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Índice
CAPITULO I:..................................................................................................................................4
1.1 Introdução..............................................................................................................................4
1.2 Objectivos..............................................................................................................................4
2.5 Contexto sócio-cultural de Angola no período que inicia com a publicação da revista
Mensagem..................................................................................................................................11
Capitulo III:...................................................................................................................................13
Considerações finais..................................................................................................................13
Referências bibliográficas..........................................................................................................14
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CAPITULO I:
1.1 Introdução
Estudar uma literatura implica analisar a progressão temporal do cultivo de uma língua
com fins estéticos e culturais, bem como o modo de encarar essa progressão, através de
perspectivas críticas e metodológicas que a condicionam. Como acontece com os outros países, a
literatura de Angola também não nasce por método espontâneo.
1.2 Objectivos
Segundo Texeira (1979), método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos
necessários para atingir um determinado fim. É o caminho a seguir para a achegar aa verdade nas
ciências. Para realização deste trabalho usou-se o método bibliográfico e eletrónico que serviu de
fonte para obtenção de dados recolhidos em obras literárias, brochuras, páginas de internet, e
outros documentos que abordavam assuntos relacionados com o tema.
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CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O livro “Ualalapi” de Ungulani Ba Ka Khossa, publicado pela primeira vez em Maputo em 1987,
já recebeu vários prémios literários. A obra é um conjunto de “contos contínuos” intitulados
“Fragmentos do Fim”. Nestes fragmentos, combina-se o material histórico-factual, com recurso a
fontes tanto escritas como orais, e os elementos fictícios. Não é por acaso que a académica Ana
Mafalda Leite (1998), quando abordada sobre o livro, tenha referido que com esta obra a ficção
moçambicana “ introduz um género que se enraíza no romance histórico”.
Ungulani Ba Ka Khosa ao escrever o seu romance tenta desmitificar esta figura, transformando o
mítico herói naquilo que ele era realmente, um ditador estrangeiro, prepotente, que manteve
sobre o seu domínio, escravizada, uma parte significativa do território moçambicano. Este é o
tema de que trata o romance de Ungulani Ba Ka Khosa. Nesta medida é uma narrativa histórica,
que versa sobre as origens históricas e pré-coloniais, do actual país, Moçambique.
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As provas e as pistas vão-se reunindo, conto a conto, através de uma focalização múltipla. Outras
fontes, forjadas pelo narrador, surgem no interior dos textos, o testemunho oral e também o
escrito. Uma vez que Ualalapi é uma desmitificação das versão colonial e pós independência da
figura de Ngungunhane (a colonial que é paternalista e a revolucionária pós-independência
implícita, não referida no texto que lhe atribui um estatuto de herói) convida a reflectir sobre a
validade de uma e de outra, das fontes escritas e das orais, e daquelas que o narrador convoca no
seu próprio discurso.
Ualalapi, de U.B.Khosa, é designado como romance, mas organiza-se num conjunto de seis
contos, que funcionam como unidades independentes, e ao mesmo tempo interdependentes. Cada
uma das narrativas é precedida de um pequeno texto em itálico (muitas vezes com atribuição de
autoria, outras vezes depreende-se que são do autor da obra, e oscilando entre o testemunho
histórico e a ficção), intitulado, Fragmentos do fim, numerados de um a seis, que estabelecem
uma evolução e quadro cronológicos, até à queda do império nguni.
I. Ungulani Ba Ka Khosa valoriza nitidamente a oralidade, à qual atribui poder e
capacidade de permanência no tempo, como revela esta passagem de “Ualalapi”, em que
a propósito dos assuntos do império, se diz que o imperador os resolvia “com a voz e os
gestos, pois papel não havia e as ordens eram escritas pela voz tonitruante que ressoava
nas manhãs e tardes chuvosas e secas” (KHOSA 1991, p.62).
II. O poder é aqui simbolizado pelo adjectivo que qualifica a voz, enquanto a ideia de
permanência é dada pela “metáfora irónica” que destacámos com o itálico.
Para mostrar as diferenças linguístico-culturais entre vários países ou no interior de cada país,
Mafalda Leite prefere utilizar o termo “oralidades”. Afirma ela que:
O facto de usarmos no plural a palavra “oralidade” visa exactamente
demonstrar que, por um lado, as tradições orais são diferentes de país para
país, embora com um registo linguístico-cultural bantu comum, e dentro
de cada país, de etnia para etnia, apesar de ser possível encontrar
elementos unificadores na caracterização dos géneros e dos mitos, por
exemplo. E o plural serve-nos neste caso, também, para significar o
processo transformativo que a urbe provocou nas tradições rurais,
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modelando-as e recriando-as. E usamo-lo ainda, para acrescentar outros
elementos, provenientes de outras oralidades, de que a língua matriz é
portadora na sua origem cultural.
Ao trazer as formas e ao recriar um certo imaginário da tradição oral na sua obra, o
moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa (1991) deseja provavelmente chamar a atenção para a
cultura anulada e considerada como superstição nos primeiros anos de independência, que
procurou eliminar os valores do mundo tradicional.
Com a abolição do tráfico de escravos em 1836 e a substituição gradual por uma colonização
baseada na agricultura e no comércio, a partir dessa época, começou a produzir-se na sociedade
de Luanda e Benguela, portos de saída de escravos para a América do Sul, favorecendo uma
maior estabilidade económica e social, o que deu origem a uma primeira burguesia africana.
Estas pessoas desenvolviam suas actividades profissionais no comércio, na função pública e nos
tribunais; e encontravam no periodismo nascente o primeiro grande veículo para a expressão de
suas principais aspirações. Rapidamente, a imprensa se transformaria num lugar de privilégio
para o debate sócio-político.
Assim se sucederam várias publicações entre os anos 1845 e 1880. Ali se foi esboçando uma
primeira linha de homens que, sendo europeus, viviam quotidianamente os problemas da colónia,
fazendo da imprensa uma ampla tribuna para a defesa de seus interesses. O procedimento tornou-
se tradição e, mais tarde, o periodismo se converteria na principal arma de luta dos intelectuais
africanos.
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O primeiro periódico editado por africanos, "O Hecho de Angola", data de 1881. Sua aparição
abriria caminho para o despertar de novos órgãos daquela que se chamou a imprensa africana,
que se caracterizou por conter publicações redigidas ora em kimbundu ora em português.
Entre estas, destacam "O Futuro de Angola", 1882; "O Farol do Povo", 1883; "O Arauto
Africano", 1889; e "1 Muen'exi", 1889; "O Desastre", 1889; e "O Policial Africano", 1890. Este
periódico teve uma vida bastante curta, posto que não passou do quarto número. Somente dois
dos escritores deste primeiro movimento nos deram livros. Pedro de Félix Machado e Cordeiro
da Matta.
E é só em 1928, depois de um exílio forçado de quatro anos, por ocasião de uma estadia em
Gabela, Amboim, onde "durante muito tempo e várias vezes teve que contar sua história", que
decide reproduzir, e posteriormente publicar, primeiro nos folhetins do periódico "A
Vanguarda", em 1929, e reeditada mais tarde em 1925 em forma de livro: "O Segredo da Morta".
Por um lado, a obra representa um início da ficção literária no século XX, da qual Castro
Soromenho é o mais ilustre representante; por outro lado, uma continuidade: a geração de 1880,
encabeçada por Cordeiro da Matta, ao mesmo tempo que une como já dissemos a todo o
movimento, reflete sobre a angolanidade.
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3. ° Período: séc. XX (1903-1947), o do Prelúdio. Período do nacionalismo, da literatura
colonial.
4. ° Período: entre 1948 e 1960, o da Formação da literatura, com movimentos culturais
organizados: Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (MNIA) (1948), com o lema
“Vamos descobrir Angola”. Destaca-se Viriato da Cruz, Antonio Jacinto, que editou em
1950, Antologia dos novos poetas angolanos.
5. ° Período: 1961-1971, incremento da atividade editorial ligada ao Nacionalismo,
surgem textos de temática guerrilheira. Em 1962, Alfredo Margarido publica Poetas
angolanos. Dois anos mais tarde, em 1964, José Luandino Vieira recebe o Grande Premio
de Novelística por Luanda (enquanto estava preso em Cabo Verde).
6. ° Período: 1972 a 1980, o da Independência. Publica-se a coletânea Angola, poesia 71.
E em 1975 funda-se a União dos Escritores Angolanos (UEA) e fundam a gazeta Lavra &
Oficina.
7. ° Período: 1981-1993, o de Renovação, que começa com a formação da Brigada.
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estilhaçamento se repete também na substituição sobas imposta pelos portugueses. Líderes dos
diversos kimbos angolanos e eleitos pela ancestralidade nacional, foram, desde os primórdios da
colonização, despojados da hierarquia primordial que possuíam em favor de outros de sua raça
que atendiam aos ideais colonialistas e favoreciam a penetração lusitana.
Outra simbologia é a oposição noite e dia. Se o dia é o espaço do trabalho burocrático
para os oficiais do exército português e demais brancos, para o negro é a representação do
trabalho árduo e incessante. A noite, contudo, torna-se a unidade temporal que os beneficia, pois
é nesse momento em que, reunidos, evocam seus mitos e as narrativas orais que medulam seu
saber. Sentados à beira das fogueiras e dançando ao som de tambores, demandam de seus
antepassados o alento e a vingança impostos pelo equívoco das relações sociais. É neste espaço
que o branco se afastado poder que a luz do sol lhe outorga e passa a temer a fúria da
ancestralidade rejeitada ao brilho do sol e das diversas divindades evocadas nas senzalas.
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Há a ruptura com o modelo literário e com a dependência cultural do país colonizador;
Os textos literários escritos sob supervisão imperial por nativos que receberam sua
educação na metrópole e que se sentiam gratificados em poder escrever na língua do
europeu.
2.5 Contexto sócio-cultural de Angola no período que inicia com a publicação da revista
Mensagem
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O autor que representa melhor toda esta problemática é, sem dúvida, Agostinho Neto. A
sua obra principal, Sagrada Esperança, é uma amostra valiosa não só da poesia de combate e
contestação (sem ser panfletária, no entanto) mas também da poesia lírica e intimista,
frequentemente modulada por uma religiosidade profunda. (CHAVES, 2007).
Agostinho Neto revela um grande humanismo, em que são evidentes o amor profundo
pela vida e o conhecimento do sofrer humano, que amiúde obriga o poeta a utilização de um
realismo feroz nos seus versos.
A poesia tem como função primordial sugerir; ela é um compromisso entre a palavra e o
silêncio. A outra função é a de relatar as formas culturais africanas e a vivência do autor. Arlindo
Barbeitos afirma, a propósito, que "só é poesia se sugere, só tem expressão, só tem força, só é
arte em forma de palavra, se simultaneamente retém e transcende a palavra". Sobre as
características da sua poesia, devemos dizer que ela é religiosa na medida em que nela se relata a
experiência do ser humano que procura sempre a perfeição; por outro lado, há sempre o desejo
de retorno à imanência, e a vontade de construir a irmandade universal.
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Ao longo de quase toda a metade do século XIX, se assistiu ao nascimento de diversas
publicações. O Boletim Oficial, fundado em 1845, foi o ponto de partida. Seguidor das funções
oficiais para as quais foi criado, desempenhava também as funções de um periódico que, apoiado
por uma pequena elite de europeus recém ligados a Colónia, contribuía consideravelmente para o
incremento do periodismo em Angola.
Assim se sucederam várias publicações entre os anos 1845 e 1880. Ali se foi esboçando
uma primeira linha de homens que, sendo europeus, viviam quotidianamente os problemas da
colónia, fazendo da imprensa uma ampla tribuna para a defesa de seus interesses.
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Capitulo III:
Considerações finais
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Referências bibliográficas
FERREIRA, M. (1977). Literaturas africanas de expressão portuguesa II. Lisboa: ICALP, 1977.
LARANJEIRA, P. (1995). Literaturas africanas de expressão portuguesa. Lisboa: Universidade
Aberta.
CHAVES, R. (2007). Literaturas de Língua Portuguesa: marcos e marcas – Angola. São Paulo:
Arte e Ciência.
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