deformidades estruturais são mais difíceis de serem tratadas, porém, podemos


dar orientações referentes a adaptações para a melhora postural, bem como mini-
mizar a dor e alterações secundárias à patologia de base em busca da melhora da
qualidade da vida desses pacientes.

Deformidades Principais da Coluna Vertebral


Hiperlordose
A hiperlordose é o aumento excessivo da curvatura lordótica (fisiológica) da região
lombar e cervical da coluna vertebral.

Na lordose lombar patológica, o paciente pode também apresentar a cabeça ante-


riorizada, os ombros protrusos, com rotação medial de membros superiores e rotação
medial dos membros inferiores na busca de manter o centro de gravidade.

A mudança de posição de uma parte do corpo acaba por acarretar a mudança das
outras regiões corporais na busca para se manter em pé e em movimento.

O ângulo pélvico normal é de, aproximadamente, 30 graus. Quando encontramos


um paciente com aumento desse ângulo por volta de 40 graus, passamos a observar o
aumento da lordose lombar, que é denominada hiperlordose lombar (MAGEE, 2010).

Alterações podem ser posturais ou funcionais e possuem muitas possíveis causas,


tais como:
• Fraqueza muscular, especialmente dos músculos abdominais em combinação
com encurtamento dos flexores do quadril ou os extensores lombares;
• Frouxidão ligamentar;
• Aumento do abdome pela obesidade ou por uma gestação;

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• Mecanismo compensatório de outras patologias: espondilolistese, hipercifose, pro-


blemas congênitos, como displasia congênita de quadril, entre outras alterações;
• Uso de sapato alto.

Hipercifose
É o aumento da curvatura cifótica localizada na região dorsal da coluna vertebral
e pode ser postural ou estrutural.

A hipercifose possui diferentes causas:


• Fratura por compressão de vértebras torácicas;
• Doença de Scheuermann;
• Espondilite anquilosante;
• Osteoporose senil;
• Tumores;
• Compensação a outras alterações posturais, como a hiperlordose;
• Anomalias congênitas - metaplasia óssea, hipoplasia ou aplasia central;
• Tuberculose;
• Osteoporose;
• Desequilíbrios musculares.

O paciente apresenta grande curva arredondada e pode apresentar encurtamento


dos extensores do quadril com flexores do tronco e flexores do quadril e extensores
lombares fracos (MAGEE, 2010).

Escoliose
Escoliose é uma alteração postural complexa, caracterizada pela a inclinação
lateral da coluna vertebral associada à rotação das vértebras; pode incidir em qual-
quer fase da vida, mas sua maior incidência ocorre na adolescência, devido ao estirão
do crescimento.

Também pode ser dividida em estrutural e postural ou não estrutural, e possui


diferentes causas:
• Desequilíbrios musculares: contratura dos músculos do dorso e ou fraqueza;
• Alterações ósseas: vértebra em cunha – hemivértebra;
• Consequência de patologias neuromusculares (distrofia muscular): por de-
sequilíbrio muscular;
• Alterações articulares: artrogripose.

Na escoliose estrutural, o paciente não apresenta uma flexibilidade normal (a cur-


vatura se mantém com a flexão anterior e lateral do tronco) e a flexão lateral torna-se
assimétrica, pode ser progressiva e se encontra, principalmente, nas regiões torácica
e toracolombar da coluna vertebral (CIPRIANO, 2015).

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Na maioria dos casos de escoliose estrutural (75% a 85%), são idiopáticas; seus
corpos vertebrais apresentam rotação direcionada para concavidade da curva esco-
liótica. Nas escolioses acima de 60 graus, podem levar à compressão de órgãos
torácicos, o que pode indicar o tratamento cirúrgico (MAGEE, 2010).

Na escoliose postural, não é evidenciada deformidade óssea. Não costuma ser


progressiva e não há perda de flexibilidade; quando o paciente realiza a flexão de
tronco anterior, a escoliose desaparece. Pode ter a sua origem em inadequados
hábitos posturais e discrepância de membros inferiores. Podem ser tratadas com a
reeducação postural.

Princípios de Avaliação da Postura


A avaliação postural fará parte das avaliações de diferentes pacientes. Podemos
avaliar a postura de uma criança em desenvolvimento, de um adolescente em pleno
estirão de crescimento, de uma gestante com ou sem dor na coluna vertebral, um adulto
que passa muitas horas trabalhando em diferentes posições corporais, um atleta
que quer prevenir ou tratar lesões e melhorar seu rendimento e de idosos que querem
fazer exercícios ou estão com muitas alterações em diferentes regiões corporais.

Como as demais avaliações fisioterapêuticas, iniciamos observando o paciente


desde a sala de espera, observamos sinais de dor no rosto e no corpo: o semblante
se fecha, a mão toca a região de dor, o corpo se inclina, os movimentos se lenificam
e, às vezes, até a respiração se altera.

Colheremos os dados pessoais e da anamnese, que são importantes no direciona-


mento das possíveis causas de dor ou da alteração postural.

O paciente deve ser orientado previamente, a fim de que leve uma roupa própria
para ser avaliado. O fisioterapeuta necessita visualizar a pele, as proeminências ósseas
e o contorno dos músculos para executar a avaliação. Os homens deverão usar sunga
ou shorts, e as mulheres deverão usar biquíni ou shorts e top (CIPRIANO, 2015).

Ao observar a pele, buscamos visualizar cicatrizes, marcas e mudanças na colo-


ração que possam ter surgido de cirurgias, acidentes, traumas e por hábitos posturais
viciosos (MAGEE, 2010).

As proeminências ósseas, quando assimétricas e de localização irregular, denotam


diferentes alterações, como escoliose, hiperlordose, joelho valgo, pé plano, entre
outras alterações (KENDALL, 2007).

Os músculos podem apresentar aumento de tônus, fraqueza e encurtamentos que


alterarão toda a postura dos nossos pacientes. A alteração em uma região corporal
leva a compensações em outras regiões, e na avaliação postural tentaremos compre-
ender esse caminho das compensações, que nos contam um pouco da história da
vida dos nossos pacientes.

Devemos, ainda, salientar que um único sinal observado na avaliação não nos diz
nada, porém, a soma dos achados da avaliação postural, somada aos dados pessoais,

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à anamnese, ao exame físico, aos testes especiais e aos exames complementares é


que permitirá a elaboração dos objetivos de tratamento e a determinação das con-
dutas do tratamento.

Um bom início da avaliação postural é buscar assimetrias no simetrógrafo:

Figura 2 – Avaliação postural no simetrógrafo


Fonte: sjc.sp.gov.br

A descrição detalhada da avaliação postural será dada na disciplina Laboratório


de Avaliação Físico-Funcional II.

Tem curiosidade? Acesse os links a seguir e verá todos os detalhes para uma avaliação postural:
• Avaliação Postural, disponível em: https://bit.ly/2Es08X4
• Métodos em Avaliação Postural, disponível em: https://bit.ly/39Hi6As

Avaliação da Marcha
A Marcha Humana
Um indivíduo com a marcha normal, possui o controle corporal para andar con-
versando, carregando objetos, mudando de direção e, se necessário, ajustando-se
aos diferentes obstáculos do caminho.

A aquisição da marcha pela criança leva de 11 a 15 meses e somente em torno


dos 4 ou 5 anos a criança terá a marcha semelhante à do adulto.

Nos idosos. a presença de patologias e a perda gradual da função dos diferentes


sistemas corporais expressada por muitas mudanças, tais como: diminuição de força
dos membros inferiores, diminuição das respostas de equilíbrio e proteção e até
mesmo diminuição da acuidade visual, podem interferir na qualidade da marcha e
acabar levando-os a quedas, que hoje são consideradas um grave problema de Saúde
Pública (MAGEE, 2010).

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A marcha é a motricidade de maior complexidade de execução e de maior expec-
tativa na vida pessoal no campo da reabilitação, por permitir a independência nas
atividades da vida diária, nas atividades laborais e na vida social.

Quando uma criança começa a andar, é um marco importante na família. Todos


comemoram e quando, infelizmente, uma pessoa perde a capacidade de andar por
uma doença ou lesão traumática, toda expectativa dessa pessoa em relação ao seu
tratamento está voltada para a possibilidade de voltar a andar.

Esse paciente olha o Fisioterapeuta em seus olhos e pergunta de forma direta: eu


vou andar?

Então, precisamos nos preparar muito bem para podermos responder a essa pergunta
com precisão paras mães, pais, avós, tios, amigos e pacientes de diferentes idades.

Dessa forma, na reabilitação, o Fisioterapeuta visa desenvolver ou readquirir uma


marcha eficiente para obter (MAGEE, 2010):
• Menor gasto energético;
• Segurança para evitar quedas;
• Movimentos coordenados, equilibrados e específicos para evitar lesões secundá-
rias a movimentos inadequados; ou seja
• Buscamos uma marcha funcional.

A avaliação da marcha requer estudo específico e habilidade técnica na observa-


ção de cada segmento corporal nas diferentes fases da marcha. A avaliação da mar-
cha também pode ser feita com um cronômetro para verificar a velocidade e com a
tomada da medida de comprimento do passo, da passada e do ângulo do pé.

Atualmente, a análise da marcha pode ser realizada, também, com diferentes


recursos tecnológicos, como: plataformas de força que medem as reações de força
ao solo, eletromiografia para verificar a atividade muscular e sistemas de análise em
vídeo de alta velocidade para registrar os movimentos da marcha.

Bom, vamos aprofundar nossos estudos sobre a marcha. Veja o desenho.


Disponível em: https://bit.ly/2D1LtS0

Fases da Marcha
A marcha, em análise mecânica, é uma sequência de movimentos repetitivos rea-
lizados pelos membros inferiores enquanto nossa postura se mantém estável.

Nessa sequência de movimentos, um membro inferior se responsabiliza pelo suporte


do peso corporal, enquanto o outro membro inferior se move para garantir o desloca-
mento anterior e essas funções são constantemente invertidas, consecutivamente.

A região superior do corpo responde a tais movimentos de tal forma que a postura
e o equilíbrio possam ser mantidos ao mesmo tempo em que podemos conversar e ou
manipular objetos, como um celular, por exemplo.

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Para fins didáticos e de avaliação, a marcha é dividida em duas fases – fase de


apoio e fase de balanço.

Na descrição das fases e das suas subfases, convencionalmente utiliza-se como


referência o membro inferior D (MAGEE, 2010).

Em um indivíduo com a marcha normal, a fase de apoio leva 60% da velocidade


do total da marcha e a fase de balanço leva somente 40%.

Agora, iremos estudar as fases e as subfases da marcha (MAGEE, 2010).

A fase de apoio pode ser dividida em:


• Duplo apoio inicial;
• Apoio simples;
• Duplo apoio final.

A marcha começa no momento que o membro inferior de referência toca o solo –


aqui escolhemos o D. Esse momento recebe o nome de contato inicial: o pé D toca
o solo e o pé E também se encontra em contato com o solo.

Enquanto os dois membros estiverem tocando o solo, esse momento recebe o


nome de duplo apoio inicial (MAGEE, 2010).

No contato inicial (resposta à carga),o membro inferior D irá receber todo o peso
corporal e o pé E pode entrar na fase de balanço. Assim termina o duplo apoio e
começa o apoio simples.

No apoio simples, o pé D se encontra todo apoiado no solo e o pé E se desloca


anteriormente. Agora, todo o peso corporal se desloca anteriormente sobre o mem-
bro inferior D.

O deslocamento anterior se torna tão grande que surge a necessidade do pé D


começar a sair do solo, caracterizando que o apoio simples está chegando ao fim
e irá surgir o duplo apoio final, quando o pé esquerdo toca o solo (MAGEE, 2010).

O apoio simples pode ser dividido em duas subfases:


• Apoio médio;
• Apoio terminal.

O apoio médio inicia com o pé D em contato com o solo e termina no momento


em que o calcanhar D começa a sair do solo (MAGEE, 2010).

O apoio terminal começa quando o calcanhar D inicia a sua saída do solo e vai
até o momento em que o pé E toca o solo.

No momento em que os dois pés se encontram em contato com o solo, temos


também o duplo apoio terminal.

No duplo apoio terminal, o peso que está no membro inferior D começa a ser
transferido para o membro inferior E, deixando, assim, o membro inferior D livre
para depois iniciar o balanço. Esta é a fase de pré-balanço.

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A fase de balanço pode ser dividida em:
• Balanço inicial;
• Balanço médio;
• Balanço terminal.

O momento que o pé D sai do solo até que os dois membros estejam alinhados
lado a lado é o momento do balanço inicial.

Balanço médio começa com os membros inferiores alinhados e vai até o mo-
mento em que a tíbia fica alinhada com o solo.

O balanço terminal começa com o membro inferior D se preparando para tocar


o solo, fase que também recebe o nome de desaceleração.

Quando o pé direito toca o solo, ele reinicia um novo ciclo da marcha (MAGEE,
2010).

Assista aos vídeos citados a seguir para ajudar na compreensão das fases da marcha.
Disponíveis em:
• Marcha Normal – Ciclos e Fases da Marcha: https://youtu.be/Qjj84musSpk
• Marcha Normal – Contato Inicial: https://youtu.be/djCXFWXfl1A
• Marcha Humana – Resposta à Carga: https://youtu.be/Gi2z1Mhj2CA
• Marcha Normal – Apoio Médio: https://youtu.be/zWInciwkhcc
• Marcha Normal – Pré-balanço: https://youtu.be/iXZJBnUrYhE
• Marcha Normal – Balanço inicial: https://youtu.be/OthhOckYat8
• Marcha Normal – Balanço médio: https://youtu.be/KcSVvZ881oo
• Marcha Normal – Balanço terminal: https://youtu.be/ktm0aUU1NVw

Marcha Humana Normal


Fases da Marcha
Fase de Apoio
• Duplo apoio inicial;
• Apoio simples;
• Duplo apoio final;
• Contato inicial;
• Resposta à carga;
• Apoio médio;
• Apoio terminal;
• Pré-balanço.

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Fase de Balanço
• Balanço inicial;
• Balanço médio;
• Balanço terminal.

Agora que entendemos a marcha humana, de forma geral, vamos descrever deta-
lhamento cada subfase.

Fase de Apoio
As subfases da fase de apoio:
• Contato inicial: Toque do calcanhar;
• Resposta à carga: Pé plano;
• Apoio médio: Apoio sobre apenas um membro inferior;
• Apoio terminal: Retirada do calcanhar;
• Pré-balanço: Retirada dos pododáctilos.

Contato Inicial
É o período de aceitação do peso corporal pelo calcanhar do membro inferir de
apoio. Representa os 10% iniciais da marcha.

Nessa subfase, enquanto o membro inferior de apoio começa a suportar o peso


do corpo e amortecer o impacto, o contralateral começa a perder o contato com o
solo (MAGEE, 2010).

O tornozelo encontra-se neutro ou em dorso flexão, o joelho encontra-se estendido


e o quadril fletido à 30 graus, aproximadamente.

Para manter o tornozelo neutro ou em dorso flexão é necessária a ação dos mús-
culos tibial anterior, extensor longo do hálux e extensor longo dos dedos.

No joelho, a extensão não precisa da ação do músculo quadríceps e dos músculos


isquiotibiais, porém, eles já começam a ser acionados para a próxima fase.

O quadril, que se mantém a 30 graus de flexão, tende a aumentar esse movimento,


e o que impede esse aumento é a ação excêntrica dos músculos glúteo máximo, isquio-
tibiais e adutor magno.

Nesse momento, a pelve encontra-se nivelada e em rotação anterior em relação


ao lado do contato inicial (membro inferior de apoio) e o tronco encontra-se alinhado
entre os dois membros inferiores.

Resposta à Carga (Pé Plano)


Na subfase de resposta à carga (pé plano), o pé move-se para a posição de prona-
ção e eversão, ao receber o peso corporal, o que é importante para desbloquear as

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articulações metatarsais e a subalar para a absorção de impacto e adaptação do pé a
diferentes relevos. Na sequência, realiza a flexão plantar (MAGEE, 2010).

A eversão e a pronação do pé roda medialmente o tálus e a tíbia. A tíbia acaba


por rodar o joelho medialmente, gerando uma torsão nele, que não é maior graças à
ação do tensor da fáscia lata e da cabeça longa do músculo bíceps femoral.

A região plantar encontra-se em contato com o solo para receber o peso corpo-
ral, o joelho flexiona de 15 a 25 graus para absorver impacto, o quadril move-se
para a extensão, a pelve inclina para o lado do membro inferior oposto que está na
fase de balanço e o tronco encontra-se alinhado ao membro inferior de apoio.

A flexão plantar ocorre pela contração excêntrica do tibial anterior, extensor lon-
go do hálux e extensor longo dos dedos, a contração desses músculos traciona a tíbia
anteriormente e acaba por flexionar o joelho que é controlado pela ação excêntrica
de quadríceps e isquiotibial (MAGEE, 2010).

O quadril estende, pela ação dos músculos glúteo máximo, adutor magno e is-
quiotibiais, para manter o equilíbrio anterolateral do quadril, os músculos glúteos
máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, tensor da fáscia lata e bíceps femoral.

Apoio Médio (Apoio Sobre um Membro Inferior)


O momento do apoio médio é o período de sustentação de peso sobre o membro
inferior de apoio, o corpo precisa ter estabilidade e equilíbrio ao mesmo tempo em
que se desloca anteriormente. O peso corporal no pé normal é distribuído de forma
uniforme por toda sua extensão (MAGEE, 2010).

O tronco encontra-se alinhado sobre o membro inferior de apoio e a pelve apresenta


discreta inclinação para o lado do membro inferior que se encontra na fase de balanço.

O quadril sai da flexão e entra em extensão máxima do quadril entre 10 a 15


graus, com rotação lateral. O joelho estende e o tornozelo se encontra a 5 a 8° de
dorsiflexão, deslocando a tíbia anteriormente.

Com a dorso flexão, a tíbia desloca anteriormente e o restante do corpo também


se desloca e o músculo sóleo ajudado pelos gastrocnêmios controla esse deslocamento
anterior da tíbia.

O joelho se estende primeiro pela ação do quadríceps e depois a própria projeção


corporal anterior irá manter sua extensão de joelho e quadril, passivamente.

O equilíbrio do quadril é mantido pela ação dos músculos glúteo médio, glúteo
mínimo e tensor da fáscia lata.

Apoio Terminal (Retirar o Calcanhar)


Com a progressão anterior do corpo, gradativamente, surge uma flexão plantar e
os músculo sóleo e gastrocnêmios contraem para controlar essa progressão anterior.

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Joelho e quadril estão em extensão passiva, que ocorre pelo posicionamento


corporal, a extensão do quadril é controlada pela ação excêntrica do tensor da fáscia
lata (MAGEE, 2010).

Pré-balanço – Retirada dos Pododáctilos


Essa fase corresponde ao duplo apoio terminal. O peso corporal será deslocado
para o membro inferior oposto (MAGEE, 2010).

A flexão plantar pela ação do sóleo e gastrocnêmios aumenta, elevando o calcâ-


neo do solo, anteriorizando a tíbia, fletindo joelho e quadril e impulsionando o corpo
à frente.

O músculo quadríceps controla a flexão de joelho e o adutor longo controla o


quadril junto com o reto femoral.

A Fase de Balanço
Inicia com a saída do pé D do solo, progride com o pé no ar e termina no mo-
mento que o calcanhar D toca novamente ao solo e, nesse momento, reinicia a fase
de apoio (MAGEE, 2010).

Na fase de balanço da marcha, o membro inferior encontra-se em cadeia cinética


aberta, o que diminui muito o estresse sobre esse membro inferior.

Nesta fase, ocorrem mudanças na coluna vertebral, por meio da pelve, do quadril,
do tornozelo e do pé. A estabilidade do membro inferior sem sustentação de peso é
estabelecida pela pelve e pelo quadril.

Esta fase também é subdividida para ser estudada.

As subfases da fase de balanço:


• Balanço inicial (aceleração);
• Balanço médio;
• Balanço terminal (desaceleração).

Balanço Inicial (Aceleração)


Inicia no momento que o pé sai do solo, a flexão plantar se reduz, passa para
neutra e depois para a dosiflexão pela ação dos músculos tibial anterior, flexor longo
do hálux e flexor longo dos dedos (MAGEE, 2010).

O joelho encontra-se em flexão de aproximadamente 60 graus pela ação dos is-


quiotibiais e o quadril está em flexão por ação da inércia e dos músculos ilíaco, grácil
e sartório.

A pelve desloca anteriormente e se inclina em direção ao lado do membro inferior


em balanço, e o tronco se encontra alinhado e em equilíbrio.

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Balanço Médio
Esta fase inicia quando os dois membros inferiores estão alinhados, o tornozelo
precisa de ampla dorsiflexão, que acontece pela ação dos músculos pré-tibiais. O
joelho, que estava com 60 graus de flexão, passa para 30 graus de flexão pela ação
excêntrica dos músculos isquiotibiais e pela ação da gravidade (MAGEE, 2010).

O quadril permanece em flexão passiva por ação da inércia.

Balanço Terminal (Desaceleração)


O balanço terminal ou desaceleração inicia no momento em que a tíbia está ver-
ticalizada à frente do membro inferior oposto. É a transição entre apoio e balanço
(MAGEE, 2010).

O tornozelo está em dorsiflexão pela ação dos músculos pré-tibiais e o joelho se


estende pela ação do quadríceps e dos isquiotibiais. Aa ação desses músculos tam-
bém irá dar estabilidade ao joelho para a próxima fase.

O quadril entra em desaceleração para diminuir a flexão de quadril, o tronco e a


pelve mantêm-se alinhados.

Parâmetros normais da marcha:


• Comprimento da passada e do passo;
• Largura da passada;
• Ângulo do pé;
• Cadência da marcha;
• Tempo do passo e da passada;
• Velocidade;
• Largura da base de sustentação;
• Distância proporcional do centro de gravidade em relação ao solo;
• Movimento sagital do quadril;
• Flexão do joelho no balanço inicial;
• Excursão vertical da cabeça;
• Excursão lateral da cabeça;
• Movimento sagital do ombro;
• Flexão do cotovelo.

Descritores espaciais da marcha:


• Comprimento do passo;
• Comprimento da passada;
• Largura do passo;
• Ângulo do pé.

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Comprimento do Passo
Um passo corresponde à sequência de movimentos que sucedem o período
de contato inicial de um pé (calcanhar no solo) até o contato inicial do pé oposto
(MAGEE, 2010).

O comprimento do passo, é a distância entre dois pontos de contato entre o pé D e o


pé E. Na média da população, o comprimento do passo é em torno de 72cm. Sofre al-
terações de acordo com idade, gênero, características corporais e alterações patológica.

Os passos das crianças e das mulheres são menores em relação aos homens.
A altura e a dor também influenciam os passos: um indivíduo mais alto deambula a
passos maiores e o indivíduo com dor e alterações articulares e ou musculares dimi-
nui o comprimento do seu passo.

O comprimento do passo direito comparado ao passo esquerdo possibilita verifi-


car a simetria da amplitude do passo em relação aos dois membros inferiores.

Comprimento da Passada
Um ciclo de marcha ou passada corresponde a uma sequência completa de movi-
mentos realizados entre o contato inicial de um pé no solo até um novo contato ini-
cial desse mesmo pé no solo, ou seja, dois passos consecutivos: um à direta e outro
à esquerda (MAGEE, 2010).

O comprimento da passada é de 144cm e sofre alterações no seu comprimento


nas mesmas situações que alteram o comprimento do passo.

Largura do Passo
A largura do passo é a distância entre as laterais e os centros do calcâneo de
dois contatos consecutivos, um de cada pé, e corresponde a 8 ou 10cm, em média
(MAGEE, 2010).

Ângulo do Pé
O ângulo do pé é verificado entre linha de progressão do corpo na marcha e pela
linha do eixo longitudinal do pé. Nos adultos, esse ângulo é de 5 a 7 graus na média;
nas crianças é de 2,5 a 6,0 graus (MAGEE, 2010).

Descritores Temporal:
• Cadência;
• Tempo do passo;
• Tempo da passada.

Cadência ou Ritmo do Passo


Cadência se refere ao número de passos dados por minuto de marcha. A cadência
normal é de 90 a 120 passos por minuto. Nas mulheres, a cadência é 6 a 9 passos
por minuto mais alta que a dos homens (MAGEE, 2010).

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Tempo do Passo
Podemos observar, também, o tempo de realização de um passo.

Tempo da Passada
É o tempo de dois passos, um passo D e de um passo E.

Descritor espacial-temporal:
• Velocidade da marcha.

Velocidade
Verificar o tempo em um determinado espaço de tempo. A velocidade é consi-
derada o melhor descritor para avaliar a marcha e utiliza as unidades de medidas de
metros/segundo ou milhas/hora. A velocidade também pode ser medida multipli-
cando a cadência pelo passo (MAGEE, 2010).

Em adultos normais, um ciclo da marcha leva cerca de um segundo, e abrange


1,44m, o que leva a uma velocidade de 1,3 m/s.

Centro de Gravidade
Em um indivíduo em pé, o centro de gravidade, em geral, está localizado na al-
tura de S2, a 5cm, anteriormente. Nas mulheres, tende a ser mais baixo, pois elas
possuem massa corporal maior na região da pelve.

Durante a marcha, o centro de gravidade se desloca vertical e horizontalmente,


devido à transferência de peso e às sucessões de movimentos nas diferentes fases
da marcha.

Largura da Base de Sustentação


A distância entre os dois pés em um indivíduo em pé representa a base de sus-
tentação para a marcha. A largura normal é de 5 a 10cm e a base alargada nos leva
a pensar na possibilidade de o paciente apresentar algumas patologias de diferentes
causas (MAGEE, 2010).

Uma base alargada pode ser consequência de alterações neurológicas centrais ou


periféricas que acarretam alterações de equilíbrio ou de sensibilidade.

Alterações cerebelares podem levar a um aumento da base por alterações de equi-


líbrio e à neurite periférica que altera a sensibilidade. O equilíbrio pode ser alterado
por alterações do ouvido médio e a base de sustentação também pode ser alterada
por alterações musculoesquelética como, por exemplo, um joelho valgo que impede
a aproximação dos pés e, portanto, a base se torna aumentada.

Desvio Pélvico Lateral (Inclinação Pélvica)


O desvio pélvico lateral é caracterizado por um movimento latero-lateral da pelve
durante a marcha de 2,5cm a 5cm. Surge devido à necessidade de se transferir o
peso corporal em cada passo para o membro inferior de apoio (MAGEE, 2010).

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Desvio pélvico vertical


O desvio pélvico permite, durante a marcha, que o centro de gravidade se mova
5cm para cima e para baixo, mantendo entre a estabilidade e mobilidade necessárias
para os deslocamentos específicos da marcha. O ponto alto do desvio ocorre du-
rante a subfase de apoio médio e o ponto baixo durante a subfase de contato inicial
(MAGEE, 2010).

Rotação Pélvica
A rotação pélvica reduz o ângulo existente entre o fêmur e o solo, no momento do
passo. Aumenta o comprimento do passo, limita o deslocamento anterior do centro
de gravidade e a sua descida.

A rotação pélvica ocorre anterior e posteriormente, e temos 4° para a rotação


anterior no membro inferior em balanço e 4° para a rotação posterior no membro
inferior de apoio.

Na busca de equilíbrio, o tórax roda na direção oposta, unido aos ombros e aos
membros superiores (MAGEE, 2010).

Avaliação da Marcha
A avaliação da marcha se faz necessária em diferentes áreas da Fisioterapia e em
diferentes condições patológicas.

Como toda avaliação, devemos começar com a anamnese e com o exame físico
levantando dados como: intensidade de or, alterações de amplitude de movimento,
alterações de sensibilidade, fraqueza muscular, espasticidade, assimetrias corporais,
equilíbrio e ou deformidades.

O Fisioterapeuta deve conhecer os parâmetros da marcha normal e conseguir visu-


alizar e identificar a participação de cada região corporal em cada fase da marcha, o
conhecimento da marcha normal serve de base para a análise da marcha patológica.

Na avaliação da marcha propriamente dita, o Fisioterapeuta deve observar o pa-


ciente andando na sua forma habitual, utilizando dispositivos auxiliares de marcha
quando necessário (muletas, andador, órteses) (MAGEE, 2010).

Devemos observar o paciente andando na vista anterior, lateral e posterior e, de


preferência, os pacientes devem estar de shorts e as pacientes de top e shorts.

Ambos devem ser avaliados com e sem sapatos, embora os sapatos devem ser
analisados, e os pés também.

As regiões de desgaste dos sapatos trazem informações sobre a pisada e as marcas,


manchas e hiperqueratose nos pés também denotam alterações na pisada e na marcha.

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Verificar se o paciente claudica, se aparecem alterações de tônus, os movimentos
corporais em cada subfase, o comprimento do passo e da passada, a cadência e
a velocidade.

Observar o paciente andando com aumento da velocidade e diminuição de velo-


cidade também, para observar o comportamento de alterações nas diferentes veloci-
dades ou se surgem novas alterações com a variação de velocidade.

Todos os dados devem ser anotados na ficha de avaliação e os objetivos de trata-


mento e as condutas terapêuticas devem ser estabelecidas e anotadas.

A Ficha de Avaliação e a descrição mais detalhada da avaliação da marcha será


estudada na Disciplina Laboratório de Avaliação Físico-funcional II.

Marcha Anormal
Várias são as causas que desencadeiam alterações na marcha humana e iremos
estudar algumas.

Marcha Antálgica
A marcha antálgica decorre de uma lesão na lombar, na pelve, no quadril, no joe-
lho, no tornozelo ou no pé. É uma marcha que protege a região lesada e tenta dimi-
nuir a dor do paciente no momento em que o peso corporal incide sobre o membro
inferior lesado (MAGEE, 2010).

Na marcha antálgica, observamos uma fase de apoio mais curta no membro in-
ferior afetado em relação ao não afetado e por consequência a fase de balanço do
membro inferior normal diminui.

O paciente tenta colocar sua mão sobre a articulação afetada na tentativa de dar
um suporte maior e diminuir a sua dor.

Termos, então, uma marcha com diminuição do passo do lado da lesão e com
diminuição da cadência e velocidade.

Marcha Artrogênica
Ocorre na presença de rigidez, frouxidão ou deformidade, acompanhada de dor
ou não nas articulações dos membros inferiores. Pode acometer quadril, joelho e
tornozelo (MAGEE, 2010).

Com o objetivo de compensar a perda de movimento no membro inferior, a pelve


se eleva para poder retirar o contato do pé com o solo e, na sequência, o paciente
realiza uma circundução para conseguir levar o membro inferior para a frente. Nesse
caso, o comprimento do passo também é diminuído.

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Figura 1
Fonte: Getty Images

Marcha Atáxica
A ataxia é frequentemente causada por uma perda da função do cerebelo, da me-
dula espinhal ou das vias condutoras que interligam o cerebelo e a medula.

Pode afetar os movimentos dos dedos, das mãos, dos braços, das pernas, do corpo,
a fala ou o movimento dos olhos, a sensibilidade, a coordenação e o equilíbrio.

O paciente pode apresentar uma marcha descoordenada, desequilibrada, com


base alargada, movimentos exagerados e a alteração de sensibilidade faz com que o
paciente bata com o pé no solo para tentar senti-lo e se reorganizar (MAGEE, 2010).

A marcha resultante é irregular, espasmódica e ondulante.

Marcha Equina
Surge quando o paciente apresenta o pé equino-varo (pé que permanece em fle-
xão plantar e em varo) (MAGEE, 2010).

A sustentação de peso ocorre na região do ante pé, no dorsolateral ou lateral do


pé, dependendo do grau de deformidade.

A fase de sustentação de peso sobre o membro afetado diminui e o paciente


apresenta claudicação e pelve e fêmur ficam posicionados em rotação lateral para
compensar parcialmente a rotação medial da tíbia e do pé.

Marcha de Trendelenburg ou Marcha do Gglúteo Médio


Ocorre na presença de fraqueza dos músculos glúteo médio e mínimo, músculos
responsáveis pela estabilização lateral do quadril na fase de apoio. Por perder a esta-
bilização durante a fase de apoio, o quadril desloca lateralmente de forma excessiva
(MAGEE, 2010).

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Em pacientes com fraqueza bilateral, observamos um movimento lateroteral do
quadril que recebe o nome de marcha titubeante.

Marcha do Glúteo Máximo


Ocorre frente à fraqueza do músculo glúteo máximo. Durante a fase de apoio, o
paciente precisa estender o tronco para manter o alinhamento do quadril, pois com
a fraqueza do músculo glúteo máximo, que é extensor do quadril, ele tende a se des-
locar posteriormente.

Marcha Hemiplégica ou Hemiparética (Marcha Ercarvante)


Ao deambular, o paciente com marcha hemiplégica ou hemiparética balança o
membro inferior parético, realizando uma circundução desse membro (para fora e
para a frente em um círculo) ou empurrando-a para a frente, devido à dificuldade de
realizar dorsiflexão, flexão de joelho e de quadril do membro inferior com sequela.

Marcha Parkinsoniana
Este paciente apresenta alteração de tônus que leva à rigidez de diferentes múscu-
los em diferentes regiões corporais como: pescoço, tronco e joelhos. As articulações
ficam flexionadas, a marcha apresenta arrastar dos pés, passos curtos e rápidos e os
membros superiores permanecem rígidos e imóveis.

Marcha do Quadríceps
Neste caso, o músculo quadríceps sofreu uma lesão traumática ou neurológica,
para compensar a perda do movimento de flexão de quadril e extensão de joelho,
com flexão do tronco e plantar ampla para estender o joelho. Pode, também, usar a
mão para estender o joelho.

Marcha em Tesoura ou Marcha Espástica


É a marcha característica de uma pessoa com paraplegia espástica, com aumento
de tônus dos músculos adutores do quadril.

Os membros inferiores encontram-se em adução e o paciente desloca os mem-


bros inferiores anteriormente, com muita dificuldade.

Marcha do Membro Iinferior Curto


Quando um membro inferior é mais curto ou quando o paciente sofreu uma lesão
óssea e tem como consequência uma deformidade instalada (MAGEE, 2010).

Ao andar, observa-se um desvio lateral do tronco e da pelve. Na pelve, além de


deslocar, lateralmente, é visível uma inclinação para baixo, no lado do encurtamento
do membro inferior encurtado.

Seu pé pode realizar supinação para tentar alongar o membro inferior e o mem-
bro inferior oposto tende a apresentar as articulações em flexão.

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Claudicação do Psoas
É a marcha observada em pessoas com lesões de quadril como a doença Legg-
-Calvé-Perthes.

O paciente apresenta uma dificuldade na fase de balanço e a claudicação pode ser


acompanhada por movimentos exagerados do tronco e da pelve para dar o passo,
com o objetivo de compensar a dificuldade de movimento do quadril (MAGEE, 2010).

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Avaliação Musculoesquelética
MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. Barueri: Manole, 2010.
Capítulo 15 – Avaliação Postural.

Vídeos
Formação Master em Posturologia – Posturoterapia Neurossensorial
Colhendo os Dados Pessoais do Paciente.
https://youtu.be/gqCvDP-wPXk
Tutorial de Utilização do Software DIPA
Neste vídeo é possível conhecer o passo a passo de como se utiliza o software
de avaliação postural Digital Image-based Postural Assessment (DIPA v3.0),
desenvolvido pelo grupo de pesquisa BIOMEC da ESEFID/UFRGS.
https://youtu.be/cCFZxAbo8sE
Semiologia Osteomuscular – Coluna cervical
Avaliação da Região Cervical da Coluna Vertebral.
https://youtu.be/jqIFfcGGFMA
Valoración articular: Lectura del goniómetro
https://youtu.be/DQIfW6SXRCg
Valoración articular del tobillo y pie
https://youtu.be/IoDV-BnSHLo
Valoración articular de la rodilla
https://youtu.be/eBcRxFbjoNY
Valoración articular de la cadera
https://youtu.be/OsqS4Q1ax0Y

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UNIDADE Aspectos Teóricos dos Testes Especiais e a Postura Humana:
Definição, Desenvolvimento e Alterações mais Comuns

Referências
CIPRIANO, J. J. Manual fotográfico de testes ortopédicos e neurológicos. 5. ed.
Porto Alegre: ArtMed, 2015.

KENDALL, F. P. et al. Músculos: provas e funções. 5. ed. São Paulo: Manole, 2015.

MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. Barueri: Manole, 2010.

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