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PROCESSO Nº 5012682-26.2022.8.08.0035
1. DA TEMPESTIVIDADE
A presente peça processual é tempestiva visto que o sistema ainda não abriu prazo para
defesa.
Trata-se de Ação de Indenização por Ilícito Civil movida em face do Município de Vila
Velha, em razão de acidente de veículo ciclomotor sofrido pelo Autor devido à falta de
sinalização prévia de Ondulação Transversal.
Em razão deste lamentável fato, ajuizou ação requerendo indenização por danos morais e
lucros cessantes.
3. PRELIMINARMENTE
3.1. DOS DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROPOSITURA DA
AÇÃO
Inicialmente, o Requerido afirma que não foi juntado aos autos documento que comprove
as revisões periódicas da motocicleta.
Entretanto, tal argumento não merece prosperar, visto que o objeto da ação não tem relação
alguma com o funcionamento do veículo automotor ou falta de manutenção, mas sim o fato
que ensejou o acidente do Autor por uma omissão do ente público ao não sinalizar uma
ondulação transversal de acordo com a recomendação legal.
Assim, não há que se falar na extinção do processo sem resolução do mérito por ausência
de documento indispensável à propositura da ação, uma vez que todos os argumentos
trazidos na exordial restam corroborados por provas documentais constantes nos autos.
O art. 5º da Constituição Federal tem como uma das garantias o direito à vida, sendo este
um bem inviolável.
Assim, resta demonstrado que não há interesse jurídico na presente ação da pessoa cujo no
nome está registrado a motocicleta, pois não se trata do objeto (motocicleta) em si, mas de
um direito inerente e exclusivo do Requerente, cabendo somente a ele a autoria da presente
ação, o que dispensa o litisconsórcio.
Portanto, tal argumento não merece acolhimento de modo que seja dado prosseguimento ao
feito.
4. DO MÉRITO
4.1. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO MUNICÍPIO.
EXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL
Primeiramente, o Requerido afirma ser culpa exclusiva do condutor e que não existe nexo
causal entre a omissão do município e o acidente.
Entretanto, tal argumento não condiz com a realidade dos fatos, a vermos:
O Município, ao afirmar que o Autor não foi diligente em reduzir a velocidade para passar
na lombada, demonstra total descaso para a situação do Requerente, uma vez que o
acidente ocorreu por pura omissão do ente.
Conforme Resolução nº 600, do CONTRAN, o art. 3º demonstra os tipos de Ondulações
Transversais: TIPO A e TIPO B. In verbis:
Outrosssim, o Requerido afirma que quando não há placa que sinalize a velocidade da via,
deve-se considerar a velocidade de 30 km/h, nos termos do CTB. Entretanto, conforme a
resolução do CONTRAN e MANUAL, quando há existência de ondulação transversal, a
velocidade da via deve estar sinalizada estar sinalizada, o que também não estava instalado
na via.
Ademais, NÃO EXISTE placa com o sinal de advertência A-18 - "Saliência ou
Lombada", antes da ondulação transversal e a lombada não estava pintada.
E ao final de tudo o que foi demonstrado, o Requerido argumenta que o Autor possui culpa
exclusiva ao não ser diligente em frear antes de passar por uma lombada a noite, conforme
consta no boletim de ocorrência e relatório do SAMU, sem sinalização qualquer, e ainda
assim, a única sinalização que havia estava posicionada atrás de uma árvore?
Tal argumento demonstra TOTAL descaso com a situação do Autor e omissão pela má
prestação de serviço. A conduta omissa do Município poderia ter ceifado a vida do
Requerente!
Não bastasse isso, o Requerido juntou nos autos relatório técnico da SEMDEST, que
afirma o seguinte:
Ora, a alegação primária é tão subsistente que demonstra que não bastasse a falta de
sinalização, ainda existia um desnível na via ANTES da lombada, o que agrava ainda mais
a situação, pois só comprova a má prestação de serviço do Município e a sua
responsabilidade objetiva pelo acidente do Autor.
O referido relatório aduz também ausência de uso de capacete para proteção da cabeça, fato
este que pode ser comprovado através de prova testemunhal, pois no momento do acidente,
o Autor estava utilizando capacete.
Assim, resta impugnado a afirmação de culpa exclusiva por parte do Requerente.
O Requerido afirma que o acidente sofrido pelo Autor não configura Dano Moral pois,
segundo ele, é necessário que o titular tenha sentido uma dor em seu íntimo.
No caso concreto, o Requerente não sofre somente a dor em seu íntimo, como ficou
sequelado por uma conduta omissiva do Município.
Atualmente convive com um zumbido no ouvido e um olho ficou mais fechado que o outro
por causa da cirurgia que foi realizada na cabeça, fora a implantação de chapas de ferro em
sua face devido ao forte impacto no momento do acidente, conforme fotos do antes e
depois a seguir:
ANTES
DEPOIS
No mesmo sentido é o posicionamento da jurisprudência em caso semelhante ao do Autor:
O Requerido afirma que a Autora não comprou o direito aos lucros cessantes sob
argumento de que as conversas via aplicativo Whatsapp não servem como meio de prova.
Pois bem.
Como relatado na exordial, o Autor trabalha como motoboy, trabalhada seis dias por
semana e recebe por cada dia trabalhado o correspondente a R$ 90,00 (noventa reais).
As conversas do aplicativo Whatsapp anexa aos autos demonstram a tratativa do Autor com
o restaurante Sushira para prestação de serviço de motoboy, bem como o comprovante de
pagamento anexo do aplicativo pipcpay demonstra o recebimento de um valor de R$ 94,00
(noventa e quatro reais) do respectivo restaurante, sendo este o pagamento pelo serviço
prestado.
5. DOS PEDIDOS
Isto posto, resta impugnado toda a fundamentação alçada pelo réu na peça contestatória,
motivo pelo qual o Autor requer o prosseguimento do feito e o julgamento procedente de
todos os pedidos formulados na exordial.
Nestes termos,
Espera deferimento.
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ROGÉRIA L V DE SOUZA
OAB-ES 14.626