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ISMT

Metodologia de investigação
Aula1

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DOCENTE: Professora Doutora Margarida Pocinho
Fevereiro de 2012
Sumário
1. Metodologia
2. Investigação
3. Ciência
4. O conhecimento científico
5. Princípios subjacentes à ciência
Determinismo
Empirismo
6. Funções da ciência
7. Teoria
Função
Critérios de distinção
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Metodologia
é o estudo dos métodos científicos.
1 Em termos epistemológicos, “método”
significa caminho para, via para chegar
ao conhecimento.
O método é um conjunto de
abordagens usadas para a recolha de
dados, para a predição e para a
explicação.
4
• A metodologia é parte do processo
de investigação (método científico)
que vem na sequência da
1 propedêutica e que possibilita a
sistematização dos métodos e das
técnicas necessárias para a levar a
cabo. Convém esclarecer que a
propedêutica é o conjunto de saberes
e disciplinas que são necessários para
preparar o estudo de uma matéria. O
termo provém do grego pró (“antes”)
e paideutikós (“referente ao ensino”).

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• Por outras palavras, a metodologia
1 é uma etapa específica que procede
de uma posição teórica e
epistemológica, para a selecção de
técnicas concretas de investigação.
Logo, a metodologia depende dos
postulados que o investigador
acredita serem válidos, já que a
acção metodológica será a sua
ferramenta para analisar a
realidade estudada.
Investigação
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É uma tentativa sistemática de
obter conhecimentos guiada por
teorias e hipóteses acerca das
presumíveis relações entre os
fenómenos.

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Ciência

“Ciência” significa conhecer ou


3 saber, sendo que o “conhecimento”
é possuir uma informação,
compreender algo;

conhecer é saber o quê e porquê.

A ciência procura, em 1.º lugar,


conhecer as coisas e, em 2.º procura
explicá-las. 8
A ciência é
• explicativa: tenta explicar os factos
em termos de leis e as leis em
3 termos de princípios. Os cientistas
não se conformam com descrições
pormenorizadas;
• além de inquirir como são as coisas,
procuram responder ao porquê
• A ciência deduz as proposições
relativas aos factos singulares a
partir de leis gerais, e deduz as leis
a partir de enunciados nomológicos
ainda mais gerais (princípios).
A ciência é
• aberta: não reconhece barreiras a
priori, que limitem o conhecimento:
3 – Se o conhecimento fáctico não é
refutável em princípio, então não
pertence à ciência, mas a algum outro
campo. A ciência carece de axiomas
evidentes; inclusive, os princípios mais
gerais e seguros são postulados que
podem ser corrigidos ou substituídos
• a ciência não é um sistema dogmático e
fechado, mas controvertido e aberto.
– a ciência é aberta como sistema, porque
é falível, por conseguinte, capaz de
progredir.
A Ciência não é a única fonte de
conhecimento:
 filosófico,
3  teológico,
mítico,
artístico,
técnico,
senso comum,
…

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O conhecimento científico é
• O conhecimento científico é
fáctico: Parte dos factos,
4 • A investigação científica é
especializada
• O conhecimento científico é
claro e preciso: os seus
problemas são distintos, os seus
resultados são claros. (...) A
ciência torna preciso o que o
senso comum conhece de
maneira nebulosa. (...)
O conhecimento científico é
• comunicável: não é inefável, mas
4 expressável;
• não é privado, mas público.
• verificável: O teste das hipóteses
fácticas é empírico, isto é,
observacional ou experimental.
(...) Nem todas as ciências podem
experimentar; e em certas áreas da
astronomia e da economia,
alcança-se uma grande exactidão
sem ajuda da experimentação. (...)
O conhecimento científico é
• metódico: não é errática, mas
4 planeado.
• Os investigadores não
tacteiam na obscuridade;
sabem o que buscam e como
o encontrar.
• A planificação da investigação
não exclui o erro nem o acaso
O conhecimento científico é
• Sistemático: a ciência não é um
agregado de informações desconexas,
mas um sistema de ideias ligadas
4 logicamente entre si.
• é sistemático porque o cientista:
a) Baseia-se na observação sistemática
não se contentando com observações
casuais;

b) define de modo claro os conceitos


utilizados ;

c) usa-os rigorosamente nesse sentido;

d) Operacionaliza os conceitos que utiliza.


O conhecimento científico é
Preditivo: transcende a massa dos
factos de experiência, imaginando como
4 pode ter sido o passado e como poderá
ser o futuro. A previsão é, em primeiro
lugar, uma maneira eficaz de pôr à prova
as hipóteses; mas também é a chave do
controlo ou ainda da modificação do
curso dos acontecimentos. A previsão
científica, em contraste com a profecia,
funda-se em leis e em informações
específicas fidedignas, relativas ao
estado de coisas actual ou passado. (...)
O conhecimento científico
• Geral: situa os factos singulares em
hipóteses gerais, os enunciados
particulares em esquemas amplos.
• Todo o facto é classificável, o que
ignora o facto isolado. Por isso, a
ciência não se serve dos dados
empíricos -- que sempre são
singulares -- como tais; estes são
mudos enquanto não se manipulam
e convertem em peças de estrutura
teóricas. (...)
O conhecimento científico é
• legislador: busca leis (da
natureza e da cultura) e aplica-as.
4 O conhecimento científico insere
os factos singulares em regras
gerais chamadas "leis naturais"
ou "leis sociais". Por detrás da
fluência ou da desordem das
aparências, a ciência factual
descobre os elementos regulares
da estrutura e do processo do ser
e do devir. (...)
Resumindo: o conhecimento científico é
autocorrectivo,
Tem a possibilidade de corrigir os seus próprios erros.
provisório:
4 Como admite a possibilidade de erro permite a sua
correcção.
tem um carácter público e aberto:
O cientista expõe as conclusões que podem ser
verificadas
O conhecimento científico é testável.
Objectivo:
A objectividade é a característica essencial do
conhecimento científico.

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Princípios subjacentes à ciência
Determinismo

Claude Bernard afirma que “o princípio


5 absoluto das ciências experimentais é o
Determinismo”.

O Determinismo traduz a ideia de que os


fenómenos da natureza ocorrem de
forma regular (relação de causa-efeito) e
não de uma forma caótica;
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Determinismo

• Doutrina segundo a qual tudo o


que acontece tem uma causa. A
5 explicação habitual desta ideia
consiste em defender que, para
qualquer acontecimento, existe
um estado anterior que está
relacionado com ele de tal
maneira que esse estado
anterior não poderia (sem violar
uma lei da natureza) existir sem
que existisse o acontecimento.

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Indeterminismo

• Concepção segundo a qual


5 alguns acontecimentos não
têm causas: limitam-se a
acontecer e nada há no
estado prévio do mundo que
os explique. Segundo a
mecânica quântica, os
acontecimentos quânticos
têm esta propriedade.

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Empirismo
São os conhecimentos que vêm da

5 experiência, da observação
sensorialmente objectiva.

A experiência do cientista é
sistemática e controlada; recusa
explicações subjectivas, do senso
comum. 23
Racionalismo
Para o Racionalismo, o conhecimento
adquire-se pelo raciocínio, pela lógica
5 e pelo encadeamento rigoroso das
ideias.
O Empirismo é a atitude oposta ao
Racionalismo.
O Empirismo estrito levaria a uma
acumulação de factos.

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5 O Empirismo “temperado” de
Racionalismo é o melhor para a
ciência.

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Funções da Ciência

A ciência tem como funções principais a


6 descrição e a explicação dos fenómenos.
O cientista observa os fenómenos para
os descrever, isto é, dizer o que se passa.
Explicar é procurar o porquê do
fenómeno, procurar conhecer as causas
do fenómeno, ser capaz de predizer a
ocorrência de um fenómeno.
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Teoria
Para Kerlinger “uma teoria é um

7 conjunto de constructos (conceitos


elaborados para fins científicos), definições
e proposições inter-relacionadas,
conjunto esse que apresenta uma
visão sistemática dos fenómenos
mediante a especificação de relações
entre as variáveis com o objectivo de
explicar e predizer os fenómenos”.
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Função das Teorias Científicas

7 1 - Predizer novos fenómenos;

2 - Integrar os dados já existentes.

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Critério de uma boa teoria
1- Critério da parcimónia: são melhores as
teorias que são mais simples e com melhor
7 poder explicativo.
2 - Critério da precisão: uma teoria é
precisa quando é formulada em termos
rigorosos, não ambíguos, e traduz os termos
numa linguagem matemática.
3 - Critério da testabilidade: a teoria pode
ser submetida a teste ou evidência
experimental
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Em síntese
INVESTIGAÇÃO é, segundo Kerlinger, “uma pesquisa
sistemática, empírica e crítica dos fenómenos guiada
por teorias e hipóteses acerca de presumidas
relações entre esses fenómenos”.

• A Investigação visa estabelecer relações


entre os fenómenos. Para tal, o cientista observa
todas as hipóteses e só aceita uma - Pesquisa
sistemática e controlada.

• A Investigação é empírica, devido ao apelo


à experiência.
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