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TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS

Francisco A. Santos
SUMÁRIO
Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU-
MODELOS E NEGÓCIOS 4 PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for-

O NOVO CONSUMIDOR  5 ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os
direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É
ADAPTABILIDADE12
proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita.
STARTUPS17

SCALE-UPS19
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
NEGÓCIOS 2,5 22 Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS
ECONOMIA CRIATIVA 25

CONCLUSÃO  29
REITOR
SÍNTESE31 Claudino José Meneguzzi Júnior
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Altair Ruzzarin
DIRETOR DE ENSINO A DISTÂNCIA (EAD)
Rafael Giovanella

Desenvolvido pela equipe de Criações para o Ensino a Distância (CREAD)


Coordenadora e Designer Instrucional
Sabrina Maciel
Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
Igor Zattera, Julia Oliveira, Thaís Munhoz
Revisora
Victoria Menegat Meneguzzi
APRESENTAÇÃO

Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina de Tópicos soluções imediatas, e por isso, somos impulsionados

Contemporâneos! pela onda da mudança para criar futuros mais favorá-

veis, ágeis e colaborativos.


“Acho que não estamos mais no
Kansas,” disse Dorothy, ao aterrissar A unidade OS NOVOS MODELOS E NEGÓCIOS

em Oz (O Mágico De Oz, 1939). aponta, de forma sucinta, novos caminhos para o mo-

mento pós reset, através de novas formas e interpre-


Ela estava certa!
tações para projetos e empresas.

Nós, definitivamente, não estamos mais no Kansas de


Na unidade AGILIDADE E CRIATIVIDADE, ex-
1939, tampouco em Oz. As forças que empurraram as práticas
ploramos conceitos e ferramentas que nos ajudarão
comerciais do século 20 foram completamente transforma-
nessa empreitada, ainda turva e indefinida. Uma coi-
das pela tempestade da conectividade. Fomos transportados
sa é certa: precisamos nos preparar.
para uma nova era, impulsionada pelos serviços, pela inova-

ção e pela experiência Não estamos em Oz, tampouco no Kansas, mas

nesse novo momento da humanidade o lugar pouco


O mundo nunca mais será o importa; o conhecimento é a fronteira. O conheci-
mesmo! mento é nosso limite!

E muitos já chamam este momento de reset.


“A genialidade, esse poder que
Há um grande desejo coletivo de apagar o passado de
deslumbra os olhos humanos,
entraves, e começar do zero. O momento atual, após termos
não é outra coisa senão a
pressionado o botão reset, nada mais é do que um momento
perseverança bem disfarçada.”
Johann Goethe
de test drives, como afirma Yuval Harari. O tempo urge por

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MODELOS E
NEGÓCIOS

4
SUMÁRIO

Nessa unidade, observaremos alguns dos novos modelos de pensamento para negócios A população do planeta é impulsionada por um verdadeiro tsunami de jovens. Se le-

e projetos. São novas maneiras de ver o mundo, e de pensar sobre as velhas ideias. Também varmos em conta que a Geração Z (nascidos entre 1994 e 2009) veio para subverter radi-

compreenderemos a importância de um mindset adaptativo, tão necessário em um mundo calmente os valores que conhecemos, esse tsunami populacional afetará substancialmente

VUCA, entre outras coisas. Como cereja para o nosso bolo, refletiremos sobre a criação de as bases das relações de troca, pautadas, principalmente, pelo consumo. Uma mudança em

times mais colaborativos. três instâncias alterará o perfil de consumo desses jovens e, consequentemente, muitos có-

digos sociais que afetarão toda a nossa sociedade, tais como:

O NOVO CONSUMIDOR
• capacidade de transmissão de dados (velocidade);

A forma como as pessoas trabalham nunca mais será a mesma, tampouco a


• linguagem (imagens mais que palavras);
forma de consumir produtos e serviços. A demanda por serviços digitais será
cada vez maior; as fronteiras entre os mundos online e offline desaparecem,
• valores (ativismo e novas moedas: o tempo).
pouco a pouco. Os dois mundos são intercambiáveis.

Novas tendências, novos desafios!


A alta velocidade de internet, aliada à nova tecnologia do 5G, aumentarão o impacto

das informações transmitidas no mundo e, consequentemente, o poder dado a quem as

Qual a sua idade? transmite. Graças a essa capacidade, é natural que as principais fronteiras da comunica-

ção, tais como o idioma e os códigos culturais, se flexibilizem e deem espaço para lin-

Você já parou para se perguntar a qual geração você pertence ,e quais os valores que a sua guagens universais. A maioria dos usuários optará por imagens e personagens, em subs-

geração sustenta? Ainda não? Pois deveria. tituição a palavras, como formas de comunicação. Esse movimento é facilmente notado

pelo amplo uso de memes e emojis; já foi gerada, inclusive, uma Emojipedia. Qualquer

É muito importante conhecermos tudo o que define nossa geração. Os valores geracio- semelhança com a era pré-histórica não é mera coincidência, afinal, no cerne da comu-

nais demandam muito sobre diversas questões, tais como produção, serviços, comunicação, nicação, reside a vontade de traduzir pensamentos em símbolos. Trata-se de um resgate

linguagem etc. É essencial conhecermos nossa geração, para alinharmos nossas propostas. da essência da comunicação humana.

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SUMÁRIO

Identificar-se com a causa de outra pessoa é uma das molas


propulsoras da viralização, que tão bem caracteriza as redes
sociais digitais.

Some a isso a onipresença de devices móveis, para chegar a uma verdadeira era do ativismo, na

qual pessoas se concentram com facilidade em torno de interesses comuns e ganham poder de mobi-

lização. Essa tendência afeta estruturas sociais importantes, chegando ao ponto de oferecer alterna-

tivas ao próprio capitalismo, como economia compartilhada e o chamado capitalismo comunitário.

Tudo isso está acontecendo porque estamos diante de novas gerações de jovens (Millennials, Z

e, em breve, Alpha). Esses indivíduos desconfiam das instituições, e estão exigindo transparência de

empresas e marcas, sob pena de mudarem suas atitudes via consumo caso não vejam um valor social

no que as companhias entregam.

Os Millennials, junto com os membros da Geração X, estão sendo acometidos pelos excessos da

hiperconexão. Eles estão sendo cobrados a ponderar sobre o excesso de trabalho em que mergulha-

ram, graças ao acesso always on e on demand que a qualidade de transmissão de dados proporcionou.

É como se os humanos tivessem absorvido as características das máquinas, sofrendo uma espécie de

machine learning invertido; tal processo nos deixa hiper ligados ao que está́ acontecendo, e nos causa

um extremo medo de perder alguma informação ou evento, o chamado FOMO (fear of missing out, li-

teralmente, “medo de perder”). Surgiu uma necessidade, urgente e geral, de diminuir a distração, a

Essa velocidade e essa universalidade de códigos, que derrubam barreiras cog- fim de focar no que realmente importa (o que podemos definir como mindfulness, ou atenção plena).

nitivas, acabam também por agrupar pessoas segundo seus valores e preferências. A prática em questão deve reduzir os níveis alarmantes de ansiedade a que estamos expostos.

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A ERA DA TRANSMISSÃO Um outro ponto são as transmissões ao vivo, que estão devolvendo o poder para os indiví-

duos, em pequenos ou grandes grupos. Qualquer pessoa, com um smartphone, pode transmitir ao

Stream Team, em inglês, é o nome dado a um grupo de consumidores que são poli- vivo um episódio de injustiça para o mundo. Como exemplo disso, pode-se citar o episódio ocorrido

glotas das mídias sociais, cidadãos “glocais” (globais em sua localidade), e desbravado- com o americano George Floyd, em 25 de maio de 2020, estrangulado por um policial que ajoelhou

res do conhecimento. Eles estão testando o novo filtro do Instagram, gravando um vídeo em seu pescoço durante uma abordagem. A ocorrência, vista pelo mundo inteiro, desencadeou

para o Tiktok e organizando um protesto, simultaneamente. uma onda de protestos contra o racismo e todas as suas vertentes. É a ‘era do ativismo’, que vem

desafiando as injustiças sociais e ambientais, e para a qual o smartphone é a arma mais poderosa.
Por quê? Porque ver o mundo através da tela de um smartphone deu a eles o poder

- e a vontade - de transformá-lo em um lugar melhor.


ATIVISMO DIGITAL > ATIVISMO ANALÓGICO

Muitas pessoas se sentem, cada vez mais, multilocais: se identificam e se definem


A ‘era do ativismo’ desafia as injustiças sociais e ambientais, pois nela, “o smartphone
por uma fusão de lugares, experiências e culturas. A mentalidade multilocal é influenciada
é uma poderosa arma”. A influência do smartphone tornou-se evidente na segunda década do
pela expansão do acesso às viagens internacionais e às mídias digitais, mas o principal fa-
século XXI – seja por um desafio que envolve virar um balde de gelo na própria cabeça (lem-
tor é a ascensão da linguagem visual. Imagens e personagens vêm substituindo as palavras
bram do “desafio do balde de gelo”, de 2014, relativo a uma campanha beneficente?), seja pelo
e, por consequência, a linguagem, o que derruba as fronteiras cognitivas que restavam na
compartilhamento de um link de apoio a um novo partido político. A era do ativismo vai muito
internet. As pessoas falam através de emojis, leem por memes e escrevem com símbolos.
além do digital; embora os indivíduos sejam motivados por e organizados em redes sociais,

os movimentos acontecem, posteriormente, no mundo físico, analógico. Os protestos não são

novidade, mas a participação multigeracional é um fator de diferenciação. O analista político

Derek Thompson observa que “as decisões políticas mais significativas surgem sempre em

nível local e estadual”. Os Millennials, simplesmente, não tinham o hábito de ir votar; um es-

tudo apontou a idade média dos eleitores norte-americanos como sendo de 60 anos. Depois da

campanha presidencial americana, em 2016, a maioria dos eleitores, sobretudo os Millennials,

percebeu a importância das eleições locais.

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No Reino Unido, mais de um milhão de jovens britâni-

cos se registrou para votar nas eleições, desde o Brexit. Nos

EUA e no Reino Unido, as passeatas, os protestos e a partici-

pação nos eventos cívicos locais não param de crescer.

No Brasil, o smartphone não somente foi o responsável

pela digitalização das classes socioeconômicas menos favo-

recidas, como permitiu que muitos cidadãos descontentes

denunciassem desde tiroteios (como é o caso dos apps “Fogo

cruzado” e “Onde tem tiroteio”) até assédios em transportes

públicos (HelpMe). Representa um tipo importante de inclu-

são, que dá poder ao indivíduo, independentemente do seu

acesso a tomadores de decisão ou a serviços de qualidade.

Fora isso, o ativismo em sua forma mais óbvia, o qual vimos

nascer em 2013, como o movimento “Vem pra rua” (difun-

dido pelo Facebook), teve suas semelhanças com o ‘pai de

todos’, a Primavera árabe (difundido pelo Twitter). Desde

então, brasileiros convocam encontros e protestos pelas re-

des sociais, com a certeza do potencial que a internet tem

para reunir as massas com uma rapidez impressionante. Vi-

mos o poder disso durante a paralisação dos caminhoneiros,

em maio de 2018, protagonizada pelo WhatsApp.

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CAPITALISMO COMUNITÁRIO Os imperfeccionistas também auxiliam nessa mudança de comportamento. Preferindo itens “im-

perfeitos”, seja na parte da matéria-prima ou do acabamento, eles incentivam a compra de produtos

A economia compartilhada chegou para ficar, e segue promovendo mu- produzidos artesanalmente, através das mãos do produtor, e não de máquinas de última geração pre-

danças no status quo. Com uma estimativa de crescimento global de US$ 335 sentes em grandes indústrias. O artesanal - tendência já em evidência nos últimos anos -, gera esse

bilhões até 2025, esse segmento tem tudo para causar ainda mais impacto no mecanismo de consumo com a valorização de cada produto individualmente e de seu produtor.

modelo econômico centrado nas grandes corporações.

Como resultado disso, uma diferente face do capitalismo chama a atenção

dos consumidores: o capitalismo comunitário. Trata-se de um novo modelo

econômico, que terá efeitos a longo prazo nas regulamentações governamen-

tais, no planejamento cívico e no futuro do trabalho e do desenvolvimento re-

gional, ou seja, modificará todos os setores de nossas vidas.

Grande parte dessa percepção é gerada pela modificação de comportamen-

to do consumidor. Com o crescimento de tendências como o consumo local, por

exemplo, a empatia é o ponto de decisão no momento da compra; as pessoas ga-

rantem preferência aos produtos e serviços de origem conhecida, aumentando a

lucratividade de pequenos produtores ao invés de grandes marcas, e valorizan-

do o trabalho local de pequenos centros urbanos e rurais.

Ao optar por um produto do produtor local, em vez da marca industriali-

zada disponível no mercado, o consumidor interrompe a cadeia tradicional de

consumo e inicia essa nova modalidade de capitalismo através da comunidade.

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O medo de uma dependência da tecnologia leva um grupo de indivíduos a David Polgar, expert em mídias digitais, disse, durante um TED, que “a internet está transbordan-

sugerir que a vida deve ser otimizada por esses avanços, não consumida por eles. do de humanos agindo como robôs”. Isso é especialmente verdadeiro para as gerações X e Y, que estão

Gostemos ou não, estamos em um caminho sem volta no que se refere à depen- ocupadas demais para processar as emoções, em meio a um verdadeiro culto à produtividade. A necessi-

dência da tecnologia. Os níveis cada vez maiores de vício em smartphones, um dade de estar sempre conectado ao trabalho causa impactos em nosso bem-estar. É como se os humanos

declínio nas habilidades sociais e a dependência geral do GPS (um estudo de 2016 tivessem absorvido as características das máquinas, uma espécie de machine learning invertido.

apontou que 67% das pessoas entre 18 e 44 anos não consegue entender um mapa

físico ) mostram que estamos dispostos a trocar o controle pela conveniência. O VUCA (VOLÁTIL, INCERTO, COMPLEXO, AMBÍGUO)

Twitter, Facebook e as demais redes sociais sofrem considerável pres- Um problema complexo não se resolve de forma linear. Todos nós expressamos uma certa difi-

são para lidarem com conteúdo negativo de modo mais responsável; acuado, culdade de pensar em modelos e cenários que incluem incerteza, assim como em identificar proble-

o Facebook está incorporando, aos poucos, a empatia. Depois de encomendar mas e formular soluções que contemplam algum grau de incerteza.

uma pesquisa para entender como a plataforma afeta as pessoas, em 2018, a

empresa implementou mudanças em seu feed de notícias. O conteúdo passivo

foi reduzido (anúncios, vídeos e artigos), de modo a priorizar as postagens de

usuários e seus amigos.

Hiperconectadas, as gerações X e Y estão


ocupadas demais com produtividade para terem
tempo para processar emoções.

Vivemos em um mundo infinito, onde as coisas nunca terminam. Há sem-

pre mais e-mails, reuniões e prazos, que resultam em um sentimento de pressão

para se fazer tudo, e levam as pessoas a se sentirem desgastadas e distraídas.

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Alguns estudiosos definiram como V.U.C.A. as 4 características que estão intrinseca- • Resolução de problemas complexos - o nosso mundo enfrenta problemas extre-

mente ligadas ao mundo contemporâneo. Elas ajudam explicar toda essa sensação de dis- mamente complexos. A capacidade de reconhecer o problema atrás do problema, de

rupção maluca que vivemos. O V.U.C.A também pode ser utilizado como uma maneira de olhar para uma questão sob diferentes perspectivas e de criar estratégias efetivas

avaliar as tomadas de decisões, garantindo uma maior efetividade. para resolver situações novas e mal definidas em cenários complexos do mundo

real, irá lhe diferenciar.

• V para Volatility (volatilidade): é importante ter em mente que tudo muda, e muda rá-

pido demais; • Letramento digital - a tendência do mundo é a digitalização e a desmaterialização. É

importante saber o que fazer com as novas tecnologias, e não apenas saber operá-las.

• U para Uncertainty (incerteza): tudo que parece ser estático, não é. A única certeza é Significa tomar decisões inteligentes para usar as tecnologias a seu favor, aumentan-

que há incertezas que precisam ser consideradas; do sua produtividade e desempenho.

• C para Complexity (complexidade): cada vez mais, nos depararemos com situações • Pensamento adaptativo - o futuro será marcado pela volatilidade, imprevisibilidade

complexas, cuja solução, provavelmente, está nas entrelinhas, ou na relação entre to- e complexidade e você terá que ser capaz de se adaptar e responder a circunstâncias

das as partes que compõem o problema; novas e inesperadas quase que diariamente. Essa atitude de adaptação também lhe

possibilitará cumprir tarefas completamente diferentes umas das outras, conforme as

• A para Ambiguity (ambiguidade): para cada luz, há uma sombra. Tudo tem dois lados, demandas forem surgindo.

que se tornam cada vez mais evidentes em determinadas situações.

• Cone de futuros - pensar sobre o futuro não deve ficar restrito aos futuristas profis-

O VUCA é a cara do nosso tempo! É fruto dos conceitos de uma geração inquieta, que sionais. O pensamento futuro nos fez e nos faz evoluir como espécie. À medida que

vê nas incertezas um potencial para novas descobertas. Nesse mundo incerto, algumas ha- mais pessoas e organizações começam a vivenciar situações dentro de múltiplos futu-

bilidades são necessárias e urgentes. A seguir, estão três importantes habilidades para lidar ros alternativos, mais valiosos serão os insights para criar um plano estratégico dinâ-

com a volatilidade presente nesta década: mico, tanto para a tomada de melhores decisões em contextos de maior complexidade

e volatilidade, quanto para a expansão de oportunidades.

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SUMÁRIO

É vital avaliar o fluxo de caixa e as previsões financeiras de alguns cenários

escolhidos. Esses cenários podem ajudar a antecipar mudanças no mercado em

que você atua, com uma previsão sobre expectativas e engajamento de clientes/

consumidores, evolução tecnológica e do modelo de negócios.

As novas gerações, certamente, estão mais alinhadas com os cenários futu-

ros, trabalhando bem o presente, construindo novos valores.

ADAPTABILIDADE

Em um contexto VUCA, a adaptabilidade é uma palavra que descreve as


habilidades necessárias para se ter sucesso, seja na esfera profissional ou
O Futures Cone e seu conceito de futuros “P” (Possível, Plausível, Provável e Preferencial), também chamado de Cone de pessoal. Em um mercado profundamente influenciado pela lógica digital – de
Plausibilidade ou Futures VuvuzelaTM. Crédito da ilustração: Voros, 2001.
fragmentação e mudanças em alta velocidade, faz sentido que a capacidade
de adaptação fique em evidência, sendo, até mesmo, um ponto crítico para
A ilustração mostra o Future’s Cone, instrumento que mimetiza um olho, representando o sobreviver às reviravoltas.

nosso espectro de visão, relacionado às múltiplas possibilidades de futuros alternativos.

Circunstâncias excepcionais, como as do COVID- 19, exigem uma mistura de coragem, clareza e

humildade. Os maiores inimigos de uma boa tomada de decisão em tempos de crise não são a incerteza,

nem a ambiguidade, mas excesso de confiança, procrastinação e dados incompletos ou tendenciosos.

Criar cenários e antecipar possibilidades futuras pode atenuar o risco de


cair na armadilha da confiança excessiva e também diminuir a hesitação,
quando você tem uma estrutura lógica para desafiar e validar premissas.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 12
SUMÁRIO

Se, há algumas décadas, competência técnica e inteligência bastavam para ter uma A IMPORTÂNCIA DA ADAPTABILIDADE
carreira promissora, hoje, é necessário investir em atributos comportamentais e emocio-

nais para alcançar bons resultados; um dos mais urgentes é a adaptabilidade. Flexibilidade e adaptabilidade são competências cada vez mais valorizadas no am-

biente corporativo. Afinal, o mercado está em constante transformação, em especial nas


A adaptabilidade é a capacidade de se adaptar diante de novos cenários ou transfor-
últimas décadas, quando se instaurou a era digital. As mudanças impactaram de modo
mações. Trata-se de uma qualidade que pode ser aplicada em diversos campos de estudo. Na
irreversível não só a comunicação e as relações humanas, mas também a maneira de tra-
biologia, a disciplina retoma a teoria da evolução ao citar a adaptabilidade como caracterís-
balhar. Para se ter uma ideia, já faz alguns anos que estudiosos do tema propuseram o
tica ou comportamento natural, usado para tornar um organismo capaz de sobreviver em
conceito de QA, ou quociente de adaptabilidade. Semelhantemente ao QI (Quociente de
determinado habitat. Esse conceito serve como base para compreender a adaptabilidade sob
Inteligência) e ao QE (Quociente de inteligência Emocional), o QA mede o nível de adap-
outros pontos de vista, como uma resposta às mudanças.
tabilidade do profissional perante diferentes cenários, inclusive os mais adversos.

“A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham O QA envolve um conjunto de habilidades, que possibilitam deixar ideias obsoletas
para o passado ou para o presente irão, com certeza, para trás, identificar o que é relevante e tirar proveito da situação atual. Dentre os atribu-
perder o futuro.” tos que dão base a um perfil profissional com adaptabilidade, vale citar:
John F. Kennedy, 35° presidente dos Estados Unidos.
• a flexibilidade: o nosso famoso “jogo de cintura” para lidar com diferentes situações;

De uma coisa, todos nós podemos ter certeza: as mudanças virão. É difícil conviver
• a curiosidade: busca e interesse por novidades;
com a incerteza quanto ao futuro, certo? Ninguém gosta. Mas resistimos a elas de forma

inútil, como os taxistas protestaram contra o Uber há alguns anos. Podemos resistir por um
• a coragem: capacidade que permite a superação do medo e enfrentamento das
certo tempo, mas a mudança virá, inevitavelmente.
mudanças;

Quando desenvolvemos a adaptabilidade, somos capazes não apenas de aceitar as mu-


• a resiliência: habilidade para superar crises e dificuldades, sem perder os valores
danças, mas de aprender com elas e enxergar seus pontos positivos. Em resumo, a adapta-
e a essência.
bilidade te permite vislumbrar o mundo a partir de uma perspectiva otimista.

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SUMÁRIO

MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO: A ERA DIGITAL De repente, essas pessoas perderam o emprego ou precisaram se reinventar para man-

ter a posição no mercado, desaprendendo muitos dos conceitos que norteavam sua carrei-

Globalização, inovações tecnológicas e culturais marcam o século XXI, desde o seu iní- ra. Nesse contexto, saiu na frente quem investiu na adaptabilidade, vislumbrando novas

cio. Vivenciamos uma flexibilização nas regras, contratos, legislação e na própria forma de chances para aprender e melhorar o relacionamento interpessoal, além de delegar tarefas

trabalhar, com ascensão dos serviços sob demanda, home office e profissionais autônomos. repetitivas às máquinas e sistemas.

A lógica do século XX, que seguia normas rígidas, partindo de empregos com carteira assi-

nada, necessidade de bater ponto, horário fixo e ambiente formal ficou para trás, abrindo Grande parte das transformações deste século é proveniente da chamada era digital,

um leque de possibilidades. No entanto, essas novidades se traduziram em barreiras para que teve início com a popularização dos computadores e da internet. Inicialmente restritas

quem já estava no mercado e trabalhou, por anos, sob essas regras. a centros de pesquisa e grandes corporações, essas ferramentas conferiram empoderamen-

to aos usuários, derrubando barreiras geográficas e aproximando pessoas por todo o mundo

(ver capítulo sobre o ativismo digital). Além do efeito nas comunicações, a era digital intro-

duziu novos “trabalhadores” ao mercado: as máquinas.

Algoritmos, big data, internet das coisas e inteligência artificial já estão presentes

em muitos locais e serviços, e a tendência é que, em um futuro breve, os robôs substituam

os humanos – especialmente na execução de tarefas operacionais. Uma das previsões a res-

peito disso cita que 10 a 40% dos empregos atuais serão realizados pelas máquinas.

No setor de serviços, os robôs já fazem a análise de dados, identificando padrões, por

exemplo, em documentos jurídicos, para auxiliar o trabalho em escritórios de advocacia.

Isso significa que uma parte do trabalho será realizada pelas máquinas, com a expec-

tativa de maior agilidade e assertividade.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 14
SUMÁRIO

Outro setor que já vivencia os efeitos da era digital no trabalho é a in- CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO
dústria, profundamente impactada pela automação e substituição de mão de

obra por robôs em suas linhas de produção, fenômeno que exigirá maior qua- Pessoas naturalmente curiosas e corajosas têm um perfil mais compatível com a flexibilidade,

lificação e adaptabilidade dos funcionários. É necessário que os profissionais saindo na frente na busca pela adaptabilidade. Entretanto, ela pode ser desenvolvida e aprimorada

se adaptem, aprimorando as competências técnicas e comportamentais para por qualquer indivíduo, desde que esteja disposto a superar suas crenças limitantes, confrontar o seu

manter seu espaço no mercado. mindset e vivenciar o novo.

Já a adaptabilidade organizacional é a capacidade que uma empresa tem As crenças limitantes são pensamentos consolidados ao longo da vida, que impedem o cresci-

de quebrar paradigmas, desafiar os limites e mudar seus métodos, processos, mento na esfera profissional ou pessoal. Elas costumam se basear em uma única distorção ou experiên-

visão e, em alguns casos, missão. Para serem bem-sucedidas na era digital, as cia ruim, que é tomada como padrão e argumento para impor limites ao indivíduo. Essa limitação pode

organizações precisam encontrar formas mais eficientes, seguras e rápidas de ter raiz em uma experiência frustrada de liderança, por exemplo, durante a coordenação de um projeto

atingir seus objetivos, o que implica em mudança constante; daí a necessida- que não rendeu os resultados esperados.

de de que devolvam a adaptabilidade.

A adaptabilidade na esfera empresarial compreende dois atributos prin-

cipais: capacidade de mudar e flexibilidade.

• A capacidade de mudar envolve a identificação da necessidade de mudan-

ça e a implantação da mudança, quando a estratégia é colocada em prática.

• Já a flexibilidade é exercitada através da prontidão para resposta, com a

revisão de estratégia e tomada de decisão de modo ágil, a fim de acompa-

nhar as transformações do mercado e manter a empresa competitiva.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 15
SUMÁRIO

Uma boa tática para superar as crenças limitantes é começar a questioná-las de modo ra- Ao contrário do que muitos pensam, ser otimista não significa ignorar os pontos

cional, colocando seus fundamentos em xeque; afinal, ter falhado uma ou algumas vezes não sig- negativos de uma experiência, e sim, optar, conscientemente, por dar prioridade aos

nifica que falharemos em todas elas. positivos. O otimismo é uma escolha que precisa ser feita diariamente. Pessoas oti-

mistas adquirem um olhar aguçado para as oportunidades, além de exercitar a grati-

Confira, abaixo, outras dicas valiosas para desenvolver a capacidade de adaptação profissional. dão com frequência. Tornam-se mais realizadas e adaptam-se com maior facilidade.

Emoções > Falamos, mais acima, sobre o quociente de inteligência emocional (QE), que Mantenha-se aberto ao novo > O ser humano necessita de segurança para se

reúne um grupo de características comportamentais usadas para gerenciar as emoções. Essas sentir bem, por isso, é normal que crie zonas de conforto. No entanto, o aprendizado

qualidades são úteis para desenvolver a adaptabilidade, uma vez que é necessário controlar as – e a adaptabilidade – exigem que você abrace o novo. Você se sentirá intimidado no

emoções para se adaptar, em especial a cenários adversos. início, mas dê uma oportunidade ao novo, porque ele pode ser muito melhor do que

imagina; mesmo se não for, você terá o poder e a opção de escolher outro caminho.
A gestão da emoção começa no autoconhecimento e na compreensão de que elas são res-

postas irracionais e automáticas. O importante é saber o que está provocando as emoções, e como
Nunca pare de aprender > Seja ouvindo opiniões diferentes da sua, lendo, con-
contornar seus efeitos.
sultando podcasts, vídeos ou em sala de aula; aprender é vital para desenvolver a adap-

tabilidade. O motivo é simples: adquirir novos conhecimentos é parte de qualquer


Poder de Decisão > Essa habilidade está ligada à coragem e disposição para assumir riscos.
processo de adaptação. Você está deixando um ambiente conhecido para trás e entran-
Muitas vezes, ficamos paralisados em vez de tomar uma decisão, pois deixamos o medo nos do-
do em um novo, o que pede a aquisição de novas habilidades para que tire proveito da
minar. O problema é que, se não decidirmos, alguém decidirá em nosso lugar – e sem considerar
mudança. Comece estabelecendo metas simples, como aprender uma coisa nova todo
nossas prioridades.
dia. Aos poucos, essa dinâmica se tornará familiar, e você se acostumará a buscar mais

e mais conhecimentos, dando um up na sua formação e carreira.


Tomando a carreira como exemplo, para muitos profissionais, é comum deixar seus próxi-

mos passos nas mãos da empresa. Não tenha medo de assumir as rédeas da sua carreira!
Você já está bem-informado, e pode começar a desenvolver ou aperfeiçoar sua

capacidade de adaptação, tornando-se mais competitivo para o mercado de trabalho.


A adaptabilidade pede uma visão positiva do mundo, ou seja, uma perspectiva otimista.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 16
SUMÁRIO

STARTUPS As startups costumam ser pequenas e, inicialmente, financiadas e operadas por

um punhado de fundadores, ou por apenas um indivíduo; por vezes, por projetos de ace-

O termo “startup” tem sido usado com uma frequência cada vez maior nos leração de startups e investimentos. Elas oferecem produto ou serviço inovador, o que as

últimos anos, para descrever jovens empreendimentos, sobretudo na área da leva a um grande sucesso. Todas as grandes corporações da chamada “nova economia”,

tecnologia. aquela baseada em tecnologias digitais e informação, começaram como startup.

Isso tem feito organizações tradicionais se perguntarem


“o que as startups têm que nós não temos?”

Nos últimos anos, empresas tradicionais têm firmado parcerias/colaborações

com startups; outras têm buscado se inspirar no modo de pensar e agir dessas orga-

nizações inovadoras. Atualmente, fala-se muito sobre “pensar como uma startup”,

porque o poder de disrupção e aceleração de modelos de negócios dos unicórnios não

pode mais ser ignorado. As startups crescem exponencialmente, e esse é o modus ope-

randi que as colocam na vanguarda da inovação.

Elas oferecem produtos ou serviços que, no momento, não são entregues por

outras empresas do mercado, ou que os fundadores acreditam ser oferecidos de ma-

neira ineficiente.

Em estágios iniciais, as despesas das startups tendem a exceder suas receitas, à

medida que trabalham no desenvolvimento, teste e marketing de sua ideia. Por isso,

elas geralmente exigem financiamento.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 17
SUMÁRIO

O CRESCIMENTO EXPONENCIAL DAS STARTUPS

Para delimitar uma gênese para esse fenômeno, podemos afirmar que isso se deu

após a crise de 2008, originada do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, e

que atingiu, praticamente, todos os países democráticos. Com o mercado de trabalho

tradicional em crise, jovens foram impelidos a criar alternativas.

O avanço da tecnologia é um dos fatores que fez com que muita gente iniciasse uma

startup. A “corrida” por inovação fez com que mentes criativas se unissem para ideali-

zar e experimentar possibilidades; do Vale do Silício a São Paulo, da China à Malásia.

Hoje, as gerações mais jovens também são mais adequadas ao empreendedoris-

mo do que suas antecessoras. Esse movimento criou o que se pode chamar de “cultura

startup”, uma nova mentalidade. Inúmeros jovens sonham em criar seu próprio negócio

As startups podem ser financiadas por empréstimos tradicionais para pequenas em- (faz-se evidente, novamente, o poder das novas gerações), diferentemente das gerações

presas, patrocínios do governo ou doações de organizações sem fins lucrativos, por exem- de seus pais e avós, que emularam usar o crachá de uma organização gigante e famosa.

plo. As chamadas incubadoras — organizações que se dedicam a desenvolver modelos dis-


O MINDSET DAS STARTUPS
ruptivos de negócios — podem fornecer capital e aconselhamento às startups.

Confira, a seguir, alguns dos pontos cruciais no que tange ao mindset caracte-
Uma startup que consegue provar seu potencial é capaz de atrair financiamento de ca-
rístico das startups:
pital de risco, em troca de renunciar a algum controle e/ou porcentagem de sua propriedade.

• movem-se rapidamente: trabalham sua capacidade de se mover rapidamente, re-


Em suma, uma startup pode ser definida como empresa emergente, normalmente, com
petindo projetos de produtos, testando novas ideias e adaptando-se às circunstân-
componente tecnológica central, e alto potencial de crescimento exponencial. Em geral, de-
cias em constante mudança;
fende uma ideia inovadora que se destaca na linha do mercado.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 18
SUMÁRIO

• não têm medo de errar, e estão sempre aprendendo: a dinâmica de estar em constan-
• por quê? • por que não dessa maneira?
te construção faz com que o medo do erro (e os prejuízos causados por ele) seja menor;

tentativa, erro, nova tentativa e acerto é um looping constante, o que torna o aprendi- • o que poderia ser melhor? • por que ficar com o status quo?
zado acelerado e construtivo;
As startups sabem que não podem fazer tudo sozinhas, então colaboram e unem forças
• startups aproveitam ao máximo os recursos existentes: metodologias de desenvol-
com outras startups, ou agentes externos aos seus negócios (universidades, profissionais
vimento enxutas e ágeis envolvem a implementação de um processo iterativo. O pro-
liberais, pesquisadores independentes etc.).
cesso iterativo começa validando as necessidades e expectativas do cliente, qualitati-

vamente, por meio de entrevistas, seguidas de versões pequenas e rápidas de produtos


Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o número de startups no Brasil
para testar continuamente. Não há razão para investir tempo e dinheiro criando um
aumentou, entre 2011 e 2018. “As startups viraram o jogo, estão muito presentes no nosso dia a dia,
produto avançado, de que ninguém precisa, ou que ninguém quer usar da maneira
nos smartphones, nas ferramentas que a gente usa para se comunicar, na forma como a gente compra
como foi originalmente pensado;
e contrata. O nosso universo contextual está tendo participação efetiva das startups”, avalia o presi-

dente da ABStartups, Amure Pinho. Apesar de todas as vantagens das startups, elas ainda estão
• vendem primeiro, constroem depois: fundadores minimizam significativamente o
sendo introduzidas em nossa cultura, e demanda a aceitação de um novo mindset. Em alguns
risco do negócio, já́ que eles constroem em resposta à demanda, com maior alinha-
países, existem ecossistemas, economicamente e culturalmente, mais favoráveis. Mesmo que
mento. Embora o produto possa, posteriormente, não atender as expectativas do com-
devagarinho, as startups brasileiras dão show: enquanto, para nós brasileiros, o parcelamento
prador, seu valor pode ser validado rapidamente com os compromissos financeiros.
é algo normal, em vários países onde não há a cultura do parcelamento, são startups (inspira-
Independente de qual for o produto, campanhas de marketing ajudam a executar uma
das na cultura brasileira) que permitem aos lojistas parcelarem as suas vendas.
estratégia de pré-venda;

• trabalham de maneira criativa e colaborativa: elas obtêm sucesso ou fracassam com SCALE-UPS
base na agitação das indústrias, desenvolvendo novas ideias revolucionárias ou criando

revisões inovadoras de ideias anteriores. Um aspecto fundamental da capacidade de fa- “Fazer sua empresa ser maior que você”
zer isso é a curiosidade. Líderes de startups estão, constantemente, fazendo perguntas: Endeavor

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 19
SUMÁRIO

Ter um negócio escalável significa gerar mais emprego, renda e impacto, onde estiver.

Significa reproduzir em grandes quantidades, repetidamente, aquilo que te dá ganho de esca-


Todos os gigantes do mundo começaram bem pequenos; e não estamos
la e produtividade, sem demandar recursos (dinheiro e/ou mão de obra) na mesma proporção.
nem falando de startups de tecnologia disruptiva. O McDonald’s, por
exemplo, um dia, foi apenas uma barraca de cachorro-quente. A Apple foi
AFINAL, O QUE É SCALE-UP?
fundada em uma pequena garagem em Crist Drive Los Altos, Califórnia, e
muitas das grandes empresas que conhecemos hoje começaram assim.
Enquanto as startups são empresas em estágio inicial, às vezes até experimental, as

scale-ups são negócios que já testaram e validaram seus produtos, e têm um negócio sus-

tentável; sendo assim, já estão maduras para o próximo estágio. De acordo com a Organiza-

ção para Desenvolvimento e Cooperação Econômica, se enquadram no conceito de scale-up as

empresas que tiveram crescimento de, no mínimo, 20% nos últimos três anos.

Vamos contar mais alguns detalhes para você ficar por


dentro do verbete:
Qual a diferença entre uma scale-up e uma grande empresa?

A diferença de uma scale-up para uma grande empresa é que seu modelo de negócio

é escalável, ou seja, com passar do tempo, o seu crescimento é ponderado pela margem de

lucro. A empresa lucra mais do que gasta com a contratação de funcionários.

Um ponto bacana nessa diferenciação é que uma scale-up possui um negócio (ou

serviço) que não somente gera lucros constantes, mas tem um impacto na sociedade na

qual está inserida.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 20
SUMÁRIO

Esse impacto não está atrelado à venda de produtos ou serviços, mas a uma forma de retribuição • trabalhe com sócios e/ou co-fundadores em quem você confia. Não pre-

à comunidade. Esse retorno em forma de agradecimento pode vir como mentoria, ou investimento em cisamos sequer falar que a confiança é um dos pilares do sucesso de qual-

novas empresas. Dois dados para concluir essa diferenciação entre grandes empresas e scales: apesar de quer empreendimento;

mostrarem um crescimento acelerado e contínuo, as scales, em sua maioria, são pequenas e médias em-
• evite riscos desnecessários. Por mais tentador que seja o plano de negócio,
presas - em torno de 92% das scales são PMEs! Com certeza, muita gente associa, ou associou, scale-up
não ponha tudo a perder em um projeto. Invista com cautela, para que, caso
a um modelo de negócio que envolva tecnologia, e muitas realmente são. Porém, as scales são empresas
haja uma falha, você ainda tenha onde se apoiar.
de qualquer nicho, desde uma indústria da construção como um mercado varejista, por exemplo.

COMO TRANSFORMAR UMA EMPRESA EM SCALE-UP?

Nem todas as scales nascem prontas. Se você tem um negócio, ou está desenvolvendo um, com

alto potencial de crescimento contínuo, saiba que você pode, sim, estar com um modelo de scale-up.

Confira algumas dicas para transformar a sua empresa em uma


scale-up:

• experiência, mesmo que pouca, é fundamental para arriscar em um negócio de alto impacto. Es-

colha atuar em um nicho em que você, ou sua equipe, possua um know-how;

• inicie com algo que você conheça. Juntamente com a experiência, isso dará estabilidade inicial, e

aumentará as chances de êxito. Evite arriscar-se no desconhecido logo de imediato;

• esteja propício à mudança. Por mais que você tenha elaborado um plano de negócio impecável,

atente-se às oscilações do mercado, e prepare-se para possíveis alterações de planos;

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 21
SUMÁRIO

NEGÓCIOS 2,5 Bons negócios, para o bem de todos! Diante de um quadro mundial com diversos pro-

blemas relacionados à fome, à falta de acesso a recursos naturais básicos, e a níveis baixos

de educação e profissionalização, são desenvolvidas novas formas de fazer negócios, que


Uma nova solução, mais efetiva, eficiente e sustentável, que está combinam lucro com impacto social positivo.
gerando valor para a sociedade como um todo; assim podemos definir
o que chamamos de negócios sociais, e que se concretiza como o setor Social Business? Sim, os negócios sociais são empresas focadas em transformar reali-

2.5. O nome não é por acaso: é o meio de caminho entre o segundo setor dades, melhorando as condições de seu público-alvo; eles se incluem no setor 2.5.

(empresas com fins lucrativos) e o terceiro (organizações sem fins lucrativos).

Os negócios de impacto social têm como foco a geração de um impacto, seja social ou

ambiental, positivo em quem utiliza seus produtos e serviços. Apesar de terem como ati-

vidade principal o favorecimento das pessoas com menor renda, visando o impacto social,

diferenciam-se das ONGs por suas próprias atividades serem rentáveis, e não dependerem

exclusivamente de doações ou de outros subsídios. Esses negócios possuem a capacidade de

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 22
SUMÁRIO

ampliar seu alcance e de serem replicados facilmente, o que é muito importante, conside-
A origem do conceito
rando as grandes demandas sociais. Atualmente o setor dá mostras de que está cada dia mais

estruturado, com mais empreendedores interessados, mais aceleradoras cuidando de ajudá- Na década de 70, Muhammad Yunus, então professor da Universidade de Dhaka -
los, governos mais atentos ao movimento e, claro, mais recursos financeiros disponíveis. Bangladesh, foi tocado pela extrema condição de pobreza em que viviam muitas
famílias da região, e pela dificuldade delas em receber auxílio bancário.

Por não possuírem garantias a oferecer em troca das transações, a maioria das famí-
lias e trabalhadores necessitados ficavam sem amparo, e quem conseguia receber
crédito tinha de lidar com altos juros, aplicados pelos bancos como condição aos
empréstimos. Dessa forma, os trabalhadores locais, em sua maioria pertencentes
ao meio rural, não tinham condição de custear a compra de materiais e produtos
que impulsionariam seus serviços e vendas.

Motivado por ideais de justiça, Yunus realizou uma experiência, na qual concedeu
um empréstimo de uma pequena quantia para um grupo de mulheres do interior
de Bangladesh, com o objetivo principal de ajudá-las na compra de matéria-prima
para confecção de artesanato. Como resultado, todas as mulheres que receberam
o empréstimo conseguiram pagar suas parcelas e seus juros dentro do prazo com-
binado, retirando, ainda, uma pequena margem de lucro.

Essa experiência se mostrou muito bem-sucedida. Foi a constatação de que seria


possível reproduzir indefinidamente esse processo testado, provando se tratar de
um sistema vantajoso para ambas as partes, e abrindo portas para o surgimento
de negócios inovadores de natureza social e inclusiva. Também foi um momento-
-chave, marcado pelo surgimento de novas discussões e de importantes conceitos,
como os termos ‘microcrédito’ e ‘empresa social’.

Muhammad Yunus, é mundialmente reconhecido como o vencedor do Prêmio


Mundial de Alimentação (1994) e vencedor do Nobel da paz (2006).

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 23
SUMÁRIO

OS NEGÓCIOS SOCIAIS NO BRASIL Os negócios sociais devem possuir:

Ainda não se tem muitas informações sobre o setor, tampouco há

uma regulamentação nacional oficial. Não há limites bem definidos para

o setor 2.5; o que existe, de fato, são as iniciativas de realizar algo im-

portante para a sociedade através de negócios e sem apoio dos governos,

empresas privadas e afins, como é o caso das ONGs. Nesse setor, há pos-
Ter impacto social, Estar alinhado com a Ter viabilidade
sibilidades diversificadas de atuação; o sucesso do negócio está atrelado econômico e ambiental realidade local econômica
ao modelo de desenvolvimento econômico e ao grau de impacto na so-

ciedade. A Inglaterra está na vanguarda quando se trata do setor 2.5. As

empresas sociais por lá foram regulamentadas em 2004, pelo governo,

que tem um programa de isenções fiscais para estimular investimentos e

tornar a indústria autossustentável.

EXISTEM PADRÕES PARA DESENVOLVER NEGÓCIOS 2.5? Solucionar Causar impactos


problemas sociais diretos na sociedade

Ainda não há um padrão para o desenvolvimento dos negócios so-

ciais; no entanto, existem alguns pré-requisitos básicos. Para o Centro de

Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da Universidade

de São Paulo (CEATS) a “intencionalidade” é vista como um diferencial nos

negócios sociais, em que o contexto da realidade local é primordial para

determinar o negócio. Além disso, a iniciativa deve ter como premissa os Gerar valor para as Promover o Manter a finalidade
benefícios causados a um grupo ou população, ao invés do ganho pessoal. comunidades desenvolvimento das lucrativa
pessoas

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 24
SUMÁRIO

Ações recomendadas para o modelo 2.5:

• compreenda bem o mercado em que está inserido ou quer se inserir;

• pesquise e conheça bem as oportunidades e fontes de financiamento;

• identifique e mantenha o foco no impacto social desde o início;

• a motivação é importante e essencial;

• pesquise e esteja informado sobre os aspectos e características do

empreendedorismo, uma vez que os negócios que tiveram sucesso

até o momento foram idealizados por pessoas que já empreenderam

anteriormente;

• faça seu planejamento financeiro focado na sustentabilidade do negó-


A denominação de economia criativa está vinculada às áreas de design, moda, artes, arquitetura, ci-
cio e, com isso, monitore os resultados e os impactos promovidos.
nema, produção cultural, turismo e mídia, entre outras (COSTA; SANTOS, 2011a). Desse modo, conforme

Costa e Santos (2011b), a economia criativa relaciona-se ao desenvolvimento da economia e das socieda-
ECONOMIA CRIATIVA
des modernas na atualidade, na medida em que o capital intelectual tem se tornado mais significativo no

que se refere ao desenvolvimento de novos produtos e mercados.


Atualmente, entidades e governos ao redor do mundo
vêem a criatividade como um potente capital, mas nem Sobre essa perspectiva, Vanucci (2017) afirma que, por constituir um conceito recente, nascido na
sempre foi assim. Em um passado não muito distante, ser década de 1990, existem diversas abordagens sobre economia criativa. Todavia, a autora ressalta que há
criativo era algo visto como um risco para as empresas. uma temática recorrente nos estudos e publicações sobre o assunto, que associa o conceito ao apareci-

mento da cultura como recurso poderoso para a geração de produtos e serviços criativos.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 25
SUMÁRIO

O conceito de economia criativa ganhou expressão e relevância como discipli-


Seus insumos ou recursos primários não são, portanto, de
na de estudo a partir da década de 2000 e, atualmente, abarca uma ampla gama de
ordem material, mas de ordem imaterial ou intelectual, tais
áreas, setores e instituições especializadas para lidar com as indústrias criativas.
como o conhecimento, a diversidade cultural e a criatividade.

No Brasil, a economia criativa é definida pelo Plano da Secretaria da Economia


Dessa maneira, a economia criativa relaciona-se com a possibilidade de associá-los a ativida-
Criativa como o conjunto de atividades produtivas que têm como processo princi-
des produtivas inovadoras de produtos, bens e serviços. Nesse texto, relaciona-se a economia cria-
pal “um ato criativo gerador de produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é
tiva às atividades desenvolvidas no ambiente escolar e na vinculação do sistema ensino e aprendi-
determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica
zagem, à medida que promove melhorias socioeconômicas e o desenvolvimento inclusivo.
e social” (BRASIL, 2012, p. 22). A economia criativa se alinha com a possibilidade

de preservação, difusão, potencialização e inclusão produtiva das manifestações e


De acordo com as premissas do Plano da Secretaria de Economia Criativa, o processo educa-
expressões culturais. Esses atributos são particularmente poderosos no contexto
cional para economia criativa envolve um olhar multidisciplinar que “integra sensibilidade e téc-
brasileiro, tendo em vista sua riqueza e diversidade cultural.
nica, atitudes e posturas empreendedoras, habilidades sociais e de comunicação, compreensão de

dinâmicas socioculturais e de mercado, análise política e capacidade de articulação” (BRASIL, 2012,


Ressalta-se que, nos fundamentos preconizados pelo Ministério da Cultura
p. 37). Não obstante, observa-se, em grande parte das instituições de ensino brasileiras, um grande
(BRASIL, 2012), o conceito de economia criativa, ainda em evolução, assume um
déficit de ofertas e de possibilidades de qualificação nesse sentido.
sentido amplo. Abarca não só setores considerados tipicamente ligados à produção

artístico-cultural, mas atividades culturais relacionadas, entre outras, às novas mí-


Muito além do capital, da matéria-prima e da mão de obra, nas últimas décadas, empresas
dias, ao design e à arquitetura e urbanismo, conforme já mencionadas. Os referidos
e governos passaram a reconhecer o conhecimento como importante insumo de produção. O uso
setores têm em comum o fato de se constituírem em atividades produtivas, cujos
de ideias e da criatividade passou a ter papel essencial na economia, sendo um elemento extrema-
insumos principais são a criatividade e o conhecimento. Esse aspecto é ressaltado
mente necessário para produzir mercadorias ou serviços. Em todo o mundo, a chamada “economia
por Mendonça (2017), que afirma que a economia criativa é um modelo econômico
criativa” é tida como parte importante da economia global, e é vista como uma área em constante
baseado na criatividade e inovação, sendo impulsionada pela diversidade cultural.
crescimento. Isso se dá porque, em termos socioeconômicos, as atividades que envolvem esta área

são bastante inovadoras, importantes geradoras de empregos e de engajamento cultural.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 26
SUMÁRIO

Mas a sua definição nem sempre é feita de maneira fácil porque, de certa forma, quando

falamos em economia criativa, lembramos que a “criatividade” é utilizada em quase toda a

ação humana. No entanto, de alguns anos para cá, determinadas atividades que utilizam cria-

tividade em sua essência - e que agregam valor a bens e serviços de cunho intelectual, artístico

e cultural -, foram separadas em um único segmento, o da indústria criativa.

DO QUE SE TRATA

O termo “economia criativa” se refere a atividades com potencial socioeconômico que

lidam com criatividade, conhecimento e informação. Para entendê-las, é preciso ter em mente

que empresas do segmento combinam criação, produção e comercialização de bens criativos

de natureza cultural e de inovação.

Em comum, empresas da área dependem do talento e da criatividade para existirem. Elas

estão distribuídas em 13 diferentes áreas:

1. arquitetura; 6. moda; 10. artes cênicas;

2. publicidade; 7. cinema e vídeo; 11. rádio;

3. design; 8. televisão; 12. softwares de lazer;

4. artes e antiguidades; 9. editoração e publicações; 13. música.

5. artesanato;

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 27
SUMÁRIO

ONDE ESTÁ PRESENTE Existe uma tendência crescente em áreas nas quais o simbólico ou intangível conse-

gue definir o valor de um bem ou serviço; por exemplo, uma característica de cunho autoral

Atualmente, a economia criativa é um dos setores de maior crescimento no mercado consegue delinear ou identificar um produto ou atividade. Basta imaginar que o design de

mundial. Ela também é uma das áreas mais rentáveis em termos de geração de lucros, em- um móvel pode ajudar a identificar se um produto é originário de um país ou de outro, sim-

pregos e exportação de bens e serviços. plesmente pelo modo como foi desenhado e pelas características aplicadas a ele.

Em sua essência, a economia criativa é bastante inclusiva e sustentável; por isso, investir Na esteira desse movimento global, a criatividade envolvida no processo de desenvol-

nesse setor como motor do desenvolvimento social é construir uma excelente fonte de quali- vimento de um produto ou atividade é um fator bastante relevante. Além disso, o setor cria-

dade de vida e bem-estar social para comunidades, além de conforto e autoestima individual. tivo é um importante formador de inovação econômica e social, pois tem grande potencial

de impactar outras áreas com soluções práticas e econômicas.

Como a criatividade, a inovação e o talento individual são fatores essenciais em em-

preendimentos na área da economia criativa; em alguns casos, os conteúdos de empresas • PARTICIPAÇÃO DA ECONOMIA CRIATIVA NO MUNDO

deste segmento são protegidos por leis autorais. Eles contém elementos substanciais do es-

forço artístico e criativo de um indivíduo ou empresa. Segundo pesquisas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgada pelo Mi-

nistério da Cultura, há uma participação de 7% de bens e serviços culturais no PIB mundial,

POR QUE A ECONOMIA CRIATIVA É RELEVANTE NO MUNDO ATUAL? com crescimento anual previsto para, em média, 10% a 20%. No Brasil, o setor se destaca a

cada dia. De acordo com o mesmo estudo, o crescimento médio anual dos setores criativos

• COMPETITIVIDADE NOS NEGÓCIOS (6,13%) foi superior ao aumento médio do PIB nacional (cerca de 4,3%) nos últimos anos.

Esses números dão ao Brasil uma boa colocação na economia criativa mundial. O atual PIB

No atual modelo econômico mundial, o conhecimento, a cultura e a criatividade são gerado pelas empresas do setor criativo brasileiro já supera o de países como Itália, Espa-

fatores de competitividade entre países. Eles fazem com que uma nação se destaque ou não nha e Holanda, de acordo com dados divulgados pela United Nations Conference on Trade and

entre as outras, e ajudam a criar a identidade cultural de um lugar. Development (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, ou UNCTD).

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 28
SUMÁRIO

CONCLUSÃO TRÊS PONTOS FUNDAMENTAIS PARA DESENVOLVERMOS TIME MAIS


COLABORATIVOS
A economia criativa tem o potencial de impactar de forma positiva a economia global, influen-

ciando-a em termos de inovação, produtividade, geração de empregos, conhecimento e identidade 1. Segurança psicológica

cultural. Profissões que participam do segmento costumam ser bastante procuradas, por estimula-

rem talentos individuais e buscarem soluções para problemas globais. Além de gerar empregos qua- Para que o seu time trabalhe melhor em conjunto, você precisa criar um espa-

lificados e renda, os setores criativos conversam com outras áreas da economia, agregando valor e ço onde exista segurança psicológica para todos os colaboradores. O Google fez uma

competitividade a produtos e serviços. pesquisa, para tentar identificar por que alguns times eram mais produtivos que

outros (dentro da própria empresa). Não era sobre, meramente, reunir os melhores

CONTEÚDO EXTRA: COMO CRIARMOS TIMES MAIS COLABORATIVOS de cada área (isso não é garantia de que eles, juntos, performarão bem). Também

não se tratava do líder, nem do tipo de liderança utilizada (mais permissiva ou não).

Economia criativa, economia colaborativa, pensamento em rede, interdependência; sabe- O ponto decisivo na pesquisa foi: os times que melhor performavam eram aqueles

mos que esses e outros conceitos não são novidade, e que bom! Porém, você já parou para se per- em que as pessoas se sentiam seguras, no sentido mais amplo da palavra:

guntar como pode ser mais colaborativo de forma individual? Como construir sua melhor forma

de trabalhar em equipe? a. em termos de cuidado, pois sabiam que, se precisassem de ajuda, poderiam

contar com outros membros do grupo, já que aquele time era um porto se-

guro para elas;

b. no sentido de ausência de medo. Não se sentiam ameaçadas quando traziam

alguma ideia absurda ou quando cometiam um erro;

c. para serem elas mesmas, e levarem ao trabalho a sua melhor versão: a sua

versão completa.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 29
SUMÁRIO

2. Elimine o EGO A base para um trabalho em equipe eficiente está no entendimento do

indivíduo; o que EU devo fazer para contribuir? A partir do momento em que

Esse é um assunto complexo; afinal, cada pessoa tem uma teoria diferente sobre o ego. Uns falam isso estiver claro, para mim e para todos os outros membros do grupo, pode-

que é impossível matá-lo, outros dizem que é a essência da nossa existência, e há, ainda, aqueles que remos começar o trabalho. Esse pode ser feito tanto individualmente quanto

falam que o segredo é apenas administrá-lo. em grupo, dependendo do papel em questão.

O professor Yuval Noah Harari, autor do best seller mundial Sapiens, afirma que a maior dificul- O teórico em gestão britânico Meredith Belbin afirma existirem nove pa-

dade que nós seres humanos temos em colaborar reside nessas 3 letrinhas (E-G-O). Quando estamos peis distintos dentro de uma equipe, que são fundamentais para o seu sucesso:

em grupo, gastamos mais tempo tentando acomodar nosso ego do que, de fato, buscando resolver o
1. semeador;
problema em questão.

2. investigador de recursos;
Pensando na natureza, imagine um grupo de formigas brigando para ver quem liderará a reunião

de como levar a folha de um lado para o outro; ou uma discussão entre as abelhas, para definir quem co- 3. coordenador;

meçará a construir a colmeia, e quem irá em busca de recursos para isso. Enquanto nós usamos nossa
4. formatador;
energia para acomodar nossos egos, os animais usam 100% da sua energia para encontrar a solução.

5. monitor/avaliador;
3. Defina os papéis
6. trabalhador em equipe;

O interesse por trabalho em equipe surgiu na década de 60/70, pelas manufaturas europeias e ame-
7. implementador;
ricanas, em resposta ao sucesso do método de trabalho japonês chamado kaizen (o conceito de que todos

os funcionários são responsáveis pela melhoria contínua da empresa). Hoje, é raro encontrar uma or-
8. completador;
ganização, de qualquer tipo ou tamanho, que não valorize o trabalho em equipe. A grande questão é que,

com o passar do tempo, fomos confundindo trabalho em equipe com fazer tudo junto. 9. especialista.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 30
SUMÁRIO

Negócios coletivos e empresas são como equipes esportivas; todos os dias, se de-

param com desafios, surpresas e dificuldades, e a presença de times fortes e produtivos

passa a ser uma solução poderosa para superá-las. Afinal, equipes não são, simples-

mente, grupos de pessoas trabalhando juntas; elas são produtos de uma ação coletiva.

Em The Wisdom of Teams, Jon Katzenbach e Douglas Smith definem uma equipe

como “um pequeno grupo de pessoas com habilidades complementares e que estão

comprometidas com um propósito comum, um conjunto de metas e abordagens pelas

quais prestam contas uns aos outros”. Em um time, nenhum indivíduo é responsável

pelo sucesso ou pelo fracasso, porque ninguém atua sozinho (mate o EGO). O trabalho

em equipe deve estimular as pessoas a se escutarem, a serem elas mesmas, a responde-

rem individualmente aos pontos de vista alheios e divergentes, servindo de apoio (se-

gurança psicológica), e, claro, a reconhecerem e respeitarem os papéis, interesses, ha-

bilidades e realizações de todos os participantes.

SÍNTESE

“Acho que não estamos mais no Kansas!”

Adaptabilidade, resiliência, segurança psicológica, criatividade...ufa! A lista é lon-

ga. Nosso mundo muda muito, e numa velocidade assustadora. Por isso, precisamos,

além da capacidade de acompanhar todas as mudanças, de uma preparação para o que

ainda não é conhecido. O escopo dessa unidade foi apresentar conceitos que transbordam

os seus nichos, e que perpassam qualquer ideia a ser posta em prática nesse novo mundo.

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 31
EXERCÍCIOS SUMÁRIO

1. Em um mundo em constantes mudanças, qual habi-

lidade é a habilidade mais importante a ser desen-

volvida hoje?

2. Em uma análise do cenário brasileiro, qual seria a

grande vantagem em incentivar os negócios 2.5?

3. Como podemos potencializar a nossa adaptabilida-

de em um mundo VUCA?

TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS 32

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