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EAD
| PROJETO GRÁFICO
| DIRETORIA ACADÊMICA EAD Esp. Janaína de Sá Lorusso
Prof.ª Me. Daniela Ferreira Correa Esp. Cinthia Durigan
| ORGANIZAÇÃO
NEAD (Núcleo de Educação a Distância) - UniBrasil
| IMAGENS
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EAD
EDIÇÃO: JUNHO/2021
INTRODUÇÃO.......................................................................................52
1. ANAMNESE VOCAL........................................................................52
1.1 Investigação da história da disfonia...............................................53
1.2 Investigação de hábitos que podem prejudicar a voz.....................54
REFERÊNCIAS.......................................................................................91
01
ESTUDO DA VOZ
NOS SEUS
ASPECTOS NORMAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 01
clínica vocal deve compreender as diversas etapas que abrangem sua atuação nessa área, cujas
ações vão desde a avaliação da produção da voz, investigando as dificuldades e o comportamento
vocal do paciente, até o processo de reabilitação, quando se tem uma alteração já instalada.
Além disso, esse profissional pode atuar no aprimoramento de algumas habilidades envolvidas
com a produção vocal, com os profissionais da voz falada e cantada, e até mesmo na elaboração
de programas de prevenção e promoção de saúde da voz.
UNIDADE 01
(BEHLAU; AZEVEDO; MADAZIO, 2008).
UNIDADE 01
1.1.2 CARTILAGEM TIREOIDEA
A cartilagem tireoidea possui a forma de um escudo e é a maior cartilagem da laringe. Ela é
composta por duas placas de cartilagens de forma quadrangular, chamadas de lâminas, que se
conectam na linha média e formam um ângulo de união – a proeminência laríngea, popularmente
conhecida como “pomo de Adão” (BEHLAU; AZEVEDO; MADAZIO, 2008).
Esse ângulo tem grande impacto entre os sexos na fisiologia vocal, pois sua variação contribui
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UNIDADE 01
gas ariepiglóticas, com possível atuação no fechamento da laringe pelo abaixamento da epiglote
(BEHLAU; AZEVEDO; MADAZIO, 2008).
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UNIDADE 01
Omo-hioideo Abaixar e retrair o osso hioide.
Fonte: Behlau; Azevedo; Madazio (2008).
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UNIDADE 01
UNIBRASIL EAD | VOZ
Fonte: Behlau; Azevedo; Madazio (2008).
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UNIDADE 01
100 vibrações por segundo (identificadas como 100 Hertz), e, nas mulheres, ocorrem ao redor de
200 vibrações por segundo (200Hz). Um ciclo é composto por quatro fases: fase aberta, fase de
fechamento, fase fechada e fase de abertura (BEHLAU; AZEVEDO; MADAZIO, 2008).
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UNIDADE 01
lidade vocal instável, soprosa e/ou rugosa (TAVARES et al., 2011).
Com relação às demais características vocais dessa fase, de acordo com a literatura da área,
as variações vocais na população infantil podem chegar a uma oitava e meia de extensão, até a
puberdade (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES, 2001). Além disso, as crianças apresentam pitch vocal
agudo, com frequência fundamental média em torno de 250 Hz.
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UNIDADE 01
2.4 VOZ NA SENESCÊNCIA
O envelhecimento corporal é um processo natural do ser humano e é marcado por mudanças
físicas importantes ao longo do tempo, as quais podem impactar as mais variadas funções e siste-
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UNIDADE 01
Na clínica vocal, os termos utilizados para fazer referência aos tipos de vozes são, muitas vezes,
confusos e variados. Isso se dá pelo fato de existirem inúmeras classificações disponíveis na lite-
ratura, e também por serem terminologias baseadas nas sensações (impressões) remetidas pela
qualidade vocal avaliada (BEHLAU et al., 2005).
Os autores Behlau et al. (2005) apresentam uma lista dos tipos de vozes mais frequentes na
clínica vocal. São eles: voz rouca, voz soprosa, voz sussurrada, voz gutural, voz bitonal, voz diplofô-
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UNIDADE 01
para essa cavidade. É encontrada em indivíduos com inadequações velofaríngeas, sendo típica em
fissuras labiopalatinas.
Voz hiponasal: Ness caso, há uma redução do componente nasal durante a produção da fala.
Pode estar presente em indivíduos com desvio de septo, algum tipo importante de obstrução nasal
ou algum tipo de alteração dos ossos da face.
Como dito anteriormente, tanto o contexto de fala quanto os aspectos emocionais do indiví-
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UNIDADE 01
ajustes dos órgãos fonoarticulatórios (articulação da fala). Uma articulação bem definida pode pas-
sar clareza de ideias, já uma articulação imprecisa dá a impressão de desorganização do discurso
(BEHLAU; AZEVEDO; MADAZIO, 2008).
Cabe ao fonoaudiólogo, durante o processo de avaliação, identificar tais comportamentos vo-
cais do seu paciente e conduzi-lo ao desenvolvimento do seu feedback auditivo e corporal, possi-
bilitando a ele tomar consciência de todos os elementos envolvidos em sua expressividade vocal
REFLITA
Você já se perguntou se sua voz o(a) representa?
Atualmente, tem se falado muito em autoimagem e autoconhecimento – conhecer a si mesmo
e refletir sobre qual imagem gostaria de transmitir às outras pessoas. Muitos recorrem a um
consultor em busca de orientações para desenvolver uma imagem coerente com o ambiente
profissional (corte de cabelo, vestimentas etc.).
Isso também ocorre na área da voz! Muitos pacientes, insatisfeitos com seu padrão vocal, procu-
ram o fonoaudiólogo em busca de aperfeiçoamento de habilidades específicas na fala ou ajustes
musculares que se aproximem da qualidade vocal esperada.
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UNIDADE 01
4.1 SINAIS DE PROBLEMA VOCAL
Os principais sinais de um problema vocal, identificados no processo de avaliação fonoaudioló-
gica, dizem respeito às características vocais do paciente, percebidas auditivamente pelo fonoau-
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UNIDADE 01
avaliação vocal, trazendo informações que permitem associar a queixa do paciente a aspectos de
funcionalidade, de impacto emocional e de sintomas físicos (MORETI et al., 2014)1.
FIGURA 4 – ESCALA DE SINTOMAS VOCAIS (ESV)
1 O tema “autoavaliação vocal” será explanado com mais consistência na Unidade II.
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UNIDADE 01
Rouquidão: É um dos sintomas mais referidos pelos pacientes, podendo estar relacionada à
vibração aperiódica das pregas vocais.
Fadiga vocal: É o termo utilizado para designar o cansaço vocal sentido após a fala (ou canto)
continuada. Pode também vir associado ao sintoma de esforço durante a produção vocal.
Soprosidade: É o termo utilizado para designar o escape excessivo de ar pela glote durante o
processo de fonação. Geralmente, os pacientes não utilizam essa terminologia na apresentação da
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UNIDADE 01
gar ao diagnóstico do distúrbio vocal. Basicamente, tal avaliação pode ser realizada via os seguin-
tes procedimentos: laringoscopia indireta por espelho, laringoscopia indireta por fibra ótica (rígida
e flexível), laringoscopia direta e estroboscopia laríngea (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES, 2008).
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UNIDADE 01
com espelho, cujo laringoscópio é introduzido até o fundo da boca (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES,
2008). A avaliação da laringe por laringoscopia indireta por fibra ótica rígida, também chamada de
telelaringoscopia, pode ser visualizada na Figura 6.
FIGURA 6 – TELELARINGOSCOPIA
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UNIDADE 01
visão direta (LIMA; OLIVEIRA, 2010).
A principal indicação deste procedimento é a realização de biópsias e microcirurgias explorató-
rias, como, por exemplo, no caso de diagnóstico diferencial de alterações da mucosa das pregas
vocais. Outra indicação, também, é naqueles casos cuja avaliação funcional laríngea não foi possí-
vel com as outras laringoscopias (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES, 2008).
VÍDEO
Você pode revisar o conhecimento sobre anatomofisiologia da fonação assistindo ao seguinte vídeo:
“Fisiologia da fonação”. UFES/UCAM, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3bvyJRu. Acesso em:
01 mar. 2021.
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UNIDADE 01
de vários órgãos e sistemas do corpo. Trata-se de um processo dinâmico, que acompanha o desen-
volvimento biológico e socioemocional do indivíduo, em todas as fases de sua vida.
Compreendemos que tal processo dinâmico pode impactar na qualidade vocal do indivíduo
não somente no longo prazo, no processo de envelhecimento corporal, mas também de forma
imediata, quando ele é exposto a determinados contextos de fala ou a situações emocionalmente
impactantes, compreendendo sua expressividade vocal.
ANOTAÇÕES
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02
DISFONIAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 02
mas do corpo, com uma fisiologia própria e altamente influenciada por aspectos psicológicos e
do meio sociocultural.
A produção vocal acompanha o desenvolvimento biológico do indivíduo e, da mesma forma,
pode apresentar vulnerabilidades. Além disso, as estruturas envolvidas em sua produção podem
desenvolver alterações tanto decorrentes de questões comportamentais como orgânicas.
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UNIDADE 02
características: apresenta qualidade vocal aceitável socialmente; permite a produção de fala inteli-
gível e o desenvolvimento profissional; apresenta frequência, intensidade e modulação adequadas
ao sexo e idade; e transmite a mensagem emocional correta.
Quanto ao conceito de disfonia, o termo pode ser entendido como “toda e qualquer dificul-
dade na comunicação oral que impede a produção natural da voz” (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES,
2008). É considerada um distúrbio da comunicação oral no qual a desordem vocal causa desvanta-
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UNIDADE 02
incorreto do mecanismo de produção vocal) e “orgânica” (alteração
Dicotomia funcional ou orgânica
física nas estruturas e/ou no funcionamento dos sistemas/órgãos
envolvidos na produção vocal).
Classifica de acordo com o achado na avaliação clínica, podendo ser:
Avaliação clínica alteração da estrutura; distúrbio do movimento; ou ausência de impe-
dimentos orgânicos e funcionais.
Classifica de acordo com os conceitos de “hipofunção vocal” (movimen-
Cinesiologia
tos laríngeos insuficientes) e “hiperfunção vocal” (esforço muscular).
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UNIDADE 02
Disfonias funcionais são alterações vocais desenvolvidas pelo próprio uso da voz. Behlau e Pon-
tes (1995) e Behlau et al. (2008) reconhecem a existência de três mecanismos causais que podem
desencadear uma disfonia funcional. Essas causas seriam: por uso incorreto da voz, nas chamadas
disfonias funcionais primárias; por desajustes vocais, nas disfonias funcionais secundárias; e por
questões emocionais, nas disfonias funcionais psicogênicas.
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UNIDADE 02
resistência vocal com propensão à fadiga vocal (BEHLAU et al., 2008; BEHLAU; PONTES, 1995). As
inadaptações podem ser categorizadas em anatômicas e funcionais.
32
UNIDADE 02
profissional e social da voz (BEHLAU et al., 2008). Os sintomas vocais podem ser: qualidade vocal
rouca, com soprosidade, ou até mesmo frequência fundamental aguda (COLTON et al., 2010). O
sulco vocal pode ser observado na Figura 1.
FIGURA 1 – SULCO VOCAL
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UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | VOZ
Fonte: Mendes Neto et al. (2008).
Microdiafragma laríngeo: Trata-se de uma membrana localizada na comissura anterior das pre-
gas vocais, podendo estar fixada na altura da glote ou na subglote. O impacto na produção vocal
vai depender da sua espessura, rigidez e localização, o que pode promover uma disfonia discreta,
com frequência fundamental aumentada, pois reduz a extensão da área vibratória das pregas vo-
cais (BEHLAU et al., 2008). O microdiafragma laríngeo é apresentado na Figura 4.
FIGURA 4 – MICRODIAFRAGMA LARÍNGEO
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UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | VOZ
Fonte: Mendes Neto et al. 2008).
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UNIDADE 02
classificadas de acordo com o envolvimento da região das pregas vocais, em: fenda triangular pos-
terior, fenda triangular médio-posterior e fenda triangular anteroposterior (BEHLAU et al., 2008;
BEHLAU; PONTES, 1995). Com exceção da fenda anteroposterior, que é resultado da hipocinesia
laríngea, as demais fendas triangulares resultam de um estado hiperfuncional da musculatura in-
trínseca da laringe e são consideradas como precursoras à formação de nódulos vocais (BEHLAU
et al., 2008). O principal impacto na qualidade vocal é a soprosidade, a qual pode variar de acordo
Legenda: A – Fenda triangular posterior; B – Fenda triangular médio-posterior; C – Fenda triangular anteroposterior.
Fonte: Behlau et al. (2008).
Fendas fusiformes: São fendas nas quais observa-se um fuso à fonação, podendo estar locali-
zado na região anterior das pregas vocais, formando uma fenda fusiforme anterior, ou em toda
a extensão das pregas vocais, na fenda fusiforme anteroposterior, ou, ainda, na região posterior,
na fenda fusiforme posterior (Figura 7) (BEHLAU et al., 2008; BEHLAU; PONTES, 1995). As fendas
fusiformes são de naturezas estruturais e orgânicas, podendo estar associadas às AEMCs, e têm
um prognóstico terapêutico ruim. A qualidade vocal é rouca, soprosa, com presença de aspereza,
e em grau de desvio variado (BEHLAU et al., 2008).
FIGURA 7 – FENDAS FUSIFORMES
LEGENDA: A – Fenda fusiforme anterior; B – Fenda fusiforme anteroposterior; C – Fenda fusiforme posterior.
Fonte: Behlau et al. (2008).
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UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | VOZ
Fonte: Behlau et al. (2008).
Fendas duplas: São fendas de natureza comportamentais, as quais formam duas regiões de co-
aptação insuficiente: uma fenda triangular médio-posterior, com uma lesão na mucosa (geralmen-
te nódulos edematosos); e uma fenda fusiforme na região anterior, por acomodação dos tecidos
(Figura 9). A qualidade vocal característica é rugosa-soprosa (BEHLAU et al., 2008).
FIGURA 9 – FENDA DUPLA
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UNIDADE 02
indiferenciadas (BEHLAU et al., 2008).
FIGURA 11 – FENDA IRREGULAR
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UNIDADE 02
originadas pelo comportamento vocal inadequado. Segundo Behlau et al. (2008), as lesões orga-
nofuncionais compreendem: nódulo, pólipo, edema de Reinke, úlcera de contato, granuloma de
laringe e leucoplasia.
Lesões na laringe, mais precisamente nas pregas vocais, podem gerar disfonia pelo simples
fato de impactarem na coaptação glótica. Durante a fase fechada do ciclo glótico, a lesão pode
interferir no contato entre as pregas vocais, promover um escape de ar, ou até mesmo suprimir a
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UNIDADE 02
da lâmina própria, pois representam traumatismos mais profundos na lâmina própria que os nódu-
los vocais. A qualidade vocal, característica da lesão, é a frequência fundamental dicroica, favorecida
pela vibração do pólipo; pode haver presença de soprosidade variável. O tratamento dos pólipos é
cirúrgico, na maior parte dos casos, e a atuação fonaudiológica pode ocorrer na fase pré-cirúrgica,
com orientações de saúde vocal, e de reabilitação, no pós-operatório (BEHLAU et al., 2008).
FIGURA 13 – PÓLIPOS VOCAIS
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UNIDADE 02
úlcera de contato podem ser: pigarro constante; fadiga vocal; pitch grave ou excessivamente grave;
voz adaptada a rouquidão e/ou soprosidade discretas; ataque vocal brusco; e loudness intensa. A
conduta fonoaudiológica concentra-se nos casos em que o desenvolvimento da lesão é comporta-
mental, com ações de reeducação vocal (BEHLAU et al., 2008).
FIGURA 15 – ÚLCERA DE CONTATO
41
UNIDADE 02
bras de frequência e dificuldade de emitir sons em baixa intensidade. A conduta fonoaudiológica
nos casos comportamentais concentra-se na reeducação vocal, para reduzir o atrito na área da
lesão e proporcionar uma produção vocal mais eficiente (BEHLAU et al., 2008).
FIGURA 17 – LEUCOPLASIA
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UNIDADE 02
4.1 DISFONIAS POR PARALISIA DE PREGA VOCAL
As disfonias por paralisia de prega vocal compreendem o tipo de disfonia neurológica mais
comum na clínica fonoaudiológica. Elas são resultado de lesões ou de alterações do nervo vago e
podem apresentar características diversas, de acordo com o local da lesão (plexo faríngeo, nervo
laríngeo superior ou nervo recorrente) (BEHLAU et al., 2010).
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UNIDADE 02
diológica (BEHLAU et al., 2010). A Figura 19 ilustra as cinco posições da prega vocal paralisada.
FIGURA 19 – POSIÇÕES DA PREGA VOCAL PARALISADA
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UNIDADE 02
bilateral vocal, estridor à respiração, dispneia nas
práticas esportivas.
Varia de acordo com a posição da prega
Nervo laríngeo superior
Associada a quadros centrais. vocal; voz soprosa com bitonalidade, di-
e inferior unilateral
ficuldade na modulação da voz, disfagia.
Nervo laríngeo superior Casos raros; associada a lesões Voz soprosa em grau intenso, tosse
e inferior bilateral centrais. deficiente; aspiração silente.
Fonte: Behlau et al. (2010).
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UNIDADE 02
4.3 DISFONIAS POR CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
O desenvolvimento do câncer se dá quando as modificações genéticas impactam no mecanis-
mo de controle do crescimento celular (BRANCO; REHDER, 2011). Trata-se de um processo multi-
fatorial e com vários estágios, desde a fase caracterizada pela indução do câncer até a sua disse-
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UNIDADE 02
Laringectomias parciais: Trata-se de cirurgias que envolvem a ressecção parcial da laringe, in-
dicadas para tumores de estadiamento variando de T1 a T3. São procedimentos que permitem a
possibilidade de reconstrução residual, na tentativa da manutenção das funções respiratórias e
esfincteriana da laringe (NEMR; LEHN; SANCHEZ, 2014).
As laringectomias parciais englobam vários procedimentos cirúrgicos, desde a ressecção de
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UNIDADE 02
traqueoesofágica, por meio da colocação de uma prótese traqueoesofágica por uma fístula cirúrgica
(Figura 20), comunicando a traqueia ao esôfago, o qual conduz o ar da expiração para o esôfago, per-
mitindo a vibração do esfíncter faringoesofágico na produção da voz (BEHLAU et al., 2010).
FIGURA 20 – LARINGE ELETRÔNICA E PRÓTESE TRAQUEOESOFÁGICA
LEITURA
A revista Rede Câncer traz uma reportagem de capa a respeito da superação de pacientes que
tiveram câncer na laringe.
REDE CÂNCER. Soltando a voz. Rio de Janeiro, RJ, ed. 41, jun. 2018. Disponível em: https://bit.
ly/3eUlprZ. Acesso em: 15 mar. 2021.
5. DISFONIAS INFANTIS
As alterações vocais são muito comuns na infância, e a literatura estima que entre 6 e 30% das
crianças apresentam distúrbios vocais de alguma natureza (POSSAMAI; HARTLEY, 2013). Entretan-
to, tais alterações são pouco valorizadas pelos pais e pela escola, o que reflete na pequena procura
dessa população por atendimento na clínica vocal (MAIA; SIMÕES-ZENARI; AZEVEDO, 2014).
Na maioria dos casos, as disfonias têm como principal fator etiológico o mau comportamento
vocal, sendo os nódulos vocais a lesão de massa de maior prevalência nessa população, princi-
palmente nos meninos (MAIA; SIMÕES-ZENARI; AZEVEDO, 2014). Entretanto, as disfonias podem
decorrer também de desajustes anatômicos, como nos casos de alterações estruturais mínimas,
ou de questões orgânicas, como nos casos de paralisias de pregas vocais congênitas, síndromes,
laringites, estonoses laríngeas, papilomatoses, entre outros (CONNELLY; CLEMENT; KUBBA, 2009).
48
UNIDADE 02
O impacto na qualidade vocal pode ser bastante variado, a depender da etiologia da alteração;
e os principais parâmetros alterados compreendem rugosidade, soprosidade e tensão (LOPES et
al., 2013). No entanto, é importante ressaltar que, devido às características anatomofisiológicas
típicas da infância, como a imaturidade de algumas estruturas laríngeas, a qualidade vocal pode
apresentar pequenos desvios (instabilidade, soprosidade ou rugosidade), independentemente da
presença de lesões (TAVARES et al., 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade II conhecemos a conceituação das terminologias voz normal e disfonia, como
também refletimos a respeito da subjetividade desses termos. Além disso, buscamos entender
quais os principais aspectos relacionados a eles – o que é esperado para que uma produção vocal
seja considerada “normal” (adaptada), e a abrangência do termo disfonia, o qual engloba, além
dos sintomas auditivos, qualquer dificuldade na produção da voz e fala.
Identificamos também as principais alterações vocais (e suas classificações) presentes no dia a
dia da clínica vocal, seus respectivos impactos na qualidade vocal dos pacientes e a atuação fono-
audiológica diante deles.
Finalmente, acompanhamos, de forma resumida, as características vocais infantis nos proces-
sos de disfonia. Aprendemos que essa população comumente apresenta alterações vocais, cujos
sintomas geralmente são subvalorizados pela família e pela escola.
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UNIDADE 02
UNIBRASIL EAD | VOZ
50
03
AVALIAÇÃO
VOCAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
A literatura e a prática clínica fonoaudiológica vêm demonstrando, ao longo dos anos, a impor-
UNIDADE 03
tância da avaliação vocal completa e bem documentada na atuação na área da voz.
Uma avaliação vocal bem realizada, conjuntamente ao bom entendimento da fisiologia fonató-
ria, permitirá ao clínico compreender como seu deu o processo da disfonia, bem como hipotetizar
possibilidades de prognóstico terapêutico. Além disso, trará respaldo para um bom raciocínio clíni-
co, sendo fundamental no processo de reabilitação e aprimoramento vocal.
1. ANAMNESE VOCAL
Anamnese vocal trata-se da investigação inicial realizada no primeiro encontro com o paciente,
na qual o fonoaudiólogo, por meio de perguntas, busca entender o real motivo da procura pelo
atendimento, além de explorar a natureza e o histórico das queixas e sintomas vocais referido pelo
paciente (BEHLAU et al., 2008; COLTON et al., 2010; LOPES et al., 2019).
Para Behlau et al. (2008), a anamnese vocal deve abordar questões específicas sobre as queixas apon-
tadas pelo paciente, para, dessa forma, possibilitar maior entendimento a respeito do quadro de disfo-
nia, mas também ser abrangente a ponto de permitir associações com outras alterações do organismo.
A anamnese pode ser iniciada com questões relacionadas à identificação pessoal do paciente,
tais como: nome, idade, profissão e demais atividades do dia a dia pelas quais ele utiliza a voz
(BEHLAU et al., 2008). Mas o ponto inicial, e o mais importante, é conhecer a queixa relacionada
à voz (LOPES et al., 2019), pois, além de ser a razão da consulta, representa o sintoma da disfonia
(BEHLAU et al., 2008).
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UNIDADE 03
de grande valia para a condução da avaliação (LOPES et al., 2019).
Itens relacionados à queixa, como duração (o tempo em que a alteração se estabeleceu), evo-
lução (mudanças e limitações vocais ocorridas nesse período) e a dificuldade atual, podem auxiliar
no raciocínio diagnóstico e devem ser investigados no decorrer da anamnese (BEHLAU et al., 2008;
LOPES et al., 2019).
53
UNIDADE 03
O quanto esses hábitos irão influenciar na produção vocal, ou potencializar alguma alteração já ins-
talada, é uma resposta individual e que necessita ser pesquisada com o paciente. Em geral, as pessoas
não costumam identificar os hábitos vocais abusivos que podem ocorrer na sua rotina (COLTON et al.,
2010), tampouco que eles possam ter relação com o distúrbio vocal. Nesse caso, pode-se orientar o
paciente a observar determinados hábitos e informar posteriormente (BEHLAU et al., 2008).
54
UNIDADE 03
Avaliação perceptivo-auditiva da voz trata-se da avaliação mais tradicional da clínica fonoaudio-
lógica (BEHLAU et al., 2008), sendo o principal e mais utilizado instrumento para documentar alte-
rações da qualidade vocal – o padrão-ouro da clínica vocal (REHDER; BRANCO, 2011). Ela consiste
na análise auditiva da qualidade vocal do indivíduo, com o objetivo de descrever suas característi-
cas e quantificar a intensidade do desvio (LOPES et al., 2019).
55
UNIDADE 03
• “0” = “normal” ou ausência de desvio;
• “1” = desvio discreto;
• “2” = desvio moderado; e
• “3” =desvio intenso.
Em 1996, a escala GRBAS passou por uma modificação, sendo acrescentado um novo parâmetro
avaliativo a ela, a instabilidade (I – instability), a qual indica a flutuação da frequência ou da qualidade
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UNIDADE 03
(severidade geral qualidade vocal, rugosidade, soprosidade, tensão, pitch e loudness) na qualidade
vocal do indivíduo, além de quantificar sua intensidade utilizando-se escalas visuais analógicas de
100 mm (BEHLAU et al. 2020). A avaliação perceptivo-auditiva é realizada a partir da análise das
seguintes tarefas fonatórias, apresentadas no Quadro 1:
QUADRO 1 – AMOSTRAS VOCAIS CAPE-V
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UNIDADE 03
(BEHLAU et al., 2008).
Ressonância oral: Nesse foco de ressonância a energia encontra-se concentrada na cavidade
da boca, sendo caracterizada pela sobrearticulação dos sons da fala (BEHLAU et al., 2008).
Ressonância nasal: O uso excessivo da cavidade nasal, denominado de hipernasalidade, está
geralmente associado às alterações de anatomofisiologia do palato mole, como incompetência ou
58
UNIDADE 03
sistemas respiratório, fonatório e o articulatório. Pode ser avaliada durante a conversa espontâ-
nea, pela qual é verificada a ocorrência de várias compensações negativas, entre elas: uso do ar
reserva; hiperconstrição laríngea em compensação à hipofunção respiratória; e início da fonação
concomitante ao início da expiração. A falta de equilíbrio entre esses três sistemas é chamada de
“incoordenação pneumofonoarticulatória” (BEHLAU et al., 2008, REHDER; BRANCO, 2011).
59
UNIDADE 03
por vogais. Ressalta-se que o tipo de ataque vocal não configura uma disfonia, entretanto, a sua
frequência pode configurar tal processo (BEHLAU et al., 2008). O texto é apresentado na Figura 2.
FIGURA 2 – TEXTO PARA AVALIAÇÃO DO ATAQUE VOCAL
60
UNIDADE 03
Avaliação acústica da voz consiste na análise de determinados aspectos da produção vocal,
realizada por meio de técnicas computacionais – softwares e aplicativos. Tais técnicas permitem
caracterizar as propriedades vocais da emissão mediante sua representação gráfica/visual e men-
suração do sinal sonoro (LOPES et al., 2019).
É uma avaliação mais objetiva e complementar à perceptivo-auditiva, a qual contribui para uma
maior identificação do comportamento vocal do paciente, além de favorecer a documentação e o
gerenciamento da evolução do tratamento vocal (REHDER; BRANCO, 2011).
4.1.2 MICROFONE
O microfone utilizado deve ser unidirecional, ou seja, aquele cuja captação do som ocorre com
maior eficiência em determinado ponto do equipamento, o qual favorece a atenuação de ruídos
do ambiente. Deve-se também optar por um microfone com curva plana de resposta (flat respon-
se, em inglês), para se evitar incrementos de intensidade sonora em determinadas frequências da
voz (BEHLAU et al., 2018).
O posicionamento do microfone deve ser pensado para reduzir/evitar o ruído aerodinâmico
durante a gravação, o qual pode promover a distorção do som vocal. Nesse sentido, o microfone
deve ser posicionado a uma distância de 4 a 10 cm da boca do indivíduo, de forma lateralizada,
formando um ângulo de 45 a 90º (COLTON et al., 2010).
61
UNIDADE 03
Na fala encadeada (contagem de números, fala dos meses do ano etc.) e na fala espontânea
são possíveis a verificação tanto de parâmetros relacionados à fonte glótica como de filtro (resso-
nância vocal) (BEHLAU et al., 2018).
62
UNIDADE 03
parâmetro (BEHLAU et al., 2008): homens (varia entre 80 a 150 Hz); mulheres (150 a 250 Hz); e
crianças (valores acima de 250 Hz).
Jitter: Trata-se da variabilidade da frequência fundamental em curto prazo, ou seja, quando os
ciclos glóticos vizinhos são comparados (REHDER; BRANCO, 2011). É um parâmetro considerado
como preditor do grau do desvio vocal, apresentando valores aumentados em vozes mais altera-
das (LOPES et al., 2019).
1 Os valores de referência, ou normalidade, para as medidas de jitter, shimmer, GNE e PHR são particulares de cada software/aplicativo.
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UNIDADE 03
A literatura refere que, em pessoas com dinâmica fonatória considerada normal, os valores ob-
tidos nas duas emissões devem ser parecidos. E os valores esperados para adultos estariam entre
15 a 25 segundos (BEHLAU et al., 2008).
A Relação S/Z é o resultado da divisão entre os valores obtidos nas emissões da fricativa surda e
da fricativa sonora. Os resultados iguais a 1,0 são os ideais, indicando uma boa dinâmica fonatória.
Entretanto, os resultados acima de 1,2 são indicativos de falta de coaptação glótica; e os iguais ou
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UNIDADE 03
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Fonte: A autora (2021).
Qualidade vocal sussurrada: Espectrograma sem componente harmônico (Figura 6).
FIGURA 6 – QUALIDADE VOCAL SUSSURRADA
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UNIDADE 03
Autoavaliação vocal trata-se de uma avaliação que o paciente faz sobre seu distúrbio vocal e o
impacto que tal alteração causa na sua vida (COLTON et al., 2010), levando em consideração seu
estado físico, funcional e emocional (LOPES et al., 2019). Estudos têm demonstrado que a percep-
ção do paciente com relação ao seu problema de saúde é um importante dado para o tratamento
e deve ser considerado durante o processo de avaliação (COLTON et al., 2010).
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UNIDADE 03
escore, pior é a desvantagem vocal e maior é a percepção do paciente com relação ao seu proble-
ma de voz (COLTON et al., 2010).
No entanto, por ser um protocolo longo para uso clínico, e também redundante, foi desenvol-
vida uma versão reduzida dele, contendo as 10 questões de maior relevância na clínica vocal: o
IDV-10 (COSTA; OLIVEIRA; BEHLAU, 2013). O protocolo IDV-10 pode ser observado na Figura 9.
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UNIDADE 03
5.2.1 ESCALA DE SINTOMAS VOCAIS (ESV)
O protocolo ESV é um instrumento considerado robusto, que avalia a autopercepção de sinto-
mas vocais e o impacto da alteração de voz na vida do paciente (MORETI et al., 2014). Pesquisas
demonstraram que se trata de um protocolo de grande sensibilidade para as queixas vocais, o que
o viabiliza tanto para o uso clínico quanto científico (BEHLAU et al., 2009).
É constituído de 30 questões, também distribuídas em domínios, com três subescalas: limita-
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UNIDADE 03
PUTNOKI, D. S. et al. Qualidade de vida em voz: o impacto de uma disfonia de acordo com gênero,
idade e uso vocal profissional. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol., v. 15, n. 4, p. 485-90, 2010. Disponível
em: https://bit.ly/33QyqN0. Acesso em: 03 abr. 2021.
Outro trabalho, desenvolvido com 420 crianças do estado de Minas Gerais, teve o objetivo de ana-
lisar o impacto na qualidade de vida relacionado à voz de crianças disfônicas e sem alteração vocal.
SOUZA, B. O. et al. Análise da qualidade de vida relacionada à voz na população infantil. CoDAS, v.
29, n. 2, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3eYydO0. Acesso em: 03 abr. 2021.
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UNIDADE 03
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04
REABILITAÇÃO
E APRIMORA-
MENTO VOCAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
VÍDEOS DA UNIDADE
UNIDADE 04
fonoaudiológica na clínica vocal, tanto pelos clínicos como pelos pacientes. É a fase em que o fo-
noaudiólogo pode aprimorar seu conhecimento, bem como seu raciocínio clínico, pois cada caso é
único e deve ser estudado de forma cautelosa.
Entretanto, os processos de aprimoramento e reabilitação vocais não são objetivos, eles depen-
dem do estabelecimento de uma interação eficiente entre o paciente/cliente e seu fonoaudiólogo.
Além disso, ambos os processos estão sujeitos à adesão dos pacientes às orientações e à realização
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UNIDADE 04
ca, deve disponibilizar o máximo de dados possíveis a respeito do caso e possibilitar o diagnóstico
preciso (COLTON et al., 2010).
Outro fator de extrema importância, e que deve ser base norteadora para a intervenção fonoau-
diológica, é a prática baseada em evidências. Tal prática consiste na utilização das melhores evidências
científicas, associadas à prática clínica, para tomar decisões em relação aos cuidados com o paciente.
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UNIDADE 04
1.1.5 TERAPIA VOCAL ECLÉTICA
Trata-se da abordagem terapêutica que possibilita a utilização de diversos recursos na reabili-
tação da disfonia, tendo como foco a busca pela melhor produção vocal e pela efetividade da co-
municação. É considerada a melhor indicação nos casos de disfonias organofuncionais de origem
multifatorial.
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UNIDADE 04
automáticas (fala encadeada), na qual o indivíduo produz somente as vogais do texto, mas respei-
tando a modulação e o encadeamento das frases (BEHLAU et al., 2010).
Tal técnica é indicada para tratamento do travamento articulatório e aprimoramento da proje-
ção vocal, já que promove a melhoria do padrão fonoarticulatório, reduz as constrições do trato
vocal e permite maior controle da fonte glótica (BEHLAU et al., 2010).
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UNIDADE 04
A Técnica dos Vibrantes, ou técnica de vibração, é realizada por meio da vibração dos lábios ou
da língua, de forma sonorizada. Tal técnica favorece uma produção vocal mais estável e com maior
componente harmônico (BEHLAU et al., 2010).
As principais indicações da técnica de vibração, conforme Behlau et al. (2010), seriam: nódulo
vocal, edema de Reinke e alterações estruturais mínimas de cobertura, pois essa técnica favorece
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UNIDADE 04
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Fonte: Behlau et al. (2010).
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UNIDADE 04
Trata-se de uma técnica finlandesa, a qual propicia a movimentação vertical da laringe no pes-
coço, favorecendo uma melhor coaptação das pregas vocais. O exercício é executado por meio da
produção lentificada do gesto motor que precede a emissão do som “b” (BEHLAU et al., 2010).
A técnica do “B” Prolongado é indicada para os seguintes casos: disfonias com elevação da larin-
ge, como muda vocal incompleta, falsete de conversão e falsete paralítico, pois favorece o relaxa-
mento e abaixamento dela; disfonias por tensão muscular e com compressão mediana, pois atua
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UNIDADE 04
Fonte: Behlau et al. (2010).
LEITURA
● A primeira indicação de leitura trata-se de um artigo de revisão de literatura, o qual descreve os
diferentes tipos de exercícios de trato vocal semiocluído.
● A segunda indicação é um artigo sobre o método Lee Silvermann para o tratamento de pacien-
tes com doença de Parkinson.
DIAS, A. E.; LIGONGI, J. C. P. Tratamento dos distúrbios da voz na doença de Parkinson. Arquivos
de Neuro-Psiquiatria, v. 61, n. 1, p. 61-66, 2003. Disponível em: https://bit.ly/3eZr4NM. Acesso
em: mar. 2021.
3. PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO
Após a avaliação fonoaudiológica, preferencialmente associada à avaliação otorrinolaringoló-
gica vocal, faz-se necessário definir os objetivos do tratamento e quais as condutas que serão
adotadas para o caso. Tais informações compreendem o planejamento terapêutico, o qual deve
ser embasado nos seguintes aspectos (BEHLAU; GAMA; CIELO, 2014; COLTON et al., 2010):
Diagnóstico da alteração vocal: Conhecer a etiologia da alteração vocal (funcional, organo-
funcional ou orgânica) é fundamental ao raciocínio clínico, pois viabiliza a tomada de decisões do
terapeuta e a formulação da hipótese prognóstica.
Avaliação fonoaudiológica vocal: Os achados da avaliação vocal completa (comportamento
vocal, acústica e autoavaliação) vão permitir ao fonoaudiólogo entender o comportamento vocal
do paciente em relação ao distúrbio vocal, conhecer suas necessidades, sintomas e associar tais
achados ao diagnóstico médico.
Perfil do paciente: O perfil do paciente deve ser considerado como um critério para elaboração
do planejamento. As informações a serem consideradas dizem respeito aos seguintes aspectos:
demanda de uso vocal e disponibilidade diária para a realização do treinamento vocal.
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UNIDADE 04
além do diagnóstico do distúrbio vocal, seriam: achados da avaliação vocal; o reconhecimento
do paciente quanto ao seu problema vocal e seu papel diante da adesão ao tratamento; alte-
ração vocal passível de resolução com fonoterapia; identificação de problemas de saúde que
poderiam estar comprometendo a produção vocal; e competência fonoaudiológica na resolução
da alteração vocal em questão.
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UNIDADE 04
Articulação travada Sobrearticulação
SAIBA MAIS
Uma das formas de atuação fonoaudiológica é a chamada abordagem de terapia vocal indireta,
na qual o foco está na orientação do paciente com relação aos cuidados vocais. Já na abordagem
de terapia vocal direta, além da orientação a respeito dos cuidados com a voz, são incluídos exer-
cícios vocais (ROZA et al., 2019).
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UNIDADE 04
O conceito de saúde vocal é amplo e envolve vários aspectos relacionados à produção da voz.
Para Behlau e Pontes (2009), ter saúde vocal consiste em emitir a voz sem esforço, com qualidade
vocal limpa e clara, e que atenda às variações de qualidade, frequência e intensidade, em acordo
com o ambiente e o contexto de comunicação.
A atuação fonoaudiológica com relação à saúde vocal, ou “bem-estar vocal”, consiste em ações
4.1.1 ALIMENTAÇÃO
O paciente/cliente deve ser orientado a respeito dos alimentos que possam favorecer os episó-
dios de refluxo gastroesofágico, como alimentos pesados e gordurosos, que lentificam a digestão.
Devem ser evitados também alimentos, pastilhas e sprays com propriedades anestésicas antes
do uso intenso da voz, pois podem esconder sintomas vocais e propiciar o efeito rebote (BEHLAU;
PONTES; MORETI, 2018).
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UNIDADE 04
Nas mulheres, os picos de liberação de hormônio que ocorrem durante o ciclo menstrual po-
dem influenciar a qualidade vocal temporariamente; e, na menopausa, com a variação hormonal
típica da fase, a voz pode se tornar mais grave (BEHLAU et al., 2010).
4.1.4 PIGARREAR
O pigarro consiste no forte atrito entre as pregas vocais, na tentativa de expelir uma possível
secreção do local. O excesso de secreção em região glótica pode ser um sintoma de refluxo gas-
troesofágico, falta de hidratação ou até de um processo alérgico. Contudo, esse atrito pode ser
disparador de irritação nas pregas vocais e até de um fonotrauma (lesão nas pregas vocais). O pa-
ciente/cliente deve ser orientado sobre alternativas de limpeza da região glótica e de manutenção
da hidratação (BEHLAU; PONTES; MORETI, 2018).
4.1.5 GRITAR
O ato de gritar exige que a laringe trabalhe com força máxima, o que pode gerar maior desgas-
te à musculatura e, consequentemente, maior cansaço vocal (fadiga vocal). Além disso, a laringe
torna-se mais suscetível ao desenvolvimento de fonoatraumas, como hemorragia de prega vocal e
até mesmo pólipo vocal (BEHLAU et al., 2008).
4.1.7 HIDRATAÇÃO
A hidratação é um hábito muito indicado para o bom funcionamento do organismo em geral. A
hidratação sistêmica, realizada por meio da ingestão de água, é a de maior eficiência à manuten-
ção da função vocal. A literatura vem demonstrando ao longo dos anos que, apesar de a hidratação
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UNIDADE 04
Alguns medicamentos podem interferir na manutenção da hidratação do trato vocal, gerando
ressecamento das mucosas. Exemplos desses medicamentos são: alguns ansiolíticos, anti-hiper-
tensivos, alguns medicamentos para emagrecimento, entre outros. O papel do fonoaudiólogo nes-
ses casos está na orientação sobre o aumento da hidratação (BEHLAU; PONTES; MORETI, 2018).
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UNIDADE 04
• Nível IV – Compreendido por profissionais “não vocais”, como programadores, desenhis-
tas, sapateiros etc. Nesse nível, tais indivíduos não sofreriam limitações profissionais mesmo
diante de alterações vocais graves.
Outra classificação dos profissionais da voz disponível na literatura foi desenvolvida por Shewell
(2009). Nela, o autor organiza as profissões em seis grupos, de acordo com a natureza da exigência
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UNIDADE 04
de “prevenção quanto às áreas da voz, comunicação oral e escrita, e audição” (FERREIRA, 2014).
Para Ferreira (2014), a atuação fonoaudiológica nessa área aconteceria em duas esferas: a bio-
lógica e a expressiva. A primeira estaria relacionada aos aspectos da produção vocal propriamente
dito, em que se considera a voz como um “instrumento” do profissional. Seria a vertente que analisa
as necessidades, as condições, os cuidados corporais/físicos e de saúde relacionados à produção da
voz. Já a esfera da expressividade estaria relacionada ao desenvolvimento do potencial vocal e co-
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UNIDADE 04
cuidados com a voz, uma vez que essa categoria profissional se encontra em risco ocupacional
constante e, dessa forma, o autocuidado é fundamental para poderem manter sua saúde em dia.
Nesse manual são abordadas a promoção e a prevenção da saúde no que tange aos aspectos vo-
cais, visando ao empoderamento profissional dos professores, uma vez que a voz é sua principal
ferramenta de trabalho e essencial à sua comunicação diária.
MIDORIKAWA, S. K. Saúde vocal para professores EBTT. Curitiba: IFP, 2020. Disponível em: https://
bit.ly/3byf3Na. Acesso em: mar. 2021.
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O canto popular é caracterizado por uma articulação de sons próxima à encontrada na voz fa-
lada, cuja produção das vogais ocorre de forma aberta e as consoantes são articuladas de forma
natural. Esse estilo também é conhecido pela performance acompanhada de amplificação sonora
(AMIN; MOURA; MOTTA, 2014).
No canto popular existem diferentes formas de emissão vocal, as quais variam de acordo com
os estilos de canto, como, por exemplo: rock, MPB, sertanejo, axé etc. Cada estilo demanda di-
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audiológica na clínica vocal, verificando que a atuação terapêutica pode ser guiada por diversas
linhas filosóficas, a depender de cada caso clínico.
Aprendemos que o conhecimento acerca da anatomia e fisiologia da voz é a base do processo
terapêutico. Além disso, vimos que a avaliação vocal, conjuntamente ao diagnóstico do distúrbio
da voz, pode impactar tanto no raciocínio clínico como no prognóstico do caso.
ANOTAÇÕES
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AMIN, E.; MOURA, J.; MOTTA, L. Intervenção fonoaudiológica com cantores. In: Tratado das Espe-
cialidades em Fonoaudiologia. Sociedades Brasileira de Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Guanaba-
ra Koogan, 2014.
AMORIM, G. O.; PRISTON, J.; MENDES, L. S. Preparação Vocal de Atores. In: Tratado das Especia-
lidades em Fonoaudiologia. Sociedades Brasileira de Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.
AZEVEDO, R. Disfonia na Infância. In: FERNANDES, F. D. M. Tratado de Fonoaudiologia. 2. ed. São
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