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UNIVERSIDADE NILTON LINS

EMILY LIMA MATOS

INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
Teóricos e Funções da Linguagem

Manaus, AM
2021
Introdução à Linguística

Considerado o fundador da linguística como ciência moderna, Ferdinand de Saussure


nasceu em Genebra, Suíça, no dia 26 de novembro de 1857. Doutorado pela
Universidade de Leipzig na área da Linguística, foi professor da École des Hautes
Études em Paris. Lecionou também Linguística Indo-europeia, Sânscrito e
posteriormente o célebre curso de Linguística Geral, na Universidade de Genebra.
Sua notoriedade veio com a publicação da obra póstuma “Cours de Linguistique
Générale” (Curso de Linguística Geral), publicado em 1916, três anos após sua morte. A
obra foi produzida a partir dos apontamentos de classe de seus discípulos e alunos
suíços Charles Bally e Albert Séchehaye, que reuniram e organizaram os textos dos
cursos ministrados por Saussure durante seus últimos anos na Universidade.
A obra de Saussure foi extremamente importante para linguística, pois, além de
estudar a língua como elemento fundamental da comunicação humana, estabeleceu
diversos pressupostos teóricos que são considerados os princípios fundadores da atual
ciência linguística.
O estruturalismo, conforme exposto na obra de Saussure, fundamenta-se na
concepção de que a linguística é um sistema abstrato de relações distintas entre todas
as suas partes. Ferdinand Saussure formulou uma série de conceitos e distinções sobre
a natureza da linguagem para fundamentar suas afirmações.

Saussure estabeleceu a distinção entre língua (sistema de signos presentes na


consciência de todos os membros de uma determinada comunidade linguística) e fala
(realização concreta e individual da língua em determinado momento e lugar por cada
um dos membros da comunidade). Em seus estudos, determinou a consideração
do signo linguístico, elemento essencial na comunidade humana, como a combinação
de uma expressão e um conteúdo, cuja relação arbitrária se define em termos
sintagmáticos (entre os elementos que se combinam na sequência do discurso), ou
paradigmáticos (entre os elementos capazes de aparecer no mesmo contexto). Além
disso, o linguísta suiço estabelceu a distinção entre o estudo sincrônico da língua, ou
seja, o que diz respeito ao estado estrutural da língua em um dado momento, e o
estudo diacrônico, isso é, a descrição da evolução histórica da língua, que leva em
conta os diferentes estágios sincrônicos. Todavia, é considerado prioritário o estudo
sincrônico, haja vista que esse estudo permite revelar a estrutura essencial da
linguagem.

Por volta do século XX, lingüista e pensador americano Avram Noam Chomsky também
revolucionou sua área científica e mudou o objeto de estudo da lingüística.
Em suas abordagens, Chomsky buscou ir além das análises estruturalistas,
comportamentalistas e distribucionistas que existiam até então no estudo da
linguagem natural e deu início à Teoria Gerativa, a partir da publicação de seu livro
“Syntactic Structures”, em 1957.
Chomsky defende que a gramática seria considerada um sistema finito que permite
gerar um conjunto infinitos de frases gramaticais. Essas frases, no entanto,
obedeceriam regras que definiriam as sequências de palavras e cada indivíduo
possuiria estas regras internalizadas.

Além disso, para Chomsky, é tarefa do linguista descrever a competência do falante.


Dessa forma, ele distingue a competência de desempenho. Noam Chomsky descreve a
competência como capacidade inata que o indivíduo tem de produzir, compreender e
de reconhecer a estrutura de todas as frases de sua língua. Por outro lado, ele define
que o desempenho (performance ou uso), é determinado pelo contexto onde o falante
está inserido. Portanto, pode-se dizer que o desempenho pressupõe a competência,
enquanto a competência não pressupõe o desempenho.
Os elementos da comunicação dizem respeito a cada aspecto presente no fluxo
comunicativo, desde o momento em que a mensagem é emitida, até quando é
recebida e compreendida.
Esta é a função da comunicação: garantir que, por meio dela, informações sejam
compartilhadas e conhecimentos sejam adquiridos. Dessa forma, a comunicação é
capaz de gerar relacionamentos, transmitir ideias, opiniões e gerar esforço para
compreender e ser compreendido pelo outro.
Roman Jakobson (1896-1982) foi um pensador russo que se destacou por suas
contribuições na área da linguística, tornando-se um dos linguistas mais relevantes do
século XX. Ele foi um dos primeiros estudiosos a considerar que a linguagem não tem
apenas a função de transmitir informações. De acordo com os seus estudos, em todos
os atos comunicativos podemos perceber a presença de seis elementos: emissor
(locutor), aquele que emite a mensagem; receptor (interlocutor), a quem a mensagem
é dirigida; mensagem, conteúdo do diálogo ou texto; canal, meio pelo qual a
mensagem é transmitida; código, conjunto de signos e as combinações de usos desses
signos; e o referente, contexto no qual a comunicação acontece.
Além disso, Roman Jakobson identificou seis funções da linguagem, correspondentes a
cada um dos seis elementos: emotiva, poética, fática, metalinguística, referencial e
conativa. Em cada uma delas, predomina um dos elementos da comunicação.
Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua
atitude pessoal (emoções, opiniões etc). Essa função está centrada no próprio emissor.
Leia o exemplo a seguir, retirado do livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de
Jesus:

“Fiquei pensando que precisava comprar pão, sabão e leite para a Vera Eunice. E os 13
cruzeiros não dava! Cheguei em casa, aliás no meu barracão, nervosa e exausta. Pensei
na vida atribulada que eu levo. Cato papel, lavo roupa para dois jovens, permaneço na
rua o dia todo. E estou sempre em falta.”
Nesse trecho, retirado do diário de Carolina Maria de Jesus, predomina a função
emotiva, haja vista que está em 1ª pessoa e expressa a subjetividade da autora, com
seus sentimentos e pensamentos.

Função poética: Na função poética, o enunciado centra-se na mensagem. Significa que


há muito mais preocupação estética e nos efeitos que a mensagem pode causar.
Portanto, costuma ser um enunciado que pode gerar muitas interpretações pessoais.
Tende a ser a função predominante em poemas, músicas e obras artísticas.

Exemplo de função poética:

"de sol a sol


soldado
de sal a sal
salgado
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
sangrado
de sangue a sangue"
(Haroldo de Campos)

Função fática: essa função ocorre quando a mensagem se centra sobre o canal de
comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. Costuma estar
presente em determinados momentos de ligações telefônicas, saudações e similares.

Exemplo de função fática: “Alô? Alô, você está me ouvindo?”

Nesse caso, a mensagem do emissor ao receptor está totalmente associada ao canal


através do qual estão falando (o telefone).

Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma,


transformando-se em seu próprio referente, ocorre a função metalinguística. Dessa
forma, o código é o centro do enunciado.
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia desse momento
inunda minha vida inteira.

O poema “Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade, é um exemplo da função


metalinguística, uma vez que o eu lírico decide compô-lo falando da sua própria
composição.

Função referencial ou denotativa: o enunciado se centra no contexto e, nesse caso, o


emissor transmite a mensagem da maneira mais realista e objetiva possível. Costuma
ser a função predominante em notícias de jornais e em artigos científicos.

Exemplo de função referencial:

"De acordo com os dados facultados pela Polícia Militar, sobe para 12 o número de
vítimas em estado grave após o confronto entre as equipes de futebol nesta quarta-
feira, entre as quais 3 mulheres."

Nesse exemplo, a notícia é descrita do modo mais objetivo possível e está focada
diretamente no contexto.

Função conativa ou apelativa: centraliza-se no receptor da mensagem, buscando


influenciar o comportamento. Nessa função, é comum o uso de 2º pessoa e verbos no
imperativo, uma vez que o emissor procura estabelecer um vínculo muito forte com o
receptor, chamando sua atenção. Essa função é muito usada em anúncios
publicitários, discursos, sermões e propagandas.

Exemplo de função conativa:

Dê férias para seus pés. (Chinelos Rider)

No exemplo da publicidade, a mensagem tem função conativa ao dirigir-se ao receptor


e propor a ele a possibilidade de comprar o produto (nesse caso, os chinelos) visando
um descanso e conforto para os pés.

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