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MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITETURA

CONCEÇÃO ESTRUTURAL
2023–2024

1. CENTRO DE MASSA

2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

PEDRO MARTINS MENDES


MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITETURA

CONCEÇÃO ESTRUTURAL

1. CENTRO DE MASSA
Centro de massa dum sistema de massas pontuais.
Definição. Significado físico.
Analogia com o “ponto de equilíbrio” dum sistema de forças paralelas.
Centro de massa e centro de gravidade dum corpo.

Pedro Martins Mendes


2024
1. CENTRO DE MASSA

1.1. CENTRO DE MASSA DUM SISTEMA DE MASSAS PONTUAIS

Considere-se um sistema de 𝒏 massas pontuais (𝑚1 , 𝑚2 , … , 𝑚n ) dispostas


em linha (cuja direção é tomada como a do eixo coordenado 𝑂𝑋).

• O CENTRO DE MASSA do sistema é um ponto (𝑮) cuja posição (𝑋G )


corresponde à média ponderada das posições das massas pontuais
(𝑋1 , 𝑋2 , … , 𝑋n ) tomando como fatores de ponderação os valores das
massas, ou seja:

𝒎𝟏 ∙ 𝑿𝟏 + 𝒎𝟐 ∙ 𝑿𝟐 + . . . . + 𝒎𝐧 ∙ 𝑿𝐧 ∑𝐢=𝟏,𝐧(𝒎𝐢 ∙ 𝑿𝐢 )
𝑿𝐆 = =
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 + . . . . + 𝒎𝐧 ∑𝐢=𝟏,𝐧(𝒎𝐢 )

• No caso dum sistema constituído, apenas, por duas massas (i.e., 𝑛 = 2),
𝒎𝟏 ∙ 𝑿𝟏 + 𝒎𝟐 ∙ 𝑿𝟐
𝒙𝐆 =
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐

Se 𝑚1 = 𝑚2 , o centro de massa coincide com o ponto a meia distância;


se 𝑚1 ≠ 𝑚2 , o centro de massa está mais próximo da maior massa
(o maior “peso”, ao estabelecer a média ponderada das duas posições).

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 1.1 ‒


1. CENTRO DE MASSA

Analogia com o caso dum sistema de forças paralelas

Considere-se uma prancha horizontal, de comprimento indicado por 𝐿,


colocada sobre um apoio fixo localizado a meio da prancha e sujeita a
duas forças verticais, com o mesmo sentido, aplicadas nas extremidades.

• Se 𝐹1 = 𝐹2 , a prancha permanecerá horizontal (equilíbrio estático).

(momento em torno de G) 𝚺𝑴𝐆 = 𝑭𝟏 ∙ 𝒅𝟏 − 𝑭𝟐 ∙ 𝒅𝟐 = 𝟎

• Se 𝐹2 > 𝐹1 , a prancha rodará (no sentido ↻ ) a menos que o apoio


seja deslocado ⟶ para que a prancha permaneça horizontal, o apoio
deve ser colocado mais próximo de 𝐹2 (a força com maior intensidade).

QUESTÃO: Onde deve ser colocado o apoio de forma que a prancha


não rode sob o efeito das forças 𝐹1 e 𝐹2 ?

(Σ𝐹vert = 0) 𝑅 = 𝐹1 + 𝐹2 𝑭𝟏 ∙ 𝟎 + 𝑭𝟐 ∙ 𝑳 𝐹2
{ ⟶ 𝒅𝟏 = = ∙𝐿
(Σ𝑀A = 0) 𝐹1 ∙ 0 + 𝐹2 ∙ 𝐿 = 𝑅 ∙ 𝑑1 𝑭𝟏 + 𝑭𝟐 𝐹1 + 𝐹2

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 1.2 ‒


1. CENTRO DE MASSA

Analogia com o caso dum sistema de forças paralelas (cont.)

• Para 𝐹2 = 2𝐹1 , p. ex., obtém-se 𝑑1 = 2𝐿/3 (e 𝑑2 = 𝑑1 /2 = 𝐿/3).

Note-se, a propósito, que para 𝐹1 = 𝐹2 (situação referida inicialmente),


𝐹2
a fórmula 𝑑1 = ∙ 𝐿 fornece (sem surpresa...) 𝑑1 = 𝐿/2.
𝐹1 +𝐹2

• Num formato mais geral, considerando a possibilidade de cada uma


das forças 𝐹1 e 𝐹2 atuar num ponto qualquer da prancha (e tomando a
origem da coordenada 𝑋 num ponto 𝑂 genérico), tem-se que:

(Σ𝑀O = 0) 𝐹1 ∙ 𝑋1 + 𝐹2 ∙ 𝑋2 = (𝐹1 + 𝐹2 ) ∙ 𝑋G
𝑭 𝟏 ∙ 𝑿𝟏 + 𝑭 𝟐 ∙ 𝑿𝟐
⟶ 𝑿𝐆 =
𝑭𝟏 + 𝑭𝟐

• De forma ainda mais geral, considerando 𝑛 forças aplicadas, obtém-se:


𝑭 𝟏 ∙ 𝑿𝟏 + 𝑭 𝟐 ∙ 𝑿𝟐 + . . . . + 𝑭 𝐧 ∙ 𝑿𝐧 ∑𝐢=𝟏,𝐧(𝑭𝐢 ∙ 𝑿𝐢 )
𝑿𝐆 = =
𝑭𝟏 + 𝑭𝟐 + . . . . + 𝑭𝐧 ∑𝐢=𝟏,𝐧(𝑭𝐢 )

(vd. fórmula relativa ao centro de massa dum sistema de massas pontuais)

ou seja, a posição do ponto 𝐺 (definida pela coordenada 𝑋G ) corresponde à média ponderada das posições dos pontos de
aplicação das forças, (coordenadas 𝑋1 , 𝑋2 , … , 𝑋n ), tomando como fatores de ponderação as intensidades das forças.

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 1.3 ‒


1. CENTRO DE MASSA

O conceito de “centro de massa” foi introduzido no contexto de sistemas


de massas pontuais dispostas em linha. De forma análoga, no caso de 𝒏
massas pontuais dispostas num plano, o respetivo centro de massa é um
ponto, pertencente a esse plano, com coordenadas 𝑿𝐆 e 𝒀𝐆 dadas por:

𝒎𝟏 ∙ 𝑿𝟏 + 𝒎𝟐 ∙ 𝑿𝟐 + . . . . + 𝒎𝐧 ∙ 𝑿𝐧 ∑(𝒎𝐢 ∙ 𝑿𝐢 )
𝑿𝐆 = =
𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 + . . . . + 𝒎𝐧 ∑(𝒎𝐢 )

𝒎𝟏 ∙ 𝒀𝟏 + 𝒎𝟐 ∙ 𝒀𝟐 + . . . . + 𝒎𝐧 ∙ 𝒀𝐧 ∑(𝒎𝐢 ∙ 𝒀𝐢 )
𝒀𝐆 = =
{ 𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 + . . . . + 𝒎𝐧 ∑(𝒎𝐢 )

• A extensão ao caso 3D é direta: 𝒁𝑮 = ∑(𝒎𝒊 ∙ 𝒁𝒊 ) / ∑(𝒎𝒊 )

Em geral, e tal como foi referido no contexto de sistemas de massas pontuais dispostas em linha, o centro de massa dum
sistema de massas pontuais corresponde à média ponderada das suas posições tomando como fatores de ponderação os
valores das próprias massas. Conforme a analogia estabelecida com um sistema de forças paralelas, este ponto tem um
significado de “ponto de equilíbrio” do conjunto de massas.

Formalmente, se em vez de massas forem considerados os respetivos pesos, o referido “ponto de equilíbrio” não é designado
por centro de massa mas antes por centro de gravidade (ou, também, baricentro). Na prática corrente, todas estas expressões
referenciam o mesmo ponto e é aceite que sejam utilizadas indiferenciadamente.

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 1.4 ‒


1. CENTRO DE MASSA

1.2. CENTRO DE MASSA (CENTRO DE GRAVIDADE) DUM CORPO

Considere-se uma placa homogénea de espessura constante (𝒕), e, sem perda


de generalidade, admita-se que está disposta em plano horizontal.

Indicando por 𝜸 o peso volúmico do material constituinte (i.e., o seu peso por
unidade de volume) e por 𝑨 a área da placa, o peso total da placa é dado por

𝑷 = 𝜸 ∙ (𝑨
⏟ ∙ 𝒕)
volume
A linha de ação da força correspondente ao peso da placa está localizada de
forma que esta força é estaticamente equivalente ao conjunto de forças que
correspondem aos pesos de 𝒏 “pequenas” placas (cujos valores de área e peso
são indicados genericamente por 𝑨𝐢 e 𝑷𝐢 , com 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛) em que a placa
original seja “exatamente” subdividida – CENTRO DE GRAVIDADE (ponto 𝑮).

𝑃 ∙ 𝑿𝐆 = 𝑃1 ∙ 𝑋1 + 𝑃2 ∙ 𝑋2 + . . . . + 𝑃n ∙ 𝑋n ∴
Tomando momentos em relação ao eixo 𝑶𝒀,
p. ex., resulta a seguinte fórmula para 𝑿𝐆 : 𝑃1 ∙ 𝑋1 + 𝑃2 ∙ 𝑋2 + . . . . + 𝑃n ∙ 𝑋n (𝛾 ∙ 𝑡) ∙ ∑(𝐴i ∙ 𝑋i ) ∑(𝑨𝐢 ∙ 𝑿𝐢 )
𝑿𝐆 = = =
𝑃1 + 𝑃2 + . . . . + 𝑃n (𝛾 ∙ 𝑡) ∙ ∑(𝐴i ) ∑(𝑨𝐢 )

∑(𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐢 )
Da mesma forma, tomando momentos em relação ao eixo 𝑶𝑿 , obtém-se: 𝒀𝐆 =
∑(𝑨𝐢 )

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 1.5 ‒


MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITETURA

CONCEÇÃO ESTRUTURAL

2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS


Centroide de superfícies planas
Definição. Centroide de superfícies elementares. Centroide de superfícies compostas.
Momentos de inércia de superfícies planas
Momentos de inércia de superfícies elementares em relação a eixos baricêntricos. Raios
de giração. Teorema dos eixos paralelos. Momentos de inércia de superfícies compostas.

Pedro Martins Mendes


2024
2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

2.1. CENTROIDE DE SUPERFÍCIE PLANAS

O centroide duma superfície plana corresponde ao centro de massa duma placa homogénea idealmente fina (“sem espessura”)
com a mesma forma da superfície. Tal como foi referido a respeito do centro de massa, é aceite utilizar as expressões “centro
de gravidade” e “baricentro” (que, em rigor, dizem respeito ao peso de corpos) para referenciar o centroide duma superfície.

CENTROIDE DE SUPERFÍCIES PLANAS – Exemplos

𝑏 ℎ 𝑏 ℎ 4𝑅 4𝑅
𝑋G = , 𝑌G = 𝑋G = , 𝑌G = 𝑋G = 0 , 𝑌G = 𝑋G = 𝑌G =
2 2 3 3 3𝜋 3𝜋
(ponto de
(2 eixos de simetria) (inters. das medianas) (ponto de simetria) (eixo de simetria) (eixo de simetria) simetria)

PROPRIEDADES (condições de simetria)


• Se uma superfície apresentar simetria em relação a um eixo, o seu centroide pertence a esse eixo.
⟶ Se apresentar simetria em relação a mais do que um eixo, o centroide coincide com o ponto de cruzamento dos eixos.
• Se uma superfície apresentar simetria em relação a um ponto, o seu centroide coincide com esse ponto.

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.1 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

SUPERFÍCIES COMPOSTAS – De forma análoga ao centro de massa dum sistema de massas pontuais, se uma dada superfície
for decomposta em 𝒏 superfícies mais simples cujos centroides tenham localizações conhecidas à partida – superfícies
“elementares” –, o centroide da superfície original (superfície “composta”) pode ser localizado estabelecendo as seguintes
médias ponderadas,
∑(𝑨𝐢 ∙ 𝑿𝐆𝐢 ) ∑(𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐆𝐢 )
𝑿𝐆 = 𝒀𝐆 =
∑(𝑨𝐢 ) ∑(𝑨𝐢 )

sendo 𝑨𝐢 a área da 𝑖 ésima superfície elementar e (𝑿𝐆𝐢 , 𝒀𝐆𝐢 ) as coordenadas do respetivo centroide.

EXEMPLO CG.1 Localizar o centroide da superfície representada

• Atendendo à condição de simetria, 𝑿𝐆 = 𝟒𝟎 + 𝟑𝟎/𝟐 = 𝟓𝟓 cm

• Área total 𝐴 = ∑(𝐴i ) = (30 × 50) + (110 × 20) = 3700 cm2

• Coordenada 𝒀𝐆
50 20
∑(𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐆𝐢 ) (30 × 50) × ( 2 ) + (110 × 20) × (50 + 2 )
𝒀𝐆 = = = 𝟒𝟓, 𝟖 𝐜𝐦
∑(𝑨𝐢 ) 3700

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.2 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO CG.2 Localizar o centroide da superfície representada

Composição 1 (aditiva)

Componente 𝑨𝐢 [cm2] 𝑿𝐆𝐢 [cm] 𝒀𝐆𝐢 𝑨𝐢 ∙ 𝑿𝐆𝐢 [cm3] 𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐆𝐢


1 80 × 15 = 1200 40 7,5 48 000 9 000
2 20 × 40 = 800 10 35 8 000 28 000
Somas ( Σ ) 𝟐𝟎𝟎𝟎 𝟓𝟔 𝟎𝟎𝟎 𝟑𝟕 𝟎𝟎𝟎

∑(𝐴i ∙ 𝑋Gi ) 56 000


𝑋G = = = 𝟐𝟖, 𝟎 𝐜𝐦
∑(𝐴i ) 2000
∑(𝐴i ∙ 𝑌Gi ) 37 000
𝑌G = = = 𝟏𝟖, 𝟓 𝐜𝐦
∑(𝐴i ) 2000

Composição 2 (subtrativa)

Componente 𝑨𝐢 [cm2] 𝑿𝐆𝐢 [cm] 𝒀𝐆𝐢 𝑨𝐢 ∙ 𝑿𝐆𝐢 [cm3] 𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐆𝐢


1 80 × 55 = 4400 40 27,5 176 000 121 000
2 −60 × 40 = −2400 50 35 −120 000 −84 000
Somas ( Σ ) 𝟐𝟎𝟎𝟎 𝟓𝟔 𝟎𝟎𝟎 𝟑𝟕 𝟎𝟎𝟎

(confirmação dos resultados 56 000 37 000


𝑋G = = 𝟐𝟖, 𝟎 𝐜𝐦 𝑌G = = 𝟏𝟖, 𝟓 𝐜𝐦
obtidos com a composição 1) 2000 2000
.

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.3 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO CG.3 Localizar o centroide da superfície representada

Componente 𝑨𝐢 [cm2] 𝑿𝐆𝐢 [cm] 𝒀𝐆𝐢 [cm] 𝑨𝐢 ∙ 𝑿𝐆𝐢 [cm3] 𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐆𝐢 [cm3]
1 20 × 100 = 2000 20/2 = 10 100/2 = 50 20 000 100 000
2 1/2 × 60 × 30 = 900 20 + 1/3 × 60 = 40 50 + 2/3 × 30 = 70 36 000 63 000
3 60 × 20 = 1200 20 + 60/2 = 50 80 + 20/2 = 90 60 000 108 000
Somas ( Σ ) 𝟒𝟏𝟎𝟎 𝟏𝟏𝟔 𝟎𝟎𝟎 𝟐𝟕𝟏 𝟎𝟎𝟎

∑(𝐴i ∙ 𝑋Gi ) 116 000 ∑(𝐴i ∙ 𝑌Gi ) 271 000


𝑿𝐆 = = = 𝟐𝟖, 𝟑 𝐜𝐦 𝒀𝐆 = = = 𝟔𝟔, 𝟏 𝐜𝐦
∑(𝐴i ) 4100 ∑(𝐴i ) 4100

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.4 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO CG.4 Localizar o centroide da superfície representada

Componente 𝑨𝐢 [cm2] 𝑿𝐆𝐢 [cm] 𝒀𝐆𝐢 [cm] 𝑨𝐢 ∙ 𝑿𝐆𝐢 [cm3] 𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐆𝐢 [cm3]
1 10 × 50 = 500 10/2 = 5 50/2 = 25 2 500 12 500
2 60 × 30 = 1800 10 + 60/2 = 40 30/2 = 15 72 000 27 000
3 −𝜋 ∙ 202 /2 = −628 10 + 20 = 30 30 − 4 × 20/(3𝜋) = 21,5 −18 850 −13 516
Somas ( Σ ) 𝟏𝟔𝟕𝟐 𝟓𝟓 𝟔𝟓𝟎 𝟐𝟓 𝟗𝟖𝟒

∑(𝐴i ∙ 𝑋Gi ) 55 650 ∑(𝐴i ∙ 𝑌Gi ) 25 984


𝑿𝐆 = = = 𝟑𝟑, 𝟑 𝐜𝐦 𝒀𝐆 = = = 𝟏𝟓, 𝟓 𝐜𝐦
∑(𝐴i ) 1672 ∑(𝐴i ) 1672

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.5 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

2.2. MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

O MOMENTO DE INÉRCIA duma superfície plana em relação a um EIXO é uma propriedade geométrica cujo valor é proporcional
ao momento, segundo esse eixo, que é necessário aplicar a uma placa homogénea de espessura constante e com a forma da
superfície de modo a produzir um movimento de rotação da placa (em torno do referido eixo) com uma dada aceleração angular.

Para um retângulo 𝒃 × 𝒉 , por exemplo, o momento de inércia em relação ao eixo baricêntrico 𝒉𝟐 𝒃 ∙ 𝒉𝟑


𝑰𝐱 = 𝑨 ∙ =
paralelo ao lado de comprimento 𝒃 (eixo 𝒙) é dado por: 𝟏𝟐 𝟏𝟐
𝒉𝟐
NOTA: Numa placa homogénea e retangular, de espessura constante e massa total 𝒎 (vd. ANEXO), 𝑰𝐱 = 𝒎 ∙
𝟏𝟐

𝑨 𝑏∙ℎ 𝑏 ∙ ℎ/2 𝜋 ∙ 𝑅2 𝜋 ∙ 𝑅2 /2 𝜋 ∙ (𝑅e2 − 𝑅i2 )


𝑏 ∙ ℎ3 𝑏 ∙ ℎ3
𝑰𝐱 ≈ 0,110 ∙ 𝑅4
12 36 𝜋∙𝑅 4
𝜋 ∙ (𝑅e4 − 𝑅i4 )
ℎ ∙ 𝑏3 ℎ ∙ 𝑏3 4 𝜋 ∙ 𝑅4 4
𝑰𝐲
12 36 8

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.6 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO MI.1 Cálculo dos valores de 𝑰𝐱 relativos aos quatro retângulos indicados (com igual área, 𝑨)

(𝐢) (𝐢) (𝟒)


Figura (𝒊) 𝒃 [m] 𝒉 [m] 𝑨 [m2] 𝑰𝐱 [m4] 𝑰𝐱 /𝑰𝐱
1 0,20 0,80 0,160 0,20 × 0,803 /12 = 8,533 × 10−3 16,0
2 0,25 0,64 ” “ 0,25 × 0,643 /12 = 5,461 × 10−3 10,2
3 0,40 0,40 ” “ 0,404 /12 = 2,133 × 10−3 4,0
4 0,80 0,20 ” “ 0,80 × 0,203 /12 = 0,533 × 10−3 1,0

CONCLUSÃO: Se bem que os quatro retângulos tenham igual área, registam-se diferenças substanciais entre os valores de 𝐼x
– em particular, o valor de 𝑰𝐱 relativo à figura 1 é dezasseis vezes superior ao valor relativo à figura 4 (conforme será detalhado
mais oportunamente, esta questão é importante, p. ex., relativamente à definição da secção transversal de vigas e pilares).

NOTA: Os momentos de inércia de superfícies são expressos em [unidade de comprimento]4 (no quadro acima, é adotado m4).

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.7 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

O momento de inércia duma superfície plana em relação a um PONTO no seu plano é igual à soma dos momentos de inércia da
superfície em relação a quaisquer duas retas perpendiculares, contidas no plano da superfície, que se intersetem nesse ponto.

𝑨 𝑏∙ℎ 𝜋 ∙ 𝑅2 ≈ 2𝜋 ∙ 𝑅 ∙ 𝑡
𝑏 ∙ ℎ3 ℎ2 ℎ ∙ 𝑏3 𝑏2 𝜋 ∙ 𝑅4 𝑅2
𝑰𝐱 , 𝑰𝐲 𝐼x = =𝐴∙ 𝐼y = =𝐴∙ 𝐼x = 𝐼y = =𝐴∙ 𝐼x = 𝐼y = 𝐼G /2 ≈ 𝜋 ∙ 𝑅3 ∙ 𝑡
12 12 12 12 4 4
2 2
𝑏 +𝑏 𝑏 + 𝑏2
2
𝜋 ∙ 𝑅4 𝑅2
𝑰𝐆 = 𝑰𝐱 + 𝑰y (𝑏 ∙ ℎ ) ∙ =𝐴∙ =𝐴∙ ≈ 𝐴 ∙ 𝑅2 ≈ 2𝜋 ∙ 𝑅3 ∙ 𝑡
12 12 2 2

Em geral, os momentos de inércia duma superfície podem ser expressos na forma 𝑰 = 𝑨 ∙ 𝒊𝟐 , sendo 𝒊 = √ 𝑰/𝑨 uma
grandeza com dimensão de comprimento e que é designada por RAIO DE GIRAÇÃO (relativamente ao eixo ou ponto em causa).

ℎ 𝑏
• retângulo de lados 𝑏 × ℎ 𝑖x = √ 𝐼x /𝐴 = 𝑖y = √ 𝐼y /𝐴 =
√12 √12
𝑅
• círculo de raio 𝑅 𝑖x = 𝑖𝑦 =
2
• anel circular fino (𝑡 << 𝑅) 𝑖G = 𝑅

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.8 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

TEOREMA DOS EIXOS PARALELOS – O momento de inércia duma superfície plana em relação a um eixo genérico EF (𝑰𝐄𝐅 )
é igual à soma do seu momento de inércia em relação ao eixo baricêntrico paralelo ao eixo em causa (𝑰𝐆∥ ) com o produto da sua
área pelo quadrado da distância entre os eixos (𝑨 ∙ 𝒅𝟐 ), ou seja,

𝑰𝐄𝐅 = 𝑰𝐆∥ + 𝑨 ∙ 𝒅𝟐

COROLÁRIO: Uma vez que a parcela (𝑨 ∙ 𝒅𝟐 ) é sempre não negativa, conclui-se que, para cada direção, a reta que passa no
centroide da superfície é a reta em relação à qual o momento de inércia da superfície regista o valor mínimo.

EXEMPLO MI.2 Cálculo do momento de inércia do retângulo representado na figura em relação aos eixos
que contêm os lados menores (é indicado, apenas, o eixo “inferior”, 𝐵𝐵′)

• momento de inércia em relação ao eixo baricêntrico paralelo ao eixo 𝐵𝐵′ (eixo 𝐺𝑥)
0,25 × 0,503
𝐼x = = 2,60 × 10−3 m4
12

• distância entre os dois eixos 𝑑 = 0,50/2 = 0,25 m

• momento de inércia em relação ao eixo 𝐵𝐵′

𝐼BB´ = 𝐼x + 𝐴 ∙ 𝑑 2 = 2,60 × 10−3 + (0,25 × 0,50) × 0,252 = 10,42 × 10−3 m4

NOTA: Genericamente, o momento de inércia dum retângulo 𝑏 × ℎ 2


𝑏 ∙ ℎ3 ℎ 2 𝒃 ∙ 𝒉𝟑
𝐼x + 𝐴 ∙ 𝑑 = + (𝑏 ∙ ℎ ) ∙ ( ) = (= 4 𝐼x )
“em relação aos lados” de comprimento 𝑏 (paralelos a 𝐺𝑥) é dado por: 12 2 𝟑

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.9 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO MI.3 Cálculo dos raios de giração 𝒊𝐱 e 𝒊𝐲 do semicírculo representado na figura

• área 𝑨 = 𝜋 × 802 /2 = 10,05 × 103 mm2

𝐼x
𝑰𝐱 ≈ 0,110 × 804 = 4,51 × 106 mm4 → 𝒊𝐱 = √ = 21,2 mm
𝐴
• momentos de inércia
e raios de giração
𝜋 × 804 𝐼y
𝑰𝐲 = = 16,08 × 106 mm4 → 𝒊𝐲 = √ = 40,0 mm (= R/2)
{ 8 𝐴

NOTAS: O valor do momento de inércia 𝑰𝐲 do semicírculo corresponde a metade do momento de inércia dum círculo, com o
mesmo raio, em relação a um eixo diametral, ou seja: 𝑰𝐲 = (1/2) ∙ (𝜋 ∙ 𝑹𝟒 /4) = 𝜋 ∙ 𝑹𝟒 /8

Em relação do momento de inércia 𝑰𝐱 , a fórmula 𝑰𝐱 ≈ 0,110 ∙ 𝑹𝟒 pode ser obtida com base na fórmula para o
momento de inércia dum círculo com raio 𝑅 em relação a um eixo diametral e no teorema dos eixos paralelos.

𝜋 ∙ 𝑅4 (= metade do momento de inércia dum círculo de raio 𝑅


𝐼OX = = 𝐼y
8 em relação a um eixo diametral)

𝜋 ∙ 𝑅4 𝜋 ∙ 𝑅2 4𝑅 2 𝜋 8
𝐼OX = 𝑰𝐱 + 𝐴 ∙ 𝑑 2 ⟹ 𝑰𝐱 = − ∙ ( ) = ( − ) ∙ 𝑅4 ≈ 0,110 ∙ 𝑹𝟒
8 2 3𝜋 8 9𝜋

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.10 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

SUPERFÍCIES COMPOSTAS
O momento de inércia em relação a um eixo (ou ponto) duma superfície “composta”
é igual à soma dos momentos de inércia em relação ao mesmo eixo (ou ponto) de 𝑛
superfícies componentes em que seja decomposta – superfícies “elementares”.

Considere-se, p. ex., a superfície ilustrada – um “Tê” – e que se pretende determinar


o menor momento de inércia desta superfície em relação a um eixo horizontal.

PASSO 1 – Forçosamente, o eixo em causa é baricêntrico (conforme corolário do


“Teorema dos Eixos Paralelos”). Assim, em primeiro lugar importa localizar o
centroide da superfície (ponto indicado por 𝐺). 𝒔𝐱 = ? 𝒔𝐲 = ?

PASSO 2 – Determinar o momento de inércia da superfície em relação ao eixo


horizontal baricêntrico (𝐺𝑥 ) por adição dos momentos de inércia, em relação ao
mesmo eixo, das 𝑛 superfície elementares consideradas (neste caso, 𝑛 = 2), i.e.,

𝑰𝐆𝐱 = ∑ (𝑰𝐆∥,𝐢 + 𝑨𝐢 ∙ 𝒅𝟐𝐢 )


𝒊=𝟏,𝒏

sendo 𝑨𝐢 a área da 𝑖 ésima superfície elementar (𝑖 = 1, … , 𝑛) e 𝒅𝐢 a distância, medida


perpendicularmente ao eixo 𝐺𝑥 (ou seja, neste caso, a distância na vertical), entre o
centroide dessa superfície elementar (ponto 𝐺i ) e o centroide da superfície original.

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.11 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO MI.4 Considera-se a secção transversal dum perfil HEA 280 (tipo de perfil de aço laminado a quente).

OBJETIVO ‒ Assimilando os banzos e a alma do perfil a chapas retangulares, estimar a área, os momentos de inércia 𝑰𝐱 e 𝑰𝐲
e os respetivos raios de giração da secção transversal do perfil (vd. figura).

• área 𝐴 ≈ 2 × (280 × 13) + 244 × 8 = 9,232 × 103 mm2

280 × 2703 136 × 2443


𝐼x ≈ −2×( ) = 130,0 × 106 mm4
12 12
• momentos
de inércia
13 × 2803 244 × 83
𝐼y ≈ 2 × ( )+ = 47,6 × 106 mm4
{ 12 12

𝐼x 130,0 × 106
𝑖x = √ ≈√ = 118,7 mm
𝐴 9,232 × 103
• raios de
giração
𝐼y 47,6 × 106
𝑖y = √ ≈√ = 71,8 mm
{ 𝐴 9,232 × 103

• (Nota complementar) Avaliação do peso por unidade de comprimento (𝑔) dum perfil HEA 280

Peso volúmico do aço 𝛾aço = 77 kN/m3 → 𝑔 = (𝛾aço ∙ 𝐴) ≈ 77 [kN/m3 ] × 9,232 × 10−3 [m2 ] = 0,71 kN/m
(valor exato = 0,75 kN/m)

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.12 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO MI.5 Cálculo dos momentos de inércia 𝑰𝐱 e 𝑰𝐲 da superfície


representada (igual à considerada no Exemplo CG.1)

PASSO 1 – Localização do centroide da superfície

Existindo eixo de simetria, como é o caso, o centroide pertence a essa reta.


Conforme a resolução do Exemplo CG.1, tem-se que 𝒔𝐲,𝐆 = 𝟒𝟓, 𝟖 cm.

PASSO 2.1 – Momento de inércia 𝑰𝐱


• Componente 1
30 × 503
𝐼x,1 = +⏟
(30 × 50) × ( 50/2
⏟ ⏟ )2 = 962 × 103 cm4
− 45,8
12 𝑠
área (𝐴1 ) 𝑠y,1 y,G

• Componente 2
110 × 203
𝐼x,2 = +⏟
(110 × 20) × ( ⏟ ⏟ )2
(50 + 20/2) − 45,8
12 𝑠
área (𝐴2 ) 𝑠y,2 y,G

= 516 × 103 cm4

• Valor total 𝐼x = 𝐼x,1 + 𝐼x,2 = 1,478 × 106 cm4

PASSO 2.2 – Momento de inércia 𝑰𝐲


50 × 303 20 × 1103
NOTA: Os centroides de ambas as superfícies elementares pertencem 𝐼y = 𝐼y,1 + 𝐼y,2 = + = 2,331 × 106 cm4
⏟ 12 ⏟ 12
ao eixo baricêntrico 𝐺𝑦 , pelo que as parcelas (𝐴i ∙ 𝑑i2 ) são nulas. componente 1 componente 2

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.13 ‒


2. CENTROIDE E MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES PLANAS

EXEMPLO MI.6 Cálculo dos momentos de inércia 𝑰𝐱 e 𝑰𝐲 da superfície representada.


• Atendendo à condição de simetria, tem-se que 𝑿𝐆 = 𝟒𝟎 cm. Em relação a 𝒀𝐆 :
Componente 𝑨𝐢 [cm2] 𝒀𝐆𝐢 [cm] 𝑨𝐢 ∙ 𝒀𝐆𝐢 [cm3]
1 80 × 60 = 4800 60/2 = 30 144 000
4 × 30
2 −(𝜋 × 302 )/2 = −1414 60 − = 47,27 −66 823
3×𝜋
Somas ( Σ ) 3386 77 177
∑(𝐴i ∙ 𝑌Gi ) 77 177
𝒀𝐆 = = = 22,79 cm
∑(𝐴i ) 3386

Componente 𝑰𝐱∥,𝐢 [cm4] 𝒅𝐢 = 𝒀𝐆𝐢 − 𝒀𝐆 [cm] (𝑨𝐢 ∙ 𝒅𝟐𝐢 ) [cm4] 𝑰𝐱,𝐢 = 𝑰𝐱∥,𝐢 + 𝑨𝐢 ∙ 𝒅𝟐𝐢 [cm4]
80 × 603
Em relação aos 1 = 1,440 × 106 7,21 249 × 103 1,689 × 106
momentos de 12
inércia 𝑰𝐱 e 𝑰𝐲 : 2 −0,110 × 304 = −89 × 103 24,48 −847 × 103 −936 × 103

60 × 803 𝜋 × 304 𝑰𝐱 = 753 × 103


6 4
𝑰𝐲 = − = 2,242 × 10 cm
12 8

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ pág. 2.14 ‒


MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITETURA

CONCEÇÃO ESTRUTURAL

ANEXO

Momentos de inércia mássicos ‒ Massas pontuais


e placas retangulares de massa uniformemente distribuída ‒

Pedro Martins Mendes


2024
(ANEXO) MOMENTOS DE INÉRCIA MÁSSICOS

a) MASSA PONTUAL

Considere-se uma massa pontual (𝒎) ligada por uma biela de massa desprezável a um eixo de
rotação localizado à distância 𝒓 (ponto 𝑂), e que segundo esse eixo é aplicado um momento
constante (𝑴). Nestas condições, a massa descreve uma trajetória circular de raio igual a 𝑟.

Em cada instante, a condição de equilíbrio de momentos é satisfeita considerando o efeito


da força de inércia associada ao movimento da massa – força com direção tangente à
trajetória e intensidade dada por 𝑭𝐈 = 𝒎 ∙ 𝒂𝐭 (sendo 𝒂𝐭 a aceleração tangencial exibida
pela massa); a condição de equilíbrio de momentos é expressa por 𝑴 = 𝑭𝐈 ∙ 𝒓 .

Por outro lado, indicando a aceleração angular por 𝜶 , regista-se que 𝒂𝐭 = 𝒓 ∙ 𝜶 (da mesma
forma que o comprimento dum arco de circunferência, 𝑠 , está relacionado com o respetivo
ângulo ao centro, 𝜃 , através de 𝑠 = 𝑟 ∙ 𝜃). Conjugando estas fórmulas “simples”, obtém-se:

𝑴 = 𝐹I ∙ 𝑟 = (𝑚 ∙ 𝑎t ) ∙ 𝑟 = (𝒎 ∙ 𝒓𝟐 ) ∙ 𝜶

Assim, conclui-se que se 𝑀 for constante (em conjunto com 𝑚 e 𝑟), o mesmo sucederá quanto à aceleração angular 𝛼 (ou seja,
o movimento de rotação é uniformemente acelerado). Conclui-se, também, que o valor de 𝜶 produzido por um momento 𝑴
é inversamente proporcional ao fator (𝒎 ∙ 𝒓𝟐 ). Este fator, indicado por 𝑰𝐎 , é designado por MOMENTO DE INÉRCIA da massa 𝑚
em relação ao eixo de rotação (e, mais genericamente, em relação a qualquer ponto 𝑂 localizado à distância 𝑟 da massa 𝑚).

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ (Anexo) pág. 1 ‒


(ANEXO) MOMENTOS DE INÉRCIA MÁSSICOS

b) PLACA RETANGULAR DE MASSA UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDA

Considera-se uma placa retangular (𝒃 × 𝒉) de espessura constante (𝒕), constituída


por um material com massa volúmica indicada por 𝝆 ; a placa pode rodar em torno
do eixo baricêntrico paralelo aos lados de comprimento 𝑏 (eixo 𝑮𝒙).

Por aplicação dum momento de intensidade constante (𝑴) segundo esse eixo (𝑮𝒙),
a placa apresenta um movimento de rotação com aceleração angular constante
(movimento uniformemente acelerado) – cada ponto da placa descreve uma
trajetória circular de raio igual à sua distância ao eixo de rotação (neste caso, essa
distância coincide com a coordenada 𝑦); designando por 𝜶 a aceleração angular do
Distribuição das acelerações tangenciais (𝑎t )
– rotação em torno de 𝐺𝑥 com acel. angular 𝛼 movimento, a aceleração tangencial registada num ponto é dada por 𝒂𝐭 = 𝒚 ∙ 𝜶 .

Em cada ponto da placa, a força de inércia associada ao movimento tem direção tangente à trajetória e uma intensidade, por
unidade de volume da placa, que é dada por 𝒇𝐈 = 𝝆 ∙ 𝒂𝐭 . Em cada instante, o momento, em torno do eixo de rotação,
resultante das referidas forças de inércia deve igualar o momento 𝑴 aplicado – condição de equilíbrio de momentos.

Assim, se a superfície da placa for decomposta “exatamente” em inúmeras (𝑛) superfícies elementares de “pequena” área,
obtém-se a fórmula seguinte (sendo 𝐴i a área da 𝑖 ésima superfície elementar e 𝑦i a coordenada-𝑦 do respetivo ponto “central”):

2
(𝜌 ∙ 𝑦i ∙ 𝛼) ∙ (𝐴i ∙ 𝑡) ∙ (𝑦
𝑴= ∑ ⏟ ⏟ i ) = (𝜌 ∙ 𝑡 ∙ 𝛼) ∙ ∑ (𝐴i ∙ 𝑦i )
𝑖=1,𝑛 𝐟𝐨𝐫ç𝐚 𝐫𝐞𝐬𝐮𝐥𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞 "𝐛𝐫𝐚ç𝐨" 𝑖=1,𝑛

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ (Anexo) pág. 2 ‒


(ANEXO) MOMENTOS DE INÉRCIA MÁSSICOS

Nas condições descritas, a carga distribuída 𝒑𝐈 = (𝑓I ∙ 𝑏 ∙ 𝑡), que corresponde à resultante das forças de inércia por unidade de
comprimento segundo a direção do eixo 𝐺𝑦 , é uma função linear da coordenada 𝑦 , expressa por 𝒑𝐈 (𝒚) = (𝝆 ∙ 𝒃 ∙ 𝒕) ∙ 𝒚 ∙ 𝜶 .

Conforme é ilustrado na figura, esta carga distribuída é estaticamente equivalente a um


binário constituído por duas forças 𝑭 perpendiculares à placa e braço igual a 𝟐𝒉/𝟑 ..

Uma vez que o momento resultante da carga distribuída 𝑝I (𝑦) deve igualar o momento 𝑀,
(condição de equilíbrio), tem-se que:
2ℎ 1 ℎ 2ℎ ℎ2 𝒉𝟐
𝑴=𝐹∙ = [ ∙ (𝜌
⏟ ∙ 𝑏 ∙ 𝑡) ∙ (ℎ/2 ∙ 𝛼) ∙ ] ∙ = (𝜌
⏟ ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑡) ∙ ∙ 𝛼 = (𝒎 ∙ )∙𝜶
3 2 2 3 12 ⏟ 𝟏𝟐
|𝒑𝐈 (𝒚=±𝒉/𝟐)| 𝐦𝐚𝐬𝐬𝐚 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥,𝒎
= 𝑰𝐱

Conclui-se, assim, que o valor de 𝜶 produzido por um dado momento 𝑴 é inversamente proporcional ao fator (𝒎 ∙ 𝒉𝟐 /𝟏𝟐),
sendo 𝒎 a massa total da placa, dada por 𝑚 = 𝜌 ∙ (𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑡), e 𝒉 a sua dimensão na direção perpendicular à do eixo de rotação.
Este fator, indicado por 𝑰𝐱 , é designado por MOMENTO DE INÉRCIA da placa em relação ao eixo 𝐺𝑥. 𝑰𝐱 = 𝒎 ∙ 𝒉𝟐 /𝟏𝟐

QUESTÃO: Se a totalidade da massa da placa for concentrada num ponto, a que distância do eixo 𝐺𝑥 deve ser posicionado
esse ponto para que os momentos de inércia da massa pontual e da placa, em relação ao referido eixo, sejam iguais?
𝒉𝟐 𝑰𝐱 𝒉
Indicando a referida distância por 𝒊𝐱 , obtém-se a fórmula seguinte: 𝑰𝐱 = 𝒎 ∙ = 𝒎 ∙ 𝒊𝟐𝐱 ∴ 𝒊𝐱 = √ =
𝟏𝟐 𝒎 √𝟏𝟐

O comprimento 𝒊𝐱 assim determinado, 𝒊𝐱 = √𝑰𝐱 /𝒎 , é designado por RAIO DE GIRAÇÃO da placa em relação ao eixo 𝐺𝑥.

(FA.ULisboa) CONCEÇÃO ESTRUTURAL ‒ (Anexo) pág. 3 ‒

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