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Para ilustrar como as empresas de diferentes portes e setores têm aplicado com sucesso
estratégias de gestão da inovação, exploraremos exemplos concretos de ações comuns
adotadas por essas organizações. Esses exemplos não apenas fornecerão insights sobre as
práticas eficazes de gestão da inovação, mas também destacarão a importância de adaptar e
personalizar essas estratégias de acordo com as características específicas de cada empresa e
contexto de mercado.
Quatro fatores afetam a Gestão da Inovação: tipos, estágio e escopo da inovação e tipo da
organização. Assim, qualquer generalização de um processo de Gestão da Inovação deve ser
ajustada considerando esses fatores que ajudam a definir etapas coerentes com o contexto
organizacional.
2. Levantamento
Essa etapa se assemelha à “boca do funil”, em que passa a maior quantidade possível de ideias.
Já as subsequentes (seleção, definição de recursos e implementação) são mais restritivas e
rígidas, pois, a cada etapa, uma ou várias oportunidades de inovação são avaliadas e
descartadas.
As ações de prospecção contínua de oportunidades com o cliente devem ser realizadas nessa
etapa de levantamento. As principais são:
Enxergar além do que está visível, aparente, agindo de forma proativa na busca de
novos mercados, produtos, processos, serviços, etc.
Perceber novos canais para distribuição de seus produtos e serviços e novos modelos
de negócio (por exemplo: marketing pela Internet e vendas associadas a outros
serviços).
Identificar sinais que podem implicar mudanças em produtos e negócios (por exemplo:
aumento da concorrência e novos insumos).
Identificar oportunidades para eliminar desperdícios (de tempo, espaço, materiais e
energia) de forma sustentável.
Efetuar comparações entre os concorrentes em aspectos críticos (de serviço,
qualidade, custo, tempo de entrega, entre outros).
Exemplos: Empresas de pequeno e de grande porte que inovaram por meio das ações
realizadas na etapa de levantamento:
3. Seleção
Exemplos: Empresas de pequeno e de grande porte que inovaram por meio de ações realizadas
na etapa de seleção:
4. Definição de recursos
Nessa terceira etapa, ocorre a definição de recursos (humanos, financeiros, de infraestrutura e
tecnológicos) necessários para introduzir e/ou implementar as oportunidades de inovação
selecionadas. As ações dessa etapa precisam identificar as formas de acesso (compra,
desenvolvimento interno, entre outras) aos recursos mais adequadas às oportunidades de
inovação a serem desenvolvidas e/ ou implementadas. As principais ações são:
Após a definição dos recursos (com as respectivas estimativas) e a forma de acesso a eles, é
importante escolher entre utilizar recursos próprios, financiamento, fomento ou fazer um mix
dessas possibilidades.
Exemplos: Empresas de pequeno e de grande porte que inovaram por meio de ações realizadas
na etapa de definição de recursos:
5. Implementação
Nessa quarta etapa, ocorre a execução dos projetos de inovação, com o acompanhamento de
seu desenvolvimento em termos de prazo, custos e qualidade, sempre considerando as
integrações necessárias com outros setores da empresa (logística, marketing e vendas, por
exemplo). Nas ações dessa etapa, devem ser utilizados padrões de gestão e ferramentas que
apoiem o gerenciamento de projetos de inovação, garantindo o uso eficiente de recursos,
cumprimento de prazos e qualidade das oportunidades de inovação a serem desenvolvidas
e/ou implementadas. As principais ações são:
Exemplos: Empresas de pequeno e de grande porte que inovaram por meio de ações realizadas
na etapa de implementação:
6. Aprendizagem
É o momento de refletir sobre todo o processo, revisar etapas, ações e ferramentas e registrar
as lições aprendidas. Nessa etapa, pode-se fazer uso de práticas e ferramentas que apoiem o
processo de aprendizagem, em especial as relacionadas à gestão do conhecimento. As
principais ações são:
Essas ferramentas funcionam hoje como grandes repositórios de informações, e sua utilização
pode estar centrada em aspectos pessoais (a exemplo do Facebook) ou de cunho profissional e
de compartilhamento técnico (LinkedIn).
O modelo linear de inovação, que teve predominância até os anos 1990, foi concebido em um
contexto pós-Segunda Guerra Mundial e moldou por muito tempo a percepção sobre o papel
da ciência e da tecnologia na inovação. Esse modelo era caracterizado por uma abordagem
sequencial e linear, onde as etapas do processo eram bem definidas e distintas. Iniciava-se com
a pesquisa científica básica, passava pela pesquisa aplicada, pelo desenvolvimento
experimental, pela produção e culminava na comercialização do produto ou serviço. Esse
enfoque foi impulsionado tanto pela ciência, por meio da pesquisa pública, quanto pelo
mercado, destacando-se como uma força motriz tanto pelo "empurrão" científico quanto pela
"atração" do mercado.
Por um lado, o modelo "science push" baseava-se na premissa de que a pesquisa científica era
a principal geradora de novas tecnologias, desencadeando transformações na produção e
resultando em produtos ou processos úteis para a sociedade. Por outro lado, o modelo
"market pull" colocava o mercado como o principal demandante de inovações, influenciando a
atividade inventiva e a aplicação tecnológica para atender às suas necessidades.
No entanto, cada força do modelo linear gerava debates e controvérsias, uma vez que os
interesses das partes interessadas - científicas, governamentais e empresariais - muitas vezes
se chocavam. Essas divergências ressaltavam a complexidade dos sistemas de inovação, nos
quais as inovações não podiam ser atribuídas a um único fator inicial, mas sim à diversidade
das fontes de ciência, tecnologia e sua difusão.
Em contrapartida, o modelo paralelo de inovação surge como uma evolução do modelo linear,
reconhecendo a complexidade e a interconexão entre as diversas fases e organizações
envolvidas no processo de inovação. Destaca-se pela sua abordagem mais dinâmica e
integrada, que considera a interação entre ciência, tecnologia e mercado, influenciada pelo
sistema econômico em que as organizações operam.
Esse modelo enfatiza que a inovação não é um processo linear, mas sim um ciclo iterativo de
interações e feedbacks entre as diferentes etapas do desenvolvimento. Por meio dessa
abordagem, as empresas buscam informações sobre as necessidades dos clientes e as novas
tecnologias ao longo de todas as etapas, desde a pesquisa até a comercialização do produto.
Isso aumenta as chances de transformar ideias em inovações reais, alinhadas com as
demandas do mercado.
Além disso, o modelo de inovação aberta amplia as fronteiras internas da empresa, envolvendo
interações tanto dentro quanto fora da organização, visando à colaboração, compartilhamento
de recursos e gestão de riscos. Essa abordagem colaborativa permite o desenvolvimento de
produtos e serviços verdadeiramente inovadores, capazes de atender às crescentes demandas
dos consumidores.
Conclusão
Os processos gerenciais da inovação representam um componente essencial para o sucesso
das organizações em um ambiente empresarial dinâmico e competitivo. Ao longo deste
trabalho, exploramos as diversas etapas e técnicas envolvidas na gestão da inovação, desde a
identificação de oportunidades até a implementação e aprendizagem contínua.
O modelo proposto por Tidd, Bessant e Pavitt oferece uma estrutura abrangente que orienta as
atividades de inovação dentro das organizações, destacando a importância de uma abordagem
sistemática e integrada. No entanto, é crucial reconhecer que não existe uma fórmula universal
para o sucesso na gestão da inovação. Cada organização enfrenta desafios únicos, que exigem
adaptação e personalização das estratégias de acordo com seu contexto específico.
Além disso, exploramos outras abordagens, como o modelo linear de inovação e o modelo
paralelo de inovação, que destacam a complexidade e interconexão entre as diversas fases e
organizações envolvidas no processo de inovação. A inovação aberta, por sua vez, amplia as
fronteiras internas da empresa, promovendo a colaboração e o compartilhamento de recursos
como meio de impulsionar a criação de valor e o desenvolvimento de produtos e serviços
verdadeiramente inovadores.
Por fim, é importante ressaltar que a gestão da inovação não é um processo estático, mas sim
um ciclo contínuo de aprendizado e melhoria. As organizações devem estar abertas à
experimentação, ao aprendizado com os erros e ao constante aprimoramento de suas práticas
de inovação. Somente assim poderão se manter competitivas e alcançar o sucesso sustentável
em um cenário empresarial em constante evolução.
Referência
BESSANT, J.; TIDD, J.; PAVITT, E R. Gestão da inovação. Porto Alegre: Bookman, 2009