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DESIGN NO BRASIL

Contextualização Histórica e
Diagnóstico do Design
Brasileiro Contemporâneo
O design chegou ao Brasil assim como vários outros
aspectos da tal “brasilidade”: trazido de fora, por
vezes a contra gosto, mas adaptando-se à nova pátria
e resignificando-se a todo momento.
OS PIONEIROS
Primeiros anos do
século XX.
ILUSTRAÇÕES
Humor e costumes.
PRODUTOS
Entre a arte e a função
“é neste cenário, entre espera e esperança, que o
design no Brasil se estabelece, ganha espaço e
desenvolve-se. Justamente no conflito e tensão entre
realidade local e as referências provenientes do exterior”
(ANASTASSAKIS, 2014, p.20)
. Industrialização
. Cinema novo e construção de Brasília
. Lúcio Costa e Oscar Niemeyer
. Desenho de móveis voltado para a leveza e precisão
da arquitetura modernista
. Joaquim Tenreiro (português), Rio de Janeiro, 1943

ANOS 50
. Lina Bo Bardi, Studio d'Arte Palma, São Paulo

Desenvolvimentismo e
industrialização
ANOS 60
Uma década de
rupturas
. Rupturas políticas no Brasil e no mundo
. Cresce a importância da fotografia na vida das
pessoas: imagens histórias.
. 10 anos de mudanças: propaganda (ótimo

IMAGEM
termômetro), revista, livro, identidade corporativa.

Nova relevância no
viver no mundo
. Escola polonesa de cartazes
. Psicodelismo
. busca pela identidade nacional (Olimpíadas do

NOVOS CAMINHOS
México e os cartazes do Atelier Populaire)

ESTÉTICOS
Mundo
“Misturar política e cultura foi uma marca da época”
(MELO, P. 34, 2008)

. Modernismo: permanência em alguns campos


. Industrialização: consolidação
. Bossa Nova, Tropicalismo e Jovem Guarda
. Teatro de Arena e Teatro Oficina

FORTES MUDANÇAS
. Golpe de 64 e resistência popular

Brasil
. Designers especializados em segmentos: Livro, Revista,
Cartaz, Identidade Corporativa

. Influências estrangeiras e busca por identidade


nacional

. Nomes de destaque: Lina Bo Bardi; Alexandre Wollner,


Ruben Martins, Cauduru Martino e Aloísio Magalhães;
Rogério Duarte, Carlos Scliar e Glauco Rodrigues; Paulo
Breves, Joselito e Tide Hellmeister; Osvaldo Vanni, Danilo
di Petri e Goebel Weyne; Ziraldo e Miécio Caffé etc.

DESIGN GRÁFICO
Circuitos bem definidos
. O registro de marcas no Brasil se inicia em 1870;
. Marcas históricas em circulação: Phebo (1930) e
Catupiry (1936);
. IAC (Instituto de Arte Contemporânea) no MASP: por
Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi, inspirado na Bauhaus

IDENTIDADE CORPORATIVA
. Alexandre Wollner: influência de Ulm.

Entre o modernismo e as
novas linguagens
. Alexandre Wollner: Escola de Ulm;
. Ruben Martins: autodidata;
. Cauduro Martino: sistemas de grande porte

IDENTIDADE CORPORATIVA
. Aloisio Magalhães: arte > design > poder público.

Entre o modernismo e as
novas linguagens
. Designers influenciados pela veiculação de marcas
estadunidenses e europeias;
. Aero Willys, Dulcora e Walita: algumas expressões fora

IDENTIDADE CORPORATIVA
do desenho modernista.

Entre o modernismo e as
novas linguagens
Goebel Weyne
Osvaldo Vanni Danilo di Preti Dercio Bassamni (1967)
(1961) (1963) (1965)

CARTAZES
Maria Bibas

Uma amostra pelas Bienais


(1969)
ROGÉRIO DUARTE
O designer do tropicalismo
Eugênio Hirsch Bea Feitler Ziraldo Odilea Toscano

CAPAS DE LIVROS
Um panorama de obras
Moysés
Baumstein
SÉRGIO RODRIGUES
Autoexpressão
. Governador Carlos Lacerda (1961): “[...] curso de nível
universitário para formar especialistas capazes de desenvolver
atividade criadora no amplíssimo campo dos projetos para a
indústria” (PEREIRA DE SOUZA, 1996, p. 22 apud ANASTASSAKIS, 2014, p.22).

ANTECEDENTES:
. IAC (Instituto de Arte Contemporânea) no MASP organizado e
coordenado por Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi era inspirado na
Bauhaus. O IAC foi uma das primeiras instituições no Brasil a
oferecer uma disciplina de desenho industrial;

. FAU/USP: inaugura disciplinas de desenho industrial e


comunicação visual em seu curso de bacharelado. “[...] tratava-se
de dar a formação mais abrangente possível ao arquiteto,
transformando-o em um profissional capaz de intervir em projetos
de todas as escalas e especialidades, do alfinete ao foguete”

ESDI
(STOLARSKI in MELO, 2008, p. 145-187)

Consolidação do ensino
A Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) é fundada em
1963 no Rio de Janeiro.

“O modelo da ESDI consolidou-se como base para os


primeiros cursos criados no Brasil e originou, com sua
estrutura curricular adotada a partir de 1968, a referência
para o primeiro currículo mínimo aprovado pelo Conselho
Federal de Educação para cursos de bacharelado em
Desenho Industrial” (OLIVEIRA, 2009, p. 10 apud ANASTASSAKIS, 2014, p.20).
O modelo esdiano foi criticado por Aloisio Magalhães
(profissional convidado para estruturação do curso). Aloisio
defendia “um design mais comprometido com uma realidade
nacional” e considerava o modelo da ESDI “um pouco rígido”
(PEREIRA DE SOUZA, 1996, p. 270 apud ANASTASSAKIS, 2014, p.22).

ESDI
Consolidação do ensino
CONTEMPORANEIDADE
Um panorama
“Nessa época [anos 60], salvo as exceções de praxe, o
design estava dividido em circuitos que pouco
conversavam entre si. [...] Só nos anos 80 e 90 é que
essas barreiras começaram a cair, e a circulação de
ideias sobre a profissão ampliou-se. Todos ganharam
com isso.” (MELO, 2008, p.26)
. A partir dos anos de 1990 houve um crescimento do
design no Brasil;

. A área de pesquisa científica também foi inaugurada


nessa época;

. Ocorreu a adoção da nomenclatura em inglês.

Design brasileiro contemporâneo: fusão dos vários


segmentos da área do design e também como um
rompimento de suas fronteiras (especializações). Surge
um foco na metodologia concepção-criação-projetação-
produção. (MOURA, 2012, p.3)

CONTEMPORANEIDADE
Um panorama
IRMÃOS CAMPANA – anos 80 até hoje
uso inovador dos materiais e das novas formas

DESIGN CONCEITO
produtivas. Objetos-arte; cunho autoral.

Entre a arte e o projeto


CASA REX: ‘Disfarces para vinho vagabundo’

DESIGN E HUMOR
Uma outra 'função'
TIPOGRAFIA
DESIGN DO DIA A DIA
Utilidades e inovações
SUSTENTABILIDADE
O Design engajado
PREMIAÇÕES
Nosso design ganha
o mundo
PREMIAÇÕES
Nosso design ganha
Fonte: Centro Brasil Design, 2015.

o mundo
Inserção no mercado exterior: hoje o Brasil está
entre os dez países mais premiados no iF Design Award.

Design & Excellence Brazil (2004 a 2012):


promovida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC). Buscou “estimular e apoiar
a participação de produtos brasileiros em consagradas
premiações internacionais de design”
- total de 3.408 inscrições
- 1.679 produtos e projetos foram selecionados
- 992 brasileiros finalistas apoiados
- 179 premiados e certificados com selo iF
- 9 agraciados com o troféu iF Gold Design Award.

PREMIAÇÕES
(BRASIL, 2014, p. 60)

Nosso design ganha


o mundo
DIAGNÓSTICO DE DESIGN BRASILEIRO
Pesquisa realizada entre os anos de 2012 e 2014 pelo
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), por meio do CENTRO BRASIL DESIGN,
em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos).

Dentre os procedimentos metodológicos, foram


realizadas entrevistas com empresas via formulário on
line, análise de documentos oficinais, entrevistas com
especialistas e análise de dados econômicos.

DESIGN EM NÚMEROS
Diagnóstico do design
brasileiro contemporâneo
NÚMERO DE EMPRESAS DE DESIGN
É o pior desempenho para o Brasil: 686 empresas de
design, o que representa 3 empresas de design por
milhão de habitantes (BRASIL, 2014, p. 47)

EMPREGOS NO SETOR DE DESIGN


21 pessoas empregadas pelo setor de design para cada
1 milhão de habitantes no Brasil.” (BRASIL, 2014, p. 47-48)

DESIGN EM NÚMEROS
Diagnóstico do design
brasileiro contemporâneo
Setores pesquisados: Indústria e Serviços
Máquinas e equipamentos.
Médico‐odonto‐hospitalar.
HPPC (higiene pessoal, perfumaria e cosméticos).
Mobiliário.
Embalagem para alimentos.
Calçados.
Têxtil e confecção.
Cerâmica de revestimento.
Audiovisual.

“A equipe de design interna na empresa é o recurso de


design mais utilizado entre as empresas nesta

DESIGN EM NÚMEROS
pesquisa” (BRASIL, 2014, p. 37)

Diagnóstico do design
brasileiro contemporâneo
GRADUADOS EM DESIGN
Em 2012, havia 13.600 graduados em design (muito
baixa considerando a população do Brasil). Em números
relativos, temos 69 graduados por milhão de habitantes
(BRASIL, 2014, p. 46)
(BRASIL, 2014, p. 106)
REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE DESIGNER
40 anos de profissão e muitos esforços para
implantação do design no Brasil. Processo de
regulamentação da profissão:
. marco: Projeto de Lei no 2.946, proposto pelo deputado Athie
Coury, em 1980 (arquivado em 1983);
. duas novas propostas foram apresentadas pelos deputados
Murílio Ferreira Lima (1989) e Chico Amaral (1993), ambas
arquivadas em 1995;
. 1996: deputado Hugo Lagranha, arquivado em 1998;
. deputados José Carlos Coutinho e Eduardo Paes, 2002 e 2003
respectivamente, ambos arquivados;
. avanço foi o Projeto de Lei no 1.391, de maio de 2011, de autoria
do deputado José Luiz Penna. Vetado pela presidenta da república
em 2015.

RECONHECIMENTO
Apenas na prática
E O FUTURO?
Muitos caminhos
Obrigada!

:)

Erica Ribeiro de Andrade


2015
-
ericadesign@gmail.com
ANASTASSAKIS, Zoy. Triunfos e impasses: Lina Bo Bardi, Aloisio Magalhães e o design
no Brasil. Rio de Janeiro: Lamparina, FAPERJ, 2014.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Diagnóstico do


Design Brasileiro. Brasília, 2014. Disponível em <http://www.cbd.org.br/downloads/>, acesso
em 10 nov 2015.

BRASIL. Movimento Brasil Competitivo/MDIC. I Bienal Brasileira de Design. São Paulo: Arte3,
2006.

CENTRO BRASIL DESIGN. Premiados Brasileiros: iF Design Awards 2015. S/L: CENTRO
BRASIL DESIGN, 2015.

MELO, Chico Homem de (org). O design gráfico brasileiro: anos 60. 2ed. São Paulo: Cosac
Naify, 2008.

MOURA, Mônica. O Contemporâneo no Design Brasileiro: reflexão sobre objetos. CIDI 2012
CONGRESO INTERNACIONAL DE DISEÑO. Córdoba, Argentina, 15-19 de maio de 2012.

MOURA, Adriana Nely Dornas. A INFLUÊNCIA DA CULTURA, DA ARTE E DO ARTESANATO


BRASILEIROS NO DESIGN NACIONAL CONTEMPORÂNEO: UM ESTUDO DA OBRA DOS IRMÃOS
CAMPANA [Dissertação]. Programa de Pós Graduação em Design da Universidade do
Estado de Minas Gerais – UEMG. Belo Horizonte, 2011.

MUSEU DA CASA BRASILEIRA. Prêmio Design: 1986-1996. São Paulo: Museu da Casa
Brasileira, 1996.

OBJETO BRASIL. Catálogo Idea/Brasil 2013. São Paulo: Objeto Brasil, 2013.

REFERÊNCIAS
SANTANA, Pedro Ariel (org). Design Brasil: 101 anos de história. São Paulo: Ed. Abril, 2010.

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