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1.

INTRODUÇÃO

A forja, como processso de conformação mecânica, remota à antiguidade, sendo um


dos primeiros métodos utilizados para moldar metais. Suas origens remontam à Idade do
Bronze, por volta de 3000 a.C., quando os povos do Oriente Médio desenvolveram técnicas
rudimentares para moldar o cobre e o bronze (WILSON, JOSÉ). Documentos
arqueológicos, como relevos e pinturas em túmulos egípicios, bem como textos sumérios e
assírios, oferecem evidências da prática da forja nesse período. Esses registros históricos
indicam que a forja já era uma técnica estabelecida e refinada, com métodos específicos de
aquecimento e conformação sendo empregados pelos artesãos da época. (BÖRDER, 2005)
A prática milenar da forja exerce um papel crucial na obtenção de propriedades
desejáveis nos metais, particulamente no aço. O processo de forjamento, ao submeter o
metal a altas temperaturas e pressões controladas, promove um rearranjo molecular nos
cristais do material, resultando em uma estrutura mais homogênea e refinada (BOLANHO,
2017). Esse refinamento microestrutural proporciona ao aço forjado uma série de
propriedades mecânicas superiores em comparação com suas contra partes fundidas ou
laminadas. A redução da segregação de elementos de liga e impurezas, bem como a
eliminação de defeitos internos, como porosidades e inclusões, contribuem para uma maior
tenacidade, resistência à fadiga e à corrosão, além de melhorar a ductilidade e a
usinabilidade do material. Além disso, o processo de forjamento permite a obtenção de
formatos complexos com maior precisão dimensional, proporcionando peças com menor
tolerância e acabamento superficial superior, aspectos fundamentais em aplicações onde a
integridade estrutural e a durabilidade são essenciais, como na indústria aeroespacial,
automotiva e de equipamentos de energia. (ASM HANDBOOK, 1993)
A distinção entre os tipos de forja, especialmente entre a forja a quente e a forja a
frio, é crucial para entender as diferentes aplicações e processos envolvidos na confomação
de peças de aço. A forja a quente é realizada em temperaturas elevadas, geralmente acima
da temperatura de recristalização do material, o que facilita a deformação plástica e a
conformação das peças. Esse método é amplamente utilizado para a indústria automotiva,
naval e de construção civil. Por outro lado, a forja a frio é realizada em temperaturas abaixo
da temperatura de recristalização, muitas vezes em temperatura ambiente ou ligeiramente
elevada. Esse processo é mais adequado para peças que exigem maior precisão dimensional
e acabamento superficial, como parafusos, pinos e eixos. (PAULO MEI, 1988)
Existem diversos métodos de forjamento como, forjamento em matriz aberta,
fechada, a martelo e por prensagem. Entre esses métodos, destaca-se o forjamento em
matriz aberta a quente, que é amplamente utilizado na indústria devido à sua eficiência e
versatilidade (CHIAVERINI, 1986). Neste processo, o metal é aquecido a altas
temperaturas e colocado entre matrizes praticamente fechadas, permitindo que o material
flua livremente para assumir a forma desejada. É especialmente adequado para a produção
em massa de peças simples ou complexas, como parafusos e engrenagens. A alta
temperatura facilita a deformação plástica do metal, tornando-o mais maleável. Além disso,
a natureza aberta das matrizes permite ajustes rápidos e troca de ferramentas, resultando em
tempos de ciclo mais curtos e maior produtividade. No entanto, é essencial controlar
cuidadosamente os parâmetros de processo para garantir a qualidade das peças forjadas.
(ASM HANDBOOK, 1993 e PAULO MEI, 1988)
Diferentemente do forjamento em matriz aberta a quente, que é amplamente
utilizado na indústria para a produção em massa, a forja artensanal destaca-se pela sua
abordagem meticulosa e personalizada na criação de peças, como facas. Nesse processo, o
artesão aquece o metal manualmente, muita vezes utilizando um forno a carvão ou fornalha
a gás, e manipula-o com martelos e outras ferramentas manuais para dar forma à peça
desejada (FREITAS, 2022). A forja artesanal é valorizada por sua habilidade técnica e
atenção aos detalhes, resultando em peças únicas e de alta qualidade. Comparativamente, o
processo industrial de forjamento tende a ser mais automatizado e padronizado, utilizando
máquinas e matrizes específicas para a produção em larga escala. Embora ambos os
métodos tenham suas vantagens, a forja artesanal destaca-se pela sua capacidade de
produzir peças personalizadas e de alto valor artístico, enquanto o processo industrial
oferece eficiência e consistência em grandes volumes de produção. (GROOVER, 2010)
Os acessórios utlizados na forja artesanal desempenham um papel fundamental na
execução precisa e eficiente do processo. Materlos de diferentes tamanhos e formatos são
empregados para moldar o metal de acordo com as especificações desejadas, enquanto a
bigorna proporciona uma superfície resistente e plana para suportar o material durante a
forja. Tenazes são utilizadas para segurar e manipular o metal quente com segurança,
enquanto a morsa fixa as peças em posição para trabalhos que requerem precisão. Outros
acessórios, como mandris, fornos de têmpera e ferramentas de acabamento, complementam
o conjunto de equipamentos necessários para a forja artesanal. (JUNIOR e MENDES,
2017).
Um laboratório prático de forjamento desempenha um papel essencial no ensino
eficaz e na compreensão completa dos princípios teóricos e práticos da forja artesanal. Ao
complementar as aulas teóricas com experiências práticas, os alunos têm a oportunidade de
aplicar os conceitos aprendidos em um ambiente controlado e supervisionado,
desenvolvendo habilidades técnicas e conhecimentos práticos essenciais para o domínio da
arte da forja. Além disso, o laboratório proporciona um ambiente seguro para a
experimentação e o aprimoramento das técnicas de forjamento, permitindo que os alunos
experimentem diferentes materiais, ferramentas e métodos sob a orientação de instrutores
qualificados. (McCREIGHT, 2003)
A remodelação do layout do laboratório de fundição, com o auxílio de programas de
desenho específicos, é crucial para otimizar o espaço e eficiência operacional. A integração
de software e hardware especializados permite a criação de projetos detalhados e precisos,
facilitando a visualização e a análise de diferentes configurações de layout. Essa abordagem
não só possibilita uma distribuição mais eficiente de equipamentos e estações de trabalho,
em consonância com as necessidades práticas do processo de forjamento, mas também
permite a simulação virtual de fluxos de trabalho e processos, identificando possíveis
gargalos e áreas de melhoria antes da implementação física. Além disso, a utilização de
programas de desenho técnico proporciona flexibilidade na adaptação do layout nas
demandas de ensino e pesquisa, garantindo a máxima utilização do espaço disponível e a
otimização dos recursos do laboratório. (PINEDO, 2005)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASM HANDBOOK. Forming anf forging. 1. ed. Ohio: ASM International, v. 14, 1993.

BOLANHO, P.D. Manufatura mecânica: conformação dos metais. 1 ed. Londrina, Paraná.
Educacional S.A. 2017.

BÖRDER, C. Análise do coeficiente de atrito no ensaio do anel para o forjamento a quente. 2005.
80 páginas. (Trabalho de curso do Mestrado Profissionalizante em Engenharia Automotiva) -
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005.

CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica: processos de fabricação e tratamento. 2. ed. São Paulo.


McGraw-Hill Ltda. 1986.

FREITAS, B.A. Projeto e construção de uma forja a gás para cutelaria. 2022. 53 páginas. Trabalho
de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia Mecânica) - Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Amazonas. Manaus, 2022.

GROOVER, M.P. Fundamentals of modern manufacturing. 4 ed. Pensilvânia, Estados Unidos. John
Wiley & Sons, INC. 2010.

JUNIOR, R.E.; MENDES, L.P. Comparação entre uma faca forjada artesanalmente e uma usinada.
2017. 48 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia Mecânica) -
Universidade de Taubaté. Taubaté, São Paulo, 2017.

McCREIGHT, T. The complete metalsmith: An ilustrated handbook. Massachusetts. DAVIS


PUBLICATIONS, INC, 2003.

MEI, Paulo; SILVA, André Luiz. Aços e ligas especiais. 2 ed. São Paulo. REPRO S.A., 1988.

PINEDO, M. Planning and Schduling in Manufacturing and Services. New York. SPRINGER, 2005.

WILSON, J. Redução dos efeitos de forjamento com melhorias no processo. 2022. 44 páginas.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia Mecânica) - Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. Manaus, 2022.

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