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DENGUE

Classificação de Risco e Manejo do paciente


SUSPEITA DE DENGUE
Relato de febre, usualmente entre dois e sete dias de duração, e duas ou mais das seguintes manifestações: náusea, vômitos, exantema, mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro-orbital, petéquias, prova
do laço positiva, leucopenia. Também pode ser considerado caso suspeito toda criança com quadro febril agudo, usualmente entre dois e sete dias de duração, e sem foco de infecção aparente.
Notificar todo caso suspeito de dengue

Tem sinais de alarme ou de gravidade?

NÃO SIM

Pesquisar sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do Grupo C Grupo D


Sinais de alarme presentes e sinais de gravidade ausentes Dengue grave
laço positiva, condição clínica especial, risco social ou comorbidades).
• Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua. • Extravasamento grave de plasma, levando ao choque
• Vômitos persistentes. evidenciado por taquicardia; extremidades distais frias;
NÃO SIM pulso fraco e filiforme; enchimento capilar lento (>2
• Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico).
• Hipotensão postural e/ou lipotimia. segundos); pressão arterial convergente (< 20 mm Hg);
• Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal. taquipneia; oliguria (< 1,5 ml/kg/h); hipotensão arterial
Grupo A Grupo B* • Sangramento de mucosa. (fase tardia do choque); cianose (fase tardia do choque);
• Letargia e/ou irritabilidade. acumulação de líquidos com insuficiência respiratória.
Dengue sem sinais de alarme, Dengue sem sinais de alarme, com sangramento de pele • Sangramento grave.
sem condição especial, sem risco espontâneo (petéquias) ou induzido (prova do laço positiva), • Aumento progressivo do hematócrito.
• Comprometimento grave de órgãos.
social e sem comorbidades e/ou com condições clínicas especiais, ou com risco social
ou com comorbidades.

Iniciar hidratação dos pacientes de imediato de acordo com a classificação, enquanto aguarda exames laboratoriais.
Hidratação oral para pacientes dos grupos A e B, enquanto aguarda avaliação médica. Hidratação venosa para pacientes dos grupos C e D.

Acompanhamento
Acompanhamento Acompanhamento Acompanhamento Acompanhamento
Ambulatorial Em leito de observação até resultado Em leito de internação até estabilização - mínimo 48 h Em leito de UTI até estabilização - mínimo 48 h
de exames e reavaliação clínica.
Exames complementares

Atenção! Pacientes idosos ou na presença de comorbidades (como cardiopatias e insuficiência renal) precisam de adequação dos volumes caso a caso, evitando sobrecargas de volume.
• Obrigatórios: hemograma completo, dosagem de albumina sérica e transaminases.
Exames complementares Exames complementares • Recomendados: rx de tórax (PA, perfil e incidência de Laurell) e USG de abdome.
Atenção! Consultar o Manual do Ministério da Saúde para conduta em condições clínicas especiais (cardiopatas e hipertensos, usuários de anti-agregantes e anticoagulantes).

A critério médico Hemograma completo: obrigatório • Outros exames conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma.
• Exames específicos para confirmação de dengue são obrigatórios mas não são essenciais para conduta clínica.

Conduta Conduta Conduta Conduta


Hidratação oral Hidratação oral (conforme Grupo A) Iniciar reposição volêmica imediata (10 ml/kg Reposição volêmica (adulto e criança). Iniciar
até o resultado dos exames. de soro fisiológico na primeira hora), em imediatamente fase de expansão rápida parenteral,
Adulto: 60 ml/Kg/dia, sendo qualquer ponto de atenção, independente do com soro fisiológico a 0,9% a 20 ml/kg em até 20 min,
nível e complexidade, mesmo na ausência de em qualquer nível de complexidade, inclusive durante
1/3 com sais de reidratação oral exames complementares. eventual transferência para uma unidade de referência,
e no início com volume maior. mesmo na ausência de exames complementares.
Para os 2/3 restantes, orientar
a ingestão de líquidos caseiros Reavalição clínica após 1 h
(água, suco de frutas, soro Reavaliação
caseiro, chás, água de coco etc.) Hematócrito normal Hemoconcentração Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e hematócrito
ou sinais de alarme Conduta (Adultos e crianças)
Tratamento ambulatorial após 2 h.A reavaliação deve acontecer após
Após uma hora: reavaliar o paciente (sinais cada etapa de expansão. Estes pacientes
Crianças (< 13 anos): Conduzir como vitais, PA, avaliar diurese - desejável 1 necessitam ser continuamente monitorados.
< 10 Kg: 130 mil/kg/dia, grupo C ml/kg/h).Manter hidratação IV 10 ml/kg/h
de 10 a 20 kg: 100 ml/kg/dia, (soro fisiológico) na segunda hora, até
avaliação do hematócrito (que deverá ocorrer Melhora clínica e de hematócrito. Retornar
> 20 kg: 80 ml/kg/dia. em até duas horas da reposição volêmica). para fase de expansão do Grupo C

Reavaliação clínica e laboratorial após 2 h Resposta inadequada caracterizada pela persistência


do choque. Avaliar hematócrito.
Melhora clínica e laboratorial. Sinais vitais e
PA estáveis, diurese normal e queda do Hematócrito em elevação Hematócrito em queda
hematócrito
Importante Alta Persistência
Utilizar expansores plasmáticos
Os sinais de alarme e Retorno diário para SIM NÃO (albumina 0,5 - 1 g/kg); preparar do choque
agravamento do quadro reavaliação clínica e solução de albumina a 5% (para
costumam ocorrer na fase de laboratorial (até 48 horas cada 100 ml desta solução, usar 25
remissão da febre. após a remissão da Sem melhora do hematócrito ou ml de albumina a 20% e 75 ml de SF
febre). dos sinais hemodinâmicos a 0,9%); na falta desta, usar coloides NÃO SIM
Retorno Manter hidratação oral. sintéticos a 10 ml/kg/hora.
Imediato na presença de sinais e • Repetir fase de expansão até tres
vezes.
alarme ou no dia da melhora da • Manter reavaliação clínica (sinais vitais,
febre (possível início da fase PA e diurese) após 1 h e de hematócrito
crítica); caso não haja em 2 h (após conclusão de cada etapa). Investigar hemorragia e
defervescência, retornar no 5º *Condições clínicas especiais e/ou risco • Sem melhora clínica e laboratorial, coagulopatia de consumo.
social ou comorbidades: lactentes (< 24 conduzir como grupo D.
dia de doença. Entregar cartão meses), gestantes, adultos > 65 anos, hipertensão Se hemorragia, transfundir
de acompanhamento da dengue. arterial ou outras doenças cardiovasculares concentrado de hemácias
graves, diabetes mellitus, doença pulmonar Melhora clínica e laboratorial após a(s) Com resolução do (10 a 15ml/kg/dia). Se
obstrutiva crônica (DPOC), asma, obesidade, fase(s) de expansão choque, ausência de coagulopatia, avaliar a
doenças hematológicas crônicas, doença renal sangramento, mas necessidade de uso de
Iniciar a fase de manutenção com soro com surgimento de plasma fresco (10ml/kg).
crônica, doença ácido péptica, hepatopatias e fisiológico
doenças autoimunes. outros sinais de Vitamina K endovenosa e
Primeira fase: 25 ml/kg em 6 horas. Se gravidade, observar: criopecipitado (1U para
houver melhora, iniciar segunda fase. • Sinais de desconforto cada 5 - 10 kg). Transfusão
Esses pacientes podem apresentar evolução Segunda fase: 25 ml/kg em 8 horas
desfavorável e devem ter acompanhamento respiratório, ICC e de plaquetas apenas nas
diferenciado. investigar seguintes condições:
hiperhidratação. sangramento persistente
Critérios de Alta • Tratar com não controlado, depois de
Paciente precisa preencher todos os cinco diminuição importante corrigidos os fatores de
critérios a seguir: da infusão de líquido, coagulação e do choque, e
• Estabilização hemodinâmica durante 48 horas. uso de diuréticos e com trombocitopenia e INR
• Ausência de febre por 24 horas. drogas inoctrópicas, > que 1,5 vez o valor
• Melhora visível do quadro clínico. quando necessário. normal.
• Hematócrito normal e estável por 24 horas.
• Plaquetas em elevação.
Se resposta adequada, tratar como grupo C
Retorno
Após preencher critérios de alta, o retorno Interromper ou reduzir a infusão de líquidos à
para reavaliação clínica e laboratorial segue velocidade mínima necessária se:
orientação, conforme grupo B. • Houver término do extravasamento plasmático;
Preencher e entregar cartão de • Normalização da PA, do pulso e da perfusão periférica;
acompanhamento. • Diminuição do hematócrito, na ausência de
sangramento.
• Diurese normalizada.
• Resolução dos sintomas abdominais

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança – 6. ed. [recurso eletrônico] /
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2024.80 p.: il

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