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Lacey Smith é uma linda jovem que arranca suspiros por onde passa, tanto pela beleza quanto pela jovialidade e
vulnerabilidade que exala. Mas o que as pessoas não sabem, é que por trás de toda aquela leveza, existe um coração
ferido e uma mente conturbada devido a um relacionamento problemático do passado.
Decidida a seguir em frente, ela consegue uma vaga na Ward Corporation e aposta todas as suas fichas em uma
nova rotina que a ajude a conseguir o equilíbrio emocional de que tanto necessita.
Thomas Ward é um verdadeiro lorde inglês que resolveu levar seus negócios para Nova York com a esperança de
deixar em Londres todos os problemas familiares que o acompanham desde muito novo.
Mesmo vivendo na cidade que nunca dorme, ele continua com sua rotina solitária e regrada, permeada de
relacionamentos passageiros, algo que o incomoda bastante, já que é um homem à moda antiga que prefere cortejar
e conquistar uma mulher, a dispensá-la após uma noite de sexo.
Embora estivesse decidido a focar seus esforços na expansão de sua empresa, ele se vê questionando vários
princípios quando o destino coloca Lacey Smith em sua vida.
Seria certo se apaixonar por uma garota tão nova, sofrida e que, ainda por cima, fazia parte de seu quadro de
funcionários?
Os personagens deste conto são derivados do livro LOUISE STONE, A DEUSA DO AMOR ,
e embora haja menção a alguns personagens deste, o enredo de WARD é independente.
Caso ainda não tenha lido A DEUSA DO AMOR , e queira saber como esta estória
começou, o link do livro estará no final do conto.
Boa leitura,
Cleo Luz.
O texto a seguir foi revisado de acordo com as novas Regras Ortográficas, entretanto, com
o intuito de deixar a leitura mais leve e fluida, a autora usou de linguagem informal em vários
momentos, especialmente nos diálogos, para que estes se aproximassem da comunicação oral
cotidiana, por isso, é possível encontrar objetos que não estão em conformidade com a
Gramática Normativa.
Para fácil diferenciação do leitor, termos coloquiais, gírias, estrangeirismos, neologismos,
regionalismos, termos técnicos, destaques da autora, entre outros, foram grafados em itálico.
Londres
Eu estava tenso desde a hora em que peguei meu boletim. Minha mãe
era totalmente inconstante e eu não sabia o que pensar.
Quando não tirava notas tão altas quanto todos esperavam, ela brigava
dizendo que eu tinha que ser o melhor, no entanto, quando isso acontecia,
sempre dava um jeito de me colocar para baixo, dizendo que mesmo com
notas altas, meu irmão era melhor em tudo o mais.
Suas atitudes me deixavam desnorteado e muitas vezes eu sentia
vontade de desistir e simplesmente ser um garoto de onze anos normal, que
tinha outras coisas na cabeça além dos estudos e da vontade de alcançar as
expectativas de seus pais.
Só que eu sabia que aquilo não seria possível, e isso porque Cybele
Ward, a mulher que me criara desde que eu tinha dois anos, não era como as
outras mães. Ela gostava de incentivar a competitividade entre mim e meu
irmão, era como se nada que fizéssemos fosse o suficiente. Vivíamos para
agradá-la, mesmo sabendo que jamais iríamos conseguir.
Graças a Deus, nunca era agressiva, mas suas palavras magoavam mais
do que qualquer tipo de agressão física. Minha mãe sabia falar coisas que
machucavam a alma de qualquer pessoa, especialmente a minha e por causa
disso eu vivia para agradá-la ou, pelo menos, para tentar algum tipo de
aprovação.
Quando o motorista de papai nos deixou em casa, subi os degraus que
davam acesso a porta de entrada, sem nenhuma pressa. Queria retardar aquele
momento o máximo que pudesse.
Devon passou por mim e foi correndo mostrar seu boletim, o pequeno
traidor nem se deu ao trabalho de me esperar. Mas o que eu podia fazer, ele
tinha apenas nove anos e ainda não entendia certas coisas.
Além disso era bastante mimado, mas isso não o impedia de levar boas
broncas por sua impetuosidade, afinal, nossa mãe não tinha muita paciência,
mesmo com seu filho preferido.
Ainda que relutante, caminhei atrás dele.
Quando cheguei à sala, mamãe estava ao telefone. Ainda assim, Devon
falava sem parar em volta dela, coisa que ela odiava, e eu já imaginava que
ele levaria uma chamada.
Quase dez minutos depois, ela finalizou a ligação e finalmente deu
atenção para meu irmão.
— Já disse para não interromper quando eu estiver ao telefone — ela o
reprendeu como eu sabia que aconteceria.
— Desculpe, mãe, só queria mostrar minhas notas — ele falou abrindo
a mochila e pegando o envelope para lhe entregar.
Mamãe deu um meio sorriso, indicativo de que Devon havia alcançado
suas expectativas.
— E o seu, Thomas? — ela perguntou.
Caminhei até ela e entreguei o envelope que já estava em minhas mãos.
Ela o abriu, analisou e depois me encarou com aquele ar decepcionado,
mas ao mesmo tempo satisfeito... diabólico, eu diria.
— Não estão ruins, mas não estão boas como esperávamos da pessoa
que um dia substituirá o pai. Se continuar assim, nunca vai chegar aos pés do
seu irmão.
Devon me olhou como se estivesse com pena, mas logo voltou a ficar
sério. Mamãe odiava que ficássemos nos consolando depois que ela chamava
nossa atenção.
— Mas a diferença foi pouca — justifiquei.
Seu olhar se tornou ainda mais duro.
— Não há espaço no primeiro lugar para duas pessoas e o mundo não é
gentil com perdedores, então trate de estudar mais.
Balancei a cabeça e fui para o meu quarto com o coração cheio de dor.
Queria que apenas por um dia ela fosse uma mãe de verdade e não essa
mulher cruel que sentia prazer em maltratar os filhos.
A falta de amor que eu sentia era tão grande, que às vezes a vida perdia
um pouco do sentido.
Graças a Deus eu tinha o meu pai, se não fosse por ele, tudo seria muito
pior.
Era por causa dele que eu me dedicava à escola... Queria lhe dar
orgulho, ser tão bom quanto ele, mas também queria mostrar a Cybele que
não era um perdedor.
E esse dia chegaria.
DIAS ATUAIS...
Nova York
Dez dias haviam se passado e eu estava cada vez mais satisfeita comigo
mesma.
Até mesmo o trabalho, totalmente fora do meu ramo de interesse, me
agradava. Era bom aprender coisas novas e aproveitaria para usar esse
conhecimento no futuro, talvez fosse necessário.
Estávamos no meio da tarde e eu estava focada em alguns papéis,
quando o alerta do meu telefone soou, indicando uma atividade no Instagram.
O único perfil que eu ativei notificações, foi o do meu ex, então, quando
vi escrito que Jace Morgan havia feito uma publicação, senti meu coração
disparar no mesmo instante.
Eu havia prometido à minha psicóloga que pararia de stalkear o
Instagram de Jace. Ela inclusive me ajudou a deletar uma conta fake que eu
havia criado semanas atrás, mas quando descobri que ele estava indo embora
de Nova York, acabei reativando para poder ver o que ele andava fazendo.
Era uma atitude fraca, vergonhosa, mas também a única forma de
acalmar um pouco a angústia que havia em meu peito.
Para não me sentir tão culpada, fiz um acordo comigo mesma de ao
invés de passar horas olhando fotos e lendo comentários, iria entrar no
aplicativo três vezes ao dia; de manhã, ao meio dia e antes de dormir e ficar
conectada, no máximo, dez minutos a cada vez.
Entretanto, desde que comecei a trabalhar, fui, gradativamente,
esquecendo-me, até mesmo, de olhar o telefone durante o dia, lembrando-me
de Jace apenas quando chegava em casa.
O fato de ele não ser tão efetivo assim em suas redes sociais, também
ajudou. Por isso, assim que vi a notificação, fiquei imediatamente excitada
com a possibilidade de ver uma foto nova.
Levantei-me discretamente e disse à minha vizinha de baia que iria ao
banheiro, precisava ter um pouco de privacidade.
Tinha passado um tempão montando esse perfil. Adicionei celebridades
e subcelebridades, interagi com estranhos e postei fotos aleatórias, para que
ele não desconfiasse na hora de me aceitar.
Graças a Deus deu certo e meu fake parecia tão real quanto o de
qualquer pessoa.
Entrei em um reservado, abaixei a tampa do vaso, sentei-me e digitei a
senha de acesso na tela do meu celular. Como sempre acontecia, senti a
adrenalina tomando conta do meu corpo, era como se eu estivesse prestes a
experimentar algum tipo de droga.
Cliquei no aplicativo, selecionei a conta e entrei no Instagram de Jace.
Havia uma única foto mostrando o prédio da biblioteca Baker.
Suas aulas só se iniciariam no mês seguinte, mas imaginei que ele
tivesse ido conhecer tudo e resolver questões de alojamentos entre outras
coisas. Jace era muito certinho e de forma alguma deixaria para definir
qualquer coisa em cima da hora.
Não duvidava nada que ele já estivesse até mesmo morando em Boston,
esperando apenas o início das aulas.
Meu coração se apertou ao imaginar como seriam nossas vidas se eu
não tivesse estragado tudo; com certeza iríamos para Yale juntos, uma vez
que era nossa primeira opção. Entretanto, depois de tudo o que eu fiz, ele
preferiu ir para Harvard, provavelmente para não haver possibilidade de
esbarrar comigo.
Entrei nos comentários e vi mensagens de seus amigos, algumas delas
confirmando que ele já estava morando lá.
Saber disso fez surgir um aperto no peito, mas nem se comparou ao que
senti quando li: “Mal posso esperar”, seguido de um coração.
Na mesma hora entrei no perfil da pessoa que, para minha sorte, ou não,
era desbloqueado. A foto era de uma garota chamada Ella Bristow. Ela devia
ter a minha idade, cabelos escuros e olhos claros.
Comecei a rolar suas fotos e, de repente, senti como se meu coração
tivesse se partido ao meio.
Lá estava Jace e ela, sentados à uma mesa, em um lugar que imaginei
ser um restaurante bem aconchegante. Ambos tinham taças de vinho nas
mãos e sorriam de maneira íntima.
Desviei o olhar de seus rostos e olhei o resto. Ele vestia um suéter preto
e estava com o mesmo cabelo bagunçado e sorriso fácil que eu conhecia tão
bem, já ela, vestia uma blusa rosa e seus cabelos, lisos e brilhantes, desciam
pelos ombros.
A expressão corporal e o olhar apaixonado me disseram que ela era sua
nova conquista. Mas para não ter qualquer dúvida, na legenda estava escrito:
“Você foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida”.
Tive a impressão de que meu coração sangrava de tanta dor. Era como
se cacos de vidro estivessem entrando em meu peito e, mais uma vez, senti-
me sem chão, sem ar, sem reação.
Embora soubesse que um dia ele iria encontrar outra pessoa, ainda não
me sentia preparada para vê-lo tão feliz com alguém que não fosse eu.
Não havia uma dor maior que essa e eu queria chafurdar nela sozinha,
longe de olhares piedosos ou acusadores.
Saí do banheiro correndo, enquanto um rio de lágrimas descia por meu
rosto.
Apertei com pressa os botões do elevador e aguardei um pouco, porém,
quando segundos depois ele não apareceu, abri a porta que levava às escadas
e comecei a subir, lance atrás de lance, sem saber ao certo o que estava
fazendo ou onde iria parar.
A verdade era que não ligava, eu apenas precisava respirar, pensar,
sumir...
Por fim, vi-me parada em frente a uma enorme porta corta fogo.
Enquanto tentava recuperar o fôlego, imaginei que além dela, provavelmente,
ficava o telhado. Girei a maçaneta e, ao sair, confirmei que estava no
heliponto da empresa.
Na mesma hora o ar frio de Nova York me atingiu em cheio, assim
como uma magnífica vista, repleta de prédios envidraçados e tão altos quanto
aquele em que estava.
Comecei a caminhar devagar pela lateral, sem rumo, tentando pensar.
Em minha última recaída, quando soube que ele iria para Harvard,
tranquei-me no quarto com uma intensa vontade de morrer. Isso só não
aconteceu porque minha terapeuta foi me socorrer. Foi Louise, com suas
palavras sábias, quem me manteve sã desde a nossa primeira consulta.
Tanto eu quanto ela e mamãe estávamos orgulhosas do meu progresso,
mas ver aquela foto me deixou completamente desnorteada, toda a alegria
que estava sentindo por estar trabalhando na empresa que tanto queria,
desapareceu quando vi aquela imagem.
O mundo voltou a ficar preto e branco e tudo o mais perdeu o sentido,
Jace era o meu mundo, só que eu não era o dele. Menos de um ano havia se
passado e ele já estava feliz com outra pessoa, enquanto eu...
Parei quando, finalmente, cheguei à borda do lado oposto à porta.
De lá, pude ver as pessoas caminhando pela rua. Elas pareciam
formigas vistas de tão alto. Todas apressadas, imersas em seus próprios
mundos, totalmente alheias ao que acontecia em seu redor.
Foi então que aquela voz maldita começou a tagarelar na minha cabeça:
“Pule, Lacey. Acabe logo com esse sofrimento.”
Fechei as mãos em punho e apertei meus ouvidos com força.
— Pare de falar! — pedi, fechando os olhos e afastando-me um pouco
da borda.
Todas as vezes que eu tinha uma crise, sentia como se estivesse caindo
de um precipício, era como se a vida não tivesse mais razão para ser vivida.
Nessas horas eu tentava pensar nos exercícios que Louise me ensinou, e
muitas vezes funcionava, mas em outras a força que me dominava era maior
que meu juízo, eu não sabia explicar o que acontecia, só sabia que, do nada,
deixava-me levar por ela.
“Deixar esse mundo é o único jeito de fazer seu coração parar de
sangrar e acabar com seu sofrimento”, a voz continuou, como se soubesse
exatamente como eu estava me sentindo.
E nessa hora eu já não pensava mais em Louise, minha mãe ou no que
as pessoas iriam falar, tudo o que precisava era acabar com aquela dor,
estancar aquele sangramento.
Para sempre.
Tirei meus scarpins e subi no parapeito de cimento.
Nova York ficou ainda mais assustadora lá de cima, por isso fechei os
olhos e deixei que o vento gelado esfriasse minha pele.
Talvez o que estava prestes a fazer fosse o maior dos pecados, mas não
havia mais sentido em viver num mundo no qual Jace não fosse apaixonado
por mim.
Coloquei um pouco de uísque com gelo em um copo e fui até as grandes
janelas do meu escritório.
Mais uma reunião bastante proveitosa havia acabado e eu me sentia
realizado. Depois de meses montando as equipes que trabalhariam em Nova
York, o quadro de funcionários da Ward Corporation estava, finalmente,
completo.
Por esse motivo, eu vinha fazendo reuniões com todos os setores, a fim
de falar de forma mais pessoal sobre nossa política, mas principalmente para
conhecer meus colaboradores. Assim como em Londres, fiz questão de
cumprimentar cada funcionário separadamente, perguntando seu nome e
alguma coisa aleatória.
O último setor foi o de arquitetura e como aconteceu em todos os
outros, a maioria dos homens se mostrava arredia. Conseguia ver que eles
pareciam um pouco ressentidos da minha posição e os entendia, era um
pouco difícil para grande parte dos homens no setor corporativo receber
ordens e esse era um dos motivos para eu ir me apresentar a cada um deles.
Apertar suas mãos mostrava que, sim, eu era o chefe, mas não os achava
inferiores, o que era verdade, cada um tinha uma função importante e todo
aquele mecanismo só poderia funcionar porque eles estavam ali.
Já com as mulheres as coisas eram diferentes. Todas elas me olhavam
com admiração, mesmo as casadas ou comprometidas, a diferença estava no
que vinha junto com isso. Enquanto umas apenas viam um homem bonito à
sua frente, outras viam uma possível conquista; algumas destas viam o CEO
rico e seus olhares vinham carregados de cobiça, já para o restante, havia
luxúria também.
Exceto por Lacey Smith.
No dia em que a vi pela primeira vez, notei que era bonita, claro, mas
não observei suas feições mais detalhadamente. Na reunião do setor,
entretanto, com ela bem à minha frente, foi impossível não perceber que a
garota não era apenas bonita, era belíssima.
Com cabelos naturalmente loiros e brilhantes, que desciam quase até a
cintura, um rosto perfeito que não tinha qualquer resquício de maquiagem,
lábios rosados e grandes olhos azuis e expressivos, ela era a mulher mais
linda daquela sala.
Só que, diferente das outras funcionárias, Lacey me olhou de forma
contida. Dava para perceber que ela estava nervosa, mas não havia desejo,
cobiça e muito menos expectativa e isso foi algo novo para mim.
As mulheres americanas eram um pouco mais atiradas que as londrinas,
não que isso fosse ruim, mas os homens de minha família eram galanteadores
e gostavam de fazer as coisas à moda antiga. Eu, especificamente, tinha uma
essência mais comedida e gostava do jogo da conquista.
Talvez fosse por esse motivo que estranhasse a ideia de dormir toda
semana com uma pessoa diferente.
Na época da universidade, eu sempre trocava de namorada, mas estava
com meus hormônios à flor da pele e, ainda assim, costumava ficar com a
garota tempo suficiente para conhecê-la e ver se daria certo ou não.
Após o divórcio, eu mudei um pouco minha forma de pensar e comecei
a fazer o tal sexo casual. Isso foi bem libertador, mas vazio. Não havia
emoção da conquista e nem o desejo de conhecer a outra pessoa, era apenas
um encontro para saciar necessidades físicas e, para mim, não existia nada
pior que isso.
No entanto, eu não era do tipo que desistia apenas por já ter sofrido por
amor ou porque o casamento não deu certo. Pelo contrário, esperava
encontrar alguém que despertasse meu interesse, pois não tinha a intenção de
ficar sozinho a vida toda.
Terminei minha bebida e fui para minha mesa. Na tela do meu
computador, o programa de acesso às câmeras de segurança estava ligado.
Eu não era um chefe carrasco, mas gostava de ver como estava o
andamento dos trabalhos, mais pelos chefes dos setores do que pelos
funcionários. Muitos deles se valiam de seus cargos para imputar suas
obrigações aos seus subordinados ou para intimidá-los e, até mesmo, assediar
as mulheres. Esse tipo de coisa era completamente inadmissível para mim e
quando via algo suspeito, gostava de conversar com o funcionário em questão
para saber o que realmente estava acontecendo e, assim, tomar as medidas
cabíveis.
Quando abri as câmeras do setor jurídico, a primeira coisa que vi foi
uma mulher saindo às pressas do banheiro feminino e se dirigindo aos
elevadores. A imagem não estava muito próxima, mas tinha quase certeza de
que se tratava da Srta. Smith.
Fui até a câmera que filmava as baias e ao ver que a garota não estava
lá, tive certeza de que era mesmo ela. Quando voltei ao quadro que mostrava
os elevadores, pude ver a porta que dava acesso às escadas se fechando e
imaginei que ela tivesse ido para lá.
Na mesma hora fui atrás das que mostravam esta área e a vi subindo os
degraus com máximo de rapidez que uma mulher com saltos poderia
conseguir. Quando passou em frente à câmera do 19º andar, pude ver que seu
rosto estava coberto de lágrimas.
Continuei acompanhando e quando ela finalmente chegou ao heliponto,
vi, por meio da câmera que ficava acima da porta corta fogo, que ficou parada
olhando para o nada, o vento fazendo seus cabelos voarem.
Lacey então caminhou calmamente e parou em um dos cantos. Notei
quando ela fechou as mãos em punho e balançou a cabeça em negativa como
se estivesse falando com alguém.
Cliquei na câmera mais próxima a ela e deixei que a imagem
preenchesse toda a tela. Foi então que percebi o que estava acontecendo.
Sem pensar duas vezes, afastei minha cadeira bruscamente e saí de
minha sala.
A Sra. Hoover, minha secretária, ficou de olhos arregalados quando me
viu passar correndo por ela.
Vai dar tempo, vai dar tempo, repeti isso internamente enquanto ia em
direção às escadas, eram apenas dois lances até chegar ao telhado e seria mais
rápido por ali.
Ao abrir a porta, Lacey estava jogando os sapatos para o lado. Eu sabia
que se gritasse, ela poderia se apressar em fazer o que pretendia, então,
aproximei-me cautelosamente, mas da maneira mais rápida que consegui.
Quando ela subiu no parapeito e abriu os braços, dei graças a Deus por
ele ser largo, ao mesmo tempo, senti alguma coisa me rasgando por dentro,
meu coração acelerou, assim como a respiração, por concluir que ela estava
mesmo disposta a fazer aquilo.
Pouco antes de eu estar atrás dela, percebi que ela fechou os olhos.
Ela está pronta para pular, pensei, aterrorizado.
Sabendo que não tinha mais tempo, circulei sua cintura e a puxei para
trás.
Lacey gritou de susto e ambos caímos, ela por cima de mim, de modo
que o impacto do meu corpo contra o piso de concreto foi ainda maior.
Quando se recuperou, ela se virou de frente, ficando por cima do meu
peito, a cabeleira loira cobrindo meu rosto. Ambos estávamos ofegantes, os
corações descompassados e, de minha parte, sentindo um enorme alívio.
Continuei segurando sua cintura de maneira firme, com medo de ela se
soltar.
— Por quê? — perguntei baixinho e vi seus belos olhos nublarem de
desesperança.
— A vida não tem sentido para mim — respondeu no mesmo tom, a
voz carregada de tristeza. — Não mais — completou e começou a chorar.
Puxei sua cabeça para que ela a descansasse em meu ombro e ficamos
assim por vários minutos.
Em certo momento, a garota se mexeu e tive que me segurar para não
gemer. Na mesma hora me repreendi, afinal, estávamos em uma situação
completamente fora do contexto sexual e, mesmo assim, não pude impedir as
sensações que chegaram ao meu corpo.
O momento era trágico, mas tê-la daquele jeito era uma tortura e, se
pudesse, bateria em mim mesmo naquele instante por estar pensando naquilo.
No entanto, era difícil não fazê-lo quando sentia a respiração dela contra
a pele do meu pescoço, ouvia os pequenos gemidos próximos ao meu ouvido,
sentia a mão pequena espalmando meu ombro, os seios macios esmagados
contra meu peito e uma das pernas bem torneadas entre as minhas.
Dei graças a Deus por ter um ótimo autocontrole, ficaria mortificado se
tivesse uma ereção.
Quando conseguiu se acalmar, Lacey levantou a cabeça novamente e
tudo o que vi em seu rosto foi uma grande desolação.
Ela puxou a manga de seu casaco e limpou os olhos e o nariz. Quando
voltou a me encarar, parecia estar mais dona de si, pois a vergonha havia
tomado o lugar da desesperança de alguns minutos atrás e dava para ver
verdadeiro arrependimento em seu rosto.
— Não consigo imaginar o que pode ter acontecido de tão horrível a
você para querer fazer algo assim.
Ao ouvir minha voz, ela pareceu se dar conta de onde estava e tentou se
afastar, mas apertei sua cintura ainda mais, temeroso de ter errado em minha
abordagem.
— Eu não vou pular, não se preocupe — ela disse, mas continuei como
estava, analisando seu rosto para ver se estava falando a verdade. — É sério,
a crise já passou — garantiu.
Relutantemente soltei seu corpo e esperei até que se sentasse ao meu
lado, para então fazer o mesmo.
Lacey juntou os pés e abraçou os joelhos, encostando o queixo entre
eles. As unhas pintadas num rosa bem clarinho — delicado como ela —,
fincavam a pele por cima da calça.
— Olha, me desculpe por tê-lo colocado nessa situação. E eu vou
entender caso queira me demitir, ninguém quer ter uma funcionária suicida.
Esse tipo de coisa não repercute muito bem.
Com certeza era a coisa certa a fazer, porém, não consegui me imaginar
a dispensando por causa disso.
— Não vou demiti-la, mas preciso que me prometa que, toda vez que
pensar em fazer isso, vai conversar com alguém antes. Como você mesma
disse, foi só uma crise, pensar um pouco antes de agir e conversar com
alguém, vai impedir que cometa alguma loucura.
— Geralmente converso com a Louise, ela é ótima e estávamos fazendo
bons progressos, eu estava feliz, especialmente depois de vir trabalhar aqui,
mas hoje aconteceu uma coisa que me deixou mal e acabei... — ela se calou,
mas apontou para o parapeito onde estivera em pé apenas alguns minutos
antes.
Sim, fora exatamente por isso que minha ex-namorada pediu que eu
conseguisse um emprego para sua paciente, para que a garota preenchesse
seu tempo vago. Louise queria tanto ajudá-la, que aceitou me encontrar,
mesmo sem querer e eu, idiota como era, acabei com o pouco de confiança
que ela tinha em mim.
— Eu sei que não é educado da minha parte e nem da minha conta, mas
gostaria de saber o que de tão grave aconteceu com você para tentar algo tão
drástico.
Ela ficou em silêncio, ainda abraçada aos joelhos, com olhar perdido,
vagando pelos arranha-céus de Nova York.
— Meu ex-namorado, começou a namorar com outra garota — explicou
e quando me viu com o cenho franzido, continuou: — Sei que parece
patético, mas isso acabou comigo. Jace foi o primeiro e único cara que eu
amei e até bem pouco tempo também me amava. Ele era meu mundo, e então,
tudo acabou... Só eu sei a dor que estou sentindo.
A maior parte das pacientes de Louise, a procurava devido a problemas
de relacionamentos, mas não imaginei que o caso de Lacey fosse tão grave.
— Eu sei que ninguém é capaz de mensurar a dor de outra pessoa.
Mesmo quem já passou por algo parecido, nunca vai sentir o mesmo que
você, mas não é inteligente sofrer por alguém que não vai se importar.
Ela me lançou um olhar magoado, mas eu continuei.
— Se você tivesse mesmo pulado, quem sofreria seriam as pessoas que
gostam de você. Seu ex-namorado iria se sentir mal por alguns dias, mas
depois seguiria sua vida, mas seus pais... Você tem ideia de como eles
ficariam? E a Louise? Tenho certeza de que ela se sentiria culpada por não ter
podido ajudar.
Lacey me encarou com olhar desconfiado, mas depois amenizou sua
reação.
— Você tem razão. Eu sou patética, tenho certeza de que deve haver
maneiras menos dolorosas e mais limpas de se acabar com a própria vida —
brincou com sua própria desgraça e deu um meio sorriso.
Foi o suficiente para perceber que era ainda mais linda quando sorria.
Era uma pena que alguém tão doce se visse incapaz de ser feliz apenas
consigo mesma. Saber disso me deixou mal.
Lacey tinha caído de paraquedas em minha empresa, mas depois do que
aconteceu, não conseguiria parar de me preocupar. De certa forma, após tê-la
impedido de pular, eu me sentia um pouco responsável por ela.
Talvez tenha sido isso que me levou a falar as palavras seguintes:
— O que acha de tomarmos um café? Você me conta melhor o que
aconteceu e quem sabe eu possa te ajudar com esse seu ex-namorado babaca.
Ela me olhou, incrédula, mas logo seu sorriso se ampliou.
— Ajudar como?
— Ainda não sei, mas daremos um jeito.
Falando isso, coloquei-me de pé e estiquei a mão para ajudá-la a se
levantar também.
A garota hesitou por um segundo, mas logo depois a aceitou.
Fui até o local onde ela largara seus sapatos e os peguei. Depois de
calçá-los, seguimos, lado a lado, para dentro da Ward Corporation. Eu ainda
tinha uma reunião no final da tarde, mas pediria à Sra. Hoover que
cancelasse, preferiria ficar um pouco mais com Lacey.
Decidido, disse-lhe para pegar sua bolsa e me encontrar na garagem.
Quando ela começou a argumentar, contei que tinha acesso à todas as
câmeras da empresa e que, se a visse saindo sem mim, eu correria atrás dela
novamente, o que acabaria me atrapalhando muito, uma vez que precisava
conversar com minha secretária.
Sim, eu havia feito uma espécie de chantagem, mas não me importava,
tinha acabado de salvá-la e não queria lhe dar oportunidade para fazer aquilo
novamente.
Assim que passamos pela porta corta fogo, fiz uma nota mental de
procurar saber se seria possível mantê-la trancada.
Como combinado, encontrei-me com Lacey no estacionamento
subterrâneo da Ward Co., de onde meu motorista nos guiou pelo caos que era
o trânsito de Nova York.
No caminho, para que a mãe não se preocupasse, ela mandou uma
mensagem avisando que iria tomar um café com o pessoal do trabalho.
Quando encerrou a ligação, perguntou:
— Para onde estamos indo?
— Conheço um lugar tranquilo onde podemos comer e conversar.
Ela assentiu e não fez mais perguntas. Na verdade, Lacey voltou a ficar
monossílaba e imaginei que fosse pela presença do meu motorista, era natural
que não quisesse falar sobre sua vida na frente de outras pessoas.
Quando chegamos ao Bryant Park, o lugar estava agitado, escolhemos
uma mesa em um canto afastado e só então Lacey voltou a falar.
— Não precisa fazer isso, eu não vou tentar mais nada.
— Isso o quê? — perguntei, despreocupado, olhando o cardápio.
— Eu sei porque me trouxe aqui.
Ela tinha percebido que minha intenção era distraí-la, fazer com que
aquela vontade de cometer alguma besteira acabasse completamente; mas não
era apenas isso, já que estávamos ali, procuraria conhecê-la melhor.
— O combinado era comer e conversar e é isso que iremos fazer.
Ela sorriu de um jeito tímido e concordou com a cabeça.
Depois que fizemos nossos pedidos, incentivei Lacey a falar um pouco
mais sobre si mesma.
— Acho que tudo começou quando meu pai morreu, nós éramos muito
apegados. Foi um baque e tanto, eu entrei em depressão profunda e nunca
mais fui a mesma — ela confidenciou.
— Sinto muito — disse, sincero.
— Então, no final do ensino médio, conheci Jace, foi ele quem me
ajudou a sair do luto em que ainda me encontrava e voltar a viver
plenamente. Eu comecei a tratar a depressão antes de ele chegar em minha
vida, mas, ainda assim, eu vivia em uma montanha russa de emoções. Tinha
dias em que estava muito bem e outros em que entrava em recolhimento total.
Um sorriso saudoso se abriu em seu rosto antes de continuar:
— Jace era lindo e sempre foi muito extrovertido, comunicativo e, aos
pouquinhos, conseguiu devolver a alegria que a morte do meu pai tinha
levado embora. Acho que foi por esse motivo que me apeguei tanto a ele e
exatamente por causa disso eu fiquei tão mal quando terminamos.
Lacey falava de forma calma, mas, em cada palavra, era possível
perceber a dor que sentia.
— E quanto à sua mãe?
— Eu e ela sempre tivemos uma boa relação, mas não se comparava ao
que eu tinha com meu pai. Mamãe também o amava profundamente e sofreu
tanto quanto eu, isso fez com que nos aproximássemos. Se não fosse por ela
eu já...
A frase foi interrompida, mas deu para perceber o que ficou oculto e, de
alguma forma, consegui entender o que ela sentia. Eu, melhor que ninguém,
sabia o quanto a relação parental influenciava uma pessoa ao longo da sua
vida adulta.
As poucas sessões de terapia com Louise, serviram para mostrar o
óbvio: que meus problemas emocionais e várias das decisões que tomei ao
longo da vida, aconteceram devido à péssima influência de minha mãe.
Apesar de estarmos, cada um, em um extremo da equação, eu conseguia
me identificar com Lacey. Ambos fomos traumatizados por nossos pais, a
diferença era que ela estava sofrendo pelo excesso de amor que recebeu e
pela privação brusca desse amor, causada pela morte de seu pai. Já eu,
colecionava desventuras por nunca ter sentido uma vírgula do amor que
deveria ter recebido quando criança, não da parte de minha mãe, pelo menos.
— Posso te confessar uma coisa?
Ela balançou a cabeça de forma contundente e arregalou os olhos,
esperando pelo que eu iria dizer.
— Nós fomos criados de maneira completamente diferente, mas, de
certa forma, eu consigo entender como se sente. Minha mãe verdadeira
morreu quando eu era bem pequeno. Um tempo depois meu pai se casou
novamente e a mulher que me criou era o exato oposto do seu pai. Por causa
do comportamento dela comigo, eu acabei tomando atitudes que não queria e,
ainda assim, mesmo depois de adulto, deixei que ela me persuadisse a fazer
as coisas do seu jeito e isso também mexeu com a minha cabeça de forma
muito negativa. Como eu disse, meu caso é bem diferente do seu, mas de
alguma forma, ambos fomos afetados em nossa infância por aqueles que
eram responsáveis por nós.
Lacey ficou me encarando com olhos cheios de lágrimas e na mesma
hora me arrependi da comparação que fiz. Minha intenção era lhe mostrar
que todos tínhamos problemas, mas que nem por isso deveríamos desistir de
viver.
— Talvez não tenha sido uma boa ideia falar sobre minha vida —
concluí.
Ela engoliu o choro, mesmo com semblante triste continuava linda. Os
cabelos loiros caindo pelos ombros, os cílios volumosos cobrindo aquele
olhar sem esperança.
— Sempre que as pessoas ficam sabendo dos meus problemas elas
tentam dar conselhos que nem elas mesmas conseguiriam seguir, mas
ninguém nunca havia compartilhado algo tão pessoal comigo. Talvez por eu
ser nova, elas não tenham levado meu sofrimento tão a sério, mas só eu sei o
quanto doeu e ainda dói, tudo o que aconteceu.
E apesar de suas últimas palavras, ela sorriu de um jeito tímido, como
se estivesse agradecida pelo que fiz.
— Prometa que não vai tentar fazer aquilo de novo — pedi, olhando-a
seriamente.
Ela ficou me avaliando por um bom tempo. Seus olhos passearam por
meu pescoço e rosto, analisando cada detalhe dele, e subiram para meus
cabelos.
Então, parecendo satisfeita, meneou a cabeça e respondeu de maneira
firme:
— Eu prometo.
Senti um enorme alívio, mesmo sabendo que, se tivesse alguma crise,
ela talvez nem se lembrasse dessa promessa.
Após minha confissão Lacey pareceu se sentir mais à vontade para
contar outros fatos, inclusive o porquê de o ex-namorado ter terminado com
ela.
Ela estava ciente de que fora culpa sua.
— Acho que ele se cansou dos meus ataques — falou, dando de
ombros.
Sim, obviamente o rapaz devia ter se assustado com seu comportamento
instável, mas preferi não falar nada.
Conversamos por umas duas horas e quando a deixei em casa, senti que
a conhecia um pouco melhor.
Ouvi-la falar sobre sua vida cheia de altos e baixos e repleta de
problemas psicológicos, fez-me lembrar da minha própria trajetória e dos
problemas que enfrentei até conseguir ter as rédeas da minha própria vida.
Talvez Lacey demorasse para chegar a esse nível de entendimento, mas
alguma coisa me dizia que com um pouco de ajuda e um ombro amigo, ela
conseguiria se curar.
Depois que meu chefe me deixou em casa, esforcei-me ao máximo para
conversar com minha mãe como se nada tivesse acontecido.
Eu jamais poderia revelar a merda que pensei em fazer por causa de
Jace, não seria justo, afinal, ela vivia preocupada comigo e isso seria mais um
golpe muito duro.
Pensei em ligar para Louise, mas depois desisti e fiz o que sempre fazia
quando aquele vazio me consumia, tranquei-me no quarto e chorei por
minutos intermináveis até que a fronha do meu travesseiro estivesse úmida.
Quando as lágrimas cessaram, fui até o banheiro e fiquei horrorizada ao
me olhar no espelho. As pálpebras estavam mais vermelhas e inchadas do que
o normal e ainda tinha aquele olhar triste que eu não via há um bom tempo.
Naquele momento perguntei a mim mesma que diabos eu estava
fazendo com a minha vida. Como podia estar me entregando daquela forma
por causa de outra pessoa.
Desejei ter o poder de entrar dentro de minha mente e coração e
arrancar essa doença que eu sentia por Jace. Porque, sim, isso era doença, não
amor.
Liguei a torneira fria e lavei meu rosto repetidas vezes, sentindo a água
gelada baixar a temperatura da minha pele.
Thomas tinha razão, eu tinha que me controlar e não deixar que um pico
de adrenalina ou tristeza tirasse minha vontade de viver.
Jace já estava com outra pessoa e mesmo sendo doloroso, eu tinha que
aceitar aquela realidade e seguir em frente.
— Não vai ser fácil, mas você precisa tentar — falei para a garota de
aspecto frágil que me olhava de volta através do espelho.
Dizer aquilo em voz alta fez um sentimento diferente surgir dentro de
mim. Eu não sabia o que era, mas me fazia sentir mais forte.
Foi com esse pensamento que me deitei para dormir, ainda triste, mas
com um fio de esperança de que as coisas seriam diferentes dali para frente.
Era final de expediente quando Tori me avisou que Elliot queria falar
comigo quando voltasse da reunião que estava tendo com o setor comercial e
rezei para que fosse algo relativo à minha transferência.
A troca de estagiários já havia começado, mas pelo que Tom me falou,
a chefe do setor de projetos estava dificultando minha ida para lá. Entretanto,
ele já tinha dado um ultimato a tal Abby, então eu esperava ser transferida a
qualquer momento.
Sorri, imaginando-o dando uma de chefão para cima da mulher. Ao
mesmo tempo, tinha medo de que, por causa disso, ela achasse que eu estava
tendo um caso com ele ou algo nesse sentido. De forma alguma queria fofoca
com meu nome. Preferia que a sorte que estávamos tendo até agora
perdurasse.
Porque, sim, era uma sorte que ainda não tivessem surgido falatórios
associando meu nome ao de Thomas, uma vez que nossos encontros ficaram
ainda mais frequentes após termos ido ao cinema.
Desse dia em diante, não houve mais tanta cerimônia entre nós, era
nítido o quanto estávamos leves na presença um do outro e o quanto ele me
fazia bem. Queria acreditar que o mesmo acontecia com ele, já que agora nós
nos víamos quase todos os dias. Éramos ambos solitários e fazer companhia
um ao outro estava sendo uma ótima terapia para os dois.
Claro que eu tinha minha mãe e a amizade com Joly também havia
evoluído muito, de forma que ultimamente precisava dividir meu tempo entre
eles, o que era ótimo, já tinha ficado sozinha por muito tempo.
Ainda assim, meu foco era ele. Thomas raramente saía, não que não
acreditasse que um homem como ele não tivesse encontros amorosos, mas
como não falávamos sobre assuntos mais íntimos, não poderia afirmar com
certeza, então, eu tentava ao máximo lhe fazer companhia. Detestava saber
que estava sozinho naquele apartamento gigante.
E não era apenas eu. Depois de muita insistência tive que apresentá-lo à
minha mãe, que o adorou de cara e o tratava como filho.
Gostava tanto de vê-los juntos, sentia que ele também a via como uma
figura materna e que a amizade deles fez com que algumas de suas feridas
cicatrizassem.
Peguei o telefone e mandei uma mensagem para ela avisando o que
estava acontecendo para que não ficasse preocupada.
Àquela hora não havia mais ninguém no andar e tive vontade de ir
embora, mas achei que seria muita indelicadeza de minha parte, entretanto,
combinei comigo mesma que esperaria por mais meia hora antes de arrumar
tudo e partir, ele que me chamasse novamente no horário do expediente.
Vinte minutos após minha resolução, ele surgiu de dentro do elevador e
seus olhos procuraram pelos meus.
— Na minha sala, por favor — convocou com seu sotaque carregado ao
passar por mim.
Levantei-me, deixando minha bolsa sobre a mesa, e o segui.
— Sente-se — disse ele depois de fechar a porta.
Fiz como pediu e esperei que também se sentasse, mas em vez disso ele
apenas se encostou na mesa, bem à minha frente.
— Sabe, Lacey, trabalho na Ward Corporation há alguns anos e já
conheci várias garotas como você.
Levei um choque ao ouvir suas palavras e crispei o rosto.
— Garotas como eu?
— Sim.
— Sinceramente eu não entendi.
— Garotas como você, ou seja, lindas e interesseiras.
Arregalei os olhos e tentei me levantar, mas ele me impediu colocando
ambas as mãos sobre meus ombros e me empurrando para baixo.
— Eu tenho te observado há muito tempo, mas você é, digamos, um
pouco escorregadia — falou com um tom lascivo.
— Não estou entendendo — balbuciei, procurando uma forma de
escapar dali.
— Então — continuou ele, como se eu não tivesse falado nada —,
fiquei sabendo que pediu transferência para outro setor; setor este que fica
muito mais perto do andar da presidência... — terminou, deixando as
implicações disso no ar.
— Essa conversa é uma loucura.
Custava a acreditar que estava sendo mesmo assediada por aquele
verme nojento.
— Na verdade, não. O que eu estou fazendo aqui é te dando a chance de
reconsiderar sua transferência, porque seja lá o que tenha se passado por essa
cabecinha, não vai acontecer. Thomas é tão frio quanto uma pedra de gelo e
com o dinheiro que tem — falou com um esgar, nitidamente invejoso —, ele
nunca seria capaz de apreciar uma mulher como você, linda, mas que não está
no mesmo patamar. Eu, por outro lado, aprecio muito, desde o dia em que
chegou aqui...
Abri a boca para contestar, xingar ou até mesmo gritar, se fosse
necessário, mas estava me sentindo atônita com aquela conversa.
— Pense no quanto pode crescer na empresa, se tiver o meu apoio —
falou deslizando um dedo por meu ombro.
— Você é completamente louco! — exclamei, conseguindo me
desvencilhar dele e me levantar.
Sentia vontade de vomitar só de pensar em ter alguma coisa mais íntima
com esse homem.
Quando estava a uma distância segura, falei:
— Eu não sou esse tipo de mulher e não estou à venda.
— Está, sim, Lacey, só preciso descobrir o seu preço.
Abri a boca, cada vez mais abalada, mas decidi que não adiantava
discutir. Simplesmente virei as costas e saí da sala com o coração pulsando
nos ouvidos e a raiva queimando no peito.
Quem esse idiota pensa que é?
Peguei minha bolsa e quando cheguei em frente ao elevador, apertei os
botões de forma frenética, morrendo de medo de ele ir atrás de mim. Quando
as portas se abriram, entrei rapidamente e só me senti segura quando elas se
fecharam.
Ao apertar o botão do térreo, percebi que estava tremendo, e meu
tremor apenas aumentou à medida que descia.
Eu estava tão chateada. Nunca imaginei que esse tipo de situação fosse
acontecer na empresa de Thomas. Embora devesse ter sabido que aqueles
olhares de Elliot eram um prelúdio do que poderia ocorrer.
Saí do elevador às pressas, andando o mais rápido que conseguia sobre
os saltos altos, louca para chegar à minha casa e me trancar em meu quarto.
Estava tão desnorteada que acabei trombando com alguém que estava
saindo da cafeteria e quase caí no chão.
— Lacey? — a voz de Thomas fez minhas pernas amolecerem de alívio
e meus olhos se encherem de lágrimas.
Sem pensar em quem poderia estar olhando ou no que poderia
acontecer, eu o abracei apertado sentindo-me imediatamente protegida.
— Ei, o que houve? — perguntou, baixinho, abraçando-me de volta.
— Me tira daqui, por favor.
Tudo o que queria era ficar o mais longe possível de Owen Elliot.
— Venha comigo, meu carro está na garagem.
Segui com Thomas para o elevador.
Quando as portas se fecharam, ele perguntou:
— Quer ir para a cobertura?
Assenti, não queria que minha mãe me visse nervosa daquele jeito.
No minuto em que entramos no carro, eu relaxei.
— Direto para a cobertura — avisou ele ao motorista.
Como não poderíamos conversar, a única coisa que fiz foi ficar agarrada
ao seu corpo enquanto ele afagava meus cabelos.
Ali, aninhada ao peito de Thomas, com o cheiro gostoso que exalava de
sua pele me embriagando, senti uma paz enorme.
Nossa ligação tinha se tornado tão forte, que não sabia o que faria se
algo nos separasse.
Pensar nisso me deu um princípio de pânico. E se ele não acreditasse
em mim?
Antes que pudesse pensar no assunto, o carro chegou à garagem de seu
prédio e quando entramos em seu apartamento, eu estava um pouco mais
calma.
Thomas me deixou na sala e foi até a cozinha pegar um copo de água
para mim.
— Você teve uma crise? Foi alguma coisa com Jace? — perguntou me
entregando o copo e se sentando ao meu lado.
— Fiquei em pânico, sim, mas não foi por causa de Jace, na verdade,
não penso nele há algum tempo.
Vi o esboço de um sorriso se formar no canto de sua boca, mas logo ele
ficou sério novamente.
— Então, o que aconteceu? Nunca te vi tão nervosa.
Eu não sabia nem como começar a falar sobre o que havia acontecido;
Thomas gostava do Sr. Elliot e a última coisa que eu queria era causar
confusão dentro da empresa dele e colocá-lo em uma posição complicada.
Mas caso não falasse, aquele babaca poderia assediar outras
funcionárias.
Respirei fundo e comecei a contar.
— Tori avisou que era para eu esperar porque o Sr. Elliot queria
conversar comigo. Na hora pensei que pudesse ser algo sobre minha
transferência de setor ou até mesmo que ele tivesse alguma reclamação, mas
eu não poderia estar mais enganada. — Parei e tomei alguns goles de água.
Thomas enrijeceu o corpo e vi uma ruga enorme surgir em sua testa.
— Não me diga que ele tocou em você? — perguntou, já nervoso.
— Ele não seria louco, mas falou coisas nojentas — estremeci só de
pensar. — Meu Deus, eu jamais ficaria com ele.
Thomas se levantou, visivelmente irritado e andou em círculos pela
sala.
— Lacey o que exatamente ele disse a você? — perguntou, colocando-
se à minha frente.
— Fez propostas, você sabe, daquele tipo ‘Se ficar comigo eu posso
conseguir qualquer coisa para você.’ Pediu para eu reconsiderar minha
transferência. Ele acha que sou uma interesseira, que só estou fazendo isso
para ficar mais perto de você... — Balancei a cabeça, ainda descrente de suas
palavras. — Eu sinceramente não sei de onde esse cara tirou isso, eu jamais
dei qualquer tipo de liberdade a ele.
— Não é de hoje que os comentários de Elliot a respeito de algumas
funcionárias me incomodam, mas eu achei que ele fosse apenas um idiota,
nunca imaginei que chegaria tão longe a ponto de assediar alguma, ainda
mais você, que... Bom, está há tão pouco tempo na empresa.
Na mesma hora a conversa que havia tido com Joly no dia que ela
jantou em minha casa pela primeira vez me voltou à memória.
Será que ele já a tinha assediado daquela maneira? Bom, pensaria nisso
depois.
— Olha, Tom, eu posso até estar enganada, mas alguma coisa me diz
que essa não foi a primeira vez que fez isso, ele parecia muito confiante,
sabe, certo de que poderia falar o que quisesse e que mesmo que eu não
aceitasse, nada iria acontecer.
Em meu íntimo eu estava bem certa de não ter sido a primeira, mas era
perigoso afirmar.
— Ele sempre me olhou de um jeito estranho, mas hoje passou de todos
os limites. Sentada naquela cadeira, com ele à minha frente, eu me senti tão
mal, tão impotente...
Tom voltou a se sentar e me abraçou novamente.
— Sinto muito por ter passado por isso dentro da minha empresa, e te
prometo que não ficará impune. Eu já reprovaria sua atitude com qualquer
outra funcionária, com você então...
Seu abraço ficou mais apertado e tudo que pude fazer foi assentir.
Meu Deus, Thomas Ward era realmente maravilhoso. Tinha certeza de
que qualquer outro agiria de forma mediadora e procuraria ver os dois lados,
primeiro porque eles eram amigos e depois porque assédio era algo grave,
que acabava repercutindo negativamente para a empresa, mas em momento
algum ele duvidou de mim e tinha certeza de que, independentemente do que
Owen Elliot falasse, as coisas ficariam feias para o seu lado.
— Muito obrigada por ter acreditado em mim — falei, afastando-me
alguns centímetros de seu abraço.
Ele sorriu e acariciou meu rosto, deixando implícito que eu não
precisava agradecer.
Então, do nada, enquanto olhava para aqueles lindos olhos verdes, a
percepção que tinha sobre ele mudou. Não sabia se era devido ao momento
de fragilidade, à gratidão que sentia por sua confiança em mim ou se isso já
estava guardado em meu âmago, mas, de repente, comecei a vê-lo como
nunca antes.
Tom havia se tornado completamente indispensável em minha vida e já
havia feito meu coração acelerar diversas vezes por inúmeros motivos, mas
naquele momento meu coração batia apressado por causa dele, do homem, e
não do amigo.
Levada por um impulso, aproximei-me e toquei meus lábios nos seus.
Acho que Tom demorou alguns segundos para entender o que estava
acontecendo, mas quando o fez, não se afastou, pelo contrário, segurou minha
cintura com um pouco mais de firmeza e retribuiu ao beijo.
Sentir suas mãos me tocando de um jeito mais íntimo fez meu corpo
experimentar sensações completamente distintas das que estava acostumada.
Além disso, fiquei excitada imediatamente, era como se tudo em mim
estivesse à espera desse tipo de contato e não pudesse se conter.
Entrelacei as mãos em sua nuca e isso o incentivou a aprofundar o beijo.
E que beijo!
Apenas quando uma de suas mãos deslizou para dentro da minha blusa,
arrepiando minhas costas, foi que me dei conta do que estava acontecendo.
Do que havia feito.
Mortificada, espalmei as duas mãos em seu peito forte e o afastei.
— Por Deus, Tom, me perdoe por isso — falei rápido, levantando-me
em seguida. — Eu devo estar enlouquecendo de novo — choraminguei
enquanto olhava em volta à procura de minha bolsa, encontrando-a no chão,
ao lado do sofá.
— Não tem do que se desculpar... — garantiu e continuou falando, mas
naquele momento eu não estava mais prestando atenção.
Tinha que sair dali.
— Olha, eu não sei o que me deu, mas prometo que não vai acontecer
novamente.
— Não precisa ser assim, Lacey, eu...
— Preciso ir agora, a gente se fala depois.
E, sem dar tempo para que Thomas falasse mais alguma coisa, saí,
batendo a porta atrás de mim.
Enquanto seguia para casa no taxi que parou assim que cheguei à
calçada, tentava colocar a cabeça no lugar para não surtar, mas sabia que
precisava de tempo para conseguir digerir todas as sensações causadas por
aquele beijo inesperado.
Mas se fosse sincera comigo mesma, admitiria que, na verdade, sempre
quisera saber o que iria acontecer se acabássemos nos envolvendo de um jeito
mais íntimo. O que nunca imaginei foi que teria coragem de tomar a
iniciativa e tinha a impressão de que era isso o que mais me afligia.
Isso e o fato de que as coisas provavelmente não seriam mais as
mesmas porque eu havia estragado tudo.
Qual era o meu problema, e o que eu iria fazer? Gostava tanto do
cuidado que ele tinha comigo...
Ao mesmo tempo, sentia que isso seria bom para eu conseguir separar
as coisas e avaliar com mais precisão meus sentimentos.
Estaria mentindo se dissesse que, desde que nossa amizade se
consolidara, especialmente quando Jace parou de fazer parte dos meus
pensamentos, eu não havia pensado se meus sentimentos por Tom eram
normais ou se eu tinha apenas transferido minha obsessão.
O fato de nunca termos brigado, não havia ajudado nessa tarefa. Quem
sabe agora, depois da merda que fiz, eu não conseguisse entender o que se
passava em meu coração e, principalmente, em minha cabeça.
Num momento como aquele, eu queria muito ter uma amiga que
pudesse me escutar, mas a única que eu tinha no momento era Joly e não
podia lhe confidenciar que havia beijado o CEO da nossa empresa.
Não por causa de mim, mas por ele. Minha amiga nem sonhava que
éramos tão íntimos e acabaria pensando besteira, o que podia colocá-lo numa
situação complicada e isso não era justo.
Ao entrar em meu apartamento, encostei-me na porta. Sentia-me
subitamente drenada, mas ao mesmo tempo segura, sabia que Tom jamais
apareceria ali sem ser convidado. Isso era perfeito, a última coisa que queria
naquele momento era vê-lo.
Aproveitando que minha mãe não estava, fui para o meu quarto, tomei
um banho frio, coloquei uma camisola e me deitei.
Quando peguei meu celular, vi que havia duas ligações dele e uma
mensagem falando para eu retornar quando a lesse.
— Deus, o que eu vou fazer agora? — murmurei para o quarto escuro.
Thomas, era a pessoa com quem eu mais gostava de conversar, mas
naquele momento, eu necessitava ficar sozinha com meus pensamentos para
poder refletir sobre tudo o que senti — e ainda sentia — após aquele beijo.
Quando o telefone tocou de novo, senti-me na obrigação de tranquilizá-
lo, não era correto deixá-lo inquieto, com medo do que eu poderia fazer.
Enviei uma mensagem dizendo que havia chegado em casa e pedindo
para que não se preocupasse, porque não faria nenhuma besteira, precisava
apenas de um tempo para pensar.
Quase que imediatamente ele mandou outra de volta dizendo que nada
havia mudado e que estaria esperando para quando eu estivesse preparada
para conversar. E se eu não quisesse conversar também.
Isso me fez rir.
Tom era muito especial.
Mandei um emogi de coração para ele e coloquei o telefone sobre a
mesa de cabeceira.
Esperava que o final de semana me ajudasse a chegar a algumas
conclusões e a superar o que havia acontecido.
Após ter acordado mais cedo do que o normal, resolvi me arrumar e ir
para a empresa.
O meu fim de semana não foi nada fácil, eu pensei demais e dormi de
menos, mas, mesmo cansada, não consegui permanecer na cama por mais
tempo.
Estava agradecida por ter ficado sozinha pela maior parte do tempo e
ainda mais porque, quando me encontrei com mamãe, ela não percebeu o
quanto eu estava distraída, o que significava que eu conseguira fingir muito
bem que não passara aqueles dois dias relembrando o beijo.
Contudo, só eu sabia o que estava sentindo.
Quando cheguei ao prédio que sediava a Ward Corporation, parei no
café que havia no térreo e, para minha sorte, ou azar, dependia do ponto de
vista, Tom teve a mesma ideia e estava terminando de pegar um café.
Eu me encontrava logo atrás dele, então, quando se virou, deu de cara
comigo. Na mesma hora meus olhos foram para seus lábios, mas os desviei.
— Bom dia, Lacey — disse ele, como se nada tivesse acontecido.
— Ah, hum... bom dia — falei revirando minha bolsa para não ter que
encará-lo.
— Precisamos conversar — declarou e eu assenti.
Depois de mais de vinte e quatro horas sem falar com ele, achei que
fosse estar mais preparada para quando o encontrasse, mas a realidade nunca
condizia com nossos pensamentos.
Entretanto, eu não era covarde, se tínhamos que conversar, que fosse
logo.
— Posso pegar um café?
— Claro, te espero na mesa do fundo.
Enquanto aguardava meu pedido, analisei de longe a forma elegante
como ele estava acomodado na cadeira, o terno azul marinho que escolheu
para aquela manhã, perfeitamente cortado, o cabelo castanho-claro mantido
no lugar com um pouco de gel e os brilhantes olhos verdes que fechavam o
pacote.
Thomas era realmente muito bonito, e mesmo tendo chegado à
conclusão de que meu ataque a ele se deveu ao estresse que estava sentindo,
depois do que passei com o Sr. Elliot, nada mudava aquela realidade.
Depois de pegar meu café, segui para a mesa e esperei que falasse
alguma coisa.
— Lacey, eu sei que está chateada pelo o que aconteceu, mas...
— A culpa foi minha, Tom, fui eu que tomei a iniciativa — interrompi.
— Não se culpe porque não há problema algum. De minha parte está
tudo certo.
— Quer dizer que nossa amizade vai continuar?
— E por que não?
Eu não estava completamente certa de que as coisas seriam iguais, mas
senti um alívio daqueles percorrer o meu corpo.
— De verdade?
Ele assentiu, lançando-me um sorriso que, eu percebi, não chegou aos
olhos.
— Óbvio que sim, eu seria um idiota se deixasse isso interferir numa
amizade tão importante para mim.
Sorri e segurei a mão dele por cima da mesa.
— Obrigada. Não tem ideia de como estava agoniada com tudo isso.
— Então pode se tranquilizar. Nós somos adultos e sempre que
conseguirmos conversar para resolver as questões, vai ficar tudo bem.
— Está certo. Bom, agora eu tenho que ir — falei, levantando-me em
seguida.
Ele sorriu e se despediu com um “até depois”.
Meu andar ainda estava vazio quando me acomodei em minha cadeira e
rezei para que Tom já tivesse dado um jeito no Sr. Elliot, seria muito
constrangedor me encontrar com ele.
Vários minutos depois, o pessoal começou a chegar e se acomodar em
seus lugares.
— Vi nosso CEO na cafeteria. Jesus, que gato! — disse uma das garotas
cuja a baia ficava próxima à minha.
“Isso porque você não sentiu o beijo e a pegada, colega.”
Meu Deus! De onde surgiu essa voz?
Joly chegou logo depois. Ela parecia pensativa e após me cumprimentar
rapidamente, começou a trabalhar.
Tive vontade de perguntar o que estava acontecendo, mas se não
conseguia dividir meus problemas com ela, não achava justo pedir que se
abrisse comigo.
Entretanto, se ela não melhorasse, faria meu papel de amiga, a despeito
de mim mesma.
Pensar nos meus problemas me levou a Thomas novamente.
Estava me sentindo muito melhor depois da breve conversa que tive
com ele. Não tinha certeza de que as coisas não ficariam estranhas mais cedo
ou mais tarde, mas me esforçaria para que nada mudasse, não porque tivesse
chegado à conclusão de que não gostava dele de maneira romântica, mas
exatamente pelo contrário.
Isso me causava um medo de morte. Medo de que minha mente
perturbada conseguisse transformar essa linda amizade em um grande
problema.
Obriguei-me a parar de pensar nesse assunto e trabalhar.
Por volta das 10h da manhã, a ausência do Sr. Elliot começou a ser
notada por outros funcionários e, obviamente, a rodinha de fofoca se instalou
ao redor da mesa de Tori. Mas foi apenas no meio da tarde que recebemos
um comunicado avisando que Emma Sanders, a advogada bonitona recém-
contratada, seria a nova chefe do setor.
Senti um frio na barriga por saber que uma pessoa havia sido demitida
por minha causa, mas tentei não me sentir culpada, afinal de contas, o errado
foi ele em assediar uma funcionária que nunca lhe deu qualquer moral.
Para minha surpresa, uma hora depois da circular, Tori me entregou um
bilhete dizendo que eu estava sendo chamada no andar da presidência.
Pela cara de desgosto com que me entregou o pedaço de papel, ela não
havia ficado nada contente com a aquilo. Isso ou Elliot havia lhe falado que
eu era o motivo de sua ausência. Pelo perfil que apresentava, Tori era o tipo
que se dava melhor com chefes homens do que com mulheres e eu tinha a
impressão de que se não mudasse sua postura, não ficaria naquele cargo por
muito tempo. E ela devia saber disso também.
Enquanto me dirigia ao elevador, sob os olhares de algumas pessoas do
setor, fiquei pensando no porquê daquela convocação, não teria sido mais
discreto falar comigo por telefone?
Quando cheguei ao andar da presidência, achei tudo muito silencioso e
tão chique quanto eu imaginava. Sempre tive curiosidade de saber como era o
último andar e pude constatar que ele refletia o bom gosto de um CEO da
estirpe de Thomas, com a mobília escura sendo destacada devido ao mármore
claro e brilhante do piso e as paredes pintadas em um tom de creme.
— Boa tarde, sou Lacey Smith, do jurídico.
— Boa tarde, Srta. Smith, sou Freya Hoover, como vai? — A morena
baixinha de cabelo Chanel e sorriso aberto perguntou, levantando-se para me
cumprimentar.
— Muito bem, obrigada.
— Ótimo. Acompanhe-me, por favor, o Sr. Ward está a sua espera —
disse ela e me indicou as portas duplas que ficavam logo atrás de sua mesa.
Depois de bater levemente, Freya me guiou para dentro e saiu em
seguida, deixando-me sozinha com nosso chefe, que estava ao telefone.
Ao me ver, Thomas pediu um minuto. Eu acenei para que ficasse
tranquilo e aproveitei esse tempo para olhar ao redor.
A sala era tão bonita quanto o restante do andar, mas bem menos fria,
com algumas obras de arte na parede e uma estante lotada de livros.
Voltei minha atenção para Tom, que havia virado a cadeira de frente
para as janelas.
Sorri ao ver que ele não estava tão composto quanto de manhã, quando
nos encontramos no café. A camisa branca estava com as mangas dobradas, a
gravata enrolada em um canto da mesa e o blazer, acomodado no encosto da
cadeira.
Ainda assim, vê-lo atrás daquela imponente mesa envidraçada, com
Nova York como pano de fundo, foi um choque para mim. O fato de sermos
amigos e sempre nos encontrarmos em lugares comuns, acabou anulando a
questão hierárquica que existia entre nós. Entretanto, ali, pela primeira vez,
pude ver o quanto ele era poderoso e isso me excitou, fazendo-me reviver
nosso beijo, e também me lembrou o quanto éramos diferentes.
Mas então ele sorriu ao desligar o telefone. E aquele era o mesmo
sorriso afável que recebi dele desde o primeiro dia e isso me fez relaxar, mas
apenas um pouco. Eu estava curiosa para saber porque fui chamada ali.
— Então é aqui que você se esconde o dia todo? — brinquei para tentar
diminuir um pouco mais meu nervosismo.
— Isso mesmo. Gostou? — perguntou e apontou a cadeira em frente à
sua mesa.
— Sim, é lindo, se parece com você.
Apenas quando terminei de falar foi que percebi como a frase havia
soado e senti que corava até a raiz dos cabelos. Especialmente quando o
sorriso dele se alargou.
— Quer dizer... Eu...
— Desencana, Lacey, eu entendi — falou, ainda sorrindo, relaxando
contra o encosto da cadeira, e me obriguei a fazer o mesmo. — Tenho algo
aqui para você — continuou, pegando um envelope sobre a mesa e me
entregando.
— Espero que não seja minha carta de demissão — brinquei mais uma
vez.
Deus, como eu estava nervosa!
Tom sorriu e fez que não com a cabeça.
— De forma alguma. Esta é sua transferência para o setor de projetos.
Arregalei os olhos e senti meu coração vibrar de felicidade.
Sem pensar duas vezes, pus-me de pé, dei a volta na mesa e o abracei
apertado.
— Obrigada, obrigada, obrigada — repeti, emocionada.
— Não precisa agradecer. Eu só quis dar a notícia pessoalmente. Você
deve passar no RH apenas para oficializar e já pode iniciar no novo setor na
próxima segunda-feira. Mas já vou adiantando que Abby Randall é osso duro
de roer.
Sim, eu já havia especulado e ficado sabendo que minha nova chefe
tinha fama de durona, mas eu não queria nada além de fazer meu serviço
direito e aprender o máximo possível, então, daria um jeito para que as coisas
dessem certo.
— Contanto que ela não pegue no meu pé por motivos pessoais, acho
que vai ficar tudo bem — falei e ele balançou a cabeça em concordância.
— Imagino que já esteja sabendo que Elliot não faz mais parte do
quadro de funcionários — continuou ele.
— Sim, obrigada por isso também, seria bem constrangedor encontrá-lo
pelos corredores.
— Pensei o mesmo. Tivemos uma breve conversa e deixei claro que
jamais iria admitir esse tipo de comportamento em minhas empresas. Ele
tentou se defender, mas quando eu disse que tinha recebido mais de uma
reclamação, não havia como argumentar. Despedi-o por justa causa e o
aconselhei a não nos colocar como referência, ou quem entrasse em contato
saberia o porquê de sua demissão.
Não pude deixar de sorrir ao ouvir isso. Thomas Ward era um homem
muito correto e não admitiria que alguém de índole tão repreensível
continuasse em sua empresa.
— Eu nem sei como agradecer tudo o que você tem feito por mim —
declarei, mas ele apenas me olhou, como se estivesse me avaliando.
Um pouco sem graça, levantei-me e, com mais um obrigada, despedi-
me.
Assim que sentei em minha cadeira, ainda tentava conter minha euforia.
Joly, já totalmente recuperada, perguntou onde eu estava e lhe expliquei
que tinha conseguido a transferência que tanto desejava. Minha amiga,
obviamente, ficou feliz por mim. Ela, melhor do que ninguém, sabia o quanto
eu detestava aquelas pilhas de processos, contratos e petições.
Não contei, porém, que havia ido à presidência. E pela forma discreta
como Tori me deu o recado, imaginei que a secretária de Tom havia pedido
sigilo, de forma que eu duvidava que ela queimaria seu filme contando a
alguém.
Quando estávamos indo embora, Joly sugeriu que saíssemos para
comemorar, mas eu declinei, primeiro porque estava me sentindo
cansadíssima, uma vez que dormira pouquíssimo no fim de semana, e depois
porque ainda era segunda-feira e se iríamos comemorar, que fosse em grande
estilo, sem a preocupação de ter que trabalhar no dia seguinte.
Então, combinamos de sair na sexta-feira e não interessava muito para
onde iríamos, eu só precisava beber um pouco e espairecer minha cabeça.
Minha primeira semana no andar de projetos estava sendo bem diferente
do que imaginei. Abby Randall era uma verdadeira bruxa que parecia odiar o
sexo feminino, prova disso era a quantidade de homens que havia no setor.
Diferente de Elliot, que ficava praticamente o tempo todo em sua sala,
ela estava sempre de olho nos estagiários e também nos arquitetos e
engenheiros que trabalhavam ali, o que tornava o clima muito menos
descontraído do que no setor jurídico. Fofoqueiras como Tori, por exemplo,
não teriam lugar ao lado daquela mulher sistemática e mandona.
O fato de ser arquiteta e engenheira, lhe dava ainda mais poder para
mandar e desmandar em qualquer profissional do setor, e pelo que percebi,
todos agiam de acordo com sua cartilha.
Eu acreditava que ela devia ter, no máximo, 35 anos, mas o coque
apertado que exibia todos os dias e os terninhos sérios e bem alinhados, lhe
davam uma aparência bem mais velha.
Ela era tão metódica, que eu tinha certeza de que se medisse a distância
entre as coisas que se encontravam em sua mesa, encontraria a mesma
quantidade de centímetros.
Deveria ser terrível morar com uma pessoa tão organizada.
Quanto ao resto do pessoal, eram todos gentis. Claro que levaram um
susto quando apareci dizendo ser a nova estagiária, mas logo a estranheza se
dissipou e eles estavam sendo muito solícitos, sempre dispostos a me ajudar.
Isso, porém, a deixava ainda mais enfurecida. Quando me apresentei no
primeiro dia, ela não disfarçou sua desaprovação e tinha certeza de que toda
essa hostilidade se devia ao fato de ter sido colocada ali pelo chefão e não por
eu ser mulher.
Só que, por mais desgostosa que estivesse, não poderia fazer nada, era a
mandachuva do setor, mas não da empresa inteira.
Decerto ela estava achando que eu tinha um caso com Thomas, e isso
me incomodava, não por ela pensar que estávamos juntos, mas por achar que
eu só estava ali por causa dele e não porque merecia.
Devido a isso, eu me esforçaria para ser tão boa, ou melhor, do que os
outros. Como havia dito a Tom, ela podia falar o que quisesse em termos
profissionais, mas não aceitaria que me destratasse por motivos pessoais e
nem fugiria com o rabo entre as pernas.
Depois de tudo que passei nos últimos meses, não seria uma chefe
carrasca que iria me desanimar, não quando meu propósito era me tornar uma
engenheira renomada.
Empolgada com tudo ali, acabei pegando mais trabalho do que devia e
por causa disso, quando a sexta-feira chegou, eu estava mais cansada que o
habitual.
O fato de não ter conversado muito com Thomas, também repercutiu
em meu humor. As coisas entre nós tinham voltado, relativamente, ao
normal, mas na quarta-feira ele viajou para a Pensilvânia, a fim de se
encontrar com empresários locais e, embora tenhamos trocado mensagens
pelo celular, eu sentia falta de tê-lo por perto.
Com tudo isso, no fim do expediente eu estava zero animada para sair
com Joly, mesmo assim acabei cumprindo com nosso combinado, só
precisaria tomar um energético para permanecer acordada.
— Você fica ótima de preto — Joly elogiou enquanto estávamos no
elevador que nos levaria ao nosso destino.
Na semana anterior tínhamos saído para comemorar minha
transferência, mas optamos por um bar onde o pessoal do setor costumava ir.
Todos que se juntaram a nós estavam muito contentes por eu ter conseguido o
que tanto queria e beberam conosco até o final da noite.
Esta semana, entretanto, Joly tinha ganhado dois convites para essa casa
noturna que abrira poucos meses atrás e misturava bar e boate.
Como eu já sabia para onde iríamos, optei por um vestido preto e uma
sandália com o salto um pouco mais alto do que eu costumava usar no dia a
dia, tinha certeza de que se fosse em casa não teria pique para sair
novamente.
Antes de me juntar a ela, apenas joguei uns acessórios por cima e
retoquei a maquiagem, ousando um pouquinho mais, e estava pronta para a
noite.
— Obrigada, você também.
Joly optara por uma calça skinny preta e um cropped da mesma cor.
Nos pés, estava usando uma sandália bem parecida com a minha.
O look escuro e a maquiagem mais elaborada, apenas valorizaram sua
cabeleira ruiva, deixando a minha amiga lindíssima.
— Só não esqueça que não pretendo ficar muito tempo, ok? — avisei
antes de sairmos do elevador e ela anuiu.
Fomos guiadas para a área externa, que tinha uma bela vista da cidade
de Nova York, e lá nos deparamos com muitos empresários engravatados e
pessoas que pareciam ter saído direto do trabalho sedentos por um drink no
final do dia.
O ambiente era descolado e super agradável, cheio de pessoas bonitas e
animadas. Aquele conjunto de coisas me fez gostar de lá, muito mais do que
imaginara quando Joly anunciou nosso destino.
— Minha nossa, quanto homem gato! — ela declarou depois de
fazermos nossos pedidos.
Tive que concordar, os homens que estavam ali eram realmente bonitos,
mas, como sempre, eu não estava em clima de flertar com ninguém.
Bebemos alguns drinks — todos pedidos por Joly, uma vez que eu
ainda não tinha idade para comprar bebida alcóolica —, enquanto minha
acompanhante contava algumas das histórias de sua vida. Era tão engraçada,
que várias vezes me arrancava gargalhadas.
Fiquei agradecida por ela falar bastante de si mesma, pois assim, eu não
precisava falar de mim. Confiava bastante em Joly e já não sentia vergonha
de compartilhar minhas desventuras com ela, só achava que minha vida triste
não era um bom tema, mas Fiquei agradecida por ela falar bastante de si
mesma, pois assim, eu não precisava falar de mim. Confiava bastante em Joly
e já não sentia vergonha de compartilhar minhas desventuras com ela, só
achava que minha vida triste não era um bom tema, mas uma hora eu lhe
contaria tudo, apenas por achar que ela merecia saber. Era para isso que as
amigas serviam, afinal de contas.
Amiga.
Ali, enquanto ela falava pelos cotovelos, eu percebi que, se tivesse uma
na época de Jace, muita coisa teria sido diferente. Ter outra pessoa com quem
dividir meu tempo, alguém para me ouvir e aconselhar, teria me feito pensar
duas vezes sobre várias coisas, mas principalmente, teria me impedido de
investir todas as minhas emoções e desejos nele.
Mas essa época já passou e quanto menos eu pensasse no passado,
melhor.
Continuamos conversando e quando dei por mim, já passava, e muito,
das 11h da noite e embora estivesse me divertindo, sentia meu corpo
reclamar, necessitando de descanso.
Pedimos nossa conta, mas antes de irmos embora, Joly disse que iria ao
banheiro. Como tinha ido minutos antes, fiquei próximo à saída esperando
por ela.
Mesmo àquela hora, ainda tinha muita gente entrando, de modo que o
bar continuava bem cheio. As mesas estavam todas ocupadas e por isso havia
grupos de pessoas de pé, próximos às paredes ou em volta das mesas,
bebendo e conversando. Também havia muitos casais, tanto nas mesas
quanto em algum canto, alguns conversando, outros se agarrando... Normal.
Um pouco mais à frente de onde eu estava, algumas luzes começaram a
piscar. Essa casa noturna era um típico bar, mas após a meia-noite virava uma
baladinha e já podia ver uma movimentação próximo à mesa do DJ.
Foi nesse momento que meus olhos passaram por alguém que eu
reconheceria em qualquer lugar. Claro que a princípio eu achei que fosse
engano, afinal, pensei que ele ainda estivesse viajando, mas não, era mesmo
Thomas quem estava ali, conversando com uma morena.
Os dois pareciam bem íntimos, muito próximos um do outro. Fiquei
imaginando quem seria ela, mas antes que pudesse especular sobre qualquer
coisa, a mulher entrelaçou os braços no pescoço dele e o beijou.
Não!
Se já estava sendo difícil vê-la agarrada a ele daquela forma, quando
Tom desceu a mão pelas costas dela e a apertou contra a parede para
aprofundar o beijo, foi quase impossível.
A boca dele parecia tão habilidosa naquele beijo, as mãos tão hábeis,
que por dois segundos nosso beijo me voltou à mente e comecei a imaginar
que era eu no lugar dela.
— Uau. Pelo visto, nosso CEO tem pegada. Quem será a sortuda? —
Joly perguntou logo atrás de mim, assustando-me.
Tentei me recompor e respondi:
— Não sei. Podemos ir?
Minha amiga concordou e saímos do restaurante.
Enquanto andávamos em direção à rua para pedir um taxi, Joly voltou a
falar, mas dessa vez, o tema era Tom e a mulher que estava com ele.
Eu, entretanto, não teci comentários.
Já em casa, fui direto para o meu quarto, mas a toda hora o beijo dele
voltava a me perturbar, tanto o que ele deu na mulher quanto o que trocamos
duas semanas atrás.
Suspirei tentando dissipar as imagens que se formavam em minha
cabeça.
Aquela cena me abalou de um jeito que eu não sabia explicar, mas tê-lo
visto com outra pessoa fez um sentimento de posse me invadir.
Claro que um homem como ele deveria ter alguém, mas nós nunca
conversamos sobre isso, além do mais, Tom parecia sempre tão disponível
para mim, que em certo momento parei de conjecturar sobre esse assunto,
talvez por isso a surpresa tenha sido tão grande.
Outra coisa que me deixou intrigada, foi o fato de ele não avisar que
tinha voltado de viagem. Isso significava que, diferente do que pensei, nossa
relação poderia não estar tão bem assim.
Mas pior que isso foi confirmar que nosso beijo realmente não fora
importante ou ele não estaria com outra poucos dias depois.
Mas por que isso me incomoda tanto?
Era essa a pergunta que me consumia enquanto eu rolava de um lado
para outro da cama.
Sem permissão, minha cabeça começou a repassar todas as nossas
corridas, risadas, momentos juntos... Havia um baú de lembranças
maravilhosas, cheio de conversas interessantes, cuidados e conselhos
preciosos.
Ele se tornou tão importante para mim nesses poucos meses e estava
morrendo de medo de perder o que tínhamos.
Senti vontade de entrar no Instagram, não para bisbilhotar a vida de
Jace, mas a de Tom, saber se ele e a mulher se conheciam por lá, se curtiam
fotos um do outro, se tinham amigos em comum...
Não, eu não estava obcecada por ele, havia comprovado isso no final de
semana após o acontecido. Enquanto rememorava nosso beijo, uma e outra
vez, consegui avaliar meus sentimentos.
Era totalmente diferente do que senti quando estava com Jace, não havia
desespero, nem inquietação ou amargura, havia apenas...
Oh, droga, eu estou tão ferrada!
>>>
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Obrigada, Cléo.
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Ainda pode haver alguns erros no texto, que já estão sendo corrigidos. Então, peço que deixem a opção
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LEIA A CONTINUAÇÃO DA ESTÓRIA
WARD
(Lançamento 2020)
– DISPONÍVEL NA AMAZON –
CAPÍTULO UM
Lacey
Abri as cortinas do meu quarto com um sorriso reluzente no rosto. Nova York era
incrivelmente linda o ano inteiro, mas naquela semana em especial, eu estava achando a
cidade maravilhosa.
Claro que esse meu estado de espírito devia estar apenas refletindo meu interior, já
que nunca estive tão feliz.
Meu namoro com Thomas estava incrível e o curso que escolhi me surpreendeu de
maneira muito positiva. Parecia que, pela primeira vez, minha vida, sempre tão bagunçada,
estava se encaixando e eu me encontrava no lugar certo.
Quando as aulas iniciaram, eu pensei em deixar o estágio, porém, mesmo tendo
perdido um ano, concluí que lá na empresa aprenderia tanto quanto em Columbia e decidi
não pegar um número muito grande de créditos, dessa forma, ficaria com tempo livre
suficiente para continuar trabalhando. Isso aumentaria o meu tempo de universidade, mas
me proporcionaria conhecimento e experiência.
A princípio, Tom foi contra; ele achava que eu não conseguiria conciliar as duas
coisas, porém, ao perceber minha tristeza, acabou aceitando e abrindo uma exceção para
que eu estagiasse nas horas vagas, contanto que esse tempo não fosse atrapalhar meus
estudos.
Além disso, segundo ele, também seria uma forma de me ver todos os dias e, nesses
três meses, desde que iniciei o curso, estava dando muito certo.
Quanto ao nosso relacionamento, a empresa em peso já sabia. E embora, tanto eu
quanto Thomas, tentássemos ser discretos, sempre havia uma fofoca ou outra, no entanto,
resolvi não dar ouvidos a elas. Nós não estávamos fazendo nada de errado, estávamos
apenas apaixonados e não nos desculparíamos por isso.
Naquele dia eu cheguei ao campus mais cedo e fui diretamente ao prédio da Low
Library[3] para resolver algumas pendências. Quando saí, notei que alguns alunos já se
aglomeravam na escadaria para esperar os integrantes de suas tribos.
Estava me aproximando da Alma Mater[4] quando vi mais uma cena bizarra
protagonizada por Megan Wilson e seu séquito.
Tom achava engraçado quando eu falava que os filmes conseguiam retratar quase que
com exatidão o que acontecia nos colégios e universidades e que em Columbia havia uma
encarnação de Regina George[5].
Para aumentar o estereótipo, ela era alta e linda, com o corpo bem feito, cabelos cor
de avelã e olhos escuros como a noite, mas frios como uma pedra de gelo.
Desde que minhas aulas começaram, eu tentava passar despercebida entre aquelas
pessoas, mas isso não me impedia de ver o quanto eram cruéis, como acontecia naquele
momento.
Para variar, ela e suas amigas fúteis estavam fazendo bullying com uma garota que
passava apressadamente diante delas.
Após as “Patricinhas de Beverly Hills” zombarem da menina, ela se foi, quase
tropeçando nas próprias pernas, o que fez todas elas caírem na gargalhada.
Segui na mesma direção da garota e a encontrei sentada em um dos bancos próximos
à Avery Hall, bem fora do alcance daquelas idiotas.
— Oi, está tudo bem? — perguntei ao me aproximar.
— Está, sim, obrigada por perguntar, mas é melhor se afastar. Se elas te virem
comigo, será seu suicídio social.
Sorri e balancei a cabeça. Eu tinha passado por uma depressão terrível e superado,
não seriam algumas garotas mimadas que iriam me abalar.
— Meu nome é Lacey Smith e, sinceramente, não me importo com a opinião delas.
A garota sorriu sem jeito e devolveu o cumprimento.
— Amanda Dohler, prazer.
Apertamos as mãos e, depois de me olhar dos pés à cabeça, ela continuou:
— Você é linda, bem o tipo que Megan procura para se juntar a elas.
Sorri com aquele comentário.
— Obrigada pelo elogio, mas não tenho qualquer intenção de ser amiga desse tipo de
gente.
Enquanto seguíamos para o prédio de Matemática, descobri que Amanda havia
acabado de ser transferida e aquela era sua primeira semana. Ela, assim como eu, estava no
primeiro ano, motivo pelo qual teríamos algumas das aulas do currículo comum juntas,
como a de cálculo, a primeira de ambas naquele dia.
Alguns minutos depois de entrarmos na sala de aula, Megan entrou acompanhada de
uma de suas amigas. Por também estarem no primeiro ano, elas fariam algumas dessas
matérias comuns tanto comigo quanto com Amanda e apenas saber disso já me fazia
suspirar de desgosto.
Era possível ver o receio de alguns alunos conforme ela passava e, como já havia
acontecido outras vezes, me lançou um olhar avaliativo. Percebi que avaliou minhas
roupas, que certamente não eram de grife, e se demorou em meu cabelo.
Tive vontade de revirar os olhos, mas logo o professor entrou, contudo, antes que eu
pudesse respirar aliviada, ela foi se sentar bem perto de mim, algo que nunca havia
acontecido.
Era só o que me faltava, pensei.
A aula começou e a partir daquele momento foquei no conteúdo que estava sendo
passado. Sonhei tanto com aquele curso que jamais perderia meu tempo com outras coisas.
Eu estava orgulhosa de mim e do quanto estava me esforçando para dar conta de tudo.
Era trabalhoso e cansativo, mas a sensação de ter uma vida cheia de compromissos e
propósitos era maravilhosa e me fazia sentir útil.
Estava a caminho da minha segunda aula quando fui abordada por Megan.
— Lacey, não é? — perguntou ela, com falsa simpatia.
— Sim, Lacey Smith.
Ela deu um sorrisinho ensaiado e continuou:
— Vi você sentada com a Amanda, mas eu e minhas amigas estamos dispostas a
relevar esse seu engano — disse ela, toda cheia de si.
Não podia acreditar que estava ouvindo aquilo. Mas ela não me conhecia.
— Oh, mas não foi um engano, querida — falei, tão falsa quanto ela —, achei
Amanda incrível e ficarei super satisfeita se ela me quiser como amiga. Agora, se me der
licença, eu preciso ir — avisei e a deixei falando sozinha.
Antes de virar no corredor, olhei por cima dos ombros e a vi me fuzilando com o
olhar.
Eu só estava na universidade há dois meses e já tinha arrumado uma inimiga.
Que ótimo!
Eram 15h quando cheguei ao andar de projetos da Ward Corporation. Como acontecia
todos os dias, recebi aquela chuva de olhares. Talvez fosse apenas coisa da minha cabeça,
mas não conseguia parar de imaginar que, ao me verem, eles sempre pensavam: lá vem a
namoradinha do chefe, cheia de privilégios.
Abby continuava linha dura comigo, mas acatou a ordem de Tom sem pestanejar.
Contudo, eu não gostava de provocá-la e tentava a todo custo ser o mais eficiente possível
para não entrar em conflito com ela.
Fui direto para minha mesa e comecei a trabalhar. Estava tão envolvida com o que
precisava fazer que, quando dei por mim, o andar já estava completamente vazio. Na
maioria dos dias era assim, eu ficava tão focada que me esquecia do resto do mundo.
Tom falava que me via pelas câmeras e que as poucas horas que passava ali rendiam
mais do que o dia inteiro de certos funcionários que só passeavam e conversavam.
No fundo, eu achava que era brincadeira dele, pois todos naquela empresa eram
bastante comprometidos, especialmente em meu setor, com Abby sempre de olho.
— Que estagiária aplicada — disse Joly, parando em frente à minha mesa.
— Hey, que surpresa! — falei e me levantei para abraçá-la.
Por causa do meu novo horário de trabalho, era difícil nos encontrarmos pelos
corredores, e depois que minhas aulas começaram, nós nunca mais saímos, então, estava
sentindo muita saudade.
— Eu estava na cafeteria do térreo quando vi Abby saindo e resolvi comprar isto
aqui para você — disse, me entregando uma vitamina de frutas.
— Obrigada, é a minha preferida.
— Que tal um cinema essa semana? Se seu namorado gato deixar, claro — ela
brincou.
Bem que eu queria, mas não sabia quando poderia... Além de passar quase o dia todo
no campus e o restante do tempo na empresa, quando chegava em casa tinha que estudar ou
fazer algum trabalho.
Além disso, precisava dar atenção a Tom. Ainda bem que ele entendia que
estávamos em fases diferentes e me apoiava em meus planos, embora sempre me fizesse
pensar bem em tudo. Até então, coisas que poderiam se tornar um problema ao namorar um
homem mais velho, e com outros interesses, não existiam entre nós.
— Sempre durmo na casa dele na quarta-feira e nos fins de semana, mas vou ver se
consigo negociar e te aviso.
— Perfeito, te aguardo.
Logo depois que ela saiu, consegui finalizar meu trabalho e dei o dia por encerrado.
A caminho do elevador, pensei em ligar para Tom, mas acabei desistindo. Sempre
que nos ligávamos, ficávamos um tempão no telefone, mas naquele dia eu estava cansada
demais, com a cabeça fervilhando e louca para chegar à minha casa.
Aquela rotina era tão nova e tão boa, muito diferente de quando passava meu tempo
pensando em Jace e numa forma de reconquistá-lo.
Os meses de amizade e namoro com Tom me fizeram amadurecer, enxergar as
inúmeras coisas que a vida tinha a me oferecer e perceber que eu estava sendo muito boba
em apostar todas as minhas fichas em um relacionamento falido.
Quando saí do banho meu celular estava vibrando em cima da cama. Era ele.
— Oi — atendi.
— Ainda lembra que tem namorado? — ele brincou.
— Claro que sim, só precisava tomar um banho para estar relaxada antes de te ligar.
— Tudo bem, eu entendo. Bom, queria avisar que terei de ir a Londres amanhã para
resolver alguns problemas.
Eu não gostava de suas viagens, principalmente porque sabia que esses problemas
poderiam envolver sua ex-mulher. Porém, embora tivéssemos total liberdade para falar
qualquer coisa desde que éramos apenas amigos, eu nunca interferi ou opinei sem que ele
pedisse minha opinião.
— Vai demorar para voltar?
— Vou amanhã e volto na sexta.
— Quer dizer que ficaremos quatro dias sem nos ver? — reclamei, de brincadeira,
mas meu coração estava apertado.
— Sim, por isso pensei que você poderia dormir aqui hoje. Posso deixá-la na
universidade amanhã, antes de ir para o aeroporto.
Fiquei feliz com o convite dele. Era exatamente nisso que eu estava pensando, mas
não queria falar para não parecer a namorada grudenta. Nós dois nos dávamos muito bem,
mas eu ainda tinha minhas incertezas e medos.
Dez anos de diferença não eram muita coisa, mas o fato de eu ter somente 19 anos
quando começamos a sair fazia com que essa diferença se tornasse maior. Por mais madura
que fosse — ou tentasse parecer —, Thomas já tinha vivido muito mais, tido dezenas de
relacionamentos e experiências que estavam muito longe da minha realidade.
Por isso, eu talvez tivesse uma parcela maior de neuras do que as mulheres mais
velhas, e sabia que, às vezes, Tom percebia minha insegurança. Nessas horas ele falava ou
fazia algo para garantir o quanto estava satisfeito com o que tínhamos e eu tentava
compensar sendo uma namorada legal e companheira.
Isso não queria dizer que vivíamos em “lua de mel”. Nós já havíamos discutido
algumas vezes com ou sem alguma razão plausível, mas, no final, sempre nos acertávamos.
— Vou me vestir e em meia hora estarei aí — garanti.
— Combinado.
Joguei o telefone em cima da cama e corri para o meu closet. Ficaria sem meu
namorado o resto da semana, mas ao menos aquela noite seria cheia de sexo.
CAPÍTULO DOIS
Thomas
Londres tinha um clima meio nebuloso quando lá cheguei, bem diferente dos dias
ensolarados que Nova York nos brindava naquela época do ano. No entanto, eu gostava
bastante da cidade.
Todavia, mesmo ali, onde cresci e onde estavam todos os meus amigos, minha rotina
sempre foi bem comedida. Eu nunca fui muito de boates, e ainda que não fosse presunçoso
como minha mãe, tinha que admitir que meus programas eram mais esnobes, com pessoas
seletas. Não pelas pessoas em si, mas pelo potencial que tinham.
Sempre tive em mente conquistar a presidência das empresas da família, então,
precisei fazer esse tipo de articulação desde cedo e me associar com potenciais investidores
e clientes, era primordial para provar que eu estava pronto.
Após conseguir o tão sonhado cargo de CEO na Ward Corporation, eu trabalhei por
anos para elevar o faturamento e o prestígio do nosso conglomerado, confiado a mim por
meu pai, uma vez que meu irmão nunca demonstrou muito interesse em fazer parte desse
meu sonho e apenas nos últimos anos desistiu da vida boêmia que tinha e resolveu se
aquietar, motivo pelo qual lhe dei uma chefia.
Ao contrário de mim, Devon tinha um espírito livre. E quando mais jovem, adorava
viajar. Ele odiava rotina, então, trabalhava por alguns meses comigo, mas logo que se
enfastiava, ia embora novamente.
O problema de ele passar tanto tempo fora era ter que aguentar Cybele sozinho. Ainda
desconfiava de que o motivo de suas viagens constantes fosse exatamente esse: sair de seu
radar e não ter que conviver com ela.
Por causa disso, sua atenção era focada em mim, no meu casamento, no meu
desempenho como gestor e esse foi um dos motivos que me levou a expandir os horizontes.
Se não fosse minha mãe, acho que jamais teria pensado em abrir uma filial em outro país.
Isso não queria dizer que ela tenha me deixado em paz. A distância não a impedia de
entrar em contado incontáveis vezes, por meio de e-mails, mensagens e telefonemas, tanto
para meu celular quanto para minha secretária, com o intuito de me vencer pelo cansaço,
exatamente como vinha fazendo há 15 dias.
Depois de repetidas negativas, ela informou que, se eu não fosse a Londres, daria um
jeito de me encontrar em Nova York. E embora não a quisesse ali, em meu território, não
cederia às suas chantagens.
Mas meu irmão alertou que ela parecia muito decidida a falar comigo, então, como
teria que participar de várias reuniões e jantares com funcionários do alto escalão e
empresários de Londres, aproveitaria para ir à sua casa e resolver logo o assunto.
Depois de passar uma noite maravilhosa com Lacey, eu a deixei na universidade e
segui para o hangar, pois meu piloto já estava me esperando.
Quando desembarquei, o motorista da empresa me levou diretamente à casa onde
cresci, e foi só passar pelos portões da propriedade para uma enxurrada de lembranças me
invadirem.
Eu não tinha sido uma criança inteiramente infeliz, mas toda aquela disputa que
minha mãe incentivou entre mim e meu irmão rendera lembranças incômodas.
A porta foi aberta por um mordomo que eu não conhecia, mas isso não me espantou.
Cybele era o tipo de pessoa que tratava a todos com certa distância e não admitia qualquer
tipo de erro de seus empregados. Isso acabava causando uma troca frequente, e embora o
salário fosse atraente, a intolerância da patroa fazia com que não aguentassem trabalhar ali
por muito tempo.
Segui até a sala principal e enquanto esperava por ela, analisei a nova decoração.
Minha mãe nunca trabalhou, então, seu tempo era dedicado a comprar roupas e
redecorar sua mansão sem qualquer necessidade.
Fora isso, havia seus encontros com socialites britânicas e sua incansável luta para se
aproximar da realeza. Felicidade para ela era estar sempre bem relacionada e com muito
dinheiro na conta.
Não conseguia entender como alguém podia viver em meio a tanta ociosidade e
futilidade.
— Filho, que bom que você veio — disse ela, radiante.
Cybele estava elegantemente vestida com suas roupas de grife e toda enfeitada com
joias caríssimas, era assim que ela gostava de andar a qualquer momento.
Lembro que meus colegas de escola sempre falavam da beleza estonteante de minha
mãe, mas eu que convivia com ela não conseguia enxergar nada além de uma mulher que
vivia de aparências e de infernizar a vida de todos a sua volta, principalmente a minha.
— Seja breve, vim para Londres a negócios e esse foi o único tempo que consegui
para vir aqui.
Ela me avaliou por alguns segundos e assentiu.
— Você aceita beber alguma coisa, que tal um café?
— Obrigado, estou bem assim, só preciso saber o que de tão importante tem para
tratar comigo.
Quando percebeu minha frieza, deixou de rodeios e começou a falar sobre como
estavam as coisas na empresa de Londres, sobre suas retiradas mensais e sobre a
propriedade de Hertfordtshire.
Por mim e Devon, ela teria vendido aquela casa, mas tudo para Cybele tinha a ver
com status e alguém de sua posição, não podia ter apenas uma casa na cidade, mesmo que
apenas os empregados usufruíssem dela.
Como não adiantava argumentar, apenas acatei.
— Anotei todos os seus pontos e vou ver o que posso fazer — falei e comecei a me
levantar.
— Tem mais uma coisa — disse e voltei a me sentar. — Fiquei sabendo que vai levar
sua namorada ao evento da filial de Nova York.
Suspirei, cansado.
Eu já imaginava que Lacey seria uma das pautas daquela conversa.
Como eu não dava mais abertura para saber detalhes de minha vida pessoal, Cybele
mandou investigar quem me acompanharia no evento de sábado. Ela deveria estar
preocupada com o que as pessoas iriam falar, já que esse evento teria grande repercussão
na mídia.
— Sim — falei de forma suscinta.
— Bom, eu vi uma foto de vocês em uma coluna social e queria te dizer que a achei
linda e estou ansiosa para conhecê-la.
Ainda estava surpreso quando ela foi se sentar perto de mim.
— Thomas, sei que nossa relação não foi muito boa ao longo dos anos, mas acho que
a idade e a distância imposta por você e seu irmão estão me fazendo perceber o quanto errei
com vocês.
Bom, por esta eu não esperava. Aquela mulher que estava na minha frente não parecia
a Cybele que me criou.
— Acho meio cedo para se conhecerem — falei, cauteloso.
— Tudo bem, você está certo, mas quando se sentir à vontade para nos apresentar, é
só me ligar, garanto que vamos nos dar muito bem.
Sinceramente eu não acreditava que as coisas seriam assim, mas assenti e fingi
aceitar.
— Acho ótimo que não queira mais interferir em meus relacionamentos. Mas estou
curioso para saber o porquê dessa mudança repentina. Finalmente percebeu que suas
vontades não fazem a menor diferença para mim?
Ela semicerrou os olhos por milésimos de segundos, depois sorriu de forma gentil e
me encarou.
— Natalie me fez enxergar que eu estava forçando a barra com vocês.
— Natalie?
— Sim, ela está namorando e me pediu que parasse de tentar interferir na vida de
vocês dois.
Isso, sim, era uma surpresa, naquele momento o sumiço de minha ex-esposa estava
explicado.
Natalie não era uma má pessoa, pena que se deixava levar pelas loucuras de minha
mãe.
Eu ainda não sabia se Cybele era motivada apenas por essa obsessão em controlar
tudo e todos a sua volta ou se era seu ressentimento por meu pai ter me dado o controle de
nossa empresa que a fazia agir assim. De qualquer forma, parecia que seu intuito era apenas
um: me ver infeliz. E eu, tão louco por sua aprovação, sempre fiz suas vontades, chegando
ao cúmulo de me casar com uma mulher que não amava o suficiente, apenas para vê-la
feliz.
No início, Natalie e eu nos demos bem, afinal, ela era apaixonada e fazia de tudo para
nosso casamento dar certo, mas depois de algum tempo notei que ela estava ficando cada
dia mais parecida com minha mãe e, pior que isso, percebi o quanto Cybele a manipulava,
ao ponto de usá-la para tentar me influenciar em decisões da empresa.
Sem perceber, minha esposa tinha se tornado uma marionete nas mãos dela e o pouco
carinho que eu sentia evaporou.
Não dava para conviver com uma pessoa sem um pingo de personalidade. Eu tinha
sido manipulado por Cybele a vida inteira e não deixaria que ela usasse outra pessoa para
fazer isso de novo. Esse foi um dos motivos que me fizeram pedir o divórcio e dar outros
rumos para a minha vida.
— Que bom que ela está seguindo em frente.
Cybele parecia calma demais com tudo o que eu falava e isso era bem estranho. Ela
sempre tinha algum argumento e fazia questão de ter a última palavra no que quer que
fosse.
— Nesses últimos meses tenho passado muito tempo sozinha — continuou —, sinto
falta de você e do seu irmão e me sinto muito mal por saber que o afastamento da nossa
família se deve por minha culpa.
A cada minuto aquela conversa ficava mais surreal. Acho que nunca imaginei que
algum dia ela pudesse admitir ter errado sobre qualquer coisa.
— Estou surpreso em escutar tudo isso.
— Eu sei, filho, mas tudo o que quero é reaproximar nossa família, e para provar isso,
prometo não interferir mais em suas escolhas. Vocês dois são adultos e devem escolher por
si mesmos.
Cybele estava me mostrando um lado que eu não pensei que existisse. Quando me
tornei adulto, mas principalmente depois que me livrei do poder que ela tinha sobre mim,
pude enxergar todas as suas nuances e jamais a vi demonstrar tamanha vulnerabilidade.
— Bom, eu tenho que ir, mas vou pensar em tudo o que falou — foi a única coisa que
disse, precisava processar toda aquela conversa.
Quando me levantei, ela me acompanhou até a porta e me deu um abraço apertado e
demorado, coisa que nunca tinha feito antes; seus carinhos eram sempre forçados e
artificiais, mesmo com Devon.
Antes de eu sair, agradeceu a visita e voltou a me lembrar que queria conhecer minha
namorada.
Assenti e fui embora, ainda atordoado.
Geralmente era impossível ter mais de meia hora de conversa com ela sem que as
coisas terminassem em discussão. Sua vida era tão fútil e vazia que seu tempo era
preenchido tentando infernizar a vida dos filhos.
Mas naquela manhã as coisas tinham sido diferentes e suas palavras ficaram
chicoteando minha mente, me fazendo questionar se ao menos alguma coisa daquilo
poderia ser verdade, se ela realmente estava disposta a mudar.
Conforme o carro foi se afastando da mansão, comecei a analisar todas as coisas que
minha mãe falou e tentei imaginar como seria ter uma boa relação com ela. No entanto,
minhas memórias estavam preenchidas por conflitos e não consegui chegar a nenhuma
conclusão.
Decidi, então, que era melhor esperar para ver como seria seu comportamento dali em
diante, pois eu sabia que ninguém mudava da noite para o dia.
Tirando aquilo do caminho, resolvi focar nos negócios. Tentaria resolver tudo o mais
rápido possível e, assim, voltar para minha garota o quanto antes.
Pensar em Lacey fez sumir toda a amargura que surgia em meu peito sempre que me
encontrava com minha mãe. Ela era um sopro de ar fresco que fazia minha vida mais leve
e, definitivamente, mais feliz.
CAPÍTULO TRÊS
Lacey
Thomas chegou à Nova York já no final do dia, por isso, não foi à empresa. Ele
queria ir me buscar, mas pedi que preparasse algo para comermos, o que ele concordou,
mas, ainda assim, mandou o motorista ir me esperar.
Quando o vi, apenas dei de ombros e agradeci, afinal, estava morrendo de saudade e
quanto antes chegasse à cobertura, antes o veria.
Enquanto seguíamos para lá, me peguei pensando em nosso relacionamento.
A parte ruim de namorar um homem do nível dele era a quantidade de compromissos
que ele tinha, dentro e fora da empresa. Mas as viagens que precisava fazer de tempos em
tempos, com certeza, era a parte que mais me incomodava, mesmo sabendo que essa rotina
fazia parte de sua vida de homem bem-sucedido.
Isso também lhe rendia, volta e meia, notícias em jornais e revistas, tanto de negócios
quanto de fofocas.
A Ward Corporation, que já era conhecida desde a época de Larry, pai de Tom, ficou
ainda mais popular devido a bandeira de sustentabilidade que carregava, mas eu tinha
minhas desconfianças de que ter um diretor lindo e solteiro ajudava, e muito, nesse quesito.
Não era raro ver meu namorado dando alguma entrevista sobre seus ambiciosos projetos
sustentáveis. Ele era o garoto-propaganda perfeito.
Por vários minutos me peguei pensando em como tudo aquilo fugia da minha simples
realidade. Eu era uma pessoa comum, que vivia em um dos endereços mais caros de Nova
York apenas porque meu pai trabalhou muito para nos deixar bem, mas que não havia
qualquer luxo. Mamãe só continuou vivendo naquele apartamento porque era uma das
doces lembranças que ela possuía do marido.
Quando percebi para onde estavam indo minhas lembranças, desanuviei esse tipo de
pensamento que poderia se tornar um gatilho.
Passei pelo luxuoso hall de sua cobertura e o encontrei no meio da sala, de braços
abertos para mim.
Minha semana tinha sido cheia de estresse na universidade, então foi um alívio estar
nos braços do meu amor.
— Acho que nunca senti tanta saudade — falei, me aninhando ainda mais.
— Eu também, linda — garantiu e tomou a minha boca.
Nós nos beijamos de um jeito esfomeado, apaixonado, mas quando as coisas estavam
esquentando, o telefone dele tocou.
— Desculpe, mas eu preciso atender — disse assim que olhou o identificador.
— Tudo bem, vou tomar um banho e te espero no quarto.
— Combinado — falou e saudou a pessoa do outro lado da linha.
Sorrindo feito uma boba, fui para o quarto. Após deixar minhas coisas sobre uma
poltrona, entrei no closet, tirei minha roupa e coloquei um robe de seda que havia
comprado para deixar ali, junto com outras coisas. Foi a forma que encontramos para que
eu não precisasse ficar carregando bolsas nos dias em que decidia dormir em sua cobertura.
Tomei um banho relaxante e, quando terminei, ele ainda não estava no quarto.
Um pouco contrariada, coloquei meu robe novamente e fui atrás. Ao chegar à sala,
encontrei Tom sentado em uma poltrona, ao lado das janelas panorâmicas, com o notebook
no colo e o celular na orelha.
Torci a boca de um lado para outro e cruzei os braços em frente ao peito, mostrando
toda a minha insatisfação.
Nosso combinado, quando Tom voltava de longas viagens, era ele se desligar dos
negócios e eu, dos estudos, para que pudéssemos aproveitar um ao outro.
Por causa disso usei todo meu tempo disponível para estudar o conteúdo que
geralmente ficava acumulado para o fim de semana, de forma que minha intenção era ficar
grudada nele o máximo de tempo possível.
Percebendo minha insatisfação, ele pediu um minuto para finalizar a ligação.
Como era uma ótima namorada, resolvi que daquela vez não faria sua vontade. Mas
não brigaria, apenas usaria as armas que possuía.
Jogando o cabelo todo para o lado, encarei-o de maneira sugestiva e, sob seu olhar
distraído, comecei a desamarrar o robe, deixando-o cair aos meus pés sobre o tapete.
Nessa hora, a postura desinteressada de Tom mudou e ele levantou as sobrancelhas,
passando os olhos por meu corpo, mas continuou falando.
Sorri e fitei meus pés, que estavam com as unhas pintadas de vermelho, para depois
caminhar em sua direção, feito uma leoa espreitando a sua presa.
Quando estava na frente dele, tirei o notebook de seu colo e montei em suas coxas, as
pernas abertas expondo meu sexo.
Senti sua respiração mudar e logo sua mão direita subiu pela minha cintura e passeou
por minhas costas.
Aproximando-me, encostei a boca em seu pescoço e passei a língua da base até
chegar à orelha, fazendo questão de respirar sobre o rastro que deixei sobre sua pele quente
e cheirosa, fazendo-o se encolher e me apertar contra si.
Conforme eu rebolava em seu colo e chupava a ponta de sua orelha, sentia seu pau
duro entre minhas pernas. Estava louca para tirar o jeans que ele estava usando para chegar
ao objeto do meu desejo.
Tom estava um pouco ofegante, mas continuou falando e me apertando.
Afastei-me o suficiente para abrir o botão de sua calça e baixar o zíper. Massageei seu
pau por cima da boxer e ele reprimiu um gemido.
Aquela ligação devia ser muito importante ou ele já teria finalizado.
Pensando bem, talvez ele gostasse de toda aquela tensão e da possibilidade de que a
pessoa do outro lado nos escutasse.
Querendo tirar todo o seu controle, ajoelhei-me à sua frente, tirei seu pau para fora e,
sem nenhuma cerimônia, circulei a língua pela glande por alguns segundos para depois
abocanhar seu comprimento até chegar bem perto da base.
Tom respirou fundo e infiltrou a mão livre em meus cabelos, segurando firme
enquanto eu sugava seu membro, que ficava cada vez mais duro.
Aquela carne quente e rija pulsava entre meus lábios, deixando-me ainda mais
faminta.
Quando comecei a acelerar os movimentos de sobe e desce, passando a língua em
lugares que eu sabia que ele gostava, suas coxas começaram a ficar inquietas.
— Desculpe, prefeito, mas surgiu um imprevisto, posso retornar em meia hora para
falarmos sobre esse projeto?
Quase engasguei quando descobri que ele estava falando com um político e olhei para
ele com os olhos arregalados, retirando seu pau de minha boca imediatamente.
— Que ótimo, estamos combinados, então — despediu-se e desligou o celular.
— Eu sinto muito, Tom — falei, mortificada de vergonha —, não sabia que era o
prefeito — justifiquei, levantando-me.
Tom me encarou com os olhos semicerrados.
— Quer dizer que você gosta de me provocar, não é, Lacey? — disse com uma voz
ameaçadora, pondo-se de pé, e eu quase gargalhei.
Quase.
— Me desculpe, isso não vai se repetir — menti, mordendo o lábio inferior.
Era uma provocação e ele sabia disso.
Em duas passadas, Tom estava tomando minha boca de modo selvagem, como se eu o
tivesse levado às raias da loucura.
Nós nos beijamos esfomeados, suas mãos passeando por meu corpo enquanto eu
massageava seu pau, naquele instante completamente ereto. Tom me levou para o quarto e
sem muita delicadeza, me virou de costas e me jogou sobre a cama, de forma que ficasse de
bruços. Então, livrou-se das próprias roupas, colocou um preservativo e veio com tudo para
cima de mim.
Eu adorava deixá-lo desse jeito, a ponto de perder a cabeça de tanto tesão.
Depois de deslizar a boca por meu pescoço e costas, ele abriu minhas pernas e quase
revirei os olhos de prazer quando senti sua língua explorando os lábios sensíveis e subindo
até um ponto nunca explorado antes.
Suas mãos passeavam pelo meu corpo enquanto sua língua me castigava.
Eu adorava as preliminares que Thomas me proporcionava, sempre me chupando nos
lugares mais improváveis e altamente excitantes.
Segurei firme os lençóis quando ele puxou meu quadril para cima e colocou um
travesseiro embaixo da minha barriga. Agora sim, eu estava completamente a mercê de sua
língua habilidosa, que subia e descia, indo do meu clitóris sensível ao ânus, o que me
deixava mais louca de tesão a cada segundo.
Quando estava prestes a gozar ele se afastou, abriu ainda mais minhas pernas e me
penetrou firme e forte, enquanto eu gemia embaixo dele, agarrando firmemente os lençóis.
— Nossa, como você é gostosa... — ele falou enquanto entrava e saía.
Tom brincou com seu pau, que ia e voltava devagar, como se estivesse me
degustando.
Depois de alguns minutos nessa tortura, ele tirou o travesseiro que havia colocado
embaixo de minha barriga, deitou-se sobre minhas costas e puxou minha cabeça para tomar
a minha boca, ao mesmo tempo em que foi investindo em mim, daquela vez um pouco
mais rápido, dedilhando meu clitóris para intensificar tudo.
Meu Deus, que homem! Aquilo era o céu.
Delirei embaixo dele, sentindo seu pau entrando cada vez mais fundo, e comecei a
erguer a bunda, indo de encontro à sua pelve para garantir mais contato, mas isso durou no
máximo um minuto, pois logo meu corpo se desmanchou em um orgasmo delicioso.
Vendo que eu tinha chegado ao ápice, ele puxou minha cabeça e me beijou
apaixonadamente enquanto investia mais rápido, até começar a gozar.
Fiquei embaixo dele, sentindo seu peso, mas não tinha forças nem para reclamar.
Enquanto nos recuperávamos, fiquei inspirando o cheiro de sua pele e apreciando o
brilho que seus olhos exibiam.
Definitivamente ele era o cara mais incrível que já tinha conhecido na vida.
— O que foi? — perguntou, com uma sobrancelha arqueada, e se ergueu um pouco
sobre mim.
— Às vezes custo a acreditar que tudo isso é meu — brinquei.
— Tudo isso? Seja mais clara — pediu, mas eu sabia que só estava querendo elogios.
— Bom, você é lindo, atencioso, gostoso — pontuei, dando beijinhos em seu rosto
—, ah, e podre de rico. — Nessa última parte ele gargalhou. — Mas é sério, não sei o que
está fazendo comigo.
— É, parece que não — falou, o cenho um pouco franzido. — O que você precisa
saber é que sou bastante seletivo e sempre soube escolher muito bem minhas namoradas
que, aliás, foram bem poucas.
Sorri, encantada por suas palavras.
— Posso me sentir especial por ter sido escolhida para fazer parte da sua vida, então?
— Você é especial — falou, charmoso.
Eu amava o jeito como ele me olhava e sentia vontade de falar mais vezes o quanto eu
o amava, mas nem tive oportunidade, já que no instante seguinte sua boca estava passeando
pela minha orelha e nuca.
— Você acabou comigo — resmunguei, ao mesmo tempo em que lhe dava mais
acesso.
— E o fim de semana está apenas começando — sussurrou, arrepiando todo o meu
corpo.
Aquilo era uma promessa clara de muito sexo e momentos inesquecíveis e eu estava
ansiosa para viver tudo aquilo ao lado do homem que estava me mostrando um outro lado
da vida.
O lado bonito, sem toda aquela agonia que vivi no passado.
Sorri e passei a língua pelos lábios.
— Eu mal posso esperar — falei sedutoramente e fui calada com um beijo.
OUTRAS OBRAS DA AUTORA
LOUISE STONE – A DEUSA DO AMOR
(CLÃ STONE 03 – Lançamento 2019)
Após uma desilusão amorosa, Louise Stone se fechou para o amor e decidiu estudar com afinco para entender o
universo masculino e, assim, não cometer os mesmos erros do passado.
Todos esses anos de pesquisa foram úteis para sua estabilidade emocional e contribuíram para a ascensão de sua
carreira, tornando-a uma psicóloga renomada e constantemente presente nos talk shows mais famosos dos
Estados Unidos.
Aquela estava sendo a melhor fase de sua vida, pois havia, finalmente, conseguido o equilíbrio entre vida pessoal
e profissional, devido a isso, envolvimentos sentimentais não estavam em seus planos.
Considerado por todos como um prodígio dos negócios, Tony Osborne era extremamente atraente e quando não
estava comandando o Grupo Osborne, os interesses desse CEO giravam em torno de festas, mulheres e tudo de
melhor que o dinheiro poderia pagar.
Na vida desse belíssimo libertino não havia lugar para relacionamentos sérios, a não ser que a candidata fosse a
aparentemente inacessível Srta. Stone, a mulher que vinha tirando seu sono nos últimos tempos.
A Deusa do Amor é um delicioso romance que vai te ajudar a refletir sobre o universo que envolve as
relações amorosas de um jeito apaixonante e divertido.
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HARRY STONE – O PRESIDENTE
(CLÃ STONE 04 – Lançamento 2020)
Harry Stone cresceu em meio ao glamour, dinheiro, status e poder, coisas que sempre foram comuns ao clã
Stone, conhecido não apenas por gerir a maior fábrica de armas do mundo, mas também pela beleza que
transcendia as gerações. Entretanto, desde muito novo demonstrou um interesse genuíno pela política. Diante
disso, seus passos foram calculadamente guiados para que um dia conseguisse realizar o grande sonho de se
tornar Presidente dos Estados Unidos.
Tudo ia muito bem, até ele se dar conta de que não conseguiria chegar ao salão oval, sem ter uma primeira dama
ao seu lado.
Elizabeth Reagan é de uma família tradicional e completamente falida de Washington DC. Ela cresceu sob o
jugo de uma mãe opressora e viu a maior parte de sua vida passar de dentro dos muros da velha mansão dos
Reagan.
Quando ouviu o boato de que Harry Stone estaria à procura de uma esposa, Eleanor Reagan viu no bilionário a
salvação para sua ruína e ela faria de tudo para que um dos melhores partidos dos Estados Unidos, se interessasse
por sua filha.
Preparem-se, pois esse conto de fadas moderno irá aquecer nossos corações.
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ROMEO STONE – O HERDEIRO
(CLÃ STONE 02)
Julie Collins sempre foi muito racional e nunca se rendeu diante de um rosto bonito e um corpo musculoso,
até conhecer Romeo Stone, um playboy lindo e charmoso que está disposto a quebrar sua mais importante
regra só para tê-la em sua cama.
“Mudar para Nova York não era apenas uma promessa de vida independente, eu sentia uma grande necessidade de
descobrir outros mundos e sabores; sair da redoma de vidro onde passei os últimos anos e sentir o verdadeiro gosto
da liberdade.
Eu estava certa dos meus propósitos e bastante animada com a promessa de uma vida nova, mas o destino adora
zombar das pessoas e eis que surge Romeo Stone, a personificação de tudo que eu mais odiava em um homem.
Claro que eu não era imune à beleza dele, porém, um rostinho bonito nunca foi o suficiente para me manter
interessada. Sempre fui muito crítica e racional em relação aos homens e jamais ficaria com um tipo como ele. Pelo
menos até ser rejeitada.
Romeo fez meu ego inflamar, se tornou uma espécie de desafio e eu usaria todos os recursos que tivesse à mão, para
conquistar o homem mais cobiçado de Nova York.”
O segundo livro do Clã Stone, é um delicioso romance que você devorará em pequenas doses para que não acabe
tão cedo.
Alyssa Finger sempre teve como meta, estudar em Harvard e tornar-se uma executiva de sucesso. Por isso ela
nunca se importou com as zombarias que recebia devido às suas roupas largas e coloridas e aos enormes óculos
que adotou como uma espécie de escudo.
Mas um dia, literalmente, esbarra com o homem mais lindo que seus olhos já viram e se apaixona
instantaneamente. Sabendo que nunca será notada, ela se conforma em observá-lo de longe.
Agora, anos depois, ela trabalhará com o homem dos seus sonhos e após uma mudança radical, feita com a ajuda
de seu melhor amigo, Alyssa está pronta para tentar conquistar o coração do bilionário mais cobiçado de Nova
York.
Harvey Stone é o CEO das Indústrias Stone, um dos maiores conglomerados do mundo. Ele é implacável nos
negócios e desde que assumiu a liderança do grupo, praticamente triplicou seu faturamento.
Rodeado por belas mulheres e frequentando os melhores lugares que o dinheiro pode pagar, este sedutor
encontrará em sua nova assistente um grande desafio.
Totalmente seduzido, ele está a ponto de quebrar sua regra número um: jamais se envolver com uma de suas
funcionárias.
Esse é um romance sensual que te fará amar nossos protagonistas, mas também os odiar em vários momentos.
Descubra o porquê após ler o primeiro livro do Clã Stone.
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UM LORDE EM MINHA VIDA
(Lançamento 2020)
Laura Hunt divide seu tempo entre a universidade e o estágio em um dos escritórios de arquitetura mais famosos de
Londres, por esse motivo, relacionamentos não estão em seus planos. Especialmente porque a seu ver, o amor é algo
inventado por filósofos bobos que querem propagar essa ideia pelo mundo.
No entanto, ela começa a mudar de opinião quando conhece Robert Collins, o novo cliente da Hankle e West
Arquitetura.
Robert é naturalmente charmoso, absolutamente lindo, além de ser um dos homens mais ricos da Inglaterra; e de
um dia para o outro, Laura se vê duvidando de todas as suas convicções, afinal, tudo o que começa a sentir desde o
dia em que o conhece, é forte demais e ela se recusa a aceitar que seja apenas uma ilusão.
Resta saber se o viúvo sério e extremamente sexy, está disposto a investir no amor novamente.
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Zara Maxwell é uma agente secreta treinada para se infiltrar entre os figurões de Washington e descobrir tudo o
que puder sobre eles. Esta esperta espiã usa de sua beleza, habilidade e inteligência fora do normal, para conseguir
cumprir todas as suas missões e segue apenas uma regra: jamais se envolver emocionalmente.
Blake Sullivan, vem de uma família de políticos influentes. Sua expertise e magnetismo tornaram-no
mundialmente conhecido e o fizeram ganhar as últimas eleições para deputado, com uma vantagem assustadora,
despertando a fúria de seus inimigos e a inveja de seus concorrentes.
Blake será a próxima missão de Zara, uma das mais importantes de que já participou, e talvez, a última.
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O DIABO VESTE ARMANI TEVE MAIS DE 3 MILHÕES DE LEITURAS NA INTERNET E CHEGA À AMAZON COM
NOVA VERSÃO, REVISÃO E CENAS EXTRAS.
Mia Banks sempre foi uma exímia jogadora de xadrez e embora sentisse simpatia pelo rei, era a rainha que a
deixava fascinada. Pelo menos até conhecer Rico Salvatore. Lindo, bem-sucedido e arrogante, aquele homem
sempre seria um rei, enquanto ela nunca passaria de um peão bobo e sem graça.
Mesmo achando difícil jogar de igual para igual, com um oponente que fazia seu mundo balançar com apenas um
olhar, ela passa a acreditar que sua inteligência é a principal arma para vencer aquele intenso jogo de sedução.
Ainda adolescente, Julia Albernaz se apaixonou por Leonel Brandão, que além de sócio, também era o melhor
amigo de seu pai. Desde então, ela nunca poupou esforços para chamar a atenção de seu amor platônico.
Leonel, por sua vez, achava graça dessa paixonite de Julia, para ele, suas declarações não passavam de brincadeiras
de criança, sem qualquer fundamento.
Depois de muita desilusão, Julia decidiu estudar fora do Brasil, com a esperança de esquecê-lo. Infelizmente,
quando retorna para casa, após cinco anos, descobre que seus sentimentos por Leo não mudaram.
Entretanto, ela não é mais aquela adolescente boba, que vivia implorando por atenção. Julia se tornara uma mulher
madura e confiante, e agora sabia muito bem como lidar com o único homem que virava seu mundo de ponta
cabeça.
Andrew Petrov é um russo de temperamento difícil. Lindo, sério, irascível e inegavelmente misterioso, ele vive
para cuidar de seu império construído através da exploração e venda de pedras preciosas. No mundo corporativo é
temido e conhecido como O Rei dos Diamantes, mas intimamente, é um homem atormentado em busca de algo
que imagina nunca poder ter.
Leticia Garcia é uma jovem doce e inocente que foi entregue, contra a própria vontade, a um homem rude e
violento. Durante o dia, sem que ele saiba, Leticia aceita encomendas e cria os mais variados e deliciosos bolos de
Chicago. No entanto, se sente muito infeliz e mesmo não admitindo a si mesma, sonha com o dia em que aquele
homem cruel a libertará e ela finalmente poderá encontrar o amor.
E o que O Rei dos Diamantes tem a ver com uma jovem e sofrida dona de casa?
Venha descobrir nesse delicioso e moderno conto de fadas.
Durante muitos anos, Milena Soares achou que sua jornada na terra, era apenas uma forma de ser castigada por
erros cometidos em alguma vida passada. Ilegal nos Estados Unidos, ela trabalha em uma empresa que presta
serviços de limpeza para grandes corporações e condomínios de luxo.
É através desse trabalho que ela conhece Ross Mayaf, um homem rico e solitário, que tem como único parente, um
neto que não se preocupa nem em saber se o avô está vivo ou morto. Quando Ross fica doente e contrata Milena
como sua dama de companhia, ela vê a oportunidade de realizar o sonho de seu amigo idoso e trazer o neto de volta
para casa.
E a partir daí as coisas começam a mudar drasticamente. Zen Mayaf é o pecado em forma de homem e deixa uma
legião de mulheres apaixonadas por onde passa. É um libertino incorrigível e herdeiro de uma das maiores fortunas
dos Estados Unidos.
Mas nem tudo é um mar de rosas na vida desse garanhão indomável, seu tempo está se esgotando e para assumir o
império dos Mayaf, ele terá que subir ao altar. Milena está mais do que disposta a aceitar esse delicioso desafio, até
se ver frente a frente com uma ex que não medirá esforços para se tornar a nova senhora Mayaf.
Das fantásticas galerias ladeadas pelas melhores grifes do mundo, aos cafés do centro do Golden Triagle,
Beverly Hills faz jus a sua brilhante fama e será palco desse delicioso romance.
Ava Shoe é a típica caipira bonita e malvestida, e só precisou de alguns minutos em Berverly Hills para sentir-se
fascinada e patética na mesma medida. Chegou ali movida pelo sonho de ser famosa, mas como, se só havia em sua
mala meia dúzia de vestidos floridos e algumas sapatilhas bastante usadas?
Brandon Languerfeld é o poderoso CEO de uma das maiores emissoras de TV da Califórnia. Playboy cobiçado
por sua beleza e fortuna, é dono da boate mais badalada de Beverly Hills e será objeto de desejo da nossa mocinha
recém-chegada dos confins do Texas.
Uma garota de língua afiada, um bonitão endinheirado e uma amiga “fada madrinha”. Esta é a receita perfeita
para um romance inesquecível.
A OUTRA
FALE COM A AUTORA
[1]
Distrito Financeiro
[2]
Pronuncia-se “Leicy”
[3]
Antiga biblioteca de Columbia que atualmente abriga a área administrativa do campus.
[4]
Estátua da deusa Athena que simboliza conhecimento e justiça.
[5]
Uma das meninas más do filme Garotas Malvadas.