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sumário | expediente

Planejando
04 O que você precisa saber antes
de abrir a sua empresa
10 MEI: da abertura simplificada
às obrigações cotidianas

Aprofundando
14 Cinco dúvidas respondidas sobre o capital
social da empresa
16 A tributação no dia a dia do seu negócio

Estruturando
20 A escolha da assessoria contábil
23 O processo de abertura

Gerindo
27 Para seguir crescendo
28 Faça a sua parte
31 No controle das finanças

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editorial

Olá,
Estamos honrados por poder participar
de um momento tão significativo para
você: a abertura de sua empresa.
Nós também somos empresários e
sabemos que a decisão de iniciar um
novo negócio é coisa séria, principal-
mente porque ela acalenta muitos de
nossos sonhos e esperanças.
A viabilidade de seu empreendimento
está diretamente ligada às suas ações
iniciais. É essencial começar certo e não
queimar etapas importantes, como a
elaboração de um bom planejamento
operacional e financeiro.
Por isso, preparamos este material
especialmente para auxiliá-lo nessa ta-
refa. Nele você encontrará a informação
de que necessita para empreender: des-
de as orientações para planejar seu ne-
gócio, passando por noções de tribu­
tação e pelos trâmites necessários para
abertura da firma, até os primeiros pas-
sos a serem dados quando a empresa
começar a funcionar.
Esperamos que você o leia e que ele
possa ajudá-lo a ter muito sucesso nessa
caminhada que está iniciando agora.
Afinal, como disse Louis Pasteur, “a sorte
favorece a mente bem preparada”.
Esteja certo de que estaremos ao seu
lado para orientá-lo e dar-lhe todo o su-
porte de que precisar.
Conte sempre conosco.

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O que você precisa saber antes


de abrir a sua empresa

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Da definição do melhor regime tribu­ Swot ou Fofa (forças, oportunida­


tário à escolha do local onde a empre- des, fraquezas e ameaças), uma fer-
sa vai funcionar, passando pela com- ramenta que vai ajudar a avaliar
posição da sociedade, é preciso estar os fatores internos e externos que
atento a inúmeros detalhes antes de podem impac­tar seu negócio. Com
lançar seu produto ou serviço no mer­ isso, você terá subsídios mais con-
cado. Confira, a seguir, alguns deles. cretos para tomar decisões, agora
e quando a empresa já estiver fun­
Elaborar um plano de negócios cionando, o que ajuda a minimizar
é passo fundamental erros na operação.
O documento deve descrever os
obje­tivos que se deseja alcançar com Ramo de atividade é definido pelo
o ne­gócio e de quais estratégias será tipo de produto ou serviço vendido
pre­ciso lançar mão para chegar até Na própria elaboração do plano de
eles, assumindo o mínimo possível negócios, é necessário definir em
de riscos. Durante a elaboração do que setores da economia a atividade
plano, o empreendedor deve fazer produtiva da sua empresa se encai­
uma pesquisa aprofundada sobre o xa: agropecuária, indústria, comér­
segmento em que pretende atuar, o cio ou prestação de serviços.
mercado consumidor, os possíveis for­ • A agropecuária envolve as atividades
necedores, etc. Esse estudo é essen­ voltadas à produção de vegetais, à
cial para obter sucesso nas etapas criação e/ou tratamento de animais.
posteriores. Afinal, será possível pre- Alguns exemplos são cultivo de soja,
ver problemas e desafios antecipa­ apicultura e criação de gado.
damente, baseando-se em dados obje­ • No ramo da indústria, a principal fi­
tivos. Na prática, o plano de negócios nalidade é transformar matérias-pri­
é uma análise da viabilidade da em- mas em produtos acabados, utilizan­
presa e, para tanto, deve ajudar a res­ do máquinas ou não. Nesse grupo
ponder às seguintes perguntas: estão as empresas que fabricam mó­
• O que é o negócio? (nome, missão, veis, autopeças, as confecções de
setor de atividade, forma jurídica, roupas, entre outras.
enquadramento tributário, etc.) • O comércio se caracteriza pela ven­
• Quais os principais produtos e/ou da de mercadorias diretamente ao
serviços que a empresa vai ofere­ consumidor ou a outra empresa.
cer ao mercado? Podem ser lanchonetes, lojas de rou­
• Quem serão seus principais clientes? pas, de carros, etc.
• Onde ficará a empresa? • Já as organizações voltadas à pres­
• Quanto capital será preciso investir? tação de serviços, em vez de entre­
• Qual será o faturamento mensal pro­ ga­rem mercadorias, oferecem o pró­
jetado? E o lucro? Em quanto tempo ­prio trabalho ao consumidor final
o capital investido deverá retornar? ou a outra empresa. É o que acontece
Outro ponto que deve constar do com uma escola ou uma agência de
seu planejamento inicial é a matriz marketing, por exemplo.

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Atividade econômica também ­ Previdência Social. No entanto,


a
precisa ser definida para continuar nessa categoria de
Todos os tipos de empresas precisam empresa, o faturamento anual não
ter suas atividades padronizadas de pode ultrapassar R$ 81 mil. Outro
acor­do com a Classificação Nacional de ponto fundamental é avaliar se a
Atividades Econômicas (CNAE). Para atividade exercida é permitida nesta
consultá-la, basta acessar: www.cnae. categoria. Caso não exista a opção,
ibge.gov.br. Encontrar a atividade mais será necessário optar por outra mo­
adequada ao seu negócio é funda- dalidade, que, normalmente, será
mental para garantir que a empresa Empresário Individual ou Sociedade
tenha o enquadramento tribu­tário cor­ Limitada Unipessoal.
reto (algumas atividades não podem • Empresário Individual (EI) – tam­bém
ser enquadradas no regime Sim­ples é uma qualificação atribuída à pes­
Nacional, por exemplo), além de be- soa física que trabalha por conta pró­
nefícios e abonos relacionados ao per­ pria. A principal diferença em re­la­
fil de atividades (como incen­tivos fis- ção ao MEI é que, se a empresa for
cais específicos). No caso do Simples enqua­drada no Simples Nacional (veja
Nacional, é a CNAE que vai estabele- tó­pi­c o sobre regime tributário na
cer a alíquota a que a empresa esta­ página 7), pode ter faturamento anual
rá sujeita. Outro detalhe importante de até R$ 360 mil para ser consi­
é que a CNAE delimita as operações derada Microempresa (ME) e de até
que a empresa pode realizar. É por R$ 4,8 milhões para ser considera­
isso que algumas organizações deci- da Em­presa de Pequeno Porte (EPP).
dem trabalhar com uma CNAE princi- Nesse caso, se houver dívidas, o pa­
pal e outras secundárias. Nessa deci- trimô­nio pessoal do empresário pode
são estratégica, é importante con­tar ser utilizado pela justiça para sa­ná-
com o apoio de um contador, que in- las, pois o capital pessoal e o da em­
dicará as melhores opções. presa são unificados.
Obs.: Os limites de faturamento do
Qualificação jurídica determina MEI, da ME e da EPP, definidos por
a responsabilidade do empresário lei, são alterados ocasionalmente.
Essa qualificação vai definir a ma- • Sociedade Limitada Unipessoal (SLU)
neira pela qual a empresa será trata- – é o regime que substituiu a Em­
da pelo governo e, também, a forma pre­sa Individual de Responsabili­
como se relacionará juridicamente da­d e Limitada (Eireli). A modali­
com terceiros, sejam clientes, sejam da­de societária SLU foi instituída
fornecedores. As formas jurídicas pela Lei nº 13.874/19, que alterou
mais comuns são: o art. 1.052 do Código Civil (Lei
• Microempreendedor Individual (MEI) nº 10.406/02). Trata-se de uma qua­
– indicada para a pessoa que traba­ lificação mais benéfica do que a Eireli,
lha por conta própria. O empresário que exigia um capital social de cem
enquadrado como MEI pode ter CNPJ, salários mínimos para abertura. Em
emitir notas ficais e contribuir para 2021, a Lei nº 14.195/21, extinguiu

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de acionistas e respondem pe­


la empresa (inclusive por suas
dívidas) de acordo com o mon­
tante do valor de ações adqui­
ridas ou subscritas.
• Organização não Governa­
men­­­­tal (ONG) – diferentemen­
te das empresas, não possui fins
lucrativos, além de se carac­­­te­
rizar por uma atuação em no­
me de interesses públicos e não
pes­soais (de um empresário ou
de um grupo de sócios). Porém,
a Eireli, transformando as empresas para ser reconhecida oficial e le­gal­
enquadradas nesse formato em socie­ mente, a ONG precisa ser qualifica­
dades limitadas unipessoais. Na SLU da como Organização da Sociedade
não há exigência mínima para o ca­ Civil de Interesse Público (Oscip).
pital social e o patrimônio do em­ Nessa con­­dição, ela pode estabele­
preen­dedor não se confunde com o cer parcerias e receber doações de
da empresa. Assim, esse formato governos ou mesmo de empresas.
assegura o mesmo tipo de proteção
patrimonial oferecida pela socieda­ Enquadramento tributário
de limitada, sem a necessidade de ter correto é essencial
mais de um sócio. Quanto ao porte e Em geral, as empresas são classifi-
enquadramento, a SLU pode ser en­ cadas de acordo com o porte e o fa-
quadrada no Simples Nacional como turamento anual em: microempresa,
ME, caso o faturamento anual não pequena, média e grande. É impor-
ultrapasse R$ 360 mil, ou EPP, com tante que estejam enquadradas cor-
receita anual de até R$ 4,8 milhões. retamente para que sejam recolhidos
• Sociedade Limitada – empresa cons­ todos os impostos devidos, prevenin­
tituída por, no mínimo, dois sócios. do, assim, problemas com a Receita e,
Nesse caso, todos respondem pelo ao mesmo tempo, evitando que o em­
capital social e pelas dívidas con­ presário pague tributos dispensáveis,
traídas, conforme o valor das cotas o que representaria um prejuízo. Veja
integralizadas. No entanto, caso o infográfico na página 8.
ocorra falência ou fechamento da No Brasil, há três tipos de regimes
empresa, o patrimônio pessoal de tributários mais comuns, aplicados a
cada sócio permanece protegido. empresas de todos os portes: Simples
• Sociedade Anônima (S.A.) – é a em­ Nacional, Lucro Presumido e Lucro
presa de atuação coletiva, for­­mada Real (veja matéria na página 16). É
por dois ou mais sócios, cujo capital importante que a escolha seja feita
social está dividido em ações. Nes­ com apoio do contador, pois a me-
se formato, os sócios são cha­ma­­dos lhor alternativa para cada empresa

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Enquadramento tributário

Porte > ME EPP Média Grande


v v v v
Entre 360 mil Superior Superior
Faturamento > Até 360 mil/ano
e 4,8 milhões/ano a 4,8 milhões/ano a 300 milhões/ano
v v v v
Tributação > Simples Lucro presumido ou lucro real

pode variar de acordo com o ramo de Importante


atividade, o faturamento, o valor das Cônjuges podem ser sócios apenas
despesas operacionais, entre outros se não forem casados em regime de
fatores. É fundamental realizar, por- comunhão ou separação universal de
tanto, uma análise cuidadosa antes bens. Antes de estabelecer a socieda-
de tomar a decisão. de, no entanto, convém registrar em
contrato as obrigações das partes em
Sócios devem ser escolhidos
caso de separação, para que a disso-
com critério
lubilidade do casamento não inviabi-
Para os empresários que vão atuar lize a continuidade das operações da
com um ou mais parceiros de negócios, empresa.
definir com quem será celebrada a socie­
dade é outro ponto importante. Alguns Contrato social formaliza
tópicos merecem uma reflexão mais a sociedade
demorada, que pode ser iniciada a par­ Uma vez definido o perfil societário
tir de perguntas orientadoras como: da empresa e o acordo entre os só-
• Os sócios têm os mesmos propósitos cios, o próximo passo é confeccionar
para o negócio? o contrato social, que é o documento
• Quais as tarefas que serão desem­ mais importante da empresa, análo-
penhadas por cada um e qual será o go ao CPF para as pessoas físicas. O
grau de autonomia individual? documento é requerido para a aber-
• Há consenso sobre pontos que cos­ tura de conta jurídica, para a obten-
tu­m am ser críticos, como o valor ção de crédito e até mesmo para a
da remuneração, a distribuição dos emissão de notas fiscais ou de outros
lucros, a possibilidade de contratar documentos que fazem parte do dia
familiares como funcionários, etc.? a dia da organização.
• O futuro sócio apresenta algum tipo O contrato deve especificar o obje-
de pendência junto a órgãos como a tivo da empresa, as atividades exer-
Re­ceita Federal, a Secretaria da Fazen­ cidas, a descrição das bases em que
da estadual e a Previdência Social? É foi estabelecida a sociedade e a divi-
válido salientar que restrições desse são das cotas, entre outros pontos. É
tipo podem impedir a abertura da em­ possível obter um modelo com a Jun-
presa ou mesmo prejudicar o relacio­ ta Comercial do Estado onde a em-
namento com fornecedores e bancos, presa atua. No entanto, a análise de
dificultando o acesso ao crédito. um especialista e a confecção de um

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documento personalizado de acordo algumas questões precisam ser ana-


com a realidade de cada organização lisadas, qualquer que seja a natureza
são altamente recomendáveis. do negócio. Se o imóvel for alugado,
Atualmente, a abertura e o registro por exemplo, é preciso que o contra-
de empresas estão mais simplifica- to seja avaliado em detalhes e que
dos. Iniciativas como o Balcão Único, as condições de pagamento sejam
sistema que facilita todos os proces- compatíveis com as despesas previs-
sos que precisam ser realizados para tas para este fim. Também é preciso
a formalização de novos negócios, solicitar ou verificar as licenças de
oferecem um formato de contrato so- funcionamento (como Licença Prévia
cial padronizado. O documento é ela- de Funcionamento e Vigilância Sani-
borado a partir das informações bási- tária, Licença Ambiental, Vistoria do
cas da empresa e dos dados pessoais Corpo de Bombeiros) compatíveis e
dos sócios. O procedimento pode ser obrigatórias, de acordo com o tipo
feito online, sem a necessidade de de imóvel e com a atividade que será
certificado digital. exercida no local.
Embora o contrato social possa ser Em relação à localização, o ideal é
elaborado de forma rápida e simples visitar o ponto pelo menos três vezes,
por meio do Balcão Único, é impor- em horários alternados, para verifi-
tante lembrar que o documento emi- car o movimento de pessoas e de veí­
tido será muito básico. Dessa forma, culos, as condições de segurança e
é possível que ele não reflita adequa- até os serviços disponibilizados nas
damente aspectos fundamentais do proximidades, como a oferta de esta-
negócio, sobretudo em relação à so- cionamentos, por exemplo.
ciedade. Por isso, pode não oferecer No caso de empresas de comércio
a proteção que os sócios esperam. ou serviço, é essencial verificar o
O ideal é que o contrato social seja potencial de mercado, a presença de
personalizado e desenvolvido com o con­correntes, a legislação de zonea-
apoio de profissionais, como con­ mento urbano, a infraestrutura de
tadores e advogados. Além disso, transportes públicos, a facilidade de
todas as cláusulas devem estar de acesso e o fluxo de tráfego da via,
acordo com a legislação mais atual entre outros pontos importantes.
para evitar prejuízos futuros aos só- Já para as indústrias, a proximida-
cios e à empresa. de de fornecedores e dos principais
consumidores, a disponibilidade de
Ponto deve ser estratégico mão de obra qualificada, a oferta de
Dependendo do ramo de atividade, serviços públicos (de energia elétrica,
a escolha do local pode interferir bas- por exemplo), as condições climáticas,
tante nos resultados que serão alcan- os incentivos econômicos e fiscais
çados. No caso de um imóvel para o oferecidos pelo governo local e até a
comércio, por exemplo, as instalações legislação sobre a utilização do solo
têm papel preponderante no sucesso são fatores que podem pesar muito
ou fracasso do empreendimento. Mas mais no momento da escolha.

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MEI: da abertura simplificada


às obrigações cotidianas
O Microempreendedor Individual específicas, como normas sanitá-
(MEI) é uma modalidade de empresa rias para quem atua com alimen­
que foi criada em 2008 para forma­ tos, por exemplo. Dependendo da
lizar a atividade de trabalhadores área de atuação, também pode ha-
autônomos e pequenos empresá- ver regulações estabelecidas por
rios. Com um processo de abertura conselhos profissionais.
simpli­ficado e menos burocrático, O MEI não está livre de fiscaliza-
passou a ser uma opção vantajosa ções e pode ser multado caso não
para quem quer empreender. De cumpra suas obrigações. Por isso,
acordo com o Portal do Empreen- contar com a assessoria de um con-
dedor, o Brasil chegou à marca de tador é uma boa prática e pode evi-
15 milhões de MEIs em abril de 2023. tar inconformidades, assim como
Apesar do processo facilitado, custos excessivos. A seguir, os as-
exis­tem questões que exigem aten- pectos que você precisa levar em
ção na hora de abrir o MEI. Além conta ao se formalizar como MEI.
disso, a partir da formalização, o
microempreendedor terá uma sé­ Quais são os principais requisitos
rie de obrigações a cumprir e deve para ser MEI?
conhecer as legislações relaciona- A adesão ao MEI está condicio­
das à sua atividade. Existem ocu­ na­da a uma série de critérios, sen-
pações que estão sujeitas a regras do os principais:

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• limite de faturamento: o MEI de­ CPF, RG e comprovante de residên-


ve ter um faturamento anual de cia. Além disso, o MEI não precisa
até R$ 81 mil, o que equivale a de um contador para rea­lizar a aber­
uma média mensal de R$ 6,75 mil tura. Entretanto, é re­comendado que
– essa quantia pode ser amplia­ busque o apoio desse especialista
da periodicamente; para esclarecer suas dúvidas. Vale
• atividades permitidas: algumas lem­brar que o empreendedor deve
o­c u­p ações não podem ser en­ compreen­der todas as exigências
quadradas no MEI, por isso é pre­ relativas à sua atividade.
ciso verificar se a sua atividade
está entre as que são permitidas Quais são os benefícios do MEI?
pela legislação; Além da abertura simplificada,
• participação empresarial: o MEI a modalidade MEI prevê os seguin-
não pode ser titular, sócio ou admi­ tes benefícios:
nis­trador de outra empresa; • baixo custo: o MEI possui uma carga
• contratação: atualmente, só é per­ tributária reduzida, pagando apenas
­­mitido ao MEI contratar um fun­ um valor fixo mensal de tributos;
cio­­nário, com remuneração limi­ • acesso ao crédito: a formalização
tada ao piso da categoria ou ao possibilita que o MEI acesse linhas
salário mí­ni­mo vigente. Nesse ca­ de crédito com condições espe­ciais,
so, o MEI tam­­bém precisará aderir como o microcrédito;
ao eSocial, sis­­tema eletrônico do • benefícios previdenciários: o mi­
governo federal para prestação croempreendedor tem garanti­
de informações rela­c io­n adas às dos direitos previdenciários, como
obrigações traba­lhis­tas. apo­­­sentadoria por idade ou inva­
É importante destacar que, além li­dez, salário-maternidade e auxí­
des­ses requisitos, o MEI deve cum- lio-doen­ça, desde que cumpra os
prir com suas obrigações fiscais e requi­si­tos exigidos;
tributárias, como emissão de notas • participação em licitações: o MEI
fiscais, pagamento de impostos e pode participar de licitações públi­
contribuições previdenciárias e ma- cas e vender seus produtos ou ser­
nutenção da documentação em dia. ­vi­ços para órgãos governamentais.

A abertura do MEI pode ser Quais são as principais obrigações


feita online? que o MEI precisa cumprir?
Sim, a inscrição no MEI pode ser fei­ Depois da abertura, o MEI terá
ta pela Internet, por meio do Portal do que cumprir algumas obrigações
Empreendedor (www.gov.br/empresas para manter o negócio regulariza-
-e-negocios/pt-br/empreendedor). do e assegurar os benefícios cita-
O processo é gratuito e exige apenas dos an­teriormente. Entre as exigên-
alguns documentos básicos, como cias, destacam-se:

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• pagar tributos: a partir da for­ma­ restante do ano. Em janeiro do ano


lização, o MEI deve pagar men­sal­ seguinte, emitirá um DAS relativo
mente o Documento de Arre­cada­ ao faturamento exceden­t e. Se o
ção do Simples Nacional (DAS), uma faturamento ultrapassar esse per­
guia de recolhimento que uni­fica centual, a mudança de enqua­dra­
os tributos que o empreende­dor mento deve ser imediata, do con­
deve pagar; trário terá de pagar os impostos
• emitir nota fiscal: o MEI é obriga­ retroativos, com multas e juros.
do a emitir nota fiscal ao prestar Consulte um contador se as suas
serviços ou vender produtos para receitas estiverem perto de atingir
outras empresas. No caso de clien­ ou já estiverem acima dos limites
tes pessoas físicas, deve emitir o previstos. Além disso, o empreen­
documento sempre que for soli­ci­ dedor também precisa calcular
tado. Para a emissão de notas fis­ as despesas para informá-las na
cais, o MEI pode precisar de certi­ declaração anual;
ficado digital, dependendo do tipo • cumprir outras exigências le­
de nota a ser emitida e das regras gais: é dever do MEI agir de acor­
de cada município; do com regras que se aplicam às
• declarar o faturamento: anual­ empre­sas ou que sejam espe­cífi­
men­te, o MEI deve declarar seu fa­ cas da atividade, como, por exem­
tura­mento bruto do ano anterior à plo, normas de segurança e saúde
Re­ceita Federal; no trabalho.
• manter a documentação em dia:
o controle das informações é outra O que é o DAS e qual é o valor
obrigação do MEI, que deve man­ de recolhimento?
ter em dia todos os documentos e O DAS é uma guia de recolhimen-
registros relativos ao negócio, co­ to tributário que deve ser paga men­
mo certificados e comprovantes de salmente pelo MEI. O documento
pagamento de impostos; engloba todos os custos que o em-
• acompanhar as finanças: como preendedor precisa arcar com as
as receitas do MEI são limitadas a contribuições previdenciárias do
R$ 81 mil, é indispensável manter INSS (Instituto Nacional do Seguro
o controle sobre o faturamento, Social) e com o Imposto sobre Cir-
pois, caso supere esse valor, dei­ culação de Mercadorias e Serviços
xará de ser microempreendedor e (ICMS), para atividades relaciona-
passará a ser microempresa ou das ao comércio de produtos, ou
empresa de pequeno porte. Caso com o Imposto Sobre Serviços de
supere o limite de faturamento em Qualquer Natureza (ISS), na presta-
até 20%, haverá a mudança de ção de serviços.
enquadramento, mas ele poderá A guia tem um valor fixo mensal.
continuar pagando o DAS pelo Saiba como os valores são calculados:

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planejando

Tributos pagos Valores de referência Setores

INSS (Previdência) 5% do salário mínimo Obrigatório para todas as ocupações

Cobrado apenas das atividades relacionadas


ICMS R$ 1,00 ao comércio, indústria e transporte entre
Estados e municípios

Pago somente pelos MEIs que atuam com


ISS R$ 5,00
prestação de serviços

O DAS pode ser gerado no Portal idade, para as mulheres. Já a apo-


do Empreendedor e é importante sentadoria por invalidez contem-
que o MEI mantenha os pagamentos pla a pessoa inscrita no MEI que
em dia. Caso não esteja cumprindo seja considerada permanentemen-
com essa obrigação, o microem- te incapaz para o trabalho. Para
preendedor pode perder o direito tanto, é necessário que tenha con-
aos benefícios previdenciários. tribuído para o INSS por pelo menos
Enquanto o MEI estiver ativo, o 12 meses (carência).
DAS deverá ser pago e, caso haja O cálculo da aposentadoria po­
inadimplência, o microempreende- de contemplar contribuições ante-
dor pode ser inscrito na dívida ativa. riores à adesão ao MEI, caso que
Por isso, o encerramento da ativida­ abrange pessoas que já vinham
de deve ser realizado quando não contribuindo para a Previdência,
há mais interesse em manter o ne- por meio de relação formal de tra-
gócio em funcionamento. balho, por exemplo. Nessa situa-
ção, o valor do benefício pode ser
Como funciona a aposentadoria superior a um salário mínimo. No
pelo MEI? entanto, se for considerado ape-
O MEI tem direito à aposentado- nas o pagamento mensal do DAS,
ria por idade e por invalidez, desde a aposentadoria ficará limitada ao
que cumpra os requisitos estabele- piso nacional vigente.
cidos pela Previdência Social e que Para o MEI que quer se aposentar
esteja em dia com as contribuições mais cedo ou com um valor de be-
mensais (DAS) e com a declaração nefício superior, é possível comple-
anual de faturamento. mentar a contribuição mensal de
A aposentadoria por idade é con- 5% com mais 15% sobre o salário
cedida ao MEI que tiver contribuí­ mínimo. O Portal do Empreendedor
do para o INSS por pelo menos orienta a consulta ao INSS para ava-
240 meses (20 anos) e que tenha liar a situação específica de cada
completado 65 anos de idade, ca­ contribuinte. As informações podem
so seja homem, ou pelo menos ser obtidas na Central 135 ou no
180 meses (15 anos) e 62 anos de site meu.inss.gov.br.

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aprofundando

Cinco dúvidas
respondidas sobre
o capital social
da empresa

Estimar corretamente esse inves- de equilíbrio (quando as entradas


timento e o valor necessário para se igualam às saídas de capital).
manter sua empresa funcionando Quando há vários sócios, cada um
nos primeiros meses de vida é es- deles pode injetar valores desiguais
sencial para a continuidade da ope- na empresa. No entanto, o recebi-
ração. Saiba mais. mento do pró-labore e da distri­
buição de lucros também ocorre de
O que é o capital social? forma proporcional, considerando
É o patrimônio líquido do negó- as cotas de cada um. Da mesma
cio, que precisa ser definido já no forma, os ônus ou as responsabi­
momento de sua abertura, e que lidades dos sócios poderão variar
deve ser levantado pelos proprie­ proporcionalmente. O importante é
tários. Estamos falando não apenas que tudo o que foi acordado cons-
de dinheiro em espécie, mas de te, explicado em detalhes, do con-
equipamentos, ferramentas e até trato social.
tecnologia que possam ser trazidos
e/ou implementados por um ou Como chegar ao valor ideal?
mais sócios. Esses recursos vão A definição desse montante é uma
ajudar a sustentar a empresa até das etapas mais importantes do de-
que ela tenha uma carteira de clien- senvolvimento do plano de negócios.
tes sólida e consiga atingir o ponto E é imprescindível que seja estimado

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aprofundando

de acordo com dados objetivos, Mesmo depois das primeiras ven-


con­­si­derando o cálculo prévio dos das de produtos e serviços, é preci-
custos operacionais e o capital de so manter um capital de giro míni-
giro necessário para manter a em- mo, pois o prazo de pagamento dos
presa aberta mesmo que ela não clientes pode ser diferente do prazo
registre nenhuma entrada nos pri- de pagamento a fornecedores e ou-
meiros me­ses. Também é importan­ tras despesas necessárias à manu-
te estudar o mercado e o segmen- tenção da estrutura e da operação.
to, utilizando as experiências de Nesse possível intervalo entre a en-
outras empresas para aproximar trega ao cliente e o recebimento do
essa projeção da rea­lidade o máxi- valor devido, a empresa precisa se
mo que for possível. sustentar com seus próprios recur-
sos para manter o equilíbrio finan-
Qual deve ser a fonte ceiro. Assim, quanto mais prazo seu
desse capital? cliente tiver para pagar e quanto
Ele pode ser levantado pelos só- maior a representatividade das ven-
cios, a partir da transferência para das parceladas no seu faturamento,
a empresa de parte de seus patri- mais recursos financeiros a empre-
mônios. Mas também é possível con­ sa precisa ter para sobreviver. Afinal,
seguir recursos com investidores se o dinheiro não estiver disponível
ou via empréstimo, junto a institui- quando ocorrerem os débitos refe-
ções financeiras. rentes às despesas do negócio, será
preciso pagar juros ou tomar em-
Capital social e capital de giro
préstimos para cobrir esses valores.
são a mesma coisa?
O capital social compreende o ca- Qual é a melhor forma de ampliar
pital de giro, mas também outros o capital de giro?
investimentos necessários ao fun- O primeiro passo é manter um con­
cionamento da empresa, como os trole detalhado do fluxo de caixa
pré-operacionais – que precisam es­ – acompanhar, dia a dia, as despe-
tar disponíveis para serem aplicados sas e os pagamentos recebidos.
em reformas do imóvel, despesas Tam­bém é importante saber qual é
com a legalização e o registro da o lucro da empresa – o que realmen­
organização, etc. O capital de giro te fica e pode ser direcionado a in-
é composto pelos recursos alocados vestimentos. Reduzir custos e des-
no estoque, no caixa ou mesmo na pesas, otimizar o estoque, negociar
conta bancária da empresa e preci- prazos mais estendidos de paga-
sa ser suficiente para cobrir os cus- mento com fornecedores e incen­
tos diários da operação enquanto tivar os clientes a pagarem à vista
não ocorrerem entradas – vendas de são outras estratégias eficientes para
produtos e serviços. alcançar esse propósito.

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aprofundando

A tributação no dia a dia


do seu negócio
O Brasil tem as mais altas cargas Simples Nacional devido à li­m i­
tributárias do mundo. De qualquer tação nas trans­ferências dos cré­
forma, se a decisão é empreender, ditos tributários).
é preciso estar preparado para lidar A tributação das empresas enqua­
com tantos impostos e para arcar dradas nesse regime é definida em
com todos os seus compromissos. cinco anexos, que variam conforme
Conhecer os regimes de tributa- a área de atuação.
ção mais comuns no país é essen- Lucro presumido: nesse sistema,
cial para chegar ao que melhor se o pagamento do Imposto sobre a
adéqua ao seu negócio. Fazer a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da
escolha correta é condição para Contribuição Social sobre o Lucro
se beneficiar da isenção de alguns Líquido (CSLL) está vinculado à mar-
tributos sem contrair problemas gem de lucro pré-fixada. Assim, a
com o fisco. apuração desses impostos acaba
Três modelos de tributação são sendo simplificada, variando as alí-
mais utilizados: quotas para esses dois impostos
Simples Nacional: as empresas entre 8% (para atividades voltadas à
que se enquadram nesse grupo indústria e comércio) e 32% (para
contam com um regime diferen­ prestação de serviços). Esse é o re-
ciado de recolhimento de tributos, gime geralmente adotado por em-
menos burocrático, capaz de reunir presas que faturam até R$ 78 mi-
todas as obrigações em um único lhões por ano. Outros fatores que
documento, pago de uma só vez. indicam que o Lucro Presumido po­
Pode ser a melhor opção para mi- de ser a melhor alternativa:
cro e pequenas empresas, que fa- • Margens de lucro superiores às
turam até 4,8 milhões por ano, nas presumidas;
seguintes condições: • Custos operacionais baixos;
• Margens de lucros médias e altas; • Vendas de mercadorias com redução
• Custos operacionais baixos; da base de cálculo (incentivo fiscal).
• Gastos significativos com folha de Lucro real: nesse caso, para a apu­
pagamento; ­ração do IRPJ e da CSLL incidem alí-
• Transações com mercadorias não quotas de 15% e 9%, respectiva­men­
beneficiadas pela redução da base ­te. Além disso, é preciso pagar PIS,
de cálculo do ICMS; Cofins e outros tributos. Neste mo-
• Vendas a clientes finais (a ativi­ delo, leva-se em consideração o lu-
da­de de comércio atacadista e a cro contábil apurado pela pessoa
indús­tria podem ter prejuízos no jurídica. Normalmente, é vantajoso

16
aprofundando

para empresas que possuem margem • Faturamento acima de R$ 78 mi­


de lucro menor que 32% e é obriga- lhões por ano.
tório para alguns tipos de institui-
ções, como as de cunho financeiro. Obrigações fiscais
Veja, a seguir, algumas característi- Os impostos e as obrigações aces-
cas que podem indicar que o regime sórias – informações transmitidas
baseado no lucro real é o mais indi- pa­ra o governo para confirmar as
cado para a empresa: apurações dos impostos e o cumpri­
• Custos de operação alto com alu­ mento das demais exigências re­­la­
gueis, fretes, matérias-primas e cio­­­­nadas à empresa – variam con-
energia elétrica; forme o regime adotado. Veja, na
• Vendas de mercadorias que pos­ página 19, infográfi­co com as prin-
suem redução da base de cálculo cipais obrigações fiscais exigidas em
(incentivo fiscal); cada um deles.

Reavaliação anual é fundamental


Conforme evoluem o faturamento, o lucro, os custos operacionais e até o valor
da folha de pagamento da empresa, entre outros tantos fatores que se modificam
na dinâmica do negócio, o regime tributário também precisa ser atualizado.
A ideia é que o empresário consiga as melhores condições fiscais (incluindo
isenções, quando aplicáveis), transferindo o mínimo possível de recursos para
o pagamento de impostos, mantendo, claro, todas as obrigações com o fisco
rigorosamente em dia. Para isso, o acompanhamento de um contador é

17
aprofundando

fundamental. O profissional tem os é variável conforme o tipo de pro­


conhecimentos técnicos necessários duto ou serviço. No regime de
para avaliar todos esses fatores e substituição tributária, a respon­­
apoiar a decisão do empresário. sa­bilidade pelo pagamento do im­
pos­to é atribuída a um contribuinte
Conheça os principais tributos diferente do vendedor.
• Imposto de Renda Pessoa Jurí­ • Imposto sobre Serviços de Qual­
dica (IRPJ): é retido pelos clientes quer Natureza (ISSQN ou ISS):
no momento do pagamento das incide sobre a prestação dos ser­
fa­turas. Incide sobre o lucro da em­ vi­ços listados na Lei Complemen­
presa, com uma alíquota de 15%, tar nº 116/03. A alíquota varia
mais adicional de 10% sobre a entre 2% e 5%.
parcela do lucro que exceder o • Fundo de Garantia do Tempo de
montante mensal estipulado. Serviço (FGTS): é um tributo que
• Contribuição Social sobre o Lu­ incide sobre a renda de todo tra­
cro Líquido (CSLL): incide sobre balhador contratado pelo regi­me
o lucro real do negócio, com alí­ da Consolidação das Leis do Tra­
quota de 9%. balho (CLT), no valor de 8% sobre
• Contribuição para Financiamen­ o salário. A responsabilidade pelo
to da Seguridade Social (Cofins) depósito dessa soma é da empre­
e Programa de Integração Social/ sa, mas ela deve ser feita em no­
Programa de Formação do Pa­ me do empregado.
trimônio do Servidor Público • Previdência Social: compreende
(PIS/Pasep): também são retidos tan­to a contribuição previdenciária
pelos clientes no momento do pa­ descontada do empregado, que va­ria
gamento das faturas. Incidem so­ de 7,5% a 14%, quanto a contribui­
bre a receita bruta da empresa, ção previdenciária patronal. Essa
em geral, com alíquota combinada últi­ma é composta pela alíquota de
de 3,65% (3% de Cofins e 0,65% 20% sobre o total da folha de paga­
de PIS/Pasep). men­to, inclusive pró-labore; a alí­
• Imposto sobre Produtos Indus­ quo­­­ta do Seguro de Acidente de Tra­
tria­lizados (IPI): a tributação ocorre balho (SAT, variável entre 1% e 3%
no momento em que os produtos de acor­­do com o risco da atividade
saem da fábrica. As alíquotas va­ desem­pe­nhada); a alíquota de 11%
riam bastante por produto e, em inci­den­te sobre o pró-labore dos só­
geral, ficam entre 10% e 12%. cios; a alíquota devida a outras en­
• Imposto sobre Circulação de Mer­ ti­dades e fundos (também variá­vel
cadorias e Prestação de Serviços conforme a atividade desenvol­vida);
(ICMS): incide sobre produtos, da além das retenções obrigató­rias
mesma forma como o IPI, mas tam­ sobre o valor pago a contribuintes
bém sobre alguns serviços. O valor que presta­ram serviços à empresa.

18
aprofundando

Simples Lucro
Tributos Lucro Real
Nacional Presumido
Contribuição à Previdência Social (GPS ou DCTFWeb) 4 4 4
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) 4* 4 4
Contribuição Previdenciária Patronal (CPP) 4* 4 4
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 4* 4 4
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) 4 4 4
Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) 4* 4 4
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) 4* 4 4
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 4* 4 4
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN ou ISS) 4* 4 4
Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimô-
4* 4 4
nio do Servidor Público (PIS/Pasep)
* Unificados, por meio do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS)

Simples Lucro
Obrigações Acessórias Lucro Real
Nacional Presumido
Apuração do DAS 4
Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF)(1) 4 4
Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, Previdenciários
4 4 4
e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb)
Declaração de Informações Socioeconômicas (Defis) 4
Declaração de Substituição Tributária, Diferencial de Alíquota
4
e Antecipação (DeSTDA)
Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf) 4 4 4
Escrituração Contábil Digital (ECD) 4 4
Escrituração Contábil Fiscal (ECF) 4 4
Escrituração das notas como tomador de serviços 4 4 4
Escrituração Fiscal Digital (EFD) ICMS/IPI 4 4 4
Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais
4 4 4
(EFD-Reinf)
Guia de Apuração do ICMS (GIA) 4 (2) 4 4
Livro de Apuração do Lucro Real (eLalur) 4
Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previ-
4 4 4
denciárias e Trabalhistas (eSocial)
(1) Em janeiro de 2024, a DCTF será substituída pela DCTFWeb
(2) Ao ultrapassar determinado faturamento anual (R$ 3,6 milhões em 2023), as empresas passam a recolher
o ICMS fora do Simples Nacional

19
estruturando

A escolha da assessoria contábil


Mais do que alguém que cuida bilidade, peça nomes de clientes
das providências burocráticas da atendidos por ela e contate-os pa­
sua empresa, o contador deve ser ra ter mais referências.
visto como um parceiro de negó- Também é aconselhável realizar
cios, já que pode agregar recursos uma consulta no Conselho Federal
valiosos à sua gestão. de Contabilidade (CFC) para veri-
O acompanhamento contábil po­ ficar se a empresa está devida-
­­­de trazer ao empreendedor dados mente inscrita e regular para o
sobre a situação econômica e finan­ exercício das suas funções.
­­ceira da empresa, permitindo ava- Outra dica prática é checar se o
liar se o nível de endividamento está contador atende a outras empresas
adequado, se o negócio está dando do mesmo setor. Se for o caso, pro­
lucro, além de apoiar outras análi­ vavelmente ele já está por dentro
ses relevantes para a gestão. Uma das leis, das melhores alíquotas,
boa assessoria contábil tam­
­bém pode ajudar na esco-
lha do regime de tributação
mais adequado para cada
momento da empresa, ga­
rantindo, tanto quanto pos­
sível, a redução da carga
tributária. Daí a importân-
cia de escolher bem quem
vai assessorá-lo.

Antes da contratação
A assessoria contábil é,
sem dúvida, uma das mais
importantes parcerias que
a sua empresa terá. Por
is­so, é imprescindível que
um relacionamento basea­
do na colaboração e na con­
fiança seja estabelecido
logo de início. Se não foi
por indicação de pessoas
conhecidas que você che-
gou à empresa de conta-

20
estruturando

das substituições tributárias apli- damente. Assim, poderá gerar os


cáveis e dos incentivos fiscais vá- relatórios que efetivamente vão
lidos para o segmento. apoiar a gestão na tomada de deci­
No momento de escolher a asses­ sões. Do lado do cliente, deve ha-
soria contábil, não leve em conta ver um compromisso com a trans­
apenas o preço, peça uma descri- parência no que diz respeito a
ção dos serviços a serem presta- levar ao contador as informações
dos. Em geral, o serviço básico de internas relevantes.
contabilidade inclui: Para fazer um acompanhamen-
• Abertura e fechamento de empresa to correto das atividades da asses­
• Elaboração do contrato social soria contábil, o empresário pode
• Cálculo dos tributos solicitar, a cada semestre, pelo me­
• Emissão das guias de impostos nos, a certidão negativa dos princi­
• Envio da folha de pró-labore, do pais órgãos fazendários (Receita
Imposto de Renda da Pessoa Ju­ Federal, Secretaria da Fazenda e
rídica (IRPJ) e de relatórios contá­ Prefeitura) em relação à atividade
beis (como balanço patrimonial da organização que está dirigindo,
e demonstração de resultados). para saber se há algum tipo de pen­
Mas a assessoria contábil pode dência que precisa ser regularizada.
ir muito além. Ela pode oferecer Pedir regularmente um balancete
um serviço de consultoria, anali- é outra medida aconselhável.
sando as informações e o históri- Já o contador, por sua vez, deve
co da empresa, fazendo a gestão solicitar a Carta de Responsabi­
de riscos, por exemplo. Pode tam- lidade da Administração no en-
bém apoiar a contratação de cola- cerramento do exercício contábil,
boradores e até a gestão do time, anualmente. As assinaturas das
além de desempenhar outras tan- demonstrações contábeis podem
tas funções, conforme a necessi- ser, inclusive, vinculadas à entre-
dade da empresa contratante. ga do documento por parte dos
administradores. A Carta reforça
Depois da contratação a responsabilidade dos empreen-
Decididos os serviços que serão dedores em relação à realização
prestados pelo contador e apro- dos controles internos necessá-
vada a assessoria contábil, tudo o rios e ao fornecimento de dados e
que foi ajustado entre as partes documentos vinculados aos even-
deve constar em contrato. tos do dia a dia da empresa. Afinal,
Durante o tempo de vigência da só com essas informações em mãos
parceria, é fundamental que o os contadores podem realizar a
con­tador tenha acesso a todos os escrituração contábil e a elabora-
eventos da empresa e se respon- ção das demonstrações contábeis
sabilize por registrá-los adequa- previstas em contrato.

21
estruturando

A seguir, saiba mais sobre as responsabilidades de cada uma das partes


no relacionamento entre cliente e contador.

O que cabe ao contador


O que cabe
ao administrador
da empresa E n tr e ga r os
documentos e Esclarecer o clien­
os dados solicita- te sobre a le­g isla­
dos pela assessoria ção ou as obrigações
contábil, em tempo há­ acessórias que tenham
bil, conforme pra- de ser atendidas pela
zo informado. empresa.

Compartilhar to­
Informar sobre
dos os eventos da
a data de entre-
em­­presa que possam
ga de documentos
ter im­p acto nas ques-
importantes e de pa­
tões fiscais ou contábeis,
gamentos de obriga-
como notas fis­cais de com-
Manter co­mu­ ções, para evi­­­tar
pras de mercadorias, ex- Emitir guias de
­­­n i­c a ç ã o f r e - pendências.
tratos de aplicações impostos.
fi­­nanceiras, etc. quente, seja por
meio de reuniões
presenciais, se­­ja respon­
dendo a questões e
pedidos que che­­gam
via e-mail, etc.
Zelar pela ve­­
Fazer as en­tre­­gas
ra­ci­dade das in­
regulares ao fisco,
for­­m a­­ç ões pres­t a­
confor­me o per­fil da
das, tanto pe­lo próprio
empresa.
ad­mi­­nis­tra­dor co­­mo pela
equipe respon­s ável
pelo conta­to com
o contador.

Ler com aten­­­­­­ E x i g i r o b a ­­ Emitir balancetes


ção os co­­mu­ lan­cete contábil, periódicos pa­r a
ni­­ca­dos en­via­­­dos além das cópias de conferência.
pela assessoria, in- pagamentos de contri­
formando novas bui­ções, impostos, encar-
leis e obriga­ções gos, obri­gações acessórias,
vigentes. com ­res­­­­pectivas planilhas
de cálculos, e das có­
pias de arquivos de
livros fiscais.

22
estruturando

O processo de abertura
Passadas as etapas iniciais, que Nome e local de funcionamento
envolvem o planejamento do negó- A pesquisa de nome empresarial,
cio, é o momento de partir para as na Junta Comercial, define se você
providências burocráticas que per- pode ou não continuar utilizando a
mitirão à empresa atuar no merca- denominação pretendida, que, mais
do. Esse processo de formalização, tarde, vai compor a sua marca. Tam­
no caso de empresários não enqua- bém é preciso fazer a pesquisa de
drados como MEI, bem como das endereço, junto à prefeitura, e veri-
demais naturezas jurídicas – no que ficar se há possibilidade de a em-
se refere à inscrição fiscal no Estado, presa exercer sua atividade no local
na prefeitura e em outros órgãos e previamente escolhido.
entidades – depende das legislações
estaduais e municipais. Na maior Registro legal e CNPJ
parte dos Estados, a Junta Comercial Sem o registro, não dá para se
possui convênio com a Receita Fe- inscrever no Cadastro Nacional de
deral, o que possibilita uma entra- Pessoas Jurídicas (CNPJ) da Receita
da única para a retirada de diversos Federal. O documento é emitido na
documentos. De qualquer forma, o Junta Comercial do Estado ou no
ideal é consultar o seu contador, Cartório de Registro de Pessoa Jurí-
que já conhece a legislação do local dica. Para fazer o registro, é preciso
onde a empresa será instalada. apresentar diversos documentos e
Confira algumas obrigações exi- formulários, que podem variar de um
gidas nesse processo. Estado para o outro, além de pagar

23
estruturando

pelo serviço e pelo valor do Cadastro cumprimento de regras específi­cas,


Nacional de Empresas (CNE). que podem ser exigidas por dife­
Em geral, os documentos necessá­ ren­tes órgãos responsáveis por ates­
rios para o registro são: requerimen­ tar a segurança das atividades em-
to padrão (capa da Junta Comercial), presariais. O empresário deve estar
contrato social ou Requerimento de sem­­­pre atento às normas e exigên­
Empresário Individual ou Ata de As- cias legais às quais a empresa está
sembleia Geral de Constituição e sujeita. Cumprir esses requisitos é
Estatuto, documento de identidade essencial para garantir a aprovação
do titular ou dos administradores e em processos como:
Ficha de Cadastro Nacional (FCN) • Licença ambiental: obtida em ór­
modelo 1 e 2. gãos municipais e estaduais de
O pagamento das taxas é feito por meio ambiente e no Instituto Bra­
meio de guia de recolhimento (Junta sileiro do Meio Ambiente e dos
Comercial) e Documento de Arreca- Recursos Naturais Renováveis (Iba­
dação de Receitas Federais (Darf, no ma), para empresas que exer­cem
caso do CNE). atividade industrial, metalúrgica,
Na FCN, além dos dados cadastrais mecânica, têxtil, química, agro­
da empresa, são informados os códi­ pecuária, etc.;
gos de atividade econômica, de acor­ • Licença sanitária: emitida por ór­
do com a tabela de Classificação gãos municipais, estaduais e fede­
Nacional de Atividades Econômicas rais de vigilância sanitária, para
(CNAE). Esses mesmos códigos valem empresas que atuam no setor de
para os órgãos e entidades responsá­ alimentação, medicamentos e cos­
veis por inscrições fiscais, emissão méticos, entre outras;
de alvarás e concessão de licenças. • Vistoria: avaliação relacionada
Se a Junta Comercial tiver convê- ao cumprimento das normas de
nio com a Receita Federal, a emis- segu­rança, realizada pelo Corpo
são do CNPJ pode ser feita simulta- de Bombeiros.
neamente ao registro da empresa. As regras relacionadas às inspe-
Se não houver convênio, é neces­ ções e vistorias foram simplifica­­­
sário acessar o site www.gov.br/ das pela Lei de Liberdade Econômica
receitafederal/pt-br e, posterior- (Lei nº 13.874/19). Entre as mu­dan­
mente, enviar os documentos espe- ças promovidas está a dispensa de
cificados por Sedex ou entregá-los licenças e autorizações para ativi-
pessoalmente na Receita Federal. O dades econômicas de baixo risco,
retorno vem via internet. definidas em uma lista elaborada
pelo Comitê para Gestão da Rede
Vistoria do local Nacional para a Simplificação do
A autorização de funcionamento Registro e da Legalização de Em-
da empresa está condicionada ao presas e Negócios (CGSIM). Para as

24
estruturando

atividades econômicas consideradas desobriga a empresa de cumprir com


de médio risco, é possível fazer a normas de segurança e exigências
abertura da empresa por meio de legais. Quanto às autorizações pro-
alva­rás e licenças provisórios. No ca­ visórias, o empresário, no momen-
­so das operações classificadas como to do registro, assina um documen-
sendo de alto risco, é necessário to assumindo a responsabilidade
obter as autorizações previamente. pelas instalações e operações. Sen-
Mesmo nos casos em que a vis­ do assim, é recomendado que con-
toria está dispensada, a empresa sulte um especialista e avalie pos­
pode ser alvo de fiscalização. E é síveis riscos de responsabilização
preciso reforçar que a dispensa não antes de assumi-los.

Custo e tempo de abertura

O custo para abrir uma empresa pode variar bastante em função de


fatores como a complexidade do negócio, a cidade onde será ins-
talada, etc. Algumas taxas são fixas, como é o caso do Documento
de Arrecadação de Receitas Estaduais (Dare) e do Documento de
Arrecadação de Receitas Federais (Darf). Entretanto, há custos que
são locais, definidos na esfera de atuação dos municípios e dos
Estados, o que pode levar a diferenças significativas de valores.
Segundo o relatório global Doing business subnacional Brasil 2021,
produzido pelo Banco Mundial, o custo médio total para iniciar um
negócio no País varia entre 1,4% e 13,6% da renda per capita.

O tempo necessário para a formalização do negócio também va­


ria muito de um Estado para outro. De acordo com o Painel do
mapa de empresas, elaborado pelo governo federal, o prazo médio
é de um dia e duas horas — em 2020, esse tempo era de dois dias
e três horas.

Alvará de funcionamento
O documento representa o aval da prefeitura, indicando que o local está
adequado para receber a atividade a ser desempenhada pela sua empresa. Na
cidade escolhida, é preciso verificar os critérios para a concessão do alvará.
Todos os municípios brasileiros estão alinhados às condições estabelecidas
pela Lei de Liberdade Econômica e, conforme mencionado no tópico anterior,
dispensam atividades de baixo risco do documento, assim como possibilitam
que empresas com risco moderado (médio) obtenham o alvará provisório. No
entanto, é importante avaliar os procedimentos adotados na sua cidade para
a emissão do documento, que, normalmente, pode ser obtido via internet.

25
estruturando

Inscrições federal, estadual fazer um novo cadastro, o Cepom.


e municipal Caso contrário, o ISS acaba sendo
Algumas atividades exigem a ins- cobrado duas vezes, uma pelo muni­
crição em órgãos federais, como no cípio onde está localizada a empre-
Ministério do Turismo ou no Minis- sa e outra pelo município do cliente.
tério da Agricultura e Pecuária, por
Certificado digital
exemplo. Empresas que serão con-
tribuintes de ICMS também devem É um arquivo eletrônico, instalado
requerer a inscrição estadual na Se- no computador, num cartão magné­
cretaria da Fazenda (em alguns Esta­ tico ou num token, que permite a as­
dos, pela internet). Prestadores de sinatura de documentos digitais com
serviços, por sua vez, devem fazer segurança, por meio da criptografia.
a inscrição fiscal na Secretaria de Exigido para o atendimento de várias
Finanças do município. Como há va­ obrigações, como a emissão de no-
riações significativas entre as ins- tas fiscais e envio de declarações, ele
crições obrigatórias para cada tipo é comercializado por empresas espe­
de empresa, o contador que está cializadas. Para adquiri-lo é preciso
acompanhando o processo de aber- comparecer ao local para que sejam
tura precisa ser consultado. recolhidos dados biométricos, mu-
nido dos documentos da empresa
Inscrição no órgão de classe (CNPJ e contrato social) e do sócio
É obrigatória apenas para as ativi- responsável ou administrador (RG,
dades denominadas regulamenta- CPF e comprovante de residência).
das, que dependem da inscrição De acordo com o Serviço Federal de
no órgão de classe para que seus Processamento de Dados (Serpro),
profissionais possam atuar. Alguns o certificado digital também pode
exemplos de órgãos de classe que ser emitido à distância (de forma
emitem esse registro são o Con­ online). Nesse caso, os dados bio-
selho Federal de Contabilidade, o métricos são validados com base
Conselho Regional de Engenharia em informações já cadastradas nos
e Agronomia, o Conselho Regional sistemas de Infraestrutura de Cha-
dos Corretores de Imóveis e a Ordem ves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) e
dos Advogados do Brasil. da Secretaria Nacional de Trânsito
(Senatran), a partir dos dados usados
Cadastro de Prestadores de Servi­ para emissão da Carteira Nacional
ços de Outros Municípios (Cepom) de Habilitação (CNH).
É preciso informar a contabilidade É importante saber que os cer­ti­
sempre que houver prestação de ser­ ficados digitais têm data de vali­
viço para clientes cujas sedes estejam dade de um, dois ou três anos,
localizadas em outros municípios, conforme o tipo, e precisam ser re-
pois, nessa situação, é necessário novados regularmente.

26
gerindo

Para seguir crescendo


Uma vez formalizada, a sua empresa já pode começar a atuar no mercado.
Po­rém, para uma adminis­tração adequada, é preciso ter um bom conhecimento
sobre as providências necessárias nessa fase.

Conta da empresa E-mail corporativo Registro de marca


Separar o patrimônio pessoal Usar o e-mail pessoal pode afetar Os especialistas indicam que
do patrimônio da empre­sa é a cre­dibilidade do profissional e até esse processo seja feito logo
uma prática altamente re­co­ da empresa. Nas comunicações com após a formali­zação da empre­
men­­dável para quem deseja colegas, clientes e fornecedores, o sa, até para evitar que outros
fazer uma boa administração ideal é usar um e-mail corporativo, concorren­tes possam copiar a
dos negócios. E abrir uma com um domínio próprio (exemplo: sua marca. Ter um nome exclu­
conta pessoa jurídica para re- fulano@nomedaempresa.com.br). sivo também pode aumentar
ceber dos clientes e fazer os Isso aumen­ta as chances de o mate­ a credibilidade da empresa no
pagamentos das despesas da rial ser lido e minimiza o risco de ele mercado. O registro é concedi­
organização é o primeiro pas- cair na pasta de spam. Mas para criar do pelo Instituto Nacio­nal da
so nesse sentido. um e-mail empresarial com essas Propriedade Industrial (INPI) e
características, é preciso escolher dura dez anos, prorrogáveis.
um provedor e pagar pelo serviço.

1 4 2 5 3
Programa de gestão
Muitos empresários ainda têm a ideia de que Remuneração dos sócios
inserir a empresa no universo da tecnologia custa O pró-labore é uma forma de remunerar os só-
caro. Mas contar com um bom programa de gestão cios da empresa, para permitir que eles custeiem
integrada (PGI) pode aumentar a produtividade e suas despesas pessoais. No entanto, ele não deve
até trazer dados que vão apoiar as decisões mais ser calculado com base no salário almejado pelos
estratégicas, configurando um bom investimento. administradores para manter um determinado
O primeiro passo é pesquisar no mercado uma padrão de vida. É fundamental que seja coerente
solução personalizada ao seu segmento, que seja com o desempenho dos negócios, para garantir a
capaz de unificar informações de vendas, receita, sustentabilidade da empresa. Um bom parâmetro
estoque, cadastro de clientes, reposição, faturamen­ é o mercado: pesquisar quanto uma pessoa na
­to e outros elementos do dia a dia da empresa, função administrativa ocupada pelo sócio ganha
tra­zendo relatórios acessíveis, fáceis de interpretar. em empresas similares, do mesmo segmento.
Para quem trabalha com comércio, por exemplo, Depois, em momentos específicos definidos em
já existem softwares que disponibilizam informa- contrato, pode ser feita a distribuição dos lucros
ções de vendas em tempo real, além de mostrar ou dos juros sobre o capital próprio. Mas vale a
rankings dos produtos mais vendidos, indicar ressalva: uma vez definido o valor do pró-labore,
tendências de vendas e acompanhamento de me- o ideal é que seja mantido e que os gastos pessoais
tas por lojas, entre outras. O principal é encontrar sejam sempre vinculados às contas dos sócios e não
um PGI que seja capaz de orga­nizar os dados que às da empresa. Sobre o valor retirado, é preciso
são relevantes para o seu negócio. recolher a contribuição previdenciária.

27
gerindo

Faça a sua parte

Com a empresa funcionando, os administrado pelo governo federal,


sócios precisam manter uma rotina que permite cruzar informações e
bem organizada, para dar conta de ter, em poucos cliques, um verda-
todas as suas obrigações. deiro diagnóstico do seu negócio.
Emitir notas, contratar, fazer a ges­ Daí a importância de prestar infor-
tão do negócio. São tantas as respon­ mações corretas sobre os eventos
sabilidades, que é preciso munir-se ocorridos na empresa. Afinal, have-
de informação para não deixar de rá maior transparência sobre tudo
cumprir tarefas importantes no dia o que diz respeito à organização
a dia. Confira, a seguir, algumas junto aos órgãos oficiais, respon­
das atividades que devem constar sáveis pela fiscalização.
da agenda do empreendedor.
 Cumprir com as obrigações
 Zelar pela qualidade fiscais e trabalhistas
das informações prestadas Para manter a situação da empresa
Empresas de todos os portes es- sempre regular, é preciso que os em­
tão obrigadas a utilizar o Sistema preendedores ou administradores
Público de Escrituração Digital (Sped). observem algumas rotinas. Em se
Os diversos módulos da plataforma tratando de obrigações fiscais, por
englobam obrigações fiscais, tribu­ exemplo, eles são responsáveis por
tárias e trabalhistas, permitindo o recolher os tributos que incidem
registro imediato das informações sobre o valor arrecadado pela em-
sobre a empresa e eliminando a bu- presa, como pessoa jurí­dica. Entre
rocracia. Assim, os dados enviados esses tributos estão o Imposto so-
periodicamente para o Sped com- bre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ)
põem um banco de dados único, e o Imposto sobre a Renda Retido

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gerindo

na Fonte (IRRF). Os sócios também especializada para avaliação de ris-


precisam prestar de­c larações pe­ cos no local de trabalho e adequação
rió­dicas, como a Declaração de In- às normas. Com o eSocial, quaisquer
formações Socioe­conômicas e Fis- inconsistências são detectadas, su-
cais (Defis), assim como respondem jeitando a empresa a autuações. Por
por obrigações trabalhistas e previ- isso, é importante se precaver.
denciárias, para que a empresa siga
atuan­do em conformidade com a lei.  Conhecer e aplicar o Código
A retira­da do pró-labore (o “salário” de Defesa do Consumidor
dos sócios por seu trabalho na em- O Código de Defesa do Consumi-
presa) e a retenção de 11% desse dor traz algumas normas que pre-
valor, referentes à contribuição pre- cisam ser respeitadas nas relações
videnciária, são obrigatórias. Há, de compra de produtos e serviços.
ainda, a necessidade de pagar as O empresário deve conhecê-las e
guias sociais, com os valores de con­ criar processos para que sejam ob-
tribuição previdenciária, e Fundo servadas em todas as instâncias da
de Garantia do Tempo de Serviço, organização, pois, se o consumi­dor
entre outras tantas. for lesado, pode acionar institui-
O ideal é contar com a assessoria ções como o Programa de Proteção
de um contador para organizar essas e Defesa do Consumidor (Procon)
obrigações e para não deixar passar e outros órgãos. Se confirmada a
despercebida nenhuma providência irregularidade, a empresa pode ser
importante, que pode gerar, futura­ punida com multa ou até penal-
mente, prejuízos à empresa. mente. Nesse caso, os administra-
dores é que respondem por pos­
 Acompanhar as mudanças síveis crimes ligados às relações
na legislação de consumo. Para saber mais sobre
O cuidado é fundamental para que os direitos do consumidor, aces­
você cumpra suas obrigações ade- ­s e http://www.procon.sp.gov.br/
quadamente, tanto as relativas ao codigo-de-defesa-do-consumidor/.
go­verno, quanto as referentes a cola­
boradores, fornecedores e clientes.  Emitir a NF-e
Em relação aos empregados, além A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) é o
de seguir todos os procedimentos documento que registra as ativida-
necessários para a admissão (regis- des contábeis, as vendas de produ-
tro em carteira, inclusão no eSocial, tos ou serviços feitas pela empresa.
elaboração do Contrato Individual de Se integrada a programas de ges-
Trabalho, etc.), é preciso estar aten- tão, pode, ainda, facilitar o contro-
to às normas de Segurança e Medi­ le de vendas e de movimentação de
ci­n a do Trabalho. Se preciso, po­ mercadorias. O processo de emis-
de-se contar com uma consultoria são é simples e pode ser resumido

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gerindo

em cinco passos: 1) Acesse o pro- os devidos lançamentos e contro-


grama de emissão da Nota Fiscal les, devem retornar para a empre-
Eletrônica. 2) Acesse os dados do sa, como notas fiscais de compras,
cliente, que foram cadastrados an- faturas de despesas gerais (como
teriormente. 3) Digite os dados da água e luz), guias de recolhimen­to
venda. 4) Valide as informações e, de tributos pagos, extratos ban­
se necessário, corrija os erros apon- cários, etc. Já os livros fiscais e con­
tados pelo sistema. 5) Assine di­ tá­b eis podem ficar com a asses­­­
gitalmente com o certificado digi­­ so­ria contábil. Também é possível
tal tipos A1 ou A3 no padrão ICP guardar apenas arquivos digitais ou
Brasil. A nota já será transmitida. digitalizados, porém, nesse caso, é
recomendável ter pelo menos dois
 Guardar os documentos
backups físicos, além de uma có­
importantes
pia na nuvem.
Para segurança, os documentos de
constituição da empresa, como o  Estabelecer processos para ga­­
contrato social e os registros feitos rantir a segurança da informação
nas repartições fiscais, a exemplo É preciso investir para evitar que
do CNPJ e do alvará de funciona- as máquinas da empresa fiquem
mento, bem como as licenças apli­ vul­neráveis à invasão, em um pos-
cáveis ao negócio, precisam estar sível ataque cibernético. Nessas
sempre em poder do administrador. oca­siões, podem ocorrer vazamen-
Outros documentos que vão para a tos de informações estratégicas da
contabilidade, depois de efetuados própria companhia, bem como de
dados de clientes. Para evitar que
isso aconteça, o ideal é criar alguns
processos, junto à equipe de tecno-
logia da informação, que ajudem a
aumentar a segurança. Todos os
dispositivos conectados à internet
dentro da empresa, por exemplo,
precisam ter antivírus: computa­
dores, tablets e celulares. Também
é importante atualizar os sistemas
operacionais sempre que houver
recomendação dos fabricantes e
trei­nar as equipes para não passa-
rem informações confidenciais por
e-mail, não abrirem anexos com
extensão duvidosa ou de remeten-
te desconhecido, etc.

30
gerindo

No controle das finanças


Por que é importante?
Ao perceber que está faltando ou so-
brando dinheiro na empresa, é possí-
vel antecipar decisões sobre onde in-
vestir ou onde conseguir crédito, com
algum fôlego para negociar condições
melhores e juros mais vantajosos. A
análise de entradas e saídas também
traz um retrato claro da adequação das
políticas de prazos de pagamentos e
recebimentos à realidade da empresa.
Demonstrativo de Resultados
do Exercício (DRE)
O que é?
Sua principal função é mostrar os re-
sultados da empresa, a partir de uma
análise mais aprofundada. Essa plani-
lha pode ser feita mensal ou trimestral-
Para garantir a longevidade da em-
mente, a fim de mostrar o lucro líquido
presa e criar bases sólidas de modo a
da empresa. O DRE pode ser obtido a
permitir que ela cresça continuamente,
partir da realização de quatro passos:
é preciso acompanhar de perto todos
1. Obter a receita líquida: para isso,
os indicadores financeiros. O ideal é
é preciso subtrair do total da recei­ta
tê-los sempre em mente, como uma
(ou receita bruta, que é o número
bússola orientadora para as decisões
total de vendas de produtos, mer­ca­
mais estratégicas. Conheça os contro-
dorias ou prestação de serviços de
les mais importantes.
seu empreendimento, mesmo que os
Fluxo de caixa pagamentos ainda não tenham sido
efetuados) as devoluções de vendas,
O que é? os abatimentos, os descontos co­mer­
O documento é o retrato do seu caixa ciais e os impostos.
e deve ser acompanhado dia a dia. Na 2. Obter o lucro bruto: para chegar a
pla­nilha do fluxo de caixa precisam cons­ esse valor, basta subtrair, da receita
tar o saldo inicial (o dinheiro que está líquida, o custo das mercadorias e
dentro da empresa mais as aplicações dos serviços vendidos.
financeiras), as entradas do dia (paga- 3. Obter o resultado operacional an­
mentos recebidos, duplicatas, etc.), bem tes do Imposto de Renda e da Con­
como as saídas (pagamentos feitos, co­ tribuição Social sobre o Lucro: nes­
mo salários e impostos, por exemplo). sa etapa, é preciso tirar do lucro bruto
Depois, é só subtrair as saídas das entra­ todas as despesas operacionais, fi­
das e somar com o saldo inicial. nanceiras, gerais e administrativas.

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gerindo

Depois, basta acrescentar as receitas empresa está lucrando. Se os custos


operacionais, para chegar ao lucro forem maiores do que isso, sua empre-
(ou prejuízo) operacional líquido. sa está perdendo dinheiro. Já se os cus-
4. Obter o resultado líquido do exer­ tos forem de R$ 13 mil, sua empresa
cício: em cima do resultado obti­ não está tendo lucro nem prejuízo.
do no passo anterior, é necessário
acres­centar (ou subtrair) os resul­ Ponto de equilíbrio (PE)
tados não operacionais, tais como O que é?
as participações de empregados, Na situação hipotética descrita aci-
administradores, etc. ma, a empresa está em seu ponto de
equilíbrio, quando o total de receitas
Por que é importante?
é igual ao total de despesas e custos.
Permite uma análise da evolução dos Nesse caso, a empresa não tem lucro e
ganhos e dos gastos. Com base nesses nem prejuízo. O cálculo do ponto de
dados, é possível encontrar tendências equilíbrio é o resultado da fórmula:
e fazer projeções. O documento também PE = valor do custo fixo – índice da
traz informações que ajudam a entender margem de contribuição
se o modelo de negócios adotado está
funcionando como esperado ou não. Por que é importante?
O PE indica o faturamento mínimo
Margem de contribuição
necessário para cobrir os custos do ne-
O que é? gócio, o que permite ao gestor analisar
A diferença entre o valor da venda (pre­ a viabilidade de manter a empresa ou
ço de venda) e os valores dos custos e de adequá-la em relação ao mercado.
das despesas relacionados a essa venda. Esse índice também torna possível de-
Para encontrar a margem de contribui- terminar metas, pois é necessário ul-
ção, é preciso realizar a seguinte conta: trapassá-lo com as vendas de produtos
Margem de contribuição = valor das ou serviços para obter lucro.
vendas – (custos variáveis + despe­
Controle de estoque
sas variáveis).
O que é?
Por que é importante? Um documento que reúne a quanti-
A margem de contribuição é mais um dade, o custo unitário e o custo total
indicador da saúde financeira da em- das mercadorias/produtos vendidos
presa. Utilizando um exemplo prático: no período. O saldo apurado precisa
imagine que sua empresa vendeu um ser exatamente igual ao que é encon-
total de R$ 20 mil este mês. Desse trado no estoque físico. Da mesma for-
valor, 10% vai para o pagamento de ma, é importante calcular, no controle
impostos. Restam R$ 18 mil. Já os cus- de estoque, o saldo em quantidade, o
tos com o fornecedor e com a mão de custo unitário (calculado pelo custo
obra somam R$ 5 mil. Com isso, o ín- médio ponderado, dividindo-se o custo
dice da margem de contribuição fica total pela quantidade) e o custo total
em R$ 13 mil. Se os seus custos fixos das mercadorias/produtos que ainda
forem menores do que R$ 13 mil, sua estão em estoque.

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gerindo

Por que é importante? de funcionários necessários ao funcio-


O controle físico e financeiro serve pa­ namento do negócio e verificar em que
ra indicar a quantidade disponível de ca­ categoria se enquadram, para poder
da item no estoque – seja matéria-pri­ma, estimar o custo fixo que eles vão gerar.
seja mercadoria. Quando o acompanha­ Essa conta deve considerar não só o valor
mento é feito periodicamente, é possível do salário, de acordo com o piso salarial
encontrar e entender as tendên­cias de da categoria, mas também o custo pre-
vendas e, assim, projetar as pró­ximas videnciário e do FGTS e demais benefí-
compras de maneira mais acertada. cios previstos em convenção coletiva.

Gestão de custos Por que é importante?

O que é? Tendo esses valores em mente, o em-


presário consegue analisar a viabilida-
O acompanhamento dos custos fixos e de do Plano de Negócios que foi previa-
variáveis relacionados ao negócio. Os mente estabelecido, para verificar se terá
cus­­tos fixos são aqueles que não variam as condições financeiras ideais para man­
de acordo com a venda de produtos ou ter o número de funcionários que plane­
serviços, como pagamento de funcioná­ jou. É importante avaliar o custo real
rios, aluguel, entre outros. Já os variáveis dos colaboradores e verificar o impac-
são os que acompanham o volume de ven­ to dessa despesa, que é fixa e indepen-
das, crescendo quando a receita aumen­ de do faturamento mensal, em relação
ta, como é o caso dos impostos. É funda­ ao total dos gastos e, principalmente,
­mental acompanhar todos esses dados, em relação ao capital investido.
mês a mês. Gastos desnecessários preci­
sam ser cortados e há custos que podem Inadimplência compromete
ser otimizados com uma boa gestão. futuro da empresa
Por que é importante? Ao acompanhar regularmente a si-
Administrar e controlar os custos ge- tuação financeira da empresa, é pos-
rados na produção e comercialização sível antecipar a necessidade de en-
de serviços ou produtos é fundamental xugar gastos antes que a organização
para cobrar um preço justo por ele, con­ registre grandes prejuízos. O não pa-
dizente com a realidade do mercado. gamento de despesas pode resultar
Assim, é possível ganhar competitivi- em juros, na necessidade de buscar
dade diante da concorrência sem com- empréstimos em caráter de urgência
prometer a sua margem de lucros. no mercado financeiro – quando fica
mais difícil negociar condições van-
Gestão da folha de pagamento tajosas – e, em alguns casos, se o
O que é? problema persistir, a empresa pode
até ter seu CNPJ cancelado – caso dos
Dentro da gestão de custos, um dos
MEIs que não entregaram a declara-
acompanhamentos mais importantes é o
ção anual (DASN-Simei) por dois anos
do valor a ser pago aos funcionários,
consecutivos ou que ficaram inadim-
prin­cipalmente quando se trata de uma
plentes em todas as contribuições
empresa de serviços. Para chegar a essa
mensais (DAS-MEI).
soma, é preciso saber o número mínimo

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