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Cancro do colo
Oncologia ginecológica
Professora Sónia Ramalho do útero
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O cancro do colo do útero (CCU) é o quarto cancro mais comum em todo o O tipo histológico dominante é o Os subtipos HPV 16 e 18 são
responsáveis a nível mundial por
mundo, representando um grave problema de saúde pública. carcinoma espinocelular sendo o
carcinoma invasivo responsável por
Virtualmente, todos os casos de CCU
são atribuídos à infeção persistente cerca de 70% dos casos de CCU o
cerca de 20% dos casos. pelo HPV de alto risco oncogénico. espinocelular e por 82,3 % dos
adenocarcinomas invasivos, estando
Outros mais raros incluem os Existem, pelo menos 12 subtipos
Anualmente, afeta mais de 500.000 mulheres, morrendo cerca de 265.700 tumores neuroendócrinos e os considerados oncogénicos.
os subtipos HPV 31, 33, 35,45,52 e
58 associado ao acréscimo de mais
mulheres vítimas da doença, 85-90% das quais em países desenvolvidos. indiferenciados . de que 20% dos casos de CCU.
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Sobrevivência
Fatores de risco
Como se trata de um tumor acessível ao exame clínico, é passível de
rastreio e deteção precoce e de tratamento de lesões pré-cancerosas e
invasivas iniciais, o que possibilita tratamentos menos agressivos,
subtipo de HPV infetante e incluindo cirurgia de preservação da fertilidade.
a persistência de infeção
idade de início da atividade número de parceiros
(maiores fatores de risco de multiparidade
sexual sexuais
progressão e
desenvolvimento de CCU). A sobrevivência aos 5 anos depende do estádio e de fatores de
prognóstico, tais como volume do tumor e a profundidade de invasão,
condições que o envolvimento ganglionar, a invasão do espaço linfovascular e o
comprometam a
contraceção hormonal
prolongada
hábitos tabágicos outras IST’s imunidade subtipo histológico.
(imunossupressão e infeção
por HIV)
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O CCU tem origem na zona de transformação do colo, ao longo da junção escamocolunar (JEC), que é uma
Os estádios iniciais têm uma sobrevivência aos 5 anos > 95% e os estádios mais zona com elevada taxa de proliferação celular, sendo mais vulnerável ao estímulo carcinogénico.
avançados apresentam uma sobrevivência aos 5 anos de 66,5 %, 45%, 36 % e 14%
para os estádios IIB,IIIA, IIB e IV, respetivamente.
Os estádios de carcinogénese cervical incluem infeção persistente, com o desenvolvimento de lesões pré
cancerosas, sendo a progressão para carcinoma um processo muito lento, pode durar mais de 10 a 12
anos.
A maioria das infeções por HPV de alto risco oncogénico, especialmente em mulheres jovens, é
clinicamente oculta, regredindo espontaneamente. A duração média da infeção por HPV é de 8 meses,
sendo a taxa de eliminação das novas infeções de 70% ao fim de 1 ano e 90% ao fim de 2 anos .
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Clínica
Sintomas e anamnese Exame clínico
Exame vaginal com espéculo
O CCU é frequentemente assintomático, em especial nos
estádios iniciais sendo detetado pelo teste de rastreio
alterado (citologia e o teste de HPV).
https://hmsportugal.wordpress.com/tag/especulo/feed/
Toque vaginal https://www.vitaesaude.com.br/
Sintomas
• Hemorragia vaginal é o sintoma mais frequente,
manifestando-se por coitorragias ou metrorragias/spoting Toque retal
intermitente.
• Pode haver corrimento vaginal, dor pélvica ou dispareunia.
Os tumores de maiores dimensões podem ocorrer com Palpação Abdominal
corrimento fétido por necrose e sobreinfeção.
https://www.invitra.com/
Nos casos mais avançados podem apresentar sintomas
relacionados com a compressão dos ureteres, bexiga ou
intestino, envolvimento do nervo ciático, hemorragia vaginal Palpação das cadeias ganglionares inguinais, supra e infraclavicular
profusa e perda de urina ou fezes pela vagina.
(Neves, 2019)
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Investigação complementar
https://www.ginecoimagem.com.br/ Conização
O diagnóstico do CCU é histológico, devendo ser efetuado por biópsia ou em peça de conização.
• Exames laboratoriais de rotina, incluindo serologia de HIV e radiografia do tórax.
Consiste na excisão de um cone do colo que inclui exocolo e endocolo e engloba a lesão.
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Intervenção terapêutica
https://drmarceloloureiro.com.br/
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(SPG,
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A vigilância após tratamento deve ser efetuada com periodicidade quadrimensal no 1º ano, semestral
no 2º ano e posteriormente anual. O tratamento cirúrgico radical condiciona as complicações intra e pós-operatórias
imediatas e/ou pode apresentar complicações tardias, sendo as mais frequentes a
Recomenda-se citologia anual, sendo os restantes exames complementares de diagnóstico realizada em disfunção vesical o linfedema e a disfunção sexual. Estas complicações são mais
função do exame clínico e da sintomatologia da doente. frequentes quando é realizada RT adjuvante.
O tratamento das recidivas deve ser individualizado e depende do tratamento primário, da localização e
da extensão da recidiva. Pode incluir cirurgia (exenteração pélvica), QTRT, QT ou orientação para As complicações a longo prazo da RT incluem disfunção sexual, linfedema, cistites e
cuidados paliativos. colite/proctite rádicas e fístulas (entéricas, do cólon, retovaginais ou vesicovaginais).
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Prevenção
Complicações
https://www.atlasdasaude.pt/
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Prevenção Prevenção
As vacinas têm uma eficácia de 90% na prevenção de infeções O rastreio da CCU tem sido o melhor sucedido na
história da Medicina, com redução da mortalidade da
persistentes e lesões pré-cancerosas relacionadas com os tipos mulher associada ao mesmo.
vacinais, sendo estimada uma proteção de 90% dos casos de CCU e de Os testes de rastreio consistem na citologia
(convencional ou em meio líquido) e no teste de HPV
mais de 95% de adenocarcinomas invasivos com a vacina monovalente. podem ser utilizados em associação (coteste).
A citologia é o teste rastreio tradicional:
Citologia em meio líquido
• Tem uma sensibilidade variável (30 a 80%) na deteção de lesões
São ainda eficazes contra outras doenças relacionadas com o HPV na intraepiteliais de alto grau cervicais, mas com elevada especificidade. https://newslab.com.br/
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Prevenção Conclusão
• O teste HPV apresenta elevada sensibilidade na deteção de percursoras do CCU, com elevado O CCU representa um grave problema de saúde pública a nível mundial e especial, em países em
valor preditivo negativo próximo dos 100%, proporcionando uma proteção entre 60 a 70 % desenvolvimento.
superior à citologia, e pode permitir alongar os períodos de rastreio. O HPV de alto risco oncogénico é o agente etiológico, sendo os tipos 16 e 18 responsáveis por 70% dos
casos a nível mundial, seguidos dos tipos 31, 33, 45, 52 e 58.
• É um teste reprodutível, sendo preferencial na população vacinada.
A carcinogénese cervical é um processo muito lento, que se desenvolve durante mais de 10 anos,
• O teste de HPV revela menor especificidade do que a citologia (92% vs 97%), devendo ser permitindo o rastreio diagnóstico e tratamento das lesões pré-cancerosas.
efetuada triagem dos testes positivos por citologia reflexa ou mediante o recurso a A identificação precoce do CCU em estádios iniciais proporciona tratamentos menos agressivos e
biomarcadores. eventual preservação da fertilidade, além de apresentar um prognóstico mais favorável com
• A periodicidade do rastreio depende do método utilizado, estando recomendada uma sobrevivência aos 5 anos > a 95%.
periodicidade trienal para o rastreio com base na citologia (após 2 citologias normais A prevenção primária do cancro é possível, estando, atualmente disponíveis vacinas muito eficazes,
consecutivas com intervalo de 1 ano) e de 5 em 5 anos para o rastreio efetuado com base no permitindo uma potencial prevenção até 90% dos casos de CCU.
teste de HPV. O rastreio, sobretudo na era pós-vacinação deve ser efetuado com base no teste de HPV, que apresenta
um elevado valor preditivo negativo e maior sensibilidade na deteção de lesão escamosa intraepitelial de
alto grau, permite alargar os intervalos de rastreio.
(Neves, 2019)
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Cancro do endométrio
endométrio
A forma típica da apresentação é a hemorragia uterina anómala numa mulher pós-
menopáusica e a ecografia transvaginal constitui o método de avaliação inicial.
O diagnóstico é histológico (biópsia endometrial).
O estadiamento é cirúrgico.
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Cancro do
endométrio Classificação histoapatológica
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Classificação
do ponto de vista biológico Fatores de risco
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Clínica Diagnóstico
Biópsia endometrial:
- Hemorragia uterina anómala (90%). - biópsia não dirigida realizado de forma aleatória no com
dispositivo próprio (Pipelle) ou por dilatação cervical e
- Algias pélvicas curetagem.
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https://endomulher.com.br/
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- ressonância magnética abdominal e pélvica (avaliação da extensão do carcinoma do -Invasão da bexiga e ou do reto confirmação histológica ou por RM
endométrio e está indicada na avaliação da exequibilidade cirúrgica)
O estadiamento cirúrgico adequado, de acordo com o sistema da FIGO, fornece informações
importantes para a seleção do tratamento adjuvante.
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Vigilância Vigilância
Objetivo: diagnosticar doença recidivante ou um novo tumor primário.
Aproximadamente 80% das recorrências surgem nos 2 primeiros anos
após o tratamento.
Periodicidade de consultas após o tratamento inicial:
A Vigilância baseia-se: • 1º e 2º anos: avaliação a cada 4 meses
-exame clínico e os exames complementares diagnósticos • 3º e 5º anos: avaliação de 6 em 6 meses
-doseamento do marcador tumoral CA-125 (controversa) • Após o 5º ano: avaliação anual
- citologia da cúpula vaginal (não deve ser realizada por rotina) (Neves, 2019)
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Rastreio e prevenção
Atualmente, não existem evidências para o rastreio do carcinoma do
endométrio na população em geral. Cancro dos
O rastreio está recomendado apenas nas mulheres assintomáticas
portadoras de mutações associadas à síndrome de Lynch, a partir dos 35
anos e com periodicidade anual, até serem submetidos a cirurgia de redução
de risco (histerectomia com anexo anexotomia bilateral).
ovários
A vigilância de rotina com ecografia ginecológica nas mulheres sintomáticas
com risco aumentado de carcinoma do endométrio não está recomendada.
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Indiferenciado
A variante invasiva causa doença peritoneal com
complicações e, inclusivamente, mortalidade.
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Sintomas Diagnóstico
Os sintomas não são específicos:
- Ecografia endocavitária
- queixas dispersas ou com hemorragias uterinas anómalas. (suspeita/presença de massa anexial)
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Tratamento
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Cancro da vulva
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Mortalidade e prognóstico
Pode ser curável quando diagnosticada num estádio precoce. Cuidados de
• Taxas de sobrevivência corrigidas aos 5 anos superiores a 90%.
• Decrescem para 40% na doença localmente avançada. enfermagem à
doente submetida
a cirurgia
ginecológica
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Bibliografia
• Decherney, A., Nathan, L., Goodwin, T. & Laufer, N. (2007). Current diagnosis & treatment Obstetrics &
Ginecology. Tenth Editions. USA. McGraw Hill.
• Gibbs,R., Karlan, B., Haney, A. & Nygaard,I. (2008). Danfort’s Obstetrics and Ginecology. Tenth Edition.
USA. Lippincott Williams & Wilkins.
• Neves, J. (2019). Ginecologia fundamental. Lisboa. Lidel
• Norwitz, E. & Scorge, J. (2003). Compêndio de obstetrícia e ginecologia. Lisboa. Instituto Piaget.
• Otto, S. (1997). Enfermagem em Oncologia. 3ª edição. Loures. Lusociência.
• Smith, R. (2004). Ginecologia e obstetrícia de Netter. Porto Alegre. Artmed.
• Sociedade Portuguesa de Ginecologia (2020).Cancro ginecológico: consensos nacionais. SPG.
Disponível em https://spginecologia.pt/academia/consensos/
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