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UNESUL BAHIA

8º PERÍODO NOTURNO

DIREITO TRIBUTÁRIO

LAVÍNIA BALTHAZAR E ASSUCENA MATOS

ATIVIDADE PONTUADA - 2º BIMESTRE 2022.2

Garantias e Privilégios do Crédito Tributário

As garantias e privilégios do crédito tributário são medidas que asseguram ao


Fisco o direito de receber do contribuinte uma prestação pecuniária, afim de
angariar recursos para a consecução de políticas públicas e programas sociais,
previstos na Constituição Federal ou em leis infraconstitucionais.
Os privilégios decorrentes das garantias e preferências enumeradas no CTN
decorrem da supremacia do interesse público. Por isso, são meramente
exemplificativas, não excluindo outros previstos na legislação específica de
cada ente federativo. Pode-se elencar as garantias em um rol que assegura o
recebimento do crédito tributário pelo fisco:
Nos termos do art. 183, do CTN, as garantias previstas para o crédito tributário
não são exaustivas, ou seja, não exclui outras que sejam expressamente
previstas em lei. Desta forma, pode o legislador ordinário, prevê outras
hipóteses de garantias não previstas no CTN, desde que por meio de lei. Como
observa:
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito
tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em
função da natureza ou das características do tributo a que se refiram (...) Em
seu parágrafo único dispõe que o fato de o devedor ter garantido a execução
fiscal com uma fiança, por exemplo (instituto que é disciplinado pelo direito
privado), não altera a natureza do crédito tributário:
Art. 183. (...)
Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não
altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda.

O Fisco atua numa relação de verticalidade em relação ao contribuinte, ou


seja, goza de prerrogativas e privilégios em detrimento do particular. É neste
sentido que o art. 184 do CTN, deixa claro a superioridade do Fisco em relação
ao contribuinte. Eis:
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que
sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a
totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito
passivo, se espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados de ônus real ou
cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da
constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas
que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
Por força desse dispositivo, responde pelo crédito tributário todos os bens do
sujeito passivo, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de
inalienabilidade ou impenhorabilidade, excetuados tão somente os bens e
rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
O artigo 185 do CTN versa sobre a fraude à execução fiscal:
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas,
ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por
crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela
Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem
sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento
da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Como se pode observar do dispositivo, o marco temporal utilizado pela Lei para
caracterização da fraude à execução é a inscrição do crédito em dívida ativa,
que ocorre antes mesmo do ajuizamento da ação de execução fiscal.
Assim, o regramento aplicável ao fisco com relação aos créditos tributários é
mais favorável do que o existente em favor dos credores privados. Com relação
a estes últimos, incide o disposto no artigo 792 do CPC, que pressupõe para o
reconhecimento da fraude à execução a existência de uma demanda judicial ou
de uma constrição judicial.
O Código Tributário Nacional disciplina o grau de preferência atribuído ao
crédito tributário quando comparado com os créditos provenientes de outras
fontes, como de relações trabalhistas ou contratuais. A regra geral que
disciplina o tema se encontra inserida no caput do artigo 186 do Código
Tributário Nacional, que dispõe no seguinte sentido:
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza
ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da
legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº
118, de 2005)
Portanto, como regra geral, o crédito tributário prefere a qualquer outro,
independentemente da natureza ou do tempo da sua constituição, ressalvados
apenas os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de
trabalho.
Prevista no parágrafo único do artigo 186 e no artigo 188 do CTN. Na falência o
crédito tributário prefere a todos, mas tem várias exceções, quais sejam, não
preferem aqueles decorrentes da legislação do trabalho ou acidente do
trabalho, aos denominados créditos extraconcursais e importâncias passiveis
de restituição, como também não preferem aos créditos com garantia real. As
multas tributárias somente preferem aos créditos subordinados.
O parágrafo único do artigo 187 estabelece uma ordem de preferência entre os
créditos tributários das entidades federativas:
Art. 187. (...)
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas
jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
- União;
- Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III -
Municípios, conjuntamente e pró rata.
Por força desse dispositivo, existindo penhoras de entidades federativas
diversas sobre o mesmo bem, deve-se pagar em primeiro lugar os créditos
tributários da União, depois os créditos tributários dos Estados, Distrito Federal
e Territórios, e por último os créditos tributários dos Municípios.
Casos os entes federativos concorrentemente sejam credores do mesmo
sujeito passivo deverá ser aplicada a regra de preferência entre eles, prevista
no artigo 187 do CTN e no artigo 29 da Lei de Execuções Fiscais, que
estabelece que a primeira a ter preferência é a União, seguida dos Estados e
Municípios.
Já os créditos extraconcursais são os encargos decorrentes de fatos geradores
ocorridos no curso do processo de falência (encargos da massa falida) e parte
daqueles decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a
recuperação judicial, nos termos dos arts. 67 e 84 da Lei n. 11.101/2005. Esses
créditos, de acordo com o artigo 188 do CTN gozam de preferência absoluta,
ainda que não vencidos e para contestá-los é preciso garantir a instância o que
pode ser feito com depósito do valor ou reserva de bens suficientes à extinção
total do crédito e seus acréscimos. O representante da Fazenda Pública
sempre deve ser ouvido.
Os créditos extraconcursais são pagos prioritariamente sobre todos os créditos
concursais. Assim, por exemplo, entre o pagamento do IPTU que incidiu após a
falência e os valores provenientes das obrigações trabalhistas geradas antes
da quebra, deve-se pagar em primeiro lugar o crédito do IPTU.
Em existindo mais de um crédito extraconcursal, deve-se observar a ordem
prevista pelo artigo 84 do Código Tributário Nacional, e dentro do inciso V do
artigo 84, a ordem prevista pelo artigo 83, no caso de obrigações surgidas após
a falência ou recuperação judicial.
O inventariante é pessoalmente responsável pelos tributos devidos pelo espólio
(tributos gerados após abertura da sucessão), de modo que, deve declarar
todas as dívidas do autor da herança e de seu espólio.
O crédito tributário tem preferência geral e absoluta nos processos de
inventário e arrolamento conforme parágrafo único do artigo 189 do CTN. Da
mesma maneira, conforme regra do artigo 190 do CTN o crédito tributário tem
preferência nos processos de liquidação judicial/voluntária de pessoas
jurídicas, regra essa que vincula os sócios, que somente conseguirão eximir-se
de responsabilidades se comprovarem a regular liquidação da pessoa jurídica.
Os artigos 189 e 190 se aplicam nos casos de inventário e liquidação, quando
o sujeito passivo for solvente, ou seja, consegue adimplir com todas as suas
obrigações. Nesse caso, o pagamento do crédito tributário deve ser realizado
com prioridade sobre os demais créditos.
A exigência de quitações trata-se de uma garantia, exigida pelo CTN em seu
artigo 191 a 193. Portanto, exige-se a quitação de todos os tributos: para que
seja declarada a extinção das obrigações do falido, para a consumação da
formalidade da transmissão de bens do autor da herança a seus sucessores e
para a celebração de contrato ou proposta em concorrência pública da União,
Estado, Distrito Federal, Municípios e autarquias, podendo neste último caso, a
lei autorizar a dispensa da prova da quitação.
Também para concessão da recuperação judicial é preciso a prova da quitação
dos débitos tributários junto à Fazenda Nacional através da apresentação de
certidão negativa. A exigência é especifica quanto aos tributos relativos à
atividade mercantil. A exigência é excepcional, não podendo ser ampliada
através de lei ordinária, sendo cabível portanto somente nas hipóteses
expressamente elencadas no Código Tributário Nacional.
O artigo 193, por sua vez, afirma que, salvo quando expressamente autorizado
por lei, a celebração de contrato ou a aceitação de proposta em concorrência
pública só podem ser realizadas mediante comprovação do interessado de que
realizou a quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada,
no que tange à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. Assim, o
artigo 193 impõe apenas a comprovação da quitação dos tributos com relação
à Fazenda Pública interessada, e desde que relativos à atividade a que
pretende ser contratado.

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