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O meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas. A Constituição da República de 1988 introduziu a proteção
ao meio ambiente como direito difuso, em que cabe a toda a coletividade o
dever de preservá-lo, conforme disposto no art.

DO PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O termo "desenvolvimento sustentável" foi utilizado pela primeira vez em


1987, no Relatório Brundtland. Desde então, o desenvolvimento sustentável
vem se destacando nas grandes reuniões que transcorram àrespeito de
tópicos que envolvam a esfera socioambiental e econômica à nível
mundial. Dentre essas grandes reuniões pode-se destacar a Conferência das
Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento , ocorrida em
1992, a Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento
sustentável , ocorrida em 2012, ambas na cidade do Rio de Janeiro.

O Programa Nacional de Desestatização é atualmente regulamentado pela


Lei n. O PND de forma bem direta e sintetizada tem como objetivo
fundamental a reorganização econômica do Estado brasileiro, de forma que o
Estado tenha atuação naquilo que lhe seja inerente e não tenha uma
abrangência maior do que o necessário, sendo que, nesses casos, tais
atividades sejam transferidas a iniciativa privada, devendo o Estado fortalecê-
la e fomentá-la. Os Parques Nacionais tratados no Decreto ora estudado são
localidades consideradas Unidades de Conservação pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade , autarquia federal, pela imensa
relevância de biodiversidade que apresentam. Vale mencionar que, além de
abrigarem diversas espécies da flora e da fauna brasileira, esses parques
também abrigam povos indígenas, que preservam suas culturas e
ancestralidade em tais locais.
Existe ainda, em muitos desses parques, a presença de diversas riquezas
naturais, tais como minérios, cabendo também ao ICMBio o monitoramento
do uso público e a exploração econômica dos recursos naturais neles
presentes. Nesse sentido, em muito se questionou o decreto, isso
porque, além das áreas tratadas serem consideradas Unidades de
Conservação pela biodiversidade que apresentam, há em algumas delas
vários recursos naturais passíveis de extração, bem como, povos indígenas
os presentes. Assim, dentre algumas das repercussões advindas da
publicação do Decreto n. 10.958/22, foi a representação enviada pela câmara
correspondente do Ministério Público Federal à Procuradoria da República, a
fim de que fossem buscadas informações junto ao Ministério do Meio
Ambiente, haja vista ofício recebido pelo MPF da Associação Brasileira de
Antropologia, pontuando que algumas das localidades abrangidas no decreto
se tratavam de "áreas sobre as quais incidem interesses econômicos
extrativos conflitantes com a integridade dos territórios tradicionais e seus
ambientes de vida, como a mineração em larga escala" e que isso
representava uma "ameaça aos direitos dos povos e comunidades
tradicionais à informação, à autodeterminação e à existência em seus
territórios".

Outra ação contrária ao decreto foi o Projeto de Decreto Legislativo


24/22, que sustou os efeitos do Decreto 10.958/2022. Isso porque, segundo o
deputado autor do PDL "a inclusão no Programa Nacional de Desestatização
fere os atributos legais que constituem a própria existência dessas unidades
de conservação, como prevê a Constituição".

CONCLUSÃO

Desse modo, percebe-se um certo conflito entre o desenvolvimento


econômico e a preservação socioambiental, ambos direitos e deveres
constitucionalmente abrangidos. Assim, é necessário que sejam levados em
consideração os dois fatores de forma equilibrada, buscando a melhor
aplicabilidade do Princípio Nacional do Desenvolvimento Sustentável. Se por
um lado, o Estado deve ponderar sobre a melhor perspectiva econômica
relacionada aos serviços de visitação, conservação, proteção e gestão
desses Parques Nacionais, por outro, o Estado não deve se esquivar da
perspectiva de sustentabilidade no tocante à conservação, proteção e gestão
daqueles ecossistemas, devendo dar atenção prioritária à diversidade de
fauna e flora, bem como aos povos indígenas que eventualmente se encontre
em tais localidades.

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