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PSIQUICAS
consciência,
sensopercepção,
linguagem,
pensamento
24 .1
Qual a diferença entre a Psiquiatria e a Psicopatologia ?
A psicopatologia nasceu à sombra da psiquiatria, entretanto com conceitos diferenciados.
Resumidamente....
Funções psíquicas:
Se dividem em consciência, atenção, orientação, vivências do tempo e do
espaço, sensopercepção, atenção, afetividade, vontade, psicomotricidade,
pensamento, juízo de realidade, linguagem.
Consciência
A consciência é a capacidade de estar ciente de si mesmo e do ambiente ao seu redor.
Ela inclui a percepção do tempo, do espaço e da realidade.
Definição neuropsicológica:
emprega o termo no sentido de um estado de vigilância; de estado de estar desperto,
acordado, vígil, lúcido → nível da consciência (DALGALARRONDO, 2019)
Exemplo:
No caso de um trauma cranioencefálico, o nível de consciência pode ser avaliado por um
parâmetro objetivo - a escala de coma de Glasgow - que permite avaliar o nível de
consciência neurológica através de alguns parâmetros como abertura dos olhos, resposta
motora e resposta verbal etc., sendo atribuído uma pontuação para cada resposta
relacionada ao exame físico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, s/d).
Fonte: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/acidente-vascular-cerebral-
%28AVC%29-no-adulto/glasgow
Definição psicológica
É utilizado em diferentes contextos.
>> como um estado de plena noção de si mesmo e do meio.
>> como um estado cognitivo não-abstrato. Permite que o indivíduo interaja e interprete
os estímulos externos (que constituem aquela que conhecemos como sendo a
realidade).
>> como a capacidade de controlar tanto o mundo interior quanto tudo aquilo que está
em seu entorno.
Diz respeito a capacidade de reconhecer a si mesmo (sua própria subjetividade, seu
Eu) ) e a sua relação com o mundo.
Nível da
consciência /
estado de
vigília
Consciência
de si
e do ambiente
Conteúdo da
consciência
incluindo funções
cognitivas e de atenção
Ritmos circadianos
São oscilações endógenas autossustentadas do ritmo biológico – período de 24h
São variações nas funções biológicas de diversos seres vivos, que se repetem
regularmente com período de aproximadamente 24 horas.
Transitórias
▪ Desmaios – linguagem popular (não médica) para perda abrupta da consciência.
▪ Lipotimia – perda parcial ou rápida da consciência (palidez da face, suor frio, vertigens,
perda parcial do tônus muscular dos membros com ou sem queda)
▪ Síncope – perda abrupta e completa da consciência (perda total do tônus muscular, com
queda completa ao chão, em função de irrigação cerebral insuficiente, por causas
diversas).
Dalgalarrondo (2018)
Alteração patológica da consciência: quadros neurológicos ou psicopatológicos
Nível de consciência diminui de forma progressiva >> do estado desperto até o estado de
coma profundo.
Dalgalarrondo (2019)
Sopor (3º GRAU)
Marcante e profunda turvação da consciência.
Sonolência intensa.
O Indivíduo é despertado por período curto.
Pode revelar fácies de dor e ter alguma gesticulação de defesa.
Dalgalarrondo (2019)
Sensopercepção
Elas podem:
• ser externas (refletem propriedades e aspectos isolados dos objetos e fenômenos que se
encontram no mundo exterior) e
• internas (refletem os movimentos do organismo / estado dos órgãos internos).
Dalgalarrondo (2019)
Processamento de uma sensação
a) Excitação de um órgão sensorial (receptor do estímulo);
b) Transmissão da excitação através das vias sensitivas;
c) Recepção do estímulo pela circuitaria neural específica.
Dalgalarrondo (2019)
Agnosia
Hiperestesia ou hiperpercepção
Alterações quantitativas da
sensopercepção Hipoestesia ou hipopercepção
Anestesia
Analgesia
Dalgalarrondo (2019)
Alterações quantitativas
Agnosia (falta de reconhecimento dos estímulos podem ocorrer por lesão (periférica ou central) dos
aparelhos perceptivos)
→ Termo criado por Sigmund Freud.
→ Envolve o reconhecimento de estímulos visuais, auditivos ou táteis, na ausência de déficits
sensoriais.
→ As sensações continuam a ocorrer normalmente, porém não são associadas às representações e,
assim, não se tornam significativas. Em outras palavras, há um comprometimento específico do ato
perceptivo.
Dalgalarrondo (2019)
>> Hipoestesia ou hipopercepção
>> Analgesia: perda da sensibilidade à dor, com a conservação das outras formas de sensibilidade;
Dalgalarrondo (2019)
Ilusão
Pareidolia
Alterações qualitativas da
sensopercepção Alucinação
Sinestesia
Alterações qualitativas
>> Ilusão
→ Termo vem do latim, ilusionem, que significa engano, fantasia , miragem, logro,
ludíbrio.
Dalgalarrondo (2019)
Pareidolia
→ Esse fenômeno consiste numa imagem (fantástica e extrojetada) criada
intencionalmente a partir de percepções reais de elementos sensoriais incompletos
ou imprecisos.
Por exemplo:
▪ Ver figuras humanas, cenas, animais, objetos (entre outros) em nuvens , em
manchas ou relevos de paredes, no fogo, na Lua.
▪ Ouvir sons musicais com bases e ruídos monótonos (nesses casos, o objeto real
passa para um segundo plano).
Dalgalarrondo (2019)
Alucinações
Apresentam todas as características de uma imagem perceptiva real, incluindo a
corporeidade e a localização no espaço.
Possuem uma irresistível força de convencimento, ou seja, são aceitas pelo juízo de
realidade, por mais que pareçam [para o próprio paciente] estranhas ou especiais.
Trata-se de uma percepção real de um objeto que de fato não existe, ou seja são
percepções sem a existência de um estímulo externo.
Dalgalarrondo (2019)
➢ Alucinações auditivas: são referidas vozes, dirigidas ou não ao sujeito
que vivência a experiência, com maior ou menor hostilidade – audição
dos próprios pensamentos ou sons do mundo cotidiano.
Dalgalarrondo (2019)
➢ Alucinações olfativas: confundem-se com o sentido do gosto, tanto podem ser
agradáveis como desagradáveis, a depender do tipo da psicopatologia.
Dalgalarrondo (2019)
Linguagem
Capacidade de comunicar pensamentos, ideias e sentimentos através de
símbolos (palavras) e regras (gramática).
Dalgalarrondo (2019)
Se refere aos fonemas, as unidades fonológicas mínimas e distintas de cada língua.
Fônica Diz respeito à associação de letras e sons para sonorizar símbolos escritos.
Estuda o significado das palavras, frases e textos de uma língua. Sinonímia (p.ex.
cara/rosto, quarto/dormitório, casa/lar/morada),antonímia (p.ex. amor/ódio,
Semântica dia/noite, calor/frio), homonímia (p.ex. acento/assento, conserto/conserto) e
paronímia (p.ex. eminente/iminente, absolver/absorver)
Dimensões Sintática Relação e a articulação lógica de diversas palavras entre si. Papel que cada um dos
termos da oração desempenha em relação aos outros.
Dalgalarrondo (2019)
Alterações da Linguagem (lesão neuronal identificável)
Ocorrem, geralmente, associadas a AVC, tumores cerebrais, traumas cranioencefálicos etc.
Afasia
❖ perda da linguagem, falada e ouvida, por incapacidade de compreender e utilizar os
símbolos verbais, decorrentes da lesão neuronal.
❖ perda da habilidade linguística [previamente adquirida] no desenvolvimento cognitivo do
indivíduo.
Agrafia
❖ perda, por lesão orgânica, da linguagem escrita, sem que haja qualquer déficit motor ou
perda cognitiva global.
Dalgalarrondo (2019)
Alexia
❖ perda, decorrente de disfunção ou lesão neuronal, da capacidade previamente
adquirida para a leitura.
Disartria
❖ incapacidade de articular corretamente as palavras devido a alterações do aparelho
fonador (fraqueza, paralisia ou falha dos músculos responsáveis pela fala).
❖ Fala fraca, aparentemente “embriagada”, com ritmo prejudicado.
Parafasias
❖ dificuldade ou perda da habilidade em colocar sílabas ou palavras na sequência
correta. Determinadas palavras são alteradas(deformadas).
“garrafa”, mas o indivíduo fala “tarrafa”
“livro”, mas o indivíduo fala “ibro”
Dalgalarrondo (2019)
Alterações da Linguagem (transtornos psicopatológicos)
Serão listados algumas alterações. Lista completa, verificar material complementar.
Dislexia
❖ disfunção no aprendizado da leitura, havendo dificuldade de identificar a
correspondência entre os símbolos da escrita e os fonemas (graus variados).
Sintomas: dificuldades em pronunciar corretamente as palavras, em ler rapidamente,
em subvocalizar palavras, em pronunciar corretamente palavras ao ler em voz alta e em
compreender aquilo que se está lendo.
Dislalia
❖ alteração da fala que resulta da deformação, omissão ou substituição de fonemas.
❖ podem ser:
• fisiológica (imaturidade do sistema fonoarticulatório),
• audiogênica (decorrente de problemas de audição),
• funcional (origem patológica),
• orgânica [disglossia] (distúrbios anatômicos dos órgãos fonoarticulatórios).
Dalgalarrondo (2019)
Ecolalia
❖ repetição em eco da fala.
Palilalia
❖ repetição automática e estereotipada [pelo paciente] de suas palavras ou frases
“gosto de maçã, gosto de maçã, de maçã, maçã”
“moro em Jundiaí, Jundiaí, Jundiaí”
Alogia
❖ Empobrecimento da produção da linguagem; diminuição da fluência verbal por
discurso empobrecido.
Mussitação
❖ voz murmurada; o paciente fala para “si”, movendo discretamente os lábios.
→ Esquizofrenia
Dalgalarrondo (2019)
Alterações psicopatológicas da linguagem mais observadas em adultos
Serão listados algumas alterações. Lista completa, verificar material complementar.
Logorreia ou logomania
❖produção aumentada, acelerada e incoerente (taquifasia) da linguagem verbal. Fluxo
incessante de palavra e frases, frequentemente associado à aceleração geral de todos os
processos psíquicos (taquipsiquismo), podendo ocorrer perda lógica do discurso. Pode ser
descrita como falar de maneira acelerada e incontrolável.
→ fases de mania ou na hipomania do Transtorno Bipolar (tipo I e II).
Bradifasia
❖alteração da linguagem oposta à “taquifasia”. Neste tipo, o indivíduo fala vagorosamente
(lentidão patológica na pronúncia das palavras). As palavras seguem-se umas às outras de
forma lenta e difícil. Está associada à quadros depressivos graves, estados demenciais e na
esquizofrenia crônica.
Dalgalarrondo (2019)
Mutismo
❖ausência de resposta verbal oral por parte do paciente.
❖O indivíduo não responde ao interlocutor, embora esteja desperto, sem
comprometimento da audição, sem comprometimento do nível de
consciência e sem paralisias motoras que comprometam a produção de
palavras.
Dalgalarrondo (2019)
Pensamento
O pensamento é a capacidade de processar informações de forma abstrata,
racional e lógica.
Dalgalarrondo (2019)
Pensamento lógico
❖ regido pela lógica formal e orientar-se segundo a realidade e os princípios de
racionalidade da cultura na qual o indivíduo se insere.
❖ Princípio da causalidade:
A é causa de B.
Dalgalarrondo (2019)
❖ Pensamento indutivo
O pensamento indutivo parte da observação dos fatos elementares, da
experimentação e da comparação entre os fenômenos para chegar as conclusões
e concepções mais gerais , a hipóteses explicativas e classificações mais
amplas.
>> ciências empíricas, baseadas na investigação de fatos e objetos do mundo
real.
observação dos fatos
a hipóteses explicativas
conclusões e concepções mais gerais
Dalgalarrondo (2019)
• Pensamento mágico ou dereístico
• Pensamento inibido
• Pensamento vago
• Pensamento prolixo
• Pensamento concreto ou concretismo
Alterações do pensamento
• Pensamento deficitário
• Pensamento demencial
• Pensamento confusional
• Pensamento desagregado
• Pensamento obsessivo
Serão listados algumas alterações. Lista completa, verificar material complementar.
Pensamento mágico
❖ Pressupõe que uma relação puramente subjetiva de ideias corresponda uma
associação objetiva de fatos.
Exemplo:
“[...] vi um carro batido hoje ... meu pai irá morrer atropelado nos próximos dias”.
Pensamento inibido
❖ Ocorre a inibição do raciocínio, com diminuição da velocidade e do número de
conceitos, juízos e representações utilizados no processo de pensar. O pensamento
torna-se lento, difícil, pouco produtivo.
Comum em quadros demenciais e em quadros depressivos graves.
Pensamento vago
❖ Pensamento muito ambíguo, podendo mesmo parecer obscuro. Não há propriamente
o empobrecimento do pensamento, mas, sim, a marcante falta de clareza e precisão
no raciocínio.
Dalgalarrondo (2019)
Pensamento prolixo
❖ O indivíduo não consegue chegar a qualquer conclusão sobre o tema que está
tratando, a não ser após muito tempo e esforço (dá longas voltas ao redor do tema,
mescla, de forma imprecisa, o essencial com o supérfluo). Há dificuldade em obter
construção direta, clara e acabada, além de notável falta de capacidade de síntese.
Exemplos:
“[...] não consigo encontrar aquela coisa, o meu ... (batom), aquilo para passar
aqui (indica a boca com o dedo)...”.
“[...] vou pedir ao ... àquele homem (o guarda), que me ajude a atravessar...
aqui (a rua).”
Dalgalarrondo (2019)
Alterações no processo de pensar
Aceleração do pensamento
❖ O pensamento flui de forma muito acelerada, com uma ideia se sucedendo à outra
rapidamente, podendo até ser difícil acompanhar o ritmo do indivíduo. Pode ocorrer em
episódios maníacos, na esquizofrenia, nas psicoses de origem toxicas, entre outros.
Lentificação do pensamento
❖ O pensamento progride lentamente e de forma dificultosa. Há certa latência entre as
perguntas formuladas e as respostas. Ocorre principalmente em pacientes gravemente
deprimidos, em alguns casos de rebaixamento do nível da consciência e em certas
intoxicações.
Bloqueio do pensamento
❖ Ocorre quando o indivíduo, ao relatar algo, no meio de uma conversa, brusca e
repentinamente interrompe seu pensamento, sem qualquer motivo aparente.
O paciente relata: “[...] meu pensamento parou, foi bloqueado, travou.”
Dalgalarrondo (2019)
Roubo do pensamento
❖Trata-se de uma vivência , frequentemente associada ao bloqueio do pensamento.
Neste caso, o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado
de sua mente.
Fuga de ideias
❖É uma alteração do fluxo e da estrutura do pensamento secundária a acentuada
aceleração do pensamento, na qual uma ideia se segue a outra de forma
extremamente rápida, perturbando-se as associações lógicas entre os juízos e os
conceitos. As associações entre as palavras deixam de seguir uma lógica ou
finalidade do pensamento.
❖É muito comum em episódios maníacos do transtorno bipolar.
Dalgalarrondo (2019)
Referências:
American Psychiatric Association (APA) (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(DSM- IV). Amer Psychiatric Pub Incorporated.
Dalgalarrondo, P. (2019). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Ed. Artmed.