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Como administrar as finanças

Aula 10
de cooperativas e associações

Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


David Siqueira

Sanja Gjenero
DJ Alemão

Fonte: www.sxc.hu
Meta
Apresentar os principais instrumentos que auxiliam
na gestão financeira de uma associação e de uma
cooperativa, dando destaque aos tributos que
incidem sobre essas atividades.

Objetivos
Ao final do estudo desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar a formação do capital social e


o destino das sobras financeiras de uma
cooperativa;

2. descrever a importância da contabilidade na


gestão das cooperativas;

3. identificar os tributos incidentes na atividade


cooperativa.
Início da organização: o que é capital social 171

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


Nesta aula, resumiremos os aspectos mais importantes das finanças das cooperativas
e associações. Muitas pessoas acreditam que essas entidades não precisam cuidar
de suas finanças e que seu dinheiro não necessita de administração. Essa crença,
possivelmente, é decorrente da comparação entre as finalidades de empresas
públicas (do governo), privadas (particulares) e filantrópicas (que têm objetivos
sociais) com as cooperativas e a possibilidade de lucro dentro dessas entidades.

Essa comparação não faz sentido, pois qualquer organização, seja ela pública,
privada ou filantrópica, deve ter cuidado muito especial na gestão de seus
recursos financeiros.

Então, como essas entidades devem proceder?

Flávio Takemoto

Fonte: www.sxc.hu

Figura 10.1: Acompanhamento das finanças.

Para se obter bom resultado financeiro, os dirigentes das cooperativas e das


associações devem acompanhar permanentemente e avaliar os resultados
financeiros das atividades da entidade (Figura 10.1). Para isso, são necessários
alguns instrumentos administrativos: planejamento financeiro, controle de caixa
e avaliação do desempenho da entidade, verificando tudo o que gasta e aquilo
que recebe.
172 Mas o que é o capital?
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Quando pensamos em abrir qualquer negócio, a primeira pergunta que nos vem
à mente é exatamente sobre quanto de capital será necessário, ou seja, quanto
dinheiro iremos precisar. Para a constituição de uma cooperativa, o procedimento
CAPITAL SOCIAL é o mesmo. Necessitamos de CAPITAL SOCIAL, que é o valor, em reais, que os

O valor previsto no membros investem na entidade ao associar-se.


estatuto das associações e Todo capital social é dividido em partes, que são chamadas de quotas-parte.
cooperativas, que forma a
As quotas-parte são a parcela do capital que cada associado investe na entidade. Essas
participação (em dinheiro,
quotas já devem estar descritas no Estatuto Social que foi aprovado pelos membros.
bens ou direitos) dos
membros da entidade no Por exemplo: um grupo de produtores rurais que resolveu montar uma cooperativa
ato de sua constituição. calculou que o investimento necessário para a sua abertura é de R$ 20.000,00.
Esse será, então, o capital social da cooperativa. Se tivermos um grupo de 40
produtores, o capital social poderá ser dividido em 40 quotas-parte. Então,
cada produtor contribuirá com uma ou mais quotas-parte, de acordo com suas
possibilidades; ou seja, cada quota será integralizada no valor de R$ 500,00.

Apesar de a cooperativa ser de propriedade coletiva, as quotas-parte são de


propriedade privada. A cooperativa não pode ser vendida nem comprada, mas as
quotas-parte podem ser vendidas a outros cooperados. Por essa razão, o capital
social é também chamado de Fundo Divisível. Contudo, essa venda só é permitida
se for respeitado o limite de que cada cooperado só pode ter no máximo 1/3 das
quotas-parte da cooperativa, conforme estabelecido na lei das cooperativas.

Atenção!

É importante destacar que no caso específico das associações não existe


a formação de capital social com características de fundo divisível. Essa
característica é somente das cooperativas. Para as associações, o conjunto
de bens e recursos financeiros acumulados não pertence aos associados.
Quando uma associação é dissolvida (fechada), esse patrimônio deve ser
destinado à outra instituição semelhante a ela. As receitas das associações são
provenientes de mensalidades ou taxas de manutenção pagas pelos associados.
Se a associação tiver ganhos, ou seja, resultados positivos de suas atividades,
eles não são destinados aos associados, devendo ser reinvestidos nas atividades
da própria associação.
Se o capital social é chamado de fundo divisível, podemos concluir que existem 173
fundos indivisíveis, ou seja, que não podem ser divididos entre os membros por

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serem de propriedade coletiva da cooperativa. Existem dois fundos desse tipo
que são obrigatórios para todas as cooperativas: Fundo de Reserva e Fundo de
Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES).

1. Fundo de Reserva, que recebe 10% das sobras líquidas do exercício social, ou
seja, da diferença entre o que foi recebido e o que foi gasto, o que é chamado
de “SOBRAS” (o mesmo que lucro nas empresas privadas); 10% são separados SOBRA
para constituir reserva da cooperativa para emergências futuras. Resultado financeiro
2. Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES), que recebe 5% positivo das operações da
cooperativa ao final do
das mesmas sobras que foram utilizadas para calcular o fundo de reserva. Esse
exercício do ano fiscal.
fundo é destinado à prestação de assistência aos associados, seus familiares e, Quando o resultado
também, se estiver determinado no estatuto, aos empregados da cooperativa. financeiro for negativo, ele
será chamado de “perdas”.

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Veja um exemplo de utilização do FATES pela COOPERCERES (Cooperativa de


crédito do Estado de São Paulo), decidida pela Assembléia Geral Ordinária de 2007.
O fundo foi utilizado para a compra de material pedagógico e cursos de bem-estar
social para crianças de 3 a 7 anos, para a compra de brinquedos que formarão o
playground do Clube Mães do Aconchego, Associação Luz e Vida (Hospital Água
Funda), para a compra de material odontológico, equipamentos, material para a
oficina de gravura e reforma da cadeira de dentista etc. Veja mais detalhes no site
http://www.cooperceres.com.br/noticia.php?id_texto=58.

Se a cooperativa quiser, outros fundos podem ser criados desde que tenham a
aprovação da Assembléia Geral, como, por exemplo, Fundo de Benefícios Sociais
para férias, 13ª retirada (funcionado como um 13o salário), gravidez, entre outros.

É importante lembrar que após o pagamento de todos os impostos e taxas e a


constituição dos fundos, as sobras podem ser distribuídas proporcionalmente aos
cooperados de acordo com as transações comerciais/profissionais que eles realizaram
com a entidade. Devemos deixar claro que a decisão sobre a divisão ou não das
sobras cabe à assembléia geral, como vimos nos princípios cooperativistas.
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Multimídia

Entenda como a Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia)


decidiu em Assembléia a distribuição de suas sobras de 2007:

“Do valor de R$ 1.289.903,96 fica decidido que 50% será capitalizado na


cooperativa e os outros 50% serão distribuídos aos associados, proporcionalmente
à movimentação realizada durante o ano.”

Visite o site http://www.adjorisc.com.br/jornais/ojornal/noticias/index.phtml?


id_conteudo=132168.

É sempre bom lembrar que, se tivermos despesas maiores que as receitas, teremos
prejuízo (Figura 10.2). A assembléia geral pode resolver utilizar o Fundo de
Reserva para cobrir o prejuízo ou dividi-lo entre os cooperados na mesma
proporção da utilização dos serviços.

Figura 10.2: Sobras e prejuízos.


Estamos falando de sobras e prejuízos, mas você deve estar se perguntando: De 175
onde vem o dinheiro para manter a cooperativa? Qual a sua fonte de RECEITA? RECEITA

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De onde vêm os recursos financeiros para sua manutenção? Somatório de todos os
A principal receita das cooperativas é a taxa de administração ou serviço recursos financeiros
oriundos das atividades
que elas cobram dos cooperados. De todas as operações que o cooperado faz,
profissionais de
a cooperativa retém um percentual sobre o valor negociado. Por exemplo, uma organização.
numa cooperativa agropecuária, a taxa incidirá sobre o valor da venda do produto
(leite, café, algodão etc.) ou sobre o preço pago pelos insumos (sementes, adubos,
ferramentas etc.) que são comprados pelos membros na cooperativa. Também,
nesse caso, podem existir as taxas que são cobradas para a armazenagem e/ou
beneficiamento dos produtos entregues pelos cooperados.

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Como é formado o capital social de uma cooperativa? Se essa cooperativa, ao final


de um período, obteve sobras líquidas no valor de R$ 100.000,00, o que ela deve
fazer com esse dinheiro?
176 Importância da contabilidade para as cooperativas
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Toda organização, seja ela de base cooperativa ou não, deve manter o registro
de todas as suas movimentações financeiras e elaborar relatórios contábeis que
demonstrem sua situação financeira. Os registros e os relatórios formam um sistema
de informações contábeis que auxiliam os gestores no processo de tomada de
decisão das cooperativas. As decisões devem ser sempre baseadas em dados, e os
dados financeiros são, sem sombra de dúvida, muito importantes.

Para que se mantenha todo esse processo funcionando, é necessário que as cooperativas
contem com os serviços de contadores habilitados. A cooperativa pode contratar um
contador no seu quadro de funcionários ou contratar empresas de contabilidade que
realizam esse serviço. (Lembre-se: os funcionários não são os cooperados, e sim
pessoas contratadas para prestar serviços às cooperativas.) Mesmo assim, é importante
que todas as pessoas que façam parte da administração da cooperativa, bem como os
demais cooperados, tenham noções básicas desse processo.

O primeiro aspecto a ser salientado é de que a elaboração das demonstrações


contábeis em cooperativas se diferencia das aplicadas a outros tipos de empresas.
O principal motivo dessa diferença está no fato de que as cooperativas até podem ter
sobras financeiras, mas não têm o lucro como objetivo. Você se lembra? A finalidade
de uma cooperativa está voltada para o desenvolvimento de seus membros.

Saiba mais...

Em janeiro de 2002, o Conselho Federal de Contabilidade publicou a Norma


Brasileira de Contabilidade (NBC T) 10.8, que instrui sobre as principais regras
de procedimentos técnicos a serem observadas para a contabilidade das
cooperativas. Os destaques dessa norma estão nas demonstrações contábeis
das cooperativas, que possuem características peculiares. Um bom exemplo é
que a Demonstração de Resultado do Exercício é denominada “Demonstração de
Sobras ou Perdas”.
As principais demonstrações contábeis de uma cooperativa que serão realizadas 177
pelo contador são:

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a. Balanço Patrimonial: No balanço é evidenciada a estrutura patrimonial da
entidade, ou seja, a composição de seus bens, direitos e obrigações (Figura
10.3). Ele é dividido em dois lados que devem ser exatamente iguais no
que se referem aos valores monetários. Do lado direito, temos a origem dos
recursos financeiros (chama-se Passivo), que podem ser formados por capital
próprio dos cooperados (capital social, fundos e sobras) e capital de terceiros
(dívidas com fornecedores, empréstimos bancários, contas a pagar etc.). Do
lado esquerdo, temos a aplicação desses recursos (chama-se Ativo) em bens
(móveis, imóveis, equipamentos, mercadorias, dinheiro em caixa etc.) e
direitos (duplicatas a receber decorrentes de vendas a prazo, conta corrente
no banco etc.).

Ativo Passivo
Circulante Exigível
Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 7.000,00
Mercadorias R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 3.000,00
Duplicatas a receber R$ 2.000,00 Empréstimos bancários R$ 10.000,00
Permanente Patrimônio Líquido
Móveis e utensílios R$ 10.000,00 Capital social R$ 40.000,00
Veículos R$ 25.000,00 Fundo de reserva R$ 1.000,00
Máquinas e equipamentos R$ 20.000,00 Fates R$ 500,00
Sobras líquidas R$ 8.500,00
Total R$ 70.000,00 Total R$ 70.000,00

Figura 10.3: Exemplo simplificado de Balanço Patrimonial.

b. Demonstração de Sobras ou Perdas: Este relatório demonstra explicitamente o


resultado alcançado pela cooperativa em determinado período (Figura 10.4).
Esse resultado pode ser composto de sobras (receitas maiores que despesas)
ou perdas (despesas maiores que receitas), originadas de atos cooperativos.
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Demonstração de sobras ou perdas da Cooperativa XYZ, encerradas em 31.12.08
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Receita bruta de vendas e serviços R$ 62.000,00


(-) deduções (impostos, devoluções de mercadorias) (R$ 2.000,00)

(=) receita líquida de vendas e serviços R$ 60.000,00


(-) dispêndio e custos de mercadorias vendidas e serviços (R$ 35.000,00)

(=) sobra e lucro bruto R$ 25.000,00


(-) despesas operacionais (R$ 11.000,00)
(+/-) resultado de operações financeiras (R$ 1.000,00)
(=) sobra ou lucro operacional R$ 13.000,00
(+/-) resultado não operacional (R$ 1.500,00)
(=) sobra ou lucro líquido antes do IR e CSLL R$ 11.500,00

(-) provisão para IR e CSLL (R$ 1.500,00)


(=) sobra e lucro líquido do exercício R$ 10.000,00

Figura 10.4: Exemplo simplificado de Demonstração de Sobras ou Perdas. (Obs.: Os valores


negativos estão entre parênteses; IR é a sigla para Imposto de Renda; CSLL é a contribuição
social sobre o lucro líquido. Os valores são apenas ilustrativos.)

Apesar de sempre falarmos que o objetivo da cooperativa não é o lucro, a palavra


lucro aparece na Figura 10.4. Isso acontece pela seguinte razão: em seus atos
cooperativos, ou seja, suas atividades-fins previstas em Estatuto Social prestadas
aos associados, a cooperativa realmente não pode visar ao lucro, tendo apenas
sobras. Mas, para atos não-cooperativos, ou seja, aqueles praticados entre as
cooperativas e pessoas físicas ou jurídicas não associadas, as relações são
comerciais e visam ao lucro. Por esse mesmo motivo, temos a incidência do
Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Multimídia

Você pode acessar exemplos de Balanços Patrimoniais e de Demonstrações de


Sobras e Perdas nos seguintes sites:

http://www.coamo.com.br

www.aerocred.org.br

www.coopanestes.com.br
Existem outras demonstrações contábeis, tais como a Demonstração de Mutações 179
do Patrimônio Líquido e a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos,

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


que são peças importantes no processo de gerenciamento da cooperativa, mas que
não serão tratadas neste curso por necessitarem de conhecimentos mais detalhados
de contabilidade para sua compreensão; são assuntos específicos de um curso de
Ciências Contábeis.

Gostaria, novamente, de destacar, o importante papel da gestão financeira no


processo de tomada de decisão das cooperativas. Quando as demonstrações
contábeis são realizadas de forma correta, trazem transparência para a administração
e aumentam a confiança dos cooperados nos membros da Diretoria Executiva. Outro
aspecto importante é o registro e a apuração de todos os custos e as despesas
associadas à atividade-fim da cooperativa, facilitando o próprio processo de
fixação do preço de venda dos serviços e mercadorias. Isso quer dizer que em uma
cooperativa de leite todas as atividades vinculadas à produção e ao beneficiamento
do produto devem ser rigorosamente registradas para que seja avaliado quanto
custa produzir o leite e qual o seu melhor preço de venda.

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Muitas pessoas consideram os controles financeiros desnecessários ou difíceis


de serem elaborados, por isso não o fazem. O que você diria a um dirigente de
cooperativa quanto à importância desses instrumentos contábeis para a entidade?
180 Tributos sobre a atividade cooperativa
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TRIBUTO Você sabe o que são TRIBUTOS? Com certeza, você já pagou vários ao governo de
O termo refere-se a seu Município, Estado ou até mesmo ao Governo federal. Quando você vai a uma loja
impostos, taxas de e compra uma roupa, está pagando um tributo sobre o preço da roupa. Nesse caso,
serviços públicos e você está pagando ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
contribuições de melhoria
(decorrente de obras Tributos são as principais fontes de receitas dos governos. Eles podem ser
públicas), contribuindo divididos em contribuições, taxas e impostos. Os impostos são nossos velhos
para a formação da receita conhecidos. Assim como no exemplo do ICMS, o tributo está presente em quase
da União, dos Estados, todos os nossos atos como cidadãos, através de seu pagamento ao governo
do Distrito Federal
ou pelo uso dos serviços públicos oferecidos pelos governos com os recursos
e dos Municípios.
dos tributos. Neste exato momento, ao estudar numa escola pública você está
usufruindo desses serviços.

No caso da cooperativa não poderia ser diferente; ela paga vários tributos ao
exercer suas atividades, com uma ressalva quanto ao Imposto de Renda e à
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Conceitualmente, o ato cooperativo não
FATO GERADOR é FATO GERADOR dos tributos sobre o lucro, portanto não há incidência desses

Situação cuja ocorrência é tributos. Contudo, ao praticar o ato não-cooperativo, quando a cooperativa tem
necessária e suficiente para lucro deve recolher os dois tributos, como vimos na Figura 10.4.
o surgimento da obrigação
Apresentarei, agora, os principais tributos, apenas para que você reconheça cada
tributária. Um imposto
muito conhecido é o
um deles, pois quem vai fazer sua contabilização para efeitos fiscais é o contador
IPTU – Imposto Predial da cooperativa. Os principais tributos de uma cooperativa são:
e Territorial Urbano. Por • IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): São contribuintes aquelas
exemplo, só pagará IPTU
cooperativas que beneficiam, ou seja, transformam a matéria-prima in natura
quem tiver imóvel urbano,
então a posse ou utilização
em produtos processados. Esse imposto é pago ao governo federal, e seu
do imóvel urbano é o fato valor varia de acordo com a essencialidade do produto, ou seja, quanto mais
gerador do IPTU. essencial o produto, menor sua taxa de IPI.

• ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): Toda vez que a


cooperativa vende mercadorias, ela deve pagar o ICMS. Ele é um imposto do
governo estadual, e sua taxa varia em função do produto e do Estado. Se a
cooperativa trabalhar apenas dentro de seu município, ela não precisará pagar
o ICMS.

• PIS (Programa de Integração Social): Toda cooperativa deve recolher 1% sobre


a folha de pagamento de seus funcionários ao governo federal a título de
PIS, e em casos de atos não-cooperativos, ela pagará 0,65% sobre o valor da
receita conseguida através desses atos.
• COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): As coope- 181
rativas estão isentas do pagamento da COFINS no que se refere aos seus

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


atos cooperativos.

• CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido): Incide apenas sobre os atos
não-cooperativos.

• IR (Imposto de Renda): Segue o mesmo mecanismo da CSLL.

• INSS (Previdência social): A cooperativa deve recolher 20% do salário de cada


cooperado para repasse à Previdência.

• ISS (Imposto sobre os Serviços): É um imposto pago aos municípios e incide


sobre a receita operacional da cooperativa com a prestação de serviços. Em
geral, essa receita é o valor da mensalidade (taxa de administração) recebida
de cada associado.

• FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço): Toda cooperativa deve recolher
mensalmente 8% sobre a folha de pagamento de seus empregados. Esse valor é
depositado em uma conta na Caixa Econômica Federal e pode ser sacado pelo
empregado em situações de aposentadoria e demissão sem justa causa, por
exemplo, como acontece com qualquer outro empregado.

Vale ressaltar que em julho de 2008 estavam em tramitação no Congresso


Nacional dois projetos (ver detalhes no site http://www.achanoticias.com.br/
noticia.kmf?noticia=7481406) que propõem modificações na legislação tributária
para as cooperativas, com a isenção de vários impostos. Portanto, vale estar
sempre atento a essas modificações e consultar o contador da cooperativa em
caso de dúvidas.

Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

Quais tributos devem pagar as cooperativas agropecuárias (com 50 empregados)


que recolhem o leite dos produtores rurais cooperados, transformam-no em
derivados lácteos e ainda vendem tais produtos para vários supermercados de sua
cidade e redondezas?
182
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Resumindo...

No decorrer desta aula, você viu que:

• Os dirigentes das cooperativas e das associações devem acompanhar


permanentemente e avaliar os resultados financeiros das atividades da
entidade.

• Capital social é o valor previsto no estatuto que forma a participação


(em dinheiro, bens ou direitos) dos membros da cooperativa no ato de
sua constituição.

• Todo capital social é dividido em partes, que são chamadas de quotas-


parte. As quotas-parte são a parcela do capital que cada associado
investe na entidade.

• Existem dois fundos indivisíveis que são obrigatórios para todas as


cooperativas: o Fundo de Reserva e o FATES.

• O Fundo de Reserva recebe 10% das sobras líquidas do exercício social,


para emergências futuras.

• Sobra é o resultado financeiro positivo das operações da cooperativa ao


final do exercício do ano fiscal. Nos casos em que o referido resultado
for negativo, chamamos de “perdas”.

• O Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES) recebe 5%


das sobras.

• A principal receita das cooperativas é a taxa de administração ou


serviço que ela cobra dos cooperados.

• Toda cooperativa deve manter o registro de suas movimentações


financeiras e elaborar relatórios contábeis que demonstrem a sua
situação financeira.

• A cooperativa deve manter um profissional de contabilidade para


realizar o trabalho contábil.

• Os principais relatórios contábeis de uma cooperativa são o Balanço


Patrimonial e a Demonstração de Sobras ou Perdas.
183
• A cooperativa não é isenta de tributos, apenas aqueles que incidem

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


sobre o lucro líquido das atividades não-cooperativas.

• Os principais tributos relacionados às cooperativas são o IPI, ICMS,


INSS, FGTS, PIS, COFINS, CSLL, IR e ISS.

• É preciso estar sempre atento às mudanças na legislação tributária.

Informações sobre a próxima aula


Na próxima aula, veremos um passo-a-passo sobre a montagem de uma cooperativa,
bem como algumas considerações importantes sobre a administração das cooperativas.

Respostas das Atividades

Atividade 1
O capital social é o valor previsto no estatuto das associações e cooperativas que
forma a participação (em dinheiro, bens ou direitos) dos membros da entidade no
ato de sua constituição, por meio de quotas-parte. Do montante de R$ 100.000,00
a cooperativa deve separar obrigatoriamente 10%, ou seja, R$ 10.000,00, para a
constituição de um Fundo de Reserva, e 5% (R$ 5.000,00) para o FATES. Portanto,
lhe sobram R$ 85.000,00, que podem, de acordo com a decisão da assembléia
geral, ser divididos entre os cooperados na mesma proporção de suas atividades
com a cooperativa, ou ter outros fins como reinvestimento, projetos sociais ou
mesmo a constituição de outro fundo que não seja obrigatório.

Atividade 2
Você poderia argumentar sobre a relevância das informações financeiras no pro-
cesso de tomada de decisão das cooperativas e que, quando as demonstrações
contábeis são realizadas de forma correta, trazem transparência para a
administração, aumentando a confiança dos cooperados nos membros da Diretoria
Executiva. Outro argumento poderia ser que o registro e a apuração de todos
os custos e as despesas associados à atividade-fim da cooperativa auxiliam no
processo de fixação do preço de venda de serviços e mercadorias.
184 Atividade 3
Esta cooperativa deve pagar praticamente todos os impostos listados em nossa
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aula, com exceção do ISS, pois não presta nenhum tipo de serviço. Os tributos
que devem ser recolhidos são: ICMS, PIS, FGTS, INSS; e IR, CSLL e COFINS, sobre
os atos não-cooperativos de vender os produtos aos supermercados.

Referências bibliográficas
BRASIL. Lei no. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional
de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/>.
Acesso em: 28 dez. 2007.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000).

OLIVEIRA, D. P. R. Manual de gestão das cooperativas: uma abordagem prática. 2.


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POLONIO, W. A. Manual das sociedades cooperativas. São Paulo: Atlas, 2001.

VEIGA, S. M. (Org.) Associações: como constituir sociedades sem fins lucrativos.


Rio de Janeiro: DP&A: Fase, 2001.125p. (Série Economia Solidária, 4).

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