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A ~1ASTURBAÇÃO ANAL_E SUA RELAÇÃO
COM A IDENTIFICAÇAO PROJETIVA

DON ALD MEL TZE R

gres so Psicanalítico
Este artigo foi originalmente apre sent ado no 24!? ~on
o pela primeira vez
Internacional _ Amsterdã, julh o de 1965 - e publ icad
47, 335-42.
em 1966 no Jnternational Jour nal of Psyc ho-A naly sis,

Intr odu ção


s do "Homem dos
Na tentativa de relacionar algu ns tra~ ~stico
Lobos" com seus sintomas intes tinai , Freu 18 foi forçado a concluir
ão" com a menor-
que uma teoria anal da feminilidade uma "ide nf 1caç
ragia de sua mãe haviam prec edid o teor ia d acie nte de castração na
feminilidade. Até que Melanie Klei n est eces se o conc eito de "i~ -
sido devido uni-
ficação projetiva", supunha-se que um tal proc esso teria
in Inve ja e Grati-
camente à inC..oieção. Em sua desc riçã o orig inal (194 6,
dão, Obras Completas de Melanie Klei n, vol. III,
Ima go 1991) da identi-
a erocessos anai~,
ficação projetiva, Klein relac iono u-a muit o intim ame nte
mas em nenhum outro luga r de sua obra escr ita
esta cone xão foi mais ex-
plicitada.
de caráter,
Além disso, a contribuição da anal idad e para a formação
ham (1921),~
da forma como foi estudada por Freud (190 8, 1917 ), Abra
fonnulada em
~ 1913, 1918), Heimapn,_ (196 2) e outr os, foi sem pre
cham ada "s~ -
termos do resultado, na estru tura do cará ter da assi m
rvaiorizaçãQ,.nar-
çã,~n de fantasias anais, send o a ênfa se col~ cada na s..u~
ncia s, em termos
_ cfs,q=\ d~§.,fezes, por um lado e, por outr o nas cons eqüê
O presente artigo
de relacmnamento objetal, da luta pelo trein o de toale te.
prete~de ?emonstrar a cont ribu ição , par:1~ maç ão do çará ter, feita pela
combmaçao de todos estes tres " fat()l'es ~ < 1'Ql relaç ão complexa um
.,..,.-oper anclo
s as cont us~s em
com O outro, ª saber, a valorii;ag ão narc fsica d(!§. feze
.,
(es.Qecial,men te as CO.Jifusõe- ; ânus -va:::gina ~ nis~ )
_t_o=m=o= d-_a_;z;..;;o.:,p.=a.,..a:y,nwª..__J-1,l, --- em
e ~ct os de jdPn · - . - ---- --
1tos.. e fa~i '1.S anai s base ad~
tifi -::--
l·den 1caç_ao pro t ·
~ H
A - - - analí · e
uco,
- .......-:,:~_._..J ~ - ~-~~~~l~V~a~..:_ o estu dar este prob lem a no proc esso

- 110 -
em íntima colaboração com _ diversos
,.. colegas , ru 1· també m ,orça
r do a reco-
nhecer que a_ma __ st_ur
""=
b-:
aç.t.a~o~. .d~
.o
,_anus_ _é um
· hábito bem m~;suuu comum d o que o
sugerido até . ,.agora
. pela hteratura
. ~ - Freud (1905 , 1917) r:econ he_
ceu sua ex1stenc1a em cnanças que utilizam to os dedos como a massa
fecal como_objet~s masturbatórios. Entretant~ , 0 estudo de Spitz (1949)
sobre as ~nncadeuas com fezes e suas conc~sões, baseadas em dados de
observação e não analíticos, anunoiaDWMlma implicação e atológica grave
não substanciada por nosso próprio trabalh""õ.
Para fins de apresentação, e em parte para estar de acordo com o tema
do Congresso - os Estados Obsessivos-, este artigo focalizará também a
constelação de caráter da " e seudomaturidade", que descobrimos estar in-
timamente ligada ao çrotismo anal - uma descoberta que de modo algum
discorda das descrições de Winnicott ( 1965) e ~ utsch ( 1942) do que eles
denominaram, respectivamente, de "falso self' e tipo de personalidade
"como se". Demonstrar-se-á a relação da "pseudomaturidade" com os
estados obse_ssivos e se mostrará que ela supõe U_!!l s~ ma_oscilatório em
certo estágio do processo analítico, o que lança alg1:}ma luz sobre o g~e
está Q_Or trás do caráter obsessivo, de maneira semelhante ~ descrição do
background ciclotúnico da neurose o_bses~iv!. apresentado em meu ~igo.
anterior (1963) . O material clínico e a descrição teórica entrelaçarao os
três conceitos: masturbação anal, i~ ntificação projetiva e pseudomaturi-
dade. -

A caracterologia

A cisão-e-idealização inadequada Ç(9ein 1~Z). particularmente operativa


~.J:: • ,. ·
~ o desmame, na relação com as ex1genc1as e
d limpeza. , e agravadas
pela expectativa ou chegada de irmãos mais novos contnbuem P~ u~
,. . a 1deahzar
f"2rte tendenc1a . . o reto e s~s Ç9nteúdO~.JJ"ecais
- ·
Mas esta 1deal1-
.
zaçao- baseia-se em grande - parte -numa con fu sao - d · ade devida à,.
~ ração da identificação projetiva, E2,r _ . da _ bum do bê
~ da mãe são confundidos um com o outr e ambos sa
0

~ s seios da mãe
' . -
A medida que, a partir da situaçao ana ca,
urna se ..,. . .
qucnc1a típica como a que se
líti --- reconstruímos a cena,
segue aparece: após uma mama ,
• •
da
do de
q\lando a mãe o colo'ca no berço e vai embora. o bebê, equac1onan
forma hostil os seios da mãe com as nádégãs.-.q_ela, começaª expl~:d~~
Pró · dondadas e sua suav1
Prto bumbum idealizando suas formas arre . ,. · das retidas
evc tu lmc ' 1 çar J.. ~ feres recua ·
n a ntc penetrando no ânus para a can P"' . . - $!-
Neste ...e...- ~ __..,~ fantas1a de mtrosao _
Processo de penetração, toma ~ .. - através desta fan-
~ ta no ânus da mãe (Ab.raham 1921) para roub:~:~secom as feres idea-
-.!!,_0 6 conteúdos no re!o do bebê ficam confun 1 ;;,.- - - = -

- 111 -
!!_zad~ da mãe, que o bebê~ te ~e ela_retém para alimentar o e,_apai e os
bebês em seu interior.
A conseqüência disto é dupla, ou seja, uma idealização_do reto como
fonte de alimento e a identificação projetiva (delirante) com a mãe interna
~ªEª.B~ a dife~ nciação entre criança_e adu~to no que se refere a capa-
cidades e prerrogativas. A unna e os gases podem também participar e
obter sua parcela de idealização.
No estado excitado e confuso que resulta da masturbação anal, tende
a ocorrer~ masturbação com ambas as mãos - do genital (fãioou clitó-
ris) e do ânus (confundido com a vagina), p.toduzindo uma fantMia si_e
coito sadomasoquista perversa na qual _o cas_&_iie pais internos faz muito
mal um ao outro. A identificação projetiva com am~ as figuras internas
que acompanha esta masturbação a duas mãos fere os objetos internos
tanto pela violência da intrusão como pela natureza sádica da relação se-
xual que produz entre eles. A hipocondria, bem como é)hsicdades claustro-
fóbicas, são, em algum grau, uma coll.S._eqüência in~ vel.
Na infância, esta situação en~ raja wn7rénstalização de caráter e~-
edípica (aos 2 ou 3 anos)., manifesta or d~ilidade, prestimosidade, prc;-
ferência por companhias adultas, atitude indiferente ou mandona c~
Q!!~S crianças, intolerância a-endéas e uma grande capacidade verb~ .
Quando esta crosta caracterológica ;nmpe-se momentaneamente devido à
frustração ou ansiedade, revelam-se afloramentos de urna virulência de ar-
repiar - ataques de cólera, lambuzamento com ezes, tentativas de suicí-
dio, agressões maldosas a outras crianças, ntir para estranhos sobre
maltratamento dos pais, crueldade co1n-,;M1+1na s, etc.
Esta estrutura passa ao largo do complexo de Édipo e parece equipar
a criança razoavelmente be~ de mcxlo superficial, para a vida acadêmica
e social, podendo prosseguir até a idade adulta de fonna rclativam:nte
tranqüila, sem nem mesmo ser perturbada pelas convulsões da adolescên-
cia. Mas a nature:µ " pseudo" do ajusta~nto fica evidente na yida adulta,
mesmo nos casos em que as tendências perver~ s não conduzem a ativida-
des sexuais manifestamente aberrantes. O sentimento de fraude_com_g w-
soa adulta, a impotência sexual ou pseudopotência (excitada por fantaSias
j,erversas ,E_Ç,,~---ª-S.Qlidão interna e a confysãq, básica ~_bolJl e ni!i
- tudo isto cria uma vida de te~ falta de sati§fação sustentada, 0 ~
melhor, compensada, apenas _pela presunção e o esnobismo que cons!!_-
tuem um acompanhamento inevitável da idçptiflçªçao proj~vã maci9!-
Nos casos em que esta organização ~ menos donúnante e penetrante,
ou durante a análise, quando começa ~ ~ n h o para O processo te--
rapêutico, ela se mantém numa rela~o oscilatória com uma organização
obsessiva. Então os objetos internos não são penetrados mas, ao in~5 •
são ~nipotentemente controlados ~ s~arados num nível de relação 9u!.é
menos de objeto parcial, uma vez qu ~ d~culdades focais deslocaram-se

-112-
V -

das ansi edad es de sepa raçã o para


.
nte se pass ara ao largo. os conf litos edípicos dos quai s ante -
ri~
. . .
A iden tific ação delir ante com a _ ação projetiva e
mac dcvi a
d_ à iden tific
a confusão entr e ânus e vagina prod
gide z e uma sens ação de fenu· m'J 1'daduze m conJuntameote em mulheres fri-
- e f raudul ta · Em homens. estas di-
ali vidadcs ho . en
nâmicas prod uzem- mos scxu ais ou mai s fre quen·· temente. wn
- - •
intenso pavo r de tom ar-s e homossexual (uma , . ..
- . vez que a aerruo.iJ1d_a_de exa-
gerada não é disti nta da -hom ossexualidad e anal pa ssiva . ) • Ou rnvc.
- · · rsamen-
te a idcntJ·ficaçao - ndár i . . urba-
' proJ etJv a sccu ª com O pems do Pai .
(na mast
.
ção com am bas as mão s que lhe~ rcsuJtant )
fálica don únan te se·a . e pode produZir àJna qualidade
~ cm pac~ ntes hom ens ou mulheres, clpe cialmente
, , . ..
nos caso s em que uma rcpa raça o onip oten te ( man.aca) 101 m bilizada ~
mo defe sa cont ra a grav e depr essã o subj
acente a todos estÇB" casos.

A natureza da transferência
etiva maciça com os obje-
Qu8:"do esta configuração de íden tifi ~o proj
to parcial como o seio ou 0
tos _internos - gera lmen te num nível de obje
to no processo analítico ~
pêms_ - está ativ a, a coop eraç ão de tipo adul
"prestimosidade" na rela-
substituída por urna pseu doco oper ação ou uma
; . cond uta um tanto ser-
ção com o anal ista. Esta atua ção manifesta. :
ou aliviar o analista de
vil, num dese jo de conv ence r, demonstrar, auxiliar
anto , de um tipo pré-digeri-
seus fard os. O mate rial ~ com freqüê11fia, port
te" ou cm interpretações
do, algu mas veze s ofer ecid o num estil~ e
do dese jo do paciente por
supc rlici ais de esta dos men tais. Tod o o sent ido
um dese jo evidente de
' incitar inte rpre taçõ es está ause nte, substituído por
grat idão por parte do ana-
elog ios, apro vaçã o, adm iraç ão ou a~ mesmo
ente freqüentemente sente
lista. Qua ndo este s não estã o dtipa llÍV eÍS, o paci
de c~p reen sáo , ataques
que as ativ idad es do anal ista evid enci am Wta
gros seria u franco sadismo.
inve joso s às capa cida des do paci ente , merá
pode pidamente leva r à
Esta dltim a forma de rece pçlo da inte rp~t ação
seja vivenciada com o um ata-
erot izaç ão e ocas iona r que a inte rpre taçã o
que sexu al.
ciaç ões ou um relat o fac-
Ain da que O paci ente prod uza sonh os, asso
ção ~ tão dom inan te que a
tual de suas ativ idad es diár ias, o aspe cto de atua
il, a men os que seja vincu-
inte rpre taçã o do con tedd o ~ rela tiva men te indt
e das bases do com port a-
lada com uma clar a dem onst raÇá o da natureza
or do tipo na da -d o~
mento. Isto ~ clar o resu lta num mau hum
ção, da
Jo-lhe-airad a. Mas atra ~s da cuid ado sa dem onst raçã o da atua
r19almente, através da
elucidação consistente da masturbação oculta e,
iz ar. .
análise dos sonhos, o progresso pode ge ra J~
com figuras internas é
A atuação da identificação projetiva infa ntil

- J13 -

um., ru nt~ m1 ~nte Jo c-Aráter ~ua11h, '-on1nu11n:idom J:1 , 1 a


3Julu J ~ acnte . qut' \U!\ "c,nt<nua Jc mon-.u ,c "in d1.,, '<f ('rtprc~1J.,
~ 3 que ,; ; ; :i u n\3 m1cn54 O(l0'-1,00. C'-IC c~n1nc Jcve • ~ m anclutr
Area, de m:uor or,:ulho. c;u~(sc, e snU\foç5o C\,u.lcn~\. t.m, corno traba-
lho. ou,,d,Je~ ..c-ruu" a," . relnç6cs com c no.nç3\ e Ulldo~. ou o r,~ç1 1.
mtKtc:bk \0Hc11A e contínuo o p:us de 1d:1Jc O ~•'-3dn d:ls t'Ollf)3.S 1'3-
ra AS mulhttt~. de cano\ para os homens e dmhc1ro-ht,-.h:mco p3r3 todos
p-cc,~ sc-r an,""Cst1g:ldo. pots e-cru.mente os desc-obnrcmos c41TCg~os de
SlpufataJo UT1'Ctoru1I Tio habthdosa t. esta ,,rnul:ki5o de matundadc de
pc-JUAmCnto. :.11tude. comurucoçAo e oç5o. que ~pena., os sonhos tomM11
pos..,r,t'l e.ne dcscmb:uaço.mento de ncns ~~ ··pscudom.lduros" do
~ Je, 141 adul to.

01 sonhos

Vale a ~na mencionar aqu, que o 1Cn(lhth<bdc pan1 rom os aspoctos


an.au mascurbalón os d os sonhos dn pklO\lc .:.duho ~ ,mcn, ura,-clmcntc
IIWDmlXl.a pela cxpen! nc10 com pac1cnlc~ cruan,ça, e p,acócico~. Muno do
que tttA dito a seguir deriva ,~ COfl\'tCÇSo de •~• fftfltc,.

la) fdcal1r.a_ç!o das fe us como alJmcnto - M>nho~ de hmpar e encontrar


~ ocsta catcgona: encontrar m.içis entre a.\ (olha., de outono. cornada
na det.pcnu va.ZJa. chegar cm lug"3.J"CS dos quais não se pode va~uah.w-
o IDU"flor ou as estruturas subtcnincas. Pcsca.r e caçar podem aasnbtm en-
crar DG~ uicgona, embora não ele rmdo gcra.J : mas Jardmage~ c<>f11Jfl-S
e roubo de conuda entram, cspocaalmente se o lugar é representado como
,mdo C:'CUTO. SUJO. barato ou estranho.

(b J ldca.lir..açio do reio - sonhos nos qwus o reto f repr'C5Cnlado como um


abngo ou rcftSpo geralmente mostrado como um lugar de ahmenaçio
lr c ~ ou ufl, cozinha ou ~• de Jantar). m.u com quahdadcs qut
tndaum KV \Jgntfiado Pode acr ~UJO, escuro, maJchcamso, harato. lota·
do. furnaccmo. aba, ~o do nível do MJlo, barulhento, dan~dn fX"í (ora~tct·
m§. muna c idade do c~tcnor A rorrnda pode ser •~-.a. anla.tlaptmca .
p,uco Ydaa. rordw-0\a, pa».ada do ponto. homorênca <creme", pudm~.
etc) nu tcrVu à voractdadc tnfanttl cm quanúdadc ou p--au de doçura ;\O\
uv" cm que O reto e o .e,,, c\tâo confunchJo\. conf 1guf'3\ÕCS uus romo
ca1t., de rua ou mercados com u ca-acltrlwca, acuna podem apart'Ccr

(e) fdc4Ji7,asã;, do fianhcuu Abraham 1920 ) - lM'l f rcqUC'JJIC'OlCOlC ara·


rcc::c em VJflhos corm o, de ~n,., cm lurare,, '-llhhmc.., ou c~, ,umtt'~,
rflhtat ,.c,.c, olhando tiua ,mbann Oag~. Jc,hlack1m~. n:rat,.~ ,. c,o

li•
p

sentar cm lugares cm que ~ está preparand o comida, ou numa posição de


1mportãncí a(sonhos da .. Ultima Ceia"). ou a.inda onde pessoas atrás do
sonhador estão esperand o por comida, pagament o, serviços ou mfonnaçã o
(conduzi ndo uma orquestra , oficiando num altar).

(d) Represen taç ão dos dedos que rcal17,.am rnas1wbaç oo anal - estes apa-
recem cm sonhos represent ados por partes do corpo. pcS SÕas, ammrus,
instrumentos ou máquinas , sejam soz.m hos ou cm grupos de quatro ou
cinco, com as qualidade s de contamin ação fecal represent adas de di versas
fomias ou negadas, tais como negros, homens com c apacetes marrons. fer-
ramentas de jardim sujas ou bnlhantes, luvas brancas, pessoas vesudas de
prelo, tratores que removem a terra, crianças suJas, vermes, pregos enfcr-
rujados, etc.

(e) ~ nhos_guc mostram o prqcesso de intrusão do objeto no Anus (Abra-


ham 1921) - mais freqüente mente observad o como entrar num ptt.(110 ou
num vcícuJo, seja furtivame nte , por urna entrada dos fundos, ou a porta
cst4 com a únta dmida, a entrada f muito estreita, é necessári o vesur rou-
pas protetoras , é no subsolo. debaixo d'água, num país estrangei ro ou fe-
chado para o pt1blico, etc.

(f) ~lízaçã o do reto cofll2.lon tc de escudo-an áJ.!~ - isto é freqüente e


pode aparecer na forma de sebos, pilhas de jornais velhos, arquivos. bi-
bliotecas pllblicas - um pac1cn1c antes de um exame sonhou que pc.._c.cavn
no esgoto da Flcct Strcet • e apanhou uma enciclopé dia

~lateria l clínico

Escolhi o seguinte material para mostrar a complexi dade das conexões


com a oralidade e a genitalid ade que impregna m a s ituação ma.~turl,atóri•
anal e a identifica ção projetiva que a acompan ha com tal poder defensivo .
Tres anos de trabalho analítico com um jovem nos dltimos anos da
~olcscen cia começara m 8 impor a rclaçJo dependen te com o seio~ sua
história sugeria ter sido extremnm ente F• tmbada.-pQ1~ ele unha 5 ,do um
bebe que mamava pouco, qucixn~ ~e muito, e uma cnru1ça tirlni~ em
sua dcpcnd~n cia da mãe. Sabíamo~ aJgo de sua capacidad e de zombar sar-
casticame nte e de seu modo terrível de rir com desprezo , mas isto rara-
mente fora desencad eado no consultór io, onde seu comporta mento te
ndi ª
a. ser superficia lmente cooperat ivo, ..espuman do f antnsias" • como e le d.1 -
Zla, tudo com um ar de insinceri dade que fazia com que at~ mesmo o relato

--~--
•~
- Stn,ct - rua da ..ciry' de Londres onde IIC localiza a maior pane das emprau JOffl&l{sticaa
Cldadc. (N. da T.)

- 115 -

mais .simples de um acontecimento cotidiano soasse como confabula -
Nós J~ havíar~os compreendido isto como um comportamento de "f!~:
o,,, mas era indistinguível para ele de "fimgir · que se fiin-
que nao era . smcer
.
ge que é msmcero - tudo isto relacionado a um sentimento paran6ide
profundamente fixado de ser escutado por acaso por um perseguidor oculto.
Ele sonhou que estava entre amigos e parecia uma vez mais, como
nos tempos de escola, ser o líder. Quando alcançaram O cume de uma
montan~a, ele viu um homem que ele sabia ser um assassino entre algu-
mas lápides, vagando apenas. Reassegurando a seus amigos que ele sabia
como lidar com o homem, aproximou-se dele com um ajudante e, fingindo
ser amigável, derrubou-o ao ~ da montanha*, esperando extrair uma con-
fissão .
ASSOCIAÇÕES - sua língua parece estar explorando a parte de
trás de
seus dentes , que dão a impressão de estarem velhos e rachados. Isto lhe
faz pensa r em vestir chinelos coroo os que seu pai costumava usar. INTER-
PRETA ÇÃO - que seus dentes são representados pelas lápides
e sua língua
como o assassino entre suas vítimas. Seu projeto no sonho 6 livrar sua bo-
ca destas qualidades perigosas e transformá-las em dedos escorregadiços
que podem ser levados abaixo para o seu bumbum, onde as vítimas podem
ser identificadas em suas fezes. Mas através deste estratagema, seu dedo-
na-bun da fica confundido com o p!nis do pai-na-vagina-da-mãe, uma
fonte importante do papai-nazista-que-mata-os bebês-judeus-da mãe, que
conhe cíamo s tão bem a partir de trabalho anterior. ASSOCIAÇÕES - ele
sente como se uma serra circular estivesse cortando seu fêmur (uma refe-
rência à cirurgia de h~mia na puberdade). Ele se imagina com suas costas
voltad as para portas duplas e o analista do lado de fora tentando abri-las
(proje ção da abertura-das-nádegas sobre o analista-cirurgião-pai). ASSO-
CIAÇÃ O - uma moldura de quadro dourada ornamentada com
entalhes (a
interp retaçã o do analista ~ um quadro ornamentado que pretende enqua-
drá-lo revela ndo sua culpa), a Máfia - a mão preta. Um barco pas~ :
por wn canal que está modelado para adaptar-se ao seu casco sem qw
(o papai Máfia-fascista enfiando o grande pênis-dedo-preto em seu canal
anal e reassegurando-o num sotaque italiano: "Não tem quilha !")
. aracte-
Estas associações são típicas da produç ão de trocad ilhos que e

riza as fantasias masturbatórias anais compulsivas. . tal ele


Quatr o semanas mais tarde aproximando-se as fénasbalho de Na .'
' devido a
num estado de ressen timent o e dificu ldade cresce ntes no tra ia.ma
uma atuaçã o, chego u quinze minutos atrasado e deixou pegad as~ ório)
O
de uma rua não calçad a (um atalho da estação de metro até cons t
em núnha sala. Somen te uma vez antes ele havia feito isto. 0
firn
ASSOC IAÇÕE S - ele teve sonho s considerados lixo durante todo

. . nda. (N. da T.)


• Em inglb, bottom, que significa tanto a parte mfcnor (da montanha) como bu

- 116-
de seman ~ e sent: •se reluta nte cm impô -los ao anali sta. INTER
PRETAÇÃO -
este deseJ o ~onsc iente de poup ar contr asta com um desej o incon
scien te de
sujar o anali sta por dentr ~ e por fora com suas fezes , um pouco
do que foi
atuado (ac_ted out)_ao deix ~ pega das de sujeir a na sala. O pacie
nte olhou
surpr eendi do o chao e pechu descu lpas. ASSOCIAÇÕES _ no sábad
o à noite
ele sonho u que estav a se debat endo e retorc endo em dor devid
o a um de-
do deslo cado (mos tra o dedo indic ador esque rdo ileso) . INTER
PRET AÇÃO -
ligação com o sonh o das lápid es. O sofrim ento do fim de sema
na sentid o
como sendo devid o à retira da de seu dedo- assas sino (Máfi a) de
seu lugar
de costu me. ASSOCIAÇÕES - mas então ele parec ia estar na escol
a, ocios o e
entediado. Peram bulou pelo banh eiro dos home ns, onde parec
ia haver
uma banhe ira bonit a, grand e e limpa . Decid iu toma r um banho
, mas então
o banhe iro trans form ou-se num pequ eno e imun do banhe iro
de estaç ão
com dizer es e figur as porno gráfi cas na pared e, bem defro nte
ao subso lo
de uma grand e loja de depar tame ntos. Ele não conse guia decid
ir o que fa-
zer, porqu e o pesso al da loja ficav a olhan do para ele de modo
suspe ito.
Ficou entra ndo e saind o do banh eiro, até que finalm ente entro
u na loja
para rouba r algum a coisa.
Este sonh o most ra com rara clare za o modo pelo qual a situaç
ão atual
de separ ação ( o dedo deslo cado no fim de sema na ented iante)
leva a uma
seqüência de even tos infan tis, prime irame nte molh ando- se (o banho
) com
urina quen te, em segui da explo rando seu ânus (o banhe iro imun
do) e tor-
nando-se cada vez mais estim ulado sexua lmen te (a porno grafia
) e preoc u-
pado com fanta sias de ident ificaç ão proje tiva sobre a parte inferi
or* do
corpo da mãe (o banh eiro- reto do lado opost o à loja de depar
tamcn tos-v a-
gina com o pesso al vigil ante- ~nis) e seu desej o de roubá -la.
.
O sonho de domi ngo à noite , aprox iman do-se com algum a ru:is1c
dade
da sessã o de segun da-fe ira, revel a a conti nuaçã o do estad
o infan til - ago-
ra um bebê com o baba dor, o bumb um e o berço sujos . No
sonho ele que-
ria muda r de roupa para uma festa que ele e algun s amigo s estav
am ofere -
cendo em seu apart amen to, mas todas as salas já estav am lotada
s de ~on-
vidad os que riam bebia m e fuma vam (seu berço e seu babad
or SUJOS).
Mas em segui da ele , estav a · ' li ntre a folha gem ,
no parqu e e sentia -se 1 e z e .
ainda que estiv esse sem nada sobre o corpo além de uma camis
eta (o bebê
thutou seu baba dor e ideal iza seu bumb um e seu berço
sujos ). Ele en~on -
tra uma bola de futeb ol para chuta r e logo outro s junta11rse
ª ele no Jogo
(brinc ando com suas fezes ).
Este '1ltim. • ·
o e s tado, a au t0-1·deali zação atrav és de exerc íciosd 01s
físico
• anos de s,
ª Parecera litera lment e em cente nas de sonho s nos pnme · ·
sua ....14
..e •
iros .
- hse. Aq ui ve mos em detal he sua denvaça• - Vale a pena menc ionar
o. _
que este pacie nte . . · .
sofrera de uma d1arré 1a cr ruca, embo ra nao ulcer ativa,
6
-
• E.m ingl!s bottom , aqui- no aentido de ..parte inferior do corpo" (N. da T.)

-117 -
E

desde a tenra inf'ancia, que abrandara somente


uns oito meses antes n
análise. , a

A masturbação anal ocu lta

A reconstrução feita a partir da transfer


ência indica que a masturbação
anal torna-se oculta ii-tfüloce Oõ na1nf'ancia, e
tende a permanecer, daí por
diante, tanto despercebida como não reconhe
cida em seu significado, ex-
ceto quando francas perversões se manifestam
na adolescência ou mais
tarde. Referi-me a ela co.E!1o "oc ulta " para enfa
tizar aqui a habilidad~
consciente com que é ocultada do escrutínio.
• A forma mais comum v ud e Abraham) utiliza a própria massa
fecal como estímulo. T sua rete ão, sua lenta expulsão, a expulsão
rítmica parcial e a retração, como a e pulsão
rápi da, forçada e dolorosa ,
são acompanhadas pel fantasias in onscien
tes que alteram o estado do
ego. Esta mudança de stado me 1 pode
ser observada em pacientes
crianças quando retornam a s terem defecad
o durante as sessões. O há-
bito de ler no banheiro....mttodos especiais de
limpeza do ânus, uma preo-
cupação especr .· a --tJuanto ~ a r cheiro ruim, ansiedade
em relação ª
manchas de fe es nas roupas de baixo, unhas
habitualmente sujas, cheirar
subrepticiame te os dedos, etc., t dos eles são
indicadores sugestivos de
masturbação anal oculta. Mas es pode ser
habilidosamente oculta longe
do campo do ato. de defecação· m hábitos de
ban ho, no vestir roupas de
baixo apertadas, ao an e bicicleta de cav alo ou em outraS atividade
que estimulam as nádegas. Talvez a mai , , ls
s difícil de localizar seja ~ -
são da masturbaç~ !!!. _al na relação sexual gen
ital que em algu ~a rned1da
~ invariavelmente o caso guando o ânus- e a-;a gi~
a ainda e~tão conf'üiii1!:
dos entre si. ~or outr9)ado~ io oã "Carta
Roubad;,' de Poe , ela eo<1.!
e star bQmbast·icarneme ao_ alca- nce •da visão- • - com
- como na const1pa sa2 --
ene" !!~ e~ ss,2sit2Eios para fissuras recorren
significado ser ne_ga~ . tes in ano, etc. -, 01~

Embora não seja parte d ~ nica comentar sobre o comPorta·


~n to do paciente no div- , nem pedi~
droes d iações a isto, o exame d~ -
~ - . · . r l de !!:so~_
nhos e
· to e sua h a ão co mat ena
_to penrute a l ~ezes uma.frutífera intem reta ..~
Por este meio a é · d ção do com~
.
' s ne mod turb açã o anal ~ er reve·
;.!;;
lada e pode-se · sti· · ahd ade s da pv...e s 1
~ m twr pesquisa · s • 1 ão ana
p~1 sa. Por exemplo, um pac exit osa da estu nu aç as
fr .. ~
~,:P.., ..,,'ffT 15
va com as do -
maos nos bolsos reconheceu , através ~
mento era son ho que este cornportal
gum fi ~or vezes acompanhado de um movimento' de do a •
m so to. Isto levou ao conhec imento de que
fJca r pux an. de
ele ti_9ha um hábito

-11 8-
ficar desembaraçando com as mãos os pêlos perianais antes de defecar,
para que estes não estragassem a fonna de sua massa fecal emergente.

O processo analítico

Os primeiros anos de análise destes casos envolvem primordialmente are-


solução da auto-idealização e de uma independência espúria, atravts do
estabelecimento na transferência da capacidade de utilizar o seio analítico.
para alívio prÕJetivo (o seio-banheiro). Fica em primeiro_pLmo o a lívio de
estadõs confiisionais (Klei~ 57), e~ ialmente das confusões de_iden":'
~ e e, portanto , relativa ao tempo e ao diferencial adulto-criança que
caracterizam a identificação.J?rojetiva maciça. É somente depois depois de
muitos anos, quando o apego ao seio nutridor está se desenvolvendo e
a intolerância a separações é ritmicamente invocada nos fins de semana e
nas férias, que estes processos pcxlem ser investigados de forma acurada e
frutífera. Parece certo que, a menos que a masturbação anal oculta possa
ser descoberta e sua prcxiução insidiosa de estados egóicos aberrantes seja
eliminada na fonte, o progresso posterior é seriamente impedido .
Isto nos traz a um ponto da maior importância em nossa exposição,
pois eu sugeriria, a partir da minha experiência, que a dinâmica aqui des-
crita é muitas vezes de uma estrutura tão sufil , a---pressão sobre o analista
para que se junte na idealização da pseudomaturidade tão grande, e as
ameaças subjacentes de psicose e suicídio comunicadas de mcxlo tão vela-
do, que muitas das análises "bem-sucedidas" que sucumbem meses ou
anos após o ténnino pcxlem entrar nesta categoria. É necessário, portanto, ~
enfatizar que a posição contratransferencial é extremamente difícil e por
~dos os lados repete o dilema dou ais, _que se vêem com uma criança
~modelo " desde gue seabstenham de ser claramente pais, seja na form~
~ autoridade. de ensino ou de oposição às reiviodi caç_~ relativamente
modee~as cie privilégi os além daqueles qµe a idade e as habilid~ ~
criança poderiam com razão autorizá-la.
Este sêduzimento não deve ser considerado como mera hipocrisia,
nem sua qualidade amorosa uma falsidade. Longe disto, uma ternura de
tipo Cordélia pode ser bastante genuína, mas as precondições para amar
são incompatíveis com O crescimento, uma vez que são ao mesmo tempo
intensamente possessivas e sutilmente denegridoras de seus obj:tos. O
témúno da análise é silenciosamente ?rsegu ido como uma sançao para
uma relação não-analítica e intcnniq ável com o analista e a psicanálise. É
desnecessário dizer, portanto , que a configuração descrita nes~ artigo é
de interesse e preocup ação especi~i s para O ~ alis~ cpm pacientes que
têm uma ligação profissio nal ou social com a Ps1 canálise. . .
Em minha experiência, quando O analista resiste firmemente à 1deah-

- 119 -
zação de uma conquista de pseudom aturidade por parte do paciente - em
sua nova edição modifica da e "analisad a" - o paciente pode forçar a in-

--
terrupção da análise por razões ostensiva mente "realista s". Isto pode
ocorrer através do planejame[\tO â e uma ' mudança geográfic a, uma mudan-
ça de status marital, promove ndo a oposição de um dos pais ou do com-
panheiro, contratan do obrigaçõ es financeir as que tomam impraticável o
pagamen to da análise, etc., enquanto ainda se agarra à transferê ncia posi-
tiva idealizad a. Se a penetraçã o analítica t c ~ve-s e esperar um
período prolonga do de transferên cia -víolentamen~e ne~ tiva e uma não-
cooperati vidade manifesta que podem se provar intratáv~i s. Isto toma a
forma de uma inocência ferida, de autocomi seração e quei~a constante de
que a sugestão do analista de que a masturba ção anal exist e e continua de
fato é doutrinár ia, ou uma projeção, ou uma manifestaçãó de interferência
externa (por exemplo, de um superviso r).
Graças ao esclarecimento cons~te produzido-pelos sonhos, em geral
é possível que o analista se mantenha firme. Graduatm cote, estimnlagrlo
emente recusadas ➔e
-
~ maior coopemã o quanto a associaçõ es conscient

- -
maior atenção aos hábitos corporai_§, o analista 12Qde trazer à luz a roasmc-
bação anal oculta. Com isto, a transfe.rê Jl~com.. o seio.. mmjdor abre ca-
- através das restri~ões impostas a ela pela idealização-das-fezeJ .
minho
Tomam-s e possíveis pela primeira vez experiênc ias desenvol vidas, dolo-
rosas e analiticam ente frutíferas de ansiedade de separação .
É neste ponto do processo analítico que a relação com a_Ç!I'_ACterolo-
Sia obsessiva toma-se evidente. A oscilação entre os dois estados - _pseu-
d omaturidade e estados obsessivo s - pode~~r observad a, à medida que o
complexo de Éclipo, em seus aspectos genitàis e pré-genit ais, chega ao
primeiro plano da transferên cia. Pode-se com reender que, por todas as
implicações edípicas de material anterior que xigiram interpreta ção, wna
plena experi8nc ia do conflito edípico só orna possível quando a dife-
renciação entre partes adultas e 1 anu s do se/fé assim arduamente esta-
belecida.

Material clínico adicional


O material clínico que se segue visa demonstr ar o modo pelo qual o for-
talecimento da aliança com objetos bons internamente, e com o analista na
transferên cia, possibilit a opor resist~ncia a velhos hábitos anais. O pa-
ciente cm questão chegou à análise devido à falta de sentido em seu tra-
balho, mas a análise logo revelou tarn~m a estrutura pseudom adura esbo-
çada no artigo. Tam~m trouxe à luz uma permanen cia pouco notada de
hábitos e preocupa ções anais, que puderam ser remontad as na anamnese a
brincadeiras noturnas com um innão mais velho, que provavelm ente nun-

-120 -
e• fc,nun manaf ~m,:n~ teAuau. ~ta,. • CAas.lo r JWOJCÇ'lo ux,onM:":tenlO
Jic uma pa,u "" do •li para dentro do innlo Jocmr, cnh:u• UJTU1 pane
~ na autí'-1dca11.1..açlo suhpcc ntc à ..c..1c c-Jt.0012 · · Jo ~I011.C er,.
quanao cnança Na , crdadc. o innla nln cn Jc m.•,
al&wn um1 ma
Cf1,,lln("■ ou um mau inn1o
Próumo • flnu dr Sar.aJ . • fiMW"a nx'lo rrcn1r ,n ano do ~.ente tor•
ocv-c tlO\.-'&menlC MJ\"&. 1 mcd"la que o matcna l rc,-S1a cm J11"0C'lo a po•
c1r&.s de antNw anal cm ohJCK•• 1ntcn10~ JA hem conhec ,Jo~ ncwc qu arto
ano da an!Ja.c
~ur1111 aaça-fc u-a. rk du~sc ll"r .- ~nhdc.~ c.tnr.mc. rc.f ~ .. ~ ;a
anuusfatdria ICNlo do dJa antcr11" Sonhou que CM.ava numa c aa.a o:m1
um homem da tc:ladc de ~u umlo ma.J' no\ O, qur tanlhfm cu o próprio
pc.enae como bcwl'aan mau JO''Cm 1 ,te su,e,t.o raru:raa • pru'k fp o am,.-
IOJO e agrad,A\~l. e dwa ao r-:acnlt " Qut' t~ \: <'fl._ de trUfJCto ra.
de poll-
caa, freqOc ntaitntr num estado de cJcx ~t\lo a\,ançada. cs,tavam cn-
d o ~ ro, toda a lntla.tc"1T3 ~nrnt c quando mcrw:KJO(:IU que h.a·
~,. um de k ~ nn quarto 8Cl lado. '°º~no pnr um l~oJ. que o pactent c f ••
cou alarmado Quando o JO"cm con\. adou-o • ~-lo e o paclCOle obtctCtU .
cnou,..c uma utoaçir > tcnQ O pactent e recuou •~ • pon.a e í1aalr.100U'
__, ~'f'•la demcn te. quando o ,ovem invcslJu para cuna dt- 1CU ~
fAlr1I .a ~rpraa hn&a poh~1a i\ do lado de fora que lhe n:-.~
que~ ha\'laffl sido fc,t.m bloquei os de cstrada4' e n JO\'Cffl as,._nn o ,ena
pc~
No IICJund o ..nho da me.~ noite. ele ~ encontr a, a endaA-1'~ na
alçada , nu c~ccto por uma fma toa.Ih.a ~ hanho. mtcn~ Tlll' ~ .,..

do por teu ~ru• c.aar \;t..tw.l Pcn,-;ando cm ar m:11s r,r,a~"' r,a,-a ~•,._ e p 'v
fio, ao 10fnmc nto, ele ~ anJur,1 u a uma csta\ln . rNL, fr~a sntatqt t~""'
J"C'JI WD mendig o que o con vtdou para II a ~u al.-,,amr ntí'. que h co,.,,
hliro r,nSum o file acn&ou aJcgn:m cou~. ,._, um• '\T..J na i'amA ~ "' n ..: nd,-
,o ele nlo conacgua.a Mk.wnCICX'.,. Jl'l l J o nW'. nJ,1!'-, fK . , • ,te ftt ao 1,-1., da
carna dww,tr Ioda • no,te. a1emor v..-..lo-- •l
Obacrv em o con1r.a o ~ doo ~ ,.. .,. N o rw1mcn o ck' ~ ~-va" Jc
1':laltlr ao cnwoh-,mcnto cm •~ur-,..,,/MA,1- .IÃ.laa ~ edfpk--"'\H ,11--,.ura m ..,..
,-...U\Speton:s dr poUcaa e K "-t c Clllftwu Jo pela rctaçló c ,&crna Cdm o
11\all,Jla e com o ~ ' ) anaJftlC(1 dó hklll,{UCJO Jat ~.1i&J11i.lM ~1~. ºº ,-c-
lundo IOnho, a hwnilh açl,o edfpeca na MA1J~, -t,a,,hc1 n:1 o fv rn u•• pa•
ri a J'IC!Ot"upa.;lo anal com O rbt,i'1-f «aJ Jo 1ffl'\lo-n1CnJ,p 1 mau an -cu
~ <• consop eçlo que f um prchlJa o rt"gulaf à aü\.ada&k de wa f1&wr-a
lnal ) •

"ª ICX'-'fciradieta~
ele ~,-.ou -,c de ~ conwr eç-lo e mcncao nou que
mtldo um ancadct U dJ•
ot»c~\. l\"O c ,41 WICill
~ - - a íaa,r W1l
\'Cl'tido na nouc an&cno r. quando wna fflewiC• ..gonta•• 1a umb12 rc la ,ia'-8,
~ ftnal mcntc nwn ,-uo Quand o ele anuocao u wa m~lr1 ..te:

- 121 -
"mostrar a porta ao velho cavalheir o", pegando o vaso com a indolente
mosca sobre ele, seu filho pequeno espirituo samente pegou em seu braço
e levou a ele para a porta. ~e sonhou que esperava numa fila por um
corte de cabelo, mas estava d~orand o tanto, que e1e ficou desespera do,
apesar do fato de que tanto o homem como a ~ er atendiam seus clien-
tes em duas cadeiras. Em seguida ele~ eitado confortav elmente num
pequeno barco de fundo achatado que atravessa va um pequeno túnel (pa-
recido com um túnel em que ele estivera quando criança em visita ao Pa-
pai Noel numa grande loja de departam entos). Quando o barco se dirigia
para fazer uma curva em ângulo reto para a esquerda , ele encalhou ; então
o paciente pôs a mão direita na água, fazendo um movimen to em concha
(como ele fizera na noite anterior, para limpar o escoadou ro da pia da co-
zinha que estava entupido) . Mas percebeu com um choque que seus dedos
estavam na boca de um mendigo deitado na água embaixo do barco, e que
estava por mordê-lo (ansiedad e em relação à constipaç ão levando à aber-
tura de sua fissura, em contraste com o gentil "mostrar ao cavalheiro-ve-
lho-gordo -(mosca)- a-porta'').
Neste sonho é impressio nante a confirma ção da intolerân cia à separa-
ção (o divã-barco virando para a esquerda ; na verdade, quando o paciente
deixa o divã, é ele que faz uma cu~ ângulo reto para a direita) e a
volta ao irmão mendigo-fezes dpnfro do túnel-:.<lo--Papai-No el da mãe. Ob-
servem como o desejo de livrar-se gentilmen te de seu rival edípico (como
a brincadeira de seu filho dd xa claro) leva-o novamen te a aliar-se com
o innão-mendigo - o pênis fecal constipad o - e à defecação anal mastur-
bat6ria do tipo abrir-a-fissura. O desejo infantil de tomar o papai velho e
expeli-lo analmente está ainda esmagado ramente ativo, ainda que a luta
do paciente contra um abandono ao sadismo anal já estivesse em curso.
Três semanas mais tarde, numa segunda- feira, ele disse estar num es-
tado de ânimo peculiar, cheio de sentiment os intensos e misturados em
relação à análise, cônscio de que um insight recente ajudara-o a refrear
um tipo_freqüente de comporta mento provocati vo para com sua mulher,
mas muito preocupado e ressentido com as férias iminentes . Sonhou que
estava nu~ pequeno lago próximo ao meu consult6r io, esperando para vir
à sua sessao. Um homem estava pescando , embora não haja peixes neste
lago, _e ficou com um de seus dois anzóis preso no fundo. o paciente tinha
que hvrar o anzol, mas tinha medo de que O homem mantivesse cruel-
mente a linha tensa e fizesse com que O paciente ficasse engancha do. De
fato foi exatamente isto o que aconteceu . Determin ado a libertar-se, ele
puxou o anzol para fora de seu dedo com alicates, rasgando com ele um
pedaço de carne. Para ter o dedo medicado, ele precisava ir para uma ci-
dade. fora de Londres para ver o embaixad or american o. &te estava seodo
fes~Jado numa carruagem puxada a cavalos antes de voltar aos Estados
Umdos; entretanto , deixou a carruagem e medicou O dedo do paciente e o

- 122-
levou para sua casa. Ali O paciente, sentindo-se muito feliz, ficou olhando
o embaixador e sua famOia almoçarem, separados dele por uma divisória
perfurada.
Aqui, antes de um período de férias, a 1ut.a~ 0 sofrimento
ed{pico (a ferida em seu dedo, ligada à cfrcuncisão) e libertar-se do vício
da masturbação anal ( o homem com seu anzol preso no fundo do lago, li-
gado ao pênis fecal do irmão-mendigo) avançou com notável rapidez e
clareza de insight. É interessante que subseqüentemente,lm duas ocasiões
ele desenvolveu uma inflamação aguda de um dos dedos indicadores em
fins de semana.

Resumo

Com o propósito de ilustrar uma tendência atual de nossas pesquisas sobre


a íntima relação entre identificação projetiva e masturbação anal, escolhi
descrever as manifestações transferenciais de um tipo de distúrbio de ca-
ráter observado com relativa freqüência entre as muitas pessoas inteli-
gentes, bem dotadas e aparentemente bem-sucedidas que procuram análi-
se, ou seja, a "pseudomaturidade" . O conceito de identificação projetiva,
descrito pela primeira vez por Melanie Klein, abriu caminho para uma in-
vestigação nova e frutífera de aspect? s de analidade até esse po~to in~x-
plorados. Ao demonstrar como a id~ntificação projetiva com obJetos m-
temos é induzida pela masturbação anal, revela-se yma concepção mais
rica da origem e do significado da valorização narc(sica das fezes, ligando
assim de modo mais seguro a fase anal ao sintoma e à patologia do cará-
ter.

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