Você está na página 1de 43

FUNÇÕES

PSIQUICAS

consciência,
sensopercepção,
linguagem,
pensamento
24 .1
Qual a diferença entre a Psiquiatria e a Psicopatologia ?
A psicopatologia nasceu à sombra da psiquiatria, entretanto com conceitos diferenciados.
Resumidamente....

▪ Psiquiatria: faz uso de medidas sistemáticas para tratar um transtorno mental.


Entre os recursos modelos medicinais e bioquímicos.

▪ Psicopatologia: faz uso da observação para compreender os transtornos mentais, fazendo


uso de um método clínico e psicoterapêutico.
Procura integrar conhecimentos interdisciplinares (conceito biopsicossocial), e estes,
combinados, favorecem o entendimento do sofrimento mental.
Busca compreender como a mente funciona em sua fisiologia, avaliando as funções
mentais.
Funções psíquicas

O cérebro humano, como o principal órgão do Sistema Nervoso Central (SNC),


desempenha uma inúmeras funções, desde as mais fundamentais (básicas) até as
denominadas Funções Psíquicas .
Correspondem ao mundo interior, instintos, desejos, emoções, lembranças,
juízos, raciocínios percebidos por uma consciência.

■ A vida interior é observável pelos outros, sob a forma de comportamento: a


palavra, os gestos, a conduta.

■ O papel funções mentais é garantir a adaptação do indivíduo em seu mundo.


As funções psíquicas se referem às capacidades mentais e cognitivas que
os seres humanos utilizam para interagir com o mundo ao seu redor e para
regular seu próprio comportamento.

Funções psíquicas:
Se dividem em consciência, atenção, orientação, vivências do tempo e do
espaço, sensopercepção, atenção, afetividade, vontade, psicomotricidade,
pensamento, juízo de realidade, linguagem.
Consciência
A consciência é a capacidade de estar ciente de si mesmo e do ambiente ao seu redor.
Ela inclui a percepção do tempo, do espaço e da realidade.

Definição neuropsicológica:
emprega o termo no sentido de um estado de vigilância; de estado de estar desperto,
acordado, vígil, lúcido → nível da consciência (DALGALARRONDO, 2019)

Exemplo:
No caso de um trauma cranioencefálico, o nível de consciência pode ser avaliado por um
parâmetro objetivo - a escala de coma de Glasgow - que permite avaliar o nível de
consciência neurológica através de alguns parâmetros como abertura dos olhos, resposta
motora e resposta verbal etc., sendo atribuído uma pontuação para cada resposta
relacionada ao exame físico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, s/d).
Fonte: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/acidente-vascular-cerebral-
%28AVC%29-no-adulto/glasgow
Definição psicológica
É utilizado em diferentes contextos.
>> como um estado de plena noção de si mesmo e do meio.

>> como um estado cognitivo não-abstrato. Permite que o indivíduo interaja e interprete
os estímulos externos (que constituem aquela que conhecemos como sendo a
realidade).

>> como a capacidade de controlar tanto o mundo interior quanto tudo aquilo que está
em seu entorno.
Diz respeito a capacidade de reconhecer a si mesmo (sua própria subjetividade, seu
Eu) ) e a sua relação com o mundo.

Ciclo sono-vigília: durante o sono, a consciência não cessa completamente,


apenas permanece em um estado de vigília.
Dalgalarrondo (2019)
A consciência pode ser discutida a partir de dois aspectos principais

Nível da
consciência /
estado de
vigília
Consciência
de si
e do ambiente

Conteúdo da
consciência

incluindo funções
cognitivas e de atenção
Ritmos circadianos
São oscilações endógenas autossustentadas do ritmo biológico – período de 24h

São variações nas funções biológicas de diversos seres vivos, que se repetem
regularmente com período de aproximadamente 24 horas.

O ciclo circadiano tem influência direta no organismo.

Inclui oscilações do nível de consciência da vigília e do sono, as quais organizam a


temporalidade do sistema biológico, otimizam a fisiologia, o comportamento e saúde.
Ritmos circadianos
• São sincronizados por pistas ambientais recorrentes (como o nível de
luminosidade).
Atua de forma diferente em pessoas matutinas, vespertinas e noturnas.

• Permitem respostas eficientes no ambiente físico e social.

• Modulam a homeostase interna do cérebro


estabilidade da qual o cérebro necessita para realizar suas funções
adequadamente para o equilíbrio do corpo).

• Se expressam em vários níveis do organismo, desde molecular , celular,


órgãos e circuitos orgânicos até sistemas sociais (expresso de forma
intrínseca).
Alterações da consciência
Perda abrupta da consciência: Transitórias (segundo/minutos) ou irreversíveis.

Vários fatores (patológicos, psicopatológicos) podem contribuir para perda da consciência.


>>> Fatores emocionais, neurofuncionais, biológicos, entre outros

Transitórias
▪ Desmaios – linguagem popular (não médica) para perda abrupta da consciência.

▪ Lipotimia – perda parcial ou rápida da consciência (palidez da face, suor frio, vertigens,
perda parcial do tônus muscular dos membros com ou sem queda)

▪ Síncope – perda abrupta e completa da consciência (perda total do tônus muscular, com
queda completa ao chão, em função de irrigação cerebral insuficiente, por causas
diversas).
Dalgalarrondo (2018)
Alteração patológica da consciência: quadros neurológicos ou psicopatológicos

Nível de consciência diminui de forma progressiva >> do estado desperto até o estado de
coma profundo.

Graus de rebaixamento da consciência:

Obnubilação (1º GRAU)


Turvação da consciência ou sonolência patológica leve. Há diminuição da clareza, lentidão da
compreensão e dificuldade para compreensão. Nível de
rebaixamento: leve a moderado

Torpor (2º GRAU)


grau mais acentuado de rebaixamento da consciência.
O paciente fica evidentemente sonolento. Responde ao ser chamado de forma enérgica,
entretanto, retorna ao estado de sonolência.

Dalgalarrondo (2019)
Sopor (3º GRAU)
Marcante e profunda turvação da consciência.
Sonolência intensa.
O Indivíduo é despertado por período curto.
Pode revelar fácies de dor e ter alguma gesticulação de defesa.

Perda completa da consciência (4º. GRAU):


Grau mais profundo de rebaixamento da consciência.

Dalgalarrondo (2019)
Sensopercepção
Elas podem:
• ser externas (refletem propriedades e aspectos isolados dos objetos e fenômenos que se
encontram no mundo exterior) e
• internas (refletem os movimentos do organismo / estado dos órgãos internos).

Sensação: gerada por estímulos físicos, químicos ou biológicos originados fora ou


dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores , estimulando-os.
Sensações >> elementos estruturais da percepção.
São independentes de vontade, não podem ser evocadas e nem modificadas
(passividade).

Percepção: tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial.


Dalgalarrondo (2019)
Sensação Percepção
Fenômeno passivo, físico, periférico e Fenômeno ativo, psíquico, central e
objetivo(ALONSO FERNANDEZ, 1976). subjetivo (ALONSO FERNANDEZ,
1976).
Resulta das alterações produzidas por Resulta da integração das impressões
estímulos externos sobre os órgãos sensoriais parciais e da associação
sensoriais. destas às representações
(fenômeno consciente).
Responsável por distinguir as Relacionado à identificação,
qualidades mais elementares dos reconhecimento e discriminação dos
objetos tais como cor, forma, peso, objetos.
temperatura, timbre, sabor, etc. É o que dá significação às sensações

Dalgalarrondo (2019)
Processamento de uma sensação
a) Excitação de um órgão sensorial (receptor do estímulo);
b) Transmissão da excitação através das vias sensitivas;
c) Recepção do estímulo pela circuitaria neural específica.

Classificação das qualidades sensoriais


>> Exteroceptivas
▪ Os estímulos são recebidos pelos receptores periféricos externos, ou seja, pelos órgãos dos sentidos.
▪ Tipos de sensações: visuais, auditivas, gustativas, olfativas, táteis/térmicas (cutâneas)

>> Interoceptivas ou cenestésicas


▪ Níveis viscerais >> manifestações de sensações de dor ou prazer pelo organismo
bem-estar, mal-estar, fome, sede, sensibilidade visceral.

>> Proprioceptivas cinestésicas


▪ Percepção dos estímulos >> movimentos corporais, posição segmentar do corpo, equilíbrio,
barestesia (sensibilidade à pressão), palestesia (sensibilidade para vibrações).

Dalgalarrondo (2019)
Agnosia

Hiperestesia ou hiperpercepção
Alterações quantitativas da
sensopercepção Hipoestesia ou hipopercepção

Anestesia

Analgesia

Dalgalarrondo (2019)
Alterações quantitativas
Agnosia (falta de reconhecimento dos estímulos podem ocorrer por lesão (periférica ou central) dos
aparelhos perceptivos)
→ Termo criado por Sigmund Freud.
→ Envolve o reconhecimento de estímulos visuais, auditivos ou táteis, na ausência de déficits
sensoriais.
→ As sensações continuam a ocorrer normalmente, porém não são associadas às representações e,
assim, não se tornam significativas. Em outras palavras, há um comprometimento específico do ato
perceptivo.

>> Hiperestesia ou hiperpercepção


→ Consiste num aumento global da intensidade perceptiva: as impressões sensoriais tornam-se mais
intensas, mais vividas ou mais nítidas.

→ É observada: na mania, em caso de intoxicação por anfetamina, cocaína, maconha, alucinógenos


etc., em algumas crises epiléticas, em quadros dissociativos, etc.

Dalgalarrondo (2019)
>> Hipoestesia ou hipopercepção

→ Consiste na diminuição global da intensidade perceptiva.


→ O mundo parece mais escuro e sem brilho, a comida é insossa, os sons são abafados etc.
→ Observa-se principalmente em quadros estuporosos (com abolição da psicomotricidade),
sejam relacionados a depressão, esquizofrenia.

>> Anestesia: é a abolição de todas as formas de sensibilidade;

>> Analgesia: perda da sensibilidade à dor, com a conservação das outras formas de sensibilidade;

Dalgalarrondo (2019)
Ilusão

Pareidolia
Alterações qualitativas da
sensopercepção Alucinação

Sinestesia
Alterações qualitativas

>> Ilusão
→ Termo vem do latim, ilusionem, que significa engano, fantasia , miragem, logro,
ludíbrio.

→ Trata-se de uma percepção falseada de um objeto real e presente.


No lugar deste objeto, um outro é percebido.

→ A imagem ilusória possui corporeidade, é aceita (pelo menos no primeiro momento)


como realidade, não sendo influenciada pela vontade (CABALEIRO GOAS, 1966),
podendo ocorrer com qualquer indivíduo (com ou sem psicopatologia).

Dalgalarrondo (2019)
Pareidolia
→ Esse fenômeno consiste numa imagem (fantástica e extrojetada) criada
intencionalmente a partir de percepções reais de elementos sensoriais incompletos
ou imprecisos.

Por exemplo:
▪ Ver figuras humanas, cenas, animais, objetos (entre outros) em nuvens , em
manchas ou relevos de paredes, no fogo, na Lua.
▪ Ouvir sons musicais com bases e ruídos monótonos (nesses casos, o objeto real
passa para um segundo plano).

Não é patológica. Trata-se de um fenômeno bastante relacionado à atividade imaginativa.

O indivíduo está todo o tempo consciente da irrealidade da imagem e de sua influência


sobre esta.

Dalgalarrondo (2019)
Alucinações
Apresentam todas as características de uma imagem perceptiva real, incluindo a
corporeidade e a localização no espaço.

Possuem uma irresistível força de convencimento, ou seja, são aceitas pelo juízo de
realidade, por mais que pareçam [para o próprio paciente] estranhas ou especiais.

Trata-se de uma percepção real de um objeto que de fato não existe, ou seja são
percepções sem a existência de um estímulo externo.

Há uma convicção inabalável da pessoa que alucina em relação ao objeto alucinado.

O sistema sensorial não processa os estímulos externos, ficando inativos durante o


processo alucinatório, cuja imagem é criada pela mente do indivíduo que alucina.

Dalgalarrondo (2019)
➢ Alucinações auditivas: são referidas vozes, dirigidas ou não ao sujeito
que vivência a experiência, com maior ou menor hostilidade – audição
dos próprios pensamentos ou sons do mundo cotidiano.

➢ Alucinações visuais: percepções visuais de objetos que não existem,


tão reais que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica.

➢ Alucinações táteis: estas podem ocorrer via qualquer um dos receptores


que compõem este sentido.

Dalgalarrondo (2019)
➢ Alucinações olfativas: confundem-se com o sentido do gosto, tanto podem ser
agradáveis como desagradáveis, a depender do tipo da psicopatologia.

➢ Alucinações sinestésicas: pode ser descrita como desordens da sensibilidade


interna (corporal) p.ex. presença de animais no interior do corpo.

➢ Alucinações cinestésica: sensação de que um órgão imobilizado ou parado


esteja se movendo.

Dalgalarrondo (2019)
Linguagem
Capacidade de comunicar pensamentos, ideias e sentimentos através de
símbolos (palavras) e regras (gramática).

Ela é uma das funções psíquicas mais complexas e permite a transmissão de


conhecimento e cultura.

Na sua forma verbal é uma atividade especificamente humana.


É fundamental na elaboração e na expressão do pensamento e das emoções.

Dalgalarrondo (2019)
Se refere aos fonemas, as unidades fonológicas mínimas e distintas de cada língua.
Fônica Diz respeito à associação de letras e sons para sonorizar símbolos escritos.

Estuda o significado das palavras, frases e textos de uma língua. Sinonímia (p.ex.
cara/rosto, quarto/dormitório, casa/lar/morada),antonímia (p.ex. amor/ódio,
Semântica dia/noite, calor/frio), homonímia (p.ex. acento/assento, conserto/conserto) e
paronímia (p.ex. eminente/iminente, absolver/absorver)

Dimensões Sintática Relação e a articulação lógica de diversas palavras entre si. Papel que cada um dos
termos da oração desempenha em relação aos outros.

Envolve intensidade dos sons, frequência e duração de cada som fundamental ao


Prosódica sentido e poder da comunicação verbal. Entonação da fala.
Diz respeito à forma falada e às intenções presentes no discurso, distinguindo,
assim, escrita e fala.

Pragmática Refere-se ao emprego/uso concreto da linguagem em seus variados contextos.


Emprego contextualizado da linguagem.

Dalgalarrondo (2019)
Alterações da Linguagem (lesão neuronal identificável)
Ocorrem, geralmente, associadas a AVC, tumores cerebrais, traumas cranioencefálicos etc.

Afasia
❖ perda da linguagem, falada e ouvida, por incapacidade de compreender e utilizar os
símbolos verbais, decorrentes da lesão neuronal.
❖ perda da habilidade linguística [previamente adquirida] no desenvolvimento cognitivo do
indivíduo.

Agrafia
❖ perda, por lesão orgânica, da linguagem escrita, sem que haja qualquer déficit motor ou
perda cognitiva global.

Dalgalarrondo (2019)
Alexia
❖ perda, decorrente de disfunção ou lesão neuronal, da capacidade previamente
adquirida para a leitura.

Disartria
❖ incapacidade de articular corretamente as palavras devido a alterações do aparelho
fonador (fraqueza, paralisia ou falha dos músculos responsáveis pela fala).
❖ Fala fraca, aparentemente “embriagada”, com ritmo prejudicado.

Parafasias
❖ dificuldade ou perda da habilidade em colocar sílabas ou palavras na sequência
correta. Determinadas palavras são alteradas(deformadas).
“garrafa”, mas o indivíduo fala “tarrafa”
“livro”, mas o indivíduo fala “ibro”

Dalgalarrondo (2019)
Alterações da Linguagem (transtornos psicopatológicos)
Serão listados algumas alterações. Lista completa, verificar material complementar.

Dislexia
❖ disfunção no aprendizado da leitura, havendo dificuldade de identificar a
correspondência entre os símbolos da escrita e os fonemas (graus variados).
Sintomas: dificuldades em pronunciar corretamente as palavras, em ler rapidamente,
em subvocalizar palavras, em pronunciar corretamente palavras ao ler em voz alta e em
compreender aquilo que se está lendo.

Dislalia
❖ alteração da fala que resulta da deformação, omissão ou substituição de fonemas.
❖ podem ser:
• fisiológica (imaturidade do sistema fonoarticulatório),
• audiogênica (decorrente de problemas de audição),
• funcional (origem patológica),
• orgânica [disglossia] (distúrbios anatômicos dos órgãos fonoarticulatórios).
Dalgalarrondo (2019)
Ecolalia
❖ repetição em eco da fala.

Palilalia
❖ repetição automática e estereotipada [pelo paciente] de suas palavras ou frases
“gosto de maçã, gosto de maçã, de maçã, maçã”
“moro em Jundiaí, Jundiaí, Jundiaí”

Alogia
❖ Empobrecimento da produção da linguagem; diminuição da fluência verbal por
discurso empobrecido.

Mussitação
❖ voz murmurada; o paciente fala para “si”, movendo discretamente os lábios.
→ Esquizofrenia

Dalgalarrondo (2019)
Alterações psicopatológicas da linguagem mais observadas em adultos
Serão listados algumas alterações. Lista completa, verificar material complementar.

Logorreia ou logomania
❖produção aumentada, acelerada e incoerente (taquifasia) da linguagem verbal. Fluxo
incessante de palavra e frases, frequentemente associado à aceleração geral de todos os
processos psíquicos (taquipsiquismo), podendo ocorrer perda lógica do discurso. Pode ser
descrita como falar de maneira acelerada e incontrolável.
→ fases de mania ou na hipomania do Transtorno Bipolar (tipo I e II).

Bradifasia
❖alteração da linguagem oposta à “taquifasia”. Neste tipo, o indivíduo fala vagorosamente
(lentidão patológica na pronúncia das palavras). As palavras seguem-se umas às outras de
forma lenta e difícil. Está associada à quadros depressivos graves, estados demenciais e na
esquizofrenia crônica.

Dalgalarrondo (2019)
Mutismo
❖ausência de resposta verbal oral por parte do paciente.
❖O indivíduo não responde ao interlocutor, embora esteja desperto, sem
comprometimento da audição, sem comprometimento do nível de
consciência e sem paralisias motoras que comprometam a produção de
palavras.

Dalgalarrondo (2019)
Pensamento
O pensamento é a capacidade de processar informações de forma abstrata,
racional e lógica.

Inclui habilidades como planejamento, resolução de problemas, tomada de


decisões e imaginação.

Dalgalarrondo (2019)
Pensamento lógico
❖ regido pela lógica formal e orientar-se segundo a realidade e os princípios de
racionalidade da cultura na qual o indivíduo se insere.

Visão aristotélica [considerando o pensamento ‘normal’ e maduro]


❖ Princípio de identidade ou da não contradição:
Se A é A
Se B é B , logo. A não pode ser B.

❖ Princípio da causalidade:
A é causa de B.

❖ Lei da parte do todo:


discrimina rigorosamente a parte do todo,
Se A é parte de B , então B não pode ser parte de A.

Dalgalarrondo (2019)
❖ Pensamento indutivo
O pensamento indutivo parte da observação dos fatos elementares, da
experimentação e da comparação entre os fenômenos para chegar as conclusões
e concepções mais gerais , a hipóteses explicativas e classificações mais
amplas.
>> ciências empíricas, baseadas na investigação de fatos e objetos do mundo
real.
observação dos fatos

experimentação e da comparação entre os fenômenos

a hipóteses explicativas
conclusões e concepções mais gerais

conclusões e concepções amplas

Dalgalarrondo (2019)
• Pensamento mágico ou dereístico

• Pensamento inibido
• Pensamento vago

• Pensamento prolixo
• Pensamento concreto ou concretismo
Alterações do pensamento
• Pensamento deficitário
• Pensamento demencial
• Pensamento confusional

• Pensamento desagregado
• Pensamento obsessivo
Serão listados algumas alterações. Lista completa, verificar material complementar.
Pensamento mágico
❖ Pressupõe que uma relação puramente subjetiva de ideias corresponda uma
associação objetiva de fatos.
Exemplo:
“[...] vi um carro batido hoje ... meu pai irá morrer atropelado nos próximos dias”.

Pensamento inibido
❖ Ocorre a inibição do raciocínio, com diminuição da velocidade e do número de
conceitos, juízos e representações utilizados no processo de pensar. O pensamento
torna-se lento, difícil, pouco produtivo.
Comum em quadros demenciais e em quadros depressivos graves.

Pensamento vago
❖ Pensamento muito ambíguo, podendo mesmo parecer obscuro. Não há propriamente
o empobrecimento do pensamento, mas, sim, a marcante falta de clareza e precisão
no raciocínio.
Dalgalarrondo (2019)
Pensamento prolixo
❖ O indivíduo não consegue chegar a qualquer conclusão sobre o tema que está
tratando, a não ser após muito tempo e esforço (dá longas voltas ao redor do tema,
mescla, de forma imprecisa, o essencial com o supérfluo). Há dificuldade em obter
construção direta, clara e acabada, além de notável falta de capacidade de síntese.

Pensamento concreto ou concretismo


❖ Não ocorre a distinção entre a dimensão abstrata, simbólica e a concreta, imediata
ou de fatos. O indivíduo não consegue entender ou utilizar metáforas. O pensamento
é muito aderido ao nível sensorial da experiência e às coisas concretas. Pode ocorrer
tanto nos indivíduos com deficiência intelectual ou esquizofrenia grave.

Pensamento deficitário (ligado à deficiência intelectual)


❖ De estrutura pobre e rudimentar. Os conceitos são escassos. A compreensão de fatos
complexos da vida são difíceis. Oo indivíduo aprende a realidade de forma vaga e
simplificada.
Dalgalarrondo (2019)
Pensamento demencial
❖ Pensamento pobre. Pode revelar elaborações mais ou menos sofisticadas,
embora de forma geral seja imperfeito, irregular, sem congruência.

❖ Indivíduos com fase inicial de demência tenta dissimular suas dificuldades


cognitivas. Ao encontrar dificuldade para encontrar palavras, procura
termos mais genéricos, evita adjetivos e os substantivos específicos.

Exemplos:
“[...] não consigo encontrar aquela coisa, o meu ... (batom), aquilo para passar
aqui (indica a boca com o dedo)...”.

“[...] vou pedir ao ... àquele homem (o guarda), que me ajude a atravessar...
aqui (a rua).”

Dalgalarrondo (2019)
Alterações no processo de pensar
Aceleração do pensamento
❖ O pensamento flui de forma muito acelerada, com uma ideia se sucedendo à outra
rapidamente, podendo até ser difícil acompanhar o ritmo do indivíduo. Pode ocorrer em
episódios maníacos, na esquizofrenia, nas psicoses de origem toxicas, entre outros.

Lentificação do pensamento
❖ O pensamento progride lentamente e de forma dificultosa. Há certa latência entre as
perguntas formuladas e as respostas. Ocorre principalmente em pacientes gravemente
deprimidos, em alguns casos de rebaixamento do nível da consciência e em certas
intoxicações.

Bloqueio do pensamento
❖ Ocorre quando o indivíduo, ao relatar algo, no meio de uma conversa, brusca e
repentinamente interrompe seu pensamento, sem qualquer motivo aparente.
O paciente relata: “[...] meu pensamento parou, foi bloqueado, travou.”
Dalgalarrondo (2019)
Roubo do pensamento
❖Trata-se de uma vivência , frequentemente associada ao bloqueio do pensamento.
Neste caso, o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado
de sua mente.

Fuga de ideias
❖É uma alteração do fluxo e da estrutura do pensamento secundária a acentuada
aceleração do pensamento, na qual uma ideia se segue a outra de forma
extremamente rápida, perturbando-se as associações lógicas entre os juízos e os
conceitos. As associações entre as palavras deixam de seguir uma lógica ou
finalidade do pensamento.
❖É muito comum em episódios maníacos do transtorno bipolar.

Dalgalarrondo (2019)
Referências:

American Psychiatric Association (APA) (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(DSM- IV). Amer Psychiatric Pub Incorporated.

Dalgalarrondo, P. (2019). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Ed. Artmed.

Lent, R. (2013). Neurociências da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan

Você também pode gostar