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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

THAYNA FERNANDA SILVA

EUTANÁSIA: DIREITO À VIDA DIGNA

SÃO PAULO
2022
1
THAYNA FERNANDA SILVA

EUTANÁSIA: DIREITO À VIDA DIGNA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Direito da UNIVERSIDADE SÃO JUDAS
TADEU, como requisito parcial para a Obtenção
do grau de Bacharel em Direito.

SÃO PAULO
2022
2
THAYNA FERNANDA SILVA

EUTANÁSIA: DIREITO À VIDA DIGNA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Direito da UNIVERSIDADE SÃO JUDAS
TADEU, como requisito parcial para a Obtenção
do grau de Bacharel em Direito.

São Paulo, 26 de novembro de 2022

EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Isa Stefano
Universidade São Judas Tadeu

ORIENTADORA
__________________________________
Prof. Raquel Helena Valési
Universidade São Judas Tadeu

3
Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos, que
sempre me incentivaram e apoiaram
incondicionalmente.
4
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus familiares por todo apoio proporcionado ao longo de minha
jornada acadêmica. Em especial aos meus pais Soraia e Naerson, que foram
imprescindíveis para que eu chegasse até aqui.

5
"As circunstâncias do nascimento de alguém são
irrelevantes. É o que você faz com o dom da vida
que determina quem você é.” (MewTwo, Pokémon)
6
RESUMO

O presente trabalho visa elucidar aspectos inerentes à eutanásia, associando


as perspectivas jurídicas intrínsecas ao direito à vida às perspectivas jurídicas do
princípio da dignidade da pessoa humana.
Através de estudos bibliográficos, o objetivo é conceituar a eutanásia em suas
particularidades, bem como suas diversas modalidades e ramificações.

Palavras-chave: Eutanásia. Dignidade. Vida. Morte.

7
ABSTRACT

The present academic work aims to elucidate aspects inherent to euthanasia,


associating the legal perspectives intrinsic to the right to life with the legal
perspectives of the principle of human dignity.
Through bibliographic studies, the objective is to conceptualize euthanasia in
its particularities, as well as its various modalities and ramifications.

Keywords: Euthanasia. Dignity. Life. Death.

8
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 10
2 EUTANÁSIA: CONCEITOS, ORIGEM E CONTEXTO HISTÓRICO....... 12
2.1 EUTANÁSIA ATIVA, PASSIVA E DUPLO EFEITO. ................................ 12
2.2 EUTANÁSIA VOLUNTÁRIA, INVOLUNTÁRIA E NÃO-VOLUNTÁRIA. ... 13
2.3 ORTOTANÁSIA, DISTANÁSIA, MISTANÁSIA E SUICIDIO ASSISTIDO.14
3 ASPECTOS CONSTITUCIONAIS........................................................... 17
3.1 DIREITO À VIDA. .................................................................................... 17
3.2 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. ............................ 18
4 EUTANÁSIA NO MUNDO ....................................................................... 20
4.1 ESPANHA. .............................................................................................. 20
4.2 LUXEMBURGO ....................................................................................... 20
5 CONCLUSÃO ......................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 24

9
1 INTRODUÇÃO

Os povos antigos já utilizavam o que hoje chamamos de Eutanásia, termo que


foi criado somente no século XVII, mas que na prática já era visto na antiguidade. O
Professor Genival Veloso de França 1 contextualiza que na Índia antiga, o destino de
pessoas portadoras de doenças terminais era o Rio Ganges, considerado sagrado e
alvo de diversos rituais do hinduísmo. Elas tinham suas bocas e narinas vedadas
com lama sagrada antes de serem lançadas ao rio, que atualmente é considerado
um dos mais poluídos do mundo, por conta de lixo doméstico e industrial nele
despejados2.
Os espartanos costumavam lançar do alto do Monte Taijeto, cordilheira
situada na Grécia, os recém-nascidos deformados e anciões, pois não estariam
habilitados a cumprirem suas funções como guerreiros. 3
Considerando os tempos atuais, a eutanásia é um tabu em grande parte do
globo. Somente 5 dos mais de 150 países reconhecidos internacionalmente
legalizaram sua prática. Esse fato se dá por diversas questões, dentre elas a
questão religiosa, que em geral prega que o homem não deve tirar a própria vida,
além da temática não ser difundida entre a população, instaurando um cenário de
preconceito.
Imprescindível esclarecer as intenções do presente trabalho e também
daqueles a favor da eutanásia. Essa não deve ser vista como o direito de matar,
afrontando o direito constitucional à vida. Mas sim como o direito de morrer
dignamente. O direito à escolha, autonomia para decidir quando o sofrimento já
basta. Quando viver se torna um fardo maior do que encarar a futura ausência
eterna. Partindo desse pressuposto, o propósito do presente trabalho é elucidar esse
tema pouquíssimo debatido no Brasil, mas que demanda urgência e sensibilidade.

1
FRANÇA, Genival Veloso de França. Eutanásia: direito de matar ou direito de morrer. Incluído em 05/01/1999.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/bioetica/eutange.htm. Acesso
em: 22 jul. 2022.
2
MATIAS, Átila. Rio Ganges. Rio Ganges está localizado no sul da Ásia, no subcontinente indiano. Seu curso
passa pela Índia e Bangladesh, sendo importante pelas questões hídrica e religiosa. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/rio-ganges.htm. Acesso em: 22 jul. 2022.
3
FRANÇA, Genival Veloso de França. Eutanásia: direito de matar ou direito de morrer. Incluído em 05/01/1999.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/bioetica/eutange.htm. Acesso
em: 22 jul. 2022.
10
Dessa forma, é indispensável esclarecer que o direito à vida deve ser
diretamente associado ao princípio da dignidade da pessoa humana, que norteia os
aspectos sob os quais a vida deve se guiar.

11
2 EUTANÁSIA: CONCEITOS, ORIGEM E CONTEXTO HISTÓRICO.

Considerando o aspecto linguístico, o termo "eutanásia" foi criado pelo filósofo


inglês Francis Bacon no século XVII e deriva do grego eu (boa)
e thanatos (morte), correspondendo às expressões de "morte piedosa", "morte fácil",
"morte apropriada", "boa morte", e até mesmo, de maneira simplista, "direito de
matar" 4.
Do ponto de vista prático:

[...] a nomenclatura eutanásia vem sendo utilizada como a ação médica que
tem por finalidade abreviar a vida das pessoas. É a morte de pessoa - que
se encontra em grave sofrimento decorrente de doença, sem perspectiva de
melhora - produzida por médico, com o consentimento daquela. É a
conduta, por meio da ação ou omissão do médico, que emprega, ou omite,
meio eficiente para produzir a morte em paciente incurável e em estado de
grave sofrimento, diferente do curso natural, abreviando-lhe a vida. 5

2.1 EUTANÁSIA ATIVA, PASSIVA E DUPLO EFEITO.

a. Eutanásia Ativa (Direta e Indireta): constitui-se na ação de um terceiro, que


através de medicamentos ou demais meios, mitiga a dor de pacientes
acometidos por doença incurável. A Eutanásia Ativa Direta consiste em um
ato direcionado, na intenção de encurtar a vida do paciente, podendo se
materializar, segundo Souza e Maioral (2015), com a "ajuda do médico para
matar o paciente através da indução de um coma profundo, com a aplicação
de anestésicos, injeções letais etc" 6. Já a Eutanásia Ativa Indireta,
compreende-se pela ação cujo objetivo é aliviar o sofrimento do paciente e, tal
ação acarreta a abreviação da vida, por exemplo, com a utilização de morfina
em altas doses, prejudicando a função respiratória do paciente de maneira a
acelerar sua morte 7.

4
DE SÁ, Maria de Fátima; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira. Bioética e Biodireito. 5. ed. Editora Foco. p.
280. São Paulo, 2021.
5
Idem.
6
SOUZA, Carlos Otávio de; MAIORAL, Daniel Franzoni. Reflexões sobre eutanásia, 2015. Disponível em:
http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0939.pdf - p.3. Acesso em: 05 de agosto de 2022.
7
SÁ, Maria de Fátima Freire de; MOUREIRA, Diogo Luna. Autonomia para Morrer: eutanásia, suicídio
assistido e diretivas antecipadas de vontade e cuidados paliativos. 2 ed. DelRey, f. 111, 2015. p. 86
12
b. Eutanásia Passiva: configura-se pela omissão do médico ao deixar o
paciente seguir com o curso natural de sua doença, sem envidar esforços
para retardar a morte do paciente, deixando de realizar a manutenção da
sobrevida. Segundo Souza e Maioral (2015), não é aplicada "qualquer tipo de
intervenção, tratamento e administração de drogas, bem como também há a
opção de desligar as máquinas às quais paciente está conectado para
sobreviver" 8.
c. Eutanásia de Duplo Efeito: ocorre quando a ação do médico tem um
resultado diferente do objetivado. Quando ao administrar medicamentos para
aliviar o sofrimento do paciente terminal, sobrevêm por consequência indireta,
a morte do paciente 9.

2.2 EUTANÁSIA VOLUNTÁRIA, INVOLUNTÁRIA E NÃO-VOLUNTÁRIA.

Adentrando no âmbito do consentimento, a Eutanásia pode ser dividida entre


voluntária, involuntária e não-voluntária.
A eutanásia voluntária consiste na capacidade em consentir, daquele que
sofre de doença terminal. Tal consentimento deve ser, imprescindivelmente,
expresso, livre e consciente.
Já a eutanásia involuntária é o oposto. Desconsidera-se a vontade do
paciente terminal e admite-se a vontade de terceiros, como membros da equipe
médica ou da família. Tal medida é amplamente criticada pela comunidade cientifica
e jurídica, pois caracteriza-se como homicídio.

8
SOUZA, Carlos Otávio de; MAIORAL, Daniel Franzoni. Reflexões sobre eutanásia, 2015. Disponível em:
http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0939.pdf - p.3. Acesso em: 05 de agosto de 2022.
9
FRANCISCONI, Carlos Fernando ; GOLDIM, José Roberto . Classificações Históricas de Eutanásia.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/bioetica/eutantip.htm. Acesso
em: 20 jul. 2022.
13
2.3 ORTOTANÁSIA, DISTANÁSIA, MISTANÁSIA E SUICIDIO ASSISTIDO.

Segundo COHEN e OLIVEIRA, Ortotanásia deriva do grego orto (correto) e


thanatos (morte), significando "morte correta", e corresponde a morte que acontece
no seu devido tempo, observados os limites do paciente e da doença 10.
Os doutrinadores complementam com o devido cenário para a caracterização
da Ortotanásia:

Também com sujeito ativo determinado médico –, para que se caracterize a


ortotanásia este deverá enxergar o momento de parar, o momento em que
os tratamentos disponíveis deixam de atacar a enfermidade e só agridem
ainda mais o organismo do doente. Quando isso acontece e o médico deixa
de tratar a doença e passa a tratar exclusivamente o doente, cuidando dos
sintomas para que o paciente não sofra. (COHEN, OLIVEIRA, 2020, p.
788). 11

Parte da doutrina, como NAVES e DE SÁ, entende que a Ortotanásia é


sinônimo da Eutanásia Passiva, pois também consiste na omissão por parte da
equipe médica diante de um paciente com doença grave ou incurável, ao não iniciar
ou suspender tratamentos e a manutenção da sobrevida 12.
No entanto, houve a ampliação do conceito de Ortotanásia por meio da
Resolução n. 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que adiciona a
existência de cuidados paliativos em prol do alívio de dores agudas daquele
paciente acometido por doença grave ou incurável.
A referida Resolução disciplina que:

Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao


médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem
a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os
sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência
integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal.
(Conselho Regional de Medicina, Resolução n.1.805/2006). 13

10
COHEN, Claudio; OLIVEIRA, Reinaldo Ayer de. Bioética, direito e medicina. 1 ed. Editora Manoele, 2020. p.
788.
11
Idem.
12
SÁ, Maria de Fátima Freire de; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira. Bioética e Biodireito. 5 ed. Editora Foco,
2021. p. 282.
13
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução n.1.805/2006. Brasília: CFM, 2006.
14
O termo Distanásia vem do grego dis (afastamento) e thanatos (morte), que
consiste no prolongamento exacerbado da vida. 14 Diferentemente da Ortotanásia,
para a Distanásia o sofrimento do paciente não é levado em consideração e não
possui relevância alguma na tomada de decisão quanto ao tratamento. O objetivo
primordial é manter a vida, independente das condições impostas.
A esse respeito, Diniz conceitua que:

Pela distanásia, também designada obstinação terapêutica (L’


acharnementthérapeutique) ou futilidade médica (medical futility), tudo deve
ser feito mesmo que cause sofrimento atroz ao paciente. Isso porque a
distanásia é morte lenta e com muito sofrimento. Trata-se do prolongamento
exagerado da morte de um paciente terminal ou tratamento inútil. Não visa
prolongar a vida, mas sim o processo de morte [...] (DINIZ, 2017, p.399). 15

A Mistanásia vem do grego mys (infeliz) e thanatos (morte), correspondendo a


morte infeliz, miserável, precoce e evitável em nível social. 16 Diferente das demais, a
Mistanásia está vinculada a questões políticas e de saúde pública, na medida em
que ela acontece pela morte decorrente da ausência de tratamento disponível.
MARTIN (1998, p. 186) destaca três situações onde a Mistanásia está
presente:

A eutanásia, pelo menos em sua intenção, quer ser uma morte boa, suave,
indolor, enquanto a situação chamada eutanásia social nada tem de boa,
suave ou indolor. Dentro da grande categoria de mistanásia quero focalizar
três situações: primeiro, a grande massa de doentes e deficientes que, por
motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes, pois
não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico;
segundo, os doentes que conseguem ser pacientes para, em seguida, se
tornar vítimas de erro médico e, terceiro, os pacientes que acabam sendo
vítimas de má-prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos.
A mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fenômeno da
maldade humana. (MARTIN, 1998, p. 186) 17.

Quanto ao Suicídio Assistido, Kovács o define ao distingui-lo da Eutanásia:

14
COHEN, Claudio; OLIVEIRA, Reinaldo Ayer de. Bioética, direito e medicina. 1 ed. Editora Manoele, 2020. p.
789.
15
DINIZ, Maria Helena. O Estado Atual do Biodireito. 10ª Ed. Saraiva JUR. São Paulo, 2017. p. 399.
16
PESSINI, Léo. Sobre o conceito ético de “mistanásia”. 02 out. 2015. [Texto digital]. Disponível
em:https://www.a12.com/redacaoa12/igreja/sobre-o-conceito-etico-de-mistanasia.Acesso em: 09 de agosto de
2022.
17
MARTIN, Leonard Michael. Eutanásia e distanásia. Revista do Conselho Federal de Medicina. Brasília, 1998,
p.186
15
O que diferencia a eutanásia do suicídio assistido é quem realiza o ato;
no caso da eutanásia, o pedido é feito para que alguém execute a ação que
vai levar à morte; no suicídio assistido é o próprio paciente que realiza o ato,
embora necessite de ajuda para realizá-lo, e nisto difere do suicídio, em que
esta ajuda não é solicitada. (KOVÁCS, 2003, p.35) 18.

No final do século XX, o responsável por popularizar tal temática pouco vista
pela sociedade foi Jack Kevorkian, patologista norte americano e atuante em mais
de 130 suicídios assistidos no Oregon, EUA, ilegais à época. Kavorkian foi o
idealizador de um projeto que envolvia a utilização de uma máquina que injetava
doses letais de anestésicos, relaxantes musculares e potássio, em pacientes que o
buscavam para abreviar suas vidas. Kavorkian agia indiretamente, auxiliando essas
pessoas, que eram responsáveis por apertar o botão que acionava a máquina. 19 O
patologista foi severamente perseguido pela pratica de diversos homicídios, até que
em 1997, o suicídio assistido foi legalizado no estado do Oregon, muito por
influência do patologista, que ficou conhecido como "Doutor Morte". 20

18
KOVÁCS, Maria Julia. Bioética nas Questões da Vida e da Morte. In: Instituto de Psicologia-USP. Vol. 14, n.
2, p. 35. São Paulo, 2003.
19
BARREIROS, Isabela. DOUTOR MORTE: A MÁQUINA DE SUICÍDIO DE JACK KEVORKIAN: Em
defesa da eutanásia, o médico desenvolveu um equipamento que causou a morte de mais de 100 pessoas e o
levou à prisão. Aventuras na Historia - UOL. 2020.
20
PAIVA, Vitor. Como funciona o suicídio assistido e qual o impacto nos países onde foi adotado. Hypeness.
2017.
16
3 ASPECTOS CONSTITUCIONAIS.

3.1 DIREITO À VIDA.

Maria Helena Diniz (2005, p. 379) conceitua a vida como "o espaço de tempo
entre o nascimento e a morte de uma pessoa".
Entende-se por vida, como aquela inerente a pessoa humana e detentora de
máxima proteção constitucional. Por estar no rol de direitos fundamentais, constitui-
se como pré-requisito para a existência de todos os demais direitos essenciais ao
indivíduo, haja vista que, sem vida, não há como se falar em direito à liberdade,
igualdade, segurança e propriedade, nos termos do caput do artigo 5º da
Constituição Federal de 1988, conforme disciplinado:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes [...]

Importante destacar que é entendimento majoritário da doutrina de que a vida


trata-se de um direito indiscutivelmente indisponível e irrenunciável, conforme
salientado por Alexandre de Moraes21 e Maria Helen Diniz, devendo ser protegido
inclusive de seu próprio titular22.
Nesse sentido, Cezar Roberto Bitencourt assevera que:
Dentre os bens jurídicos de que o indivíduo é titular e para cuja proteção
a ordem jurídica vai ao extremo de utilizar a própria repressão penal, a
vida destaca-se como o mais valioso. A conservação da pessoa
humana, que é a base de tudo, tem como condição primeira a vida, que,
mais que um direito, é condição básica de todo direito individual, porque
sem ela não há personalidade, e sem esta não há que se cogitar de
direito individual.
O respeito à vida humana é, nesse contexto, um imperativo
constitucional que, para ser preservado com eficácia, recebe ainda a
proteção penal. A sua extraordinária importância, como base de todos
os direitos fundamentais da pessoa humana, vai ao ponto de impedir
que o próprio Estado possa suprimi-la, dispondo a Constituição Federal
que “não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX” (art. 5°, inciso XLVII, letra a).
Com efeito, embora seja um direito público subjetivo, que o próprio

21
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais teoria geral, comentários aos arts 1. a 5. da
constituição da republica federativa do brasil, doutrina e jurisprudencia. 2021, p. 94.
22
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 2017, p. 354.
17
Estado deve respeitar, também é direito privado, inserindo-se entre os
direitos constitutivos da personalidade. Contudo isso não significa que o
indivíduo possa dispor livremente da vida. Não há um direito sobre a
vida, ou seja, um direito de dispor, validamente, da própria vida. Em
outros termos a vida é um bem indisponível, porque constitui elemento
necessário de todos os demais direitos. 23

3.2 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana corresponde a existência de


atributos inerentes aos seres humanos, de caráter universal. Tal prerrogativa
decorre da condição humana e independe de raça, cor, gênero, idade ou qualquer
outra característica que diferencie os seres humanos uns dos outros. Condiz com a
natureza de cada indivíduo, demandando respeito e proteção do Estado, bem como
dos demais indivíduos. O intuito é obstar que o ser humano seja alvo de situações
degradantes, de forma a viver indignamente. 24
De maneira categórica, a Constituição Federal de 1988 preconiza o Princípio
da Dignidade da Pessoa Humana como um de seus fundamentos basilares, nos
termos do art. 1º, que prevê:

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
III - a dignidade da pessoa humana;

Tal princípio corresponde ao "valor supremo que norteia e atrai o conteúdo de


todos os demais direitos fundamentais em nosso ordenamento; é o princípio que se
sobrepõe a tudo e em primeiro lugar, por isso considerado megaprincípio” (BESTER,
2005, p. 289) 25.
Partindo desse pressuposto e considerando que nosso ordenamento jurídico
não protege apenas o direito à vida biológica, mas também o direito a uma vida
digna, considerando o ser humano por um aspecto amplo, cabe apontar que o

23
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Especial. São2004, p. 28-29.
24
MARTINS, Flademir Jerônimo Belinati. Dignidade da pessoa humana: princípio constitucional fundamental.
p.120.
25
BESTER, Gisela María. Direito constitucional: Fundamentos teóricos. São Paulo, 2005, p. 289.
18
conceito de vida não deve ser visto somente pelo aspecto biológico. SÁ e
MOUREIRA explanam que:

A obstinação em prolongar o mais possível o funcionamento do organismo


de pacientes terminais não deve mais encontrar guarida no Estado
Democrático de Direito, simplesmente, porque o preço dessa obstinação é
uma gama indizível de sofrimentos gratuitos, seja para o enfermo, seja para
os familiares deste. O ser humano tem outras dimensões que não somente
a biológica, de forma que aceitar o critério da qualidade de vida significa
estar a serviço não só da vida, mas também da pessoa. O prolongamento
da vida somente pode ser justificado se oferecer às pessoas algum
benefício, ainda assim, se esse benefício não ferir a dignidade do viver e do
morrer. 26

O intuito não é propugnar a aplicação da eutanásia de maneira indiscriminada


e leviana, mas sim trazer à tona o debate de que o direito à vida não pode ser visto
como máxima sem considerar o princípio da dignidade da pessoa humana. Ambos
são indissociáveis. Não há espaço para falar de vida se não digna.
Nesse sentido, Maria de Fátima Freire de Sá e Diogo Luna Moureira
corroboram que:
A evolução da medicina e os constantes progressos biotecnológicos deram
vazão a várias discussões e o certo é que se há forte corrente que
abandonou a ideia de pensar a vida como o simples respirar, não somente
como garantia de sobrevida, ou como garantia da batida de um coração ou
uma doce ilusão. A discussão que permeia a garantia do direito à vida
versa, não raro, em relação à sua qualidade e dignidade, como construção
diária. Daí a pergunta: pacientes terminais têm autonomia para morrer com
dignidade? Ou devem sobreviver, mesmo que vegetativamente, até a
parada respiratória ou a morte encefálica? 27

Partindo dessa premissa, é possível vislumbrar o direito de morrer como o


próprio exercício do direito à vida. 28
Considerando não ser suficiente viver, se não dignamente, é indispensável
correlacionar o direito à vida ao princípio da dignidade da pessoa humana.

26
SÁ, Maria de Fátima Freire de; MOUREIRA, Diogo Luna. Autonomia para Morrer: eutanásia, suicídio
assistido e diretivas antecipadas de vontade e cuidados paliativos. 2015, p. 74 - 75.
27
SÁ, Maria de Fátima Freire de; MOUREIRA, Diogo Luna. Autonomia para Morrer: eutanásia, suicídio
assistido e diretivas antecipadas de vontade e cuidados paliativos. 2015, p. 68
28
SÁ, Maria de Fátima Freire de; MOUREIRA, Diogo Luna. Autonomia para Morrer: eutanásia, suicídio
assistido e diretivas antecipadas de vontade e cuidados paliativos. 2015, p. 65
19
4 EUTANÁSIA NO MUNDO

4.1 ESPANHA.

Desde 2021, a Eutanásia passou a ser um direito no país europeu, após anos
de debates sociais e diversas propostas legislativas. Munida de diversos critérios
concessão da eutanásia e do suicídio assistido, a legislação recebeu a aprovação
por 202 votos favoráveis e 141 contra na Câmara dos Deputados e passou a vigorar
após 3 meses. 29
Um recente caso tem chamado atenção na Espanha e no mundo, pois
envolve o pedido de eutanásia por um homem que está preso, em caráter
preventivo, acusado de atirar em 3 colegas de trabalho, vindo na sequência a sofrer
uma lesão medular após ser baleado em um tiroteio com a polícia ao tentar fugir.
O caso é complexo pois está presente um conflito entre duas normas
fundamentais na Espanha, que é o direito à vida, compreendido pela eutanásia, e o
direito das vítimas a uma proteção judicial eficaz do processo, visto que o acusado
poderia tê-los executado. 30
Para os especialistas, a juíza que concedeu a eutanásia para o preso se atém
à dignidade daquele que sofre de condição incurável, sem adentrar no debate
acerca da circunstância que o levou a tal lesão irreversível. 31

4.2 LUXEMBURGO

Em Luxemburgo, a decisão por legalizar a eutanásia não foi tão pacífica, do


ponto de vista político. O país é regido por uma monarquia constitucional
parlamentarista e o Grão-Duque, chefe de Estado, possuía a prerrogativa de
sancionar ou vetar leis 32.

29
BENITO, EMILIO DE. Espanha aprova a lei da eutanásia e se torna o quinto país do mundo a regulamentá-la:
Somente poderão fazer o pedido pessoas que “sofram de uma doença grave e incurável ou uma condição grave,
crônica e incapacitante”. EL PAÍS. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/sociedade/2021-03-
18/espanha-aprova-a-lei-da-eutanasia-e-se-torna-o-quinto-pais-do-mundo-a-regulamenta-la.html.
30
EUTANÁSIA concedida a homem preso causa debate na Espanha: Detento tem lesão medular intratável, mas
vítimas se opõem à eutanásia para que ele vá a julgamento. Pleno News. 2022. Disponível em:
https://pleno.news/mundo/eutanasia-concedida-a-homem-preso-causa-debate-na-espanha.html.
31
Idem.
32
UNIÃO EUROPEIA. Luxemburgo. União Europeia. Disponível em: https://european-
union.europa.eu/principles-countries-history/country-profiles/luxembourg_pt. 2022.
20
Ao sinalizar que vetaria a o projeto que visava legalizar a eutanásia, por
conceitos católicos, no ano de 2009, o parlamento limitou as competências
legislativas do Grão-Duque, que passou a não possuir o poder do veto. 33.
E foi nesse cenário com um princípio de crise institucional, que Luxemburgo
legalizou a eutanásia e o suicídio assistido, sendo que sua aplicabilidade enfrenta
desafios.
Cidadãos que buscam cessar o profundo sofrimento causado por doença
incurável e recorrem a eutanásia ou suicídio assistido, têm enfrentado dificuldades
para encontrar médicos em Luxemburgo, dispostos a realizar o procedimento.
Diferente de outros países, os médicos têm a faculdade de realizar o procedimento.
Apesar de haver uma forte queda no número de religiosos em Luxemburgo, o país
europeu ainda conta com mais da metade de sua população pertencente ao
catolicismo 34, sendo que tal dado poderia justificar o impasse enfrentado por aqueles
que querem recorrer à eutanásia para interromper suas vidas e acabar com o
sofrimento 35.

33
https://www.wort.lu/pt/luxemburgo/poder-do-gr-o-duque-henri-foi-reduzido-h-dez-anos-
5c8759fada2cc1784e33f952#:~:text=Faz%20hoje%20dez%20anos%20que,compet%C3%AAncias%20legislativ
as%20do%20Gr%C3%A3o%2DDuque.
34
RELIGIÃO no Luxemburgo. Just Arrived. Luxemburgo. Disponível em: https://www.justarrived.lu/pt-
pt/informacao-pratica/religiao-no-luxemburgo/. 2022.
35
PODER do Grão-Duque Henri foi reduzido há dez anos: O Luxemburgo foi o terceiro país europeu a legalizar
a eutanásia, depois da Holanda e da Bélgica, a 16 de março de 2009. Num país maioritariamente católico, o
chefe de estado, o Grão-Duque Henri, recusou na altura assinar o projeto de lei. Essa posição provocou, na
altura, uma crise constitucional no país. Contato. Portugal, 2019. Disponível em:
https://www.wort.lu/pt/luxemburgo/poder-do-gr-o-duque-henri-foi-reduzido-h-dez-anos-
5c8759fada2cc1784e33f952#:~:text=Faz%20hoje%20dez%20anos%20que,compet%C3%AAncias%20legislativ
as%20do%20Gr%C3%A3o%2DDuque.
21
5 CONCLUSÃO

Foi possível observar ao longo do presente trabalho que a eutanásia se trata


do ato médico que tem como objetivo cessar a dor e a indignidade da doença
crônica, uma vez que inexiste qualidade de vida. O estudo desenvolvido buscou
trazer à tona as particularidades em torno da eutanásia, pois se fez necessário o
entendimento acerca de suas modalidades e ramificações. Primordialmente, buscou-
se o entendimento quanto à balança entre dois dos principais aparatos
constitucionais: direito à vida e o princípio da dignidade da pessoa humana.
A eutanásia é vista como tabu em boa parte do globo, ainda que tenha sido
utilizada pelos povos antigos e conceituada no século XVII, muito pela carga
religiosa existente a séculos. Conforme abordado brevemente, mesmo os países
mais evoluídos nessa temática enfrentam dificuldades, como é o caso de
Luxemburgo, que legalizou a eutanásia, mas enfrenta preconceito por parte do corpo
médico, tornando tal direito inacessível aos cidadãos.
Não obstante, trata-se de um debate urgente e relevante, na medida em que
é factível refletir se um paciente terminal, acometido por doença grave incurável,
deve aguardar a morte natural, ainda que submetido a um processo de intenso
sofrimento.
Para iniciar qualquer debate a respeito do assunto, foi imprescindível
distinguir as classificações da eutanásia (ativa, passiva e duplo efeito) e também as
diversas terminologias envoltas. Tal como a situação envolvendo a distanásia, que
muitos confundem com um tipo de eutanásia. Pelo contrário. Como abordado no
presente trabalho, a distanásia busca a manutenção da vida a todo custo,
independentemente do sofrimento enfrentado por aquele com doença grave e
incurável. Tal sofrimento é desconsiderado pois o único objetivo é manter o individuo
vivo, ainda que em condições indignas. A eutanásia, diferentemente, tem como
único objetivo cessar a dor insuportável de pessoas cujo diagnóstico médico é
irreversível.
O trabalho buscou realizar uma análise pormenorizada a respeito da relação
entre o direito à vida e o princípio da dignidade da pessoa humana. É conclusivo que
não é possível falar em vida, sem que esta seja digna. A dor não deve fazer parte do
viver. Tampouco do morrer.

22
Diante de todo o exposto, é fundamental intensificar os debates no Brasil
acerca da eutanásia, para que nos desfaçamos de mitos em relação ao tema; para
termos um maior conhecimento por parte da população, apesar de ser
majoritariamente conservadora; e para que, através dos membros do Legislativo,
tenhamos propostas que caminhem para a legalização da eutanásia no Brasil.
Por fim, faço duas recomendações para aprofundamento do tema:
1. Livro “Autonomia para Morrer”, de Maria de Fátima Freire de Sá e
Diogo Luna Moureira”, que elucida de maneira primordial a questão de
que a construção do ser humano vai muito além da biológica, sendo
essencial a construção biográfica.
2. Luciana Dadalto: com experiência em Direito Médico e da Saúde,
autora de livros e artigos científicos no Brasil e no exterior, é advogada
e produz diversos conteúdos jurídicos em torno da eutanásia, atuando
como defensora da autonomia da vontade, sendo uma das principais
estudiosas do tema. Recomendo seus livros e redes sociais, para
obtenção de detalhes minuciosos no que tange à eutanásia.
Livro: Cuidados Paliativos: aspectos jurídicos (2022, 2ª Ed.)
Livro: Testamento Vital (2022, 6ª Ed.)
Instagram: @lucianadadalto

23
REFERÊNCIAS

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KEVORKIAN: Em defesa da eutanásia, o médico desenvolveu um equipamento que
causou a morte de mais de 100 pessoas e o levou à prisão. Aventuras na Historia -
UOL. 2020. Disponível em:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/doutor-morte-maquina-de-
suicidio-de-jack-kevorkian.phtml. Acesso em: 25 ago. 2022.

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país do mundo a regulamentá-la: Somente poderão fazer o pedido pessoas que
“sofram de uma doença grave e incurável ou uma condição grave, crônica e
incapacitante”. EL PAÍS. 2021. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/sociedade/2021-03-18/espanha-aprova-a-lei-da-eutanasia-e-
se-torna-o-quinto-pais-do-mundo-a-regulamenta-la.html. Acesso em: 3 set. 2022.

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jueza: “Estoy parapléjico y no siento el pecho”: Eugen Sabau, que hirió a cuatro
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sin previo aviso. EL PAÍS. Barcelona, Espanha, 2022. Disponível em:
https://elpais.com/espana/catalunya/2022-07-11/el-preso-al-que-se-le-ha-concedido-
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24
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2006. Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico
limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente,
garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao
sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do
paciente ou de seu representante legal: Diário Oficial da União; Poder Executivo,
Brasília, DF, n.227, 28 nov. 2006. Seção 1, p.169. Disponível em:
http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=PesquisaLegislacao&dif=s&ficha=1&id=6640&t
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