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Governador

Aécio Neves da Cunha F J P - BtR! t O T F C A

Secretário de Estado de Píanejamento e Gestão


*60002946*

NAO DANtFtaUE E S T A ETIQUE-TA


Presidente da Fundação João Pinheiro
Ricardo Luís Santiago

Diretor do Centro de Políticas Públicas


Afonso Henrique Borges Ferreira

Secretario de Estado de Defesa Sócia!


Maurício de Oüveira Campos Júnior

Administração Superior da Polícia Civü

Chde^tPd^a^^ Corregedor-Geral de Polícia Civi!


Marco Antônio Monteiro de Castro Geraldo de Moraes Júnior

Chefe Adjunto da Polícia Civil Coordenador-Geral de Segurança


J^mL^^F^^ Francisco Carvalho Martins

Chefe de Gabinete da Polícia Civil Diretor-Geral da Academia de Poücia Civi!


Jesus Trindade Barreto Júnior Cylton Brandão da Matta

Delegado Assistente Superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças


Alexandre Carrão Mesquita Machado Nelson Constantino da Süva Filho

Superintendente-Geral de Poücia Civil Chefe do Departamento de Tránsito de Minas Gerais


Gustavo Botelho Neto Oüveira Santiago Macie!

Superintendente de Poücia Técnico-Científica


Elaine Nogueira Cruz

!SBN: 85-85930-53-5

Fundação João Pinheiro


História da Polícia Civil de Minas Gerais: a Instituição Ontem e Hoje

1.Pd^^CMhhi^w^-Mm^G&'&^Ln^o

CD^3^7^^^U
Coordenação Edítoria!
Mário Cleber Martins Lanna Junior

Produção Editorial
Ronara de Pauia

Assistente de Produção
isabe! de Carvaiho Pereira

Projeto Gráfico
Frederico Sá Motta

Revisão de Texto
Tucha

Normalização
Hetena Schirm

EQUIPE TECNiCA

Coordenação Editorial
Mário Cléber Martins Lanna Júnior

Pesquisa Hlistórica e Redação de Texto


Eduardo Cerqueira Batitucci
Evelyn Maria de Almeida Meniconí
Mário Cléber Martins Lanna Júnior
Rita Lages Rodrigues

Auxiliar de Pesquisa
Henrique Rocha Bedetti

Gravação
Néüo Costa

Transcrição
Midianele Ltda

Estagiários
Gerson Castro dos Santos
Lucilla da Silva Cavaícanti
Ludimilia do Amor Divino Machado
Paulo Henrique Neves Lopes Rodrigues
Verônica Bruna Barroso

Apoio Admistrativo
Flavia Tadeu de Oliveira
Luzia O! iva Barros
AGRADECIMENTOS

Para a realização desse trabatho, c o n t a m o s com a vatiosa colaboração das seguintes pessoas e instituição:

Antônio Car]os C o r r e a de Faria

Antônio M a c h a d o Carvaiho Filho

Christobaldo Motta de Almeida

E d i r a l d o j o s é M a r q u e s Bicalho Brandão

Jesus T r i n d a d e Barreto

J o s é R e z e n d e de A n d r a d e

O t t o Teixeira F i l h o

Sérgio Francisco de Freitas

Arquivo Público de Minas Gerais

Esta obra teve início na gestão do chefe da Polícia Civil, dr O t t o Teixeira Filho e do p r e s i d e n t e da F u n d a ç ã o
J o ã o Pinheiro, Amilcar Martins, s e n d o L e o n a r d o Alves L a m o u n i c r o diretor do extinto C e n t r o de Estudos
Históricos e Culturais.
A investigação criminai ocupa vasto terreno no imaginário coletivo, desafiando a intuição, a técnica e a criatividade
do ser humano. Deu motivações efervescentes à ciência, á literatura, á administração pública e, na modernidade,
tornou-se uma relevante instituição do Direito, executada em padrões profissionais por órgãos do Estado.
Recentemente, em face dos imperativos éticos e políticos de enfrentamento ao fenômeno da violência, a atividade
investigativa vem exigindo comptexas arquiteturas organizacionais na esfera da máquina estatal.

Em Minas Gerais, a Polícia Civil representa importante capítuío na história de desenvolvimento da justiça crimina!
concorrendo, não sem dificuldades, para a afirmação da nossa identidade e elevação dos padrões civilizatórios de
convivência interpessoal e comunitária.

Em boa hora, a administração governamental iniciada em 2003, cuja marca é a da modernização, enxergou a
importância da construção de um registro técnico desta trajetória e, buscando a notável excelência da Fundação
João Pinheiro, encomendou o trabalho que ora se consuma com este belíssimo livro.

Nós, policiais civis de todas as carreiras, nos orgulhamos deste caminhar que, acima de contradições, chega
hoje a um desafio de grande importância, alicerçado na idéia de executar a força policial investigatória no
âmbito dos marcos constitucionais de promoção de direitos e da cidadania. O exercício ponderado da força
admitida pelos construios democráticos requer uma Polícia Civi! cada vez mais reverente ao seu passado de
uma produção, digamos, artesanal, até o instante presente e perspectivas futuras, em que precisa atuara partir
de visões aplicadas das ciências sociais, humanas e naturais, incidindo sobre os conflitos violentos com o
ânimo de fomentar a paz.

Marco Antônio Monteiro de Castro


Delegado Gera) de Polícia
Chefe da Polícia Civil de Minas Gerais
Esse tivro resultou de parceria entre a Fundação João Pinheiro e a Poücia Civi! de Minas Gerais e teve como obje-
tivo resgatar a memória desta tradicional instituição. A tarefa que agora se conciui foi fruto de iniciativa da própria
Policia Civil, preocupada em apresentar sua história ao púbüco de forma isenta. Por isso recorreu à Fundação
João Pinheiro, instituição reconhecida nacionalmente pe!a sua experiência e peio padrão de quaüdade de seus
trabalhos de pesquisa histórica e de suas pubücações. Nessa perspectiva, o trabalho que se apresenta primou
peio rigor metodológico sem se tornar um tratado enfadonho. Buscou unir os parâmetros próprios do saber cien-
tífico com um texto ilustrativo aprazível e de fácil compreensão para o mais simples e o mais exigente leitor.

O livro reproduz uma narrativa histórica fundamentada em pesquisa bibliográfica e arquivos, um rico trabalho
informativo sobre a instituição Polícia Civil e sua inserção na sociedade. São informações passíveis de serem
colhidas pontualmente, de acordo com interesses específicos, ou absorvidas como uma síntese histórica sobre
as transformações da Polícia Civil e da segurança pública em Minas Gerais ao longo dos anos. Seu público-
alvo abrange aqueles diretamente ligados à segurança pública, como policiais, administradores, gestores e estu-
diosos da área, e outros, leigos no assunto, mas nem por isso menos interessados em conhecer sobre um tema
que ocupa boa parte dos noticiários e está entre as preocupações mais relevantes da sociedade atual.

É um texto inédito que corresponde à primeira iniciativa de se contar a história da Polícia Civil em Minas Gerais.
Representa também um esforço da entidade em implantar um novo marco na sua existência, caracterizado pela
transparência e pela acessibilidade aos seus registros, uma exigência dos novos tempos. Além de se constituir
em documento para a instituição, a obra permite ao público conhecer os processos de sua fundação, institu-
cionalização e desenvolvimento histórico. É com grande honra que a Fundação João Pinheiro participa deste
relevante e pioneiro trabalho consolidado nesta publicação.

Ricardo Luís Santiago


Presidente da Fundação João Pinheiro
CD z
<C a .

SUMÁRtO

htrodução .15

Capítuto 1: Origens da organização poüciat brasiieira .27

1.1 O período cotoniat .29

1.2 A transferência da Corte portuguesa para o Brasi! em 1808. .31

1.3 O período imperiaí .32

C a p í t u ! o 2 : Período republicano .47

2.1 A Potícia na Primeira República .49

2.1.1 A Polícia e a estruturação do poder estadual: 1889 — 1906. .50

2.1.2 A Polícia na fase oligárquica: 1906 — 1926 .60

2.1.2.1 As autoridades policiais na fase oligárquica: 1906 — 1926. .71

2.1.3 Secretaria de Estado da Segurança e Assistência Pública — 1926 a 1930 .78

Capítu!o 3: A Polícia Civil na modernização do Estado brasiíeiro .85

3.1 A Revolução de 1930 e a Polícia Civil de Minas Gerais .88

3.2 1945 - 1956: A Polícia Civil na democracia 91

3.3 1956 - 1964: A criação da Secretaria de Estado da Segurança Pública


e a expansão da Polícia Civil 97

3.4 1964 - 1984: Interiorização, modernização e informatização da Polícia Civil 105

3.5 1984 - 2003: A segurança pública atinge sua capacidade máxima:


crescimento da criminalidade e reação institucional 116

Capítuto 4: Etementos para uma sociologia histórica da Polícia Civil em Minas Gerais 129

4.1 Negociando a ordem sociai 132

4.2 O que fazia a Polícia Civil de Minas Gerais?. J33

Capituto 5: Tendências da história da Polícia Civil 157

Cronotogia J67

Listas J70

Referências 175

BtBLiOTECA DA
tNTRODUÇÃO
os aspectos, em relação aos t e s t e m u n h o s do passado e da b i b ü o g r a ñ a s o b r e a Policía Civi! de M i n a s
Gerais, o q u a d r o a p o n t o u para a carencia de d o c u m e n t o s e trabalhos bibÜográñcos especíñcos.

O l e v a n t a m e n t o b i b l i o g r á f i c o s o b r e s e g u r a n ç a p ú b l i c a c p o l í c i a , e m M i n a s G e r a i s , foi s u ñ c i e n t e
para a p o n t a r a pertinencia de um e s t u d o histórico sobre a Polícia Civil no Estado. D e t e c t o u - s e , p o r
e x e m p l o , q u e existe, a t u a l m e n t e , g r a n d e interesse em relação ao tema, e v i d e n c i a d o pelo crescente
n ú m e r o de m o n o g r a ñ a s , dissertações e teses desenvolvidas nos principais p r o g r a m a s de pós-gra-
d u a ç ã o de Belo H o r i z o n t e , nos centros, c o m o a Faculdade de Filosoña e Ciencias H u m a n a s e a
Faculdade de Economia, da Universidade Federa! de Minas Gerais, e a Fundação J o ã o Pinheiro.
E s s e i n t e r e s s e n ã o é e v e n t u a ! o u p o n t u a ! , e!e e s t á p r e s e n t e e m t o d o o P a í s , p r i n c i p a l m e n t e n o s
g r a n d e s c e n t r o s c u l t u r a i s . S e g u e u m a t e n d ê n c i a s u r g i d a d e s d e a d é c a d a d e 19S0.

O s p r i m e i r o s e s t u d o s s o b r e o t e m a f o r a m feitos, p r i n c i p a l m e n t e , p o r s o c i ó l o g o s e a n t r o p ó l o g o s ,
p o r t a n t o t i n h a m u m a a b o r d a g e m p r e d o m i n a n t e m e n t e m a r c a d a p o r essas d u a s disciplinas. M u i t o s
uj o u t r o s t r a b a l h o s s u r g i r a m d e s d e a d é c a d a de 1980, o q u e a m p l i o u s o b r e m a n e i r a , q u a n t i t a t i v a e
^ quaütativamente, a üteratura sobre o tema. N o v a s abordagens foram agregadas, c o m ênfase em o u -
g tras áreas do c o n h e c i m e n t o , c o m o a da a d m i n i s t r a ç ã o p ú b l i c a e a da ciência política, e n t r e t a n t o
t—

o p e r m a n e c e u a predominância das abordagens antropológica e sociológica, c o m o demonstra a bi-


bliografla pesquisada.

^ Destaca-se nessa bibliograña a escassez de trabalhos de história. D e n t r e os p o u c o s existentes,


^ s a l i e n t a - s e o t e x t o d e T h o m a s H . H o H o w a y , Po/Zr/^ /^/o yT^pyi^jj^í^ f ^jíj'^^rM r/í/a^/í'
S í/o yí'íT///^ y/X, u m a análise histórica sobre a segurança pública no Rio d e Janeiro. E s p e c i ñ c a m e n t e
t3
sobre M i n a s (jerais, existe o t r a b a l h o de Ivan de A n d r a d e Vellasco, ^ 0?^/íw. v / o / ^ r M ,

E
^í/w/w/j^^^c^o yM.r//(-^ fw Aí/K¿?y GíV-^/j* — ^^r^/o A'/X, u m a p u b l i c a ç ã o r e c e n t e q u e
S procura c o m p r e e n d e r a segurança pública em M i n a s G e r a i s d u r a n t e o Império, u m a análise sobre
g a s a ç õ e s e o s p r o b l e m a s e n c o n t r a d o s n e s s a á r e a . A i n d a s o b r e M i n a s G e r a i s , foi e n c o n t r a d o o t r a -
3 b a l h o de J o ã o L o p e s , Píí^Ar^ í/f A í / K ^ y G ^ ¿ r . a íwryy
o C/y/Zf^y AÍ/7//a/^ u m t r a b a l h o d e c i ê n c i a p o l í t i c a e s p e c i ñ c a m e n t e d e a d m i n i s t r a ç ã o p ú b l i c a
á q u e c o n t e m u m a curta análise histórica sobre a Polícia Civil e Militar em M i n a s G e r a i s . D e s t a c a -
g s e n e s s e t e x t o o fato d e s e t r a t a r d o c a s o e s p e c í f i c o d e M i n a s G e r a i s e s e r r e s u l t a d o d e u m t r a b a -
w lho a c a d ê m i c o desenvolvido p o r um d e l e g a d o da Polícia Civil mineira, o q u e lhe confere um signi-
ó ñ c a d o especial.

A h i s t ó r i a d a P o l í c i a C i v i ! foi o b j e t o e s p e c í f i c o d e e s t u d o n o t r a b a l h o d e H e r m e s V i e i r a e O s v a l d o
Silva, / / / j r o n ^ C / W í / í ' .S'¿o p u b l i c a d o n a d é c a d a d e 1950. S o b r e a P o l í c i a C i v i l d e
Minas Gerais, destaca-se um trabalho voltado para o a p r e n d i z a d o e o cotidiano do delegado de
Polícia, o 0?g3M/z/?(^ão í- PoZ/r/^/í, de A n t ô n i o D u t r a L a d e i r a . !'^ssa o b r a de r e f e -
r ê n c i a foi u m a i n t e r l o c u t o r a p r i v i l e g i a d a , d a d a a r e l e v â n c i a p a r a o o b j e t o d e p e s q u i s a e a q u a l i d a d e
de suas informações. O trabalho de Ladeira privilegia o Direito c o m o fonte principa!. O autor a p r e -
senta u m a a b o r d a g e m d o p o n t o d e vista j u r í d i c o d e f u n d a m e n t a l r e l e v â n c i a p a r a o c o n h e c i m e n t o
sobre a história da Polícia Civil de M i n a s Gerais.

O l e v a n t a m e n t o s o b r e o t e m a e v i d e n c i o u o c r e s c e n t e interesse e a g r a n d e l a c u n a q u e existe em
relação ao c o n h e c i m e n t o histórico sobre o tema. N e s s e contexto, esse livro coincide c o m o cres-
cente interesse e colabora para d i m i n u i r a lacuna deixada pela historiograña. O objetivo é resgatar
a m e m ó r i a da instituição Polícia Civil em M i n a s G e r a i s , a p o n t a r suas i d e n t i d a d e s e tradições
h i s t ó r i c a s , c o m p r e e n d ê - l a c o m o u m a instituií^ão i n t e g r a d a à s o c i e d a d e e , p o r t a n t o , r e ñ e x o d a s c o n -
tradições dessa sociedade.

Há contradições q u e se manifestam h i s t o r i c a m e n t e e influenciam na f o r m a ç ã o da Polícia Civil.


Esse é o caso, p o r e x e m p l o , da confusão institucional q u e m a r c a a o r i g e m dos ó r g ã o s ligados à s e g u -
r a n ç a p ú b l i c a n o Brasit e e m M i n a s G e r a i s . A p o l i c i a b r a s i l e i r a c o m e ç o u a s e r c o n s t i t u í d a , a i n d a n a
C o l ô n i a , e m 1808, q u a n d o D . J o ã o V I c h e g o u c o m s u a c o r t e a o R i o d e J a n e i r o e c r i o u a I n t e n d e n c i a
G e r a l da Polícia da C o r t e e do Estado Brasileiro. Essa a o r i g e m da Polícia, o g e r m e e m b r i o n á r i o
das atuais Polícias Civil e Militar.

O t e r m o " c i v i l " p o d e s e r e f e r i r à d e f i n i ç ã o d e s o c i e d a d e civil e m c o n t r a p o s i ç ã o a s o c i e d a d e p r i -


mitiva, sem o r g a n i z a ç ã o política e governos, ou em c o n t r a p o s i ç ã o ao Estado, à s o c i e d a d e política
( B O B B I O , 1997). N o c a s o d a P o l í c i a C i v i l , o t e r m o r e f e r e - s e a o q u e n ã o c m i l i t a r , u m a d i s t i n ç ã o
alicerçada no período republicano, coerente com a época, marcada pela ascensão dos militares na
política brasileira, evidenciada na Proclamação da República, no M o v i m e n t o Tenentista, na
R e v o l u ç ã o d e 1930 e n o G o l p e M i l i t a r d e 1 9 6 4 ( C A R V A L H O , 1 9 8 7 ; L E S S A , 2 0 0 1 ) . N a d é c a d a d e
1960, o p r o c e s s o d e s e p a r a ç ã o d a s p o l í c i a s j á e s t a v a c o n s o l i d a d o , c o m o m o s t r a D e P l á c i d o e Silva,
c o m a s e g u i n t e definição de Polícia Civil: " E m o p o s i ç ã o à polícia militar, c a d e s i g n a ç ã o q u e se dá
ao conjunto de autoridades designadas pelo Governo, para que c u m p r a m as prescrições estabele-
c i d a s p a r a a m a n u t e n ç ã o d a o r d e m p ú b l i c a " . A i n d a s e g u n d o e s s e a u t o r , essa p o l í c i a p o d e s e r d i v i -
d i d a e m polícia administrativa, q u a n d o agia n a p r e v e n ç ã o d o c r i m e o u polícia judiciária, q u a n d o
"trata[va] de r e p a r a r o mal, atuava p a r a trazer o c r i m i n o s o ou infrator à s a n ç ã o p e n a l " (SILVA,
o
1 9 6 7 , p. 1.174).

E s s e é o c o n c e i t o d e P o l í c i a C i v i l a d o t a d o n e s t e livro. O c o n j u n t o d a s a u t o r i d a d e s m e n c i o n a d o r e -
fere-se, no p e r í o d o imperial, ao chefe de Polícia, delegado, subdelegado, investigador, a g e n t e de
polícia e carcereiro, cargos criados ao longo dos anos em diferentes contextos, c o m o o cargo de
c a r c e r e i r o q u e s u r g i u a n t e s d o I m p é r i o , n o Brasil C o l ô n i a . A s p r i n c i p a i s r e f e r ê n c i a s l e g a i s s o b r e
e s s e s c a r g o s , a n a l i s a d a s n o s c a p í t u l o s a b a i x o , s ã o : o C ó d i g o C r i m i n a l d e 1832, a L e i n . 2 6 1 , d e 1 8 4 1 ,
a s L e i s n . 2.033 e n . 4 . 8 2 4 , d e 1871 ( S A A D , 2 0 0 4 , p . 2 7 , 4 0 , 50) e o D e c r e t o n . 6 1 3 , d e 1 8 9 3 , q u e t e v e
o mérito de consolidar esses cargos c o m o um conjunto de a u t o r i d a d e s policiais. U m a p r i m e i r a t e n -
tativa d e o r g a n i z a ç ã o institucional q u e s e c o m p l e t o u a p e n a s d e p o i s d a d é c a d a d e 1920, n a P r i m e i r a
República.

O m o d e l o p o l í t i c o i m p e r i a l c o n c e b e u u m t i p o d e p o l í c i a n a q u a l a d i s t i n ç ã o e n t r e m i l i t a r e civil
e r a i n e x i s t e n t e . E s s e m o d e l o c o n c r e t i z o u fatos r e l e v a n t e s p a r a a h i s t ó r i a d a P o l í c i a C i v i l , c o m o a
criação de cargos c o m o o de chefe de Polícia, d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s , ou a d e n n i ç ã o de c o m -
p e t ê n c i a s d a p o l í c i a a d m i n i s t r a t i v a e j u d i c i á r i a , c o m o a p o n t o u M a r t a S a a d ( 2 0 0 4 ) , n a o b r a O Dí/y/ro
í/f D^y¿? o T o d o s esses cargos e c o í u p e t ê n c i a s são i d e n t i d a d e s m a r c a n t e s da
Polícia Civil, e n t r e t a n t o eles antecedeíu à criação da Polícia Civil c o m o instituição, surgida no c o n -
texto político da Primeira República.

A expressão "Polícia Civil" aparece oficialmente na a d m i n i s t r a ç ã o pública do E s t a d o no relatório


d e 1924, e n v i a d o p e l o p r e s i d e n t e d e E s t a d o , R a u l S o a r e s , à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a . N e s s a é p o c a , o
chefe de Polícia tinha as mais variadas c o m p e t ê n c i a s . Hoje, a Polícia Civil atua na i d e n t i n c a ç ã o (de
veículos e pessoas), na investigação de crimes, na prisão de criminosos e no e n c a m i n h a m e n t o do
criminoso para a Justiça. A l é m dessas atribuições tradicionais e históricas, q u e s e m p r e existiram, o
c h e í e de Potícia era responsável, no passado, p o r e m i t i r passaportes, c u i d a r de m e n d i g o s , toucos e
e m b r i a g a d o s , v i g i a r o d e s l o c a m e n t o d a s p e s s o a s e o u t r a s c o m p e t e n c i a s d e s c r i t a s n e s s e livro. O v o -
l u m e de atividades e a diversidade das áreas de atuação levaram à transformação da C h e ñ a de
P o l i c í a e m S e c r e t a r i a d e S e g u r a n ç a e A s s i s t ê n c i a P ú b l i c a , e m 1926. D e p o i s d a R e v o l u ç ã o d e 1930,
r e t o r n o u a ñ g u r a d o c h e f e d e P o H c i a , q u e p e r m a n e c e u a t é 1 9 5 6 , q u a n d o foi c r i a d a a S e c r e t a r i a d e
E s t a d o de S e g u r a n ç a Pública ( S E S P ) , urna e s t r u t u r a q u e d u r o u até 2003, q u a n d o r e a p a r e c e u a figu-
r a d o c h e f e d e P o l í c i a , a u t o r i d a d e c o m y/^^wy d e s e c r e t á r i o , v i n c u l a d o d i r e t a m e n t e a o g o v e r n a d o r e
ligado à atual Secretaria de Estado de Defesa Social de M i n a s G e r a i s (SEDS).

A história contada neste livro precisou navegar nesse e m a r a n h a d o de órgãos, c o m p e t ê n c i a s e trans-


formações, característica q u e se agrava q u a n d o consideramos as diversas polícias q u e coexistiram,
e m e s p e c i a l n o p e r í o d o d e t r a n s i ç ã o d o I m p é r i o p a r a a R e p ú b l i c a . Foi p o s s í v e l i d e n t í ñ c a r m e i a
d ú z i a d e t e r m o s r e f e r e n t e s à s forças p o l i c i a i s e n t r e o p e r í o d o d o I m p é r i o e a s p r i m e i r a s d é c a d a s d a
República: G u a r d a M u n i c i p a l , G u a r d a Civil, G u a r d a Cívica, G u a r d a Urbana, C o r p o Policial e
Brigada Policial, sem c o n s i d e r a r a q u e l a s q u e se c o n s o l i d a r a m após a d é c a d a de 1920, p o r e x e m p l o ,
a F o r ç a P ú b l i c a e a s d e n o m i n a d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s , o u seja, o j u i z d e p a z , q u e p e r d e essa f u n ç ã o
na d é c a d a de 1840, o chefe de Polícia, o d e l e g a d o e o s u b d e l e g a d o . T u d o indica q u e e r a m ó r g ã o s
s i m i l a r e s c o m o u t r o s n o m e s e m c o n t e x t o s h i s t ó r i c o s d i f e r e n t e s . N o final d o s é c u l o X I X , p o r e x e m -
p l o , e m 1 8 9 5 , a F o r ç a P ú b l i c a e m M i n a s G e r a i s foi d e n o m i n a d a d e B r i g a d a P o l i c i a l . P o r o u t r o l a d o ,
não era u m a simples m u d a n ç a de n o m e , pois em cada é p o c a esses ó r g ã o s tiveram suas estruturas,
atuações e funções modificadas.

S Decidimos utilizar a terminologia dos d o c u m e n t o s , mas, diante dessa confusão constitucional, o


M q u e fí)i p o s s í v e l o r g a n i z a r e m t e r m o s d e n o m e n c l a t u r a foi feito, s e m p r e j u í z o d o o b j e t i v o p r i n c i p a l
^ do livro, q u e é a p o n t a r e a n a l i s a r os p r o c e s s o s de f t t n d a ç ã o , i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o e d e s e n v o l v i m e n t o
S histórico da Polícia Civil de M i n a s Gerais. Na P r i m e i r a República, p r e c i s a m e n t e a partir da d é c a -
g d a d e 1920, e s s e e m a r a n h a d o d e ó r g ã o s e d e n o m i n a ç õ e s c e d e u l u g a r a u m a o r g a n i z a ç ã o m a i s s i m -
g p i e s , c o m a c o e x i s t ê n c i a d e a p e n a s t r ê s t i p o s d e forças p o l i c i a i s : a G u a r d a C i v i l , a F o r ç a P ú b l i c a e
o o c h e f e de P o l í c i a .
a-

g
E Foram utilizados, principalmente, os d o c u m e n t o s guardados no Arquivo Público Mineiro, os
M relatórios e m e n s a g e n s de p r e s i d e n t e s de províncias e de g o v e r n a d o r e s do E s t a d o para a Assembléia
E s t a d u a l d e D e p u t a d o s , a l é m d a l e g i s l a ç ã o p e r t i n e n t e , e s p e c í f i c a d o a s s u n t o . E s s e m a t e r i a l foi ú t i l
na r e c o n s t r u ç ã o histórica das c o m p e t ê n c i a s e das t r a n s f o r m a ç õ e s institucionais da Polícia Civil em
M i n a s Gerais nos períodos imperial e republicano.

O u t r o s d o c u m e n t o s foram e n c o n t r a d o s nos arquivos da Polícia Civil, especificamente as pastas


funcionais do setor de Recursos Humanos, os livros de ocorrência do Departamento de
Investigação e as atas de r e u n i õ e s do C o n s e l h o S u p e r i o r da Polícia Civil. Estes ú l t i m o s d o c u m e n -
tos, e n c o n t r a d o s nos arquivos da Polícia Civil, i n f o r m a m s o b r e p e r í o d o s c u r t o s e e s p a r s o s e n t r e as
d é c a d a s d e 1920 e 2 0 0 0 , n ã o f o r m a m s é r i e s h i s t ó r i c a s s u b s t a n t i v a s e a i n d a n ã o r e c e b e r a m o t r a t a -
m e n t o arquivístico a d e q u a d o q u e possibilitasse a pesquisa histórica e sociológica.' P o r esse m o t i -
vo, e l e s f o r a m u t i l i z a d o s c o m o f o n t e s c o m p l e m e n t a r e s , c o m e x c e ç ã o d o s l i v r o s d e o c o r r ê n c i a d o
D e p a r t a m e n t o d e I n v e s t i g a ç ã o , q u e c o n t r i b u í r a m s u b s t a n c i a l m e n t e p a r a a a n á l i s e s o c i o l ó g i c a feita
no quinto capítulo.

' Recentemente, iniciativas, c o m o a criação da Diretoria de Documentação Histórica, objetivam meihorar a gestão da memória na Poiicia
Civit. em especifico o arquivamento de s e u s d o c u m e n t o s históricos.
A d i ñ c u l d a d e foi f o r m a r u m a s é r i e d o c u m e n t a ! q u e a b r a n g e s s e t o d o o p e r í o d o h i s t ó r i c o p e s q u i s a -
do. As fontes e n c o n t r a d a s foram firagmentadas no t e m p o , c o m p e r í o d o s privilegiados de d a d o s e
d o c u m e n t o s , outros desprovidos d e vestígios, u m a característica p r ó p r i a d o c o n h e c i m e n t o históri-
co que se conñgura na trama tecida por ños que deixam longos espaços descobertos ( V E Y N E ,
1972). A m a i o r i a d a s i n f o r m a ç õ e s o r i g i n o u - s e d a s f o n t e s o ñ c i a i s e n c o n t r a d a s n o A r q u i v o P ú b l i c o
M i n e i r o , o n d e foi p o s s í v e l l e v a n t a r a d o c u m e n t a ç ã o s o b r e o p e r í o d o i m p e r i a l e o r e p u b l i c a n o ,
e x c e t o e n t r e 1950 e 1945 e a p ó s a d é c a d a d e 1960, d a t a l i m i t e q u a n d o o r e c o l h i m e n t o d e d o -
c u m e n t o s p e l o A r q u i v o P ú b l i c o M i n e i r o foi i n t e r r o m p i d o . R e c e n t e m e n t e , n a d é c a d a d e 1990, e s s e
Arquivo recebeu a d o c u m e n t a ç ã o do antigo D e p a r t a m e n t o de O r d e m Política e Social ( D O P S ) ,
q u e se refere à ação política repressiva da Polícia Civil. Esses d o c u m e n t o s não foram utilizados,
pois i n f o r m a m , p r i n c i p a l m e n t e , s o b r e a r e p r e s s ã o e m u i t o p o u c o s o b r e o p o n t o de vista da história
i n s t i t u c i o n a l a d m i n i s t r a t i v a . ' M a i s r e l e v a n t e foi a d o c u m e n t a ç ã o d a sala d e c o n s u l t a d o A r q u i v o , a s
o b r a s d e r e f e r ê n c i a s , e s p e c i ñ c a m e n t e a s c o l e ç õ e s d e leis. S o b r e e s s e t i p o d e d o c u m e n t a ç ã o , o u seja,
n o r m a s , d e c r e t o s , c ó d i g o s e leis, p r e v a l e c e a m á x i m a d e s e r e m e v i d ê n c i a s d e u m a n o r m a l i z a ç ã o e
de um ideal, p o r t a n t o d e v e m ser analisadas pela perspectiva do p o d e r do Estado, apesar de refletir
p a r t e d a s o c i e d a d e . N e m s e m p r e a s leis f o r a m r e g u l a m e n t a d a s o u m e s m o a p l i c a d a s , p o r isso
c u i d o u - s e d e v e r i ñ c a r essa c o n d i ç ã o , s e m q u e a c o n s t a t a ç ã o d e s s e s fatos d i m i n u í s s e o v a l o r d e s s a s
leis c o m o d o c u m e n t o s h i s t ó r i c o s .

O l i v r o foi d i v i d i d o e m c a p í t u l o s d e a c o r d o c o m a h i s t ó r i a p o l í t i c a d o Brasil e d e M i n a s G e r a i s . O
p r i m e i r o capítulo trata das origens da o r g a n i z a ç ã o policial no País, d e s d e o p e r í o d o colonial até o
i m p e r i a l . A a n á l i s e d e s s e p e r í o d o foi u m a n e c e s s i d a d e d e p e s q u i s a . A p r i n c í p i o , o o b j e t i v o e r a c o n -
tar a história da Polícia Civi! apenas no p e r í o d o r e p u b l i c a n o , e n t r e t a n t o a pesquisa m o s t r o u , logo '3-
de início, q u e era f u n d a m e n t a l , p a r a explicar a instituição na República, c o m p r e e n d e r os anos a n t e - o
riores, p r i n c i p a l m e n t e d u r a n t e o Império, q u a n d o foram d a d o s os p r i m e i r o s passos para a consti- S
t u i ç ã o d a P o l í c i a b r a s i l e i r a . N e s s a fase d a h i s t ó r i a d o Brasil, o s s e r v i ç o s p o l i c i a i s e j u r í d i c o s s e c o n - c3
fundiam, herança do m o d e l o colonial português, no qual as organizações policiais e r a m regidas
pelas O r d e n a ç õ e s Manuelinas.

O s e g u n d o capítulo versa sobre o p e r í o d o r e p u b l i c a n o , q u a n d o a Polícia Civil g a n h o u c o n t o r n o s


especíñcos c o m a reorganização dos serviços policiais. N e s s a época, surgiu a expressão "Polícia
C i v i r , para distinguir-se de "Força Pública", atual Polícia Militar. A Polícia Civil era f o r m a d a pelo
chefe de Polícia e seus delegados: os delegados de Polícia, advindos da elite política e bacharéis em
Direito. Q u a n d o a elite política não fornecia esse delegado, e r a m n o m e a d o s delegados militares
especiais, recrutados entre oñciais da Força Pública. Os delegados r e s p o n d i a m d i r e t a m e n t e ao
chefe de Polícia e trabalhavam nas delegacias distribuídas pelos municípios do Estado, a c o m p a -
n h a d o s d e u m e s c r i v ã o , e m a l g u n s c a s o s c o m o a u x í l i o d e i n v e s t i g a d o r e s (os a t u a i s d e t e t i v e s ) , p e r -
itos e m é d i c o s legistas, cargos criados no I m p é r i o ( S A A D , 2004). Esse e r a o efetivo c o n s o l i d a d o da
Polícia Civil n a P r i m e i r a República, m u i t o d i f e r e n t e d a Força P ú b l i c a , q u e t i n h a u m c o n t i n g e n t e
d e s o l d a d o s a q u a r t e l a d o s . Q u a n d o o s s e r v i ç o s d a P o l í c i a C i v i l e x i g i a m u m a a ç ã o d e f o r ç a efetiva,
e r a m requisitados os soldados da Força Pública, q u e agiam j u n t a m e n t e c o m a Polícia Civil, sob o
c o m a n d o do delegado de Polícia ou do delegado militar especial,' q u a n d o era o caso.

^ A liberação do materiai do DOPS para o púbüco foi recebida com muita expectativa peio meio acadêmico, principalmente pelos historiadores,
por documentar a memória de um aspecto ainda pouco conhecido de nossa história recente. Cada vez mais pesquisadores se interessam
por e s s e material e produzem trabalhos esclarecedores, voltados, em gerat. para o tema da repressão potitica. Como exemplo d e s s e s estu-
dos, especificamente para Minas Gerais, cf. ASSUNÇÃO: MOTTA, 2006.
^ A figura do delegado militar especial surgiu diante da falta de recursos humanos para assumir a responsabilidade nas delegacias do inte-
rior do Estado, onde o chefe de Polícia não tinha pessoal capacitado para nomear um delegado formado em Direito. Eram oficiais da Força
Pública, reformados ou afastados de suas funções para exercer a função de delegado n e s s a s cidades.
As atribuições da Potícia Civi! de M i n a s G e r a i s a u m e n t a r a m nesse período, s e g u n d o a lógica do
fortalecimento dos governos estaduais q u e m a r c a r a m a P r i m e i r a República brasileira. N e s s a época,
a Polícia Civil a m p l i o u - s e c o m o instituição, c o m a criação da G u a r d a Civil, do G a b i n e t e de
Identincação e Estatística Criminal, da ínspetoria de Veículos, do G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l e do
G a b i n e t e de Investigação e C a p t u r a s . O ó r g ã o passou a exigir u m a nova c o n n g u r a ç ã o administra-
tiva e d e i x o u d e s e v i n c u l a r à S e c r e t a r i a d o I n t e r i o r p a r a a d q u i r i r m a i o r a u t o n o m i a e p o d e r p o l í t i -
co na nova S e c r e t a r i a de S e g u r a n ç a e Assistência Pública, c r i a d a em 1926 p a r a esse ñ m . Essa s e -
cretaria existiu até 1931, q u a n d o a t e n d ê n c i a c e n t r a l i z a d o r a da R e v o l u ç ã o de 1930 a e x t i n g u i u e a
Polícia Civil v i n c u l o u - s e n o v a m e n t e à Secretaria do Interior.

O t e r c e i r o c a p í t u l o t r a t a d a h i s t ó r i a d a P o l í c i a C i v i l n o p e r í o d o d e 1930 a 2 0 0 3 , q u e c o r r e s p o n d e à
fase d e i n d u s t r i a l i z a ç ã o e u r b a n i z a ç ã o b r a s i l e i r a . O a d v e n t o d a m o d e r n i z a ç ã o d o País, o c o r r i d o e m
m e n o s d e u m século d e história, t r o u x e transformações sociais e e c o n ô m i c a s q u e a c a r r e t a r a m p r o -
b l e m a s , c o m o o ê x o d o r u r a l e o r á p i d o c r e s c i m e n t o d a s c i d a d e s , os c o n f l i t o s sociais e o c r e s c i m e n t o
de camadas marginalizadas socialmente. Esse f e n ô m e n o afetou p r o f u n d a m e n t e os serviços pohciais.
No caso da Polícia Civil de M i n a s G e r a i s , a instituição cresceu e suas atribuições a u m e n t a r a m . Os
p r i n c i p a i s m a r c o s d e s s e p e r í o d o f o r a m : 1945, q u a n d o foi e s t a b e l e c i d o o p l a n o d e c a r r e i r a d a P o l í c i a
C i v i l ; 1956, q u a n d o s e c r i o u a S e c r e t a r i a d e E s t a d o d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a e h o u v e a e x t i n ç ã o d o c a r g o
d e c h e f e d e Polícia; e 2 0 0 3 , q u a n d o o m o d e l o c r i a d o e m 1956 c h e g o u a o s e u l i m i t e m á x i m o e s e
t o r n o u i n a d e q u a d o p a r a a a t u a l o r g a n i z a ç ã o . E m 2 0 0 3 , a S e c r e t a r i a d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a fbi e x t i n t a
e criou-se, então, a Secretaria de E s t a d o de Defesa Social, r e s s u r g i n d o a ñ g u r a do chefe de Polícia.

O q u a r t o c a p í t u l o c o r o a a n a r r a t i v a h i s t ó r i c a d o s c a p í t u l o s a n t e r i o r e s , o n d e é feita a a n á l i s e s o c i o -
lógica da função de Polícia, e s p e c i ñ c a m e n t e a ação da Polícia Civil de M i n a s G e r a i s no século XX
e m r e l a ç ã o à o r d e m s o c i a l , a o s c r i m e s m a i s c o m u n s e c o m o o p o l i c i a l civil s e m o l d o u p a r a t r a t á - l o s .
P o r ñ m , são analisadas as últimas transformações realizadas em M i n a s Gerais, na área de segurança
pública, apresentadas c o m o " T e n d ê n c i a s da história da Polícia Civil".

Si
Veícuios antigos. Acervo Poücia CivÜ.

Viatura poüciat. Acervo Poíícia Civi!.


ORÍGENS DA
ORGAN!ZAÇÃO
POUCtAL
A organização de instituições poticiais do tipo m o d e r n o se d e u na transição do secuto X V I H para o
X!X, na Europa Ocidenta!, periodo em q u e as novidades de p e n s a m e n t o e as transformações políti-
cas, e c o n ó m i c a s e s o c i a i s e n g e n d r a d a s p e l o f l u m i n i s m o e p e l a E r a d a s R e v o l u ç õ e s l e v a r a m à d i v u l -
gação da ideologia liberal e da fíirmação de um tipo m o d e r n o de E s t a d o v i n c u l a d o à c o n s t r u ç ã o da
n a ç ã o , o E s t a d o - N a ç ã o . N o Brasil, isso s e d e u a p a r t i r d a i n d e p e n d ê n c i a , e m 1822. M a s a h i s t ó r i a
das instituições policiais brasileiras, em particular a mineira, teve c o m o p e c u l i a r i d a d e a p e r m a n ê n -
cia d e a l g u n s e l e m e n t o s q u e t i v e r a m s u a s o r i g e n s n o p e r í o d o c o l o n i a l . Isso e x p l i c a , p e l o m e n o s p a r -
cialmente, o p o r q u ê de a história da Polícia Civil estar i n t i m a m e n t e r e l a c i o n a d a à história da
P o l í c i a M i l i t a r e à da J u s t i ç a .

1.1 O PERÍODO COLONtAL

C o m a c h e g a d a d e P e d r o Á l v a r e s C a b r a l , e m 1 5 0 0 , a e m p r e s a c o l o n i z a d o r a p o r t u g u e s a n o Brasil
teve c o m o m a r c o a expedição de M a r t i m Afonso de Sousa (1530-1555) e, em seguida, a decisão,
p o r p a r t e d e D o m J o ã o 11!, p e l a c r i a ç ã o d a s c a p i t a n i a s h e r e d i t á r i a s . C a b i a a o s d o n a t á r i o s , d o p o n t o
d e v i s t a a d m i n i s t r a t i v o , o m o n o p ó l i o d a j u s t i ç a , a a u t o r i z a ç ã o p a r a f u n d a r vilas, d o a r s e s m a r i a s , a l i s -
t a r c o l o n o s p a r a fins m i l i t a r e s e f o r m a r m i l í c i a s s o b o c o m a n d o d e l e s . A p e s a r d o i n s u c e s s o d e s s e
tipo de e m p r e e n d i m e n t o — s e n d o a maior parte das capitanias r e t o m a d a pelo Estado —, ê atribuí-
da a M a r t i m Afonso de Sousa a organização pioneira da Justiça brasileira ao introduzir na
C a p i t a n i a de São Vicente — a t u a l m e n t e , São P a u l o — as funções de juizes ordinários, almotacés,
vereadores, escrivães, m e i r i n h o s e oficiais d e J u s t i ç a na forma das Ordenações Manuelinas
( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p . 21). C o m a i n s t a l a ç ã o d o G o v e r n o - G e r a l ( 1 5 4 9 ) , T o m é d e S o u s a t o r n o u - s e
g o v e r n a d o r e fez c u m p r i r a s i n s t r u ç õ e s d o s e u R e g i m e n t o c r i a n d o a l g u n s c a r g o s , c o m o o d e o u v i -
d o r (administração da justiça), o de c a p i t ã o - m o r (vigilância da costa) e o de p r o v e d o r - m o r (con-
trole e c r e s c i m e n t o da arrecadação).

A lógica do sistema colonial exigia a m o n t a g e m de instituições administrativas q u e garantissem o


controle e a expansão do p o d e r da C o r o a p o r t u g u e s a na colônia. E i m p o r t a n t e lembrar, e n t r e t a n -
to, q u e n ã o havia d e l i m i t a ç ã o , nessa ocasião, e n t r e as atividades executivas e judiciárias c o m o
o c o r r e hoje.

As instituições do p e r í o d o colonial foram estabelecidas c o m base nas O r d e n a ç õ e s Afbnsinas ( m e a -


dos do século XV), nas O r d e n a ç õ e s M a n u e l i n a s (início do XVI) e nas O r d e n a ç õ e s Filipinas (a par-
t i r d e 1605). O p e r í o d o P o m b a l i n o ( s é c u l o X V H l ) g e r o u u m c o n t r o l e p o r t u g u ê s m a i s e n c i e n t e e
o p r e s s i v o s o b r e a c o l ô n i a b r a s i l e i r a . A lei p e n a l e r a r e g i d a p e l o L i v r o V d o C ó d i g o F i l i p i n o , q u e
especiñcava os mecanismos do absolutismo: somente os representantes da Coroa podiam atuar
aqui em seu n o m e . Os juizes reais se r e u n i a m e avaliavam as provas, d e c i d i a m quais e r a m relevantes
ou n ã o — a t o r t u r a judicial era um i n s t r u m e n t o i m p o r t a n t e p a r a e x t r a i r confissões — e julgavam o
a c u s a d o , q u e n ã o t i n h a d i r e i t o s ( H O L L O W A Y , 1997, p . 4 3 - 4 4 ) .

Abaixo do governador-geral, destacavam-se os governadores de capitania, que presidiam t a m b é m


a J u n t a da Fazenda, e n c a r r e g a d a de a r r e c a d a r tributos e d e t e r m i n a r a realização das despesas.

A s forças a r m a d a s d e u m a c a p i t a n i a c o m p u n h a m - s e d a t r o p a d e l i n h a ( r e g u l a r e p r o f i s s i o n a l p e r m a -
n e n t e m e n t e armada, em geral c o m p o s t a de r e g i m e n t o s p o r t u g u e s e s ) , das milícias (tropas auxiliares.
recrutadas entre os habitantes, para serviço obrigatório e não r e m u n e r a d o ) e, p o r úttimo, dos corpos
d e o r d e n a n z a s ( í b r ç a s ¡ocais, d e a ç ã o p e r i ó d i c a , f o r m a d a s p e ! a p o p u l a ç ã o m a s c u l i n a c o m i d a d e e n t r e
18 e 60 anos, exceto os padres). Os órgãos da Justiça t i n h a m c o m o r e p r e s e n t a n t e s o o u v i d o r da
c o m a r c a ( n o m e a d o p e l o s o b e r a n o p o r t r ê s a n o s ) e o s j u i z e s ( F A U S T O , 1999, p . 6 3 - 6 4 ) .

O p o d e r local e r a r e p r e s e n t a d o p e l a s c â m a r a s m u n i c i p a i s , c o m p o s t a s p e l o s " h o m e n s b o n s " , q u e


p o d i a m , p o r e x e m p l o , n o m e a r juizes, julgar p e q u e n o s delitos e c u i d a r do p a t r i m ô n i o das cidades. Os
almotacés eram os encarregados do policiamento das sedes dos municípios e da o r d e m pública.
E r a m n o m e a d o s pela câmara, entre os " h o m e n s bons", e, em cada mês, serviam de almotacés os
juizes o r d i n á r i o s e os v e r e a d o r e s , escolhidos de dois em dois ( u m cuidava da sede e o o u t r o das
p o v o a ç õ c s e x i s t e n t e s n o m u n i c í p i o , e s t e ú l t i m o p a r e c e s e r o juiz d e v i n t e n a ) . O c a r g o n ã o e r a r e m u -
nerado, p o r esse motivo os almotacés e r a m substituídos m e n s a l m e n t e , p o d e n d o ser r e c o n d u z i d o s a
suas funções várias vezes. Os almotacés a t u a v a m no c o n t r o l e das relações de m e r c a d o ( a b a s t e c i m e n -
to, licença de funcionamento, pesos e medidas, preço, e t c ) , na m a n u t e n ç ã o da vigilância sanitária e
LU d e c o n s t r u ç ã o d e o b r a s ( p o n t e s , r u a s , c o n s t r u ç õ e s ) . E n f i m , e r a m e n c a r r e g a d o s d e fazer c u m p r i r a s
S posturas do m u n i c í p i o e, assim, garantir a paz. O juiz de v i n t e n a era assistido p o r um escrivão, ao
g qual cabiam as íunções judiciais das povoações c o m vinte vizinhos q u e distassem u m a légua ou mais
o da sede do conselho; t i n h a m c o m o função presidir o i n q u é r i t o e e n v i á - l o aos e n c a r r e g a d o s da Justiça.
Os alcaides p e q u e n o s e q u a d r i l h e i r o s t i n h a m funções " p r o p r i a m e n t e policiais" ( L E A L , 1997, p. 214).

z É i m p o r t a n t e lembrar q u e o t e r m o "Polícia" não tinha a m e s m a conotação q u e t e m atualmente, e


^ s u a s f u n ç õ e s n ã o e r a m b e m d e l i m i t a d a s . S o m e n t e a p a r t i r d o final d o s é c u l o X V I T ! e i n i c i o d o s é c u -
S Io XIX, nos países da E u r o p a O c i d e n t a l , c o m o p a r t e da o r g a n i z a ç ã o do E s t a d o M o d e r n o , elas se
M a p r o x i m a m d a s p o l í t i c a s p ú b l i c a s . S e g u n d o H o l l o w a y ( 1 9 9 7 , p . 4 3 ) , "[...] n o Brasil c o l o n i a l , n ã o
g havia a e s t r u t u r a de u m a Polícia p r o ñ s s i o n a l e u n i f o r m i z a d a , s e p a r a d a do sistema judicial e das
5 unidades militares".

g A s s i m , no Brasil c o l o n i a l , a v i g i l â n c i a e r a r u d i m e n t a r e ficava a c a r g o de " g u a r d a s " - c i v i s d e s a r m a d o s ,


o contratados pelo conselho municipal para vigiar atividades suspeitas, e de "quadrilheiros", inspetores
3 d e b a i r r o s d e s i g n a d o s p e l o s juizes. E m c a s o d e p e r t t i r b a ç ã o civil, o juiz p o d i a c o n v o c a r d e s t a c a m e n -
E t o s d a s t r o p a s a r m a d a s d a g u a r n i ç ã o local c o n s t i t u í d a s p o r m o r a d o r e s , q u e v e s t i a m u n i f o r m e s , p o r -
M tavam a r m a s e r e c e b i a m t r e i n a m e n t o dos oñciais regulares ( H O L L O W A Y , 1997, p. 44-45).

N e s s e contexto, ressalte-se o caso e s p e c í ñ c o da capitania de M i n a s Gerais. Em razão das entradas


p a r a o s e r t ã o e d a s p r i m e i r a s d e s c o b e r t a s d e o u r o , ft^i c r i a d a , e m 1 6 9 3 , a s c a p i t a n i a s d o R i o d e
Janeiro, São Paulo e Minas. A atração pelo o u r o gerou g r a n d e crescimento d e m o g r á ñ c o na região
m i n e r a d o r a e, c o n s e q í i e n t e m e n t e , a instabilidade da o r d e m , o a v e n t u r e i r i s m o e as rebeliões. Em
1720, M i n a s G e r a i s p a s s o u a s e r u m a c a p i t a n i a s e p a r a d a . C o m isso, a C o r o a o b j e t i v a v a g a r a n t i r a
lei e a o r d e m , a a r r e c a d a ç ã o d o s i m p o s t o s e a o r g a n i z a ç ã o da s o c i e d a d e na c a p i t a n i a de M i n a s
Gerais, reprimindo distúrbios e controlando o crescimento populacional mediante a urbanização e
a instalação da m á q u i n a administrativa na região.

Em 1719, v i e r a m de P o r t u g a l os D r a g õ e s , p a r a escoltar o t r a n s p o r t e de o u r o e r e p r i m i r os d i s t ú r -
bios. A C o r o a criou juntas de j u l g a m e n t o e n o m e o u o u v i d o r e s ; criou t a m b é m milícias c o m p o s t a s
d e b r a n c o s , n e g r o s e m u l a t o s l i v r e s ( F A U S T O , 1 9 9 9 , p . 101). M a i s d o q u e e m q u a l q u e r o u t r a p a r t e

** Sobre almotaçaria. cf. Pereira (2001).


d a c o i ô n i a , n a s M i n a s , o p o d e r d a J u s t i ç a foi i d e n t i ñ c a d o c o m a v i o t ê n c i a , a a r b i t r a r i e d a d e e a
coerção. Os ouvidores t i n h a m prestígio e g r a n d e a u t o n o m i a m e s m o em reíação aos governadores.
N ã o foram raros os conflitos e n t r e eles e os capitães-generais. N o s lugares mais retirados, "a ñ g u -
ra que dominava o exercício da Justiça era do capitão-mor das ordenanças, q u e punia criminosos e
p r e v e n i a iun-ações*^ ( S O U Z A , 1 9 8 6 , p . 117).

A t é 1730, n e n h u m a a u t o r i d a d e t i n h a a t r i b u i ç ã o legal p a r a s e n t e n c i a r a l g u é m à p e n a d e m o r t e , e m -
bora existam d o c u m e n t o s q u e c o m p r o v e m a existência desse tipo de c o n d e n a ç ã o irregular, c o m o no
c a s o d e F i l i p e d o s S a n t o s , s e n t e n c i a d o p o r A s s u m a r e m 1720 ( S O U Z A , 1 9 8 6 , p . 121). N e s s e s c a s o s ,
o s r é u s d e v e r i a m s e r r e m e t i d o s p a r a a B a h i a , o n d e o T r i b u n a l d a R e l a ç ã o d e v e r i a j u l g á - l o s . E m 1730,
o rei c o n c e d e u o d i r e i t o d e j u l g a r o s d e l i t o s c o m e t i d o s p e l o s p o b r e s , m e s t i ç o s , carijós e n e g r o s p o r
u m a junta composta pelos o u v i d o r e s das q u a t r o c o m a r c a s — O u r o Preto, Rio das Velhas (Sabara),
R i o d a s M o r t e s ( S ã o J o ã o d e l - R e i ) e S e r r o d o F r i o — , p e l o j u i z d e fora d a Vila d e R i b e i r ã o d o C a r m o
e pelo provedor da Fazenda, c a b e n d o ao governador, em caso de e m p a t e , o voto de d e s e m p a t e . Em
1735, u m a nova o r d e m r e d u z i a o n ú m e r o de m i n i s t r o s p a r a q u a t r o , d a d a a d i ñ c u l d a d e de se j u n t a r
o s seis p a r a f o r m a r a J u n t a d a J u s t i ç a ( o u d o C r i m e ) . S o m e n t e e m 1775 foi c r i a d a a J u n t a d e J u s t i ç a
para sentenciar todos os réus q u e c o m e t e s s e m delitos. Até então, os brancos mais b e m situados
s o c i a l m e n t e c o n t i n u a v a m a s e r j u l g a d o s n a B a h i a ( S O U Z A , 1986, p . 1 2 0 - 1 2 2 ) .

As cadeias públicas ñjncionavam nos m e s m o s ediñcios dos governos das comarcas e das câmaras. g
N e l a s ñ c a v a m os presos p o r c r i m e s c o m u n s , os quais, se fossem pobres, e r a m s u s t e n t a d o s pela o
cadeia da câmara. Se fossem p r e s o s do rei ou do bispo e n ã o tivessem prisões especiais p a r a se a l o - .g
jarem, eram recolhidos t a m b é m na cadeia da câmara, mas e r a m sustentados pelos arrematantes. A 3
p r e c a r i e d a d e d o s p r é d i o s , m u i t a s v e z e s feitos d e b a r r o e p a u - a - p i q u e c o m p a r e d e s p o d r e s , e a g
d e m o r a e m s e n t e n c i a r o s i n ñ - a t o r e s e r a m m o t i v o s d e fugas fi-eqüentes. D o c u m e n t o s r e g i s t r a m °
n e g ó c i o s e n t r e os p r e s o s e os a r r e n d a t á r i o s das cadeias e, ainda, a resistência d o s escrivães em w
a p r o n t a r os processos dos c r i m i n o s o s p o r s e r e m estes m u i t o p o b r e s e n ã o p o d e r e m lhes pagar, Í3
r e s u l t a n d o e m l o n g a s e s t a d a s n a c a d e i a , q u e a c a b a v a m s e n d o i n t e r r o m p i d a s p e l a s fugas. M u i t a s ?
v e z e s o s p r e s o s e r a m e n v i a d o s p a r a l o n g e , p a r a o s s e r v i ç o s m i l i t a r e s e o s p r e s í d i o s , p o i s essa e r a
t a m b é m u m a forma de aproveitar a m ã o - d e - o b r a dos vadios e d e s o c u p a d o s q u e proliferavam nas
M i n a s e r e p r e s e n t a v a m p e r i g o ( S O U Z A , 1986, p. 118-119).

1.2 A TRANSFERÊNC!A DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRAStL (1808)

O contexto e u r o p e u do início do século XIX, caracterizado pelas invasões napoleónicas, pressio-


n o u a transferência da C o r t e p o r t u g u e s a para o Brasil, d a n d o início a u m a nova o r g a n i z a ç ã o p o l i -
cia! n a C o l ô n i a . C o m a c h e g a d a d a f a m í l i a r e a l p o r t u g u e s a a o Brasil, c r i o u - s e a Í n t e n d ê n c i a - G e r a !
d a P o t í c i a d a C o r t e e d o E s t a d o d o Brasil, p o r m e i o d o a l v a r á d e 1 0 d e m a i o d e 1 8 0 8 , d a m e s m a
f o r m a e c o m a m e s m a j u r i s d i ç ã o q u e a I n t e n d ê n c i a d e P o r t u g a l , c r i a d a d e s d e 1760. A I n t e n d ê n c i a
foi i n s t a l a d a n o R i o d e J a n e i r o e e r a r e s p o n s á v e l p e l a s o b r a s p ú b l i c a s , p e l o a b a s t e c i m e n t o d a c i d a d e ,
p e l a s e g u r a n ç a i n d i v i d u a l e c o l e t i v a , o q u e i n c l u í a a o r d e m p ú b l i c a , a v i g i l â n c i a da p o p u l a ç ã o , a
investigação dos crimes e a captura dos criminosos; mas seu â m b i t o de ação era restrito à cidade do
R i o d e J a n e i r o ( V E L L A S C O , 2 0 0 4 , p . 301).
A i n d a e m 1 0 d e m a i o d e 1808, o u t r o a l v a r á t r a n s f o r m o u a R e l a ç ã o d o R i o d e J a n e i r o , q u e e n t r o u
e m f u n c i o n a m e n t o e m 1 7 5 4 , e m C a s a d e S u p l i c a ç ã o d o Brasil, t o r n a n d o o P a í s i n d e p e n d e n t e d e
P o r t u g a l no q u e diz r e s p e i t o aos assuntos jurídicos. A e s t r u t u r a da a d m i n i s t r a ç ã o judiciária m a n -
teve a c o n t i n u i d a d e c o m a existente na C o l ô n i a antes da chegada da C o r t e e p r o v o c o u sua e x p a n -
s ã o n o p e r í o d o , s o b r e t u d o d o s c a r g o s d e o u v i d o r e d e j u i z d e fora ( m a i s p r o ñ s s i o n a l i z a d o s , e x i g i n -
d o - l h e s f o r m a ç ã o jurídica, pois p r o c e s s a v a m e julgavam) em r e l a ç ã o aos juizes o r d i n á r i o s ( e x e r c i -
d o s p e l o s h o m e n s d a l o c a l i d a d e ) . E m Vila R i c a , h a v i a a j u n t a d o C r i m e c o m p o s t a p e l o c a p i t ã o - g e -
n e r a l , p e l o o u v i d o r e p e l o j u i z d e fora d e V i l a R i c a , p e l o o u v i d o r d e S ã o J o ã o d e l - R e i e d e S a b a r a .
As d e m a i s funções c o n t i n u a r a m a existir — juizes ordinários, a l m o t a c é s e juizes de v i n t e n a —, m a s
a e x p a n s ã o d o s c a r g o s d e o u v i d o r e j u i z e s d e fora r e p r e s e n t o u u m a i n t e r v e n ç ã o d i r e t a n a a d m i n i s -
t r a ç ã o d a j u s t i ç a d o s n í v e i s l o c a i s . E m 1 8 2 1 , D . J o ã o V ! v o l t o u p a r a P o r t u g a l , d e i x a n d o essa e s t r u -
t u r a d a a d m i n i s t r a ç ã o j u d i c i á r i a n o Brasil ( V E L L A S C O , 2 0 0 4 , p . 9 5 - 9 6 ) .

E m 1 3 d e m a i o d e 1809, u m d e c r e t o ( D e c r e t o d e 1 3 d e m a i o d e 1809) c r i o u a G u a r d a R e a l d a
P o l í c i a d o R i o d e J a n e i r o , n o s m o l d e s d a e x i s t e n t e e m L i s b o a , o u seja, u m a f o r ç a p o l i c i a l d e t e m p o
integral organizada m i l i t a r m e n t e e c o m a m p l a a u t o r i d a d e para m a n t e r a o r d e m e perseguir os
criminosos. O c o m a n d a n t e dessa g u a r d a ñcava sujeito ao g o v e r n a d o r das A r m a s da C o r t e e ao
i n t e n d e n t e - g e r a l da Polícia para a e x e c u ç ã o de todas as suas requisições ( D e c r e t o de 13 de m a i o de
1809). M a s , c o m o n o c a s o d a I n t e n d é n c i a - G e r a l , s u a a t u a ç ã o s e r e s t r i n g i a à c i d a d e d o R i o d e
J a n e i r o ( V E L L A S C O , 2 0 0 4 , p . 301).

Em 1821, um d e c r e t o do príncipe regente D o m P e d r o dispôs sobre a prisão dos indiciados,


p r o i b i n d o os c a s t i g o s físicos e a p r i s ã o s e m c u l p a f o r m a d a , e d e t e r m i n a n d o o p r a z o p a r a a c o n c l u s ã o
d o s p r o c e s s o s n o s c a s o s d e r é u s p r e s o s ( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p . 23).

1.3 O PERÍODO tMPERtAL

A p ó s a I n d e p e n d ê n c i a , em 1822, D. P e d r o I p r o m u l g o u a C o n s t i t u i ç ã o Política do I m p é r i o , em 25
d e m a r ç o d e 1824. A p r i m e i r a C o n s t i t u i ç ã o b r a s i l e i r a s u r g i u d e c i m a p a r a b a i x o , i m p o s t a p e l o r e i
a o P a í s , cuja m a i o r i a d a p o p u l a ç ã o e r a e x c l u í d a d o s d i r e i t o s p r e v i s t o s p o r s e r e s c r a v a . S o b r e a p a r -
t i c i p a ç ã o p o l i t i c a , d e ñ n i u - s e q u e o v o t o s e r i a i n d i r e t o e c e n s i t á r i o . O g o v e r n o foi d e f i n i d o c o m o
monárquico, hereditário e constitucional. O Imperio contava com u m a nobreza, mas não de sangue,
pois os títulos e r a m c o n c e d i d o s p e l o rei. A religião o ñ c i a l c o n t i n u a v a a ser a católica, m a s era r e s e r -
vado ao E s t a d o o direito de c o n c e d e r ou negar validade a decretos eclesiásticos. H o u v e a divisão
em q u a t r o p o d e r e s : o L e g i s l a t i v o , o M o d e r a d o r , o E x e c u t i v o e o J u d i c i a l . O P o d e r M o d e r a d o r " e r a
a c h a v e d e t o d a o r g a n i z a ç ã o p o l í t i c a " . N a r e a l i d a d e , isso s i g n i ñ c a v a a c o n c e n t r a ç ã o d e a t r i b u i ç õ e s
n a s m ã o s d o i m p e r a d o r Q u a n t o a o t e r r i t ó r i o , o P a i s foi d i v i d i d o e m p r o v í n c i a s c u j o s p r e s i d e n t e s
e r a m n o m e a d o s p e l o i m p e r a d o r ( F A U S T O , 1999, p . 149-152).

N e s s a C o n s t i t u i ç ã o foi p r e v i s t a a ñ g u r a d o j u i z l e i g o e l e i t o l o c a l m e n t e . A lei q u e a u t o r i z o u s u a
i n s t i t u i ç ã o foi a p r o v a d a e m 1 5 d e o u t u b r o d e 1 8 2 7 . A i n d a e m 1824, D . P e d r o I b a i x o u d e c r e t o
d e t e r m i n a n d o providências sobre o processo das causas criminais, b e m c o m o q u e as testemunhas
fossem o u v i d a s p u b l i c a m e n t e . E m 1825, u m a p o r t a r i a e s t a b e l e c e u q u e , n o R i o d e J a n e i r o e o n d e
m a i s fosse c o n v e n i e n t e , d e v e r i a m s e r c o n s t i t u í d o s c o m i s s á r i o s d e P o l í c i a , q u e s e r v i r i a m n o s d i s t r i -
tos para os quais fossem designados, p o d e n d o ser auxiliados p o r um ou mais cabos de Policia p a r a
lhes f o r n e c e r i n f o r m a ç õ e s s o b r e rodos os a c o n t e c i m e n t o s de i n t e r e s s e d o s juizes. A Lei de 15 de
o u t u b r o d e 1827 e x t i n g u i u o s c a r g o s d e c o m i s s á r i o s e c a b o s d e P o l í c i a , c r i a n d o o s d e j u i z d e p a z
( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p . 24).

A p r i m e i r a t e n t a t i v a d e m u d a n ç a n o s i s t e m a j u r í d i c o e n t ã o v i g e n t e foi a c r i a ç ã o d o juiz d e p a z e l e -
tivo e m t o d a s a s f r e g u e s i a s e c a p e l a s ñ l i a i s p e l a L e i d e 1 5 d e o u t u b r o d e 1827, c u j o o b j e t i v o e r a
enfrentar o p r o b l e m a c r ô n i c o da ineficácia e da m o r o s i d a d e dos serviços jurídicos. C o n s i d e r a d o um
juiz "policial" pelas atribuições administrativas, policiais e judiciais, o juiz de paz eleito a c u m u l a v a
a m p l o s p o d e r e s , a t é e n t ã o d i s t r i b u í d o s e n t r e v á r i a s a u t o r i d a d e s — juiz o r d i n á r i o , a l m o t a c é s e j u i z
de v i n t e n a — ou reservados aos juizes l e t r a d o s ( j u l g a m e n t o de p e q u e n a s d e m a n d a s , feitura do
c o r p o d e d e l i t o , f o r m a ç ã o d e c u l p a , p r i s ã o e t c ) . O juiz d e p a z e l e i t o e r a r e s p o n s á v e l p o r e x p e d i r
t e r m o de bem-viver, p o r m a n t e r a o r d e m pública e e m p r e g a r a Força Pública, vigiar o c u m p r i m e n -
to das posturas municipais, conduzir as eleições e julgar as causas em um limite de valor ou p e n a
a s e r a p l i c a d a ( V E L L A S C O , 2 0 0 4 , p . 100).

A ñ g u r a d o juiz d e p a z e l e i t o l o c a l m e n t e e r a d o a g r a d o d o s r e f o r m a d o r e s l i b e r a i s d o P r i m e i r o
R e i n a d o , os quais p a s s a r a m a d i s p u t a r o c e n á r i o político q u e se seguiu à a b d i c a ç ã o de D. P e d r o 1,
em 1 8 3 ! . Antes m e s m o de D. P e d r o 1 a b a n d o n a r o trono, levando o País a u m a grave crise institu-
cional, o P a r l a m e n t o aprovou um C ó d i g o C r i m i n a l que especiñcava princípios estabelecidos pela
C o n s t i t u i ç ã o d e 1824, c o n c r e t i z a n d o u m d o s p r i n c i p a i s o b j e t i v o s d e s s e s l i b e r a i s . E s s e c ó d i g o foi a
b a s e l e g a l d a a ç ã o p o l i c i a l a t é s e r s u b s t i t u í d o , e m 1890, p e l o C ó d i g o P e n a l d a R e p ú b l i c a , s e m e -
l h a n t e ao interior, m a s atualizado ( H O L L O W A Y , 1997, p. 67).

O C ó d i g o C r i m i n a l , p r o m u l g a d o e m 1 6 d e d e z e m b r o d e 1830, e o C ó d i g o d o P r o c e s s o C r i m i n a l ,
i n s t i t u í d o p o r lei e m 2 9 d e n o v e m b n ) d e 1832, t r o u x e r a m n o v a s m o d i n c a ç õ e s n o â m b i t o p o l i c i a l .
Este ú l t i m o d e ñ n i a a organização e a administração judiciária: divisão em Distritos de Paz ( m í n i -
mo de 75 casas h a b i t a d a s c o m suas respectivas c â m a r a s m u n i c i p a i s ) , t e r m o s e c o m a r c a s (artigos 1"
e 2*^). E s t a b e l e c e u - s e , e n t ã o , u m a n o v a h i e r a r q u i a de j u i z e s c o m j u r i s d i ç õ e s c i r c u n s c r i t a s . A lei
determinava os p r o c e d i m e n t o s para r e u n i r provas, apresentar queixas, efetuar prisões e indiciar;
especiñcava a forma de c o n d u ç ã o dos julgamentos e da apelação; protegia os direitos dos suspeitos
ou acusados, exigindo m a n d a d o de busca para a revista e a prisão c o m m a n d a d o ou em ñagrante;
c o n ñ r m a v a o i n s t i t u t o do ^^^f^y ro^^/^y; e g a r a n t i a o j u l g a m e n t o em t r i b u n a i s a b e r t o s e c o m
a c a r e a ç õ e s d e t e s t e m u n h a s ( H O L L O W A Y , 1 9 9 7 , p . 103).

E m cada distrito, havia u m juiz d e paz (eleito), u m escrivão, tantos i n s p e t o r e s q u a n t o s fossem o s


quarteirões e os oñciais de Justiça necessários. Os inspetores de quarteirão eram n o m e a d o s pelo
juiz local e n t r e o s b e m - c o n c e i t u a d o s , m a i o r e s d e 2 1 anos de idade, aprovados pela C â m a r a
M u n i c i p a l ( C ó d i g o d e P r o c e s s o C r i m i n a l , d e 2 9 d e n o v e m b r o d e 1 8 3 2 , a r t i g o s 4 " e 16). S u a f u n ç ã o
era vigiar as ações suspeitas ou ilegais em seu q u a r t e i r ã o , a d v e r t i r vadios, m e n d i g o s , p r o s t i t u t a s e
b ê b a d o s , p r e n d e r e m ñ a g r a n t e d e l i t o e e x e c u t a r a s o r d e n s d o juiz d e p a z ( C ó d i g o d o P r o c e s s o
C r i m i n a l , d e 2 9 d e n o v e m b r o d e 1832, a r t i g o 18; H O L L O W A Y , 1 9 9 7 , p . 103).

E m cada T e r m o haveria u m C o n s e l h o d e J u r a d o s , u m juiz m u n i c i p a l e u m p r o m o t o r p ú b l i c o


(nomeados pela C o r t e e pelos presidentes de província, preferencialmente entre pessoas graduadas
em Direito), um escrivão das e x e c u ç õ e s e os oñciais de J u s t i ç a q u e os juizes julgassem necessários.
H a v e r i a u m juiz d e D i r e i t o ( i n d i c a d o p e l o i m p e r a d o r e n t r e b a c h a r é i s c o m f ( ) r m a ç ã o j u r í d i c a ) e m
cada comarca; e nas cidades mais populosas das províncias estabeleceu-se a existência de até três
juízes de Direito, c o m jurisdição cumulativa, s e n d o um deles o chefe de Polícia ( C ó d i g o do
P r o c e s s o C r i m i n a l , d e 2 9 d e n o v e m b r o d e 1 8 3 2 , a r t i g o s 5'^ e 6'^). O D e c r e t o d e 2 9 d e m a r ç o d e 1 8 3 3
deíiniu as atribuições dos chefes de Polícia, mas esse cargo não teve a u t o r i d a d e s u ñ c i e n t e d u r a n t e
o p e r í o d o regencial, m a r c a d o pela descentralização do p o d e r e pelas agitações e conñitos internos
( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p . 24).

A i n d a p e l o C ó d i g o d o P r o c e s s o C r i m i n a l d e 1832 f o r a m e x t i n t o s : a s o u v i d o r i a s d e c o m a r c a s , o s
j u í z e s d e fora e o r d i n á r i o s ( a r t i g o 8'^); o p o s t o d e d e l e g a d o ( q u e e r a o a s s i s t e n t e d o juiz d e p a z ) foi
a b o l i d o ( a r t i g o 19), a s s i m c o m o a j u r i s d i ç ã o c r i m i n a l d e q u a l q u e r o u t r a a u t o r i d a d e , e x c e t o o
S e n a d o , o S u p r e m o T r i b u n a l de J u s t i ç a , Relações, J u í z o s M i l i t a r e s - restritos aos c r i m e s militares
— e J u í z o s E c l e s i á s t i c o s — r e s t r i t o s às m a t é r i a s e s p i r i t u a i s ( a r t i g o 8°).

O u t r a i n s t i t u i ç ã o c r i a d a e m 1831 foi a G u a r d a N a c i o n a l p a r a m i l i t a r . A G u a r d a e r a o r g a n i z a d a
n a c i o n a l m e n t e , em moldes militares, mas n ã o tinha q u a l q u e r ligação institucional c o m os p r o ñ s -
m sionais militares e n e m c o m o ministro da G u e r r a . Na prática, era formada p o r tropas c o m a n d a d a s
:c pelos fazendeiros, q u e e r a m s u b o r d i n a d o s ao juiz de p a z de seu m u n i c í p i o e p r e s i d i a m a eleição de
s s e u s o ñ c i a i s c o m a n d a n t e s . N o â m b i t o n a c i o n a l , s u b o r d i n a v a m - s e a o m i n i s t r o civil d a J u s t i ç a . N ã o
§ e r a m r e m u n e r a d o s , mas as armas e os e q u i p a m e n t o s necessários e r a m fornecidos pelo governo,
'§ e n q u a n t o os u n i f o r m e s e r a m pagos pelos p r ó p r i o s m e m b r o s . O dever deles, além de garantir a inte-
Ê g r i d a d e d a n a ç ã o , e r a a u x i l i a r n a d e f e s a d e s u a s ñ-onteiras. M a s , c o m o força policial i n t e r n a , e l e s t i -
z n h a m o d e v e r de g a r a n t i r a o r d e m e a t r a n q ü i l i d a d e p ú b l i c a s ( H O L L O W A Y , 1997, p. 8 7 - 8 9 ) . A c r i a -
^ ç ã o d a G u a r d a N a c i o n a l s i g n i ñ c o u o r e f o r ç o d o p o d e r local d a s o l i g a r q u i a s . E m 1850, ela p a s s o u a s e r
S s u b o r d i n a d a às a u t o r i d a d e s policiais e n o m e a d a p e l o E x e c u t i v o . Essa i n s t i t u i ç ã o só foi e x t i n t a em 1918,
M na R e p ú b l i c a ( R E I S , 1998, p. 169-170).

s
§ P e l a L e i n . 16, d e 1 2 d e a g o s t o d e 1834, e m s e u a r t i g o 1 1 , $ 2", " c o m p e t i a à s a s s e m b l é i a s l e g i s l a t i -
g vas p r o v i n c i a i s ñ x a r s o b r e i n f o r m a ç ã o d o p r e s i d e n t e d a p r o v í n c i a , a f o r ç a p o l i c i a l r e s p e c t i v a " . E s s a
R F o r ç a P o l i c i a l o u C o r p o P o l i c i a l foi c r i a d a p e l a L e i d e 1 0 d e o u t u b r o d e 1831 e o c u p a v a - s e , e x c l u -
o s i v a m e n t e , d a d e f e s a i n t e r n a d a s c i d a d e s e vilas, c o n s e r v a n d o a s e g u r a n ç a p ú b l i c a ,
g
^ Na p r o v í n c i a de M i n a s G e r a i s , em 15 de d e z e m b r o de 1835, a assembléia provincial e x p e d i u o
5 R e g u l a m e n t o n. 65, o p r i m e i r o e s p e c í ñ c o p a r a o C o r p o Policial. P a r a o a n o de 1837, foram e s t i p u -
l a d o s 370 p r a ç a s p a r a c o m p o r o C o r p o P o l i c i a l , e n t r e t a n t o e l e s ó c o n s e g u i u c o n t a r c o m o e f e t i v o
d e 350 p r a ç a s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 3 7 , p . 4 6 ) .

N a realidade, esse C o r p o Policial c o n s t a n t e m e n t e s e a p r e s e n t o u c o m u m n ú m e r o d e praças m e n o r


d o q u e o ñ x a d o p e l a lei, f a z e n d o c o m q u e h o u v e s s e n e c e s s i d a d e d e u t i l i z a r a G u a r d a N a c i o n a l
e s p o r a d i c a m e n t e . O C o r p o Policial ñcava e n c a r r e g a d o de a t e n d e r às requisições das autoridades
p o l i c i a i s l o c a i s ( o juiz d e p a z ) , " p a r a a c a p t u r a , c o n d u ç ã o e g u a r d a d o s c r i m i n o s o s e o u t r a s d i l i g ê n -
cias a s e u c a r g o " ( M I N A S G E R A I S , 1840, p . 8). E l e e r a f o r m a d o p o r p r a ç a s e n g a j a d o s v o l u n t a r i a -
m e n t e , uniformizados, q u e r e c e b i a m soldos, e deveria seguir u m a disciplina militar e hierarquiza-
da, e m b o r a n ã o tivesse ligação c o m o E x é r c i t o . Essa é a o r i g e m do p r o c e s s o em q u e se d e s e n v o l v e u
a Polícia Militar.

O juiz d e p a z e r a , d e fato, a a u t o r i d a d e p o l i c i a l l o c a l , c o n d i ç ã o q u e p e r m a n e c e u a t é a d é c a d a d e
1840, q u a n d o a t e n d ê n c i a c e n t r a l i z a d o r a d e u seu p r i m e i r o passo em d i r e ç ã o à v i r a d a política c o m
a lei d e i n t e r p r e t a ç ã o d o A t o A d i c i o n a l , e m 1 8 4 0 , q u e r e t i r o u p o d e r e s e p r e r r o g a t i v a s d a s a s s e m -
bléias provinciais. Em seguida, a Lei n. 2 6 1 , de 3 de d e z e m b r o de 1841, r e g u l a m e n t a d a p e i o
D e c r e t o n . 120, d e 5 1 d e j a n e i r o d e 1842, e l i m i n o u o s p o d e r e s d o j u i z d e p a z , d a n d o r e a l p r e s t í g i o
à autoridade do chefe de Polícia da província, e criou as ñ g u r a s do delegado e do subdelegado de
Polícia q u e , s u b o r d i n a d o s ao chefe de Polícia, passavam a ter as atribuições criminais e policiais
a n t e s p e r t e n c e n t e s a o juiz d e p a z ( a r t i g o 1").

O D e c r e t o n . 120, d e 1842, a u t o r i z o u , t a m b é m , a c r i a ç ã o d e u m a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a n a C o r t e e e m
c a d a u m a d a s c a p i t a i s d a s p r o v í n c i a s , o n d e s e d a r i a o e x p e d i e n t e p o l i c i a l ( a r t i g o 10). P o r lei, essa s e -
c r e t a r i a s e r i a i n s t a l a d a e m u m a sala e x c l u s i v a , n a p r ó p r i a casa d o c h e f e d e P o l í c i a ( a r t i g o 11), e x c e t o
n a C o r t e e e m a l g u m a s c a p i t a i s d e p r o v í n c i a s ( a r t i g o 10). E m M i n a s G e r a i s , n a C a p i t a l O u r o P r e t o ,
d e v e r i a h a v e r u m a casa d e s t i n a d a e x c l u s i v a m e n t e a e s s e fim. S e g u n d o H o l l o w a y ( 1 9 9 7 , p . 111), " a
S e c r e t a r i a da P o l í c i a foi a s e m e n t e a p a r t i r da q u a l se d e s e n v o l v e u a P o l í c i a C i v i l q u e c o n h e c e m o s " .

O D e c r e t o n. 120, de 1842, c o n s a g r o u a d i v i s ã o d a s f u n ç õ e s p o l i c i a i s em P o l í c i a A d m i n i s t r a t i v a e
Polícia Judiciária, b e m c o m o estabeleceu a centralização e a h i e r a r q u i z a ç ã o dos sistemas policiais.
A P o l í c i a A d m i n i s t r a t i v a ( D e c r e t o n . 120, d e 1 8 4 2 , a r t i g o 2"), e m g e r a l , r e s p o n s a b i l i z a v a - s e p e l a
vigilância e p r e v e n ç ã o de desordens, ficando encarregada dos t e r m o s de bem-viver, da repressão à
v a d i a g e m e m e n d i c â n c i a , de g a r a n t i r o c u m p r i m e n t o das p o s t u r a s municipais,* de i n s p e c i o n a r os
t e a t r o s e e s p e t á c u l o s públicos, de o r g a n i z a r a estatística c r i m i n a l e o a r r o l a m e n t o da p o p u l a ç ã o da
província p o r m e i o das a u t o r i d a d e s locais, até m e s m o o p á r o c o , etc. A Polícia J u d i c i á r i a ( D e c r e t o g
n . 120, d e 1842, a r t i g o 5") e n c a r r e g a v a - s e d e a s s e g u r a r a a ç ã o d a J u s t i ç a p o r i n t e r m é d i o d o c o r p o o
de delito, do levantamento de provas, dos inquéritos, da concessão de m a n d a d o s de busca e do jul- ,g
g a m e n t o d e c r i m e s c o m p e n a i n f e r i o r e m u l t a d e 1 0 0 $ 0 0 0 ( c e m m i l réis), p r i s ã o , d e g r e d o e d e s t e r - g
r o d e a t é seis m e s e s , t r ê s m e s e s d e c a s a d e c o r r e ç ã o o u o f i c i n a p ú b l i c a . g
o
ã
As ftmções policiais foram h i e r a r q u i c a m e n t e atribuídas da s e g u i n t e maneira: ao m i n i s t r o da Justiça, w
c o m o p r i m e i r o chefe e centro de toda a administração policial do I m p é r i o ; ao presidente de provín- ^
cia; a o c h e f e d e P o l í c i a , q u e e r a n o m e a d o p e l o I m p e r a d o r ; a o s d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s , i n d i c a d o s ?
pelo chefe d e Polícia, mas n o m e a d o s p e l o i m p e r a d o r (na C o r t e ) o u p e l o p r e s i d e n t e d e província; aos
juizes m u n i c i p a i s ; aos j u i z e s d e p a z ; a o s i n s p e t o r e s d e q u a r t e i r ã o , e s t e s t a m b é m sujeitos à a p r o v a ç ã o
do c h e f e de P o l í c i a ; às c â m a r a s m u n i c i p a i s e s e u s ñ s c a i s ( D e c r e t o n. 120, de 1842, a r t i g o 1*^).

O D e c r e t o n . 120, d e 5 1 d e j a n e i r o d e 1 8 4 2 , n o c a p í t u l o s o b r e e m o l u m e n t o s , s a l á r i o s e c u s t a s j u d i -
ciais, p r e v i a t a m b é m o s s a l á r i o s d o s c h e f e s d e P o l í c i a , j u i z e s d e D i r e i t o , d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s
das províncias de M i n a s G e r a i s , G o i á s e M a t o G r o s s o , de a c o r d o c o m o alvará de 10 de o u t u b r o de
1754. A s s i m , o s c h e f e s d e P o Ü c i a d e v e r i a m r e c e b e r o c o r r e s p o n d e n t e a o s j á e x t i n t o s o u v i d o r e s d e
comarca, e os delegados e s u b d e l e g a d o s o q u e era antes d e s t i n a d o ao cargo, t a m b é m abolido, de juiz
d e fora ( a r t i g o 4 6 5 ) . O s j u i z e s m u n i c i p a i s r e c e b e r i a m o d o b r o d o q u e r e c e b i a m o s j u i z e s d e fora
(artigo 466). Escrivães e oñciais de Justiça c o b r a r i a m p o r diligência e sentenças e seriam pagos
pelos r e q u e r e n t e s ou favorecidos pelos serviços (artigo 467). Em contrapartida, os escrivães n ã o
p o d e r i a m r e t a r d a r o s a u t o s p o r falta d e p a g a m e n t o , p o d e n d o s e r p u n i d o s s e o ñ z e s s e m ( a r t i g o 468).^

^ As posturas municipais reguiavam as normas das retações de mercado, da sanidade pública, da segurança pública e do construtivo (Livro
V do Código Fitípino). Sua fiscalização era exercida petos aimotacês. durante o periodo coloniat. e, a partir de 1842. passou a ser da com-
petência das autoridades poüciais naquiio que era reiativo às suas funções de PoÜcia administrativa (Decreto n. 120. de 1842).
^ O Decreto n. 120. de 31 de janeiro de 1842, em seu artigo 24. menciona que os chefes de Poücia receberiam vencimentos de desembar-
gadores, se o fossem, ou de juizes de Direito das capitais e uma gratificação proporcionai ao trabalho. O artigo 5°, entretanto, dispõe que
os chefes de Policia de algumas provincias c o m o Minas Gerais não poderiam acumular funções.
S e g u n d o o m e s m o D e c r e t o n . 120, p a r a o s c a r g o s d e c h e í è d e P o l í c i a e x i g i a - s e q u e e s t e í b s s e
d e s e m b a r g a d o r o u q u e e x e r c e s s e a f u n ç ã o d e ¡uiz d e D i r e i t o p o r , n o m í n i m o , t r ê s a n o s c o m o p r é -
requisito (artigo 21); e aos d e l e g a d o s c s u b d e l e g a d o s , q u e fossem eleitores, s e l e c i o n a d o s e n t r e os
juizes de paz e b a c h a r é i s e q u e m o r a s s e m nas c i d a d e s e vilas p a r a as quais fossem n o m e a d o s (arti-
gos 2 6 e 27). C o m r e l a ç ã o aos j u r a d o s , e x i g i a m - s e d e l e s m a i o r r e n d a e a l f a b e t i z a ç ã o ( c a p í t u l o 111).

E m 1845, o p r e s i d e n t e d a p r o v í n c i a d e M i n a s G e r a i s , F r a n c i s c o J o s é d e S o u z a S o a r e s d ' A n d r e a ,
informou à Assembléia Legislativa Provincial a dificuldade de se o b t e r pessoal q u a l i ñ c a d o para
e x e r c e r a s fiinções j u d i c i a i s , p o i s a p r o v í n c i a c o n t a v a c o m 1 3 c o m a r c a s , 4 2 m u n i c í p i o s e 4 0 6 d i s t r i -
tos e, l e v a n d o em conta o n ú m e r o de delegados, s u b d e l e g a d o s e juizes m u n i c i p a i s necessários e
ainda seus suplentes e os C o n s e l h o s de J u r a d o s , seriam necessárias mais de 3 mil pessoas aptas para
e x e r c e r s e u s d e v e r e s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 4 3 , p . 8). A s s i m , a r e a l i d a d e q u e s e i m p ô s p a r e c e t e r s i d o
a d e q u e n e m s e m p r e a f o r m a ç ã o i n t e l e c t u a l e x i g i d a p e l a lei p ô d e s e r c u m p r i d a p e l o s d e l e g a d o s ,
subdelegados e d e m a i s proñssionais da área.

^ Em caso de necessidade, para m a n t e r a o r d e m , os chefes de Polícia, os juizes municipais, os d e l e -


g gados e os s u b d e l e g a d o s p o d e r i a m p e d i r auxílio aos c o m a n d a n t e s das Forças Públicas, p r i m e i r a -
g m e n t e aos C o r p o s P o l i c i a i s e , n a a u s ê n c i a d e s t e s , à G u a r d a N a c i o n a l ( D e c r e t o n . 120, d e 1842, a r t i -
^ g o 20), u m a v e z q u e n ã o h a v i a a g e n t e s p o l i c i a i s c o m o a t u a l m e n t e c o n h e c e m o s . O s c h e f e s d e P o l i c i a
^ de algumas províncias, e n t r e elas a de M i n a s Gerais, p o d i a m ter até dois a m a n u e n s e s ' para auxi-
^ l i á - l o s n a S e c r e t a r i a d e P o l i c i a ( D e c r e t o n . 120, d e 1842, a r t i g o 13). Q u a n d o s e t r a t a s s e d o c o r p o d e
^ delito, d e v e r i a m ser c h a m a d a s p e l o m e n o s d u a s pessoas p r o ñ s s i o n a i s e peritas no caso em questão,
g p r e - f e r e n c i a l m e n t e médicos, cirurgiões, boticários^ ou outros proñssionais q u e p e r t e n c e s s e m a
g estabelecimento público r e m u n e r a d o s pela Fazenda Nacional, para a c o m p a n h a r as autoridades
= p o l i c i a i s ( D e c r e t o n . 120, d e 1 8 4 2 , a r t i g o 2 5 9 ) . E m l o c a i s o n d e n ã o h o u v e s s e e s s e s e s t a b e l e c i m e n -
S t o s , c o n v o c a v a m - s e p e s s o a s c o m a p e r í c i a n e c e s s á r i a p a r a o c o r p o d e d e l i t o , e essas p e s s o a s n ã o
? ' p o d e r i a m r e c u s a r - s e a f a z ê - l o ( D e c r e t o n . 120, d e 1842, a r t i g o 2 5 8 ) . N o s r e l a t ó r i o s d o s c h e f e s d e
R Polícia de M i n a s G e r a i s foram d o c u m e n t a d o s alguns casos em q u e estes m a n d a v a m levar o " p e r i -
g t o " à força p a r a c u m p r i r seu "dever".

3
S A falta d e p e s s o a l a p r o p r i a d o p a r a o s e r v i ç o n o C o r p o P o l i c i a l t a m b é m c o n s i s t i a e m u m d o s g r a v e s
^ p r o b l e m a s d a P o l i c i a a o l o n g o d o s é c u l o X I X . O n ú m e r o d e p r a ç a s e r a d e t e r m i n a d o p o r lei a n u a l ,
^ de acordo c o m a Assembléia Provincial, e s e m p r e estava a q u é m das necessidades da província de
M i n a s G e r a i s . Isso d i ñ c u l t a v a as diligências policiais, p r i n c i p a l m e n t e em caso de c o n ñ i t o s e r e b e -
liões, q u a n d o , e n t ã o , d e v e r i a m ser r e q u i s i t a d o s pelas a u t o r i d a d e s policiais.

A análise dos relatórios dos presidentes da província à Assembléia Provincial de M i n a s Gerais,


e n t r e 1840 e 1 8 8 9 , p e r m i t e o l e v a n t a m e n t o d e a l g u n s d o s p r o b l e m a s m a i s c o m u n s a q u i e n f r e n t a -
dos. O o r ç a m e n t o da província não era s u ñ c i e n t e para a contratação de um C o r p o Policial
n u m e r o s o . A l é m disso, o a m p l o t e r r i t ó r i o da província mineira, c a r a c t e r i z a d o p o r c i d a d e s m u i t o
distantes u m a s das outras, diñcultava o rápido d e s l o c a m e n t o dos praças. P o r o u t r o lado, t a m b é m , o
b a i x o s o l d o n ã o e r a a t r a t i v o , e e s s e e r a u m d o s m o t i v o s p o r q u e r a r a s fir^ram a s v e z e s e m q u e o
n ú m e r o d e p r a ç a s d e t e r m i n a d o p o r lei e s t e v e c o m p l e t o . A c r e s c e n t e - s e a isso o fato d e q u e n e m
s e m p r e as pessoas q u e se alistavam estavam em boas condições para servir ou eram qualiñcados

^ Segundo Antônio de Moraes Silva ( t 8 3 t ) . amanuense é "o que escreve o que outrem dieta, escrevente, que copia do aiheio dictado, ou traslado".
^Segundo Antônio de Moraes Süva (1831), boticário é "o que sabe farmacia, e que vende simpiíces, ou preparações medicinaes".
p a r a ta!. P e ! o c o n t r a r i o , o s c!iefes d e P o ! í c i a , e m r e l a t ó r i o s e n v i a d o s a o s p r e s i d e n t e s d a p r o v i n c i a d e
M i n a s G e r a i s n e s s e p e r í o d o , r e c l a m a v a m d a fa!ta d e d i s c i p ü n a e d e r e s p o n s a b i l i d a d e d o s p r a ç a s d o
C o r p o P o ü c i a ! . V i a m c o m o p r i n c i p a l c a u s a d i s s o o fato d e q u e e s t e s v i n h a m d a c a m a d a m a i s b a i x a
d a s o c i e d a d e , p o r isso n ã o t i n h a m i n s t r u ç ã o n e m d e c o r o s u ñ c i e n t e s p a r a a f u n ç ã o q u e o c u p a v a m .

C o m a G u e r r a d o P a r a g u a i ( 1 8 6 4 - 1 S 7 Í ) ) , p a r t e d o e f e t i v o d a f<:)rça p o l i c i a l i n g r e s s o u n a s ü l e i r a s d o s
r e c r u t a d o s p a r a ali lutar, r e d u z i n d o s e n s i v e l m e n t e o C o r p o P o l i c i a l d i s p o n í v e l p a r a g u a r n e c e r a
p r ó p r i a província m i n e i r a . A l é m disso, o r e c r u t a m e n t o da p o p u l a ç ã o m a s c u l i n a para lutar na g u e r -
r a a g r a v o u a i n d a m a i s essa s i t u a ç ã o d e e s c a s s e z d e h o m e n s d i s p o n í v e i s p a r a s e e n g a j a r n o C o r p o
P o l i c i a l . D i a n t e d a d i ñ c u l d a d e d e s e o b t e r o n ú m e r o d e p r a ç a s s u ñ c i e n t e p a r a c o m p l e t a r essa f o r ç a
policial da província, d e u - s e início ao d e b a t e sobre a criação de G u a r d a s M u n i c i p a i s , a partir da
d é c a d a d e 1860.

Em 31 de janeiro de 1866, u m a P o r t a r i a criou a G u a r d a M u n i c i p a l da província, a t e n d e n d o a p e d i -


d o s d a s a u t o r i d a d e s l o c a i s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 6 6 , A n e x o 4 , p . 8). O s g u a r d a s u n h a m d e m o r a r n o s
distritos em q u e estivessem lotados — diñ^rentemente do q u e ocorria com os praças do C o r p o
Policial, q u e e r a m aquartelados — e, ainda, o salário era m u i t o baixo, t o r n a n d o - s e p o u c o atrativo
p a r a as p e s s o a s c o m a a p t i d ã o e a q u a l i n c a ç ã o p r e t e n d i d a s . Em j u l h o de 1 8 6 8 , p e l a L e i n. 1 5 9 8 , essa
G u a r d a M u n i c i p a l foi e x t i n t a , c a u s a n d o g r a v e s p r o b l e m a s p a r a a s l o c a l i d a d e s q u e t i n h a m c o n -
s e g u i d o i m p l a n t á - l a ( M I N A S G E R A I S , 1868, p . 7). E m 1 8 7 3 , ela r e s s u r g i u , s e n d o r e c r i a d a p o r lei
p a r a c o m p l e m e n t a r a F o r ç a P o l i c i a l ( M I N A S G E R A I S , 1 8 7 4 , p . 17).

Esse m o v i m e n t o p e n d u l a r e n t r e a restauração da G u a r d a Municipal e a sua posterior supressão pas-


s o u a s e r u m a c o n s t a n t e n o s r e l a t ó r i o s d o p e r í o d o i n i c i a d o e m 1866 e q u e vai a t é o ñ n a l d o I m p é r i o .
Isso r e p r e s e n t o u u m d e b a t e e n t r e d o i s g r u p o s o p o s t o s : e m s u a d e f e s a , e s t a v a m a s a u t o r i d a d e s locais,
q u e r e c l a m a v a m d a falta d e g u a r d a s p a r a a m a n u t e n ç ã o d a o r d e m p ú b l i c a , e o s q u e v i a m p o s i t i v a -
m e n t e a p r o x i m i d a d e destes c o m os m o r a d o r e s das áreas q u e d e v e r i a m patrulhar, p o r lhes p e r m i t i r
conhecer melhor rotina e, assim, coibir a atividade criminal. E r a m contrários à sua m a n u t e n ç ã o
a q u e l a s a u t o r i d a d e s p r o v i n c i a i s , q u e v i a m a G u a r d a M u n i c i p a l c o m o o n e r o s a e i n e ñ c a z , d a d a a falta
d e p r e p a r o d o s q u e a c o m p u n h a m , a r g u m e n t a n d o q u e ela e r a f<)rmada p o r p e s s o a s i n d i s c i p l i n a d a s ,
ociosas, s e m instrução, ligadas p o r p a r e n t e s c o e afeição aos c r i m i n o s o s das localidades.

P e l a L e i n . 2 7 1 8 , d e 1 8 d e d e z e m b r o d e 1880, foi c r i a d a a G u a r d a U r b a n a , d e s t i n a d a e x c l u s i v a -
m e n t e a o s e r v i ç o d a g u a r n i ç ã o e p o l i c i a m e n t o d a C a p i t a l d a p r o v í n c i a m i n e i r a , q u e foi r e o r g a n i -
z a d a e m 1885 p a r a g a r a n t i r - l h e m e l h o r d i s c i p l i n a e a t u a ç ã o . A G u a r d a U r b a n a e r a s u b m e t i d a a o
c h e f e de P o l í c i a , a q u e m c o m p e t i a a n o m e a ç ã o e a d e m i s s ã o d o s o ñ c i a i s s u p e r i o r e s e i n f e r i o r e s ,
b e m c o m o o engajamento das praças. Sua organização era hierarquizada, visando à disciplina e à
boa conduta dos seus integrantes, q u e e r a m aquartelados em prédio destinado pelo G o v e r n o (alu-
gado da O r d e m do C a r m o , nas p r o x i m i d a d e s da cadeia, em O u r o Preto), recebiam soldo e usavam
uniformes e armas. Suas funções principais e r a m m a n t e r a t r a n q ü i l i d a d e pública da Capital e au-
xiliar as a u t o r i d a d e s policiais na prisão das pessoas contra q u e m h o u v e s s e m a n d a d o , nos casos de
incêndio e na g u a r d a da cadeia ( M I N A S G E R A I S , 1881, p. 35-40).

Em 1885, a G u a r d a U r b a n a d e i x o u de ser dirigida p e l o chefe de Polícia e p a s s o u a ser s u b m e t i d a


d i r e t a m e n t e a o p r e s i d e n t e d e p r o v í n c i a ( M I N A S G E R A I S , 1886, p . 53). N o a n o s e g u i n t e , e l a p a s -
sou a ser dirigida pelo m e s m o c o m a n d a n t e do C o r p o Policial, apesar dos p e d i d o s do chefe de
Polícia L e v i n d o L o p e s p a r a q u e essa ( j u a r d a v o l t a s s e a s e r s u b o r d i n a d a à C h e ñ a d e P o l í c i a
( M I N A S G E R A t S , 1887, p . 4 3 ) . A p a r t i r d a R e p ú b l i c a , e m 1 8 8 9 , o q u e r e s t o u d e i n f o r m a ç õ e s s o b r e
a G u a r d a U r b a n a nos r e l a t ó n o s do G o v e r n o foram os p e d i d o s esporádicos e as justiñcativas u t i -
lizadas para sua restauração.

A o r g a n i z a ç ã o policial, m o n t a d a d e s d e 1841, sofreu a l t e r a ç õ e s c o m o a d v e n t o da Lei n. 233, de 20


de s e t e m b r o de 1871, r e g u l a m e n t a d a pelo D e c r e t o n. 4 824, de 22 de n o v e m b r o de 1871, q u e
r e t i r o u a função j u d i c a n t e da Polícia e e s t a b e l e c e u novas r e g r a s p a r a a p r i s ã o p r e v e n t i v a , a ñ a n c a ,
a e x t e n s ã o d o /'¿^^íWJ r o ^ M í e a d e f e s a d o s u m á r i o d e c u l p a , m a r c a n d o u m a l i n h a d i v i s ó r i a e n t r e
P o l í c i a e J u s t i ç a ( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p . 25).

A p r i n c i p a l c a r a c t e r í s t i c a d e s s a ref<)rma, p o r t a n t o , foi a c a b a r c o m a f u s ã o e n t r e a s a u t o r i d a d e s j u d i -
cial e p o l i c i a l . O s i s t e m a j u d i c i a l foi a m p l i a d o e o s c h e f e s d e P o l í c i a c o n t i n u a r a m i n c u m b i d o s d e
reunir provas para a formação de culpa do acusado, mas os resultados dos inquéritos d e v e r i a m ser
e n t r e g u e s à j u s t i ç a p a r a a d e c i s ã o final. N e s s e c o n t e x t o , foi c r i a d o o T r i b u n a l d a R e l a ç ã o d e M i n a s
G e r a i s p e l o D e c r e t o n . 2 342, d e 6 d e a g o s t o d e 1 8 7 3 , e i n s t a l a d o e m 3 d e f e v e r e i r o d e 1 8 7 4
( M I N A S G E R A ! S , 1 8 7 4 , p 6).

o A L e i de 1871 d i m i n u i u os p o d e r e s e o p r e s t í g i o , p r i n c i p a l m e n t e , d o s d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s de
'< P o l í c i a , m a s n a d a fez p a r a c o n f e r i r - l h e s i n d e p e n d ê n c i a . S u a s f u n ç õ e s p a s s a r a m a s e r e s t r i t a m e n t e
^ policiais, além de s u p e r v i s i o n a r o pessoal e a d m i n i s t r a r as delegacias de Polícia. Pelo m e n o s d u a s
z condições anteriores desses funcionários policiais persistiram: não lhes era cobrada a formação
^ superior em D i r e i t o ' e n ã o lhes era pago um salário regular, apenas e m o l u m e n t o s e gratincações
S ( H O L L O W A Y , 1997, p . 2 2 8 - 2 2 9 ) . A p e r d a d e p a r t e d e s u a s f u n ç õ e s i m p l i c a r i a , n o m í n i m o , a
M r e d u ç ã o de sua r e m u n e r a ç ã o , d e i x a n d o esses cargos à m e r c ê dos interesses p o l í t i c o - p a r t i d a r i o s ,
^ pois só atrairiam aqueles q u e tivessem o u t r a fonte de renda.

g O c h e f e d e P o l í c i a d e M i n a s G e r a i s , J o ã o C o e l h o B a s t o s , e m s e u r e l a t ó r i o r e f e r e n t e a o a n o d e 1872,
g r e c l a m a v a d a falta d e p e s s o a s i d ô n e a s p a r a o c u p a r o s c a r g o s p o l i c i a i s , p o i s "[...] o s h o m e n s b o n s d a s
o localidades p r e f e r e m os cargos de judicatura, e só p o r c i r c u n s t â n c i a s e x t r a o r d i n á r i a s , se p r e s t a m a
ã e x e r c e r o s d a P o l í c i a , d e q u e s ó t i r a m t r a b a l h o , e n ã o p e q u e n a r e s p o n s a b i l i d a d e [...]" ( M I N A S
E G E R A I S , 1 8 7 3 , A n e x o l , p . 5).

ò Em 1876, o c h e f e d e P o l í c i a d a p r o v í n c i a m i n e i r a , B e n t o F e r n a n d e s d e B a r r o s , p r o p ô s n o v a s
soluções ao analisar mais d e t i d a m e n t e as m u d a n ç a s legais de 1871:

Se a reforma judiciária de 1871 teve em vista dar à Polícia preventiva e repressiva o seu verdadeiro
caráter, suprimindo-lhe as íunções q u e a conñtndiam com a justiça, e pelas quais exercia um p o d e r
abusivo, q u e a fazia d e g e n e r a r cm i n s t r u m e n t o de partido, é preciso, para q u e essa Polícia possa cor-
r e s p o n d e r ao fnii q u e se quis realizar, jrM yí'ru/{^o yHMnoK^/Zjwo fyro-

/¿/í/o JH^ /K/í-Zí^^^rM ¿OMí-J^/í/Hí/í*, ¿/íT/í^'^WfKrí' WK^W^yT^í^O f WM^/í/o í/oj* /)0¿/fW

^ Em 1888, o chefe de Potícia, Levindo Lopes, notando, "[...] petas repetidas consuttas que ttie faziam as autoridades poticiais sobre objeto de
suas atribuições e peto exame de alguns inquéritos a que algumas detas haviam procedido, que nem todos e s s e s funcionários dispuntiam de
esclarecimentos precisos para o bom desempenho do cargo (...]". organizou o "Promptuãrio Policiai" contendo: as leis do processo criminat;
as atribuições dos delegados e subdelegados de Policia e seus agentes; os processos policiais e seus respectivos formulários; os modelos,
mapas c notas explicativas e esclarecimentos de utilidade para aquetes. Esse prontuário foi impresso por ordem da Presidência da provincia
e mandado distribuir gratuitamente ás autoridades poticiais e seus escrivães (MtNAS GERAtS. Fala ã Assembléia Legistativa Provincial de Minas
Gerais dirigida pelo t° Vice Presidente da provincia. Ouro Preto, 1 8 8 9 . p. 13 14). Várias v e z e s reeditado e atuatizado, até m e s m o a p ó s a
[...] Os cargos de d e l e g a d o e subdelegado de Polícia, e os de inspetor de quarteirão, além de n ã o
serem estáveis, não são retribuídos n e m sujeitos às condições próprias dc u m a carreira.

[...] Esta i m p o r t a n t e e delicada tarefa, capaz de absorver a atividade de q u e m a exerce, não p o d e ser
confiada só ao patriotismo dos cidadãos [...]; f ^rfrÁro r(7M.rr/7M/-/í? jH/í-Z^í? ¿;

/?^.ríOR/ fjy^r/íy/wf^/yf ¿^M;Y<?í/o e q u e se c o l o q u e na posição d e inspirar o respeito e a c o n n a n ç a às


populações ( M I N A S G E R A I S , 1876, p 67-68, grif^^s nossos).

Os relatórios, d e s d e a d é c a d a de 1840, d e s t a c a m a i n d a o u t r o s p r o b l e m a s p a r a o b o m f u n c i o n a m e n -
t o d a P o l í c i a : a s listas d e a r r o l a m e n t o d a s p o p u l a ç õ e s e s t a v a m s e m p r e c o m p r o m e t i d a s p o r s e r e m
incompletas; as estatísticas criminais e r a m a p r e s e n t a d a s atrasadas e não e r a m confiáveis; as lutas
políticas serviam c o m o p a n o de fundo de vários crimes, e n v o l v e n d o até m e s m o autoridades judi-
ciais e p o l i c i a i s ; o e s t a d o d a s c a d e i a s e r a t ã o l a s t i m á v e l q u e c h e g a v a a s e r n e c e s s á r i o a l u g a r c a s a s d e
p a r t i c u l a r e s p a r a g u a r d a r o s p r e s o s , s o m a n d o - s e a isso a s u p e r l o t a ç ã o d a c a d e i a d a C a p i t a l ; h a v i a
a i n d a a s m á s c o n d i ç õ e s d a f o r ç a p o l i c i a l e a falta d e p r e p a r o , d i s c i p l i n a e e d u c a ç ã o f o r m a l d o s p o l i -
ciais. E n f a t i z e - s e , a i n d a , a a l t a r o t a t i v i d a d e d o s p r e s i d e n t e s d a p r o v í n c i a d e M i n a s G e r a i s , c o m o
t a m b é m dos chefes de Polícia, dificultando ainda mais o e n c a m i n h a m e n t o de projetos propostos, a
exemplo do que ocorrera com a G u a r d a Municipal.

A p a r t i r d a d é c a d a d e 1870, s u r g i r a m n e s s e s r e l a t ó r i o s p r o p o s t a s n o v a s , tais c o m o c a s a s d e c o r r e ç ã o
para m e n o r e s que visassem à r e c u p e r a ç ã o deles p o r m e i o da instrução e do trabalho agrícola; i n t r o -
d u ç ã o de aulas de instrução p r i m á r i a nas cadeias;'" reforma essencial do pessoal da Polícia, s o b r e -
t u d o dos delegados e subdelegados, r e m u n e r a n d o - o s e afastando-os das lutas partidárias ao exigir
as aptidões necessárias para o seu b o m d e s e m p e n h o q u a n d o da sua admissão; r e f o r m a p e n i t e n -
ciária, p r o c u r a n d o r e c u p e r a r o d e t e n t o e n ã o só r e p r i m i - l o ; c o n s t r u ç ã o de p r e s í d i o s " e s e p a r a ç ã o
p o r classincação dos presos ( p o r sexo, p o r tipo de c r i m e , e t c ) , s o b r e t u d o r e t i r a n d o os alienados S

para outras instituições mais adequadas.

O u t r a s propostas i m p o r t a n t e s diziam respeito a o C o r p o Policial, t e n d o e m vista q u e seus praças


e r a m aqueles q u e a c o m p a n h a v a m as diligências c o m a n d a d a s pelas a u t o r i d a d e s policiais. O n ú m e r o
de praças para g u a r d a r a província era s e m p r e m e n o r do que o necessário e havia a d i ñ c u l d a d e em
d e s l o c a r - s e p r o n t a m e n t e e m t e r r i t ó r i o t ã o a m p l o c o m p o p u l a ç ã o d i s p e r s a . A falta d e a t r a t i v o s p a r a
o e n g a j a m e n t o v o l u n t á r i o era atribuída, p r i n c i p a l m e n t e , aos baixos sóidos. M a s t a m b é m e r a m
a p o n t a d a s c a u s a s t a i s c o m o "[...] a r e p u g n â n c i a d o p o v o m i n e i r o à c a r r e i r a d a s a r m a s , [ q u e ] p r e f e r e
geralmente o parco salário dos trabalhos agrícolas e de outras indústrias ao m e l h o r vencimento,
q u e a m i l í c i a p o s s a o f e r e c e r [...]" e a "[...] falta d e i n c e n t i v o d a r e f o r m a , q u e l h e a s s e g u r e o p ã o n a
v e l h i c e [...]" ( M I N A S G E R A I S , 1879, p . 24).

Repúbtica. o 'Promptuário Poücial" tornou-se "uma espécie de catecismo", onde se aprenderia o "ofício de deiegado". Sua utilização verificou-
^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ . d ^ ^ a ^ í U \ ^ . l ^ ^ ^ ^
O Relatório do presidente de província à Assembtéia Legislativa da província de Minas Gerais, em janeiro de 1873 (MINAS GERAiS. 1873.
Anexo 1, p. 16), informava a introdução de aulas de instrução primária na cadeia de Ouro Freto, que deveria ser preferenciaimente mi-
nistrada por padres (Lei n. 1741, de 8 de outubro de 1870). Os retatórios d o s anos posteriores elogiaram a prática e propuseram sua insta
lação em outras cadeias centrais (o benefício foi estendido pela Lei n. 2 716. de 18 de dezembro de 1880, mas nos relatórios dos anos
seguintes não consta que isso se tenha dado).
" Em 1878. foi autorizada por lei a construção de um presidio na província de Minas Gerais, tendo sido escolhida a localidade de Barbacena
para sua instalação. A pedra fundamental do edifício foi lançada por D. Pedro H em visita ã província, mas a obra não teve andamento,
segundo informações do Reiatório do chefe de Potícia de 1886. que também reclamava da superiotação da cadeia da capital com um
número superior a 4 0 0 pessoas (MINAS GERAiS. 1886, Anexo A. p. 14). década de 1910 (LIMA. 1972, p. 9).
A principa! deficiencia dos praças do C o r p o PoÜcial a p o n t a d a pelas a u t o r i d a d e s do ú l t i m o q u a r t e l
d o s é c u l o X Í X a i n d a c o n t i n u a v a a s e r a falta d e p r e p a r o d e s s e s h o m e n s , s e m d i s c i p l i n a , s e m
i n s t r u ç ã o e q u e , em geral, p o r s e r e m p r o v e n i e n t e s da c a m a d a mais baixa da p o p u ! a ç ã o , e r a m liga-
dos p o r laços d e p a r e n t e s c o o u pessoais à q u e l e s q u e d e v e r i a m reprimir. S e g u n d o a s a u t o r i d a d e s
policiais, m u i t a s vezes e r a m esses praças os p r ó p r i o s d e s o r d e i r o s q u e a m e a ç a v a m a s e g u r a n ç a
p ú b l i c a ( M I N A S G E R A I S , 1886, p 4 4 - 4 5 ) .

A Lei n. 2 262, de 30 de j u n h o de 1876, r e o r g a n i z o u o C o r p o Policial, d i v i d i n d o em c i n c o c i r c u n -


scrições militares a província mineira — O u r o Preto, Diamantina, M o n t e s Claros, C a m p a n h a e
Bagagem (atual cidade de Estrela do Sul) —, t e n t a n d o resolver o p r o b l e m a das distâncias e n t r e os
c e n t r o s m a i o r e s e m t ã o v a s t o t e r r i t ó r i o p a r a o d e s l o c a m e n t o d o s p r a ç a s ( M I N A S G E R A I S , 1876,
p . 19). E s p e r a v a - s e , c o m isso e s g o t a r o d e b a t e s o b r e a m a n u t e n ç ã o d a s G u a r d a s M u n i c i p a i s e , c o n -
c o m i t a n t e m e n t e , a t e n d e r a o s p e d i d o s d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s l o c a i s n o q u e d i z i a r e s p e i t o à falta
o u d e m o r a d e a u x í l i o d a f o r ç a p o l i c i a l n o s m u n i c í p i o s . E n t r e t a n t o , essa m e d i d a n ã o s u r t i u o e f e i t o
esperado, levando à implantação do sistema de contratação de paisanos para completar o C o r p o
P o l i c i a l n o s m u n i c í p i o s e m q u e isso fosse n e c e s s á r i o p a r a a g u a r n i ç ã o d e c a d e i a s e fiiDrça p o l i c i a l
( M I N A S G E R A I S , 1878, p . 9).

E m 1878, essas c i r c u n s c r i ç õ e s m i l i t a r e s d e O u r o P r e t o f o r a m a b o l i d a s p e l a L e i n . 2 4 8 4 ( M I N A S
^ G E R A I S , 1879, p . 23). N a d é c a d a d e 1880, p a s s o u - s e a p r o i b i r o e n g a j a m e n t o d e p a i s a n o s ( M I N A S
^ G E R A I S , 1 8 8 1 , A n e x o 1 , p . 35). C o n f o r m e e x p o s t o , n e s s e m o m e n t o s u r g i u a G u a r d a U r b a n a d a
^ Capital, e n o v a m e n t e c r e s c e r a m os p e d i d o s para a recriação das G u a r d a s M u n i c i p a i s .

t3
M O c h e f e d e P o l í c i a d a p r o v í n c i a d e M i n a s G e r a i s , B e n t o F e r n a n d e s d e B a r r o s , e m 1876, f o r m u l o u
^ u m a p r o p o s t a p a r a agir s o b r e a c r i m i n a l i d a d e da província, c i t a n d o os estatísticos G u e r r y e
5 Q u e t e l e t e outros criminalistas europeus, c o m o t a m b é m experiências desenvolvidas na Inglaterra,
g n a F r a n ç a e n o s E s t a d o s U n i d o s . E s s e c h e f e d e P o t í c i a d i a g n o s t i c a v a q u e "[...] n ã o s ó a s p a i x õ e s
g c o m o a m i s é r i a s ã o as c a u s a s m a i s c o n s t a n t e s e i m e d i a t a s da c r i m i n a l i d a d e [...]", m a s , p r i n c i p a l -
o m e n t e , "[...] a falta d e e n s i n o m o r a l e r e l i g i o s o , p o r q u e e l e é n u l o p a r a o m a i o r n ú m e r o d o s i n d i v í -
ã d u o s , a o s q u a i s n e m a f a m í l i a n e m a e s c o l a e d u c a m [...]", e a i m p u n i d a d e "[...] n ã o p e l a i n s u n c i ê n -
cia d a s p e n a s , m a s p o r n ã o s e r p r o n t a e e ñ c a z s u a a p l i c a ç ã o [...]" ( M I N A S G E R A I S , 1 8 7 6 , A n e x o
^ 3, p. 6 1 - 6 2 ) .

Em d e t e r m i n a d o m o m e n t o de sua análise, ele se d e t e v e mais na q u e s t ã o da e d u c a ç ã o do m e n o r


desvalido, "exposto ao vício", q u e deveria ir para u m a instituição própria q u e garantisse sua r e g e -
n e r a ç ã o c o m o forma de p r e v e n i r e restringir a c r i m i n a l i d a d e , e esta deveria ser tarefa do Estado:

Se a sociedade, diz um esclarecido penologista, nada q u e r ter a recear do h o m e m , é preciso q u e ela


se o c u p e do m e n i n o .

C o m p r e e n d e - s e facilmente q u e a ação preventiva dos delitos só p o d e ser v e r d a d e i r a m e n t e eficaz,


pronta e durável, e x e r c e n d o - s e sobre os m e n i n o s q u e a má e d u c a ç ã o ou os maus exemplos dos pais
lançam na carreira do vício, a qual, as mais das vezes, c o n d u z ao crime, [...j

[...] Assim q u e é preciso:

Difundir-se, /?or w^/o ^jro/<^j-, um ensino v e r d a d e i r a m e n t e mora! e religioso.


2" FfgfMí-Mr /^f//? f¿/Kírí?(^^o wow/ í- ^ro/Fjj/o?//// WfW/A/oj Mr/ojoj; q u e o abandono, a imorati-
d a d e ou miséria da famftia i m p e l e m quase fatalmente na carreira do mal.

O progresso da idéias, como as necessidades de nosso tetnpo e de nosso país, reclama cada vez mais o
concurso de todas as forças sociais para a difusão e o e n g r a n d e c i m e n t o da esfera do ensino p o p u l a r

O ¿"j-Zaí^c, í / t r r /w^í^rL'/); roHM /JOí/fwy^ para a realização dessa g r a n d e obra, q u e


i m p o r t a ao a d i a n t a m e n t o moral dc nossa pátria, e, sem o q u e v ê - l a - e m o s não só atrasar-se c o m o
decair ( M I N A S G E R A I S , 1876, Anexo 3, p 61-66, griíbs nossos).'-

Essas propostas são características da passagem do século XIX para o século XX q u e , sustentadas
ideologicamente pelo cientificismo da época, p r i n c i p a l m e n t e na Europa, buscavam u m a polícia
p r o ñ s s i o n a l . N a p r á t i c a , essas r e f o r m a s q u a s e n ã o c h e g a v a m , a i n d a , a s e r a p r o v e i t a d a s n a q u e l e
m o m e n t o . M a s a análise desses projetos p e r m i t e a ñ r m a r que, no último quartel do século XIX,
m e s m o antes da República, iniciavam-se os debates sobre as causas e a natureza dos crimes, de
e s t u d o s sobre m e d i d a s efetivas para a s e g u r a n ç a p ú b l i c a e sobre a profissionalização da Polícia, ou
seja, o t e m a p a s s a v a a s e r v i s t o , d o p o n t o d e v i s t a d a p o l í t i c a p ú b l i c a , c o m o q u e s t ã o d e E s t a d o
( V E L L A S C O , 2004, p. 298).

N o ñ n a l d a d é c a d a d e 1880, o chefe d e Polícia, L e v i n d o L o p e s , e n c a m i n h o u a l g u m a s s o l u ç õ e s para


tentar resolver os principais problemas crônicos do policiamento na província mineira. Em
p r i m e i r o lugar, e l e p r o p ô s d i v i d i r o t e r r i t ó r i o e m d e z c i r c u n s c r i ç õ e s , cujas s e d e s s e r i a m M a r i a n a ,
S e t e L a g o a s , S ã o J o ã o d e l - R e i , R i o P o m b a , J u i z d e Eora, P o u s o A l e g r e , C a m p a n h a , U b e r a b a ,
Diamantina e Minas Novas. Em cada u m a dessas sedes ñcaria um d e s t a c a m e n t o de 50 praças do
C o r p o P o l i c i a l . C o m isso e l e p e n s a v a r e s o l v e r t r ê s p r o b l e m a s : m a n t e r u m n ú m e r o m e n o r d e p r a ç a s ,
d e s o n e r a n d o a p r o v í n c i a e , a o d i s t r i b u i r esses p r a ç a s e m g r a n d e s d e s t a c a m e n t o s , p e l a s c i r c u n s c r i ç õ e s
i n d i c a d a s , facilitar a d i s c i p h n a d e l e s , a d e q u a n d o - o s a o c u m p r i m e n t o d e s e u s d e v e r e s e , c o n c o m i t a n t e -
m e n t e , facilitar a c o m u n i c a ç ã o e o d e s l o c a m e n t o dessas f()rças p o l i c i a i s em t ã o v a s t o t e r r i t ó r i o q u a n d o
fossem r e q u i s i t a d o s p e l a s a u t o r i d a d e s policiais locais ( M I N A S G E R A I S , 1887, A n e x o 4 , p . 8-10).

E m c o m p l e m e n t o , L e v i n d o L o p e s p r o p ô s a r e s t a u r a ç ã o d a G u a r d a M u n i c i p a l p a r a e v i t a r "[...] o
c o n s t a n t e m o v i m e n t o da força policial, as i n c e s s a n t e s r e c l a m a ç õ e s das a u t o r i d a d e s policiais, p r i -
vadas, às vezes, da necessária para a g u a r d a das cadeias, q u e c o n t ê m g r a n d e n ú m e r o de criminosos
[...] " ( M I N A S G E R A I S , 1887, A n e x o 4 , p . 10). C o m r e l a ç ã o à C a p i t a l , e l e s u g e r i a q u e s e e l e v a s s e
o n ú m e r o d e p r a ç a s e n g a j a d o s d a G u a r d a U r b a n a e q u e ela s e d e s l i g a s s e d o C o r p o P o l i c i a l , v o l t a n -
do a se s u b m e t e r d i r e t a m e n t e à C h e n a de Polícia, c o n f o r m e a L e i n. 2 718, de 1880, q u e a c r i o u
( M I N A S G E R A I S , 1887, A n e x o 4 , p . 10).

Para auxiliar as autoridades policiais a m e l h o r a r o d e s e m p e n h o de seus deveres de prevenir os


crimes, investigá-los e p r e n d e r os criminosos para e n t r e g á - l o s à Justiça, L e v i n d o L o p e s p r o p ô s a
e l a b o r a ç ã o d o " P r o m p t u á r i o P o l i c i a l " c o n t e n d o a s leis d o C ó d i g o d o P r o c e s s o C r i m i n a l , i n s t r u ç õ e s
policiais, formulários, mapas, notas explicativas e esclarecimentos, e n ñ m , u m a espécie de m a n u a l

A Lei n. 2 228. de t4 de junho de 1876, mandava criar três institutos de m e n o r e s artifices, s e n d o que o primeiro a ser criado em caráter
experimentai deveria ser na Capitai. Ouro Preto. Mas os retatórios provinciais seguintes não apontam sua criação.
p a r a o ofício d e d e l e g a d o s d e P o l í c i a , s u b d e l e g a d o s e s e u s a g e n t e s . O " P r o m p t u á r i o P o l i c i a l " íbi
i m p r e s s o em 1888, c o m a a u t o r i z a ç ã o do p r e s i d e n t e de província e d i s t r i b u í d o g r a t u i t a m e n t e às
a u t o r i d a d e s policiais de t o d a a p r o v i n c i a mineira'^ ( M I N A S G E R A I S , 1889, p. 13-14).

D a s propostas e n c a m i n h a d a s p o r L e v i n d o L o p e s , apenas d u a s foram efetivadas: a divisão em cir-


cunscrições c o m d e s t a c a m e n t o s do C o r p o Policial e a i m p r e s s ã o e a d i s t r i b u i ç ã o do " P r o m p t u á r i o
P o l i c i a l " . E m 1889, o t e r r i t o r i o a c h a v a - s e d i v i d i d o e m o i t o c i r c u n s c r i ç õ e s , m a s , c o m o n ã o h o u v e a
r e s t a u r a ç ã o d a G u a r d a M u n i c i p a l , p e r m a n e c i a o p r o b l e m a d e falta d e p r a ç a s p a r a a t e n d e r à s r e -
quisições das a u t o r i d a d e s policiais locais (delegados e subdelegados). A G u a r d a U r b a n a da C a p i t a l
t a m b é m n ã o foi r e s t a u r a d a n o s m o l d e s d a lei d e s u a c r i a ç ã o c o m o s u g e r i d o . A s s i m p e r m a n e c i a m o s
graves p r o b l e m a s com o policiamento dos municípios e da própria Capital ( M I N A S G E R A I S ,
1889, p 8).

A p e r d a d e p a r t e d e s u a s n m ç õ e s c o m a L e i d e 1 8 7 1 , a falta d e r e m u n e r a ç ã o c d e p e s s o a l a d e q u a -
do e o n ú m e r o i n s u ñ c i e n t e de praças no C o r p o Policial foram causas de m u i t o s p e d i d o s de e x o -
neração por parte das autoridades policiais (delegados de Polícia e subdelegados), q u e reclamavam
d a falta d e s e g u r a n ç a e m s e u s m u n i c í p i o s , n ã o t e n d o g u a r d a s p a r a v i g i a r a s c a d e i a s , p a r a f a z e r
d i l i g e n c i a s e n e m m e s m o p a r a a s r o n d a s l o c a i s . Isso a u m e n t a v a a s e v a s õ e s d e p r e s o s , o s a t a q u e s d e
m a l f e i t o r e s e o í n d i c e d e c r i m i n a l i d a d e n u m a p r o v í n c i a q u e c h e g a v a a o final d a d é c a d a d e 1880
c o m c e r c a d e 3 m i l h õ e s d e h a b i t a n t e s e u m a força p o l i c i a l e m t o r n o d e m i l p r a ç a s ( M I N A S
G E R A I S , 1887, A n e x o 4 , p . 8); o u seja, 1 p o l i c i a l p o r g r u p o d e 3 0 0 0 h a b i t a n t e s .

2 A l i a d a a essa s i t u a ç ã o d a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l e d a s e g u r a n ç a i n t e r n a d a p r o v í n c i a m i n e i r a , u m a
w c o n f l u ê n c i a d e v á r i o s f a t o r e s levava a o e s g a r ç a m e n t o d o G o v e r n o i m p e r i a l a p a r t i r d a d é c a d a d e
g 1870, c u l m i n a n d o c o m a p r o c l a m a ç ã o d a R e p ú b l i c a , e m 1889. O m a r c o i n i c i a l d e s s e p r o c e s s o d a t a
5 d o M a n i f e s t o R e p u b l i c a n o d e 1870. N o m e s m o p e r í o d o , o fim d a G u e r r a d o P a r a g u a i r e f t i r ç o u o
> Exército c o m o corporação, gerando desentendimentos entre seus oñciais e o ministério imperial,
g A a b o l i ç ã o d a e s c r a v i d ã o , e m 1 8 8 8 , p ô s ñ m a u m p r o c e s s o l e n t o e g r a d u a l , q u e faria r u i r a b a s e
o s o c i a l d o r e g i m e i m p e r i a l . O u t r o d a d o i m p o r t a n t e n e s s e c o n t e x t o foi o a u m e n t o d a p o p u l a ç ã o ,
g incrementado pela imigração, principalmente no ñnal do século. Em relação à organização poli-
5 ciai, o r e g i m e r e p u b l i c a n o p r o c u r o u r e s t r i n g i r a i n d a m a i s o q u e r e s t a r a n a L e i d e 1 8 7 1 , o u seja, d o
^ s i s t e m a i n q u i s i t o r i o e o p r o c e d i m e n t o fjro^r/o ( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p. 25).

Em Memórias de um Deiegado de Poticia. Renato Augusto de Lima narra suas experiências pessoais e profissionais durante o periodo que
ocupou este cargo em alguns tocáis do Estado de Minas Gerais e informa que. quando foi despactiado na Repartição de Poücia para o
municipio de Rio Pomba, era um jovem bacharet em Direito, recém formado, que 1...] tevava instruções habituais, com atgum materia] de
expediente [...) e uma espécie de catecismo o 'Promptuário Fohciat' do Dr. Levindo Lopes, onde iria aprender o oficio de detegado {...}'.
Eie tinha 22 anos, e isso se passou por voita de 1 9 t 5 (LIMA. t 9 7 2 . p. 9). Portanto, e s s e manual ainda era utitizado durante as primeiras
décadas do período repubticano. De fato. a quarta edição do "Promptuário Policiai" é datada de ! 9 f 2 e foi revista pelo chefe de Potícia. Dr.
Américo Lopes, depois das reformas constitucionat e judiciária de 1903. (Cf. LOPES. 1912, s e m paginação)
Destacamento pohciai de Espinoza corn 20 cívís engajados. Força Púbiica. 1930. Acervo APM.
o PERÍODO
REPUBLtCANO
2.1 A POLÍCiA NA PR!ME!RA REPÚBUCA

A R e p ú b l i c a foi p r o c l a m a d a e m 1 5 d e n o v e m b r o d e 1889, m a s a t é q u e s e c o n s o l i d a s s e c o m o n o v o
r e g i m e político, viveu um p e r í o d o de instabilidade, de tensões e de i n d e n n i ç õ e s de r u m o s para a
n o v a o r d e m i n s t a u r a d a ( N E V E S , 2 0 0 3 , p . 34). E m 1 1 d e o u t u b r o d e 1890, o D e c r e t o n . 8 4 7 p r o m u l -
gou o novo C ó d i g o Penal, atualizando o anterior do período imperial para se adequar ao contexto
p o l í t i c o e s o c i a l q u e o r a s e i n i c i a v a . S o m e n t e e m 2 4 d e f e v e r e i r o d e 1891 a p r i m e i r a C o n s t i t u i ç ã o
r e p u b l i c a n a d o Brasil foi p r o m u l g a d a , t e n d o c o m o c a r a c t e r í s t i c a s p r i n c i p a i s : a a d o ç ã o d o f e d e r a -
l i s m o , do p r e s i d e n c i a l i s m o , do e s t a b e l e c i m e n t o d o s t r ê s p o d e r e s — o E x e c u t i v o , o L e g i s l a t i v o e o
J u d i c i á r i o —, a s e p a r a ç ã o da Igreja e do E s t a d o e a d e n n i ç ã o de critérios, d e n t r e eles a alfabetiza-
ç ã o , e n ã o m a i s a r e n d a , p a r a o d i r e i t o ao v o t o .

O f e d e r a l i s m o foi a g r a n d e i n o v a ç ã o d a C o n s t i t u i ç ã o d e 1 8 9 1 , p o i s c o n f e r i u aos E s t a d o s l a r g a
m a r g e m d e a u t o n o m i a e m substituição a o c e n t r a l i s m o característico d o I m p é r i o . Essa e n o r m e
soma de poder do Estado em relação ao G o v e r n o central t a m b é m se distribuiu entre o Estado e os
municípios, refí)rçando o f e n ó m e n o do coronelismo. A C o n s t i t u i ç ã o mineira, t a m b é m de 1891,
levou a idéia de descentralização até as últimas conseqüências, t r a n s f o r m a n d o os m u n i c í p i o s em
u m a f e d e r a ç ã o d e d i s t r i t o s ( R E S E N D E , 1982, p . 8 4 ) .

A s s i m , e m M i n a s G e r a i s , o p e r í o d o c o m p r e e n d i d o e n t r e 1 8 8 9 - 1 8 9 8 foi c a r a c t e r i z a d o p e l a a m p l a
a u t o n o m i a legal d o s m u n i c í p i o s , pelos excessos d o m a n d o n i s m o local, e n v o l v e n d o acirradas lutas
partidárias nos m u n i c í p i o s e distritos, e pelo processo em m a r c h a de crise económico-financeira.
O período seguinte, 1898-1906, esteve c e n t r a d o na m o n t a g e m da estrutura de d o m i n a ç ã o ou oli-
garquixação de Minas Gerais com o novo Partido Republicano Mineiro ( P R M ) , quando, então, se
retiraram as garantias jurídicas contra a intromissão do p o d e r estadual nos municípios ( R E S E N D E ,
1982, p. 212-213). Essa c e n t r a l i z a ç ã o levou ao f o r t a l e c i m e n t o do P R M , c o n d i ç ã o p r i m o r d i a l para o
e s t a b e l e c i m e n t o da aliança e n t r e São P a u l o e M i n a s G e r a i s no c o n t r o l e da política brasileira até
1930.'^ M i n a s G e r a i s g a r a n t i a s u a i m p o r t â n c i a n o c e n á r i o n a c i o n a l n ã o s ó d o p o n t o d e v i s t a
e c o n ô m i c o , mas t a m b é m p o r ser o E s t a d o mais p o p u l o s o do País. Esses dois m o m e n t o s inOuencia-
r a m n a c r i a ç ã o d a s leis e n a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l , p o i s o p r o c e s s o d e s u b o r d i n a ç ã o d a s m u n i c i p a l i -
d a d e s p e l o E s t a d o m i n e i r o c o n t o u c o m a P o l í c i a c o m o u m d o s p r i n c i p a i s i n s t r u m e n t o s legais p a r a
a d o m i n a ç ã o o l i g á r q u i c a ( R E S E N D E , 1 9 8 2 , p . 191).

I n i c i a l m e n t e , a o r g a n i z a ç ã o policial c o n t i n u a v a a ser r e g i d a pelas leis de 1841-1842 e as p o u c a s


t r a n s f o r m a ç õ e s i n t r o d u z i d a s p e l a s leis d e 1 8 7 1 . M a s a c e n t r a l i z a ç ã o c a r a c t e r í s t i c a d o p e r í o d o i m p e -
rial d e u l u g a r à m a i o r a u t o n o m i a a d m i n i s t r a t i v a a o s E s t a d o s , t r a n s f o r m a n d o a s o r g a n i z a ç õ e s p o l i -
ciais e m i n s t i t u i ç õ e s e s t a d u a i s . C o n c o m i t a n t e m e n t e , o D e c r e t o n . 8 4 8 , d e 1 8 9 0 , r e s t r i n g i u o s i s t e m a
i n q u i s i t ó r i o e q u a s e a b o l i u o p r o c e d i m e n t o fA* o^r/o, r e s t a n d o à P o l í c i a c o m p e t ê n c i a p a r a e f e t u a r
prisões, buscas e apreensões, para o c o r p o de delito d i r e t o e para a n a n ç a provisória ( L A D E I R A ,
1 9 7 1 , p . 221). E m b o r a a P o l í c i a fosse i m p r e s c i n d í v e l n e s s e m o m e n t o e m q u e u m n o v o r e g i m e p o l í t i -
c o e s t a v a s e n d o i n s t a l a d o , ela m e s m a p r e c i s a r i a p a s s a r p o r u m p r o c e s s o d e a d e q u a ç ã o a o s n o v o s
tempos e, concomitantemente, solucionar velhos problemas advindos do período imperial que per-
sistiram d u r a n t e boa parte da P r i m e i r a República.

A denominada Revolução de 1930 deu inicio a um projeto de Estado mais autoritário e nacionalista, por isso m e s m o mais centralizador,
rompendo com a "política do café-com-ieite", caracterizada pela aliança entre São Paulo. Partido Republicano Paulista (PRP) e Minas Gerais
(PRM). bem c o m o pelo controle das oligarquias estaduais da Primeira República.
2 . 1 . 1 A POLÍCÍA EA ESTRUTURAÇÃO DO PODER ESTADUAL: 1 8 8 9 - 1 9 0 6

Pela Lei n. 6, de 16 de o u t u b r o de 1891, a a d m i n i s t r a ç ã o do E s t a d o de M i n a s G e r a i s passou a c o n -


tar c o m três secretarias: a do Interior; das F i n a n ç a s e da Agriculttira e a do C o m e r c i o e O b r a s
Públicas. A S e c r e t a r i a do I n t e r i o r ñ c o u r e s p o n s á v e l pela justiça, pela higiene, pela i n s t r u ç ã o p ú b l i -
ca e pela s e g u r a n ç a , i n c l u i n d o aí a C h e f i a de Polícia e t u d o o q u e dizia r e s p e i t o aos assuntos p o l i -
ciais, a t é m e s m o a f o r ç a p o l i c i a l .

A p r i m e i r a lei e s t a d u a l q u e o r g a n i z o u a P o l í c i a foi a L e i n . 30, d e 1 6 d e j u l h o d e 1892, r e g u l a m e n -


t a d a p e l o D e c r e t o n . 6 1 5 , d e 9 d e m a r ç o d e 1 8 9 3 . P o r e s s e d e c r e t o , o t e r r i t ó r i o m i n e i r o íbi d i v i d i -
d o , p a r a a a d m i n i s t r a ç ã o p o l i c i a l , em m u n i c í p i o s , d i s t r i t o s e s e ç õ e s ( a r t i g o 1'^). O c h e f e de P o l í c i a
p a s s o u a s e r n o m e a d o p e l o p r e s i d e n t e d o E s t a d o , s e n d o e x i g i d o q u e fosse d o u t o r o u b a c h a r e l e m
D i r e i t o , c o m q u a t r o a n o s d e p r á t i c a d e f o r o d e a d m i n i s t r a ç ã o ( a r t i g o 9"), e s u a a ç ã o a b r a n g i a t o d o
o E s t a d o ( a r t i g o 7 ^ $ 1'^).

As atribuições do chefe de Polícia c o n t i n u a v a m a c o m p r e e n d e r as funções de Polícia J u d i c i á r i a e


de Polícia Administrativa, q u e se m a n t i n h a m b e m d e ñ n i d a s . Aos atos da Polícia J u d i c i á r i a p e r t e n -
ciam: as diligências necessárias para a investigação de c r i m e s c o m u n s , realizar c o r p o de delito, fazer
buscas e apreensões, c o n c e d e r n a n ç a provisória e p r o c e d e r à prisão de culpados. As funções da
Polícia Administrativa c o m p r e e n d i a m : t e r m o s de s e g u r a n ç a e bem-viver, passaportes, evitar e dis-
p e r s a r a j u n t a m e n t o s ilícitos, d i s p e r s a r s o c i e d a d e s secretas, i n s p e c i o n a r t e a t r o s e e s p e t á c u l o s p ú b l i -
cos, i n s p e c i o n a r p r i s õ e s , e n ñ m , p r e v e n i r d e l i t o s e m a n t e r a t r a n q ü i l i d a d e e a s e g u r a n ç a p ú b l i c a s ,
além de r e g i m e n t a r a Secretaria de Polícia, as prisões e d a r i n s t r u ç õ e s aos d e l e g a d o s , s u b d e l e g a d o s
e auxiliares, o r g a n i z a r m a p a s de estatística policial e fazer relatórios ao s e c r e t á r i o do I n t e r i o r

g O chefe de Polícia c o n t i n u a v a a ser auxiliado pela Secretaria de Polícia nos serviços a d m i n i s t r a -


§ tivos e b u r o c r á t i c o s , tais c o m o : n o m e a ç õ e s , e x o n e r a ç õ e s , r e g i s t r o s , m a t r í c u l a s , c o n t r a t o s d e l o c a ç ã o
g e f o r n e c i m e n t o s de m a t e r i a i s p a r a as c a d e i a s , e s t a t í s t i c a s , r e l a t ó r i o s , p a g a m e n t o s , t r a n s f e r ê n c i a e
3 soltura de presos, r e c o l h i m e n t o de alienados, e x p e d i e n t e relativo ao engajamento de paisanos, etc.
E Inicialmente, a Secretaria era c o m p o s t a pelo secretário de Polícia, dois p r i m e i r o s oñciais, dois
S segundos oñciais, dois a m a n u e n s e s ( u m tesoureiro e um escrivão), um porteiro, um c o n t í n u o e um
¿ s e r v e n t e ( L e i n. 30, de 1 8 9 2 , a r t i g o 8").

C o m o t e m p o , e m razão das c o n d i ç õ e s ñ n a n c e i r a s d o E s t a d o o u d o a u m e n t o das atividades policiais,


essa S e c r e t a r i a foi r e o r g a n i z a d a e , n a m a i o r i a d a s v e z e s , o c h e f e d e P o l í c i a ñ c o u s o b r e c a r r e g a d o c o m
f u n ç õ e s b u r o c r á t i c a s . E m 1899, a crise ñ n a n c e i r a d o E s t a d o p r o v o c o u a e x t i n ç ã o d e a l g u n s c a r g o s d o
s e r v i ç o p ú b l i c o , d e n t r e e l e s o d e s e c r e t á r i o d e P o l í c i a , q u e f()i t r a n s f e r i d o p a r a o l u g a r d e d e l e g a d o
a u x i h a r ( D e c r e t o n . 1 2 3 2 , d e 2 6 d e d e z e m b r o d e 1898). E m 1 9 0 1 , h o u v e r e d u ç ã o d o p e s s o a l d a
S e c r e t a r i a d e P o l í c i a e s u p r i m i u - s e o c a r g o d e d e l e g a d o a u x i h a r d o c h e f e d e P o l í c i a ( L e i n . 318, d e
1 6 d e s e t e m b r o d e 1 9 0 1 , a r t i g o ! 2). E n t r e t a n t o , a p a r t i r d e m e a d o s d a d é c a d a d e 1900, s u r g i r a m n o v o s
s e r v i ç o s i n c r e m e n t a n d o a S e c r e t a r i a e f a z e n d o - a c r e s c e r e m n ú m e r o d e p e s s o a l , m a s a t é 1920 o c h e f e
d e P o l í c i a c o n c e n t r o u n a s s u a s f u n ç õ e s a s a t r i b u i ç õ e s d o e x t i n t o c a r g o d e s e c r e t á r i o d e Polícia.

As q u a h d a d e s exigidas aos d e l e g a d o s de Polícia ( m u n i c í p i o s ) , s u b d e l e g a d o s (distritos), i n s p e t o r e s


d e s e ç õ e s ( 5 0 c a s a s h a b i t a d a s n a s p o v o a ç õ e s e 2 5 fora d e l a s ) , c a r c e r e i r o s e a g e n t e s d e P o l í c i a f o r a m
mais de o r d e m m o r a ! do q u e um alto nível de escolaridade. E n t r e os principais requisitos p r e v i s -
t o s p o r íei c o n s t a v a a n e c e s s i d a d e d e o s d e t e g a d o s e s u b d e l e g a d o s r e s i d i r e m n o s l o c a i s o n d e
e x e r c e s s e m s u a s f u n ç õ e s p o l i c i a i s ( D e c r e t o n . 6 1 3 , d e 1 8 9 3 , a r t i g o s 1 2 e 17). À e x c e ç ã o d o s
c a r c e r e i r o s , o s d e m a i s c a r g o s n ã o e r a m r e m u n e r a d o s , " p o r isso h o u v e d i ñ c u l d a d e e m p r o v e r o s d e
delegados de Polícia e subdelegados em muitas localidades, resultando na obrigação de n o m e a r o ñ -
ciais d o s c o r p o s d e P o l í c i a p a r a o c u p á - l o s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 9 4 , p . 8).'^'

Assim, as r e c l a m a ç õ e s e p r o p o s t a s iniciadas nas d u a s ú l t i m a s d é c a d a s do p e r í o d o i m p e r i a l c o n t i -


n u a r a m a fazer p a r t e dos relatórios d o s chefes d e Polícia d o E s t a d o m i n e i r o n o início d a R e p ú b l i c a .
Havia n ú m e r o insuñciente de praças para c o m p l e t a r a Força P ú b l i c a " — q u e passou a se d e n o m i -
n a r B r i g a d a P o l i c i a l e m 1 8 9 3 . A s a u t o r i d a d e s v i a m c o m o ¡ u s t i ñ c a t i v a p a r a isso a alta d e s a l á r i o s n a
lavoura e na indústria do Estado, e n q u a n t o os soldos c o n t i n u a v a m a ser baixos, não atraindo pes-
s o a s a p t a s p a r a a B r i g a d a P o l i c i a l ( M I N A S G E R A I S , 1 8 9 4 , p . 8). E m r a z ã o d e s s a d i ñ c u l d a d e , foi
autorizado o engajamento de paisanos para g u a r d a r cadeias, p r e n d e r criminosos e policiar as
p o v o a ç õ e s ( D e c r e t o n . 769, d e 1 8 9 4 , a r t i g o 2"). E s p e r a v a - s e q u e e s s e s p a i s a n o s v i e s s e m a s s e n t a r
p r a ç a , m a s isso r a r a m e n t e o c o r r i a ( M I N A S G E R A I S , 1894, p . 8).

D e s t a q u e - s e q u e , s e g u n d o a nova o r g a n i z a ç ã o da Brigada Policial, o c o m a n d a n t e - g e r a l dessa força


ñcaria sob as ordens do p r e s i d e n t e de Estado e seria distribuída p o r circunscrições militares em
d e s t a c a m e n t o s p e l o s m u n i c í p i o s ( L e i n . 112, d e 1 8 9 4 , a r t i g o s 2 " e 3"). P o r t a n t o , o c h e f e d e P o l í c i a
n ã o m a i s t i n h a a u t o r i d a d e s o b r e ela e d e p e n d i a d o c o m a n d a n t e d a B r i g a d a P o l i c i a l p a r a a u t o r i z a r
suas requisições, o q u e não ocorria a n t e r i o r m e n t e , q u a n d o o c h e & de Polícia t i n h a p o d e r e s sobre a
Força P ú b l i c a ou s o b r e a Brigada Policial. P o r um lado, a nova o r g a n i z a ç ã o dessa força t i n h a c o m o
o b j e t i v o d i s c i p l i n a r e i n s t r u i r o s p r a ç a s e , c o m isso, s o l u c i o n a r e s s e p r o b l e m a q u e s e a r r a s t a v a h a v i a
d é c a d a s , c o m o fí)i a p o n t a d o n o p e r í o d o i m p e r i a l ( s e ç ã o 2.3). P o r o u t r o l a d o , essa s i t u a ç ã o d i ñ c u l -
tava o r á p i d o d e s l o c a m e n t o exigido pelo chefe de Polícia em casos de e m e r g ê n c i a , c o m o os c o n ñ i -
tos p a r t i d á r i o s locais q u e s e t o r n a r a m u m a c o n s t a n t e nesse p e r í o d o .

A s s i m , a p r o p o s t a e n c a m i n h a d a p e l o c h e f e d e P o l í c i a Alfi-edo P i n t o V i e i r a d e M e l o , e m 1 8 9 4 , p a r a
q u e se engajassem paisanos nas sedes dos m u n i c í p i o s do E s t a d o — o n d e n ã o h o u v e s s e d e s t a c a m e n -
tos militares ou estes fossem i n s u ñ c i e n t e s — tinha c o m o objetivo, a l é m dos já citados, m a n t e r o
c o n t r o l e s o b r e e s s e s e n g a j a d o s p o r m e i o d o s d e l e g a d o s ( D e c r e t o n . 7 6 9 , d e 1894, a r t i g o s 3", 4'' e 5").
O c h e f e d e P o l í c i a visava, c o m isso, a u m e n t a r o p o l i c i a m e n t o n a á r e a d o s m u n i c í p i o s e c o n t r o l a r
o s e x c e s s o s d o s c o n ñ i t o s l o c a i s . M a s o q u e o c o r r e u foi o c r e s c i m e n t o d o p o d e r d o s d e l e g a d o s , o q u e
levou à e x t i n ç ã o d e s s e sistema e à p r o p o s t a de c r i a ç ã o da G u a r d a Cívica, em 1904, d i r e t a m e n t e s u -
b o r d i n a d a à S e c r e t a r i a d o I n t e r i o r e a o c h e f e d e P o l í c i a ( R E S E N D E , 1 9 8 2 , p . 194).

E s s e m e s m o chefe d e P o l í c i a t a m b é m s e q u e i x a v a d a falta d e r e m u n e r a ç ã o p a r a o s c a r g o s p o l i c i a i s e
defendia a aprovação de um projeto para regularizar u m a tabela de vencimentos para os delegados,
s u b d e l e g a d o s e a g e n t e s p o h c i a i s . A i d é i a s u b j a c e n t e , n e s s e caso, e r a d e q u e , a o s e r e m r e m u n e r a d o s , esses

o Decreto n. 6 1 3 , de 9 de março de 1893. dispõe, no capítuto 5. artigo 65. sobre os vencimentos: "chefe de Policia, empregados da
Secretaria de Policia, da cadeia da Capita! e carcereiros receberão vencimentos em tabela"; e no art. 66: "Os demais receberão o taxado no
regimento de custas por atos que praticarem".
Como foi referido na introdução, e s s e s cargos surgiram, ao longo dos anos. desde o Império. O de carcereiro, por exemplo, existia desde
o Brasil Colônia. 0 grande mérito da Lei n. 30, de 1892. e do Decreto n. 6 1 3 , de 1893, foi tentar consolidar e s s e s cargos em uma única
organização, o que somente foi c o n s e g u i d o apenas depois da década de Í 9 2 0 .
" A Força Fúbtica passou a ser denominada de Brigada Policial de Minas Gerais em 1893. nos termos do artigo 1° da Lei n. 60, de 22 de
julho. Mas o Decreto n. 1 352, de 27 de janeiro de 1900. que d i s p ô s sobre a Força Pública, voítou a utiüzar essa expressão para aqueta
instituição até então denominada Brigada Policial. Nos relatórios das autoridades, as duas e x p r e s s õ e s são utilizadas nesse período.
Posteriormente, na década de 1910. s o m e n t e a expressão Força Pública passou a ser usada petas autoridades.
1^ ^
cargos deixariam de ser quase exclusivamente i n s t r u m e n t o de interesse potítico-partidário e passari-
a m a a t r a i r p e s s o a s m a i s q u a l i ñ c a d a s . E s s e p r o j e t o , e m b o r a j á estivesse n o C o n g r e s s o e s t a d u a l , n ã o c o n -
s e g u i a a p r o v a ç ã o , t a m p o u c o h á m e n ç ã o p o s t e r i o r d e q u e isso t e n h a o c o r r i d o ( M I N A S G E R A I S , 1895).

A situação do E s t a d o era grave nesse m o m e n t o inicial da R e p ú b l i c a , c a r a c t e r i z a d o p o r lutas p a r -


tidárias c o m a m a i o r a u t o n o m i a das câmaras m u n i c i p a i s e conselhos distritais. Os m o v i m e n t o s
"sediciosos" locais levaram a o a c o n t e c i m e n t o d e casos d e d u p l i c a ç ã o das c â m a r a s e m alguns
m u n i c í p i o s e à d i ñ c u l d a d e em p r o v e r todas as c o m a r c a s de juizes substitutos. Só para citar alguns
poucos exemplos, houve um m o v i m e n t o "separatista" no município de C a m p a n h a e outros bas-
tante graves em Viçosa ( M I N A S G E R A I S , 1892, p . 4), c o m o t a m b é m e m São Francisco e
M a n h u a ç u , q u e tinham c o m o p a n o de Rindo verdadeiras guerras entre as diversas autoridades
l o c a i s ( M I N A S G E R A I S , 1896, p . 5). A o r d e m s ó s e r e s t a b e l e c i a c o m a p r e s e n ç a d o c h e f e d e
Polícia, e m pessoa, nos locais mais t u m u l t u a d o s . C o m o p a r a ele era impossível estar e m várias
regiões simultaneamente, as autoridades militares, em comissão, também se deslocavam,
d e s p r o v e n d o o p o l i c i a m e n t o da Capital.

A falta d e r e m u n e r a ç ã o l e v a v a à s é r i a d i ñ c u l d a d e e m p r o v e r o s c a r g o s d e d e l e g a d o e s u b d e l e g a d o
em muitas localidades do Estado, r e s u l t a n d o na obrigação de n o m e a r oñciais da Brigada Policial
p a r a o c u p á - l o s . S u r g i u , e n t ã o , a ñ g u r a d o d e l e g a d o e s p e c i a l ( M I N A S G E R A I S , 1 8 9 4 , p . 8). E
Ê necessário enfatizar que o oñcial designado c o m o delegado especial continuava vinculado à
z B r i g a d a P o l i c i a l , e n t r e t a n t o s e afastava d e s u a s f u n ç õ e s m i l i t a r e s e n q u a n t o o c u p a v a o u t r o c a r g o
^ que, s e g u n d o as a u t o r i d a d e s policiais da época, exigia m e l h o r p r e p a r o na p r e v e n ç ã o do c r i m e e
^ a i n d a d e s f a l c a v a a q u e l a força p o l i c i a l . A c r e s c e n t e - s e a isso q u e a c o n d i ç ã o d e d e l e g a d o e s p e c i a l
g d e v e r i a s e r u t i l i z a d a s o m e n t e e m c a r á t e r d e u r g ê n c i a , o u seja, a p ó s a s o c o r r ê n c i a s p o l i c i a i s , q u a n -
g do, então, ele agiria c o m o Polícia repressiva. P o r t a n t o , o u s o de policiais militares no cargo de d e -
S legado c o m o rotina para prevenção de crimes se caracterizava c o m o irregular, além de desfalcar os
g b a t a l h õ e s ( M I N A S G E R A I S , 1906, p. 45). D i a n t e desses p r o b l e m a s , p a s s o u - s e a p r o p o r a criação
g de lugares de delegados auxiliares do chefe de Polícia em alguns municípios do Estado em q u e as
g p o p u l a ç õ e s s e s e n t i s s e m a m e a ç a d a s c o m o s c o n ñ i t o s l o c a i s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 9 6 , p . 8-9).

g
B E m r e s p o s t a a esses a p e l o s , c r i o u - s e o c a r g o d e d e l e g a d o e s p e c i a l a s e r e x e r c i d o p o r o ñ c i a i s d a
S Brigada Policial, em alguns municípios, e um ú n i c o cargo de d e l e g a d o auxiliar do chefe de Polícia,
^, n a C a p i t a l , p e l a L e i n . 175, d e 1 8 9 6 , r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 1 0 3 4 , d e 6 d e m a i o d e 1 8 9 7 .
A necessidade de u m a Polícia b e m p r e p a r a d a exigiu q u e os cargos de delegados auxiliares do chefe
, de Polícia fossem providos p o r bacharéis c o m m a i o r e s q u a l i n c a ç õ e s , r e c e b e n d o v e n c i m e n t o s de
a c o r d o c o m o s q u a d r o s d e p e s s o a l d a P o l í c i a ( L e i n . 175, 1896, a r t i g o 2'*). E s s e d e l e g a d o a u x i l i a r
deveria m o r a r na C a p i t a l e r e p r e s e n t a r ou substituir o chefe de Polícia q u a n d o este assim o r e q u i -
sitasse, d e s l o c a n d o - s e p a r a a q u e l e s m u n i c í p i o s q u e n e c e s s i t a s s e m d e r e s t a b e l e c i m e n t o d a o r d e m
p ú b l i c a ( D e c r e t o n. 1 0 3 4 , 1897, a r t i g o 21).

E m 1 9 0 0 , o D e c r e t o n . 1 352 e s t a b e l e c e u q u e o d e v e r d o c o m a n d a n t e - g e r a l d a B r i g a d a P o l i c i a l
e r a a t e n d e r d i r e t a m e n t e o c h e f e d e P o l í c i a e m t u d o q u e d e p e n d e s s e d a ft)rça p o l i c i a l , t a n t o p a r a
a m a n u t e n ç ã o da o r d e m pública q u a n t o para os serviços médico-Iegais, que deveriam ser d e s e m -
p e n h a d o s pelos médicos dos batalhões. A má situação ñnanceira do Estado e a convicção de q u e
o D e c r e t o n. 1 352 fosse s u ñ c i e n t e p a r a s o l u c i o n a r o p r o b l e m a d e p o l i c i a m e n t o n o s v á r i o s
municípios o n d e a d e s o r d e m era c o m u m levaram à extinção do cargo de delegado auxiliar pela
L e i n. 3 1 8 , e m 1 9 0 1 .
E n t r e t a n t o , e m 1903, h o u v e n e c e s s i d a d e d e o G o v e r n o u t i l i z a r a a u t o r i z a ç ã o c o n t i d a n o a r t i g o 5 "
d a L e i n . 360, d o m e s m o a n o , "[...] q u e l h e f a c u l t o u a n o m e a ç ã o d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s d o c h e f e
de Polícia, em comissão nos m u n i c í p i o s em q u e se d e s s e m p e r t u r b a ç õ e s da o r d e m pública, nos
q u a i s n ã o p u d e s s e c o m p a r e c e r a q u e l a a u t o r i d a d e [...]" ( M I N A S G E R A I S , 1904, p . 26). E s s e s d e l e -
gados auxiliares seriam n o m e a d o s apenas em caráter de urgência por t e m p o d e t e r m i n a d o e r e c e -
b e r i a m a m e t a d e d o v e n c i m e n t o d o c h e f e d e P o l í c i a ( L e i n . 3 6 0 , d e 2 7 d e a g o s t o d e 1 9 0 3 , a r t i g o 5'').
A lei n ã o d e ñ n i a o n ú m e r o d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s q u e p o d e r i a m s e r n o m e a d o s .

A centralização do p o d e r policial a u m e n t o u mais q u a n d o , ainda em 1903, o chefe de Polícia p a s -


sou a e x e r c e r as funções de c o m a n d a n t e - g e r a l da Brigada Policial ( D e c r e t o n. 1 573, de 1903, arti-
g o 5"). S e g u n d o o R e l a t ó r i o d o s e c r e t á r i o d e I n t e r i o r ,

[...] cortada a causa p e r m a n e n t e de sérios conflitos, s e n t e m - s e já os efeitos da u n i d a d e de ação e


direção, da interferência mais direta e imediata nscalização do governo na e c o n o m i a i n t e r n a dos
batalhões, p o r i n t e r m é d i o de funcionário da mais absoluta confiança, q u e é o chefe de Polícia
( M I N A S G E R A I S , 1903, p 10).

A L e i n . 4 5 3 , d e 1907, d e s v i n c u l o u d o c a r g o d e c h e f e d e P o l í c i a a f u n ç ã o d e c o m a n d a n t e - g e r a l d a
B r i g a d a Policial ( a r t i g o 2") e fez r e s s u r g i r a ñ g u r a do d e l e g a d o a u x i l i a r ( a r n g o 8'^). Essa p a r t e da L e i n.
4 5 3 foi r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 2 187, d e 1908, q u e d i v i d i u o E s t a d o e m q u a t r o c i r c u n s c r i ç õ e s
policiais — c a d a u m a d e l a s s e n d o d i r i g i d a p o r u m d e s s e s d e l e g a d o s ( a r t i g o 7*^). A s s e d e s d a s q u a t r o c i r - g
c u n s c r i ç õ e s f o r a m assim d e t e r m i n a d a s : a C a p i t a l , J u i z d e Fora, U b e r a b a e D i a m a n n n a ( M I N A S 3
G E R A I S , 1908, p . 4 3 - 4 4 ) . A d i v i s ã o e m c i r c u n s c r i ç õ e s p o l i c i a i s , t e n d o à f r e n t e e m c a d a u m a d e l a s g
um delegado auxiliar c o m qualincação e r e m u n e r a ç ã o , era u m a m e d i d a já solicitada pelos chefes de ^
Polícia, q u e v i a m nela o início da Polícia de carreira, q u e deveria ser c o m p l e t a d a mais tarde, e s t e n - .S
d e n d o - s e aos d e l e g a d o s , s u b d e l e g a d o s e i n s p e t o r e s d e s e ç ã o a q u e l a s m e s m a s c o n d i ç õ e s ( M I N A S Si
o
G E R A I S , 1906, p . 4 1 - 4 2 ) . E s s a s m u d a n ç a s a c o m p a n h a v a m u m i m p o r t a n t e m a r c o n a h i s t ó r i a d o ^
D i r e i t o b r a s i l e i r o , o u seja, a c r i a ç ã o d o C ó d i g o d e P r o c e s s o P e n a l , e m a g o s t o d e 1906.

C o m essa m e d i d a b u s c a v a - s e r e s o l v e r o s c o n s t a n t e s p r o b l e m a s d e p o l i c i a m e n t o n o E s t a d o e m r a z ã o
do n ú m e r o i n s u ñ c i e n t e de praças e da d i ñ c u l d a d e do transporte da Força Pública em tão vasto ter-
ritório, q u e já contava c o m 4 m i l h õ e s de h a b i t a n t e s ( M I N A S G E R A I S , 1906, p. 43). A p e s a r do q u e
d e t e r m i n a v a a Lei n. 4 5 3 , de 1907, o chefe de Polícia c o n t i n u a r i a a e x e r c e r o cargo de c o m a n d a n t e -
geral da Brigada Policial até o ñ n a l de 1909, q u a n d o , e n t ã o , o D e c r e t o n. 2 656, de 13 de o u t u b r o
d e 1904, r e o r g a n i z o u a B r i g a d a P o h c i a l e d e v o l v e u o s e u c o m a n d o a u m c o r o n e l , m a s m a n t e v e essa
F o r ç a P ú b l i c a à d i s p o s i ç ã o d a s r e q u i s i ç õ e s d o c h e f e d e P o l í c i a ( a r t i g o 3"). S e n d o a s s i m , a s m o d i n -
c a ç õ e s legais n ã o i m p l i c a r a m a p e r d a d o p o d e r e s t a d u a l e m r e l a ç ã o à s m u n i c i p a l i d a d e s , p o i s s e
m a n t e v e u m p o d e r d e Polícia c e n t r a l i z a d o p a r a c o n t r o l a r a s lutas p o l í t i c o - p a r t i d a r i a s locais.

C o m a m e s m a ñ n a l i d a d e foi p r o p o s t a a c r i a ç ã o d a G u a r d a C í v i c a , e m 1 9 0 4 , s u b s t i t u i n d o o s i s t e m a
de paisanos engajados para f o r m a r ou c o m p l e t a r o d e s t a c a m e n t o local, q u e a c a b o u p o r reforçar o
p o d e r d o s d e l e g a d o s m u n i c i p a i s ( R E S E N D E , 1 9 8 2 , p . 194). A G u a r d a C í v i c a d e v e r i a s e r u m a força
c o m p o s t a p o r civis e n g a j a d o s a p e n a s p a r a o p o l i c i a m e n t o d o s m u n i c í p i o s cujas c â m a r a s m u n i c i p a i s
se dispusessem a contribuir para sua criação, mas estaria d i r e t a m e n t e s u b o r d i n a d a à Secretaria do
I n t e r i o r e ao c h e f e de P o l í c i a ( L e i n. 380 de 27 de a g o s t o de 1904, a r t i g o s 1*^ e 3"). E s s a g u a r d a , p o r -
tanto, t a m b é m deveria reforçar o poder estadual nas municipalidades.
rédio da Câmara Municipa) e cadeia de São Gotardo. MG, 1915. Acervo APM.
Autoridades integrantes da Potícia de Minas Gerais. 1916. Beto Horizonte. Acervo AP!^^
2 . 1 . 2 A POLÍCtA NA FASE OLtGÁRQUtCA: 1 9 0 6 - 1 9 2 6

O p e r í o d o c o m p r e e n d i d o e n t r e ! 8 9 8 e 1906 c a r a c t e r i z o u - s e pela m o n t a g e m do sistema de d o m i -


nação e oligarquixação de Minas Gerais c o m o novo Partido Republicano M i n e i r o ( P R M ) , e para
isso a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l fbi f u n d a m e n t a l . A p a r t i r de e n t ã o , s e r i a n e c e s s á r i o g a r a n t i r e c o n s o l i d a r
essa d o m i n a ç ã o . D a í o s u r g i m e n t o e a o r g a n i z a ç ã o , e n t r e a s d é c a d a s d e 1910 e 1 9 2 0 , d e a l g u n s
serviços para g a r a n t i r o f u n c i o n a m e n t o do c o n t r o l e social p e l a Polícia. F o r a m eles: a G u a r d a Civil,
o G a b i n e t e de Identificação e Estatística C r i m i n a l , a ínspetoria de Veículos, o G a b i n e t e M é d i c o -
L e g a l e o G a b i n e t e de I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s .

a) A G u a r d a Civil

A o p e d i r a c r i a ç ã o d a G u a r d a C i v i l , e m 1904, o p r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s , F r a n c i s c o
A n t o n i o de Salles, acatou o q u e l h e p r o p u n h a o r e l a t ó r i o do chefe de Polícia s o b r e a s i t u a ç ã o do
p o l i c i a m e n t o do Estado. Assim, o p r e s i d e n t e Francisco Sales justificou a criação da G u a r d a Civil
o a p o n t a n d o os problemas enfrentados pelos responsáveis pela segurança pública:

^ Por um lado a função gratuita dos agentes da Polícia, por o u t r o lado a insuñciéncia da Força Pública
^ para a t e n d e r às necessidades múltiplas da m a n u t e n ç ã o da o r d e m em tão vasta extensão territorial
¿¿ do nosso Estado, são obstáculos quase invencíveis à perfeita garantia da o r d e m pública e segurança
§ m^^duaL
t3

N ã o se p o d e contestar a manifesta insuficiência da Força Pública atual para satisfazer p l e n a m e n t e


o fim a q u e se p r o p õ e essa c o r p o r a ç ã o militar.

s
ã N ã o me animo a propor-vos seu aumento, atento às condições precárias da nossa situação ñnanceira.

^ E n t r e t a n t o , não seria desacerto a criação de u m a g u a r d a cívica m o d e l a d a pelas c o n g ê n e r e s dos c e n -


¿ tros populosos, o n d e resultados positivos se observam de sua excelência na prática, t e n d o a missão
especial de exercer vigilância e prevenir os crimes e os atentados aos direitos individuais, fazer o
policiamento preventivo, e n ñ m , c a b e n d o à Polícia Militar o papel de reprimir os crimes, os atenta-
dos à o r d e m pública em casos de maior gravidade, de m o d o q u e u m a atua mais b r a n d a m e n t e , outra
age mais e n e r g i c a m e n t e ( M I N A S G E R A I S , 1904, p 51-32).

E m b o r a a L e i n . 380, d e 2 7 d e a g o s t o d e 1904, d e t e r m i n a s s e a c r i a ç ã o d a G u a r d a C i v i l n o E s t a d o d e
M i n a s G e r a i s , e l a s ó fbi r e a l m e n t e i m p l a n t a d a , n a C a p i t a l , e m 1 9 1 0 , d e p o i s q u e a L e i n . 4 9 0 , d e 9 d e
s e t e m b r o d e 1909, a r t i g o 7", fbi r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 2 6 5 4 , d e 1 3 d e o u t u b r o d e 1909, c o m
o n o m e d e G u a r d a C i v i l , c o m p o s t a p o r 120 h o m e n s . E m 1 9 1 1 , d e a c o r d o c o m a L e i n . 5 4 9 , d e 1910,
s e u e f e t i v o p a s s a r i a a ser d e 180 h o m e n s . O r e l a t ó r i o d o i n s p e t o r d a G u a r d a C i v i l n e s t e m o m e n t o
a p o n t a v a a n e c e s s i d a d e d e e v i t a r a falta d e c o m p r o t u i s s o d e m o n s t r a d a a n t e r i o r m e n t e n o e n g a j a m e n -
to de paisanos. O inspetor p r o p u n h a um novo r e g u l a m e n t o , no q u e se referia à a p o s e n t a d o r i a dos
g u a r d a s , e t a m b é m a c r i a ç ã o d e u m a C a i x a B e n e ñ c e n t e ( M I N A S G E R A I S , 1911).
E m ] 9 1 2 , O D e c r e t o n . 3 4 0 9 r e o r g a n i z o u essa G u a r d a , a u m e n t a n d o o s e u e f e t i v o p a r a 2 0 0 h o m e n s ,
d i v i d i d o s e m t r ê s cíasses."* E r a u m a f o r ç a i n a m o v í v e ! d e s t i n a d a à v i g ü â n c i a , à g a r a n t i a d a o r d e m , à
s e g u r a n ç a e à t r a n q ü i Ü d a d e p ú b t i c a d a C a p i t a l . E!a ficaria s u b o r d i n a d a a o s e c r e t á r i o d o I n t e r i o r , s o b
as o r d e n s do chefe de Pottcia, e sediada na Secretaria de Polícia. Esse D e c r e t o n. 3 4 0 9 previa, ainda,
a i n s t a l a ç ã o d e u m a e s c o t a n a s e d e d a c o r p o r a ç ã o p a r a d a r e n s i n o p r á t i c o aos g u a r d a s ( a r t i g o 26).
P a r a s u a a d m i s s ã o , e x i g i a - s e s a b e r 1er e e s c r e v e r c o r r e t a m e n t e e t e r e s t a t u r a r e g u l a r (1,60 m ) , b o a
c o m p l e i ç ã o e r o b u s t e z física ( a r t i g o 9'').

E m 1912, p r o p ò s - s e q u e d e s s a G u a r d a s e d e s t a c a s s e u m a t u r m a p a r a a c r i a ç ã o d e u m a c o m p a n h i a
d e b o m b e i r o s ( M I N A S G E R A I S , Ï 9 1 2 , p . 17). P a r a isso, f o r a m a d q u i r i d o s n o v o s e q u i p a m e n t o s p a r a
c o m b a t e a i n c ê n d i o s e fbi e n v i a d a u m a t u r m a d e g u a r d a s e a l g u n s p r a ç a s d a F o r ç a P ú b l i c a p a r a
fazer u m c u r s o n o R i o d e J a n e i r o e e s t a b e l e c e r a c o m p a n h i a d e b o m b e i r o s , c r i a d a p e l a L e i n . 5 8 4 ,
d e 1912 ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 3 , p . 10). M a i s t a r d e , essa c o m p a n h i a fez p a r t e d o 1 " B a t a l h ã o d a
F o r ç a P ú b l i c a , n a C a p i t a l ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 57).

Os b o n s resultados o b t i d o s i n i c i a l m e n t e c o m o p o l i c i a m e n t o feito pela G u a r d a Civil levaram à Lei


n . 6 3 1 , d e 1914, q u e criou a G u a r d a M u n i c i p a l o u U r b a n a n o s d e m a i s m u n i c í p i o s , mas, p o r
q u e s t õ e s ñ n a n c e i r a s , ela n ã o foi i m p l a n t a d a ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 55), p e r m a n e c e n d o o u s o
de praças da Força P ú b l i c a nesses locais. Dessa forma, a idéia original de i m p l a n t a r a G u a r d a Civil
p r i m e i r a m e n t e n a C a p i t a l p a r a , d e a c o r d o c o m essa e x p e r i ê n c i a , e s t e n d ê - l a a o s d e m a i s m u n i c í p i o s
n ã o s e c o n c r e t i z o u a t é 1926, q u a n d o foi c r i a d a a G u a r d a C i v i l e m J u i z d e F o r a , c u j o s g u a r d a s ali
t a m b é m d e s e m p e n h a v a m a função de ñscais de veículos ( M I N A S G E R A I S , 1926, p. 232).

" Segundo o artigo 1° do Decreto n. 3 4 0 9 . de i6 de janeiro de t 9 1 2 , a Guarda Civi) era composta de 2 0 0 h o m e n s , divididos em três cias
ses: 30 h o m e n s na primeira. 70 na segunda e ÍOO na terceira.
o

Prédio da Chefia de Policia em Beio Horizonte, iocaiizado na confiuência das ruas Bahia
e Bernardo Guimarães, entre 1911 e 1915. Acervo APM.

E m 1915, m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s i n f o r m a v a q u e s e d e s t a c a r a m d a
G u a r d a Civi! duas t u r m a s c o m 14 guardas e 1 ñscal cada para c u m p r i r serviços de inspeção de veícu-
los e i n v e s t i g a ç õ e s policiais'" ( M ! N A S G E R A I S , 1915, p. 58). A t u r m a e n c a r r e g a d a d a s i n v e s t i g a ç õ e s
p o l i c i a i s p a s s o u a c h a m a r - s e , p o r volta d e 1915, C o ^ o í / í ' & ^ M W K p ? ( M I N A S G E R A I S , 1915, p . 15). E m
j a n e i r o de 191 7, em r a z ã o d a s d i f i c u i d a d e s ñ n a n c e i r a s p e l a s q u a i s o E s t a d o passava, o D e c r e t o n. 4 703
e x t i n g u i u o c a r g o d e ñ s c a l - g e r a l d a G u a r d a Civil, t r a n s f e r i n d o - o p a r a a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a , cujas
fíjnções s e r i a m e x e r c i d a s , e n t ã o , p o r u m o ñ c i a l d a F o r ç a P ú b h c a ( M I N A S G E R A I S , 1918, p . 42).
M e s m o c o m essa m o d i n c a ç ã o , a G u a r d a C i v i l c o n t i n u o u s o b a s o r d e n s d o c h e f e d e Polícia, q u e v o l t a r a
a s e r o c o m a n d a n t e da F o r ç a P ú b l i c a p e l o D e c r e t o n. 4 342, de 19 de m a r ç o de 1 9 ! 5, e x p e d i d o p a r a
e x e c u ç ã o d o a r t i g o 7 " d a L e i n . 6 3 1 , d e 2 9 d e s e t e m b r o d e 1914 ( M I N A S G E R A I S , 1915, p . 57).

A G u a r d a C i v i l m a n t e v e - s e a s s i m a t é a s p r o x i m i d a d e s d e 1920, q u a n d o , e n t ã o , s e p r o p ô s q u e l o g o
q u e fosse p o s s í v e l c o n v i r i a d a r a o s s e r v i ç o s d e i n s p e ç ã o d e v e í c u l o s e a o C o r p o d e S e g u r a n ç a n o v a
organização c o m pessoal p r ó p r i o e a u t o n o m i a , b e m c o m o reintegrar os guardas no policiamento,
pois e s t e s e achava d e s g u a r n e c i d o ( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 61). C o n c o m i t a n t e m e n t e , p r o p u -
nha-se a revisão dos v e n c i m e n t o s dos guardas, q u e era c o n s i d e r a d o baixo, e ainda a admissão deles
e m u m a d a s C a i x a s B e n e ñ c e n t e s j á e x i s t e n t e s ( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 61). A p r e v i s ã o legal s o b r e
a i n s t a l a ç ã o d e u m a e s c o l a p a r a o e n s i n o p r á t i c o a o s g u a r d a s n ã o s e r e a l i z o u , p o r isso e r a c o n s t a n t e -
m e n t e l e m b r a d a p e l a s a u t o r i d a d e s a n e c e s s i d a d e d e o f e r e c e r e s s e t i p o d e i n s t r u ç ã o aos g u a r d a s - c i v i s
c o m o m e i o d e m e l h o r a r a a t u a ç ã o d e l e s ( M I N A S G E R A I S , 1916, p . 58).

o chefe de Policia de 1 9 i 2 informou, em seu reiatório ao secretário do Interior, que tinha destacado uma turma dos d e z methores guardas
civis para compor o corpo de agentes auxUiares das autoridades na investigação dos crimes e nas pesquisas dos e l e m e n t o s materiais dos
delitos. (MtNAS GERAIS. i 9 1 2 , p. i3). Nesse m e s m o reiatório. a expressão "inspetores de veículos" é utilizada sem especificar se era for-
mada por guardas civis ou não. Somente na m e n s a g e m do presidente do Lstado de Minas Gerais de 19Í5 especificou-se de forma clara que
uma turma de 14 guarda civis e 1 fisca! estava destinada à inspeção de veículos, dai a opção por essa informação mais segura. (MINAS
GERAtS, 1915a)
E n t r e as r e c í a m a ç õ e s m a i s f r e q ü e n t e s e s t a v a m a i n d i s c i p l i n a , a e m b r i a g u e z e a falta de c o m p r o m i s -
so dos g u a r d a s para c o m a c o r p o r a ç ã o c o m i n ú m e r o s p e d i d o s de e x o n e r a ç ã o . Em 1925, o p r e s i d e n t e
de Estado, F e r n a n d o de M e l o Viana, informou, ao C o n g r e s s o Mineiro, a existência de u m a escola
p r i m á r i a para a i n s t r u ç ã o d o s g u a r d a s - c i v i s c o m a p r e s e n ç a de 33 a l u n o s ( M I N A S G E R A I S , 1925,
p . 193). M a s n ã o h o u v e n e n h u m a m e n ç ã o s o b r e o e n s i n o p r á t i c o a e s s e s a l u n o s c o m o e s t a v a p r e v i s -
t o p o r lei. S o m e n t e e m 1 9 2 8 , t e v e - s e n o t í c i a d a i n s t a l a ç ã o d e u m a e s c o l a d e d e f e s a p e s s o a l n a
G u a r d a Civil ( M I N A S G E R A I S , 1928, v. 2, p. 227).

A Brigada Policial — e n t ã o d e n o m i n a d a Força P ú b l i c a —, em 1912, passou p o r u m a r e m o d e l a ç ã o ,


b u s c a n d o m e l h o r a r as c o n d i ç õ e s de disciplina e o d e s e m p e n h o de seus praças. Pelo D e c r e t o n. 3
6 0 3 , d e 1 0 d e j u n h o d e 1 9 1 2 , essa f o r ç a p a s s o u a c o n t a r c o m s u a C a i x a B e n e ñ c e n t e e i n s t r u ç ã o m i l -
itar, a p r i n c í p i o m i n i s t r a d a p e l o c o r o n e l R o b e r t o D r e x l e r , d o E x é r c i t o s u í ç o , e p o s t e r i o r m e n t e , e m
1918, s e g u i u o s p r e c e i t o s d o E x é r c i t o n a c i o n a l . E m 1 9 1 4 , foi i n a u g u r a d o o H o s p i t a l M i l i t a r e , a n e -
xos a ele, um g a b i n e t e o d o n t o l ó g i c o e u m a farmácia ( M I N A S G E R A I S , 1914, p. 11-13). A m e l h o -
ria a c e n t u a d a d o d e s e m p e n h o d o s p r a ç a s d a F o r ç a P ú b l i c a c o m a s r e f o r m a s ali i n t r o d u z i d a s ,
provavelmente, serviu para c o r r o b o r a r as propostas das autoridades policiais sobre as necessidades
d a G u a r d a C i v i l . E n t r e t a n t o , t e n d o e m v i s t a a s é r i e d e r e f o r m a s , o q u e d e fato s e c o n c r e t i z o u f<)i a
retirada dos serviços de inspeção de veículos e do C o r p o de Segurança, responsável pelas investi-
g a ç õ e s p o l i c i a i s d a G u a r d a C i v i l , e m 1922. N e m a e s c o l a d e e n s i n o p r á t i c o , t a m p o u c o o s b e n e f í c i o s
propostos tornaram-se realidade nesse m o m e n t o .

E m 1918, p e l o D e c r e t o n . 5 0 3 0 , foi c r i a d a a I n s p e t o r i a d e V e í c u l o s , c o n s t i t u í d a , i n i c i a l m e n t e , p o r
u m a t u r m a d e g u a r d a s - c i v i s ( M I N A S G E R A I S , 1925, p . 194). E m 1920, o C o r p o d e S e g u r a n ç a , c o m -
p o s t o p o r o u t r a t u r m a de 14 g u a r d a s - c i v i s e 1 fiscal, foi i n c o r p o r a d o ao G a b i n e t e de I n v e s t i g a ç õ e s e
C a p t u r a s , d e s a g r e g a n d o s e u p e s s o a l d a G u a r d a C i v i l , s e g u n d o a u t o r i z a v a a lei d e c r i a ç ã o d e s s e g a b i -
n e t e ( L e i n . 770, d e 1 4 d e s e t e m b r o d e 1920, a r t i g o 2"). M a s s o m e n t e e m 1922 o G a b i n e t e d e
i n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s c o m e ç o u a s e r o r g a n i z a d o c o n f o r m e o D e c r e t o n. 6 110, d a q u e l e a n o , q u e
o r e g u l a m e n t o u . A p a r t i r de e n t ã o , a G u a r d a Civil voltou a t e r suas funções originais de auxiliar as
a u t o r i d a d e s n o p o l i c i a m e n t o d a C a p i t a l , s e n d o n e c e s s á r i a r e n o v a ç ã o d e p a r t e d e s e u p e s s o a l , q u e foi
desagregado j u n t a m e n t e c o m os serviços de investigação e inspeção de veículos.

A s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s e l o g i a v a m essas m e d i d a s a l e g a n d o q u e a r e t i r a d a d a s f t m ç õ e s d e ñ s c a i s d e
v e í c u l o s d e s s a G u a r d a m e l h o r a r a o p o l i c i a m e n t o d a á r e a u r b a n a d a C a p i t a l e a i n d a foi p o s s í v e l
estendê-lo a algumas regiões suburbanas, s o b r e t u d o à noite, q u a n d o era necessária m a i o r vigilância
( M I N A S G E R A I S , 1924, p . 305). M a s , p o r o u t r o l a d o , essas a u t o r i d a d e s a p o n t a v a m d e f i c i ê n c i a s n a
organização da G u a r d a Civil, c o m o a freqüente renovação de seu pessoal em prejuízo da disciplina
e d o b o m d e s e m p e n h o d a c o r p o r a ç ã o ( M I N A S G E R A I S , 1924, p . 305). D i a n t e d i s s o , p e r c e b i a m a
necessidade de introduzir m e d i d a s para estimular os guardas a não p e d i r e x o n e r a ç ã o de seus cargos,
oferecendo-lhes melhor remuneração, instrução, atendimento médico e a Caixa Beneñcente.

Em 1925, o presidente de Estado, F e r n a n d o de M e l o Viana, c o m u n i c o u , ao C o n g r e s s o M i n e i r o , a


existência de um a c o r d o c o m o H o s p i t a l M i l i t a r para a t e n d i m e n t o m é d i c o aos guardas-civis
d o e n t e s e o f o r n e c i m e n t o de m e d i c a m e n t o s , p e l a farmácia militar, aos g u a r d a s e suas famílias.
M e s m o c o m esse benefício e a m e l h o r i a da r e m u n e r a ç ã o obtida a partir da Lei n. 844, de s e t e m b r o
d e 1 9 2 3 , o n ú m e r o d e g u a r d a s p r e v i s t o p o r lei e r a i n c o m p l e t o . O p r e s i d e n t e , e n t ã o , p r o p ô s a m i l i -
tarização da G u a r d a Civil c o m o objetivo de m e l h o r a r seu d e s e m p e n h o e fazer c o m q u e os g u a r d a s
s e ñ x a s s e m n a c o r p o r a ç ã o ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 5 , p . 193).
o q u e s e o b s e r v a , e n t ã o , é q u e , c o m o o s p r a ç a s d a F o r ç a P ú b t i c a , o s g u a r d a s civis t a m b é m v i e r a m
das c a m a d a s sociais mais baixas, ñ c a n d o à m e r c ê de ofertas de t r a b a l h o em o u t r o s setores em
d e s e n v o l v i m e n t o m a i s a t r a e n t e s ñ n a n c e í r a m e n t e , d a í a alta r o t a t i v i d a d e d o s e u p e s s o a l . F a l t a v a -
lhes t a m b é m i n s t r u ç ã o prática e escolar, m e s m o p o r q u e a e s c o l a r i d a d e era algo r a r o e n t r e os
brasileiros nesse m o m e n t o . A idéia de militarização da G u a r d a , p r o v a v e l m e n t e , estava ligada à
obtenção de disciplina, hierarquia, instrução técnica, u m a vez que, ao s e r e m introduzidos na Força
Púbica, m e l h o r a r i a m seu d e s e m p e n h o e prestígio, fazendo-a m e r e c e r elogios pelas autoridades da
é p o c a ( M I N A S G E R A I S , 1926, p . 239).

b) O G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e Estatística C r i m i n a l

U m d o s p r o b l e m a s a p o n t a d o s d u r a n t e o p e r í o d o i m p e r i a l e r a falta d e d a d o s e m a p a s c o m p l e t o s q u e
d i a g n o s t i c a s s e m a s i t u a ç ã o d a p o p u l a ç ã o e d o s d e l i t o s m a i s f r e q ü e n t e s . N a p r i m e i r a fase d o p e r í o -
d o r e p u b l i c a n o , isso n ã o s e r e s o l v e u d e i m e d i a t o . N ã o s ã o r a r o s o s r e l a t ó r i o s d a s a u t o r i d a d e s r e c l a -
m a n d o das d i ñ c u l d a d e s para obter os d a d o s estatísticos, m u i t a s vezes p o r q u e a p o p u l a ç ã o n ã o c o m -
p r e e n d i a essa n e c e s s i d a d e e p e n s a v a t r a t a r - s e d e u m a í b r m a d e o b t e r i n f o r m a ç õ e s p a r a c o b r a n ç a
g de impostos. As a u t o r i d a d e s policiais locais t a m b é m não forneciam as estatísticas criminais no
p r a z o exigido o u m e s m o c o m p l e t a s ( M I N A S G E R A I S , 1906, p . 46).

E m 1906, o c h e í ^ d e P o l í c i a , J o ã o O l a v o E l o y d e A n d r a d e , j u s t i ñ c o u a i m p o r t â n c i a d a e s t a t í s t i c a
para a segurança pública:

A Polícia cabe m a n t e r a tranqüiÜdade pública, garantir a segurança individual e de p r o p r i e d a d e ,


prevenir a consumação dos crimes e p r o m o v e r as diligências para descobri-los; p r e n d e r os culpados
e entregá-los a justiça para os punir, mas m d o isso d e p e n d e de u m a série de medidas, cujo c o n h e -
c i m e n t o apenas p o d e ser ministrado pela estatística.

[...] para q u e possa ajuizar do estado da segurança pública, das causas q u e mais f r e q ü e n t e m e n t e
d e t e r m i n a m sua alteração, e dos delitos para os quais há m a i o r tendência e que, pois, m e r e ç a m de
preferência a atenção das autoridades ( M I N A S G E R A I S , 1906, Anexo C, p. 459).

O u t r a q u e s t ã o t a m b é m s e i m p u n h a : a n e c e s s i d a d e d e t e r e m a r q u i v o s fichas d e i d e n t i n c a ç ã o d e
i n f r a t o r e s p a r a facilitar o s e r v i ç o p o l i c i a l . D e s d e a d é c a d a d e 1890, o s r e l a t ó r i o s d a C h e ñ a d e
Polícia d e s t a c a r a m a utilização de m é t o d o s inovadores para a i d e n t i n c a ç ã o dos detentos: o serviço
a n t r o p o m é t r i c o c r i m i n a l fbi p i o n e i r o n o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s ; a f b t o g r a ñ a t a m b é m s e r i a u t i l i z a -
d a c o m o f b r m a d e i d e n t i n c a ç ã o e dinisão d o m a t e r i a l p a r a o u t r a s c a d e i a s d o E s t a d o ( M I N A S
GERAIS, 1895). E s s a s i n o v a ç õ e s n ã o s e s u s t e n t a r a m n o a n o s e g u i n t e d a s u a c r i a ç ã o , m u i t o
p r o v a v e l m e n t e p o r falta d e m a t e r i a l e d e r e c u r s o s ñ n a n c e i r o s ( M I N A S G E R A I S , 1897). M a s e l a s
indicavam a necessidade de um serviço na Polícia que se encarregasse do levantamento dos delitos
m a i s ñ ' e q ü e n t e s e d a i d e n t i n c a ç ã o d e d e l i n q ü e n t e s p a r a a p r e v e n ç ã o d o s c r i m e s , b e m c o m o facili-
t a s s e a i n v e s t i g a ç ã o e a c a p t u r a de c r i m i n o s o s .

D i a n t e d i s s o , o a r t i g o 7 " d a L e i n . 4 4 5 , d e 3 d e o u t u b r o d e 1906, a u t o r i z o u o G o v e r n o a m o n t a r , n a
repartição C e n t r a l da Polícia e nos lugares q u e julgasse conveniente, gabinetes fbtográñcos e de
i d e n t i n c a ç ã o p a r a o s e r v i ç o policial. E n t r e t a n t o , s o m e n t e em 1909 o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e
E s t a t í s t i c a C r i m i n a l fbi c r i a d o p e l o D e c r e t o n . 2 4 7 3 c o m a q u e l e s o b j e t i v o s e x p o s t o s , a n e x o à
S e c r e t a r i a d e PoÜcia. E s s e g a b i n e t e d e v e r i a s e g u i r o s m o t d e s d o G a b i n e t e d o D i s t r i t o F e d e r a ! - R J
( M t N A S G E R A t S , 1 9 0 9 , p . 7). A i d e n t i n c a ç ã o s e r i a feita p o r m e i o d e ñ c h a s , r e u n i n d o a s f o t o s d e
fi'ente e d e p e r ñ l , c o n t e n d o a d e s c r i ç ã o d a s c a r a c t e r í s t i c a s a t é m e s m o físicas d a p e s s o a ( D e c r e t o n .
2 4 7 3 , a r t i g o 3"). O g a b i n e t e c o n t a r í a c o m u m d i r e t o r , u m e n c a r r e g a d o d e e s t a t í s t i c a , t r ê s a u x i l i a r e s
( u m para estatística e dois p a r a i d e n t i n c a ç ã o ) e um fotógrafo. Em 1910, esse g a b i n e t e já f u n c i o n a -
v a n a C a p i t a l e h a v i a filiais e m B a r b a c e n a , C a t a g u a s e s , D i a m a n t i n a , J u i z d e F o r a , M a r i a n a , O u r o
F i n o , P o u s o A l e g r e e U b e r a b a ( M I N A S G E R A I S , 1910, p . 4 6 ) .

Em 1911, o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e Estatística C r i m i n a l funcionava r e g u l a r m e n t e , fazendo não


s ó o r e g i s t r o c r i m i n a l , c o m o t a m b é m o civil. N e s t e ú l t i m o f b r a m i n c l u i d o s o s g u a r d a s - c i v i s e o s
praças da Força Pública, a l é m de carteiras de i d e n t i d a d e p a r a pessoas de boa c o n d u t a social q u e as
r e q u e r i a m ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 1 , p . 10). O r e g i s t r o p a r a g u a r d a s e p r a ç a s e r a e x i g i d o p a r a i m p e d i r
q u e p e s s o a s q u e n ã o fossem i d ô n e a s s e a l i s t a s s e m n e s s e s s e r v i ç o s . P o r t a n t o , essa s e r i a u m a f o r m a d e
s e l e c i o n a r e s s e p e s s o a l . N o a n o s e g u i n t e , p e l o D e c r e t o n . 3 4 0 8 , d e 1912, e s p e c i ñ c a v a - s e q u e o s
s e r v i ç o s d o g a b i n e t e c o m p r e e n d i a m a i d e n t i n c a ç ã o c r i m i n a l e civil, a l é m d a e s t a t í s t i c a . D e s s e m o d o ,
o gabinete forneceria t a m b é m registros para e m p r e g a d o s de serviços domésticos, b e m c o m o para
m o t o r i s t a s e c o n d u t o r e s d e v e í c u l o s e m g e r a l , n a C a p i t a l ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 57).

E m 7 d e a b r i l d e 1912, h o u v e u m C o n v ê n i o P o l i c i a l e m S ã o P a u l o , n o q u a l c o m p a r e c e u u m r e p r e -
s e n t a n t e d e M i n a s G e r a i s q u e "[...] a s s i n o u d i v e r s a s c o n c l u s õ e s d e i n t e r e s s e g e r a l e t e n d e n t e s t o d a s
a robustecer os elos de solidariedade q u e e n t r e si d e v e m m a n t e r as Polícias estaduais na g r a n d e obra g
d a d e f e s a s o c i a l " ( M I N A S G E R A I S , 1912, p . 17). A o r g a n i z a ç ã o d a p a r t e d e e s t a t í s t i c a t a m b é m &
começava a ter resultados mais positivos graças às instruções do chefe de Polícia para o b o m d e s e m - g
p e n h o d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s n e s s e q u e s i t o ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 3 , p . 10). g

E m 1909, o c h e f e d e P o l í c i a s u g e r i u a u t i l i z a ç ã o d o m é t o d o d a t i l o s c ó p i c o n o l u g a r d a a n t r o p o m e - Q-
tria n a i d e n t i n c a ç ã o d e c r i m i n o s o s . N o C o n v ê n i o PoHcial d e 1912, e m S ã o P a u l o , ñ c o u a c e r t a d a a ^
adoção do uso da impressão digital (sistema Vucetich) c o m o m é t o d o de i d e n t i n c a ç ã o das pessoas
em ñ c h a s q u e d e v i a m ser p e r m u t a d a s e n t r e os Estados da U n i ã o . A l é m disso, várias sedes de
municípios já t i n h a m ñliais do gabinete e h o u v e o crescimento de i n t e r c â m b i o de informações t a m -
b é m c o m outros Estados, facilitando a i d e n d n c a ç ã o de pessoas suspeitas e perigosas ( M I N A S
G E R A I S , 1916, p . 54). E m 1917, o G a b i n e t e d e I d e n t i n c a ç ã o e E s t a t í s t i c a C r i m i n a l c o m e ç o u a e m i -
tir carteiras de i d e n t i d a d e para ñ n s de alistamento dos eleitores, utilizando o sistema datiloscópico,
s e g u n d o lei f e d e r a l s o b r e m a t é r i a e l e i t o r a l q u e p a s s o u a e x i g i - l a s ( M I N A S G E R A I S , 1917, p . 23).

O crescimento do expediente do G a b i n e t e de Identincação e Estatística Criminal deu-se, sobretu-


do, nos serviços referentes à identincação. Seu v o l u m e aumentava, pois expedia carteiras de iden-
tidade, para o exercício de pronssÕes, e atestados de c o n d u t a social, p a r a a l i s t a m e n t o eleitoral, e,
ainda, para a v e r i n c a ç ã o de praças q u e p r e t e n d i a m alistar-se na Força P ú b l i c a e na G u a r d a Civil.
N a d é c a d a d e 1920, esse g a b i n e t e estava i n c u m b i d o d e f o r n e c e r i n f o r m a ç õ e s p a r a a n a t u r a l i z a ç ã o
d o s e s t r a n g e i r o s u t i l i z a n d o o s i s t e m a d a t i l o s c ó p i c o , a l é m d o s r e g i s t r o s c r i m i n a i s e civis j á c i t a d o s
( M I N A S G E R A I S , 1924, p . 300). A c r e s c e n t a v a - s e a isso o a u m e n t o a c e n t u a d o d a p e r m u t a d e i n f o r -
m a ç õ e s c o m os o u t r o s Estados, objetivando o r e c o n h e c i m e n t o de c r i m i n o s o s e foragidos. O serviço
de estatística t a m b é m se encontrava normalizado, p e r m i t i n d o levantar o n ú m e r o da p o p u l a ç ã o
carcerária e os delitos mais freqüentes no Estado.
E m 1920, a L e i n . 770, d e 1 4 d e s e t e m b r o , d e u n o v a o r g a n i z a ç ã o à S e c r e t a r i a d e P o l í c i a , c o n v e r -
t e n d o o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e Estatística C r i m i n a l em Diretoria da Secretaria de Polícia
( M I N A S G E R A I S , 1921, p . 62). E m 1923, a L e i n . 844, d e 1 0 d e s e t e m b r o , e m s e u a r t i g o 7", t r a n s -
formou esse gabinete na terceira seção da Secretaria, c o m pessoal c o r r e s p o n d e n t e às outras duas
seções já existentes, acrescido dos cargos de datiloscopista e fotógrafo, s u p r i m i n d o os de e n c a r r e g a -
d o s e a u x i l i a r e s de i d e n t i f i c a ç ã o e e s t a t í s t i c a .

A p r i m e i r a i m p r e s s ã o foi d e q u e a r e f o r m a r e s u l t o u e m h o m o g e n e i d a d e n a o r g a n i z a ç ã o e m e l h o -
ria d o s v e n c i m e n t o s , q u e e r a m m a i s b a i x o s d o q u e o s d e o u t r o s ñ i n c i o n á r i o s d a r e p a r t i ç ã o ( M I N A S
GERAIS, 1924, p . 297). E n t r e t a n t o , e m 192S, a v a l i o u - s e q u e , c o m a r e f o r m a , o G a b i n e t e d e
I d e n t i f i c a ç ã o e E s t a t í s t i c a C r i m i n a ! p e r d e u a u t o n o m i a , t e v e s e u s s e r v i ç o s b u r o c r a t i z a d o s e foi s e -
p a r a d o d o G a b i n e t e d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s , d e cujas b a s e s d a i n v e s t i g a ç ã o s e r i a m a s i n f o r -
m a ç õ e s f o r n e c i d a s p e l o G a b i n e t e d e I d e n t i f i c a ç ã o e E s t a t í s t i c a C r i m i n a l , p o r isso f e z - s e a fusão d o s
d o i s g a b i n e t e s ( M I N A S G E R A I S , 1925, p . 188).

Assim, a nova organização dividia o g a b i n e t e em duas seções e criava o cargo de d e l e g a d o de inves-


tigações e c a p t u r a s p a r a dirigir a sua respectiva s e ç ã o e auxiliar o d i r e t o r do g a b i n e t e (1" d e l e g a d o
auxiliar), a q u e m se s u b m e t i a a seção de i d e n t i n c a ç ã o e estatística criminal ( M I N A S G E R A I S ,
1926, p. 227). E s s a m e d i d a se c o n c r e t i z o u em 1926, c o m o D e c r e t o n. 7 287, q u a n d o t a m b é m se
m a n d o u criar um corpo p e r m a n e n t e de capturas, a cargo de delegados militares, e a Escola de
P o l í c i a , p a r a i n s t r u ç ã o t é c n i c a d e i n v e s t i g a d o r e s * " ( M I N A S G E R A I S , 1926, p . 227).

P o r o u t r o lado, as autoridades a p o n t a v a m a d e c a d ê n c i a dos trabalhos das ñliais do interior do


G a b i n e t e de Identincação e Estatística C r i m i n a l e p r o p u n h a m u m a gratincação proporcional ao
s e r v i ç o r e a l i z a d o p a r a t e n t a r m e l h o r á - l o s ( M I N A S G E R A I S , 1925, p . 189). D e p r e e n d e - s e d e s s a
solução aventada q u e a base do m a u d e s e m p e n h o da maioria das a u t o r i d a d e s locais consistia na
ausência de r e m u n e r a ç ã o de seus cargos. A u n i n c a ç ã o dos dois gabinetes p r e t e n d e u reforçar a ns-
c a l i z a ç ã o d a s ñ l i a i s d e i d e n t i n c a ç ã o . D e s s e m o d o , e m 1926, j á s e a c h a v a m r e s t a b e l e c i d a s n o v e
d e s s a s ñ l i a i s , s e n d o q u e , n a d e J u i z d e F o r a , i n a u g u r o u - s e o s e r v i ç o d e i d e n t i n c a ç ã o civil, c o m e x p e -
d i ç ã o d e c a r t e i r a s d e i d e n t i d a d e ( M I N A S G E R A I S , 1926, p . 228).

c) Inspetoria de Veículos

A m o d e r n i d a d e t r o u x e consigo os veículos a u t o m o t o r e s e o c r e s c i m e n t o do trânsito de outros c o m


tração animal. Assim, por se tratar de objeto relacionado à tranqüilidade pública e q u e podia, por
m e i o de acidentes, c a u s a r d a n o s aos b e n s p a r t i c u l a r e s e às pessoas, a Polícia ñ c o u r e s p o n s á v e l p o r
e s s e s e r v i ç o d e s d e 1890 ( D e c r e t o n . 19, d e 1 8 d e f e v e r e i r o d e 1890). E m 1912, c r i o u - s e a I n s p e t o r i a
d e V e í c u l o s d a C a p i t a l p e l o D e c r e t o n . 3 588, d e 2 8 d e m a r ç o , e , l o g o n o i n í c i o d e s u a o r g a n i z a ç ã o ,
d e s t a c o u - s e u m a t u r m a d e 1 4 g u a r d a s civis e 1 ñ s c a l p a r a d e s e m p e n h a r s u a s f u n ç õ e s . E m 1918, a
Inspetoria de Veículos t o r n o u - s e um serviço a u t ô n o m o , desagregando a t u r m a de inspetores da
G u a r d a C i v i l , cuja s u p e r i n t e n d ê n c i a ñ c a r i a a c a r g o d o s e g u n d o d e ! e g a d o a u x i l i a r d a C a p i t a l , d e
a c o r d o c o m o D e c r e t o n . 5 030 d o m e s m o a n o ( M I N A S G E R A I S , 1925, p . 194).

Foi criada, em 1928. uma escota de defesa pessoa! da Guarda Civit para comptetar a educação dos guardas e fiscais de trânsito (MtNAS
GEiíAtS. 1928, V. 2. p. 227).
Autoridades e funcionarios do presidio de Uberaba, 1915. Acervo APM.

E n t r e t a n t o , d e s d e sua criação, esse s e r v i ç o f u n c i o n o u c o m n o r m a s m u i t o i n c i p i e n t e s p a r a sua o r g a -


n i z a ç ã o . O r e g u l a m e n t o d e v e í c u l o s t a m b é m e r a d e ñ c i e n t e . S o m e n t e e m 1926 e s s a falha c o m e ç o u
a s e r c o r r i g i d a , c o m a o r g a n i z a ç ã o d e s s a s r e g u l a m e n t a ç õ e s , e p a s s o u - s e a e x i g i r o e x a m e de v i s t a
p a r a o s c o n d u t o r e s . O u t r a i n o v a ç ã o , n e s s e m o m e n t o , íõi a c o l o c a ç ã o d e p o s t e s d e sinal d e t r â n s i t o
em cruzamentos de maior movimento na Capital.

C o m g r a n d e c a p a c i d a d e de arrecadação, esse serviço policial obtinha, já nesse m o m e n t o , r e n d a p o r


m e i o de taxas de exames, licenças provisórias, atestados médicos, taxa de matrícula de c o n d u t o r e s
de veículos, i m p o s t o de indústria e profissões, m u l t a s e estampilhas. O v o l u m e de trânsito e, p o r -
t a n t o , o d e a r r e c a d a ç ã o a u m e n t a r a m r a p i d a m e n t e . E m 1 9 1 6 , h a v i a 129 a u t o m ó v e i s c i r c u l a n d o n a
C a p i t a l . D e z anos d e p o i s , esse n ú m e r o c r e s c e u para 1 022 ( M I N A S G E R A I S , 1926, p. 230-251).

O c o r p o d e ñ s c a i s d e t r â n s i t o , i n i c i a l m e n t e , fazia a v i g i l â n c i a e m s u a s b i c i c l e t a s o u m e s m o a p é .
M a i s t a r d e , n a d é c a d a d e 1920, a I n s p e t o r i a d e V e í c u l o s p a s s o u a c o n t a r c o m u m c o r p o d e m o t o c i -
clistas. E m 1 9 2 8 , h a v i a 1 2 m o t o c i c l i s t a s q u e , a l é m d o s s e r v i ç o s d e b a t e d o r e s n o s c o r t e j o s o ñ c i a i s e
mensageiros do Palácio da L i b e r d a d e e da Secretaria, prestavam auxílio à Inspetoria de Estradas
d a S e c r e t a r i a d a A g r i c u l t u r a n o p o l i c i a m e n t o d a s r o d o v i a s ( M I N A S G E R A I S , 1928, v . 2 , p . 2 2 8 ) .

d) O G a b i n e t e M é d i c o - L e g a !

U m a das i m p o r t a n t e s funções da Polícia para p r o c e d e r às investigações consistia no e x a m e de c o r p o


d e d e l i t o . N o p e r í o d o i m p e r i a l , p o r força d e lei, o p e r i t o p o d e r i a s e r u m m é d i c o , o u f a r m a c ê u t i c o o u
o u t r a p e s s o a q u e tivesse a s a p t i d õ e s n e c e s s á r i a s p a r a a c o m p a n h a r a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s e m d i ü g ê n -
cias q u e r e q u i s i t a s s e m s e u s s e r v i ç o s . R e c o m e n d a v a - s e q u e e s s e p e r i t o fosse p r e f e r e n c i a l m e n t e l i g a d o
a u m e s t a b e l e c i m e n t o p ú b Ü c o . S e e s t e n ã o existisse, o p r o ñ s s i o n a l c o n v o c a d o p a r a fazer o c o r p o d e
d e l i t o n ã o p o d e r i a s e r e c u s a r a f a z ê - l o . O u t r a p r á t i c a c o n s i s t i a n o fato d e q u e o m é d i c o c o n t r a t a d o
p a r a t r a t a r o s p r e s o s n o s m u n i c í p i o s d e m a i o r m o v i m e n t o e x e r c e s s e essa f u n ç ã o . A l é m d a s r e i v i n d i -
cações em alguns relatórios das autoridades sobre a necessidade de se criar um G a b i n e t e M é d i c o -
Legal na Capital, não há informações sobre a m u d a n ç a daquelas primeiras práticas.

O c a r g o d e m é d i c o l e g i s t a d a C a p i t a l s ó fbi c r i a d o e m 1 9 1 1 , p e l a L e i n . 5 5 0 , d e 2 2 d e j u n h o , r e g u -
l a m e n t a d a n o m e s m o a n o p e l o D e c r e t o n . 3 206. A t é e n t ã o , e s s e s e r v i ç o e r a e x e r c i d o p o r u m m é d i -
c o d a F o r ç a P ú b l i c a ( D e c r e t o n . 1 552, d e 2 7 d e j a n e i r o d e 1 9 0 0 , a r t i g o 2 1 5 ) . O G a b i n e t e M é d i c o -
Legal era c o m p o s t o p e l o m é d i c o legista e u m s e r v e n t e . E m 1912, esse g a b i n e t e f u n c i o n o u a t e n d e n -
do, a l é m d a C a p i t a l , aos m u n i c í p i o s m a i s p r ó x i m o s ( M I N A S G E R A I S , 1912, p.ló). N o a n o
seguinte, as duas delegacias da Capital d i s p u n h a m de necrotérios equipados com os instrumentos
necessários p a r a o s casos mais c o m u n s ( M I N A S G E R A I S , 1915, p . 9 ) E m 1914, e m r e c o n h e c i m e n -
to à p r e c a r i e d a d e dos serviços médico-Iegais, fbram a d q u i r i d o s aparelhos cirúrgicos, mesas de
e x a m e e o p e r a ç õ e s p a r a f a c i l i t a r a a ç ã o d a s a u t o r i d a d e s c o m a s p e r í c i a s ( M I N A S G E R A I S , 1914,
p . 11). M a s , n o s m u n i c í p i o s d e m a i o r m o v i m e n t o , q u e m c o n t i n u a v a a e x e r c e r essa f u n ç ã o e r a m o s
m é d i c o s c o n t r a t a d o s p a r a tratar o s presos ( M I N A S G E R A I S , 1918, p . 42).

A situação do serviço médico-legal não m e l h o r o u nos anos seguintes. Deficiente de pessoal e de


novos aparelhos de pesquisa, esse serviço precisava de alterações q u e o habilitassem a servir c o m o
ó r g ã o consultor para o resto do Estado, de a c o r d o c o m as a u t o r i d a d e s policiais. Assim, a Lei n. 791,
d e 1920, a u t o r i z o u fazer a r e f o r m a n e c e s s á r i a n e s s e g a b i n e t e ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 1 , p . 63).
E n t r e t a n t o , em 1923, a reforma ainda n ã o t i n h a sido realizada, m a s fbram adquiridos novos e q u i p a -
z mentos. As pesquisas toxicológicas e outras requeridas para elucidação de processos criminais e r a m
^ feitas n o L a b o r a t ó r i o d e A n á l i s e s d o E s t a d o . N o s m u n i c í p i o s d e m a i o r m o v i m e n t o n o i n t e r i o r , m a n -
g t i n h a m - s e ainda os m e s m o s p r o c e d i m e n t o s , isto é, os m é d i c o s c o n t r a t a d o s para tratar os presos e r a m
e n c a r r e g a d o s d e fazer a s p e r í c i a s c r i m i n a i s ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 3 , p . 2 6 7 ) . E m 1924, p e l a L e i n .
844, fbram criados os cargos de m é d i c o legista auxiliar e escriturário. As a u t o r i d a d e s r e c o n h e c i a m a
S importância de obter m e i o s para fazer as pesquisas e e x a m e s necessários c o n t a n d o c o m seu p r ó p r i o
S pessoal para q u e h o u v e s s e m a i o r s e g u r a n ç a e precisão dos laudos periciais. M a s essas pesquisas
g a i n d a c o n t i n u a v a m a s e r feitas n o l a b o r a t ó r i o d o E s t a d o ( M I N A S G E R A I S , 1924, p . 306).

3 S o m e n t e em 1925, q u a n d o o ex-secretario dos N e g ó c i o s do Interior, F e r n a n d o de M e l o Viana,


§ t o r n o u - s e o presidente do Estado de M i n a s Gerais, esse serviço r e c e b e u as reformas necessárias.
B H o u v e a m p l i a ç ã o do edifício d e s t i n a d o ao G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l , q u e passou a c o m p o r t a r : p o r -
^ t a r i a ; salas d e e s p e r a e d o e s c r i t u r á r i o ; i n s t a l a ç ã o d o n e c r o t é r i o d a P o l í c i a ; s a l a s d e m i c r o s c o p i a , d e
fotografia, d e i d e n t i f i c a ç ã o , d e e x p o s i ç ã o ; o m u s e u ; e o a r q u i v o . F o r a m t a m b é m r e f b r m a d o s o m o b i -
liário e o i n s t r u m e n t a ! cirúrgico. A l é m d o s laudos periciais, o gabinete ñ c o u responsável pelos
serviços médicos dos presos da Capital e pelos exames de sanidade para a ínspetoria de Veículos,
para a internação de loucos e para a internação em aprendizados agrícolas ( M I N A S G E R A I S ,
1 9 2 6 , p . 2 2 9 ) . E m 1928, o G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l d e i x o u d e f a z e r a i n s p e ç ã o m é d i c a n o s c a n -
didatos à habilitação para condução de veículos em conseqüência da criação do Serviço M é d i c o da
G u a r d a C i v i l , q u e p a s s o u a f a z ê - l o ( M I N A S G E R A I S , 1928, v 2 , p . 2 3 3 ) .

e) O G a b i n e t e de i n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s

O G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s iniciou-se c o m u m a t u r m a destacada da G u a r d a Civil,


e n t r e o s m e l h o r e s p r o ñ s s i o n a i s , p a r a a u x i l i a r o s e r v i ç o d e i n v e s t i g a ç õ e s p o l i c i a i s d e s d e 1912. E s s e s
guardas a c o m p a n h a v a m os trabalhos policiais no G a b i n e t e de Identificação para a p r e n d e r e m e se
Vista externa do foro e cadeia de Leoipodtna. MG. Acervo APM.

Fachada do foro e cadeia de Paraisopotis. MG. Acervo APM.


o

Fachada da casa de detenção de Uberaba. MG. 1922. Acervo APM.

famiüarizar c o m os sinais identificados nas ñ c h a s d o s infratores, c o m o objetivo de facilitar as i n v e s -


tigações policiais ( M I N A S G E R A I S , 1912b, p . 13-14). E m 1913, essa t u r m a e r a c o m p o s t a d e 1 4
g u a r d a s e 1 oficial, e, p o r v o l t a de 1 9 1 8 , p a s s o u a d e n o m i n a r - s e ¿/í- á'í^^/v;???^^^ ( M I N A S
G E R A I S , 1915a).

E m 1920, a L e i n . 7 7 0 , d e 1 4 d e s e t e m b r o , a u t o r i z o u o G o v e r n o a o r g a n i z a r o G a b i n e t e d e
Investigações e C a p t u r a s , na Secretaria de Polícia. O artigo 2" da Lei n. 770 a u t o r i z o u a p r o v e i t a r o
pessoa! d o C o r p o d e Segurança, d e s a g r e g a n d o - o d a G u a r d a Civil, para c o m p o r p a r t e d o efetivo d e
i n s p e t o r e s d o n o v o g a b i n e t e . O D e c r e t o n . 6 110, d e 9 d e j u n h o d e 1 9 2 2 , a p r o v o u s e u r e g u l a m e n t o .
O G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s d e s t i n a v a - s e aos serviços de investigações, vigilancia e
p r e v e n ç ã o d e d e l i t o s ( a r t i g o 1"). D e n t r e a s e x i g e n c i a s p a r a s e r fiscal e i n v e s t i g a d o r d e s t a c a v a - s e o
s i g i l o s o b r e as i n v e s t i g a ç õ e s e a p r o i b i ç ã o de r e v e l a r o n o m e a e s t r a n h o s e à p u b l i c i d a d e , de f o r m a
q u e o investigador deveria possuir um n ú m e r o de o r d e m no gabinete para ser designado em p u -
b ü c a ç õ e s o ñ c i a i s ( a r t i g o s ! 3 e 15).

E m 1922, e s s e g a b i n e t e c o m e ç o u a s e r o r g a n i z a d o e f b r a m e l a b o r a d a s e a p r o v a d a s i n s t r u ç õ e s p a r a
m e l h o r d i s c r i m i n a r as R m ç õ c s d o s investigadores. S e g u n d o d e t e r m i n a ç ã o legal e do chefe de
Polícia, o G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s ñ c o u sob a direção do p r i m e i r o d e l e g a d o auxiliar
( q u e era s e d i a d o na Capital). A t é m a r ç o de 1922, fbram a b e r t o s 7 021 p r o n t u a r i o s , r e g i s t r a r a m - s e
9 2 7 c a p t u r a s , a l é m d e 151 e f e t u a d a s p o r i n v e s t i g a d o r e s , e r e a l i z a r a m - s e 1 103 d i l i g e n c i a s ( M I N A S
G E R A I S , 1 9 2 3 , p . 2 6 5 ) . E m 1924, s e u s a r q u i v o s s e e n r i q u e c e r a m c o m i n f o r m a ç õ e s o b t i d a s e m c o r -
r e s p o n d ê n c i a c o m o e x t e r i o r e o i n t e r i o r do País, e c r e s c e u a i n d a mais seu d e s e m p e n h o ( M I N A S
G E R A I S , 1 9 2 4 , p . 302). A s s i m , e s s e g a b i n e t e d e m o n s t r a v a s u a i m p o r t â n c i a n a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l ,
tanto na ação preventiva q u a n t o na repressiva.

Em 1925, o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e Estatísticas C r i m i n a i s fundiu-se c o m o de Investigações e


C a p t u r a s . A j u s t i ñ c a t i v a u t i l i z a d a foi a d e q u e o s d o i s e s t a v a m i n t i m a m e n t e r e l a c i o n a d o s , j á q u e o
e l e m e n r o b á s i c o d a i n v e s t i g a ç ã o c r i m i n a l é a i d e n t i n c a ç ã o . O t i t r o m o t i v o e r a "[...] e v i t a r a d t t p l i c i -
d a d e de registros d e s t i n a d o s ao m e s m o ñm p r e v e n t i v o e repressivo, na vigilância social e na
p e r s e g u i ç ã o d e c r i m i n o s o s [...]" ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 5 , p . 188). O G a b i n e t e d e I n v e s t i g a ç õ e s e
C a p t u r a s foi d i v i d i d o e m d u a s s e ç õ e s e c r i o u - s e , t a m b é m , o c a r g o d e d e l e g a d o d e I n v e s t i g a ç õ e s e
Capturas. Oesse m o d o , a seção de Invesdgações e C a p t u r a s era dirigida pelo seu respectivo d e l e -
gado, e n q u a n t o a seção de Identincações e Estatísticas Criminais ñcava s u b m e t i d a d i r e t a m e n t e ao
d i r e t o r d o g a b i n e t e ( M I N A S G E R A I S , 1926, p . 227).

Criou-se, também, o serviço p e r m a n e n t e de capturas, a cargo de delegados militares. T e n t o u - s e


implantar a Escola de Polícia para dar instruções técnicas ao corpo de investigadores ( M I N A S
G E R A I S , 1926, p . 2 2 7 ) , i d é i a a n t i g a , j á p r e v i s t a n a lei d e c r i a ç ã o d a G u a r d a C i v i l , m a s q u e n ã o c o n -
s e g u i a s e a ñ r m a r E m 1928, foi i n s t a l a d a u m a e s c o l a d e d e f e s a p e s s o a l d a G u a r d a C i v i l , n a q u a l
fbram admitidos m e m b r o s do c o r p o de ñscais de trânsito, mas n ã o há infbrmações sobre a presença
de investigadores ( M I N A S G E R A I S , 1928, v. 2, p. 227).

2 . 1 . 2 . 1 AS AUTORtDADES POUC!A!S NA FASE OLtGÁRQUtCA ( 1 9 0 6 - 1 9 2 6 )

O c r e s c i m e n t o d o s s e r v i ç o s p o l i c i a i s a o l o n g o d a s d é c a d a s d e 1 9 1 0 e 1920 n ã o s e l i m i t o u à c r i a ç ã o
e à i n c i p i e n t e o r g a n i z a ç ã o das i n s p e t o r i a s e g a b i n e t e s já descritos. S u r g i r a m t a m b é m delegacias
auxiliares e delegados bacharéis r e m u n e r a d o s em comarcas e sedes de municípios, b e m c o m o ini-
c i a r a m - s e os debates sobre o e s t a b e l e c i m e n t o de u m a Polícia de carreira, mais proñssional e, p o r -
tanto, u m a tentativa d e desligá-la d o s interesses p o l í t i c o - p a r t i d a r i o s locais.

A ñ g u r a do delegado auxiliar surgiu ainda no início do p e r í o d o republicano. A crise estabelecida no ^


i n í c i o d a R e p ú b l i c a e x i g i u a c r i a ç ã o d e u m d e l e g a d o auxiliar, p e l a L e i n . 175, d e 1896, p a r a assistir o ^
c h e f e d e Polícia. E m face d a s d i ñ c u l d a d e s ñ n a n c e i r a s , e s s e c a r g o fbi e x t i n t o e m 1 9 0 1 , p o r m e i o d a L e i
n . 518. P e l o m e s m o m o t i v o , d e s d e d e z e m b r o d e 1898, p e l o D e c r e t o n . 1 2 5 2 , o c a r g o d e s e c r e t á r i o d e
Polícia t a m b é m deixara de exisnr, levando o chefe de Polícia a a c u m u l a r as d u a s Rmções. É i m p o r -
t a n t e r e s s a l t a r q u e e s s e p e r í o d o fbi c a r a c t e r i z a d o p o r i n t e n s a s l u t a s p a r t i d á r i a s e m v á r i o s m u n i c í p i o s ,
fazendo c o m q u e o chefe de Polícia se deslocasse c o n s t a n t e m e n t e para restabelecer a o r d e m pública
e m l o c a l o n d e isso s e ñ z e s s e n e c e s s á r i o .

E m 1905, a L e i n . 560 d e i x o u a c a r g o d o c h e f e d e P o l í c i a a s a t r i b u i ç õ e s d e c o m a n d a n t e d a F o r ç a
P ú b l i c a (artigo 4°), m a s t a m b é m a u t o r i z o u o G o v e r n o a n o m e a r d e l e g a d o s a u x i h a r e s e m c o m i s s ã o
q u a n d o julgasse c o n v e n i e n t e p a r a o c o n t r o l e d a o r d e m , c o m m e t a d e d o v e n c i m e n t o d o c h e f e d e P o l í c i a
(artigo 5^). N e s s e caso, n ã o h o u v e d e t e r m i n a ç ã o d o n ú m e r o d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s q u e d e v e r i a m ser
n o m e a d o s . Em resumo, o chefe de Polícia acumulava, nesse m o m e n t o , os cargos de secretário de
Polícia, c o m a n d a n t e d a F o r ç a P ú b l i c a , o s e u p r ó p r i o e s ó c o n t a r i a c o m d e l e g a d o s a u x i l i a r e s q u a n d o o
G o v e r n o julgasse c o n v e n i e n t e . E m geral, isso s e d a v a e m c o n t e x t o d e e l e i ç õ e s , q u a n d o , e n t ã o , a s l u t a s
e n t r e a s facções locais p e l o p o d e r s e a c i r r a v a m .

D i a n t e disso, as a u t o r i d a d e s policiais r e c l a m a v a m , nos relatórios q u e e n v i a v a m ao secretário do


I n t e r i o r a n u a l m e n t e , d a falta d e a u t o n o m i a e d a s o b r e c a r g a d e s e r v i ç o s . A r g u m e n t a v a m q u e n u n c a
t i n h a h a v i d o n e n h u m a m u d a n ç a f u n d a m e n t a l n a P o l í c i a d e s d e a L e i n . 50, d e 1892. O r e l a t ó r i o d e
1906 c o m p a r a v a a s i t u a ç ã o d a P o l í c i a d e S ã o P a u l o c o m a d e M i n a s G e r a i s . A l e g a v a - s e q u e n a q u e -
Fachada do edifício onde funcionou a Secretaria do interior até 1930. Atualmente o Centro de Referência do Professor.
Beto Horizonte. Acervo APM.

le E s t a d o já existia Polícia de carreira em t o d o s os m u n i c í p i o s e sugeria q u e aqui se ñzesse a divisão


d o território e m várias circunscrições policiais, t e n d o e m cada u m a delas u m d e l e g a d o auxiliar
r e m u n e r a d o e u m c o n t i n g e n t e d a F o r ç a P ú b l i c a à d i s p o s i ç ã o d e l e . P a r a a q u e l a s a u t o r i d a d e s , isso
s e r i a o i n í c i o d a P o l í c i a d e c a r r e i r a e m M i n a s G e r a i s ( M I N A S G E R A I S , 1906, p . 4 1 - 4 2 ) .

E m r e s p o s t a a e s s a s r e i v i n d i c a ç õ e s , e m 1907, a L e i n . 4 5 3 d e t e r m i n o u q u e s e d e s v i n c u l a s s e d o c a r g o
d e c h e f e d e P o l í c i a a s f u n ç õ e s d e c o m a n d a n t e - g e r a l d a F o r ç a P ú b l i c a ( a r t i g o 2°) e c r i a v a q u a t r o
l u g a r e s d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s ( a r t i g o 8"). S o m e n t e e m 1 9 0 9 , o c h e f e d e P o l í c i a d e i x o u d e c o m a n -
d a r a Força Pública, mas, então, havia cinco delegacias auxiliares: J u i z de Fora, D i a m a n t i n a ,
U b e r a b a e d u a s na C a p i t a l .

P o r volta d e 1910, n o v o s s e r v i ç o s p a s s a r a m a s e r i m p l e m e n t a d o s , c o m o a G u a r d a C i v i l , o G a b i n e t e
de I d e n t i n c a ç ã o e Estatística C r i m i n a l , o G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l e m e s m o aqueles que, c o m o o
G a b i n e t e de ínspetoria de Veículos e o de Investigações e Capturas, ainda e r a m mantidos p o r t u r m a s
de guardas-civis já se e n c o n t r a v a m f u n c i o n a n d o m e s m o q u e de fbrma incipiente. Os chefes de Polícia
r e c l a m a v a m q u e a Secretaria de Polícia t a m b é m exigia u m a reorganização interna, pois contava c o m
p o u c o s f u n c i o n á r i o s e a t r a s o s n o s d e s p a c h o s de a l g u n s s e r v i ç o s , d a d a a b u r o c r a c i a e a d u p H c i d a d e de
funções e n t r e o q u e lhe era p r ó p r i o e o q u e era da alçada da Secretaria dos N e g ó c i o s do Interior.
D e s s e m o d o , d e a c o r d o c o m o a r t i g o 7 ° d a L e i n . 5 1 6 , d e 3 1 d e a g o s t o d e 1910, fbi a u t o r i z a d a a r e o r -
g a n i z a ç ã o d a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a , q u e fbi r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 3 4 0 7 , d e 1 6 d e j a n e i r o d e
1912 ( M I N A S G E R A I S , 1912, p . 15).
C o n c o m i t a n t e m e n t e ao crescimento da organização policiai, h o u v e a transferência da Secretaria
de Polícia para um novo p r é d i o mais a m p l o , s i t u a d o na Rua da Bahia, e n t r e as r u a s G o n ç a l v e s Dias
e A l v a r e n g a P e i x o t o . O e d i f í c i o , i n i c i a l m e n t e , fbi p r o j e t a d o p a r a s e r da I m p r e n s a O ñ c i a l , m a s o
G o v e r n o , d e s d e 1897, r e s o l v e u i n s t a l a r ali a C h e ñ a d e P o l í c i a e a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . T r a t o u - s e ,
então, de r e f b r m á - l o i n t e r n a m e n t e para a d a p t á - l o às novas funções ( B A R R E T O , 1995, p. 503).
E n t r e t a n t o , s o m e n t e e m 1911 h o u v e n o t í c i a , p o r m e i o d o s r e l a t ó r i o s d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s , d e
q u e e l e t i n h a s i d o o c u p a d o p e l a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . E s s e e d i ñ c i o j á fbi d e m o l i d o ( B A R R E T O ,
19^^p. 51^.

E m 1909, o c h e f e d e P o l í c i a U r i a s d e M e l o B o t e l h o r e c l a m a v a , e m s e u r e l a t ó r i o , d a s i t u a ç ã o d o p r é -
d i o q u e , a t é e n t ã o , alojava a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . S e g ^ m d o o c h e f e d e P o l í c i a , o p r é d i o e s t a v a fbra
d o c e n t r o d a C a p i t a l e e m c o n d i ç õ e s " a c a n h a d í s s i m a s " ( M I N A S G E R A I S , 1909). E m 1 9 1 1 , h o u v e
a transferência para o edifício da Rua da Bahia que, de a c o r d o c o m o relatório do chefe de Polícia
Américo Ferreira Lopes,

[...] ñ c o u lotado de espaçosos salões, boas salas e diversas depetidências, todas rigorosamente limpas
e higiênicas. No p a v i m e n t o superior a c h a m - s e o gabinete do chefe de Polícia; sala de oñcial de
gabinete e ajudante de ordens; gabinetes do delegado auxiliar e do m é d i c o legista; portaria e salões
o n d e trabalham as duas seções. No inferior estão o gabinete de identincação, c o n s t a n d o do gabinete
do diretor, Seção de identincação, Seção de Estatísdca, salas de I d e n t i n c a ç ã o Civil e C r i m i n a l ,
arquivo, atelier fbtográñco, arquivo geral da Repartição e depósito de armas.

3
O ediñcio ñca no c e n t r o de a m p l o pátio t o d o calçado a p e d r a faceada, a c h a n d o - s e de um lado as
cocheiras dos animais de tração dos carros, aposentos para os cocheiros, galpões para os carros de
presos e de t r a n s p o r t e de cadáveres, garagens para os automóveis da Polícia e dos b o m b e i r o s e
depósito de roupas para presos. Ao lado oposto ñ c a m a delegacia da 1^ circunscrição, o alojamento
das praças do respectivo posto, sala de armas e q u a t r o xadrezes para prisões correcionais ( M I N A S
G E R A I S , 1912b, p 6).

A s reformas iniciadas e m 1910, t a n t o d o p o n t o d e vista o r g a n i z a c i o n a l q u a n t o m a t e r i a l , n ã o s e


e n c e r r a r a m aí, p o i s a L e i n . 5 5 2 , d e 1 9 1 1 , c r i o u 7 7 c a r g o s d e d e l e g a d o s d e P o l í c i a b a c h a r é i s e r e m u -
n e r a d o s nas sedes de comarcas*' e s u p r i m i u três vagas de d e l e g a d o s auxiliares, m a n t e n d o a p e n a s as
d u a s n a C a p i t a l ( a r t i g o 2*^). O n ú m e r o d e c a r g o s r e m u n e r a d o s o f e r t a d o s a b a c h a r é i s a u m e n t o u c o m
a Lei n. 582, de 1912, q u e declarava extensivo às d u a s delegacias da C a p i t a l e às d o s m u n i c í p i o s
sede de prefeitura esse benefício e excluía os oñciais da Força Pública de serem delegados especi-
ais, s a l v o e m c a s o d e d i l i g ê n c i a e x t r a o r d i n á r i a . A s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s a p l a u d i a m essas i n i c i a t i v a s ,
vistas c o m o o início de u m a Polícia de carreira. M e s m o e x i s t i n d o os d e l e g a d o s leigos e q u e n ã o
recebiam remuneração, as autoridades acreditavam na possibilidade de ampliar o novo sistema, se
o e r á r i o p e r m i t i s s e ( M I N A S G E R A I S , 1916, p . 5 4 - 5 5 ) .

T a m b é m em 1912 fbi r e a l i z a d o , na c i d a d e de S ã o P a u l o , o PWw^/ro CcM^rfyyo ^//rM/R^^yy/Z^/ro. O t e m a


p r i n c i p a l d e s s e c o n g r e s s o ftii a o r g a n i z a ç ã o d o s i s t e m a d e i d e n t i n c a ç ã o e d e e s t a t í s t i c a c r i m i n a l d e
m o d o mais unifbrme, visando à melhoria do intercâmbio de infbrmações e n t r e os Estados. Discutiu-
se t a m b é m a melhoria do sistema penitenciário, buscando a recuperação do detento em vez de

^'O número de cargos de delegados remunerados em direito, inicialmente estipulado em 77. variou ao longo desse periodo conforme a criação
de novas comarcas.
apenas p u n i - l o . C o m base em idéias voitadas p a r a o p r o g r e s s o e a m o d e r n i d a d e , r e a ñ r m o u - s e a
necessidade de criação de escolas de Polícia nas respectivas capitais c o m base na ciência m o d e r n a . "

O b s e r v a - s e , a s s i m , q u e j á e m 1912 a s e g u r a n ç a p ú b l i c a t o r n a r a - s e u m a p r e o c u p a ç ã o n a c i o n a l . E m
d e c o r r ê n c i a disso, as reformas o c o r r i d a s nesse m o m e n t o para a o r g a n i z a ç ã o da Polícia m i n e i r a
refletiam esse c o n t e x t o mais a m p l o . N o s anos seguintes, p r o p ô s - s e a criação da Secretaria de
J u s t i ç a e S e g u r a n ç a P ú b l i c a em M i n a s G e r a i s . A Lei n. 643, de 1" de o u t u b r o de 1914, autorizava
s u a c r i a ç ã o , m a s ela n ã o s a i u d o p a p e l ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 57). P o d e - s e d e p r e e n d e r , c o m
base nessa proposta, u m a p e r c e p ç ã o da necessidade de destacar da Secretaria do Interior d u a s
p a r t e s d e s u a s f u n ç õ e s m a i s a ñ n s e n t r e si, p a r a v i a b i l i z a r r e f o r m a s m a i s p r o f u n d a s n a á r e a d e s e g u -
r a n ç a p ú b l i c a . M a s a r e a l i d a d e é q u e h a v i a falta d e r e c u r s o s ñ n a n c e i r o s e h u m a n o s , d e a c o r d o c o m
os relatórios das autoridades policiais.

N o l u g a r d e a v a n ç a r n a s r e f o r m a s , a n e c e s s i d a d e fez c o m q u e o c h e f e d e P o l í c i a v o l t a s s e a c o m a n -
d a r a F o r ç a P ú b l i c a , c u m p r i n d o o q u e d e t e r m i n a v a o a r t i g o 7*^ da L e i n. 6 3 1 , de 1914. Foi e x p e d i d o ,
^ e n t ã o , o D e c r e t o n . 4 342, d e 1 9 d e m a r ç o d e 1 9 1 5 , c r i a n d o u m a s e ç ã o m i l i t a r p a r a a u x i l i a r o c h e f e
5 d e P o l í c i a n e s s a n o v a f u n ç ã o ( M I N A S G E R A I S , 1915a, p . 57). C o m isso, e l e n o v a m e n t e p a s s a r i a a
o a c u m u l a r f u n ç õ e s , p o i s d e s d e 1898 s e m a n t i n h a r e s p o n s á v e l p e l a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . E n t r e t a n t o ,
§, a situação era mais c o m p l e x a nesse s e g u n d o m o m e n t o , pois à Secretaria de Polícia estavam s u b o r -
Ê d i ñ a d o s : as d e l e g a c i a s e s u b d e l e g a d a s , o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e de E s t a t í s t i c a C r i m i n a l , as d e -
z l e g a c i a s a u x i l i a r e s ; a G u a r d a C i v i l , a I n s p e t o r i a de V e í c u l o s da C a p i t a l e o G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l .
^ C o m o c r e s c i m e n t o da organização policial e, p o r conseguinte, de seus serviços, as autoridades soli-
g c i t a r a m a c r i a ç ã o d e u m c a r g o d e d i r e t o r p a r a a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a ( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 57).

ã
g Legalmente, o chefe de Polícia tinha c o m o auxiliares, além dos dois delegados da Capital, os d e -
3 legados bacharéis r e m u n e r a d o s das c o m a r c a s e sedes de municípios, os delegados leigos e os s u b d e -
S l e g a d o s . A p e s a r disso, a r e c o m e n d a ç ã o p a r a q u e n ã o f o s s e m u t i l i z a d o s i n d i s c r i m i n a d a m e n t e d e l e g a -
á d o s m i l i t a r e s e s p e c i a i s n ã o d i m i n u i u essa p r á t i c a . Isso p o r q u e n e m s e m p r e t o d o s o s c a r g o s e s t a v a m
o d e v i d a m e n t e p r e e n c h i d o s e h a v i a t a m b é m alta r o t a t i v i d a d e d o s d e l e g a d o s t i t u l a d o s e m D i r e i t o ,
g atribuída, em geral, à baixa r e m u n e r a ç ã o ofertada. Rcclamava-se, s o b r e t u d o , q u e esses b a c h a r é i s u t i -
E lizavam o cargo para alçar o u t r o s mais interessantes política e f i n a n c e i r a m e n t e . C o m o solução, as
5 autoridades p r o p u n h a m a classincação das comarcas pelo nível do custo de vida e pelas d i ñ c u l d a d e s
g d e p o l i c i a m e n t o p a r a d i f e r e n c i a r o s v e n c i m e n t o s e , assim, d a r u m p a s s o a m a i s n a d i r e ç ã o d a q u i l o
q u e e n t e n d i a m s e r a v e r d a d e i r a P o l í c i a d e c a r r e i r a ( M I N A S G E R A I S , 1919, p . 5 6 - 5 7 ) . O u t r a p r o -
p o s t a a p r e s e n t a d a foi a c l a s s i n c a ç ã o d a s d e l e g a c i a s p o r e n t r á ñ e l a s d e a c o r d o c o m o m o v i m e n t o d o
serviço policial de cada comarca, diferenciando a r e m u n e r a ç ã o dos funcionários policiais de a c o r d o
c o m o e s f o r ç o d e s p e n d i d o . C o m essa m e d i d a , a c r e d i t a v a m q u e h a v e r i a e s t í m u l o p a r a q u e s e b u s c a s s e
a p r o m o ç ã o . Dessa forma, mais u m a vez voltavam-se para a defesa da instituição da Polícia de car-
r e i r a ( M I N A S G E R A I S , 1920, p 5 7 - 5 9 ) .

As atribuições da Polícia a u m e n t a v a m , sinalizando a necessidade de mais reformas na sua organiza-


ç ã o . V á r i o s f a t o r e s c o n t r i b u í a m p a r a isso: o c r e s c i m e n t o p o p u l a c i o n a l , a u r b a n i z a ç ã o , a m o d e r n i d a d e
do Estado e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , a c o m p l e x i d a d e da p r ó p r i a sociedade, q u e passava a exigir novas
regras de convívio e t a m b é m a especialização por parte daqueles que m a n t i n h a m a o r d e m pública.

^' Observa-se em 1912 a criação da escota com instrução profissional, visando à maior disciptina e ao vigor morai e físico dos praças na
Força Púbüca. Os debates sobre a necessidade de uma escoia de ensino prático para os guardas-civis também tomavam corpo, embora e s s e
projeto ainda não se reaüzasse nesse m o m e n t o .
A l é m d o c o n t r o l e s o b r e jogos d e azar, d a v a d i a g e m , d o l e n o c i n i o , d o a n a r q u i s m o , a P o l í c i a p a s s o u
t a m b é m a cuidar da regularização dos processos de acidentes de trabalho, de acordo com o Decreto
f e d e r a ! n. 15 4 9 8 , de 12 de m a r ç o de 1919, e a í^ei e s t a d u a l n. 7 5 1 , de 26 de s e t e m b r o de 1919
( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 60).

E m 1920, a L e i n . 770, d e 1 4 d e s e t e m b r o , d e u i n í c i o a essas r e f o r m a s a o t r a n s f o r m a r o c a r g o d e


d i r e t o r do G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e Estatística C r i m i n a l em d i r e t o r da Secretaria de Polícia, ali-
v i a n d o p a r t e d a s f u n ç õ e s b u r o c r á t i c a s e x e r c i d a s p e l o c h e f e d e P o l í c i a ( a r t i g o 3"). P e l a m e s m a lei,
a u t o r i z a v a - s e a c r i a ç ã o d o G a b i n e t e d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s , q u e s ó fbi r e g u l a m e n t a d o , e m
1 9 2 2 , p e l o D e c r e t o n . 6 110, d e 9 d e j u n h o . H o u v e t a m b é m o a u m e n t o d o n ú m e r o d e c o m a r c a s ,
d e m a n d a n d o novas n o m e a ç õ e s d e delegados bacharéis e m Direito, n a tentativa d e r e d u z i r o s car-
gos o c u p a d o s p o r l e i g o s ( M I N A S G E R A I S , 1922, p . 59).

Aos dois delegados auxiliares residentes na Capital instruiu-se q u e fossem deslocados para q u a l q u e r
p o n t o do Estado em q u e os interesses da o r d e m pública exigissem a interferência de autoridades
a l h e i a s à s q u e s t õ e s locais. A l é m disso, o p r i m e i r o d e l e g a d o a u x i l i a r a c u m u l o u aos s e r v i ç o s q u e l h e
eram distribuídos o cargo de diretor do G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s , e ao s e g u n d o dele-
gado auxiliar ñ c a r a m atribuídas a Polícia de C o s t u m e s e a S u p e r i n t e n d ê n c i a de Veículos da Capital.
Os d e m a i s d e l e g a d o s — os b a c h a r é i s r e m u n e r a d o s , os leigos e os miHtares especiais — c o n t i n u a r a m
a d i v i d i r a s d e l e g a c i a s m u n i c i p a i s c o n f o r m e a lei o r d e n a v a ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 3 , p . 2 6 5 - 2 6 6 ) .

E m 1 9 2 3 , q u a n d o p a s s o u a f u n c i o n a r e f e t i v a m e n t e o G a b i n e t e d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s , fbi ^
t a m b é m criado o cargo de oñcial de G a b i n e t e do chefe de Polícia e o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o , e g
E s t a t í s t i c a C r i m i n a l fbi t r a n s ñ u r m a d o , e n t ã o , n a t e r c e i r a s e ç ã o d a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a ( L e i n . 8 4 4 , ^
d e 1 0 d e s e t e m b r o d e 1 9 2 3 , a r t i g o 7'^). T o r n a v a - s e c a d a v e z m a i s n e c e s s á r i a o u a a m p l i a ç ã o , o u a 5
c o n s t r u ç ã o de um novo p r é d i o para a Secretaria de Polícia abrigar as três seções, o G a b i n e t e de o-
I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s , as D e l e g a c i a s A u x i l i a r e s , a I n s p e t o r i a da G u a r d a C i v i ! e os a r q u i v o s ^
c r i m i n a i s , q u e s e a v o l u m a v a m p r o g r e s s i v a m e n t e . A o d e s c r e v e r essa r e c e n t e o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l , o
presidente de Estado, Raul Soares, utilizou a expressão "Polícia Civil" em u m a m e n s a g e m oñcial
para d e n o m i n a r o capítulo e s p e c í ñ c o sobre as realizações do G o v e r n o no setor do chefe de Polícia.
E r a a p r i m e i r a v e z q u e isso o c o r r i a , e o a n o e r a 1 9 2 4 ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 4 , p . 2 9 7 - 2 9 9 ) .

As obras de a m p l i a ç ã o do p r é d i o da Polícia Civil h a v i a m sido iniciadas na gestão do chefe de


P o l í c i a A l f r e d o Sá, m a s , m e s m o a p ó s s u a s u b s t i t u i ç ã o p o r A r n a l d o d e A l e n c a r A r a r i p e , a p a r t i r d e
1924, essas o b r a s p r o s s e g u i r a m e m r a z ã o d a n e c e s s i d a d e d e s e o b t e r m a i s e s p a ç o p a r a o s d e p a r t a -
m e n t o s policiais em constante c r e s c i m e n t o e reorganização.

E m 1925, h o u v e a fusão d o s g a b i n e t e s d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s e d e I d e n t i n c a ç ã o e E s t a t í s t i c a
Criminal, ñ c a n d o sob a direção do p r i m e i r o d e l e g a d o auxiliar da Capital. A terceira seção, desti-
n a d a a n t e r i o r m e n t e a o s s e r v i ç o s d e i d e n t i n c a ç ã o e e s t a t í s t i c a c r i m i n a l , foi r e m o d e l a d a c o m n o v a s
n m ç õ e s m a i s b u r o c r á t i c a s . A n o v a o r g a n i z a ç ã o d o s g a b i n e t e s s o b r e c a r r e g o u o d i r e t o r , e essa fbi a
j u s t i ñ c a t i v a u t i l i z a d a p a r a a c r i a ç ã o d a D e l e g a c i a d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s . O n o v o g a b i n e t e fbi,
então, dividido em duas seções: a primeira ñ c o u a cargo do respectivo d e l e g a d o de Investigações e
Capturas, q u e t a m b é m auxiliava o diretor do gabinete (primeiro delegado auxiliar); a segunda, r e -
lativa à I d e n t i n c a ç ã o e E s t a t í s t i c a , ñ c o u i m e d i a t a m e n t e s u b o r d i n a d a a o d i r e t o r d o g a b i n e t e . C r i o u -
se, t a m b é m , o s e r v i ç o p e r m a n e n t e d e c a p t u r a s , q u e ñ c o u a c a r g o d e d e l e g a d o s m i l i t a r e s , e a i n d a
uma terceira delegacia auxiliar em Juiz de Fora. Coube à Segtmda Delegacia Auxiliar a
S u p e r i n t e n d e n c i a da ínspetoria de Veículos, a Polícia de costumes, a inspeção de divertimentos
p ú b l i c o s e a r e p r e s s ã o d e j o g o s p r o i b i d o s . F o r a m c l a s s i ñ c a d a s e m q u a t r o e n t r â n c i a s a s 120 d e l e g a -
cias d e P o l í c i a d e s t i n a d a s a o s b a c h a r é i s e m D i r e i t o , c o n f o r m e fora p r o p o s t o a n t e r i o r m e n t e , b u s c a n -
do estimular a carreira policial. E n t r e t a n t o , fbram t a m b é m m a n t i d o s os cargos de delegados leigos
s e m r e m u n e r a ç ã o , e m e s m o c o m r e s t r i ç õ e s legais"^ n ã o s e e x c l u i u a f i g u r a d o d e l e g a d o m i l i t a r e s p e -
cial. A r e g u l a m e n t a ç ã o d e s s a o r g a n i z a ç ã o r e f o r m a d a s e fez p e l o D e c r e t o n . 7 2 1 5 , d e 2 7 d e a b r i l d e
1 9 2 6 ( M I N A S G E R A I S , 1926, p . 2 2 5 - 2 3 3 ) .

E m b o r a e s s e p e r í o d o fbsse c a r a c t e r i z a d o p e l a p r e o c u p a ç ã o d a p r ó p r i a o r g a n i z a ç ã o t a n t o m a t e r i a l
c o m o proñssional da Polícia, não se p o d e a b a n d o n a r o s i g n i ñ c a d o dessas constantes reformas. O
seu objetivo m a i o r c o n t i n u a v a a ser a p r o t e ç ã o dos direitos individuais e o c o n t r o l e da o r d e m p ú b l i -
ca. N e s s e s e n t i d o , o s u r g i m e n t o e o c r e s c i m e n t o d e d e p a r t a m e n t o s n a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l v i s a v a m
tanto à repressão q u a n t o à p r e v e n ç ã o daquilo q u e alterasse a t r a n q ü i l i d a d e pública. Os d e b a t e s
sobre a prevenção de delitos presentes no ñnal do século XIX t o m a r a m corpo d u r a n t e o período
uj republicano, associando-se à idéia de m o d e r n i d a d e do aparelho público e da sociedade. P r o p u n h a -
^ se r e a b i l i t a r o d e t e n t o p a r a d e v o l v ê - l o à s o c i e d a d e a p t o p a r a o t r a b a l h o e m o r a l m e n t e i n s t r u í d o
g t a m b é m , b e m c o m o os m e n o r e s desvalidos e, ainda, os alienados. A r e p r e s s ã o à v a d i a g e m passou a
g ser u m a das m e t a s p r i m o r d i a i s logo no início do p e r í o d o r e p u b l i c a n o . O ócio — visto c o m o a
o r i g e m dos vários males sociais — passou a ser c o m b a t i d o , e d e f e n d i a - s e a idéia de instalação de
^ colônias correcionais c o m a utilização dos trabalhos agrícola e industrial c o m o fbrma de r e c u p e -
z ração de detentos, m e n o r e s desvalidos e, m e s m o , alienados.

ã O p é s s i m o estado das cadeias m u n i c i p a i s e o a j u n t a m e n t o de d e t e n t o s c o m i d a d e , sexo, tipos de


^ c r i m e s e p e n a s diferentes ou à espera de j u l g a m e n t o , pessoas c o m p r o b l e m a s m e n t a i s , e t c , e as
g fugas c o n s t a n t e s ñ z e r a m c o m q u e s u r g i s s e m p r o j e t o s t r a n s f b r m a d o s e m leis e r e g u l a m e n t a d o s
3 sobre a c o n s t r u ç ã o de Casas C o r r e c i o n a i s , o n d e o d e t e n t o seria s e p a r a d o p o r classincação e teria
g de trabalhar (na agricultura, no artesanato, na indústria) c o m o fbrma de reabilitação.

g A p r i m e i r a d e s s a s i n s t i t u i ç õ e s fbi a C o l ô n i a C o r r e c i o n a l d o B o m D e s t i n o , e s t a b e l e c i d a e m 1 8 9 6 ,
ã o b e d e c e n d o à lei q u e p e r m i t i r a a c r i a ç ã o d e s s e t i p o d e e s t a b e l e c i m e n t o n o a n o a n t e r i o r ( L e i n . 1 4 1 ,
ã d e 2 0 d e j u l h o d e 1895) e c u j o r e g u l a m e n t o i n c l u í a a c o r r e ç ã o n ã o s ó d e c r i m i n o s o s , m a s t a m b é m
^ dos d e s o c u p a d o s . Essa colônia ñ c a v a n u m a fazenda d o m e s m o n o m e , n a c o m a r c a d e Santa L u z i a
^ do R i o das Velhas, a 6 q u i l ô m e t r o s da estação ferroviária de G e n e r a l C a r n e i r o , p o r t a n t o m u i t o
p r ó x i m a da nova Capital em construção.

E s s a e x p e r i ê n c i a n ã o fbi a d i a n t e , e a s j u s t i ñ c a t i v a s s e r i a m : o b a i x o n ú m e r o d e r e c l u s o s e n c a m i -
n h a d o s p a r a lá, a s p é s s i m a s c o n d i ç õ e s d a s t e r r a s e , p o r c o n s e q ü ê n c i a , a p o u c a p r o d u ç ã o . C o m o a
colônia deveria se manter e ainda fbrmar um pecúlio que os reclusos receberiam no ñnal da pena,
o c h e f e d e P o l í c i a p r o p ô s q u e a c o l ô n i a fbsse t r a n s f b r m a d a e m a p e n a s m a i s u m a c a d e i a d o E s t a d o
( R e l a t ó r i o d o c h e f e d e P o l í c i a a o s e c r e t á r i o d o I n t e r i o r d e M i n a s G e r a i s , e m 1900). M a s e l a a c a b o u
s e n d o extinta em 1901, pela Lei n. 318, e os 15 r e c l u s o s q u e lá e s t a v a m fbram transferidos p a r a a
cadeia de Sabara. M e s m o assim, em 1906, a L e i n . 4 4 5 r e s t a b e l e c e u a s c o l ô n i a s c o r r e c i o n a i s ,
d e m o n s t r a n d o q u e a lógica de aliar t r a b a l h o e reabilitação p e r m a n e c i a .

Segundo o artigo 3° da Lei n. 892, de 9 de setembro de 1925. o oficia! da Força Púbiica que e s t i v e s s e afastado mais de seis m e s e s de suas
funções miiitares para exercer o cargo de deiegado miütar especia! ou outro quatquer não poderia ser promovido e deixaria de contar o
t e m p o de antigüidade. Com isso. procurava-se evitar o uso indiscriminado de deiegados especiais militares que. legalmente, só poderiam
exercer e s s e s cargos em c a s o s que a ordem pública tornasse essa prática imprescindível.
Ao iongo das primeiras décadas do período republicano, a situação em q u e se encontravam as prisões
e a s c a d e i a s d o E s t a d o íbi a s s u n t o r e c o r r e n t e n o s r e l a t ó r i o s d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s , i n d i c a n d o a p r e -
c a r i e d a d e e a falta de h i g i e n e d e s s e s e s t a b e l e c i m e n t o s . M u i t a s v e z e s a e v a s ã o se d a v a p o r q u e as
cadeias estavam em ruínas, outras vezes pelas relações estabelecidas e n t r e os d e t e n t o s e os carcereiros.
Essa s i t u a ç ã o fez s u r g i r v á r i o s p l a n o s s o b r e a c r i a ç ã o d e c a d e i a s r e g i o n a i s , a c o n s t r u ç ã o d e p e n i t e n -
ciária n a C a p i t a l , c o m g r a n d e c a p a c i d a d e , i n s t i t u t o s r e f ( ) r m a t ó r i o s p a r a m e n o r e s d e l i n q ü e n t e s e a b r i -
gos p a r a m e n o r e s d e s v a l i d o s . T o d o s esses p r o j e t o s v i a m a e d u c a ç ã o e o t r a b a - l h o c o m o f b r m a d e
reabilitação, u m a vez q u e para as a u t o r i d a d e s o p r i m e i r o regenerava, o s e g u n d o disciplinava e ainda
havia a q u e s t ã o e c o n ô m i c a c o m o j u s t i ñ c a t i v a p a r a o t r a b a l h o : a s o c i e d a d e d e i x a r i a d e s u s t e n t a r o s
c r i m i n o s o s e e s t e s p o d e r i a m p r o d u z i r fardas e c a l ç a d o s d o s p r a ç a s , u n i f b r m e s p a r a p r e s o s , c a r t e i r a s
escolares, serviços tipográñcos para o Estado, b e m c o m o lucrariam a p r e n d e n d o um o ñ c i o para q u a n -
d o fbssem r e i n t e g r a d o s à s o c i e d a d e ( M I N A S G E R A I S , 1907, p . 4 0 - 4 1 ) . S o b esses m o l d e s fi.mcionaram
a s p e n i t e n c i á r i a s d e O u r o P r e t o , d e s d e 1909, e d e U b e r a b a , a p a r t i r d o ñ n a l d e 1914 ( M I N A S
G E R A I S , 1914, p . 15). E , a i n d a , e m 1926, fbi c r i a d a a E s c o l a d e R e g e n e r a ç ã o p a r a m e n o r e s c o n d e n a -
dos q u e até e n t ã o se e n c o n t r a v a m nas cadeias junto c o m d e l i n q ü e n t e s adultos. N e s s e e s t a b e l e c i m e n -
to havia i n s t r u ç ã o p r i m á r i a e proñssional, a l é m de e d u c a ç ã o ñsica, moral, cívica e religiosa ( M I N A S
G E R A I S , 1926, p.2.15).

N a d é c a d a d e 1920, v á r i a s c a d e i a s f()ram r e f o r m a d a s o u m e s m o r e f e i t a s n o s m u n i c í p i o s d o i n t e -
rior. A l g u m a s d e l a s t i n h a m o ñ c i n a s , a i n d a q u e m o d e s t a s , c o m o é o c a s o d a c a d e i a d e B a r b a c e n a . E m
a g o s t o d e 1929, fbi i n a u g u r a d a a C a d e i a P ú b l i c a d a C a p i t a l , n a R u a U b e r a b a , 8 ^ s e ç ã o , n a q u a l n a d a
consta sobre o trabalho de detentos.

A i n d a e m 1929, e s t a v a s e n d o c o n s t r u í d a a P e n i t e n c i á r i a I n d u s t r i a l d e J u i z d e F o r a , p r ó x i m a a o 2'^
B a t a l h ã o , n o b a i r r o d a T a p e r a , o n d e o s e n t e n c i a d o t e r i a i n s t r u ç ã o o b r i g a t ó r i a e a p r e n d e r i a u m ofí-
cio relacionado, p r e f e r e n c i a l m e n t e , aos das i n d ú s t r i a s locais ( M I N A S G E R A I S , 1929, p. 92-93).
M a s a Penitenciária Agrícola do tipo m o d e r n o , para a p r o x i m a d a m e n t e mil detentos, criada pela
L e i n . 790, d e 1920, p l e i t e a d a h a v i a a n o s , s ó fbi i n a u g u r a d a n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1930 — a a t u a l
Penitenciária José Maria Alkmim. ,

Os preceitos a seguir regeram a colônia anexa ao Hospital Central de Alienados, em Barbacena, a


p a r t i r d a d é c a d a d e 1910. Ali, o s d o e n t e s m a i s t r a n q ü i l o s ñ c a r i a m e n c a r r e g a d o s d o s t r a b a l h o s a g r í -
c o l a s , d a p r o d u ç ã o d e tijolos e d e p e q u e n a s i n d ú s t r i a s , c o m o a d e c o s t u r a d e l e n ç ó i s , r o u p a s , e t c .
( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 3 , p . 13). O c r e s c i m e n t o d e c a s o s d e p e s s o a s c o m p r o b l e m a s m e n t a i s d e t i -
dos em cadeias c o m u n s nos m u n i c í p i o s exigiu melhorias e ampliações no Hospital de Barbacena e
a n e x o s , a l é m d a c o n s t r u ç ã o d o I n s t i t u t o R a u l S o a r e s , c m ñ j n c i o n a m c n t o a p a r t i r d e 1924, p a r a
a t e n d e r os d o e n t e s em situação mais crítica, b e m c o m o para o ensino de psiquiatria e a formação
d e e n f e r m e i r o s e x p e r i e n t e s . M a s s o m e n t e e m j u n h o d e 1929 o M a n i c ô m i o J u d i c i á r i o d e B a r b a c e n a
foi i n a u g u r a d o ( M I N A S G E R A I S , 1929, p . 1 0 0 - 1 0 1 ) .

A o l a d o d a r e p r e s s ã o à v a d i a g e m , a o s falsos m e n d i g o s , e t c , h a v i a a p r e o c u p a ç ã o a s s i s t e n c i a l i s t a .
I d e n t i ñ c a d o s os m e n d i g o s e p o b r e s d o e n t e s , estes e r a m levados para casas de c a r i d a d e ou para a
Santa Casa que, por contrato, obtinham subvenção do Estado para abrigá-los. As diñculdades
ñnanceiras d i ñ c u l t a v a m a m a n u t e n ç ã o desses contratos e, após a m a l s u c e d i d a tentativa de criar
loterias para esse ñ m , a Polícia, em negociação c o m a S o c i e d a d e São Vicente de Paulo, obteve desta
a colaboração para o atendimento dos mendigos verdadeiramente necessitados ( M I N A S G E R A I S ,
1926, p . 234), s e n d o q u e a q u e l e s c o m p r o b l e m a s m e n t a i s p o d e r i a m s e r e n c a m i n h a d o s p a r a
B a r b a c e n a . O b v i a m e n t e isso s e d a v a e m n ú m e r o r e d u z i d o , p o i s o E s t a d o n ã o t i n h a r e c u r s o s ñ n a n -
ceiros s u ñ c i e n t e s p a r a a t e n d e r a todos os necessitados. Os relatórios dos chefes de Polícia a p o n -
t a v a m u m a e n o r m e lista d e e s p e r a p a r a i n t e r n a ç ã o n o s c a s o s d e d o e n t e s m e n t a i s . A m a i o r i a e r a
e n c a m i n h a d a p a r a a c a d e i a l o c a l à e s p e r a d e vaga n o H o s p i t a l C e n t r a l d e B a r b a c e n a . A a s s i s t ê n c i a
policial era f r e q ü e n t e m e n t e acionada q u a n d o se tratava de i n t e r n a ç ã o em hospitais, pois ela c o n t a -
va com veículos de tração animal para transportar detidos, feridos e mortos.

E m 1925, p e r í o d o e m q u e m a i s u m a v e z a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a fbi r e o r g a n i z a d a e s e u p r é d i o a m p l i -
ado, o presidente do Estado autorizou a reforma de automóveis para transfbrmá-los em a m b u l â n -
cias, m o t o r i z a d a s . O a p r o v e i t a m e n t o d e m o t o r e s a n t i g o s e m c a r r o c c r i a s r e p a r a d a s p e r m i t i u à
Polícia ter d u a s a m b u l â n c i a s q u e p o d e r i a m ser utilizadas c o m o t r a n s p o r t e r e m u n e r a d o c o n f o r m e
o c a s o ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 5 , p . 195).

O c r e s c i m e n t o d o s S e r v i ç o s d a P o l í c i a , a p a r t i r d a d é c a d a d e 1 9 1 0 , fez c o m q u e a S e c r e t a r i a d e
Polícia passasse p o r várias r e m o d e l a ç õ e s , até m e s m o em seu prédio. A l é m de suas funções judi-
ciárias, mais repressivas, ela exercia as funções administrativas, mais preventivas, q u e a a p r o x i -
m a v a m da assistência pública. T o r n a v a - s e e v i d e n t e para as a u t o r i d a d e s da é p o c a a necessidade de
transf()rmá-la n u m órgão c o m m a i o r a u t o n o m i a e s e p a r a d o da Secretaria do Interior. Desse m o d o ,
a L e i n . 6 4 5 , d e 1 " d e o u t u b r o d c 1914, a u t o r i z a v a a c r i a ç ã o d a S e c r e t a r i a d e j u s t i ç a e S e g u r a n ç a
P ú b l i c a , e m M i n a s G e r a i s , m a s e l a n ã o fbi e f b t i v a d a ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 57). E m 1926, a
C h e ñ a de Polícia d e u lugar à Secretaria de Segurança e Assistência Pública. Para tanto, fbram
d e s t a c a d a s , da S e c r e t a r i a do I n t e r i o r , a P o l í c i a e a S a ú d e P ú b l i c a .

2 . 1 . 3 A SECRETARIA DE SEGURANÇA E ASSlSTÊNCtA PÚBLICA ( 1 9 2 6 - 1 9 3 0 )

N o p e r í o d o d o G o v e r n o d e F e r n a n d o d e M e l o Viana (1924-1926) fbram introduzidas várias refbrmas


n a o r g a n i z a ç ã o policial, c o m o s e v e r i ñ c o u . E n t r e t a n t o , f()i n o início d o G o v e r n o d e A n t ó n i o C a r l o s
sg R i b e i r o d e A n d r a d a , e m s e t e m b r o d e 1926, p o r d e t e r m i n a ç ã o d a L e i n . 8 1 9 , q u e ñ)i i n s t a l a d a a
S e c r e t a r i a d e S e g u r a n ç a e Assistência P ú b l i c a d e !^Iinas G e r a i s , cujo s e c r e t á r i o , D r . J o s é F r a n c i s c o Bias
F o r t e s , e r a s u b o r d i n a d o d i r e t a m e n t e a o p r e s i d e n t e d o E s t a d o . O c a r g o d e c h e f e d e P o l í c i a fbi e x t i n t o ,
c o m p e t i n d o ao secretário de Segurança e Assistência Pública suas atribuições, além de ser responsá-
vel p e l a Polícia M i l i t a r ( d e n o m i n a ç ã o q u e a p a r e c e e m 1924, n o m e s m o d o c u m e n t o n o q u a l fbi u s a d o
p e l a p r i m e i r a v e z a e x p r e s s ã o P<?//ír/^ O v / / ) , p e l a h i g i e n e , p e l a s a ú d e e p e l a assistência p ú b l i c a .

P e l a L e i n . 9 4 1 , d e 1 0 d e o u t u b r o d e 1926, f b r a m c r i a d a s 4 0 d e l e g a c i a s r e g i o n a i s , q u e d e v e r i a m s e r
preenchidas por d o u t o r e s ou bacharéis em Direito que, para o c u p a r e m os respectivos cargos, não
p o d e r i a m exercer advocacia, pois e r a m r e m u n e r a d o s . O Estado ñcaria dividido em 40 circunscrições
policiais e o d e l e g a d o regional deveria visitar t r i m e s t r a l m e n t e os m u n i c í p i o s q u e c o m p u n h a m sua
respectiva circunscrição. Ele deveria atuar direta e p e s s o a l m e n t e no serviço policial, i n s p e c i o n a n d o
e i n s t r u i n d o as d e l e g a c i a s m u n i c i p a i s e as s u b d e l e g a c i a s d i s t r i t a i s p a r a o s e u b o m ñ m c i o n a m e n t o .
E s s a r e f b r m a n ã o e x t i n g u i u o d e l e g a d o leigo, m a s p r e t e n d i a ñ s c a l i z a r s e u d e s e m p e n h o e c o b r a r - l h e
a idoneidade necessária para o cargo.

O D e c r e t o n . 7 4 5 6 , d e 2 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 2 6 , d e u n o v a r e g u l a m e n t a ç ã o a essa S e c r e t a r i a .
S e g u n d o e s s e r e g u l a m e n t o , f u n c i o n a r i a m t a m b é m seis d e l e g a c i a s a u x i l i a r e s , t r ê s d e c o m a r c a e u m a
de investigação e capturas. T o d o s esses cargos d e v e r i a m ser p r e e n c h i d o s por d o u t o r e s ou bacharéis
e m Direito, c o m peio m e n o s dois anos d e foro o u a d m i n i s t r a ç ã o , d e v i d a m e n t e r e m u n e r a d o s . E m
c a s o d e n e c e s s i d a d e , o s e c r e t á r i o p o d e r i a d e s i g n a r oficiais d a F o r ç a P ú b Ü c a p a r a o c a r g o d e d e t e -
g a d o e s p e c i a ) . O s seis d e l e g a d o s a u x i l i a r e s d e v e r i a m e x e r c e r f u n ç õ e s d e s i g n a d a s e m q u a l q u e r l o c a !
d o E s t a d o . O D e c r e t o n . 7 4 5 7 , d e 2 1 d e d e z e m b r o d e 1926, a p r o v a v a o r e g u l a m e n t o p o l i c i a l d o
Estado. P o r esse d e c r e t o , a Polícia c o n t i n u o u a e x e r c e r as ftmções de Polícia j u d i c i á r i a e de Polícia
Administrativa. P o r t a n t o , o q u e se altera\ a b a s i c a m e n t e era q u e o responsável d i r e t o pelos serviços
policiais, o secretário, ñcava s u b o r d i n a d o a p e n a s ao p r e s i d e n t e de E s t a d o e contava c o m o auxílio
primordial das delegacias regionais e das auxiliares.

Em 1927, a L e i n. 969, de 11 de s e t e m b r o de 1927, a u t o r i z o u a r e o r g a n i z a ç ã o do ( i a b i n e t e de


investigações e C a p t u r a s , q u e passou a se c h a m a r "Serviço de Investigações". P e l o D e c r e t o n. 8 068,
d e 1 2 d e d e z e m b r o d e 1927, r e g u l a m e n t o u - s e esse serviço, q u e s e c o n s n t u i u e m u m d e p a r t a m e n -
to da Polícia Civil d i r e t a m e n t e s u b o r d i n a d o à Secretaria da Segurança e Assistência Pública, t e n d o
c o m o objetivo íunções preventivas, instrutivas e repressivas p r ó p r i a s da Polícia. A reforma anterior
transformou o G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s em u m a repartição c o m cerca de 50 investi-
gadores, dirigida p o r um delegado auxiliar C o m a nova reorganização, o Serviço passou a ter um
chefe próprio, q u e p o d e r i a e x e r c e r a n m ç ã o de d e l e g a d o auxiliar, e a d i s p o r de q u a t r o seções, u m a
portaria, além do g a b i n e t e do chefe de Polícia.

A Seção de Investigações e C a p t u r a s passou a ter q u a t r o delegacias especializadas: de S e g u r a n ç a


Pessoal e de O r d e m Política e Social; de Furtos, R o u b o s e Falsincações em G e r a l ; de Fiscalização
de C o s t u m e s e j o g o s ; e de Vigilância G e r a l e C a p t u r a s . Assim, esse serviço crescia em n ú m e r o de
pessoal e importância, tornando-se a essência da própria Polícia Civil. A Delegacia de
I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s ñ)i s u p r i m i d a e c r i o u - s e , na C a p i t a l , a D e l e g a c i a do 5^ D i s t r i t o P o l i c i a l .
Pelo novo r e g u l a m e n t o , d e v e r - s e - i a criar u m a Escola de Polícia, Biblioteca Policial e M u s e u de
T é c n i c a P o l i c i a l e H i s t ó r i a d o C r i m e . C o m isso, b u s c a v a - s e a f o r m a ç ã o d e u m c o r p o d e P o l í c i a
mais t é c n i c o c c i e n t í ñ c o . Em 1950, esses e s t a b e l e c i m e n t o s e s t a v a m ñ m c i o n a n d o e, s e g u n d o as
a u t o r i d a d e s , d a n d o b o n s r e s u l t a d o s ( M I N A S G E R A I S , 1950, p . 8 9 ) .

A i n s t a l a ç ã o d a s d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s d e u - s e a p a r t i r d e 1'^ d e j a n e i r o d e 1928. A l é m d o a u m e n -
t o d o C o r p o d e S e g u r a n ç a p a r a ñ n s d e i n v e s t i g a ç ã o , o E s t a d o fbi d i v i d i d o e m 1 1 zonas, p e r -
m a n e c e n d o em cada u m a delas um delegado especial com a necessária escolta para o maior êxito
das c a p t u r a s ( M I N A S G E R A I S , 1928, p. 69). F o r a m incluídas nesse serviço as seções r e l a c i o n a d a s
às identincações e estatísticas, q u e t a m b é m fbram r e m o d e l a d a s , h a v e n d o novos registros, c o m o os
d e l e g i t i m a ç ã o e d e l o c a ç ã o d e s e r v i ç o s d o m é s t i c o s c p r o ñ s s i o n a i s ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 9 , p . 85).
Em 1929, o p r i m e i r o ¿/<í-Áj-r^^/j-//<r^ P o / Z r ^ / r r e f e r e n t e a 1 9 2 8 , fbi d i s t r i b u í d o p e l a

Seção de Estatística.

N e s s e c o n t e x t o de refbrmas e a m p l i a ç ã o dos serviços policiais, fbram e x p e d i d o s ! 1 r e g u l a m e n t o s


para sua reorganização. O G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l , pelo D e c r e t o n. 8 982, de 19 de fevereiro de
1 9 2 9 , f<)i r e o r g a n i z a d o , p a s s a n d o a s e r c h a m a d o S e r v i ç o M é d i c o - L e g a l . A n t e s d i s s o , a I n s p e t o r i a d e
Veículos teve seu r e g u l a m e n t o a p r o v a d o p e l o D e c r e t o n. 7 575, de 15 de abril de 1927, e s t a b e l e -
c e n d o m o d e r n a s n o r m a s de trânsito sobre c m p l a c a m e n t o dos carros, infrações e multas. Foram
instalados sinais nos c r u z a m e n t o s mais i m p o r t a n t e s da c i d a d e e r e f o r ç a d o o c o r p o de ñscais de
v e í c u l o s . T a m b é m a G u a r d a C i v i l , p e l o D e c r e t o n . 8 8 4 6 , d e 2 4 d e o u t u b r o d e 1 9 2 7 , g a n h o u fbrça,
pois a corporação superintendida por um delegado auxiliar passou a c o m p r e e n d e r u m a seção
administrativa, u m c o r p o d e g u a r d a s c o m 300 h o m e n s e u m serviço m é d i c o c o m g a b i n e t e d e n t á r i o .
Foi c r i a d a s u a C a i x a B e n e ñ c e n t e p e l a L e i n . 9 7 7 , d e 1 7 d e s e t e m b r o d e 1 9 2 7 , e a i n d a h o u v e m a i s
rigor n o r e c r u t a m e n t o , q u e era c o m p l e m e n t a d o p o r u m c u r s o p r e p a r a t ó r i o . Foi i m p l a n t a d o , t a m -
b é m , um curso de defesa pessoal e s t e n d i d o ao c o r p o de ñscais de veículos. Incentivou-se a criação
de d e s t a c a m e n t o s dc G u a r d a Civil nos m u n i c í p i o s c o m o auxílio das respectivas administrações,
buscando c o m p l e m e n t a r o serviço da Força Pública.

C o m relação às cadeias e penitenciárias, m a n t i n h a - s e a p r e o c u p a ç ã o c o m o estado deplorável da


m a i o r i a d e l a s , p o r isso i n i c i o u - s e a c o n s t r u ç ã o de d u a s p e n i t e n c i á r i a s — a A g r í c o l a , em N e v e s , e a
Industrial, em J u i z de Fora —, de a c o r d o c o m os preceitos m o d e r n o s de higiene, trabalho e r e a b i -
litação. Foram criados novos e s t a b e l e c i m e n t o s para r e c u p e r a r os m e n o r e s d e l i n q ü e n t e s e instruir
os desvalidos. C o m o objetivo de retirar d e t e n t o s alienados das cadeias c o m u n s , i n a u g u r o u - s e o
M a n i c ô m i o J u d i c i á r i o e m B a r b a c e n a , e m 1929.

LU A criação da Secretaria de E s t a d o de S e g u r a n ç a e Assistência P ú b l i c a e o d e s e n v o l v i m e n t o , s o b r e -


is tudo, das funções policiais levaram o G o v e r n o a construir um p r é d i o na P r a ç a da Liberdade, q u e
^ foi i n a u g u r a d o o ñ c i a l m e n t e e m 6 d e s e t e m b r o d e 1930, à s v é s p e r a s d a e n t r e g a d o c a r g o d e p r e s i -
§ d e n t e de Estado. C o m o m o n u m e n t o , o novo edifício materializava a obra e m p r e e n d i d a por
'< A n t ô n i o Carlos Ribeiro de A n d r a d a d u r a n t e o seu G o v e r n o , t a m b é m m a r c a d o pelo desenvolvi-
^ m e n t o da administração policial. Seu antecessor, F e r n a n d o de M e l o Viana, tão responsável q u a n t o
^ Andrada pelas reñ^rmas e n c a m i n h a d a s nesse período, p o u c o é lembrado. M a s a centralização
^ política i m p o s t a p o r G e t ú l i o Vargas, em 1930, d e u nova o r g a n i z a ç ã o a d m i n i s t r a t i v a à instituição
S p o l i c i a l . E m 1 9 3 1 , fbi r e c r i a d o o c a r g o d e c h e f e d e P o l í c i a , n o v a m e n t e i n c o r p o r a d o à S e c r e t a r i a d o
M I n t e r i o r e, p o r t a n t o , s u b o r d i n a d o a e s s e s e c r e t á r i o . A n e c e s s i d a d e de m a i o r c o n t r o l e p o l í t i c o e
^ s o c i a l d e m a n d a v a essa r e t r a ç ã o q u a n t o à a u t o n o m i a p o l i c i a l . S o m e n t e , e m 1 9 5 6 , q u a n d o o e x -
S s e c r e t á r i o J o s é F r a n c i s c o Bias F o r t e s e s t e v e à f r e n t e d o G o v e r n o d o E s t a d o , a S e c r e t a r i a d e
> Segurança Pública voltou a ser implantada.

<
o
n.
ã
de 1930. Acervo APM.

Vista fronta) da cadeia púbüca de ítanhomi. MG. 1938, Acervo APM.


A POLÍC!A CtV!L E
A MODERNIZAÇÃO
BRAStLE!RA
A Polícia Civil de M i n a s G e r a i s a c o m p a n h o u o processo de m o d e r n i z a ç ã o do E s t a d o brasileiro e
transíbrmou-se, nesses ú l t i m o s anos, em u m a organização institucional mais e n c i e n t e , c o m r e c u r -
sos h u m a n o s e físicos e ñ c a z e s d e c o m b a t e r o c r i m e . U m c a m i n h o t o r t u o s o , p e r c o r r i d o l e n t a m e n t e ,
se c o m p a r a d o c o m o ritmo da m o d e r n i z a ç ã o brasileira. As transformações e a d e q u a ç õ e s da Polícia
C i v i ! a p o n t a m p a r a a s e g u i n t e p e r i o d i z a ç ã o d e s u a h i s t o r i a : o p r i m e i r o p e r í o d o c o m e ç a e m 1930 e
t e r m i n a e m 1945, c a r a c t e r i z a d o pela p r e s e n ç a d e u m g o v e r n o a u t o r i t a r i o , c e n t r a l i z a d o e i n t e r v e n -
tor, p o r u m a s o c i e d a d e a i n d a r u r a l e m p r o c e s s o i n i c i a l d e i n d u s t r i a l i z a ç ã o e u r b a n i z a ç ã o . O p e r í o -
d o s e g u i n t e , e n t r e 1945 e 1956, fbi m a r c a d o p e l a a d e q u a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l à d e m o c r a c i a p o p u l i s t a
da época e à verticalização do processo de industrialização e u r b a n i z a ç ã o . O ó r g ã o g a n h o u m a i o r
p o d e r político, vinculou-se a u m a estrutura especíñca de Segurança Pública constituída por u m a
nova Secretaria, criada e m 1956, a Secretaria d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s
( S E S P ) , cujo s e c r e t á r i o e r a o p r ó p r i o c h e f e d e P o l í c i a , c a r g o e x t i n t o .

A S E S P fbi c r i a d a p a r a a t u a r d e f b r m a a b r a n g e n t e : e l a b o r a r , p r o p o r e d e s e n v o l v e r p o l í t i c a s a p r o -
priadas para o setor de segurança. Sua ação m a r c o u o terceiro p e r í o d o seguinte da história da
P o l í c i a C i v i l : d e 1956 a 1970. O p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o d o E s t a d o b r a s i l e i r o e n t r o u e m u m a
etapa deñnitiva com a política desenvolvimentista praticada pelo G o v e r n o Juscelino Kubitschek e
aprofundada p o s t e r i o r m e n t e nos governos militares. N e s s e s anos, c o n s o l i d o u - s e a Polícia de car-
r e i r a e r e f b r m u l o u - s e , em 1970, a lei o r g â n i c a da P o l í c i a C i v i l .

A t e r c e i r a fase d o p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l i n i c i o u - s e e m 1970, q u a n d o o s e t o r d e
Segurança Pública ganhou novos c o n t o r n o s a d e q u a d o s à política dos governos militares. E r a m três
as i n s t i t u i ç õ e s p o l i c i a i s em 1964: a P o l í c i a C i v i l , a P o l í c i a M i l i t a r e a G u a r d a C i v i l . A P o l í c i a M i l i t a r
aquartelada atuava apenas em situações especiais de grandes tumultos, c o m o greves, m o v i m e n t o s
c o l e t i v o s e s i t u a ç õ e s q u e e x i g i a m a p r e s e n ç a d e u m a fbrça p o l i c i a l m a i s agressiva, q u a n d o a t u a v a
c o m a Polícia Civil. A G u a r d a Civil existia em J u i z de Fora, U b e r l â n d i a e U b e r a b a . S u a a t u a ç ã o era
a m a i s p r ó x i m a d a P o t í c i a C i v i l , r e s p o n s á v e l p o r ñ s c a l i z a r o t r â n s i t o , fazer o p o l i c i a m e n t o o s t e n s i v o
d e s s a s c i d a d e s e a c o m p a n h a r a P o l í c i a C i v i l n a s d e l e g a c i a s e em s u a s d i l i g ê n c i a s .

N o s a n o s a n t e r i o r e s , a G u a r d a C i v i l fbi v a l o r i z a d a c o m o i n s t i t u i ç ã o e t o r n o u - s e m u i t o r e s p e i t a d a
p e l a s o c i e d a d e . A c a r r e i r a d o g u a r d a - c i v i l e r a r e g i d a p e l a s m e s m a s leis q u e r e g i a m a c a r r e i r a d o
p o l i c i a l civil. O G o v e r n o M i l i t a r e x t i n g u i u essa i n s t i t u i ç ã o e e s t a b e l e c e u n o v a r e l a ç ã o e n t r e a s
instituições policiais. N e s s a época, iniciaram-se as políticas de integração da ação policial. Na
Polícia Civil, d e s t a c a r a m - s e os investimentos no setor de g e r e n c i a m e n t o de dados, infbrmação e
c o m u n i c a ç ã o . E s s a fase t e r m i n o u e m 2 0 0 5 , q u a n d o fbi e x t i n t a a S E S P e n o v a m e n t e fbi c r i a d o o
cargo de chefe de Polícia.

E s s a h i s t ó r i a fbi m a r c a d a p e l o s a v a n ç o s l e n t o s e a c e l e r a d o s d a P o l í c i a C i v i l , p o r m o m e n t o s d e v a -
lorização e crescimento, b e m c o m o p o r situações adversas de crise e a b a n d o n o . U m a história na
q u a l a l g u n s p r o b l e m a s f b r a m r e c o r r e n t e s , c o m o a falta d e p e s s o a l o u a f b r m a ç ã o i n a d e q u a d a d o s
recursos h u m a n o s e o precário a p a r e l h a m e n t o da instituição. Entretanto, m e s m o c o m o peso d e s -
ses f a t o r e s n e g a t i v o s , a P o l í c i a C i v i l m a r c o u s u a h i s t ó r i a c o m a ç õ e s q u e f o r t a l e c e r a m s u a m i s s ã o
i n s t i t u c i o n a l e a c o n s o l i d a r a m n o a t u a l Brasil m o d e r n o .
3.1 A REVOLUÇÃO DE 1930 E A POLÍCtA C!V<L DE MtNAS GERAtS

A R e v o l u ç ã o de 1930 d e s e n c a d e o u a c o n t e c i m e n t o s políticos q u e m a r c a r a m a historia da R e p ú b l i c a


brasileira, em especial o advento do Estado N o v o , um g o v e r n o autoritario, violento e centralizador.
O D e c r e t o n. 10 023, de 18 de agosto de 1931, criou a C h e ñ a de Polícia Civil do Estado de M i n a s
Cerais. O chefe da Polícia Civil ñ c o u i m e d i a t a m e n t e s u b o r d i n a d o ao secretario do Interior, q u e era
n o m e a d o p e l o p r e s i d e n t e d o E s t a d o ( D e c r e t o n . 1 0 023 d e 2 4 d e agosto d e 1931). N o m e s m o m ê s
fbi c r i a d o o D e c r e t o n . 1 0 0 3 0 , e s t a b e l e c e n d o q u e o c h e f e d e P o l í c i a r e q u i s i t a r i a d i r e t a m e n t e a o
c o m a n d a n t e - g e r a l , ao chefe do E s t a d o M a i o r ou aos c o m a n d a n t e s de u n i d a d e s da Força Pública os
oñciais e praças q u e julgasse necessários ao serviço policial, assim c o m o serviria c o m o ajudante de
o r d e n s do chefe de Polícia o oñcial da Força Pública q u e requisitasse para esse ñ m .

Na seção de Investigações e C a p t u r a s em G e r a l do Serviço de Investigações funcionaram, além do


C o r p o d e S e g u r a n ç a , seis d e l e g a c i a s c o m s e r v i ç o s e s p e c i a l i z a d o s , d i s t r i b u í d a s d a s e g u i n t e m a n e i r a :
Delegacia d e Segurança Pessoal, Delegacia d e O r d e m Pública, Delegacia d e F u r t o s , Delegacia d e
Roubos e Falsincações, Delegacia de C o s t u m e s e Jogos, Delegacia de Vigilância Geral.

O c o n ñ i t o d e i d e o l o g i a s e r a o a m b i e n t e d a é p o c a ( D U T R A , 1997; C A P E L A T O , 1997). N e s s e c o n -
texto, destacou-se a ação da Polícia Civil c o m m e d i d a s preventivas nas eleições e o c o m b a t e ao c o m u -
nismo, c o n s i d e r a d o u m e x t r e m i s m o político q u e precisava ser e x t i r p a d o d a s o c i e d a d e brasileira. N a s
eleições de 1935, os d e l e g a d o s auxiliares e especializados da Polícia Civil í b r a m d e s i g n a d o s para p e r -
c o r r e r os municípios, colaborar c o m as a u t o r i d a d e s locais e instruí-las sobre a legislação eleitoral.
E s s e fbi o a n o d a " I n t e n t o n a C o m u n i s t a " , n o m e p e j o r a t i v o d o s l e v a n t e s m i l i t a r e s c o m a n d a d o s p o r
Luiz C a r l o s Prestes e r e c h a ç a d o s p e l o G o v e r n o ( V I A N N A , 2003). A p ó s a a p r e e n s ã o de d o c u m e n t o s
dos arquivos de Luiz Carlos Prestes, a Polícia Civil p r o c e d e u a n u m e r o s a s pesquisas q u e c u l m i n a r a m
em buscas e prisões. Em M i n a s Gerais, locos de p r o p a g a n d a c o m u n i s t a fbram descobertos, boletins
extremistas fbram apreendidos, prisões preventivas fbram realizadas e processos instaurados.

E m geral, p r o c u r o u - s e c r i a r m e l h o r e s c o n d i ç õ e s p a r a esse t i p o d e c o n t r o l e social. E s s e fbi o c a s o d a


criação de um registro de empresas de publicidade e da organização de um cadastro das agremiações
de c a r á t e r e x t r e m i s t a ( M I N A S G E R A I S , 1936; 1937). A r e p r e s s ã o e o c e n t r a l i s m o m a r c a r a m a h i s t ó r i a
d a Polícia C i v i l n e s s a é p o c a , a s p e c t o s q u e s e r e l a c i o n a v a m d i r e t a m e n t e a o a u t o r i t a r i s m o e m e r g i d o
d e p o i s d e 1930. O E s t a d o N o v o t e v e u m ñ m e m 1 9 4 5 , q u a n d o G e t ú l i o V a r g a s fbi d e p o s t o .

O E s t a d o N o v o fbi u m g o v e r n o i n t e r v e n c i o n i s t a , c o m p o l í t i c a s e c o n ô m i c a s d e i n d u s t r i a l i z a ç ã o e p o l í t i -
cas sociais de a b s o r ç ã o d a s m a s s a s p o p u l a r e s , c o m d i r e i t o s e d e v e r e s . O n o r t e e r a a i n d u s t r i a l i z a ç ã o , e
o E s t a d o b r a s i l e i r o d e v e r i a c r i a r c o n d i ç õ e s p a r a a m o d e r n i z a ç ã o d o País. P a r a t a n t o , e r a c o n v e n i e n t e
p r e p a r a r - s e , a d q u i r i r f o r m a s m o d e r n a s d e a d m i n i s t r a ç ã o c o m ê n f a s e n a técíiica e n o m é r i t o .

O tecnicismo do E s t a d o N o v o afetou a Polícia Civil em dois aspectos. O p r i m e i r o diz respeito ao


m e l h o r a p a r e l h a m e n t o policial, capaz de i d e n t i ñ c a r e controlar infbrmações sobre os cidadãos, em
especial nas cidades m a i o r e s , o c u p a d a s p o r pessoas r e c é m - c h e g a d a s das zonas rurais, na m a i o r i a
trabalhadores industriais c o m seus familiares, q u e t i n h a m o direito de ser p r o t e g i d o s pela Polícia.
O s e g u n d o refere-se aos recursos h u m a n o s , p r i n c i p a l m e n t e o p l a n o de carreira, q u e se constituiu
em um dos gargalos históricos do d e s e n v o l v i m e n t o institucional da Polícia Civil de M i n a s Gerais.
Era u m a tentativa de c o m b a t e r o p r o b l e m a histórico da Polícia Civil relativo à carência de pessoaL
A p r e o c u p a ç ã o c o m o p l a n o de c a r r e i r a fbi
expressa pelo governador Benedito Valadares
Ribeiro, em m e n s a g e m enviada à Assembléia
L e g i s l a t i v a e m 1935. S e g u n d o o g o v e r n a d o r ,
dificuldades nas finanças do E s t a d o h a v i a m
impossibilitado a implantação do plano de
carreira, fundamental para a completa organi-
zação policial. Interessa a p o n t a r q u e outros
projetos t a m b é m tiveram o m e s m o destino,
c o m o a p r o m e s s a de u m a Polícia m o d e r n a
com critérios científicos e técnicos de atuação.

O s esfbrços n e s s e s e n t i d o e x i s t i r a m . E m 1934,
o s e r v i ç o de i d e n t i f i c a ç ã o fbi r e f b r m a d o e p e r -
feitamente aparelhado c o m arquivo de ñchas
fotográñcas, índice e desdobramento dos
arquivos datiloscópicos (MINAS GERAIS,
1935). D a m e s m a f b r m a , e m 1936, a P o l í c i a
Civil recebeu um laboratório técnico para
perícias microscópicas, toxicológicas e graneas
d o l o c a l d o c r i m e ( M I N A S G E R A I S , 1936).

Aivaro Batista de Oliveira, chefe de Potícia. Essas reanzações signiñcaram um grande


Be!o Horizonte. MG, 1 9 3 3 / 1 9 3 5 . Acervo APM. avanço, insuñciente, p o r é m , para suprir u m a
demanda histórica, de carência de infra-
estrutura adequada, m o d e r n a e aparelhada, para u m a ação policial mais enciente. O m e s m o a c o n -
teceu em relação à carência de recursos humanos.

D e p o i s de fracassado o projeto do plano de carreira, a l g u m a s m e d i d a s paliativas fbram p r o v i d e n -


ciadas, c o m o a criação do serviço de c o n t r o l e das diligências policiais e a divisão do E s t a d o em
zonas controladas p o r delegados auxiliares. E n t r e t a n t o , a d e m a n d a histórica da Polícia Civil p e r -
m a n e c e u no p e r í o d o seguinte, e a relevância dessas primeiras e tímidas i n t e r v e n ç õ e s consistiu no
i n í c i o d e u m a n o v a fase, n a q u a l a P o l í c i a C i v i l d e M i n a s G e r a i s d e u s e u s p r i m e i r o s p a s s o s n o
processo de m o d e r n i z a ç ã o brasileira.

O s e r v i ç o d e M e d i c i n a L e g a l fbi o g r a n d e b e n e ñ c i a d o , n a d é c a d a d e 1930, j u n t a m e n t e c o m o P r o n t o -
Socorro, q u e era o hospital de assistência da Polícia Civil. A m b o s fbram favorecidos pelas políticas
assistencialistas q u e m a r c a r a m a h i s t ó r i a p o l í t i c a b r a s i l e i r a n e s s a é p o c a . O p e r í o d o fbi c a r a c t e r i z a d o
p o r a m p h a ç ã o e m e l h o r a m e n t o s no D e p a r t a m e n t o de Assistência Policial e M e d i c i n a Legal. Em
1936, p o r e x e m p l o , f b r a m feitas r e f b r m a s n a s i n s t a l a ç õ e s d o s s e r v i ç o s m é d i c o e d e n t á r i o , e o a m b u -
l a t ó r i o fbi r e n o v a d o , b e m c o m o í b r a m a d q u i r i d o s u m a p a r e l h o d e r a i o - X e d u a s a m b u l â n c i a s ( M I N A S
G E R A I S , 1936).

O a m b i e n t e p o l í t i c o p r o p í c i o p a r a p o l í t i c a s a s s i s t e n c i a l i s t a s fbi o c o n t e x t o d a c r i a ç ã o d o a l b e r g u e
policial e m Belo H o r i z o n t e , e m 1937, u m i m p o r t a n t e i n s t r u m e n t o n a n s c a l i z a ç ã o e n o c o n t r o l e d a
m e n d i c â n c i a e dos m e n o r e s abandonados. Essa função era característica de u m a Polícia tradicional,
herdada dos primeiros policiamentos m o d e r n o s surgidos no ñ n a l do século XIX:
Os governos das cidades se responsabilizavam p o r todos os outros, d e s d e os órfãos até os s e m - t e t o .
Para muitas dessas pessoas necessitadas, os d e p a r t a m e n t o s de polícia e r a m o lugar de confluência.
Os postos policiais t i n h a m salas separadas, u m a espécie de d o r m i t ó r i o , para abrigar os 'hóspedes'
d u r a n t e a noite. C a d a cidade variava n a q u i l o q u e fornecia, mas as a c o m o d a ç õ e s e r a m primitivas e
h m i t a d a s a apenas algumas noites. Um policial anotava o n o m e de cada pessoa e, algumas vezes,
dava informações mais detalhadas (idade, lugar de nascimento, profissão, 'de o n d e vinha' e desti-
nação). Estes serviços policiais não passaram incógnitos n e m para os pobres n e m para as autoridades
municipais ( M O N K K O N E N , 2003, p. 585).

A prisão e o p r e s o e r a m o m a l necessário, u m a seqüela indesejável da s o c i e d a d e c r e d i t a d a aos


c u i d a d o s da Polícia Civil. N e s s a época, as cadeias t i n h a m instalações precárias e em p é s s i m o esta-
d o d e c o n s e r v a ç ã o . O G o v e r n o s e e s f o r ç o u p a r a s u p r i r essa d e n c i ê n c i a e i n t e n s i ñ c o u a s r e f o r m a s
em prédios e cadeias do interior do Estado. N e s s e aspecto, destacou-se a nova política prisional
i n a u g u r a d a pelo E s t a d o N o v o , cujo m o d e l o era a C o l ô n i a P e n a l de R i b e i r ã o das N e v e s , i n a u g u r a -
d a e m 1 9 3 8 . A g u a r d a d o s p r e s o s , e n t r e o s s e r v i ç o s p o l i c i a i s , e r a a q u e m a i s sofria a s c o n s e q ü ê n c i a s
dos p r o b l e m a s históricos da Polícia Civil, de carência de recursos h u m a n o s e infra-estrutura insu-
ñ c i e n t e , t e m a s r e c o r r e n t e s e m t o d a s a s fases d e s s e p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o .

A p r i m e i r a fase d e s s e p r o c e s s o t e r m i n o u e m 1945, c o m o ñ m d o E s t a d o N o v o e c o m a d e m o c r a t i z a -
ç ã o b r a s i l e i r a . N e s s a p r i m e i r a e t a p a , a P o l í c i a C i v i l e n f r e n t o u t r ê s d e s a ñ o s : e m r e l a ç ã o aos r e c u r s o s
humanos, à infra-estrutura e à guarda dos presos; carências q u e p e r m a n e c e r a m nos anos seguintes e
ganharam dimensões de acordo com as necessidades demandadas no processo de modernização da
P o l í c i a C i v i l e d o Brasil. N e s s e p r o c e s s o , a P o l í c i a C i v i l t r a n s f o r m o u - s e e m u m a i n s t i t u i ç ã o c o m
g r a n d e p o d e r e r e s p e i t o social, n a s d é c a d a s d e 1950 e 1960, a t é e n t r a r e m crise, p e r c e b i d a , p r i n c i p a l -
m e n t e , n a s d é c a d a s d e 1980 e 1990. Foi u m a h i s t ó r i a m a r c a d a p e l a s u p e r a ç ã o d e c a r ê n c i a s e d e l i m i -
tações, p e l o esforço e pela c a p a c i d a d e de a d e q u a r - s e ao t e m p o e às suas novidades.

Atunos da Escoia de Poücia, em autas de instrução física em juiho de 1939. Acervo Polícia Civil.
3.2 1 9 4 5 - 1 9 5 6 : A POLÍCiA CtVtL NA DEMOCRAOA

O p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o b r a s i l e i r a fbi c o n r u r b a d o . E m r o d a s a s s u a s e t a p a s , o c o r r e r a m t r a n s -
fbrmações rápidas na e c o n o m i a e na s o c i e d a d e q u e a u m e n t a r a m e criaram d e m a n d a s para a Polícia.
A historia da Polícia Civil de M i n a s G e r a i s aponta para o c r e s c i m e n t o da instituição em r i t m o
m e n o r q u e o a u m e n t o das d e m a n d a s de u m a sociedade em constante m u d a n ç a . Para a m e n i z a r esse
d é ñ c i t n e s s e p e r í o d o , a v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l s e g u i u u m a c u r v a a s c e n d e n t e . A s a ç õ e s efetivas
que visavam a u m a m u d a n ç a profunda na estrutura da Polícia e r a m d e m a n d a s antigas q u e o Estado
N o v o a p e n a s e s b o ç o u r e a l i z a r , c o m o o p l a n o d e c a r r e i r a e a s m e l h o r i a s físicas r e a l i z a d a s n o p e r í o -
d o a n t e r i o r . F o i n o p e r í o d o e n t r e 1945 e 1 9 5 6 q u e a l g u m a s d e s s a s a ç õ e s í b r a m c o n c r e t i z a d a s .

A s t r a n s f b r m a ç õ e s n e c e s s á r i a s c o m e ç a r a m a s e r feitas p o r m e i o d e u m a l e g i s l a ç ã o e s p e c í ñ c a . A p a r -
t i r d e 1946, u m a s é r i e d e leis e s t r u t u r o u a c a r r e i r a d e P o l í c i a , c o m a d e n n i ç ã o d e c a r g o s , f u n ç õ e s e
s a l á r i o s , e m g e r a l leis q u e p r o c u r a r a m v a l o r i z a r o p o l i c i a l civil. E s s e fbi o c a s o d o D e c r e t o - L e i n . 9
108, d e 2 9 d e a b r i l d e 1946, q u e i n s t i t u i u o " D i a d o s P o l i c i a i s C i v i s e M i l i t a r e s " , c o m e m o r a d o n o
d i a 2 1 d e abril. O c o n j u n t o d e s s a s leis d e t e r m i n a v a , p o r e x e m p l o , a a p r o v a ç ã o d o d e p a r t a m e n t o
administrativo da C h e ñ a de Polícia, a criação de cargos no serviço de Polícia técnica, a r e o r g a n i -
zação do q u a d r o de funcionários do d e p a r t a m e n t o de Assistência Policial e M é d i c o Legal, b e m
c o m o a n o m e a ç ã o de d e l e g a d o s de Polícia, s u b d e l e g a d o s e seus respectivos suplentes. O p o n t o
m á x i m o d e s s a fase d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l fbi o D e c r e t o - L e i n . 2 1 2 5 , q u e c r i o u o s s e g u i n t e s
cargos, c o m p o s t o s de 1 c o r r e g e d o r - g e r a l , 1 auxiliar de corregedoria, 20 delegados adjuntos, 1 o ñ -
cial d e g a b i n e t e d o c h e f e d e P o l í c i a , 1 a s s i s t e n t e t é c n i c o d e c o n t a b i l i d a d e e 6 0 e s c r i v ã e s .

O u t r a m e d i d a i m p o r t a n t e fbi o D e c r e t o n . 2 147, q u e o r g a n i z o u a C h e ñ a d e P o l í c i a n o s s e g u i n t e s
setores, órgãos, d e p a r t a m e n t o s , serviços, delegacias e s u b d e l e g a d a s : gabinete do chefe de Polícia;
corregedoria-geral; d e p a r t a m e n t o administrativo; d e p a r t a m e n t o de investigação; assistência t é c n i -
c a d e c o n t a b i l i d a d e ; seis d e l e g a c i a s a u x i l i a r e s ; n o v e d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s ; d e l e g a c i a d e s e g u -

Desfite da Guarda Civü, 1959. Acervo Policia Civil.


rança pessoal; delegacia de o r d e m pública; delegacia de o r d e m econômica; delegacia de assistência
social; d e l e g a c i a n s c a l d e c o s t u m e s e j o g o s ; d e l e g a c i a d e t r â n s i t o e a c i d e n t e s ; d e l e g a c i a d e v i g i l â n -
cia g e r a l e r e p r e s s ã o a v a d i a g e m ; d e l e g a c i a d e d i s t r i t o s d a C a p i t a l ; 7 0 d e l e g a c i a s a d j u n t a s ; d e l e g a -
cias m u n i c i p a i s ; s u b d e l e g a c i a s d i s t r i t a i s d o i n t e r i o r ; d e l e g a c i a s e s p e c i a i s ; d e p a r t a m e n t o d e p r o n t o -
s o c o r r o e m e d i c i n a l e g a l ; g u a r d a civil; s e r v i ç o e s t a d u a l d e t r â n s i t o ; s e r v i ç o d e r e g i s t r o s d e
estrangeiros; serviço m é d i c o da Polícia Civil; serviço de Polícia técnica; escola de Polícia; serviço
de identincação; serviço de estatística policial e criminal; serviço de vigilância de m e n o r e s ;
radiopatrulha; casa de correção; colônia penal; cadeias regionais; cadeias públicas; a l b e r g u e poli-
cial; t r a n s p o r t e s p o l i c i a i s ; c o r p o d e s e g u r a n ç a ; e s c r i v ã e s d e P o l í c i a ; c a r c e r e i r o s ; p e r i t o s ; d e s t a c a -
m e n t o s policiais; Ínspetoria de agentes de Polícia do interior.

A p r i o r i d a d e era suprir a carência de pessoal. F o r a m estabelecidos os critérios para o r e c r u t a m e n t o


d a P o l í c i a leiga, e n t r e o s c i d a d ã o s d e c o m p r o v a d a i d o n e i d a d e , p a r a e x e r c e r e m f u n ç õ e s p o l i c i a i s . N a
época, era prática c o m u m , d i a n t e da escassez histórica em relação aos r e c u r s o s h u m a n o s , a Polícia
Civil designar um m o r a d o r local para ser d e l e g a d o em sua cidade, pois e r a m p o u c o s os delegados
d a P o l í c i a C i v i l p a r a s u p r i r t o d o s o s m u n i c í p i o s m i n e i r o s . O D e c r e t o - L e i n . 2 105, d e 2 5 d e a b r i l d e
1947, r e g u l a m e n t o u essa p r á t i c a c o m n o v o s c r i t é r i o s d e r e c r u t a m e n t o . E r a a p e n a s u m r e m é d i o
paliativo; a Polícia Civil precisava o r g a n i z a r u m a e s t r u t u r a de carreira c o m mais r e c u r s o s h u m a n o s
e cargos b e m deñnidos.

A questão f u n d a m e n t a l era d e ñ n i r c o m clareza qual o papel institucional da Polícia Civil na nova


o r d e m democrática e garantir u m a estrutura organizacional m í n i m a para o seu f u n c i o n a m e n t o de
f o r m a s a t i s f a t ó r i a . A s s i m , essa l e g i s l a ç ã o p r o c u r o u i n s t i t u i r a C o r r e g e d o r i a - G e r a l e a C o r r e g e d o r i a
Jurídica. Ela d e ñ n i a a C h e ñ a de Polícia c o m o e n c a r r e g a d a de serviços policiais e s e g u r a n ç a p ú b l i -
ca, c r i a v a a P o l í c i a d e c a r r e i r a , c o n s u l t o r i a j u r í d i c a , c o m i s s ã o j u l g a d o r a d e i d o n e i d a d e d a s a u t o r i -
d a d e s leigas, d e l e g a c i a s a d j u n t a s , q u a d r o s d e e s c r i v ã e s e e s c r e v e n t e s , d e l e g a c i a d e a s s i s t ê n c i a s o c i a l ,
serviço anexo de vigilância de menores, radiopatrulha, curso de seleção e formação pessoal.

A P o l í c i a d e c a r r e i r a e r a "[...] c o n s i d e r a d a a b a s e d e t o d a b o a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l , p o i s [ a t r a í a ] p a r a
seus quadros e l e m e n t o s interessados em realizar suas atividades c o m qualidade, visando ao cresci-
m e n t o n a c a r r e i r a p o l i c i a l " ( M I N A S C E R A I S , 1947). A p r o n s s i o n a l i z a ç ã o e r a o a l v o d e s e j a d o , e a
r e g u l a m e n t a ç ã o de u m a carreira policial fazia-se p r e m e n t e , pois, s e m u m a d e n n i ç ã o clara dos car-
gos e e n c a r g o s , a P o l í c i a C i v i l c o n t i n u a r i a p r e s a a p o l í t i c a s p e r s o n a l i s t a s . A C o r r e g e d o r i a - C e r a l e r a
um e x e m p l o de m u d a n ç a . Sua função era ñscalizar as atividades policiais e prestar consultoria
j u r í d i c a à C h e ñ a d e P o l í c i a ( M I N A S G E R A I S , 1947).

A l g u n s ó r g ã o s e s e r v i ç o s q u e j á f u n c i o n a v a m a n t e r i o r m e n t e f b r a m r e g u l a m e n t a d o s p o r essa l e g i s -
lação, c o m o o s e r v i ç o d e v i g i l â n c i a d e m e n o r e s e a a s s i s t ê n c i a t é c n i c a d e c o n t a b i l i d a d e . O s e r v i ç o d e
vigilância de m e n o r e s tinha a função de a c o l h e r crianças desvalidas, reajustando-as ao convívio das
famílias o u e n c a m i n h a n d o - a s à s i n s t i t u i ç õ e s c o m o o A l b e r g u e P o l i c i a l . A a s s i s t ê n c i a t é c n i c a d e c o n -
tabilidade controlava o o r ç a m e n t o da Polícia Civil, e s p e c i ñ c a m e n t e as verbas destinadas às diligên-
cias policiais, à a s s i s t ê n c i a social, à a l i m e n t a ç ã o de p r e s o s , ao t r a n s p o r t e e aos g a s t o s c o m p e s s o a l e
m a t e r i a l . O u t r o s ó r g ã o s c r i a d o s fbram: a D e l e g a c i a d e A s s i s t ê n c i a S o c i a l , r e s p o n s á v e l p e l o s d e s v a l i -
d o s e p e l a v i g i l â n c i a d a falsa m e n d i c â n c i a ; a E s c o l a d e P o l í c i a D e s e m b a r g a d o r Rafael M a g a l h ã e s , d e s -
t i n a d a aos p o l i c i a i s c o m c u r s o s d e f b r m a ç ã o p r o ñ s s i o n a l ; e a E s c o l a T i r a d e n t e s , p a r a a f b r m a ç ã o b á s i -
c a e p r e p a r a ç ã o d o s c a n d i d a t o s p a r a a E s c o l a Rafael M a g a l h ã e s ( M I N A S G E R A I S , 1947).
A Polícia Civil p r o c u r a v a c o r r e s p o n d e r às novas necessidades de um serviço mais e n c i e n t e e profis-
sional, b e m c o m o a d e q u a r - s e à realidade político-administrativa do E s t a d o de M i n a s G e r a i s . N e s s e
sentido, r e a g r u p o u sua a d m i n i s t r a ç ã o geográfica em circunscrições. Em 1947, fbram criadas 70 cir-
c u n s c r i ç õ e s , m a s e s s e n ú m e r o m o d i f i c o u - s e d e a c o r d o c o m a s n e c e s s i d a d e s . A s s i m , e m 1950, fbi c r i -
ada u m a circunscrição especial para o f u n c i o n a m e n t o do C o n s e l h o Regional de Circunscrições e
Trânsito. Nesse m e s m o ano, os municípios de Aiuroca, Carvalhos e L i b e r d a d e passaram a constituir
a 7 2 ' c i r c u n s c r i ç ã o p o l i c i a l c o m s e d e e m A i u r o c a ( P o r t a r i a n . 2 153, d e 2 6 d e m a i o d e 1950). E s s e
m o d e l o d e c i r c u n s c r i ç ã o visava a s s e g u r a r a p r e s e n ç a d e d e l e g a c i a s a d j u n t a s e m t o d a s a s r e g i õ e s d e
M i n a s G e r a i s ( M I N A S G E R A I S , 1947; 1950).

Delegacias Gerais fbram criadas em regiões especiais, o n d e a d e m a n d a pelos serviços policiais era
maior, c o m o e m Belo H o r i z o n t e , J u i z d e Fora e l Y i â n g u l o M i n e i r o . Essas delegacias e r a m c o m a n -
dadas por autoridades comissionadas. A delegacia de Belo Horizonte era responsável pela vigilân-
cia n a p e r i f e r i a d a c i d a d e . N o T r i â n g u l o M i n e i r o , a D e l e g a c i a - G e r a l s e d i o u - s e e m U b e r a b a e e r a
responsável p o r articular os serviços de todas as delegacias da região e vigiar o intenso tráfego de
veículos no T r i â n g u l o Mineiro. Em J u i z de Fora, a justiñcativa era a t e n d e r ao m o v i m e n t o da cidade
e d a r e g i ã o , c o m g r a n d e t r á f e g o d e v e í c u l o s e c a p a c i d a d e i n d u s t r i a l ( M I N A S G E R A I S , 1950).

A c r i a ç ã o d e D e l e g a c i a s A u x i l i a r e s c o m p l e t a v a e s s e m o d e l o d e o r g a n i z a ç ã o . F o r a m c r i a d a s seis
Delegacias Auxiliares, q u e a t u a r a m em articulação c o m a C o r r e g e d o r i a e o D e p a r t a m e n t o de
I n v e s t i g a ç ã o . A s d u a s p r i m e i r a s D e l e g a c i a s A u x i l i a r e s t i n h a m ftmçÕes m a i s g e r a i s : a p r i m e i r a f u n -
c i o n a v a c o m o u m a c o n s u l t o r i a , a t u a n d o n o s c a s o s o m i s s o s e m lei; a s e g u n d a c o l a b o r a v a c o m a
C o r r e g e d o r i a - G e r a l . E m r e l a ç ã o a essas d u a s p r i m e i r a s , a s o u t r a s q u a t r o a p r e s e n t a v a m u m p e r ñ l
m a i s e s p e c í ñ c o , c u i d a n d o d o s c r i m e s c o n t r a a v i d a , da r e p r e s s ã o à v a d i a g e m , à falsa m e n d i c â n c i a e
a o u s o d e t ó x i c o s e e n t o r p e c e n t e s . A o s d e l e g a d o s a u x i l i a r e s , c a r g o c r i a d o p e l o D e c r e t o - L e i n . 2 147,
caberia realizar diligências na Capital e no interior, e s p e c i ñ c a m e n t e nos casos em q u e era
n e c e s s á r i a a a t u a ç ã o d i r e t a d a a u t o r i d a d e s u p e r i o r ( M I N A S G E R A I S , 1950).

A Polícia Civi! g a n h o u n o v o p e r ñ l d e p o i s de 1947. A t u a l i z o u sua o r g a n i z a ç ã o a d m i n i s t r a t i v a


geográñca, criou novos serviços e órgãos e d e ñ n i u um p l a n o de carreira. E r a m sinais de valoriza-
ç ã o c o n c r e t i z a d o s e m m a i o r i n c e n t i v o p a r a a i n s t i t u i ç ã o . O r e s u l t a d o fbi o a p e r f e i ç o a m e n t o d o s
s e r v i ç o s , o c r e s c i m e n t o d a P o l í c i a C i v i l e m t e r m o s físicos e o s e u r e c o n h e c i m e n t o s o c i a l . U m e x e m -
p l o d e s s e p r o c e s s o d e a p e r f e i ç o a m e n t o d o s s e r v i ç o s p o l i c i a i s fbi a c r i a ç ã o , e m j u l h o d e 1 9 4 9 , d o
serviço de mapas de controle, c o m o objetivo de a p r i m o r a r os inquéritos policias e controlar m e -
lhor os processos. O serviço p e r m i t i a ao corregedor, nos p r i m e i r o s dias de cada mês, saber o
n ú m e r o e x a t o d o s i n q u é r i t o s i n i c i a d o s , s u a s d a t a s e s u a c o n c l u s ã o . C o m isso, c o l a b o r a v a - s e c o m a
J u s t i ç a e m r e l a ç ã o a o t r â m i t e d o s p r o c e s s o s e m s e u s p r a z o s legais. E m seis m e s e s d e a t i v i d a d e ,
f b r a m p r e p a r a d o s , a p r o x i m a d a m e n t e , m i l ñ c h a s d e d e l i n q ü e n t e s ( M I N A S G E R A I S , 1950).

Os efeitos da valorização da Polícia Civil ñ^ram logo p e r c e b i d o s : o í n d i c e de c r i m i n a l i d a d e caiu em


1949, d e p o i s de dois anos consecutivos de c r e s c i m e n t o . A Polícia Civil c r e d i t o u essa q u e d a à m e -
lhoria nas apurações das infrações penais e nas capturas dos delinqüentes, e n ñ m , à m a i o r e n c i ê n -
cia d o s s e r v i ç o s p o l i c i a i s .

Foi assim, p o r e x e m p l o , e m 1954, q u a n d o o D e p a r t a m e n t o d e I n v e s t i g a ç ã o a n u n c i o u seu t r a b a l h o n a


p r e v e n ç ã o da c r i m i n a l i d a d e , c o m a e l u c i d a ç ã o d o s c r i m e s c o n t r a o p a t r i m ô n i o , a r e s t i m i ç ã o aos l e g í t i -
m o s p r o p r i e t á r i o s d o s objetos a p r e e n d i d o s e i n t e n s a c a m p a n h a c o n t r a jogos p r o i b i d o s , n a q u a l e f e t u o u
i n ú m e r a s prisões. O D e p a r t a m e n t o d e I d e n t i n c a ç ã o h a v i a e x p e d i d o 1 4 0 8 9 c a r t e i r a s d e i d e n t i d a d e ; o
D e p a r t a m e n t o d e R e g i s t r o d e E s t r a n g e i r o , 9 9 5 c a r t e i r a s ; 6 8 6 g u i a s d e i n s c r i ç ã o e 700 p a s s a p o r t e s
brasileiros; í b r a m e n c a m i n h a d o s 9 2 p r o c e s s o s d e n a t u r a l i z a ç ã o , c o n c e d i d o s 9 9 vistos e m p a s s a p o r t e s
e s p e c i a i s e t r a d u z i d o s 500 p a s s a p o r t e s e s t r a n g e i r o s . N o A b r i g o B e l o H o r i z o n t e , fbram i n t e r n a d a s 1 855
pessoas e o P r o n t o - S o c o r r o a t e n d e u a 5 4 7 1 casos ( M I N A S G E R A I S , 1954).

O P r o n t o - S o c o r r o c o n t i n u o u a ser privilegiado pela política assistencialista, m e s m o no arranjo


político-democrático após-1945. Em 1953, p o r e x e m p l o , o G o v e r n o autorizou a c o n s t r u ç ã o de u m a
n o v a s e d e , m a i o r e m a i s m o d e r n a . N e s s e a n o , íbi feita u m a r e f b r m a n a r e d e e l é t r i c a e a d q u i r i d o s
u m a l a v a n d e r i a e n o v o s v e í c u l o s . O D e p a r t a m e n t o d e M e d i c i n a L e g a l fbi i n s t a l a d o e m p r é d i o
p r ó p r i o , um m a r c o na história da Polícia Civil. Na P o r t a r i a n. 729, de 27 de o u t u b r o de 1952, o
chefe de Polícia considerou:

A sensível elaboração do índice populacional da capital e do E s t a d o acarretou o a u m e n t o da c r i m i -


nj nalidade no tocante à segurança da pessoa e da vida; q u e os ]audos d e v e m ser apresentados de
^ pronto, à requisição das autoridades, p r i n c i p a l m e n t e nos casos de prisões em ñ a g r a n t e p o r crime e
^ contravenções anançáveis ou em q u e o indiciado se livra i n d e p e n d e n t e m e n t e da prestação da
o fiança; que, em decorrência, mister se faz maior articulação e n t r e os serviços de M e d i c i n a
"g. Legal e das diversas Delegacias de Polícia, inclusive as de plantão, e as autoridades judiciárias; q u e
Ê a e s t r u t u r a amai do d e p a r t a m e n t o de P r o n t o - S o c o r r o e M e d i c i n a Legal não c o r r e s p o n d e às n e c e s -
z sidades; q u e os serviços de M e d i c i n a Legal, c o m o laboratório de toxicologia, já se e n c o n t r a m insta-
lados em ediñcio r e c é m - c o n s t r u í d o e d e v i d a m e n t e aparelhado; que, por t u d o isso, necessário se
t o r n a o p r o c e s s a m e n t o de estudos preliminares, objetivando a dar no futuro u m a maior a m p l i t u d e
e a u t o n o m i a aos serviços médico-legais; ñ n a l m e n t e esses estudos, além da parte p r o p r i a m e n t e
g teórica, consistem t a m b é m em p ô r em prática, ainda q u e a título precário, tentativas de execução
B daquilo q u e se p r e t e n d e criar ou organizar, s e m ferir o principio de hierarquia legal ( A L M E I D A ,
E 2004, p 201).

o A M e d i c i n a Legal era um serviço e s p e c í ñ c o da atividade policial e precisava ter condições para


S a g i r d e a c o r d o c o m s u a e s p e c i ñ c i d a d e . E m 1954, a n u n c i o u - s e a p r e p a r a ç ã o d e 3 6 7 6 l a u d o s , 2 4 7
E a t e s t a d o s d e s a n i d a d e m e n t a l , 1 552 d e ó b i t o s e 3 0 d i l i g ê n c i a s n o i n t e r i o r ( M I N A S G E R A I S , 1 9 5 4 ) .

^ Esse breve e superñcial relato oferece a d i m e n s ã o da ação da Polícia Civil na época, q u e tinha
d i f e r e n t e s ñ-entes d e a t u a ç ã o : i n v e s t i g a ç ã o c r i m i n a l ; i d e n t i n c a ç ã o d o s c i d a d ã o s b r a s i l e i r o s e d o s
estrangeiros, até m e s m o emissão de passaportes; c u i d a d o de m e n o r e s abandonados, enfermos sem
recursos, c o m o mendigos, m a n t e n d o um serviço de albergue e de pronto-socorro. Fica evidente a
presença m a r c a n t e da Polícia Civil na s o c i e d a d e mineira. Esse ó r g ã o estava em plena ascensão e
g a n h a v a e s p a ç o e v a l o r i n s t i t u c i o n a l , e v i d e n c i a d o s n a s r e f b r m a s físicas e e s t r u t u r a i s n o s s e u s p r é -
dios e nas suas instalações.

M u d a n ç a s o c o r r e r a m t a m b é m n a D e l e g a c i a d e O r d e m Pública, transferida, e m 1954, para insta-


lações mais adequadas na Rua G o n ç a l v e s Dias, 1 079, d a d o o crescente n ú m e r o de detentos. F o r a m
criadas, nessa delegacia, três seções, dirigidas p o r delegados regionais: a seção de o r d e m política e
social; a seção de armas, m u n i ç õ e s , explosivos e p r o d u t o s q u í m i c o s agressivos; e a seção especial de
vigilância ( M I N A S G E R A I S , 1954).
As cadeias eram u m a das prioridades desse processo de m u d a n ç a , por ser o setor mais precário da
P o i í c i a C i v i l . A p r e o c u p a ç ã o e r a , p r i n c i p a l m e n t e , c o m a s i n s t a l a ç õ e s físicas d o s e s t a b e l e c i m e n t o s
prisionais. N e s s e s e n t i d o , as Leis n. 349 e n. 4 6 9 ñ z e r a m u m a revisão do r e g i m e c a r c e r á r i o e d e t e r -
m i n a r a m a r e f o r m a d o s a n t i g o s p r e s í d i o s e a c o n s t r u ç ã o d e n o v o s . P a r a c u m p r i r e s s a s leis, e m 1950,
a Chefia de Polícia, c o m a colaboração da Secretaria de Viação e O b r a s Públicas, organizou um
p r o g r a m a especializado de p l a n e j a m e n t o de cadeias q u e previa a r e m o d e l a ç ã o e a adaptação das
a t u a i s ( M I N A S G E R A I S , 1950).

A Polícia Civil iniciava um a m p l o processo de e s t r u t u r a ç ã o e institucionalização. O p r o b l e m a era


o ritmo lento dessas m u d a n ç a s , incapaz de a c o m p a n h a r as d e m a n d a s q u e cresciam c o m mais rapi-
dez. O efeito desse d e s c o m p a s s o era desastroso, c o m o a situação da C a s a de C o r r e ç ã o em 1954, q u e
t i n h a c a p a c i d a d e p a r a 100 d e t e n t o s , m a s g u a r d a v a 3 7 0 i n t e r n o s ( M I N A S G E R A I S , 1954). O d é f i c i t
p r i s i o n a l , q u e p r e o c u p a v a e e s t a v a m u i t o l o n g e d e s e r r e s o l v i d o , e r a u m p r o b l e m a q u e fugia c o m -
p l e t a m e n t e ao controle da Polícia Civil, u m a instituição c o m muitas obrigações, p o r é m carente de
recursos h u m a n o s e materiais.

A atuação ligada ao trânsito era u m a exceção nessa realidade. P o r m e i o do S e r v i ç o de T r â n s i t o da


C a p i t a ] , c r i a d o e m 1916, e s s e s e t o r p r o c u r o u a c o m p a n h a r a s d e m a n d a s s u r g i d a s c o m o c r e s c i m e n -
t o i n d u s t r i a l e a u r b a n i z a ç ã o . N a d é c a d a d e 1950, o s s e r v i ç o s d e t r â n s i t o g a n h a r a m r e l e v â n c i a e
a t e n ç ã o , u m a t e n d ê n c i a q u e s e fortaleceu nos anos s e g u i n t e s . E m 1950, d u a s m e d i d a s a p o n t a v a m
p a r a essa t e n d ê n c i a : a m o d e r n i z a ç ã o na infi-a-estrutura m a t e r i a l da i n s p e t o r i a de T r â n s i t o e nas
Circunscrições no interior e a organização da Polícia Rodoviária, em e n t e n d i m e n t o s c o m o
C o n s e l h o Rodoviário, o C o n s e l h o Regional de T r â n s i t o e o D e p a r t a m e n t o de Estradas e R o d a g e n s .

A construção de u m a sede própria confirmava o espaço privilegiado usufruído pelo Serviço


E s t a d u a l d e T r â n s i t o ( S E T ) . E s s a s e d e foi c o n s t r u í d a n o i n í c i o d a d é c a d a d e 1950. E m 1952 f u n -
c i o n a v a m , n a n o v a s e d e , o s g a b i n e t e s d e t r a b a l h o d a d i r e ç ã o , a sala d e s e ç õ e s d o C o n s e l h o R e g i o n a l
de Trânsito, a C h e ñ a do S e r v i ç o Administrativo, a D e l e g a c i a de T r â n s i t o e A c i d e n t e s , o c a r t ó r i o e
a s u b i n s p e t o r i a , a s e ç ã o de V e í c u l o s e C o n d u t o r e s , a c o n t a b i l i d a d e , a n s c a l i z a ç ã o g e r a l , a c a m p a - ^

n h a e d u c a t i v a e o p r o t o c o l o ( M I N A S G E R A I S , 1952). ¿

Essa e s t r u t u r a c r e s c e u . E m 1 9 5 3 , foi c r i a d o o c u r s o p a r a e x a m i n a d o r e s e ñ s c a i s d e t r â n s i t o , b e m c o m o
instaladas u m a biblioteca especializada, u m a tipograña e u m a seção de fbtograña ( M I N A S G E R A I S ,
1954). N o a n o s e g u i n t e , f o r a m c r i a d o s d o i s n o v o s s e t o r e s — a s e ç ã o d e e n g e n h a r i a e o g a b i n e t e d e p s i -
cotécnico. A seção de engenharia promovia estudos técnicos sobre n o r m a s de trânsito e p r e v e n ç ã o de
acidentes, c o m o planejamentos, d e s e n h o s e análises estatísticas e periciais. A função do gabinete de psi-
c o t é c n i c a e r a a u x i h a r n a s e l e ç ã o e n a o r i e n t a ç ã o v o c a c i o n a l d o s m o t o r i s t a s ( M I N A S G E R A I S , 1955).

Percebe-se nessas ações u m a p r e o c u p a ç ã o em tratar o trânsito de fbrma m o d e r n a , c o m técnicas e


p r o c e d i m e n t o s - p a d r ã o e m e d i d a s d i s c i p l i n a r e s legais. U m p a d r ã o q u e c o m e ç a a ser d e m a n d a d o
t a m b é m no interior, c o m o mostra a constante redivisão administrativa g e o g r á ñ c a dos serviços de
trânsito. E m 1955, p o r e x e m p l o , fbram criadas 1 3 novas c i r c u n s c r i ç õ e s d e t r â n s i t o n o i n t e r i o r d e
M i n a s G e r a i s ( M I N A S G E R A I S , 1955).

A b o a fase i n s t i t u c i o n a l d o S e r v i ç o E s t a d u a l d e T r â n s i t o p r o d u z i u u m a i n t e r e s s a n t e i n i c i a t i v a — a
r e v i s t a Ty^ÍKj/ro, ó r g ã o o ñ c i a l d o S e r v i ç o E s t a d u a l d e T r â n s i t o d e M i n a s G e r a i s , c r i a d a e m 1 9 5 3 .
TwKj'/yo e r a u m a r e v i s t a e s p e c í ñ c a p a r a o t r a b a l h o d a P o l í c i a e , a o m e s m o t e m p o , v o l t a d a p a r a u m
p ú b l i c o a m p l o , f o r m a d o p o r m o t o r i s t a s , advogados e u s u á r i o s das vias p ú b l i c a e m geral. C o m o
órgão oñcial, divulgava as n o r m a s indispensáveis à segurança no tránsito e m u n i a as delegacias de
Polícia do interior de fontes de decisões, referencias, observações e legislação. C o m o revista volta-
da para o público ampio, realizava c a m p a n h a s de e d u c a ç ã o e publicava artigos sobre temas rela-
c i o n a d o s a o t r a n s i t o ( M I N A S G E R A I S , 1954).

E m 1 9 5 5 , o D e c r e t o n . 4 532, d e 3 0 d e m a r ç o d e 1 9 5 5 , a p r o v o u o r e g u l a m e n t o d a S u p e r i n t e n d e n c i a
do Serviço Estadual de Transito. O Serviço Estadual de Tránsito era um órgão integrante da anti-
g a C h e ñ a d e P o l í c i a c r i a d o p e l o D e c r e t o - L e i n . 6 6 , d e 1 8 d e j a n e i r o d e 1938. S u a f u n ç ã o e r a r e a l i z a r
o e s t u d o , o p l a n e j a m e n t o , a o r g a n i z a ç ã o , a e x e c u ç ã o ou a o r i e n t a ç ã o , a c o o r d e n a ç ã o e a n s c a l i z a ç ã o ,
b e m c o m o dos assuntos e p r o v i d e n c i a s relativas ao transito p ú b l i c o em t o d o s os territórios do Estado,
s e g u i n d o a s n o r m a s d o C o n s e l h o R e g i o n a l d e T r a n s i t o ( L e i n . 4 5 3 2 , d e 3 0 d e m a r ç o d e 1955).

A Polícia Civil havia passado p o r u m a experiencia de m o d e r n i z a ç ã o d e s d e 1945, q u e a t r a n s f o r m o u


em um u m a instituição com amplo poder de ação e razoável estrutura administrativa. O Serviço
E s t a d u a l d o T r â n s i t o é u m e x e m p l o p o s i t i v o d e s s a e x p e r i ê n c i a , e n t r e t a n t o essa n o v a s i t u a ç ã o
trouxe mais problemas do q u e desenvolvimento, c o m o a g u a r d a dos presos e a incapacidade da
Polícia Civil e m a c o m p a n h a r o n ú m e r o c r e s c e n t e d e crimes e m u m a s o c i e d a d e e m processo d e
i n d u s t r i a l i z a ç ã o e u r b a n i z a ç ã o . A i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o e a e s t r u t u r a ç ã o da P o l í c i a C i v i l p r e c i s a v a m
ser aprofundadas. Era preciso oferecer condições de acordo c o m a estrutura do Estado, m o d i ñ c a r
a r e l a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l c o m o p o d e r c e n t r a l d o G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s . E s s a fbi a p r o v i d ê n -
cia d e t e r m i n a d a p e l a L e i n . 1 5 2 7 , d e 3 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 5 6 , q u e m a r c o u o i n í c i o d e u m a n o v a
fase n a h i s t ó r i a d a P o l í c i a C i v i l .

Desfile da Guarda Civil, 1959. Acervo Poücia Civil.


3 . 3 1956-1964: A CRtAÇÃO DA SECRETARÍA DE SEGURANÇA PÚBUCA E A EXPANSÃO DA POLÍCtA CtViL

O c o r o a m e n t o d o p r o c e s s o d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l o c o r r e u e m 1936, q u a n d o a L e i n . 1 4 3 3 , d e
1 2 d e m a i o d e 1936, t r a n s f o r m o u a C h e ñ a d e P o l í c i a e m S e c r e t a r i a d e E s t a d o d e S e g u r a n ç a P ú M i c a
( S E S P ) . C o m o n o p e r í o d o a n t e r i o r , o i n s t r u m e n t o d e m u d a n ç a fbi a l e g i s l a ç ã o . E r a m m e d i d a s d e va-
lorização da Polícia q u e c o n t r i b u í a m para a i d e n t i d a d e proñssional dos pohciais, c o m o o d e c r e t o esta-
b e l e c e n d o o s m e i o s d e i d e n t i n c a ç ã o p a r a o s s e r v i d o r e s d a P o l í c i a Civil. A g r a n d e t r a n s f b r m a ç ã o v e i o
c o m a L e i n. 1 4 3 5 , q u e c r i o u a S E S P , cujo n o v o s e c r e t a r i o e r a o p r ó p r i o c h e f e de Polícia.

N e s s a supersecretaria c o n c e n t r a v a - s e a e s t r u t u r a administrativa relativa à s e g u r a n ç a pública de


M i n a s Gerais, i n c l u i n d o a Polícia Civil, q u e teve seu titular m á x i m o , o chefe de Polícia, transfbr-
m a d o e m s e c r e t á r i o . A P o l í c i a C i v i l g a n h o u fbrça p o l í t i c a a o v i n c u l a r - s e a u m a s e c r e t a r i a e s p e c í ñ -
c a d e s e g u r a n ç a p ú b l i c a ; m a i s d o q u e isso, o s e c r e t á r i o e r a o c h e f e d e P o l í c i a . P o d e - s e a ñ r m a r q u e
a P o l í c i a C i v i l g a n h o u y/^yy^.f d e s e c r e t a r i a c o m a L e i n . 1 4 5 3 , d e 1 9 5 6 , u m a v e z q u e , n a p r á t i c a , c o n -
q u i s t o u i n v e s t i m e n t o s , feitos d e f b r m a a m p l a , n o s a s p e c t o s m a t e r i a i s e h u m a n o s : n a e s t r u t u r a
política administrativa, na valorização da carreira de Polícia, nas refbrmas de instalações e na c o m -
pra de novos i n s t r u m e n t o s e aparelhos.

N o v a l e g i s l a ç ã o fbi c r i a d a p a r a r e g u l a m e n t a r a S E S P , d e t e r m i n a r s u a i n s e r ç ã o n a a d m i n i s t r a ç ã o g
política do E s t a d o e suas funções, b e m c o m o o ñ m c i o n a m e n t o d o s ó r g ã o s q u e a f o r m a v a m . A Polícia o
C i v i l fbi a l v o d e s s a l e g i s l a ç ã o , q u e a t a c o u u m p r o b l e m a h i s t ó r i c o d a i n s t i t u i ç ã o , d e d e n n i ç ã o e g
pronssionalização da carreira policial. O D e c r e t o - L e i n. 1 391, de 28 de d e z e m b r o de 1945, havia g
estabelecido um plano de carreira, entretanto era necessária u m a regulamentação especíñca, prin- o
c i p a l m e n t e d e a c o r d o c o m a r e a l i d a d e d a P o l í c i a C i v i l e m 1956, d e p o i s d o p r o c e s s o d e c r e s c i m e n - ^
to apontado no período anterior e do novo m o d e l o de segurança concretizado c o m a SESP. g

Essas m u d a n ç a s e r a m necessárias, c o n f o r m e i n f b r m a o r e l a t ó r i o de 1957. D i a n t e da n e c e s s i d a d e de g


m e d i d a s especiais de organização e ação, criou-se o ó r g ã o c o m m a i o r órbita de atividade e a u t o n o - ^
mia administrativa, c o m o objetivo de elevar o p a d r ã o do t r a b a l h o s de s e g u r a n ç a pública. A Lei n. g
1 5 2 7 , d e 5 1 d e d e z e m b r o d e 1956, o r g a n i z o u a c a r r e i r a d e d e l e g a d o e m c a t e g o r i a s . D e a c o r d o c o m
as comarcas do Estado, fbram d e ñ n i d o s critérios de p r o m o ç ã o nessa carreira, c o m o a exigência do
diploma de bacharel em Direito, m e d i a n t e seleção procedida em c o n c u r s o de provas e títulos. P o r
m e i o dessa refbrma, a c o m a r c a passou a contar c o m um delegado de carreira.

A Lei n. 1 527 r e e s t r u t u r o u as c a r r e i r a s de escrivão e e s c r e v e n t e , a u m e n t o u a r e m u n e r a ç ã o de p e -


rito e do investigador, b e m c o m o a m p l i o u seu efetivo. O d i p l o m a da Escola de Polícia passou a ser
exigido para o ingresso na carreira de d e l e g a d o de Polícia ( M I N A S G E R A I S , 1957b). A f b r m a ç ã o
proñssional e técnica era o alvo principal dessas m u d a n ç a s - buscava-se u n i f o r m i z a r e q u a l i ñ c a r o
a g e n t e d a a ç ã o p o l i c i a l . N e s s e s e n t i d o , fbi r e s e r v a d a à E s c o l a d e P o l í c i a a r e s p o n s a b i l i d a d e d e
p r e p a r a r o policial, oferecer-lhe o c o n h e c i m e n t o básico c o m u m e s p e c í ñ c o de sua função.

O r e g u l a m e n t o d a E s c o l a d e P o l í c i a Rafael M a g a l h ã e s h a v i a s i d o feito u m a n o a n t e s , e m 1 9 5 5 , e s t a -
b e l e c i d o p e l o D e c r e t o n . 4 5 5 1 , d e 3 0 d e m a r ç o d e 1933. E s s e d e c r e t o d e t e r m i n a v a q u e c o m p e t i a
e x c l u s i v a m e n t e à E s c o l a d e P o l í c i a Rafael M a g a l h ã e s , d i r e t a m e n t e s u b o r d i n a d a a o c h e í b d e p o l í c i a , a
instalação e a realização de cursos teóricos ou práticos de fbrmação, revisão, extensão ou t r e i n a m e n -
to intensivo do pessoal destinado ao d e s e m p e n h o da função policial no E s t a d o de M i n a s G e r a i s
( D e c r e t o n . 4 5 5 1 , d e 3 0 d e m a r ç o d e l 9 5 5 ) . C o m a v a l o r i z a ç ã o d a c a r r e i r a p o l i c i a l , e m 1956, essa e s c o -
l a estava e s t r u t u r a d a p a r a d e s e m p e n h a r s e u p a p e l . N e s s a é p o c a , i n i c i a r a m - s e o s c u r s o s d e I b r m a ç ã o
de d e l e g a d o s e de p e r i t o s c r i m i n a i s e í b i r e a l i z a d a , em a g o s t o de 1955, a ¿/<? ^j-fM^/oj
( M I N A S G E R A I S , 1956). E m 1961 fbi r e c o n h e c i d o o a p r i m o r a m e n t o d o s n o v o s c r i t é r i o s d e s e l e ç ã o
d a P o l í c i a C i v i l . N e s s e p r o c e s s o , fala-se d a n e c e s s i d a d e d e v a l o r i z a ç ã o d a E s c o l a d e P o l í c i a , d e s u a
e s t r u t u r a e de s e u s c u r r í c u l o s . A e s c o l a p r o c u r o u a t e n d e r a essas e x p e c t a t i v a s e, em 1967, o c o r r e u o
a p r i m o r a m e n t o do ensino da A c a d e m i a de Polícia, m e d i a n t e a criação do C u r s o de Alto Nível.

O a p r i m o r a m e n t o p r o ñ s s i o n a l p r e s s u p u n h a a d e n n i ç ã o clara e prática da função institucional da


Polícia Civil. N e s s e sentido, a t a c o u - s e o u t r o p r o b l e m a histórico da Polícia Civil — a q u e s t ã o p r i -
s i o n a l , q u e a n t e s d e 1930 j á e r a u m d o s g a r g a l o s d a a t u a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l . N e s s a é p o c a , n o c o n -
t e x t o d e ref(:)rmas p o l í t i c o - a d m i n i s t r a t i v a s , q u a n d o a P e n i t e n c i á r i a d e M u l h e r e s e a C o l ó n i a P e n a l
foram transferidas para a Secretaria do Interior, c o g i t o u - s e a possibilidade de retirar o p r e s o da
g u a r d a da Polícia Civil, pois p r e t e n d i a - s e u n i ñ c a r os e s t a b e l e c i m e n t o s penitenciários sob o c ó m a n -
te do da Secretaria do Interior A Penitenciária Agrícola de N e v e s deveria ser reorganizada de m o d o
^ a p e r m i t i r m e l h o r a p r o v e i t a m e n t o d o s s e u s r e c u r s o s , o M a n i c o m i o J u d i c i á r i o de B a r b a c e n a e a
E Penitenciária de M u l h e r e s d e v e r i a m ser r e f o r m a d o s e um S a n a t ó r i o Penal deveria ser constituído,
o A s i t u a ç ã o e x i g i a m e d i d a s u r g e n t e s , c o n f b r m e d e n u n c i o u o r e l a t ó r i o de 1956. A P e n i t e n c i á r i a
Agrícola de N e v e s tinha u m a p o p u l a ç ã o carcerária e funcional em t o r n o de mil pessoas. O
Ê M a n i c o m i o Judiciário de Barbacena completava 27 anos c o m suas estruturas ñsicas inadequadas e
S superadas, h a v e n d o necessidade u r g e n t e de a m p l i a ç ã o de suas instalações. A P e n i t e n c i á r i a de
^ M u l h e r e s funcionava de fbrma precária no Abrigo de Belo Horizonte, questão q u e precisava ser
g r e s o l v i d a ( M I N A S G E R A I S , 1956).

S N o A b r i g o B e l o H o r i z o n t e fbi c o n s t r u í d o u m n o v o p a v i l h ã o c o m a c a p a c i d a d e d e 3 5 l e i t o s . O
S Sanatório Penal passou a o c u p a r o antigo p r é d i o da Escola de Refbrma A n t ó n i o C a r l o s ( p r ó x i m o a
á Penitenciária de Neves), com as devidas adaptações. Iniciaram-se as obras da Colônia Penal, em
g t e r r e n o a d j a c e n t e à P e n i t e n c i á r i a d e N e v e s . N e s s a P e n i t e n c i á r i a f b r a m feitas ref()rmas ( M I N A S
^ G E R A I S , 1957).
g
g A idéia do G o v e r n o era criar penitenciárias regionais em p o n t o s estratégicos do interior de M i n a s
H Gerais. As u n i d a d e s prisionais existentes seriam r e f o r m a d a s e a d e q u a d a s . A Casa de C o r r e ç ã o
g fbi r e f b r m a d a e m 1959, t r a b a l h o r e a l i z a d o p e l o s p r ó p r i o s d e t e n t o s . F o r a m r e a l i z a d a s a s s e g u i n t e s
construções nesse estabelecimento prisional: um alojamento para 50 h o m e n s e o u t r o para a G u a r d a
m i l i t a r ; u m a g a l e r i a d e 1 0 salas i n d i v i d u a i s d e s t i n a d a s a i n d i v í d u o s i n a d a p t á v e i s ; u m a ala c o m
c ô m o d o s para a barbearia, para a m e c â n i c a e para o d e p ó s i t o de material; u m a caixa d'água, a l é m
da limpeza em t o d o o edifício do presídio, da refbrma de seu t e l h a d o e da r e d e de esgotos e da p a v i -
m e n t a ç ã o d o pátio i n t e r n o ( M I N A S G E R A I S , 1959).

U m n o v o e d i ñ c i o p a r a a C a s a d e C o r r e ç ã o , c o m o n o m e " P e n i t e n c i á r i a C e n t r a l " , íbi c o n s t r u í d o . A


p r á t i c a d e u t i l i z a r m ã o - d e - o b r a e r a u m a ñ l o s o ñ a a n t i g a d a C a s a d e C o r r e ç ã o , c r i a d a e m 1930:

O trabalho dos internos fbi iniciado em princípio de 1948, com m e l h o r a m e n t o s do p r ó p r i o presídio


e já, no ano seguinte, t o m o u novo impulso, pois os presos passaram, então, a trabalhar fora das
muralhas do casarão da Rua Uberaba. Reformas e adaptações de há m u i t o necessárias se e s t e n d e -
ram a outras repartições púbÜcas. N o s anos seguintes, as obras fbram a u m e n t a d a s em vulto; as
grandes realizações dos presos logo passaram a ser notadas. A c o n s t r u ç ã o do d e p a r t a m e n t o de
M e d i c i n a Legai, refbrmas no Palácio da Liberdade e outras, c o m o nas sedes da Organização das
Voluntárias, Legião Brasileira de Assistência, Lactário da C a m e l e i r a , Instituto 'Rau! Soares', e a
c o n s t r u ç ã o de 17 grupos escolares nos diversos bairros da capital, sob o patrocínio da Organização
das Voluntárias.

Mas não ficou em ref<)rmas c construções m e n c i o n a d a s o trabalho dos presos. O u t r a s reformas se


seguiram: a c o n s t r u ç ã o da nova sede do D e p a r t a m e n t o de Trânsito, o i m p o r t a n t e p r é d i o de linhas
m o d e r n a s na Avenida J o ã o P i n h e i r o ; o d e s m o n t e e a c o n s t r u ç ã o até o 1" andar, da sede do D O P S ; a
identificação, ate o !" p a v i m e n t o do D e p a r t a m e n t o de Investigações, na Lagoinha, o q u e veio
resolver um velho p r o b l e m a da Polícia; e, ainda, a c o n s t r u ç ã o do belíssimo p r é d i o da atual bibliote-
ca Ptihlica Estadual, na Praça da Liberdade.

A par das construções referidas, cada preso da então Penitenciária Central 'Antônio D u t r a Ladeira' se
especializava em um trabalho, de acordo com sua aptidão, sendo q u e a maioria era destinada ao tra-
balho de construções.

Na própria carpintaria do presídio, os presos executavam verdadeiras obras de arte em madeira, q u e


causavam inveja aos mais categorizados carpinteiros. A coxinha do casarão da Rua Uberaba fijrnecia
alimentação para seus internos e para todos os Distritos da capital e t a m b é m aos presos recolhidos do
D e p a r t a m e n t o de Investigação.

C o m o trabalho q u e desenvolviam, recebiam salários, p e r m i t i n d o - l h e s auxiliar suas famílias;


custeavam as despesas dos processos e pagavam a seus advogados. Enfim, sentiam-se ali recolhidos
e e m p e n h a d o s em atividades diversas, mais i n d e p e n d e n t e s ( L A D E I R A , 1971, p. 513).

Guardas cívís em forma, 1958. Acervo Potícia Civi!.


Essa ñ l o s o ñ a era a m e s m a e m 1956, q u a n d o t e v e início u m p l a n o d e refbrma n o s i s t e m a prisional,
visando ao m e l h o r e n q u a d r a m e n t o dos estabelecimentos existentes e sua ampliação progressiva de
a c o r d o c o m a s necessidades, aliada aos m o d e r n o s p r e c e i t o s d e t e r a p i a o c u p a c i o n a l ( M I N A S
G E R A I S , 1956).

A s s i m , a L e i n . 1 4 0 3 5 , d e 3 0 d e j a n e i r o d e 1956, d e t e r m i n o u n o v a e s t r u t u r a a d m i n i s t r a t i v a p a r a a
busca de correção, e em 1954 a Lei n. 1 897, de 13 de janeiro, m u d o u a d e n o m i n a ç ã o da C a s a de
C o r r e ç ã o para Penitenciária C e n t r a l . N e s s e m e s m o ano, planejou-se a c o n s t r u ç ã o d e u m novo edifí-
cio, o n d e h o j e é a P e n i t e n c i á r i a D u t r a L a d e i r a . O e d i f í c i o d a R u a U b e r a b a , o n d e f u n c i o n a v a a C a s a
d e C o r r e ç ã o d e s d e 1 9 5 1 , a p r e s e n t a v a p r o b l e m a s d e l o t a ç ã o , c o m o a p o n t o u L a d e i r a ( 1 9 7 1 , p . 312):

Em 12 de janeiro de 1951, na exposição de motivos feita ao G o v e r n a d o r do Estado, pelo chefe de


Polícia C a m p o s Christo, fbi solicitada m o d i h c a ç ã o no r e g u l a m e n t o e atribuições da e n t ã o Casa de
C o r r e ç ã o , u m a vez q u e o presídio já não comportava, em condições de perfeita higiene, os p r e -
sidiários q u e para ali e r a m e n c a m i n h a d o s pela delegacia da capital, do interior e do Estado e pela
própria Justiça, c o n v i n d o t a m b é m q u e fbsse articulado um sistema carcerário q u e m e l h o r atendesse
aos objetivos da C h e ñ a de Polícia.

Em 1959, o n o v o p r é d i o p l a n e j a d o visava s u p r i r a d e n c i ê n c i a de um p r e s í d i o q u e abrigava 357


i n t e r n o s o c i o s o s e m s u a s c e l a s ( M I N A S G E R A I S , 1 9 5 7 ; 1959). E s s e p r é d i o fbi c o n s t r u í d o e m 1968,
em terrenos da Penitenciária de Neves.

T o d o s o s o u t r o s s e t o r e s d a P o l í c i a C i v i l r e c e b e r a m i n v e s t i m e n t o s e m s e u s r e c u r s o s físicos e
h u m a n o s . E m 1960, p o r e x e m p l o , o c o r p o d e s e g u r a n ç a d o D e p a r t a m e n t o d e I n v e s t i g a ç ã o fbi
refbrçado c o m a admissão de novos investigadores, q u e fbram m a t r i c u l a d o s na Escola de Polícia.
Na Polícia técnica, h o u v e m e l h o r i a s de material e de pessoal e, em u m a iniciativa p i o n e i r a no
Brasil, fbi i n t r o d u z i d a a e l e t r o f b r e n s e p a r a t r a b a l h o s d e a n á l i s e i n s t r u t n e n t a i s .

ïnicto da construção do Departamento Construção do Departamento de investigação.


de investigação na Lagoinha. Beio Horizonte, Lagoinha, Beio Horizonte. 1959.

A s r e f b r m a s f o r a m feitas t a m b é m n a s d e l e g a c i a s . E m 1957, f e z - s e o a p a r e l h a m e n t o m a t e r i a l d a s
delegacias, c o m a c o n s t r u ç ã o de dois e d i ñ c i o s — o p r i m e i r o , de estilo funcional, o n d e seria insta-
l a d a a d e l e g a c i a do 4° d i s t r i t o , e o i t o d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s ; o s e g u n d o , p a r a a l o j a r a d e l e g a c i a
d o 1 ° d i s t r i t o e d i v e r s o s o u t r o s d e p a r t a m e n t o s d a S E S P ( M I N A S G E R A I S , 1957a). E m 1959 foi
possível a n u n c i a r a i n a u g u r a ç ã o de dois o u t r o s prédios, um para as delegacias especializadas e o
a r q u i v o c e n t r a l da P o l í c i a , e o s e g u n d o , p a r a o D e p a r t a m e n t o de O r d e m P o l í t i c a e S o c i a l , o
Guardas civis em ronda. 1964. Acervo Foticia Civil.

D e p a r t a m e n t o de E s t r a n g e i r o s e o S e r v i ç o de E s t a t í s t i c a P o ü c i a ! e C r i m i n a ! . Foi c o n c l u í d o o
s e g u n d o b!oco da sede do D e p a r t a m e n t o t¿stadua¡ de T r â n s i t o , c o n s t r u í d o c o m a m ã o - d e - o b r a dos
d e t e n t o s da Casa de C o r r e ç ã o , o q u e resultou n u m a e c o n o m i a a p r o x i m a d a de 3 0 % do custo tota!
d a o b r a . A l é m d i s s o , e m 1959 i n i c i a r a m - s e a s o b r a s d o n o v o e d i f í c i o d o ! 4 o s p i t a ! d o P r o n t o - S o c o r r o
( M I N A S G E R A I S , 1959). F o r a m i n s t a l a d o s m o d e r n o s e c o n f o r t á v e i s x a d r e z e s , c o m c a p a c i d a d e
para 250 detentos, em trânsito para outros presídios, no prédio construído para o D e p a r t a m e n t o de
I n v e s t i g a ç ã o e s u a s d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s ( M I N A S G E R A Í S , 1959). C o n s t r u i u - s e o p r é d i o
p r ó p r i o d o D e p a r t a m e n t o M é d i c o d a P o l í c i a C i v i l e fbi c r i a d a u m a s e ç ã o m é d i c a e m J u i z d e F o r a
( M I N A S G E R A I S , 1960).

O s i n v e s t i m e n t o s mais s u b s t a n c i o s o s v i e r a m n o início d a d é c a d a d e 1960, d e p o i s d e u m d i a g n ó s t i -


co calamitoso. Os pontos críticos a p o n t a d o s e r a m a situação precária do P r o n t o - S o c o r r o e a neces-
sidade de uma reforma administrativa no Departamento Médico da Polícia Civil, no
D e p a r t a m e n t o d e R e g i s t r o d e E s t r a n g e i r o s e n o S e r v i ç o d e i d e n t i f i c a ç ã o ( M I N A S G E R A I S , 1961).
N a M e d i c i n a L e g a l , a s i n s t a l a ç õ e s f()ram a m p l i a d a s c o m a c r i a ç ã o d o s l a b o r a t ó r i o s d e a n a t o m i a
p a t o l ó g i c a e d e f b t o g r a ñ a s , b e m c o m o d a s e ç ã o d e a r q u i v o s . R e c l a m a v a - s e d a falta d e p e s s o a l t é c -
nico e veículos, apesar das providências t o m a d a s para aquisição de um carro para transporte de
c a d á v e r e s e o e n s i n o d e M e d i c i n a L e g a l n a s d e p e n d ê n c i a s d o s e r v i ç o ( M I N A S G E R A I S , 1956). E m
1962, d e t e c t o u - s e a c a r ê n c i a d e f u n c i o n á r i o s , principalmente de médico-legista. No Pronto-
S o c o r r o , fbram a d q u i r i d a s 12 a m b u l â n c i a s , a d m i t i d o s 30 auxiliares de i'^nfermagem e r e g u l a r i z a d a
a situação de 12 m é d i c o s ( M I N A S G E R A I S , 1957b).

E m 1959, fbi i n s t a l a d a u m a c l í n i c a d e r e c u p e r a ç ã o d e q u e i m a d u r a s a p a r e l h a d a p a r a r e a l i z a r a t é
m e s m o t r a b a l h o s de c i r u r g i a plástica. Em 1960, o D e p a r t a m e n t o de P r o n t o - S o c o r r o e de M e d i c i n a
L e g a l fiii r e a p a r e l h a d o e f e z - s e a r e g t d a r i z a ç ã o d o p e s s o a l d o H o s p i t a l . N o D e p a r t a m e n t o M é d i c o
d a P o l í c i a C i v i l fbi i n s t a l a d o o L a b o r a t ó r i o d e P e s q u i s a C l í n i c a s . E m 1 9 6 3 , f()i p o s s í v e l i n i c i a r a s
obras de contribuição do novo Hospital do Pronto-Socorro, d e n o m i n a d o J o ã o XXIII, graças a c o n -
v ê n i o ñ r m a d o c o m o M i n i s t é r i o d a S a ú d e ( M I N A S G E R A I S , 1959; 1960; 1963).
o t r á n s i t o c o n ñ r m o u s u a r e l e v â n c i a e n t r e o s s e r v i ç o s e o b r i g a ç õ e s d a P o l í c i a C i v i l . Foi o s e t o r q u e
mais r e c e b e u investimentos e se e s t r u t u r o u . O interesse em relação ao trânsito é p e r c e b i d o d e s d e
1955, q u a n d o o D e c r e t o n. 4 532, de 30 de m a r ç o , a p r o v o u o r e g u l a m e n t o da S u p e r i n t e n d ê n c i a do
Serviço Estadual do Trânsito.

O serviço de trânsito, q u e ganhava c o r p o e forma, a p r o f u n d o u o p r o c e s s o de e x p a n s ã o e aperfeiçoa-


m e n t o de seus serviços. D e p o i s de aprovado seu r e g u l a m e n t o , o D e c r e t o n. 4 666, de 23 julho de
1955, criou as s e g u i n t e s funções: bibliotecário, p e r i t o , socializador, p s i c o t é c n i c o s , a m a n u e n s e s , artí-
ñ c e s e s e r v i ç a i s , b e m c o m o a u m e n t o u d e 100 p a r a 200 p o l i c i a i s . N e s s e a n o o c o r r e u a r e m o d e l a ç ã o
do órgão, q u e passou a ter a seguinte organização geral: gabinete do s u p e r i n t e n d e n t e , serviço
administrativo, seção de expediente e comunicações, delegacia de acidentes de trânsito, seção de
e n g e n h a r i a , seção de e d u c a ç ã o , biblioteca, g a b i n e t e m é d i c o , fiscalização geral, seção de veículos,
seção de c o n d u t o r e s de veículos, seção de multas e infrações, seção de c o n t a b i l i d a d e e o r ç a m e n t o ,
seção de material e almoxarifado, seção de estatística e d o c u m e n t a ç ã o , seção de c i n e m a t o g r a ñ a ,
e s c o l a o ñ c i a l d e t r â n s i t o , p o r t a r i a e g a r a g e m ( M I N A S G E R A I S , 1955).

tu
S N e s s e setor cresceu o esforço para u m a atuação mais abrangente e mais enciente. O órgão voltou-
o se t a m b é m para o interior, b u s c a n d o m e l h o r e s c o n d i ç õ e s de atuação. A seção dc e n g e n h a r i a passou
§. a prestar assistência técnica no interior para o l e v a n t a m e n t o e a instalação de aparelhos de sina-
lização urbana. O d e p a r t a m e n t o realizou c a m p a n h a s (por m e i o de p r o p a g a n d a ) c o m o objetivo de
r e d u z i r o s í n d i c e s d e a c i d e n t e s . Foi i n s t a l a d o n o d e p a r t a m e n t o u m g a b i n e t e d e p s i c o t é c n i c a , c o m
serviços psicotécnicos, sociais e administrativos. No g a b i n e t e e r a m e x a m i n a d o s , s i s t e m a t i c a m e n t e ,
todos os motoristas envolvidos em acidentes ou apanhados embriagados, candidatos à obtenção de
carteira, e m o t o r i s t a s p r o ñ s s i o n a i s faziam e x a m e s e testes de s e l e ç ã o e o r i e n t a ç ã o p r o ñ s s i o n a l .

A Superintendência de Trânsito buscou alternativas de atuação fazendo, além da seleção dos


motoristas, a i d e n t i n c a ç ã o dos a u t o m ó v e i s e a nscalização do trânsito. Em m e i o a essas a l t e r n a t i -
vas, a e d u c a ç ã o d o t r â n s i t o , b e m c o m o o a u m e n t o d o n ú m e r o d e ñ s c a i s , c o m o a c r i a ç ã o d o C o r p o
J u v e n i l do D e p a r t a m e n t o de T r â n s i t o ( D E T ) , instalado p a r a ñscalizar e i m p e d i r o furto de v e í c u -
los ( o r g a n i z a ç ã o i n s p i r a d a n o c o r p o d e ñ s c a i s d e t r â n s i t o ) , c o m 5 0 m e n o r e s s e l e c i o n a d o s m e d i a n t e
c o n c u r s o d a Associação M i n e i r a d e P r o t e ç ã o d e C r i a n ç a . A l é m disso, a u m e n t o u - s e o n ú m e r o d e
ñscais de trânsito, t o r n a n d o o serviço mais enciente, o q u e implicou o a u m e n t o do n ú m e r o de
c a r t e i r a s t e m p o r á r i a s a p r e e n d i d a s ( M I N A S G E R A I S , 1956).

O u t r o p o n t o trabalhado pela S u p e r i n t e n d ê n c i a diz respeito à e n g e n h a r i a de tráfego. N e s s e senti-


do, o d e p a r t a m e n t o prestou assistência técnica ao interior, e s p e c i ñ c a m e n t e na sinalização urbana,
e i n s t a l o u g a b i n e t e s d e p s i c o t é c n i c a . N o i n í c i o d a d é c a d a d e 1 9 6 0 , foi e l a b o r a d o u m p l a n o d e
tráfego nas avenidas A m a z o n a s e A n t ô n i o C a r l o s , c o m o objetivo de r e d u z i r os acidentes.

A segurança no trânsito apresentava-se c o m o primordial; era parte da segurança do cidadão, que


p r e c i s a v a t a m b é m s e r r e s p e i t a d o e m s u a v i d a p o l í t i c a . E s s a njnção r e l a c i o n a d a à o r d e m p o l í t i c a e r a
feita p e l a D e l e g a c i a E s p e c i a l i z a d a d e O r d e m P u b l i c a , q u e t e v e s u a e s t r u t u r a m o d i ñ c a d a e m 1956,
c o m a criação de novos setores: o de serviço de o r d e n s políticas e social; o de nscalização de armas,
m u n i ç õ e s e e x p l o s i v o s ; o de v i g i l â n c i a e s p e c i a l e c a r t ó r i o ; o de s e ç õ e s a d m i n i s t r a t i v a e t é c n i c a ; e o
d e d o c u m e n t a ç ã o e a r q u i v o ( M I N A S G E R A I S , 1956).
A a ç ã o p o l í t i c a r e a ü z a d a p e l a P o l í c i a C i v i l t e v e m a i s ê n f a s e n o i n í c i o d a d é c a d a d e 1960. A R m ç ã o
do D e p a r t a m e n t o de O r d e m Política e Social ( D O P S ) era levar ao c o n h e c i m e n t o das a u t o r i d a d e s
g o v e r n a m e n t a i s a r e a ç ã o d a p o p u l a ç ã o e m r e l a ç ã o a o s fatos e c o n ô m i c o s , p o l í t i c o s e s o c i a i s . A p r e -
visão ou o c o n h e c i m e n t o dessa r e a ç ã o possibilitava ao P o d e r P ú b l i c o a d o t a r as m e d i d a s de caráter
p r e v e n t i v o e g a r a n t i r a e s t a b i l i d a d e d o r e g i m e ( M I N A S G E R A Í S , 1959).

C o u b e a o D O P S d e n u n c i a r , e m 1960, a o r g a n i z a ç ã o d e m o v i m e n t o s g r e v i s t a s p r e s t e s a d e f l a g r a r e d e
e x e r c e r v i g i l â n c i a a n t e s e d e p o i s d a e c l o s ã o d e tais m o v i m e n t o s . A D e l e g a c i a d e V i g i l â n c i a E s p e c i a l
exerceu nscalização em todos os pontos de e m b a r q u e e d e s e m b a r q u e na Capital, com a ñnalidade de
a c o m p a n h a r a chegada e a saída de e l e m e n t o s h g a d o s ao e x t i n t o P a r t i d o C o m u n i s t a . N e s s a época, o
D O P S expandiu seu setor de r a d i o c o m u n i c a ç ã o instalando u m a estação central em sua sede e três
o u t r a s e m G o v e r n a d o r V a l a d a r e s , U b e r l â n d i a e M o n t e s (Claros ( M I N A S G E R A I S , 1960).

Essa ação d o D O P S era r e ñ e x o d o m o m e n t o político c o n t u r b a d o d a época, a n t e c e d e n t e d o m o v i -


m e n t o m i l i t a r d e 1964. A P o l í c i a C i v i l d e M i n a s G e r a i s a c o m p a n h o u o s a c o n t e c i m e n t o s p o l í t i c o s .
Justiñcou o movimento militar c o m o o

[...] direito q u e a sociedade tem de limitar a liberdade para o b e m c o m u m . O h o m e m e n q u a n t o


cidadão existe para o bem c o m u m . A política de segurança do h o m e m observa a constituição, as leis,
idealidades, padrões jurídicos da racionalidade, da justiça, da regularidade, etc; e s o m e n t e i n t e r v é m
em manifestações sociais da atividade individual, não interferindo nos atos de direito privado,
t o m a n d o as m e d i d a s necessárias da c o n f o r m i d a d e c o m o perigo real q u e ameaça os interesses gerais,
em p r o p o r ç ã o ao grau de perigo na efetivação da política de segurança, da p r o p r i e d a d e , das ativi-
dades de p r o d u ç ã o sanitária c de c o s t u m e s ( M I N A S G E R A I S , 1965).

Magathães Pinto, governador de Minas Gerais, acompanhado por deiegados. 1965.


Acervo Poiicia Civit.
Cerimônia de extinção da Guarda Civit. 1970. Acervo Poiícia Ctvü.
3.4 1 9 6 4 - 1 9 3 4 : !NTER!OR!ZAÇÃO, MODERNIZAÇÃO E !NFORMAT!ZAÇÃO DA POLÍCiA C)V!L

O go!pe m i ü t a r de 3! de m a r ç o de 1964 t r o u x e p o u c a s m u d a n ç a s à e s t r u t u r a da Polícia. Os eíeitos


d a n o v a c o n j u n t u r a p o l í t i c a c r i a d a c o m o R e g i m e M i l i t a r s u r g i r a m n o í i n a l d a d é c a d a d e 1960. O
fato m a i s i n o v a d o r n e s s a n o v a fase d e v a l o r i z a ç ã o d a i n s t i t u i ç ã o fbi a L e i O r g â n i c a d a P o l í c i a C i v i l ,
q u e s u r g i u e m u m m o m e n t o d e l i c a d o d a s u a h i s t ó r i a . O Brasil v i v i a a d i t a d u r a m i l i t a r e m s e u
m o m e n t o mais repressor. A Lei O r g â n i c a (Lei n. 5 406, de 16 de d e z e m b r o de 1969) c o r r e s p o n d i a
a u m a reivindicação da Polícia Civil e a p a r e c e u n u m a é p o c a em q u e a função do policial e sua
careira p r e c i s a v a m ser d e ñ n i d a s c o m clareza. A Lei O r g â n i c a d e 1969 consistia n u m p r o j e t o p o l í t i -
co amplo, no qual era revisto "o p o d e r de polícia e t a m b é m da política de o r d e m jurídica e segu-
rança, no sentido de p r o m o v e r em M i n a s G e r a i s , a i m p l a n t a ç ã o de um novo estilo de atuar, ajusta-
d o a o c o m p o r t a m e n t o oñcial dos novos aspectos d a r e a l i d a d e social, i n a u g u r a d a pela r e v o l u ç ã o d e
3 1 d e m a r ç o d e 1 9 6 4 " ( M I N A S G E R A I S , 1970).

Essa Lei estabeleceu um o r d e n a m e n t o jurídico mais racional e a b r a n g e n t e , c o m o objetivo de ofe-


recer à Polícia Civil melhores meios de atuação, dada sua nova estrutura, além de permitir m e -
lhores c o n d i ç õ e s aos s e r v i d o r e s policiais, b e m c o m o d e t e r m i n o u as s e g u i n t e s funções para a Polícia
Civil: p r o t e ç ã o à vida e aos bens, p r e s e r v a ç ã o da o r d e m e da m o r a l i d a d e pública, p r e s e r v a ç ã o das
instituições político-jurídicas e a p u r a ç ã o das infrações penais m e d i a n t e o exercício da Polícia
J u d i c i á r i a e da c o o p e r a ç ã o c o m as a u t o r i d a d e s judiciárias, civis e militares, em a s s u n t o s de s e g u -
rança i n t e r n a . A l é m desses objetivos, a Lei O r g â n i c a de 1969 d e t e r m i n o u a e s t r u t u r a a d m i n i s t r a t i -
va da instituição, os cargos q u e a fbrmam, os critérios de seleção e de p r o m o ç õ e s , além das
atribuições de seus órgãos e do policial.

Lfma n o v a l e g i s l a ç ã o fbi c r i a d a , c o m p l e m e n t a r à L e i O r g â n i c a , q u e v i s a v a m o d e r n i z a r a c a r r e i r a
p o l i c i a l . E s s e fbi o c a s o d a L e i n . 5 7 8 4 , d e 1 ° d e o u t u b r o d e 1 9 7 1 , q u e d e t e r m i n o u n o v a c o m p o s i ç ã o
p a r a a série de classes de detetives; e da Lei n. 8 181, de 30 de abril de 1982, q u e a u m e n t o u os c a r -
g o s d a P o l í c i a C i v i l . E s s a l e g i s l a ç ã o c o m p l e m e n t a r fez a r r a n j o s n e c e s s á r i o s , p e q u e n a s a d e q u a ç õ e s
p a r a a t e n d e r ao p r o c e s s o de d e s e n v o l v i m e n t o da instituição. C o m p l e t a v a a L e i n. 5 406, de 1969,
q u e instituiu a Lei O r g â n i c a da Polícia Civil.

A Lei Orgânica era parte de u m a ampla reestruturação da política de segurança q u e o Regime


M i l i t a r c o m e ç o u a i m p l a n t a r n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1960 e i n í c i o d a d é c a d a d e 1970. N e s s a é p o c a ,
a Lei n. 12 503, de m a r ç o de 1970, e x t i n g u i u a G u a r d a Civil. O d e s a p a r e c i m e n t o de um dos órgãos
do sistema de segurança signiñcava estabelecer u m a nova relação e n t r e a Polícia Militar e a Polícia
C i v i l . A G u a r d a C i v i l e r a , n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1960, u m d e p a r t a m e n t o d a P o l í c i a C i v i l r e s p o n -
s á v e l p e l o p o l i c i a m e n t o o s t e n s i v o , p e l a n s c a l i z a ç ã o d o t r â n s i t o e p o r a c o m p a n h a r o p o l i c i a l civil e m
suas diligências na C a p i t a l , J u i z de Fora, U b e r l â n d i a e U b e r a b a . A existência da G u a r d a Civil c o m o
u m d e p a r t a m e n t o d a Polícia Civil c o r r e s p o n d i a a u m m o d e l o d e polícias a u t o - s u ñ c i e n t e s , q u e a t u a v a m
em todo o ciclo de c o m b a t e ao crime, na sua p r e v e n ç ã o e na investigação dos crimes. O ñm da G u a r d a
C i v i l c o i n c i d i u c o m o m e s m o p e r í o d o d e r u p t u r a , n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1960, c o m a s e p a r a ç ã o d a s
a t r i b u i ç õ e s policiais. A P o l í c i a M i l i t a r ñ c o u r e s p o n s á v e l p e l o p o l i c i a m e n t o o s t e n s i v o e a P o l í c i a C i v i l
fazia a investigação:

C o m modelos cujas n o m e n c l a t u r a s divergem apenas q u a n t o as divisões administrativas, pratica


m e n t e todas as outras d e m o c r a c i a s c o n t e m p o r â n e a s apresentam um m e s m o p a d r ã o de policiais
a u t o s u f t d e n t e s no q u e se refere à atuação no d d o de c o m b a t e ao crime, coexistentes no m e s m o
país. O Brasi) estaria incluso nessa regra, não fosse a refbrma ocorrida no ñnal dos anos 60, q u e
instaurou a divisão de atribuições e a r u p t u r a do ciclo e n t r e a polícia q u e p r e v i n e e r e p r i m e o c r i m e
e a q u e investiga o delito e m a n t é m preso o criminoso ( S A P O R ! ; S O U Z A ; B A R R E T O , 2003, p. 2,
apud E M Í D I O H L H O , 2004, p 35).

A G u a r d a C i v i l c o n h e c e u o m e s m o p r o c e s s o d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l i n i c i a d o e m 1956.
D e s d e 1956, a i n s t i t u i ç ã o r e c e b e u u m g r a n d e i n c e n t i v o e m r e l a ç ã o a o s s e u s r e c u r s o s h u m a n o s e
ñsicos, c o m o o c o n c u r s o p a r a s u p r i r a d e ñ c i é n c i a n u m é r i c a de pessoal titulado. Em 1958, a G u a r d a
Civil era fbrmada p o r c i n c o de divisões para o p a t r u l h a m e n t o dos bairros e vilas da Capital. N e s s e
a n o , fbi feita a a m p l i a ç ã o d a r a d i o p a t r u l h a , c o m a a q u i s i ç ã o d e 2 5 c a r r o s n o v o s , 2 p a r a J u i z d e F o r a ,
1 p a r a U b e r a b a e 1 p a r a U b e r l â n d i a ( M I N A S G E R A I S , 1959).

A G u a r d a C i v i l íbi a g r a c i a d a c o m u m v o l u m e c a d a v e z m a i o r d e i n v e s t i m e n t o s n a s d é c a d a s d e 1940
e , p r i n c i p a l m e n t e , 1950. E s s a t e n d ê n c i a s e c o n ñ r m o u n o i n í c i o d a d é c a d a d e 1960. A G u a r d a C i v i l
^ c o n q u i s t o u r e s p e i t o c o m s e u c r e s c i m e n t o n a s d é c a d a s d e 1950 e 1960. E m 1 9 6 2 , p o r e x e m p l o , a
ã G u a r d a C i v i l a u m e n t o u s e u q u a d r o e m 500 n o v o s g u a r d a s e p a s s o u a c o n t a r c o m a c o b e r t u r a d e
o 100 d u p l a s d a P o l í c i a M i l i t a r Foi a d q u i r i d o n o v o f a r d a m e n t o e m a i s seis n o v o s c a r r o s p a r a a
'g, r a d i o p a t r u l h a . O p o l i c i a m e n t o íbi m o d i ñ c a d o c o m a a d o ç ã o d o s i s t e m a d e d u p l a s m ó v e i s , saiu d o
Ê sistema estático para o p a t r u l h a m e n t o móvel c o m maior c o b e r t u r a de área e criou divisões loca-
z l i z a d a s n o c o n j u n t o l A P ! e e m C a r l o s P r a t e s . O o b j e t i v o e r a g a r a n t i r a p r e s e n ç a d e g u a r d a s civis
¿¿ n o s d i v e r s o s p o n t o s d e B e l o H o r i z o n t e ( M I N A S G E R A I S , 1962).

M O p r o c e s s o d e v a l o r i z a ç ã o d a G u a r d a C i v i ! n a s d é c a d a s d e 1940 c 1950 t r a n s f o r m o u essa i n s t i t u i ç ã o ,


s q u e g a n h o u n o t o r i e d a d e e r e s p e i t o n o i n í c i o d a d é c a d a d e 1960. N e s s a é p o c a , a G u a r d a C i v i l e n c o n -
S trava-se em u m a situação estratégica, q u e exigia novos investimentos para c o n ñ r m a r sua p r e s e n ç a
g na sociedade para maior interiorização e a d e n s a m e n t o de sua atuação na Capital. Foram transfbr-
3 m a d o s em divisões os d e s t a c a m e n t o s de J u i z de Fora, U b e r a b a e U b e r l â n d i a . C r i a r a m - s e mais d u a s
g divisões na C a p i t a l e a P a m p u l h a passou a ser policiada c o m d u p l a s de policiais m o t o r i z a d o s em ves-
g p a s ( M I N A S G E R A I S , 1963).

^ A G u a r d a C i v i l c o n q u i s t o u r e s p e i t o c o m s e u c r e s c i m e n t o n a s d é c a d a s d e 1950 e 1960, a t é p e l o
¿ m e n o s 1964, q u a n d o o p r o c e s s o d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l s o f r e u u m a i n n e x ã o . O s i n v e s t i m e n -
tos na G u a r d a Civil d e c a í r a m s u b s t a n c i a l m e n t e d e p o i s de 1964. A i n s t i t u i ç ã o h a v i a r e c e b i d o
g r a n d e a p o i o a t é o i n í c i o d a d é c a d a d e 1960 e , c o m isso, a d q u i r i d o g r a n d e fbrça i n s t i t u c i o n a l e
r e c o n h e c i m e n t o sócia!, e n t r e t a n t o e s t a v a fbra d a o r i e n t a ç ã o g e r a l d a p o l í t i c a d e s e g u r a n ç a p ú b l i c a
do Regime Militar A centralização do p o d e r era incompatível c o m a existência de u m a terceira
fbrça p o l i c i a l , a l é m d a P o l í c i a C i v i l e d a P o l í c i a M i l i t a r . N e s s a é p o c a , o c o r r e u a r u p t u r a c o m o
modelo de polícia a u t o - s u ñ c i e n t e q u e tratava de todas as etapas de c o m b a t e do crime.

Foi c o n s t i t u í d o u m n o v o m a p a i n s t i t u c i o n a l c o m o ñ m d a G u a r d a C i v i l . A p e n a s d u a s forças p o l i -
ciais p a s s a r a m a a t u a r — a P o l í c i a C i v i l e a P o l í c i a M i l i t a r O ñm da G u a r d a C i v i l e r a p a r t e do
processo de reestruturação da política de segurança pública proposta pelos governos militares.
J u n t a m e n t e c o m e s s e fato, e r a f i i n d a m e n t a l e s t a b e l e c e r , c o m c l a r e z a , a c a r r e i r a e a s f u n ç õ e s d o p o l i -
cial civil, o q u e fbi f e i t o p o r i n t e r m é d i o d a L e i O r g â n i c a . P a r a c o m p l e t a r e s s e p r o c e s s o d e c o n s t i -
tuição e instituição da carreira policial, era preciso garantir a boa fbrmação proñssional desse poli-
cia!. N e s s e s e n t i d o , a E s c o l a d e P o l í c i a Rafael M a g a l h ã e s fbi c o m p l e t a m e n t e r e e s t r u t u r a d a . E r a
fundamental criar um padrão m í n i m o de fbrmação, e para tanto era necessário refbrmular a Escola
de Polícia, q u e seria responsável p e l o p r e p a r o p r o ñ s s i o n a l dos policiais.

A r e e s t r u t u r a ç ã o d a E s c o l a d e P o l í c i a c o m e ç o u a s e r feita e m 1 9 6 6 , c o m o D e c r e t o n . 9 7 6 1 , d e 1 2
de maio, q u e m o d i ñ c o u a d e n o m i n a ç ã o dessa escola para A c a d e m i a de Polícia de M i n a s G e r a i s
( A C A D E P O L ) e e s t a b e l e c e u s e u n o v o r e g u l a m e n t o . A ñ n a l i d a d e d a A C A D E P O L e r a "[...] m i n i s -
trar cursos de fbrmação ou aperfeiçoamento do pessoal da Polícia Civil e realizar pesquisas rela-

Detegado no horário do ianche. 1966. Poüciais recebendo diploma do


curso de aperfeiçoamento. 1970.
Acervo Poücia Civii.

c l o n a d a s c o m o a p e r f e i ç o a m e n t o d o s s e r v i ç o s p o H c i a s " ( D e c r e t o n . 9 7 6 1 , d e 1 2 d e m a i o d e 1966).
P o s t e r i o r m e n t e , a Lei O r g â n i c a m o d i ñ c o u essa ñ n a l i d a d e , ao d e ñ n i r m e t a s e s p e c í ñ c a s em relação
à fbrmação e à carreira do policial, b e m c o m o valorizou o ó r g ã o na h i e r a r q u i a administrativa da
Polícia Civil. Assim, a A C A D E P O L

[...] passou a ñ g u r a r c o m o órgão superior da Polícia Civil, com a ñ n a l i d a d e de ministrar cursos t é c -


nico-proñssionais e de grau m é d i o e superior aos servidores policiais, obedecida a legislação
especíñca, b e m c o m o p r o m o v e r cursos, concursos e exames de seleção para o p r o v i m e n t o de car-
gos de natureza e s t r i t a m e n t e policial civil ( L A D E I R A , 1971, p. 243).

Os efeitos dessa t r a n s f b r m a ç ã o se ñ z e r a m p e r c e b e r nas ações da A C A D E P O L , q u e se i n t e n s i ñ c a r a m


n a d é c a d a d e 1970. E m 1972, f b r a m o f e r e c i d o s c u r s o s t é c n i c o s e p r o ñ s s i o n a i s d e g r a u m é d i o e s u p e -
r i o r p a r a p o l i c i a i s , a l é m d e c o n c u r s o s e e x a m e s d e s e l e ç ã o . E m 1974, fbi c r i a d o o L a b o r a t ó r i o d e
P e s q u i s a s D i d á t i c o - P e d a g ó g i c a s , d e s t i n a d o à r e a l i z a ç ã o de e s t u d o s e à c r i a ç ã o e a d a p t a ç ã o de t é c n i -
cas d e e n s i n o e p e s q u i s a s n o c a m p o d a a p r e n d i z a g e m . N e s s e a n o , a A c a d e m i a i n s t i t u i u c u r s o d e
a p e r f e i ç o a m e n t o p o r c o r r e s p o n d ê n c i a p a r a p o l i c i a i s l o t a d o s n o i n t e r i o r . E m 1978, n o p r o c e s s o d e
regionalização e m o d e r n i z a ç ã o do sistema de segurança e trânsito, ocorrido do longo da década de
1970, c r i o u - s e o P r o g r a m a d e F o r m a ç ã o e T r e i n a m e n t o d e P e s s o a l n a Á r e a d e S e g u r a n ç a .

C o m o objetivo d e a p e r f e i ç o a r o s r e c u r s o s h u m a n o s , f b r a m i n t r o d u z i d a s m a t é r i a s d e n a t u r e z a a d m i -
nistrativa n o s c u r r í c u l o s d a A C A D E P O L . E m 1979, a n u n c i a r a m - s e a s p r i n c i p a i s m e d i d a s d e s s e p r o -
g r a m a : s e l e ç ã o d e p e s s o a l p a r a c a r r e i r a , f b r m a ç ã o e a p e r f e i ç o a m e n t o d e p o l i c i a i s civis, i n t e n s i n c a ç ã o
d o s c u r s o s d e c o r r e s p o n d ê n c i a , t r e i n a m e n t o a d m i n i s t r a t i v o p a r a s e r v i d o r e s d e d i c a d o s à s tarefas b u r o -
cráticas e e x a m e s d e a p t i d ã o p r o ñ s s i o n a l p a r a c a n d i d a t o s a f u n ç õ e s d e s e g u r a n ç a e m e m p r e s a s p a r t i -
c u l a r e s . N e s s e a n o , a n u n c i o u - s e a f b r m a ç ã o d e 4 5 1 policiais. E m 1980, fbi e s t a b e l e c i d a c o m o r e g r a a
f b r m a ç ã o inicial e p e r m a n e n t e do p o l i c i a l e f e z - s e a t r a n s f e r ê n c i a da A C A D E P O L p a r a as a n t i g a s a c o -
m o d a ç õ e s d a E s c o l a d e E d u c a ç ã o Física, n a G a m e l e i r a ( M I N A S G E R A I S , 1972; 1974; 1979).
Pnmeira muiher Guarda Civil. 1967. Acervo Poiicia Civil.

inauguração da ACADEPOL na Gameieira. Beto i-torizonte. 1978. Acervo Potícia Ctvil.


E s s e fbi u m p e r í o d o d e r e m a n e j a m e n t o d a s P o Ü c i a s M i ü t a r e C i v i l , q u a n d o a p a u t a d a i n t e g r a ç ã o
e n t r e essas i n s t i t u i ç õ e s e n t r o u e m d e b a t e . E m 1 9 7 2 , o t i t u l a r d a S E S ^ c o r o n e l O d e l m o T e i x e i r a
C o s t a , a p o n t o u p a r a essa t e n d ê n c i a e d e f e n d e u a i n t e g r a ç ã o p l e n a d a s a ç õ e s d a P o l í c i a C i v i l e d a
P o l í c i a M i l i t a r . S e g u n d o o s e c r e t á r i o , "[...] s e g u r a n ç a é feita a t r a v é s d e p l e n o e n t r o s a m e n t o .
S e g u r a n ç a n ã o s e c o n s e g u e a t r a v é s d e a ç õ e s i s o l a d a s [...]" ( A T I V I D A D E . . . , 1 9 7 2 ) . O p r o b l e m a e r a
c o m o f a z e r isso; afinal, e r a m p o l í c i a s q u e n ã o d o m i n a v a m o p r o c e s s o d e c o m b a t e d o c r i m e . A i n t e -
gração das Polícias Militar e Civil estava no c e n t r o das discussões, u m a situação q u e atingia d i r e -
t a m e n t e a Polícia Civil, mais especificamente em relação à sua missão institucional.

Em relação às atribuições da Polícia Civil, destaca-se, em 1972, o c o n v ê n i o feito c o m o M i n i s t é r i o


da Justiça e a Polícia Federal, p o r m e i o do qual se delegava ao Estado a e x e c u ç ã o dos serviços de
P o l í c i a a é r e a e d e f r o n t e i r a s , q u e s e r i a feito p e l o D e p a r t a m e n t o d e R e g i s t r o e p e l a C e n t r a l P o l i c i a l
da Polícia Civil. N e s s e ano, a n u n c i o u - s e a ação da Polícia na nscalização de diversões públicas
( M I N A S G E R A I S , 1972).

As atribuições da Polícia Civil afetavam p r o f u n d a m e n t e a i d e n t i d a d e da instituição, i m p l a n t a d a


p e l a s n o v a s o r i e n t a ç õ e s p o l í t i c a s . E s s a i d e n t i d a d e p r e c i s a v a s e r r e a ñ r m a d a , e n e s s e s e n t i d o fbi
i m p l a n t a d a , e m 1976, a A s s e s s o r i a d e R e l a ç õ e s P ú b l i c a s , c o m o o b j e t i v o d e d e s m i t i f i c a r a i m a g e m
r e p r e s s i v a d a P o l í c i a C i v i l . Foi n e s s e a n o q u e s e r e a v a l i o u o p r o c e s s o d e i n t e r a ç ã o d a s P o l í c i a s , c o m
a reorganização da C o o r d e n a ç ã o - G e r a l de Segurança ( C O S E G ) para o estabelecimento do plan-
tão e, principalmente, para a criação de um E s t a d o M a i o r C o m b i n a d o das Polícias Civil e Militar.
Em 1976, fbram ñxadas normas gerais e especiais para a Polícia Judiciária e a Polícia
A d m i n i s t r a t i v a ( M I N A S G E R A I S , 1976).

A r e e s t r u t u r a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l fbi a c o m p a n h a d a , n o s p r i m e i r o s a n o s d a d é c a d a d e 1970, p e l a v a -
l o r i z a ç ã o d e p o l i c i a l , m e d i a n t e p o l í t i c a s a s s i s t e n c i a l i s t a s . A s s i m , e m 1972, o C o l é g i o E s t a d u a l O r d e m
e P r o g r e s s o , q u e p e r t e n c i a à G u a r d a C i v i l , fbi a g r e g a d a à P o l í c i a C i v i l e p a s s o u a f u n c i o n a r c o m o
G i n á s i o E s t a d u a l T é c n i c o d e P o l í c i a . A m b o s a t e n d i a m o s ñ l h o s d o s p o l i c i a i s civis. E m 1 9 7 6 , n o v a s
iniciativas assistencialistas fbram p r o v i d e n c i a d a s , c o m o a c o n s t r u ç ã o do p r i m e i r o n ú c l e o residencial
d a Polícia Civil, e m p a r c e r i a c o m a C o m p a n h i a d e H a b i l i t a ç ã o ( C O H B ) . A s associações d e classe d e
detetives, escrivães e peritos elaboraram u m a relação de seus associados para p r o m o v e r a seleção dos
p r i m e i r o s b e n e ñ c i a d o s . A l é m d i s s o , t a m b é m e m 1976, a n u n c i o u - s e u m c o n v ê n i o p a r a a s s i s t ê n c i a
m é d i c a d e p o l i c i a i s e s e u s d e p e n d e n t e s e m J u i z d e F o r a . N e s s a é p o c a , fbi-se a p r o f u n d a n d o o p r o c e s -
so de investimentos em in&a-estrutura, a p a r e l h a m e n t o e m o d e r n i z a ç ã o da instituição. A especifici-
d a d e d e s s e p e r í o d o fbi o a p a r e l h a m e n t o em r e l a ç ã o à i n f b r m a ç ã o e à c o m u n i c a ç ã o ( M I N A S
G E R A I S , 1976).

Esse processo de investimentos em infi-a-estrutura, a p a r e l h a m e n t o , organização e m o d e r n i z a ç ã o da


i n s t i t u i ç ã o g a n h o u c o r p o . A e s p e c i f i c i d a d e d o p e r í o d o fbi o a p a r e l h a m e n t o e m r e l a ç ã o à i n f b r -
mação e à c o m u n i c a ç ã o . Era necessário m o d e r n i z a r e d i n a m i z a r a Polícia Civil, c o m o aponta
P a c h e c o (1969). O autor alerta para o a u m e n t o nos índices de c r i m i n a l i d a d e , além de r e c o n h e c e r
o d e s p r e p a r o do Polícia brasileira d i a n t e dessa situação. A r e e s t r u t t i r a ç ã o e a m o d e r n i z a ç ã o n ã o
e r a m v i s t a s c o m o difíceis o u i m p r o v á v e i s , f a l t a n d o a p e n a s v o n t a d e p o l í t i c a e p e s s o a l c a p a c i t a d o
para enfrentar o problema. Por intermédio de unidades de comando, infra-estrutura, unidades de
ação e p r o c e d i m e n t o , r e e q u i p a m e n t o e da d e s c e n t r a l i z a ç ã o , essas m e d i d a s se t o r n a r a m viáveis.
F o r a m adquiridos novos e q u i p a m e n t o s nos diversos órgãos da Potícia Civi!, em t o d o o p e r í o d o , o
q u e foi i n t e n s i ñ c a d o n a d é c a d a d e ! 9 7 0 . E m g e r a ! , o p r o c e s s o d e a p a r e ü i a m e n t o i n i c i a d o e m 1 9 5 6
a ! a r g o u - s e . N e s s e a s p e c t o , a n o v i d a d e n a d é c a d a d e 1 9 7 0 foi o p r o c e s s o d e i n f o r m a t i z a ç ã o e m o -
dernização do sistema de c o m u n i c a ç ã o que havia se esboçado no período anterior para, na década
d e 1 9 7 0 , t o r n a r - s e u m a d a s p r i n c i p a i s r e a l i z a ç õ e s d e s s a é p o c a . A s s i m , e m 1973 a n u n c i o u - s e a i n s t a -
lação do serviço de radiotelegrafia para contato com as capitais dos outros Estados. No ano
seguinte, fbram m o n t a d o s três e q u i p a m e n t o s SSB e firmados convênios c o m os Estados brasileiros
p a r a i n t e g r a r M i n a s G e r a i s a t o d o o B r a s i l p e l o s i s t e m a C W d e t e l e g r a ñ a . E m 1975, u m a m o d e r n a
c e n t r a l d e P A B X e n c o n t r a v a - s e e m fase final d e i n s t a l a ç ã o . E m 1976, ñ ) r a m l e g a l i z a d o s o s s i s t e m a s
existentes de t e l e c o m u n i c a ç ã o e criada a central de telex. Em 1978, a n u n c i o u - s e a m i c r o f i l m a g e m
dos prontuários criminais, o projeto de Infbrmações Policiais para centralização e consulta de
antecedentes e ocorrência criminais registradas em todas as u n i d a d e s e órgãos policiais do Estado.
Em 1979, fbram adquiridos equipamentos para a instalação do Sistema Integrado de
T e l e c o m u n i c a ç õ e s da SESP.

A m o d e r n i z a ç ã o e a i n f b r m a t i z a ç ã o de Polícia C i v i ! r e c e b e r a m n o v o a l e n t o na d é c a d a de 1980, c o m
o a d v e n t o d o c o m p u t a d o r . E s s e fbi o c a s o d a i m p l a n t a ç ã o d o p r o j e t o e m fase final d e S i s t e m a d e
Informações Policiais. Por m e i o dos r e c u r s o s e t e c n o l o g i a da C o m p a n h i a de T e c n o l o g i a da
Infbrmação do Estado de M i n a s Gerais ( P R O D E M G E ) , instalou-se u m a nova sistemática centra-
d a n o s u p o r t e d e c o m p u t a ç ã o e m i c r o ñ l m a g e m . E n c o n t r a v a - s e e m p l e n a fase d e f u n c i o n a m e n t o ,
5 e m 1980, u m a U n i d a d e d e D i g i t a ç ã o e C o n s i s t ê n c i a d e I n f b r m a ç õ e s P o l i c i a i s , c o m a u t i l i z a ç ã o d e
M um m i n i c o m p u t a d o r C O B R A - 4 0 0 , u m a impressora matricial, u m a u n i d a d e de ñta magnética e ter-
m i n a l d e v í d e o . Foi c o n c l u í d a a f b r m a ç ã o d e u m b a n c o d e d a d o s c o m o a r q u i v o civil e o c r i m i n a l ,
arquivados n o c o m p u t a d o r central d a P R O D E M G E , u m I B M 5350, q u e p e r m i t e a a d o ç ã o d e u m
sistema de consultas por meio de terminais remotos. Além das infbrmações tradicionais do crimi-
noso, o policial passa a contar c o m d a d o s i m p o r t a n t e s , q u e lhe p e r m i t e m d e d u z i r infbrmações c o m
base no o^í-?W7?í//, n o l o c a l o u n a n a t u r e z a d o c r i m e , a l é m d e o u t r o s d e t a l h e s m a i s e s p e c í ñ c o s .

A m p l i o u - s e o Sistema de T e l e c o m u n i c a ç õ e s : a central de o p e r a ç õ e s policiais operava p o r um


S m ó d u l o V H F / A M , d i s t r i b u í d o d a s e g u i n t e ft)rma: R e d e d e P o l í c i a M e t r o p o l i t a n a , R e d e d e P o l í c i a
Judiciária, Rede de Engenharia de Trânsito, Rede de Operações Especiais, interligadas ao C e n t r o
de Informações do G a b i n e t e ( C E G A B ) e ao C e n t r o de O p e r a ç õ e s da Polícia Militar ( C O P O M ) .
Instalou-se u m a central de telex, c o m cinco canais da R e d e N a c i o n a l . U m a central de rádio
S S B / H F e u m a c e n t r a l d e t e l e f b n i a p a s s a r a m a i n t e r l i g a r 165 e s t a ç õ e s d i s t r i b u í d a s n o i n t e r i o r d o
E s t a d o e a s u n i d a d e s d a C a p i t a l e d o i n t e r i o r . U m t e r m i n a l d e c o m p u t a d o r fbi c o n e c t a d o a o
Sistema de Informações Policiais (SIP). A aquisição de e q u i p a m e n t o s de fac-símile p e r m i t i u a
t r a n s m i s s ã o d e c ó p i a s d e f o t o g r a ñ a s e o u t r o s d o c u m e n t o s ( M I N A S G E R A I S , 1980).

O t r a t a m e n t o da i n f b r m a ç ã o g a n h o u r e l e v â n c i a na d é c a d a de 1980, c o m a c r i a ç ã o do S i s t e m a
Operacional de Segurança, q u e dotava a Polícia Civil de i n s t r u m e n t o s mais eñcazes para o c u m p r i -
m e n t o d e s e u s o b j e t i v o s , d e n t r e o s q u a i s a m o d e r n i z a ç ã o d e s e u s i s t e m a d e i n f b r m a t i z a ç ã o . I s s o fbi
feito pelo sistema de t e l e c o m u n i c a ç õ e s da S E S P ( S I S T E L - S E S P ) , c o m a instalação de t e r m i n a i s
de teleprocessamento na sede do Instituto de Identincação e na Central de Operações de
T e l e c o m u n i c a ç õ e s d a P o l í c i a C i v i l ( C E P O L C ) . C o m isso, o s p o l i c i a i s e m r o n d a s a b i a m r a p i d a -
m e n t e s e o s s u s p e i t o s p o s s u í a m a n t e c e d e n t e s c r i m i n a i s . N a C E P O L C , fbi c e n t r a l i z a d o u m ñ u x o d e
m e n s a g e n s administrativas de "salvaguarda da vida h u m a n a e o p e r a c i o n a i s " p a r a facilitar e agilizar
o policial em ação. A C E P O L C possuía um acervo de d a d o s e infbrmes dos arquivos de registros
civis, c r i m i n a i s e ñ i r t o s d e v e í c u l o s , a l é m d o s i s t e m a d e g r a v a ç ã o c o n s t a n t e d o t r a n c o d e m e n s a g e n s
via rádio, c o m registro de m o v i m e n t a ç ã o de viaturas. Essas i n f o r m a ç õ e s possibilitaram o levanta-
m e n t o d e d a d o s e s t a t í s t i c o s d e i n c i d ê n c i a c r i m i n a l p o r á r e a , e m p r e g o d e f r o t a e^í^^/í^^yr^^ d e s e r v i ç o s
p r e s t a d o s ( M I N A S G E R A Í S , 1981). A fase final d e s s e s i s t e m a fbi d e s e n v o l v i d a e m 1 9 8 2 , c o m a
i m p l a n t a ç ã o do projeto de infbrmações policiais, a digitalização dos d a d o s relativos ao cadastro
civil e c r i m i n a l e a a m p l i a ç ã o d o s i s t e m a S S B / H 1 \ m e d i a n t e a i n s t a l a ç ã o d e s e t e e s t a ç õ e s e m d e -
legacias d o i n t e r i o r ( M I N A S G E R A I S , 1982).

O D e p a r t a m e n t o Estadual d e T r â n s i t o ( D E T R A N ) a c o m p a n h o u esse processo d e m o d e r n i z a ç ã o .


Assim, em 1974, o D E T R A N c o n t r a t o u os serviços do P R O D E M G p a r a a e l a b o r a ç ã o e a e x e c u ç ã o
de um projeto de mecanização de t o d o o sistema de veículos, multas, infrações e controle de
a r r e c a d a ç ã o ( M I N A S G E R A I S , 1974). E s s e s i s t e m a , e m 1 9 7 5 , e n c o n t r a v a - s e e m f u n c i o n a m e n t o . O
processo de modernização teve continuidade em 1978, com a criação do Programa de
P l a n e j a m e n t o e A d m i n i s t r a ç ã o do T r â n s i t o . A m i c r o f i l m a g e m dos p r o n t u á r i o s de c o n d u t o r e s e o
^ processamento do cadastro de veículos e de multas fbram realizados. N e s s e programa, d e s e n -
^ v o l v e u - s e o p r o j e t o " P o l v o " , c a p a z d e c r i a r c o n d i ç õ e s p a r a f o r n e c e r , e m d o i s s e g u n d o s , a ficha d e
5 q u a l q u e r v e í c u l o n o Brasil. O D E T R A N a m e n i z a v a o s p r o b l e m a s d o t r â n s i t o i n t r o d u z i n d o c a m -
C3 p a n h a s e d u c a t i v a s de m o t o r i s t a s e p e d e s t r e s e a d o t a n d o m e d i d a s t é c n i c a s , c o m o s i n a i s l u m i n o s o s ,
g. faixas d e s e g u r a n ç a p a r a p e d e s t r e s , m ã o ú n i c a , e t c . M e d i d a s d e c u n h o m a i s a m p l o t a m b é m f b r a m
E providenciadas, c o m o a r e g u l a m e n t a ç ã o da assessoria de p l a n e j a m e n t o , a e s t r u t u r a ç ã o da J u n t a
S Administrativa de R e c u r s o s de Infrações (JARI), a instituição do cadastro geral de veículos e a
g m o n t a g e m da fábrica de placas Móntese*^ na C a s a de D e t e n ç ã o A n t ô n i o D u t r a L a d e i r a , c o m o
g aproveitamento de mão-de-obra de detentos.

^ A m o d e r n i z a ç ã o d o s s e r v i ç o s d e t r â n s i t o fbi m a i s e x p r e s s i v a e m r e l a ç ã o à a t u a ç ã o d e s s e d e p a r t a -
S m e n t o c o m o objetivo de a c o m p a n h a r as d e m a n d a s de um setor em intenso processo de c r e s c i m e n -
^ t o , c o n s e q ü ê n c i a d e m o d e r n i z a ç ã o b r a s i l e i r a . M o u r ã o ( 1 9 6 2 , p . 37) a p o n t o u a s c a r ê n c i a s d e s s e s e t o r .
§ O a u t o r sugeriu, para m e l h o r a r o trânsito da cidade, o c o n t r o l e do u s o i n d i s c r i m i n a d o de buzinas,
g a m ã o ú n i c a em r u a s do c e n t r o da c i d a d e , a c r i a ç ã o de faixas ú n i c a s p a r a c a d a t i p o de v e í c u l o e a
3 sincronização dos semáforos.

D e s t a c a m - s e , n e s s e p e r í o d o , as s e g u i n t e s r e a l i z a ç õ e s : o / yo^Ti? Tl^^;^j-/A?; a s i n c r o n i z a ç ã o d o s
¿ sinais da Avenida Afbnso P e n a ( o n d a verde); a r e a b e r t u r a da R u a C o n q u i s t a ao tráfego; a e x t i n ç ã o
dos pontos terminais de coletivos no centro, transfbrmados em pontos de e m b a r q u e e d e s e m b a r -
que; o d i s c i p l i n a m e n t o dos locais e h o r á r i o s p a r a carga e descarga no c e n t r o da c i d a d e ; a p r o i b i ç ã o
de e s t a c i o n a m e n t o no c e n t r o de Belo H o r i z o n t e , c o m a criação do Q u a d r i l á t e r o A m a r e l o ; a
p r o i b i ç ã o d e e n t r a d a d e c a r r e t a s n u m p o l í g o n o d o c e n t r o d a c i d a d e ; a c o l o c a ç ã o d e 191 p l a c a s
indicativas em Belo Horizonte; e a organização de um sistema de infbrmações sobre acidentes de
t r â n s i t o c o m v í t i m a ( M I N A S G E R A I S , 1976).

A m o d e r n i z a ç ã o e a i n f o r m a t i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l fbi u m m a r c o n o p e r í o d o d o r e g i m e m i l i t a r .
F o r a m substanciosos o s i n v e s t i m e n t o s nesse setor, a c o m p a n h a d o s d e u m a política d e m e l h o r i a s d e
infra-estrutura e de interiorização dos serviços, c o m a intenção de descentralizar as atividades da
Polícia Civil. O p r o c e s s o de i n t e r i o r i z a ç ã o i n t e n s i ñ c o u - s e a p a r t i r de 1972, q u a n d o fbram criadas
16 divisões regionais de Polícia no território mineiro, m e d i d a c o m p l e m e n t a d a c o m a instalação das

ó r g ã o responsávet peta manufatura das ptacas de identificação d o s v e í c u l o s .


respectivas sedes e m e l h o r i a das existentes. F o r a m instalados três novos postos de identincação,
além da instituição de comissões volantes de identincação em grandes empresas industriais e co-
m e r c i a i s . E m 1974, a n u n c i o u - s e a i n s t a l a ç ã o d a s d e l e g a c i a s r e g i o n a i s d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a d e
P e d r a Azul, M o n t e s C l a r o s , C u r v e l o e G u a n h ã e s . Em 1974, as D e l e g a c i a s R e g i o n a i s p a s s a r a m de 5
p a r a 2 2 e o s d i s t r i t o s p o l i c i a i s d a C a p i t a l , d e 1 6 p a r a 20. P a r a e s s e s 2 0 d i s t r i t o s fbi d e l e g a d a a f u n ç ã o
d e e x p e d i r a t e s t a d o d e b o n s a n t e c e d e n t e s e fblha c o r r i d a . A l é m d i s s o , f b r a m c r i a d o s s e t e P o s t o s d e
Identincação ñ x o s nos bairros de Belo H o r i z o n t e .

A interiorização t a m b é m o c o r r e u n o s e r v i ç o d e trânsito, c o m o e m 1972, q u a n d o fbram d e s c e n t r a -


lizados da Capital os serviços e n c a r r e g a d o s dos e x a m e s psicotécnicos. Em 1975, fbram instaladas 4
c i r c u n s c r i ç õ e s regionais de t r â n s i t o e 32 clínicas psicológicas c r e d e n c i a d a s . Em 1976, esse p r o c e s -
so recebeu o "Programa de Descentralização dos Serviços de Habilitação e Controle de
C o n d u t o r e s d e V e í c u l o s " , q u e p e r m i t i a a 8 c l í n i c a s r e a l i z a r e x a m e s d e s a n i d a d e física e m e n t a l d o s
candidatos, até m e s m o o psicotécnico.

M e l h o r i a s n a infra-estrutura a c o m p a n h a r a m esse processo d e interiorização. D e m o d o geral, ocor-


r e r a m ações p a r a resolver p r o b l e m a s de infra-estrutura, c o m o em 1972, c o m a aquisição de n o v o
i m ó v e l p a r a instalação do D e p a r t a m e n t o de Registro e C o n t r o l e Policial. Em 1974, a n u n c i o u - s e a
c o n s t r u ç ã o d a n o v a s e d e d o I n s t i t u t o M é d i c o - L e g a l ; e m 1 9 7 9 o I n s t i t u t o d e I d e n t i n c a ç ã o fbi t r a n s -
f e r i d o p a r a p r é d i o p r ó p r i o ; o I n s t i t u t o d e M e d i c i n a L e g a l fbi t r a n s f e r i d o p a r a u m n o v o p r é d i o ; a
Delegacia Regional de J u i z de Fora g a n h o u novas instalações; 233 viaturas fbram adquiridas; e
o c o r r e u o a p a r e l h a m e n t o das delegacias de P e d r a Azul, Paraguaçu, P o m p e u e T a r o b e i r a ( M I N A S
G E R A I S , 1979).

A m o d e r n i z a ç ã o d o s r e c u r s o s físicos e m a t e r i a i s t i n h a u m e n d e r e ç o p r e f e r i d o - o i n t e r i o r d e M i n a s
Gerais. O objetivo de descentralizar os serviços da Polícia Civil e r a claro. Em 1980, teve início a
refbrma e / o u a ampliação dos prédios das delegacias de Patrocínio, Boa E s p e r a n ç a , M u t u m ,
Brasíba de Minas, Dores do Indaiá e Rio Espera. Na Capital, fbram realizadas obras de adaptação
nos prédios ocupados pela seccional centro, A C A D E P O L , instituto de identificação, d e p a r t a m e n -
to de t r a n s p o r t e s , casa de d e t e n ç ã o , divisão m é d i c a do d e p a r t a m e n t o de s a ú d e e delegacia e s p e c i a -
lizada de acidentes de veículos. F o r a m adquiridas viaturas, consultório o d o n t o l ó g i c o e um a p a r e -
l h o c o n t a d o r d e c é l u l a s ( M I N A S G E R A I S , 1980). E m 1982, a n u n c i o u - s e a c o n s t r u ç ã o , a r e f b r m a
e / o u a ampliação de prédios para u n i d a d e s policiais da Capital e do interior, a l é m do r e e q u i p a -
m e n t o material dessas u n i d a d e s .

O i n t e r i o r fbi p r i v i l e g i a d o c o m a e x p a n s ã o d a P o l í c i a C i v i l d u r a n t e o r e g i m e m i l i t a r , s e m q u e isso
s i g n i ñ c a s s e o e s q u e c i m e n t o d o s s e r v i ç o s n a C a p i t a l . A s s i m , a n u n c i o u - s e , e m 1976, a r e f b r m a d o
prédio da sede da Secretaria, a dinamização dos postos de identincação dos bairros da Capital e dos
postos volantes, b e m c o m o a p l a n i n c a ç ã o das u n i d a d e s policiais c o m critérios novos para o r e d i -
m e n s i o n a m e n t o delas. E l a b o r o u - s e u m e s t u d o para cada m u n i c í p i o ter u m tipo a d e q u a d o d e d e -
legacia. A D e l e g a c i a Regional de J u i z de Fora e a D e l e g a c i a de Polícia da C i d a d e I n d u s t r i a l de
C o n t a g e m e s t a v a m , e m 1 9 7 6 , n a fase d e i m p l a n t a ç ã o d o c a n t e i r o d e o b r a s . P r o c e d e u - s e à r e c u p e -
ração do prédio, localizado na esquina da Rua Carangola c o m a Avenida do C o n t o r n o , para a nova
i n s t a l a ç ã o d o p r i m e i r o d i s t r i t o . A f á b r i c a d e p l a c a s M ó n t e s e fbi a m p l i a d a . A l é m d e s s a s o b r a s , f b r a m
feitos e s t u d o s p a r a a e l a b o r a ç ã o d o a n t e p r o j e t o d e r e c u p e r a ç ã o d o D e p a r t a m e n t o M é d i c o , d a C a s a
de Detenção António Dutra Ladeira, da Delegacia Especializada de Orientação a M e n o r e s e do
D e p a r t a m e n t o d e T r a n s p o r t e s . E m 1976, e s t a v a m e m a n d a m e n t o 1 7 o b r a s d e p r é d i o s p a r a u n i d a d e s
Detegacia de Leopotdina. Acej'vo PoÜcia CívH.

Detegacia de Manhuaçu. A c e r o
p o ü c i a i s n o i n t e r i o r d o E s t a d o , q n a n d o fbi a n u n c i a d a a d e s a p r o p r i a ç ã o d o i m ó v e i p a r a a i n s t a l a ç ã o
da Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos e da Delegacia Especializada de Repressão ao
F u r t o d e V e í c u l o s ( M i N A S G E R A I S , 1976).

A Polícia institucional priorizou a interiorização e a descentralização das atividades policiais,


a c o m p a n h a d a s p o r u m p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o d o s r e c u r s o s físicos e m a t e r i a i s , e m e s p e c i a l n o
setor de infbrmação e c o m u n i c a ç ã o . Esses destaques específicos a c o m p a n h a v a m a t r a n s í b r m a ç ã o
mais signiñcativa do p e r í o d o pós-1964: a Lei O r g â n i c a da Polícia Civil. Na s e g u n d a m e t a d e da
d é c a d a d e 1970, o s r e s u l t a d o s d e s s a p o l í t i c a f b r a m a v a l i a d o s . E m 1976, f b r a m f e i t a s a u d i t o r i a ,
i n v e n t á r i o s e p r o g r a m a s d e c o n t r o l e e e n c i ê n c i a , c o m o : i n v e n t á r i o físico e d e a r m a s ; p r o g r a m a s d e
economia de combustível, de racionalização administrativa, de a c o m p a n h a m e n t o e avaliação do
o r ç a m e n t o ; execução de serviços de auditoria e contabilidade; l e v a n t a m e n t o s estatísticos policiais,
criminais e conexos; e pré-diagnóstico sobre a situação das u n i d a d e s policiais situadas nas diversas
regiões d o E s t a d o ( M I N A S G E R A I S , 1976).

O r e s u l t a d o dessa avaliação refletiu-se em 1977, c o m a criação de p r o g r a m a s variados q u e a f e t a r a m


vários aspectos da instituição. Em 1980, a Polícia m o d i f i c o u seu s i s t e m a de p o l i c i a m e n t o . F o r a m
instaladas as seccionais de Polícia, c o m p l a n t ã o p e r m a n e n t e em p o n t o s estratégicos da Região
Metropolitana, o q u e propiciou a contenção dos impulsos criminosos pela maior presença do
a p a r a t o policial, a m e l h o r i a em t e r m o s de p r o d u t i v i d a d e , já q u e o d e s l o c a m e n t o passou a ser feito
em m e n o r tempo, e t a m b é m signiñcativa economia de combustível. Esse sistema de policiamento
permitia a liberação rápida dos recursos utilizados (pessoal e viaturas) para a t e n d e r a outras soli-
c i t a ç õ e s c o m m a i o r r a p i d e z ( M I N A S G E R A I S , 1980).

O s e r v i ç o e o a c a u t e l a m e n t o r e c e b e r a m e s p e c i a l a t e n ç ã o . E m 1 9 7 6 , o a n t i g o D e p ó s i t o d e P r e s o s fbi
transfbrmado em C e n t r o de T r i a g e m , u m a m e d i d a i m e d i a t a e paliativa, c o m a transferência dos
condenados para as penitenciárias. Assim, iniciou-se um processo de refbrma da organização p e -
n i t e n c i á r i a , q u e visava à e x p a n s ã o d a r e d e ñ s i c a d a s u n i d a d e s d a S e c r e t a r i a d o I n t e r i o r e d a
Secretaria da Justiça.

Criou-se o Programa de Organização Penitenciária para promover a integração do sistema peni-


tenciário com a Secretaria de Estado de Segurança. Nesse sentido, estavam sendo tomadas duas
providências: a expansão da r e d e ñsica das u n i d a d e s da Secretaria e a criação de um m o d e l o especí-
ñ c o de penitenciária para maior integração entre o sistema penitenciário e os sistemas de presídios.
O p o n t o m a i s i m p o r t a n t e d e s s e p r o g r a m a fbi o e s t u d o d a t r a n s f e r ê n c i a g r a d u a l d e t o d o s o s p r e s o s ,
de q u a l q u e r espécie, para a Secretaria de E s t a d o do Interior e Justiça. Ficaria sob a responsabili-
dade da Secretaria de Estado de Segurança Pública apenas os encargos relativos ao c o m b a t e ao
c r i m e , s e m a s i n c u m b ê n c i a s d a c u s t ó d i a d e p r e s o s ( M I N A S G E R A I S , 1 9 7 7 ; 1979).

A i d é i a d e u m s i s t e m a d e s e g u r a n ç a c o m e ç o u a s e r d e h n e a d a n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1970. N e s s a é p o c a ,
entendia-se q u e "a segurança funcionava c o m o poderosa antena estendida em áreas inquietas, c o m o
objetivo d e c a p t a r - l h e s a s i g n i n c a ç ã o e r e t i ñ c a r - l h e s o s r u m o s p e r i g o s o s " ( M I N A S G E R A Í S , 1977).
D e a c o r d o c o m essa o r i e n t a ç ã o , a S E S P p r o c u r o u o r g a n i z a r - s e p a r a a t e n d e r à c r e s c e n t e d e m a n d a
i n d i v i d u a l e social d o s s e r v i ç o s , m e d i a n t e o p l e n o e x e r c í c i o d e s u a a t u a ç ã o p r e v e n t i v a , d e d e f e s a a n t e -
c i p a d a , de s u a f u n ç ã o r e p r e s s i v a e o e x e r c í c i o da P o l í c i a j u d i c i á r i a . M o d e r n i z o u s u a e s t r u t u r a e
descentralizou suas atividades. Destacou-se, em 1977, as atividades dos seguintes órgãos: a
Superintendência da Polícia Metropolitana de Belo Horizonte; a Divisão de Tóxicos e
Entorpecentes, c o m sua ação d e c o m b a t e a o uso d o t r a n c o d e substâncias e n t o r p e c e n t e s e m todo
o Estado, ao m e s m o t e m p o em q u e se cuidava da assistência ao viciado; das delegacias especia-
lizadas e distritais que, m e d i a n t e a redefinição de c o m p e t ê n c i a s , estavam em c o n d i ç õ e s de p r e s t a r
seus serviços c o m rapidez e enciência; a Delegacia Especializada de O r i e n t a ç ã o a M e n o r e s , q u e
a d o t o u novos m é t o d o s de trabalho, de t r a t a m e n t o especial ao menor, de a c o r d o c o m os objetivos
da política nacional exercida no Estado pela Fundação Nacional do Bem-Estar do M e n o r
( F E B E M ) — a o r i e n t a ç ã o era c u i d a r da assistência m o r a l , social, religiosa e material dos m e n o r e s ;
e por ñ m , a Delegacia Especializada de Acidentes de Veículo, q u e teve seus recursos h u m a n o s e
m a t e r i a i s m e l h o r a d o s ( M I N A S G E R A I S , 1977).

A P o l í c i a C i v i l , n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1970, e r a u m a i n s t i t u i ç ã o c o m r e s p o n s a b i l i d a d e s e a t r i b u i ç õ e s
diversas no setor de segurança. A avaliação dessa instituição e de suas atividades apontava para a
n e c e s s i d a d e de u m a refbrma em t o d o o sistema de segurança. A Polícia Civil era, nessa lógica, víti-
m a d e u m s i s t e m a d e s e q u i l i b r a d o . E m 1979, essas s e q ü e l a s f b r a m a p o n t a d a s , c o m o a i n s u ñ c i é n c i a
de recursos h u m a n o s e materiais da Polícia judiciária d i a n t e do a l a r m a n t e c r e s c i m e n t o da crimi-
n a l i d a d e . O s p r o b l e m a s m a i s a l a r m a n t e s e r a m : falta d e p e s s o a l , p o l i c i a i s c o m faixa e t á r i a n ã o c o n -
dizente c o m as necessidades de u m a polícia dinâmica e atuante, além de 25% dos agentes polici-
ais e m d e s v i o d e ninção ( M I N A S G E R A I S , 1979).

Essas e r a m as atividades ñnais do p e r í o d o da d i t a d u r a militar, m a r c a d o pela i n t r o d u ç ã o da Lei


Orgânica, pela m o d e r n i z a ç ã o da infra-estrutura e dos aparelhos, pela interiorização e infbrmatiza-
ção da Polícia Civil. E n t r e t a n t o apesar de t o d o s esses esfbrços, a Polícia Civil c h e g o u ao ñ n a l do
r e g i m e militar c o m os m e s m o s p r o b l e m a s históricos relacionados aos recursos h u m a n o s e à car-
r e i r a de p o l i c i a l . O a n o de 1984 t r o u x e a e l e i ç ã o do p r i m e i r o g o v e r n a d o r e a a ç ã o e a c o n c e p ç ã o de
"polícia" ganhou novos contornos.

3.5 1 9 8 4 - 2 0 0 3 : A SEGURANÇA PÚBLtCA AT!NGE SUA CAPACtDADE MÁXtMA:


CRESCIMENTO DA CRlMtNALtDADE E REAÇÃO ¡NSTtTUOONAL

O p r o c e s s o d e t r a n s i ç ã o d o G o v e r n o M i l i t a r p a r a a d e m o c r a c i a m a r c o u a n o v a fase d a h i s t ó r i a d a
Polícia Civil. N a s p r i m e i r a s eleições para governador, M i n a s G e r a i s e l e g e u T r a n c r e d o N e v e s , u m
g o v e r n a d o r d a o p o s i ç ã o c o m o S ã o P a u l o , R i o d e J a n e i r o e P a r a n á ( F A U S T O , 2000). O P a í s s e
p r e p a r a v a p a r a a d e m o c r a c i a , c o m o n o m o v i m e n t o " D i r e t a s já", e m 1982. A P o l í c i a C i v i l d e M i n a s
G e r a i s participou desse processo e passou p o r transformações institucionais para se a d e q u a r à
d e m o c r a c i a q u e n a s c i a , p r i n c i p a l m e n t e d e p o i s d a C o n s t i t u i ç ã o d e 1988. P a s s o u p o r u m p r o c e s s o d e
r e a v a l i a ç ã o d e s u a f u n ç ã o e r e l a ç ã o c o m a s o c i e d a d e . B u s c o u , a p a r t i r d e 1985, a t u a r p r ó x i m a à
s o c i e d a d e civil, a o s e m p r e s á r i o s e c o m a n d a n t e s , p o r m e i o d e p a r c e r i a s .

O contexto político da República N o v a signiñcou m u d a n ç a s na Polícia Civil em um aspecto


e s p e c í ñ c o d a c o n c e p ç ã o d a i n s t i t u i ç ã o e s e u p a p e l n a s o c i e d a d e d e m o c r á t i c a c o n s t i t u í d a e m 1988.
E m g e r a l , c o n t i n u o u o d é ñ c i t h i s t ó r i c o p r e s e n t e d e s d e 1950 d e r e c u r s o s h u m a n o s e m a t e r i a i s , q u e
c a u s o u s é r i o s d a n o s n a s e g u r a n ç a p ú b l i c a n a d é c a d a d e 1990, q u a n d o o c r e s c i m e n t o d a c r i m i n a l i -
d a d e colocou em x e q u e todo o sistema de segurança pública da SESP. O tema da integração da
ação das polícias r e a p a r e c e u em um c o n t e x t o d e m o c r á t i c o no qual o alvo era a s e g u r a n ç a pública
p a r a o c i d a d ã o e l e i t o r . N e s s e m o m e n t o , s u r g i u a L e i d e 2005, q u e e x t i n g u i u a S E S P e r e t o r n o u c o m
o chefe de Potícia, atém de p r o m o v e r m u d a n ç a s na área de s e g u r a n ç a púbiica, c o o r d e n a d a s p e l a
Secretaria de Defesa Social.

A g u a r d a d o s p r e s o s fbi a l v o d e t r a n s f b r m a ç õ e s i n t i m a m e n t e l i g a d a s à f u n ç ã o i n s t i t u c i o n a l d a
Polícia Civil. Efetivou-se urna política clara para retirar da r e s p o n s a b i l i d a d e da Polícia Civil a
g u a r d a d o s p r e s o s . Foi u m p r o c e s s o l o n g o q u e s e i n i c i o u c o m o m e l h o r a p a r e l h a m e n t o d o s e s t a -
b e l e c i m e n t o s p r i s i o n a i s . E s s e s e t o r fbi c o n s i d e r a d o o m a i s frágil d e t o d o o s i s t e m a d e s e g u r a n ç a .
E m 1 9 8 5 , a s m e t a s e r a m a e x p a n s ã o d a r e d e física c o m a c r i a ç ã o d e p e n i t e n c i á r i a s m a i s s e g u r a s ,
minipenitenciárias e refbrmas nas já existentes, a revisão do projeto do m a n i c ô m i o judiciário J o r g e
Vaz e a t r a n s f e r ê n c i a de p r e s o s p a r a o s i s t e m a p e n i t e n c i á r i o .

O D e p a r t a m e n t o de O r g a n i z a ç ã o Penitenciária ( D E O P ) era o responsável pelo s e t o r Em 1985, esse


d e p a r t a m e n t o já h a v i a p r i v i l e g i a d o a a s s i s t ê n c i a ao e g r e s s o , a s e l e ç ã o e a f i i r m a ç ã o de p e s s o a l p e -
n i t e n c i á r i o , a e d u c a ç ã o e a p r o n s s i o n a l i z a ç ã o do i n t e r n o , a e x p a n s ã o e a r e c u p e r a ç ã o da r e d e física
das penitenciárias, b e m c o m o a classincação dos internos nas diversas penitenciárias do Estado. Os
direitos h u m a n o s o r i e n t a v a m essas ações, c o m o n o caso d o u s o d a m ã o - d e - o b r a d o s d e t e n t o s .

E m 1998, p o r e x e m p l o , d e t e n t o s e r a m e m p r e g a d o s n a o ñ c i n a d e m ó v e i s p a r a a t e n d e r à s d e m a n d a s d e
o u t r o s ó r g ã o s p ú b l i c o s . E m 2 0 0 0 , fbi m a n t i d a a ñlosofia e m p r e g a d a n a C a s a d e D e t e n ç ã o D u t r a
Ladeira, em q u e os detentos auxiliavam na fabricação e na refbrma do mobiliário e e r a m efetivados em
o u t r o s s e r v i ç o s . T a i s a ç õ e s p e r m i t i r a m a o s i n t e r n o s a r e d u ç ã o d e s u a s p e n a s . O objetivo p r i m o r d i a l e r a
p r o m o v e r a ressocialização e a r e e d u c a ç ã o c o m base nos c o n h e c i m e n t o s proñssionais adquiridos.

E m 2 0 0 0 , fbi c r i a d a a S u p e r i n t e n d ê n c i a d e A s s i s t ê n c i a a o D e t e n t o , c o m a s e g u i n t e e s t r u t u r a :
Diretoria Jurídica, Diretoria Psicossocial e Diretoria M é d i c o - O d o n t o l ó g i c a , visando ao m e l h o r
t r a t a m e n t o ao recluso. Essa ñ l o s o ñ a o r i e n t o u a política p ú b l i c a de s e g u r a n ç a d e ñ n i d a para M i n a s
G e r a i s , e m 2 0 0 5 , q u a n d o fbi i m p l a n t a d o o m o d e l o r e f e r e n c i a l d e g e s t ã o p r i s i o n a l . O o b j e t i v o e r a
u m a gestão p r o ñ s s i o n a l fbcada e m resultados, c o m o a r e i n t e g r a ç ã o dos s e n t e n c i a d o s p o r m e i o d o
trabalho, da educação e da pronssionalização, além da redução de custos c o m os recursos gerados
pela produção dos detentos.

Essas medidas humanitárias precisavam ser a c o m p a n h a d a s de refbrmas ñsicas, amplas e gerais em


t o d o o s i s t e m a p r i s i o n a l . A s s i m , e m 1999, o D E O P e a S e c r e t a r i a d e E s t a d o d a J u s t i ç a e D i r e i t o s
H u m a n o s celebraram um convênio q u e transferia para a Secretaria as despesas de nnalização das
obras dos estabelecimentos penais de Uberaba, O u r o Preto, Canápolis P i u m - í e Açucena.

Em 2001, fbram c o n s t r u í d o s e ref()rmados p r é d i o s na C a p i t a l e no interior do Estado, o q u e c o l a b o r o u


para a minimizarão do p r o b l e m a crônico do sistema carcerário e estadual. F o r a m construídas as
cadeias de Lavras e de São Sebastião do Paraíso e os C e n t r o s de R e m a n e j a m e n t o de Segurança
Pública ( C E R E S P ) nos m u n i c í p i o s de Belo H o r i z o n t e , J u i z de Fora e Betim. Foram t a m b é m refor-
madas as cadeias de Barroso, M o n t e Azul, P e d r o Leopoldo, Santa Luzia e Cúrvelo.

O a u m e n t o d a c a p a c i d a d e c a r c e r á r i a fbi a c o m p a n h a d o d o r e m a n e j a m e n t o d o s p r e s o s . N e s s e s e n t i -
do, criou-se u m a comissão fbrmada pela SESP, pela Secretaria de Estado da Justiça e Direitos
H u m a n o s e pela F u n d a ç ã o J o ã o P i n h e i r o , para efetivar a transferência dos presos sentenciados para
as p e n i t e n c i á r i a s .
Bias Fortes. {;overnador de Minas Gerais, na ACADEPOL, 1 9 8 3 . Acervo PoÜcia CivÜ.

Poüciais civis em ipatinga. 1988. Acervo Poücia CiviL


A g r a n d e refbrma a c o n t e c e u a partir de 2003, q u a n d o a Secretaria de E s t a d o de Defesa Sociat
( S E D S ) e t a b o r o u um p i a n o e s t a d u a ! de s e g u r a n ç a p ú b ü c a . Seus objetivos p r i m o r d i a i s são: a
r e d u ç ã o da supertotação das u n i d a d e s prisionais e a desvinculação da Poíícia Civi! das atividades
d e a d m i n i s t r a ç ã o p r i s i o n a ! . E s s a s m e d i d a s f b r a m p o s s í v e i s p o r q u e o s i s t e m a p r i s i o n a ! fbi c o n s i d e -
rado u m a q u e s t ã o e s p e c í ñ c a e não caberia à Polícia Civi! c u i d a r desse serviço.

A h i s t ó r i a d a P o Ü c i a C i v i ! c o n ñ r m o u essa t e n d ê n c i a d e ü m i t a r s u a a ç ã o a o s s e r v i ç o s d e i n v e s t i -
gação, de i d e n t i n c a ç ã o e de trânsito. O p r o g r a m a de d e s e n v o i v i m e n t o de pessoa!, em ! 9 8 3 , privi-
legiava a fbrmação de r e c u r s o s h u m a n o s q u e a t e n d e s s e a essa e s p e c i n c a ç ã o . O objetivo era e!evar
os níveis de q u a l i d a d e e eñcácia do pessoal da SESP. Os principais projetos desse p r o g r a m a d e s e n -
v o l v e r a m a f i i r m a ç ã o e o a p e r n ^ i ç o a m e n t o d e p o l i c i a i s civis; e x a m e s d e a p t i d ã o p r o ñ s s i o n a l ( E A P )
para candidatos inscritos por empresas particulares de segurança; curso de fbrmação desses can-
didatos (vigilantes); C u r s o d e C h e ñ a d e Policia; C u r s o d e C h e ñ a Administrativa; C u r s o de
Procedimentos Administrativos; seleção de candidatos ao C u r s o de Criminologia; C u r s o de
Criminologia; c o n c u r s o p ú b l i c o para as diversas carreiras policiais.

Refbrmulou-se o sistema de ensino policial, a d o t a n d o - s e técnicas m o d e r n a s , c o m o a delegacia


e x p e r i m e n t a l - m o d e l o e a c r i a ç ã o de diversos laboratórios.

A p r e o c u p a ç ã o e r a g a r a n t i r u m a p o l í c i a b e m p r e p a r a d a t e c n i c a m e n t e . E m 1 9 8 5 , fbi r e a l i z a d o o
P r o g r a m a de D e s e n v o l v i m e n t o de Pessoal. A A C A D E P O L realizou diversos c o n c u r s o s públicos e
c u r s o s . E m 1 9 8 7 , a s p r i n c i p a i s p r o v i d ê n c i a s p a r a a p e r f e i ç o a r a c a r r e i r a d o s p o ü c i a i s civis f b r a m :
seleção competitiva i n t e r n a , processos seletivos para o p r e e n c h i m e n t o das vagas nas diversas car-
r e i r a s , e n s i n o a d i s t â n c i a e c u r s o s d e a p e r f e i ç o a m e n t o . N o ñ n a l d a d é c a d a d e 1990, o s c u r s o s e c o n -
cursos fbram r e c o r r e n t e s . A existência c o n s o l i d a d a dessa prática era um forte i n d í c i o da valoriza-
ção proñssional.

A valorização proñssional na Polícia Civil d e p e n d i a da contribuição da A C A D E P O L , q u e aper-


feiçoou seus cursos. Em 1986, suas atividades mais d e s t a c a d a s fbram: os c u r s o s de c a p a c i t a ç ã o de
terceiros, o curso de extensão de especialistas do E x é r c i t o em área criminalística, o 11 C i c l o de
Estudos de Aspirantes da PM e da A C A D E P O L , a normação e a p r e p a r a ç ã o de agentes de segu-
r a n ç a d a R e d e F e r r o v i á r i a F e d e r a l S.A.

A A C A D E P O L realizou 29 concursos públicos e t a m b é m cursos de aperfeiçoamento para os servi-


d o r e s , q u e ñ c a r a m a p t o s a s e r p r o m o v i d o s p o r m e r e c i m e n t o e m s u a s c a r r e i r a s d e 1991 a 1994.
F o r a m r e a l i z a d o s , e m 1992 e e m 1 9 9 3 , c u r s o s d e p r e p a r a ç ã o p a r a c h e ñ a p o l i c i a l , d e s t i n a d o s a d e -
l e g a d o s d e P o l í c i a . P o r i n t e r m é d i o d o I n s t i t u t o d e C r i m i n o l o g i a , f b r a m r e a l i z a d o s c u r s o s p a r a a fbr-
m a ç ã o de criminólogos c o m d u r a ç ã o de dois anos. A A C A D E P O L realizava suas atividades c o m
e x t r e m o rigor no r e c r u t a m e n t o , seleção e f b r m a ç ã o dos c a n d i d a t o s aos cargos de policiais, p a r t i -
c u l a r m e n t e nos cursos de a p e r f e i ç o a m e n t o e p r e p a r a ç ã o para c h e ñ a . O enfoque principal era nas
m u d a n ç a s de m é t o d o s e de ação da Polícia Civil adequados à realidade de u m a sociedade
d e m o c r á t i c a q u e exigia a p a r t i c i p a ç ã o da c o m u n i d a d e nos serviços de s e g u r a n ç a pública.

N o v o s cursos e t r e i n a m e n t o s í b r a m fornecidos pela instituição, em 1998, em T o c a n t i n s , Espírito


Santo e Roraima, além da realização do !! C u r s o de Estudos Superiores de Planejamento
E s t r a t é g i c o / C u r s o S u p e r i o r de Polícia ( C E S P - 1 9 9 7 ) . Os cursos de t r e i n a m e n t o ñ)rnecidos pela
A C A D E P O L fbram revistos e s u p e r a r a m as expectativas, pois fbram estendidos para outros
E s t a d o s da F e d e r a ç ã o . D e n t r e esses cursos, d e s t a c a m - s e o C u r s o de F o r m a ç ã o de C r i m i n ó í o g o s e
o n C u r s o de Estudos Superiores de P l a n e j a m e n t o E s t r a t é g i c o / C u r s o S u p e r i o r de Potícia ( C E S P -
1 9 9 7 ) , c u j o c o r p o d e a l u n o s e r a c o m p o s t o p o r p o l i c i a i s civis e m i l i t a r e s , c o m a p a r t i c i p a ç ã o d e o ñ -
ciais e d e l e g a d o s de o u t r o s E s t a d o s .

A A C A D E P O L m o d i ñ c o u seus m é t o d o s e suas ações de a c o r d o c o m os autos índices de c r i m i n a -


l i d a d e , a p o n t a d o s n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1990 ( B E A T O , 2 0 0 0 ) . E n t r o u n o s e g u n d o m i l ê n i o p r o n t a
p a r a í b r m a r o s recursos h u m a n o s a p r o p r i a d o s p a r a essa realidade, c o m u m a p o s t u r a policial d e
c o m p r o m e t i m e n t o c o m o s interesses d a s o c i e d a d e . Isso e r a feito p o r i n t e r m é d i o d e c u r s o s c o m o :
g e r e n c i a m e n t o d e crises, a p e r f e i ç o a m e n t o policial, a p e r f e i ç o a m e n t o p e n i t e n c i á r i o , atualização e m
criminalística, fbrmação de condutores, habilitação em microinfbrmática, fbrmação de criminólo-
gos, a p e r f e i ç o a m e n t o p o l i c i a l I I e p r e p a r a ç ã o p a r a a c h e ñ a p o H c i a l . E r a m feitos t r e i n a m e n t o s e s p e -
cializados c o m ações t á t i c o - o p e r a c i o n a i s . P r i m e i r a m e n t e , esses t r e i n a m e n t o s fbram d e s e n v o l v i d o s
na Região Metropolitana de Belo Horizonte ( R M B H ) , para depois serem realizados no interior
( M I N A S G E R A I S , 2002)

LU

^ A P o l í c i a C i v i l p r e p a r o u - s e p a r a s u a n o v a f u n ç ã o d e s d e a d é c a d a d e 1980. N o c o n t e x t o d e m o c r á t i -
o CO, s e u p a p e l e r a v a l o r i z a d o c o m o i n s t i t u i ç ã o r e s p o n s á v e l p e l a d e f e s a d a s o c i e d a d e . E s s a c o n c e p ç ã o
'5- fbi i n s t i t u í d a n a m e s m a p r o p o r ç ã o d a c o n s o l i d a ç ã o d e m o c r á t i c a n o P a í s , o u seja, o f b r t a l e c i m e n t o
^ d a d e m o c r a c i a n o Brasil e e m M i n a s G e r a i s e r a o c a r r o - c h e f e q u e g u i a r i a a t e n d ê n c i a d a P o l í c i a
^ Civil mineira em c o m p r o m e t e r - s e c o m os interesses da sociedade.
¿2
§ A Polícia Civil n u n c a d e i x o u de ser política. Em 1982, p o r e x e m p l o , realizou o p e r a ç õ e s especiais
M n a s e l e i ç õ e s p a r a g o v e r n a d o r e s e p r e f e i t o s , b e m c o m o , p o s t e r i o r m e n t e , n a s e l e i ç õ e s d e 1986, p a r a
g d e p u t a d o s constituintes. Essas fbram suas p r i m e i r a s experiências na área política. Em um r e g i m e
S d e m o c r á t i c o , abriu-se o c a m i n h o para constituição de u m a Polícia Civil sensível às d e m a n d a s da
g s o c i e d a d e . E s s e fbi o c a s o da p r i o r i d a d e d a d a à p r o t e ç ã o de p a t r i m ô n i o h i s t ó r i c o e a r t í s t i c o e às
§ estâncias h i d r o m i n e r a i s , em 1983.
*

s
o E x i s t e m o u t r o s e x e m p l o s , c o m o a p a r t i c i p a ç ã o n o p r o g r a m a " A ç ã o G l o b a l " , e m 1984, u m c o n v ê n i o
g c o m o S E S I M I N A S para a t e n d e r à p o p u l a ç ã o c a r e n t e de Belo H o r i z o n t e e o m o v i m e n t o " D i r e t a s

Diretoria da Associaçáo dos Delegados. 1997. Acervo Polícia Cívíl.


já", q u a n d o , e m d e c o r r ê n c i a d o g r a n d e n ú m e r o d e m a n i f e s t a ç õ e s p o p u l a r e s e c o m í c i o s e m p r a ç a s
públicas, a ação da polícia c a r a c t e r i z o u - s e p o r m e d i d a s p r e v e n t i v a s e repressivas. Em 1986, fbram
priorizados o controle da segurança nos estabelecimentos de crédito, indústrias e e m p r e s a s públi-
cas e p r i v a d a s ; o c o n t r o l e e a c o o r d e n a ç ã o d a s a t i v i d a d e s de ñ r m a s p a r t i c u l a r e s , a u t o r i z a d a s a
p r e s t a r s e r v i ç o s d e s e g u r a n ç a física d e e s t a b e l e c i m e n t o s c o m e r c i a i s ; e a s u p e r v i s ã o d a s e l e i ç õ e s
p a r a d e p u t a d o s c o n s t i t u i n t e s . E m 1994, h o u v e a c r i a ç ã o d a P a t r u l h a U n i ñ c a d a d e A p o i o ( P U M A ) ,
u m a fbrça e s p e c i a l p a r a a g i r j u n t a m e n t e c o m o D e p a r t a m e n t o d e O r d e m E c o n ô m i c a , S o c i a l e
Política ( D E O E S P ) , o D e p a r t a m e n t o de Investigação ( D l ) e a Polícia M i l i t a r ( P M ) . Em 1998, a p r i -
o r i d a d e era o r e d i m e n s i o n a m e n t o do papel da Polícia no Estado D e m o c r á t i c o de Direito. Esse
t e m a íbi d i s c u t i d o n o s ^fWíK^Woj' ^^g^K^^y ¿/í* ó'^/^?ww^<y Píí^Aí?^ e m o t i v o u p a r c e r i a s c o m p r e f e i t u r a s
p a r a a realização de refbrmas nos p r é d i o s prisionais e delegacias.

Essa nova o r i e n t a ç ã o p r o v o c o u m u d a n ç a s na ação da Polícia Civil. No setor de trânsito, p o r e x e m -


plo, em 1983, a t e n d ê n c i a era d e i x a r p a r a o D E T R A N os serviços e s p e c í ñ c o s de nscalização da le-
gislação de trânsito. N e s s e ano, o D E T R A N d e ñ n i u c o m o prioridades: a p r e v e n ç ã o e a repressão
ao furto de veículos e acidentes de trânsito, a e d u c a ç ã o de m o t o r i s t a s e p e d e s t r e s sobre o trânsito
e t r á f e g o , a n s c a l i z a ç ã o e o c u m p r i m e n t o da l e g i s l a ç ã o c o m p r e v e n ç ã o e r e p r e s s ã o às i n f r a ç õ e s ; a
e x p e d i ç ã o da carteira nacional de habilitação e de c e r t i ñ c a d o s de registros de veículos, a vistoria,
o r e g i s t r o e o e m p l a c a m e n t o v e í c u l o s ; a e x p e d i ç ã o c e r t i f i c a d o s de h a b i l i t a ç ã o a o s d i r e t o r e s e
instrutores de escolas de a p r e n d i z a g e m e e x a m i n a d o r e s de trânsito, de acordo c o m o C o n s e l h o
Nacional de Trânsito ( C O N T R A N ) .

A r a c i o n a h z a ç ã o da administração de trânsito seguiu o objetivo de torná-la mais e n c i e n t e e rápida


p o r m e i o de c a m p a n h a s e d u c a c i o n a i s . Os principais projetos realizados fbram: sinalização semafí)ri-
c a e e s t a t i g r á f i c a e m vias p ú b l i c a s d a R M B H ; e l a b o r a ç ã o d e p r o j e t o s d e s i n a l i z a ç ã o p a r a p r e f e i t u r a s
do interior; cursos especíñcos de e d u c a ç ã o de trânsito; intensincação e a p r i m o r a m e n t o das ativi-
dades de p r e v e n ç ã o e repressão ao furto de veículos; e vigilância nos p o n t o s estratégicos de e n g a r -
rafamento para sanar o p r o b l e m a de ñ u i d e z do tráfego. F i z e r a m p a r t e desse processo os seguintes
projetos, executados em 1983: c o m p u t a ç ã o dos cadastros de veículos, infrações, c o n d u t o r e s e veícu-
los f u r t a d o s ; d e s c e n t r a l i z a ç ã o e i n t e r i o r i z a ç ã o d o s s e r v i ç o s , p o r m e i o d e U n i d a d e M ó v e l , p a r a e x a -
m e s médicos e psicotécnicos e da aquisição de m i c r o ô n i b u s para a C o m i s s ã o E x a m i n a d o r a Volante.

HéÜo Garcia, governador de Minas Gerais, inauguração da Deiegacia de Mulheres.


Acervo Poiicia Civü.
o D E T R A N passou a priorizar a e d u c a ç ã o no trânsito c o m a realização de cursos para s u p e r v i -
sores escolares e sensibilização de lideranças, por m e i o de contatos, entrevistas, intercâmbios e
palestras; realização do concurso do "Motorista-Padrão do A n o " e da Semana Nacional de
Trânsito. N e s s e período, as atividades de prevenção de acidentes a u m e n t a r a m .

A v a l o r i z a ç ã o d e c a m p a n h a s e d u c a t i v a s e d e p r e v e n ç ã o s e c o n ñ r m o u n a d é c a d a 1990, q u a n d o o
D E T R A N desenvolveu c a m p a n h a s educativas e cursos de fbrmação de e d u c a ç ã o para o trânsito, de
d i r e ç ã o defensiva e p r i m e i r o s s o c o r r o s e m a c i d e n t e s , d e m o t o r i s t a - p a d r ã o , d e n t r e o u t r o s . A l é m disso,
buscou-se melhoria na qualidade dos serviços prestados pelo D E T R A N m e d i a n t e treinamentos dos
ñ m c i o n á r i o s atendentes, ampliação de suas instalações ñsicas e infbrmatização de vários serviços. O
D E T R A N fbi o s e t o r q u e m a i s i m p a c t o sofreu c o m o p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o b r a s i l e i r a . S e u s
s e r v i ç o s se a v o l u m a r a m e a e s t r u t u r a m o n t a d a d e s d e as d é c a d a s de 1950 e 1960 p r e c i s a v a s e r a d e q u a -
d a a o m u n d o d i g i t a l i z a d o e i n t e r l i g a d o e m r e d e . Foi essa a i n o v a ç ã o m a i s m a r c a n t e d o p e r í o d o , q u a n -
do a integração de Estado p o r m e i o do Sistema N a c i o n a l de C o n d u t o r e s Habilitados possibilitou a
í*j m o d e r n a digitalização da carteira nacional de habilitação, além do seu a c o m p a n h a m e n t o em
^ t e m p o real, d e q u a l q u e r p o n t o d o País. N o v a s b a n c a s e x a m i n a d o r a s f b r a m e s t a l a d a s n a s d e l e g a c i a s
^ regionais da Segurança Pública, no interior, para desconcentrar, na Capital, os e x a m e s de habilitação,
o
A i n f r a - e s t r u t u r a e r a u m p o n t o c r í t i c o d a P o l í c i a C i v i l n a d é c a d a d e 1980 — o g a r g a l o q u e p r o v o -
^ cava u m a série de p r o b l e m a s em cascata. A palavra de o r d e m do p e r í o d o era a m o d e r n i z a ç ã o , o q u e
5 afetava a o r g a n i z a ç ã o da Polícia Civil no sistema de s e g u r a n ç a pública. Os p r i n c i p a i s d e s t a q u e s
¿i e r a m : a m a n u t e n ç ã o da o r d e m e da s e g u r a n ç a p ú b l i c a , o p l a n e j a m e n t o e a a d m i n i s t r a ç ã o de t r â n -
^ sito, a m o d e r n i z a ç ã o d o s r e c u r s o s ñ s i c o s e m a t e r i a i s , o d e s e n v o l v i m e n t o de p e s s o a l e a r a c i o n a l i z a -
g ção administrativa. O objetivo era d o t a r a S E S P de i n s t r u m e n t o s mais e n c i e n t e s p a r a a p r e v e n ç ã o
5 e o c o m b a t e ao c r i m e ( M I N A S G E R A I S , 1983).

§ Em 1985, i n i c i a r a m - s e as obras da D e l e g a c i a E s p e c i a l i z a d a de F u r t o s e R o u b o s , da D e l e g a c i a
§ Regional de Segurança Pública de C o n s e l h e i r o Lafaiete, da Delegacia de Polícia de C o r o n e l
g Fabriciano, da Seccional Metropolitana de Venda Nova, de Ampliação da A C A D E P O L e de
S m a n u t e n ç ã o de diversos órgãos da SESP.

^ A principal d e m a n d a era o p r o b l e m a do s u c a t e a m e n t o da infra-estrutura e do a p a r e l h a m e n t o da


^ P o l í c i a C i v i l . Em r e l a ç ã o ao a p a r e l h a m e n t o , f b r a m p r i o r i z a d a s a i n n ) r m a t i z a ç ã o e a c o m u n i c a ç ã o .
Assim, em 1985, a C e n t r a l de O p e r a ç õ e s e T e l e c o m u n i c a ç õ e s da Polícia Civil a d q u i r i u nova
d i m e n s ã o c o m o ó r g ã o de a p o i o à a p u r a ç ã o policial de r e c e p ç ã o e t r a n s m i s s ã o de m e n s a g e n s via
rádio, telex e telefone.

E m 1994, a d q u i r i u - s e u m s i s t e m a d e t e l e f b n i a a d e q u a d o , c o m a i n s t a l a ç ã o d e 1 8 t e r m i n a i s à r e d e
de teleprocessamento da P R O D E M G , para beneñciar vários órgãos. Em 1998, m a i s u n i d a d e s
fbram informatizadas, todas interligadas ao Sistema de Infbrmações Policiais (SIP). Em geral, e n t r e
1991 e 1994, n a á r e a d e i n f o r m á t i c a , a s d e l e g a c i a s d a P o l í c i a C i v i l e s t a v a m i n t e d i g a d a s p o r t e r m i -
n a i s d e c o m p u t a d o r e m 8 0 m u n i c í p i o s . N a á r e a d e t r â n s i t o , essa r e d e d e M i n a s G e r a i s c o n e c t o u -
s e aos d e m a i s Estados d a F e d e r a ç ã o i n t e g r a n t e s d o sistema d e Registro N a c i o n a l d e Veículos
A u t o m o t o r e s ( R E N A V A M ) . E m r e l a ç ã o à i d e n t i n c a ç ã o civil, o S I P c o m e ç o u a s e r d e s e n v o l v i d o e m
1991, e seu objetivo era interligar todas as delegacias de Polícia c o m os arquivos das u n i d a d e s da
Polícia Civil do Estado. O SIP revia a i n c o r p o r a ç ã o d e ' t e c n o l o g i a s para a e l a b o r a ç ã o de retratos
f a l a d o s e a c o m p a r a ç ã o de i m p r e s s õ e s d i g i t a i s .
A t e c n o l o g i a fbi a b s o r v i d a p e l a a e s t r u t u r a d a P o l í c i a C i v i l , q u e i n f o r m a t i z o u s e u s s e r v i ç o s d e c o m -
bate ao c r i m e e de tránsito. Em um contexto de d e m o c r a c i a e eleições para a Assembléia
C o n s t i t u i n t e , esses serviços v o l t a r a m - s e , p r i o r i t a r i a m e n t e , para a defesa da s o c i e d a d e , na qual o
cidadão era o principal beneñciário. Nessa perspectiva, a Polícia Civil participou dos Postos de
S e r v i ç o I n t e g r a d o U r b a n o ( P S I U ) , instalados em 1986, no Barreiro, e em 1987, na Avenida A n t ô n i o
Carlos, ambos em Belo H o r i z o n t e . Por i n t e r m é d i o do PSIU, o público p o d e r i a tirar carteira de
i d e n t i d a d e e atestado de bons a n t e c e d e n t e s , e m i t i d o s pela Polícia Civil.

O p r o c e s s o de i n f o r m a t i z a ç ã o e m o d e r n i z a ç ã o administrativa o c o r r e u , nas d é c a d a s de 1980 e 1990,


em um contexto geral de crise na segurança pública, q u a n d o a u m e n t o u a d e m a n d a p o r u m a Polícia
Civil mais p r o ñ s s i o n a l e técnica. O d i a g n ó s t i c o era de q u e "o c r e s c i m e n t o d e s o r d e n a d o das áreas
urbanas, aliado ao n ã o - p l a n e j a m c n t o de áreas de a s s e n t a m e n t o e a o u t r o s fatores s o c i o e c o n ó m i c o s
e jurídico-institucionais, t e m [tinha] p r o v o c a d o um a u m e n t o da c r i m i n a l i d a d e e da violência, o q u e
e x i g e [exigia] d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s u m a c o n s t a n t e b u s c a d e a l t e r n a t i v a s d e a t u a ç ã o " ( M I N A S
G E R A I S , 1994). N e s s e p r o c e s s o , a P o l í c i a C i v i l d e s e n v o l v e u v á r i a s a ç õ e s a d m i n i s t r a t i v a s e o p e r a -
cionais para adequar seus serviços à d e m a n d a da época. As delegacias especializadas sediadas em
Belo H o r i z o n t e c u i d a m de apurações em áreas especíñcas e a t u a m em t o d o o Estado. Assim,
estavam em funcionamento as delegacias de O r d e m Econômica, Furtos e Roubos, Falsincações e
De&audações, H o m i c í d i o s , Ecologia, F u r t o s e R o u b o de Veículo, F u r t o e R o u b o de Carga, C r i m e s
c o n t r a a F a z e n d a e a A d m i n i s t r a ç ã o P ú b l i c a e O p e r a ç õ e s E s p e c i a i s , d e s t a c a n d o - s e a D e l e g a c i a de
H o m i c í d i o s , a p r i m e i r a a c u i d a r de sequestros.

O m o m e n t o exigia a t e n ç ã o e s p e c i a l , e x a t a m e n t e q u a n d o a c r i s e ñ n a n c e i r a d a s c o n t a s d o G o v e r n o d o
E s t a d o i m p e d i a o i n v e s t i m e n t o n e c e s s á r i o p a r a s u p r i r a s n e c e s s i d a d e s d a P o l í c i a Civil. E m 1999, f e z -
s e o c o r t e d e 3 0 % n o o r ç a m e n t o d a P o l í c i a Civil. A c o n s e q ü ê n c i a d i s s o f()i s e n t i d a d e f()rma m a i s d i r e -
t a n o s gastos r e l a t i v o s à m a n u t e n ç ã o e m g e r a l d a frota, d o m a t e r i a l m é d i c o e d a p e r í c i a t é c n i c o - c i e n -
tíñca, do material de c o n s u m o , do conserto de e q u i p a m e n t o s , etc. A crise n ã o i m p e d i a a liberação de
recursos para a construção e a refbrma dos estabelecimentos penais, c o m o as obras no C E R E S P B H ,
n o C E R E S P B e t i m e n o C E R E S P J u i z d e Fora. T a m b é m f b r a m r e m a n e j a d o s r e c u r s o s p a r a a c o n -
clusão das cadeias públicas de A ç u c e n a , P i u m - í , C a n ó p o l i s , O u r o P r e t o U b e r a b a e Cataguases.

A reação à crise na área de segurança p ú b ü c a o c o r r e u em 2000, c o m a criação das delegacias


regionais e seccionais em cidades pólo do Estado, c o m população superior a 25 mil habitantes.
Foram criadas unidades com estrutura funcional adaptadas ao a t e n d i m e n t o a todos os serviços
periciais e d o t a d a s de a p a r e l h a m e n t o m a t e r i a l e h u m a n o s u ñ c i e n t e p a r a a t e n d e r à d e m a n d a local.

O u t r a o p ç ã o à crise consistiu nos 487 c o n v ê n i o s de c o o p e r a ç ã o c o m as prefeituras do interior do


Estado, parcerias q u e possibilitaram as obras das sedes do Instituto Médico-Legal de M o n t e s Claros,
de G o v e r n a d o r Valadares e de J u i z de Fora, b e m c o m o a c o n s t r u ç ã o da cadeia pública de Ipatinga.

O m o m e n t o de v i r a d a da crise o c o r r e u e n t r e 1999 e 2000, q u a n d o os p r o b l e m a s ñ n a n c e i r o s fbram


relativamente superados e novos investimentos fbram possíveis, c o m o a c o n s t r u ç ã o do hangar da
Polícia Civil, f u n d a m e n t a l para facilitar os d e s l o c a m e n t o s , a g u a r d a e a m a n u t e n ç ã o de d u a s a e r o -
naves e do helicóptero p e r t e n c e n t e s à Polícia Civil. As obras de r e m o d e i a ç ã o do Hospital da Polícia
C i v i l f b r a m i n t e n s i ñ c a d a s , c o m r e s u l t a d o s i m e d i a t o s n a m e l h o r i a d o s s e u s s e r v i ç o s . Foi i n a u g u r a -
do o laboratório do Instituto de Criminalística, com novos e q u i p a m e n t o s para exames periciais, e
o l a b o r a t ó r i o d o I n s t i t u t o M é d i c o - L e g a l fbi t e c n i c a m e n t e ref<:)rmulado.
Primeiro tieücóptero da Poiicia Civit. 1988. Acervo Potícia Civi!.

Foi c r i a d o o P r o g r a m a d e R a c i o n a l i z a ç ã o A d m i n i s t r a t i v a , e m 1 9 8 3 , p a r a o t i m i z a r o d e s e m p e n h o d a
SESP, c o m técnicas e p r o c e d i m e n t o s capazes de a t e n d e r c o m eficácia aos objetivos de m a n u t e n ç ã o
da o r d e m pública. A d e s c e n t r a l i z a ç ã o administrativa e a infbrmatização e r a m os alvos desse p r o -
grama, q u e realizou: curso de planejamento e administração c o m a colaboração da A C A D E P O L ;
implantação de sistemas de computação; implantação do e q u i p a m e n t o eletrônico; m i c r o ñ l m a g e m
de arquivo; manuais voltados para áreas de o r ç a m e n t o , contabilidade e auditoria; implantação de
s i s t e m a s d e c o n t r o l e e m a n u t e n ç ã o p r e v e n t i v a d a ñ-ota d e v e í c u l o s ; e t r e i n a m e n t o d o p e s s o a l
envolvido no processo.

E m 1987, a s p r i n c i p a i s m e d i d a s í b r a m : o a p r i m o r a m e n t o d o s i s t e m a d e c o m p u t a ç ã o , a c o n t i n u i d a d e
d o s s e r v i ç o s d e m i c r o ñ l m a g e m e c o n t r o l e e m a n u t e n ç ã o p r e v e n t i v a d a firota e o a p r i m o r a m e n t o d o s
serviços realizados pelo Instituto M é d i c o - L e g a l e pelo Instituto de Criminalística.

A s r e s p o s t a s à c r i s e c o m e ç a r a m d e f b r m a m a i s efetiva a p a r t i r d e 1998, q u a n d o o p a p e l d a P o l í c i a
n o E s t a d o D e m o c r á t i c o d e D i r e i t o fbi r e d i m e n s i o n a d o d e a c o r d o c o m u m a d o u t r i n a m a i s a b e r t a e
sintonizada com o compromisso de m a n t e r a paz pública mediante o uso apropriado do poder de
n)rça e d a a q u i s i ç ã o d e n o v a s t e c n o l o g i a s e d e m o d e r n o s e q u i p a m e n t o s . O p r o g r a m a d e m o d e r -
nização e r e e q u i p a m e n t o da Polícia Civil sintetizava os p r o c e d i m e n t o s e as diretrizes dessa nova
c u l t u r a . P a r a d i v u l g a r essa n o v a d o u t r i n a , f b r a m r e a l i z a d o s s e m i n á r i o s r e g i o n a i s d e S e g u r a n ç a
P ú b l i c a e m v á r i o s m u n i c í p i o s d o E s t a d o . O r e s u l t a d o i m e d i a t o fbi o a u m e n t o s i g n i ñ c a t i v o d e
parcerias c o m prefeituras para a refbrma de prédios (prisionais e delegacias), a m a n u t e n ç ã o de
automóveis e e q u i p a m e n t o s , b e m c o m o de moradias para os proñssionais de Polícia.

P a r t e d a d e n c i ê n c i a ñ n a n c e i r a fíii s u p r i d a p e l a L e i n . 1 2 0 5 2 , d e 2 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 5 , q u e i n s t i -
tuía a taxa de segurança pública. Consistiu em um paliativo q u e não dispensou a necessidade do uso
d e v á r i a s o u t r a s m e d i d a s d e e c o n o m i a , c o m o a u t i l i z a ç ã o d a m ã o - d e - o b r a d o s c o n d e n a d o s . Isso a c o n -
t e c i a n a fabrica d e p l a c a s M ó n t e s e , u m a i m p o r t a n t e f b n t e d e r e n d a d a P o t í c i a C i v i l , e n a s o ñ c i n a s d e
c o n f e c ç ã o d e m o v e i s , s a p a t a r i a , c o l c h o a r i a , o l a r i a , e t c . Se, d e u m l a d o , e v i t a v a m - s e a s c o n h e c i d a s
mazelas decorrentes da inatividade dos presidiários, por outro, traziatu-lhes beneficios jurídicos c o m
a r e d u ç ã o da pena, além do a p r o v e i t a m e n t o do p r o d u t o nos próprios órgãos.

O processo de m o d e r n i z a ç ã o administrativa a p r o í u n d o u - s e , em 1999, c o m o P r o j e t o D i a g n ó s t i c o


de U n i d a d e s Policiais para o real c o n h e c i m e n t o de seus recursos. Por m e i o de um sistema de p r o -
g r a m a ç ã o e s p e c í f i c o , o C e n t r o d e P l a n e j a m e n t o p ô d e c r u z a r d a d o s físicos e f i n a n c e i r o s . Foi c r i a d o
um programa de a c o m p a n h a m e n t o e avaliação da ação governamental e elaboradas pesquisas orga-
nizacionais, internas e externas. Celebrou-se convênio com a Empresa Brasileira de Infra-
Estrutura Aeroportuária ( I N F R A E R O ) para o aperfeiçoamento de atividades de prevenção, poli-
c i a m e n t o e segurança na área do A e r o p o r t o de Belo H o r i z o n t e .

E s s e m o m e n t o p o s i t i v o foi p r o p í c i o p a r a u m a d i s c u s s ã o m a i s a m p l a s o b r e a S e c r e t a r i a d e E s t a d o
d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a d e M i n a s G e r a i s . E m 1999, t e v e i n í c i o a p o l í t i c a d e r e e s t r u t u r a ç ã o g e r a l d o
setor, c o m o e s t a b e l e c i m e n t o de p r i o r i d a d e s p a r a a e l a b o r a ç ã o de u m a p r o p o s t a de r e f o r m u l a ç ã o
ampla. O e m b r i ã o dessa p r o p o s t a era a atualização da Lei O r g â n i c a da Polícia Civil do Estado. Esse
processo de reformulação partiu do pressuposto de que o desenvolvimento técnico-administrativo
da Polícia Civil d e p e n d i a do seu a p r i m o r a m e n t o organizacional, c o m o a p e r f e i ç o a m e n t o dos p r o -
c e d i m e n t o s d e a c o r d o c o m a s a t r i b u i ç õ e s i n e r e n t e s a c a d a setor.

A l i b e r a ç ã o d e c r é d i t o s u p l e m e n t a r e r a u m a a l t e r n a t i v a p a r a a c r i s e f i n a n c e i r a , c o m o fbi feito e m
2001 c o m o P l a n o N a c i o n a l de S e g u r a n ç a P ú b l i c a , q u e possibilitou d o t a ç õ e s o r ç a m e n t á r i a s para o
p r o g r a m a de qualificações dos policiais, c o m a difusão de c o n h e c i m e n t o e técnicas policiais na
instituição; para o material de c o n s u m o e o e q u i p a m e n t o de projeção; para o e q u i p a m e n t o do
instituto de Identificação de Análise de Impressões Digitais; para os programas M A P Í N E O e S P S S
para o l e v a n t a m e n t o estatístico e a consolidação de dados sobre áreas críticas de segurança do
Estado; para o serviço de consulta, p r o m o ç ã o e divulgação do policiamento comunitário; para c o m - g
putadores, impressoras, e q u i p a m e n t o s de r a d i o c o m u n i c a ç ã o e aquisição de a r m a m e n t o s . ^

A r e f o r m u l a ç ã o d a S E S P a p r e s e n t o u - s e c o m u m a n e c e s s i d a d e d e u r g e n t e n o i n í c i o d e 2000. E r a <
necessária u m a recstruttiração, no â m b i t o organizacional e administrativo, c o m o e s t a b e l e c i m e n t o de
prioridades para u m a refbrmulação ampla da instituição. A descentralização administrativa c o p e r a -
c i o n a l d o s s e r v i ç o s policiais e r a u m p o n t o d e t e r m i n a n t e p a r a a e f e t i v i d a d e d a r e f b r m a n e c e s s á r i a . A l é m
disso, f b r a m e x e c u t a d a s novas o b r a s , c o m o a c o n s t r u ç ã o , a r e f b r m a e a a m p l i a ç ã o de c a d e i a s e d e l e g a -
cias. Em 2002, 31 u n i d a d e s f b r a m r e e s t r u t u r a d a s e e s t a v a m em a n d a m e n t o a c o n s t r u ç ã o , a r e f b r m a e a
a m p h a ç ã o d e 16. Essas m e d i d a s a p o n t a v a m p a r a a u r g ê n c i a d a s i t u a ç ã o q u e p e d i a m e d i d a s radicais. A
r e e s t r u t u r a ç ã o d a S E S P seria i n s u ñ c i e n t e a p e n a s c o m r e f b r m a s físicas e a d m i n i s t r a t i v a .

A função institucional da Polícia Civil havia se a v o l u m a d o ao longo dos anos, d e s d e a criação da


S E S P , e m 1956. A c o n c e p ç ã o m o d e r n a d e a d m i n i s t r a ç ã o e s e g u r a n ç a e r a i n c o m p a t í v e l c o m o ó r g ã o
a b r a n g e n t e e c e n t r a l i z a d o r c o m o a S E S P , q u e p o r isso m e s m o e r a frágil e l e n t o p a r a a s d e m a n d a s
q u e a c r i m i n a l i d a d e dessa é p o c a exigia. Assim, surgiu em 2003, c o m o p a r t e do p r o c e s s o de refbr-
m u l a ç ã o d a S E S P , i n i c i a d o n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1990, u m a p r o p o s t a d e m u d a n ç a r a d i c a l . E s s e é o
m a r c o d o ñ m d a e r a d a S E S P , e x t i n t a p e l a lei q u e r e c r i o u a C h e ñ a d e P o l í c i a e a b r i u a s p o r t a s p a r a
um novo p e r í o d o da história da Polícia Civil.
ELEMENTOS PARA
UMA SOC<OLOG!A
H!STÓR<CA DA
POLÍCtA C<VtL EM
MÍNAS GERAtS
A e v o l u ç ã o d o s p r o b l e m a s d e n a t u r e z a i n s t i t u c i o n a l d o a p a r a t o d e s e g u r a n ç a p ú b l i c a n o Brasil p o d e
ser sistematizada m e d i a n t e três dos p r o b l e m a s centrais já analisados pela bibliografia'' na discussão
dessa questão: a p r e c a r i e d a d e instituciona!, a inexistência de d e b a t e p ú b l i c o m a d u r o sobre a área e
a d i ñ c u l d a d e para a i m p l e m e n t a ç ã o de políticas públicas p o r p a r t e do Estado no c a m p o da Justiça
Criminal.

U m a das hipóteses c o r r e n t e s p a r t e d a premissa d e q u e , e m c e r t o sentido, essas três q u e s t õ e s p o d e m


ser e n t e n d i d a s c o m o c o n s e q ü ê n c i a d e u m a característica p r e s e n t e n a raiz d o d e s e n v o l v i m e n t o
histórico d o c a m p o social d a s e g u r a n ç a p ú b l i c a n o Brasil, q u e p o d e ser r e s u m i d a n a s e g u i n t e a ñ r -
mação de Holloway (1997, p. 22-23):

N e n h u m brasileiro, q u a l q u e r q u e seja sua classe ou posição ideológica, pensaria em i n t e r p r e t a r o


papel histórico da polícia urbana em hinção de consenso e ¡egitimidade. Os defensores consideram
as forças policiais c o m o agentes necessários da o r d e m e da disciplina, e n q u a n t o os críticos vêem
nelas o Estado autoritário em ação repressiva. As duas posições não são incompatíveis, rendo em
c o m u m a ausência de legitimidade c consenso (no q u e se refere à polícia) na sociedade e na cultura
brasileiras.

E v i d e n t e m e n t e , a Polícia, c o m o instituição estatal responsável de forma objetiva p e l o exercício do


c o n t r o l e social n a s o c i e d a d e c o n t e m p o r â n e a , s o f r e r á , p o r m e l h o r q u e seja, p r o b l e m a s d e l e g i t i m i -
d a d e , i n d e p e n d e n t e m e n t e d e q u a i s q u e r o u t r o s fatores, isso p o r q u e , c o m o a ñ r m a R e i n e r (1992, p .
3-7), m e s m o q u e fosse p o s s í v e l e x e r c ê - l a d a f b r m a m a i s i m p a r c i a l p o s s í v e l , o e x e r c í c i o d a a t i v i d a d e
pohcial será s e m p r e referido p o r o u t r a s d i m e n s õ e s q u e r e ñ e t e m a d e s i g u a l d a d e ou a hierarquia
s o c i a l p r e s e n t e e m d e t e r m i n a d a s o c i e d a d e ( c o m o a s i m p e r f e i ç õ e s d o a r c a b o u ç o legal, p o r e x e m -
plo) e, especialmente, em decorrência da discricionariedade presente na ação do h o m e m q u e atua
na linha de frente, em contato d i r e t o c o m a p o p u l a ç ã o .

Assim, a despeito de possíveis coincidências organizacionais associadas à consolidação c o n t e m -


p o r â n e a d o e x e r c í c i o g e n é r i c o d o c o n t r o l e s o c i a l p e l o m u n d o afbra, s e r á p r e c i s o r e c o l o c á - l a s d i a n t e
do a m a d u r e c i m e n t o institucional da p r ó p r i a idéia de Polícia (ou, n u m p l a n o mais extenso, de
justiça criminal) em d a d a s o c i e d a d e . É e x a t a m e n t e nesse p o n t o q u e a r e a l i d a d e brasileira a p r e s e n -
ta a sua, se assim p o d e m o s c h a m á - l a , p e c u l i a r i d a d e : a n a t u r e z a das d i ñ c u l d a d e s q u e a C o r o a p o r -
tuguesa e, depois, o Império vivenciaram na consolidação da o r d e m e do m o n o p ó l i o do exercício
da violência legítima pelo Estado.

As peculiaridades da evolução e das diñculdades enfrentadas pelo sistema de Justiça Criminal


brasileiro e os c a m i n h o s escolhidos e i m p l e m e n t a d o s para vencê-las d e t e r m i n a r a m percursos insti-
tucionais e organizacionais e s p e c í ñ c o s q u e i n t e r f e r i r a m e i n t e r f e r e m , de forma decisiva, nas d i ñ -
c u l d a d e s q u e hoje vivenciamos. Analisar os e l e m e n t o s dessa e v o l u ç ã o e as circunstâncias i n t e r v e -
nientes em sua c o n s t r u ç ã o e c o n s o l i d a ç ã o institucionais, p o r t a n t o , p e r m i t e d e p r e e n d e r a l g u m a s
variáveis d e t e r m i n a n t e s para o e n t e n d i m e n t o das suas conseqüências.

Para uma boa anátise da bibliografia existente, cf. Zatuar ( 1 9 9 9 . p. 71 93): Lima (2000).

! R<RUOTECADÃ ¡
4 . 1 NECOCtANDO A ORDEM SOCtAL

E m 1 5 d e d e z e m b r o d e 1932, o c h e f e d e P o l í c i a e s e c r e t á r i o d o I n t e r i o r d e M i n a s G e r a i s r e c e b e u
u m oítcio^** assinado pelo representante de um g r u p o de comerciantes de u m a cidade da Z o n a da
M a t a m i n e i r a . N e s s e ofício, a r g u m e n t a v a - s e :

(Nossa cidade) já é u m a cidade b e m populosa, culta, próspera, ordeira e de progresso, civilizada


mesmo! Existem uns cinco cafes chiques c o m g r a n d e e m p r e g o de capitais; só a estação da c i d a d e
exporta um milhão e d u z e n t o s mil arrobas de cafe, e c o r r e dinheiro, p o r t a n t o . [...] E n t r e t a n t o , o Sr.
D e l e g a d o de Polícia prejudica g r a n d e m e n t e esses cafes e restaurantes, o b s t a n d o a vida n o t u r n a c o m
proibições q u e d u v i d a m o s s e r e m e m a n a d a s dessa cheña. E o seguinte o fato: o Sr. D e l e g a d o proibiu
q u e as meretrizes saíssem à rua, à noite, antes de 23h30, e isso, c o m prejuízo dos restaurantes. [...]
De q u a l q u e r forma, estamos prejudicados, pois temos bebidas, geladeiras de alto custo e na é p o c a
^ do calor n ã o p o d e m o s vender, pois, c o m a retirada de nossas freguesas, t a m b é m d e s a p a r e c e r a m os
nossos bons fi'egueses... C o m relação ao comércio, a falência, o ñ s c o perde!!! E os capitalistas, os
coronéis, não t ê m liberdade de gozar o seu d i n h e i r o no ú l t i m o q u a r t e i r ã o da vida. Desejamos para
o a nossa boa c i d a d e não o r d e n s e 'pode não p o d e ' de soldados!!!... Desejamos um r e g u l a m e n t o e e d i -
& tais impressos de cousas seguidas e adaptadas na Capital [...] de a c o r d o com o s e n t i m e n t o de
c h u m a n i d a d e , civilização e justiça!!!...
5

g D i a n t e da solicitação, o chefe de Polícia r e q u e r e n p a r e c e r ao d e l e g a d o de C o s t u m e s , q u e a ñ r m o u


B s e r e m i l e g a i s a s r e s t r i ç õ e s , u m a v e z q u e "[...] s ã o v i o l e n t a s e v i o l a m o d i r e i t o d e i r e v i r " d a s p e s -
^ s o a s . O q u e c o m p e t e à P o l í c i a é "[...] p o l i c i a r p a r a q u e o s e u u s o ( d o d i r e i t o de ir e v i r ) n ã o seja
S desrespeitoso. " P a r e c e - m e (continua o delegado de C o s t u m e s ) q u e ao delegado desta cidade se
^ deva emitir instruções neste sentido", q u e foram enviadas p o r c o m u n i c a ç ã o do chefe de Polícia em
g 3 0 d e d e z e m b r o d e 1932. E m r e s p o s t a , o d e l e g a d o e s p e c i a l l o t a d o n a c i t a d a c i d a d e , t e n e n t e d a
S Força P ú b l i c a de M i n a s G e r a i s , a r g u m e n t o u q u e o seu c o n t i n g e n t e se r e s u m i a a seis praças,
g número insuñciente para estabelecer a ordem:
a
^ C a b e - m e informar a V. Ex. q u e o n ú m e r o de prostitutas nesta c i d a d e é a p r o x i m a d a m e n t e de 600 a
^ 700, q u e gozaram da l i b e r d a d e e dos direitos q u e lhes assiste, mas, em v i r t u d e de o d e s t a c a m e n t o
5^ local não ter o n ú m e r o s u ñ c i e n t e de praças para se estabelecer um p a t r u l h a m e n t o [...], é q u e resolvi
proibir a saída das meretrizes à rua d e p o i s das 22 horas, isto para evitar q u e venha p e r m r b a r a
o r d e m pública [...].

A questão p e r m a n e c e u em disputa até q u e o chefe de Polícia recebeu um segundo pedido:

Desejamos apenas não ser prejudicados no nosso trabalho, no nosso comércio. São inofensivas e dignas
de comiseração essas mulheres cujo destino as atirou no abismo e q u e as leis verdadeiras e a organiza-
ção social, no m u n d o inteiro, e as polícias e o costume, a civilização, etc. não conseguiram sequer m o -
diñcar esse estado de cousas... É na nossa cidade, na nossa infeliz cidade é q u e um t e n e n t e vem ditar
leis... Seria aconselhável, no caso de necessidade, o policiamento e a punição dos indivíduos pertur-
badores da ordem e do sossego público, se for reclamado. Somos pais de família, p o r assim falar!!

Arquivo PúbÜco Mineiro. Fundo Poiicia. P0L9. CXOt. Í 9 3 2 / 1 / 2 0 0 8 a ] 9 3 3 / t / 2 0 1 8 .


E n t r e t a n t o até o n t e m o joguinho i n o c e n t e do bicho s u p e r i n t e n d i d o p o r capitalistas ou pessoas de
destaque era ou é franco!!!!!!!... E r e s e r v a d a m e n t e em casas particulares, não tão francamente, jogam
o póquer, etc., etc. De q u a n d o em vez, a p e r t u r b a ç ã o da o r d e m é feita pela própria Polícia, c o m
e s p a n c a m e n t o s a pobres ignorantes nas ruas de cantos da cidade, até em pobres mulheres!!! P e d i m o s
alguma reserva desta carta, para a u t o r i d a d e s daqui, para evitar perseguições, sc desta vierem a ter
c o n h e c i m e n t o [...].

E m 1 2 d e j a n e i r o d e 1 9 3 3 , c o m a i n t e r f e r ê n c i a d o p r e s i d e n t e d o E s t a d o , C a r l o s P r a t e s , fbi e m i t i d a
a o r d e m ñ n a l a o d e l e g a d o e s p e c i a l d e t e r m i n a n d o " n ã o p r o i b i r a s a í d a d a s m u l h e r e s e q u e fireqüen-
t e m b a r e s e r e s t a u r a n t e s [...]".

A s a g r u r a s d a A d m i n i s t r a ç ã o P ú b l i c a n a dennição d o s l i m i t e s e d o s v a l o r e s q u e o r i e n t a v a m a a ç ã o
do aparato de segurança pública deixaram evidentes, além dos problemas de natureza institucional,
e x e m p l i ñ c a d o s p e l a s d i f e r e n t e s p o s t u r a s e i n t e r p r e t a ç õ e s s o b r e o fato, e m a n a d a s d e m e m b r o s d a
G u a r d a Civil e da Força Pública, alguns dos d i l e m a s da i m p l e m e n t a ç ã o e da m a n u t e n ç ã o da o r d e m
n o Brasil. S e g u n d o H o l l o w a y ( 1 9 9 7 , p . 23), e s s e é " o p r o c e s s o p e l o q u a l a s i n s t i t u i ç õ e s p o l i c i a i s
m o d e r n a s se fortaleceram e g a r a n t i r a m a c o n t i n u i d a d e das relações sociais h i e r á r q u i c a s t r a d i -
cionais, e s t e n d e n d o - a s ao espaço público impessoal".

4 . 2 O QUE FAZ!A O POLtCtAL CtVtL DE MtNAS GERAtS?

N o ñ n a l d a d é c a d a d e 1920, o ¿/f^'íí^/ior" p e r m i t e o b t e r u m a v i s ã o g l o b a l d o t i p o d e
m o v i m e n t o q u e existia e n t r e a G u a r d a Civil e suas u n i d a d e s , b e m c o m o e n t r e esta e a J u s t i ç a da
C a p i t a l , tal c o m o a p r e s e n t a d o na T a b e l a 1 e n o s G r á n e o s 1, 2 e 3:

TABEt-A 1
Natureza do crime dos autos remetidos em 1929 - Departamento de investigações da Guarda Civü.

UPO DE OCORRÊNCIA NO %

CONTRA A PE5S0A 59 43,70


Offensás Phy5icas 40 29,63
Homicídio 6 4,44
Ameaça 4 2,96
Tentativa de Homicídio 3 2,22
Tentativa de Suicídio 2 1,48
Suicídio 2 0,74
Espancamento 1 0,74
TRÂNSiTO 38 28,15
Atropelamento 30 22,22
Desastre 7 5,19
Aba!roamento 1 0,74
ACÍDENTE NO TRABALHO 20 14,81
OUTROS 18 13,33
TOTAL 135 100

Fonte: Arquivo do Departamento de Investigações da Polícia Civi!


de Minas Gerais. Livro de Remessa de Autos. 1929.

Arquivos do Departamento de [nvestígaçôes da Poücia Civi! de Minas Gerais. Livro de Remessa de Autos. 1929.
NATUREZA DO (R!ME DOS AUTOS
GRÁFtCO 1 »
REMET!DOS EM 1 9 2 9 .

80
60
40
20
O

CONTRA A TRÂNSiTO M^m^NO OUTROS


PKSOA TRABALHO

Fonte: Arquivo do Departamento de tnvestigaçoes da Poticia Civi!


de Minas Gerais. Livro de Remessa

GRÁFÍCO 2 » NATUREZA DO CR!ME CONTRA A PESSOA

DOS AUTOS REMETIDOS EM 1 9 2 9 .

Fonte: Arquivo do Departamento de [nvestigações da Poticia Civit


de Minas Gerais. Livro de Remessa de Autos, 1929.
GRÁFtCO 3 » NATUREZA DO CRtME CONTRA DE TRÂNSITO
DOS AUTOS REMETIDOS EM 1 9 2 9 .

a Seqüência 1
H Seqüência 2

Fonte: Arquivo do Departamento de Investigações da Poiicia Civii


de Minas Gerais. Livro de Remessa de Autos, 1929.

A maioria dos autos remetidos para autoridades da Capital refere-se a processos de crimes contra
a pessoa, e s p e c i a l m e n t e aqueles v i n c u l a d o s a agressões e lesões corporais, fruto de d e s e n t e n d i m e n -
tos cotidianos. O Livro de Remessa de Autos não oferece mais detalhes sobre as ocorrências, mas
c h a m a a t e n ç ã o o g r a n d e n ú m e r o d e p r o c e s s o s e x i s t e n t e s s o b essa r u b r i c a .

Um segundo ponto de interesse se refere ao grande n ú m e r o de processos relacionados a acidentes de


trânsito ( 2 8 % do total dos processos remetidos) na Capital mineira, especialmente para a rubrica
" A t r o p e l a m e n t o " ( 2 2 % d o t o t a l d e p r o c e s s o s ) . D e s c o b e r t a s e m e l h a n t e fbi feita p o r B r e t a s ( 1 9 9 7 b )
para a cidade do R i o de Janeiro, c o n s t a t a n d o - s e q u e o trânsito era, efetivamente, um g r a n d e p r o b l e -
map^^a^^emp^^k^

Acidentes no trabalho e r a m t a m b é m m u i t o freqüentes, com quase 1 5 % do total de processos


remetidos.

P o r ñ m , ressalte-se o p e q u e n o n ú m e r o de processos relacionados a crimes contra o p a t r i m ô n i o


(cinco processos de "Dano", um processo de "Roubo" e um processo de "Encontro de
Automóveis").

E m 1944, a D e l e g a c i a E s p e c i a l i z a d a d e S e g u r a n ç a P e s s o a l d a C a p i t a l c e n t r a l i z o u o a t e n d i m e n t o
a o s c a s o s d e a g r e s s õ e s físicas e a m e a ç a s s o f r i d a s p e l o s h a b i t a n t e s d e B e l o H o r i z o n t e . P o r i n t e r m é -
dio do Livro de Registro de Ocorrências,'^ p o d e m o s ter u m a idéia dos tipos de ocorrências q u e
chegavam ao c o n h e c i m e n t o dos policiais dessa u n i d a d e .

N e s s e a n o , essa u n i d a d e p o l i c i a l r e g i s t r o u 6 2 6 o c o r r ê n c i a s , o q u e p e r f a z u m a m é d i a d e ! , 7 1 o c o r -
r ê n c i a s p o r dia. A T a b e l a 2 e o G r a n e o 4 a p r e s e n t a m a d i s t r i b u i ç ã o d a s o c o r r ê n c i a s p o r t i p o , a p ó s
a anáhse de u m a amostra aleatória de cerca de 2 0 % do total de ocorrências registradas.

Arquivos do Departamento de Investigações da Potícia Civii de Minas Gerais, Livro de Registro de Ocorrências da Deiegacia Especializada
de Segurança Pessoa! (1943-1944).
TABELA 2
Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Delegacia Especializada de Segurança Pessoa! de Beio
Horizonte 1944.

T!PO DE OCORRÈNOA %

AGRESSÕES E AMEAÇAS 119 89^7


Genéricas 52 39,10
Viotência doméstica 23 17,29
Amantes, namorados e
22 16,54
ex-amantes
21 15,79
Denúncias contra Poüciais 9,02
12
Força PúbÜca 6
Exército 2 1,50
Fiscai de tránsito 1 0,75
Víoiéncia sexuaí 1 0,75
OUTROS 14 10^3
Dividas, comércio, etc. 5 376
Acidentes 5 376
Denúncias de fundo étnico
ou reügioso 1 075
0^^^ 3 2^6

133 100

Fonte: Livro de Registros de Ocorrências da Delegacia Especializada


de Segurança Pessoal. 1944.

Fonte: Livro de Registros de Ocorrências da Delegacia Especializada


de Segurança Pessoal. 1944.
Da análise do texto das ocorrências ñca e v i d e n t e q u e g r a n d e parte dos p r o b l e m a s enñ-entados
( ^ 9 % do total de ocorrências) se relacionava a agressões ñsicas e a m e a ç a s s o ñ i d a s pelos habitantes
de Belo Horizonte, em sua maioria &uto de c o n ñ i t o s cotidianos e n t r e pessoas conhecidas. C h a m a m
atenção, p o r o u t r o lado, as o c o r r ê n c i a s de violência d o m é s t i c a (conñitos e violências acontecidos
n o a m b i e n t e familiar, c o m u m t o t a l d e 1 7 % das ocorrências), vinculadas a r e l a c i o n a m e n t o s
amorosos (16,5%) e as d e n u n c i a s contra violencias p e r p e t r a d a s por policiais (em t o r n o de 15%).
Esse p a n o r a m a t a m b é m não é m u i t o diferente, por exemplo, d a q u e l e descrito p o r M a r c o s Bretas
(1997b, p. 99). N e s s e caso, na c i d a d e do R i o de J a n e i r o , a m é d i a diaria de o c o r r ê n c i a s até o ñ n a l da
d é c a d a d e 1920 e r a d e t r ê s , d a s q u a i s c e r c a d e 2 0 % s e r e f e r i a m a a g r e s s õ e s e a m e a ç a s . A s e s t a t í s t i -
cas d a D e l e g a d a d e S e g u r a n ç a Pessoal n ã o p e r m i t e m u m a análise global das o c o r r ê n c i a s d a c i d a d e
d e B e l o H o r i z o n t e , e m v i r t u d e d o fato d e s e r e f e r i r e m a u m a u n i d a d e e s p e c i a l i z a d a , v o l t a d a e x c l u -
sivamente para o atendimento de ocorrências daquela natureza.

No caso da Delegacia de S e g u r a n ç a Pessoal, a maioria das o c o r r ê n c i a s era registrada p e l o escrivão


da u n i d a d e e assinada pelo queixoso. N ã o é i n c o m u m , entretanto, ocorrências grafadas pelos
p r ó p r i o s queixosos, e s p e c i a l m e n t e q u a n d o estes se d e s t a c a m social ou e c o n o m i c a m e n t e .

Um bom e x e m p l o do tipo de ocorrência mais c o m u m , relacionada às ameaças ou agressões genéri-


cas, é a " 1 7 5 " , r e g i s t r a d a p e l o a u t o r :

E x m o . Sr. Dr. D e l e g a d o de Segurança Pessoal.

[...] Fulano de Tal, funcionário da Secretaria das Finanças, residente na Rua M a r t i n h o C a m p o s n"
tal, bairro do C r u z e i r o , vem r e s p e i t o s a m e n t e p e d i r - l h e providências sobre seu vizinho. Beltrano,
residente na m e s m a rua. Beltrano t e m u m a criação, aliás, um retiro de cabritos na citada rua. A
razão de uns cinco meses, os cabritos andam invadindo o m e u quintal, estragando minha horta. Pedi
providências ao Sr. Beltrano, o qual não t o m o u ; assim o ñz p o r diversas vezes. Sábado passado matei
um ou dois cabritos c tive c o n h e c i m e n t o p o r amigos q u e o Sr. Beltrano d e u queixa neste cartório.
M e s m o depois de ter m a t a d o o cabrito c o n t i n u a m os cabritos a freqüentar o m e u quintal. As
providências q u e eu podia t o m a r já tomei para evitar q u e os m e s m o s continuassem. Hoje prendi
dtús cabritos na grade. Espero providências de V. Sa. (Belo H o r i z o n t e , 1944)

Q u a n d o o d e l e g a d o julgava necessário e n v i a r u m investigador p a r a o b t e r m a i o r e s i n f b r m a ç õ e s ou,


mesmo, abrir um p r o c e d i m e n t o formal, um inquérito ou u m a intimação a u m a das partes para q u e
e s t a fbsse o u v i d a , a n o t a v a a p r o v i d e n c i a n e c e s s á r i a à m a r g e m d o t e x t o d a q u e i x a e m p a u t a . N a
maioria dos casos, e n t r e t a n t o , um g r a n d e "R" de "Resolvido" era grafado sobre o texto da o c o r r ê n -
cia, i n d i c a n d o q u e a q u e s t ã o fbra r e s o l v i d a d e f()rma i n f o r m a l , s e m n e c e s s i d a d e d a a b e r t u r a o ñ c i a l
d e q u a l q u e r p r o c e d i m e n t o l ó r m a l a l é m d o r e g i s t r o d a p r ó p r i a q u e i x a . N u m a a m o s t r a d e 100 o c o r -
r ê n c i a s , e m 5 0 % d o s c a s o s a o c o r r ê n c i a foi r e s o l v i d a s e m a i n s t a u r a ç ã o d e q u a l q u e r p r o c e d i m e n t o
oñcial; em 1 6 % dos casos o d e l e g a d o m a n d o u a p u r a r ou d e u s e g u i m e n t o administrativo i n t e r n o à
ocorrência; em 1 3 % d o s casos h o u v e i n t i m a ç ã o às partes para sua a p r e s e n t a ç ã o na delegacia; e em
a p e n a s u m c a s o h á a n o t a ç ã o d e q u e fbi a b e r t o i n q u é r i t o p o l i c i a l .

Esse tipo de ação policial, de agir p r e f e r e n c i a l m e n t e m e d i a n t e negociação informal do c o n ñ i t o e n t r e


a s p a r t e s , j á é b a s t a n t e a n a l i s a d o n a b i b l i o g r a ñ a h i s t ó r i c a ( B R E T A S , 1997a; 1997b; C H A L H O U B ,
1990; F A U S T O , 2 0 0 1 ; H O L L O W A Y , 1997) e c o n t e m p o r â n e a ( U M A , 1 9 9 5 ; B R E T A S ; P O N C I O N I ,
1999). D o p o n t o d e vista p o s i t i v o , p r o m o v e a a p r o x i m a ç ã o e n t r e a P o l í c i a e , p o r t a n t o , e n t r e o E s t a d o
e a p o p u l a ç ã o , p e r m i t i n d o q u e as d e m a n d a s vocalizem as necessidades e as agruras de pessoas mais
humildes, que procuram usar a autoridade policia! como intermediário do próprio Estado
( R O S E M B E R G , 2 0 0 6 ; V E L L A S C O , 2 0 0 2 ) , tal c o m o n a o c o r r ê n c i a " 9 0 " , a s e g u i r , n a q u a l o i n d i -
g e n t e e m p a u t a foi s o c o r r i d o e e n c a m i n h a d o a o h o s p i t a l p e l a e q u i p e d e i n v e s t i g a d o r e s d o p l a n t ã o :

E x m o . S r D r D e l e g a d o d e Segurança Pessoal.

[...] F u l a n o de Tal, indigente em Belo H o r i z o n t e , sem moradia certa, traz ao seu c o n h e c i m e n t o q u e


fbi a g r e d i d o no dia 13 do c o r r e n t e p o r Beltrano de Tal, residente na Rua Pouso Alegre, s/n. No local
havia três testemunhas, mas o queixoso não sabe o n o m e delas.

Belo H o r i z o n t e , 14 de fevereiro de 1944.


Assina o Investigador Beltrano, a rogo de F u l a n o de Tal.

Do p o n t o de vista negativo, esse t i p o de prática acaba e n v o l v e n d o e i n s t r u m e n t a l i z a n d o a Polícia


e m c o n f l i t o s p r i v a d o s , c h e i o s d e a r m a d i l h a s s i m b ó l i c a s e c u l t u r a i s p a r a a p r ó p r i a o r g a n i z a ç ã o , tal
c o m o na ocorrência "167":

E x m o . Sr Dn D e l e g a d o de Segurança Pessoal.

[...] F u l a n o de Tal, residente na R u a j a c u í n" tal, traz ao c o n h e c i m e n t o desta delegacia q u e sua


inquilina Beltrana de Tal e sua mãe, em lins do mês de d e z e m b r o último, dirigiram-se à casa da
meretriz Sicrana de Tal, na rua M a u á n" ta!, a g r e d i n d o - a e ferindo-a na cabeça.

Belo Horizonte, 7 de abril de 1944.

O p o l i c i a ! q u e a t e n d e u a o c o r r ê n c i a , a t é m e s m o g r a f a n d o - a , e s c r e v e u n o livro, l o g o a b a i x o :

N O T A : O abaixo assinado, investigador de plantão por esta delegacia, tem a informar q u e a pessoa
acima veio registrar a c o m u n i c a ç ã o contra Beltrana de Tal, pelo fato de esta senhora ter vindo à
Polícia d u r a n t e o plantão e p e d i r u m a providência p o r ter o queixoso c o r t a d o a luz no c ô m o d o o c u -
p a d o pela referida senhora, aproveitando-se, t a m b é m , da ausência do m a r i d o deia. A referida s e n h o -
ra, achando-se doente, b e m c o m o o seu filhinho, registrou queixa no livro p r ó p r i o da s u b i n s p e t o -
ria de piantão, visto não p o d e r ficar às escuras, t e n d o t a m b é m a p r e s e n t a d o os recibos do aluguel,
achando-se com os p a g a m e n t o s em dia. O queixoso, em represália e m o v i d o p o r um espírito
m e s q u i n h o de vingança, t r o u x e a esta delegacia um faro o c o r r i d o em fins de d e z e m b r o .

Belo H o r i z o n t e , 7 de abril de 1944 (grifo no original).

O s e g u n d o g r u p o de o c o r r ê n c i a s de m a i o r incidência no livro de Registros da Delegacia de


S e g u r a n ç a P e s s o a l r e f e r e - s e à v i o l ê n c i a d o m é s t i c a , tal c o m o n a o c o r r ê n c i a " 4 5 " :

E x m o . S r D r Delegado d e Segurança Pessoal.

[...] A abaixo assinada, brasileira, casada, de afazeres domésticos, residente em Lagoa Santa, vem
expor a esta especializada o seguinte: q u e há dois anos é casada com o m a r c e n e i r o F u l a n o de l a ! ,
q u e trabalha na Fábrica Nacional de Aviões, na cidade vizinha, e q u e vem sendo vítima de m a u s -
José Garcia Leite, apreendido por furto no va!or de 6 c o n t o s de reis, de Nogueira
e Companhia. Cataguases. 1913. Acervo APM.
tratos p o r parte do seu esposo, q u e ¡he atira paiavrões, aiém de espancá-la c o m m u r r o s e pontapés,
t e n d o t e n t a d o se a p o d e r a r da p e q u e n a Bettrana, de 13 meses, hlha do casal. Q u e F u l a n o a t e m
sujeitado às mais pesadas humilhações, c h e g a n d o a enxotá-la de sua própria casa! A queixosa a p r e -
sentou queixa à delegacia de Lagoa Santa, q u e d e t e v e Fulano, s o l t a n d o - o logo depois, e declarou
q u e o caso só podia ser resolvido pela justiça da capital; q u e os maus-tratos de fulano à queixosa
c u l m i n a r a m com o e s p a n c a m e n t o de q u e foi vítima d o m i n g o último, dia 9, em v i r t u d e do q u e
reso!veu recorrer às autoridades da capital, das quais espera providências de m o d o a q u e o acusado
m o d e r e os seus hábitos e possa a queixosa voltar ao seu lar e conviver c o m F u l a n o , c u m p r i n d o os
deveres a q u e se prepôs.

Belo H o r i z o n t e , 15 de janeiro de 1944.

Em todas as ocorrências dessa natureza observadas na amostra referida na Tabela 1, em 6 1 % dos


casos o b s e r v a - s e a p e n a s o " R " d e R e s o l v i d o c o m o p r o v i d ê n c i a a d o t a d a p e l o d e l e g a d o , í n d i c e b a s t a n t e
superior ao da amostra, o q u e indica a prevalência da negociação iníbrmal para casos dessa natureza,
e x t r e m a m e n t e s e n s í v e i s aos c o s t u m e s d a é p o c a , tal c o m o j á a p o n t a d o p o r C o r r ê a ( 1 9 8 3 ) e S o a r e s
(1999). P o d e - s e o b s e r v a r n a a m o s t r a , p o r o u t r o l a d o , m a i s d e u m a o c o r r ê n c i a r e g i s t r a d a p a r a o m e s m o
caso (o q u e aponta para a dificuldade simbólica e cultural na resolução de ocorrências dessa natureza)
e , m e s m o d i a n t e d e u m a p r o v i d ê n c i a r a d i c a l d e u m a d a s p a r t e s ( c o m o n o c a s o d o a b a n d o n o d o lar
p o r p a r t e da esposa c o t i d i a n a m e n t e violentada), p o d e ser constatado o acesso à a u t o r i d a d e policial
c o m o instância última para a resolução do problema, c o m o no caso da ocorrência " 6 1 " , registrada e
g r a f a d a p e l o m a r i d o agressor, c o n f o r m e o b s e r v a ç ã o e f e t u a d a p e l o i n v e s t i g a d o r q u e o a t e n d e u :

E x m o . Chefe da Polícia de Belo H o r i z o n t e

[...] Eu, o abaixo assinado F u l a n o de Ta!, v e n h o r e s p e i t o s a m e n t e c o m u n i c a r a V. Sa. q u e a minha


esposa Futana a b a n d o n o u nosso lar há três meses — dia 22 de o u t u b r o de 1943, às 17 horas.
Encontrei os m e u s ñ l h i n h o s sozinhos d i z e n d o ' m a m ã e fbi embora', mas, c o m o não era a primeira
vez e n e m a segunda, t o m e i providência de p ô r em casa u m a velha para olhar as crianças para eu
p o d e r t r a b a l h a r D o n a Fulana voltou novamente, atacou a velha d i z e n d o q u e [eu tinha um caso com
ela, por isso ia q u e b r a r a velha no pauj. Hu não a q u e r o p o r q u e segue vida irregular e não respeita
as crianças. A velha fbi obrigada a se retirar c o m as criança para n ã o a p a n h a r m u i t o .

Belo Horizonte, 29 de janeiro de 1944.

O t e r c e i r o tipo de o c o r r ê n c i a q u e mais a p a r e c e na a m o s t r a (cotu 1 6 , 5 % dos casos) refere-se aos


desentendituentos havidos entre amantes, namorados e assemelhados, t a m b é m repletos de especi-
f i c i d a d e s d e n a t u r e z a c u l t u r a l q u e t e n d e m a i n t e r f e r i r n o t r a b a l h o p o l i c i a l , tal c o m o p o d e m o s
acompanhar na ocorrência "105":

E x m o . S r D r D e l e g a d o d e Segurança Pessoal.

Futano de ¡al, residente no H o r t o florestal, na Rua P o u s o Alegre, C e n t r o Operário, queixa-se c o n -


tra o Sr Beltrano que, em c o m p a n h i a de um i r m ã o Sicrano, o a m e a ç o u de m o r t e , q u e r e n d o , sob essa
ameaça, obrigá-lo a casar com sua fÜha, Fulana, cujo processo está em a n d a m e n t o na delegacia
c o m p e t e n t e [...l-
Seguida do retatório:

O r d e m de Serviço n. 100, Investigador 52:

Informa q u e fez investigações e a p u r o u o seguinte: O Sr. F u l a n o é funcionário das oficinas do H o r -


to Florestal c reside na Rua Pouso Alegre n. tal e cerca de dois meses e n a m o r o u - s e de u m a filha do
Sr Beltrano, q u e é agente da estação de C a e t a n o F u r q u i m , p o r n o m e Fulana. A c o n t e c e que, d a d o o
grau de intimidade existente entre os dois. F u l a n o m a n t e v e relações sexuais com sua noiva, não
p r o v i d e n c i a n d o o casamento, em vista de não saber se fora ele o p r i m e i r o a m a n t e r relações c o m a
referida moça. Mas v e m p r o c u r a n d o descobrir com os n a m o r a d o s anteriores de Fulana se ela m a n -
teve atos libidinosos com eles. O pai de Fulana p r o c u r o u F u l a n o em c o m p a n h i a de um seu irmão,
a m e a ç a n d o - o de m o r t e ; isto já p o r duas vezes, em vista de t e s t e m u n h a s [...j . Informa ainda q u e
deixou de fazer intimações p o r se tratar de e m p r e g a d o s q u e d e v e m ser requisitados pelas a u t o r i -
dades c o m p e t e n t e s .

Belo Horizonte, 29 de fevereiro de 1944.

N e s s a m e s m a categoria observam-se, t a m b é m , casos em q u e o p r o b l e m a r e m e t e a questões de


n a t u r e z a é t n i c a o u d e c l a s s e s o c i a l , tal c o m o n a o c o r r ê n c i a " 2 2 9 " :

E x m o . Sr. Dr Delegado de Segurança Pessoal;

Eu, F u l a n o de Tal, brasileiro, com 22 anos, residente na Rua Francisco Soucasseaux, v e n h o q u e i x a r -


me a V. Sa. contra o m e u p r ó p r i o pai, Beltrano de Tal, residente na Rua Rio G r a n d e do N o r t e e
contra a família Tal, residente na Avenida Brasil, p o r ambos estarem me p e r s e g u i n d o pelo seguinte
motivo: estando noivo de Fulana, brasileira, e c h e g a n d o ao c o n h e c i m e n t o da minha família, os m e s -
mos c o m e ç a r a m a me perseguir, q u e r e n d o i n t e r r o m p e r o m e u casamento, d i z e n d o q u e eu n ã o podia
casar com u m a brasileira negra, e sim c o m u m a síria rica. Vendo q u e n ã o conseguiam me c o n v e n c e r
por eu gostar da moça, arranjaram um atestado m é d i c o falso c i m p e d i r a m os papéis civis no cartório
e me p r e n d e r a m c o m o louco e c o n d u z i r a m - m e à casa de saúde Santa Clara por 25 dias, sendo S dias
incomunicável. C o n s e g u i obter a liberdade, e m e s m o assim c o n t i n u a r a m eles a i m p o r q u e eu desis-
tisse por c o m p l e t o p o r ser a moça dc raça brasileira e eles considerar a raça brasileira inferior à sua
q u e é síria. Então eu lhes respondi q u e só casaria com u m a brasileira e não me serviria n e n h u m a
outra raça. Decorridos seis meses, fugi c o m a moça para o distrito de M o e d a , o n d e me casei diante
das autoridades. M e s m o casado, as ameaças c o n t i n u a m . O m e u pai disse q u e se cu tentasse me casar
novamente ele me mataria. Ainda disse q u e vai anular o c a s a m e n t o e vão me p r e n d e r n o v a m e n t e
c o m o louco. E, nesta situação, p e ç o a V. Sa. q u e nos forneça u m a segurança pessoal d e n t r o do Estado
em q u e residimos. C o n ñ a n d o no ato de justiça) de V. Sa., espero ser atendido.

Belo Horizonte, 10 de maio de 1944 (grifí) no original).

O q u a r t o tipo de o c o r r ê n c i a mais c o m u m p r e s e n t e no livro da Delegacia de S e g u r a n ç a Pessoal r e -


fere-se a reclamações contra violência, ou arbitrariedades, c o m e t i d a por policiais. A Força Pública
r e s p o n d e pela maioria das queixas apresentadas contra policiais ( 5 7 % ) , seguida pela G u a r d a Civil,
c o m 2 9 % . Das 12 ocorrências registradas contra m e m b r o s da Força Pública, 5 0 % fbram resolvidas
de fbrma informal na delegacia, 2 5 % não apresentou q u a l q u e r observação i n d i c a n d o q u a l q u e r ação
por parte do delegado e os outros 2 5 % tiveram seguimento administrativo interno, c o m o a e x p e -
d i ç ã o de ofícios ou a transferência da o c o r r ê n c i a p a r a o u t r a u n i d a d e .
integrantes da quadrüha ). outros detiqüentes e soídados. Carangoía, MG. 1 9 4 1 . Acervo APM.
P a r a a s o c o r r ê n c i a s r e g i s t r a d a s c o n t r a g u a r d a s civis, o p a n o r a m a é b a s t a n t e d i v e r s o , m o s t r a n d o q u e
e m 1/5 d o s c a s o s a o c o r r ê n c i a fbi r e s o l v i d a n a d e l e g a c i a , m a s , d e o u t r o l a d o , f b r a m a b e r t o s p r o c e -
dimentos administrativos ou punitivos em igual n ú m e r o de ocorrências, entre inquéritos e
sindicâncias. Essa diferença ressalta características institucionais p r e s e n t e s no r e l a c i o n a m e n t o
e n t r e as polícias, b e m c o m o os limites organizacionais d e c o r r e n t e s dessas características. C o m o nos
o u t r o s c a s o s , essas q u e i x a s t a m b é m d e s c o r t i n a m o u n i v e r s o d a s r e l a ç õ e s s o c i a i s e m B e l o H o r i z o n t e ,
n a d é c a d a d e 1940, e d o r e l a c i o n a m e n t o d a s p o l í c i a s c o m a s o c i e d a d e . E m s u a m a i o r i a , essas o c o r -
r ê n c i a s c o n s t i t u e m - s e d e q u e i x a s c o n t r a e s p a n c a m e n t o o u a m e a ç a s sofiridas p o r s u s p e i t o s o u c o n -
h e c i d o s e d e s e n t e n d i m e n t o s , c o m o o d a q u e i x a "58A":

E x m o . Sr. Dr. D e l e g a d o de Segurança Pessoal.

F u l a n o de Tal, agenciador da Pensão M o n t e s Claros, Beltrano de Tal, proprietário da Pensão


Paulista, e Sicrano de Tal, p r o p r i e t á r i o da Pensão Santa T e r e z i n h a [...], vêm a p r e s e n t a r a V. Sa. a w
p r e s e n t e queixa contra o G u a r d a Civi! n° 531, de n o m e Tal, pelo seguinte fato: hoje, às 10h35 s
estavam os queixosos na estação da R e d e Mineira, a g u a r d a n d o a chegada do N o t u r n o , e colocados ^
do lado de fora da estação, q u a n d o o referido g u a r d a se dirigiu ao signatário Sicrano, i n s u i t a n d o - o ã
c o m o n o m e de cretino sem q u e houvesse q u a l q u e r motivo para essa agressão moral. Ao m e s m o S
t e m p o o referido guarda atracou-se com o referido Sicrano p r o v o c a n d o um conflito, em q u e o dito §
guarda passou a espancar os circunstantes, a rí^yj-f^í-rí-j-, t e n d o todos os queixosos sido feridos; o §
queixoso Beltrano ficou ferido na cabeça. R e q u e r e m a V. Exa. q u e seja instaurado i n q u é r i t o e p r o g
cedido o auto de c o r p o de delito nas pessoas dos queixosos. S
3
Belo H o r i z o n t e , 13 de janeiro de 1944. 55
Assinado Advogado F u l a n o de Tal, fone tal (grifo no original). g

São t a m b é m c o m u n s casos de violência ou a m e a ç a no a m b i e n t e familiar ou e n t r e e x - a m a n t e s e §


o c o r r ê n c i a s q u e e v i d e n c i a m conflito e n t r e as o r g a n i z a ç õ e s policiais, tais c o m o na q u e i x a "67": g

E x m o . Sr Dr Delegado de Segurança Pessoal; ^

O abaixo assinado. Investigador n° 338 desta especializada, vem e x p o r - l h e o seguinte: q u e até hoje
s e m p r e fbi amigo pessoal do t e n e n t e - c o r o n e l F u l a n o de Tal, residente na Rua Tal, e dava-se com
aquele militar desde 1934, q u a n d o servia no 8° Batalhão, em Lavras. Q u e s e m p r e proporcionava e
recebia d a q u e l e oficial provas de simpatia e a m i z a d e , q u e é h á b i t o do q u e i x o s o — c o m o o sabem
quantos com ele privam — ao se e n c o n t r a r com algum amigo p e r g u n t a r - l h e p e l o seu estado de
saúde, fazendo tal c u m p r i m e n t o extensivo à sua senhora, q u a n d o lhe sabe casado. Q u e hoje, às
13h30 horas, na Praça Sete, a p r o x i m o u - s e d a q u e t e mÜitar refbrmado, a q u e m c u m p r i m e n t o u ,
dizendo: 'Você, c o m o está? Forte, não? E a patroa?' - o q u e o militar p a r e c e não ter gostado, pois q u e
replicou - ' N ã o é da sua conta! Eu há m u i t o estava para te dar esta resposta e c o m v o n t a d e de te
q u e b r a r a cara!' -, o q u e o queixoso estranhou p o n d e r a n d o : 'Perdão, coronel, eu pensei q u e isso lhe
agradasse...', pois não era a primeira vez q u e o queixoso o fazia. Hoje, p o r é m , o oñcial traiu a sua
aparência de h o m e m e d u c a d o , m o s t r a n d o a dura realidade da casca... e veio o coice. O queixoso
retirou-se, afastando-se uns dois metros, em atitude de defesa, mas o militar não c u m p r i u a ameaça.
C o n t u d o , aqui fica a p r e s e n t e queixa, para c o n h e c i m e n t o desta delegacia e para as providências q u e
o caso c o m p o r t e .

Belo Horizonte, 31 de janeiro de 1944.


Essas ocorrências e s t a m p a m , portanto, algumas das práticas e dos valores dos policiais da Delegacia
Especializada de S e g u r a n ç a Pessoal. Ressalte-se a p r e p o n d e r â n c i a de uso de p r o c e d i m e n t o s infor-
mais na resolução ou e n c a m i n h a m e n t o dos conflitos.

A p r o x i m a d a m e n t e d e z anos mais tarde, o Livro de Registro de Inquéritos,^" da m e s m a delegacia,


não apontava sitttação m u i t o diferente, revelando, e n t r e inquéritos p r o d u z i d o s pela delegacia e
despachados por outras unidades para averiguações ou procedimentos administrativos, um movi-
m e n t o m e n s a l m é d i o ( c o n s i d e r a n d o o s a n o s d e 1958 a 1961) d e a p e n a s 3,52 i n q u é r i t o s .

J á n a d é c a d a d e 1970, n o L i v r o d e R e g i s t r o d e Ocorrências^" d a D e l e g a c i a d e P l a n t ã o e r a m r e -
gistradas as ocorrências q u e aconteciam na cidade nos horários de plantão, após o f e c h a m e n t o das
u n i d a d e s q u e f u n c i o n a v a m em h o r á r i o d i u r n o . A T a b e l a 3 e os G r á f i c o s 5, 6, 7, 8 e 9 a p r e s e n t a m
u m a amostra aleatória de 2 5 % do total dessas ocorrências, classiñcadas p o r tipo:

TABELA 3
Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Deíegacia de Plantão de Belo Horizonte 1970.

TIPO DE OCORRENCÍA N° %

VÍOLAÇÁO SÍMBÓLiCA DE COSTUMES 44 62,86


Vadiagem 20 28,57
Uso de drogas 5 7,14
Desacato 4
Apreensão de prostitutas 4
Agressão verbal ou moral à poticiais 3 4,29
Sedução 2 2,86
Adultério 1 1,43
Embriaguez 1 1,43
0^^^ 4
CRíMES CONTRA 0 PATRIMÔNIO 7
Furto 4 28,57
Dano 2 7,14
Ordem econômica 1
CR!MES CONTRA A PESSOA 2 2,86
Lesão corporal 1 1,43
^^^th^de^^^^ 1 1,43
OUTROS 17 24,29
Cumprimento de mandato ou
ordem de prisão 11 1^^
Jogo do bicho 1 1,43
Apreensão de arma 1 1,43
Adden^ 1 1,43
Personificação de autoridade 1 1,43
O^ms 2 2,86
TOTAL 70 100,00

Fonte: Arquivos do Departamento de investigações da Poticia Civil de Minas Gerais.


Livro de Registros de Ocorrências da Delegacia de Plantão, 1970.

^'^Arquivos do Departamento de [nvestigações da Poücia Civi) de Minas Gerais. Livro de Registro de inquéritos da Detegacia EspeciaÜzada
de Segurança Pessoal. Í9S8.
^"Arquivos do Departamento de investigações da Poücia Civii de Minas Gerais. Livro de Registro de Ocorrências da Deiegacia de Piantão.
1970.
AMOSTRA DAS OGORRÊNíHAS, POR TtPO, REGiSTRADAS
NA DELEGACÍA DE PLANTÃO DE BELO HORtZONTE, 1970.

50
40
30
20
10
O

VtOLAÇÃO
StMBÚLtCA DE CONTTtA O CONTRA
PATRtMONtO A PESSOA

Fonte: Arquivos do Departamento de investigações da Poiicia Civi! de Minas Gerais.


Livro de Registros de Ocorrências da Detegacia de Ptantão, 1970.

Fonte: Arquivos do Departamento de investigações da Poticia Civit de Minas Gerais.


Livro de Registros de Ocorrências da Deiegacia de Ptantão, 1970.
Fonte: Arquivos do Departamento de investigações da Poücia Civit de Minas Gerais.
Livro de Registros de Ocorrências da Delegacia de P!antão, 1970.

Fonte; Arquivos do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais.


Livro de Registros de Ocorrências da Delegacia de Plantão. 1970
Fonte: Arquivos do Departamento de investigações da Poücia Civi! de Minas Gerais.
Livro de Registros de Ocorrências da Deíegacia de Piantão, 1970

O p a n o r a m a d e s e n h a d o petas ocorrências registradas na Detegacia de P!antão na década de Í970


indica o u t r o conjunto de atividades d e s e m p e n h a d a s peta Polícia Civií de M i n a s G e r a i s , especiat-
m e n t e aquelas r e l a c i o n a d a s ao c o n t r o l e social.

O e x e m p l o típico e mais n u m e r o s o dessa n a t u r e z a de ocorrência refere-se à "vadiagem" ou ao


"desacato", c o m o na o c o r r ê n c i a a seguir:

E x m o . Sr. Dr. D e l e g a d o de Plantão.


C o m u n i c o - l h e que, realizando ronda n o m r n a peia Detegacia Especializada de Repressão à
Vadiagem, p o r volta das 25 horas, vimos a d e t e r o indivíduo F u l a n o de Tai, vulgo 'Cabinho', ele-
m e n t o p o r demais c o n h e c i d o na Delegacia de Furtos, Vadiagem, e no 2° Distrito Policial, e s e n d o
o m e s m o p r o n t u a r i a d o . Informamos, ainda, q u e derivemos a m u l h e r Beitrana de Tal, na Rua
Bonfim, esquina com Paquequer, sendo esta t a m b é m bastante conhecida pela polícia mineira c o m o
ladra e os quais deixamos à sua disposição e solicitamos q u e sejam colocados à disposição da
Delegacia de Repressão à Vadiagem. S e n d o o q u e lhe c o m u n i c a m o s .

Beto Horizonte, 17 de s e t e m b r o de 1970.

U s a d a d e f b r m a b a s t a n t e flexível, a r e p r e s s ã o à v a d i a g e m c o b r i a a s a n ç ã o e v e n t u a l " p r e v e n t i v a " d e


criminosos conhecidos ( m e s m o q u e não estivessem c o m e t e n d o qualquer tipo de crime naquele
m o m e n t o ) , o c o n t r o l e d e i n f b r m a n t e s o u m e s m o a a v e r i g u a ç ã o d e s u s p e i t o s , tal c o m o p o d e m o s
perceber da seguinte ocorrência:
E x m o . Sr. D e l e g a d o de Plantão.

Levo ao seu c o n h e c i m e n t o que, efetuando ronda do 4° Distrito Policial, detivemos e c o n d u z i m o s a


esta delegacia, para averiguaí^ões e p o r falta de d o c u m e n t o s q u e provassem q u e r e a l m e n t e t r a b a -
lhavam os seguintes indivíduos: Fulano, Beltrano, Sicrano e O u t r o , q u e se d e s e n t e n d e u com 1* ulana,
sofrendo um p e q u e n o arranhão. Solicito deixá-los à disposição do delegado do 4° Distrito Policial.

Belo H o r i z o n t e , 18 de agosto de 1970.

E x m o . Sr. D e l e g a d o dc Plantão.

Levamos ao seu c o n h e c i m e n t o que, efetuando ronda n o t u r n a pela Delegacia de Repressão à


Vadiagem, do dia 18 para o dia 19 deste, c o n d u z i m o s a esta delegacia os seguintes indivíduos:
F u l a n o de Tal (vulgo 'Taza', vigarista), Beltrano (averiguações), Sicrano de Tal ( m a c o n h e i r o ) e o u -
o tros. Eles n c a r ã o à sua disposição, e s p e r a n d o q u e sejam passados à disposição da Delegacia de
Vadiagem.

Belo H o r i z o n t e , 19 de s e t e m b r o de 1970.

Ao lado desse tipo de atividade, q u e c o r r e s p o n d e a 2 8 , 5 % do total das ocorrências selecionadas na


amostra, são t a m b é m n u m e r o s a s a s o c o r r ê n c i a s d e c o n t r o l e d o tráfico d e drogas ( q u e t a m b é m e r a m ,
na época, atendidas pela Delegacia de Repressão à Vadiagem) c ocorrências de "Desacato":

S E x m o . Sr. D e l e g a d o de Plantão.

g Detive e conduzi a esta delegacia, para os devidos ñns, o indivíduo F u l a n o de Tal q u e e n c o n t r e i em


g atitude suspeita na Rua P a q u e q u e r c o m B o n n m , q u a n d o me dirigia para a m i n h a residência. O
3 referido, ao ser p o r mim abordado, reagiu de m o d o ameaçador, d i z e n d o q u e não devia nada à
§ Polícia e q u e todos os policiais são frescos e sua esposas estão na Zona. O referido indivíduo recu-
S sou-se a informar o e n d e r e ç o de sua residência.

S
Belo H o r i z o n t e , 20 de s e t e m b r o de 1970.

E m m u i t a s o c o r r ê n c i a s , d e s e n t e n d i m e n t o s a d v i n d o s d e a t i v i d a d e s p a r t i c u l a r e s d e p o l i c i a i s f()ra d e
serviço fbram t a m b é m objeto de sanção pública m e d i a n t e ação policial, c o m o esta a seguir:

E x m o . Sr. D e l e g a d o de Plantão.

Levo ao seu c o n h e c i m e n t o q u e às 17h30 de hoje, q u a n d o dirigia o táxi de placa 5-15-12, ao passar


pela Avenida Brasil, quase esquina com a Rua P e r n a m b u c o , apanhei em m e u táxi o Sr F u l a n o de
Tal, c o m o passageiro, de o n d e o conduzi à Avenida Assis C h a t e u a b r i a n d , d e i x a n d o - o na boate
C h a t o . Acontece q u e tal c i d a d ã o entrou para a boate e não mais r e t o r n o u . Saí à procura de tal ele
mento, i n d o e n c o n t r á - l o c o m o d a m e n t e assentado no interior da boate. Ao r e c l a m á - l o sobre o paga
m e n t o da corrida, ele disse q u e não possuía dinheiro, q u e não gostava de ser i m p o r t u n a d o e, logo
Acadepo!. Turma de aspirantes a D e k g a d o de PoHcta / 1 9 7 4

DA ESQUERDA P/ DtREÍTA DE PE.

i° Dr. Aíuizio Machado Gomes Deiegado Cera!


2" Dr. Rômuio Augusto Chaves Coutinho Deiegado Gera!
3° Dr. Cid Neison Safe da SÜveira Deiegado Gera!
4° Dr. Marceio Sebastião de Souza Aspirante/Delegado
5° Dr. Djalma Fiúza Gomes Aspirante/Delegado
^ ^ r M ^ ^ & K ^ ^ Aspirante/Delegado
7° Dr. Newton Días de Assis Aspirante/Deiegado
8° Dr. Antônio Monteiro de Castro Aspirante/Deiegado
9° Dr. Henrique Adaiberto Rodrigues da Costa Aspirante/Delegado
10° Dr. Hirton Uihoa Saraiva Aspirante/Deiegado
11° Dr. Ariovaido da Hora e Silva Aspirante/Deiegado
12" Dr. Dirceu Ferreira Aspirante/Deiegado
13° Dr. Vítor Hugo Moreira Resende Aspirante/Deiegado
1^'Dn^MA^^o^urM^ Aspirante/Deiegado

DA ESQUERDA P/ DiREiTA AJOElJtAnr)'

^'Dn^^eAu^^o^^^M^ Deiegado ül
2" Dr. Almir Corrêa de Lacerda Aspirante/Deiegado
3° Dr. Benedito Antônio Salvador Aspirante/Deiegado
4° Dr. Jesu De!fino Pereira Aspirante/Delegado
5" Dr. Dijalmas dos Santos Ferraz Aspirante/Delegado
6° Dr. Antônio do Carmo Aspirante/Deiegado
^ D r ^ ^ R ^ í a ^ m ^ Aspirante/Delegado
8° Dr. Lázaro Aitamiro Gomes Aspirante/Delegado
9*^ Dr. Sidney Pinheiro Cruz Aspirante/Delegado
10° Dr^. Maria Diva de Pinho Aspirante/De!egado
11° Dr. Weliington Durães Aíckmin Aspirante/Deiegado
12° Dr. Jairo Afonso Moretson Aspirante/De!egado
13" Dr. Ciayton Gonçalves Faria Aspirante/De!egado
14° Dr. Custódio Ignez de Souza Aspirante/Deiegado
15° Dr. jairo Bitencourt Aspirante/Deiegado
l^'Dn^^!F^^^de(^^Mz Aspirante/Deiegado
17° Dr. Manoel Corrêa Füho Aspirante/Delegado
1^'Dr^^Xi^^^^^o Aspirante/Deiegado
em seguida, passou a a g r e d i r - m e . Em meio à agressão, i d e n t i ñ q u e i - m e c o m o policia! (subinspetor
de deteáves). T a ! e l e m e n t o arrebatou de minhas mãos a carteira policia! e c o n t i n u o u a agressão.
Várias pessoas lhe fbram solidárias e passaram t a m b é m a me a g r e d i r E n t r e tais pessoas i d e n t i ñ q u e i
Beltrano de Tal e Sicrano de Tal, q u e d e r a m socos no m e u carro, q u a n d o eu tentava fugir
C o m p a r e c i a esta Delegacia de P l a n t ã o e pedi providências a respeito. Em meio à confusão. F u l a n o
de Tal caiu e bateu o supercílio cm u m a cadeira, provavelmente, ñ c a n d o ferido. C o n d u z i - o s para
esta delegacia para as providências devidas. No loca! fui auxiliado pelos detetives (cita o n o m e de
seis detenves).

Belo H o r i z o n t e , !7 de s e t e m b r o de 1970.

O u t r o tipo de ocorrência bastante c o m u m refere-se à repressão de violação simbólica de costumes,


tal c o m o e m b r i a g u e z , u s o d e l i n g u a g e m c h u l a o u c o m p o r t a m e n t o i n a p r o p r i a d o :

Exmo. Sr Delegado de Plantão.

Levo ao seu c o n h e c i m e n t o que, ao passar pela Rua São Paulo, esquina c o m Avenida Santos D u m o n t ,
por volta das 18h50 de hoje, tive a atenção d e s p e r t a d a p o r um cidadão que, com forte sintoma de
e m b r i a g u e z , p u n h a em risco sua própria i n t e g r i d a d e ñsica, u m a vez q u e o trânsito de veículo é
intenso no local. C o m a ajuda de u m a viatura da Vadiagem, c o n d u z i - o até sua presença, q u a n d o ve-
riñquei tratar-se de F u l a n o de Tal, casado, 5! anos, recenseador, r e s i d e n t e na Rua tal, n ú m e r o tal.

Belo H o r i z o n t e , 20 de s e t e m b r o de 1970.

Ou c o m o nesta ocorrência:

Exmo. Sr Delegado de Plantão.

Levo ao seu c o n h e c i m e n t o que, a p r o x i m a d a m e n t e às 22 horas de hoje, q u a n d o passava pela Rua 21


de Abri! deparei com o seguinte fato: duas m u l h e r e s c a u s a n d o o m a i o r vexame, g r i t a n d o e falando
o q u e vinha peta boca. U m a dc n o m e Fulana de Ta!, residente na Rua ta! e outra de n o m e Beltrana
de Tal, não sabendo o n o m e da rua o n d e reside. T o m e i as seguintes providências: d e d v e - a s para
serem t o m a d a s as providências q u e fbrem necessárias.

Belo H o r i z o n t e , 17 de s e t e m b r o de 1970.

O u , ainda, c o m o nesta:

E x m o . Sr. D e l e g a d o de P l a n t ã o .

Hoje, ao passar pela Rua Itapecerica com P e d r o Lessa, d e p a r e i c o m F u l a n o de Tal e Beltrana de


Tal, residentes nas ruas tais, respectivamente. Ambas se e n c o n t r a v a m em via p ú b h c a , em luta c o r -
poral, e d i z e n d o palavras de ^y/^o r^/¡30 p e r a n t e várias crianças. C o m o não aceitaram n e n h u m con
selho, resolvi conduzi-las a este plantão, o n d e as deixo à sua disposição para o q u e lhe convier.

Belo H o r i z o n t e , 20 de s e t e m b r o de 1970 (grifb no original).


Essa m e s m a atividade t a m b é m p o d e ser o b s e r v a d a m e d i a n t e a s a n ç ã o e s p o r á d i c a e e s p e c í ñ c a a c e r -
tas formas d e p r o s t i t u i ç ã o e t a m b é m d a o c o r r ê n c i a d e " a d u l t é r i o " , c u i d a d o s a m e n t e e x e c u t a d a sob
as ordens do próprio delegado:

E x m o . S r Deiegado d e Plantão.

C o m u n i c o - l h e q u e a ronda da Delegacia de C o s t u m e s , composta pelos detetives abaixo, conduziu


à sua presença p o r estarem p r o m o v e n d o escândalos em via pública, ou seja, p r a t i c a n d o o c h a m a d o
'rotoar', as seguintes prostimtas: F u l a n a de Tal, 20 anos; Beltrana de Tal, 19 anos; Sicrana de Tal, 19
anos e outras. Peço e s m d a r a possibilidade de colocá-las à disposição da Delegacia de C o s t u m e s .

Belo H o r i z o n t e , 20 de s e t e m b r o de 1970.

E também:

E x m o . S r D e l e g a d o d e Plantão.

C u m p r i n d o d e t e r m i n a ç ã o desta subinspetoria e de Vossa Senhoria, d e s l o c a m o - n o s desta delegacia


a ñm de localizar a senhora Fulana de Tal, q u e saíra de sua residência, na Rua Tal, às 19h30, a c o m -
p a n h a d a de seu amante. A p r o c u r a d a fbi e n c o n t r a d a em um c e n t r o telefónico, na Avenida Afonso
Pena, p r ó x i m o à Pizzaria Giovani. D a q u e l e loca!, eles saíram de braços dados, t o m a n d o um carro
Wollíswagen, sem placa, indo em direção da Avenida Afbnso Pena. No t r e c h o Praça 7, desceram a
Avenida Amazonas, estacionando na esquina dessa avenida c o m a Rua T u p i n a m b á s . N a q u e i e local,
entraram no restaurante C a n t i n a do Angelo, p e r m a n e c e n d o ali cerca de d u a s horas. D a q u e l e local,
seguiram p o r diversos pontos da cidade e, p o r ñ m , seguiram a Avenida Nossa Senhora de Fátima,
estacionando na esquina da Rua São J o r g e , n. 5, reñigiando-se, ali, em um q u a r t o de u m a casa de
tolerância q u e r e c e b e casais para ñ n s sexuais, confbrme c o n n r m a ç ã o com a g e r e n t e da casa, c o n -
duzida a esta delegacia. No local e n t r a m o s e, após p e r g u n t a r à g e r e n t e pelo casal, tivemos a c o n n r -
mação da estada do casal, que, ao e n t r a r e m no quarto, d e i x a r a m a porta aberta, isto é, sem t r a n c á -
la. Ao e m p u r r á - l a , d e p a r a m o s com o casal Fulana e Beltrano, em p l e n o estado de n u d e z , ela deita-
da em estado dorsal (posição normal), e ele d e i t a d o sobre ela, em p l e n o ato sexual. Ao d e p a r a r com
a nossa presença, ela se envolveu r a p i d a m e n t e em lençóis, s e n d o q u e ele p e r m a n e c e u despido, t e n -
t a n d o u m a justiñcativa, no m o m e n t o em q u e e n t r a m o s no quarto, p o r nos a c o m p a n h a r e m as teste-
munhas. Visto o exposto, p r e n d e m o s , em ñ a g r a n t e delito, a c o n d u z i d a em c o m p a n h i a do seu
amante, para caracterização enrolados em um lençol e em u m a coicha, até esta delegacia. Visto o
esfbrço, fbi dada voz de prisão em ñ a g r a n t e delito por crime de adultério, de a c o r d o com o C ó d i g o
Penal e a C o n s t i t u i ç ã o vigente no País. F i c a n d o detidos, suas vestes e t e s t e m u n h a s à sua disposição
para os devidos ñns. O fato se d e u às 22 horas.

(Beto Horizonte, 26 de s e t e m b r o de 1970).

Esse tipo de atividade, o exercício do c o n t r o l e social m e d i a n t e a vigilância da o r d e m simbólica,


c o a d u n a p e r f e i t a m e n t e c o m o o b s e r v a d o p o r Bretas (1997a e 1997b), H o l l o w a y (1997), K a n t de
L i m a ( 1 9 9 5 ) e V e l l a s c o ( 2 0 0 2 ) , seja a p a r t i r d e u m p o n t o d e v i s t a d a e v o l u ç ã o h i s t ó r i c a d a s o r g a n i -
z a ç õ e s p o l i c i a i s n o B r a s i l , seja d a a n á l i s e d o s e u ¿-r/'oye d e s u a c u l t u r a c o n t e m p o r â n e a . A q u e s t ã o d a
"vadiagem", por exemplo:
[...] d e m o n s t r a c i a r a m e n t e que, e n t r e a p o p u l a ç ã o p o b r e , a Polícia a d m i t e u m a correlação positiva
e n t r e trabalho e o r d e m e n ã o - t r a b a l h o e c r i m e [...] T r a d i c i o n a l m e n t e , [...] um dos sistemas usados
pela Polícia para a classincação das pessoas baseia-sc na p r e s u n ç ã o de u m a oposição necessária
e n t r e duas categorias sociais: t r a b a l h a d o r e s e marginais. D e s t e p o n t o de vista, pessoas e c o n o m i c a -
m e n t e marginalizadas são equiparadas aos d e l i n q ü e n t e s ( L I M A , 1995, p. 56).

D e fato, m u i t a s d a s c a t e g o r i a s o b s e r v a d a s ( v i g a r i s t a , l a d r ã o , m a c o n h e i r o , e t c . ) i n d i c a m , n o c o n t e x -
t o e m q u e são u s a d a s nas o c o r r ê n c i a s analisadas, r e a l i d a d e s b a s t a n t e p a r e c i d a s c o m aquelas
descritas p o r H o l l o w a y (1997, p. 26) p a r a a Polícia brasileira no s é c u l o X!X:

A associação inconsútil de c o m p o r t a m e n t o s quase u n i v e r s a l m e n t e c o n d e n a d o s ( r o u b o ou h o m i c í -


dio) com violações sem vítima de regras arbitrárias ou d e s a ñ o sitnbóiico da a u t o r i d a d e (desacato)
é, na história das sociedades de classes, utn dos exemplos mais e n g e n h o s o s de d e t e r m i n a ç ã o de
culpa p o r associação e d a n o p o r extensão. M u i t o s dos q u e e r a m s u r p r e e n d i d o s em botequins t a r d e
da noite ou q u e berravam insultos para um policial q u e estivesse p r e n d e n d o alguém nunca
r o u b a r a m n e m mataram. M a s apanhavam c o m o m e s m o cassetete e e r a m jogados na m e s m a prisão...

Isso p o r q u e , pela p r ó p r i a c s t r a t i n c a ç ã o da o r d e m social e, em c e r t o sentido, a serviço


d e l a , a e v o l u ç ã o d a J u s t i ç a C r i m i n a l n o Brasil n ã o n e c e s s a r i a m e n t e p r o c u r a r e s g u a r d a r a s p r e r r o -
gativas axiológicas e os seus c o r r e l a t o s o r g a n i z a c i o n a i s i m p o r t a n t e s p a r a o e x e r c í c i o m o d e r n o do
c o n t r o l e social. R ó t u l o s c o m o os da v a d i a g e m , do d e s a c a t o e da b e b e d e i r a e r a m e são a i n d a hoje,
com as devidas contextualizações, usados para o controle simbólico da sociedade brasileira, dis-
farçados na alcunha da " o r d e m pública" ( F A U S T O , 2001, p. 44; B R E T A S , 1997b:70-71), ou n a q u i -
l o q u e K a n t d e L i m a ( 1 9 9 5 , p.S) c h a m a d a " a p l i c a ç ã o h i e r á r q u i c a d o s p r i n c í p i o s i g u a l i t á r i o s c o n s t i -
tucionais". Assim,

[...] a Polícia 'contamina' as suas funções de investigação pelas de vigilância. Em vez de a p u r a r os


fatos, a Polícia vigia a população, n u m processo p r e l i m i n a r de seleção para a aplicação desigual da
Lei. Ao exercer suas funções judiciárias a Polícia não atua [...] i d e n t i ñ c a n d o os fatos tipificados pela
Lei [...]. Na verdade, a Polícia 'prevê' os fatos delituosos p o r m e i o de suposições relativas ao caráter
do d e l i n q ü e n t e — os estereótipos... (1982, p. 74).

E m 1982 o p r o f e s s o r A n t ô n i o L u i z P a i x ã o , n u m a r t i g o s o b r e a P o l í c i a C i v i l d e M i n a s G e r a i s , afir-
m o u q u e os policiais

e n c o n t r a m sua definição ocupacional na atividade judiciária, q u e se legitima e n q u a n t o aplicação da


sistemática processualística penal. Mas estes códigos legais não descrevem a c u r a d a m e n t e a prática
do i n q u é r i t o policial [...]. A atividade prática é orientada, p o r um lado, p o r avaliações organiza-
cionais da a d e q u a ç ã o dos i n s t r u m e n t o s legais disponíveis para a a p u r a ç ã o dos fatos e, p o r outro, pela
aplicação a casos concretos de teorias e estoques de c o n h e c i m e n t o policiais sobre a n a t u r e z a do
f e n ô m e n o criminoso e seus atores...

D e fato, a s o b s e r v a ç õ e s d e s e n v o l v i d a s a t é a q u i a p o n t a m p a r a o u s o g e n e r a l i z a d o e d i s c r i c i o n á r i o d e
t i p i n c a ç Õ e s e c l a s s i n c a ç õ e s s o c i a i s , a d e q u a d a s , ^^oy/í7i'oW, a p r o v i s õ e s l e g a i s , d i s p o n i b i l i z a d a s p a r a
a construção organizacional da ocorrência, queixa, anotação ou inquérito em u m a o r d e m institu-
cional específica. Essa prática, "o i n q u é r i t o de trás p a r a frente", nas p a l a v r a s de P a i x ã o (1982, p. 75),
representa e c o n o m i a de recursos logísticos e reforço de traços culturais, institucionais e simbóli-
cos, u m a vez q u e p e r m i t e , ¡egitima e reforça o exercício do c o n h e c i m e n t o profissiona! do poÜcia!
mediante a vaíorização da infbrmação "da rua", do tirocínio individua! na habilidade investigatória.
Assim,

c o m u n i c a d a u m a ocorrência e existindo u m a v í d m a , a investigação busca não t a n t o a a p u r a ç ã o do


crime, mas a identincação, na 'cuéntela margina!' da organização, de possíveis autores do crime.
Para isso não são necessárias categorias íegais; antes, são usadas tipificações, isto é, teorias de senso-
c o m u m poücia! q u e categorizam e avaÜam objetos, indivíduos ou c o m p o r t a m e n t o s , q u e articuíam
atos (modalidades de ação criminosa) a c o m p o r t a m e n t o s e atitudes típicos de atores. Tipificações
s u r g e m t a n t o da experiência subjedva do policial q u a n t o de seu t r e i n a m e n t o prático a d q u i r i d o na
carreira" (PAIXÃO, 1982, p 75).

D e u m l a d o , essa c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l p e r m i t e a o p o l i c i a l c o l o c a r - s e c o m o i n t e r m e d i á r i o n a s
d e m a n d a s entre cidadãos, c o m o representante privilegiado do Estado, é claro, mas fundamental-
m e n t e , t a m b é m , m e d i a n t e seu r e c o n h e c i m e n t o público c o m o especialista, q u e o credencia c o m o
i n t e r l o c u t o r qualificado, m u i t a s vezes d e fbrma i n d e p e n d e n t e d a classe social d o d e m a n d a n t e .

P o r o u t r o l a d o , essa c a r a c t e r í s t i c a a c a b a p o r i m p l i c a r o u s o i n d i v i d u a l i z a n t e d o c o n h e c i m e n t o p r o f i s -
sional, e v i d e n t e na profusão de referências às u n i d a d e s especializadas e ao r e c o n h e c i m e n t o o r g a n i -
z a c i o n a l d e s u a p r e v a l ê n c i a t e m á t i c a o u o p e r a c i o n a l , tal c o m o v i s t o n a s c i t a ç õ e s a p r e s e n t a d a s . O s
efeitos perversos são evidentes, t r a d u z i n d o - s e na ausência de coesão e i n t e g r a ç ã o organizacionais:

O paradoxo da discreção (ou a tensão e n t r e burocracia e profissionalismo, e s t r u t u r a íbrma! e ativi-


dades práticas, controle e a u t o n o m i a ) aproxima a análise da organização policial [ .] do contrário
do paradigma convenciona! q u e vê, na i m p l e m e n t a ç ã o de um m o d e l o racional, a lógica da atividade
organizacional, d e ñ n i n d o organizações (poüciais) c o m o sistemas d é b i l m e n t e integrados, o n d e ele
mentos organizacionais são apenas frouxamente ligados u n s aos o u t r o s e atividades e regras são fre-
q ü e n t e m e n t e violadas... (PAIXÃO, 1982, p 67).

C o e r e n t e m e n t e , e s s a s d i m e n s õ e s a c a b a r ã o fbr r e f b r ç a r o m o d e l o e x c l u d e n t e d o e s p a ç o p ú b l i c o
brasileiro, m e d i a n t e a sobreposição de diferentes "sistemas de v e r d a d e " na p r o m o ç ã o e e x e c u ç ã o
d a j u s t i ç a q u e c o m p e t e m e n t r e si, a n u l á n d o s e ( L I M A , 2 0 0 1 , p . 114). D e u m l a d o , o m o d e l o i g u a -
l i t á r i o c o n s t i t u c i o n a l , q u e d e t e r m i n a p r e r r o g a t i v a s e s a l v a g u a r d a s l e g a i s a o p r o c e s s o p e n a l , tal
c o m o a presunção da inocência; de outro, a aplicação hierarquizada dessas prerrogativas pelos
Í8
atores do Sistema de Justiça Criminal. Assim, a O r g a n i z a ç ã o Policial funciona c o m o um elo e n t r e
" o s i s t e m a j u d i c i a l e l i t i s t a e h i e r a r q u i z a d o e o s i s t e m a p o l í t i c o i g u a l i t á r i o " ( U M A , 1 9 9 5 , p . 7-8),
e n c u r r a l a d a e n t r e critérios e x c l u d e n t e s na aplicação desigual da Lei:

Ao aplicar d e s i g u a l m e n t e a Lei, a Polícia evita, p o r um lado, q u e os 'criminosos em potencial' b e n e -


ficiem-se dos dispositivos constimcionais igualitários. Por o u t r o lado, q u a n d o as pessoas envolvi-
das p e r t e n c e m às classes médias ou altas, a Polícia, ao aplicar a Lei e atuar de m a n e i r a compatível
com os dispositivos constitucionais igualitários, restabelece a fe dos não-marginais nos princípios
democráticos do sistema político brasileiro. De fato, as práticas poüciais t o r n a m possíve! o fijn-
c i o n a m e n t o do sistema político, a d e s p e i t o de suas contradições legais internas... ( U M A , 1995, p. 8).
TENDENCtAS DA
H!STÓRtA DA
POLÍCIA C!V<L
o ú k i m o m a r c o h i s t ó r i c o d e s t e l i v r o é a L e i d e l e g a d a n . 56, d e 2 9 d e j a n e i r o d e 2 0 0 3 , q u e c r i o u a
S e c r e t a r i a d e E s t a d o d e D e f e s a S o c i a l d e M i n a s G e r a i s ( S E D S ) , c o m a ñ n a l i d a d e d e planejar, o r g a -
nizar, c o o r d e n a r , g e r e n c i a r e avaliar a s a ç õ e s e m r e l a ç ã o à s e g u r a n ç a p ú b l i c a e m M i n a s G e r a i s . E s s e
é o ñm do m o d e l o de Segurança Pública i n a u g u r a d o c o m a criação da antiga Secretaria de Segurança
P ú b l i c a , c r i a d a e m 1956. A S E D S s u r g i u p a r a d e s e m p e n h a r u m a f u n ç ã o e s t r a t é g i c a d e c e n t r a l i z a r , sob
s u a r e s p o n s a b i l i d a d e , a a r t i c u l a ç ã o e a c o o r d e n a ç ã o d o s esfbrços c o n j u n t o s d a s i n s t i t u i ç õ e s q u e c o m -
p õ e m o Sistema de Defesa Social (Polícia Militar e Polícia Civil, C o r p o de B o m b e i r o s e Defensoria
Pública), c o m o objetivo de efetivar o c o n t r o l e e a p r e v e n ç ã o do c r i m e . Os objetivos p r i m o r d i a i s e r a m :
a r e d u ç ã o da superlotação das u n i d a d e s prisionais, a desvinculação da Polícia Civil das atividades de
administração prisional, a integração de bancos de dados e do planejamento operacional das organi-
z a ç õ e s policiais, a i n t e g r a ç ã o d a s a ç õ e s d e r e p r e s s ã o a o c r i m e o r g a n i z a d o .

E s s a s m u d a n ç a s a f e t a r a m p r o f u n d a m e n t e a P o l í c i a C i v i l , q u e p a s s o u a se v i n c u l a r a d m i n i s t r a t i v a e
d i r e t a m e n t e a o g o v e r n a d o r , p o r i n t e r m é d i o d a ñ g u r a d o c h e f e d e P o l í c i a , q u e r e a p a r e c e u c o m yr^-
r^y d e s e c r e t á r i o . A s e g u n d a m u d a n ç a r e f e r e - s e a o fato d e a P o l í c i a C i v i l d e i x a r d e s e r r e s p o n s á v e l
pela guarda do preso, u m a atribuição histórica, mas q u e desde m u i t o t e m p o se mostrava m u i t o mais
c o m o u m p r o b l e m a i n d e s e j á v e l . P o r ñ m , d a d o o c o n c e i t o d e i n t e g r a ç ã o q u e o r i e n t a t o d a s essas
m u d a n ç a s , a P o l í c i a C i v i l t e v e d e s e a d e q u a r à a ç ã o i n t e g r a d a c o m a s d e m a i s fbrças p o l i c i a i s ( e m
especial a Polícia Militar e C o r p o de Bombeiro), u m a integração operacionalizada e c o o r d e n a d a
pela Secretaria de Defesa Social. É esse processo de a d e q u a ç ã o q u e m a r c a a atual t e n d ê n c i a da
história da Polícia Civil.

Hoje p o d e m o s dizer q u e a Polícia Civil conclui sua transição de u m a Polícia tradicional para um
P o l í c i a m o d e r n a . O s p r o b l e m a s q u e e x i s t i r a m e m 1930, r e l a c i o n a d o s a o s r e c u r s o s h u m a n o s e ñ s i -
cos, r e f e r e n t e s à f u n ç ã o d a P o l í c i a e a o s i s t e m a p r i s i o n a l , f b r a m , d e a l g u m a ñ ) r m a , r e s o l v i d o s . A
atual política pública de s e g u r a n ç a p r e s s u p õ e , p a r a a Polícia Civil, a c o n t i n u i d a d e e a i m p l e m e n -
tação dos projetos e convênios o r i u n d o s da Secretaria de E s t a d o de Defesa Social (SEDS). N e s s e
contexto, destacou-se a reestruturação da Coordenação-Geral de Segurança ( C O S E G ) como
u n i d a d e gestora da inteligência policial, e a adoção de um novo d e s e n h o organizacional c o m a
inserção de áreas de inñ^rmática e de t e l e c o m u n i c a ç õ e s , para possibilitar o c r u z a m e n t o de da dos e
facihtar a t o m a d a de decisões relacionadas ao t r a b a l h o da Polícia Civil. Essa nova e s t r u t u r a p e r -
mite o recebimento de infbrmações referentes ao m o n i t o r a m e n t o e ao g e r e n c i a m e n t o de ocorrên-
cias, a l é m d o a c o m p a n h a m e n t o d a a t i v i d a d e d e i n v e s t i g a ç ã o p o l i c i a l , c o m o i n q u é r i t o s , t e r m o s c i r -
cunstanciados de ocorrência e outros procedimentos criminais de execução penal em todos os
municípios mineiros. Tais a p r i m o r a m e n t o s geraram signiñcativa desburocratização, além de maior
acessibilidade aos d a d o s referentes à estatística criminal.

Outros projetos especíñcos estão em a n d a m e n t o , c o m o o recém-criado P l a n o Segurança na Estrada


Real. D a d a a u r g e n t e necessidade de p r o m o v e r m a i o r s e g u r a n ç a nas cidades mineiras q u e i n t e g r a m
o ciclo da Estrada Real, a Polícia Civil passou a ser um dos principais agentes, c o m a e l a b o r a ç ã o de
estudos para o r e e q u i p a m e n t o e a e s t r u t u r a ç ã o das delegacias nessas cidades. A intenção é dotar a
P o l í c i a C i v i l d e i n s t r u m e n t o s m a i s e n c i e n t e s e i d e a l i z a r u m m o d e l o d e r e e s t r u t u r a ç ã o física d a s
u n i d a d e s policiais do i n t e r i o r O m e s m o o c o r r e c o m os serviços de investigação criminal, q u e
adquiriu equipamentos de ponta e apresentou inovações no c a m p o técnico-cientíñco, mediante
t r e i n a m e n t o s e c u r s o s . Foi p o s s í v e l a a g i l i z a ç ã o d e t o d o o s i s t e m a d e i n v e s t i g a ç ã o , q u e s e t o r n o u
mais e ñ c a z e m o d e r n o em suas diferentes áreas de atuação, na Polícia judiciária, no trânsito e na
i d e n t i n c a ç ã o criminal. M e l h o r i a s na i n f r a - e s t r u t u r a c o m p l e t a m essas m e d i d a s , c o e r e n t e s c o m o
processo r e c e n t e de valorização da Polícia Civil, q u e passa a t u a l t n e n t e p o r atnpla t n o d e r n i z a ç ã o e
r e f o r m a d e s u a e s t r u t u r a física.

A valorização da A C A D E P O L é o u t r o p o n t o q u e m e r e c e atenção, p o r seu p a p e l institucional de


formar o policial. Sua r e s p o n s a b i l i d a d e histórica consiste na f o r m a ç ã o e na q u a H n c a ç ã o inicial, na
especialização e no t r e i n a m e n t o do efetivo da Polícia Civil. No c o n t e x t o de integração das polícias,
q u e marca a atual política de segurança pública, a A C A D E P O L ganha papel relevante na fbrmação
conjunta dos policiais, c o m cursos de a p e r f e i ç o a m e n t o proñssional e especialização em c r i m i n o l o -
gia e s e g u r a n ç a pública.

Em relação à administração do trânsito exercida pelo D E T R A N , d e s t a c a s e a realização de even-


tos de c u r t o prazo, c o m o palestras e e n c o n t r o s pedagógicos, c o m o p r o p ó s i t o c o m u m de a p r e s e n -
tar alternativas viáveis e indispensáveis à m u d a n ç a de c o m p o r t a m e n t o do usuário. Por ñ m , os
serviços prisionais q u e passam p o r u m a ampla refbrma, c o m a contínua retirada da Polícia Civil
dessas obrigações. Efetivamente, em 2005, a a d m i n i s t r a ç ã o e a r e s p o n s a b i l i d a d e da C a s a de
D e t e n ç ã o A n t ô n i o D u t r a L a d e i r a ñ)i t r a n s f e r i d a p a r a a S E D S , o m e s m o d e v e n d o a c o n t e c e r c o m a s
cadeias públicas de Araçuaí, Araguari, N o v a S e r r a n a e Viçosa, o q u e libera m a i o r n ú m e r o de poli-
ciais para suas í u n ç õ e s de investigação c r i m i n a l .

Assistimos, a t u a l m e n t e , ao a u m e n t o da criminalidade e da violência, d e c o r r e n t e do c r e s c i m e n t o


d e s o r d e n a d o das áreas urbanas, aliado ao n ã o - p l a n e j a m e n t o de áreas de assentamento e a outros
fatores s o c i o e c o n ó m i c o s e jurídico-institucionais. Esse f e n ô m e n o , q u e ultrapassa os limites e o c o n -
trole da Polícia Civil, exige das a u t o r i d a d e s policiais c o n s t a n t e busca de alternativas de atuação. Em
M i n a s G e r a i s , as r e c e n t e s ações políticas no s e t o r s u r t e m efeitos, r e g i s t r a n d o - s e a p r i m e i r a q u e d a
nos índices de violência, após treze anos seguidos de crescimento da criminalidade. Esse resultado
sensibilizou a Secretaria N a c i o n a l de Segurança Pública e o Ministério da Justiça, q u e a p o n t a r a m
o Estado c o m o m o d e l o de planejamento e integração das ações na área de segurança pública. U m a
tendência q u e deve se c o n ñ r m a r e colocar M i n a s Gerais em u m a posição política de liderança no
s e t o r M a i s u m a fase d a h i s t ó r i a d e M i n a s G e r a i s e d o Brasil d a q u a l P o l í c i a C i v i l m i n e i r a p a r t i c i -
pa ativa e e ñ c a z m e n t e .
CRONOLOG!A
1808 — Criação da [ n t e n d ê n c i a - G e r a l da C o r t e e do E s t a d o do Brasil. Fato r e f e r e n d a d o c o m o origem da

instituição policial brasileira

1809 — C r i a ç ã o da G u a r d a Real da Polícia do Rio de J a n e i r o .

1827 — Extinção dos cargos de comissário e cabo de Polícia, criação do cargo juiz de paz.

1830 — P r o m u l g a ç ã o do C ó d i g o Criminal.

1831 — C r i a ç ã o da G u a r d a N a c i o n a l e da Força Policial.

1852 — C r i a ç ã o do cargo dc chefe de Polícia.

1841 — Lei n. 261, de 3 de d e z e m b r o , q u e d i m i n u i os p o d e r e s do juiz de paz e dá real prestígio à a u t o r i d a d e


do chefe de Polícia da província.

1842 — D e c r e t o n. 120, de 31 de janeiro. R e g u l a m e n t a a Lei n. 261 e cria as figuras do delegado e subdele


gado de Polícia.

1842 — C r i a ç ã o da Secretaria de Polícia na C o r t e e divisão das funções pohciais em Polícia Administrativa


e Polícia Jurídica.

1866 — C r i a ç ã o da G u a r d a M u n i c i p a l da Província, s u p r i m i d a em 1868.

1880 — C r i a ç ã o da G u a r d a U r b a n a

1890 —- P r o m u l g a ç ã o do C ó d i g o Penai, em substituição ao C ó d i g o C r i m i n a l do p e r í o d o do Império.

1890 — Ínspetoria de Veículos fica sobre a responsabilidade da Polícia.

1896 — C r i a ç ã o dos cargos de delegados especiais e de delegado a u x i h a r do chefe de Polícia.

1904 — C r i a ç ã o da G u a r d a Cívica, implantada na Capital, em 1910, c o m o n o m e de G u a r d a Civil.

1909 — C r i a ç ã o do G a b i n e t e de Identificação e Estatística Criminal.

1911 — Criação do cargo de m é d i c o legista da Capital.

1912 — Criação da ínspetoria de Veículos da Capital e do G a b i n e t e de Investigação e C a p m r a s .

1924 — C r i a ç ã o dos cargos de m é d i c o legista a u x i h a r e escriturário.

1923 — Fusão dos G a b i n e t e s de Identificação e Estatística C r i m i n a l e de Investigação e C a p t u r a s , com a cri-


ação da Delegacia de Investigações e C a p t u r a , e do Serviço P e r m a n e n t e de C a p t u r a s .

1926 — C r i a ç ã o da Secretaria de Segurança e Assistência Pública e extinção do cargo de chefe de Polícia.


C r i a ç ã o da Escola de Polícia

1928 — Instalação das Delegacias Especializadas: de Segurança Pessoal e de O r d e m Polídca e Social; de


Furtos, Roubos e Falsificações em Geral; de Fiscalização de C o s m m e s e Jogos; e de Vigilância Geral
e Capmras.
1929 — Surge o P r i m e i r o A n u a r i o de Estatística Policial e Criminal.

1931 — Recriado o cargo de c h e í e de Policía.

1938 — C r i a d o o Serviço o Serviço E s t a d u a l de Transito.

1946 — í n s t i m í d o o Dia dos Policiais Civis e Militares, c o m e m o r a d o no dia 2! de abril.

1947 — C r i a ç ã o da D e l e g a d a de Assistência Social, da Escola de Polícia D e s e m b a r g a d o r Rafael Magalhães

e da Escola T i r a d e n t e s .

1950 — i n a u g u r a ç ã o da sede p r ó p r i a de Serviço Estadual de Transito.

1953 — C r i a ç ã o da jf?^/j^ T??ÍKj-/ro.

1954 — C r i a ç ã o da Seção de Engenharia e o G a b i n e t e Psicotécnico.

1956 — C r i a ç ã o da Secretaria de E s t a d o de Segurança Pública; extinção do cargo de C h e ñ a de Polícia.

1969 — Extinta a G u a r d a Civil. C r i a ç ã o da Lei O r g â n i c a da Polícia Civil.

1970 — Reformulação da Lei O r g â n i c a da Polícia Civil.

1972 — O Colegio Estadual O r d e m e Progresso fbi agregado à Polícia Civil e funcionou junto c o m o G i n á s i o
Estadual T é c n i c o de Polícia.

1974 — C o n s t r u ç ã o da nova sede do Instituto M é d i c o - L e g a l .

1980 — Criação do Sistema Operacional de Segurança. Transferência da A C A D E P O L para as antigas acó


modações da Escola de E d u c a ç ã o Física na C a m e l e i r a .

1982 — Implantação do projeto de Infbrmações Policiais (IP).

1994 — C r i a ç ã o da Patrulha Unificada de Apoio ( P U M A ) .

1995 — Instimída a Taxa de Segurança Pública.

1999 - Projeto Diagnóstico de U n i d a d e s Policiais.

2000 — Inauguração do hangar da Polícia Civil.

2000 — C r i a ç ã o da S u p e r i n t e n d ê n c i a de Assistência ao D e t e n t o .

2000 — C r i a ç ã o de delegacias regionais e seccionais em cidades pólo do Estado.

2001 — P l a n o Nacional dc Segurança Pública.

2003 — Extinção da S E S P e r e a p a r e c i m e n t o da ñ g u r a do chefe de Polícia.


USÍA DE TABELAS E GRÁFtCOS

TABELA i: Natureza do crime dos autos remetidos em 1929 — Dpf de investigações da Guarda Civi! - p.l35

Gt^ÁF!CO i: Natureza do crime dos autos remetidos em 1929 - p.136

GRÁFiCO 2: Natureza do crime contra a pessoa dos autos remetidos em 1929 - p.l36

GRÁFíCO 3: Natureza do crime de transito dos autos remetidos em 1929 - p.l37

TABELA 2: Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Deíegacia Especiaüzada


de Segurança Pessoa! de Be!o Horizonte, 1944 - p.l38

GRÁF!CO 4: Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Deíegacia Especiaüzada


de Segurança Pessoa! de Beío Horizonte, 1944 - p.l38

TABELA 3: Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Delegacia de Piantão


de Beio Horizonte. 19/0-p. 146

GRÁFICO 5: Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Deíegacia de Piantão


de Beio Horizonte. 1970 -p.147

GRÁFtco 6: Amostra das ocorrências de vioíação simbóíica de costumes, registradas


na Deíegacia de Piantão de Beío Horizonte, 1970 - p.147

GRÁFICO 7: Amostra das ocorrências de crimes contra o patrimonio, registradas


na Deiegacia de Piantão de Beio Horizonte, 1970 - p.l48

GRÁFICO 8: Amostra das ocorrências de crimes contra pessoa, registradas


na Deiegacia de Piantão de Beío Horizonte, 1970 - p.l48

GRÁFíCO 9: Amostra das ocorrências ciassificadas como outras, registradas


na Deíegacia de Piantão de Beío Horizonte, 1970 - p.l49

USTA DE SiGLAS

ACADEPOL — Academia de Poíícia de Minas Gerais

CEGAB — Centro de informações do Gabinete

CEPOLC — Centrai de Operações de Teíecomunicações da Poiicia Civií

CERESP — Centros de Remanejamento de Segurança Púbiica

CESP-1997 — ií Curso de Estudos Superiores de Planejamento Estratégico/Curso Superior de Poiícia

COHB — Companíiia de Haijiíitação

CONTRAN — Conseího Nacional de Trânsito

COPOivi — Centro de Operações da Poücia Miíitar


COSEG — Coordenação-Geraí de Segurança
CW —Continuous Wave

DEOP — Departamento de Organização Penitenciária

DETRAN — Departamento Estaduai de Trânsito

DEOESP — Departamento de Ordem Econômica, Social e Poiítica

DET — Corpo Juvenii do Departamento de Trânsito

Di — Departamento de investigação

DOPS — Departamento de Ordem Poiitica e Sociai

EAP — Exames de Aptidão Profissiona!

FEBE!^ — Fundação Nacionai do Bem-Estar do í^enor

!APi — instituto de Aposentadorias e Pensões dos !ndustriários

¡NFRAERO — Empresa Brasiieira de infra-Estrutura Aeroportuária

JARi — Junta Administrativa de Recursos de infrações

PABX — Private Automatic Brancii Exciiange

P!V! —Poiícia !vli!itar

PRívl — Partido Republicano i^ineiro

PRODE!v!GE — Companhia de Tecnologia da informação do Estado de !\/]inas Gerais

PRP — Partido Repubticano Pautista

PSIU — Postos de Serviço Integrado Urbano

PUi^A — Patrultia Unificada de Apoio

RENAVAtVi — Registro Nacional de Veícu!os Automotores

RÍ^BH — Região Metropolitana de Beto Horizonte

SEDS — Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais

SESP — Secretaria de Estado de Segurança Púbüca

SET — Serviço Estadua! de Trânsito

SPSS — Statistical Package for theSocia! Sciences

SSB —Single Side Band

SSB/HF — Sing!e Side Band/High Frequency

S!P — Sistema de informações Policiais

S!STEL-SESP — Sistema de Te!ecomunicações da SESP

VHF/AÍV] — Very High Frequency/Amplitude !^odu!ation


LtSTA DE FOTOS

Capa:
Reprodução de posta! do prédio da antiga Secretaria do interior.
Acervo Carlos Noronha.

^ ^ ^ ^

Aifredo Pinto, chefe de Poücia - 1894-1896. Acervo APM.

^ ^ ^ ^

Poücia! em diügência em Vista Alegre, Pocrane. Acervo Policia Civi!.

^^K:
Viaturas poücias. Acervo Poücia Civil.

p^^a

Cão adestrado do Dops, Pampuiha. Belo Horizonte, 1970. Acervo Policia Civil.

Destacamento poücia! de Espinoza com 20 civts engajados. Força Púbitca, 1930. Acervo APM.

p^^a

Delegado João Rubim, Abílio Pinheiro (advogado), soldados e detentos da cadeia de Jacutinga. Acervo APM.

M^M:

Presidiários, chefes de quadrühas, autores de assalto, roubos e homicídios. Palma, MG, 1907. Acervo APM.

P^^&

Oficiais na apreensão de Ângelo de Francsco da Siva. Carangola. MG. 1905. Acervo APM.

P^&MeM:
Prédio da Câmara Municipa! e cadeia. São Gonçaío, MG, 1915. Acervo APM.

Autoridades integrantes da Poücia de Minas Gerais, 1916. Be!o Horizonte. Acervo APM.

P^^^

Prédio da Chefia de Polícia em Belo Horizonte, iocalizado na confluência das ruas Bahia e Bernardo Guimarães, entre 1911 e 1915.
Acervo APM.
P^^&

Detentos da penitenciária de Uberaba, 1915. Acervo APM. . .

P^^^

Vista externa do foro e cadeia de Leoipodina. MG. Acervo APM.


Fachada do foro e cadeia de Paraisopolis. MG. Acervo APM.
P^^^
Fachada da casa de detenção de iJberaba. MG, 1922. Acervo APM.
Pág.74:

Fachada da Secretaria do interior em Beio Horizonte. Acervo APM.

Pág. 83;

Vista iaterai da cadeia Púbiica - detentos e grupos de civis. Conseiho Pena, MG. década de 1930. Acervo APM.
Vista frontat da cadeia púbiica de itanhomi, MG. 1938. Acervo APM.

Pág.86:

Perito da Poiícia Civü à esquerda; à direita, guarda-civü, 1968. Acervo Poücia Civü.

Pág.91:

Áivaro Batista de Oüveira, chefe de Poiicia. Beio Horizonte, MG, 1933/1935. Acervo APM.

Pág.92:

Aiunos da Escoia de Poücia, em auias de instrução física em juiho de 1939. Acervo Poücia Civü.

Pág. 93:

Desfüe da Guarda Civü. 1959. Acervo Poiícia Civü.

Pág.98:

Desfüe da Guarda Civü, 1959. Acervo Poiícia Civü.

Pág.101:

Guardas-civis em forma, 1958. Acervo Poücia Civü.

Pág. 102:

Construção do Departamento de investigação, Lagoinha, Beto Horizonte, 1956/1959. Acervo Poücia Civü.

Pág. 103:

Guardas-civis em ronda, 1964. Acervo Poücia Civü.

Pág. 105:

Magaihães Pinto, governador de Minas Gerais, acompanhado por deiegados, 1965. Acervo Poiícia Civit.

Pág. 106:

Cerimônia de extinção da Guarda Civü. 1970. Acervo Poücia Civi!.

Pág. 109:
Deiegado no horário do !anche, 1966. Acervo Poücia Civü.
Poüciais recebendo dipioma do curso de aperfeiçoamento, 1970. Acervo Poücia Civü.
Pág. 110:
Primeira muiher Guarda Civü, 1967. Acervo Poiícia Civü.
inauguração da ACADEPOL na Gameieira, Beio Horizonte. 1978. Acervo Poücia Civü.
Pág. 112:

Patrulha do DOPS. 1972. Acervo Poücta Civit.

Pág.
Deiegacia
116: de Leopoldina.
Manhuaçu. Acervo
Acervo Poiícia
Poiícia Civü.
Civü.
Bias Fortes, governador de Minas Gerais, ACADEPOL, 1983. Acervo Poücia Civü.
Poüciais Civis em ipatinga. 1988. Acervo Poücia Civü.

^ ^ ^ ^

Diretoria da Associação dos Delegados. 1997. Acervo Polícia Civü.

^ ^ ^ ^
Hélio Garcia, governador de Minas Gerais, inauguração da Deiegacia de Mulheres. Acervo Polícia Civi!.

PM].^&
Primeiro helicóptero da Polícia Civil. Acervo Poücia Civil.

^^ua
Grupo de punguistas, Congonhas, MG. Acervo APM.

José Garcia Leite, apreendido por furto no valor de 6 contos de reis. de Nogueira e Companhia - Cataguases, 1913. Acervo APM.

Integrantes da quadrüha do Jiló (roubo de animais), outros delinqüentes e soldados. Carangola, MG, 1941. Acervo APM.

^ ^ ^ ^
Equipe de poüciais civis de Minas Gerais, em diligencia, em Vista Alegre. Pocrane. Acervo Polícia Civil.

Montagem das imagens do antigo prédio da SESP, na Praça da Liberdade, com a atua! sede da Poücia Civü, na Av. do Contorno, Be!o
Horizonte. Acervo: equipe de pesquisa.
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ZALUAR, Alba; et al. D e s a r m a m e n t o , s e g u r a n ç a pública e cultura da paz. Rio dc J a n e i r o : F u n d a ç ã o


Konrad Adenauer, 2005. ]05p.

Z A V E R U C H A , J o r g e ; B . \ R R O S , M a r i a da Rosário Negreiros (Org.). Políticas de segurança pública d i m e n -


são da formação e impactos sociais. Recife: F u n d a ç ã o J o a q u i m Nabuco, 2002. 249p.
MENSAGENS

M I N A S GERAIS. Assembléia Legislativa Mineira, 1^ seção o r d i n á r i a de 1935, M e n s a g e m a p r e s e n t a -


d a p o r B e n e d i t o V a l a d a r e s R i b e i r o , G o v e r n a d o r d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s . B e l o H o r i z o n t e , 1935
Imprensa Oñcial do Estado de Minas Gerais.

M I N A S G E R A I S . Fala à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s . O u r o P r e t o , 1886.

M I N A S G E R A I S . Fala à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s d i r i g i d a p e l o 1 ° V i c e -
p r e s i d e n t e d a p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1889.

M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d a p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1837.

M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d a p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1840.

M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
da p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1843.

M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d e p r o v í n c i a . O u r o P r e t o , 1878.

M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d e p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1887, Anexo 4 .

M I N A S G E R A I S . Fala d o P r e s i d e n t e d e p r o v í n c i a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a p r o v i n c i a l d e M i n a s
G e r a i s . O u r o Preto. 1887.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m à Assembléia Legislativa. Antônio Aureliano Chaves de M e n d o n ç a ,


G o v e r n a d o r d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s . Belo H o r i z o n t e : [Imprensa O ñ c i a l d e Minas G e r a i s ] , 1976.

MINAS GERAIS M e n s a g e m à Assembléia Legislativa a p r e s e n t a d a na reunião inaugural da segunda


sessão legislativa o r d i n á r i a d a d é c i m a l e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r T a n c r e d o d e A l m e i d a N e v e s . Belo
Horizonte: Imprensa O ñ c i a l do Estado de M i n a s Gerais, 1984.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa a p r e s e n t a d a n a r e u n i ã o i n a u g u r a l d a t e r c e i r a
s e ç ã o o r d i n á r i a d a n o n a l e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r F r a n c e l i n o P e r e i r a d o s Santos. Belo Horizonte:
Imprensa Oñcial do Estado de Minas Gerais, 1981.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m à Assembléia Legislativa a p r e s e n t a d a na r e u n i ã o inaugural da p r i m e i r a


s e s s ã o legislativa o r d i n á r i a d e d é c i m a p r i m e i r a legislativa, p e l o G o v e r n a d o r H é l i o G a r c i a Belo
Horizonte: Imprensa O ñ c i a l do Estado de Minas Gerais, 1987.

M I N A S GERAIS M e n s a g e m à Assembléia Legislativa a p r e s e n t a d a na r e u n i ã o inaugural da q u a r t a


s e s s ã o legislativa o r d i n á r i a d a d é c i m a s e g u n d a l e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r H é l i o G a r c i a . Belo
Horizonte: I m p r e n s a Oñcial do E s t a d o de Minas Gerais, 1994.
M ! N A S G E R A t S . M e n s a g e m à A s s e m b i é i a Legistativa apresentada na retjnião inaugura! da quarta
sessão !egisiativa ordinária da d é c i m a terceira legislatura. B e l o H o r i z o n t e : [Imprensa Oñcial do E s t a d o
de Minas G e r a i s ] , 1998.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à Assembléia Legislativa apresentada na reunião inaugural da quarta


sessão legislativa ordinária da d é c i m a quarta legislatura. B e l o H o r i z o n t e : Imprensa Oñcial do !-^stado de
Mina.s Gerais, 2002.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa apresentada p e l o G o v e r n a d o r do Estado de


Minas G e r a i s p o r o c a s i ã o da abertura da sessão ordinária de 1 9 5 L B e l o H o r i z o n t e : Imprensa Oñcial
de Minas Gerais, ]951.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa apresentada p e l o G o v e r n a d o r do Estado de


M i n a s G e r a i s p o r o c a s i ã o da A s s e m b l é i a da abertura da s e s s ã o ordinária de 1954. Belo Horizonte:
Imprensa Oñcial, 1954.

M I N A S G E R A Í S M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa apresentada p e l o G o v e r n a d o r d o Estado d e


Minas G e r a i s na s e ç ã o de 15 de julho de 1955. Beto Horizonte: ] Imprensa Oñciat Minas G e r a i s ] , 1955.

M I N A S G E R A Í S . M e n s a g e m à Assembléia Legislativa apresentada pelo G o v e r n a d o r do Estado de Minas


Gerais na sessão de !° de íèvereiro de 1959. Belo Horizonte: [Imprensa Oñcial de Minas Gerais], 1959.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à Assembléia !.egislativa apresentada p e l o G o v e r n a d o r do Estado de


Minas G e r a i s na sessão 1° de m a r ç o de 1960. Beto Horizonte: ¡¡nprensa O ñ c i a ! de Minas Gerais, 1960.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa apresentada p e l o G o v e r n a d o r d o Estado d e


Minas G e r a i s na sessão de 1° de m a r ç o de 1957. Belo H o r i z o n t e : [Imprensa Oñciat do E s t a d o de M i n a s
Gerais], 1957

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. H é l i o G a r c i a , G o v e r n a d o r d o Estado d e M i n a s
Gerais. Belo Horizonte: Imprensa Oñcial do E s t a d o de M i n a s Gerais. 1985.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. G o v e r n a d o r H é l i o G a r c i a , G o v e r n a d o r d o
Estado de M i n a s G e r a i s . Belo Horizonte: Imprensa Oñciat, 1986.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. Israel P i n h e i r o , G o v e r n a d o r do Estado de


M i n a s G e r a i s . Belo H o r i z o n t e [Imprensa Oñciat de M i n a s G e r a i s ] , 1967.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. R o n d ó n P a c h e c o , G o v e r n a d o r d o Estado d e
Minas Gerais. Beto Horizonte: [Imprensa Oñciat dc \ l i n a s G e r a i s ] , 1974

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa apresentada p e l o C o n g r e s s o do Estado de


Minas G e r a i s na sessão de !5 de julho de 1956. Belo H o r i z o n t e , [Imprensa Oñciat Minas G e r a i s ] , 1956.

MIN.AS G E R A t S M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. Francelino Pereira d o s Santos, G o v e r n a d o r do


Estado de Minas Gerais. Beto Horizonte. Imprensa Oñciat do testado de \ l i n a s Gerais, 1980.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. J o s é de M a g a l h ã e s Pinto, G o v e r n a d o r do
E s t a d o de M i n a s G e r a i s . Be!o Horizonte: [Imprensa Oficia) de M i n a s G e r a i s ] , 1965.

M t N A S GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa na reunião solene de instalação dos


t r a b a l h o s d a 3 ^ s e s s ã o o r d i n á r i a d a V I L e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r I s r a e l P i n h e i r o . [ Belo H o r i z o n t e :
i m p r e n s a O ñ c i a l ] , 1969.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s , em sua sessão


o r d i n á r i a d e 1937, p e l o G o v e r n a d o r d o E s t a d o . Belo H o r i z o n t e : I m p r e n s a O ñ c i a l d e M i n a s Gerais, 1937.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s , em sua sessão


o r d i n á r i a d e 1936, p e l o G o v e r n a d o r d o E s t a d o . Belo Horizonte: I m p r e n s a O ñ c i a l d e Minas Gerais, 1936.

MINAS GERAIS M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de Minas G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1894.

M I N A S GERATS M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1892.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1896.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


do E s t a d o . O u r o Preto, 1906a.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1904.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1912.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1913.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1915a.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1915b.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1926.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de Minas G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1918.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


do E s t a d o . O u r o Preto, 1920.
M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1916.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, !925.

M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1914.

M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e Minas G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e


do Estado. O u r o Preto, 1924

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1910.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1911.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1922.

M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1913.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1916.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de Minas G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e


do Estado. O u r o P r e t o , 1917.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de Minas G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e


do Estado. O u r o Preto, 1924

M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o P r e t o , 1921.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1925.

M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1918.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1925.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1919.
MTNAS G E R A t S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1920.

MTNAS GERATS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto. 1922.

MINAS GERAtS. M e n s a g e m apresentada à Assembléia Legislativa de M i n a s G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1907.

MINAS GERAtS M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa de Minas G e r a i s pelo P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1929.

MINAS GERAtS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembtéia Legislativa de Minas G e r a i s peto P r e s i d e n t e


d o E s t a d o . O u r o Preto, 1930.

M I N A S G E R A I S M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s , p e t o P r e s i d e n t e
do E s t a d o . Ourt) Preto, 192S.

M I N A S G E R A t S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a e m s u a s e s s ã o o r d i n á r i a d e 1947
p e l o G o v e r n a d o r M i l t o n S o a r e s C a m p o s . Belo Horizonte: Imprensa O ñ c i a l d e Minas Gerais, 1947.

MINAS GERAIS M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa e m sua s e s s ã o o r d i n á r i a d e 1948


p e l o G o v e r n a d o r M i t t o n S o a r e s C a m p o s . Belo H o r i z o n t e : Imprensa O ñ c i a l d c Minas Gerais, 1948.

M I N A S GERAtS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembtéia Legislativa em sua sessão o r d i n á r i a de 1949


p e t o G o v e r n a d o r M i t t o n S o a r e s C a m p o s . Belo H o r i z o n t e : t m p r e n s a O ñ c i a l d e Minas Gerais, 1949.

MTNAS G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a e m sua s e s s ã o o r d i n á r i a d e 1950


p e l o G o v e r n a d o r M i l t o n Soares C a m p o s . Belo H o r i z o n t e : Imprensa O ñ c i a l de Minas Gerais, 1950.

MTNAS G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a n a a b e r t u r a d e s u a s e s s ã o o r d i n á r i a
d e 1962 p e t o G o v e r n a d o r J o s é d e M a g a l h ã e s P i n t o . Belo H o r i z o n t e 1962.

M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa n a a b e r t u r a d e sua sessão o r d i n á r i a d e


196t p e l o G o v e r n a d o r J o s é de M a g a l h ã e s P i n t o . Belo Horizonte: [Imprensa Oñcial de Minas Gerais], 1961.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembtéia Legislativa na p r i m e i r a sessão o r d i n á r i a da 8^


l e g i s l a t u r a p e t o G o v e r n a d o r R o n d ó n P a c h e c o . [ Belo Horizonte: Imprensa O ñ c i a l ] , 1975.

M I N A S GERAIS. M e n s a g e m A p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa na Reunião solene de instalação


d o s t r a b a l h o s d a 2 ^ s e s s ã o o r d i n á r i a d a 5 ^ l e g i s l a t u r a , p e t o G o v e r n a d o r J o s é d e M a g a l h ã e s P i n t o . Belo
H o r i z o n t e : [tmprensa Oñcial de Minas G e r a i s ] , 1964.

M I N A S GI^R.AIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a n a r e u n i ã o s o l e n e d e i n s t a l a ç ã o d o s
t r a b a l h o s d a 2 ^ s e s s ã o o r d i n á r i a d a V I L e g i s l a t u r a p e t o G o v e r n a d o r I s r a e l P i n h e i r o [Belo H o r i z o n t e :
Imprensa O ñ c i a l ] , 1968.

MINAS GERAIS M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembtéia Legislativa na r e u n i ã o solene de instalação dos


t r a b a l h o s d a 4 ^ s e s s ã o o r d i n á r i a d a V í L e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r I s r a e l P i n h e i r o . [ Belo H o r i z o n t e :
Imprensa O ñ c i a l ] , 1970.

MINAS GERAtS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa na reunião i n a u g u r a l da 4^ sessão


o r d i n á r i a d a 8 ^ L e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r A n t ô n i o A u r e l i a n o C h a v e s d e M e n d o n ç a . Belo Horizonte:
[Imprensa O ñ c i a l de M i n a s Gerais],1978.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa na r e u n i ã o i n a u g u r a l da 1^ sessão


o r d i n á r i a d a nova l e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r L e v i n d o O z a n a n C o e l h o . Belo H o r i z o n t e : [Imprensa
Oñcial de Minas Gerais],1979.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa na sessão solene de instalação dos


t r a b a l h o s da 2" sessão o r d i n á r i a da 7^ l e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r R o n d ó n P a c h e c o . 1972.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa na sessão solene de instalação da


3^ s e s s ã o o r d i n á r i a da 7^ L e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r R o n d ó n P a c h e c o . [ Beio H o r i z o n t e : imprensa
O ñ c i a i ] , 1973.

MINAS GERAIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à Assembléia Legislativa, na reunião solene de instalação


d o s t r a b a l h o s d a M s e s s ã o o r d i n á r i a d a 5 ^ L e g i s l a t u r a , p e l o G o v e r n a d o r J o s é M a g a l h ã e s P i n t o Belo
Horizonte: [Imprensa Oñciat de Minas Gerais],1961

MINAS GERAIS. M e n s a g e m apresentada na reunião inaugural da q u a r t a sessão ordinária da nona


legislatura, pelo G o v e r n a d o r Francelino Pereira dos Santos. Belo H o r i z o n t e : I m p r e n s a O ñ c i a l do
Estado de Minas G e r a i s , 1982, 5^ sessão o r d i n á r i a da d é c i m a legislatura, pelo G o v e r n a d o r Francelino
P e r e i r a d o s S a n t o s Belo Horizonte: I m p r e n s a O ñ c i a l do Estado de M i n a s Gerais, 1983.

M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. P r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s p e l o S e c r e t á r i o
d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r D r D e l ñ m M o r e i r a d a Costa Ribeiro. Belo H o r i z o n t e , 1906b.

M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. P r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s p e l o S e c r e t á r i o
d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r Dr. D e l ñ m M o r e i r a d a C o s t a R i b e i r o . O u r o Preto, 1905.

M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. P r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s p e l o S e c r e t á r i o
d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r Dr. D e l ñ m M o r e i r a d a C o s t a R i b e i r o . O u r o P r e t o , 1906.

MINAS GERAIS. Relatório a p r e s e n t a d o ao Dr. Secretário dos N e g ó c i o s do I n t e r i o r p e l o chefe de


P o l í c i a Dr. A m é r i c o F e r r e i r a L o p e s . O u r o Preto, 1911.

M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. S e c r e t á r i o d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r p e l o c h e f e d e
P o l í c i a Dr. A m é r i c o F e r r e i r a L o p e s . O u r o Preto, 1912.

M I N A S G E R A I S R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o E x m o . Sr. P r e s i d e n t e d e E s t a d o p e l o Dr. J o s é F r a n c i s c o
Bias F o r t e s , S e c r e t á r i o de S e g u r a n ç a e A s s i s t ê n c i a P ú b h c a . Belo Horizonte, 1928, v. 2.

M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o E x m o . Sr. P r e s i d e n t e d e E s t a d o p e l o D r . J o s é F r a n c i s c o
Bias F o r t e s , S e c r e t á r i o de S e g u r a n ç a e A s s i s t ê n c i a P ú b l i c a . Belo H o r i z o n t e , 1912.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o E x m o . Sr. P r e s i d e n t e d e E s t a d o p e l o D r . J o s é F r a n c i s c o
Bias F o r t e s , S e c r e t á r i o de S e g u r a n ç a e A s s i s t ê n c i a P ú b l i c a . Belo H o r i z o n t e , v. 2.

MINAS GER.^IS. Relatório a p r e s e n t a d o ao Presidente do Estado de Minas G e r a i s pelo Secretário dos


N e g ó c i o s d o I n t e r i o r D r Detñtn M o r e i r a d a C o s t a Ribeiro. Belo H o r i z o n t e , 1906.

MINAS GERAIS. Relatório apresentado ao Presidente do Estado de Minas G e r a i s pelo Secretário dos
N e g ó c i o s d o I n t e r i o r Belo H o r i z o n t e , 1909.

M I N A S GERAIS. Relatório da Secretaria de Polícia - cheíe de Polícia Alfredo Pinto Vieira de M e l o


Belo H o r i z o n t e , 1895.

MINAS GERAIS. Relatório da Secretaria de Polícia - cheíe de Polícia Aureliano M o r e i r a Magalhães


Belo H o r i z o n t e , 1897.

MIN.^S GERAIS. Relatório do P r e s i d e n t e da província à Assembleia Legislativa Provincial de M i n a s


G e r a i s . O u r o P r e t o , 1873, Anexo 1.

M I N A S GERAIS. Relatório do P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa Provincial de Minas


G e r a i s . O u r o Preto, 1881, Anexo 1.

M I N A S GERAIS Relatório do P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa Provincial de Minas


G e r a i s . O u r o P r e t o , 1876, A n e x o 3.

M I N A S GERAIS. Relatório do P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa Provincial. Ouro


P^Mj8^L

MINAS GERAIS. Relatório do P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa Provincial de Minas


G e r a i s . O u r o Preto, 1886.

MINAS GERAIS. Relatório do P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa Provincial de Minas


G e r a i s . O u r o Preto, 1879.

MINAS GERAIS Relatório do P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa Provincial de Minas


G e r a i s . O u r o Preto, 1881, Anexo 1.

M I N A S GERAIS. Relatório do P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa de M i n a s Gerais.


O u r o Preto, 1876, Anexo3.

MINAS GERAIS. Relatório do Presidente de provincia à Assembléia Provincial de Minas Gerais. Ouro
P r e t o , 1876.

MINAS GER.\tS Relatório do Presidente de província à Assembléia Provincial de Minas Gerais,


A n e x o 3 , R e l a t ó r i o d o c h e f e d e P o l í c i a . M o v i m e n t o p r o g r e s s i v o d a c r i m i n a l i d a d e , abr. 1876.

MINAS GERAIS. Relatório do V i c e - P r e s i d e n t e de província à Assembléia Legislativa Provincial de


M i n a s G e r a i s . O u r o Preto, 1874.
MfNAS GERAtS Reiatório do 1° V í c e - P r e s i d e n t e ao passar o cargo da administração da província ao
Dr. D o m i n g o s d e A n d r a d e F i g u e i r a . O u r o Preto, ]868.

M Î N A S GERAIS. Retatório do 2° V i c e - P r e s i d e n t e da província à Assembléia Legislativa provincial de


M i n a s G e r a i s . O u r o P r e t o , ]866. Anexo 4

M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o d o c h e í e d e Polícia. O u r o P r e t o , 1895.

LEGlSLApÁO

Alvará de 1 0 / 5 / 1 8 0 8

Código Criminal de 16/12/1830

C ó d i g o d e Processo C r i m i n a l 2 9 / 1 1 / 1 8 3 2

Decreto de 13/5/1809

D e c r e t o n. 19, de 1 8 / 2 / 1 8 9 0

D e c r e t o n. 120, de 3 1 / 1 / 1 8 9 2

D e c r e t o n. 613, de 9 / 3 / 1 8 9 3

D e c r e t o n. 769, de 1 7 / 8 / 1 8 9 4

D e c r e t o n. 1 232, de 2 6 / 1 2 / 1 8 9 5

D e c r e t o n. 1 034, de 6 / 5 / 1 8 9 7

D e c r e t o n. 1 352, de 2 7 / 0 1 / 1 9 0 0

D e c r e t o n. 1 573, de 2 4 / 1 / 1 9 0 3

D e c r e t o n. 2 147, de 2 0 / 1 2 / 1 9 0 7

Decreto n. 2 187, de r / 2 / 1 9 0 8

D e c r e t o n. 2 656, de 1 3 / 1 0 / 1 9 0 9

D e c r e t o n. 3 206, de 1 ° / 7 / 1 9 1 1

D e c r e t o n. 3 409, de 1 6 / 1 / 1 9 1 2

D e c r e t o n. 3 588, de 2 8 / 3 / 1 9 1 2

D e c r e t o n. 3 603, de 1 0 / 6 / 1 9 1 2

D e c r e t o n. 4 342, de 1 9 / 3 / 1 9 1 5
D e c r e t o n. 4 703, de 2 4 / l / ) 9 1 7

D e c r e t o n. 5 030, de 9 / 7 / 1 9 1 8

D e c r e t o n. ó 110, de 9 / 6 / 1 9 2 2

D e c r e t o n. 7 215, de 2 7 / 4 / 1 9 2 6

D e c r e t o n. 7 287, de 1 7 / 7 / 1 9 2 6

D e c r e t o n. 7 436, de 2 1 / 1 2 / 1 9 2 6

D e c r e t o n. 7 437, de 2 1 / 1 2 / 1 9 2 6

D e c r e t o n. 8 846, de 2 4 / 1 0 / 1 9 2 7

D e c r e t o n. 8 068, de 1 2 / 1 2 / 1 9 2 7

D e c r e t o n. 1 0023, de 1 8 / 8 / 1 9 3 1

D e c r e t o n. Lei 66, de 1 8 / 1 / 1 9 3 8

D e c r e t o - L e i n. 1 591, de 2 8 / 1 2 / 1 9 4 5

D e c r e t o - L e i n. 9 108, de 2 9 / 4 / 1 9 4 6

D e c r e t o - L e i n. 2 105, de 2 5 / 4 / 1 9 4 7

D e c r e t o - L e i n. 2 125, de 2 0 / 6 / 1 9 4 7

Decreto-Lei n . 2 147,de 11/7/1947

D e c r e t o n. 4 531, de 3 0 / 3 / 1 9 5 5

D e c r e t o n. 4 666, dc 2 3 / 7 / 1 9 5 5

D e c r e t o n. 9 761, de 1 2 / 5 / 1 9 6 6

D e c r e t o n. 12 503, de 1 0 / 3 / 1 9 7 0

D e c r e t o Federal n. 13 498, de 1 2 / 3 / 1 9 1 9

Lei n. 16, de 1 2 / 8 / 1 8 3 4

Lei n. ! 741, de 8 / 1 0 / 1 8 7 0

Lei n. 2 718, de 1 8 / 1 2 / 1 8 8 0

Lei n. 30. de 1 6 / 7 / 1 8 9 2
Lei n. 6, de 2 2 / 7 / 1 8 9 3

Lei n. 112, de 2 3 / 7 / 1 8 9 4

Lei n. ! 4 1 , d e 2 0 / 7 / 1 8 9 5

Lei n. 175, de 4 / 9 / 1 8 9 6

Lei n. 318, de 1 6 / 9 / 1 9 0 1

Lei n. 360, de 2 7 / 8 / 1 9 0 3

Lei n. 380, de 2 7 / 8 / 1 9 0 4

Lei n. 445, de 3 / 1 0 / 1 9 0 6

Lei n. 453, de 3 1 / 8 / 1 9 0 7

Lei n. 490, de 9 / 9 / 1 9 0 9

Lei n. 516, de 3 1 / 8 / 1 9 1 0

Lei n. 549, de 2 7 / 9 / 1 9 1 0

Lei n. 550, de 2 2 / 6 / 1 9 1 1

Lei n. 552, de 1 8 / 8 / 1 9 1 1

Lei n. 582, de 3 0 / 8 / Ï 9 1 2

Lei n. 751, de 2 6 / 9 / 1 9 1 4

Lei n. 631, de 2 9 / 0 9 / 1 9 1 4

Lei n. 643, d e l ° / 1 0 / 1 9 1 4

Lei n. 770, de 1 4 / 9 / 1 9 2 0

Lei n. 790, de 1 8 / 9 / 1 9 2 0

Lei n. 791, de 1 8 / 9 / 1 9 2 0

Lei n. 844, de 1 0 / 9 / 1 9 2 3

Lei n . 8 1 9 , d e 4 / 9 / 1 9 2 6

Lei n. 892, de 9 / 9 / 1 9 2 6

Lei n. 9 4 1 , de 1 0 / 1 0 / 1 9 2 6
Lei n. 969, de H / 9 / ! 9 2 7

Lei n. 349, de 3 0 / 1 2 / 1 9 4 8

Lei n. 469, de 1 9 / 1 0 / 1 9 4 9

Lei n. 4 332, de 3 0 / 3 / 1 9 5 5

Lei n. 14 035, de 3 0 / 1 / 1 9 5 6

Lei n. 1 455, de 1 2 / 5 / 1 9 5 6

Lei n. 1 527, de 3 1 / 1 2 / 1 9 5 6

Lei n. 1 897, de 1 3 / 1 / 1 9 5 9

Lei n. 5 406, de 1 6 / 1 2 / 1 9 6 9

Lei n. 5 784, de 1 ° / 1 0 / 1 9 7 1

Lei n. 8 181, de 3 0 / 4 / 1 9 8 2

Lei n. 12 032, de 2 1 / 1 2 / 1 9 9 5

Lei Delegada n. 56, de 2 9 / 1 / 2 0 0 3

Portaria n. 729, de 2 7 / 1 0 / 1 9 5 2

Portaria 2 153, de 2 6 / 5 / 1 9 5 6
DOCUMENTAÇÃO ARQU!VÍST!CA

Arquivo P ú b h c o Mineiro. F u n d o PoHcia. P O L 9 , C X O l , 0 8 / 0 1 / 1 9 5 2 a 1 8 / 0 1 / 1 9 3 3 .

Arquivos do D e p a r t a m e n t o de Investiga<;ões da Polícia Civil de M i n a s Gerais. Livro de Registro de


Ocorrências da Delegacia Especiaüzada de Seguran(;a Pessoal, 1943-1944.

Arquivos do D e p a r t a m e n t o de Investigat^ões da Polícia Civi! de Minas Gerais. Livro de Registro de


Inquéritos da Delegacia Especializada de Segurança Pessoa!, 1958.

Arquivos do D e p a r t a m e n t o de Investigações da Polícia Civii de Minas G e r a i s . Livro de Registro de


Ocorrências da Delegacia de Plantão, 1970.

Av. Augusto de Lima, 270 - Centro/BH - Fone: (31) 3 2 3 7 - 3 4 0 0


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Revisão: Responsabiüdade do Encomendante

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