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09/11/2023

Fisiologia do
organismo Puerpério
materno no
pós-parto Definição

(puerpério) Ao conjunto de modificações físicas e psíquicas que ocorrem na fase pós-parto, denomina-se por
puerpério.

Professora Sónia Ramalho

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Puerpério Puerpério

Objetivo:
As alterações físicas e psíquicas ocorrem com o objetivo do corpo e a mente da mulher voltarem ao Duração:
estado que carateriza antes da gravidez e prepará-la para a amamentação.
Em termos de regressão das alterações fisiológicas e anatómicas, estas ocorrem, normalmente, ao
fim de seis semanas após o parto

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Puerpério

Classificação - OMS (2010) O que é o puerpério


• https://www.youtube.com/watch?v=1te-
erBpVo0
IMEDIATO – nas primeiras 24 horas

PRECOCE – do 2º ao 7º dia

TARDIO – do 8º a 42 º dia

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Alterações no puerpério

Aspetos fisiológicos do
puerpério As alterações anatómicas e fisiológicas que ocorrem após o parto afetam
diversos órgãos e sistemas, processam-se de forma contínua e requerem
vigilância e cuidados específicos por parte dos profissionais de saúde.
(Lima et al., 2017).

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Fisiologia do aparelho reprodutor e estruturas


associadas Útero

Durante o período do puerpério ocorrem diversas alterações fisiológicas a • O retorno do útero ao seu estado anterior designa-se por
nível de vários sistemas e órgãos:
- Útero
involução.
- Endométrio e local da inserção placentar • Este fenómeno tem início após a expulsão da placenta, com
- Colo uterino a contração do músculo liso uterino.
- Vagina e períneo
- Musculatura pélvica e parede abdominal
- Sistemas: circulatório; hematológico; endócrino;urinário e gastrointestinal

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Útero Endométrio e local


• A involução uterina acontece
rapidamente.
de inserção placentar
• O útero regride cerca de 1 a 2 cm
cada 24 horas.
• As fibras musculares miometriais entrelaçadas
contraem-se, tornando-se o principal fator de
• No 10º dia pós-parto o fundo
uterino está ao nível da sínfise hemóstase.
púbica.

• A espessura das paredes (4-5 cm • Ocorrem também fenómenos de trombose a nível dos
após o parto) volta ao normal em 5-
6 semanas.
vasos placentares, ajudando o processo de hemostase.

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Lóquios
Conteúdo expulso pelo útero

Lóquios
Classificação - em três fases:
- Lóquios hemáticos
- Lóquios hemáticos: são compostos essencialmente por eritrócitos, fragmentos de decídua e restos
de trofoblastos;
- Lóquios sero-hemáticos
- Lóquios sero-hemáticos: surgem a partir do quarto ou quinto dia pós-parto e são compostos por
- Lóquios serosos sangue envelhecido, soro, leucócitos e restos tecidulares;

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Volume total de lóquios expulsos


Lóquios

lóquios serosos: Após o 10º dia pós-parto os lóquios tornam-se mais amarelados e com aspeto
mucoide e espesso. São compostos por leucócitos, decídua, células epiteliais, muco, soro e
O volume total de lóquios expulsos estima-se em 200 a 500 ml num período médio de quatro
bactérias.
semanas.
Pode ter uma duração duas a seis semanas.

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Atenção ! Atenção !

À hemorragia vaginal em quantidade excessiva, que dure para além do período de puerpério A persistência de lóquios após quatro a seis semanas deverá fazer suspeitar de uma infeção
imediato, pois poderemos estar perante uma laceração do canal de parto não suturada, restos (endometrite) que apresenta em geral cheiro desagradável/fétido.
placentares ou atonia uterina.

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COLO UTERINO VAGINA E PERÍNEO


Durante a fase do puerpério o colo
uterino vai-se encerrando
progressivamente.

Logo após o nascimento o colo é mole, Em termos anatómicos, a vagina tem tendência a voltar ao seu estado normal entre a terceira e a
mas progressivamente vai contraindo,
tornando-se firme e readquirindo a sua oitava semana.
forma.

O orifício externo do colo vai


modificar-se e deixa de ter a aparência
puntiforme ou redonda e surge com
uma forma de fenda ou recorte
transversal resultantes das lacerações
laterais surgidas aquando do parto.

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VAGINA VAGINA

A diminuição dos estrogénios provoca uma espessura mais reduzida Em termos fisiológicos, a diminuição dos estrogénios também
da mucosa vaginal e ausência de rugosidades. provoca a diminuição e o estreitamento da mucosa vaginal.
Estas rugosidades têm tendência a reaparecer por volta da quarta
semana. A redução da lubrificação e a dispareunia (desconforto nas relações
A parede da vagina geralmente regressa de uma forma gradual ao sexuais) podem persistir até o retomar da função ovárica, devendo
seu estado normal. ser aconselhado a utilização de lubrificantes.

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MUSCULATURA PÉLVICA E PAREDE ABDOMINAL Durante a gravidez a parede abdominal vai-se distendendo,
podendo originar a rutura de fibras elásticas da pele e diástase
Parede abdominal dos músculos retos do abdómen.

A tonicidade dos músculos do pavimento pélvico vai sendo retomada


gradualmente após o nascimento.

Aquando do parto, os músculos pélvicos e as suas fáscias sofrem um


estiramento que pode mais tarde dar origem aos prolapsos genitais.

A recuperação do tónus pode ir até aos seis meses, caso haja rutura ou
distensão dos tecidos de suporte do pavimento pélvico:

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Parede abdominal Parede abdominal

Assim, após o parto, a parede abdominal mantém-se distendida, podendo levar até cerca de seis a Para uma recuperação mais rápida do tónus muscular deve-se sensibilizar a puérpera para a
sete semanas para recuperar. realização de exercícios físicos suaves nos primeiros dias após o parto.
A capacidade de recuperar a tonicidade muscular depende do tónus que tinha anteriormente, do Contrair os músculos abdominais alguns segundos quando expira e em seguida relaxar ajuda a
exercício físico adequado e da quantidade de tecido adiposo. tonificar a musculatura abdominal.
Deve repeti-los sempre que tiver oportunidade.

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SISTEMA CIRCULATÓRIO
Fortalecer o pavimento pélvico

Fortalecer o pavimento pélvico ajuda a prevenir a incontinência. O débito cardíaco e o volume de sangue, que foram alterados durante o período de gestação
Assim, é importante começar a efetuar os exercícios logo que seja possível, através da contração (hipervolemia induzida pela gravidez), após o parto têm tendência a voltar ao estado anterior ao da
gravidez.
dos músculos em redor da vagina e ânus.
A mulher deve aguentar alguns segundos sem fazer muito esforço. Em seguida relaxa. Deverá
repetir, caso seja possível, várias vezes durante o dia. Durante o nascimento, o sangue que é perdido faz com que se reduza de imediato o volume
sanguíneo.
https://centradaemsi.pt/exercicios-avancados-recomendaveis-no-pos-parto-i/

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SISTEMA CIRCULATÓRIO (cont.)


SISTEMA CIRCULATÓRIO (cont.)

As alterações dependem de algumas condições: A reação à perda de sangue nas puérperas é diferente das perdas em mulheres que não estiveram
grávidas.
• Perda de sangue durante o parto
• Mobilização subsequente Deve-se a três alterações fisiológicas que ocorrem no pós-parto

• Eliminação do líquido extravascular (edema fisiológico).

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SISTEMA CIRCULATÓRIO (cont.) SISTEMA CIRCULATÓRIO (cont.)

Alterações fisiológicas no pós-parto: Uma hemorragia uterina que não foi diagnosticada ou uma excessiva perda de sangue durante o
parto vai originar uma descida de pressão arterial.
- A eliminação da circulação uteroplacentar reduz o leito vascular materno em cerca de 10% a 15%;
Uma subida de pressão arterial, acompanhada de cefaleias, epigastralgias ou escotomas (alterações
- A perda da função endócrina placentar, que cessa a estímulo para a vasodilatação; visuais) pode sugerir um quadro de pré-eclampsia.

- Ocorre a mobilização da água extravascular acumulada durante a gravidez. Deste modo, a perda
normal de sangue geralmente não provoca choque hipovolémico.

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SISTEMA HEMATOLÓGICO SISTEMA HEMATOLÓGICO (cont.)

Dependendo das perdas hemáticas ocorridas durante o parto, surgem alterações no volume de Normalmente durante a gravidez a leucocitose ronda as 12 000 células.
sangue e nos níveis de hemoglobina.
A maior perda de volume de plasma em relação às células sanguíneas acontece nas primeiras 72 Durante o parto e puerpério (nos primeiros 10 a 12 dias) este valor pode subir até os 20 000-30 000
horas pós-parto. células.
Este acontecimento e o aumento da massa de glóbulos vermelhos faz com que o terceiro e sétimo
dia após o parto possa surgir um aumento do hematócrito. A justificação para esta situação ainda não foi bem esclarecida, pensa-se que seja uma resposta do
organismo ao stress do trabalho de parto.

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SISTEMA HEMATOLÓGICO (cont.)


SISTEMA ENDÓCRINO
Durante a fase do puerpério a atividade
fibrinolítica está aumentada, tornando-
se assim uma forma de proteção contra
os fenómenos tromboembólicos.
Após o parto durante o período do puerpério surgem enormes alterações hormonais, ou seja, após
a dequitadura começa a verificar-se uma diminuição das hormonas produzidas pelo organismo.
Devido ao aumento dos fatores de
coagulação durante a gravidez e no
pós-parto imediato, associado aos
Os níveis de estrogénio e progesterona diminuem rapidamente.
danos vasculares e imobilidade, pode
existir um aumento do risco de
tromboembolismo, nomeadamente
em caso de cesariana.

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SISTEMA ENDÓCRINO (cont.) SISTEMA ENDÓCRINO (cont.)

No caso dos estrogénios, estes fazem com que se verifique o No caso dos estrogénios, estes fazem com que se verifique o
ingurgitamento mamário geralmente entre o terceiro e o quarto dia ingurgitamento mamário geralmente entre o terceiro e o quarto dia
e uma diurese excessiva. e uma diurese excessiva.

A progesterona diminui de uma forma rápida para valores menores A progesterona diminui de uma forma rápida para valores menores
dos que existiam durante a fase luteínica do ciclo ovárico. dos que existiam durante a fase luteínica do ciclo ovárico.

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SISTEMA ENDÓCRINO (cont.)


SISTEMA ENDÓCRINO
(cont.)

Os níveis de prolactina aumentam


durante a gravidez e mantêm-se
durante o puerpério nas mulheres
O restabelecimento do ciclo menstrual é variável, ou seja, em
que amamentam, devido à resposta mulheres que amamentam existe maior probabilidade de surgir
do organismo durante a sucção
mamilar. novamente a menstruação entre o 2º e o 18º mês e as que não
amamentam por volta da sexta e a oitava semana após o parto.

É importante realçar que normalmente são anovulatórios os


primeiros ciclos menstruais.
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SISTEMA URINÁRIO SISTEMA URINÁRIO

A estrutura anatómica das vias urinárias e a função de todo o sistema urinário Ainda durante o período da gravidez é notório o aumento do volume
estão alterados durante a gravidez. de líquido extracelular.

Durante o 1ª trimestre da gravidez existe uma dilatação dos ureteres e dos


cálices renais, devido ao crescimento uterino na pélvis. Este líquido acumulado começa a ser eliminado mais ou menos 12
horas após o parto e pode ir até às duas semanas.
Esta dilatação provoca distensão ureteral, dificultando a passagem da urina. Este
facto vai regredindo gradualmente entre as 12 e as 16 semanas pós-parto.

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SISTEMA URINÁRIO (cont.) SISTEMA URINÁRIO (cont.)

O aumento da diurese no pós-parto pode ser devido à: Atenção !


- Queda de produção de estrogénios, Pode ocorrer nesta fase uma maior probabilidade de infeções urinárias.
- Redução da pressão venosa nos membros inferiores,
- Perda do volume de sangue induzida pela gravidez. Justificação
Anatomicamente as vias urinárias superiores mantêm-se dilatadas até
cerca da sexta semana pós-parto, o que faz com que haja uma distensão
e diminuição da sensibilidade vesical.
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SISTEMA GASTROINTESTINAL SISTEMA GASTROINTESTINAL (cont.)

APETITE APETITE

Devido à restrição alimentar e ao esfoço do trabalho de parto e Após a recuperação do esforço despendido e da recuperação da
parto, geralmente, a mulher após o nascimento refere necessidade analgesia/anestesia, a dieta poderá ser normal, mas adaptada à sua
de se alimentar. situação.
A dieta deverá ser iniciada de uma forma ligeira. É importante incentivar as mulheres para a ingestão hídrica e para
adotar uma alimentação equilibrada com maior quantidade de
alimentos frescos
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SISTEMA GASTROINTESTINAL (cont.) SISTEMA GASTROINTESTINAL (cont.)

MOTILIDADE E ELIMINAÇÃO INTESTINAL MOTILIDADE E ELIMINAÇÃO INTESTINAL

Durante a gravidez a motilidade intestinal poderá ser diminuída. Após o parto, a função intestinal e o peristaltismo têm tendência a regularizar.

No caso das mulheres submetidas a cesariana ou devido à utilização de ou


Este facto deve-se aos elevados níveis de progesterona que
analgésicos, a motilidade intestinal poderá ficar temporariamente mais lenta.
provocam um relaxamento da musculatura lisa do intestino e ao
aumento do volume do útero que comprime os intestinos.
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SISTEMA GASTROINTESTINAL (cont.)


Bibliografia

MOTILIDADE E ELIMINAÇÃO INTESTINAL • Graça, L. (2017). Medicina Materno Fetal. 5ª edição. . Lisboa:
Lidel
Apesar de as mulheres muitas vezes referirem desconforto, devido à maior • Nené, M., Marques, R. & Batista, M. (2016). Enfermagem de
sensibilidade a nível do períneo (episiotomia, lacerações e hemorroidas), assim Saúde Materna e Obstétrica. Lisboa: Lidel
que a tonicidade intestinal for restabelecida é necessário regularizar os hábitos
intestinais.

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