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E SPORTE E DIVERSIDADE:
CO'- -;-ft::,oo DA E oLCAÇ-\O Fís1cA

-\ ?~TI~ D :: D JSC!JSSÓES ,o CO~TEXTO BRAS IL EIRO

À T e ? 1"0C''GO a.czcbi-ilca 2C::'l"C2 éo e5l)One ;}2 ::du e2e2 0 fí sica

JV :O. ~"'iff :.~ - ::::es~o se:;, que renha..--n ~ido necessa ría~em:e mi-
~:__"---:595 ~ ?eT.52..~e.m os êe : ocos o s a:.i ro res referidos n 2 discussão so-
éo!~~ éo Sf"gllnco e::p.í:u]o de-s-re Jí--,-,o - o que re m preval ecido é
:?1;::t;! ..-: ;;.? o 1:o;;:o gé-nra e r o ;;-: o g::neiz.cdo:-a desS2 prárío social. Isso se
:::xpr.:sg em ...-,::nos rrahaJhos p ubJíc;::dos j á n2 décad2 de 1980. quan -
:éo ..-incufarhs ao proc::-sso de aberrura p olí: íec que o corria no Bras il
na fP9C2 surgiR=m •.-ã,--fas aná lis:=s c:-íríca; sobre o esporte, sustenra -
das em rcff:Ti1J n.as das cíé-ncías socia is que eram inseridas nas d iscus-
sões da áre-2_
• De-nu-e essas i: i;npo nanre des tacar o trabalho publicado p o r
ez.,--aJcan:í ( J98 J) qU2ndo em um artigo que buscava oferecer um con-
:rapc,nro a •, 1s20 d o movim ento do E;po ne para Todos que se dese n-
Brasíf naquele- momento, analisa c r íticamen te o esporte rea -
·.,uJv ía no
lizadCJ no la z t:r. Su;re-nrada prín cípalmenre nas idéias de Jean -.\rla rie
Brohm, a aurora procu rou refleti r so bre "A função cultu ral do e s porte
e suas ambígüídades sociais ", e esfo rçou-s e para denunciar as cara c te -
rísrícas alít:nadora e reprodutora de sse fenómeno . 1\rl e srno que t enha
remado, ao final do texto, di scutir a p ossi bilidade d a açãr, d o s c:du ca -
~ ' Q e: b ~ .. l o s - ----------
U f11 a . a Ou tr Populares . . ----...._
Visão , ansrnitind resistrrern à e
lal11b _llnic:a Para es o (pela ênfase dad ultura d [ 5 PO R f E E D IVERS IDADE: CONTE ÚDO DA [DUCAÇÃO r lSICA I 03

los Pr f e01 na déc sa atividade . a à Perspe:t~inante do


b o essor ada de 1980 rva cr; .
astante . es de educa - f ' . , um outro trabalh trca) diferenciação destas duas man ifestações em d ireção a uma possível au-
l11unid d
1 nflu"
encia no
Çao 1s1ca b .1
ras, eiros, e Qu
°
bas
tante lid
tonom ia encontra sérias d ificuldades" (idem, p. 70) .
faz a e , foi o Pub . Pensarnento acadêrnico - e, _des de entà o Pe- Pensamento semel hante é e ncontrado na obra de Kunz, na qual ,
ed llf11a análise Crít • licado Por Bracht ( 1989a) P~of1ss iona1 desa, teve discutindo a poss ibilidade da "Transformação didático-pedagógica do
llcação fís · tca acerca do espo t . esse text sa co_ esporte" (1994), faz uma "anál ise de sent ido do esporte" (p. 22) e des-
a ica e co .d r e corno o, o a taca O que denom ina de princípios ou regras básicas dessa at ividade: a
s regra d . ' ns, era que 'A . conteúdo d lltor
s o JOo criança Que . a au1
e avaJc .
ant 1 _
c:,O ... capitalista " D f
· e orma s
Pratica espo
rte res .
a de
sobrepujança e as comparações objetivas, ass im como suas conseqüên-
cias imediatas, os proces sos de selecio namento, de especialização e de
cha e mesmo que t h ernelhante Perta
rnarnento aos ed en a concluído o seu t ao texto d 1 instrumental ização. Com base nessa perspectiva - e apesar do objeti -
esporte" (B ucadores no sentido d rabalho co e vo da obra 2 - , enfatiza o que cons idera uma tendência "em qualquer
ã RACHT, 1 989a, p . 188) - a construção de u ,~ I.Jn,
ç ~ que essa atividade tem d , o autor dá maior evid• n, , novo s1·t ua Ç"O" , em que o esporte é praticado e independente dos motivos
que levam à es ta prát ica, seja, pelo lazer, rend imento ou enquanto
tal1sta o q e reproduzir e refo enc,a a fun
, ue se expressaria numa I' . rçar a ideolo . - educação f ísica escolar": a "normatização e padron ização destas prá -
a~ueJas que Bracht identific og1ca e características únicas g,a ca~i- I .
t1cas ,,
, 0 que im pede a realização de outras possibilidades de movimen -
n,ca, o esporte de re d · a no esporte praticado de form h, ou seJa, tos, assim como reprime "uma part icipação mais subjet iva dos indiví-
d n imento. O pensa a egernô
e maneira semelhante nu . - menta do autor manife - duos nas práticas do esporte " (KuNZ, 1994, p. 22) . Posteriormente, em
na qual afirma que o esport:ac:~b~1sc:çao posterior (BRACHT, 19~t;~;e
1 debate proposto pela revista Movimento, Kunz (2000) reafirma algumas
rendiment , uas características ( , das suas posições anteriores, oferecendo uma análise do que agora de-
o , recorde, racionaliza - competição nomina de "esporte do[ ... ] leque olímpico" (p. li) , que, "mesmo pra -
namento) "to çao, controle e cientifização d .,
e d
sã h
: mou como que de assalto o mundo d
o movimento" (BRACHT 19896
A

o egemonica, fornecendo ass,·m o


,
)
P - 69 , tornando -se
' '

d I
, mo e o de at · ·d d
I o tre,-
a cu tura corporal
a sua expres -
1 ticado por não atletas, como uma prática de lazer ou na escola, tem
seus princípios de desenvolvimento fundados sobre valores físicos " (gri-
fo meu) que, na sua "efetivação prática, qualquer que seja a modalida -
porte praticado no lazer A . d , . ,v, a e para o es - de [... ] devem ser avaliados" para permitirem a comparação, o que se
. ,n a que em vanos momentos do t
espaços para pensar na possibilidade de uma h . exto abra relaciona com as suas "regras básicas, a sobrepuja11ça e a comparação objeti-
nifestações . ' eterogene,dade das ma - va " (grifos do autor) . Como alternativa ao conteúdo externo do espor-
esportivas , Bracht encontra dificuldades pa . 1·
uma autonom · d ra v1sua 1zar te, que pertenceria à ciência, à cultura e à tradição, Kunz propõe o in-
ia o esporte de lazer em relação ao de e d ·
sugere ta b, r n imento e vestimento na busca do autoconhecimento por intermédio do esporte
, m em, uma visão homogênea para o fenômeno esportivo: ',,a
e a partir do desenvolvimento da sensibilidade, da percepção e da in-
tuição; pela concentração da atenção ao "mundo vivido", isso propi-

1. Encontra diferenças entre o esporte de laz r d .


saria por diferentes códigos, capazes de or;enet;r aea~~~d,mento, o que se expres-
2. Propor a transformação didático-pedagógica do esporte.
104
EDucAç ·
-AO Ffs1c
A, r:sro RTL
( ÜIVLR SILJAOL t SPOR r t [ OIV t
RSIOADt: CONHÚOO DA tOUC AÇÃO f lSIC I\ 105

ciaria o d
e . esenvolvitne · ntos (inclus ive desses próprios auto -
e1tuar e ent nto das capacidad . . al gun s rn ov1mc
(ide ender racionalrn , es dos prat icant es para "con - río do havia < . d m "ot imismo prático" voltado para
rn, p XI 1) ente o mundo lc pc ta s mo t iva as por u
. . ' os outros e a nós mesmos " de pro pos expresso pela possibilidade da sua
res ) cultural do esp o rte , .
Apesar das d ' f . crsidade lar O que prevalecia no pensamento
os co t erenças de aborda d a d ,v _ contexto esco ,
rno urn conjunto 'd . . gem esses trabalhos , anal isando - fo rrnaçao no _ "pessimismo teórico" (KuNz, \ 994 ,
1 tran s em questao , era um .
ro dei , ent1f1co algu rnun idade . ,. d . tência de uma homogeneidade do
es, apesar d I ns pontos em comum : o primei - da co ·zava a ide ia a ex1s
q ue tende a ' d e a gumas coloca - 1 .. que enfat i f hegemonia cultural do esporte de
·f· çoes re at 1v1zadoras , é uma posição P· , 6) entado pe Ia arte -
t ent1 icar o es . - , rt e repres . ·b ·1·dade da sua transformaçao no con -
rnogeneizad porte numa v1sao un ica, homogênea e ho - esPº , ela quase ,mposs1 , ,
ora, que teria co d 1 ·rnento e p
segundo , , . mo mo e o o esporte de rend imento; 0 ren d 1 3
e a cnt1ca fe ·t d o escolar • .d ação os resultados da investigação
poss 1·b ·J·d ' a a esse mo elo, pr inc ipalmente quanto às suas teX t do -se em cons1 er
1 1 ades ed · • , 1evan ' \ ·I d ent1· f·1car
ucac1ona1s; o terce iro é uma vo11tnde de transformar 0 Porern, . erguntar: se é passive
esporte ad d ítulo anterior, va 1e p .
_' equan o -o ao que os autores cons ideram ser os objetivos ferida no cap Id te no âmbito do \azer, vinculando -o
e d ucac1onais d 1 , , . . re . ade cultura o espor - .
. a esco a; o quarto e uma duvida/incerteza sobre as pos - rna divers1d essão heoernônica , por que nao sena
stbilidades des sa t rans formaçao, - expressa na en ' fase que é sempre dada u . d·ferentes da sua expr º
a sentidos , no contexto educacional esco\ar? Se , no con-
aos aspectos por eles cr iticados acerca do esporte . , 1 f zer o mesmo - , h
passive a , , 1 encontrar práticas que se contrapoem a e-
l zer e passive . _
Enfim, identifico um pensamento ambíguo sobre o esporte e sobre texto do ª ' d endirnento por que na escola isso nao
. ltural do esporte e r ' -
as suas possibilidades educacionais no contexto escolar: ora o esporte gemon1a cu
de rendimento é visto com enorme força de hegemonia cultural, ora poderia acontecer?
ele é visto como passível de ser transformado, tanto no contexto do
lazer, como no da escola .
ULTURA ESCOLAR E CULTURA ESCOLAR DE
Em alguma medida , acredito que ambigüidade semelhante a essa 1. ESPORTE , C
foi também identificada por Vago ( 1996) , quando dialogou com Bracht EDUCAÇÃO FÍSICA
acerca do esporte na escola e o esporte da escola . Analisando os tra -
balhos deste autor, Vago identifica que "Bracht inicialmente escreve r a essas perguntas um ponto de partida para
Tentan d o resp Onde , .
que o esporte e a Educação Física 'condicionam -se mutuamente"', mas escola em relação ao esporte é reconhecer a sua ev1 -
pensar o pape 1d a
que, num outro momento, "o autor afirma taxativamente que a educa -
ção física 'assume os códigos de uma 011tra i11stit11ição ' mais poderosa : a insti -
tuição esportiva" (1996 , p . 8, grifos do autor).
3
Ao fazer esta observação, tomo por base conversas com colegas que atuam na área ,
Apesar de que essa hesitação poderia ter encontrado solução em
· assim como observações em debates e eventos dessa esfera profissional. Assumo ,
mais de uma possibilidade, sua repercussão no pensamento de grande ainda, uma posição semelhante à adotada por Lovisolo (1995), quando, ao reali-
parte da comunidade da educação física brasileira parecia apontar, pre - zar uma análise sobre uma concepção desenvolvida no campo da educação física
brasileira sobre as regras esportivas, critica não os autores em particular, mas are -
ponderantemente, para uma visão homogênea sobre o esporte . Talvez
percussão dos seus trabalhos : o "efeito conjunto dos seus trabalhos, embora não
isso pudesse ser sintetizado afirmando -se que, se por um lado naque- sejam diretamente responsáveis por esses efeitos" (p. 84) .
• ( 1 )N rr ú o< ) º" '()\ )(A(.AO fl\i(A 10 7
' ~,•c,Y. rr r ri1vf ~~1 1,,..1>1 .

·vi~ fcdcrad;iç; con~cic:nt<.:ç


om etiçô<.:ç cçporti ' .
dência so eia· 1e, por csQ . - . ntc )( to d;is c P 1;-i como m<.:ra u ;insm1sçora
pode ficar (, _ ·' r;iz;io, cons,dcr;ir ciue a in stituiçfo escolar não ~do no cn . ;i v, suillizilv;i ;i c; çco'
e nao _tem ficid c, - c:s sil pe rsrc ct1v, . . l 1. na qual <.:çt;Í inçcrida .
ciocultu ' 0 ) ali1e1a
. a esse importante fen ômen o sa- oll nao,
cs cu lturai.s d;i' .~oc1e( ;i( e . ' . anal içar críticamente o esporte
1
_ tend ra• . 1ssonJoéd'f'
.' 1ic,·1·d .. nil realidade brasileira, na qual
1 ent1f1car dos vJ 1or .
os ;iucorcs prc o
. curavam -se cm, '
1· -
. . ,
ma s não conse guiam ir alem
0 st: constitu ído
ra do . , . hegemônica no contexto da cultu-
uma pratica Outr·dentifíca
.
r as su
as contrac içocs, , .
,. •ecos do esporte hegc mo-
ào f' mov1mento
. - o esporte
, pa ssou a ter grande influênciil na educa - oficíal e, rit ica nd o vanos aspc .
, ncía . 1\tle sm0 c d . profi ssio nai s demonstravam
Ç
I1s1ca, a ponto de, til 1vez ser o seu maior conteúdo de ensino. d;i denu . a socíeda e, esses
. ente difundido n, ·h·1·c1 de de lhe ser dado um tratamen -
t , sso leva a cons·d, 1 erar que, entre os muitos espaços onde o espor- n1carn
. . Idades em J m d itir a poss1 i , aC .
base nis so, alguns discursos
e e praticado na so . ' dade cm
, que vivemos,
. drf1cu ntexto esco Iar. om
u c,e a escola e, aquele que tem agógicO no co ' . da do esporte das aulas de edu -
m papel especial ·· t ransm1t1r
· · essa pratica
, . soml
. para as geraçoes
. futu - to pe d de propor a ret1 ra
ao exage ro
chegaram'
f'ras,. com ajuda dos pro fessores de educação física . Assim, a educação - física .
1
orno produtora de cultura e de -
isica vem constit um · do-se uma pratica
, . pedagog,ca
, . que, na esfera es - caça 0 . da visualizam a escoa c
Outros ain soluções no contexto escolar, de
for os para encontrar , .
colar' tem prati ca dO o pape I de tematizar - entre outros conteúdos da senvolveram es ç rn uma prática acess ível a todos, assim
denominada cult ura corpora 1 - essa forma particular de at1v1dade
. . , .-
frs1 f mar o esporte e 1, .
corno trans or ntes responsáveis pela suposta og1ca re -
ca. . -lhe os compone - d
como retirar 1· . dora A preocupaçao destes era e en -
Com essas preocupações e com maior ou menor influência dos ludente e 1rn1ta · .
rodutora, exc , . de a partir de práticas alternativas,
P - daaoa1cas capazes ,
pensamentos dos autores referidos anteriormente, no seio da comu- contrar açoes pe O .O ·anificativo sobre O esporte, que foss e
nidade da educação física brasileira - e especialmente na década de . m conhecimento s1º -
produzir u _ fim em si mesma e da mera reproduçao
19 90 - foram geradas inúmeras discussões e publicações relacionadas além da prática vista corno um
ao tratamento/tematização do esporte no contexto escolar. Muitos au- essão dominante.
da expr teorizações de Vago ( 1999) inserem -se nessa
tores demonstraram preocupação com O fato de que a reprodução da Parece-me .que aso·s esse autor considera que o trabalho rnterno .
lógica do esporte de rendimento na escola, além de oferecer uma vi - última perspectiva, p I •
- d ma disciplina escolar vmcula -se a uma ruptura com
são limitada e limitadora dessa prática social e de trazer consigo a afir- da construçao e u . . ,
mação de aspectos ideológicos da sociedade capitalista, seria uma for- . ,. d missão de conhecimento mst1tUido, pronto e acabado,
a ideia a trans _
ma de encaminhar os indivíduos para uma participação passiva no e impenetrável à ação dos profissionais da escola. Nao
como se es te f0 Ss
campo esportivo. Pela lógica seletiva identificada por esses autores, . d s aaentes escolares como meros consumidores de saberes
ace1tan o o o
muitos indivíduos, sendo incapazes de responder às exigências que lhes impostos do exterior dessa instituição, Vago aponta para uma escola
fossem impostas, seriam excluídos ou se auto-excluiriam da prática produtora de saberes, constituintes da cultura escolar. Essa cultura se
esportiva, constituindo-se meros consumidores do esporte; eles oco- desenvolveria pelo processo de escolarização dos conhecimentos que
nheceriam principalmente por intermédio da i11d1Ístria cult11ral, que lhes circulam na sociedade, o que não ocorreria pela negação destes últi -
apresentaria um único modelo para essa atividade, pronto e acabado.
mos, mas pela tensão permanente com eles, numa perspectiva tanto de
Alguns estudos confirmam essa idéia, ao identificarem que muitos pro-
fessores têm tratado o esporte com a mesma lógica com que é prati - complementariedade quanto de contradição.
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' r '- e: o e s r,o rt c: d r1 <.: <;c o. l;i , que
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<:iras , <: s portc.: s I o P<.:ca g ógi c o de jo gos b .
. , e. ;in ç a s e o utro s ·1 . ' r1nca -
to s de: c ultura . e c:mento s da denom inada n
• c orpor,11 - se con s t 1· t· . . ,,or mui -
os e h · u , r,a J)Jra o rgan · · 2 . ES PO í<T E E D IVE í~S / DADE : UM B l~E V E EX EM PL O DE PR /-\ T IC A
. on c.:c i rnc.:ntcJ S no c ont<.:xto part · 1- d izar a intervenção <..:
cola , c on, os s c.:u s s abc.:r. . . . ic u ar il c.:scola; a part ir daí, a es - DO C ENTE
d . c.: s , rntc:rv,r,;i níl s fJ tít • 1
e.:, tanto con c orrc.:nd o quanto id. •.,.. • . r, ica s cu tura is da socicda -
c.:m V<:z de: íl Cc.:itar J)a s s · <:nt, •cand o - s c.: com e·1 a s . D essa f orma c e r t ez a ,nu 1ta
· s p 1s · t a s p,1' r <a r e s p o n d e r à s pe rg unt a s fe itas n o
• < • • ivamc.:ntc a s J)ráticil s c o . , Col Om ' p ico a 'nt e ,.·,o r p o cf e·r <ã o s e ,- e n c o n trad a s e rn vá ri os t ra b a lh os
soc ic.:dadc a c:du c íl ç i'í o ( ' . d . • rpora ,s dc.: s cnvo/vidas na
, . ,• ' , s , c a J)o c.:r,il r>ro du z ir s i g n i f i ca - . . , . iníc
, io ,ei v oculv ido s n o am
_ 6 ,. t o d ',1 e cJ u ca c. ã o f ís ic ;ci b r as ile .ir a . Os tr·a. b a lh os
Cil s para c.: ss a s •numera s práticil s ad. d ç o cs <.:spc:c,f, _
ja cl e Se l _ r ova v e lm c n te , a lg un s ci os m<1 1s ex p r es s iv os n o
N ao
- s e.: trataria . portanto de.: uma c. ,o ntríld <.:quan
· - o - a s a o . contc:xt o esc • o la r. h tc: K u n zs a o , p . .· - .
d e Hra c lc: s s,1 co rn u n ,c. . I acf e. , mo' .'
s p o s s ive lm e nte , o ut r a s e x p e r renc ,as
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práticas corpora .is c.:xtc.:riorc.: s à c.:sc o la ' ma
rçasode.:
n o dS<.:nt,d
. . o da nc.:gaç ã o das c o -nt exto
. n as ecl c:v .e' 111 t e r s,. cf u d e· se n vo lv id as n a s e s c ol a s b r asi le ir- as p P
o r p .r o -
. , <.:s<.:nv o 1ver, na c: s co/a _ f ,s,
a n o n ,, ' el e c: clu ca ç ao ' . c a p re oc u p ad os c o rn ess a s qu es t o e- s . , o r. em ,
ums cultura
to conhcc,mcnto
is . a pacr;, do diálogo cntcc e ss e s d ifcccntcs conte, '.
(esso r e s . e n t a r o ex e n, p I o ef e. t r 'a b 'a lh o d e um a ut o r qu e n, e e p ,-o x rm o ,
vo u a p r es . , co n v <.: r se 1. n1u 1·t a s vez e s ·so b r e esses a s sunt. os , o _qua l me
Aceitar as proJ)os i ç õ es dc.: Vago significa identificar a sociedade
co m q u e m J il - ofe r ece r ma io r co n c,·e tude a e ss a d 1s cu ss a o.
não de.: ( orrna monolítica e.: consensual via dominação, rnas reconhece -
p a rece:
N u 111 esío rço apa,-;i en co ntr;i, r 'olt en, a t ivas p ara o e ns i n o d o e s por-
s e r ú t il p.i ,
la na pc.:rspc.:ct iva de um universo onde.: convivem ind i víduos e: inst itu i -
co ntext o e sco 1a 1,- M o 1·ina N e t o ( 1995) de se nvolv e u. un,a at iv idade d
çõe s cm relaç õ es de interação c.: de confl i to s. Nessa pers pect iva , a es -
te n u l l S ll ll l. Ve l-S .l tél, l .·l OS , CJLt'·'
'- talve z •Juclc s se t e ,· s ido , c o m a ap -
~
e t
cola seria um , entre outros univer sos culturais que, di s putando e
c o m- .e .s t re acl ;i na c.: s co I él . S e1 ,d o p r o fe sso,· el e fut e b o l na E s cola de
u cal;iniz ·e
interag i ndo sobre formas de.: e star no mundo, Faria parte da constru -
ção d;i história cultural de urna sociedade . E 1 e·,1sç, iio F1,s1. c a e1a LI n 1v
t;iço . e 1·s idé!cl
, e F e de r al ci o R io -G rande
. d, o . Sul (E SE F-
e-:llRCS)
C, e icl ent ·r· , ·,can c1o <.:s
• t i.a t e:. º
o,i.is el e rcp ru d u ç a o . s 1s te111
' a t .1ca
. s no en -
E spc.:cificamc.:ntc.: c.:m rc.:laçã o ao C.: Sf)orte, a s idéia s de Vago parecem
~ uma s e s cola s ele cc.l uc a ç iio físi co ' c ri t icou e sse
UIno de Ít1 t '·'-' l) ol e 111 a li.!
si
se associar ilO pen samento d o segundo grupo de e studiosos da pdticél
esportiva social , o s quai s referi no segundo cilpítulo de ste livro . Dél
mesma forrna que ele s, Vago identifica ;is rela çü es de conflito como f)ilr- .,- -/\- -. -l -- ---
. r c·1li z .:i:cl-o-- l11- -a~
11 ;1 n .r. , is
- .c. e,
. . ,·1 ·c
, '.r d o p l.:i, H, ck <.:llr , o do cn s in o d o fllt . c .b ol e 1m
tc c..lo pro c c sso de c onstruç ão ela so c iedade, assim c omo - a Pilrtir dis - 1p o s • -sc o
e, ' h ,' el e cc 1u c .rç.-.r u ( rs
' ,c.t,
. c o n c lu ill <fll c : t a n t o o s fu nd.r111c11 tn s t c c n 1co s ( o.
so - abre e spaço s para que se p<>s sa pensar na divc:rsiclacle cio c:sporte, " g11111,1, c . _- ' f . . c olcti v ,1s d c j o g o cr.1111 .r p r c , c n t a d ns p r o n tos .r os .i 1111 os , a,
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l11tc
. . hof l / 'J ll,lf llo º' "' l CXC Cll l il CI·,l S. f) l.·ll1 CI
-~l ÍC'IS 111Cl"lll - ·inl
• n1<·n· t c p o r c st 11 clan t c s 111.:i is h.ih! d ,cl u -
quando rcali z nc..lo no c ontexto esc olar. Sobre e ss e (rltimo aspecto, em .l ll .VI( il ( c , .r Jlisl , n .: c c' h ,.rm
. ' m a 1" . . - <1o p ,.o fc ,s () r '• CllCJ ll illl lU. 1: sscs
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omens, sustenta d • to às habilidad es bas1cas de cada um para pr;iti ca r O jogo.
. .. va -se na esrgualdade e encaminhava para forte s pos -
s, 6didades de re d - d Ao final do trab;ilh o, o professor Mo lina ident ificou uma mudan -
pro uçao o modelo hege mônico.
ça de comportamento em relaç~o às possib ilidades educacr onai s do
. Como uma forma de enfrentar esse modelo, propôs uma "alterna -
trv · 1 ensino do futebol e das expectativas que os alunos tinham da disc ipli -
ª simp es às propostas tradicionais de ensino da educação física ", o
na. Além do efetivo aprendizado das habil idades técnicas e das regras
que fez por intermédio do que denominou "intervenção otimizadora " do futeb ol, ele considerou que houve uma forte coesão no grupo, que
(MOLI NA NETO, 1995, p. 31 ) . Após sistematizar o conhecimento que aumentou do nível de partic ipação nas aulas, que se elevou O espírito
todos os alunos tinham sobre o tema e com eles buscar relacionar o , . 0 em relação ao trabalho real iza do, assim como ide ntificou O alar-
entre
modelo t d· · 1 d f ' '
ra rcrona e utebol com alternativas existentes e realizadas game nto da competência lingüística em relação ao futebol.
por diferentes grupos de pessoas, desenvolveu uma problematização, Desenvolvendo as aulas dessa perspectiva alternativa, parece que
que foi desencadeada pela realização de um jogo de futebol na sua for- 0
professor adotou uma prática docente que, tendo o futebol ofi cial
ma tradicional. Esse jogo criou diversas situações de conflito entre os como ponto de partida, propiciou diversas situações que contribuíram
5
participantes , as quais levaram o professor e os estudantes a tentarem, para a construção de uma aprendizagem ampliada sobre a modalida-
juntos, responder à pergunta: como os alunos e alunas poderiam jogar de : sem negar o futebol que é praticado na sua versão oficial (foram
futebol juntos e de forma agradável, tendo as mesmas oportunidades estudadas e praticadas as suas regras e técnicas) , o professor foi além
de uma aprendizagem significativa desse conteúdo de ensino? dele, identificando outras formas de praticar esse esporte, bem como
Dali em diante iniciou -se um processo de discussão, no qual fo - outros aspectos relacionados .
ram destacados vários aspectos a serem desenvolvidos, ocasião em que Assim, ao intervir com situações de conflito, o professor buscou
o professor adotou a posição de mediador e estimulador das reflexões. "imagens desestabilizadoras" (SANTOS, l 996, p. 30) da cultura hege-
A partir disso foram construídas coletivamente regras capazes de ga - 1 mônica do esporte de várias maneiras : não se satisfez apenas com opa-
rantir a participação de todos nos jogos, assim como foram encontra - radigma técnico -biológico que sustenta em grande medida a cultura do
das formas de aprendizagem e exercícios mais adequados ao grupo de esporte de rendimento; colocou num mesmo plano pessoas diferentes
alunos . O grupo também estabeleceu critérios e a responsabilidade de 1 em relação ao tradicional produzir algo num jogo de futebol; não se sa -
cada um no processo de formação das equipes e ainda debateu temas tisfez com a idéia de que saber esporte reduz -se a uma competência prá -
globais relacionados ao esporte em geral, e ao futebol, particularmen - tica, mas foi além dela, para buscar a compreensão de outros aspectos
te . Tudo isso contribuiu para que, no momento da realização do jogo, relacionados; rompeu com o modelo cultural dominante que encami -
nha para a idéia de que futebol é para homem; tratou com menos cen -
tralidade a competição e a busca do resultado esportivo, característi -
5. Alguns alunos eram_ habilidosos, mas também individualistas ou desenvolv iam cas centrais do esporte de rendimento.
0
Jogo apenas entre SI; outros se envolviam excessivamente no jogo e exageravam Na forma como o trabalho foi desenvolvido, parece não ter havi-
nos gestos e nas palavras; algumas alunas, insatisfeitas, ret iravam -se do jogo.
do contradição (no sentido de negação) no nexo entre o futebol como 1

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contex to ident,fi ca da . e, oferecend
. um a d1versidad o eon_
e cultu ra/
nesse

N as pá ginas anteriores, procure i dar continuidade a uma discus-


são iniciada em um trabalho já publicado (STICCER, '1002) , no
qua 1, a par t'r
1 de uma investi gação realizada no contexto do • lazer, tra-
te i do tema da heterogeneidade do esporte . O prosseguimento dessa
discussão teve o objet ivo de dar maior visibil idade à questão da diver-
sidade cultural do esporte, assunto que tem relevância, especialmen -
te no contexto da educação física , em que me parece ainda estarem
muito enraizados os aspectos advindos de uma visão unificada acerca

1 dessa prática social. Colocado como se fosse o único, em grande me -


dida o esporte oficial tem sido base para muitas considerações sobre
o tema, tanto daqueles que sobre ele desenvolvem análises críticas
quanto dos que o vêem como foco das suas intervenções . Como já re-
feri anteriormente, essas abordagens têm contribuído para o obscure-
cimento da diversidade do esporte, sobre o que venho procurando cha-
mar a atenção.

Essa intenção já aparece no primeiro capítulo deste trabalho, quan -


do o objetivo foi de caracterizar o esporte como uma realidade cultu-
ral específica e focalizá-lo como objeto de discussão . Apesar de que a
análise histórica apresentada, ao perseguir essa finalidade, tenha apon -

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