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6 Rodada
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6ª RODADA - 26/08/2015
RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL
6ª RODADA - 26/08/2015
RECADO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua
gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
PROFESSORES
CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..
JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.
SUMÁRIO
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. A ocupação irregular de bem público não dá direito à indenização pelas eventuais acessões
realizadas no bem. Entretanto, as benfeitorias necessárias e úteis devem ser indenizadas, quando
realizadas de boa-fé, podendo-se levantar as voluptuárias, se não forem pagas, quando o puder
sem detrimento da coisa.
2. A concessão de aposentadoria sem que tenham sido preenchidos os requisitos legais para
concessão do benefício pode ser anulada pela Administração no prazo decadencial de 5 anos,
contados da data concessão inicial do benefício pelo órgão.
3. O edital de concessão poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento.
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO FINANCEIRO
Julgue os itens a seguir, acerca das garantias e contragarantias a serem prestadas nas operações
de crédito:
9. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de
garantia prestada em operação de crédito, poderá ter acesso a novos créditos ou financiamentos,
desde que apresente garantia equivalente ao dobro do montante que pretenda obter.
DIREITO ECONÔMICO
10. A Teoria da Cooptação (ou da Captura), no contexto da regulação econômica, diz respeito à
possibilidade de as agências reguladoras serem influenciadas por interesse particulares advindos
dos agentes cujas atividades deve regular, em detrimento dos interesses da coletividade.
11. No contexto do Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), do qual o Brasil é
signatário, encontra-se o Princípio da Nação mais favorecida, segundo o qual um país é obrigado
é estender aos demais Membros qualquer vantagem ou privilégio concedido a um dos Membros.
DIREITO TRIBUTÁRIO
13. A penhora de bens, em valor igual ou superior ao crédito tributário executado, autoriza a
suspensão da exigibilidade deste e a obtenção, pelo contribuinte, de certidão negativa com
efeitos de positiva (CPD-EN).
14. A isenção é hipótese de exclusão do crédito tributário e, caso não concedida sob condição
onerosa e prazo certo, poderá ser revogada.
DIREITO AMBIENTAL
16. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios registrar,
17. A jurisprudência do STJ tem admitido a aplicação do princípio da insignificância aos crimes
ambientais mediante a análise das circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a
atipicidade da conduta em exame.
DIREITO CIVIL
19. A sentença proferida no estrangeiro será executada no Brasil, após homologação do Superior
Tribunal de Justiça, ainda que tenha sido legalmente verificada à revelia no curso do processo
de conhecimento. No entanto, a sentença estrangeira que ofende a soberania nacional não terá
eficácia em nosso país.
20. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência. Muda-se o
domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de mudá-lo. Têm domicílio
necessário o incapaz, o servidor público e o preso.
21. O absolutamente incapaz, ainda quando impassível de detrimento anímico, pode sofrer dano
moral.
22. Como a reclamação, para o STF, situa-se dentro do direito constitucional de petição, é possível
a sua utilização junto aos Tribunais de Justiça dos Estados e aos Tribunais Regionais Federais.
23. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem decidido pela incidência do disposto no art.
109, § 2º, da Constituição Federal às autarquias federais, possibilitando que o autor da demanda
opte por intentar demanda contra estas na seção judiciária em que for domiciliado, naquela onde
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito Federal.
24. Segundo o STJ, por aplicação analógica da Lei da Ação Popular (Lei nº 4.717/65), sujeita-se
ao reexame necessário a sentença que conclui pela carência ou pela improcedência da ação de
improbidade administrativa.
25. A execução da sentença que institui pensão por morte de servidor público somente pode
ocorrer após o trânsito em julgado, vez que a providência implica inclusão de despesa não prevista
na folha de pagamento.
DIREITO EMPRESARIAL
26. Ainda que já tenha sido registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a
marca que constitui vocábulo de uso comum no segmento mercadológico em que se insere —
associado ao produto ou serviço que se pretende assinalar — pode ser utilizada por terceiros de
boa-fé.
28. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não admite o ajuizamento de execução fiscal
pela União em face de Estado estrangeiro.
29. Uma norma de jus cogens nulifica os tratados internacionais anteriores que com ela conflitem,
mas é revogada por quaisquer tratados internacionais que lhe sejam posteriores e que disponham
de modo diverso sobre o seu conteúdo.
30. O Código Bustamante, de 1928, em que pese se trate de um dos mais importantes tratados de
direito internacional privado ratificados pelo Brasil, não tem muita aplicação na prática.
31. O STJ não admite, em nenhuma hipótese, a homologação de sentença estrangeira envolvendo
imóveis e partilha de bens localizados no Brasil, dada a inafastável competência do Poder Judiciário
brasileiro para o julgamento de tais causas.
32. Ocorre “aberratio ictus” quando, por acidente ou erro na execução do crime, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, respondendo, no entanto,
como se tivesse praticado o crime contra aquela.
33. O crime de abuso de autoridade cometido por militar será processado e julgado pela Justiça
Comum, Estadual ou Federal. No entanto, sendo o referido delito praticado em conexão com
crime militar, a Justiça Militar será competente para julgá-los.
34. Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime praticado a bordo de embarcação
estrangeira privada de grande porte ancorada em porto brasileiro e em situação de potencial
deslocamento internacional, ressalvada a competência da Justiça Militar.
DIREITO DO TRABALHO
37. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos
pedidos idênticos.
40. Lei Complementar Estadual pode estabelecer requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadorias aos portadores de deficiência abrangidos pelo seu Regime Próprio
de Previdência Social.
QUESTÃO 1 ERRADO
QUESTÃO 2 ERRADO
QUESTÃO 3 CERTO
QUESTÃO 4 ERRADO
QUESTÃO 5 CERTO
QUESTÃO 6 CERTO
QUESTÃO 7 CERTO
QUESTÃO 8 ERRADO
QUESTÃO 9 ERRADO
QUESTÃO 10 CERTO
QUESTÃO 11 CERTO
QUESTÃO 12 ERRADO
QUESTÃO 13 ERRADO
QUESTÃO 14 CERTO
QUESTÃO 15 ERRADO
QUESTÃO 16 CERTO
QUESTÃO 17 CERTO
QUESTÃO 18 CERTO
QUESTÃO 19 CERTO
QUESTÃO 20 ERRADO
QUESTÃO 21 CERTO
QUESTÃO 22 ERRADO
QUESTÃO 23 CERTO
QUESTÃO 24 ERRADO
QUESTÃO 25 ERRADO
QUESTÃO 26 CERTO
QUESTÃO 27 ERRADO
QUESTÃO 28 CERTO
QUESTÃO 29 ERRADO
QUESTÃO 30 CERTO
QUESTÃO 31 ERRADO
QUESTÃO 32 ERRADO
QUESTÃO 33 ERRADO
QUESTÃO 34 CERTO
QUESTÃO 35 CERTO
QUESTÃO 36 CERTO
QUESTÃO 37 CERTO
QUESTÃO 38 ERRADO
QUESTÃO 39 ERRADO
QUESTÃO 40 ERRADO
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. A ocupação irregular de bem público não dá direito à indenização pelas eventuais acessões
realizadas no bem. Entretanto, as benfeitorias necessárias e úteis devem ser indenizadas, quando
realizadas de boa-fé, podendo-se levantar as voluptuárias, se não forem pagas, quando o puder
sem detrimento da coisa.
COMENTÁRIO
Muito embora o art. 1.219 do Código Civil garanta ao possuidor de boa-fé o direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, lembrem que não configura posse a ocupação irregular de
bem público, mas mera detenção do bem, de natureza precária, afastando o direito de indenização e
retenção por benfeitorias ou acessões. Nesse sentido é o AgRg no AREsp 456.758-SP; REsp 850.970-DF,
e AgRg no REsp 1.470.182-RN.
GABARITO: ERRADO
2. A concessão de aposentadoria sem que tenham sido preenchidos os requisitos legais para
concessão do benefício pode ser anulada pela Administração no prazo decadencial de 5 anos,
contados da data concessão inicial do benefício pelo órgão.
COMENTÁRIO
Lembrem que a concessão de aposentadoria tem natureza jurídica de ato administrativo complexo, que
depende da manifestação do órgão ao qual o servidor está vinculado e do TCU, para que se implemente.
Por conta disso, a jurisprudência entende que não se operam os efeitos da decadência antes da
manifestação do Tribunal de Contas, momento em que se inicia a fluência do prazo decadencial de cinco
anos previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999. Nesse sentido é o EREsp 1.240.168 do STJ.
GABARITO: ERRADO
3. O edital de concessão poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento.
COMENTÁRIO
A assertiva do item está de acordo com o art. 18-A da Lei 8.987/1995, que dispõe sobre o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal,
com o seguinte teor:
Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento,
hipótese em que: (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
GABARITO: CERTO
DIREITO CONSTITUCIONAL
COMENTÁRIO
O presente tema foi objeto de caloroso debate pelo STF na ADI nº 2.949. Na ocasião, durante a sessão de
26/9/2007, em que justificadamente estava ausente um dos Ministros (presentes, portanto, 10 Ministros),
a ADI foi julgada procedente. A seguir, analisou-se a possibilidade de modulação dos efeitos da decisão, a
qual não foi admitida por não atingir o quórum de 2/3 determinado pelo art. 27 da Lei 9.868/1999 (nesse
ato, 7 Ministros foram favoráveis à modulação e 3 contra). Após esse ato, encerrou-se o julgamento e
proclamou-se o resultado.
Na sessão posterior, no dia 27/9/2007, um dos Ministros levantou questão de ordem propondo a reabertura
do julgamento a fim de que fosse colhido o voto do Ministro faltante acerca da modulação ou não dos
efeitos. Caso este votasse favoravelmente, o quórum de 2/3 poderia ser atingido.
Ao julgar a controvérsia, admitiu o Tribunal que a análise da ADI é feita de maneira bifásica, primeiro
se decidindo acerca da constitucionalidade ou não da lei, e, em seguida, discutindo-se a possibilidade
ou não da modulação dos seus efeitos. Entretanto, uma vez ocorrida a proclamação do resultado do
julgamento, descabe a reabertura em sessão subsequente, não tendo sido admitida a exceção no caso
de modulação dos efeitos. Portanto, ERRADO o item.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ao definir nas Constituições Estaduais regras sobre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os
Estados devem atentar para o modelo definido pela Constituição Federal, através das regras gerais que ela
estabelece. Trata-se daquilo que a doutrina denomina de princípio da simetria, criado pela jurisprudência
do STF, que visa manter a harmonia e independência entre os Poderes, sendo que alguns Ministros já
invocaram como fundamento para a simetria o art. 25, caput, da CF, e outros o art. 11 do ADCT.
Entretanto, no julgamento da ADI nº 253, que questionava preceito da Constituição do Estado do Mato
Grosso com regra semelhante à citada no enunciado, entendeu o STF que a necessidade de observar os
preceitos constitucionais não significaria caber ao constituinte estadual apenas copiar as normas federais.
Nesse sentido, “a inexistência da vedação no plano federal não obstaculizaria o constituinte de o fazer
com relação ao vice-governador. Asseverou que o estabelecimento de restrições a certas atividades ao
vice-governador, visando a preservar a sua incolumidade política, seria matéria que o Estado-Membro
poderia desenvolver no exercício da sua autonomia constitucional”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Tem-se inconstitucionalidade reflexa, por exemplo, quando embora a lei, ato normativo primário que
retira seu fundamento de validade diretamente da Constituição, seja constitucional, o decreto que a
regulamente seja ilegal. Ou seja, tem-se uma inconstitucionalidade reflexa desse Decreto.
Conforme já entendeu o STF, por não retirar seu fundamento de validade diretamente da Constituição,
mas da lei, a ADI não é meio idôneo a ser manejado nos casos de inconstitucionalidade reflexa. Nesse
sentido é a ementa abaixo colacionada:
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A assertiva corresponde a trecho do voto do Ministro Celso de Mello no RE nº 488.208, ao citar ensinamento
de Luís Fernando Sgarbossa, referente à teoria da “restrição das restrições”. Referida teoria parta da
premissa de que nem mesmo os direitos fundamentais são absolutos, de modo que a identificação do
seu núcleo duro e intransponível pode ser feita por meio da teoria germânica da “restrição das restrições”.
Nesse contexto, a limitação a um direito fundamental, como o da preservação da intimidade, do sigilo
bancário e empresarial, deve se inserir no âmbito do que seja proporcional. Deve-se buscar uma limitação
razoável do alcance do preceito que provoca a restrição ao direito fundamental. Ou seja, podem existir
restrições aos direitos fundamentais, mas tais restrições devem ser restritas, portanto “restrição das
restrições”. Recentemente ela foi invocada pelo STF para justificar a obrigatoriedade do BNDS em fornecer
ao TCU informações sobre contratos de financiamento celebrado com empresa privada, na medida em
que o sigilo bancário e empresarial comportaria proporcional limitação destinada a permitir o controle
financeiro da Administração Pública por órgão constitucionalmente previsto e dotado de capacidade
GABARITO: CERTO
DIREITO FINANCEIRO
Julgue os itens a seguir, acerca das garantias e contragarantias a serem prestadas nas operações
de crédito:
COMENTÁRIO
Antes de mais nada, é importante entendermos no que consistem a garantia e a contragarantia de que
trata a Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu Artigo 40. Conforme Ricardo Damasceno de Almeida e
Marcelo Jucá Lisboa,
Vistos os conceitos, passamos à análise da assertiva, cujo único erro evidenciou-se na vedação de que
a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pelos Estados aos Municípios, consista
na vinculação de receitas tributárias, quando o § 1º, II, da LRF, admite expressamente o emprego de tal
garantia. Eis a redação do dispositivo:
§ 1º [...]
II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pelos Estados aos Municípios,
poderá consistir na vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes
de transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para retê-las e
empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida.
Tal dispositivo, conforme salientam Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, “vem sendo
criticado por alguns juristas, que o têm por inconstitucional, na medida em que prevê hipoteca de tributos”,
na parte em que outorgaria poderes para reter as receitas tributárias. Contudo, não há manifestação do
STF nesse sentido, permanecendo hígida a previsão legal.
GABARITO: ERRADO
9. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de
garantia prestada em operação de crédito, poderá ter acesso a novos créditos ou financiamentos,
desde que apresente garantia equivalente ao dobro do montante que pretenda obter.
COMENTÁRIO
A assertiva está incorreta, na medida em que, segundo dispõe o Art. 40, § 10, da Lei de Responsabilidade
Fiscal, “o ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de
garantia prestada em operação de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos
até a total liquidação da mencionada dívida.”
[...] o §10 prevê que o ente da federação que, na condição de devedor principal, inadimplir
obrigação garantida, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a
total liquidação da dívida então suportada pelo garantidor. Trata-se de medida coercitiva
que, mediante o engessamento do ente em débito, tem por escopo constrange-lo ao
reembolso, junto ao garantidor, dos valores por este aplicados no pagamento do seu débito.
(Responsabilidade Fiscal: Lei Complementar 101/2000, 2ª Ed., 2015, pág 228).
GABARITO: ERRADO
DIREITO ECONÔMICO
10. A Teoria da Cooptação (ou da Captura), no contexto da regulação econômica, diz respeito à
possibilidade de as agências reguladoras serem influenciadas por interesse particulares advindos
dos agentes cujas atividades deve regular, em detrimento dos interesses da coletividade.
COMENTÁRIO
Em primeiro lugar, cabe assinalar que as agências reguladoras são exemplo de intervenção indireta do
Estado na economia.
Quanto à Cooptação (ou Captura), conforme a definição de Vicente Bagnoli, trata-se da Teoria “pela qual
a agência reguladora ou seus funcionários podem ser capturados pelos agentes privados e cooptados por
interesses individuais ou de uma minoria, em prejuízo aos interesses da coletividade” (Direito Econômico,
6ª Ed., 2013, pág 154).
[...] para que fossem mitigados os riscos de captura por setores regulados, a experiência anglo-
saxã acabou por criar as agências reguladoras, no modelo e com as características como hoje
são conhecidas, isto é, com autonomia orçamentária e financeira, mandatos fixos para os
dirigentes e não coincidentes com as eleições majoritárias, estrutura de direções e decisões
colegiadas, quarentena para os dirigentes na partida, dentre outras. Estas características, que
dão um grau de independência às agências, vêm se tornando padrão na maior parte dos
países desenvolvidos e já encontram reflexos definidos nas instituições brasileiras. (Lições de
Direito Econômico, 7ª Ed., 2014)
A esse respeito, cumpre lembrar que, no Brasil, as agências reguladoras são constituídas sob a forma
de autarquias, que, em razão das peculiaridades do serviço por elas prestado, são dotadas de regime
também peculiar (autarquias em regime especial), marcado, principalmente e como acima mencionado,
pela forma de investidura de seus dirigentes e o mandato por prazo fixo destes, bem como pela maior
autonomia de que são dotadas, autonomia esta que deve, notadamente, ser exercida nos termos da lei.
GABARITO: CERTO
11. No contexto do Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), do qual o Brasil é
signatário, encontra-se o Princípio da Nação mais favorecida, segundo o qual um país é obrigado
é estender aos demais Membros qualquer vantagem ou privilégio concedido a um dos Membros.
COMENTÁRIO
Conforme explica Fabiano Del Masso, “o acordo sobre tarifas aduaneiras e comércio foi assinado em
Genebra (1947) por 23 países, inclusive o Brasil, e entrou em vigor a partir de 1948”. Prossegue o autor,
esclarecendo que “o princípio básico do GATT é o que dispõe que o comércio entre os países deve ser
realizado de forma não discriminatória” (Direito Econômico Esquematizado, 2ª Ed., 2013, págs 304 e 305).
No mesmo sentido, Fábio Guimarães Bensoussan e Marcus de Freitas Gouvêa esclarecem que o GATT
estabeleceu diversos instrumentos de regulação do comércio internacional, dentre os quais se destaca a
Não Discriminação entre as Nações, também conhecida como Tratamento Geral da Nação mais Favorecida,
[...] que estabelece que toda vantagem em direitos tarifários ou aduaneiros concedida a uma
parte contratante deve ser estendida aos produtos similares comercializados com qualquer
GABARITO: CERTO
DIREITO TRIBUTÁRIO
COMENTÁRIO
Como o postulado da igualdade material impõe a necessidade de tratamento desigual entre sujeitos que
estejam em situação de desigualdade, imperativo que o Estado proteja juridicamente as microempresas
e empresas de pequeno de porte, de modo a possibilitar que elas efetivamente consigam concorrer na
economia de mercado com as empresas maiores. Especificamente no que tange ao campo tributário, o
Constituinte de 1988 previu a necessidade desse tratamento diferenciado às ME´s e EPP´s nos seguintes
dispositivos:
(...)
(...)
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um
regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, observado que:
pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou
condicionamento;
Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a
microempresa ou a empresa de pequeno porte:
V - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas
Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa;
Alguns contribuintes, diante da vedação ali contida, foram ao Judiciário buscando o afastamento da
mesma, sobretudo por entenderem ser ela desproporcional e caracterizar sanção política (pois destinada
a forçar, indiretamente, o adimplemento de tributo). A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal pelo
RE 627543/RS, julgado em 30.10.2013, oportunidade na qual a Corte afirmou a constitucionalidade do art.
17, V, da LC 123/2006, conforme divulgado no Informativo STF nº 726:
É constitucional a exigência contida no art. 17, V, da LC 123/2006 (“Art. 17. Não poderão
recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a
empresa de pequeno porte: ... V - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade
não esteja suspensa”). Essa a conclusão do Plenário ao desprover, por maioria, o recurso
extraordinário. De início, rememorou-se que o Simples Nacional teria sido criado com o
objetivo de concretizar as diretrizes constitucionais do tratamento jurídico diferenciado às
microempresas e empresas de pequeno porte (CF, artigos 170, IX, e 179). Lembrou-se, ainda,
que a EC 42/2003 trouxera modificações ao texto constitucional, dentre elas a necessidade
de edição de lei complementar para se definir o tratamento favorecido às microempresas e
às empresas de pequeno porte, e facultara a instituição de regime único de arrecadação de
impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (CF,
art. 146, III, d, e parágrafo único). Salientou-se existir o princípio constitucional do tratamento
favorecido para microempresas e empresas de pequeno porte, fundado em questões sociais e
econômicas ligadas à necessidade de se conferirem condições justas e igualitárias de competição
para essas empresas. Destacou-se, no ponto, a relevância do setor na geração de emprego
e renda no País. Sinalizou-se, ainda, que a alta carga tributária seria o segundo principal
motivo para o encerramento das atividades em empresas dessa categoria. Frisou-se que,
nesse contexto, teria sido promulgada a LC 123/2006, a estabelecer tratamento diferenciado e
favorecido especialmente no que se refere a regime de arrecadação tributária; cumprimento
de obrigações trabalhistas e previdenciárias; acesso a crédito e ao mercado; capitalização e
inovação tecnológica; associativismo; regras de inclusão; acesso à justiça, dentre outros. Esse
tratamento favorável estaria inserto no contexto das políticas públicas voltadas à concretude
dos objetivos da Constituição. Assinalou-se que o Simples Nacional seria regime especial de
tributação de caráter opcional por parte dos contribuintes, mas de observância obrigatória pelos
entes federados. Não configuraria mero benefício fiscal, mas microssistema tributário próprio,
aplicável apenas a alguns contribuintes, no contexto constitucional aludido. Assim, mesmo que
a adesão fosse facultativa e que as vedações ao ingresso no regime constassem expressamente
do texto legal, os critérios da opção legislativa precisariam, necessariamente, ser compatíveis
com a Constituição. No que se refere aos critérios adotados pelo legislador, observou-se que,
primeiramente, ter-se-ia definido o universo dos contemplados pela proteção constitucional
com base na receita bruta auferida pela pessoa jurídica. Além disso, ter-se-ia estipulado
requisitos e hipóteses de vedações, norteados por aspectos relacionados ao contribuinte e
por fatores predominantemente extrafiscais (LC 123/2006, art. 17). Sublinhou-se que a Corte
já teria afirmado não haver ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos
extrafiscais, imprimisse tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte
de capacidade contributiva distinta, ao afastar do Simples Nacional as pessoas jurídicas cujos
sócios teriam condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. A Corte,
ainda, teria reconhecido a possibilidade de se estabelecerem exclusões do regime simplificado
com base em critérios subjetivos. Dessa forma, reputou-se não haver óbice a que o legislador
infraconstitucional criasse restrições de ordem subjetiva a uma proteção constitucionalmente
prevista. Asseverou-se, no tocante à vedação disposta no inciso V da norma em debate,
que toda e qualquer exigência de regularidade fiscal sempre teria, como efeito indireto, a
indução ao pagamento, ainda que parcelado, de tributos. Caberia perquirir, portanto, se a
citada regra imporia discriminação arbitrária, desarrazoada e incompatível com a isonomia,
considerada a capacidade contributiva dos agentes. No ponto, anotou-se que a instituição do
Simples Nacional teria por escopo implementar justiça tributária, ao diferenciar microempresas
e empresas de pequeno porte dos demais contribuintes, em razão da capacidade contributiva
presumidamente menor naqueles casos. Observou-se que, em razão desse regime tributário
favorecido, houvera significativa redução na carga tributária das empresas, a tornar mais fácil o
cumprimento das obrigações para com o Fisco. Frisou-se que essa presunção de capacidade
contributiva reduzida, porém, não seria válida, aprioristicamente, aos inadimplentes. Assim,
o tratamento tributário a ser conferido nesses casos não poderia implicar desoneração, pois
todos os contribuintes estariam adstritos ao pagamento de tributos. Afirmou-se que não
seria razoável favorecer aqueles em débito com o Fisco, que participariam do mercado com
vantagem competitiva em relação aos adimplentes. Consignou-se, ainda, que nos termos
GABARITO: ERRADO
13. A penhora de bens, em valor igual ou superior ao crédito tributário executado, autoriza a
suspensão da exigibilidade deste e a obtenção, pelo contribuinte, de certidão negativa com
efeitos de positiva (CPD-EN).
COMENTÁRIO
Relativamente ao tema das certidões de regularidade fiscal, assim dispõem os arts. 205 e 206 do CTN:
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível,
seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha
todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de
negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido
requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na
repartição.
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido
efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
Anota-se, nessa linha, que 3 são certidões de regularidade fiscal e que se relacionam com as seguintes
hipóteses;
Certidão Negativa de Débitos Inexistência de formalização do crédito
(CND) tributário
Certidão Positiva de Débitos Existência de crédito formalizado e não
(CPD) garantido por penhora
Certidão Positiva de Débitos com Efeitos de Existência de crédito formalizado não vencido,
Negativa com a exigibilidade suspensa ou garantido por
(CPD-EN) penhora
As hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário são aquelas previstas no art. 151 do CTN,
no qual não se tem a penhora de bens no curso da execução fiscal:
I - moratória;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações
assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
conseqüentes.
O fato de estar o crédito tributário sub judice não dá ao contribuinte o direito à Certidão
Positiva com Efeitos de Negativa porque o ajuizamento de ação, não tem, por si só, qualquer
efeito suspensivo da sua exigibilidade. Apenas nas hipóteses do art. 151 do CTN é que se
poderá considerar suspensa a exigibilidade, ou seja, nos casos de moratória ou parcelamento,
depósito do montante integral, impugnação ou recurso administrativo, liminar ou antecipação
de tutela. Como a penhora também enseja a obtenção de certidão com efeitos de negativa,
mas, por vezes, a execução tarda a ser ajuizada, tem-se admitido que o contribuinte se adiante
à execução fiscal, oferecendo garantia em Ação Cautelar de Caução para a obtenção do efeito
da penhora. Não se cuida, por certo, de contracautela a amparar a concessão de liminar
suspensiva da exigibilidade. Fosse assim, não poderia a execução ser ajuizada, pois pressupõe
título certo, líquido e exigível. Cuida-se, na verdade, de antecipação de penhora, devendo
observar, por isso, o rito previsto na LEF, especialmente a ordem de preferência constante do
seu art. 11 (PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 2013, p. 225).
GABARITO: ERRADO
14. A isenção é hipótese de exclusão do crédito tributário e, caso não concedida sob condição
onerosa e prazo certo, poderá ser revogada.
COMENTÁRIO
Conforme o art. 175 do CTN, a isenção e a anistia são causas de exclusão do crédito tributário, inibindo
que este seja constituído pelo lançamento. Há o surgimento da obrigação tributária com a prática do
fato gerador; nada obstante, proíbe-se, por conta da norma concessiva da isenção ou anistia, que daí
seja constituído o correlato tributo ou multa. Por essa razão se afirma que a isenção e a anistia operam
entre o surgimento da obrigação e o lançamento do tributo/multa, evitando, como visto, a constituição
destes. A principal diferença entre a isenção e a anistia reside no fato de a primeira configurar hipótese de
dispensa legal de pagamento de um tributo devido, ao passo que a segunda se relaciona com a dispensa
de pagamento das multas/penalidades. Considerando ainda remissão, forma de extinção do crédito, é
possível vislumbrar o seguinte quadro esquemático:
EXTINÇÃO EXCLUSÃO
REMISSÃO ISENÇÃO ANISTA
Art. 156, IV, CTN Art. 175, I, CTN Art. 175, II, CTN
Perdão do crédito já constituído/
Exclusão do crédito, com proibição de lançamento
lançado
Aplica-se aos tributos e às multas Aplica-se aos tributos Aplica-se às multas
Ou ainda:
Outrossim, as isenções podem tanto ser concedias por prazo indeterminado, como com prazo certo.
Tal distinção é importante, vez que, na linha do que dispõe o art. 178 do CTN, as isenções podem ser
revogadas a qualquer tempo, salvo as condicionadas/onerosas e com prazo certo. Nesse sentido também
a Súmula nº 544 do STF: “Isenção tributária concedida sob condição onerosa não pode ser livremente
suprimida”.
criação nem majoração do tributo. Nesse sentido, a exegese vazada na Súmula nº 615 da
Corte Suprema, aqui analogicamente aplicada: “O princípio constitucional da anualidade (§ 29
do art. 153 da constituição federal) não se aplica à revogação de isenção do ICM”.
Caso a isenção tenha sido concedida por prazo certo e mediante condição, não há falar
em revogação enquanto cumpridas foram tais condicionantes e dentro do respectivo prazo,
havendo aí direito adquirido do beneficiado.
GABARITO: CERTO
DIREITO AMBIENTAL
COMENTÁRIO
Prezado aluno, a cobrança do item 2 do conteúdo programático de Direito Ambiental (“A Constituição
Federal e o meio ambiente”) não se limita ao art. 225 da CF/88, daí a necessidade de o candidato estar
atento às demais disposições relacionadas ao meio ambiente que não constem do Título VIII, Capítulo VI,
da Lei Maior.
A assertiva proposta estaria correta não fosse a menção equivocada ao Senado Federal como órgão
responsável pela autorização do aproveitamento dos recursos hídricos e da pesquisa e da lavra das
riquezas minerais em terras indígenas. “Peguinhas” desse tipo são comuns em prova. Muita atenção na
leitura da letra da lei!
De acordo com o art. 231, § 3º, da Constituição Federal, será possível o desenvolvimento de atividades
de exploração de recursos naturais em terras indígenas, desde que mediante autorização do Congresso
Nacional (e não do Senado), ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
resultados da lavra, na forma da lei.
O art. 49, inciso XVI, da CF reitera a competência exclusiva do Congresso Nacional para “autorizar, em
terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas
minerais”.
A proteção aos direitos indígenas encontra fundamento nos artigos 231 e 232 da Constituição de 1988,
a qual consagrou o instituto jurídico do indigenato, que confere aos índios título congênito de posse
permanente e usufruto exclusivo das terras por eles habitadas, em moldes distintos do antigo paradigma
integracionista, afeto a mera posse civil. Esse direito congênito, dada a relação peculiar dos povos
indígenas com a terra, representa para tais populações um dos mais importantes elementos integrantes
do conjunto mínimo existencial indispensável à preservação da sua cultura e identidade, alcançando,
portanto, o status de direito fundamental. O domínio dessas terras, no entanto, é da União, nos termos
do art. 20, inciso XI, da CF/88.
Nada obstante a proteção conferida, a própria Constituição Federal admite a possibilidade de “exploração”
de terras indígenas, o que somente será permitido se observados os requisitos estabelecidos entre os
parágrafos 3º e 6º do mencionado art. 231. Assim, além da autorização do Congresso Nacional (e não
do Senado Federal), devem também ser ouvidas as comunidades indígenas que serão afetadas com a
exploração, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra.
Ainda a respeito da proteção constitucional aos direitos dos povos indígenas é importante o aluno tomar
nota dos seguintes entendimentos jurisprudenciais já cobrados em provas do CESPE ou de provável
cobrança:
GABARITO: ERRADO
16. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios registrar,
acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
e minerais em seus territórios.
COMENTÁRIO
A assertiva está correta, porquanto reproduz o disposto no art. 23, XI, da Constituição Federal:
(...)
Como já alertado diversas vezes nas edições anteriores dos nossos preparatórios para a advocacia púbica,
é importantíssima na preparação para as provas vindouras a leitura dos textos legais, especialmente da
Constituição Federal. Dentre os pontos de maior destaque, indispensável, em Direito Ambiental, a revisão
dos dispositivos constitucionais que tratam da repartição de competências.
A CF/88 estabeleceu competências materiais exclusivas (art. 21) e comuns (art. 23), além de competências
legislativas privativas (art. 22) e concorrentes (art. 24). As competências materiais estão relacionadas
com a regulamentação das funções governamentais, estabelecendo um campo de atuação político-
administrativa, enquanto as legislativas dizem respeito à competência para a edição de leis.
No que se trata à repartição de atribuições em matéria ambiental, podemos destacar os incisos XVIII, XIX,
XX e XXIII do art. 21, os incisos IV, XII e XXVI do art. 22, os incisos III, IV, VI, VII e XI do art. 23, e os incisos
VI, VII e VIII do art. 24, todos da Constituição Federal.
A respeito da repartição de competências em matéria ambiental, selecionei alguns julgados que entendo
relevantes para essa reta final. São eles:
è LEI MUNICIPAL QUE PROÍBE, SOB QUALQUER FORMA, O EMPREGO DE FOGO PARA FINS
DE LIMPEZA E PREPARO DO SOLO EM SEU TERRITÓRIO: O Supremo Tribunal Federal, em
sede de repercussão geral, firmou a seguinte tese: “O município é competente para legislar
sobre meio ambiente com a União e o estado no limite do seu interesse local e desde que tal
regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados”. No
caso, a lei municipal foi declarada inconstitucional não pelo fato de não se poder proibir a
queima da palha da cana ou mesmo a utilização de fogo, mas sim porque tais medidas já
estavam disciplinadas tanto pelo novo Código Florestal quanto pela Constituição Estadual,
diplomas que previam a proibição da queima de forma gradativa (e não abrupta, como feito
pela legislação local). Daí a conclusão do Supremo no sentido de declarar inconstitucional a Lei
1.952/1995, do município de Paulínia/SP, que proibiu, sob qualquer forma, o emprego de fogo
para fins de limpeza e preparo do solo em seu território, inclusive para o preparo do plantio
e para a colheita de cana-de-açúcar e de outras culturas. (STF - RE 586224, REPERCUSSÃO
GERAL, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 05/03/2015, DJe 08-05-2015,
Informativo n.º 776)
GABARITO: CERTO
17. A jurisprudência do STJ tem admitido a aplicação do princípio da insignificância aos crimes
ambientais mediante a análise das circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a
atipicidade da conduta em exame.
COMENTÁRIO
O princípio da insignificância é causa supralegal de exclusão da tipicidade material do tipo penal. Para
que possa, em tese, ser adotado, devem ser observados os seguintes requisitos estabelecidos pela
jurisprudência dos tribunais superiores: a) conduta minimamente ofensiva; b) ausência de periculosidade
social da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da
lesão jurídica.
É importante observar, ademais, que “A questão da relevância ou insignificância das condutas lesivas ao
meio ambiente não deve considerar apenas questões jurídicas ou a dimensão econômica da conduta, mas
levar em conta o equilíbrio ecológico que faz possíveis as condições de vida no planeta.” (RHC 41.172/SC,
Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 10/04/2015).
O julgado a seguir reproduz com clareza a orientação adotada pelo STJ a respeito da aplicação do
princípio da insignificância em crimes ambientais:
1. Esta Corte Superior, em precedentes de ambas as Turmas que compõem a sua Terceira Seção,
tem admitido a aplicação do princípio da insignificância quando demonstrada, a partir do exame
do caso concreto, a ínfima lesividade ao bem ambiental tutelado pela norma. Precedentes.
2. Muito embora a tutela penal ambiental objetive proteger bem jurídico de indiscutível
valor social, sabido que toda intervenção estatal deverá ocorrer com estrita observância dos
postulados fundamentais do Direito Penal, notadamente dos princípios da fragmentariedade e
da intervenção mínima.
4. Na espécie, ainda que a conduta do apenado atenda tanto à tipicidade formal (pois constatada
a subsunção do fato à norma incriminadora) quanto à subjetiva, haja vista que comprovado o
dolo do agente, não há como reconhecer presente a tipicidade material, na medida em que o
comportamento atribuído não se mostrou suficiente para desestabilizar o ecossistema.
(AgRg no REsp 1263800/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 12/08/2014,
DJe 21/08/2014)
No âmbito do STF a orientação tem sido a mesma, pela admissibilidade da aplicação do princípio da
insignificância, casuisticamente, desde que presentes os seus requisitos essenciais.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A assertiva está correta, porquanto se reporta ao teor do art. 3º, caput, e parágrafo único, da Resolução
n.º 237/97 do CONAMA:
Vamos entender melhor o conteúdo do dispositivo. Para que se instale e se desenvolva regularmente
O EIA, como dito, é espécie do gênero “avaliação de impacto ambiental”, previsto no art. 225, §1º,
IV, da CF/88 e compreendido no teor do art. 9º, III, da Lei 6.938/81, quando se refere à avaliação de
Previsão legal
impactos ambientais como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente. O instituto é basicamente
regulamentado pelas Resoluções CONAMA n.º 1/86 e 237/97.
O Estudo de Impacto Ambiental é a análise científica que apresenta os impactos da atividade e as
alternativas mitigadoras. O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), por sua vez, é o resultado do EIA.
EIA x RIMA
Trata-se de um documento que refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental, contendo, no
mínimo, os elementos do art. 9º da Resolução 01/86 do CONAMA.
O EIA (e o seu respectivo relatório) será exigido nos casos de atividades que sejam consideradas efetiva
ou potencialmente causadoras de significativa degradação ao meio ambiente. O art. 2º da Resolução
Atividades n.º 01/86 do CONAMA estabelece um rol exemplificativo de atividades sujeitas aos EIA, considerando-as
sujeitas ao EIA presumidamente causadoras de significativa degradação ambiental. Ainda que determinada atividade
não conste do mencionado art. 2º, poderá o órgão ambiental competente analisar casuisticamente a
hipótese e, uma vez constatada a “significativa degradação”, deverá ordenar a realização do EIA.
O EIA desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: I - Diagnóstico ambiental da área de
influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações; II - Análise
Conteúdo do
dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas; III - Definição de medidas mitigadoras dos
EIA
impactos negativos; IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento. (art. 6º da
Resolução n.º 01/86 do CONAMA)
O EIA será realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do
proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados. (art. 7º da
Quem realiza Resolução n.º 01/86 do CONAMA)
o EIA
Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente
habilitados, às expensas do empreendedor. (art. 11 da Resolução n.º 237/97 do CONAMA)
Publicidade O EIA/RIMA será de acesso público, respeitado o sigilo industrial (art. 225, § 1º, IV, da CF/88 e arts. 3º da
do EIA Resolução 237/97 e art. 11 da Resolução 1/86).
GABARITO: CERTO
1 Degradação, segundo o art. 3º, inciso II, da Lei 6.938/81 (PNMA), é a alteração adversa das características do meio ambiente.
DIREITO CIVIL
19. A sentença proferida no estrangeiro será executada no Brasil, após homologação do Superior
Tribunal de Justiça, ainda que tenha sido legalmente verificada à revelia no curso do processo
de conhecimento. No entanto, a sentença estrangeira que ofende a soberania nacional não terá
eficácia em nosso país.
COMENTÁRIO
As sentenças estrangeiras, para serem executadas no Brasil, devem atender os requisitos previstos no
art. 15, da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, são eles: a) haver sido proferida por juiz
competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em
julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d)
estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
A EC n. 45 acrescentou a alínea “i” ao art. 105, CF, que trata sobre a, dispondo que compete ao Superior
Tribunal de Justiça “a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas
rogatórias”. Obs.: O art. 15, “e”, da LINBD, ainda mantém, inadvertidamente, a previsão no sentido que
compete ao Supremo Tribunal Federal a competência para homologação de tais sentenças, portanto,
atenção!!!
Nos termos do art. 17, da LINDB, temos que “as leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes”.
Importante destacar que o juízo de delibação tem como objetivo o exame formal do cumprimento dos
requisitos previstos e de inocorrência de ofensa à ordem pública e à soberania nacional, para se imprimir
eficácia à decisão estrangeira no território brasileiro, sem que haja reexame do mérito da questão.
Portanto, o item está “correto”.
Por fim, destaque-se que compete à Justiça Federal processar e julgar a sentença estrangeira, após
homologação do STJ, nos termos do art. 109, X, da CF.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: X - os crimes de ingresso ou permanência
irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de sentença
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva
opção, e à naturalização.
Destaco a Súmula 420/STF: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito
em julgado”.
GABARITO: CERTO
20. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência. Muda-se o
domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de mudá-lo. Têm domicílio
necessário o incapaz, o servidor público e o preso.
COMENTÁRIO
Nas palavras de Tartuce2, “o domicílio pode ser definido como o local em que a pessoa pode ser sujeito
de direitos e deveres na ordem privada”. Assim sendo, como regra, o domicílio é o local onde a pessoa
permanece a maior parte do tempo com ânimo definitivo – animus manendi. De acordo com o
Código Civil o domicílio da pessoa natural é o local de sua residência com animus manendi. Portanto, o
item está incorreto.
Código Civil
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.
Desta forma, perceba-se que o conceito de domicílio é formado por dois elementos: (i) objetivo -
presença de residência (habitualidade); (ii) subjetivo - intenção de permanência (animus).
Portanto, cessando os elementos objetivo e subjetivo, ocorre a mudança de domicílio, desde que haja
animus por parte da pessoa, nos termos do art. 74 do Código Civil, que consigna que “muda-se o
domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar”.
Importante destacar que o Código Civil adotou a pluralidade de domicílio, consagrado no art. 71, do
Código Civil, segundo o qual: “se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente,
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas”.
Obs.: Atentar para a norma contida no art. 94, §1º, do Código de Processo Civil. Neste caso, tendo o réu
pluralidade de domicílios será demandado em no foro de qualquer um deles.
Por fim, o domicílio necessário consiste em hipótese na qual o domicílio é fixado por força normativa,
ou seja, é imposto pela lei, em atenção a condição especial de certas pessoas.
Segundo o Código Civil, art. 76, “têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo
e o preso”. Ou seja: a) o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; b) o do servidor
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; c) o do militar, onde servir, e, sendo
da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; d)
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e) e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Portanto, o item está “incorreto”.
GABARITO: ERRADO
21. O absolutamente incapaz, ainda quando impassível de detrimento anímico, pode sofrer dano
2 Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 110.
moral.
COMENTÁRIO
Segundo a doutrina majoritária brasileira dano moral deve ser entendido como uma lesão ao direito
de personalidade. Cumpre esclarecer que não há, no dano moral, uma busca por um acréscimo
patrimonial, mas sim uma compensação pelos males suportados.
Impende destacar que para a caracterização do dano moral não há obrigatoriedade de sentimentos
negativos. Nesse sentido, Enunciado 445/CJF/STJ: “o dano moral indenizável não pressupõe necessariamente
a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento”.
Nas palavras de 3Tartuce, temos que “segundo doutrina e jurisprudência do STJ, onde se vislumbra a
violação de um direito fundamental, assim eleito pela CF, também se alcançará, por consequência, uma
inevitável violação da dignidade do ser humano. A compensação nesse caso independe da demonstração
da dor, traduzindo-se, pois, em consequência in re ipsa, intrínseca à própria conduta que injustamente
atinja a dignidade do ser humano”.
No julgamento do REsp 1.245.550-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/3/2015, DJe 16/4/2015
(Informativo 559), o Superior Tribunal de Justiça assim se pronunciou:
GABARITO: CERTO
22. Como a reclamação, para o STF, situa-se dentro do direito constitucional de petição, é possível
a sua utilização junto aos Tribunais de Justiça dos Estados e aos Tribunais Regionais Federais.
COMENTÁRIO
3 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 397.
Realmente, o STF tem entendimento no sentido de que a reclamação situa-se dentro do direito
constitucional de petição previsto no art. 5º, inciso XXXIV, da CF, o que autoriza o seu manejo no âmbito
dos Tribunais de Justiça dos Estados:
Tal conclusão, nada obstante, não se estende aos Tribunais Regionais Federais, como assim observa a
doutrina:
é que tal possibilidade resta afastada dos Tribunais Regionais Federais, pois estão inseridos no
âmbito da Justiça Federal, não estando compreendidos na estrutura de um Estado-membro,
nem se subordinando a uma Constituição Estadual que, dada a simetria com a Federal,
poderia outorgar-lhe a competência para processar e julgar uma reclamação. É sabido que
a competência dos Tribunais Regionais Federais está definida no art. 108 da Constituição
Federal, ali não havendo qualquer previsão para a reclamação destinada a preservação de
competência ou garantia da autoridade de suas decisões (Leonardo Carneiro da Cunha. A
Fazenda Pública em Juízo, págs. 642/643).
*Obs.: Embora o posicionamento do STF de que a reclamação caracterizaria exercício do direito de petição,
há forte e substanciosa posição em sentido inverso, afirmando que a reclamação possuiria natureza de
ação (o próprio Prof. Leonardo Carneiro da Cunha defende esta última corrente em seu livro, tecendo
críticas à posição do STF). Ressalto, nessa linha, que o entendimento do STF acaba gerando algumas
inconsistências, pois, ao mesmo tempo em que a Corte entende que o instituto ostentaria natureza
jurídica de direito constitucional de petição, entende também que a mesma produz coisa julgada material,
exige capacidade postulatória para ser intentada, observa determinado procedimento formal, impõe o
recolhimento de custas processuais, etc., características estas que não se verificam quando do exercício
do exercício de petição.
GABARITO: ERRADO
23. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem decidido pela incidência do disposto no art.
109, § 2º, da Constituição Federal às autarquias federais, possibilitando que o autor da demanda
opte por intentar demanda contra estas na seção judiciária em que for domiciliado, naquela onde
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito Federal.
COMENTÁRIO
Sendo parte do processo a União, autarquia ou empresa pública federal, a competência material, de
regra, é afeta ratione personae à Justiça Federal:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
No que toca à competência territorial para a propositura de demanda em face especificamente da União,
o texto constitucional, em uma verdadeira cláusula de facilitação ao acesso à justiça, ainda confere ao
demandante a seguinte e alternativa possibilidade de escolha:
Art. 109, § 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária
em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem
à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
Embora a literalidade do preceito cingir-se à demanda aforada face à União (administração direta), o STF,
no RE 627.709 com repercussão geral, assentou que o permissivo do §2º do art. 109 da Carta Magna
merece interpretação é de ser aplicado quando ré quaisquer das autarquias componentes da administração
indireta federal. Referido julgamento foi divulgado no Informativo STF nº 755, nos seguintes termos:
REPERCUSSÃO GERAL
A regra prevista no § 2º do art. 109 da CF (“§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão
ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido
o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito
Federal”) também se aplica às ações movidas em face de autarquias federais. Essa a conclusão
do Plenário que, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia
o critério de definição do foro competente para processar e julgar ação ajuizada em face
do Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE. A Corte registrou que o aludido
dispositivo constitucional teria por escopo facilitar a propositura de ação pelo jurisdicionado
em contraposição ao ente público. Lembrou que o STF já teria enfrentado a questão da
aplicabilidade do art. 109, § 2º, da CF, à autarquia em debate, e que ficara consignada, na
ocasião, a finalidade do preceito constitucional, que seria a defesa do réu. Ademais, assentara
que o critério de competência constitucionalmente fixado para as ações nas quais a União
fosse autora deveria estender-se às autarquias federais, entes menores, que não poderiam ter
privilégio maior que a União. O Colegiado asseverou que o preceito constitucional em exame
não teria sido concebido para favorecer a União, mas para beneficiar o outro polo da demanda,
que teria, dessa forma, mais facilidade para obter a pretendida prestação jurisdicional. Frisou
que, com o advento da CF/1988, não teria sido estruturada a defesa judicial e extrajudicial das
autarquias federais, que possuiriam, à época, representação própria, nos termos do art. 29
do ADCT. Entretanto, com a edição da Lei 10.480/2002, a Procuradoria-Geral Federal passara
a ser responsável pela representação judicial e extrajudicial das autarquias e fundações
públicas federais. Ponderou que fixar entendimento no sentido de o art. 109, § 2º não ser
aplicável a essas hipóteses significaria minar a intenção do constituinte de simplificar o acesso
à Justiça. Ressaltou que não se trataria de eventual conflito da legislação processual civil com
a Constituição, uma vez que aquela não incidiria no caso. Acresceu que as autarquias federais
possuiriam, de maneira geral, os mesmos privilégios e vantagens processuais concedidos à
União, dentre os quais o pagamento das custas judiciais somente ao final da demanda, quando
vencidas (CPC, art. 27); prazos em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (CPC,
art. 188); duplo grau de jurisdição, salvo as exceções legais (CPC, art. 475); execução fiscal de
seus créditos (CPC, art. 578); satisfação de julgados pelo regime de precatórios (CF, art. 100
e CPC, art. 730); e foro privilegiado perante a Justiça Federal (CF, art. 109, I). Assinalou que a
fixação do foro competente com base no art. 100, IV, a, do CPC, nas ações propostas contra
autarquias federais resultaria na concessão de vantagem processual não estabelecida para
a União, a qual possuiria foro privilegiado limitado pelo art. 109, § 2º, da CF. O Ministro Dias
Toffoli destacou a existência de quatro carreiras da advocacia pública federal: a Procuradoria
da Fazenda Nacional, a Procuradoria Federal, a Advocacia da União e a Procuradoria do Banco
Central. Esta última seria a única autarquia que mantivera carreira separada, tendo em vista a
característica particularíssima da instituição e a necessidade de especialização de seu corpo
jurídico. Assim, em face da atual estruturação da advocacia pública federal, perante o litigante
particular, bem como do advento do processo eletrônico, não se poderia fixar entendimento
diverso, no sentido da inaplicabilidade do art. 109, § 2º, da CF às autarquias federais. Vencidos
os Ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Luiz Fux, que proviam o recurso. O Ministro Teori
Zavascki salientava que o dispositivo constitucional em análise levaria em conta a existência,
à época, de foro da justiça federal apenas nas capitais, o que não mais subsistiria. Além
disso, haveria grande variedade de autarquias no País, distintas não apenas pela finalidade,
mas também pelo âmbito geográfico de atuação. Assim, a norma constitucional deveria ser
interpretada de maneira mais literal. Concluía pela aplicação às autarquias do regime geral
de competência previsto no CPC, por considerar que ele atenderia a essa diversidade de
situações. RE 627709/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.8.2014. (RE-627709)
GABARITO: CERTO
24. Segundo o STJ, por aplicação analógica da Lei da Ação Popular (Lei nº 4.717/65), sujeita-se
ao reexame necessário a sentença que conclui pela carência ou pela improcedência da ação de
improbidade administrativa.
COMENTÁRIO
Embora houvesse alguns precedentes do STJ no sentido da assertiva, a posição mais recente daquela
Corte, noticiada em seu Informativo nº 546, é em sentido inverso, inadmitindo a aplicação analógica do
disposto no art. 19 da Lei nº 4.717/65 no ponto (Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela
improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo), até por
ser o instituto do reexame necessário hipótese excepcional no processo civil pátrio:
remessa de ofício, na hipótese em análise, não pode ser vista como uma lacuna da Lei de
Improbidade que precisa ser preenchida, mormente por ser o reexame necessário instrumento
de exceção no sistema processual, devendo, portanto, ser interpretado restritivamente. REsp
1.220.667-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/9/2014.
GABARITO: ERRADO
25. A execução da sentença que institui pensão por morte de servidor público somente pode
ocorrer após o trânsito em julgado, vez que a providência implica inclusão de despesa não prevista
na folha de pagamento.
COMENTÁRIO
É muito importante ao candidato futuro advogado público conhecer as disposições da Lei nº 9.494/1997,
lei curta e de fácil leitura que disciplina alguns aspectos processuais quando em juízo o ente público.
Dentre essas disposições destaca-se aquela do art. 2º-B, que diz:
Art. 2º-B. A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de
pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens
a servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas
autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado. (Incluído
pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
O STJ, nada obstante, entende que a execução de sentença que institui pensão por morte de servidor
não se inclui nas vedações do referido dispositivo, admitindo-a ainda que anteriormente ao trânsito em
julgado da demanda:
GABARITO: ERRADO
DIREITO EMPRESARIAL
26. Ainda que já tenha sido registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a
marca que constitui vocábulo de uso comum no segmento mercadológico em que se insere —
associado ao produto ou serviço que se pretende assinalar — pode ser utilizada por terceiros de
boa-fé.
COMENTÁRIO
O Art. 129 da Lei nº 9279/96 (Lei de Propriedade Industrial) assegura ao titular da propriedade da marca
seu uso exclusivo em todo o território nacional.
Ocorre que, com base na regra do Art. 124, VI, da Lei nº 9279/96, que veda que “sinal de caráter genérico,
necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço
a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço,
quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço,
salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva”, seja registrado como marca, a 3ª Turma do STJ, em
decisão veiculada no seu Informativo de Jurisprudência nº 526, se manifestou nos termos da assertiva.
Na ocasião, consignou-se (i) ser tênue a linha entre sinais genéricos (que não podem ser objeto de
registro) e marcas evocativas, bem como (ii) a possibilidade de marcas já registradas pelo INPI se tornarem,
posteriormente, difundidas no mercado e perderem seu caráter distintivo, motivo pelo qual, nesses casos,
a Exclusividade concernente ao registro da marca pode ser mitigada.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Ocorre que, ao contrário do que diz a assertiva, entende o Superior Tribunal de Justiça que os honorários
advocatícios resultantes de trabalhos prestados à massa falida, depois do decreto de falência, são
considerados créditos extraconcursais (Art. 84 da Lei de Falências), ou seja, não se sujeitam ao concurso
de credores, sendo pagos depois daqueles previstos no Art. 151 e das eventuais restituições em dinheiro
(Art. 86, parágrafo único, da Lei de Falências) e antes dos créditos concursais (Art. 83 da Lei de Falências).
Segue ementa da decisão, cujas teses foram fixadas nos moldes do Art. 543-C do CPC (REsp 1152218 -
recurso repetitivo):
GABARITO: ERRADO
28. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não admite o ajuizamento de execução fiscal
pela União em face de Estado estrangeiro.
COMENTÁRIO
O art. 22, parágrafo 3, da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, dispõe que:
Os locais da Missão, em mobiliário e demais bens nêles situados, assim como os meios de
transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de
execução.
Com base em tal regra e no seu entendimento histórico, que se mantém, da imunidade absoluta dos
Estados no que tange a processos de execução, o STF, de fato, não vem admitindo o ajuizamento de
execuções fiscais em face de Estados estrangeiros. Veja-se:
Ementa: Agravo Regimental em Ação Cível Originária. Execução Fiscal movida pela União em
face de Estado estrangeiro. Impossibilidade jurídica do pedido. 1. A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal não admite o ajuizamento de execução fiscal pela União em face de
Estado estrangeiro. Precedentes: ACO 633-AgR, Rel.ª Min.ª Ellen Gracie; ACO 645-AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes; ACO 522-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, entre outros. 2. Hipótese em que
deve ser reconhecida a impossibilidade jurídica do pedido (ACO 1.769, Rel. Min. Celso de Mello;
ACO 1.437, Rel. Min. Marco Aurélio). 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (ACO
740 AgR/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 09/09/2014 - grifei)
A questão está, portanto, correta. Anote-se, por fim, a existência de entendimento vencido, esposado
pelo Ministro Celso de Mello (ACO 709/SP), quanto à possibilidade da execução sobre bens que não
guardem vinculação específica com a atividade diplomática ou consular.
GABARITO: CERTO
29. Uma norma de jus cogens nulifica os tratados internacionais anteriores que com ela conflitem,
mas é revogada por quaisquer tratados internacionais que lhe sejam posteriores e que disponham
de modo diverso sobre o seu conteúdo.
COMENTÁRIO
A assertiva em comento é resolvida com base nos artigos 53 e 64 da Convenção de Viena sobre o Direito
dos Tratados, de 1969, in verbis:
Artigo 53
Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa
de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de
Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional
dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só
pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
(...)
Artigo 64
Superveniência de uma Nova Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado
existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se.
Como se denota, o conceito de jus cogens é revelado pelo artigo 53 acima transcrito, tratando-se de
uma norma imperativa de Direito Internacional geral, ou seja, “(...) uma norma aceita e reconhecida
pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação
é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma
natureza”.
Diante de tal conceito e analisando a assertiva, verifica-se que, embora seja correto afirmar, com base
no conteúdo do artigo 64, que uma norma de jus cogens nulifica os tratados anteriores que com ela
conflitem, está incorreta a afirmação de que a norma de jus cogens pode ser revogada por qualquer
tratado posterior.
Isso porque, como comanda a parte final do artigo 53 da Convenção de Viena, a norma de jus cogens
“(...)só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza”.
É dizer, a norma de jus cogens só pode ser modificada ou revogada por outra norma de jus cogens, o que
invalida a afirmação de que qualquer tratado internacional teria o condão de fazê-lo.
GABARITO: ERRADO
30. O Código Bustamante, de 1928, em que pese se trate de um dos mais importantes tratados de
direito internacional privado ratificados pelo Brasil, não tem muita aplicação na prática.
COMENTÁRIO
Dentro do tema “fontes do direito internacional privado”, é correto afirmar que o Código Bustamante,
de 1928, é um dos mais importantes tratados versando sobre normas de direito internacional privado
ratificados pelo Brasil.
Nada obstante, a doutrina denuncia a sua baixa aplicação prática. Confira-se o que afirma, a respeito,
Paulo Henrique Gonçalves Portela:
(...) o Código Bustamante não é muito aplicado na atualidade, visto que suas normas amiúde
já não mais correspondem às atuais tendências e demandas do Direito Internacional Privado.
Ao mesmo tempo, vários países formularam número significativo de reservas a seu texto. Por
fim, parte importante de seus preceitos encontra-se derrogada por tratados mais novos, como
aqueles celebrados no âmbito da OEA e do MERCOSUL (...) ou por outras normas internas
brasileiras mais recentes, como a Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), de 1942 [atualmente
denominada Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro]4
O tratado mais importante de direito internacional privado ratificado pelo Brasil foi o Código
Bustamante, de 20 de fevereiro de 1928, promulgado pelo Decreto n. 18.871, de 13 de agosto de
1929.
4 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 3 ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 554.
(...)
O Código Bustamante, contudo, quase não tem aplicação prática. Quais seriam as razões para
tanto?
O tratado é muito abrangente; refere-se, inclusive, a matérias que não pertencem ao direito
internacional privado propriamente, como o direito penal internacional e a extradição. Seu
conteúdo é muitas vezes vago, e por isso vários países declararam reservas quanto à sua
aplicação, como já mencionado. As regras contidas no tratado, em parte, não correspondem
mais às tendências modernas do direito internacional privado.5
GABARITO: CERTO
31. O STJ não admite, em nenhuma hipótese, a homologação de sentença estrangeira envolvendo
imóveis e partilha de bens localizados no Brasil, dada a inafastável competência do Poder Judiciário
brasileiro para o julgamento de tais causas.
COMENTÁRIO
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança
seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
Na mesma toada, o parágrafo 1º do art. 12 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro dita que:
“Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil”.
5 RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado: teoria e prática, 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 128-130.
6 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 3 ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 624.
3. Esta Corte entende ser válida a disposição de partilha de bens imóveis situados no
Brasil na sentença estrangeira quando realizada de maneira equitativa e por consenso
entre as partes. Precedentes: SEC 1.320/EX, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de
16.10.2014; SEC 7.201/EX, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 21.11.2014; SEC 5.822/EX, Rel.
Min. Eliana Calmon, DJe de 28.02.2013, SEC 8.810/EX, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de
16.10.2013, SEC 5.528/EX, Rel. Min. Sidney Beneti, DJe de 04.06.2013.
(SEC 6344/EX, Corte Especial, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/06/2015 - grifei)
de bens imóveis situados no Brasil, que não viole as regras de direito interno brasileiro.
(SEC 8106/EX, Corte Especial, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 03/06/2015 - grifei)
GABARITO: ERRADO
32. Ocorre “aberratio ictus” quando, por acidente ou erro na execução do crime, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, respondendo, no entanto,
como se tivesse praticado o crime contra aquela.
COMENTÁRIO
O erro na execução ou aberratio ictus ocorre quando, o agente querendo atingir pessoa determinada,
por inabilidade ou outro motivo qualquer, erra na execução do crime, atingindo pessoa diversa da
pretendida. Há desvio no ataque da “pessoa-objeto” do crime. Ocorre erro na execução quando, por
acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente atinge pessoa diversa.
Exemplo: “A” tem a intenção de acertar “B” com disparo de arma de fogo, no entanto, por falha na sua
pontaria acerta “H”.
O erro na execução está previsto no art. 73, do Código Penal, segundo o qual:
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como
se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20
deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
a) resultado único – art. 73, primeira parte: o agente não atinge a pessoa que pretendia ofender, mas,
tão somente, pessoa diversa. Neste caso, responde pelo crime considerando as condições e qualidades
da vítima almejada - §3º, do art. 20, do CP, e não da vítima efetivamente atingida. Ex: Filho que tenta
matar o pai, mas atinge um amigo que chega no momento da execução do crime. Neste caso, responde
por homicídio doloso consumado, incidindo a agravante de crime contra ascendente.
b) resultado duplo – art. 73, segunda parte: o agente atingi pessoa diversa da pretendida e também
a pessoa que pretendia atingir. Neste caso, será punido em concurso formal pelos dois crimes – art. 70,
do CP. Trata-se de concurso formal próprio, de modo que “aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade”. No
exemplo anterior, se o filho atingir seu pai e seu amigo, será punido por homicídio doloso contra seu pai
e homicídio culposo contra o seu amigo.
O item está incorreto, pois apresenta na sua conceituação elemento do aberratio criminis, ou seja,
“quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido”, isto
é, o agente pretende atingir um determinado bem jurídico, mas, por erro, atingi outro de natureza
diversa. Trata-se de desvio do crime (não da vítima), ou seja, do objeto jurídico do delito. No resultado
diverso do pretendido, o agente responde somente por culpa, se for previsto como delito culposo. Se o
agente também atinge o resultado pretendido, responde pelos dois delitos em concurso formal
de crimes.
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução
do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o
fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se
a regra do art. 70 deste Código.
Se além do resultado não pretendido ocorrer também o resultado pretendido, será aplicada a mais grave
das penas cabíveis ou, se idênticas, somente uma delas, mas com o aumento, em qualquer caso, de um
sexto até metade (concurso formal, primeira parte). Caso o sujeito tenha previsto e assumido o risco de
produzir o resultado no bem jurídico diverso, aplica-se a segunda parte do art. 70, com cumulação de
penas.
Erro na execução Resultado diverso do pretendido
Pessoa – Coisa
Pessoa – Pessoa
Coisa - Pessoa
GABARITO: ERRADO
33. O crime de abuso de autoridade cometido por militar será processado e julgado pela Justiça
Comum, Estadual ou Federal. No entanto, sendo o referido delito praticado em conexão com
crime militar, a Justiça Militar será competente para julgá-los.
COMENTÁRIO
A competência para julgar o crime de abuso de autoridade é da Justiça Comum, seja ela Estadual, seja
ela Federal. Será competente a Justiça Comum Federal quando as infrações penais forem praticadas
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, nos termos do art. 109, IV, da Constituição Federal. Ex: abuso de autoridade praticado por
servidor público dentro do IBAMA – autarquia federal. Caso contrário, a competência será da Justiça
Comum Estadual.
Deverão ser seguidas as regras de competência do Código de Processo Penal, sendo, portanto, o local
da consumação do crime o competente para processar e julgar a autoridade pública autora do delito
(art. 70).
Na hipótese de ser um militar ser sujeito ativo do crime de abuso de autoridade, a Justiça Comum
continua sendo a competente, de modo que não há deslocamento de competência para a Justiça Militar,
por ser o referido delito de natureza comum, não sendo crime militar por ausência de previsão legal no
Código Penal Militar – Decreto-Lei n. 1.001/1969.
Nesse sentido, destaco a Súmula n. 172/STJ, segundo a qual “compete a justiça comum processar e julgar
militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.”
Quando um militar praticar o crime de abuso de autoridade em conexão com crime militar, previsto no
Código Penal Militar, haverá a separação dos processos para fins de processamento e julgamento, de
modo que a Justiça Militar competirá o processo e o julgamento do crime militar, e Justiça Comum
será a competente para o julgamento do crime de abuso de autoridade. Portanto, o item está incorreto.
Nesse norte, apresento a Súmula n. 90/STJ, segundo a qual, “compete a justiça estadual militar processar
e julgar o policial militar pela pratica do crime militar, e a comum pela pratica do crime comum simultâneo
aquele”.
GABARITO: ERRADO
34. Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime praticado a bordo de embarcação
estrangeira privada de grande porte ancorada em porto brasileiro e em situação de potencial
deslocamento internacional, ressalvada a competência da Justiça Militar.
COMENTÁRIO
Com exceção das embarcações e aeronaves militares, os crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves
civis são de competência da Justiça Federal. O conceito de navio está previsto no art. 11 da Lei nº 2.180/54,
segundo o qual “considera-se embarcação mercante toda construção utilizada como meio de transporte
por água, e destinada à indústria da navegação, quaisquer que sejam as suas características e lugar de
tráfego”. A esse respeito, apenas haverá competência da Justiça Federal se o navio for de grande porte
e contiver a capacidade para realizar viagens internacionais, ou seja, apto para navegação em alto-mar.
Desta forma, estão excluídos desse conceito botes, jangadas, canoas, lanchas, jet-ski, entre outros. Se
algum crime for cometido a bordo destas embarcações a competência será da Justiça Estadual.
O Superior Tribunal de Justiça, julgando CC 118.503-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
22/4/2015, DJe 28/4/2015 (Informativo 560), assim se pronunciou:
De fato, o art. 109, IX, da CF determina a competência da Justiça Federal para processar e
julgar “os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar”. Contudo, em razão da imprecisão do termo “navio”, utilizado no referido
dispositivo constitucional, a doutrina e a jurisprudência construíram o entendimento de que
“navio” seria embarcação de grande porte – embarcação seria gênero, do qual navio uma
de suas espécies – o que, evidentemente, excluiria a competência para processar e julgar
crimes cometidos a bordo de outros tipos de embarcações, isto é, aqueles que não tivessem
tamanho e autonomia consideráveis que pudessem ser deslocados para águas internacionais
(CC 43.404-SP, Terceira Seção, DJe 2/3/2005; e CC 14.488-PA, Terceira Seção, DJ 11/12/1995).
Além disso, restringindo-se ainda mais o alcance do termo “navio”, a jurisprudência do STJ
também tem exigido que a embarcação de grande porte se encontre em 228 situação de
deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento (CC 116.011-SP, Terceira
Seção, DJe 1º/12/2011). Nesse sentido, a par da dificuldade de se delimitar a ideia de “potencial
deslocamento”, cuja análise impõe seja feita de maneira casuística, revela-se ponto comum na
interpretação dada pela jurisprudência desta Corte o fato de que a embarcação deva estar apta
a realizar viagens internacionais.
GABARITO: CERTO
DIREITO DO TRABALHO
COMENTÁRIO
A Consolidação das Leis Trabalhistas, em seu art. 2º, §2º, assevera que:
“§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo
grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos
O dispositivo traz os elementos caracterizadores do chamado grupo econômico, e traz, como consequência
de tal fato, a responsabilidade solidária entre todas a pessoas jurídicas participantes do grupo econômico.
Acerca das hipóteses de responsabilidade, a doutrina trabalhista dividiu-se: uma primeira corrente
defendia a responsabilidade exclusivamente passiva; já uma segunda corrente entendeu pela existência
da responsabilidade dual.
Dirimindo a celeuma, o Tribunal Superior do Trabalho adotou a tese do empregador único ao admitir a
existência tanto da responsabilidade passiva quanto da responsabilidade ativa. A passiva é extraída da
simples leitura do dispositivo citado. Já a existência da responsabilidade ativa foi cristalizada com a edição
da Súmula nº 129, que possui a seguinte redação:
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Em resumo, pode-se afirmar que na teoria maior é necessária a comprovação da ocorrência de desvio
de finalidade ou confusão patrimonial, não bastando o mero inadimplemento da pessoa jurídica para se
possa atingir o patrimônio dos sócios. Já na teoria menor para a desconsideração, basta o inadimplemento
da pessoa jurídica.
GABARITO: CERTO
37. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos
pedidos idênticos.
COMENTÁRIO
A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos
pedidos idênticos.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Nos termos do art. 202, I, do Código Civil e do art. 219, §1º, do Código de Processo Civil, o despacho do
juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação interrompe a prescrição e essa interrupção retroagirá à
data de propositura da ação.
(...)
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Após anos de querela doutrinária e mesmo jurisprudencial, em 2014, o Supremo Tribunal Federal, em sede
de repercussão geral, pacificou o entendimento pela necessidade do prévio requerimento administrativo
para que se postule judicialmente a concessão de benefício previdenciário (RE 631240/MG, rel. Min.
Roberto Barroso).
O Supremo também consolidou o entendimento que em caso de pedido de revisão não há necessidade
de pedido administrativo, salvo se o pedido é baseado em fatos novos, uma vez que o INSS teria o dever
legal de conceder a prestação mais vantajosa possível. Dessa sorte, a assertiva está errada.
Para melhor compreensão do tema, recomendo a leitura do citado julgado contida no Informativo de
Jurisprudência nº 757.
GABARITO: ERRADO
40. Lei Complementar Estadual pode estabelecer requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadorias aos portadores de deficiência abrangidos pelo seu Regime Próprio
de Previdência Social.
COMENTÁRIO
O art. 40, §4º, da Constituição Federal traz a vedação de adoção de requisitos e critérios diferenciados
para a concessão de aposentadorias aos abrangidos pelo Regime Próprio de Previdência Social. Contudo,
elenca três exceções a tal vedação, in verbis:
I portadores de deficiência;
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.”
Ocorrendo omissão em relação à edição de tais leis complementares, destaca-se que, embora trate-se de
servidor público estadual, o Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento que o governador do
estado é parte passiva ilegítima em Mandado de Injunção, uma vez que a competência concorrente para
legislar sobre previdência social não afasta a necessidade de tratamento uniforme das exceções às regras
de aposentadoria dos servidores públicos.
Assim, a Lei Complementar exigida pelo texto constitucional é de competência da União que deve editar
norma regulamentadora de caráter nacional:
GABARITO: ERRADO
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