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© Presses Universitaires de France, 1979

Título do original fr~nc~s: Psy~hologie des minorités actives


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Capa: Graph it
- J.

Tradução da edição espanhola: Aline Reis Calvo Hernández


Revisão da tradução: Aureliano Calvo Hernández
Gotejamento com a edição francesa: Aline' Accorssi
Gotejamento com a edição inglesa : Pedrinho Guareschi
Colaboradores: Cláudia Galante, Cristiane Redin Freitas, Denise Amon, Graziela Werba, Hélio
Possarnai, Márcia Pedroso, Marcos Santos, Sarnantha Torres
ISBN 978-85-326-4194-6 (edição brasileira)
ISBN 2-13-047745-3 (edição francesa)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação {CIP)


{Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
índices para catálogo sistemático:

Moscovici, Serge .
Psicologia das minorias ativas / Serge Moscovici ; tradução do Grupo de Leitura ._
"Ideologia, Comunicação e Representações Sociais" ; responsável Pedrinho A. Guareschi.
Petrópolis, RJ : Vozes, 2011. - (Coleção Psicologia Social)
Título do original fraricês: Psychologie des minorités actives
Bibliografia
ISBN 978-85-326-4194-6
1. Conformismo 2. Influência (Psicologia) . . m Série.
3. Luta de classes 4. Mudariça social I. Guareschi, Pedrinho A. II. Título. ·
CDD-302
11-07391
1. Processos psicossociais : Psicologia social
302
SUMÁRIO

Apresentação da edição brasileira, 7


Parte I - Consenso, controle e conformidade - A
influência social a partir da perspectiva funcionalista, 11
1 Dependência e controle social, 13

2 As pressões em direção à conformidade, 28


3 O confronto entre a lógica das teorias e a lógica dos fatos, 48
Parte II -Conflito, inovação e reconhecimento social - A
influência social do ponto de vista genético, 71
4 Minorias, maiorias e normas sociais, 73

5 O ponto crucial da mudança: o conflito, 100


6 Os estilos de comportamento, 116
7 Normas sociais e influência social, 162
8 Conformar, normatizar, inovar, 177

9 Minorias desviantes e reações das maiorias, 210


Conclusões, 235

Ap~n~ce - A dissidência de um só: com respeito a


Sol1emtsyne, 239
Referências, 267
índice, 285
1
~{111 ~
1
CIAL
DEPENDÊNCIA E CONTROLE SO

o me en ga no , a ma ior pa rte do s es tudos relativos à in-


Se nã
cia so cial an aliso u pr inc ipa lm en te as razões pelas quais as
fluên a indu-
lizados com exi
pessoas se conformam e os meios uti es senciais determinam
orm are - . as perg un tas
zi- as a co
,--o pens1nnento e pesquisa atual.
im po r se us pontos de vista a
O . Por que e a um subgrupo?
co mo um gru po ten ta
um indivíduo ou
um subgrupo aceita os pon-
'
'

@ · Po r qu e e co mo um ind iví du o ou
ta de um gru po e dos (lid ere s, pe ritos etc.) que o re-
tos de vis
presentam?
As proposições que seguem co
nstituem as hipóteses funda-
s qu ais no s ap oia mo s pa ra res po nd er a estas perguntas.
m en ~ na
~~~- :
cia l em um grupo es tá
11 proposição: A influência so
ercida de m od o
desigualmente repartida e é ex
unilateral.·

pr es sa ne sta pro po siç ão é mu ito clara e apela ao


A ideia ex
m- sen so . A inf luê nc ia po de int erv ir quando há, de um lado, uma
bo an alo gia com os proces:
ou tro, um alvo. Ut ilizan do um a
fonte e, de
s de co mu nic aç ão (R OM ME TW EIT , 1954), poder-se-ia dizer
so rm ativas e o emissor de
o em iss or de inf orm aç õe s no
que a fonte é
l~ênc ia, en qu an to qu e o alv o é o rec eptor de informações nor-
inf co ntrapartida, cabe fazer
mat~vas ou o rec ep tor de influê nc ias . Em
Im
_ po rta nte esc lar ec im en to: a inf luê ncia, como a transmissão
um cida
a-se de modo assimétrico. Ela é exer
ão, mas não no sentido inverso.
s_de fonte, alvo e direcionalida-
nCia. Oque distingue os modelos
são as regras seguidas na definição e na combinação destes
·tos No modelo que acabo
ce1 ·
de descrever
. fl ,. • ,
- o modelo fun. c1onn1~
. con-
ta _ 0 papel da fonte de 1n uenc1a, o emissor, e o papel d o.us-
mfluência, 0 receptor, estão.delimitados e estabelecidos ~0alvo de
cisão. As descrtçõ ssor se referem sem r mPre-
seus representantes legítimos (lideres, delegados etc.) 0 u , o, aos
soas que, de um moo.o ou de outro, detém o poder e os reu as Pes-
. ~ cursos (
competência, por exemp1o). A s des~nçoes do receptor se limi a
aos indivíduos, ou subgrupos, que nao ocupam nenhuma sit t8:X1
privilegiada, que não possuem poder nem recursos e que uaçao
ou outra razão, tendem a desviar-se. Estando posta esta ~t:r ~a
de papéis, segue que a fonte de influência não é jamais con81~çao
da como um alvo potencial, nem o alvo de influência com era-
fonte potenC1·a1. uma °
A consequência desta assimetria fundamental é que O P.
. . goza do prest'1gio
de vista da m8.lona . da verdade e da norma eonto_
pressa _o sistem~ social em seu conjunto_-_Correlativamente, 0 P~~-
to de vista da rmnona, ou qualquer opllllao que reflita um ponto de
vista diferente, é considerado como um produto do erro ou do des-
vio. Daí a definição que, supõe-se, todo estudante conhece:
Odesviante éum indivíduo que se comporta de maneira djferente do
previsto pelo gru: o ou pela êültura em que se desenvolve. OuandÕ
e pesquisas so re a comunicação e o consenso nos grupos
de discussão, otermo desviante se aplica a todo indivíduo cujos pon-
tos de vista são nitidamente diferentes dos da maioria, denominados
pontos de vista modais (JONES & GERARD, 1967: 711).

Por que os indivíduos e os subgrupos somente são considera-


'-'
dos como receptores de influência? Fundamentalmente, porque se
supõe que vivem em um sistema social fechado. Segundo Asch,
cada ordem social apresenta a seus membros uma seleção limita-
da de dados físicos e sociais. O aspecto mais decisivo desta selet~-
vidade é que ela oferece condições às quais não há alternativa vi-
sível. Não há possibilidade de alternativa para a linguagem d?
grupo, para as relações de parentesco que pratica, para se~ :egi-
me alimentar, para a arte que preconiza. O campo do individuo,
sobretudo numa sociedade relativamente fechada, encontra-se
em grande medida circunscrito pelo que está incluído no marco
cultural (1959: 380).
~-ti~ ~ { ~
Tudo se encontra, pois, concentrado em torno do ~olo das
la ões sociais onde se reúnem aqu~le~ qu~ determinaJ?. os
r~ ~entos desta cultura. São os que estao autonzados a dec1_cfi: o
e e é verdadeiro e bom. Toda opinião divergente, to?o JUIZO
::ren te, representa um desvio em relação ao Cil:le, e real e
verdadeiro. Inevitavelmente, é o que oc~rre ~8:fldo o JUIZO emana
de um indivíduo ou de um subgrupo mmontano.
Nestas condições, é evidente que o grupo produz também re-
ferências relativas à origem das informações. Mas é evidente tam-
bém que os membros do grupo que se forma não possuem nada
próprio para produzir, já que não ~spõem ~os meio_s ~e ~e~ per-
mitiriam conceber alternativas válidas. Dm a convicçao tac1ta de
que as opiniões mais correntes e meno~ ex:re~as d~ maioria têI?
um valor positivo, possuem um peso ps1cologico mmor. Correlati-
vamente, as opiniões menos familiares e mais extremas da mino-
ria, ou das pessoas que não foram investidas de autoridade, pos-
suem um valor negativo e um peso psicológico menor .
Na linguagem ordinária, como no plano experimental, isto se
reflete na hipótese segundo a qual um indivíduo, conduzido a esco-
lher entre duas séries de opiniões, uma atribuída à maioria ou a um
líder e outra a um desviante, ou a um indivíduo não especificado,
optará espontaneamente pela primeira. Na realidade, não está em
questão a escolha autêntica. Como nós observamos anteriormente '
oponto de vista da maioria é a única opção justa, normativa; o pon-
to de vista
.
da minoria não é simplesmente outro ponto de vista ' é
~ v~10, uma não opinião, definida como não majoritária, como
anormca (e, portanto, contrária à evidência etc.). Em outros termos
a r?la~ão se concebe como unidirecional; o grupo, a fonte de in~
fl~e~cia, tom~ ~a própria decisão sobre a base dos estímulos, do
c?digo e do~ ]UlZos que ~le instaurou, enquanto que os juízos, o có-
digo e os estímulos da minoria, ou dos indivíduos, que são evidente-
mente alvos de influência, estão determinados pelo grupo.
d .I~t~ não é tudo. Uma vez que essa assimetria tenha sido posta
e 1Illc10, um dos pares sociais é definido como ativo e aberto à
mudança e o outro como essencialmente passivo e submetid ,
:udan~a. Tudo o que constitui um direito ou um ato positivo
Pnmeuo, toma-se uma obrigação ou uma priva ão
P~:
~~· tee: co~plementartdade dos papéis afasta çtod~ ~~s~ :=:
eraçao real. Confinado nesta situação o m·di 'd
' VI UO, OU O

subgrupo minorit~o . te~ somente u_ma ~aída: o desvio ou .
pendência, ou seJa, a retrra~a, que implica a ameaça de a incte-
mento do seio do grupo e diante do mesmo. Em tal e afasta-
passividade conformista assum·e·do mati z positivo da odntexta, a
d · ª apt~çã0
conquistada, enquanto que a at1v1 a e, a movação, a at't1
vidualista, conotam pejorativamente a não adaptação. Ude llldi-
Deve-se lamentar que ao lado desta conformidact
mente estéril, fundada na submissão e na repressão dee rel~tiva-
atitudes autênticas, não se tenha levado em consideraç~eaçoes e
tência de uma conformidade produtiva baseada na souctªº.ª eXis-
na satisfação advinda de reações e atitudes autênticas ~nectacte,
entam em direção a um objetivo o~ m8:co comum. É ffiUitoel se n-
0

tável que se tenha ressaltado a ace1taçao passiva da norrn darne n-


0
po e não sua conformidade ativa ..Ot certo é que as hipóteª Qru-
~ ses CIUe
servem de base a este ponto de vis a nao poderiam ter des rnb
cada em nenhum outro resultado. e o-
Do mesmo modo, a independência é considerada, ante d0
tudo, como uma resistência à pressão coletiva, como uma esp~ .
de passividade ativa ou de negação obstinada, e não em termos~e
iniciativa, ou de desafio às atitudes e decisões do grupo. Anã~
conformidade é igualmente considerada como um protesto, uma
ruptura das relações e não como urna atitude que leva a modificar
estas relações: "O anticonformismo implica um movimento siste-
mático de afastamento em relação às expectativas sociais'' (HOL-
LANDER, 1964: 423).
Isto equivale a estabelecer uma distinção rigorosa entre os
que impõem a conformidade e os que a aceitam: os primeiros po-
dem utilizar o poder da co~ormidade contra os segundos . Na rea-
lidade, em se tratando de independência, ou anticonformismo, um
indivíduo define seu eu em referência ao grupo ou às expectativas
sociais, e não pelo que ele espera do grupo ou da sociedade. Isto é,
no mínimo, o que se extrai dos textos citados. Estes mostram que,
além de algumas observações gerais, outorgou-se pouco interesse
ao significado da independência, ao modo de enfocá-la ou à ma-
neira como uma pessoa chega a tornar-se independente. Em_ ou-
81
tras palavras, a independência como forma de afirmação de , de
ação coletiva ou individual, apesar de estar presente em numero-
sos fenômenos observáveis nos pequenos grupos (grupos ~e se~-
totalmente
sibilização, ou grupos de diagnóstico, por exemplo), foi
negligenciada no campo da pesquisa científica.
te fato.
Alguns psicólogos sociais tiveram consciência des
, concreta-
Asch, por exemplo, afirmava que "não está justificado
social deva
mente, supor de antemão que uma teoria da influência
6: 2). Há al-
ser uma teoria da submissão às pressões sociais" (195
conformida-
guns anos, Kelley e Shapiro (1954) sustentaram que a
de um gru-
de pode inclusive constituir um obstáculo à adaptação
forrnistas
po a uma realidade em transfarmação; que os não con
seus pares,
podem ser indivíduos populares tendo a simpatia de
avam que,
sem a reputação de marginais ou desviantes. E lament
ependên-
empsicologia social, não se desse a devida atenção à ind
da impor-
cia, sinal, nas opiniões deles, de um desconhecimento
tância que possui na vida real.
efeito.
Estas observações não tiveram praticamente nenhum
es, a pri-
E, sem negar a existência de algumas opiniões divergent
so.
meira proposição parece expressar um amplo consen

de
21 proposição: A influência social tem a função
manter e reforçar o controle social.
o deli-
Supõe-se qu~ "~s indivíduos só podem cumprir uma açã con-
a de
berada, ~u 2,.onstitwr um grupo, mediante alguma form
autores
trole soCial" (HÁRE, 1965: 23). Deve-se postular (e muitosos indiví-
ofazem) que, para que exista tal controle, é preciso que
mesmos
d~o~ ~o ssu ~ os mesmos valores, as mesmas normas, os ram Su-
~tenos ~e Jlllzo e que todos os aceitem e a eles se refi ·
amda, que O ambien · , ,
poe-se te e unico e semelhante para todos
E al, ivíduos ~
o:1s~ contexto homogêneo, é fácil imaginar que os ind
grau d~ !~s ~abem o que se ~sp,era del~s eaçõ que a significação, o
- a ~ ~u de erro atribUido a suas es, a suas er -
mfne ~:.
~! ~e :: seus JUIZos, não pode interpretar-se de várias
etivos, a
eXistênciaºct~;do se pa,ssa P8:fª a realização destes obj
lo pelos
membros do gru;~~:~:set~~~!!~:~a ~orno u~ obstácu
belecer as fronteiras do grupo para ex ~a r ~s ~~renç as, a esta-
que recu-
sarn aceitar a mudança Mas não h, .urr os mdividuos
Com6 se supõe .que tais. 'controlado!~~~taorodle sem controladores .
· . ._ . etentores de uma sa-

17
bedoria superior e um nobre. d~sintere~se, não é estranho
exerçam O poder para seu propno proveito. Que
A influência que visa persuadir os outros a aceitar O P
vista que convém aos controladores, também tem a maioronto de
bilidade de êxito. Nao · que parafrasear a Secord eProba
- fiz mais B -
man, mas é melhor ceder-lhes a palavra: ack-
Os controles normativos aparecem na zona de comportam
onde os membros tornam-se dependentes do grupo Para e~to
fação de suas necessidades. As atitudes e os campo~satis-
necessáiios à sat~fação d~ ~~ssoas mais poderosas do entos
A

são os que tem mruores possibilidades de levar à formação dIDU:po


mas (1964: 351). e nor-

As normas denominadas "comuns" são, inevitavelmente


normas da maioria, ou da autoridade. Em consequência, todo d~
vio em relação a estas normas implica duas coisas ao indivíduo·
um lado, urna resistência, uma não co~oII?idade que ameaçaº~
;s
movimento do grupo; de outro, urna carencia: o indivíduo não co-
nhece a resposta adequada, não é capaz de descobrir quais são as
boas respostas. Em ambos os casos, o afastamento em relação à
maioria, ao especialistE., ao líder, por exemplo, é sintoma de inferio-
ridade ou de marginalidade. Implica um tratamento diferencial dos
indivíduos no interior do grupo; em outros termos, implica desVio.
Repetidamente, em algumas experiências, o indivíduo é levado
a crer que está errado, que seu comportamento é anormal; chegan-
do a ficar ansioso etc. Foi demonstrado, ainda, que tal indivíduo não
pode exigir a estima e o afeto dos demais: é impensável qUe possam
escolhê-lo para desempenhar qualquer tipo de função, independen-
temente de sua inteligência, da exatidão de suas opiniões, ou does-
forço que realizou para compreender sua situação.
A consequência é clara. Se as exigências de controle social si-
tuam a autoridade legítima em urna extremidade e o suspeito des-
viante ou dissidente em outra, elas determinam igualmente as
condições de funcionamento ideal do grupo, a saber, a redução ao
mínimo das divergências entre seus membros. Na teoria de Fes-
tinger, à qual fiz alusão anteriormente, a pressão que se exerce sobre
a uniformidade nos grupos informais corresponde à necessidade de
realizar este ideal. A teoria não especifica de farma explicita que ª
pressão deve exercer-se inevitavelmente sobre o indivíduo ou so-
~
<::J.il '
oritário. Ela poderia pesar também sobre a maio-
ria ou sobre a p soa que exerce a autoridade.
Não obstant , o próprio Festinger (1950), seus colabo~~dores,
e a maior parte os psicólogos sociais, entenderam e utilizaram
esta teoria com se a uniformidade devesse est81Jnstaurada co~
..tra o desyi§_nt . sta orientação influen?ou_ autores_qu~ tentar~rn
demonstrar experimentalmente a existenc1a de d01s tipos de m-
uência social (DEUTSCH & GERARD, 1955; THIBAUT & STRI-
CKLAND, 1956): o primeiro que se denomina "informacional" ou
"centrado na tarefa", referente à relação com o objeto. Osegundo,
nomeado influência "normativa" ou "centrada no grupo", remete à
necessidade de orientar-se sobre opiniões idênticas . Esta influên-
cia está determinada pelas relações entre os indivíduos e não pe-
las propriedades do objeto. É reforçada pela coesão do grupo e por
outras vantagens ligadas à coesão, que servem para atrair mem-
bros no grupo. Assim, a coesão e a atração atuam para reduzir
toda distância que possa separar os membros de um grupo que
sustentam pontos de vista diferentes . A coesão e a atração colo-
cam um obstáculo interno à tendência de afastar-se do grupo e en-
trar em um grupo diferente, buscando, por outro lado, a solução de
seus problemas e a satisfação de suas necessidades.
Toma-se claro que todo um conjunto de conceitos - movi-
mento de grupo, coesão, influência social normativa etc. - forne-
ce, de diversas maneiras, uma expressão concreta para a ideia de
controle externo ou interno do grupo sobre seus membros. Estes
conceitos, como se sabe, foram objeto de estudos detalhados e
profundos em condições experimentais diversas. Revelam tam-
bém o que, nesta perspectiva, constitui o objetivo final dos pro-
cessos de influência: a recuperação dos desviantes. Seu mecanis-
mo específico consiste em igualar a todos, em bloquear a particu-
laridade e a individualidade das pessoas ou dos subgrupos. Quan-
to mais longe se leva o processo de identificação e des-indivi-
dualização, melhor será a adaptação de cada indivíduo aos demais
e ao ambiente.
~or exemplo: como se trata, habitualmente, a coesão do grupo
na ~daAreal e nas experiências? Dizendo às pessoas ou aos sujei-
tos mge~uos que, baseados em sua inteligência, nos testes de
person~d,ade, nos votos e nas enquetes etc., todos são semelhan-
tes. A hipotese que sustenta esta manipulação é bem conhecid :
a coesão. ou a atração, d~s pessoas é maior quando elas 8
deram semelhantes e mais fraca quando se consideram dif e consi-
II II

Tal é a força compulsiva do nós" ou do grupo". Por sua Vez erentes.


· d · fl ~ · ·
portãncia quant1·tat1va a m uencia se mede, na ffiai , aun.
experiências, pelo afastamento da opinião do desVi~; Parte das
ção à opinião do grupo. Ela reflete simultaneamente e em _reia.
aos outros e a perda da individualidade. a SUbnussão
Raramente o !JlOvi mento inverso foi levado em con ·ct ~
d . ==-- s1 eraça
Á, ans~ ado e~ o Jeto
b.
~ pesqu i~a~ Ocasf onâlrn
ram-se certos efeito~ boomerang: eles implicam uma notávei ~ ta-
gência entre o desviante e o grupo. De modo curioso est di~er-
ente- --º e
0

nunca foram seriamente interpretados como efeitos de U:u~~lt_os


nem submetidos a um e~ame ~tento. Por _que, depois de tudo eia,
der-se-ia tempo com tais fenomenos .acide ntais, já que el 'P:,r-
. d es nao
parece li
i:i. gdar-se aos aspte'ct os essent c1ais a sociabilidade? Não é
necessano emonstrar a e que pon o estes conceitos determin
rama ideia que o estudante forma da realidade, sua concePçao ~-
. soc1.al e d e seus meto
. logia , d os._De todas fonn
mesma da ps1co . ~ :--- ~~a s,
nota:se e1aramente em que me a did a impor tancia concedida ànã'0
..:aifurencia ão, à coesao e a pressao normativa do grupo e
da · e retação a uencia e .eia e mte a arte
no todo, dom uo na coletividade.

3! pr,oposição: As relações de dependência determinam


a direção e a importância da influência social exercida
em um grupo.

É difícil compreender por que a psicologia social foi tão obce-


cada com o conceito de dependência. O conceito em si não é cla-
ro, nem evidente. Além disto, ali onde se exerce a influência, há
múltiplas tentativas que tendem a modificar as opiniões e o com-
portamento entre iguais, sem falar da regra de ouro dos agentes de
publicidade e dos propagandistas políticos, que é evitar tudo o
que poderia dar a impressão de que eles representam interesses
poderosos, ou que eles querem interferir na autonomia da pessoa
ou do grupo.
. Ocerto é que a dependência adquiriu a condição de v~á~el
mdependente relevante no estudo dos processos de influenCJa.

20
, . expJ.íea os efeitos da
e a dependêne1a u-
Poder-se-ia dizer tarnbem qu_ da vez que se observa uma md
iniluência. Admite-se Bl:1ª, açao ca dante que utiliza o manual e
dança de opinião ou de ~~zo.i :~ade de congruência, _com? a
Hollander aprende qu_e a co . o licam uma aceitação da mfluen-
conformidade de moVlll!en~o:, ~fe7: 57). Os franceses dizem cher-
cia que revela a depen~e~cia ( . . dizem "procurem a depen-
chez la femme1, e os p~co!~gos soc1ru~emos as coisas mais de
dência e tudo se explicara . Ma~ e~. .
erto: os detalhes são sempre s1gnificat1vos. . . "
P Pode-se de fato observar, que, quando. falamos
• - deàs"rmnonas
vezes do,
não fazemos referência ao numero (as mmonas saot,o a mniorta)
ponto de vista demográfico_, tã.0 _importantes
d ,quan
r cu.
gica da domina- '

mas à desigualdade na distribUiçao dopo er, a o . de


- Ahierarquia social expressa diretamente esta des1guald_a . .
i~~~ lado, a atribuição de "situação" (o clérigo na Idade Mecha,
o senador do século XIX, o secretário do part1?0 comunista hoJe,
ocupam situações-chave) garante certa autondade sobre os que
não gozam dela. Por outro lado, a superioridade out~r~ad_a ao es-
pecialista, ao conselheiro do príncipe, ou ao ~e r_e1:71I1dica uma
área do saber na divisão do trabalho deve, em prmc1p10, assegurar
a superioridade sobre aqueles que carecem desta reputação. Em
todos casos, o resultado é que os situados no cume da hierarquia
possuem maior influência que os que se encontram embaixo. Ao
mesmo tempo, os indivíduos ou subgrupos que possuem uma
condição elevada, encontram-se submetidos a uma influência
menor que os que possuem uma condição inferior.
Diversas observações experimentais demonstram que os su-
jeitos que possuem um status social elevado influenciam os que
possuem um status social inferior (HARVEY & CONSALVI, 1960;
BACK & DAVIS, 1965). Em contrapartida, o estudo de Jones (1965)
mostra que a relação entre a influência e o status social é mais
complexa; cada indivíduo, independentemente de seu status
aceita a influência e tende a conformar-se para obter a aprovaçã~
dos outros.

Além disto,_outr?s fatores, como a competência, asseguram a


autondade do mdiVJduo no seio do grupo e o destacam como

1. Expressão francesa que conota um ato que se supõe ser de origem Passional.

21
r agente d~ inf!uência ~BACK
as de ~ gr am
& DA VIS, 1~?5
~o bre a ob
;_HOCI-fBA
ediencia (1965) cu¾~19&1).
As expe rten~
nte ilu stra ça o de ste aspe cto da reahd ~tlielll
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experimen Je nte. Prisi on eiro na Ied eia era Uina
justificativa aparen te m en te su fiC
ca so , pe la co mpetência do cie e_da~utoa.
dade, represen . t:a da , ne ste ntfot..
. do pe1a 1eQ.Jti. n)jdade da ~ 1 4 , _e
excessivamente impress10na m ente o outro. ci-
um ho m em to rtu ra ce ga
entífica,
pe riê n~ ~ m ~n os se ns ac ionalistas mostraram . .
Outras ex ed ec en do a in dividuos d lndi-
viduos de status so e1 al in fe no r ob
social superio
du as com pe
r,
ten_
in
tes
di
.

1:,
du
co
os
nv
in
~r
co
g~
m pe te nt es
n~~ d~stes estudos é tão
significativos, em minha opini
~r:.·
se submetendo ae·~ ~
ão
ende nte qu e te na m S1 do m aI S
nf irm ar , ele s tiv es se m de nunciado o caráter errô~se,
em vez de co é mais importante que O<lire~
a, se gu nd o a qu al a fo rç a
da máxim o co m um . Em outras palavras: os
po lític a e no se ns
to, adotada em ia se, em lugar de tentar mos-
ria m tid o m ai or re levâ nc
estudos te ado as circunstâncias-
tivessem lig
trar que a máxima era exata, s em que não se aplicavam.
, po r ou tro la do - àq ue la
tão estranhas qu er o ch am ar a atenção sobre
de va lor , m as
Não tonnulo um juízo
oncebida.
a existência de urna ideia prec
também foi objeto de pesquis
as
cia in st ru m en ta l
A de pe nd
em profundidade
indivíduo conf
ên

lit
.
an
En
do
qu
-s e
an
co
to
m
a
o
de
sis
pe
te
nd
m
ên
a
cia institucional mostra o
social, esta outra forma de
o de certa "necessidade
G
m ais lig ad a à sa tisfa çã 1
dependência está ui se apresentam são práticas:
". As pe rg un ta s qu e aq
dos demais em a reje ita? Em quais situa-
e in flu ên cia e qu
Quem se submet à
ad otar as atitudes de outro,
tens ific a a ne ce ss id ad e de
ções se in Em re su m o: precisamos saber
ên cia m ais fá cil?
tornando a influ pe ndente; como nos tomamos
co nfor m ist a e qu em é in de
quem é ndentes.
os indepe
conformistas e como nos tornam
nsidera-se se m pre co m o ve rdade estabelecida que, em um
Co ram muito mais devido à mu-
pessoa s qu e se desv iam er
grupo, as de acordo entre elas e com as
pe ssoa s qu e es tão
dança do que as

22
~ CSWo ~ r ~~ ~ên-
d grupo(FESTINGERetal., 1$ ). ·asdedependêne1a:
normas o duzemaduassubcategon I
~ -rv'l'k./'
b _ - / ,
. àm~uça sere .
e1a -- k_;JL, D.u.R_V .J,(_,,, -
A • • ~ se observ nas situa~oes em
- , -

a) A dependen~a de efeito qu membros do grupo tem pr~-


. divíduos desviantes ou outros RARD 1967) As necessi-
que in 'd d (JONES & GE , . - dif
blemas de personali a e - ·a1 de autoestima, sao e-
dades de afiliação, de aprov~çao soe1~+ 'sta a necessidade dos de-
rentes aspectos sobre os quais. se manue
te ligada à influência. O s m
. di
-
mais, que parece _estar estreit~:a intensa, estas necessidades
víduos que expenment~, de ~o mais propensos a confor-

mar-se do
menor grau.~
qu:!~~:
de afiliação, de autoestima etc.'. s:ntam estas necessidades em

.
s:~=-:~o menos capacitados para re-
sistir à pressao soe1al e sentem~se
mais inclinados
. a seguir
a dosa maJ.o-
ria e os líderes, esperando assim serem aceitos e am . .
Os estudos empíricos confirmaram estas previsões. ~m,parti-
cular, dois estudos evidenciar~ o !ª_to
de qu~, ~anto maior e~ ne-
cessidade de aprovação de um mdividuo, mruor e seu conforrru.smo
(MOELLE'R & APPLEZWEIG, 1951; STRICKLAND & <?~OWNE,
1962). Por sua vez, Dittes (1959) demonstrou que os suJeltos que
eram encorajados a acreditar que eram aceitos por um grupo,
sentiam-se atraídos por ele e que, quanto mais fraca era sua au-
toestima, mais possibilidades tinham de submeter-se às pres-
sões do grupo. Muitos _outros estudos mostraram o papel da an-
siedade (MEUNIER & RULE, . 1967; SMITH & RICHARDS, 1967;
·MILLMAN, 1968). A importância da necessidade de filiação tam-
b , oi objeto de estudo (HARDY, 1957).
Em suma, certos individuos estão destinados à submissão,
outros à independência, e outros, enfim, à oposição .
. Até ce .............o, estas experiências sao supe uas. Todas elas
tendem a mostrar que certos traços de personalidade geram, seja
a dependência, seja a independência, de acordo com urna neces-
sidade profundamente vivida: a necessidade dos demais. Na reali-
dade,, e apesar do grande número de estudos existentes ' não é
poss1vel compreender com clareza o mecanismo que regula esta
necessidade; ~do o que se fez até aqui foi inventariar uma grande
vanedade de situações nas quais este mecanismo entra em jogo.

23
b) Adependência de informação correspond ,
têm os indivíduos de buscar a exati~ão objetiva ~:
tend~nCia
bre os fenómenos, de procurar a validação de seu8
~eus JUizosQue
desta n1aneira, adaptar-se ao ambiente . Quando creJUl garnento so-
. ti' · ern nao.. Pocste'
alcançar este obJe vo por s1 mesmos, veem- se ob .
rer a outros individuas·tpar ngados a rec er
a julgar e para Validar seu
, l da adaptação indiVid s Pr
.mevi ave , os hú or-
, ºPri
zos. A passagem
ld"ª ~daptaçã -
social, da dependência direta do ambie,. nte à depeUan enc1a o
aminh infl
opar~ a uencia . As circ uns "
tan a~ra vés
dos outros, abre o e ~as- e
elas são numerosas - , ~as ~aJ.s este apoio social
to
se_ llldis-
pensável, foram tambem obJeto de estudos eXper' rna-
tais . Po-
der-se-i~ mencionar, entre outras, a incerteza refere ~e~ fian_
ça que se pode ter nos seus sentidos e nas suasnce
ªC~n
G ;~acictactes
(HOCHBAUM, 1954; DI VESTA , 1959; ROSENBER 1 3
vidas sobre a sua inteligência, a falta de fé em seu' Pró
ª~
): ~ú-
(ALLEN & LEVINE, 1968).? grau de autonomia,
ou de i;o Jllízo
terona-
mia , é diretamente proporcional ao fato de possuir, ou de crer ,que
se possuem estas qualidades.
A partir destes estudos foram elaborados os retrato
s da o-
Pers
t a sub me ter-se, e da per son alid ade
~alidade dependente, pos adis
r:
mdependente, que recusa submeter-se. Escreve Steine
rito co _
Foi dito que os confonnistas se caracterizam por seu espí flexív:l
e
vencional, responsável, cooperativo, paciente, sincero
se no
na vida social. A autoavaliação destas pessoas punha a ênfa de
ncia
sentimento maternal, na afiliação, na humildade e na ausê ta-
estri
sintomas psiquiátricos. Estas interpretações concordam
as quais
mente com as averiguações de Di Vesta e_fox, segundo
dócil e ,
o indivíduo que se conforma é moderado, introspectivo,
istas se
solícito com os demais. Segundo Vaughan, os conform ran-
segu
classificam em rúvel inferior no plano da inteligêncíé., da
e da im-
ça, da resistência nervosa, da extroversão, do realismo
portância da teoria (1960: 233).
fazem
No extremo oposto, situam-se as características que
er à in-
com que os indivíduos sejam menos suscetíveis de ced
fluência:
Estes indivíduos possuem um grau elevado de cert
eza em relaç~o
a sua própria percepção· sentem-se mais competpertentes ou mrus
l'\Q mio ()C riAmAi~ 01 ] bem
se consideram encentes a
· ia·, consi-
contra o juízo da maior
estão de acordo coabm ele~ÍÍerença de si mesmos, c~mo fon-
po que quem s e a .
ais nfim quase nao veem
der::i:açã~ carentes de !t:a:~~~f:ç:0 de 'seus próprios ob-
testagens no conforrni~~o
van • essene1ais P(H~LLANDER, 1967: 558).
. tivos pessoaIS

Je bô não devem considerar-se


É vidente que estes retratos-ro os dependente é "mais sim-
e tr to da pessoa men re
pédaletra. Ore a . dependente, algo menos sur:? -
ª1tico" do que o da pe~~oa m~~onforrnista é habitualmente fra-
~ndente C!U:e con~adito~o~ss!dependentes, ou desviantes, cons1-
co ,,, como eposs1vel
"t rt s"qusigam
. . ·a , que costuma estar .com-
a maion d
derados como ~ e ?Arela ão entre os traços da personalida_ e
posta de conforrms~. e de ;er estabelecida. Os fatores s1tuaC10-
eo_ confo~!=~~ente (GOLDBERG & RORER, 1966). Eu
rnllS mterve:estabelecimento de tal relação apresente um grand_e
duVIdo quior um lado ela não explicaria nada: nem a personali-
dade, nem a influe"ncia'·, ela somente revelaria
interesse. . apenas covariações
alm t
de fatores, não relações de causa e efeito. De outro, S{:'. re en e
estas diversas "necessidades" pudessem explicar fenomenos so-
ciais, já não seria necessário analisar os feno~e~os de um ?onto
de vista psicossociológico, ou mesmo soc1ologico. Bastana_ c?-
nhecer os tipos fundamentais de personalidade e sua distribmçao
em um grupo dado, ou na sociedade, para poder predizer os acon-
tecimentos. Sendo assim, a psicologia diferencial substituiria com
vantagem a psicologia social.

Em contrapartida, estes estudos das "necessidades" não de-


monstram nada em psicologia social, nem no campo da influência
social, nem em nenhum outro. Por isso não me referirei a eles na
presente obra, nem como provas, nem como estudos empíricos,
mas como sintomas de uma convicção segundo a qua] a pressão
sobre os deSViantes está sempre justificada porque responde a
certas necessidades que eXistem neles e, em certa medida, é por
eles Provocada. Os deSViantes se prestam à influência, como os
outros se prestam à exploração. OParalelismo não é acidental; o
que B!amel
tambem aos(1972) escreveu a propósito dos explorados, aplica-se
desViantes:

A observação frequente, sewmdo a qua] a eXpJornra,.,"' -- - · ·


mente associada a atitnnac, h - -L·-
atraem a exploração. Poder-se-ia apoiar esta hipót ern f
. . t ese atos
Como este· os arumais parecem a acar e explorar
. . os rne
mais fracos de seu grupo, os gru?os huma nos repud i Inbros
~ e casti-
companheiros desViantes ., os nazis
gam igualmente seus . · d tas ex-
m e assas sinara m os JU eus porque os ·
consi de
Plorara . . os brancos exploraram os ravarn
e

lllfe-
rtores e, tamb ém, peng osos, e
negros porque, para eles, os negros formavam Parte d scravos
inferior, selva~em, ~ qual ~on~ ha os trabalhos duros~ urna raça
A mvestigaçao ps1cossoc10logic a forneceu recente Penos os.
~ favor de uma expli.cação men mente .1,tn
~,,a
excelente explicaçao em t . . os eVícte n
. .
te, porém mais mtere~~an e e mais unportante, da associa ~ .-
tre exploração e hostilidade - a saber:·acaba-se depr . çao en-
vítimas porque são vítimas. Em outros termos, 0 despr!~~~do 8:8
timas é~ res~tado do ~ato de que _est_as s~o exploradas e ma1:s Vl-
das, ~ºª? o mv~r~o. Ail:da que a 1de1a nao seja em absoluto nita-
as ciene1as soe1ais se mteressararn por ela com surpreende va,
atraso (p. 220). nte

Mas, mesmo recentemente, a psicologia soci,al atual não se


interessou ainda pelo comportamento dos desviantes considera-
dos corno produto de um grupo, ou de um sistema que obriga os
indivíduos ou os subgrupos a ocupar urna situação social inferior
: id::e~ia~n;o;;s~p;;e;;rr;;ru~·t~in~
ou marginal.=E=st:a:: ·fi~ ~~s ,
·ª::,.,·~se::m:.:.;;gr:an:;;;d;;e~s~di?
descrever o processo de rn uenc ~~i•~ ao âos seguintes
jn.o.ctelosaesubntissãóZ_ --.
• submissão dos indivíduos situados abaixo da hierarquia de
.status e de poder em relação às pessoas que estão no cume da
,, hierarquia ;
1/ · submissão dos indivíduos que não podem adaptar-se ao seu
r fF) ambiente de modo autônomo em relaç
ão aos indivíduos capa-
i/ zes de adaptar-se de modo autônomo;
• submissão dos indivíduos cuja organização psicológic_a
está orientada para os outros e que são virtualmente desvi-
antes em relação aos indivíduos que não são virtualmente
desviantes.
Pode-se ilustrar a relação em cadeia que leva um subgrupo ª
submeter-se a outro do seguinte modo:
t da dependência ➔ Aumento da pressão social
Aumen ° . ou interpessoal

Aumento do controle social


ou da uniforrrúdade

Diminuição da resistência,
da tendência à autonomia

Aumento do conformismo

Este esquema, cujo significado revela-se de imediato, expli-


ca-se por ele mesmo. Como as diferenças de hierarquia, de perso-
nalidade, de capacidades psicológicas e intelectuais, transfor-
mam-se ·em uma convergência de opinião e de juízo? A resposta a
esta pergunta é que o fato de fundir a dependência no crisol mági-
co das relações humanas transmuta milagrosamente o vil metal
das dúvidas, as idiossincrasias e os desacordos, em ouro de certe-
zas, semelhanças e acordos. Evidentemente, o segredo desta re-
ceita consiste em saber onde se encontra a certeza e o acordo an-
tes de começar o processo. Se todos os homens são iguais, alguns
deles o são' mais que outros, como os animais de Animal Farm de
Orwell. Como a decisão foi tomada, em determinado momento, de
concentrar a atenção sobre aqueles que são mais iguais, não é sur-
preendente que a dependência tenha sido o catalisador escolhido
para favorecer as transmutações requeridas pela influência social.

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