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Personalidade judiciária

Como aferir?
Estamos perante um pressuposto
ARTIGO 11.º/2 CPC consagra o
processual relativo às PARTES!
CRITÉRIO DA COINCIDÊNCIA

Em que consiste? Nos termos do


O que estabelece este critério?
ARTIGO 11.º/1 CPC, consiste na
Quem tem personalidade jurídica
SUSCETIBILIDADE DE SER PARTE EM (suscetibilidade de ser titular de
JUÍZO (ou seja, suscetibilidade de direitos e/ou obrigações) tem
demandar ou ser demandado). igualmente personalidade judiciária.
Se a pessoa coletiva a quem a sucursal
está ligada tiver sede/domicílio em
ARTIGO 13.º CPC:
PORTUGAL —> a SUCURSAL pode
1 - As sucursais, agências, filiais, delegações ou
demandar/ser demandada QUANDO A
representações podem demandar ou ser demandadas
AÇÃO PROCEDA DE FACTO POR ELA
quando a ação proceda de facto por elas praticado. PRATICADO.
2 - Se a administração principal tiver a sede ou o domicílio
em país estrangeiro, as sucursais, agências, filiais,
delegações ou representações estabelecidas em Portugal
Se a pessoa coletiva (a quem a sucursal
podem demandar e ser demandadas, ainda que a ação está ligada tiver sede/domicílio no
derive de facto praticado por aquela, quando a ESTRANGEIRO —> a SUCURSAL pode
obrigação tenha sido contraída com um português ou demandar/ser demandada SE A
com um estrangeiro domiciliado em Portugal. OBRIGAÇÃO TIVER SIDO CONTRAÍDA
COM UM PORTUGUÊS OU ESTRANGEIRO
COM DOMICÍLIO EM PORTUGAL.
EXEMPLO:
A (domiciliado em Évora), cliente do Banco X, 2 - O Banco tem sede em LISBOA, o
celebrou com este último um contrato para gestão contrato foi celebrado com intervenção
dos seus ativos financeiros. Como resultado da da sucursal de Braga e a ação foi
gestão dos seus ativos financeiros, entende que o instaurada contra a sucursal de Évora
Banco lhe ficou a dever 70 mil euros, como
-> ao abrigo do ARTIGO 13.º/1 CPC, a
resultado de uma transação a seu favor.
sucursal de Évora não é suscetível de
A instaura uma ação para que o Banco seja
ser demandada! Ao invés, A poderia ter
condenado a pagar-lhe o montante referido
instaurado a ação contra a sucursal de
Braga (na ação em causa, a sucursal
1 - O Banco tem sede em BRUXELAS e a ação foi
de Braga tem personalidade jurídica
instaurada contra a sucursal de Évora —> a
porque a ação procede de facto por
sucursal pode ser demandada, ainda que a ação
ela praticado, uma vez que interviu na
não proceda de facto por ela praticada, porque A
celebração do contrato)
é domiciliado em Portugal (ARTIGO 13.º/2 CPC)
Faltando personalidade judiciária, temos uma
EXCEÇÃO DILATÓRIA que é, REGRA GERAL, INSANÁVEL,
levando à absolvição do réu da instância, por força
! E se a pessoa coletiva nada fizer?
dos ARTIGOS 278.º/1 C), 576.º/2 e 577.º C) CPC.
Parece resultar do artigo 14.º CPC que se a PC

ARTIGO 14.º CPC admite uma EXCEÇÃO - falta de não intervir, ratificando ou repetindo o
processado, a falta de personalidade jurídica
personalidade jurídica das sucursais pode ser sanada:
não é sanada, mas nem toda a doutrina vai neste
A sucursal demanda/é demandada e não tem sentido (Professora PCS: verificando-se falta de

personalidade jurídica. Segundo o artigo 14.º CPC, o personalidade jurídica da sucursal e sendo esta
autora, a não intervenção da PC leva à
juiz, perante a falta de personalidade jurídica da
absolvição do réu da instância; sendo a sucursal
sucursal, deve chamar a PESSOA COLETIVA a intervir
ré, a não intervenção da PC não impede a
na ação em lugar da sucursal e a proceder à sanação, esta ocorre à mesma (se a não
ratificação ou repetição do processado. intervenção da PC determinasse a absolvição do
réu da intância esta nunca interferia).
Capacidade judiciária

Novamente estamos perante um Como aferir?


pressuposto processual relativo Artigo 15.º/2 CPC estabelece o CRITÉRIO
às PARTES! DA COINCIDÊNCIA:
Quem tem capacidade jurídica (isto é,
Em que consiste? suscetibilidade de exercer pessoal e
Nos termos do ARTIGO 15.º/1 CPC, livremente os direitos e/ou obrigações

consiste na suscetibilidade de ser, de que se é titular) tem igualmente

por si só, parte em juízo. capacidade judiciária.


2 casos de incapacidades de
exercício:
• Menoridade
• Maiores acompanhados
• Os actos de administração ou disposição de bens
MENORIDADE: que o maior de dezasseis anos haja adquirido por
seu trabalho;
Aqueles que ainda não completaram 18
anos são considerados menores (ARTIGO • Os negócios jurídicos próprios da vida corrente
122.º CC). do menor que, estando ao alcance da sua
capacidade natural, só impliquem despesas, ou
Nos termos do ARTIGO 123.º CC, os menores
disposições de bens, de pequena importância;
sofrem de uma incapacidade genérica de
exercício, mas existem exceções —> no • Os negócios jurídicos relativos à profissão, arte ou
ofício que o menor tenha sido autorizado a
ARTIGO 127.º CPC encontramos atos que o
exercer, ou os praticados no exercício dessa
menor pode praticar pessoal e livremente profissão, arte ou ofício.
Exemplo:
A, com 17 anos, comprou à sociedade A uma mota
vespa pelo valor de €3.000,00. Carlos nunca
chegou a pagar os €3.000,00. pelo que a sociedade
A resolveu propor uma ação contra Carlos com a
Muito dificilmente enquadramos a disposição de 3
finalidade de obter aquela quantia.
mil euros numa das alíneas do ARTIGO 127.º CC.
Quanto à alínea b), é difícil sustentar que a
Temos de ponderar quais poderão ser as consequências disposição de 3 mil euros corresponde a um
desta ação, nomeadamente no caso de uma eventual negócio da vida corrente do menor. Quanto à
sentença de condenação, e avaliar se essas alínea a), A, sendo maior de 16 anos, pode
consequências correspondem a atos que o menor trabalhar e portanto dispor de 3 mil euros pode
poderia praticar por si só pessoal e livremente no plano equivaler a dispor de bens que haja adquirido
substantivo. Neste caso, a questão é: a disposição dos 3 pelo seu trabalho, mas não temos dados que
mil euros corresponde ou não a um ato que o menor apontem nesse sentido —> O ATO NÃO SE
pode praticar pessoal e livremente (ou seja, é ou não um ENQUADRA EM NENHUMA DAS ALÍNEAS DO 127.º;
ato que podemos enquadrar no artigo 127.º CC)? PODEMOS CONCLUIR QUE, NESTE CASO, A NÃO
TEM CAPACIDADE JUDICIÁRIA.
Como suprir incapacidade judiciária
do menor?

ARTIGO 16.º CPC


Através da representação
Por meio das responsabilidades parentais
16.º/2: Os menores cujo exercício das responsabilidades
parentais compete a ambos os pais são por estes ! Ver também ARTIGO 18.º CPC -
representados em juízo, sendo necessário o acordo de desacordo entre os pais na
ambos para a propositura de ações. representação do menor.
16.º/3: Quando seja réu um menor sujeito ao exercício das
responsabilidades parentais dos pais, devem ambos ser
citados para a ação.
O menor está, por si só, em juízo, sem que tenha
capacidade judiciária. O que deve o juiz fazer?

• A incapacidade judiciária constitui a falta de um


pressuposto processual e, como tal, verifica-se
uma exceção dilatória (ARTIGO 577.º C) CPC)
que dá lugar à absolvição do réu da instância
(ARTIGOS 278.º/1 C) e 576.º/2 CPC)
Ao contrário da falta de personalidade
• O juiz deve conhecer desta exceção dilatória,
judiciária, regra geral insanável, a
ou porque foi arguida ou oficiosamente, e ao
incapacidade judiciária é SANÁVEL.
abrigo do seu poder-dever de gestão processual
Suscetível de sanação nos termos
(ARTIGO 6.º/2 CPC), deve procurar a sanação.
dos ARTIGOS 27.º e 28.º CPC.
Nos termos do ARTIGO 28.º CPC, logo que o juiz se
aperceba da falta de capacidade judiciária do menor,
deve providenciar pela regularização da instância.

Quanto ao ARTIGO 27.º CPC, tudo depende de saber se o


menor está na ação como AUTOR ou como RÉU.

• Se a incapacidade judiciária se verificar do lado do


réu, o juiz, nos termos do ARTIGO 27.º/1 e 28.º/2 CPC,
deve citar os representantes do incapaz, para estes
ratificarem os atos que hajam sido praticados em juízo
pelo incapaz (ou seja, a contestação)
• (3) Corre o prazo e não apresentam nova
(1) Se os representantes ratificarem a contestação, contestação -> incapacidade judiciária é
incapacidade judiciária é sanada e o processo segue. sanada (se a consequência fosse a absolvição

(2) Se não ratificarem -> corre prazo para apresentação do réu da instância, os representantes do
menor optariam sempre por não intervir).
de nova contestação
• Se a incapacidade judiciária se verificar do lado do
autor, o juiz, nos termos do ARTIGO 27.º/1 e 28.º/2 CPC,
deve citar os representantes do menor, para estes
ratificarem os atos que hajam sido praticados em juízo
pelo incapaz (ou seja, a petição inicial).

(1) Se ratificarem a petição inicial (PI) -> incapacidade


judiciária é sanada

(2) Se não ratificarem a PI? Não faz sentido dizer que


corre prazo para apresentação da PI. Não há prazo para Se não ratificarem a PI, ocorre a

apresentar PI, esta é uma manifestação do princípio do absolvição do réu da instância!

dispositivo (autor só apresenta ação se quiser e quando


quiser)

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