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Psicofarmacologia

Adesão ao Regime terapêutico

[Daniel Carvalho] 1
Sumário

• Definição
• Prevalência
• Atividades que demonstram adesão
• Fatores que influenciam a adesão
• Causas de não adesão em saúde mental
• Melhorar a adesão
• Intervenção de enfermagem
 Informação ao doente

[Daniel Carvalho] 2
Conceito

Cumprimento Adesão
(compliance) (adherence)

Doente como sujeito passivo


Cumprimento obrigatório das Doente como sujeito ativo
indicações Concordância com as
Responsabilidade pertence ao indicações
doente Responsabilidade partilhada

(Costa, 2012)

[Daniel Carvalho] 3
Conceito
Adesão
“a medida em que o comportamento de uma pessoa –
tomar a medicação, seguir uma dieta e/ou executar
alterações ao estilo de vida, corresponde às
recomendações acordadas de um prestador de cuidados
de saúde”
(WHO, 2003; Ordem dos enfermeiros, 2009)

Não adesão Comportamento Adesão

[Daniel Carvalho] 4
Conceito

Adesão
“atitudes e comportamentos do cliente que condizem
com o conjunto de medidas terapêuticas prescritas
para o controle da doença (medidas farmacológicas
e não farmacológicas) ”
(Silva, 2010)

Não adesão Comportamento Adesão

[Daniel Carvalho] 5
Conceito
Adesão ao Regime Terapêutico

A adesão ao regime terapêutico é um foco de atenção significativo e


representativo para os enfermeiros pois, por um lado, promove a nova

condição de saúde da pessoa e, por outro lado, promove os processos


de aprendizagem da pessoa face ao processo de saúde-doença, à
necessidade de mudança gerada por esse acontecimento na sua vida.

(Petronilho, 2009)

[Daniel Carvalho] 6
Conceito
Adesão ao Regime Terapêutico

Tomar os
medicamentos/fármacos
Fazer mudanças no de forma apropriada
estilo de vida,
incluindo na dieta,
exercício, cessação
do tabagismo e
gestão do stress Agendamento de
ART consultas de
cuidados de saúde
e comparecer às
mesmas
Autogestão de outros
comportamentos que
melhoram a saúde e os
resultados dos cuidados (Cabral e Silva, 2010)

[Daniel Carvalho] 7
Prevalência
A adesão é menor na doença crónica

24,8% dos clientes não


aderem às recomendações
de tratamento
Em cuidados
(DiMatteo, 2004, citado por Ordem dos enfermeiros,
2009) psiquiátricos, a não
adesão é de 37 a 42%
(Cramer & Rosenbeck, 1998, citado por
Ordem dos Enfermeiros, 2009)

Nos países desenvolvidos, a taxa de adesão ao tratamento nos doentes


crónicos é, em média, de 50%, sendo mais baixa nos países em
desenvolvimento (OMS 2003)
[Daniel Carvalho] 8
Prevalência
As pessoas de proveniência rural
As mulheres apresentaram um risco
apresentaram maior risco de não
de não adesão(5,37) superior ao
adesão (5,22) do que as pessoas de
dos homens (4,65)
proveniência urbana (4,75)

Os analfabetos apresentaram maior As pessoas com 65 anos ou menos


risco médio de não adesão (6,15), apresentaram um risco médio de
do que as pessoas com o ensino não adesão superior (5,11) do que
básico (4,83) e com mais de 5 anos as pessoas com mais de 65 anos
de escolaridade (5,12) (5,03)
(Machado 2012)

[Daniel Carvalho] 9
Prevalência

Nos países desenvolvidos, a


Estima-se que entre 11 a 17%
taxa de adesão ao tratamento
dos episódios urgências,
nos doentes crónicos é, em
consultas e internamentos se
média, de 50%, sendo mais
devam a incorreção ou não-
baixa nos países em
adesão ao regime terapêutico
desenvolvimento

(OMS 2003)

[Daniel Carvalho] 10
O papel do Enfermeiro

[Daniel Carvalho] 11
O papel do Enfermeiro
Avaliar, diagnosticar, intervir e avaliar resultados nas questões relacionadas com a adesão ao
regime terapêutico

Promover a autonomia do doente no seu autocuidado

Estabelecer objetivos realistas, através do envolvimento, participação e reforço positivo dos


esforços conseguidos pelo doente

Otimizar a adesão ao tratamento ao nível do indivíduo, da família, da comunidade

Informar acerca das vantagens em prosseguir com o tratamento, efeitos adversos da medicação,
vantagem na correção de estilos de vida incorretos…
(Lourenço, 2009; WHO, 2003; OE, 2009)

A ART é o reflexo de uma comunicação eficaz e de uma relação que é


construída sobre o respeito, participação ativa, parceria entre o doente e o
profissional de saúde e não pela coerção ou manipulação (Falvo, 2011)

[Daniel Carvalho] 12
Atividades que
demonstram adesão
Adquirir e tomar os medicamentos de forma apropriada

Procurar ajuda profissional

Marcar consultas de cuidados de saúde e comparecer

Autogestão de comportamentos que melhoram a saúde e os resultados dos


cuidados (incluindo mudanças no estilo de vida - dieta, exercício, cessão tabágica,
gestão do stresse, …)

[Daniel Carvalho] 13
Formas de avaliar a não
adesão
• Confirmar a realização dos autocuidados
terapêuticos
• Observação direta –só pode ser utilizada em
As medidas tratamentos de toma única ou se a pessoa se
encontrar internada.
diretas • Avaliação das concentrações séricas –doseamento
de marcadores bioquímicos que é realizado
através da recolha de fluídos corporais

• O relatório do doente ou o autorrelato


• A opinião clínica
As medidas • O diário do doente
indiretas • A contagem dos comprimidos
• O estado de saúde/resultado terapêutico
• A monitorização eletrónica da terapêutica
(Almeida, 2003; Machado, 2009)

[Daniel Carvalho] 14
Fatores que influenciam
a adesão à terapêutica

[Daniel Carvalho] 15
Fatores que influenciam
a adesão à terapêutica

(Ordem dos enfermeiros, 2009; Cabral e Silva, 2010)

[Daniel Carvalho] 16
Causas da não adesão
em saúde mental
 Relutância em reconhecer a necessidade de tratamento, fraco insight, défices cognitivos
 Descrença na eficácia dos medicamentos e deficiente controlo dos sintomas
 Preocupação com os efeitos secundários, incluindo a possibilidade de ficar dependente
 Efeitos vários intoleráveis
 Estigma
 Esquecimento
 Falta de motivação
 Preço
 Características da própria doença
 Fraco apoio social
 Abuso de substância
 Posologias inconvenientes e complexas
Harrison, Geddes & Sharpe, 2006; Cabral e Silva, 2010;

[Daniel Carvalho] 17
Melhorar a adesão

Não adesão Boa adesão


• Exacerbação dos sintomas • Segurança do doente
• Hospitalizações recorrentes • Melhores resultados de saúde
• Mais idas à urgência • Diminui os custos com os cuidados
• Aumento do risco de recaídas de saúde (benefícios económicos
• Tentativas de suicídio para o sistema de cuidados de saúde
• Maior dificuldade em retomar nível de e para o próprio utente)
funcionamento prévio • Melhora a efetividade das
• Aumento do declínio cognitivo intervenções
• Aumento da carga para as famílias e • Promove saúde
prestadores de cuidados • Melhora a qualidade de vida e
esperança de vida dos doentes.

[Daniel Carvalho] 18
Intervenções de Enfermagem

Componente formativa e educacional

Ação sobre a situação socioeconómica em que ele


está inserido

Negociação sobre os objetivos a atingir e o modo


como deve conduzir os esforços para alterar o seu
comportamento e o seu estilo de vida

Reforço dos progressos alcançados

(OMS, 2004)

[Daniel Carvalho] 19
Intervenções de Enfermagem

Construtiva
Atuação
sobre as
causas
Apoiante

Postura do
profissional

Investigação

Não Orientação
culpabilizar/
criticar
(OMS, 2004)

[Daniel Carvalho] 20
Intervenções de Enfermagem
Harrison, Geddes & Sharpe, 2006; Ordem dos enfermeiros, 2009
 Avaliar o risco de não adesão

 Identificar os diagnósticos e motivos de não adesão

 Proporcionar intervenções apropriadas, adaptadas para o cliente

 Avaliar a adesão às intervenções

 Criar uma boa relação terapêutica

 Conhecer o que o doente pensa acerca da sua doença e tratamento

 Informar acerca das evidências relacionadas com o tratamento

 Permitir a expressão de dúvidas

 Informar acerca dos riscos e benefícios de não realizar o tratamento


[Daniel Carvalho] 21
Intervenções de Enfermagem

Aspetos físicos: cognição, memória, dor, mobilidade, perceção, défice sensorial


Avaliar Risco de não

Aspetos mentais: capacidade para gerir o regime, aceitação do estado de saúde,


ansiedade, depressão, coping, abuso de substâncias, obstáculos à comunicação,
adesão

expectativas irrealistas, conhecimento acerca da doença, regime medicamentoso,


processos de mudança de comportamentos, autoestima; autoimagem

Aspetos socioculturais e ambientais: capacidade adaptação, stress do prestador,


capacidade da família para gerir o RT, coping da família, processo familiar, rendimento,
apoio social, transporte, estigma, confiança

Aspetos espirituais: crenças espirituais, crenças religiosas, conflito entre crenças,


angústia espiritual
(Harrison, Geddes& Sharpe, 2006; Ordem dos enfermeiros, 2009)

[Daniel Carvalho] 22
Intervenções de Enfermagem

[Daniel Carvalho] 23
Intervenções de Enfermagem
Promoção da adesão ao regime terapêutico

• Facultar informação acerca dos efeitos


secundários esperados
Estratégias • Motivar para alterações no estilo de vida
causadas pela terapêutica
educativas • Educar acerca da doença, benefícios do
tratamento e complicações associadas à não
adesão

• Lembretes
• Reforço do comportamento de adesão do
Estratégias doente
comportamentais • Conhecer as preferências dos doentes
• Simplificar regimes de dosagens e redução
do número de medicamentos

[Daniel Carvalho] 24
Intervenções de Enfermagem
Promoção da adesão ao regime terapêutico

Aumento da qualidade da
comunicação e da relação terapêutica

Envolvimento dos doentes no seu


tratamento

Seguimento cuidadoso (a adesão ao


tratamento é um processo dinâmico)

[Daniel Carvalho] 25
Estratégias
Promoção da adesão ao regime terapêutico

1 –Avaliar potenciais dificuldades no cumprimento das recomendações


terapêuticas
(a) No momento da entrevista inicial deve perguntar-se ao paciente quais os
medicamentos que lhe foram prescritos, o que é que ele toma atualmente,
quando é que os toma, com que frequência se esquece de os tomar e porquê
(b) É necessário saber se há antecedentes de fraca adesão; se os pacientes
vivem sob tensão emocional; se têm horários irregulares ou complexos em
regimes fármaco terapêuticos longos
(c) É importante assegurar ao utente de que a maioria das pessoas tem lapsos,
por razões várias, e que a sua informação será preciosa para desenvolver uma
prescrição fácil de seguir no domicílio
Camarneiro(2009)
[Daniel Carvalho] 26
Estratégias
Promoção da adesão ao regime terapêutico

2 –Iniciar os ensinos durante o internamento/momento prescrição

3 –Conhecer a vida quotidiana do paciente e ajudar a:


(a) Ajustar o regime terapêutico à rotina de vida diária, para que o doente sinta o
menor constrangimento possível quando tem vários medicamentos para tomar
(b) Simplificar esse regime se possível fazendo ajuste na distribuição das tomas
ao longo do dia
(c) Ajudar a desenvolver estratégias para lhe recordar as tomas de
medicamentos nas horas certas, associando as tomas a determinados
momentos do dia como programas televisivos, etc.

Camarneiro (2009)

[Daniel Carvalho] 27
Estratégias
Promoção da adesão ao regime terapêutico

4 –Promover a auto monitorização


(a) A família pode e deve ser envolvida no ensino, mas apenas se o paciente o
desejar. Muitos doentes preferem administrar e gerir o seu regime terapêutico
sem envolver a família
(b) Em presença de regimes terapêuticos complexos, poder-se-á fazer uma
“checklist” com o conjunto dos cuidados diários onde se pode assinalar o
cumprimento de cada um ao longo do dia
(c) Esclarecer o doente acerca dos esquecimentos das tomas, advertindo para o
limite de segurança das dosagens diárias

[Daniel Carvalho] 28
Intervenções de Enfermagem
Informação ao doente

 Doença
 Motivo e objetivos da toma
 Quando e como tomar
 Efeitos secundários e reações adversas
 Quem contactar e quando o fazer

Promoção da adesão ao regime terapêutico

(Townsend, 2011)

[Daniel Carvalho] 29
Instrumentos de avaliação

 SMAQ (Simplified Medications Adherence Questionnaire) – HIV


 Teste de medida de adesão aos tratamentos
 Medication Adherence Rating Scale (MARS)
 Escala de Motivação para o Tratamento (EMT)
 Medida de Adesão aos Tratamentos (MAT)
 Measuring Instrument of Treatment Adherence (MITA)
 Morisky Medication Scale
 Adherence Attitude Inventory (A. Attitude Anti. Medication)
 ACTG Adherence
 Simplified Medication Adherence Questionnaire
 Antiretroviral General Adherence Scale (AGAS)

[Daniel Carvalho] 30
Exemplos de Intervenções de
Enfermagem

[Daniel Carvalho] 31
Intervenções de Enfermagem

[Daniel Carvalho] 32
Referências Bibliográficas

 Cabral, M; Silva, P. (2010). A adesão à terapêutica em Portugal: Atitudes e comportamentos da população portuguesa perante as prescrições médicas.
Lisboa : ICS. Imprensa de Ciências Sociais.
 Harrison, P, Geddes, J, Sharpe, M (2006). Guia Prático Climepsi de Psiquiatria. 1.ª edição. (trad. José Nunes de Almeida). Lisboa: Climepsi Editores
 Kaplan, H, Sadock, B (1997). Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 7ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas.
 Kaplan, H, Sadock, B (2012). Manual de farmacologia psiquiátrica. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed.
 Ordem dos Enfermeiros (2009). Estabelecer parcerias com os indivíduos e as famílias para promover a adesão ao tratamento – Catálogo da
Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CPE®). (Trad. Hermínia Castro). Lisboa: Ordem dos Enfermeiros.
 Townsend, M. (2011). Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica: Conceitos de Cuidado na Prática Baseada na Evidência. 6.ª edição. (trad. Sílvia
Costa Rodrigues). Loures: Lusociência.
 World Health Organization. (2003). Adherence to long term therapies: evidence for action. Geneva, Switzerland: Author.
 Petronilho, F. (2009) Produção de indicadores de qualidade. A Enfermagem que queremos evidenciar. Revista Sinais Vitais. Nº 82, 35-43.
 Cabral, M. & Silva, P. (2010) A adesão à terapêutica em Portugal: atitudes e comportamentos da população portuguesa perante as prescrições médicas.
Centro Cultural de Belém.
 Machado, M.. (2009) Adesão ao regime terapêutico. Representações das pessoas com IRC sobre o contributo dos enfermeiros. Tese de Mestrado em
Educação. Especialidade de Educação para a Saúde. Universidade do Minho. Instituto de Educação e Psicologia.
 Falvo, D. (2011) Effective Patient Education: A Guide to Increased Adherence. 4ª ed. Sudbury: Jones and Barlett Publishers.
 Camarneiro, A. (2002). Em torno da adesão aos protocolos terapêuticos. Revista Referência. Nº 9, 25-30.
 Organização Mundial de Saúde (2004) Adesão aos tratamentos de longa duração. Evidência para a acção. Washington: Organização Panamericana da
Saúde.
 Monterroso, L., Pierdevara, L. & Joaquim, N. (2012). Avaliação da adesão regime terapêutico dos utentes seguidos na consulta externa de Psiquiatria do
Centro Hospitalar Barlavento Algarvio. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, 7, 39-45.
[Daniel Carvalho] 33
COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica


Prof. Catarina Tomás
SUMÁRIO

• Perturbação da alimentação e ingestão


• Pica
• Mericismo
• Perturbação de ingestão alimentar evitante / restritiva
• Perturbação da ingestão alimentar compulsiva
• Anorexia nervosa e Bulimia nervosa
• Fatores predisponentes / risco / vulnerabilidade
• Fatores precipitantes
• Prevalência e incidência
• Anorexia nervosa: caraterísticas associadas, subtipos, níveis de gravidade, fases de evolução, consequências
• Bulimia nervosa: caraterísticas associadas, níveis de gravidade, consequências
• Intervenção de enfermagem
• Prevenção
• Objetivos do tratamento
• Tratamento
2
• Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
PERTURBAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO E INGESTÃO

Perturbação persistente da alimentação


ou ingestão

Alteração do consumo ou absorção


dos alimentos

Défice significativo na saúde física ou


no funcionamento psicossocial
3
PERTURBAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO E INGESTÃO

• Pica
• Mericismo
• Perturbação de ingestão alimentar evitante/restritiva
• Anorexia nervosa
• Bulimia nervosa
• Perturbação de ingestão alimentar compulsiva
• Perturbação da alimentação e da ingestão com outra especificação
• Perturbação da alimentação e da ingestão não especificada

4
PICA

• Ingestão persistente de substâncias não nutritivas,


não alimentares
• Inapropriada ao nível de desenvolvimento do indivíduo
• Não faz parte de práticas culturais aceites ou de normas de
conduta social
• As substâncias ingeridas tendem a variar com a idade e a
disponibilidade
• Podem observar-se deficiências de vitaminas e minerais e
complicações médicas gerais decorrentes dos consumos
• Com início na infância, adolescência ou idade adulta

5
MERICISMO

• Regurgitação repetida de alimentos após a alimentação ou ingestão, que podem ser


novamente mastigados, engolidos ou cuspidos
• Os alimentos voltam á boca sem aparente náusea, vómito forçado ou repugnância
• Descrevem o comportamento como habitual e fora do controlo
• Não atribuível a doença gastrointestinal associada ou outras condição médica
• Apresentam geralmente perda de peso ou ausência de aumentos ponderais e
malnutrição apesar do apetite e ingestão elevada de alimentos que manifestam
• Pode manifestar-se em qualquer idade, sendo mais frequente na infância

6
PERTURBAÇÃO DE INGESTÃO ALIMENTAR
EVITANTE/RESTRITIVA

• Alteração da ingestão ou alimentação manifestada por incapacidade persistente de


atingir as necessidades nutricionais e/ou energéticas
• Aparente falta de interesse em se alimentar ou na comida
• Evitamento baseado nas caraterísticas sensoriais dos alimentos
• Preocupação sobre caraterísticas aversivas da alimentação
• Não explicada por falta de alimentos disponíveis, por uma prática culturalmente
aceite ou comportamentos normais do desenvolvimento

7
PERTURBAÇÃO DE INGESTÃO ALIMENTAR
EVITANTE/RESTRITIVA

• Ocorre:
• Perda de peso significativa ou incapacidade de atingir o ganho de peso esperado ou crescimento
alternante na criança
• Deficiência nutricional significativa (ou impacto na saúde)
• Dependência de alimentação entérica ou de suplementos nutricionais orais
• Interferência marcada com o funcionamento psicossocial (incapacidade para comer acompanhado,
…)

8
PERTURBAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR COMPULSIVA

• Episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva:


• Comer, num curto período de tempo uma quantidade de
alimentos que é sem dúvida superior à que a maioria dos
indivíduos comeria num período de tempo semelhante e nas
mesmas circunstâncias
• Sensação de perda de controlo sobre o ato de comer durante o
episódio
• Gravidade:
• Ligeira
• Moderada
• Grave
• Extrema 9
PERTURBAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR COMPULSIVA

• Ingestão muito mais rápida do que o habitual


• Comer até se sentir desagradavelmente cheio
• Ingestão de grandes quantidades de comida apesar de não sentir fome
• Comer sozinho por se sentir envergonhado pela sua voracidade
• Sentir-se desgostoso consigo próprio, deprimido ou com grande
culpabilidade depois da ingestão compulsiva
• Mal-estar marcado ao recordar as ingestões alimentares compulsivas
• A ingestão alimentar não se associa a comportamentos compensatórios
inapropriados

10
ANOREXIA NERVOSA (AN)
BULIMIA NERVOSA (BN)

11
Fatores risco /
vulnerabilidade
AN
BN
Fatores
precipitantes

12
FATORES PREDISPONENTES / RISCO / VULNERABILIDADE

Influências culturais
Pressão sociocultural
para a magreza

Papel social da mulher


e a feminilidade
13
FATORES PREDISPONENTES / RISCO / VULNERABILIDADE

Influências Biológicas
Genética

Anomalias neuroendócrinas

Influências neuroquímicas

14
FATORES PREDISPONENTES / RISCO / VULNERABILIDADE

Influências psicodinâmicas

Interações mãe-filho

Dificuldades da alimentação infantil e


inadequação da resposta às solicitações
do bebé

Resposta a acontecimentos de ameaça


ao ego

15
FATORES PREDISPONENTES / RISCO / VULNERABILIDADE

Influências familiares
Evitação de conflitos

Exagero de atitudes culturais e


sociais
Elementos de poder e
controlo
16
FATORES PREDISPONENTES / RISCO / VULNERABILIDADE

Influências individuais
Influências individuais
Distorção da imagem corporal
Baixa autoestima
Caraterísticas da personalidade
Obesidade
Estilo cognitivo
Doença clínica crónica
17
FATORES PRECIPITANTES

Fatores • Mudança de escola


• Conflitos graves entre os pais
externos
• Obesidade criticada
(familiares e • Ameaças ao equilíbrio familiar pelos primeiros passos
socioculturais) de autonomia da criança

• Dificuldades do processo de adolescência


Fatores • Acontecimentos de vida marcantes
internos • Dieta, muitas das vezes sem justificação

20
PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA

AN AN
0,4 a 1 % ?? %
Mais prevalente em sociedades
industrializadas
BN BN
4% ?? %

10 : 1

Adolescência ou jovem 5% morte por suicídio


Anorexia nervosa
adulto ou complicações
21
ANOREXIA NERVOSA

• Restrição do consumo de energia relativamente às


necessidades, conduzindo a uma peso significativamente
baixo para a idade, sexo, trajetória de desenvolvimento e
saúde física
• Medo intenso de ganhar peso ou de engordar ou
comportamentos persistentes que interferem com o
ganho de peso, mesmo quando têm um peso
significativamente baixo
• Perturbação na própria apreciação do peso ou forma
corporal, influência indevida do peso ou da forma
corporal na autoavaliação, ou ausência de reconhecimento
persistente da gravidade do baixo peso atual 22
AN - CARATERÍSTICAS ASSOCIADAS

• A autoestima varia com o peso e forma corporais

Extraordinária
autodisciplina
Perda peso Aumento Falhanço
peso inaceitável de
autocontrolo

• Dificilmente têm consciência do problema ou negam-no

23
AN - CARATERÍSTICAS ASSOCIADAS

• Apresentam comportamentos obsessivo-compulsivos relacionados ou não com a comida, forma corporal


e peso
• Demonstram:
• Preocupação com o comer em público
• Sentimentos de incapacidade
• Necessidade forte de controlar o ambiente em que vivem
• Pensamento inflexível
• Espontaneidade social diminuída
• Grande restrição da expressão emocional
• Grande impulsividade no caso tipo compulsivo/purgativo
• Perfecionismo
• Níveis excessivos de atividade física
• Uso incorreto de medicamentos
24
AN - SUBTIPOS

Ingestão
Restritivo
compulsiva/purgativo

Não recorre a episódios de ingestão Recorre a episódios de ingestão


alimentar compulsiva ou a compulsiva ou a comportamentos
comportamentos purgativos recorrentes purgativos recorrentes

A perda de peso consegue-se com


A perda de peso consegue-se com dieta,
provocação do vómito ou mau uso de
jejum e/ou exercício físico excessivo
laxantes, diuréticos ou enemas
25
AN - NÍVEIS DE GRAVIDADE

Ligeira
17 < IMC < … (18,5)

Moderada
16 < IMC < 16,99

Grave
15 < IMC < 15,99

Extrema
… < IMC < 15
26
AN – FASES DE EVOLUÇÃO

Dieta cada vez


Fatores mais restritiva,
Obediência sem
de risco Rejeição da Inanição
revolta, perfeição,
aparência Problemas orgânicos
preocupação em
corporal,
agradar aos pais, Isolamento e
Exercício físico Pressão do
incapaz de desadaptação social
construir a sua corpo magro e
imagem interna esbelto, Sintomas físicos
AN Adolescência, agravados
restritiva Perda de peso
Personalidade passa a Afetividade,
como sucesso,
vulnerável à purgativa sexualidade e
Autodisciplina
doença parentalidade afetadas
Sintomas
de
sofrimento Personalidade OC, alterações
de humor, dependências
Vulnerabilidade Precipitação Manutenção
27
AN - CONSEQUÊNCIAS

Saúde física Saúde mental

• Emagrecimento • Humor depressivo


• Amenorreia • Isolamento social
• Alterações dos sinais vitais • Irritabilidade
• Perda da densidade mineral óssea • Insónia
• Achados laboratoriais anormais • Diminuição do interesse
• Obstipação sexual
• Dor abdominal • Risco de suicídio
• Intolerância ao frio
• Letargia e excesso de energia
• Lanugo
• Edemas periféricos
• Hipertorfia das glândulas salivares e erosão do esmalte dentário
• Cicatrizes e calosidades no dorso da mão
34
• A morte ocorre em 10% dos casos, por:
• Inanição
• Suicídio
• Alterações hidroelectrolíticas

35
BULIMIA NERVOSA

• Episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva:


• Comer, num período curto de tempo, uma quantidade de
alimentos que é sem dúvida superior à que a maioria dos
indivíduos comeria num período de tempo semelhante e nas
mesmas circunstâncias
• Sensação de perda de controlo sobre o ato de comer durante o
episódio (sentimento de incapacidade de parar de comer ou
controlar a quantidade e qualidade dos alimentos)
• Comportamento compensatório inapropriado
recorrente para impedir o ganho ponderal
• A autoavaliação é indevidamente influenciada pelo peso e
forma corporais
36
BN - CARATERÍSTICAS ASSOCIADAS

• Apresentam tipicamente um peso normal ou ligeiramente


acima do padrão normal, podendo ocorrer em pessoas
obesas
• Restringem consumo calórico entre episódios compulsivos
e consomem alimentos dietéticos
• Irregularidades menstruais ou amenorreia
• Consequências decorrentes do comportamento purgativo
• Dependência de laxantes e prolapso retal
• Perturbações de humor e da ansiedade, abuso e
dependência de substâncias (anfetaminas e álcool, por
exemplo)
37
BN - NÍVEIS DE GRAVIDADE

Ligeira
1 < Episódios compensatórios < 3

Moderada
4 < Episódios compensatórios < 7

Grave
8 < Episódios compensatórios < 13

Extrema
… < Episódios compensatórios < 14
38
BN - CONSEQUÊNCIAS

• A ingestão compulsiva pode nalguns casos provocar dilatação aguda do estômago e sua ruptura
• A indução do vómito pode provocar:
• Calosidades e lesões nas mãos
• Destruição esmalte dentário
• Infeções bucais
• Inflamações esofágicas
• Hemorragias gastrintestinais
• Hipertrofia das glândulas parótidas
• Agravamento da obstipação, lesões da mucosa intestinal, desconforto abdominal, perdas de potássio
• Desidratação e litíase renal, com alterações do equilíbrio hídrico e electrolítico graves
• Hipotensão e arritmias cardíacas

39
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM

40
PREVENÇÃO

• Promover a alimentação saudável por forma a


reduzir a obesidade e a necessidade de recorrer a
dietas
• É importante esclarecer a população em geral, e os
jovens em particular, acerca de:
• Dietas para emagrecimento
• Alimentação saudável
• Controlo nutricional adequado de dietas em adolescentes
• Desmistificar a ideia de corpo perfeito como forma
de atingir o sucesso
41
PREVENÇÃO

• Detecção precoce das


primeiras manifestações
(sinais de alerta):
• Dieta muito restritiva
• Dieta muito prolongada
• Mudança de comportamento
• Excesso de exercício físico
• Perda de peso sem dieta
• Sintomas depressivos

42
OBJECTIVOS DO TRATAMENTO

• Aumento de peso
• Aceitação e valorização do próprio corpo com o seu peso normal
• Aprender a gostar de si própria: desenvolver uma identidade mais auto-confiante
• Trocar a infância pela condição de mulher
• Aprender a assumir riscos
• Tomar decisões e aceitar responsabilidades
• Aprender a confiar
• Aprender a ser mais positiva
• Repensar os relacionamentos familiares
• Viver no presente, sem amarras ao passado e medo do futuro
43
TRATAMENTO

• O prognóstico é tanto pior quanto:


• Mais precoce for a idade de início da doença
• Mais tempo ocorrer entre o início da doença e o
tratamento
• Piores forem as relações familiares
• Mais frequentes forem os comportamentos purgativos,
nomeadamente o vómito

44
TRATAMENTO

Recuperação Progresso Resolução

• Recolha de dados • Manutenção de • Resolução do


• Planeamento das alimentação autoconceito,
refeições saudável autoimagem
• Discussão das • Combate aos • Melhoria da
ideias face ao pensamentos autoestima
peso e forma do disfuncionais e • Melhoria das
corpo distorções caraterísticas
• Terapia familiar cognitivas predisponentes
• Melhoria • Adequação das
autoconceito e relações e
caraterísticas interações
predisponentes familiares
• Terapia familiar
45
TRATAMENTO

• Psicoterapia
• Psicoterapia individual
• Por forma a conseguir melhorar / eliminar os erros
perceptivos (em relação a si própria e aos outros)
• Melhorar auto-imagem e auto-percepção
• Terapia comportamental
• Com o objectivo de inverter os seus objectivos
• Psicoterapia cognitivo-comportamental
• Psicoterapia interpessoal
• Terapia de grupo
46
TRATAMENTO

• Modificação do comportamento
• Controlo do tratamento
• Autonomia do doente
• Aumento de peso
• Terapia familiar
• Gestão da dinâmica familiar
• Psicofarmacologia
• Ansiolíticos e antidepressivos
• Outros…

47
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E ATITUDE TERAPÊUTICA

• Objetivos
• Atingir e manter pelo menos 85% do peso corporal esperado
• Os sinais vitais e estudos séricos estão dentro dos limites normais
• Verbaliza a importância da nutrição adequada
• Verbalizar conhecimento acerca das consequências da perda de líquidos causada pelo vómito
autoinduzido e uso de laxantes e diuréticos e importância da ingestão adequada de líquidos
• Verbaliza acontecimentos que precipitam ansiedade e demonstra técnicas para a sua redução
• Expressa interesse pelo bem-estar dos outros e menor preocupação com a própria aparência

48
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E ATITUDE TERAPÊUTICA
- NUTRIÇÃO DESEQUILIBRADA -
• Se necessário, administrar dieta líquida via SNG
• Determinar com o nutricionista o número adequado de calorias necessárias para uma nutrição
adequada e um aumento de peso realista
• Negociar programa de modificação de comportamento (alimentação, exercício, avaliação,
recompensas, …)
• Explicar ao utente e família o programa de modificação de comportamento
• Não focar a conversa na comida e na ingestão em específico, mas sim nos assuntos emocionais que
precipitam estes comportamentos
• Não discutir alimentos ou ingestão de alimentos depois de estabelecido o protocolo. Oferecer apoio
e reforço positivo para melhorias óbvias nos comportamentos de ingestão
• Manter um registo rigoroso da ingestão e eliminação
• Pesar o utente diariamente, imediatamente ao despertar e após a primeira micção, com a mesma
balança

49
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E ATITUDE TERAPÊUTICA
- NUTRIÇÃO DESEQUILIBRADA -

• Avaliar regularmente o turgor e a integridade da pele, bem como a humidade e acor


das membranas mucosas orais
• Manter-se com o cliente durante as refeições para apoio e observação da
quantidade ingerida, impondo tempo para a refeição
• Observar o utente durante uma hora depois das refeições
• Se ocorrer perda de peso, usar restrições
• Assegurar compreensão acerca da necessidade de alimentação por SNG se o
estado nutricional se deteriorar
• Encorajar a explorar e identificar os verdadeiros sentimentos e medos que
contribuem para os comportamentos de ingestão mal adaptativos

50
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E ATITUDE TERAPÊUTICA
- NEGAÇÃO INEFICAZ -

• Estabelecer uma relação de confiança sendo honesto e transmitindo consideração positiva


incondicional
• Reconhecer a raiva do utente para sentimentos de perda de controlo devidos ao programa
de modificação de comportamento
• Evitar discutir ou negociar com o utente que resiste ao tratamento, dizendo de forma
simples quais os comportamentos inaceitáveis e as restrições em caso de não adesão
• Encorajar a verbalização de sentimentos sobre o seu papel na família e assuntos relacionados
com a dependência/independência, a necessidade intensa de realização e a sexualidade.
• Ajudar a compreender como os comportamentos mal adaptativos podem estar relacionados
com estes problemas emocionais
• Discutir novas formas de controlo sobre áreas problemáticas da vida sem recurso a
comportamentos alimentares mal adaptativos
51
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E ATITUDE TERAPÊUTIC A
- DISTÚRBIO DA IMAGEM CORPORAL / BAIXA AUTOESTIMA -

• Ajudar a desenvolver uma perceção realista da imagem corporal e da relação com


os alimentos, comparando medidas específicas do corpo do utente com os cálculos
imaginados por ele
• Promover sentimentos de controlo sobre o ambiente através da participação e
tomada de decisões independentes
• Através de feedback positivo ajudar o utente a aceitar o self como é, incluindo as
fraquezas e as forças
• Ajudar a perceber que a perfeição não é realista e explorar esta necessidade junto
com o utente

52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• American Psychiatric Association (2014). DSM-V: Manual de Diagnóstico e Estatística das


Perturbações Mentais. 5ª edição. Lisboa: Climepsi Editores.
• BYRNE, Katherine – Anorexia e Bulimia: Um Guia para Pais e Educadores. 1.ª
Edição. S. João do Estoril: Principia, Publicações Universitárias e Científicas, 2001. ISBN: 972-
8500-44-0.
• MARQUES, Águeda Gonçalves – Comportamentos e Distúrbios Alimentares. 1.ª
Edição. Coimbra: Formasau – Formação e Saúde, 2007. ISBN: 978-972-8485-83-2.
• SAMPAIO, Daniel – Vivemos Livres Numa Prisão. 3.ª Edição. Lisboa: Editorial Caminho,
1998. ISBN: 972-21-1181-7.
• Townsend, M. (2011). Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica: Conceitos de Cuidado na
Prática Baseada na Evidência. 6.ª edição. (trad. Sílvia Costa Rodrigues). Loures: Lusociência.
60
Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica

Prof. Catarina Tomás 1


Sumário
 Perturbações psicóticas
 Psicose
 Sintomas psicóticos
 Esquizofrenia
○ Epidemiologia
○ Etiologia
○ Sintomatologia
○ Subtipos de esquizofrenia
 Outras perturbações psicóticas
 Prognóstico
 Tratamento
 Intervenção de Enfermagem e atitudes terapêuticas
 Perturbações neurocognitivas
 Perturbações neurocognitiva major ou ligeira
○ Sintomatologia
 Perturbações neurocognitiva major ou ligeira devido a doença de Alzheimer
○ Epidemiologia
○ Etiologia e imagiologia
○ Sintomatologia
○ Estadios
 Outras perturbações neurocognitivas major ou ligeiras
 Intervenção de enfermagem eProf.
atitudes terapêuticas
Catarina Tomás 2
Prof. Catarina Tomás 3
Psicose

 Caracteriza-se por uma perda do teste da realidade,


ocorrendo um comprometimento a nível:

Mental Social e Pessoal


Delírios Retraimento social

Alucinações
Incapacidade para desempenhar
as tarefas e papéis habituais
Confusão

Comprometimento da memória

Discurso e pensamento desorganizados


Prof. Catarina Tomás 4
Sintomas Psicóticos

 A sintomatologia psicótica caracteriza-se, principalmente,


pelas alterações a nível do pensamento e da perceção
 Presente:
○ Perturbações psicóticas
○ Delirium, Demência, Perturbações mnésicas e outras perturbações
cognitivas
○ Perturbações do humor
○ …
 Os sintomas psicóticos, também conhecidos por sintomas
positivos da psicose, são principalmente:

Alucinações Delírios
Prof. Catarina Tomás 5
Perturbações Psicóticas
(DSM-V)

 Esquizofrenia
 Perturbação Esquizofreniforme
 Perturbação Esquizoafectiva
 Perturbação Delirante
 Perturbação Psicótica Breve
 Perturbação Esquizotípica da Personalidade
 Catatonia associada a outra perturbação mental
 Perturbação catatónica devida a outra condição médica
 Catatonia não especificada
 Perturbação Psicótica Secundária a um Estado Físico Geral
 Perturbação Psicótica Induzida por Substâncias
 Perturbação do espectro da esquizofrenia com outra especificação e
outras perturbações psicóticas
 Perturbação do espectro da esquizofrenia não especificada e outras
perturbações psicóticas
Prof. Catarina Tomás 6
Prof. Catarina Tomás 7
Esquizofrenia
Schizein
(fenda ou cisão)

Esquizofrenia

Phrenós
(Pensamento)

Alteração de 3 grandes áreas:


Comportamento
Afetividade
Pensamento
Prof. Catarina Tomás 8
Esquizofrenia
 O termo Esquizofrenia foi introduzido em 1911 por Eugen
Bleuler
 Tríade sintomática: dissociação, autismo e ambivalência
 “Doença dos 4 A’s” (Sintomas Primários):
○ Ambivalência
○ Alterações da associação
○ Alterações do afeto
○ Autismo
 Sintomas Secundários:
○ Alucinações
○ Delírios
○ Perturbações psicomotoras
○ Alheamento e perda da realidade
Prof. Catarina Tomás 9
Epidemiologia

 Atinge todas as raças e classes sociais


 Cerca de 1% da população desenvolve
esta patologia.
 Em Portugal, cerca de 100 000 pessoas
 1,1% do total de AVAI
 2,8% do total de AVI
 30% dos utentes tentam o suicídio pelo menos uma
vez, sendo efetivado em 10% dos casos
 Distribuição equitativa pelos dois sexos, embora a
idade do seu aparecimento varie:
 Sexo masculino: entre os 15 e os 25 anos de idade
 Sexo feminino: entre os 25 e os 35 anos de idade
Prof. Catarina Tomás 10
Etiologia
 Trata-se de uma doenças grave e complexa, não existindo
apenas uma causa, mas provavelmente várias que
concorrem entre si para o seu aparecimento

Fatores
psicológicos

Fatores Fatores
biológicos ambientais

Prof. Catarina Tomás 11


Etiologia
 Fatores biológicos
 Genética
 Influências bioquímicas: Dopamina; Serotonina; Glutamato
 Fatores fisiológicos: Infeção viral; Anomalias anatómicas;
Alterações histológicas; Situações físicas
 Hipótese neurodesenvolvimental
 Fatores psicológicos
 Hipótese familiar
 Fatores ambientais
 Fatores socioculturais
 Acontecimentos de vida stressantes

Prof. Catarina Tomás 12


Sintomatologia
 A sintomatologia envolve aspectos ligados:
Linguagem e
Afetividade comunicação
Atenção
Rendimento
Cognitivo
Vontade e
impulso
Pensamento
(forma e
conteúdo) Comportamento

Percepção

Défices nas relações interpessoais


Disfunção social e ocupacional
Perda de contacto com a realidade
Prof. Catarina Tomás 18
Sintomatologia

 Existem diversas formas de classificação dos sintomas


da esquizofrenia
 A terminologia dicotómica utilizada para caracterizar os
sintomas em positivos e negativos foi proposta por
Reynolds e Jackson no século XIX.

Positivos
Negativos

Prof. Catarina Tomás 19


Sintomatologia
- Sintomas positivos -
 Refletem um excesso ou distorção de funções normais
 Estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença

• Temáticas diversas
• Predominam os temas: perseguição ou
Delírios ameaça; místicos; roubo e divulgação do
pensamento; controlo
• Perceção delirante
Alterações • Alucinações – predominam as auditivo-verbais
da perceção críticas e ameaçadoras ou imperativas
(comando)

Alterações • Bloqueio do pensamento


do • Neologismos
pensamento • Pensamento incoerente (desagregado)
Prof. Catarina Tomás 20
Sintomatologia
- Sintomas positivos -
• Rigidez afetiva
Alterações dos • Paratímia (inadequação afetiva)
afetos • Ambivalência afetiva

• Agressividade
• Isolamento
• Bizarrias: coprolália, risos
Alterações do imotivados, contato visual (evitado
ou fixo e vazio)
comportamento
• Anomalias motoras: Flexibilidade
cérea, Negativismo, Ecopraxia,
Estereotipias, Estupor catatónico,
Excitação catatónica
Prof. Catarina Tomás 21
Sintomatologia
- Sintomas negativos -
 Acompanham a evolução da
doença e reflectem um estado
deficitário ao nível:
 Da motivação
 Das emoções
 Do discurso
 Do pensamento
 Das relações interpessoais (diminuição ou perda de funções
normais)
 Por vezes torna-se difícil distinguir se estamos perante os
sintomas negativos ou um estado depressivo
 Os sintomas depressivos podem ocorrer em simultâneo
com a própria doença
Prof. Catarina Tomás 22
Sintomatologia
- Sintomas negativos -

Quadro amotivacional

Abulia

Anedonia

Apatia

Isolamento social

Embotamento afetivo

Pobreza de discurso
Prof. Catarina Tomás 23
Sintomatologia
- Quadro depressivo -
 Os sintomas depressivos acompanham a evolução da
doença em cerca de 25% dos casos
 Os sintomas depressivos encontram-se nas várias
fases da doença, nomeadamente fase pré-psicótica,
surto psicótico e na fase de recuperação
 Existe dificuldade em diferenciar um quadro depressivo,
devido à medicação neuroléptica e aos próprios
sintomas negativos da patologia
 Cerca de 10% dos utentes acabam por cometer o
suicídio
• Vídeo 1
• Video 2

Prof. Catarina Tomás 24


Subtipos de esquizofrenia
 Não de pode falar de esquizofrenia, mas de “esquizofrenias”,
devido à grande variedade de sintomas e características
associadas à evolução
 Os vários subtipos não são estanques, e pode haver
aproximações a diferentes subtipos ao longo da evolução da
doença
 De acordo com o DSM-IV são considerados cinco subtipos:
 Esquizofrenia tipo paranóide
 Esquizofrenia tipo desorganizado ou hebefrénica
 Esquizofrenia catatónica
 Esquizofrenia tipo indiferenciado
 Esquizofrenia do tipo residual

Prof. Catarina Tomás 25


Subtipos de esquizofrenia
- Esquizofrenia de tipo paranoide -
 Predomínio dos sintomas positivos da doença
 Quadro clínico dominado por um delírio paranóide
relativamente bem organizado
 Existe relativa preservação das funções cognitivas e do
afecto
 O comportamento fica condicionado pelas ideias delirantes
paranóides e pelas alucinações auditivo-verbais
 São geralmente desconfiados, reservados, ansiosos,
podendo revelar comportamentos agressivos e suicidas
 Tem um início mais tardio que os outros subtipos

Prof. Catarina Tomás 26


Subtipos de esquizofrenia
- Esquizofrenia tipo desorganizado (Hebefrénica) -
 Sintomas dominantes:
 Discurso desorganizado, que pode ser acompanhado de risos
imotivados
 Comportamento desorganizado
 Afecto inapropriado ou embotado
 Pode levar a uma grande disrupção da capacidade para
desempenhar tarefas quotidianas
 As ideias delirantes e alucinações, se presentes, são
fragmentadas e não estão organizadas de forma coerente
 Características associadas: trejeitos, maneirismos e a
estranheza do comportamento
 Contacto pobre com a realidade e uma marcada regressão
das faculdades mentais Prof. Catarina Tomás 27
Subtipos de esquizofrenia
- Esquizofrenia catatónica -
 Predomínio de sintomas motores e por alterações da
actividade, que podem ir desde um estado de estupor e
acinético até à excitação
 Pode observar-se flexibilidade cérea, risos imotivados,
estereotipias, ecolália e ecopraxia, negativismo, mutismo
 As peculiaridades dos movimentos voluntários são
manifestadas pela tomada de posturas inapropriadas ou
bizarras ou por trejeitos dominantes
 São características adicionais as estereotipias, os
maneirismos, a obediência automática ou o mimetismo

Prof. Catarina Tomás 28


Subtipos de esquizofrenia
- Esquizofrenia tipo indiferenciado -
 Apresentam os sintomas:
 Ideias delirantes
 Alucinações
 Discurso desorganizado
 Comportamento
desorganizado ou catatónico
 Sintomas negativos
 Não preenchem os critérios
para o tipo Paranóide,
Desorganizado ou
Catatónico

Prof. Catarina Tomás 29


Subtipos de esquizofrenia
- Esquizofrenia de tipo residual -
 Existiu pelo menos um episódio de esquizofrenia, mas
no atual quadro clínico não existe evidência de sintomas
psicóticos positivos
 Podem existir sintomas positivos, mas atenuados
 Existe predomínio de sintomatologia de tipo negativo
 Presença de isolamento social marcado por
embotamento afectivo e uma pobreza ao nível do
conteúdo do pensamento
 Forma associada a doentes com longa evolução da
doença, podendo representar a transição entre um
episódio completo e a remissão completa

Prof. Catarina Tomás 30


Outras perturbações psicóticas (DSM-V)
 Perturbação Esquizofreniforme
 Perturbação Psicótica Breve
 Perturbação Esquizoafectiva
 Perturbação Delirante
 Perturbação Esquizotípica da Personalidade
 Catatonia associada a outra perturbação mental
 Perturbação catatónica devida a outra condição médica
 Catatonia não especificada
 Perturbação Psicótica Secundária a um Estado Físico Geral
 Perturbação Psicótica Induzida por Substâncias
 Perturbação do espectro da esquizofrenia com outra
especificação e outras perturbações psicóticas
 Perturbação do espectro da esquizofrenia não especificada e
outras perturbações psicóticas

Prof. Catarina Tomás 31


Prognóstico
 Fatores de bom prognóstico:
 Bom ajuste pré-mórbido
 Idade tardia de início
 Início abrupto precipitado por evento stressante
 Género feminino
 Perturbação de humor associada
 Duração breve dos sintomas na fase ativa
 Bom funcionamento entre episódios
 Sintomas residuais mínimos
 Ausência de anomalias estruturais no cérebro
 Funcionamento neurológico normal
 História familiar de perturbação do humor
 Ausência de história familiar de esquizofrenia

Prof. Catarina Tomás 40


Tratamento

 Farmacológico
 Neurolépticos ou antipsicóticos
 Eletroconvulsivoterapia (ECT)
 Psicoterapia
 Individual
 Grupo
 Terapia cognitivo-comportamental
 Treino de competências sociais
 Tratamento social
 Milieu theraphy
 Terapia familiar

Prof. Catarina Tomás 41


Intervenção de enfermagem e atitudes terapêuticas
- Objetivos -
 Demonstrar capacidade de relacionar-se
satisfatoriamente com os outros
 Reconhecer distorções da realidade
 Não causar dano a si mesmo o a outros
 Perceber o self de modo realista
 Demonstrar capacidade de perceber corretamente o
ambiente
 Manter a ansiedade a um nível controlável
 Renunciar à necessidade de delírios e alucinações
 Demonstrar capacidade de confiar nos outros
 Usar a comunicação verbal apropriada nas interações
com os outros
 Executar independentemente as atividade de
autocuidado

Prof. Catarina Tomás 42


Intervenção de enfermagem e atitudes terapêuticas
- Foco: Processos de pensamento -
 Transmitir aceitação da necessidade que o cliente tem de
falsa crença, indicando que não partilha dessa crença
 Usar a dúvida razoável como técnica terapêutica
 Reforçar e focar a realidade
 Desencorajar longas
ruminações sobre o
pensamento irracional
 Falar a respeito de
acontecimentos e
pessoas reais

Prof. Catarina Tomás 43


Intervenção de enfermagem e atitudes terapêuticas
- Foco: Processos de pensamento -
 Quando o utente se encontrar muito desconfiado:
 Utilizar a mesma equipa na medida do possível
 Ser honesto e cumprir todas as promessas
 Evitar o contacto físico
 Informar o utente antes de lhe tocar quando houver essa necessidade
 Evitar rir, sussurrar ou falar baixo quando o utente pode ver mas não
pode ouvir
○ Incluir o doente na conversa ou suspender a mesma
 Servir alimentos enlatados ou num estilo familiar (delírio de
envenenamento)
 Verificar a ingestão dos fármacos
 Evitar atividades competitivas
 Promover atividades que promovam a relação de um para um
 Manter uma abordagem assertiva, direta e franca mas genuína,
evitando ser amistoso ou demasiado alegre
Prof. Catarina Tomás 44
Intervenção de enfermagem e atitudes terapêuticas
- Foco: Perceção sensorial -

 Observar sinais de alucinações


 Evitar tocar no utente sem avisar
 Demonstrar uma atitude de
aceitação
 Não reforçar a alucinação, não a
Validando (“as vozes”)
 Fazer o utente perceber que não partilha da perceção
 Ajudar a entender a ligação entre aumento de ansiedade e
presença de alucinações
 Distrair o utente das alucinações
 Na fase residual, promover a distração ou a dispensa de
vozes Prof. Catarina Tomás 45
Intervenção de enfermagem e atitudes terapêuticas
- Foco: Violência -

 Manter um nível baixo de estímulos


no ambiente
 Observar com frequência o
comportamento do utente
 Retirar todos os objetos perigosos do ambiente
 Intervir ao primeiro sinal de aumento de ansiedade,
oferecendo respostas empáticas
 Manter uma atitude calma
 Oferecer alternativas perante aumento da ansiedade
 Se necessário, fazer uma demonstração de força
 Utilizar contenções mecânicas como último recurso
Prof. Catarina Tomás 46
Intervenção de enfermagem e atitudes terapêuticas
- Foco: Comunicação -
 Descodificar os padrões de comunicação
incompreensíveis
 Facilitar a confiança e a compreensão mantendo
as tarefas dos membros da equipa o mais
constante possível.
 Se o cliente não conseguir ou não quiser falar
(mutismo), utilizar a técnica de verbalizar o
implícito
 Fornecer explicações ao nível do concreto com
comunicação simples, com frases breves e
simples, prestando informações pela positiva

Prof. Catarina Tomás 47


Prof. Catarina Tomás 48
Perturbações neurocognitivas

 Défice clinicamente significativo na cognição, que


representa uma alteração significativa em relação
a um nível anterior de funcionamento.
 Etiologia:
 Estado físico geral
 Uso de substância

Prof. Catarina Tomás 49


Perturbações neurocognitivas
 Delirium
 Perturbação da consciência e alteração da cognição que se
desenvolvem num curto período de tempo
○ Redução da capacidade de focar, manter ou transferir a atenção
○ Pensamento desorganizado
○ Capacidade de raciocínio e comportamento dirigido prejudicados
○ Desorientação alopsíquica
○ Alterações da linguagem (disartria, disnomia, disgrafia, afasia)
○ Perturbação de memória imediata
○ Alucinações, ilusões e interpretações incorretas
○ Alterações ciclo sono-vigília
○ Movimentos agitados e sem propósito / letargia catatónica
○ Medo, ansiedade, depressão, irritabilidade, raiva, euforia ou apatia

Prof. Catarina Tomás 50


Perturbações neurocognitivas

 Perturbação neurcognitiva major ou ligeira


 Múltiplos défices cognitivos que incluem diminuição
da memória
 Perturbação mnésica
 Diminuição da memória na ausência de outros
défices cognitivos significativos
 Perturbação cognitiva sem outra especificação
 Disfunção cognitiva presumivelmente que não
preenchem critérios para as restantes

Prof. Catarina Tomás 51


Prof. Catarina Tomás 52
Perturbação neurocognitiva major ou ligeira

 Desenvolvimento de défices
cognitivos múltiplos
 Atenção complexa
 Funções executivas
 Aprendizagem e memória
 Linguagem
 Capacidade percetivomotora
 Cognição social
 Diminuição no funcionamento ocupacional ou
social
 Declínio em relação a um nível prévio de
funcionamento
Prof. Catarina Tomás 53
Perturbação neurocognitiva major ou ligeira

 Demência primária
 Principal sinal de uma
doença orgânica
cerebral não relacionada
diretamente a outra
doença orgânica
 Demência secundária
 Causada ou relacionada
com outra doença ou
condição

Prof. Catarina Tomás 54


Perturbação neurocognitiva major ou ligeira
- Sintomatologia -
 Prejuízo do pensamento abstrato, juízo crítico e
controlo dos impulsos
 Desrespeito das regras convencionais de conduta
social
 Comportamento desinibido e inadequado
 Negligência da higiene pessoal e aparência
 Alterações da linguagem (afasia)
 Alteração da personalidade
 Dificuldade de cumprir com as necessidades
pessoais (apraxia, alterações do humor)
 Dificuldade de aceitação das limitações

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Perturbação neurocognitiva devido a
doença de Alzheimer
- Epidemiologia -
 Prevalência aos 65 anos
de idade
 0,6% - sexo masculino
 0,8% - sexo feminino
 Prevalência aos 85 anos
○ 11% - sexo masculino
○ 14% - sexo feminino
 Prevalência aos 95 anos
○ 36% - sexo masculino
○ 41% - sexo feminino
 Casos moderados a graves: 40-60%
 0,84% de causa de AVAI
 2,0% de causa de AVI
Prof. Catarina Tomás 56
Perturbação neurocognitiva devido a
doença de Alzheimer
- Etiologia e imagiologia -
 Genética
 Traumatismo craniano
 Alterações de acetilcolina
 Placas e emaranhados

 Alterações neurológicas
 Degeneração cerebral
○ Atrofia
○ Sulcos corticais ampliados
○ Ventrículos cerebrais aumentados
 Emaranhados neurofibrilares
 Placas senis
○ Hipocampo
○ Córtex cerebral
○ https://www.youtube.com/watch?v=yJXTXN4xrI8

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Perturbação neurocognitiva devido a
doença de Alzheimer
- Sintomatologia -
 De início gradual
 Declínio cognitivo continuado
 Subtipos:
 Com início precoce
 Com início tardio

 Sem perturbação do comportamento


 Com perturbação do comportamento

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Perturbação neurocognitiva devido a
doença de Alzheimer
- Estadios -
 I – Nenhum sintoma evidente
 Sem declínio evidente de memória
 II – Esquecimento
 Perturbações de memória imediata
 Tomada de consciência do declínio intelectual
 III – Declínio cognitivo ligeiro
 Interferência no desempenho laboral
 Concentração interrompida
 Dificuldades de memorizar nomes ou palavras
 Declínio na capacidade de planear ou organizar

Prof. Catarina Tomás 59


Perturbação neurocognitiva devido a
doença de Alzheimer
- Estadios -
 IV – Declínio cognitivo ligeiro a moderado; Confusão
 Esquecimento de acontecimentos importantes
 Declínio da capacidade de realizar tarefas
 Incapacidade de compreensão de noticias atuais
 Confabulações
 V – Declínio cognitivo moderado; Demência inicial
 Perda de capacidade de executar AVD’s
 Esquecimento de endereços, contactos e nomes
 Desorientação alopsíquica

Prof. Catarina Tomás 60


Perturbação neurocognitiva devido a
doença de Alzheimer
- Estadios -
 VI – Declínio cognitivo moderado a grave; Demência média
 Não memoriza acontecimento recentes importantes ou o nome
do cônjuge
 Desorientação em relação ao que o rodeia
 Incapaz de gerir as AVD’s sem assistência
 Incontinência fecal e urinária
 Dificuldades em dormir
 Sintomas psicomotores: vaguear, obsessão, agitação e
agressividade
 Perda crescente de capacidade de linguagem
 Sundowning

Prof. Catarina Tomás 61


Perturbação neurocognitiva devido a
doença de Alzheimer
- Estadios -
 VII – Declínio cognitivo avançado; Demência avançada
 Incapacidade de reconhecer membros da família
 Afasia
 Confinamento ao leito
 Reflexos primitivos
 Movimentos repetitivos, grunhir, vocalizações…
 Depressão do sistema imunitário
 Apetite diminuído e disfagia
 Afetação grave da linguagem
 Alterações do ciclo sono-vigília
 Incontinência urinária e fecal Vídeo 1
 Incapacidade de reconhecer familiares Vídeo 2
Vídeo 1
Vídeo 2
Prof. Catarina Tomás 62
Outras Perturbações neurocognitivas
major ou ligeiras (PNML)

 PN Frontotemporal ML
 PNML com Corpos de Lewy
 PN Vascular major ou ligeira
 PNML devido a lesão cerebral traumática
 PNML induzida por substâncias/medicamentos
 PNML devido a infeção por VIH
 PNML devido a doença de priões
 PNML devido a doença de Parkinson
 PNML devido a doença de Huntington
 PNML devido a outra condição médica
 PNML devido a múltiplas etiologias
 PN não especificada Prof. Catarina Tomás 63
Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
- Objetivos -
 Não experienciar lesões físicas
 Não causar danos a si mesmo ou aos outros
 Manter a orientação quanto à realidade
 Ser capaz de comunicar com afeto com o
prestador de cuidados
 Executar as AVD’s com auxílio
 …

Prof. Catarina Tomás 67


Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
- Foco: Trauma -
 Organizar a mobília e outros itens no quarto
 Guardar os itens de uso frequente em locais de fácil acesso
 Manter a cama na posição mais baixa e colocar grades de
proteção
 Observar frequentemente o utente e vigiar o seu comportamento
 Permitir fumar apenas com um profissional presente
 Assistir o cliente com a deambulação
 Proporcionar uma bengala ou andarilho e instruir sobre a sua
utilização
 Transportar o cliente em cadeira de rodas em viagens longas
 Ensinar o doente a apoiar-se nos corrimões, ou a pedir ajuda.

Prof. Catarina Tomás 68


Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
- Foco: Trauma -
 Utente agitado
 Manter o nível de estímulos o mais baixo possível no ambiente
 Manter a calma
 Não fazer exigências
 Evitar pressionar a pessoa para realizar atividades que esta recusa
 Ensinar exercícios de relaxamento
 Utente que vagueia
 Manter um horário estruturado de atividades recreativas e num
horário rigoroso de alimentação e higiene
 Proporcionar um locar seguro e fechado para passear e vaguear
 Andar com o utente e redirecioná-lo de volta
 Assegurar que as saídas são controladas

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Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
- Foco: Processo de pensamento e perceção
sensorial -
 Manter o doente orientado para a realidade
 Utilizar relógios e calendários com números grandes fáceis
de ler
 Colocar placas coloridas nas portas
 Permitir ter bens pessoais
 Encorajar a família e amigos a participar dos cuidados
 Proporcionar rádio, televisão e música
 Assegurar nível de ruído diminuído
 Permitir a visualização de álbuns de fotografias antigos
 Manter o mesmo enfermeiro sempre que possível
 Avaliar efeitos secundários da terapêutica

Prof. Catarina Tomás 70


Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
- Foco: Processo de pensamento e perceção
sensorial -
 Com delírios e alucinações
 Desencorajar a ruminação do pensamento delirante
 Nunca contra-argumentar com o cliente
 Não ignorar relatos de alucinações
 Excluir a perceção sensorial perturbada como possível efeito
secundário de certas condições físicas ou terapêuticas
 Assegurar que o aparelho auditivo funciona corretamente
 Verificar os óculos
 Tentar determinar a fonte das alucinações visuais
 Garantir ao cliente de que está seguro
 Nunca dizer que as alucinações não são reais
 Distrair o cliente ou acompanhá-lo
Prof. Catarina Tomás 71
Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
- Foco: Comunicação verbal -
 Manter interações com o cliente calmas e tranquilizadoras
 Utilizar palavras simples, falar lenta e distintamente e manter o
contacto face a face
 Identificar-se sempre perante o utente e chamá-lo pelo nome
 Utilizar gestos não verbais para ajudar o cliente a entender o
que quer que ele realize
 Colocar apenas uma questão ou dar apenas uma orientação
de cada vez e dar bastante tempo para processar a
informação e responder
 Abordar o doente de frente
 Manter os enfermeiros nos cuidados sempre que possível
 Permanecer calmo e proporcionar validação aos sentimentos
agressivos
 Utilizar o toque e a afeição para comunicar, quando apropriado

Prof. Catarina Tomás 72


Intervenção de enfermagem e atitude terapêutica
- Foco: Autocuidado -
 Proporcionar um ambiente simples e estruturado
 Identificar deficits de cuidado pessoal
 Proporcionar a assistência necessária
 Dar orientação e apoio para ações independentes, conduzindo
o doente passo a passo
 Dar tempo para executar as tarefas
 Proporcionar um horário de atividades estruturado
 Assegurar que as AVD’s acompanham a rotina habitual do
doente
 Minimizar a confusão sendo consistente na atribuição de
cuidadores
 Realizar uma avaliação contínua
 Avaliar a capacidade dos cuidadores para antecipar as
necessidades do doente
Prof. Catarina Tomás 73
Referências Bibliográficas
 Afonso, P. (2002). Esquizofrenia: Conhecer a doença. 2ª
Edição. Lisboa: Climepsi Editores.
 American Psychiatric Association (2014). DSM-V: Manual de
Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. 5ª edição.
Lisboa: Climepsi Editores.
 Harrison, P.; Geddes, J.; Sharpe, M. (2006). Guia Prático
Climepsi de Psiquiatria. (J. N. Almeida, Trad.). Lisboa: Climepsi
editores.
 Neeb, K (2000). Fundamentos de Enfermagem de Saúde
Mental. Loures: Lusociência.
 Scharfetter, C. (2005). Introdução à Psicopatologia Geral. 3ª
Edição. Lisboa: Climepsi Editores.
 Towsend, M. (2009). Enfermagem em Saúde Mental e
Psiquiátrica. 6ª edição. Loures: Lusociência.

Prof. Catarina Tomás 74


Ansiedade
Luto
Tristeza
Humor
Depressão

EMOÇÕES

ENFERMAGEM DE SAÚDE
MENTAL E PSIQUIÁTRICA
Prof. Catarina Tomás 1
SUMÁRIO
 Ansiedade
▪ Etiologia
▪ Sintomas
▪ Perturbações da ansiedade
▪ Epidemiologia
▪ Perturbações: Fobias e outras
▪ Perturbações obsessivo-compulsivas e perturbações relacionadas
▪ Epidemiologia
▪ Perturbações: Perturbação obsessivo-compulsiva e outras
▪ Consequências
▪ Tratamento
▪ Intervenção de enfermagem
 Humor
▪ Perturbações do humor
▪ Epidemiologia
▪ Etiologia
▪ Episódios de alteração do humor
▪ Perturbações do humor
▪ Tratamento
▪ Psicoterapia
▪ Intervenção de enfermagem
▪ Referências bibliográficas Prof. Catarina Tomás 2
ANSIEDADE
Prof. Catarina Tomás 3
ANSIEDADE

 Reação normal a um perigo ou ameaça real à


integridade biológica ou ao conceito de self
 Uma resposta emocional (apreensão, tensão,
inquietação,…) em antecipação do perigo, cuja fonte
é desconhecida ou não é reconhecida
 A ansiedade normal
dissipa-se quando o perigo
ou ameaça deixa de estar
presente

Prof. Catarina Tomás 4


ANSIEDADE

 Ansiedade patológica:
▪ Preocupações irrealistas ou
excessivas sobre circunstâncias da
vida e uma série de sintomas físicos
que persistem durante algumas
semanas e estão presentes na
maior parte dos dias
▪ Medo penetrante generalizado
associado à apreensão e
preocupação e à antecipação de
situações assustadoras

Prof. Catarina Tomás 5


ANSIEDADE

Prof. Catarina Tomás 6


ANSIEDADE

Ansiedade
Medo
Stresse
Sensação resultante da interação
Processo
entre:
Força exercida cognitivo
- elementos ambientais stressantes
sobre o ocorrendo a
- predisposições biológicas internas
indivíduo por avaliação
- estado de alerta psicológico
elementos intelectual de
ambientais um estímulo
Resposta emocional subjetiva ao
ameaçador
stressor

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ANSIEDADE

“traço”
“estado”
Predisposição subjacente
Função variável que
ao nível da ansiedade que
depende de fatores
o indivíduo tem
externos
inicialmente

Componentes
da ansiedade

Prof. Catarina Tomás 8


ANSIEDADE
- ETIOLOGIA -

 Genética
 Biológica
▪ Alterações a nível neurológico
(estruturas do tronco cerebral,
sistema límbico e córtex frontal)
▪ Alterações de
neurotransmissores
(noradrenalina, serotonina)
 Psicossociais
▪ Comportamentos aprendidos
▪ Defesa mal sucedida contra
impulsos ansiogénicos
Prof. Catarina Tomás 9
ANSIEDADE
- SINTOMAS -
Hiperatividade
Tensão motora Vigília e alerta
autonómica
• Tremores, contrações • Falta de ar ou sensação • Sentir-se tenso ou
espasmódicas ou de asfixia enervado
sensação de fraqueza • Palpitações ou • Reação de alarme
• Tensão muscular, dores taquicardia exagerada
ou sensibilidade • Sudação ou mãos frias e • Dificuldade de
• Inquietação húmidas concentração ou perda
• Fadiga fácil • Boca seca de memória devido à
• Tonturas ou esvaimento ansiedade
• Náuseas, diarreia ou • Insónia inicial,
outro mal estar intermédia ou tardia
abdominal • Irritabilidade
• Rubores ou suores frios
• Micção frequente
• Dificuldade em engolir
ou sensação de “nó na
garganta”
Prof. Catarina Tomás 10
Perturbações da ansiedade

ANSIEDADE

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PERTURBAÇÕES DE ANSIEDADE

 Perturbação de Ansiedade de Separação


 Mutismo seletivo
 Fobia específica
 Perturbação de Ansiedade Social (Fobia Social)
 Perturbação de pânico
 Agorafobia
 Perturbação de Ansiedade Generalizada
 Perturbação de Ansiedade Induzida por
Substância/Medicamento
 Perturbação de Ansiedade Devida a Outra Condição
Médica
 Perturbação de Ansiedade com Outra Especificação
 Perturbação de Ansiedade não Especificada

Prof. Catarina Tomás 12


PERTURBAÇÕES DA ANSIEDADE
- EPIDEMIOLOGIA -
 São as mais comuns de todas as perturbações
psiquiátricas
▪ Mais comuns em mulheres do que em homens (2 para 1)
 Manifestam-se
▪ Desde a infância ao final da adolescência e início da idade
adulta
▪ Menos comum depois dos 35 anos de idade
 Perturbação de Ansiedade de Separação – 0,9 a 4%
 Mutismo seletivo – 0,03 a 1%
 Fobia específica – 6%
 Perturbação de Ansiedade Social (Fobia Social) – 2,3%
 Perturbação de pânico – 2 a 3%
 Agorafobia – 1,7%
 Perturbação de Ansiedade Generalizada – 0,4 a 3,6%
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PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE DE
SEPARAÇÃO
 Receio e ansiedade em relação à separação das
figuras de vinculação num grau inapropriado ao seu
desenvolvimento
 Preocupação ou medo persistentes e excessivos em
relação às figuras de vinculação acerca de:
▪ Males que possam suceder
▪ Acontecimentos que possam conduzir à perda ou
separação
▪ Relutância em afastar-se delas
 Pesadelos e sintomas físicos de mal-estar

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MUTISMO SELETIVO

 Incapacidade persistente em falar em situações sociais


em que existe expectativa de fala
 Incapacidade em falar não devida a falta de
conhecimentos ou familiaridade com a língua
 Capaz de falar noutras situações
 Marcada por ansiedade social elevada
 Podem utilizar meios não verbais para comunicar
(vocalizações, apontar, escrever, …)

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PERTURBAÇÕES DE PÂNICO

 Ataques súbitos de pânico inesperados e


recorrentes associados a um medo intenso,
muitas vezes de morrer, e a uma gama de
sintomas físicos como palpitações, dispneia,
tonturas, tremores e sudorese
 Inicia-se geralmente sem motivo óbvio
 Desenvolvendo-se um “raciocínio catastrófico”, sentindo que está
a morrer, a desenvolver uma doença ameaçadora de vida, a
enlouquecer, a perder o controlo ou que são emocionalmente
fracos
 Leva a um evitamento de situações em que já tenha ocorrido
(evitamento secundário), restringindo a qualidade de vida do
doente
Prof. Catarina Tomás 16
Ataque de pânico
Fobia
Episódios de terror intenso
Estado de ansiedade induzido
frequentemente associados a
por situações ou objetos
sintomas corporais como
específicos, sendo evitados
palpitações por pressão no
O doente reconhece o medo
peito
como irracional ou excessivo
O doente tem um receio
Não ocorre manifestação na
eminente de morte
ausência ou sem referência
As crises são recordadas
ao objeto receado
claramente

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FOBIA ESPECÍFICA

 Medo acentuado e persistente estimulado pela


presença ou antecipação de um objeto ou situação
específicos e claramente discerníveis e circunscritos,
a cuja exposição provoca quase invariavelmente uma
resposta de ansiedade imediata ou um ataque de
pânico
▪ Surgem sintomas como palpitações, sudorese, tonturas e
dificuldade em respirar
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FOBIA ESPECÍFICA

 Subtipos
▪ Tipo animal
▪ Animais ou insetos.
▪ Tipo ambiente natural
▪ Situações de ambiente natural,
como tempestades, alturas ou água.
▪ Tipo sangue-injeções, ferimentos
▪ Visão de sangue, ferimentos, levar injeções ou outros
procedimentos invasivos.
▪ Tipo situacional
▪ Situações específicas como transportes públicos, túneis, pontes,
elevadores, voar, conduzir ou espaços fechados.
▪ Outro tipo
▪ Medo de asfixia, vómito ou contrair doenças, fobia do “espaço” e
medos de crianças devido a sons altos e figuras mascaradas.
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FOBIA SOCIAL

 Medo acentuado e persistente de situações sociais ou de


desempenho nas quais o embaraço ou uma avaliação
negativa por parte dos outros possa ocorrer, provocando
uma resposta ansiosa imediata, na forma de ataques de
pânico situacionais ou situacionalmente predispostos
 Apresentam sintomas de ansiedade (palpitações,
tremores, suores, mal-estar gastrintestinal, diarreia,
tensão muscular, rubor, confusão, …) nas situações
temidas, e em casos graves, sintomas de ataque de
pânico Prof. Catarina Tomás 20
AGORAFOBIA

 Medo acentuado de estar sozinho em locais públicos


ou situações, dos quais a fuga possa parecer difícil
ou embaraçosa e onde a ajuda não esteja disponível
no caso de ter um ataque de pânico, e pela reação
subsequente de evitamento
 Perante a situação fóbica, apresenta
▪ Sintomas semelhantes aos que ocorrem durante o ataque
de pânico
▪ Outros sintomas considerados incapacitantes ou
embaraçosos (perda de controlo dos esfíncteres, vomitar
em público, …)

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PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE
GENERALIZADA
 Ansiedade e preocupação
crónicas, não realistas e
excessivas
 Ansiedade e preocupação
exageradas acerca de um
conjunto de acontecimentos ou
atividades
 A preocupação incide geralmente
em circunstâncias diárias e
rotineiras da vida
(responsabilidades profissionais,
aspetos financeiros, saúde da
família, pequenos problemas)
Prof. Catarina Tomás 22
Perturbações
Obssessivo-Compulsivas e
Perturbações Relacionadas
ANSIEDADE

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PERT. OBSSESSIVO-COMPULSIVAS E
PERT. RELACIONADAS

Preocupações e pensamentos repetitivos


Atos mentais em resposta às preocupações

Comportamentos repetitivos recorrentes centrados no corpo


Tentativas repetidas para parar ou diminuir os comportamentos

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PERT. OBSSESSIVO-COMPULSIVAS E
PERT. RELACIONADAS
 Perturbação obsessivo-compulsiva
 Perturbação dismórfica corporal
 Perturbação de acumulação
 Trocotilmania
 Perturbação de escoriação
 Perturbação obsessivo-compulsiva induzida por
substâncias/medicamento
 Perturbação obsessivo-compulsiva devida a outra
condição médica
 Perturbação obsessivo-compulsiva com outra
especificação
 Perturbação obsessivo-compulsiva não especificada

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P. OBSSESSIVO-COMPULSIVAS E P. REL.
- EPIDEMIOLOGIA -
 Perturbação obsessivo-compulsiva – 1,2%
 Perturbação dismórfica corporal – 1,7 a 2,4%
 Perturbação de acumulação – 2 a 6%
 Trocotilmania – 1 a 2%
 Perturbação de escoriação – 1,4%

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PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA

 Presença de obsessões e
compulsões recorrentes
 Pensamentos ou impulsos
persistentes que são
reconhecidos pelo doente como
sendo irracionais, mas que, não
obstante a sua resistência,
continuam a ocorrer
 As compulsões são claramente
excessivas ou não se relacionam
de modo realista com o que
pretendem neutralizar ou
prevenir
Prof. Catarina Tomás 28
PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA

• Ideias, pensamentos, impulsos Compulsão


ou imagens persistentes
intrusivos e inapropriados que
• Comportamentos
causam forte ansiedade ou
repetitivos ou atos
mal-estar.
mentais não desejados
• É sentido como algo estranho e que visam evitar ou
fora do controlo da pessoa, mas reduzir a ansiedade ou o
reconhece que são produto da mal-estar e não criar
sua mente prazer ou gratificação

Obsessão

Prof. Catarina Tomás 29


PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA

 As obsessões mais comuns são os pensamentos


repetidos acerca de:
▪ Contaminação
▪ Dúvidas repetidas (pensar que se executou ou não
determinado ato)
▪Necessidade de ter de fazer as coisas
segundo uma ordem determinada ou ter
os objetos em determinada posição
(simetria)
▪Impulsos horríveis ou agressivos (por
exemplo, ferir alguém ou gritar
obscenidades)
▪Imagens sexuais recorrentes
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PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA

 As compulsões mais comuns relacionam-se com:


▪ Lavagens e limpezas
▪ Contagens
▪ Verificações
▪ Pedir ou exigir tranquilização
▪ Repetir ações
▪ Ordenar objetos

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PERTURBAÇÃO DISMÓRFICA CORPORAL
(DISMORFOFOBIA)

 Preocupação com um
defeito, imaginado ou
exagerado, na aparência
física
 A preocupação pode causar
sofrimento significativo ou
incapacidade social,
ocupacional ou noutras
áreas importantes do
funcionamento

Prof. Catarina Tomás 32


PERTURBAÇÃO DISMÓRFICA CORPORAL

 As queixas geralmente centram-se em:


▪ Imperfeições imaginadas ou ligeiras da face ou cabeça
▪ Outra parte do corpo
 Evitam descrever o defeito em pormenor pelo
embaraço que isso causa, referindo ao seu aspeto
geral
 Existe um grande sofrimento associado, difícil de
controlar
 Procuram insistentemente superfícies espelhadas
para observarem os seus defeitos ou evitam os
espelhos

Prof. Catarina Tomás 33


PERTURBAÇÃO DISMÓRFICA CORPORAL

Comportamento Atos mentais


repetitivos repetitivos
• Verificações ao • Comparação da sua
espelho aparência com a de
• Autocuidado outras pessoas
excessivo
• Escoriação
• Procura de
reafirmação

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PERTURBAÇÃO DISMÓRFICA CORPORAL

 Pode existir uma preocupação


excessiva com a apresentação
 O juízo crítico sobre o problema
é geralmente fraco
 Pensam que as outras pessoas
reparam especialmente no seu
defeito, que a comentam e
ironizam
 Pode ocorrer:
▪ Tentativa de suicídio
▪ Recorrência sistemática a cirurgias
plásticas

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PERTURBAÇÃO DE ACUMULAÇÃO

 Dificuldade persistente em
descartar ou separar-se dos seus
bens, independentemente do seu
valor real
 Forte necessidade de guardar os
objetos e mal-estar aquando da
separação
 Pode associar-se a compras
excessivas da perturbação de
acumulação
▪ Recolha excessiva, compra ou furto de
objetos não necessários e para os
quais não há espaço disponível
Prof. Catarina Tomás 36
TRICOTILMANIA

 Comportamento recorrente de arrancar o próprio


cabelo/pelo, ocorrendo:
▪ Falta de cabelo
▪ Tentativas repetidas para diminuir ou parar o
comportamento

Prof. Catarina Tomás 37


PERTURBAÇÃO DE ESCORIAÇÃO

 Escoriação recorrente da
própria pele, resultando:
▪ Lesões da pele
▪ Tentativas recorrentes de
parar ou diminuir o
comportamento
 Zonas mais comuns:
face, braços e mãos
▪ Pele saudável
▪ Pele com pequenas
irregularidades

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CONSEQUÊNCIAS DA ANSIEDADE

 Depressão
 Perturbações de sono
 Consumo de substâncias
 Problemas físicos
▪ Bruxismo
▪ Cefaleias crónicas
▪ Úlceras gastrintestinais
▪ Síndrome do cólon irritável
▪ Dores musculares

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TRATAMENTO

 Psicoterapia individual
▪ Psicoeducação
▪ Psicoterapia orientada para o
▪ conhecimento
 Terapia cognitiva
▪ Questionar as evidências
▪ Exame de alternativas
▪ Descatastrofização
▪ Reenquadramento
 Terapia comportamental
▪ Dessensibilização sistemática com inibição recíproca
▪ Terapia de implosão/aversiva
▪ Relaxamento

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TRATAMENTO

 Aprendizagem de novo comportamento


▪ Modelagem
▪ Sistema de recompensa
▪ Treino de habilidades sociais
 Terapia de grupo / família
 Psicofarmacologia
▪ Ansiolíticos
▪ Antidepressivos
▪ Anti hipertensores

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INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E ATITUDES
TERAPÊUTICAS
- OBJETIVOS -
 Reconhecer os sinais de aumento da ansiedade e intervir
antes de atingir o pânico
 Manter a ansiedade num nível controlável e tomar
decisões independentes
 Funcionar de modo adaptativo na presença do objeto ou
situação fóbicos
 Verbalizar um plano futuro de ação para responder na
presença do objeto ou situação fóbicos
 Manter a ansiedade num nível controlável sem recorrer
ao uso de comportamentos ritualistas
 Demonstrar estratégias de coping mais adaptativas para
lidar com a ansiedade para além dos comportamentos
ritualistas
 Verbalizar uma perceção realista da sua aparência e expressa
sentimentos que refletem uma imagem corporal positiva
Prof. Catarina Tomás 42
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E
ATITUDES TERAPÊUTICAS
 Manter um ambiente calmo e seguro
 Permanecer com o doente em momento de maior ansiedade
 Usar a presença, o toque e a verbalização para lembrar que
não estão sozinhos
 Encorajar a expressão ou clarificação de necessidades,
preocupações, incertezas e dúvidas
 Permitir a expressão de dor, desconforto ou ameaças ao bem-
estar (falar, chorar, …)
 Analisar e registar quaisquer mudanças de comportamento
 Encorajar a realização e participação em atividades não
stressantes e divertidas, que exijam concentração
 Avaliar o nível de ansiedade e reações fisiológicas da
ansiedade
 Ajudar a identificar os precipitantes de ansiedade

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INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E
ATITUDES TERAPÊUTICAS
 Ensinar e Incentivar a utilização de um discurso positivo
 Evitar garantir a solução dos problemas
 Explicar qualquer atividade, procedimento ou intervenção
antes de a realizar para diminuir a ansiedade
 Explorar estratégias de coping anteriormente utilizadas,
reforçar essas competências e explorar outras técnicas
 Identificar e limitar ou suspender a utilização de
estimulantes
 Ensinar técnicas de autocontrolo da ansiedade, de
distração e de diversão
 Ensinar técnicas respiração de relaxamento e
relaxamento muscular progressivo
 Instruir os membros da família acerca da ansiedade
Prof. Catarina Tomás 44
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E
ATITUDES TERAPÊUTICAS
- FOCO: ANSIEDADE / PÂNICO -
 Não deixar o doente sozinho quando este experiencia
ansiedade de pânico
 Permanecer com ele e dar garantias de segurança e proteção
 Manter uma abordagem calma, não ameaçadora, direta e
franca
 Usar palavras simples e mensagens breves, ditas com calma e
clareza, para explicar as experiências no hospital
 Manter o ambiente imediato com um nível baixo de
estimulação (luz fraca, poucas pessoas, decoração simples)
 Quando o nível de ansiedade reduzir, explorar com o doente
as possíveis razões para a sua ocorrência
 Ensinar ao doente os sinais e sintomas do aumento de
ansiedade
 Discutir formas de interromper a progressão da ansiedade
(técnicas de relaxamento, exercícios de respiração profunda,
exercícios físicos, caminhadas, corridas, meditação, …)

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INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E
ATITUDES TERAPÊUTICAS
- FOCO: MEDO -
 Explorar a perceção do doente da ameaça à sua
integridade física ou da ameaça ao conceito de si
 Assegure o doente da sua proteção e segurança
 Discutir a realidade da situação com o doente para
reconhecer aspetos que podem ser mudados e os que
não podem
 Incluir o cliente na tomada de decisões relacionadas com
a seleção de estratégias de coping alternativas
 Aplicar técnicas de dessensibilização ou terapia de
implosão
 Encorajar o doente a explorar sentimentos subjacentes
que podem estar a contribuir para medos irracionais e a
enfrentá-los em vez de suprimi-los

Prof. Catarina Tomás 46


INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E
ATITUDES TERAPÊUTICAS
- FOCO: COPING INEFICAZ -
 Trabalhar com o doente para determinar os tipos de
situações que aumentam a ansiedade e resultam em
comportamentos ritualistas
 Satisfazer inicialmente as necessidades de
dependência do doente
 Encorajar a independência e dar reforço positivo a
comportamentos independentes
 No início do tratamento, permitir bastante tempo
para os rituais, não criticando nem verbalizando
desaprovação do comportamento
 Apoiar os esforços do doente em explorar o
significado e o propósito do comportamento
Prof. Catarina Tomás 47
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM E
ATITUDES TERAPÊUTICAS
- FOCO: COPING INEFICAZ -
 Proporcionar um horário estruturado de atividades para o
doente, incluindo o tempo adequado para a execução dos
rituais
 Limitar gradualmente o tempo dado ao comportamento
ritualista à medida que o doente se for envolvendo mais
noutras atividades
 Dar um reforço positivo aos comportamentos não
ritualistas
 Ajudar o doente a aprender maneiras de interromper os
pensamentos obsessivos e o comportamento ritualista
com técnicas como suspensão de pensamentos, técnicas
de relaxamento, exercício físico ou outras atividades
construtivas com as quais cada doente se sente
confortável
Prof. Catarina Tomás 48
HUMOR

Prof. Catarina Tomás 49


HUMOR

 Designa o conjunto da vida dos


sentimentos da pessoa, de acordo
com:
▪ Características mais evidentes
(qualidade do estado de humor
base)
▪ Intensidade
▪ Expressividade
▪ Duração
 É característica da personalidade
 Estado consciente, de espírito ou
de sentimento predominante
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HUMOR

 Inclui:
▪ Alegria e tristeza
▪ Optimismo e pessimismo
▪ Satisfação e insatisfação
▪ Sensação de fadiga e robustez
 MONDIMORE (2003) compara o humor a uma
“Temperatura emocional”, um conjunto de
sentimentos que exprime a própria sensação de
conforto ou desconforto emocional

Prof. Catarina Tomás 51


PERTURBAÇÕES RELACIONADAS COM O
HUMOR

 Quando perturbado, o humor desliga-se do ambiente


e sentimentos de “alegria” e “tristeza” assumem
ritmos próprios

• Experiência interna do indivíduo


Humor

• Aquilo que os outros observam no humor do


Afecto indivíduo, os sinais externos do humor

 Alguns autores consideram afecto sinónimo de humor

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PERTURBAÇÕES RELACIONADAS COM O
HUMOR
Mania
 Nestas perturbações existe
uma alteração persistente
do humor, suficientemente
Depressão
grave para provocar défice
nas actividades diárias
 Estas alterações
ultrapassam as flutuações
que todos experimentamos
 O humor normal (Eutimia)
pode:
▪ Elevar-se (Mania)
▪ Baixar (Depressão)
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PERTURBAÇÕES RELACIONADAS COM O
HUMOR
Mania

Hipomania

Humor normal

Perturbações
Depressão ligeira Bipolares
Perturbações
Depressão moderada Depressivas
Depressão grave

Depressão Psicótica
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PERT. RELACIONADAS COM O HUMOR
- EPIDEMIOLOGIA -
 São perturbações comuns, e actualmente constituem
a 4.ª causa de incapacidade a nível mundial
 A prevalência de Perturbação Depressiva Major na
população geral é de:
▪ 15 a 20% para as mulheres
▪ 5 a 10% para os homens
 A prevalência ao longo da vida da Perturbação
depressiva persistente (distimia) é de cerca de 6%
 Cerca de 2% da população sofre de algum tipo de
Perturbação Bipolar

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PERT. RELACIONADAS COM O HUMOR
- EPIDEMIOLOGIA -

 O risco de ocorrência é mais elevado:


▪ Nas mulheres, devido a:
▪ Predisposição genética
▪ Influência das hormonas sexuais
▪ Pressões sociais
▪ Maior prontidão em admitir os sintomas depressivos
▪ O facto de se darem outros diagnósticos aos homens
deprimidos, tal como o abuso de álcool
▪ Em indivíduos com história familiar positiva

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PERT. RELACIONADAS COM O HUMOR
- ETIOLOGIA -
 Factores genéticos
▪ Hereditariedade
 Factores psicológicos
▪ Ambiente na infância
▪ Cognições anormais
▪ Desamparo aprendido
▪ Factores da personalidade
(neuroticismo)
 Factores biológicos
▪ Estados físicos
▪ Alterações neuroquímicas
 Factores sociais
▪ Acontecimentos de vida
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PERT. RELACIONADAS COM O HUMOR

 As alterações relacionadas com o humor englobam:

Episódios de
alterações do • Estado atual de humor do indivíduo
humor
Perturbações
• Diagnóstico subjacente, determinado
bipolares e Pert. pelo padrão dos episódios de humor
relacionadas

Perturbações • Diagnóstico subjacente, determinado


depressivas pelo padrão dos episódios de humor

Prof. Catarina Tomás 58


EPISÓDIOS DE ALTERAÇÕES DO HUMOR

 Episódio Depressivo Major


 Episódio Maníaco
 Episódio Hipomaníaco
 Episódio Misto

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EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR

 Sintomas presentes diariamente,


a maior parte do dia, durante,
pelo menos duas semanas:
▪ Humor baixo e sensação subjectiva
de estar deprimido (sentir-se em
baixo, farto, sem esperança ou
triste)
▪ Diminuição do prazer e do interesse
pela vida (anedonia)

Prof. Catarina Tomás 60


EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR
Sintomas de humor Sintomas somáticos
Humor deprimido Perturbação do sono: insónia ou
Humor disfórico hipersónia
Variação diurna de humor (depressão do Perturbação do apetite: perda ou
princípio da manhã; o humor melhora aumento de peso
com o decorrer do dia) Perda de interesse sexual
Sentimentos de culpa e desvalorização Fadiga, perda de energia, cansaço
Anedonia Obstipação
Retraimento social Cefaleias
Ideação suicida Agravamento de estados dolorosos

Sintomas cognitivos (de pensamento) Sintomas de psicose


Falta de concentração Pensamento delirante
Falta de memória Alucinações
Indecisão Estados catatónicos
Bradipsiquia
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EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR

 Consequências:
▪ Problemas conjugais
▪ Problemas profissionais
e académicos
▪ Abuso de substâncias
▪ Utilização mais
frequente dos serviços
de saúde
▪ Suicídio

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EPISÓDIO MANÍACO

 Período distinto durante o qual


existe um humor anormal e
persistentemente elevado,
expansivo ou irritável, que dure,
pelo menos, uma semana
 O sentimento de pensar com
maior clareza e racionalidade é
muito vulgar nas fases iniciais

Autoconfiança Humor de
Bem-estar e
Euforia e zanga e
confiança
grandiosidade irritação
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EPISÓDIO MANÍACO

Sintomas do humor Sintomas somáticos


Humor alegre, eufórico Maior nível de energia
Humor irritável Menos necessidade de sono
Grandiosidade / Autoestima aumentada Apetite irregular
Mais líbido
Agitação psicomotora
Envolvimento em atividades agradáveis
com consequências negativas
Sintomas cognitivos (do pensamento) Sintomas de psicose
Sensação de maior concentração Ideias delirantes de grandeza
Taquipsiquia Alucinações
Pressão do discurso
Fuga de ideias
Distratibilidade

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EPISÓDIO HIPOMANÍACO
 Humor anormal e persistentemente elevado, expansivo
ou irritável, com duração de pelo menos 4 dias
 Pelo menos 3 dos sintomas:
▪ Auto-estima aumentada ou grandiosidade
▪ Diminuição da necessidade de dormir
▪ Mais falador do que o habitual e pressão do discurso
▪ Fuga de ideias (pouco comum) ou experiência subjectiva de
taquipsiquia
▪ Distractibilidade
▪ Aumento da actividade dirigida para objectos determinados
ou agitação psicomotora
▪ Envolvimento excessivo em actividades agradáveis que
potencialmente podem ter consequências desagradáveis

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EPISÓDIO HIPOMANÍACO

 Não estão presentes delírios ou alucinações


 Deve existir uma alteração clara no funcionamento que
não é característica do seu funcionamento habitual,
podendo assumir a forma de:
▪ Aumento na eficiência
▪ Aumento de tarefas completadas
▪ Criatividade
 Pode originar consequências desagradáveis, por
sentimentos de maior confiança darem lugar a
comportamentos imprudentes
 Não é suficientemente intenso para provocar uma clara
deficiência no funcionamento social ou ocupacional
 Sentem-se geralmente bem e por isso, não procuram
tratamento

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EPISÓDIO MISTO
 Com duração mínima de uma semana, ocorrem
simultaneamente:
▪ Sintomas de episódio maníaco
▪ Sintomas de episódio depressivo
 Ocorrem alterações de humor (tristeza, irritabilidade,
euforia) de modo rápido, acompanhadas por sintomas dos
dois episódios
 Sintomatologia frequente:
▪ Agitação
▪ Insónia
▪ Desregulação do apetite
▪ Características Psicóticas
▪ Ideação Suicida

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Perturbações Depressivas

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PERTURBAÇÕES DEPRESSIVAS

 Desregulação do humor disruptivo


 Perturbação depressiva major
 Perturbação depressiva persistente (distimia)
 Perturbação disfórica pré-menstrual
 Perturbação depressiva induzida por
substâncias/medicamentos
 Perturbação depressiva devida a outra condição
médica
 Perturbação depressiva com outra especificação
 Perturbação depressiva não especificada

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DESREGULAÇÃO DO HUMOR DISRUPTIVO

Dos 6 aos 12 anos Idade adulta

•Irritabilidade •Perturbações
persistente depressivas
•Episódios unipolares
frequentes de •Perturbações de
descontrolo ansiedade
extremo do
comportamento

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PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA MAJOR
- EPIDEMIOLOGIA -
 A prevalência na população geral é de:
▪ 15 a 20% para as mulheres
▪ 5 a 10% para os homens
 É 1 ,5 a 3 vezes mais comum em
familiares biológicos de primeiro grau
de pessoas com a perturbação
 Em 2020:
▪ 5,7% carga total das doenças, sendo a
2ª maior causa de AVAI
 Recorrência:
▪ 20% dos casos tornam-se crónicos
▪ 35% nos 2 primeiros anos
▪ 60% aos 12 anos
▪ Taxa mais elevada em adultos com mais
de 45 anos
 Cerca de 15-20% dos doentes
depressivos cometem suicídio
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PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA MAJOR

 Ocorrem um ou mais Episódios Depressivos Major,


sem história de Episódios Maníacos, Mistos ou
Hipomaníacos
▪ Video
▪ Video

 Pode apresentar-se:
▪ Crónico
▪ Com início no período pós-parto
▪ Com padrão sazonal
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PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA MAJOR
- CLASSIFICAÇÃO -
 De acordo com o número de episódios:
▪ De episódio único
▪ Recorrente
 De acordo com a etiologia:
▪ Endógena
▪ Exógena ou reativa
 De acordo com a intensidade (o número de sintomas,
intensidade dos mesmos e grau de mal-estar ou
limitação funcional):
▪ Ligeira
▪ Moderada
▪ Grave sem características psicóticas
▪ Grave com características psicóticas

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PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA
PERSISTENTE (DISTÍMIA)

 Humor cronicamente depressivo durante mais de


metade dos dias, pelo menos durante dois anos
 Não existiu nesse período um episódio depressivo
major, e nunca existiu um episódio Maníaco,
Hipomaníaco ou Misto

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PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA
PERSISTENTE (DISTÍMIA)
 Pelo menos dois dos seguintes sintomas nos
períodos de humor depressivo:
▪ Apetite diminuído ou aumentado
▪ Insónia ou hipersónia
▪ Fadiga ou pouca energia
▪ Baixa auto-estima
▪ Dificuldades de concentração ou em tomar decisões
▪ Sentimentos de falta de esperança
 Baixo interesse e auto-desvalorização
 Consideram-se pessoas desinteressadas ou
incapazes

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PERTURBAÇÃO DISFÓRICA PRÉ-
MENSTRUAL
 Início algum tempo após a ovulação e remissão em
poucos dias de menstruação
▪ Labilidade afetiva marcada
▪ Raiva ou irritabilidade acentuadas ou aumento dos
conflitos interpessoais
▪ Humor deprimido, sentimentos de desesperança ou ideias
de autodesaprovação acentuados
▪ Ansiedade, tensão e/ou sensação de estar excitada ou
enervada

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Perturbações Bipolares e
Perturbações relacionadas

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PERTURBAÇÕES BIPOLARES E
PERTURBAÇÕES RELACIONADAS
 Perturbação bipolar I
 Perturbação bipolar II
 Perturbação ciclotímica
 Perturbação bipolar induzida pro
substâncias/medicamentos e perturbações relacionadas
 Perturbação bipolar secundária a outra condição médica
e perturbações relacionadas
 Perturbação bipolar sem outra especificação e
perturbações relacionadas
 Perturbação bipolar não especificada e perturbações
relacionadas

Prof. Catarina Tomás 78


PERTURBAÇÃO BIPOLAR TIPO I

 Presença de:
▪ Um ou mais episódios maníacos ou mistos
▪ Pode existir um ou mais episódio Depressivo Major ou
hipomaníaco
 Existe mudança de polaridade
▪ Vídeo

Prof. Catarina Tomás 79


PERTURBAÇÃO BIPOLAR TIPO II

 Ocorrência de:
▪ Um ou mais Episódios Depressivos Major
▪ Pelo menos um Episódio Hipomaníaco
 Nunca ocorreu nenhum episódio Maníaco ou Misto

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PERTURBAÇÃO CICLOTÍMICA

 Perturbação crónica e flutuante que envolve:


▪ Numerosos períodos de sintomas hipomaníacos
▪ Numerosos períodos de sintomas depressivos
 Em ambos os períodos, os sintomas são em número,
intensidade, globalidade e duração, insuficientes
para preencher os critérios de Episódio Maníaco e
Depressivo Major respectivamente

Prof. Catarina Tomás 81


TRATAMENTO
 O primeiro requisito consiste na capacidade para
reconhecer a perturbação por baixo das suas muitas faces
 Existem intervenções a vários níveis:
▪ Tratamento farmacológico
▪ Estabilizador de humor (lítio, …)
▪ Antidepressivos
▪ Anticonvulsivantes (valproato de sódio, …)
▪ Antipsicóticos
▪ Sedativos (benzodiazepinas) em casos
de insónia
▪ Terapia electroconvulsivante
▪ Psicoterapia
▪ Psicoeducação
▪ Terapia cognitivo-comportamental
▪ Terapia interpessoal e de ritmo social
▪ Terapia familiar
▪ Terapia psicodinâmica Prof. Catarina Tomás 82
PSICOTERAPIA

 Fatores para uma boa resposta psicoterapêutica:


▪ Depressão pouco grave
▪ “Propensão Psicológica” – capacidade e desejo de pensar
em assuntos psicológicos
▪ Desejo de participar na terapia e cumprimento dos
exercícios
▪ Preferência pelo tratamento psicológico ou relutância em
tomar medicamentos

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INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO –
- FOCO: HIPERATIVIDADE, A AGITAÇÃO E A ANSIEDADE -
 Proporcionar ambiente calmo
 Diminuir os estímulos, nomeadamente nas atividades de
grupo
 Impedir que vá à exaustão, controlando as atividades
 Ter em conta o que aumenta a agitação, podendo ser
necessário reorientar o utente para um local mais privado
 Evitar a interação entre dois utentes com o mesmo tipo de
crise
 Dar explicações simples e sem rodeios das atividades a
realizar
 Incentivar o utente a expressar com palavras os sentimentos
de ansiedade, ira ou temor
 Ajudar o utente a planear atividades viáveis, evitando
atividades que impliquem demasiada competência

Prof. Catarina Tomás 84


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO –
- FOCO: SONO / REPOUSO -

 Diminuir os estímulos e proporcionar atividades


relaxantes
 Avaliar o nível de atividade do utente
 Observar sinais como aumento da inquietação, tremores
finos, fala arrastada e olheiras
 Monitorizar padrões de sono
 Proporcionar um horário de atividades que inclua tempo
de dormir
 Estabelecer um período de sono e tranquilidade durante
o programa quotidiano, promovendo uma rotina de sono
durante a noite e atividade durante o dia
 Evitar bebidas estimulantes
 Proporcionar medidas que promovem o sono antes de
dormir

Prof. Catarina Tomás 85


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO –
- FOCO: MALNUTRIÇÃO / AUTOCUIDADO: ALIMENTAR -SE - -

 Procurar dar alimentos que sejam possíveis de ingerir,


mesmo que não se consiga estar sentado (bebidas)
 Determinar os gostos do utente e proporcionar essas
comidas se possível
 Proporcionar snacks nutritivos ricos em proteínas e
calorias Se necessário, complementar a dieta com
suplementos nutritivos
 Manter um registo preciso da ingestão, eliminação e
contagem de calorias
 Pesar o cliente diariamente
 Administrar suplementos vitamínicos e minerais

Prof. Catarina Tomás 86


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO –
- FOCO: AUTOCUIDADO -
 Observar e registar o
comprometimento na
realização das diversas
atividades de vida diária
 Reorientar o utente para as
atividades de vida diárias
(comer, dormir, …)
 Vigiar e auxiliar o utente na
higiene diária
 Vigiar o padrão de eliminação
 Orientar a realização das
atividades de vida diária
Prof. Catarina Tomás 87
INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO –
- FOCO: CONHECIMENTO -

 Promover o envolvimento da
família no processo de
tratamento
 Realizar ensinos acerca da
doença, tratamentos, evolução,
terapêutica, intervenção ….

Prof. Catarina Tomás 88


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO –
- FOCO: COMPORTAMENTO AGRESSIVO / VIOLÊNCIA -

 Canalizar a energia do utente para actividades


controladas para evitar acidentes
 Ajudar o utente a planear atividades com
possibilidade de realização
 Não discutir com o utente
 Evitar dar ordens ou conselhos de forma autoritária e
imperativa e ameaças verbais de punição
 Encorajamentos devem ser feitos com cuidado
 Manter um nível baixo de estímulos ambientais

Prof. Catarina Tomás 89


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO –
- FOCO: COMPORTAMENTO AGRESSIVO / VIOLÊNCIA -

 Observar o utente frequentemente de forma não direta


 Remover todos os objetos perigosos do ambiente
 Interferir ao primeiro sinal de aumento da ansiedade,
agitação ou agressão verbal ou comportamental
 Oferecer resposta empática aos sentimentos do utente
 Manter e transmitir ao utente uma atitude calma
 Oferecer alternativas perante o aumento da ansiedade
 Realizar demonstração de força
 Utilizar contenção física e mecânica como último recurso

Prof. Catarina Tomás 90


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO MANÍACO -
- FOCO: INTERAÇÃO SOCIAL -
 Reconhecer o significado que os comportamentos
manipuladores têm para o utente
 Estabelecer limites para os comportamentos
manipuladores
 Não discutir, negociar ou tentar argumentar com o
utente, afirmando quais os limites e expectativas
 Confrontar o utente quando tiver interações
manipulativas ou exploradoras
 Dar reforço positivo aos comportamentos não
manipuladores
 Ajudar a reconhecer que deve aceitar as consequências
do próprio comportamento e evitar atribui-lo a outros
 Ajudar a identificar aspetos positivos sobre o self,
reconhecer realizações e sentir-se bem a respeito a elas

Prof. Catarina Tomás 91


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR –
- OBJETIVO: RELAÇÃO DE CONFIANÇA -

 Procurar que seja, sempre que possível, o mesmo


elemento a intervir junto do utente, para a promoção
de uma relação mais próxima e empática
 Evitar ser extremamente alegre na atitude com o
utente
 Utilizar o silêncio e a escuta activa, mostrando que
se preocupa e valoriza
 Evitar fazer muitas perguntas e falar de temas com
que o utente se preocupa e lhe agradem
 Ser concreto e simples, sobretudo nas primeiras
comunicações
Prof. Catarina Tomás 92
INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR –
- OBJETIVO: RELAÇÃO DE CONFIANÇA -

 Saber escutar mostrando disponibilidade para ouvir


 Manter atitude de apoio e compreensão
 Vigilância atenta e compreensiva
 Incentivar o utente a expressar os seus sentimentos
e emoções
 Não interromper a interação com comentários
inconvenientes
…

Prof. Catarina Tomás 93


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR –
- FOCO: AUTOESTIMA -
 Ajudar o utente a manter uma boa higiene e aparência
 Proporcionar no início actividades simples e fáceis de
realizar, aumentando gradualmente a complexidade das
mesmas
 Elogiar as atividades desenvolvidas
 Passar tempo com o cliente, focando-se nas forças e
conquistas e minimizando os fracassos
 Promover a participação em grupos terapêuticos que
ofereçam métodos simples de conquista
 Encorajar a reconhecer áreas de mudança e proporcionar
assistência neste esforço
 Ensinar técnicas de assertividade
 Ensinar técnicas de comunicação eficazes, evitando
afirmações críticas

Prof. Catarina Tomás 94


INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR –
- FOCO: AUTOCUIDADO -

 Encorajar a independência possível, interferindo


quando for incapaz
 Oferecer reconhecimento e reforço positivo para
conquistas independentes
 Mostrar como desempenhar atividades com as quais
tem dificuldade
 Manter registos rigorosos da ingestão de alimentos e
líquidos
 Promover o sono

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INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR –
- FOCO: SONO / REPOUSO -

 Proporcionar tranquilidade e conforto durante a hora


de dormir
 Ocupar o utente com actividades, para evitar a
hipersónia e o isolamento
 Limitar o consumo de bebidas estimulantes
 Permite que expresse os seus sentimentos antes de
dormir, como forma de diminuir a sua ansiedade
 Em caso de hipersónia, pode ser necessário assistir
o utente no levante e auto-cuidado

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INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- EPISÓDIO DEPRESSIVO MAJOR –
- FOCO: MALNUTRIÇÃO -

 Vigiar sinais que indiquem alterações a nível de


alguns sistemas, nomeadamente, eliminação,
alimentação, hidratação, alterações cutâneas
 Se necessário, promover a ingestão de alimentos
enriquecidos
 Procurar conhecer os alimentos que prefere,
proporcionando a sua ingestão sempre que possível
 Não reforçar as consequências da não ingestão de
alimentos

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INT. DE ENFERMAGEM E AT. TERAPÊUTICAS
- FOCO: SUICÍDIO -
 Questionar acerca da ideação e planos suicidas
 Criar ambiente seguro retirando todos os objetos perigosos
 Supervisionar as refeições e a administração terapêutica
 Contratualizar a curto prazo com o utente
 Discutir sentimentos suicidas com o cliente
 Encorajar a procura de ajuda nos momentos de ideação
 Encorajar a expressão de sentimentos de raiva dentro de
limites adequados, trabalhando a origem da mesma
 Identificar com o utentes estratégias de coping adaptativas
 Observar e vigiar alterações de comportamento em momentos
de maior vulnerabilidade
 Identificar os recursos comunitários de apoio em caso de
ideação suicida

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 American Psychiatric Association (2014). DSM-V: Manual de


Diagnóstico e Estatística das Per turbações Mentais. 5ª edição.
Lisboa: Climepsi Editores.
 Hallstrom, C, Mcclure, N (1990). Ansiedade e depressão: perguntas
e respostas. 1ª edição. (trad. Elsa Matos). Lisboa: Climepsi.
 Harrison, P, Geddes, J, Sharpe, M (2006). Guia Prático Climepsi de
Psiquiatria. 1 .ª edição. (trad. José Nunes de Almeida). Lisboa:
Climepsi Editores
 Mondimore, F.M. (2003). Per turbação Bipolar: Guia para doentes e
suas famílias. 1 .ª Edição. Lisboa: Climepsi, 2003. ISBN: 972-796-
047-2.
 Neeb, K. (2000). Fundamentos de Enfermagem Fundamental. (trad.
Gabriela Mouga Fernandes, et al). Loures: Lusociência.
 Schar fetter, C. (2005). Introdução à Psicopatologia Geral. 3ª Edição.
Lisboa: Climepsi Editores.
 Townsend, M. (2011). Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica:
Conceitos de Cuidado na Prática Baseada na Evidência. 6.ª edição.
(trad. Sílvia Costa Rodrigues). Loures: Lusociência.
Prof. Catarina Tomás 99
28/11/2023

Enfermagem de Saúde Mental e psiquiátrica


Ano letivo 2023/2024
Curso de Licenciatura em Enfermagem 37

7.5. Autocuidado;
Comportamento agressivo: auto e hetero;
Atividade psicomotora;
Segurança

José Carlos Gomes, 2023

Autocuidado em saúde mental: o modelo de Orem

José Carlos Gomes, 2023

1
28/11/2023

Uma Urgência Psiquiátrica?


• Mulher de 36 anos com queixas de abdominalgias. Apresenta sinais
vitais estáveis e é colocada num quarto após colheita de urina e envio
da mesma para análise. Inicia a sua entrevista com ela quando um
acidentado em estado crítico é admitido na urgência. Depois de
estabilizar esse acidentado, regressa para continuar a entrevista mas
a Sra. abandonou o serviço…

José Carlos Gomes, 2023

A Sra. volta…
• 2 horas depois, no final do seu turno, a VMER liga com a informação
que traz uma Sra. com uma ferida por bala no abdómen auto infligida.
Ela chega ao serviço sem sinais vitais. Após manobras de SAV, a Sra.,
com quem tinha conversado por um curto período de tempo 2 horas
antes, é agora declarada morta.

José Carlos Gomes, 2023

2
28/11/2023

Os “clientes” das urgências


(Zeger, 2005)

• Pelo menos 10% das admissões em SU estão associadas a urgências


psiquiátricas;
• Até 50% das pessoas admitidas em SU apresentam distúrbio
psiquiátrico;
• Até 50% das pessoas portadoras de patologia mental têm uma
patologia “física” não diagnosticada;
• Até 50% das pessoas com abuso de substâncias têm doença mental.

José Carlos Gomes, 2023

Apresentações típicas em SU
• Depressivos;
• Ansiosos / agitados;
• Não colaborantes;
• Tendências suicidas / homicidas
• Abuso de substâncias.

José Carlos Gomes, 2023

3
28/11/2023

Causas psiquiátricas potencialmente associadas a


comportamento violento
• Esquizofrenia (paranoide)
• Mania
• Distúrbio psicótico (paranoide)
• Distúrbio de personalidade (anti social)
• Alcoolismo agudo ou privação alcoólica
• Intoxicação com cocaína, anfetaminas, esteroides…
• Sindroma de privação
• Distúrbio de stresse pós traumático
• Demência
• Distúrbios de aprendizagem

José Carlos Gomes, 2023

Causas não psiquiátricas potencialmente associadas a


comportamento violento
• Doença neurológica
• Infecções cerebrais (encefalites, meningites)
• TCE com hematoma intracerebral, subaracnoideo ou subdural
• AVC
• Convulsões (epilepsia)
• Encefalopatia hepática
• Doença de Huntington
• Doença de Parkinson (relacionado com a toxicidade do levodopa)
• Doença de Wilson

José Carlos Gomes, 2023

4
28/11/2023

Causas não psiquiátricas potencialmente associadas a


comportamento violento
• Endocrinopatias
• Hipertiroidismo
• Hipotiroidismo
• Sindroma de Cushing
• Hiperparatiroidismo
• Distúrbios Metabólicos
• Hipoglicémia
• Hipoxia
• Desequilíbrio hidro electrolítico
• Hipocolesterolémia
José Carlos Gomes, 2023

Causas não psiquiátricas potencialmente associadas a


comportamento violento
• Infecções
• SIDA
• Sífilis
• Tuberculose
• Deficiência Vitamínica
• Ácido fólico
• Vitamina PP (B 3)
• Piridoxina (B 6)
• Vitamina B 12
• Alterações da Temperatura
• Hipertermia
• Hipotermia

José Carlos Gomes, 2023

10

5
28/11/2023

O que fazer em urgência psiquiátrica?

• Avaliação clínica / estabilização

• Avaliação do risco
Delirium / psicose / Suicídio

• Gestão do ambiente

José Carlos Gomes, 2023

11

Abordagem inicial

• Estável vs instável
• Violento vs não violento

José Carlos Gomes, 2023

12

6
28/11/2023

Abordagem inicial – Instável


(esta abordagem deve ser executada por profissionais com as necessárias competências.
No caso de não possuir as competências, orientar para profissional adequado)
• “Rede de segurança” (acesso IV, O2, monitorização…)
• Avaliar ABC (SBV e SAV SOS)
• Considerar possível causa etiológica:
Tóxica / metabólica
Drogas, endócrino, alteração hemodinâmica, …
Infecciosa
Sepsis, infecções do SNC, …
Estrutural
Sub-dural, hemorragia do SNC, …
Prever a possibilidade de não ter etiologia psiquiátrica “pura”.

José Carlos Gomes, 2023

13

Abordagem inicial - estável


• Avaliar potencial risco de violência
• Avaliar possibilidade de etiologia “física”
• Avaliar risco global
• Avaliação psiquiátrica (Exame mental)

José Carlos Gomes, 2023

14

7
28/11/2023

A pessoa violenta
• Diagnósticos tipicamente associados
Abuso de substâncias / síndrome de privação
Esquizofrenia / distúrbios paranóides
Distúrbio bipolar
Distúrbios de personalidade
Depressão
• A segurança é a primeira prioridade (próprio e terceiros)
• Todos as pessoas admitidas em SU por causa psiquiátrica devem ser despidos
• Procurar “armas”/ desarmá-los

José Carlos Gomes, 2023

15

A pessoa violenta
• Manter distância de segurança
• Não provoque
• Mantenha uma saída acessível
• Avalie rapidamente risco para restantes utentes e pessoal do SU
• Contenção SOS

José Carlos Gomes, 2023

16

8
28/11/2023

Como reagir? (Sudarsanan et al., 2004)

Na agressão verbal
• Responda a todas as questões de forma calma, simples e honesta
• Seja empático
• Mantenha sempre as suas mãos visíveis
• Mantenha sempre a porta aberta
• Posicione-se pelo menos a um braço de distância da pessoa cuidada
• Posicione-se lateralmente á pessoa cuidada
• Não utilize linguagem corporal ameaçadora
• Use afirmações reflexivas e nunca faça juízos de valor

José Carlos Gomes, 2023

17

Como reagir? (Sudarsanan et al., 2004)

Na agressão física
• Peça ajuda, se possível accione o equipamento de aviso para acesso a resposta
rápida
• Proteja-se de um pontapé com as pernas
• Proteja-se de um soco com as mãos
• Se necessário, fuja
• Aborde sempre a pessoa lateralmente
• Se o morderem não afaste a parte mordida, antes empurre-a contra a boca e
nariz do agressor para lhe bloquear a respiração
• Se lhe puxarem o cabelo, use as suas mãos para controlar as mãos do agressor

José Carlos Gomes, 2023

18

9
28/11/2023

Uso de contenção
• Indicação: potencial risco de agressão a si próprio ou a terceiros
• É uma medida preventiva e não punitiva
• O objetivo é prevenir riscos para o pessoal do SU e utentes (incluindo o próprio) baseado no risco potencial
identificado

Lei n.º 35/2023 de 21 de julho - Lei da Saúde Mental; Artigo 11.º Medidas coercivas
1 - Na prestação de cuidados de saúde mental, as medidas coercivas, incluindo isolamento e meios de contenção físicos ou
químicos, só podem ser usadas na medida do estritamente necessário para prevenir ofensa grave e iminente ao corpo ou à
saúde da pessoa carecida desses cuidados ou de terceiro.
2 - As medidas coercivas só podem ser utilizadas como último recurso e por um período limitado à sua estrita necessidade.
3 - O recurso a medidas coercivas deve ser específico e expressamente prescrito por um médico ou levado imediatamente ao
seu conhecimento para apreciação e aprovação, em caso de urgência ou de perigo na demora.
4 - É imediata e obrigatoriamente inscrita no processo clínico a informação sobre a natureza das medidas coercivas utilizadas,
os fundamentos da sua utilização e a duração das mesmas.
5 - As medidas coercivas são aplicadas por quem esteja treinado para o efeito e implicam uma monitorização clínica contínua,
registada no processo clínico com intervalos regulares, de modo a salvaguardar a segurança da pessoa.
José Carlos Gomes, 2023

19

Níveis de contenção
• Passiva
Verbal
Não verbal
Demonstração de força
• Activa
Química
Física

José Carlos Gomes, 2023

20

10
28/11/2023

Como proceder a uma contenção passiva (Sudarsanan et al., 2004)

Não verbal
• Sala calma
• Privacidade em relação ao serviço “caótico” (não é a mesma coisa que
isolamento)
• Respeita os direitos da pessoa
Verbal
• Definição clara e inequívoca de limites em relação ao comportamento esperado
• Demonstração de força
• Necessita de pessoal adequado (seguranças, …)
• O objetivo é evitar a necessidade de futura contenção
• Pode piorar a situação

José Carlos Gomes, 2023

21

Como proceder a uma contenção ativa (Sudarsanan et al., 2004)

(esta abordagem deve ser executada por profissionais com as necessárias competências. No caso de não possuir as competências, orientar para profissional adequado)

Química
• Explicar a necessidade de contenção
• Minimizar risco de picada acidental (para o enfermeiro e restante
pessoal)
• Haloperidol – 5 a 10 mg IM/IV (15 a 20’)
• Neurolépticos sedativos (cloropromazina (100 mg), ziprasidona (10 a
20 mg) (15 a 20’)
• Associação com hidroxizina…

José Carlos Gomes, 2023

22

11
28/11/2023

Como proceder a uma contenção ativa (Sudarsanan et al., 2004)

Física (mecânica)
• Explicar a necessidade
• Fazê-lo com o pessoal adequado
• Se for uma mulher a ser contida, é necessária a presença de uma profissional de
género feminino
• Imobilização em 4/5 pontos (membros e tronco (com material adequado)
• Decúbito dorsal
• Contenção pelo menor tempo possível
• Vigilância de enfermagem intensiva
• Registo adequado das causas e condições da contenção

José Carlos Gomes, 2023

23

Gestão do risco
• Identificar risco de agressão para o próprio ou para terceiros
• Exame mental
• Apresentação
• Consciência e orientação
• Pensamento
• Perceção
• Risco de suicídio

José Carlos Gomes, 2023

24

12
28/11/2023

Avaliação
• Antecedentes psiquiátricos
• História da doença psiquiátrica actual
• História social
• Abuso de substâncias
• Situação social
• Fontes terciárias
• Família / amigos
• Bombeiros, polícia, pároco, …
• Exame mental

José Carlos Gomes, 2023

25

Exame mental (ACHAM PALPA)


A • Apresentação
C • Consciência e orientação
H • Humor
A • Afetos
M • Motricidade

P • Perceção do “eu”
A • (Auto)Crítica
L • Linguagem
P • Pensamento
A • Agressividade (Suicídio/homicídio)

José Carlos Gomes, 2023

26

13
28/11/2023

Exame mental
• Mini exame do status mental
Atenção
Memória
Orientação
Cálculo
• Particularmente útil com guidelines previamente definidas (desafio para
os enfermeiros psiquiatras)
• O objectivo principal é ganhar melhor compreensão da situação de
doença actual
José Carlos Gomes, 2023

27

Suicídio
• (oficialmente) 1170 mortes / ano (DGS, 2003) o que significa uma
morte por suicídio a cada 8 horas em Portugal.

• De 8 a 22 recursos ao SU por comportamento suicidário por cada


suicídio consumado

José Carlos Gomes, 2023

28

14
28/11/2023

Cuidar no (tentativa de) suicídio


• Estabilizar (SBV, SAV)
• Avaliar o risco
• Fatores de risco
• Fatores protetores
• Envolver serviços sociais e psiquiátricos
• Evitar decisões isoladas
• Conhecer legislação relativa ao internamento compulsivo (Lei n.º
35/2023 de 21 de julho )

José Carlos Gomes, 2023

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Toxicologia psiquiátrica

• Síndrome Neuroléptico Maligno (SNM)

• Síndrome da Serotonina (SS)

José Carlos Gomes, 2023

30

15
28/11/2023

Síndrome Neuroléptico Maligno


• Efeito secundário dos neurolépticos
• Ocorre semanas após o inicio da terapêutica com neurolépticos
• Ocorre com aumento da dosagem
• Sintomas
Febre
Rigidez muscular generalizada
Distonia
Acinésia
Mutismo, alterações da consciência (embotamento)
Aumento do pulso e da T.A.
É fatal em 20% dos casos
José Carlos Gomes, 2023

31

Síndrome Neuroléptico Maligno


• Patofisiologia: pouco clara
• Complicações:
Rabdomiolise
Falha renal
Falha hepática
Colapso cardiovascular

José Carlos Gomes, 2023

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16
28/11/2023

Síndrome Neuroléptico Maligno - tratamento

• A identificação precoce é a chave do sucesso da intervenção


• Suspender neurolépticos
• Hidratar
• Medidas de suporte
• Antídotos dos efeitos extrapiramidais dos neurolépticos
(trihexefenidilo, biperideno, …)

José Carlos Gomes, 2023

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Síndrome da Serotonina
• Frequência crescente secundária a prescrição de novos ISRS’s
(Fluoxetina, Sertralina, Paroxitina, Fluvoxamina, …)
• Pode ocorrer com qualquer droga que aumente os níveis de
serotonina no SNC (IMAO’s - inibidores da monoamina oxidase, ou
antidepressivos tricíclicos)

José Carlos Gomes, 2023

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28/11/2023

Síndrome da Serotonina
• Ocorre quando existem elevados níveis de serotonina a nível do SNC
• Surge por diversas razões:
Aumento da dosagem da droga
Overdose
Interacção com outras drogas que potenciam a actividade dos ISRS’s
(analgésicos opiáceos, cimetidina, …)

José Carlos Gomes, 2023

35

Síndrome da Serotonina
• Constelação de sintomas
Status mental alterado
Alterações do comportamento
Anormalidades neuromusculares / Tónus muscular alterado
(Membros inferiores>membros superiores)
Hiperpirexia
Diarreia
“Dentes de coelho”

José Carlos Gomes, 2023

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18
28/11/2023

Síndrome da Serotonina
Tratamento
• A chave do sucesso é a identificação (diferenciar do SNM)
• Cuidados de suporte
• Sintomas duram entre 6 a 24 horas

José Carlos Gomes, 2023

37

Em suma…
• Pessoas com patologia psiquiátrica precisam de um trabalho de
acompanhamento bem estruturado e reflectido:
• Considerar sempre possibilidade de causa não psiquiátrica (trauma,
outras patologias)
• Realizar um bom exame mental

José Carlos Gomes, 2023

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19
28/11/2023

Em suma…
• Procurar envolver precocemente serviços de apoio (outras áreas de
intervenção intra hospitalar, comunidade)
• Admitir sempre a possibilidade de:
Risco de auto agressão (suicídio, distúrbios psicóticos)
Risco de hetero agressão (homicídio, distúrbios psicóticos)

José Carlos Gomes, 2023

39

Ratoeiras (em que nunca deve cair)


• Ansiedade inaugural (certezas…)
• Distúrbio conversivo – o famoso “DNV” (certezas…)
• Não se preocupar com sinais vitais irregulares
• Quantidade inadequada de pessoal para a contenção física
• Falha em considerar etiologia não psiquiátrica

José Carlos Gomes, 2023

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20
28/11/2023

Bandeira vermelha
• Sinais vitais anormais
• Exame físico anormal
• Sem antecedentes psiquiátricos
• História ou evidência de possível trauma
• História de uso/abuso de substâncias (prescritas ou ilegais)
• Agravamento agudo de doença preexistente

José Carlos Gomes, 2023

41

“Nursing encompasses autonomous and collaborative care of individuals of all


ages, families, groups and communities, sick or well and in all settings. Nursing
includes the promotion of health, prevention of illness, and the care of ill, disabled
and dying people. Advocacy, promotion of a safe environment, research,
participation in shaping health policy and in patient and health systems
management, and education are also key nursing roles“
(ICN)
(A Enfermagem abrange cuidados autónomos e colaborativos de indivíduos de todas as idades, famílias, grupos e
comunidades, doentes ou saudáveis e em todos os ambientes. A enfermagem inclui a promoção da saúde, a
prevenção de doenças e o cuidado de pessoas doentes, portadoras de deficiência e moribundos. A advocacia, a
promoção de um ambiente seguro, a investigação, a participação na formulação da política de saúde e na gestão
dos sistemas de saúde e dos doentes e na educação são também funções-chave da enfermagem.)

Sentiram a maçã
cair?
José Carlos Gomes, 2023

42

21
28/11/2023

Enfermagem de Saúde Mental e psiquiátrica


Ano letivo 2023/2024
Curso de Licenciatura em Enfermagem 37

7.7. Dependências e uso de substâncias

José Carlos Gomes (2023)

“Não vemos as coisas como são,


Vemo-las tal como somos…”
Talmud

José Carlos Gomes (2023)

1
28/11/2023

Um testemunho…
Quando a conheci, tinha 16 anos.
Ela, eu não sei.
Fomos apresentados numa festa
Por um tipo que se dizia meu amigo.
Foi amor à primeira vista.
Ela me enlouquecia!
Nosso amor chegou a um ponto
Em que já não conseguia mais viver sem ela.
Mas era um amor proibido.
Meus pais não aceitaram...
Fui repreendido na escola
E passamos até a nos encontrar escondidos
Mas ai não deu mais.
Fiquei louco.

José Carlos Gomes (2023)

Um testemunho…
Eu a queria, mas não a tinha.
Eu não podia permitir que me afastassem dela.
Eu a AMAVA!
Bati com o carro.
Quebrei tudo dentro de casa
E quase matei minha irmã.
Estava louco.
Precisava dela.
Hoje tenho 39 anos.
Estou abandonado pelos meus pais, amigos e por ela...
Seu nome?
COCAINA.
Devo tudo a ELA!
Meu amor...
Minha vida...
Minha destruição...
Minha MORTE!

José Carlos Gomes (2023)

2
28/11/2023

… de Freddy Mercury!

https://www.youtube.com/watch?v=fJ9rUzIMcZQ

José Carlos Gomes (2023)

“Para que uma intervenção seja eficiente, é preciso que se saiba fazer a distinção entre a ação da
droga e a ação do homem. E, para isso, é importante perceber como as drogas agem.”
Nowlis, (1990)
Em resumo, existem sempre três fatores presentes:
indivíduo, substância e meio.

As substâncias - podem ser múltiplas, com efeitos


diversos sobre o Sistema Nervoso Central;
As pessoas que as consomem;
O ambiente social circundante - tudo isto com
aspectos biológicos, psicológicos e sócio- culturais
em jogo.

José Carlos Gomes (2023)

3
28/11/2023

Indivíduo

Meio Droga

José Carlos Gomes (2023)

Escalada Quantitativa
Quantidade
de droga

Tempo

José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Escalada Qualitativa
Tipo de
droga

Tempo

José Carlos Gomes (2023)

Escalada Social Invertida


Inserção
Social

Tempo

José Carlos Gomes (2023)

10

5
28/11/2023

TIPOS DE DROGAS
Depressoras

Hipnóticos Álcool

Heroína Barbitúricos
Tranquilizantes
Opiáceos e derivados
Marijuana

Alucinógenios Anti-depressivos Cigarros

Inalantes Outro Tabaco

Cocaína
Anfetaminas Cafeína

Estimulantes
José Carlos Gomes (2023)

11

“Para que uma intervenção seja eficiente, é preciso que se saiba fazer a distinção entre a ação da
droga e a ação do homem. E, para isso, é importante perceber como as drogas agem.”
Nowlis, (1990)
“Drogas” são substâncias que ao serem introduzidas
no organismo modificam as sensações do humor
e/ou da perceção. Procura-se com elas…
› Aliviar a dor;
› Reduzir uma atividade ou sensação desagradável;
› Aumentar o nível de atividade e a sensação de energia
e/ou reduzir a sensação de cansaço;
› Obter modificações da perceção habitual que o indivíduo
tem do seu meio físico e social;
› Uma exploração interior, separação entre o espírito e o
corpo, aumento da intensidade das experiências
sensoriais;
› Atingir diversos graus de "atordoamento", de euforia.
José Carlos Gomes (2023)

12

6
28/11/2023

Substâncias psicoléticas
depressoras do S.N.C.
De todas estas substâncias, a mais utilizada, a
“rainha” em Portugal, é a heroína.

• a) Opiáceos e fármacos tipo opiáceo


• b) Benzodiazepinas
• c) Barbitúricos e outros tranquilizantes/hipnóticos

José Carlos Gomes (2023)

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Substâncias psicoléticas
depressoras do S.N.C.
a) Opiáceos e fármacos tipo opiáceo
Ópio; Derivados do ópio - morfina, heroina, etc;
Opiáceos sintéticos - petidina, metadona, LAAM,
Buprenorfina.

Vias de administração não terapêutica - injectada – chuto, caldo; fumada –


chinesa; snifada – em desenvolvimento.
Dependência física – Existe, é grave e aumenta de intensidade à medida que
aumenta a tolerância.
Dependência psíquica – Existe, é grave e bastante difícil de tratar.
Tolerância – desenvolve-se rapidamente para alguns dos seus efeitos.
Intoxicação aguda – Overdose - consumos I.V. de doses com pureza superior à
habitual; consumo excessivo; reinicio após pausa – abstinência / tolerância.

José Carlos Gomes (2023)

14

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28/11/2023

Substâncias psicoléticas
depressoras do S.N.C.
a) Opiáceos e fármacos tipo opiáceo (2)
Ópio; Derivados do ópio - morfina, heroina, etc;
Opiáceos sintéticos - petidina, metadona, LAAM,
Buprenorfina.

Atitude do doente – agitado, sonolento, estuporoso ou comatoso.


Manifestações clínicas – Hipostesia; Pele pálida ou cianosada, húmida; Miose;
Hiper ou hipotensão arterial grave; Bradicardia, pulso filiforme; Bradipneia ou
apneia, etc.
Síndroma de abstinência - inicio 6 a 12 horas após o último consumo; pode
durar três semanas; ansiedade, midríase, dores musculares, suores, espirros,
arrepios, lacrimejo, rinorreia, anorexia, náuseas, grave insónia, etc.
A intensidade e o carácter dos sintomas depende de factores:
*objectivos – dose, via, associação etc.
*subjectivos – expectativas, personalidade, ambiente, etc.

José Carlos Gomes (2023)

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Substâncias psicoléticas
depressoras do S.N.C.
b) Benzodiazepinas
Utilizadas frequentemente como “droga” de abuso, em
sobredose e associadas a bebidas alcoólicas para potenciar o
seu efeito (drunfos).

• Via de administração não terapêutica - oral – normalmente em


sobredose; via I.V. – após destilação
• Dependência física – Existe quando o consumo é prolongado e em
sobredosagem
• Dependência psíquica – Existe, é intensa e difícil de tratar
• Tolerância – de aparecimento variável. Maior em cruzamentos com álcool
e outros depressores do S.N.C.
• Intoxicação aguda - boa margem de segurança. Raramente se verifica.

• Síndrome de abstinência - existe e é semelhante ao dos barbitúricos e do


álcool. Manifestações psíquicas dominam o quadro: perturbações do
carácter e ansiedade de intensidade variável
José Carlos Gomes (2023)

16

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28/11/2023

Substâncias psicoléticas
depressoras do S.N.C.
c) Barbitúricos e outros tranquilizantes/hipnóticos
Actualmente em desuso. São fármacos derivados do ácido barbitúrico.

Via de administração não terapêutica – oral, IV, inalada


Dependência física – existe e é intensa
Tolerância – Produz-se rapidamente. Existe tolerância cruzada entre os
barbitúricos e o álcool e outros depressores.
Intoxicação aguda - a gravidade depende da quantidade e do tempo de
semi- vida do barbitúrico; é actualmente uma situação pouco frequente
Síndrome de abstinência – urgência; semelhante ao do álcool. Inicia-se
12 a 72 horas após a última toma
Manifestações clínicas - insónia severa; ansiedade intensa e
irritabilidade; alucinações e episódios confusionais; atáxia, ortostatismo
e vertigens; tremores e mioclonias; dores abdominais, náuseas e
vómitos; convulsões; excitação motora / actos agressivos e impulsivos.
José Carlos Gomes (2023)

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Substâncias psicoanaléticas estimulantes do


S.N.C.

• a) Derivados da coca
• b) Estimulantes sintéticos

José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Substâncias psicoanaléticas
estimulantes do S.N.C.
a) Derivados da coca
Cocaína; free base (crack); pasta de coca, etc.

Cocaína – pó branco solúvel na água.


Denominações vulgares – branca, coca, neve, gulosa, base, basuco, free
base, crack, etc.
Via de administração – snifada, intravenosa, fumada ou oral; uso
simultâneo de heroína e cocaína / speed ball; mais frequentemente –
cocaína seguida de heroína
Dependência física – confirma-se apesar de pouco importante
Dependência psíquica – existe e instala-se rapidamente. A cocaína
injetada e o crack têm uma aditividade muito grande.
Tolerância – confirma-se. – Mais acentuada nos consumos IV

José Carlos Gomes (2023)

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Substâncias psicoanaléticas
estimulantes do S.N.C.
a) Derivados da coca
Cocaína; free base (crack); pasta de coca, etc.

Intoxicação aguda - o tempo de semi- vida é curto pelo que, quando é


observado no hospital, o doente raramente está em crise; a sua
associação com heroina ou outros fármacos incrementa fortemente o
risco de morte
Atitude do doente - eufórico ou agitado; logorreico ou com labilidade
emocional; ansioso ou em pânico; com delírio persecutório;
eventualmente agressivo.
Síndrome de abstinência - o quadro de privação é dominado por graves
manifestações psíquicas. A nível somático podem aparecer:
perturbações de coordenação motora; sensação de opressão;
taquicardia e vertigens.
Transtorno delirante – eventualmente pode aparecer uma psicose
paranóide com: delírio persecutório; alucinações visuais, auditivas e
tácteis.

José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Substâncias psicoanaléticas
estimulantes do S.N.C.
b) Estimulantes sintéticos - anfetaminas e anorexígenos
• Denominações vulgares – anfes, speeds, dinintéis, pesexes, prelos, etc.
• Indicação não terapêutica - psico-estimulantes
• utilizadas pelos toxicodependentes como droga de abuso em sobredose
• Via de administração terapêutica - oral
• Via de administração não terapêutica – oral e IV, normalmente em sobredose.
• Dependência física - não é referida em uso terapêutico; em sobredose é de instalação
rápida.
• Dependência psíquica – existe e é bastante intensa
• Intoxicação aguda – caracterizada pela exacerbação dos efeitos estimulantes centrais
• Atitude do doente - eufórico ou agitado; logorreico ou com labilidade emocional; ansioso ou
em pânico;com delírio persecutório;eventualmente agressivo.
• Síndrome de abstinência – Existe. O quadro é dominado por graves manifestações psíquicas
que surgem após um período de excitação psicomotora com perturbações de carácter.
• Transtorno delirante – quadro dominado por:delírio persecutório;alucinações visuais,
auditivas e tácteis;grande agitação psicomotora;angústia intensa.

José Carlos Gomes (2023)

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Substâncias psicodisléticas perturbadoras do


S.N.C.

• Derivados da cannabis;
• Voláteis e inalantes;
• Alucinogéneos.

José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Substâncias psicodisléticas
perturbadoras do S.N.C.
a) – Derivados da Cannabis
Via de administração – via inalatória – fumada em mortalha ou cachimbo
Dependência física - irrelevante
Dependência psíquica – pode aparecer em função das características individuais e
culturais do consumidor.
Tolerância – pode aparecer tolerância quando cruzada com álcool ou opiáceos
Intoxicação aguda – manifestada por crise de ansiedade que diminui ao fim de
algumas horas
Atitude do doente - logorreico, com labilidade emocional, ansioso ou em pânico,
com desprezo pelo perigo, alternando períodos de sonolência com outros de atitude
vigil; quadro semelhante a uma embriaguês etílica.
Síndrome de abstinência - não há um síndrome característico a todos os
consumidores;
frequentemente referida – ansiedade, irritabilidade, insónia e anorexia.
Disponibilidade – erva, marijuana, haxixe, seruma, óleo de haxixe, etc.
Denominação dos derivados da cannabis: folhas das plantas secas, enroladas e
fumadas em mortalhas de papel: erva, seruma, boi, marijuana, grifa, etc. Da resina
da planta obtém-se o haxixe: haxe, chamon, chocolate, merda, etc.- misturado com
tabaco – charro; óleo de haxixe – destilado de cannabis - utiliza-se em gotas sobre
tabaco.
José Carlos Gomes (2023)

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Substâncias psicodisléticas perturbadoras do


S.N.C.
b) - Voláteis e inalantes
• Grupo heterogéneo de substâncias químicas, voláteis à temperatura ambiente e
cujos vapores são psicoativos
• Os seus efeitos euforizantes podem levar a que sejam utilizados como drogas de
abuso
• Via de administração – inaladas dentro de sacos, garrafas ou embebidas em tecido
• Dependência física - existe
• Tolerância – existe e instala-se rapidamente
• Intoxicação aguda - semelhante ao etilismo agudo; intensa halitose e midríase; a
sobredose pode provocar morte súbita
• Atitude do doente - inicialmente eufórico, posteriormente confuso, com ilusões e
alucinações; pode entrar em coma
• Manifestações clínicas – tosse, epistaxis, congestão nasal, diplopia, vómitos,
cefaleias, convulsões, etc.
• Síndrome de abstinência – nos consumidores crónicos – quadro inespecífico com
cefaleias, vómitos e contracções musculares
• Disponibilidade – éter, colas, diluentes, vernizes, gasolina, tira-nódoas, etc.

José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Substâncias psicodisléticas perturbadoras do


S.N.C.
c) - Alucinogénios
Substâncias naturais ou de síntese que provocam vivências psicóticas
Estimulantes do S.N.C., são “drogas psicadélicas” que provocam distorção
das percepções
Via de administração – oral, fumada e injectada
Dependência física – não está referida
Dependência psíquica – existe
Tolerância - existe e é cruzada entre as substâncias
Intoxicação aguda - quadro alucinatório ou delirante; predomínio de
alucinações visuais, habitualmente muito coloridas (psicadélicas);
desorientação alopsíquica; perturbação psico- motora
Atitude do doente - ansioso, isolado ou agitado ou em pânico;
eventualmente agressivo ou muito deprimido – bad trip
Síndrome de abstinência – não existe
Disponibilidade - Os ácidos – LSD – panteras, centenários, ratos Mickey,
etc.; Fenciclidina – PCP ou Pó de Anjo; Mescalina; Ecstasy

José Carlos Gomes (2023)

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José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Transtornos Relacionados a Substâncias


Transtornos Relacionados ao Álcool
1. Transtorno por Uso de Álcool
2. Intoxicação por Álcool
3. Abstinência de Álcool
4. Outros Transtornos Induzidos por Álcool
5. Transtorno Relacionado ao Álcool Não Especificado
Transtornos Relacionados à Cafeína
1. Intoxicação por Cafeína
2. Abstinência de Cafeína
3. Outros Transtornos Induzidos por Cafeína
4. Transtorno Relacionado à Cafeína Não Especificado
Transtornos Relacionados a Cannabis
Transtorno por Uso de Cannabis
Intoxicação por Cannabis
Abstinência de Cannabis
Outros Transtornos Induzidos por Cannabis
Transtorno Relacionado a Cannabis Não Especificado
José Carlos Gomes (2023)

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Transtornos Relacionados a Substâncias


Transtornos Relacionados a Alucinógenos
1. Transtorno por Uso de Fenciclidina
2. Transtorno por Uso de Outros Alucinógenos
3. Intoxicação por Fenciclidina
4. Intoxicação por Outros Alucinógenos
5. Transtorno Persistente da Percepção Induzido por Alucinógenos
6. Outros Transtornos Induzidos por Fenciclidina
7. Outros Transtornos Induzidos por Alucinógenos
8. Transtorno Relacionado a Fenciclidina Não Especificado
9. Transtorno Relacionado a Alucinógenos Não Especificado
Transtorno relacionados a Inalantes
1. Transtorno por Uso de Inalantes
2. Intoxicação por Inalantes
3. Outros Transtornos Induzidos por Inalantes
4. Transtorno Relacionado a Inalantes Não Especificado

José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Transtornos Relacionados a Substâncias


Transtornos Relacionados a Opioides
1. Transtorno por Uso de Opioides
2. Intoxicação por Opioides
3. Abstinência de Opioides
4. Outros Transtornos Induzidos por Opioides
5. Transtorno Relacionado a Opioides Não Especificado
Transtornos Relacionados a Sedativos, Hipnóticos ou Ansiolíticos
1. Transtorno por Uso de Sedativos, Hipnóticos ou Ansiolíticos
2. Intoxicação por Sedativos, Hipnóticos ou Ansiolíticos
3. Abstinência de Sedativos, Hipnóticos ou Ansiolíticos
4. Outros Transtornos Induzidos por Sedativos, Hipnóticos ou Ansiolíticos
5. Transtorno Relacionado a Sedativos, Hipnóticos ou Ansiolíticos Não Especificado

José Carlos Gomes (2023)

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Transtornos Relacionados a Substâncias


Transtornos Relacionados a Estimulantes
1. Transtorno por Uso de Estimulantes
2. Intoxicação por Estimulantes
3. Abstinência de Estimulantes
4. Outros Transtornos Induzidos por Estimulantes
5. Transtorno Relacionado a Estimulantes Não Especificado
Transtornos Relacionados ao Tabaco
1. Transtorno por Uso de Tabaco
2. Abstinência de Tabaco
3. Outros Transtornos Induzidos por Tabaco
4. Transtorno Relacionado ao Tabaco Não Especificado
Transtorno por Uso de Outra Substância (ou Substância Desconhecida)
1. Intoxicação por Outra Substância (ou Substância Desconhecida)
2. Abstinência de Outra Substância (ou Substância Desconhecida)
3. Transtornos Induzidos por Outra Substância (ou Substância Desconhecida)
4. Transtorno Relacionado a Outra Substância (ou Substância Desconhecida) Não Especificado

José Carlos Gomes (2023)

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28/11/2023

Transtorno por Uso de Álcool


A. Um padrão problemático de uso de álcool, levando a comprometimento ou sofrimento clinicamente
significativos, manifestado por pelo menos dois dos seguintes critérios, ocorrendo durante um período de 12
meses:
1. Álcool é frequentemente consumido em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o
pretendido.
2. Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso de álcool.
3. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção de álcool, na utilização de álcool ou na
recuperação de seus efeitos.
4. Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar álcool.
5. Uso recorrente de álcool, resultando no fracasso em desempenhar papéis importantes no trabalho, na escola
ou em casa.
6. Uso continuado de álcool, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados
ou exacerbados por seus efeitos.

José Carlos Gomes (2023)

31

Transtorno por Uso de Álcool


7. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são abandonadas ou reduzidas em virtude do
uso de álcool.
8. Uso recorrente de álcool em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física.
9. O uso de álcool é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou
recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pelo álcool.
10. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspetos:
a. Necessidade de quantidades progressivamente maiores de álcool para alcançar a intoxicação ou o efeito
desejado.
b. Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade de álcool.
11. Abstinência, manifestada por qualquer um dos seguintes aspetos:
a. Síndrome de abstinência característica de álcool (consultar os Critérios A e B do conjunto de critérios para
abstinência de álcool, p. 499-500).
b. Álcool (ou uma substância estreitamente relacionada, como benzodiazepínicos) é consumido para aliviar ou
evitar os sintomas de abstinência.

José Carlos Gomes (2023)

32

16
28/11/2023

Intoxicação por Álcool


A. Ingestão recente de álcool.
B. Alterações comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas e problemáticas (p. ex., comportamento sexual ou
agressivo inadequado, humor instável, julgamento prejudicado) desenvolvidas durante ou logo após a ingestão de álcool.
C. Um (ou mais) dos seguintes sinais ou sintomas, desenvolvidos durante ou logo após o uso de álcool:
1. Fala arrastada.
2. Incoordenação.
3. Instabilidade na marcha.
4. Nistagmo.
5. Comprometimento da atenção ou da memória.
6. Estupor ou coma.
D. Os sinais ou sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental,
incluindo intoxicação por outra substância.

José Carlos Gomes (2023)

33

Abstinência de Álcool
A. Cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de álcool.
B. Dois (ou mais) dos seguintes sintomas, desenvolvidos no período de algumas horas a alguns dias após a cessação (ou redução) do uso de
álcool descrita no Critério A:
1. Hiperatividade autonômica (p. ex., sudorese ou frequência cardíaca maior que 100 bpm).
2. Tremor aumentado nas mãos.
3. Insônia.
4. Náusea ou vômitos.
5. Alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias.
6. Agitação psicomotora.
7. Ansiedade.
8. Convulsões tônico-clônicas generalizadas.
C. Os sinais ou sintomas do Critério B causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em
outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. Os sinais ou sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental, incluindo
intoxicação por ou abstinência de outra substância

José Carlos Gomes (2023)

34

17
28/11/2023

Transtornos Não Relacionados a Substância


Transtorno do Jogo
A. Comportamento de jogo problemático persistente e recorrente levando a sofrimento ou
comprometimento clinicamente significativo, conforme indicado pela apresentação de quatro (ou
mais) dos seguintes em um período de 12 meses:586 Transtornos Relacionados a Substâncias e
Transtornos Aditivos
1. Necessidade de apostar quantias de dinheiro cada vez maiores a fim de atingir a excitação
desejada.
2. Inquietude ou irritabilidade quando tenta reduzir ou interromper o hábito de jogar.
3. Fez esforços repetidos e malsucedidos no sentido de controlar, reduzir ou interromper o hábito de
jogar.
4. Preocupação frequente com o jogo (p. ex., apresenta pensamentos persistentes sobre experiências
de jogo passadas, avalia possibilidades ou planeja a próxima quantia a ser apostada, pensa em
modos de obter dinheiro para jogar).

José Carlos Gomes (2023)

35

Transtorno do Jogo
5. Frequentemente joga quando se sente angustiado (p. ex., sentimentos de impotência, culpa,
ansiedade, depressão).
6. Após perder dinheiro no jogo, frequentemente volta outro dia para ficar quite (“recuperar o
prejuízo”).
7. Mente para esconder a extensão de seu envolvimento com o jogo.
8. Prejudicou ou perdeu um relacionamento significativo, o emprego ou uma oportunidade
educacional ou profissional em razão do jogo.
9. Depende de outras pessoas para obter dinheiro a fim de saldar situações financeiras
desesperadoras causadas pelo jogo.
B. O comportamento de jogo não é mais bem explicado por um episódio maníaco.

José Carlos Gomes (2023)

36

18
28/11/2023

Adolescência:
Crise de
adaptação á
realidade:
As variáveis

José Carlos Gomes (2023)

37

Personalidade
e
Toxicodependência

José Carlos Gomes (2023)

38

19
28/11/2023

Que psicopatologia
escondida?

José Carlos Gomes (2023)

39

Idade
Personalidade
Curiosidade
Prazer
O consumo de droga
A dimensão da relação com as drogas
Os desejos
Capacidade de auto-observação e autocrítica
O porquê de fazer agora o tratamento
O benefício real ou imaginário de “sair” da droga
A relação com o mundo das drogas
A relação com o ambiente familiar e social

José Carlos Gomes (2023)

40

20
28/11/2023

ESTABELECER
LIMITES

José Carlos Gomes (2023)

41

• Até que ponto o toxicodependente o sente como pessoa com


competência na matéria
• Até que ponto o toxicodependente o sente como pessoa disponível para
se interessar pela sua situação, ou o sente como alguém que o quer
despachar
• Se o toxicodependente procura colocar-se em competição com o técnico,
desvalorizando o que lhe é sugerido, fazendo os “seus” processos de
tratamento e auto-medicação
• Se o toxicodependente o sente como alguém que quer “espreitar” a sua
vida de toxicodependência, como um voyeur, apenas para seu prazer

José Carlos Gomes (2023)

42

21
28/11/2023

• Se o toxicodependente tem boas e proveitosas experiências prévias


• Se o toxicodependente tem experiências prévias de ter sido
culpabilizado, ou ter sido tratado por um “não profissional”
• Se o toxicodependente tem experiências prévias de ter sido explorado
financeira ou emocionalmente
• Se o toxicodependente tem experiências prévias de não Ter sido
respeitado na sua confidencialidade

José Carlos Gomes (2023)

43

• Trabalhar de forma útil para manter a proximidade e


simultaneamente a distância terapêutica

• Ajudar a manter a auto-estima do doente

• Ajudar a manter a sua capacidade crítica e de análise

• Facilitar a expressão dos afectos

• Aumentar a tolerância à frustração

• Ajudar a promover a autonomia e diminuição da “dependência”

José Carlos Gomes (2023)

44

22
28/11/2023

Diagnósticos de Enfermagem
(categorias diagnósticas da NANDA)
• Nutrição alterada: menos do que o organismo exige
• Possibilidade de infecções
• Possibilidade de alteração da temperatura corporal
• Obstipação
• Diarreia
• Alteração dos padrões de eliminação vesical
• Padrão respiratório ineficiente
• Potencial para ferimentos
• Potencial para intoxicação
• Potencial para traumatismos
José Carlos Gomes (2023)

45

Diagnósticos de Enfermagem
(categorias diagnósticas da NANDA)
• Potencial para aspiração
• Prejuízo na integridade dos tecidos
• Potencial para prejuízo na integridade cutânea
• Interacção social prejudicada
• Isolamento social
• Desempenho de papel social alterado
• Disfunção sexual
• Processos familiares alterados
• Conflito sobre o papel parental
• Ansiedade
• Alteração do desempenho individual
• Desempenho familiar desadequado
José Carlos Gomes (2023)

46

23
28/11/2023

Diagnósticos de Enfermagem
(categorias diagnósticas da NANDA)
• Potencial para a intolerância á actividade
• Perturbação do padrão do sono
• Alteração (diminuição) da actividade recreacional
• Prejuízo na manutenção da saúde
• Falta de cuidados com o banho/higiene
• Falta de cuidados com o vestir/pentear-se
• Perturbação na autoestima
• Alteração da percepção (especificar)
• Processo de pensamento alterado (especificar)
• Potencial para a violência: dirigida a si mesmo e aos outros
• Medo
José Carlos Gomes (2023)

47

“Nursing encompasses autonomous and collaborative care of individuals of all


ages, families, groups and communities, sick or well and in all settings. Nursing
includes the promotion of health, prevention of illness, and the care of ill, disabled
and dying people. Advocacy, promotion of a safe environment, research,
participation in shaping health policy and in patient and health systems
management, and education are also key nursing roles“
(ICN)
(A Enfermagem abrange cuidados autónomos e colaborativos de indivíduos de todas as idades, famílias, grupos e
comunidades, doentes ou saudáveis e em todos os ambientes. A enfermagem inclui a promoção da saúde, a
prevenção de doenças e o cuidado de pessoas doentes, portadoras de deficiência e moribundos. A advocacia, a
promoção de um ambiente seguro, a investigação, a participação na formulação da política de saúde e na gestão
dos sistemas de saúde e dos doentes e na educação são também funções-chave da enfermagem.)

Sentiram a maçã
cair?
José Carlos Gomes (2023)

48

24
Enfermagem de Saúde Mental e psiquiátrica
Ano letivo 2023/2024
Curso de Licenciatura em Enfermagem 37

7.8. Vontade de viver: suicídio e parasuicídio

José Carlos Gomes, 2023


José Carlos Gomes, 2023
Sabia que…
O suicídio representa anualmente cerca
de 1.000.000 de mortes, ou seja, 16
pessoas por cada 100.000 … … no Mundo
uma pessoa suicida-se a cada
40 segundos!
Ordem dos Enfermeiros (2010)

José Carlos Gomes, 2023


Sabia que…
A cada 3 segundos uma
pessoa atenta contra a
própria vida.!
Organização Mundial de Saúde (2000)

José Carlos Gomes, 2023


Sabia que…
Na EU, a cada
9 minutos
perde-se uma vida
devido a suicídio.
OMS (2008)

José Carlos Gomes, 2023


Sabia que…
Na EU, dos 58.000 suicídio por ano,
¾ são cometidos por homens.
OMS (2008)

José Carlos Gomes, 2023


Sabia que…
Em Portugal ocorrem
aproximadamente 1000 suicídios por
ano…
Uma vida a cada 9 horas!
Ordem dos Enfermeiros (2010)

José Carlos Gomes, 2023


Sabia que…
Por cada suicídio estima-se que ocorram
entre 20 a 30 comportamentos suicidários
protagonizados maioritariamente por jovens
do género feminino, de forma impulsiva e, na
maior parte dos casos, sem doença
psiquiátrica diagnosticada.
Ordem dos Enfermeiros (2010)

José Carlos Gomes, 2023


A importância da legislação
• A prevenção dos comportamentos suicidários
constitui actualmente uma tarefa prioritária a
nível nacional e internacional.

José Carlos Gomes, 2023


• O suicídio está entre as 10 principais causas de
morte em todo o mundo para todas as faixas
etárias.
• Encontra-se entre as cinco principais causas de
morte na faixa etária dos 15 aos 19 anos.
• No grupo etário dos 15-24 anos corresponde à
segunda causa de morte (WHO, 2006).

José Carlos Gomes, 2023


Fonte: www.publico.pt
José Carlos Gomes, 2023
• Esta é uma área de intervenção do Serviço
Nacional de Saúde a merecer mais atenção.
• Foi um dos indicadores que não se atingiu no
Plano Nacional de Saúde 2004-2010, tendo-se
agravado a morte por suicídio antes dos 65
anos de idade que, entre 2001 e 2008 passou
de 4,9 para 5,7/100 mil habitantes, ao
contrário da meta estabelecida de 2,5/100 mil.

Ordem dos Enfermeiros (2010)

José Carlos Gomes, 2023


Introdução

OMS (2010)
José Carlos Gomes, 2023
Introdução

José Carlos Gomes, 2023


OMS (2010)
Introdução

OMS (2010)
José Carlos Gomes, 2023
Introdução
Ocorre maioritariamente a sul do Tejo
(Grande Lisboa, Alentejo e Algarve).
O suicida em Portugal é, principalmente,
homem, com idade superior a 55 anos, com
história de isolamento e, na maior parte das
situações, com doença mental diagnosticada
(principalmente depressão).
Ordem dos Enfermeiros (2010)

José Carlos Gomes, 2023


José Carlos Gomes, 2023
Factores de Risco de Suicídio
• ESTADO DE SAÚDE
• Quase 95% das pessoas que cometem suicídio tem
uma perturbação mental diagnosticável (Kaplan,
Sadock e Grebb, 1997).
• Depressão (todas as formas) – 80%
• Transtorno de personalidade (anti-social e borderline com
traços de impulsividade, agressividade e frequentes
alterações do humor): 20-50%
• Alcoolismo (e/ou abuso de substância em adolescentes):
5-10%
• Esquizofrenia – 10%
• Demência – 5%
• Transtorno mental orgânico.

José Carlos Gomes, 2023 (OMS, 2000)


Factores de Risco de Suicídio
• ESTADO DE SAÚDE
• O risco de suicídio entre pessoas com doença
mental é 3 a 12 vezes maior do que para pessoas
sem diagnóstico nesta área.
• Perturbação de personalidade e de abuso de substâncias
– frequente em suicidas com menos de 30 anos
• Perturbação do humor e orgânica – frequente em suicidas
com mais de 30 anos.

José Carlos Gomes, 2023


Factores de Risco de Suicídio
• ESTADO DE SAÚDE

José Carlos Gomes, 2023 (Kaplan, Sadock e Grebb, 1997)


Factores de Risco de Suicídio
• ESTADO DE SAÚDE
• Estudos mostram que 25 – 75% das pessoas que se
suicidam apresentavam doença física.
• Exemplo: 50% dos homens com cancro que cometeram
suicídio fizeram-no até 1 ano após receberem o
diagnóstico.
• O cancro da mama ou genital estava presente em 70%
das mulheres com cancro que cometeram o suicídio.
• Existem 7 doenças do Sistema Nervoso Central que
aumentam o risco de suicídio:

José Carlos Gomes, 2023 (OMS, 2000)


Factores de Risco de Suicídio
• ESTADO DE SAÚDE
• Existem 7 doenças do Sistema Nervoso Central que
aumentam o risco de suicídio:
• Epilepsia
• Esclerose múltipla
• Traumatismo craniano
• Doença cardiovascular
• Coreia de Huntington
• Demência
• Sida

José Carlos Gomes, 2023 (Kaplan, Sadock e Grebb, 1997)


Factores de Risco de Suicídio
• ESTADO CIVIL
• Os solteiros, os divorciados e os viúvos têm uma
frequência 4 a 5 vezes maior que os indivíduos
casados.
• GÉNERO
• As mulheres tentam mais o suicídio mas o homens
são mais efectivos (70% comparitavamente a 30%
nas mulheres).
• Relacionado com a fatalidade do método utilizado:
• Sobredosagem de substâncias – Mulheres
• Armas de fogo, enforcamento - Homens

(Towsend, 2000)
José Carlos Gomes, 2023
Factores de Risco de Suicídio
• IDADE
• Correlação positiva, com 2 picos 15-35 anos e
acima de 75 anos.
• MULHERES – frequência razoavelmente estável toda a
vida
• HOMENS – Aumento gradual na adolescência, pico
máximo aos 30-35 anos e estabiliza-se até aos 65,
voltando a elevar-se posteriormente sobretudo a partir
dos 75.
• A frequência de suicídio nos adolescentes triplicou nos
últimos 30 anos.

(Towsend, 2000)
José Carlos Gomes, 2023
Factores de Risco de Suicídio
• RELIGIÃO
• Os protestantes têm uma frequência de suicídio
significativamente maior que os católicos e judeus.

• SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA
• Os indivíduos nas classes mais altas e mais baixas
têm frequências de suicídio maiores que aqueles
de classe média.
• Profissionais de saúde, da justiça, da autoridade,
da música e do ramo das seguradoras têm uma
frequência maior de suicídio.

José Carlos Gomes, 2023 (Towsend, 2000)


Factores de Risco de Suicídio

José Carlos Gomes, 2023 (Kaplan, Sadock e Grebb, 1997)


FACTORES
ETIOLÓGICOS
DE SUICÍDIO

José Carlos Gomes, 2023


Factores Etiológicos
• Sociológicos
• Teoria de Durkheim (suícidio egoísta, altruísta e
anómico).
• Ambientais
• Stressores da Vida (problemas interpessoais,
rejeição, perdas, problemas financeiros e no
trabalho, mudanças na sociedade, …)
• Exposição ao Suicídio
• Fisiológicos
• Genéticos (maior risco de suicídio em familiares de
primeiro grau quando há história de suicídio /
doença mental na família).

José Carlos Gomes, 2023


Factores Etiológicos
• Psicológicos
• Impotência (Aaron Beck)
• Raiva dirigida internamente (Freud 1957)
• Desesperança e História de agressividade e
violência
• (Ghosh e Victor, 1994)
• Desespero e culpa (Hendin, 1991)
• Desejo de matar, desejo de ser morto e desejo de
morrer (Menninger)
• Vergonha e humilhação
• Factores de stress do desenvolvimento (Rich,
Warsradt e Nemirrof, 1991)

José Carlos Gomes, 2023


Educação do Público:
Mitos e factos sobre suicídio

José Carlos Gomes, 2023 (OMS, 2000)


Educação do Público:
Reconhecimento precoce da
pessoa em risco

José Carlos Gomes, 2023


Educação do Público:
Reconhecimento precoce da
pessoa em risco

José Carlos Gomes, 2023 (OMS, 2000)


Intervenções …
• Para proporcionar um ambiente e uma relação
terapêutica:
• Estabelecer uma relação terapêutica (diálogo empático
e congruente);
• Documentar e comunicar aos membros da equipa o
potencial suicida da pessoa;
• Ficar com a pessoa (disponilizar presença e
proporcionar conforto);
• Aceitar e respeitar a pessoa (Aceitação incondicional);
• Ouvir a pessoa (Escuta activa);
• Dar à pessoa uma mensagem de Esperança (Instalação
de fé/esperança);

José Carlos Gomes, 2023


José Carlos Gomes, 2023
O objetivo é preencher uma lacuna criada pela
desconfiança,
desespero e
perda de esperança e
dar à pessoa a esperança de que as coisas
podem mudar para melhor.

José Carlos Gomes, 2023


Intervenções …
• Para proporcionar um ambiente e uma relação
terapêutica:
• Avaliar o risco de suicídio
• Obter um contrato de não suicídio
• Melhorar a ocupação / recreação da pessoa
• Avaliar o sistema de apoio e envolver pessoas
significativas na protecção da pessoa em risco
• Encaminhar para acompanhamento terapêutico mais
prolongado
• Desenvolvimento de um sentido de si mesmo mais positivo
• Aprendizagem de uma comunicação mais expressiva e mais
eficaz
• Melhoria nas relações interpessoais
• Obtenção de um sentimento de pertença a um grupo

José Carlos Gomes, 2023


Avaliação do Risco de Suicídio
• Entrevista clínica
o Avaliação do Estado mental;

o Avaliação da ideação, intenção e plano suicída;

o Análise da situação de crise (factores biopsicossociais).

• Instrumentos de avaliação do risco de suicídio


o Escala TASR

o Escala das Pessoas Tristes (SAD PERSONS scale), de seg.


Hockberger, Rothstein

José Carlos Gomes, 2023


Avaliação do Risco de Suicídio

José Carlos Gomes, 2023


Avaliação do Risco de Suicídio

José Carlos Gomes, 2023


Avaliação
do Risco de
Suicídio

José Carlos Gomes, 2023


José Carlos Gomes, 2023
Continuum de Respostas de
Autoprotecção…

Respostas Adaptadas Respostas Desadaptadas

Auto- Adopção de Comportamento Ferimentos auto- Suicídio


aperfeiçoamento riscos que autodestrutivo infligidos
promovem o indirecto
crescimento

José Carlos Gomes, 2023 (STUART E LARAIA, 2001)


Intervenções em consulta
• Além das intervenções descritas
anteriormente centrar a relação terapêutica
nos seguintes aspetos do estado mental da
pessoa em risco de suicídio:
• Ambivalência
• Impulsividade
• Rigidez

José Carlos Gomes, 2023


Intervenções …
• AMBIVALÊNCIA:
• A maioria das pessoas já teve sentimentos
confusos de cometer suicídio. Há uma urgência
de sair da dor de viver e um desejo de viver.
• Muitas pessoas suicidas não querem realmente
morrer – é somente porque elas estão infelizes
com a vida. Se for dado apoio emocional e o
desejo de viver aumentar, o risco de suicídio
diminui.

José Carlos Gomes, 2023


Intervenções …
• AMBIVALÊNCIA:
Focar na
ambivalência sentida
pela pessoa suicida,
entre viver e morrer,
fornecendo apoio
emocional até que
gradualmente o
desejo de viver se
fortaleça.

José Carlos Gomes, 2023


Intervenções …
• IMPULSIVIDADE:
• Suicídio é também um acto impulsivo.
• Como qualquer outro impulso, o impulso para
cometer suicídio é transitório e dura alguns
minutos ou horas.
• É usualmente desencadeado por eventos
negativos do dia-a-dia.
• Acalmando tal crise e ganhando tempo, o
profissional de saúde pode ajudar a diminuir o
desejo suicida.
• Estratégias relacionadas com promoção do auto-
controlo e de coping eficazes são utéis.

José Carlos Gomes, 2023


Intervenções …
• RIGIDEZ:
• Quando pessoas são suicidas, seus pensamentos,
sentimentos e acções estão constritos, quer dizer:
elas constantemente pensam sobre suicídio e não
são capazes de perceber outras maneiras de sair
do problema.
• Pensam rígida e drasticamente, e com frequência
de uma forma distorcida.

Pensamento polarizado
José Carlos Gomes, 2023
Dia Mundial da Prevenção do Suicídio
10 de Setembro

José Carlos Gomes, 2023


Organizações Nacionais e
Internacionais
• Associação Internacional para a Prevenção do
Suicídio;
• Organização Mundial de Saúde –
Departamento de Saúde Mental;
• Associação Portuguesa de Suicidologia;

José Carlos Gomes, 2023


O que é realmente importante?
• O suicídio é um problema grave de saúde
pública que tem um enorme impacto
emocional e social.
• Actualmente a prevenção dos
comportamento suicidários constitui uma
tarefa prioritária a nível internacional e
nacional.
• A intervenção neste problema deve ser
abrangente e sólida, começando a actuação
ao nível de prevenção primária.

José Carlos Gomes, 2023


O que é realmente importante?
• Suicídio é um problema complexo para o qual
não existe uma única causa ou uma única
razão. Ele resulta de uma complexa interacção
de factores biológicos, genéticos, psicológicos,
sociais, culturais e ambientais.
• É difícil explicar porque algumas pessoas
decidem cometer suicídio, enquanto outras
em situação similar ou pior não o fazem.
Contudo a maioria dos suicídios pode ser
prevenida..

José Carlos Gomes, 2023


O que é realmente importante?
• Capacitar as equipa de atenção primária e
diferenciadas (nomeadamente as equipas de
enfermagem) para identificar, abordar, gerir,
encaminhar e acompanhar uma pessoa com
risco de suicídio é um passo importante na
prevenção do suicídio.
• Compromisso, sensibilidade, conhecimento,
preocupação com outro ser humano e a
crença de que a vida é um aprendizado que
vale a pena - são os principais recursos que os
profissionais de saúde primária têm; apoiados
nisso eles podem ajudar a prevenir o suicídio.

José Carlos Gomes, 2023


A Vitima de violência sexual: saúde mental e tudo à volta

José Carlos Gomes, 2023


Enquadramento
• A violação é uma forma comum de agressão sexual
• A violação ou agressão sexual, pode acontecer com homens e
mulheres de qualquer idade.
• A violação ocorre quando uma pessoa tem sexo contra a vontade do
outro.
• Inclui penetração vaginal, oral ou anal.
• Também pode acontecer quando a vítima não controla
adequadamente o seu comportamento devido a consumo de drogas
ou álcool (voluntário ou involuntário).

José Carlos Gomes, 2023


Objectos desta “conversa”…
No final desta apresentação, devemos ser capazes de:
1. definir violência sexual e os tipos de agressões sexuais.
2. explicar os efeitos mais comuns de agressão sexual
3. descrever A violação; incidência e prevalência de violação.
4. Discutir o “status “pós violação”
5. explicar o papel dos enfermeiros e a aplicação do processo de
enfermagem perante vítimas de violação e agressão sexual.

José Carlos Gomes, 2023


Agressão sexual
• A agressão sexual é qualquer tipo de exploração sexual, actividade
que pode ser verbal, visual, ou qualquer outra
que obrigue uma pessoa a participar em contacto sexual ou a atenção
indesejados
incluindo:
• Toque inapropriado
Penetração Vaginal, anal ou oral
A relação sexual forçada
A violação
A Tentativa de violação
Abuso de crianças

José Carlos Gomes, 2023


Números que fazem pensar…
• 1 em cada 6 mulheres foram vítimas de uma tentativa, ou de um acto
consumado, de agressão sexual e 1 em cada 10 homens são
agredidos sexualmente ao logo do seu ciclo vital

• (National Institute of Justice and Centers


• for Disease Control and Prevention, 1998)

José Carlos Gomes, 2023


E mais números que fazem pensar…
67% dos sobreviventes de violação conheciam seu agressor.
47% foram agredidos por um amigo ou conhecido,
17% foram agredidos por um parceiro íntimo

(NCVS), 2004.)

Apenas 38,5% dos homens e mulheres vítimas de


violência sexual relatam a vitimização à polícia (NCVS,
2004).

José Carlos Gomes, 2023


Assédio sexual
• Forma de discriminação sexual
• Avanços sexuais indesejados, pedidos de favores sexuais e/ou
conduta física ou verbal de natureza sexual
• Muitas vezes manifesta-se de forma subtil, como
comentários sexualmente sugestivos, não desejados
• Procura tocar ou pedido ou comportamento flagrante de contacto
sexual

José Carlos Gomes, 2023


Voyeurismo
• Quando alguém observa actos íntimos de terceiros;
Exibicionismo
• Quando alguém se expõe a si mesmo em público
Incesto sexual

• Acto sexual ou tocar os órgãos sexuais entre um membro adulto da


família e um filho ou entre irmãos.

José Carlos Gomes, 2023


O que é a violação?
• Definição:
-Uma penetração sexual forçada, degradante, não consensual
acompanhada de violência e intimidação
(KathyNeeb, 2001)
- uma agressão sexual: um acto forçado, degradante e humilhante. É
uma relação sexual pela força, sem o consentimento do parceiro

José Carlos Gomes, 2023


Violação de “encontro”
• É uma violação cometida por alguém que conhece a vítima. Pode ocorrer entre duas
pessoas que se conhecem normalmente em situações sociais, como um namoro ou um
casal e ter tido relações sexuais consensuais no passado. Incluem violações de colegas
de trabalho, colegas de escola, amigos e outros conhecidos.
Violação conjugal
Drogas de violação
• Drogas ou álcool são usados para diminuir ou eliminar a capacidade de consentir com a
atividade sexual muitas vezes utilizados de forma a minimizar a resistência e da
memória da vítima
Violação em grupo
• Ocorre quando um grupo de pessoas participam na violação de uma mesma vítima
Violação na prisão
• Estas violações são praticamente sempre de cariz homossexual (presos separados por
sexo).
Violação em situação de Guerra
• São frequentemente sistemáticos e aprofundados com objetivos militares. Os líderes
militares podem incentivar seus soldados para a violação de civis...

José Carlos Gomes, 2023


José Carlos Gomes, 2023
Efeitos na vítima
Efeitos Psicológicos
• Sentir medo e pânico, chegando a apresentar ataques de pânico,
insónia, pesadelos, irritabilidade e raiva.
• Dependência de drogas ou de álcool, baixa auto-estima.
• Desenvolvimento de depressão ou de um transtorno alimentar.

José Carlos Gomes, 2023


Efeitos na vítima
Efeitos Sexuais:
• Há às vezes uma diminuição na atividade sexual
• Sofredores ocasionalmente deixam de ter relações sexuais
• Pode ter dificuldade em obter prazer sexual
• Pode desenvolver resistência a qualquer tipo de abordagem sexual.

José Carlos Gomes, 2023


Efeitos na vítima
Efeitos físicos
• dores de estômago crónicas,
• cólica menstrual mais intensa,
• dor durante a relação sexual
• Dor de cabeça, enxaquecas e dores de todas as voltas e dores no corpo
Efeitos emocionais:
• Negar o evento terrível para si e para os outros, evitando falar de situações
particulares
• repetições involuntárias de memórias do acto
• pesadelos que leva a viver a sua experiência de horror de novo
José Carlos Gomes, 2023
Rape Trauma Syndrome
• É uma forma de trauma psicológico e Perturbação de stress pós-
traumático experimentado por uma vítima de violação, que consiste
em perturbações do normal relativamente a características físicas,
emocionais, cognitivas, comportamentais e interpessoais

José Carlos Gomes, 2023


O enfermeiroperante um caso de VIOLAÇÃO

1. Respeitar a privacidade e a sensibilidade da vítima.


2. Ajudar na avaliação física.
3. Ajudar com o exame pelvico e rectal.
4. Colher amostras para análise laboratorial.
5. Cuidar das lesões associadas.
6. Permitir á vítima um banho após observação médico-legal.
7.Orientar para instituições ou serviços de acompanhamento ás vítimas de violação.

José Carlos Gomes, 2023


José Carlos Gomes, 2023
“Nursing encompasses autonomous and collaborative care of individuals of all
ages, families, groups and communities, sick or well and in all settings. Nursing
includes the promotion of health, prevention of illness, and the care of ill, disabled
and dying people. Advocacy, promotion of a safe environment, research,
participation in shaping health policy and in patient and health systems
management, and education are also key nursing roles“
(ICN)
(A Enfermagem abrange cuidados autónomos e colaborativos de indivíduos de todas as idades, famílias, grupos e
comunidades, doentes ou saudáveis e em todos os ambientes. A enfermagem inclui a promoção da saúde, a
prevenção de doenças e o cuidado de pessoas doentes, portadoras de deficiência e moribundos. A advocacia, a
promoção de um ambiente seguro, a investigação, a participação na formulação da política de saúde e na gestão
dos sistemas de saúde e dos doentes e na educação são também funções-chave da enfermagem.)

Sentiram a maçã
cair?
José Carlos Gomes, 2023
11/12/2023

Enfermagem de Saúde Mental e psiquiátrica


Ano letivo 2023/2024
Curso de Licenciatura em Enfermagem 37

7.6. Padrão de sono e repouso

José Carlos Gomes, 2023

O que é o Sono?

“condição fisiológica da atividade cerebral, periódica, caracterizada por


modificação do estado de consciência e redução da sensibilidade a
estímulos ambientais, acompanhada por características motoras, posturais e
vegetativas próprias”
(Sanchez-Planell & Loran, 2011 citados por Saraiva e Cereijeira, 2014)

“Um período de repouso para o corpo e a mente, durante a qual a volição


e a consciência estão em inatividade parcial ou completa, e as funções
corporais estão parcialmente suspensas.”
( Dorland,1981)
José Carlos Gomes, 2023

1
11/12/2023

Sono

Funções
• Restaurar processos químicos e físicos deteriorados
durante a vigília
• Conservação de energia
• Estimular o crescimento cerebral e renovação
neuronal
• Apagar memorias indesejáveis
• Consolidar a memoria
José Carlos Gomes, 2023 • Envolvida nos processos de aprendizagem

Sono

• A quantidade de tempo normalmente dispendida no sono varia de


acordo com a idade.

• As necessidades de sono são individuais, não existe um número


mágico igual para todos.

• Os seres humanos passam 1/3 das suas vidas a dormir.

José Carlos Gomes, 2023

2
11/12/2023

Movimentos reduzidos

Critérios Postura estereotipada


comportamentais
para definir o
Resposta reduzida à estimulação
estado de sono
Reversibilidade
(Carskadon & Dement, 2000 citados por Saraiva e Cereijeira, 2014)

José Carlos Gomes, 2023

Fisiologia do sono

Fase 1
(4-16% T. Sono)
Sono Não-
REM Fase 2
(45-55% T. )

Diminuição do
Tónus muscular

(4-6% T. Sono)

Fase 4
Fenómenos vegetativos e atividade onírica (sonhos)
(4-6% T. Sono)
José Carlos Gomes, 2023

3
11/12/2023

Fisiologia do sono

Varia com a idade


• Sono delta (fase 3 e 4)  duração e
profundidade na infância e pré-
NREM adolescência -  com a idade e  fase 2
• NREM estabelece-se de forma completa
durante o 1º ano vida, reduzindo-se o
REM de 50% no RN para 20-25% aos 2
anos.
• Continuidade do sono é maior na pré-
REM adolescência e menor nos extremos
de idade
José Carlos Gomes, 2023

Entrevista Exame objetivo Diário do sono e


(sempre que possível (Peso, altura, IMC, FC, TA, escalas de
entrevistar o companheiro do exame mental, exame cabeça e
quarto) pescoço, exame neurológico…) avaliação

Registo de hora de acordar e


deitar, sestas, atividades diárias,
exercício físico, hábitos de vida
rel/c sono, etc. (2 semanas)
José Carlos Gomes, 2023

4
11/12/2023

História do Sono - O que avaliar?

Tempo que a
Padrão de sono Horas de sono Qualidade de sono pessoa leva a
adormecer

Capacidade de
Períodos de Sentimento de acordar a
interrupção do rejuvenescimento determinadas Cansaço físico
sono após o sono
horas

Fatores que
possam interferir
com o sono
(…) (Sequeira, 2006)
José Carlos Gomes, 2023

Perturbações do sono
Perturbações do sono
• Insónia •
Parassónias
• Perturbações da respiração relacionadas com o
• Despertares confusionais
sono
• Sonambulismo
• Apneia obstrutiva do sono
• Terrores noturnos
• Hipersónias • Perturbação do comportamento no sono REM
• Paralisia isolada do sono
• Narcolepsia
• Pesadelos
• Hipersónia idiopática
• Hipersónias periódicas • Perturbações dos movimentos relacionados com o sono
• Síndrome das pernas inquietas
• Perturbações do ritmo circadiano do sono
• Perturbações dos movimentos periódicos dos membros
• Síndrome de atraso de fase do sono
• Síndrome de avanço de fase do sono
• Jet-lag
José Carlos Gomes, 2023

10

5
11/12/2023

Insónia

(CIPE, 2011)

Dificuldade
iniciar ou manter Ocorre apesar de
o sono, despertar oportunidade e Causa impacto
precoce ou sono circunstâncias diurno
cronicamente adequadas
não restaurador
José Carlos Gomes, 2023

11

Insónia

Caracterização
• Inicial: dificuldade em iniciar o sono
• Intermedia: acordar repetidamente durante a noite
• Terminal: acordar demasiado cedo e não conseguir
voltar a adormecer

curto prazo Insónia crónica

José Carlos Gomes, 2023

12

6
11/12/2023

Insónia

• Mais prevalente no sexo


feminino, adultos de meia-idade
e idosos, trabalhadores por
Primária Secundária turnos e em indivíduos com
perturbações psiquiátricas e
• Excluídas causas • Ocorre como um médicas
médicas, sintoma de outra
psiquiátricas ou doença, ou associada • 80% dos casos estão associados
ambientais ao abuso de com perturbações de ansiedade
substâncias ou depressivas.
• Prevalência: 5-10%
• A maioria é secundária a estados
físicos gerais, dores crónicas e
José Carlos Gomes, 2023 abuso de substâncias.

13

Insónia
• Causa muito sofrimento e é um fator de
risco de morte prematura.

Consequências • Deterioração do humor e da motivação,


da atenção, energia e concentração
. fadiga e mal-estar
• Má qualidade de vida
• > propensão a doença física e mental
Indivíduo Sociedade
• Associada a elevada percentagem de
absentismo, menor produtividade
• Maiores taxas de utilização dos
cuidados de saúde

José Carlos Gomes, 2023

14

7
11/12/2023

Insónia

Queixas
• Dificuldade em adormecer;
• Vários despertares durante a noite;
• Sono muito leve;
• Acordar muito cedo e não
conseguir voltar a dormir;
• Dormir a noite toda, mas quando se
acorda de manhã sente-se como se
não tivesse dormido.
José Carlos Gomes, 2023

15

Insónia

Preocupação
acentuada Incapacidade
Hábitos de sono desadequados que com o mal- para dormir
estar
contribuem para a insónia provocado

- Sestas durante o dia Condicionamento


- Passar demasiado tempo na cama negativo para o
sono
- Horário de sono desordenado
- Ter comportamentos incompatíveis Frustração e Esforço para
mal-estar dormir
com o sono na cama
José Carlos Gomes, 2023

16

8
11/12/2023

José Carlos Gomes, 2023

17

Perturbações da respiração relacionadas


com o sono - APNEIA OBSTRUTIVA DO
SONO
Paragens da respiração enquanto se dorme, por obstrução total (apneia
ou parcial (hipopneia) da via aérea, com duração de pelo menos dez
segundos, e que se podem repetir centenas de vezes durante a noite.
Manifestações
Sonolência diurna excessiva
Roncopatia Sonolência diurna
Pausas da respiração durante o sono
A reposição da respiração é acompanhada de movimentos agressivos, Fragmentação sono
engasgamento
Doentes não se apercebem do seu comportamento noturno Múltiplos despertares
Cefaleia matinal/boca seca
José Carlos Gomes, 2023

18

9
11/12/2023

Perturbações da respiração relacionadas


com o sono - APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO

Prevalência
• 2% nas mulheres e 4% nos homens entre os 40-60 anos

Fatores de risco
• Obesidade (sobretudo obesidade tronco e pescoço largo)
• Sexo masculino
• Anomalias craniofaciais
• Hábitos tabágicos e alcoólicos
• Toma de sedativos ou hipnóticos
• Adenoides/amigdalas hipertrofiadas
• DPOC e AVC José Carlos Gomes, 2023

19

Perturbações da respiração relacionadas


com o sono - APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO

Consequências
Impacto funcional na vida da pessoa
Complicações cardiovasculares,
pulmonares, metabólicas e
neuropsiquiátricas Diminuição do desempenho laboral
Interações sociais e familiares

Condução de veículos
Desempenho de outras atividades
que exigem maior concentração

José Carlos Gomes, 2023

20

10
11/12/2023

Perturbações da respiração relacionadas


com o sono - APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO

Tratamento
• Redução de peso
• Desobstrução nasal ao deitar
• Evitar bebidas alcoólicas e BZD/hipnóticos
• Tratamento de doenças respiratórias ou alérgicas
• Cessação tabágica
• Correção cirúrgica
• Continuous Positive Airway Pressure - CPAP: fluxo continuo de ar que impede
colapso da via aérea durante o sono José Carlos Gomes, 2023

21

Hipersónias

Hipersónia SDE, hiperfagia,


agressividade e

Hipersónia periódica hipersexualidade.


Dormem 18h/dia.
Narcolepsia
idiopática • Síndrome de Klein-
Levin
SDE, hiperfagia e
• Hipersónia
irritabilidade nos
menstrual
dias prévios à
menstruação.
José Carlos Gomes, 2023

22

11
11/12/2023

Hipersónias - NARCOLEPSIA

Crises de sono súbito e inesperado, por vezes, desencadeados por estados


emocionais.
Sintomas
• Sonolência Diurna Excessiva (SDE)
• Catalepsia
• paralisia do sono
• alucinações hipnagógicas (inicio sono)
/hipnopompicas (ao despertar) http://www.youtube.com/watch?v=eCYYxN8byAk

Tratamento Farmacoterapia (estimulantes SNC,


ISRS, ADT, …) e psicoterapia de
suporte
José Carlos Gomes, 2023

23

Hipersónias - HIPERSÓNIA IDIOPÁTICA

Queixas
• Necessidade de dormir mais horas do que o
Excessiva sonolência durante o habitual para se sentir descansado;
dia ou permanecer durante um • Sono muito profundo, dificuldade no despertar
longo período no limiar entre o matinal
sono e a vigília.
• Cansaço excessivo e sonolência diurnos;
• Adormecer em situações inapropriadas;
• As sestas não são sentidas como reparadoras
José Carlos Gomes, 2023

24

12
11/12/2023

Hipersónias - HIPERSÓNIA IDIOPÁTICA

Consequências
 da eficiência, da
concentração e da Prejuízo dos
Pode constituir um
memória durante relacionamentos perigo
as atividades sociais Tratamento
diurnas
• Higiene do sono
(planeamento de sestas)
• Farmacológico
(estimulantes do SNC)
José Carlos Gomes, 2023

25

Perturbações do ritmo circadiano do sono

Síndrome de atraso de Síndrome de avanço de


fase do sono fase do sono
• Atraso de 3-6 no período de sono • Avanço estável de 3-6h no período
convencional de sono convencional
• Insónia inicial crónica • Sonolência vespertina
• Dificuldade em acordar de manhã • Insónia terminal
• Sonolência diurna • Tratamento: terapia com luz
• Tratamento: ressincronizar o ciclo brilhante no final da tarde
sono-vigília com o ambiente social
(terapia com luz brilhante nas 1ªs horas matinais)
José Carlos Gomes, 2023

26

13
11/12/2023

Perturbações do ritmo circadiano do sono

Jet Lag
Desfasamento entre o ritmo circadiano interno e o ambiente externo relacionado
com viagens para locais com grandes diferenças horárias
Sintomas
• Fadiga
• Sonolência diurna
• Dificuldades em conciliar o sono ao horário local
• Alterações gastrointestinais

• Transitório
• Adaptação circadiana requer uma exposição apropriada à luz do dia e à
escuridão da noite do novo local
José Carlos Gomes, 2023

27

José Carlos Gomes, 2023

28

14
11/12/2023

Parassónias - DESPERTARES CONFUSIONAIS

• Desorientação (a pessoa parece acordada, mas confusa, desorientada e assustada)


• Discurso incoerente, hesitante e lentificado
• A pessoa pode andar, vestir-se ou desempenhar um comportamento complexo
• Amnésia para o evento
• Podem ocorrer episódios de violência

• Evitar privação do

Tratamento • do
Medidas de higiene sono
• Evitar consumo
sono álcool ou
José Carlos Gomes, 2023
sedativos

29

Parassónias - SONAMBULISMO

• Costuma surgir no terço inicial da noite e ter


uma duração de três a dez minutos.
• Olhos abertos
• Discurso incoerente
• Pode haver deambulação e/ou manutenção de
comportamentos complexos (sem despertar)
 lesões
• Amnésia para o evento
Tratamento
Medidas de Proteção da Técnicas de Farmacoterapia
higiene do sono
José Carlos Gomes, 2023 cama relaxamento (BZD, ISRS, ADT)

30

15
11/12/2023

Parassónias - TERRORES NOTURNOS

• “Acorda-se” aterrorizado, a chorar, mas ainda sem


estar acordado.
• Agitação e aumento do tónus muscular
• Resistência ao contacto físico com terceiros
• Amnésia para o evento
• O indivíduo é dificilmente despertável, mostrando-se
confuso e com medo
• Tem lugar no terço inicial da noite e uma duração de
10-15 minutos.
• Se não desaparecem entre os doze e os treze anos
(adolescência) ficam para toda a vida.
José Carlos Gomes, 2023

31

Parassónias - PERTURBAÇÃO DO
COMPORTAMENTO NO SONO REM

• Comportamento violento (verbal ou físico) durante os sonhos


• Olhos fechados
• Depois do episódio acorda de forma abrupta
• A pessoa recorda-se do episódio
• Consequências: lesões para o próprio ou para o companheiro de quarto

Tratamento
Garantir a Farmacológico
Psicoeducação proteção da (clonazepam,
carbamazepina, Melatonina
cama e ADT)
José Carlos Gomes, 2023

32

16
11/12/2023

Parassónias - PARALISIA ISOLADA DO SONO

• Experiencia descrita como assustadora de


imobilidade ao adormecer ou ao acordar
• Sentimentos de angústia devido às tentativas
que o doente faz para se mover, sem sucesso
• Fatores precipitantes: privação de sono e stress
emocional

Tratamento
Medidas de
higiene do Farmacológico
(ADT)
José Carlos Gomes, 2023
sono
33

Parassónias - PESADELOS

• Sonho com carga negativa, do qual


acordamos assustados, mas conseguimos
sossegar.
• Traduz as nossas preocupações, mas de
uma maneira distorcida e em sentido
figurado.
• O individuo acorda subitamente, sem
confusão ou desorientação e pode lembrar
o conteúdo do sonho

José Carlos Gomes, 2023

34

17
11/12/2023

Perturbações dos movimentos relacionados


com o sono
Perturbações dos movimentos
Síndrome das pernas inquietas
periódicos dos membros
• Forte e irresistível necessidade em • Movimentos estereotipados ou
mexer as pernas, geralmente espasmos involuntários e
acompanhada por sensações repetitivos durante o sono
descritas como desagradáveis e (envolvendo principalmente
desconfortáveis, permanentes ou membros inferiores)
transitórias, que podem acometer • As pessoas não têm noção dos
qualquer parte da perna movimentos
(+frequente na parte distal). • Associado a despertares parciais
https://www.youtube.com/watch?v=PcB32Hu9_GE https://www.youtube.com/watch?v=-oUYpmiX8GY
Tratamento: farmacoterapia
(dopaminérgicos [levodopa, ropirinol], opiáceos e hipnóticos [clonazepam])
José Carlos Gomes, 2023

35

Transtorno de Insônia
A. Queixas de insatisfação predominantes com a quantidade ou a qualidade do sono associadas a um (ou
mais) dos seguintes sintomas:
1. Dificuldade para iniciar o sono (em crianças, pode se manifestar como dificuldade para iniciar o sono sem
intervenção de cuidadores).
2. Dificuldade para manter o sono, que se caracteriza por despertares frequentes ou por problemas para
retornar ao sono depois de cada despertar (em crianças, pode se manifestar como dificuldade para retornar
ao sono sem intervenção de cuidadores).
3. Despertar antes do horário habitual com incapacidade de retornar ao sono.
B. A perturbação do sono causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social,
profissional, educacional, acadêmico, comportamental ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. As dificuldades relacionadas ao sono ocorrem pelo menos três noites por semana.
D. As dificuldades relacionadas ao sono permanecem durante pelo menos três meses.
E. As dificuldades relacionadas ao sono ocorrem a despeito de oportunidades adequadas para dormir.
F. A insônia não é mais bem explicada ou não ocorre exclusivamente durante o curso de outro transtorno do
sono-vigília (p. ex., narcolepsia, transtorno do sono relacionado à respiração, transtorno do sono-vigília do
ritmo circadiano, parassonia).
G. A insônia não é atribuída aos efeitos fisiológicos de alguma substância (p. ex., abuso de drogas ilícitas,
medicamentos).
H. A coexistência de transtornos mentais e de condições médicas não explica adequadamente a queixa
predominante de insônia.
José Carlos Gomes, 2023

36

18
11/12/2023

Transtorno de Hiper sonolência


A. Relato do próprio indivíduo de sonolência excessiva (hipersonolência) apesar de o período
principal do sono durar no mínimo 7 horas, com pelo menos um entre os seguintes sintomas:
1. Períodos recorrentes de sono ou de cair no sono no mesmo dia.
2. Um episódio de sono principal prolongado de mais de 9 horas por dia que não é reparador (i.e.,
não é revigorante).
3. Dificuldade de estar totalmente acordado depois de um despertar abrupto.
B. A Hiper sonolência ocorre pelo menos três vezes por semana, durante pelo menos três meses.
C. A Hiper sonolência é acompanhada de sofrimento significativo ou de prejuízo no funcionamento
cognitivo, social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. A Hiper sonolência não é mais bem explicada por e nem ocorre exclusivamente durante o curso
de outro transtorno do sono (p. ex., narcolepsia, transtorno do sono relacionado à respiração,
transtorno do sono-vigília do ritmo circadiano ou parassónia).
E. A Hiper sonolência não é atribuída aos efeitos fisiológicos de alguma substância (p. ex., abuso de
drogas, medicamentos).
F. A coexistência de transtornos mentais e de condições médicas não explica adequadamente a
queixa predominante de Hiper sonolência.

José Carlos Gomes, 2023

37

Narcolepsia
A. Períodos recorrentes de necessidade irresistível de dormir, cair no sono ou cochilar em um
mesmo dia. Esses períodos devem estar ocorrendo pelo menos três vezes por semana nos últimos
três meses.
B. Presença de pelo menos um entre os seguintes sintomas:
1. Episódio de cataplexia, definido como (a) ou (b), que ocorre pelo menos algumas vezes por mês:
a. Em indivíduos com doença de longa duração, episódios breves (variando de segundos a minutos)
de perda bilateral de tônus muscular, com manutenção da consciência, precipitados por risadas ou
brincadeiras.
b. Em crianças ou em indivíduos dentro de seis meses a partir do início, episódios espontâneos de
caretas ou abertura da mandíbula com projeção da língua ou hipotonia global, sem nenhum
desencadeante emocional óbvio.
2. Deficiência de hipocretina, medida usando os valores de imunorreatividade da hipocretina-1 no
líquido cerebrospinal (LCS) (inferior ou igual a um terço dos valores obtidos em testes feitos em
indivíduos saudáveis usando o mesmo teste ou inferior ou igual a 110 pg/ mL). Níveis baixos de
hipocretina-1 no LCS não devem ser observados no contexto de inflamação, infeção ou lesão
cerebral aguda.
3. Polissonografia do sono noturno demonstrando latência do sono REM inferior ou igual a 15
minutos ou teste de latência múltipla do sono demonstrando média de latência do sono inferior ou
igual a 8 minutos e dois ou mais períodos de REM no início do sono.
José Carlos Gomes, 2023

38

19
11/12/2023

Apneia e Hipopneia Obstrutivas do Sono


A. Alternativamente (1) ou (2):
1. Evidências polissonográficas de pelo menos cinco apneias ou hipopneias
obstrutivas por hora de sono e qualquer um entre os seguintes sintomas do
sono:
a. Perturbações na respiração noturna: ronco, respiração difícil/ofegante ou
pausas respiratórias durante o sono.
b. Sintomas como sonolência durante o dia, fadiga ou sono não reparador a
despeito de oportunidades suficientes para dormir que não podem ser mais
bem explicados por qualquer outro transtorno mental (incluindo um
transtorno do sono) nem ser atribuídos a alguma outra condição médica.
2. Evidências polissonográficas de 15 ou mais apneias e/ou hipopneias
obstrutivas por hora de sono, independentemente da presença de sintomas.

José Carlos Gomes, 2023

39

Apneia Central do Sono


A. Evidências polissonográficas de cinco ou mais apneias centrais por hora de sono.
B. O transtorno não é mais bem explicado por nenhum outro transtorno do sono atual.
Determinar o subtipo:
327.21 (G47.31) Apneia central do sono tipo idiopática: Caracteriza-se pela repetição de
episódios de apneias e de hipopneias durante o sono causados pela variação no esforço
respiratório, porém sem evidências de obstrução nas vias aéreas.
786.04 (R06.3) Respiração de Cheyne-Stokes: Padrão de variação periódica crescendo-
decrescendo no volume corrente resultando em apneias centrais e hipopneias com
frequência de pelo menos cinco eventos por hora, acompanhados de despertares
frequentes.
780.57 (G47-37) Apneia central do sono co mórbida com uso de opioides: A patogénese
deste subtipo é atribuída aos efeitos de opioides nos geradores do ritmo respiratório na
medula, assim como aos efeitos diferenciais da hipoxia versus a hipercapnia sobre a
estimulação respiratória.

José Carlos Gomes, 2023

40

20
11/12/2023

Hipo ventilação Relacionada ao Sono


A. A polissonografia demonstra episódios de respiração reduzida associada a níveis elevados de CO
2 (Nota: Na ausência de medições objetivas do CO2, níveis baixos persistentes de saturação de oxigênio na
hemoglobina com eventos apneicos/hipopneicos podem ser uma indicação de hipoventilação).
B. A perturbação não é mais bem explicada por nenhum outro transtorno do sono em curso.
Determinar o subtipo:
327.24 (G47.34) Hipoventilação idiopática: Este subtipo não é atribuído a nenhuma condição prontamente
identificável.
327.25 (G47.35) Hipoventilação alveolar central congênita: Este subtipo é um transtorno congênito raro no
qual, geralmente, o indivíduo se apresenta no período perinatal com respiração fraca ou cianose e apneia
durante o sono.
327.26 (G47.36) Hipoventilação relacionada ao sono co mórbida: Este subtipo é consequência de alguma
condição médica, como, por exemplo, um distúrbio pulmonar (p. ex., doença pulmonar intersticial, doença
pulmonar obstrutiva crônica) ou um distúrbio neuromuscular ou da parede torácica (p. ex., distrofias
musculares, síndrome pós-poliomielite, lesão medular cervical, cifoescoliose), ou de medicamentos (p. ex.,
benzodiazepínicos, opiáceos). Pode ocorrer também com obesidade (transtorno de hipoventilação por
obesidade), na qual reflete uma combinação de trabalho respiratório aumentado, causada por complacência
reduzida da parede torácica, descompasso entre ventilação e perfusão e estimulação ventilatória
variavelmente reduzida. Em geral, esses indivíduos se caracterizam por índices de massa corporal acima de 30
e hipercapnia durante a vigília (com pCO2 superior a 45), sem outras evidências de hipoventilação.

José Carlos Gomes, 2023

41

Transtorno do Sono-Vigília do Ritmo Circadiano


1. Tipo Fase do Sono Atrasada
2. Tipo Fase do Sono Avançada
3. Tipo Sono-Vigília Irregular
4. Transtorno do Tipo Sono-Vigília Não de 24 Horas
5. Tipo Trabalho em Turnos
Parassonias
1. Transtornos de Despertar do Sono Não REM
2. Transtorno do Pesadelo
3. Transtorno Comportamental do Sono REM
4. Síndrome das Pernas Inquietas
Transtorno do Sono Induzido por Substância/Medicamento
Outro Transtorno de Insônia Especificado
Transtorno de Insônia Não Especificado
Outro Transtorno de Hipersonolência Especificado
Transtorno de Hipersonolência Não Especificado
Outro Transtorno do Sono-Vigília Especificado
Transtorno do Sono-Vigília Não Especificado
José Carlos Gomes, 2023

42

21
11/12/2023

Regras de higiene do sono

1. Dormir o quanto for necessário. Restringir o tempo na cama parece consolidar o sono.
2. Manter o quarto às escuras durante o sono.
3. Levantar à mesma hora todos os dias, sete dias por semana, independentemente de se
ter deitado tarde.
4. Fazer exercícios regularmente pode aprofundar o sono (ocupação), mas este deverá
ocorrer preferencialmente antes das 18h.

5. Faça uma caminhada após o jantar (ajuda na digestão e a relaxar)


6. Regule a temperatura do quarto para um ambiente ameno e confortável (+-22º)
7. Proporcione um ambiente relaxante (meia-luz, ler um livro, ouvir musica calma…)
José Carlos Gomes, 2023

43

Regras de higiene do sono

7. A fome pode perturbar o sono. Uma refeição leve antes de ir para a cama pode
facilitar o sono.
8. Evite refeições pesadas ao jantar.
9. Evitar beber líquidos em excesso à noite.
10.Pode beber um copo de leite morno ou chá sem teína ou tomar um banho morno
para relaxar.
11.Evite o álcool à noite, a cafeína e os cigarros.
12.Vá para a cama assim que tiver sono, evitando adormecer no sofá
13.Não adormeça na cama com a televisão ligada
José Carlos Gomes, 2023

44

22
11/12/2023

“Nursing encompasses autonomous and collaborative care of individuals of all


ages, families, groups and communities, sick or well and in all settings. Nursing
includes the promotion of health, prevention of illness, and the care of ill, disabled
and dying people. Advocacy, promotion of a safe environment, research,
participation in shaping health policy and in patient and health systems
management, and education are also key nursing roles“
(ICN)
(A Enfermagem abrange cuidados autónomos e colaborativos de indivíduos de todas as idades, famílias, grupos e
comunidades, doentes ou saudáveis e em todos os ambientes. A enfermagem inclui a promoção da saúde, a
prevenção de doenças e o cuidado de pessoas doentes, portadoras de deficiência e moribundos. A advocacia, a
promoção de um ambiente seguro, a investigação, a participação na formulação da política de saúde e na gestão
dos sistemas de saúde e dos doentes e na educação são também funções-chave da enfermagem.)

Sentiram a maçã
cair?
José Carlos Gomes, 2023

45

23
7.9. O prestador de cuidados em Saúde
Mental e Psiquiatria - Literacia em Saúde
mental;
8.7. Estratégias de ensino em contexto de
psiquiatria
1
[Daniel Carvalho]
Sumário

Literacia em Saúde Mental

Estratégias de educação em contexto de psiquiatria

[Daniel Carvalho] 2
LS - Conceito

[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 3


LSM – Conceito

[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 4


LSM – Ordem do dia

(Loureiro, 2014)

[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 5


LS - Conceito
“competências cognitivas e sociais e a capacidade da pessoa para
aceder, compreender e utilizar informação por forma a promover e a
manter uma boa saúde”
(OMS, 1998)

“implica o conhecimento, a motivação e as competências das pessoas para aceder,


compreender, avaliar e aplicar informação em saúde de forma a formar juízos e tomar
decisões no quotidiano sobre cuidados de saúde, prevenção de doenças e
promoção da saúde, mantendo ou melhorando a sua qualidade de vida durante todo o
ciclo de vida
(DGS, 2019)

[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 6


LSM – Níveis

(Loureiro, 2014)

[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 7


LSM – Níveis

(Loureiro, 2014)

[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 8


LS – Relação entre LS e resultados Saúde

(Loureiro, 2014)

[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 9


Programa Nacional de Educação para a
Saúde Literacia e Autocuiddo

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 0
Programa Nacional de Educação para a
Saúde Literacia e Autocuiddo

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 1
Programa Nacional de Educação para a
Saúde Literacia e Autocuiddo
Literacia ao longo do ciclo de vida

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 2
Programa Nacional de Educação para a
Saúde Literacia e Autocuiddo
Intervenção e objetivos estratégicos

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 3
Programa Nacional de Educação para a
Saúde Literacia e Autocuiddo

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 4
Programa Nacional de Educação para a
Saúde Literacia e Autocuiddo

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 5
LSMental - Conceito
“Conhecimento e crenças sobre doença mental que auxiliam seu
reconhecimento, gestão ou prevenção”
(Jorm et al.,1997)

“não é simplesmente o conhecimento de problemas de saúde mental,


como uma pessoa pode adquirir de um livro psiquiátrico. Pelo contrário, é
um conhecimento ligado à ação que pode beneficiar o própria saúde
mental ou dos outros”
(Loureiro 2014)
1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 6
LSMental – Novo Conceito
Reconhecimento de distúrbios para facilitar a busca de ajuda

Conhecimento da forma como obter ajuda profissional e os tratamentos disponíveis

Conhecimento de estratégias eficazes de auto-ajuda e de manutenção de uma saúde mental positiva

Conhecimentos e habilidades para prestar primeiros socorros e apoio aos outros

Conhecimento de como prevenir transtornos mentais

Diminuir o estigma relacionado a transtornos mentais

(The National Academies Press, 2012; WHO, 2013; Kutcher et al., 2015, Jorm, 2012)
1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 7
LSMental - Objetivos

Fornecer informação clara e fidedigna sobre diferentes aspetos relacionados com a Saúde Mental

Divulgar e promover estilos de vida saudáveis

Esclarecer sinais e sintomas da doença mental, facilitar o seu reconhecimento e a procura atempada de cuidados adequados

Enriquecer a discussão do projeto terapêutico e promover a sua adesão

Garantir uma melhor utilização dos serviços de saúde

Promover uma melhor tomada de decisões em relação aos tratamentos disponíveis

Combater o estigma e a exclusão social

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 8
LSMental – Consequências
baixo nível LSMental
Reduzido ou falso Menor capacidade
Custos acrescidos
conhecimento sobre Menor competências para cuidar de
nos cuidados de Erros de medicação
as doenças e de autogestão pessoas em
saúde
tratamentos condições crónicas

Reconhecimento
Incapacidade para Dificuldade em
atempado dos
lidar com sucesso Atraso na procura de comunicar com os Baixa compreensão
sintomas, tanto no
com o sistema de ajuda. profissionais de de conceitos básicos
próprio como nos
cuidados de saúde saúde
outros,

Baixa auto-eficácia
na prevenção e
gestão de problemas
de saúde,

1
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 9
LSMental – Escalas de Avaliação

Questionário de Avaliação da Literacia em Saúde Mental (QuALiSMental)

MentaHLiS-AA (adolescentes; rastreio da literacia em saúde mental sobre abuso de


álcool)

European Health Literacy Survey (HLS-Eu)

Mental Health Literacy Scale

LSMq – Questionário de Literacia em Saúde Mental

2
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 0
LSMental – Primeira Ajuda
em Saúde Mental
“conjunto de ações realizadas em prol de uma pessoa que está a desenvolver um problema
de saúde mental ou então numa crise relacionada com a saúde mental. Esta ajuda é prestada
até ser recebida ajuda profissional apropriada ou até a crise se resolver/ultrapassar. “

Objetivos
• Preservar a vida quando a pessoa representa perigo para si e/ou para os outros
• Providenciar ajuda, de forma a prevenir que os problemas de saúde mental se agrave
• Promover a recuperação da boa saúde mental
• Providenciar conforto a uma pessoa com um problema de saúde mental

(Loureiro, 2014)
2
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 1
LSMental – Exemplo de
Intervenções
• https://www.beyondblue.org.au/
Campanhas comunitárias • http://www.eaad.net/
• https://www.tips-info.com/

Felizmente
Intervenções escolares

• www.livingworks.net
Cursos

Informação baseada na https://bipolarcaregivers.org/


https://bluepages.anu.edu.au/
web https://www.agilidades.pt/

2
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 2
LSMental – Novos Desafios
E-Health

2
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 3
Para terminar…
Quando falamos em saúde ou doença mental, existe muita confusão e mal-entendidos!

É frequente ouvirmos ideias preconcebidas sobre como são as pessoas que sofrem de perturbações
mentais, sobre os tratamentos e sobre o impacto que estas situações clinicas tem na vida das pessoas.

Esta opinião geral negativa sobre as perturbações mentais deve-se, fundamentalmente, à pouca
informação disponível sobre estes temas.

A Literacia em Saúde Mental é uma necessidade do mundo de hoje!

Uma pessoa bem informada toma melhores decisões!


2
[Daniel Carvalho] [Literacia em Saúde Mental 4
Estratégias de Ensino ao doente e
família

2
[Daniel Carvalho] 5
Estratégias de Ensino ao doente e
família

2
[Daniel Carvalho] 6
Estratégias de Ensino ao doente e família
Determinantes para aprendizagem da pessoa doente

✓ Status de saúde – aspetos físicos (energia, conforto) e emocionais

✓ Valores relativamente à saúde – auto perceção e auto responsabilização


pela saúde, valores pessoas e perceção dos fatores de risco

✓ Características do desenvolvimento – maturação física,


desenvolvimento cognitivo e psicossocial

(Whitman, 1998)
2
[Daniel Carvalho] 7
Estratégias de Ensino ao doente e família
Determinantes para aprendizagem da pessoa doente

✓ Disponibilidade para aprender

✓ Motivação

✓ Estado emocional

✓ Estado físico

✓ Etapa de desenvolvimento da pessoa

✓ Capacidade individual
(Whitman, 1998)
2
[Daniel Carvalho] 8
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Perfil Enfermeiro Educador
Mensagem clara – adaptar e tornar compreensível os termos técnicos
Escolher o modelo de aprendizagem – decidir como e que atividades/estratégias o
enfermeiro vai usar, que devem ser ajustadas e adaptadas às necessidades do
doente
Escolher o ambiente – favorável à aprendizagem que incluiu três domínios físico
(disposição espaço, posicionamento do educador, relação com educandos),
interpessoal (dinâmica das interações, motivação, interesse, relação de ajuda9 e
organizacional (data, hora, local materiais de apoio)
2
[Daniel Carvalho] 9
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Perfil Enfermeiro Educador
Experiências de aprendizagem – boa organização, conteúdos apresentados de forma lógica e
articulada, espaço para momento de interação e o ritmo da discussão/reflexão ter em conta as
características/capacidades dos educandos

Encorajar a aprendizagem ativa – pessoas aprendem melhor quando envolvidas, participação


aumenta com motivação, uso de feedback e o recurso a situações reais experiências e demonstrações

Avaliação e feedback – essencial para que o educando fique esclarecido e o educador possa corrigir
algo que não tenha ficado claro. Recurso jogos de perguntas e respostas, testes de observação, tarefas
de grupo ou individuais. Feedback/avaliação pode levar *a necessidade de reformular/planear nova
sessão
3
[Daniel Carvalho] 0
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

3
[Daniel Carvalho] 1
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

3
[Daniel Carvalho] 2
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

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Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

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[Daniel Carvalho] 4
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

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[Daniel Carvalho] 5
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

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[Daniel Carvalho] 6
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

3
[Daniel Carvalho] 7
Estratégias de Ensino ao doente e
família – Métodos pedagógicos

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[Daniel Carvalho] 8
Estratégias de Ensino ao doente e família –
Seleção do método pedagógico

3
[Daniel Carvalho] 9
Estratégias de Ensino ao doente e família –
Seleção do método pedagógico

4
[Daniel Carvalho] 0
Estratégias de Ensino ao doente e família –
Utilização de intervenções em grupo
✓ ajuda a promover comportamentos saudáveis
✓ oferece recursos de enfrentamento e apoio emocional
✓ oportunidade de interagir com outras pessoas em uma situação
semelhante
✓ possibilidade de um feedback que pode servir como um guia para
identificar sintomas e poder agir

(Cabezas, 2005)
4
[Daniel Carvalho] 1
Estratégias de Ensino ao doente e família

(Cordeiro, 2010)
4
[Daniel Carvalho] 2
Para terminar…

4
[Daniel Carvalho] 3
Bibliografia

✓ Direção Geral da Saúde (2018). Plano de Ação para a Literacia em Saúde 2019-2021–Portugal.
Ministério da Saúde: Lisboa.
✓ Harrison, P, Geddes, J, Sharpe, M (2006). Guia Prático Climepside Psiquiatria. 1.ªedição.
(trad.JoséNunesdeAlmeida). Lisboa: ClimepsiEditores.
✓ Loureiro, L.[coord.] (2014). Literacia em saúde mental. Capacitar as pessoas e as comunidades a
agir. ESEnfC: Coimbra.
✓ Townsend, M. (2011). Enfermagemem Saúde Mental e Psiquiátrica: Conceitos de Cuidado na
Prática Baseada na Evidência. 6.ª edição. (trad. Sílvia Costa Rodrigues).Loures: Lusociência.

4
[Daniel Carvalho] 4
Perturbações do
Neurodesenvolvimento
CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento

[Daniel Carvalho] [CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 1


s]
Sumário

Transtornos Globais do desenvolvimento


Perturbações do neurodesenvolvimento
Tipos de perturbações
Perturbações da aprendizagem
Perturbações do neurodesenvolvimento motor
Perturbações da comunicação
Perturbações do espectro do autismo
Perturbações da hiperatividade com défice de atenção
Incapacidade intelectual
Conceito
Critérios de diagnóstico
Fatores que influenciam os critérios
Etiologia
Epidemiologia
Graus de Gravidade
Prognóstico
Prevenção (primária e secundária)
[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 2
Transtornos Globais do
Desenvolvimento

“Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das


interacções sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por
um repertório de interesses e actividades restrito, estereotipado e
repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica
global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões.” (CID-10)

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 3


Perturbações do
neurodesnvolvimento
➢ Os problemas do desenvolvimento na criança podem apresentar-se
de diversas formas, como alterações:
No desenvolvimento motor
Na linguagem
Na interação pessoal-social
Na cognição
Outras
➢ Na maioria das vezes há comprometimentos que afectam mais de
uma função e a criança apresenta alterações funcionais mistas no
seu desenvolvimento

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 4


Perturbações do
neurodesenvolvimento

➢ As apresentações clínicas das crianças com problemas no


desenvolvimento variam muito, não só no tipo de atraso
como também na intensidade deste atraso

➢ Por vezes associado a incapacidade intelectual

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 5


Tipos de Perturbações

➢ Perturbações da aprendizagem
➢ Perturbações do neurodesenvolvimento motor
➢ Perturbações da comunicação
➢ Perturbações do espectro do autismo
➢ Perturbações da hiperatividade com défice de
atenção

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 6


Tipos de Perturbações

Perturbações da Aprendizagem
➢Com défice na leitura

➢Com défice na expressão escrita

➢Com défice na matemática

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 7


Tipos de Perturbações

Perturbações do Neurodesenvolvimento Motor


➢ Perturbação do desenvolvimento da coordenação

➢ Perturbação de movimentos estereotipados

➢ Perturbações de tiques

Perturbação de Gilles de la Tourette X

Perturbação de tiques motor ou vocal persistente (crónica)

Perturbação de tiques transitória

Perturbação de tiques com outra especificação

Perturbação de tiques não especificada

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 8


Tipos de Perturbações

Perturbações da Comunicação
Perturbações da linguagem

Perturbação do som da fala

Perturbação da comunicação social (pragmática)

Perturbação da fluência de início na infância (gaguez)

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 9


Tipos de Perturbações
Perturbações do espetro do Autismo
➢Défices persistentes na comunicação e interação social em múltiplos contextos:

• Na reciprocidade social-emocional

• Nos comportamentos comunicativos não verbais usados na interação social

• Nas capacidades de desenvolver, manter e compreender relacionamentos

➢Presença de comportamentos, interesses ou atividades restritos ou repetitivos

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 10


Autismo
Papel do Enfermeiro

• Alterações neurológicas
Risco de lesão

Interação social • Incapacidade de confiar


• Alterações neurológicas
comprometida
Comunicação verbal • Estimulação sensorial inadequada
• Estar voltado para si próprio
alterada • Alterações neurológicas

Identidade pessoal • Estimulação sensorial inadequada


• Alterações neurológicas
comprometida
[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 11
Tipos de Perturbações
Perturbação de Hiperatividade com défice de atenção

➢ Níveis incapacitantes de desatenção

➢ Desorganização

➢ Hiperatividade-impulsividade

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 12


Hiperatividade e défice de atenção
Papel do Enfermeiro

• Comportamento impulsivo
Risco de lesão • Incapacidade de perceber danos sobre si próprio

Interação social • Comportamento intrusivo


• Comportamento imaturo
comprometida
• Sistema familiar disfuncional
Baixa auto-estima • Feedbeck negativo

Não adesão ás • Baixa tolerância á frustração


• Tempos de atenção reduzida
expetativas de tarefas
[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 13
Perturbações do neurodesenvolvimento
Abordagens

Terapia Comportamental (ex. sistema de recompensas e consequências)

Terapia Familiar (ex. Genograma)

Terapia de Grupo (ex. Ludoterapia, Psicoeducação, Arte-terapia e


Expressão pela música)

Psicofarmacologia (ex. Estimulantes)

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 14


Incapacidade Intelectual

(Deficiência Mental)

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 15


Incapacidade Intelectual - Conceito

O conceito de incapacidade intelectual engloba:

➢ Funcionamento intelectual global

Definido pelo Quociente de Inteligência (QI) que é obtido por um ou mais testes de
inteligência aplicados individualmente

➢ Funcionamento adaptativo

Refere-se ao modo como os sujeitos lidam com as situações da vida quotidiana e como
cumprem as normas de independência pessoal, esperadas de alguém do seu grupo de
idade, origem sociocultural e inserção comunitária

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 16


Incapacidade Intelectual –
Critérios de Diagnóstico

Funcionamento intelectual significativamente inferior à


média:
Défices em funções intelectuais com um QI aproximadamente
igual a 70 (para crianças uma avaliação clínica do funcionamento
intelectual significativamente abaixo da média)
Défices ou insuficiências concomitantes no funcionamento
adaptativo em pelo menos um dos domínios:
• Domínio conceptual (académico)
• Domínio social
• Domínio prático
Início durante o período de desenvolvimento
[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 17
Incapacidade Intelectual
Fatores que influenciam os Critérios

Funcionamento intelectual global


• Origem sociocultural
• Língua materna
• Deficiências sensoriais, motoras e comunicativas

Funcionamento adaptativo
• Fatores emocionais
• Alterações de atividades nervosas superiores como alterações da linguagem (dislexia, por exemplo)
• Baixo nível socioeconómico ou cultural
• Educação
• Motivação
• Caraterísticas de personalidade
• Oportunidades vocacionais e sociais
• Perturbações mentais e estados físicos gerais

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 18


Incapacidade Intelectual
Fatores que influenciam os Critérios

Funcionamento intelectual global


• Origem sociocultural
• Língua materna
• Deficiências sensoriais, motoras e comunicativas

Funcionamento adaptativo
• Fatores emocionais
• Alterações de atividades nervosas superiores como alterações da linguagem (dislexia, por exemplo)
• Baixo nível socioeconómico ou cultural
• Educação
• Motivação
• Caraterísticas de personalidade
• Oportunidades vocacionais e sociais
• Perturbações mentais e estados físicos gerais

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 19


Incapacidade Intelectual - Etiologia
Fatores de risco e causas pré-natais
➢ Desnutrição materna (má nutrição fetal)

➢ Falta cuidados e vigilância pré-natal

➢ Hipoxemia

➢ Traumatismos

➢ Doenças infecciosas na gestante: sífilis, rubéola, toxoplasmose

➢ Factores tóxicos na gestante: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de


fármacos, poluição ambiental, tabagismo;

➢ Fatores genéticos (erros genéticos e hereditariedade): alterações cromossómicas


numéricas ou estruturais, alterações genéticas ou erros inatos do metabolismo,
esclerose tuberosa, …
[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 20
Incapacidade Intelectual - Etiologia

Fatores de risco e causas perinatais:


➢ Má assistência ao parto e traumas de parto

➢ Hipóxia ou anóxia

➢ Prematuridade e baixo peso

➢ Icterícia grave do recém-nascido (incompatibilidade RH/ABO)

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 21


Incapacidade Intelectual - Etiologia

Fatores de risco e causas pós-natais


➢ Desnutrição
➢ Desidratação grave
➢ Carência de estimulação global
➢ Infeções: meningite, encefalites, sarampo, …
➢ Intoxicações exógenas: envenenamento
➢ Acidentes: traumas
➢ Fatores psicossociais: privação de cuidados, privação de estimulação social e
linguística, rejeição social, restrição de oportunidades, segregação e vulnerabilidade
aos maus tratos

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 22


Incapacidade Intelectual - Etiologia

Existem síndromes que podem levar à condição de incapacidade intelectual:

➢ Perturbações do espectro do autismo

➢ Outros síndromes:

• Síndrome de Down

• Síndrome do X frágil

• Síndrome alcoólico fetal

• Esclerose tuberosa

• …

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 23


Incapacidade Intelectual -
Epidemiologia

➢ Estima-se que a percentagem de crianças e jovens com


incapacidade intelectual é de:
• 4,6% nos países em desenvolvimento

• 0,5 a 2,5% nos países desenvolvidos

➢ Estas diferenças demonstram que certas acções preventivas, como


os cuidados materno-infantis e intervenções sociais específicas,
permitem um decréscimo de crianças com incapacidade intelectual

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 24


Incapacidade Intelectual – Graus
Gravidade

➢ Incapacidade intelectual ligeira

➢ Incapacidade intelectual moderada

➢ Incapacidade intelectual grave

➢ Incapacidade intelectual profunda

➢ Incapacidade intelectual de gravidade não especificada

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 25


Incapacidade Intelectual Ligeira

Cerca de 85% de todas as deficiências mentais

QI entre 50-55 e aproximadamente 70

Desenvolvem competências sociais e de comunicação durante os anos pré-escolares

Com deficiências mínimas nas áreas sensoriomotoras, não se distinguindo muitas vezes das
crianças normais até idades posteriores

Podem adquirir conhecimentos académicos ao nível do 9º ano de escolaridade

Na vida adulta adquirem competências sociais e vocacionais adequadas a uma autonomia mínima

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 26


Incapacidade Intelectual Moderada

Cerca de 10% de todas as deficiências mentais

QI entre 35-40 até 50-55

Desenvolvem competências de comunicação durante os anos pré-escolares

Adquirem alguma autonomia a partir de um treino laboral

Pouca probabilidade de ultrapassar o 2º ano de escolaridade com treino de competências sociais e


ocupacionais

Com dificuldade em reconhecer as convenções sociais

Adaptam-se à vida em comunidade com supervisão

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 27


Incapacidade Intelectual Grave

Cerca de 3 – 4% de todas as deficiências mentais

QI entre 20-25 até 35-40

Durante os primeiros anos adquirem pouca ou nenhuma linguagem comunicativa

Em idade pré-escolar aprendem a falar e tarefas elementares de higiene

Familiarizam-se com o alfabeto, aprendem a contar e podem adquirir competências para “ler”
algumas palavras através de imagens

Na idade adulta realizam tarefas simples com apertada supervisão

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 28


Incapacidade Intelectual Profunda

Cerca de 1-2% de todas as deficiências mentais

QI abaixo dos 20-25

Na maioria dos casos são situações neurológicas que conduzem à deficiência

Na primeira infância manifestam défice de funcionamento sensoriomotor

Com treino adequado podem melhorar o desenvolvimento motor, as competências de


comunicação e de autocuidado

Realizam tarefas simples em ambientes superprotegidos

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 29


Incapacidade Intelectual não especificada

Quando existe forte suspeita de


deficiência mental que não é
detectável através dos teste
convencionais de inteligência

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 30


Atraso global do desenvolvimento

Idade inferior a 5 anos

Nível de gravidade clínica não pode ser avaliado

Requer reavaliação

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 31


Incapacidade Intelectual - Resumo

Denominação Leve Moderado Grave/Severo Profundo

Coeficiente intelectual Entre 50 e 70 Entre 35 e 55 Entre 20 e 40 Menor de 25

Período das operações


Nível Cognitivo (Piaget) Período Pré-Operatório Período sensório-motor
concretas

Idade Mental
7-12 anos 2-7 anos 0-2 anos
correspondente

Capacidade para cuidar


Independente Necessita de algum auxílio Limitada
de si

Linguagem Razoável Limitada Básica ou nula

Sem capacidade,
Capacidade para trabalhar Semiapto Tarefas básicas supervisionadas
supervisão

Capacidades sociais Normais Moderadas Poucas

Problemas físicos Raros Por vezes Comuns

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 32


Incapacidade Intelectual - Prognóstico

O desempenho a longo prazo dos indivíduos com incapacidade intelectual


depende de:
➢ Causa subjacente

➢ Grau dos défices cognitivos e adaptativos

➢ Presença de deficiência física e/ou doenças físicas

➢ Capacidade familiar

➢ Quantidade e qualidade dos apoios, serviços prestados e treino oferecido pela


escola/comunidade à criança e à família

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 33


Incapacidade Intelectual
Fatores de risco – Prevenção Primária

➢ Desenvolver a saúde em geral

➢ Promover uma maior resistência à doença

➢ Diminuir a vulnerabilidade através de:


• Planeamento familiar

• Saúde materna

• Promoção da saúde individual e do meio

• Desenvolvimento de cuidados pré e perinatais

• Prevenção de acidentes na infância

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 34


Incapacidade Intelectual
Fatores de risco – Prevenção Secundária

Desvios nos padrões normais de desenvolvimento no bebé que são


sinais de alerta
3 meses - Persistência da cabeça oscilante
7 meses – ausência de aquisição da preensão voluntária
10 meses – incapacidade de manter sozinho a posição de
sentado
Aquisição tardia da marcha

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 35


Incapacidade Intelectual
Fatores de risco – Prevenção Secundária

Sinais de alerta
➢ Aos 3 meses:
• Não fixar nem seguir com o olhar um objeto a um palmo
• Sobressaltar-se ao menor ruído
• Não sorrir ou chorar e tremer quando se lhe toca
• Não manifestar interesse em ser pegado ao colo
• Ausência de comportamento de ligação
• Choro persistente ou ausência de choro
➢ Aos 6 meses:
• Não olhar nem agarrar os objetos
• Não reagir a sons
• Desinteresse pelo ambiente
• Não manifestar desejo de ser pegado ao colo
• Apatia
• Ausência de comportamento de ligação
• Olhar fugidio e evitamento do olhar
• Não responder aos sorrisos
• Não manifestar medo de estranhos
[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 36
Incapacidade Intelectual
Fatores de risco – Prevenção Secundária

Sinais de alerta
➢ Aos 9 meses:
• Manter-se sentado e imóvel sem mudar de posição
• Não levar os objetos à boca
• Não reagir a sons
• Vocalizar de forma monótona ou não vocalizar
• Não imitar
• Apatia
• Parecer muito satisfeito se deixado só e mantendo o ambiente inalterado
➢ Aos12 meses:
• Não se por nem se manter de pé
• Não se deslocar
• Não pegar nos brinquedos ou fazê-lo só com uma mão
• Não responder a sons
• Desinteresse pelo ambiente
• Vocalizações pobres ou inexistentes
• Movimentos estereotipados (balanceio do corpo, abanar a cabeça, posições bizarras não usuais
noutras crianças)
• Não responder ao sorriso dos outros

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 37


Incapacidade Intelectual
Fatores de risco – Prevenção Secundária

Sinais de alerta
➢ Aos 18 meses:
• Não se por de pé
• Levar tudo à boca ou atirar tudo ao chão
• Não responder quando chamado
• Não vocalizar espontaneamente
• Não se interessar pelo ambiente
• Isolamento
• Ausência de jogos de imitação
• Ausência de jogos do faz de conta
• Ausência de atenção partilhada
• Ausência de apontar proto declarativo
➢ Aos 2 anos:
• Não andar
• Deitar os objetos fora
• Parecer não compreender o que se lhe diz
• Não se interessar pelo que o rodeia
• Não imitar
[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 38
Incapacidade Intelectual
Papel do Enfermeiro

• Alterações da mobilidade
Risco de lesão • Comportamento agressivo

Dependência • Alterações da mobilidade


• Falta maturidade
no autocuidado

Comunicação • Alterações do
desenvolvimento
verbal alterada

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 39


Incapacidade Intelectual
Papel do Enfermeiro

• Alterações fala
Interação social • Dificuldade em conformar-se com
comprometida comportamento social convencional

Atraso no • Isolamento em relação pessoas significativas


crescimento e • Estimulação ambiental inadequada
• Fatores hereditários
desenvolvimento

• Hospitalização
Ansiedade • Ambiente familiar
• Dificuldade lidar frustração

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 40


Bibliografia

➢ American Psychiatric Association (2014). DSM-V: Manual de


Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. 5ª edição.
Lisboa: Climepsi Editores.
➢ Harrison, P.; Geddes, J.; Sharpe, M. (2006). Guia Prático Climepsi
de Psiquiatria. (J. N. Almeida, Trad.). Lisboa: Climepsi editores.
➢ Neeb, K. (2000). Fundamentos de Enfermagem de Saúde Mental.
Loures: Lusociência.
➢ Stuart, G. W.; Laraia, M. T. (2001). Enfermagem Psiquiátrica:
Princípios e Prática. 6.ª Edição. Porto Alegre: Artmed Editora.
➢ Towsend, M. (2009). Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica.
6ª edição. Loures: Lusociência.

[Daniel Carvalho] CP7.1. Perturbações globais específicas do desenvolvimento] 41


19/12/2023

Enfermagem de Saúde Mental e psiquiátrica


Ano letivo 2023/2024
Curso de Licenciatura em Enfermagem 37

8.2. Terapias Cognitivo-comportamentais

José Carlos Gomes (2023)

Terapias Cognitivo Comportamentais


Têm como referências

 A teoria comportamental, focando o condicionamento operante, segundo o qual a escolha de


um comportamento por parte de um indivíduo terá consequências específicas;

 A teoria da aprendizagem cognitivo-comportamental, de que procedem as ideias relativas à


aprendizagem por observação, à influência do modeling e ao papel das expetativas cognitivas
no determinismo comportamental;

 A teoria cognitiva, que estuda os pensamentos, as emoções, as crenças, as atitudes e as


atribuições que influenciam os sentimentos do doente e estabelecem uma ponte entre os seus
antecedentes e o seu comportamento.
José Carlos Gomes (2023)

1
19/12/2023

Terapias Cognitivo Comportamentais

Pressupostos Básicos
 A atividade cognitiva influência o comportamento

 A atividade cognitiva pode ser monitorizada e alterada


 O comportamento desejado pode ser influenciado
mediante a mudança cognitiva
(Dobson, 2001)

José Carlos Gomes (2023)

Terapias Cognitivo Comportamentais

Pressupostos Básicos
 As crenças e atribuições desempenham um papel importante tanto
no comportamento como nas emoções, interferindo nas
interpretações que o individuo faz da realidade;

 O modelo cognitivo-comportamental centra-se no comportamento


observável e não observável (pensamentos), adquiridos através da
aprendizagem e do condicionamento no ambiente social.
(Dobson, 2001)

José Carlos Gomes (2023)

2
19/12/2023

Terapias Cognitivo Comportamentais

TCC É APLICADA:
– depressão
– fobia social
– fobias específicas
– transtorno de pânico
– transtorno de stresse pós-traumático
– transtorno obsessivo-compulsivo
– dependência de substâncias psicoativas
– disfunções sexuais
– transtornos alimentares
– transtornos de ansiedade na infância e na adolescência
– Outras
José Carlos Gomes (2023)

Terapias Cognitivo Comportamentais


CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS

Baseia-se na formulação clínica dos problemas do cliente mediante:


1. Entrevistas e instrumentos de avaliação e medida
2. História do cliente e seus problemas atuais
3. Desenvolver estratégias específicas para lidar com as dificuldades

Boa relação interpessoal e terapêutica:

1. Compreensão empática e acurada dos problemas do cliente,

2. Postura de respeito,

3. Interesse e compreensão dos problemas,

4. Compreender o funcionamento do indivíduo.


José Carlos Gomes (2023)

3
19/12/2023

Terapias Cognitivo Comportamentais

OBJETIVOS

 Tomar consciência dos seus processos cognitivos disfuncionais

 Detetar, captar, monitorizar e interromper ciclos cognitivo-emocionais


disfuncionais

 Produzir respostas de confronto mais adaptativas

 Identificar situações de risco que poderá encontrar no futuro

 Preparar-se para lidar com fracassos

José Carlos Gomes (2023)

Terapias Cognitivo Comportamentais

A característica mais marcante está na ênfase dada aos processos


cognitivos sobre os
outros quatro elementos
• O ambiente (incluindo história de vida),
• A fisiologia,
• Os afectos/emoções
• O comportamento.
Através da modificação de padrões cognitivos distorcidos ou
disfuncionais, podemos alterar os outros quatro elementos, previsivelmente,
obter uma melhora global do funcionamento de um indivíduo. (Dattilio & Freeman, 1998)
José Carlos Gomes (2023)

4
19/12/2023

Terapias Cognitivo Comportamentais


Exemplo
Situação(História de vida)

• Se estou tenso (fisiologia) quando escrevo um ensaio


• Penso “não vou escrever um bom ensaio” (cognição)
• O que me leva a sentir ansioso (emoção)
• Largo a caneta e vou dar um passeio a pé (comportamento)

Efeito do passeio ...levanta o humor, o ânimo!!!


• Reduzir a minha tensão (fisiologia)
• Posso pensar “na realidade eu escrevo bons ensaios” (cognição)
• e isto pode relaxar-me (emoção).
(Dattilio & Freeman, 11998)
José Carlos Gomes (2023) 0

Terapias Cognitivo Comportamentais

1
José Carlos Gomes (2023) 1

10

5
19/12/2023

Terapias CC – Exemplo modelo

Modelo Cognitivo comportamental básico Modelo Cognitivo comportamental básico


Exemplo fobia social 1
José Carlos Gomes (2023) 2

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Terapias Cognitivo Comportamentais

José Carlos Gomes (2023)

12

6
19/12/2023

Terapias Cognitivas

"cognição“ termo, que se refere ao conteúdo dos


pensamentos e aos processos envolvidos no ato de
pensar (perceber e processar as informações, os
mecanismos e o conteúdo de memórias, estratégias e
atitudes na resolução de problemas)
(LIMA,1990)

José Carlos Gomes (2023)

13

Terapias Cognitivas

Terapia ativa, diretiva, estruturada e limitada no tempo,


em média com quinze a vinte sessões

Caracteriza-se por ser:


1. Abordagem psicoterapêutica estruturada,
2. Participação ativa entre profissional de saúde e cliente na
resolução dos problemas,

3. Voltada para o presente, metas voltadas para o aqui e agora

José Carlos Gomes (2023)

14

7
19/12/2023

Terapias Cognitivas

Utiliza técnicas, que visam a identificação, avaliação e modificação


dos padrões de pensamentos e crenças disfuncionais que causam ou
mantêm sofrimento emocional e/ou distúrbios psicológicos no indivíduo.

Fundamenta-se no pressuposto de que as emoções, comportamentos e


reações fisiológicas estão diretamente ligados à forma como o indivíduo
avalia suas experiências no mundo.

José Carlos Gomes (2023)

15

Terapias Cognitivas - Objetivos

1. Ensinar o utente a reconhecer as cognições negativas e as


ligações entre cognição, afeto/sentimento e comportamento;

2. Examinar as evidências contra e a favor de pensamentos que são


automaticamente distorcidos, imaturos;

3. Substituir estas cognições por interpretações orientadas para a


realidade.

José Carlos Gomes (2023)

16

8
19/12/2023

Terapias Cognitivas

É possível identificar três níveis de cognição:

1. Pensamentos automáticos (nível mais superficial e


espontâneas que surge de diversas situações do quotidiano);

2. Crenças intermediárias (os conteúdos cognitivos aparecem sob a


forma de regras e suposições);
3. Crenças centrais a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo
(nível mais profundo), que se formam a partir de experiências remotas
da infância.
(Beck, 1997)

José Carlos Gomes (2023)

17

Terapias CC - Exemplo

Pensamentos automáticos: forma de pensar que decorrem de conceitos distorcidos e de crenças


disfuncionais (esquemas), geralmente originadas na infância.

Por exemplo: um menino, aos 4 anos, foi ao cinema e quando chegou a casa, soube que o pai
tinha morrido. Aos 6 anos, volta do cinema, e a sua mãe também tinha morrido.

– O esquema mental -"Cada vez que vou ao cinema, acontece uma tragédia na minha vida."

– Pensamento automático: "Ir ao cinema é muito perigoso, mata as pessoas que amo”.

– Sentimento -Mais tarde, ao pensar em ir ao cinema, a pessoa pode ser invadida por uma
grande ansiedade.

– Comportamento -evitação da situação "perigosa".

José Carlos Gomes (2023)

18

9
19/12/2023

Terapias Cognitivas

Distorções cognitivas
 Processos cognitivos que podem conduzir a emoções, comportamentos e
consequências motivacionais negativas

 Resultam de um esquema hiperativo e da interpretação errónea de eventos

Erros cognitivos
 Erros sistemáticos na lógica que levam a visões negativas erróneas e
exageradas da própria pessoa e de experiências

2
José Carlos Gomes (2023) 0

19

Terapias Cognitivo – Processos de pensamento distorcidos

Pensamento tudo ou nada -ver tudo como branco ou preto (e.g., “se não tiver todo
o controlo, perco o controlo de tudo”

Hipergeneralização - o que é concluído a partir de um acontecimento negativo, e se


aplica a outros acontecimentos relacionados ou não (regra).
Abstração seletiva - focalizar um detalhe retirado do contexto, ignorando outros
aspectos mais salientes da situação, apoiando a totalidade da experiência com base
nesse fragmento “a cidade estava cheia, foi horrível,..ah sim encontrei alguns
amigos...mas foi tão mau na cidade”
2
José Carlos Gomes (2023) 1

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19/12/2023

Terapias Cognitivo – Processos de pensamento distorcidos

Descontagem automática -tendência para absorver informação negativa e


descontar a informação positiva, e.g., “Sim cumprimentou-me mas ele é simpático
para todas as pessoas”.

Maximização e minimização-exagerar as imperfeições e minimizar os atributos


positivos.

Personalização - interpretação egocêntrica de acontecimentos interpessoais


relacionados com o self e.g., duas pessoas riem e sussurram na rua, enquanto ando,
devem estar a dizer que estou mal vestida”.
José Carlos Gomes (2023)

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Terapias Cognitivo – Processos de pensamento distorcidos

Afirmações “Should”-imperativos morais (devo fazer, tenho que me


comportar.)

Rotulagem - as reações emocionais são em larga medida produto do


rótulo que a pessoa adiciona a um fenómeno

Inferência arbitrária – chega-se a determina conclusão na ausência de


uma evidencia que a apoie ou quando esta é contrária à conclusão

José Carlos Gomes (2023)

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19/12/2023

Terapias Cognitivo – Processos de pensamento distorcidos

Generalização excessiva – chega-se a uma conclusão sobre um acontecimento


isolado e então a conclusão é estendida de maneira ilógica para outras áreas

Pensamento catastrófico – pensar sempre que vai acontecer o pior sem considerar
a possibilidade de prováveis resultados positivos

Pensamento absolutista dicotómico – as experiencias sobre si mesmo ou com os


outros são separadas em dois (fracasso ou sucesso; cheio defeitos ou
completamente prefeito)

José Carlos Gomes (2023)

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Técnicas Cognitivas – Exemplos

• MONITORIZAÇÃO DE PENSAMENTOS E SENTIMENTOS


 Objetivo é aumentar a autoconsciência do doente, reconhecendo a ligação entre certos
pensamentos/emoções e comportamentos desadaptados, conseguindo identificar respostas
adaptadas à situação
• Por exemplo através da realização de um registo diário de pensamentos e sentimentos disfuncionais
à situação (Situação; Sentimentos; Pensamentos automáticos em resposta; Resultado ou
consequência), que posteriormente são analisados e refletidos conjuntamente com o profissional tendo
em vista o aumento da sua autoconsciência; Resposta mais racional;

José Carlos Gomes (2023)

24

12
19/12/2023

Técnicas Cognitivas – Exemplos


MONITORIZAÇÃO DE PENSAMENTOS E SENTIMENTOS

 Aumenta a autoconsciência do doente, reconhecendo a ligação entre certos


pensamentos/emoções e comportamentos desadaptados, conseguindo identificar respostas
adaptativas à situação

José Carlos Gomes (2023)

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Técnicas Cognitivas – Exemplos

QUESTIONAR A EVIDÊNCIA
 Objetivo é examinar com o utente a evidência usada par apoiar determinada convicção, bem como
a sua origem
 Os utentes devem questionar a equipa, família e membros da rede de apoio social para esclarecer
erros de informação com vista a interpretações mais realistas e apropriadas das evidências,
esclarecendo erros de informação

–“Que evidência tenho deste pensamento?”

–“Há alguma explicação alternativa?”

–“Preciso encontrar mais evidência sobre a realidade deste pensamento?”

José Carlos Gomes (2023)

26

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19/12/2023

Técnicas Cognitivas – Exemplos

EXAMINAR ALTERNATIVAS

 Objetivo é trabalhar com o doente no sentido de gerar opções adicionais com


base nos pontos fortes e recursos de enfrentamento do doente

 Quando os doentes consideram que perdem todas as opções

José Carlos Gomes (2023)

27

Técnicas Cognitivas – Exemplos

DESCATASTROFIZAÇÃO

 Objetivo é ajudar o doente a determinar a natureza catastrófica de uma situação, e a


compreender que as consequências das ações de vida geralmente não são de “tudo ou
nada”

 Também chamada de técnica do: “e se…”

–“Qual é a pior coisa que pode acontecer?”

–“Seria tão terrível assim, se isso realmente acontecesse?”

–“Como outras pessoas enfrentam algo assim?”


José Carlos Gomes (2023)

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19/12/2023

Técnicas Cognitivas – Exemplos

REENQUADRAMENTO

 Objetivo é alterar a perceção de uma situação ou um comportamento, bem como o seu significado

 Envolve um foco em outros aspetos do problema ou o incentivo para ver a questão de uma perspetiva
diferente

 Engloba a avaliação das vantagens e desvantagens de manter determinada crença ou comportamento,


ajudando o cliente a obter o equilíbrio e a desenvolver uma nova perspetiva mais ampla do problema

 Transformar a adversidade em vantagem - Ajudar a desafiar o significado de uma crença ou


comportamento. Se o significado destes mudarem, então também a resposta do doente mudará. Por ex.
ajudar o cliente a ver uma adversidade como um acontecimento positivo.
3
José Carlos Gomes (2023) 0

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Técnicas Cognitivas – Exemplos

CESSAÇÃO DO PENSAMENTO

 O pensamento disfuncional pode, com frequência, começar com um problema


pequeno ou insignificante e, acumular importância e ser difícil de parar.

 Deve ser usada no início do pensamento disfuncional

 Inicialmente o doente identifica o pensamento problemático e fala sobre ele. O


enfermeiros diz PÁRE interrompendo o pensamento do doente.

 Posteriormente o utente aprende e interrompe os pensamentos de modo similar

José Carlos Gomes (2023)

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19/12/2023

Técnicas Cognitivas – Exemplos

TÉCNICA DE REATRIBUIÇÃO

 O objetivo não é retirar toda a sua responsabilidade no problema, mas sim identificar outros fatores que
estejam implicados

 Em vez de atribuir todos os fracassos a uma causa, o doente explora e considera outras possíveis causas

–"O que pensaria uma outra pessoa sobre a situação?"

–“Será que não está a superestimar o grau de responsabilidade nesta situação?“

–“Que outras causas poderiam ter contribuído?”

–“O que pensa a pessoa X sobre a situação?”

José Carlos Gomes (2023)

31

Técnicas Cognitivas – Exemplos

DESCOBERTA GUIADA/ QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO

 O objetivo é acompanhar o doente nos seus pensamentos e encaminhá-lo no


sentido de descobrir aspetos importantes e positivos

 São colocadas questões de modo a que possam estimular no cliente o


reconhecimento de um possível pensamento disfuncional e produzir dissonância
em relação à validade dos pensamentos

José Carlos Gomes (2023)

32

16
19/12/2023

Técnicas Cognitivas – Exemplos


DESCOBERTA GUIADA/ QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
Exemplo:
“Sinto que não sou uma boa mãe, pois gritei com o meu filho por se ter portado mal”
• O que é para si ser uma boa mãe?
• Das características que referiu, quais são as que a srª possui?
• Das pessoas que conhece quem é que considera ser uma boa mãe?
• Por que (essa mãe ) é considerada uma boa mãe?
• O que uma boa mãe faz apos ter gritado com o seu filho?
• O que estava a sentir antes de gritar com o seu filho?
• As habilidades para ser uma boa mãe nascem com ela, ou a pessoa pode

José Carlos Gomes (2023)

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Técnicas Cognitivas – Exemplos


RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Os objetivos são:

 Ajudar a pessoas a identificar o problema

 Ajudar a reconhecer os recursos disponíveis no momento (internos e externos)

 Objetivar a dimensão do problema

 Ensinar habilidades que permitem superar o problema atual

 Oferecer um método lógico e sistemático para lidar com problemas futuros

 Promover o senso de controlo sobre os problemas

 Produzir experiências positivas resultantes da capacidade própria de resolução de problemas 3


[Daniel Carvalho] José Carlos Gomes (2023) 5

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17
19/12/2023

Técnicas Cognitivas – Exemplos

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
1. Identificação e definição do problema:
– identificar o problema da forma o mais detalhada possível
– ser específico sobre o comportamento, situação, tempo, circunstâncias que criam o problema

2. Crie possíveis soluções


– anotar todas as soluções possíveis, não se preocupando com a qualidade das soluções. Ser criativo

3. Avalie as soluções
– ver as soluções e eliminar as menos desejadas ou que não fazem sentido
– ordenar as soluções por preferência
– avaliar as restantes soluções em termos de vantagens e desvantagens

José Carlos Gomes (2023)

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Técnicas Cognitivas – Exemplos

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
4. Escolha a solução
– Especificar quem irá tomar a acção
– Especificar como a solução irá ser implementada
– Especificar quando a solução irá ser implementada
5. Implementar a solução
– Implementar a solução como planeado

6. Avaliação do resultado
– Avaliar a eficácia da solução escolhida
– Decidir se este plano precisa de ser revisto ou se precisa de um plano melhor para o problema
–Se a solução escolhida não foi satisfatória, retornatrao passo nº 2 e seleccionar uma nova solução ou
rever as existentes e repitir os passos a seguir

José Carlos Gomes (2023)

36

18
19/12/2023

Técnicas Cognitivas

Exemplos

José Carlos Gomes (2023)

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Técnicas Cognitivas

Exemplos

4
José Carlos Gomes (2023) 0

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19
19/12/2023

Terapias Comportamental - Objetivos

Mudar as atitudes e a auto-imagem negativa do utente. À medida que o


resultado contradiz as ideias negativas, o utente torna-se menos seguro
da validade destas crenças e fica mais motivado a tentar outras
atribuições.

José Carlos Gomes (2023)

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Terapias Comportamental - Exemplos

TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS


 Objetivo é intensificar habilidade sociais e aumentar o pensamento positivo
 Encoraja o doente a tornar-se autoconfiante, fazendo coisas simples, em vez de esperar pelos
outros

 Baseia-se na crença de que as habilidades são aprendidas, incluindo princípios de aquisição:

– Orientação e demonstração

– Prática

– Feedback

José Carlos Gomes (2023)

40

20
19/12/2023

Terapias Comportamental - Exemplos

TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS

O treino é constituído por quatro etapas:

– Descrição do novo comportamento a ser aprendido


–Aprendizagem do novo comportamento pelo uso de orientação e
demonstração

– Prática do novo comportamento com feedback

– Transferência do novo comportamento para o ambiente natural

José Carlos Gomes (2023)

41

Terapias Comportamental - Exemplos

ENSAIO COMPORTAMENTAL e ROLE-PLAY

 O objetivo é o doente imaginar os vários passos ao encontrar e dominar um desafio e ensaia os


seus vários aspetos

 Utiliza a representação de papeis para ensaiar uma modificação de comportamentos mal


adaptativos que possam estar a contribuir para cognições disfuncionais.

 Útil para a evocação de pensamentos automáticos e para aprender novos comportamentos

José Carlos Gomes (2023)

42

21
19/12/2023

Terapias Comportamental - Exemplos

MODELAGEM
 O objetivo é a aprendizagem de novos comportamentos através da imitação do
comportamento de outras pessoas (com qualidades ou capacidades que a pessoa
admira e quer imitar)

 O doente é instruído a imitar os comportamentos de um modelo numa


representação do problema e recebe um reforço positivo pela imitação apropriada
(“Como atuaria tal pessoa se passasse pela sua situação?”)

 São dados reforços para aproximações progressivas à resposta desejada


José Carlos Gomes (2023)

43

Terapias Comportamental - Exemplos

TERAPIA AVERSIVA

 O objetivo é ajudar a reduzir comportamentos desadaptados indesejados e


persistentes
 Aplica-se um estímulo aversivo quando ocorre um comportamento desadaptado,
produzindo consequências negativas.

A sensibilização coberta é quando o doente imagina consequências


desagradáveis que servem de estímulo aversivo

José Carlos Gomes (2023)

44

22
19/12/2023

Terapias Comportamental - Exemplos

CONTRATAÇÃO CONTIGENTE

 O objetivo é realizar um contrato entre todas as partes envolvidas,


que exponha o comportamento desejado, bem como os reforços
positivos e as consequências negativas ou punições

 Pode utilizar um sistema de recompensa com fichas, ou outro


acordado entre os envolvidos

José Carlos Gomes (2023)

45

Terapias Comportamental - Exemplos

PRESCRIÇÃO DE TAREFAS GRADUADAS

 As tarefas são divididas em tarefas mais simples, para simplificar a situação e


possibilitar pequenas realizações

PSICOEDUCAÇÃO

PLANEAMENTO DE ATIVIDADES

 Planeamento de atividades a cumprir pelo doente

José Carlos
Gomes (2023)

46

23
19/12/2023

Terapias Comportamental - Exemplos

RELAXAMENTO

 Objetivo é reduzir a adversidade de estímulos desagradáveis através de


recordações agradáveis ou do relaxamento muscular

TÉCNICAS DE DISTRAÇÃO
 O objetivo é reduzir a ansiedade com o recurso a atividade física, contatos sociais,
trabalhos, jogos ou imaginação visual
José Carlos
Gomes (2023)

47

Terapias Comportamental - Exemplos

RELAXAMENTO

 Objetivo é reduzir a adversidade de estímulos desagradáveis através de


recordações agradáveis ou do relaxamento muscular

TÉCNICAS DE DISTRAÇÃO
 O objetivo é reduzir a ansiedade com o recurso a atividade física, contatos sociais,
trabalhos, jogos ou imaginação visual
5
José Carlos Gomes (2023) 0

48

24
19/12/2023

Terapias Comportamental - Exemplos

EXPOSIÇÃO AO VIVO

 Objetivo é o combate gradual das fobias

 Primeiro acompanhado, depois sozinho, aumentando gradualmente o


tempo de exposição

5
José Carlos
1
Gomes (2023)

49

Terapias Comportamental - Exemplos

DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA

 Existe uma hierarquia de eventos que produzem ansiedade através


dos quais o indivíduo progride durante a terapia

 O doente atinge um estado completo de relaxamento, sendo exposto


ao estímulo que provoca a resposta de ansiedade de forma gradual

 Conforme são tentadas as etapas, são associados exercícios de


relaxamento 5
José Carlos Gomes (2023)

50

25
19/12/2023

Um exemplo: ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL DA DEPRESSÃO

Modelo cognitivo da depressão


Suposições disfuncionais
(por exemplo: “tenho de ser bem sucedido para ser aceite socialmente”)

Incidentes críticos
(Por exemplo: “quebra de relação afetiva”)

Desencadear de suposições
(Por exemplo: “Sou um fracasso”...”não sei fazer nada de jeito”... “ninguém gosta de mim”)

Pensamentos automáticos negativos


(Por exemplo: “não valho nada”...”tudo me corre mal”...”não consigo fazer o que os outros fazem”)

Sintomas (exemplos)
Comportamentais Motivação Emocional Cognitivo Somático
Evitar os outros Sem esperança de arranjar nova relação Tristeza Dificuldades de concentração Cefaleias, insónias, perda de apetite

José Carlos Gomes (2023)

51

Pensamentos Automáticos Negativos e sintomas da depressão

Sintomas Pensamentos negativos associados


 Comportamentais (evitar os outros, “Não sou capaz de estar com os outros”
adiar tarefas) “Não vai dar resultado”
 Motivacionais (Falta de esperança, “Para quê, não vale a pena”
desinteresse) “Não me traz nenhum benefício”
 Emocionais (Tristeza, culpa, “Perdi a única pessoa que me
agressividade) interessava”
“Receio não ser capaz, o que pode
acontecer?”
“A culpa é só minha!”
 Cognitivos (Indecisão, dificuldades “seja o que for que eu fizer, sai sempre
de concentração) errado”
“não consigo fixar nada”
 Físicos (anorexia, alterações do sono) “Se não consigo dormir, enlouqueço”
“Tenho de comer senão apanho uma
doença grave”
“Não consigo arranjar namorada(o)
com este péssimo aspecto”
 Ideação/tentativas de suicídio “è impossível curar-me – é a única
saída”
 “Problemas existenciais” “Não há nada a fazer” (exterior)
“Eu sou assim” (interior)
José Carlos Gomes (2023)

52

26
19/12/2023

Que intervenção do enfermeiro?

• Uma intervenção psicofarmacológica…


(1) antidepressivos e ansiolíticos na depressão, sendo por vezes necessário
associar anti psicóticos;
(2) e estabilizadores de humor (lítio e anti convulsivantes como a
carbamazepina e o valproato de sódio) eventualmente associados a
benzodiazepinas ansiolíticas e hipnóticas e a anti psicóticos)
(3) A electroconvulsivo terapia tem sido descrita como um recurso de 2ª
escolha em ambos os distúrbios de humor.
• Uma intervenção psicoterapêutica…
(1) abordagem cognitivo-comportamental da depressão
(2) o treino de aptidões sociais (necessidades)
(3) eventualmente a terapia familiar.
José Carlos Gomes (2023)

53

Um exemplo: ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL DA DEPRESSÃO


3 conceitos base fundamentais:
1. Tríade cognitiva negativa (Visão negativa de si próprio, Visão negativa das suas experiências e do mundo, Visão negativa
do futuro)
2. Esquemas depressogénicos - Conjunto de atitudes ou conceitos negativos acerca do valor pessoal do indivíduo, das suas
características, realizações e expectativas, que são generalizações rígidas e absolutas acerca de si mesmo e do mundo, do tipo
“sou fraco”, “sou estúpido”, “sou um incapaz”, “não faço nada bem”. São criados a partir de experiências precoces anteriores. São
responsáveis pela introdução de distorções cognitivas. Estão inativos durante o período não depressivo e hiperativos na
depressão, depois de ativados por acontecimentos de vida consonantes com os que estiveram na génese da sua formação. A
partir daqui, o indivíduo ignora informação do meio incongruente com ele, fazendo sistematicamente distorções cognitivas que
levam a pensamentos automáticos negativos (tríade cognitiva negativa), que, por sua vez, não permitindo experiências
desconfirmatórias mantêm os esquemas ativos e a depressão. Acontecimentos precipitantes: situações de perda, privação ou
morte.
3. Erros cognitivos - Resultam da predominância dos esquemas depressogénicos no processamento da informação:
• Inferência arbitrária
• Abstracção selectiva
• Sobregeneralização
• Magnificação/minimização
• Personalização
• Pensamento dicotómico
• Leitura de pensamento

José Carlos Gomes (2023)

54

27
19/12/2023

Intervenção terapêutica
Tem como objetivo a remissão da sintomatologia e reestruturação do sistema de crenças
disfuncionais do doente.
Técnicas cognitivas Técnicas comportamentais
objetivo identificar e testar as crenças mal adaptativas do mais utilizadas com doentes mais gravemente
indivíduo – teste da realidade. São: deprimidos. Têm por objetivo testar
Racionais; pensamentos disfuncionais e praticar/treinar
Ensinam a identificar e registar os PAN (Pensamentos Automáticos novos comportamentos.
Negativos) num registo de Auto monitorização;
Ensinam a debatê-los e a substitui-los por pensamentos
alternativos mais adaptativos.
Questionar a evidência; Planeamento de atividades;
Reatribuição; Classificação do grau de mestria e prazer;
Examinar opções e alternativas; Treino de aptidões sociais;
Descatastrofizar; Prescrição de tarefas graduadas;
Pesar as vantagens e as desvantagens; Ensaio comportamental e role-play;
Transformar a adversidade em vantagem; Exposição ao vivo;
Descoberta guiada; Relaxamento.
Paragem de pensamento.
José Carlos Gomes (2023)

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Terapias CC 3ª geração

 Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness

 Terapia de Aceitação e Compromisso

 Terapia focada na compaixão

 Terapia Comportamental Dialética

 Psicoterapia Analítico-funcional

 Terapia Comportamental Integrativa de Casais

José Carlos Gomes (2023)

56

28
19/12/2023

“Nursing encompasses autonomous and collaborative care of individuals of all


ages, families, groups and communities, sick or well and in all settings. Nursing
includes the promotion of health, prevention of illness, and the care of ill, disabled
and dying people. Advocacy, promotion of a safe environment, research,
participation in shaping health policy and in patient and health systems
management, and education are also key nursing roles“
(ICN)
(A Enfermagem abrange cuidados autónomos e colaborativos de indivíduos de todas as idades, famílias, grupos e
comunidades, doentes ou saudáveis e em todos os ambientes. A enfermagem inclui a promoção da saúde, a
prevenção de doenças e o cuidado de pessoas doentes, portadoras de deficiência e moribundos. A advocacia, a
promoção de um ambiente seguro, a investigação, a participação na formulação da política de saúde e na gestão
dos sistemas de saúde e dos doentes e na educação são também funções-chave da enfermagem.)

Sentiram a maçã
cair?
José Carlos Gomes (2023)

57

Bibliografia

 Leahy, R. (2006). Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta. PortoAlegre: Artmed.


(Trabalho original em inglês publicado em 2003)
 Leal, I. (2018). Psicoterapias. (1ªed.) Lisboa: Pactor.
 Mululo, S., Menezes, G., Fontenelle, L. & Versiani, M. (2009). Terapias cognitivo-comportamentais
para o Transtorno da Ansiedade Social. Revista Psiquiatria Clínica, 36 (6), 221-228.
 Neto, D. & Baptista, T. (2019). Psicoterapias cognitivo-comportamentais – intervenções clínicas.
Lisboa. Edições Sílabo
 Wright, J., Basco, M. & Thase, M. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental – um
guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed
 Wright, J., Turkington, D., Basco, M. & Kingdon, D. (2010). Terapia cognitivo-comportamental para
doenças mentais graves (Volume 1). Porto Alegre: Artmed

José Carlos Gomes (2023)

58

29
Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica

Prof. Catarina Tomás


 Motivação
 Entrevista motivacional
 Conceito
 Componentes
 Ciclo de mudança
 Técnica
 Estratégias

 Lidar com a ambivalência…


 Lidar com a resistência…
 Fases de mudança

Prof. Catarina Tomás 2


 Grau de compromisso ou aderência com o
tratamento
 Envolvimento contínuo e adesão a uma
estratégia específica de mudança
 Estado de prontidão ou vontade de mudar
 Estado dinâmico
 Influenciado por fatores externos

Prof. Catarina Tomás 3


 Deve ser avaliada pelos comportamentos:
 Concordância com o terapeuta
 Aceitação do diagnóstico
 Expressão de vontade de mudança ou de ser
ajudado
 Incómodo com a situação pessoal
 Seguimento das indicações do terapeuta

Prof. Catarina Tomás 4


 “estilo de aconselhamento diretivo, centrado no cliente, que visa
estimular a mudança do comportamento, ajudando os clientes a
explorar e resolver sua ambivalência”

Componentes
diretivos Componentes
não diretivos

Prof. Catarina Tomás 5


Diretiva Não diretiva
Manter um propósito e Não propor soluções ou
uma direção sugestões
Escolha ativa do Oferecer condições de
momento a intervir crítica

Confrontação direta, imediata e persuasão devem evitar-se por


aumentarem a resistência
Prof. Catarina Tomás 6
Pré-
contemplação
Experiência de Prontidão
conflito Ambivalência para a
psicológico para mudança
Manutenção Contemplação
decidir entre dois
caminhos
diferentes

Ação Preparação

Prof. Catarina Tomás 7


Pré-
contemplação O que você acha que poderá
acontecer se você
continuar com o seu
problema?
Manutenção Contemplação
O que mais teme que possa
acontecer, se não fizer a
mudança?

Você já tentou mudar alguma


vez? O que aconteceu?
Ação Preparação

Prof. Catarina Tomás 8


Porque você deseja mudar agora?

Quais as razões para a mudança?

Quais os melhores resultados que


você pode imaginar se
fizesse uma mudança?
Pré-
contemplação Quais as barreiras para você realizar
a mudança?

Se você decidir fazer uma mudança,


quais são suas
Manutenção Contemplação expectativas para o futuro?

Quem poderia lhe ajudar?

Quais as coisas que funcionaram


para você em outras
ocasiões?
Ação Preparação
Quais as suas necessidades para a
Prof. Catarina Tomás mudança? 9
Numa escala de 0 a 10, o quanto é
importante para si fazer alguma coisa para
mudar o estado das coisas… (problema)?

O que o fez escolher o número (X) em vez


de ser um 2 ou 3?

O que o faz não ter escolhido um 10?


Pré-
contemplação De 0 a 10, o quão confiante está em
conseguir a mudança?

Como pensa conseguir essa mudança?


Manutenção Contemplação
O que está disposto a fazer para que a
mudança aconteça?

O quanto está disposta neste momento para


definir um plano?

Qual seria o seu principal objetivo?


Ação Preparação Quais os objetivos específicos?
Prof. Catarina Tomás 10
Vamos definir um plano…
Como tem corrido a execução do
seu plano de mudança?

Quais os objetivos que já atingiu?


Pré-
contemplação O que o impediu de atingir o
objetivo da semana?

O que o pode ajudar em situações


semelhantes?
Manutenção Contemplação
Quem o pode ajudar a cumprir o seu
plano?

Quais os novos objetivos?

Vamos redefinir o plano…


Ação Preparação

Prof. Catarina Tomás 11


Resistir ao reflexo de consertar as coisas

Entender as motivações do utente

Escutar o utente

Fortalecer o utente

Prof. Catarina Tomás 12


Princípios básicos

Expressar empatia

Desenvolver discrepância

Evitar discussões

Fluir com a resistência / Diminuir resistências

Estimular a autoeficácia
Prof. Catarina Tomás 13
Quais as coisas boas em
relação a…?

Fale-me sobre as coisas que


não são tão boas em relação
a…?

Técnicas específicas Você parece ter alguma


preocupação sobre ….
Fale-me mais sobre isso.
Perguntas abertas e objetivas
Quais são suas preocupações
sobre isso?
Afirmação
Como você se sente em
relação....?
Escuta reflexiva
O que você gostaria de fazer
Resumir a respeito disso?

O que você sabe sobre....?


Provocação de mudança de discurso
Prof. Catarina Tomás 14
Obrigado por ter vindo hoje.

Você está se esforçando para vencer suas


dificuldades.

Eu percebo que você é uma pessoa forte.

Técnicas específicas Está é uma ótima ideia.

É difícil falar sobre isso...eu admiro sua


perseverança.
Perguntas abertas e objetivas
Você está se sentindo incomodado em falar
Afirmação sobre isso?

Você está incomodado porque a sua família


Escuta reflexiva critica seu comportamento?

Você realmente sente prazer em fazer isso


Resumir e odiaria deixar de o fazer, mas também
percebe que está lhe causando
Provocação de mudança de discurso
Prof. Catarina Tomás
danos à saúde?
15
Resumir o que é dito pelo utente
iniciando pelos motivos da não
mudança

Reconhecer as desvantagens de
ficar na mesma situação

Técnicas específicas Reconhecer as vantagens de


mudança

Expressar otimismo em relação à


Perguntas abertas e objetivas mudança

Afirmação Expressar uma intenção de


mudança

Escuta reflexiva
Deslocalizar a atenção de um
assunto problemático
Resumir
Estimular o utente à apresentação
de argumentos para a mudança
Provocação de mudança de discurso
Prof. Catarina Tomás 16
• Oferecer orientação
• Identificar o problema ou área de risco
Aconselhar • Explicar porque a mudança é necessária
• Recomendar uma mudança específica

• Auxiliar a identificar as barreiras e ultrapassá-las


Remover
• Assistir na procura de soluções práticas para o
barreiras problema

Oferecer opções • Ajudar a sentir a liberdade e responsabilidade de


escolha do doente
de escolha • Oferecer várias alternativas para o cliente optar

• Identificar aspetos positivos de não mudança


Diminuir a
• Aumentar a consciência do cliente para
vontade
Prof. Catarina Tomás
consequências adversas 17
Praticar • Aceitar a postura do doente, tentando entendê-lo , sem
julgamento ou crítica
empatia • Entender o doente através da “escuta crítica”

Dar feedback • Deixar o doente a par do seu estado presente

Clarificar • Dar feedback comparando com metas pré-estabelecidas


orientadoras do percurso de ação
objetivos • Auxiliar a estabelecer objetivos realistas e atingíveis

Ajuda ativa • Expressar interesse no processo de mudança

Prof. Catarina Tomás 18


 Compreender quais são as partes do conflito sem as sobrepor
 Definir
 Motivações do cliente
 Expectativas de mudança

Fase de Resolução da Fase de


Contemplação ambivalência Preparação

Prof. Catarina Tomás 19


Reflexão Reflexão Reflexão de dois
Mudar o foco
simples amplificada lados

Enfatizar
Concordar, mas Paradoxo
escolha e Reinterpretar
com mudança terapêutico
controle pessoal

Prof. Catarina Tomás 20


 Fase 1 – Estimular motivação para  Fase 2 – Estimulando o
mudança compromisso com a mudança
 Fazer perguntas abertas  Estabelecer objetivos
 Escutar criticamente  Considerar opções de mudança
 Reassegurar  Oferecer conselhos
 Resumir
 Estimular afirmações de
automotivação
 Reconhecimento do problema
 Expressão de preocupação
 Intenção de mudar
 Otimismo

Prof. Catarina Tomás 21


 Andretta, I. e Oliveira, M. (2005). A técnica da entrevista motivacional na
adolescência. Psicologia clínica. 17 (2). 127-139.
 Castro, M. e Passos, S. (2005). Entrevista motivacional e escalas de
motivação para tratamento em dependência de drogas. Revista de
Psiquiatria Clínica. 32 (6). 330-335.
 Entrevista Motivacional de William Miller y Stephen Rollnick. In:
Municipalidad de Cañete Arturo. Arauco: Centro para el Desarrollo de la
Psicoterapia Estrategica Breve. Acedido em 20 de abril de 2014 em
http://www.cañete.cl/documentos/opd/Entrevista%20Motivacional.pdf.
 Jungerman, F.; Laranjeira, R. (1999). Entrevista motivacional: bases teóricas e
práticas. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 48 (5), 197-207.
 Nunes, S. e Castro, M. (2011). Habilidades motivacionais. Londrina: Eduel.

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