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Elementos inorgânicos (átomos ou iões), que não se alteram com a digestão e não são

destruídos pelo calor, luz ou alterações de pH

- São absorvidos em simultâneo com vitaminas e fluidos através da mucosa intestinal

Funções: estrutural e enzimática

Classificação: depende do teor necessário obter da alimentação e da quantidade existente


no organismo e não da sua importância

Biodisponibilidade:

▪ Absorção GI minerais < vitaminas


▪ Alguns podem impedir a absorção de outros (competem por absorção)
▪ Elevado teor de fibra → reduz absorção de ferro, cálcio, zinco e magnésio
▪ Fitatos ligam-se aos minerais → impedindo a absorção intestinal
▪ Oxalato liga-se ao cálcio → diminuindo a absorção deste mineral

MACROMINERAIS (≥ 100mg/dia)
Cálcio, fósforo, enxofre, potássio, sódio, cloro, magnésio

SÓDIO – catião em maior concentração


• Funções: regulação de fluidos, equilíbrio hídrico e pressão sanguínea, transmissão
nervosa e função muscular, equilíbrio ácido-base e absorção de alguns nutrientes
• Biodisponibilidade 98%
• EARs e RDAs não disponíveis
• Maioria dos indivíduos excede o AI (1,5) e UL (2,3)
• 2000mg Na ≈ 5000mg NaCl

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POTÁSSIO – principal catião intracelular
• Funções: contração muscular e transmissão de impulsos nervosos, regulação da
pressão sanguínea
• Deficiência:
➢ Hipocalémia: depleção de potássio, risco aumentado de hipertensão,
desequilíbrio ácido-base

- Causas: vómitos, diarreia cronica, laxantes

- Sintomas: fraqueza, confusão, perda apetite


➢ Hipercalémia: doença renal ou excesso de potássio intravenoso; diminuição do
ritmo cardíaco e paragem cardíaca

CÁLCIO
• Funções: regula a vitamina D (↑absorçao cálcio no intestino), PTH (↑reabsorçao
óssea e renal de cálcio), calcitonina (inibe formação e atividade dos osteoclastos)
• Fontes alimentares: lacticínios, nabiças, couve-galega, brócolos, couve-flor,
sardinhas em lata, espinafre (↑teor de cálcio, mas oxalato impede a absorção)
• Deficiência:
➢ Hipocalémia: falência renal, distúrbios paratiroide, deficiência de vitamina D;
espasmos musculares, convulsões; deficiência crónica de cálcio (osteoporose)
➢ Hipercalémia: cancro e sobreprodução de PTH; fadiga, confusão, perda apetite,
obstipação; deposição de cálcio nos tecidos

FÓSFORO – principal anião intracelular


• Função: ativação de enzimas
• Acumula-se essencialmente nos ossos
• Fontes alimentares: lacticínios, ovos, carne; alimentos ricos em proteínas → ricos
em fósforo
• Deficiência:
➢ Hipofosfatémia: hiperparatiroidismo (tumor), deficiência de vitamina D; anorexia,
tonturas, dores ósseas, fraqueza
➢ Hiperfosfatémia: doença renal; espasmos musculares e convulsões

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MAGNÉSIO
• Funções: reações enzimáticas, contração muscular, coagulação sanguínea
• Fontes alimentares: cereais integrais, espinafres, batata, leguminosas, marisco
• Deficiência:
➢ Hipomagnesémia: doença renal, alcoolismo, alguns diuréticos; perda de apetite,
náuseas, fraqueza, cãibras, confusão, irritabilidade, perturbações do ritmo
cardíaco
➢ Hipermagnesémia: diarreia, náuseas, fraqueza generalizada

MICRONUTRIENTES (< 15mg/dia)


Ferro, zinco, iodo, selénio, manganês, flúor, molibdénio, cobre, cromo, cobalto, boro

OLIGOELEMENTOS (<100mg/dia)

- Fontes alimentares de origem animal e vegetal

- Baixa concentração no organismo (<5g)

Funções: estrutural e de regulação; no metabolismo, co-fatores de enzimas, componentes


de hormonas, reações redox, funcionamento do sistema imunitário

FERRO

- Excesso de ferro catalisa a formação de radicais livres e substâncias potencialmente


destrutivas

• Funções: transporte 02 (componente hemoglobina (eritrócitos) e mioglobina


(músculo)); enzimas (constitui citocromos e co-fator); cérebro (síntese de
neurotransmissores)
• Ferro-heme – 2/3x mais absorvido do que o não-heme; absorção de 15-35% do teor
ingerido, independentemente da composição da refeição
• Ferro não-heme – fontes alimentares de origem vegetal; a absorção é fortemente
influenciada pela composição da refeição

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• Fontes alimentares: carne, peixe, fígado, leguminosas, cerais integrados e alimentos
fortificados contêm menor teor de ferro biodisponível
• Deficiência:
➢ Anemai: eritrócitos insuficientes, falta de ferro que impede a produção normal
de eritrócitos; deficiência + comum, principalmente em países em desenv.
• Toxicidade: em crianças – náuseas, vómitos, diarreia, taquicardia, tonturas,
desorientação
- hemocromatose: doença genética que causa absorção excessiva de ferro;
consequências – diabetes, doenças cardiovasculares, cirrose, cancro, fígado, artrite

ZINCO
• Funções: enzimas (estrutura e função), diversas atividades biológicas, metabolismo
de ácidos nucleicos, desenvolvimento e manutenção do sistema imunitário, visão e
regulação genética
• Absorção: 10-35%; fibras e fitatos impedem a absorção (dietas vegetarianas)
• Fontes proteicas: carnes vermelhas, marisco
• Deficiência:
➢ Diarreia e infeções crónicas: excesso de excreção de zinco
➢ Fibrose quistica e doença de Crohn podem afetar absorção de zinco

- consequências: infeções respiratórias, diarreia, malária, complicações na gravidez


e baixo peso à nascença, baixo crescimento, atraso no desenvolvimento

CRÓMIO
• Funções: potencia a ação da insulina, podendo melhorar a tolerância à glicose;
metabolismo lipídico
• Fontes alimentares: cereais integrais, algumas cervejas e alguns vinhos; marisco,
nozes, feijão
• Deficiência: em indivíduos a receber nutrição parentérica
• Toxicidade: rara

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COBRE
• Funções: componente de enzimas antioxidantes, cadeia transportadora de eletrões,
produção de melanina, colagénio e elastina, sistema imunitário, mielinização do SN
e sistema cardiovascular
• Absorção: 50% (intestino); ferro, zinco e anti-ácidso reduzem a absorção; albumina
transporta cobre para o fígado, levando 2/3 incorporados na ceruloplasmina
• Armazenamento: fígado, cérebro e medula óssea
• Excreção: fezes e urina (menor teor)
• Fontes alimentares: carnes vermelhas e ostras, ameijoas
• Deficiência: frequente em bebés prematuros; consequências – anemia e anomalias
ósseas
• Toxicidade: doença de Wilson; consequências – anemia e alterações no fígado e
problemas neurológicos

IODO – componente essencial das hormonas tiroideias (tiroxina e tiiodotironina)


• Absorção e metabolismo: iodeto e iodatos; 95-100% absorvido no intestino; 70-80%
na tiroide; tiroglobulina – forma armazenada nas hormonas da tiroide
• Excreção: urina e sudação
• Fontes alimentares: marisco, peixe, lacticínios fortificados, sal iodado
• Deficiência: inibe a síntese as hormonas tiroideias → aumento produção de TSH →
aumento volume tiroide → bócio
- bócio: intolerância ao frio, diminuição da temperatura corporal, aumento do peso,
cansaço, baixa atividade
- cretinismo (atraso mental) → durante a gravidez
• Excesso: alterações da tiroide, reações de sensibilidade, cancro da tiroide;
raramente – dores abdominais, náuseas, alterações cardíacas, coma
• Gravidez (RDA 220µg/dia):

- Suplementação em iodeto de potássio (150-200µg/dia) desde o inicio até ao


aleitamento; maturação e desenvolvimento do SNC do feto; T3 e T4 regulam
metabolismo celular

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FLÚOR – vital para a saúde dos dentes e ossos
• 99% encontra-se em tecidos calcificados
• Funções: promove a deposição de cálcio e fósforo nos ossos e dentes; fundamental
para a manutenção dentaria e óssea; proteção contra cáries e estimulação da
formação óssea
• Fonte: água
• Deficiência: risco aumentado cáries dentarias
• Excesso: fluorose dentária e óssea

Fluoretação da água de abastecimento em Portugal:

- Teores de fluor da água são baixos em Portugal Continental e elevados na Madeira


e nos Açores

- Valor de referência: 1,5mg F/L

Nutrição nas várias fases da vida: gestação, lactação, infância, idade adulta, adultos mais
velhos (idosos) – fisiologia muda consoante a fase da vida em que estamos

Gestação – preconceção e fertilidade

Nutrição ideal para uma conceção bem-sucedida – inclui quantidades adequadas de


vitaminas, minerais e macronutrientes fornecedores de energia necessários

Nutrição inadequada durante período preconcecional/gestacional → compromete


conceção/gestação

INFERTILIDADE

Não obtenção de uma gravidez clinicamente comprovada, após um período contínuo


superior a 12 meses de relações sexuais regulares, com penetração vaginal, sem a utilização
de métodos contracetivos

- Afeta 15 a 25% dos casais nos países desenvolvidos.

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Relação entre nutrição e infertilidade feminina:
Relação entre nutrição e infertilidade
- Aumento do aporte de ácido fólico e vitamina B12 parece masculina:
aumentar o sucesso da reprodução medicamente assistida
✓ A suplementação de antioxidantes nos
- A ingestão de gorduras trans está associada a uma homens poderá aumentar o sucesso da
diminuição da fertilidade reprodução medicamente assistida
✓ Dietas mais saudáveis estão associadas
- Aumento do consumo de ácidos gordos ómega-3
a melhor qualidade do esperma
associado a um aumento da fertilidade
✓ Ingestão de gorduras trans está
- Laticínios parecem não ter uma influência relevante na associada a uma menor qualidade do
fertilidade esperma e marcadores de diminuição

- Dietas saudáveis estão associadas a um aumento do da função testicular

sucesso em reprodução medicamente assistida ✓ Ingestão de álcool em valores que


possam provocar lesão hepática,
- A maioria dos estudos de grande dimensão não tem
associado a diminuição da fertilidade
encontrado associações entre o consumo de álcool e
nos homens
cafeína e a infertilidade

Peso e infertilidade:

▪ Ambos os limites do IMC associados a diminuições nas taxas de fertilidade


▪ Diminuição da gordura corporal nas mulheres associado a dificuldades de conceção:
o % gordura < 17% frequente a amenorreia
o % gordura < 23% frequente à ausência de ovulação
▪ Causas para estas associações não são completamente compreendidas

Programação fetal: parece que a exposição a situações desfavoráveis em períodos sensíveis


do desenvolvimento “programam” os indivíduos a serem mais suscetíveis a doenças
crónicas na vida adulta e a um envelhecimento mais acelerado

Pode ser passada a gerações futuras através de processos de epigenética

Exemplos de programação fetal:

❖ Desnutrição materna: baixo peso do bebé à nascença; aumento do risco de


obesidade infantil/idade adulta; hipertensão arterial; intolerância à
glicose/aumento risco de diabetes

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❖ Bebés com elevado peso no nascimento/exposição ao tabaco: obesidade na vida
adulta; diabetes

Nutrição da grávida

• Fase gestacional: período de maior vulnerabilidade biológica do ciclo reprodutivo da


mulher que origina diversas alterações fisiológicas, físicas, emocionais,
comportamentais e alimentares para organismo materno – refletem-se na saúde da
gestante e do bebé

Alterações durante a gravidez:

- Aumento do volume sanguíneo (50% final da gestação)

- Aumento em 12% do tamanho do músculo cardíaco – edema dos membros inferiores pela
expansão do útero sobre a veia cava inferior

- Náuseas, vómitos e azia – desejos, aversões alimentares e possível apetite devorador

- Aumento natural da resistência à insulina

- Aumento da função renal (cerca de 50%) - ↑TFG

- ↑ da insulina plasmática
Associadas às variações
- ↓ da sensibilidade à insulina (insulinorresistência)
hormonais características
- ↑ absorção de cálcio e ferro da gravidez

- Variações no perfil lipídico – colesterol e triglicerídeos

Deficiências vitamínicas frequentes – aumento das necessidades e da excreção destas


vitaminas

o Ácido ascórbico (vitamina C)


o Piridoxina (vitamina B6)
o Ácido fólico (vitamina B9)
o Cobalamina (vitamina B12)

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Recomendações para ganho de peso gestacional – a mulher deve aumentar o peso

Componentes do ganho de peso materno:

- Feto e membranas fetais – 28%

- Líquido amniótico – 22%

- Depósitos de gordura – 9%

- Aumento de mamas – 14%

- Edema e volume sanguíneo aumentados – 27%

Orientações nutricionais durante a gravidez:

- Dificuldade em atingir as RDA de ferro e ácido fólico apenas através da alimentação –


recomendação de suplementação de ambos os nutrientes

- Obstipação muito frequente – recomendado o aumento da ingestão de líquidos e fibras;


quando não contraindicado, promover de atividade física adaptada à gravidez

- Náuseas e vómitos – fracionamento das refeições (6/dia); evitar líquidos às refeições;


evitar frituras e alimentos condimentados

❖ PIROSE (azia)

- Fracionar as refeições ❖ HIPERTENSÃO

- Evitar frituras e alimentos - Restrição de sal adicionado às refeições


condimentados - Evitar alimentos muito salgados –
- Comer lentamente e mastigar bem os bacalhau, conservas, molho de soja,
alimentos biscoitos salgados, frutos secos salgados

- Não ingerir líquidos durante ou próximo - Temperar os alimentos com recurso a


das refeições ervas aromáticas e não sal

- Não deitar após as refeições

- Evitar chá, café, álcool, refrigerantes e


tabaco

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❖ DIABETES GESTACIONAL
❖ HEMORROIDAS - Muito frequente na gravidez (incidência
- Prevenir a obstipação de 9,6% das grávidas)
- Optar por ervas aromáticas em - ↑ do risco de pré-eclâmpsia
detrimento de especiarias como a - ↑ do risco de complicações para o feto
pimenta, a mostarda ou os cominhos
- Exige orientação individualizada por um
nutricionista
❖ ANEMIA - Associado a gravidez risco
- Aumento do aporte de alimentos
Recomendações:
ricos em ferro – carnes, peixes,
vegetais verdes escuros, ✓ Forte restrição de açúcar

leguminosas, frutos ricos em ✓ Fracionamento das refeições (6

vitamina C, evitar o consumo de café ref/dia)

ou chá à refeição ✓ HC integrais, aumento do consumo de


vegetais folhosos, alimentos ricos em
ómega 3, zinco e cromo

Alimentação na lactação

Vantagens:

- Diminuição diarreias, enterocolites necrosantes, infeções do trato urinário, infeções


respiratórias, otite média, diabetes mellitus, linfoma e leucemia, doença de Hodgkin,
excesso de peso, dislipidemias, asma, alergias, cáries dentárias, desnutrição, parasitoses e
morte súbita;

- Melhora o desempenho em testes cognitivos e visão;

- Fortalece sistema imunológico;

- Contribui para estabilidade emocional;

- Diminui pressão arterial;

- Diminuição da incidência de diabetes;

- Redução moderada do excesso de peso e obesidade.


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Para a mãe:

▪ Diminuição da incidência de cancro da mama, cancro do ovário, fraturas ósseas e


esclerose múltipla
▪ Aumenta o tempo de amenorreia
▪ Previne hemorragia pós-parto por promover contração uterina
▪ Ajuda no regresso ao peso pré-concecional através da mobilização de reservas
energéticas para a produção de leite
Leite materno:
Recomendações nutricionais durante amamentação:
100ml de leite (67kcal) → gasto de 85
- NET cerca de 300kcal superiores kcal
Primeiros 6 meses → +/- 750 ml/dia
- Fracionar refeições

- Fazer alimentação equilibrada e cuidada semelhante à da gravidez

Necessidades nutricionais durante a lactação:

o Vitaminas – DRI’s aumentadas → vit. A, vit. C, vit. E, riboflavina, vit. B6, vit. B12, ác.
pantoténico, biotina e colina
o Minerais – DRI’s aumentadas → crómio, cobre, iodo, manganês, selénio, zinco

Cuidados especiais durante a amamentação:

• Evitar que os horários das refeições da mãe coincidam com as refeições do bebé
• A mãe deverá beber mais água do que na gravidez – cerca de 2/3 litros
• Evitar alimentos que possam originar:
o Alergias no bebé – chocolate, citrinos, marisco, morangos, bebidas alcoólicas
o Mau sabor ao leite – alho, cebola, espargos, especiarias, fritos
o Cólicas ou flatulência – chá preto ou verde, café, coca-cola e outros refrigerantes, grão,
feijão, brócolos, couves, chocolate
• Evitar bebidas alcoólicas
• Evitar fumar – perto da criança; afeta a produção de leite; diminui o teor de vit. C do
leite
• Evitar estimulantes – hiperatividade, alterações do sono; porém, não são uma
contraindicação (em moderação)
• Alguns tipos de medicação

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Situações em que é contraindicado o aleitamento materno exclusivo: mães seropositivas
para HIV, uso de radioisótopos, situações de galactosemia, tuberculose ativa e não tratável,
utilização de drogas ilícitas, quando não é possível estabelecer amamentação ou esta não é
suficiente

Aumento da produção do leite

- Não há evidência que a produção de leite materno seja aumentada por determinados
alimentos

- Um dos alimentos sugerido pelo conhecimento popular é a cerveja preta. Deverá ser
evitada devido ao seu conteúdo em álcool

- A lactente deverá evitar o consumo de álcool e limitar o café a 300mg de café/dia

- O consumo de álcool é completamente proibido em mãe que fazem co-sleeping com o


bebé

IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO:

O leite materno é nutricionalmente completo, fornece imunoglobulinas importantes


para o funcionamento do sistema imunitário da criança e bactérias probióticas
importantes no desenvolvimento de uma microbiota intestinal saudável.

Nutrição na infância e na adolescência

Amamentação ou aleitamento exclusivo até os 6 meses e


complementar até pelo menos aos 2 anos de idade

- Até 6º mês – leite materno fornece todos nutrientes de forma adequada para o lactente e
nenhum outro alimento nem água precisam ser oferecidos à criança

- 1º ano de vida – criança triplica o seu peso; comprimento aumenta 50% no mesmo período

- Até 2 anos – crescimento reflete as condições de nascimento (gestação) e de ambiente


(nutrição)

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Diversificação alimentar – objetivos e importância

✓ Nutricionais – satisfazer as necessidades nutricionais e energéticas do lactente


(aumentadas)
- impossibilidade de satisfazê-las apenas com leite a partir dos 6 meses – proteínas
e ácidos gordos essenciais; vitaminas C, D e E; minerais – ferro, zinco e flúor
✓ Desenvolvimento – promove a aquisição de competências
- estímulos seriados e progressivos fornecidos pelos alimentos e as suas
características organoléticas
✓ Educação alimentar – preparação para a integração no regime alimentar da família
e relação com o meio envolvente

Riscos do início precoce da DA:

o Interferência com a duração e eficácia do aleitamento materno


o Dificuldades desenvolvimento – má coordenação neuromuscular oral
o Sobrecarga renal e hiperosmolaridade
o Imaturidade digestiva
o Maior risco de alergia alimentar
o Maior risco por infeção alimentar

Introdução de novos alimentos depende:

▪ Desenvolvimento psicomotor e neuro-comportamental do lactente


▪ Maturação estrutural e funcional gastrointestinal, renal e metabólica
▪ Maturidade dos mecanismos imunitários do intestino – diminuição de
permeabilidade aos antigénios e macromoléculas; diminuição das reações de
hipersensibilidade
▪ Vontade da mãe querer amamentar mais ou menos tempo – motivos
socioeconómicos, culturais, profissionais

Introdução de outros alimentos além do leite deve ser feita gradualmente:

• Nunca deverá ser feita antes das 17 semanas (4meses) nem após as 26 sem. (6,5
meses) – poderá ser um pouco mais tarde caso a mãe queira continuar a amamentar
exclusivamente e se o leite for suficiente (no máximo até aos 8 meses)
• Um alimento de cada vez
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• Em quantidades razoáveis – parece haver uma maior estimulação da síntese da IgE em
resposta a pequenas quantidades de alergénios
• Esperar cerca de 7 dias até introduzir outro alimento – verificar se há alguma reação
alérgica

Avaliação nutricional

Avaliação antropométrica da criança: peso, altura, perímetro cefálico

▪ Peso corporal – fundamental para avaliação do crescimento, tem sensibilidade


elevada na identificação precoce de problemas nutricionais graves
▪ Altura – indicador de estado nutricional de longa duração; alteração lenta e
associada a problemas nutricionais crónicos; pode não ser possível recuperar todo
o seu potencial depois de detetados os desvios
▪ Perímetro cefálico – reflete o crescimento cerebral, que é bastante acelerado até
os 3 anos

Percentis – curvas de crescimento

Excesso de peso e obesidade na infância e adolescência:

Para crianças e adolescentes em risco de obesidade – medida da circunferência da cintura


pode ser um parâmetro útil de referência quanto aos riscos associados, por fazer referência
à quantidade de gordura visceral e por isso indicar riscos de alterações metabólicas, como
resistência à insulina, dislipidemias, alterações de pressão arterial e outras doenças
associadas

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Nutrientes muito importantes na infância e adolescência

Alterações nutricionais frequentes na população infantil:

• Anemia ferropriva (crianças e gestantes) – hipocromia e miocítica; S.S – sonolência,


taquicardia, cefaleia, alteração das funções cognitivas, parestesias, redução dos
leucócitos
• Hipovitamina A (crianças) – lesões oculares; xeroftalmia, e cegueira, aumento das
infeções; interligado com a anemia, por prejudicar a mobilização dos depósitos de
ferro
• Baixo peso e desnutrição (crianças) – desorganização família e falta de disciplina na
alimentação
• Obesidade

Nutrição no adulto

Avaliação nutricional do adulto (> 20 e < 60)

▪ Avaliação antropométrica: peso e altura, circunferências (meio do braço, cintura,


anca), pregas cutâneas (tricipital, bicipital, subescapular, suprailíaca)
▪ Screening de doenças crónicas: medição de pressão arterial, valores de glicose em
jejum (HbA1c), perfil lipídico (triglicerídeos, colesterol total, colesterol HDL e LDL)

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Body Mass Index (BMI):

- Desenvolvido por Adolphe Quetelet (Astrónomo) durante o século 19

- Apresenta uma boa correlação com a quantidade de massa gorda

- Não distingue adiposidade visceral de outros tipos de adiposidade

- O IMC é globalmente utilizado na definição de obesidade em adultos

Perímetro da cintura – muito bom indicador de risco cardiovascular

o Mede-se no ponto médio entre o rebordo costa e a crista ilíaca


o Pode utilizar-se também a cintura natural (ponto mais estreito)
o Tem muito boa relação com a acumulação de gordura visceral
o Pode ainda ser utilizado para calcular a relação medida da cintura/anca

Valores de referência para o perímetro da cintura

Prevalência excesso de peso e obesidade


em Portugal
Aumento da gordura visceral e saúde
- 57,1% dos portugueses em excesso de
associado:
peso;
• Doenças cardiovasculares;
- 34,8% da população tem pré-obesidade;
• Diabetes;
- 22,3% dos portugueses têm obesidade. • Alguns tipos de cancro;
• Doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC).

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Envelhecimento

- Um dos maiores desafios demográficos e de saúde em Portugal

- 2017: delineada estratégia para o envelhecimento ativo e saudável

- Portugal é o 4º mês da EU com maior % de pessoas idosas

Objetivos da nutrição no envelhecimento:

✓ Promoção da saúde aumentando os anos de vida sem doença


✓ Promover a manutenção da capacidade funcional
✓ Independência física e mental e saúde mental

Fatores que influenciam a alimentação e estado nutricional do idoso: fisiológicos,


socioeconómicos, psicológicos, estado de saúde, medicação

Alterações fisiológicas

• Senescência: período de vida após 30 anos que envolve todo o corpo – diminuição
das funções dos órgãos e sistemas; predomina o catabolismo
• Diminuição do metabolismo basal

- De 15 a 20%

- Diminuição da massa muscular (sarcopénia) – 2-3% por década

- Aumento da massa gorda

- Diminuição da atividade física


• Alterações sensoriais

- Diminuição das capacidades sensoriais

- Disgeusia e hiposmia (↓ paladar e ↓ olfato) – anorexia, alterações


metabólicas (diminuição de sucos digestivos e hormonas; xerostomia - ↓
saliva)
• Alterações gastrointestinais

- Menos dentição, próteses dentárias, xerostomia – dificuldade mastigação e


deglutição

- Atrofia gástrica, acloridria, dificuldade em digerir, menor motilidade


(obstipação), diminuição da lactase e outras enzimas e hormonas

- Diminuição da biodisponibilidade dos nutrientes


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Diminuição das funções:

o Cardiovascular – arterioesclerose
o Renais – pode diminuir em 60% até aos 80 anos; < capacidade de concentrar urina
e excreção
o Hepáticas
o Neurológicas – alterações psicológicas, motoras, cognitivas
o Imunológicas – diminuição da imunidade humoral e mediada → maior
suscetibilidade a infeções e d. auto-imunes

Fatores psicológicos: isolamento/solidão, Situação clínica – patologias associadas


falta de objetivos/sensação de inutilidade, - Hipertensão, dislipidémias e doenças
ausência de atividades, doenças, viuvez, cardiovasculares

problemas económicos, falta de apoio, - Diabetes

diminuição das capacidades, depressão - Obesidade /malnutrição


- Doenças osteo-articulares
- Doenças gastrointestinais, renais e
hepáticas
- Neoplasias
- Doenças neurológicas

Medicação

• Aspirina – irritabilidade do sistema GI, ↓ absorção ferro


• Ani-ácidos – ↓ metais ↓ absorção fósforo → osteoporose
• Digoxina – anorexia e náuseas
• Sinvastina – absorção vitaminas lipossolúveis e ferro
• Laxantes – ↓ absorção Ca, K, gorduras e água
• Diuréticos
• Terapia neoplasia – alterações GI

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Dificuldades nutricionais comuns em adultos mais velhos:

o Perda do paladar
o Dificuldades de mastigação (problemas de dentição)
o Alterações do olfato
o Diminuição da visão
o Dificuldades de controlo motor (perda de autonomia, inclusive alimentar)
o Alterações digestivas e dificuldades de deglutição

Risco desnutrição nos idosos em Portugal:

Avaliação do estado nutricional, nomeadamente do risco nutricional e desnutrição é


fundamental neste grupo populacional

4,8% dos idosos em lares estão em situação de desnutrição e 38,7% em risco de desnutrição

0,6% e 16,9%, respetivamente quando avaliados os idosos a viver em casa

Consequências da desnutrição:

▪ Desnutrição/défice de nutrientes
▪ Diminuição da imunidade
▪ Diminuição da capacidade funcional
▪ Anemia
▪ Úlceras de pressão
▪ Quedas e fraturas
▪ Desidratação

Screening do risco nutricional no idoso é uma maneira de controlar o seu estado nutricional

o 12-14 pontos: estado nutricional normal


o 8-11 pontos: sob risco de desnutrição
o 0-7 pontos: desnutrido

Outras ferramentas de avaliação do estado nutricional: StrongKids, SGA (avaliação


subjetiva Global), Nutritrional Risk Screening (NRS2002)

Pontuação ≥ 3: doente está em risco nutricional


e é iniciado um plano de cuidados nutricionais

Pontuação < 3: repetir rastreio semanalmente 19


A distribuição de nutrientes para além da alimentação
normal utilizando:

✓ Fortificação alimentar
✓ Nutrição entérica – nutrição por sonda, via do tubo
digestivo
✓ Nutrição parentérica – nutrição por veias

Objetivo: manter ou restaurar o estado nutricional, com propósitos médicos e específicos

✓ Aumentar o aporte de macro e/ou micronutrientes


✓ Reverter situações de desnutrição ou estados de carências nutricionais especificas
→ assegurando a ingestão total de nutrientes (alimentos + suporte nutricional) que
providencia energia, proteínas, fluidos e micronutrientes
✓ Minimizar perdas ponderais e nutricionais
✓ Conseguir ganhos ponderais
✓ Melhorar resposta à terapêutica
✓ Prolongar a vida e melhorar a sua qualidade

Considerações antes de iniciar suporte nutricional:

o Avaliar se necessidades nutricionais que estão a ser alcançadas


o Há quanto tempo a ingestão é insuficiente e/ou é provável que se mantenha
inadequada
o Estado nutricional atual: (1) IMC, (2) recente perda de peso não intencional e (3)
evidência de deficiências nutricionais específicas
o Situação clínica atual do doente
o Benefício clínico e da qualidade de vida vs. possíveis riscos
o Previsão de défice nutricional moderado durante um período de tempo prolongado
ou défice acentuado num curto espaço de tempo ou situação intermédia

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Indicação para suporte nutricional:

DOENTES MALNUTRIDOS DOENTES EM RISCO DE DESNUTRIÇÃO

• IMC < 18,5kg/m2 • Ingestão alimentar inexistente ou em


• Perda não intencional de peso > pequena quantidade há mais de 5 dias e/ou
10% nos últimos 3-6 meses redução da ingestão alimentar expectável
• IMC < 20kg/m2 e perda não nos próximos 5 dias
intencional de peso > 10% nos • Baixa capacidade absortiva, aumento das
últimos 3-6 meses perdas de nutrientes e/ou necessidades
Método – deve ser escolhido de forma individualizada, tendo em conta:
nutricionais aumentadas
✓ Situação clínica
✓ Necessidades nutricionais
✓ Via de administração possível/adequada – via oral é preferencial
✓ Dificuldades de mastigar e/ou deglutir
Tipos de alimentação

Alimentação tradicional

- Alimentação culinária

- Ideal: mais fisiológica, maior


satisfação social e sensorial

- Se necessário alterar a
textura ou enriquecer em
nutrientes específicos

Fortificação alimentar

- Suplementos nutricionais adaptados para completar a alimentação habitual

- Se não for possível atingir as necessidades por via oral com a alimentação habitual

Nutrição entérica

- Para complementar a alimentação tradicional ou a fortificação alimentar em caso de


necessidade

- Se não se atingirem as necessidades nutricionais ou se há falência do tubo digestivo

- Ajuda a preservar a função e integridade da mucosa intestinal

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- Em doentes críticos: atenuação da resposta catabólica e preservação da função
imunológica

- Menor taxa de morbilidade, de complicações decorrentes de infeções e menor custo


com o doente crítico

- Não parece afetar o tempo de estadia hospitalar e a mortalidade

Nutrição parentérica

- Administração de nutrientes por via endovenosa

NUTRIÇÃO ENTÉRICA deverá ser NUTRIÇÃO PARENTÉRICA deverá ser


considerada quando o doente: considerada quando o doente:

✓ Tem trato GI funcionante ✓ Estão ou poderão vir a estar


✓ Está incapaz ou relutante em consumir malnutridos
nutrientes em quantidades suficientes ✓ Não tenham função GI suficiente para
para suprir as suas necessidades manter ou restaurar um estado
nutricional ótimo

VIA ORAL

• Implica paladar agradável, o que muitas vezes não acontece


• Os suplementos dietéticos orais poderão ser considerados, em diversas situações,
como incompletos sob o ponto de vista nutricional
• Poderão conter fibra, lactose ou glúten em quantidades significativas
• São prescritos para doentes com a função gastrointestinal conservada ou
praticamente conservada e numa situação considerada de rápida progressão

NUTRIÇÃO ENTÉRICA

Tipos de fórmulas entéricas preparadas:

▪ Modulares: nutricionalmente incompletas; contêm predominantemente apenas 1


nutriente – proteína, lípidos, hidratos de carbono, fibras
▪ Completas: contém todos os nutrientes essenciais; maioria não contém fibras,
lactose ou glúten em quantidades significativas

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❖ Suplementos nutricionais modulares devem ser utilizados exclusivamente como
suplementos da dieta habitual, não devendo utilizar como fonte única de alimentação
❖ Suplementos nutricionais orais suplementam a dieta habitual e podem ser a única fonte
de alimentação

Critérios de nutrição entérica para adequação da Terapia Nutricional:

o Trato GI funcionante
o Doentes malnutridos ou com risco nutricional
o Ingestão alimentar impossível ou incapaz de manter ou recuperar o estado
nutricional
o Alteração da digestão, absorção e metabolismo
o Emagrecimento severo ou comprometido do desenvolvimento

INDICAÇÕES PARA NE – ADULTOS


alimentação oral
impossibilidade ingestão oral disfunção do trato emagrecimento
resulta em
de se alimentar insuficiente GI severo
dor/desconforto
• Inconsciência • Trauma ou coma • Doença de • Síndrome de • Fibrose cística
• Anorexia • Septicémia Crohn má absorção • Comprometime
• Patologia • Alcoolismo • Colite ulcerosa • Fístulas nto da
oral/faringo/ crónico • Tumores no TGI • Síndrome do deglutição
laríngea • Depressão grave • Situações de intestino curto • Cancro
• AVC • Queimaduras quimioterapia o • Gastroparésia • Doenças congé-
• Neoplasias graves radioterapia grave nitascardíacas
• Doenças • Doenças híper- • Pancreatite • Trauma
neurológicas catabólicas • Miastenia grave
medicas (cancro, SIDA) • Desnutrição
• Pós-cirurgia

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Vantagens nutrição entérica vs. Parentérica:

▪ Mais fisiológica
▪ Manutenção das características intestinais
▪ Prevenção da translocação bacteriana, de septicémia e do risco da falência
multiorgânica
▪ Segurança e mais baico custo

Contraindicações – causas anatómicas, causas funcionais, causas relacionadas com

✓ Obstrução mecânica do TGI ✓ Pancreatite aguda grave


✓ Disfunção do TGI ou condições ✓ Pós-operatório imediato
que requerem repouso intestinal ✓ Fístulas altas
✓ Vómitos e diarreia grave ✓ Enfarte mesentérico
✓ Instabilidade hemodinâmica ✓ Doença inflamatória intestinal
✓ Hemorragia GI Severa aguda
patologia base
✓ Enterocolite severa ✓ Hemorragia digestiva aguda
Contraindicações absolutas

✓ Fístulas entero-cutâneas de alto


✓ Isquémia intestinal débito
✓ Ausência de função intestinal ✓ Íleo paralítico
devido a inflamação severa ✓ Perfuração gastrointestinal
(peritonite generalizada, estados ✓ Hemorragia gastrointestinal
graves de choque) ou estase aguda
✓ Impossibilidade de acesso ✓ Falta de superfície de absorção
intestinal
✓ Obstrução intestinal completa
Nutrição
parentérica

Nutrição por sonda:

• Implica a utilização do trato GI, geralmente via tubo de alimentação com a ponta no
estômago ou intestino delgado
• Seleção do acesso depende:

- Antecipação da duração da nutrição entérica

- Grau de risco de aspiração ou deslocação do tubo

- Estado clínico do doente


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- Adequação da digestão e absorção

- Anatomia do doente (ex.: obesidade extrema)

- Se existe uma futura intervenção cirúrgica planeada


• Após aconselhamento nutricional para otimização do aporte energético-proteico, se
ingestão alimentar inferior a 50% durante: 3 dias em doentes desnutridos ou 7 dias
em doentes bem nutridos
• Avaliar riscos e benefícios

Vias de acesso

▪ Nasogástrica
Curto
▪ Nasoduodenal
prazo
▪ Nasojejunal
(≤ 4sem.)
Sonda

▪ Faringostomia cervical

Longo ▪ Esofagostomia cervical

prazo ▪ Gastrostomia
▪ Gastrostomia endoscópica percutânea
(> 4sem.)
▪ Jejunostomia

Sonda nasogástrica

- Fácil de colocar apenas com anestesia local e/ou sedação mínima

- Colocação do tubo no estômago permite avaliação do volume residual gástrico, mas


aumenta o risco de refluxo gástrico por perda do efeito protetor do esfíncter esofágico
inferior pela presença da sonda

- Reduzido diâmetro da sonda → maior risco de oclusão (entupimento) → geralmente


adequado para dietas líquidas

- Poderá haver remoção acidental da sonda (espirro e vómito)

- Não deverão ser colocadas em doentes com trauma facial

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Faringostomia/esofagostomia

- Faringostomia tem sido substituída por esofagostomia (menor risco de obstrução das vias
aéreas)

- Adequadas para suporte nutricional superior a uma semana, em pacientes com esófago
normal e que toleram anestesia geral (curta duração)

- Procedimento simples e não requer equipamento especializado

- Diâmetro superior às sondas nasogástricas (menor probabilidade de oclusão)

Gastrostomia

- Indicações para colocação semelhantes à esofagostomia

- Ideal para suporte nutricional entérico de longa duração

- Maior diâmetro da sonda

- Adequadas na presença de esofagite ou distúrbio esofágico

- Necessita de maior tempo de anestesia e de equipamento especializado

Gastrostomia endoscópica percutânea

- Intervenção não cirúrgica

- Procedimento endoscópico, percutâneo, para criação de uma abertura do estômago para


a pele

- A PEG é considerada mais segura que a gastrostomia cirúrgica

NUTRIÇÃO PARENTÉRICA

NP vs. Fluiodoterapia

Os nutrientes utilizados não vão seguir as vias metabólicas normais, pois são ultrapassadas
as fases de digestão, absorção, estimulação de hormonas digestivas e primeira passagem
do metabolismo hepático dos nutrientes

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Fluiodoterapia pós-operatória

Solução de glicose a 5% → 50g glicose/L → 125mL/h → 3L/dia →


600kcal/dia
60kg → 25kcal/kg/dia → 1500kcal → défice de 900kcal/dia

130-150g hidratos de carbono por dia – mínimo para tecidos glicodependentes

Nutrição parentérica:

• Os nutrientes usados não vão seguir as vias metabólicas normais, pois são
ultrapassadas as fases de ingestão, digestão, absorção, estimulação de hormonas
digestivas, passagem do metabolismo hepático dos nutrientes

• Forma química dos nutrientes difere da utilizada na nutrição oral ou na NE, com
interações metabólicas complexas, problemas fisiológicos e bioquímicos
reconhecidos

INDICAÇÕES NP
intestino não está acessível
NE não é viável porque intestino não está NE não é segura ou
ou não é possível colocar
funcionante pode não ser eficaz
sonda
▪ Obstrução intestinal ▪ Lesão/cirurgia facial ou ▪ Não é segura –
▪ Alguns tipos/locais de fístula malformação isquemia intestinal
gastrointestinal ▪ Obstrução ou ▪ Não é eficaz –
▪ Síndrome do intestino curto (<200 cm de malformação do TGI vómitos
intestino delgado em continuidade) superior incoercíveis
▪ Diarreiapersistente e severa ou absorção ▪ Risco de hemorragia do
comprometida TGI superior (ex.:
▪ Sinais persistentes de dismotilidade presença de varizes
significativa do intestino (abdómen esofágicas)
distendi-do e/ou doloroso, aspiração
gástrica persistente e em grande
volume, nenhuma saída intestinal)

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Vantagens: Desvantagens:

▪ Nutrir; ▪ Risco de infeção associada à NP;


▪ Tubo digestivo não ▪ Risco de mobilização do cateter;
funcionante/parcialmente. ▪ Consequências do tubo digestivo parado – elevado
funcionante risco de complicações infeciosas.
▪ Complicações metabólicas

Contraindicações

✓ NP não deverá ser usada se as necessidades nutricionais do doente puderem ser


atingidas via NE ou oral dentro de 5 dias
✓ Intestino funcionante com absorção mantida de macro r micronutrientes
✓ Período de tempo expectável de NP inferior a 5 dias em doentes não desnutridos
✓ Em doentes desnutridos pode ser relevante o início da NP nas 24/48h de
impossibilidade de alimentar adequadamente mesmo que seja expectável que o
doente tenha um aporte adequado num período inferior a 5 dias

Vias de acesso:

Escolha de acesso:

o Duração prevista
o Condição do doente – estado da rede venosa
o Osmolalidade das soluções disponíveis para uso
o Limitações de acesso

❖ Acesso venoso periférico (duração < 2sem.): solutos de baixa osmolaridade


❖ (<90mOsm/L)
Acesso venoso profundo/central (duração ≥ 2 sem.): solutos hipertónicos

RESUMO

Insuficiente (queimados, politraumatizados,


desnutrição pré-operatória grave)

• Indesejável (pancreatite, fístulas)


• Ineficaz (síndrome de má-absorção)
Impossível (resseções extensas do intestino
delgado) – nutrição parentérica

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Árvore de decisão – suporte Equipa multiprofissional
nutricional

Objetivos: preventivos, diagnósticos,


terapêuticos e proporcionar alimentação
DIETA DO FORMULÁRIO completa e equilibrada
Manual de dietas
DIETÉTICO
Fatores a considerar: aspetos clínicos,
características e estatísticas do centro
clínico
Aspetos clínicos:
DIETA PERSONALIZADA Plano alimentar - Tipo de atividade clínica e
patologias mais frequentes;

- Totalidade de camas;

- Totalidade de serviços – tipos:


médico, cirúrgicos e ambulatório;

- Unificação de critérios a utilizar.

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Plano alimentar: plano adequado e equilibrado, que tem em conta:

- Variações individuais;

- Disponibilidade de alimentos;

- Condições socioeconómicas.

Satisfazendo todas as necessidades nutricionais e energéticas e contribuindo para a


diminuição do risco de desenvolver doenças crónicas

A individualização e adaptação do plano alimentar a cada doente é fundamental para


se atingir o êxito da terapêutica instituída!

Como é calculado o plano alimentar?

1º: cálculo de necessidades energéticas

2º: distribuição do VET pelos macronutrientes

3º: distribuição das doses por grupos de alimentos

4º: descrição pormenorizada da quantidade e tipo de alimentos

6º: conselhos úteis

7º: lista de “proibidos/alimentos a evitar”

Dieta terapêutica: baseada na dieta normal

Modificações:

▪ Valor energético – normal, aumentado, diminuído


▪ Consistência – normal, mole, pastosa, líquida
▪ Nutrientes – híper, hipo, restrição, controle
▪ Textura – rugosa (com fibra), macia (sem fibra)

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TIPOS DE DIETAS

Dieta geral: dieta completa e equilibrada desenhada segundo os princípios da


alimentação saudável
Dieta ligeira: dieta completa, com restrição de gorduras, estimulantes
gastrointestinais e alimentos ácidos
Dieta líquida: dieta incompleta, modificada, cujos alimentos se apresentem numa
consistência líquida
Dieta líquida reforçada: dieta completa, modificada, cujos alimentos se apresentem
numa consistência líquida
Ovolactovegetariana: dieta completa e equilibrada à base de alimentos vegetais,
com inclusão de ovos e lacticínios
Vegetariana: dieta completa constituída exclusivamente por alimentos de origem
vegetal
Baixo teor microbiano: dieta de baixo conteúdo microbiano
Cremosa: dieta completa cujos alimentos se apresentem numa consistência de
creme homogéneo
Isenta de glúten: dieta com restrição de glúten
Mole: dieta completa cujos alimentos se apresentem numa consistência mole que
permita uma fácil mastigação
Reforçada em energia: dieta com maior aporte do que a dieta base que lhe deu
origem
Restrita em energia: dieta com menor aporte energético do que a dieta que lhe deu
origem
Restrita em fibra dietética e resíduos: dieta com restrição em fibra dietética, lactose
e tecido conjuntivo
Restrita em lactose: dieta com restrição de lactose (até 6g/dia)
Restrita em potássio: dieta com restrição de potássio (até 3g/dia)
Restrita em sal: dieta sem sal de adição

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