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23/10/2023

Doenças benignas da mama

Doenças benignas da As doenças benignas da mama incluem anomalias de desenvolvimento,


lesões inflamatórias, alterações funcionais e tumores benignos.
mama Incidência: Aumenta a partir da 2º década, atingindo um pico máximo
entre os 40-50 anos.
Sintomas:
- Tumefação palpável (queixa mais frequente)
- Mastalgia
- Aparecimento de escorrência mamária espontânea
- Presença de sinais inflamatórios da pele
(Neves, 2019)
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Diagnóstico: Alterações da mama


Alterações do desenvolvimento • Mama extranumerária (pode surgir em ambos os sexos e na linha mamária)
• Mama aberrante (surge fora da linha mamária e tem maior potencial de
malignização)
- Mamografia • Amastia (define a ausência de tecido mamário)
• Telarca precoce (quando o desenvolvimento mamário se inicia antes dos 7
- Ultrassonografia anos de idade)

- Ductografia (galactografia) Alterações Classificação:


- RM inflamatórias/infeciosas -Mastite infeciosa lactacional
-Mastite não lactacional
- Biópsia com fina/grossa ou biópsia excisional - Mastite granulamatosa idiopática

Alterações funcionais A mastalgia pode ser cíclica, quando relacionada com o ciclo menstrual, não
cíclica ou de causa extramamária.
É uma condição benigna e autolimitada.

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Alterações Descrição

Alterações Descrição
Fibroadenomas Representa o tumor sólido benigno mais frequente até aos 35 anos, sendo múltiplo em 20% dos
Tumores benignos da São causa frequente da consulta de ginecologia e acarretam grande ansiedade, requerendo casos.
Origina-se no lóbulo mamário, com proliferação do componente fibroepitelial e glandular, e tem
mama diagnóstico definitivo.
dependência hormonal.
As lesões podem ser: Diagnóstico: é clínico, com palpação de um tumor elástico, móvel e não doloroso, com 2 a 3 cm de
-Lesões não proliferativas (quistos, alteração apócrina, papilar e hiperplasia usual ligeira) dimensão.
-Lesões proliferativas sem atipia (hiperplasia ductal usual, papilomas intaductais, fibroadenomas, adenose esclorosante e Ecografia
cicatriz radial)
Mamografia (presença de calcificações grosseiras com aspeto “em pipoca”)
-Hiperplasia atípica (hiperplasia ductal atípica e hiperplasia lobular atípica) https://silviobromberg.com.br/
Punção aspirativa ou micro biopsia biópsia
-Carcinoma lobular in situ Triplo diagnóstico (clínico, imagiológico e citológico) tem uma sensibilidade de 99,6% .
Tumor filoide
Quistos Na maioria dos quistos simples, não é necessário tratamento, sendo utilizada punção É uma estrutura mista epitelial e estromal, de caraterísticas semelhantes ao fibroadenoma, mas
evacuadora, se sintomáticos. com maior crescimento do estroma, que comprime e distorce as estruturas glandulares, dispersas
Os quistos complexos devem sempre ser biopsados e orientados de acordo com o diagnóstico. num padrão “em folha de trevo”.
A biopsia excisional está indicada quando ocorre recidiva pós-punção, se o líquido aspirado for Classificam-se em benigno bordeline (caraterísticas limítrofes de benignidade) e maligno,
dependendo da natureza do componente mesenquimatoso.
sanguinolento ou na persistência da alteração imagiológico pós-punção.
Geralmente, apresentam crescimento rápido, atingindo dimensões apreciáveis.
O tratamento consiste sempre na excisão cirúrgica do tumor, com margens de segurança de, pelo
menos, 1 cm.

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https://www.healthline.com/

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Alterações Descrição

Hamartose São lesões bem circunscritas, a maioria entre os 2 -5 cm, sem cápsula.
Geralmente é diagnosticado na perimenopausa e com um aspeto radiológico
Alterações Descrição
característico, devido ao componente adiposo da lesão.
É constituído por uma mistura desordenada de tecidos maduros que habitualmente,
Cicatriz radiária Apresenta-se como uma área de distorção do tecido mamário de configuração estrelar.
formam a mama.
É caraterizada microscopicamente por um centro fibroelástico, com ductos e lóbulos com disposição
Diagnóstico: pode ser difícil, mesmo após biopsia. radiária.
Pela possibilidade de malignidade coexistente, é aconselhável excisão cirúrgica. Habitualmente, é descoberta incidentalmente em biopsia ou peça cirúrgica.
Adenoma tubular Nódulos circunscritos, maioria até 2 cm, com maior incidência em mulheres jovens,
clínica e imagiologicamente sobreponíveis aos fibroadenomas.
Têm como componente principal o componente epitelial por proliferação das estruturas Papilomas Podem ser centrais (geralmente únicos) ou periféricos (tipicamente múltiplos).
intraductais O principal sintoma é escorrência mamilar uniductal, espontânea e hemática.
tubulares.
Diagnóstico: biopsia por agulha grossa.
A excisão de cirúrgica pode ser necessário devido ao tamanho, mas não tem potencial Tratamento: papilomas solitários excisão cirúrgica (controversa).
maligno. Múltiplos papilomas excisão cirúrgica completa .
Lesão adenoesclorosante Esta lesão implica proliferação glandular, com graus variáveis de distorção arquitetural
devido à fibrose envolvente.
Surge como um nódulo mal definido com cerca de 1,5 cm, associada microcalcificações.
Não é necessário tratamento dirigido, embora a excisão cirúrgica pode ser realizada por
alterações imagiológicas suspeitas.
(Neves, 2019)

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Alterações Descrição
Hiperplasia típica Inclui a hiperplasia ductal e lobular, sendo, geralmente um diagnóstico incidental de biopsia ou
peça cirúrgica.

Cancro da
A histologia inclui elementos ductais ou lobulares, com células uniformes e perda de orientação
apical basal celular.

Carcinoma lobular É um achado histológico incidental, que surge a partir dos lóbulos e ductos terminais,
in situ geralmente não associada à presença de uma tumefação ou anomalia imagiológica específica.
É, frequentemente, multifocal e bilateral em 30% dos casos.
Não é considerado uma lesão pré-maligna (apenas marcador de risco), pelo que não tem
nenhuma indicação para excisão cirúrgica.
mama

Professora Sónia Ramalho


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https://www.noticiasaominuto.com/

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Cancro da mama Sinais e sintomas:


• Descrição: neoplasia maligna da mama.
Classificada de acordo com o tipo celular, a localização e o grau de invasão.
• Tumor palpável (55%), 60% localizado no quadrante
• Genética: Mulheres com mutações do BRCA 1 (Breast Cancer gene 1). superior externo da mama.
Apresenta um risco de desenvolvimento do cancro da mama de 60% durante a vida.
• Mamografia anormal sem tumor palpável (35%)
Apenas 20% das doentes com cancro da mama têm história familiar positiva.
• Alteração cutânea cor ou retração (peau d’orange)
• Causas: desconhecidas • Retração mamilar (derrame papilar- sanguinolento ou
outro), alterações cutâneas ou ulceração são ocorrências
tardias e indicam mau prognóstico)
(Smith, 2004)
• Tumor axilar

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Diagnóstico diferencial Investigação e avaliação


• Patologias mamárias benignas (abcesso, necrose gordurosa, doença • Laboratorial: hemograma completo e avaliação das enzimas hepáticas e ósseas uma vez
fibrocística e fibroadenomas) estabelecido o diagnóstico.

• Condições associadas: disseminação metastática para outros órgãos • Imagem: mamografia (deteta 80% de todos os tumores), ecografia (pode auxiliar na
diferenciação entre os tumores sólidos e císticos), cintigrafia óssea e radiografia do tórax após o
(ossos, cérebro e ovários) estabelecimento de diagnóstico. Ressonância magnética mamária.

• Exames especiais: punção aspirativa por agulha fina (PAAF) das células de um tumor
mamário pode fornecer a confirmação histológica de malignidade e auxiliar na definição do
tratamento definitivo.
• Procedimentos diagnósticos: ¼ de todos os cancros da mama são encontrados
durante o exame de rotina. A biopsia excisional com ou sem controlo radiológico proporciona um
único diagnóstico definitivo .

(Smith, 2004)
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Ecografia mamária
Mamografia
https://www.diagnosticorojas.com.ar/
https://www.minhavida.com.br/ https://vitat.com.br/
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Biópsia

https://www.cancercarewny.com/
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Tumores Estadiamento
Dividem-se em carcinoma in situ e carcinoma invasivo:
Alteração Descrição
Carcinoma in situ Proliferação de células neoplásicas nos ductos ou lóbulos sem invasão
da membrana basal.
Carcinoma ductal in situ (85%)
Carcinoma lobular in situ

Doença Paget do mamilo É a variante do carcinoma ductal in situ que se estende para a pele do
mamilo e da aréola.
Carcinoma inflamatório Forma rara e agressiva de carcinoma localmente avançado.
É caraterizado por uma rápida progressão, com metástases à distancia,
idade jovem e menor sobrevivência.

Carcinoma invasivo É, na quase totalidade dos casos um adenocarcinoma primário e, em


80% dos casos, do tipo ductal infiltrativo.
https://vencerocancer.org.br/

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(Pereira & Neves, 2016)

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Consulta de grupo multidisciplinar Conduta e tratamento


Toda a patologia oncológica deve ser apresentada e discutida em Não medicamentoso
consulta de grupo. • Medidas gerais: Avaliação e estadiamento.
Após discussão em grupo a decisão deve ser apresentada à doente, Caso o tratamento cirúrgico comprometa os músculos peitorais, a fisioterapia ou a terapia
discutindo o racional das decisões e possíveis alternativas. ocupacional podem acelerar ou retornar às funções.
• Medidas específicas: Resseção cirúrgica com ou sem quimioterapia
adjuvante.
• Dieta: moderação no álcool é recomendável para a redução do risco.
• Atividade: sem restrição
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• Orientação à doente: orientação ao autoexame mensal das mamas
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Tratamento A mastectomia parcial, a tumorectomia, a excisão


alargada e a quadrantectomia são sinónimos para a
cirurgia conservadora da mama.
A biopsia seletiva do gânglio sentinela (BSGS) permite a
identificação dos primeiros gânglios linfáticos que drenam o
sistema linfático da mama.

Cirurgia no cancro A mastectomia radical modificada envolve a remoção


de toda a mama e dos gânglios linfáticos axilares (nível I
Cirurgia da axila O coloide marcado com tecénio e/ou corante azul é injetado na
mama e acumula-se nos gânglios linfáticos drenantes.

da mama e II de Berg).
(Neves, 2019)
Os gânglios sentinela são identificados e removidos através de
uma pequena incisão axilar

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http://www.oncoguia.org.br/

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Tratamento
Tratamento
Terapêutica endócrina ou hormonoterapia
A duração padrão para hormonoterapia é de, pelo menos 5 anos, as opções terapêuticas em
A quimioterapia adjuvante é mulheres pós-menopausa incluem os inibidores de aromatase e o tamoxifeno.
considerada para doença nos
estádios I e II (ciclofosfamida, metotrexate, (Neves, 2019)
fluoracil, antraciclinas ou taxanos, administrados
isoladamente ou em combinação). Tratamento alternativo
Contraindicações: diretrizes rígidas
para a função hepática e renal antes da
quimioterapia.
Frequentemente é recomendada a Muitos estudos sugerem que a terapia
Precauções: aumento do risco de radioterapia adjuvante ou paliativa. estrogénica por outras indicações pode na
infeção durante a quimioterapia.
verdade reduzir a mortalidade de doentes
estão a ser tratadas para cancro da mama.

(Smith, 2004)
https://www.venes.com.br/ https://www.onconews.com.br/
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Seguimento Resultado esperado


• Controlo da doente: recidivas (risco de 60% nos primeiros 5 anos). • O cancro da mama dissemina-se pelas vias linfáticas e vasculares,
• Redução da gordura e do álcool na dieta. além da infiltração direta. Existe também uma tendência a encarar
este cancro como uma doença multifocal.
Complicações possíveis: • A sobrevida depende menos do tipo celular do que o tamanho do
• Linfedema pós-operatório, seroma, infeção da ferida operatória. tumor e estádio da doença.
• Quimioterapia tem sido associada às náuseas, vómitos, alopecia
leucopenia, estomatite, fadiga e infeções. • A sobrevida em 10 anos está de acordo com o estádio: estádio I (95%),
estádio II (40%) estádio III (15%), estádio IV (metastático- 0%).
• Com tratamento com tamoxifeno está associado a sensação de calor,
irregularidades menstruais pela hiperplasia ou carcinoma endometrial.
• Radioterapia está associada a fibrose, neuropatia braquial e fibrose (Smith, 2004)
pulmonar.

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Rastreio do cancro da mama Rastreio do cancro da mama


Mamografia:
Fatores de risco major Fatores de risco minor
Mutação dos genes BRCA Menarca precoce (10 anos vs. 12 anos, risco 2 vezes maior)
• As Mulheres na população em geral devem iniciar rastreio mamográfico
- Radioterapia torácica em idade < 30 anos. - Nuligesta com regularidade a partir dos 45 anos:
- Antecedentes de carcinoma ductal ou lobular in situ - Primípara após os 30 anos (vs. primípara até aos 20 anos; 2 vezes) - entre os 45 e 54: devem fazer rasteiro mamográfico anual
- Antecedentes de hiperplasia atípica (lobular ou ductal) - Não amamentar (risco relativo de 0,96/12 meses de amamentação) - com 55 anos ou mais: devem ter a oportunidade de passar para o rastreio a cada
- Idade (>60 anos vs. 30 anos) - Menopausa tardia (1,05 vezes por cada ano acima dos 50 anos) 2 anos, mantendo o rastreio anual se o desejarem
- Antecedentes de familiar de 1º grau afetado - Terapêutica hormonal estrogénica (5 anos; risco relativo de 0,75)
- Antecedentes pessoais de cancro da mama prévio (>2 vezes) - Terapêutica hormonal estroprogestativa (1,25 vezes) • No intervalo entre 40-45 anos devem ser ter a possibilidade de iniciar o
- Obesidade (1,3 vezes se IMC>30 vs.<25 kg/m2) rastreio anual.
- Hiperplasia/atipia plana (1,4 vezes)
• Devem manter o rastreio enquanto mantiverem bom estado de saúde e
esperança de vida superior a 10 anos.
Ecografia mamária é um meio complementar à mamografia.

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Reabilitação
Os cuidados devem ser orientados de modo a incluir o suporte psicossexual
qualquer que seja a idade da doente. Cuidados de
A doença física pode comprometer o desenvolvimento de tarefas a enfermagem
reintegração e recuperação, nas mulheres idosas, a depressão pode ser
mascarada por sintomas físicos.
Doente submetida a
mastectomia:
reabilitação

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• Ensinar sobre os cuidados no linfedema:


• Proteger a extremidade afetada: usar roupa solta e
• Reforçar a importância da deambulação precoce, dos exercícios protetora, evitar joias apertadas e temperaturas extremas.
respiratórios e da tosse, para a reabilitação.
• Evitar procedimentos invasivos para não afetar a
• Orientar e ensinar a doente para os cuidados e acompanhamento ao extremidade.
Intervenções braço após a cirurgia.
São exemplos de exercícios recomendados (compressão de uma
Intervenções • Elevar a extremidade o mais possível.

de de
bola com a mão do lado oposto, escovar o cabelo, encolher e • Ensinar a doente as tarefas domésticas que deve evitar durante
fazer rotação dos ombros, trepar a parede com os braços e o período de cicatrização e de reposição da mobilidade (aspirar,
executar perpendiculares com uma corda suspensa na parede). varrer, preparar alimentos para cozinhar com materiais
enfermagem enfermagem cortantes, cozinhar, pegar em pesos superiores a 5 kg).
Todos os exercícios devem ser iniciados de modo suave e lento, • Informar sobre a vantagem de utilizar a prótese temporária
evitando a sensação de dor e os exercícios devem promover a após a mastectomia (promove a sensação de simetria e
flexibilidade motora. equilíbrio) enquanto não for aconselhada a prótese de peso ou
possível reconstrução mamária.

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Bibliografia

• Decherney, A., Nathan, L., Goodwin, T. & Laufer, N. (2007). Current


diagnosis & treatment Obstetrics & Ginecology. Tenth Editions. USA.
McGraw Hill.
• Gibbs,R., Karlan, B., Haney, A. & Nygaard,I. (2008). Danfort’s Obstetrics and
Ginecology. Tenth Edition. USA. Lippincott Williams & Wilkins.
• Neves, J. (2019). Ginecologia fundamental. Lisboa. Lidel
• Otto, S. (1997). Enfermagem em Oncologia. 3ª edição. Loures. Lusociência.
• Smith, R. (2004). Ginecologia e obstetrícia de Netter. Porto Alegre. Artmed.

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