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A Constituição e o Supremo :: STF - Supremo Tribunal Federal http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?

item=2162

362.

ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS

Art. 14. Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são transformados em


Estados Federados, mantidos seus atuais limites geográficos.

"De se atentar a que foi esta mesma Constituição que, no art. 14 do ADCT,
transformou o Território de Roraima (portanto, até então, mera autarquia territorial da
União) em Estado membro da Federação brasileira (...). Nem antes havia naquela
área Município constituído como ente federado, portanto autônomo, porque Roraima
não detinha aquela qualidade constitucional, nem havia como se cogitar do
desconhecimento de que naquela área prevalecia o indigenato, porque desde 1934
tanto era reconhecido em todo o território nacional, e a norma de 1969, observada
como constitucional no período, reconhecia o direito dos índios e afirmava,
expressamente, a invalidade de quaisquer títulos nestes espaços. Logo, Roraima não
era ente estadual; não tinha Municípios, nem o direito de ter um ou mais naqueles
locais, quer porque não era Estado da Federação, quer porque a área de reserva
indígena era constitucionalmente reconhecida e o direito dos índios vinha de 1934.
Territórios, como se sabe, não são organizados em Municípios – nem se teve um
ente federado cujas lindes tenham sido desvirtuadas pela superveniente – que
superveniente não é, mas precedente – demarcação das áreas de terras indígenas a
compor o cabedal público dos bens da União. (...). (...) não procede a argumentação
forjada no sentido de que haveria comprometimento da vida econômica do Estado de
Roraima, pela exclusão de pouco mais de 7% da área demarcada como Terra
Indígena Raposa Serra do Sol. Ou de que a totalidade de áreas reservadas aos
indígenas totalizariam 46% do território roraimense. (...). (...) essa argumentação,
portanto, a meu ver não prospera para os fins pretendidos de se ver nula a
Portaria 534/2005, neste caso sob alegação de afronta ao princípio federativo pela
fragilização do espaço territorial autônomo de Roraima. (...) ao constituir o Estado
Federado de Roraima, a Constituição brasileira de 1988, no art. 14 do Ato de suas
Disposições Transitórias, estabeleceu que ‘Os Territórios Federais de Roraima e do
Amapá são transformados em Estados Federados, mantidos seus atuais limites
geográficos’. Nesta geografia mantida estavam os espaços ocupados pelos
indígenas e que se incluíam entre os bens da União (art. 20, XI), o que já se repetia
nas Constituições brasileiras desde 1934, como antes observado, ao contrário
daquela norma novidadeira transformando Roraima de autarquia territorial em Estado
membro da Federação. (...) Mas não se há de afirmar, com isenção de ânimo e juízo,

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que a demarcação feita significaria tornar propriedade da União o que, antes,


propriedade não era, ou destinar aos índios terras antes tidas como devolutas e de
domínio do Estado Federado, porque o contrário é o que se comprova de tudo
quanto nos autos se contém. Mais: de tudo o que se estudou, inclusive por
historiadores, geógrafos, antropólogos e se fez anexar aos autos ou a que tiveram
acesso os Julgadores desta Casa. Tanto mais porque, repita-se outra vez, não se
poderia ter como terra do ente estadual o que já era de domínio da União antes
mesmo – e muito antes – de existir o Estado Federado (...) (ADI 1.512 – rel. min.
Maurício Corrêa)." (Pet 3.388, voto do rel. min. Ayres Britto, julgamento em
19-3-2009, Plenário, DJE de 1º-7-2010.)

§ 1º - A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos governadores eleitos em


1990.

“A criação de Estado-Membro, a partir de Território Federal, deu-se com a


promulgação da CF de 1988, sendo a sua instalação, com a posse do governador
eleito, nos termos do art. 14, § 1º, do ADCT.” (RE 547.406-AgR, rel. min. Ellen
Gracie, julgamento em 24-5-2011, Segunda Turma, DJE de 22-6-2011.)

"A criação do Estado do Roraima deu-se com a promulgação da Constituição de


1988, ou seja, em 5-10-1988, tendo a sua instalação se projetado no tempo. O
Decreto Legislativo 9/1998 da Assembleia local foi editado quando já decorridos 10
(dez) anos da criação do Estado, razão pela qual não estava obrigada a observar os
parâmetros inscritos no art. 235 da Carta Magna. Distinção entre criação e
instalação de Estado revelada no julgamento da ADI 1.921.” (ADI 1.903, rel. min.
Ricardo Lewandowski, julgamento em 6-3-2008, Plenário, DJE de 11-4-2008.)

§ 2º - Aplicam-se à transformação e instalação dos Estados de Roraima e Amapá as


normas e critérios seguidos na criação do Estado de Rondônia, respeitado o disposto
na Constituição e neste Ato.

"Ante o teor do § 2º do art. 14 do ADCT da Carta de 1988, aplicáveis são as normas


norteadoras da criação do Estado de Rondônia e, portanto, quanto aos bens da
União e à transferência destes para o novo Estado de Roraima, o preceito do art. 15

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da LC 41/1981. Os bens efetivamente utilizados pela Administração do Território


Federal de Roraima passaram ao domínio do novo Estado." (ACO 640, rel. min.
Marco Aurélio, julgamento em 9-3-2005, Plenário, DJ de 20-5-2005)

"Ação direta de inconstitucionalidade (liminar): decreto normativo do Governador do


Estado do Amapá no curso dos trabalhos da Assembleia Constituinte estadual –
baixado sob invocação do art. 5º, § 2º, LC 41/1981, c/c o art. 14, § 2º, ADCT/1988 –
para limitar a convocação do Vice-Governador a assumir o Governo aos casos de
‘moléstia, licença ou férias, e de ausência do Estado do Amapá por prazo superior a
15 dias’ do titular: suspensão cautelar do ato impugnado que se defere. Relevância
da arguição de inconstitucionalidade formal do ato impugnado: o alcance de normas
constitucionais transitórias há de ser demarcado pela medida da estrita necessidade
do período de transição, que visem a reger, de tal modo a que, tão cedo quanto
possível, possa ter aplicação a disciplina constitucional permanente da matéria; no
caso do Amapá, a posse do Governador eleito coincidiu com a dos deputados
estaduais: ainda que fosse de admitir, em tese, a ressurreição, por força da
remissão do art. 14, § 2º, do ADCT, do decreto-lei previsto na LC 41/1981 – o que é
altamente duvidoso (ADI 460-MC, 22-3-1991, Pertence) –, em concreto, a presença
do legislador natural, a Assembleia Legislativa, afastaria por si só a necessidade
transitória de confiar-se ao Executivo a função legislativa, na espécie, aliás, de
alçada constitucional. Relevância da arguição de inconstitucionalidade material: se se
trata de tema constitucional, e ainda não se promulgou a Constituição do Estado, a
fonte natural da sua regência provisória não é da lei ordinária local e, menos ainda,
de um decreto executivo que se arrogue o poder de fazer-lhe as vezes, mas, sim, o
padrão federal similar, o do Vice-Presidente; no que diz com o impedimento por
ausência temporária do titular, ainda que por breves períodos, uma prática
constitucional invariável, que vem do Império, tem atravessado os sucessivos regimes
da República, a impor a transferência do exercício do Governo ao Vice-Presidente,
e, na falta ou impedimento deste, ao substituto desimpedido: nos Estados, portanto,
esse vetusto costume constitucional parece ser a fonte provisória de solução do
problema. Periculum in mora: a subtração ao titular, ainda que parcial, do conteúdo
do exercício de um mandato político é, por si mesma, um dano irreparável." (ADI
644-MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 4-12-1991, Plenário, DJ de
21-2-1992.)

“Estado-membro: criação, mediante transformação de território federal:


constitucionalização da LC 41/1981 (transformação em Estado-membro do antigo
Território Federal de Rondônia) para reger o processo de transformação e instalação

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dos novos Estados de Amapá e Roraima (ADCT, art. 14, § 2º): momento em que
deve cessar a jurisdição residual, em ambas as instâncias, da Justiça do Distrito
Federal e Territórios, considerando-se instalada a Justiça própria dos novos Estados
(LC 41/1981, art. 31). O aperfeiçoamento da conversão de um território federal em
Estado-membro, na plenitude do seu status constitucional, não é um fato instantâneo
– unico actu perficiuntur: é o resultado de um processo mais ou menos complexo,
que se inicia com o ato de criação, mas somente se exaure quando o novo estado
puder exercer por órgãos próprios a plenitude dos poderes que lhe confere a
Constituição da República, no que se traduz a plena e efetiva assunção de sua
autonomia." (AO 97-MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 26-9-1991,
Plenário, DJ de 2-4-1993.)

§ 3º - O Presidente da República, até quarenta e cinco dias após a promulgação da


Constituição, encaminhará à apreciação do Senado Federal os nomes dos
governadores dos Estados de Roraima e do Amapá que exercerão o Poder Executivo
até a instalação dos novos Estados com a posse dos governadores eleitos.

"A transformação dos Territórios de Roraima e do Amapá em Estados-membros


somente ocorreria com a posse dos governadores eleitos em 1990. CF/1988, ADCT,
art. 14, § 1º e § 4º. Aplicabilidade das normas e critérios seguidos na criação do
Estado de Rondônia, que estão na LC 41, de 22-12-1981, ex vi do disposto no § 2º
do art. 14 do ADCT a CF/1988. Demissibilidade ad nutum do Governador nomeado.
LC 41, de 1981, art. 4º, § 1º. A disposição inscrita no § 3º do art. 14 do ADCT à
CF/1988 fixa, apenas, o termo final do exercício dos cargos e não um mandato a
termo, pelo que não representa vedação imposta ao Presidente da República de não
demitir o Governador nomeado." (MS 21.100, rel. p/ o ac. min. Carlos Velloso,
julgamento em 6-12-1990, Plenário, DJ de 10-9-1993.)

§ 4º - Enquanto não concretizada a transformação em Estados, nos termos deste


artigo, os Territórios Federais de Roraima e do Amapá serão beneficiados pela
transferência de recursos prevista nos arts. 159, I, a, da Constituição, e 34, § 2º, II,
deste Ato.

"Ação direta de inconstitucionalidade. Decreto Legislativo 9/1998, da Assembleia


Legislativa de Roraima, que dispôs sobre a indicação às vagas de Conselheiros do
Tribunal de Contas do Estado de Roraima. Alegação de afronta ao § 1º do art. 14 do

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ADCT e art. 235 e inciso III da CF. O § 4º do art. 14 do ADCT prevê tratamento de
Estado, no que concerne a Amapá e Roraima, mesmo antes da posse dos
Governadores eleitos em 1990, ou seja, antes da instalação a que se refere o
dispositivo em foco, relativamente a benefícios tributários. Distinção entre criação e
instalação. O art. 235 prevê a criação e não instalação; a data considerada é o dia
5-10-1988." (ADI 1.903-MC, rel. min. Néri da Silveira, julgamento em
25-2-1999, Plenário, DJ de 8-9-2000.)

Art. Item 274 de


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