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CEI-AGU/PGFN

3ª RODADA - 05/08/2015

RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL

3ª RODADA - 05/08/2015

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PROFESSORES

CAROLINA BLUM. Professora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do curso.


Procuradora do Banco Central, lotada em Curitiba – PR (aprovada em 10º lugar – concurso 2013/2014). Graduada
em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada também no
concurso de Procurador Federal (2013/2014).

PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Professor de Direito Ambiental e coordenador do curso.


Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador
Regional da República de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador
Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

SADI TOLFO JUNIOR. Professor de Direito Constitucional e Administrativo.


Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em
Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos
da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

CAMILLO PIANA. Professor de Direito Processual Civil e Tributário.


Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela
Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica
Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..

VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Professor de Internacional Público e Internacional Privado.


Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio
público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da
União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela
Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional
Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União
2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO............................................................................6


DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................................................6
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................................7
DIREITO FINANCEIRO...............................................................................................................................9
DIREITO ECONÔMICO.............................................................................................................................11
DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................12
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO..................................................................................................15
DIREITO EMPRESARIAL...........................................................................................................................17
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................18
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................20
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL................................................................................................21
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................23
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.............................................................................................24
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.....................................................................................................25
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS.........................................................................................................27
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO........................................................................28
DIREITO CONSTITUCIONAL..................................................................................................................28
DIREITO TRIBUTÁRIO...............................................................................................................................32
DIREITO FINANCEIRO.............................................................................................................................48
DIREITO ECONÔMICO.............................................................................................................................52
DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................................56
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO..................................................................................................62
DIREITO EMPRESARIAL..........................................................................................................................67
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................70
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................76
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL.................................................................................................84
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................89
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO..............................................................................................93
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.....................................................................................................97

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Acerca do princípio da dignidade da pessoa humana, assinale o item correto:

a) A garantia constitucional do mínimo existencial representa, no contexto de nosso


ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa
humana. No entanto, de acordo com a jurisprudência do STF, face ao postulado da
supremacia do interesse público sobre o privado, essa garantia não limita a invocação da
cláusula da reserva do possível.

b) De acordo com a jurisprudência do STF, a mera instauração de inquérito, ainda que


evidente a atipicidade da conduta, não constitui violação ao princípio da dignidade da
pessoa humana.

c) A inserção do princípio da dignidade da pessoa humana na Constituição Federal faz


com que ele não deva ser reconhecido somente como um valor moral, mas também como
norma jurídica impositiva, revestida de normatividade, impondo aos poderes públicos o
dever de respeito e proteção a dignidade dos indivíduos e adotando medidas positivas para
prover meios necessários a uma vida digna.

d) A adoção da dignidade humana como fundamento da República Federativa do Brasil


tem reflexos na ordem social, mas não na ordem econômica, regida pela livre iniciativa.

e) Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência por parte do preso ou de terceiros,


justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

2. Acerca dos remédios constitucionais, assinale a alternativa correta:

a) Tratando-se de direito fundamental do acusado, deve ser conhecido o habeas corpus


contra omissão de relator de extradição ainda que fundado em fato ou direito estrangeiro
cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.

b) Admite-se a formação de litisconsórcio passivo, em sede de mandado de injunção, entre


a autoridade competente para a elaboração da norma regulamentadora de dispositivo
constitucional e particulares.

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c) O habeas corpus não é instrumental próprio a questionar a sequência de processo


administrativo.

d) A entidade de classe não tem legitimação para o mandado de segurança quando a


pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

e) O habeas data deve ser manejado para a obtenção de informação de interesse particular
negada pela Administração.

3. Acerca do Poder Executivo, assinale o item correto:

a) Em razão do princípio da simetria, não afronta os princípios constitucionais da harmonia


e independência entre os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige
prévia licença da Assembleia Legislativa para que o governador e o vice-governador possam
ausentar-se do País por qualquer prazo.

b) O Presidente ficará suspenso de suas funções, nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; e nos crimes de responsabilidade,
após a instauração do processo pelo Senado Federal. Se, decorrido o prazo de cento e
oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente e
será suspenso o processo.

c) Não pode o Presidente da República, exercendo a competência constitucional para


conceder indulto, impor condições para tê-lo como aperfeiçoado.

d) Compete ao Conselho de Defesa Nacional a declaração de guerra e de celebração da


paz.

e) Não se admite que no Ato das Disposições Constitucionais Transitórios de um Estado


da Federação seja fixado prazo para que o Poder Executivo encaminhe ao Poder Legislativo
projeto de Lei Orgânica da Administração Pública.

DIREITO TRIBUTÁRIO

4. Acerca da compensação tributária em âmbito federal, assinale a alternativa incorreta:

a) A compensação tributária depende de regras próprias e específicas, não sendo possível


a ela aplicar, ainda que subsidiariamente, as regras gerais do Código Civil acerca do tema.

b) À míngua de previsão legislativa específica, não se afigura possível a compensação entre


crédito tributário e aquele oriundo de precatório não adimplido pelo ente público.

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c) A compensação pode ser efetuada pelo Fisco, de ofício, ou pelo contribuinte, na sistemática
do lançamento por homologação. Na primeira hipótese, todavia, a jurisprudência tem
entendido que a compensação não pode se dar quando o crédito tributário a ser liquidado
esteja com a sua exigibilidade suspensa.

d) A compensação, na forma declarada pelo contribuinte, extingue o crédito tributário, sob


condição resolutiva.

e) Quando a compensação for considerada não-declarada pela autoridade fiscal competente,


faculta-se ao contribuinte declarante a interposição de recurso administrativo com efeito
suspensivo em face daquela decisão.

5. Julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa que estiver correta:

I. O Estado acreditante e o Chefe de Missão Diplomática estão isentos de todos os impostos,


nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários
ou inquilinos, inclusive os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes
sejam prestados.

II. Deve ser de plano extinta a execução fiscal aforada em face do Estado estrangeiro
para a cobrança de taxa decorrente de serviço individualizado e específico prestado em seu
favor.

III. Encontra respaldo constitucional exigir do Estado acreditante, quando proprietário


de bem imóvel onde sediada a respectiva Missão Diplomática, o pagamento de taxa de
iluminação pública.

a) Todas as assertivas estão incorretas.

b) Todas as assertivas estão corretas.

c) Somente o item III está correto.

d) Somente os itens I e II estão corretos.

e) Somente o item II está correto.

6. Assinale a alternativa correta:

a) Segundo a jurisprudência do STJ, na execução fiscal a intimação do representante da


Fazenda Nacional deve ser sempre pessoal, ainda que o órgão da respectiva Procuradoria
não possua sede na comarca de tramitação do processo.

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b) Pode a Fazenda Pública requerer, na própria inicial da execução fiscal, que a citação do
executado se dê mediante edital, especialmente quando provado que este foi do lançamento
anteriormente notificado, na via administrativa, pela via editalícia.

c) Por ausência de norma legal específica, não é possível a utilização do “seguro garantia
judicial” como caução à execução fiscal, não havendo previsão do instituto dentre as
modalidades possíveis de garantia do juízo executivo previstas no art. 9º da LEF.

d) Na execução judicial da dívida ativa da União, suas autarquias e fundações públicas,


será facultado ao exequente indicar desde logo bens do executado à penhora, a qual será
efetivada posteriormente à citação inicial do mesmo.

e) Havendo ampliação da penhora, cabe a oposição de novos embargos de devedor, desde


que limitados aos aspectos formais do novo ato constritivo.

7. Assinale a alternativa correta acerca do tratamento normativo e jurisprudencial conferido à


cobrança dos créditos tributários federais de baixo valor:

a) O Procurador da Fazenda Nacional requererá a extinção da execução fiscal de débito


com a Fazenda Nacional cujo valor seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
desde que não conste nos autos garantia, integral ou parcial, útil à satisfação do crédito.

b) A existência, nos autos da execução em curso, de garantia, seja integral ou parcial, útil
à satisfação do crédito, é irrelevante para a análise da viabilidade do prosseguimento da
execução fiscal de pequeno valor.

c) Arquivada a execução fiscal em razão do diminuto montante do débito executado, pode


ela ser reativada caso este posteriormente venha a alcançar o limite mínimo de R$ 20.000,00
(vinte mil reais), ainda que decorridos mais de cinco anos a contar do arquivamento do
processo.

d) A normativa da Portaria MF nº 75/2012, especialmente o limite mínimo de R$ 20.000,00


(vinte mil reais) ali previsto para o não ajuizamento ou prosseguimento das execuções
fiscais, não se aplica aos executivos fiscais promovidos pelas autarquias federais e pelos
conselhos regionais de fiscalização profissional.

e) O limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) aplica-se às execuções fiscais relativas a débitos
decorrentes de multa criminal.

DIREITO FINANCEIRO

8. Julgue os itens a seguir, à luz da Lei que estatuiu as Normas Gerais de Direito Financeiro

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para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal (Lei nº 4.320/64) e das disposições constitucionais aplicáveis, assinalando a
assertiva correta:

a) Conforme o Princípio da Unidade, previsto na Lei nº 4.320/64, o orçamento das unidades


federativas deverá se concentrar em um único documento.

b) Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de
dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas.

c) Os créditos adicionais constituem-se em autorizações de despesa não computadas ou


insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento, dependendo sua abertura da existência de
recursos disponíveis para o seu custeio.

d) Os créditos especiais, espécies do gênero “créditos adicionais”, se destinam a atender


despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica e terão vigência adstrita
ao exercício financeiro em que forem abertos, não podendo a lei, nesse ponto, dispor em
sentido contrário.

e) Conforme disposto na Lei nº 4.320/64, os tributos são espécies de receitas originárias.

9. Acerca das disposições constantes da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000 - LRF) e à luz
da disciplina constitucional vigente quanto às leis orçamentárias, julgue os itens a seguir:

I. O anexo de metas fiscais, que integrará a Lei Orçamentária Anual, conterá, dentre
outros aspectos, demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três
exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos
da política econômica nacional.

II. Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que
as atenderão, constarão da Lei Orçamentária Anual, sendo que o refinanciamento da dívida
pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.

III. A Lei de Diretrizes Orçamentárias não é uma inovação da Constituição Federal de 1988.

IV. A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

a) Nenhum dos itens acima está correto.

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b) Apenas um dos itens acima está correto.

c) Apenas dois dos itens acima estão corretos.

d) Apenas três dos itens acima estão corretos.

e) Todos os itens acima estão corretos.

DIREITO ECONÔMICO

10. Julgue os itens a seguir, à luz da disciplina constitucional e da jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal:

I. Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios legislar


concorrentemente sobre direito econômico.

II. A chamada constituição econômica não se resume às disposições constantes do Título


VII da Constituição Federal, podendo ser verificada em diversos outros tópicos da Lei Maior.

III. A cassação de registro especial para a fabricação e comercialização de cigarros, em


virtude de descumprimento de obrigações tributárias por parte da empresa constitui
inadmissível sanção política.

IV. A norma constitucional segundo a qual “a lei estabelecerá o estatuto jurídico da


empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços”
não se aplica às empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais)
que prestam serviço público.

a) Nenhum dos itens acima está correto.

b) Apenas um dos itens acima está correto.

c) Apenas dois dos itens acima estão corretos.

d) Apenas três dos itens acima estão corretos.

e) Todos os itens acima estão corretos.

11. À luz do que dispõe o Art. 173 da Constituição Federal, segundo o qual a “lei reprimirá o abuso
do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros”, e tendo por base a legislação correlata, assinale a única assertiva
incorreta:

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a) Com a instituição de um novo sistema brasileiro de defesa da concorrência, através


da Lei n.º 12.529/11, é possível dizer que o campo de atuação do CADE foi ampliado, eis
que a referida autarquia, além de poderes judicantes, agora também é dotada de poderes
instrutórios.

b) Na aplicação das penas estabelecidas na nova Lei Antitruste, o grau de lesão (ou perigo de
lesão) à economia nacional será levado em consideração, conforme previsão legal expressa.

c) Conforme regramento vigente, serão submetidos ao CADE pelas partes envolvidas na


operação os atos de concentração econômica em que, cumulativamente: I - pelo menos
um dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento
bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente
ou superior a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais); e II - pelo menos um outro
grupo envolvido na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual
ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a
R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).

d) Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for
capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando
controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual
ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia.

e) A conquista do mercado relevante, quando resultante de processo natural fundado na


maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores, não caracteriza o
ilícito previsto no inciso II do Artigo 36 da Lei Antitruste.

DIREITO ADMINISTRATIVO

12. Acerca dos contratos administrativos e das licitações públicas, assinale o item correto:

a) Compete ao agente ou setor técnico da administração declarar que o objeto licitatório


é de natureza comum para efeito de utilização da modalidade pregão e definir se o objeto
corresponde a obra ou serviço de engenharia, sendo atribuição do órgão jurídico analisar o
devido enquadramento da modalidade licitatória aplicável.

b) Serviços a serem executados de forma contínua poderão ter a sua duração prorrogada
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas
para a administração, limitada a setenta meses.

c) A negativa de desapropriação em contrato de construção de obra constitui espécie de


interferência imprevista no contrato.

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d) O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a


terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato. No entanto, a fiscalização
ou o acompanhamento pelo órgão interessado pode reduzir essa responsabilidade.

e) Não se admite antecipação de pagamento em contrato administrativo, em nenhuma


hipótese.

13. Acerca da estrutura e funcionamento da Advocacia-Geral da União, do Ministério da Fazenda


e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a
alternativa correta:

I. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional é o órgão jurídico do Ministério da Fazenda,


diretamente subordinado ao Ministro de Estado, dirigido pelo Procurador-Geral da Fazenda
Nacional e tem por finalidade privativa representar a Fazenda Nacional nos Conselhos
de Contribuintes, Superior de Tarifa, de Terras na União e noutros órgãos de deliberação
coletiva, conforme o prevejam as leis e regulamentos, e nos atos e instrumentos previstos
no Decreto-Lei nº 147/1967, quando não se reservar ao Ministro de Estado tal atribuição.

II. Os pareceres do Advogado-Geral da União são por este submetidos à aprovação do


Presidente da República. O parecer aprovado e publicado juntamente com o despacho
presidencial vincula a Administração Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados
a lhe dar fiel cumprimento. Entretanto, o parecer aprovado, mas não publicado, obriga
apenas as repartições interessadas, a partir do momento em que dele tenham ciência.

III. Não é competência da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional exercer a representação


e promover a defesa e o controle dos interesses da Fazenda Nacional nas sociedades de
economia mista e outras entidades de cujo capital participe o Tesouro Nacional.

IV. Na defesa dos direitos ou interesses da União, os órgãos ou entidades da Administração


Federal fornecerão os elementos de fato, de direito e outros necessários à atuação dos
membros da AGU, inclusive nas hipóteses de mandado de segurança, habeas data e habeas
corpus impetrados contra ato ou omissão de autoridade federal. Estas requisições terão
tratamento preferencial e serão atendidas no prazo nelas assinalado.

V. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional constitui órgão de execução da Advocacia-


Geral da União.

a) Somente os itens I e II estão corretos.

b) Somente os itens II e IV estão corretos.

c) Somente os itens III e V estão incorretos.

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d) Somente os itens I e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

14. Acerca das autarquias, assinale o item correto:

a) A OAB, por estar voltada a finalidade exclusivamente corporativa, constitui espécie de


conselho de fiscalização profissional, razão pela qual tem natureza jurídica de autarquia.

b) A qualificação de uma autarquia como executiva é perene.

c) Somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição de autarquia, empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.

d) Quanto ao regime jurídico, a Agência Nacional de Energia Elétrica pode ser classificada
como autarquia sob regime especial.

e) Alguns doutrinadores classificam como autarquias territoriais aquelas criadas no âmbito


do Distrito Federal, como decorrência da autonomia deste ente.

15. Acerca da Lei de Acesso à Informação, assinale o item incorreto:

a) Como regra geral, deve-se conceder acesso à documentação constante de processo


administrativo disciplinar que ainda esteja em curso, ainda que o interessado não seja parte
no processo.

b) Aplicam-se as disposições da Lei de Acesso à Informação, no que couber, às entidades


privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público,
recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de
gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.

c) Não pode a Administração impor exigências relativas aos motivos determinantes da


solicitação de informações de interesse público.

d) Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa
de direitos fundamentais. Além disso, as informações ou documentos que versem sobre
condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou
a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.

e) São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto,


passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam

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prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do


País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos
internacionais.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

16. Sobre o direito internacional da navegação aérea, assinale a alternativa correta:

a) A Convenção de Chicago de 1944 é o principal tratado internacional sobre aviação


civil, que regula por completo a matéria, inclusive no que toca à responsabilidade civil do
transportador.

b) A Convenção de Chicago de 1944 se aplica a aeronaves civis e estatais.

c) As aeronaves têm a nacionalidade do Estado em que sediados ou residentes os seus


proprietários.

d) É possível que uma aeronave tenha mais de uma nacionalidade.

e) Nenhuma aeronave, capaz de navegar sem piloto, poderá sobrevoar sem piloto o
território de um Estado sem autorização especial do citado Estado e de conformidade com
os termos da mesma autorização.

17. Sobre a proteção internacional dos direitos humanos, assinale a alternativa incorreta:

a) A Carta da ONU não criou órgãos especificamente voltados a promover a observância


dos direitos humanos, tampouco definiu o conceito de direitos humanos.

b) Qualquer pessoa pode apresentar petição individual diretamente à Corte Interamericana


de Direitos Humanos.

c) O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, têm a forma de tratado internacional e criaram
mecanismos de monitoramento dos direitos humanos, por meio da ONU.

d) A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em


Nova Iorque, em 2007, é o único tratado internacional de direitos humanos que, até o
momento, em razão do seu processo de ratificação, possui equivalência com as emendas
constitucionais.

e) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, possui a forma de resolução da


Assembleia Geral da ONU e não criou órgão responsável por zelar pelos direitos que o seu

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texto estabelece.

18. Sobre nacionalidade e naturalização, assinale a alternativa correta:

a) São brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,


exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral.

b) Podem ser naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na


República Federativa do Brasil há mais de dez anos ininterruptos e sem condenação penal,
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

c) Aos portugueses com residência permanente no Brasil, se houver reciprocidade em favor


de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos
em lei.

d) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua


naturalização, por decisão do Ministro da Justiça, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional.

e) Não é possível a perda da nacionalidade pelo brasileiro nato.

19. Sobre a solução de conflitos internacionais, assinale a alternativa correta:

a) A conciliação consiste na ajuda de terceiro Estado para a solução pacífica de um litígio


internacional.

b) A mediação é método solene de solução de controvérsias pelo qual uma comissão de


mediadores, composta por representantes dos Estados envolvidos no litígio e pessoas
neutras, emite parecer propondo a solução do conflito.

c) Todos os membros das ONU, a fim de contribuir para a manutenção da paz e da


segurança internacionais, devem proporcionar ao Conselho de Segurança, a seu pedido e de
conformidade com o acordo ou acordos especiais, forças armadas, assistência e facilidades,
inclusive direitos de passagem.

d) É vedado aos Estados que não sejam membros da ONU acionar o Conselho de Segurança
ou a Assembleia Geral da mesma organização para intervir em uma controvérsia em que
sejam parte.

e) O uso de força armada para a solução de conflitos internacionais por determinação do


Conselho de Segurança da ONU deverá ser aprovado pela Assembleia Geral da mesma

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organização internacional.

DIREITO EMPRESARIAL

20. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência dos títulos de crédito:

I. No que se refere à forma de transferência ou circulação dos títulos de crédito, é correto


afirmar que os títulos nominais com cláusula não à ordem circulam mediante cessão civil
seguida de tradição.

II. Os títulos de crédito contêm obrigações quesíveis.

III. O endosso e o aval constituem declarações cambiárias facultativas com finalidades


distintas: enquanto o primeiro visa à transferência do título, podendo ou não implicar em
responsabilidade pelo adimplemento, o segundo visa garantir o seu pagamento.

IV. Quanto ao modelo, os títulos de crédito podem ser classificados como “livres” ou
“vinculados”, sendo a duplicata exemplo deste último.

a) Apenas a assertiva I está correta.

b) Apenas a assertiva II está correta.

c) Apenas as assertivas I e II estão corretas.]

d) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.

e) Todas as assertivas estão corretas.

21. Assinale a alternativa incorreta acerca legislação falimentar brasileira e sua intepretação
jurisprudencial:

a) É desnecessário o prévio ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com


fundamento na impontualidade do devedor.

b) É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação


judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou
da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

c) As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos
termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação
judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos no Código Tributário Nacional, ocasião
em que as microempresas e empresas de pequeno porte farão jus a prazos 20% (vinte por

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cento) superiores àqueles regularmente concedidos às demais empresas.

d) Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo
administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa
falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização
judicial.

e) A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações, ordenará a


intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e
de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem
conhecimento da falência. A mesma providência deve ser tomada pelo juízo quando do
deferimento do processamento da recuperação judicial.

DIREITO CIVIL

22. De acordo com a teoria geral dos contratos, julgue as alternativas a seguir.

I. Os contratos aleatórios são caracterizados pelo fato de que a prestação de uma das
partes, no momento da celebração do negócio jurídico, não é conhecida com exatidão,
dependendo de um evento futuro e incerto.

II. O preceito do “duty to mitigate the loss” consiste no dever imposto ao credor de
mitigar as perdas sofridas pelo devedor, sendo consequência direta do princípio da boa-fé
subjetiva.

III. A “supressio” consiste nos casos nos quais o decurso do tempo permite concluir o
surgimento de uma posição jurídica, arrimada na regra da boa-fé.

IV. A “surrectio” consiste na redução do conteúdo de determinada obrigação, em virtude da


inércia de umas das partes em exercer suas faculdades ou direitos, gerando na contraparte
legítima expectativa.

V. O contrato, como instrumento típico de direito pessoal, gera efeitos entre os


pactuantes, na luz do princípio da relatividade dos efeitos contratuais que, no entanto,
admite exceções, de modo que é possível afirmar que os contratos também produzem
efeitos perante terceiros.

a) I e III estão corretas.

b) II e V estão corretas.

c) III e IV estão corretas.

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d) I e V estão corretas.

e) II e III estão corretas.

23. Sobre os institutos da prescrição e decadência, assinale a alternativa correta.

a) A contagem do prazo decadencial tem início no momento em que surge o direito, não
se interrompe, nem se suspende, em razão do decurso do tempo, podendo ser reconhecida,
de ofício, pelo juiz.

b) Ocorrendo a prescrição opera-se a extinção da pretensão, ou seja, do direito por ela


representado, de modo que aquele que paga dívida prescrita pode pleitear, judicialmente,
a devolução da quantia já paga.

c) Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
prazos previstos na lei. Assim sendo, a pretensão ressarcitória nasce concomitantemente ao
surgimento da lesão ao direito.

d) As partes não podem estabelecer prazo decadencial, uma vez que a decadência tem
sede legal. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Ainda, a decadência é causa de
extinção dos direitos potestativo.

e) A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, recomeçando a


correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
No prazo prescricional em curso não há direito adquirido.

24. Quanto às pessoas jurídicas, julgue as alternativas a seguir:

I. O Código Civil em vigor, segundo a doutrina majoritária, adotou a teoria da realidade


técnica ou jurídica, para explicar o fenômeno da pessoa jurídica.

II. O registro da pessoa jurídica tem natureza jurídica constitutiva de direito. O direito de
anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro, decai em três anos.

III. De acordo com o Código Civil, a desconsideração da personalidade jurídica reclama a


ocorrência de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, e a demonstração da intenção
fraudulenta dos sócios. É necessária a propositura de ação autônoma para requerer a
desconsideração.

IV. As associações são entidades de direito privado, com fins não econômicos, portanto,
não podem obter lucros. Tendo em vista o caráter personalíssimo da associação, o estatuto

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não poderá instituir categorias com vantagens especiais.

V. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor tem a faculdade
de transferir a propriedade sobre os bens dotados, sendo, deste modo, retratável o ato de
instituição.

a) I e II estão corretos.

b) I e IV estão corretos.

c) III e V estão corretos.

d) II e IV estão corretos.

e) II e III estão corretos.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

25. Assinale a alternativa correta:

a) Saneado o feito, é possível a alteração dos elementos objetivos da demanda desde que
a existente concordância da parte ré.

b) A decisão que comina astreintes durante a fase de conhecimento faz coisa julgada,
impedindo posterior revisão no momento de sua execução.

c) É de 10 dias o prazo peremptório de que dispõe o autor da demanda para promover


à emenda da inicial que apresente defeitos ou irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito.

d) Ainda que não prequestionadas, admite-se, em recurso especial, a análise das chamadas
questões de ordem pública.

e) No tema da análise da presença das condições da ação, a jurisprudência do STJ filia-se


à teoria da asserção, segundo a qual a possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade e o
interesse de agir são aferidos “in status assertionis”.

26. Considerando a jurisprudência dominante acerca do julgamento imediato das ações repetitivas
(art. 285-A, CPC), julgue os itens a seguir:

I. A aplicação do dispositivo pressupõe a existência da chamada dupla conformidade do


entendimento exposto na sentença de improcedência prima facie.

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II. Pode o magistrado validamente deixar de reproduzir a sentença anteriormente


proferida e se limitar a mencionar a existência anterior de total improcedência do pedido
formulado pelo autor.

III. A apelação que impugna sentença liminar de improcedência possui efeito regressivo.
Ademais, interposta a apelação, deve o réu deve ser intimado para, querendo, apresentar
as suas contrarrazões.

a) Todas as assertivas estão corretas.

b) Nenhuma das assertivas está correta.

c) Apenas os itens I e III estão corretos.

d) Apenas o item I está correto.

e) Apenas os itens II e III estão corretos.

27. Marque a alternativa correta:

a) Cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo a
agravo de instrumento.

b) Após a apresentação da petição inicial ou da contestação, admite-se a juntada de


documento novo indispensável à propositura da ação.

c) A jurisprudência do STJ reconhece valor probatório, com presunção iuris tantum de


veracidade, das planilhas apresentadas pela Fazenda Nacional em juízo, que se constituem
em espelhos das declarações de ajuste anual prestadas pelo contribuinte.

d) O valor da causa deve constar da petição inicial e será, em havendo também pedido
subsidiário, aquele de maior valor.

e) O terceiro, parte em outro feito no qual também se discute a tese a ser firmada em
recurso repetitivo, possui interesse jurídico para intervir, como assistente simples, no
processo paradigma submetido ao rito do art. 543-C do CPC.

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

28. Sobre a aplicação da lei penal no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta.

a) O “abolitio criminis” é o fenômeno pelo qual lei posterior deixa de considerar crime
determinado fato. No Brasil não se admite a figura da “abolitio criminis temporalis”.

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b) No crime permanente, caso editada lei nova no curso da atividade criminosa, aquela será
aplicada, desde que mais benéfica e passe a viger antes de cessada a permanência.

c) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas


as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

d) De acordo com o princípio da nacionalidade, aplica-se a lei nacional aos crimes praticados
em aeronaves ou embarcações, mercantes ou de propriedade privada, quando não forem
julgados no território estrangeiro.

e) Os crimes cometidos contra a Administração Pública brasileira, no estrangeiro, estão


sujeitos à lei brasileira.

29. Sobre os crimes contra licitações, assinale a alternativa correta.

a) Os crimes definidos na Lei n. 8.666/1993 não admitem a tentativa, sujeitando os seus


autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego,
função ou mandato eletivo.

b) O crime de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, não exige dolo
específico do agente de lesar o erário público.

c) O delito de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, pressupõe a
qualidade de funcionário público do agente.

d) O delito de impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento


licitatório, não admite a suspensão condicional do processo, sendo de competência da
Justiça Comum, e consuma-se com o prejuízo causado à Administração Pública.

e) A prática do crime de fraudar o caráter competitivo do procedimento licitatório em


concurso formal com o crime de fraudar licitação mediante elevação arbitrária de preços,
configura “bis in idem”.

30. Sobre as causas de extinção da punibilidade na ação penal de iniciativa privada, julgue os
itens a seguir.

I. O oferecimento de queixa ou representação perante juízo absolutamente incompetente


não tem o condão de superar a decadência, de modo que após o decurso do prazo de 4
meses, contados da ciência da autoria, haverá extinção da punibilidade.

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II. A renúncia ao direito de queixa, que se opera de forma expressa, é retratável e por força
do princípio da divisibilidade pode ser concedida apenas em relação a um dos coautores.

III. O perdão do ofendido é ato unilateral, pode ser oferecido antes do processo, bem
como no curso da ação penal, decorre do princípio da conveniência, podendo ser oferecido
até o trânsito em julgado do processo penal.

IV. Perempção é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em


virtude da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade nas
hipóteses de ação penal exclusivamente privada e de ação penal privada personalíssima.

V. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será


intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado
de que o seu silêncio importará aceitação.

a) I, III e IV estão incorretas.

b) II, IV e V estão incorretas.

c) I, II e V estão incorretas.

d) I, II e III estão incorretas.

e) II, III e IV estão incorretas.

DIREITO DO TRABALHO

31. Assinale a assertiva incorreta:

a) A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do


contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.

b) Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na


legislação trabalhista referente a período anterior a mudança de regime celetista para
estatutário, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da lei que estabeleceu a
mudança.

c) Exceto na hipótese de previsão contratual ou legal expressa, a opção do funcionário


público pelo regime trabalhista implica a renúncia dos direitos inerentes ao regime
estatutário.

d) A exclusão de parcela salarial deferida em reclamação trabalhista no período celetista,

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após a passagem para o regime estatutário, configura violação à coisa julgada, ao ato
jurídico perfeito, ao direito adquirido e à irredutibilidade de vencimentos.

e) O tempo de serviço público federal, prestado sob regime celetista, deve ser contado para
todos os efeitos, incorporando-se ao patrimônio dos servidores públicos transformados em
estatutários.

32. Assinale a assertiva incorreta:

a) Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência


de concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Administração Pública
Indireta, continua a existir após a sua privatização.

b) O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de
se manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público,
ainda que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto,
qualquer dilação probatória.

c) Ao exarar o parecer na remessa de ofício, na qualidade de “custos legis”, o Ministério


Público não tem legitimidade para arguir a prescrição em favor de entidade de direito
público, em matéria de direito patrimonial.

d) Por vedação constitucional, prevista no art. 37, XIII, não é possível equiparação salarial
envolvendo empregados públicos, seja empregado da Administração Direta ou de Sociedade
de Economia Mista.

e) Há interesse do Ministério Público do Trabalho para recorrer contra decisão que declara
a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública,
após a CF/1988, sem a prévia aprovação em concurso público.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

33. São exemplos do princípio da extrapetição na justiça do trabalho, exceto:

a) Aplica-se a pena de deserção do recurso, independentemente do pedido da parte


contrária, na hipótese de acréscimo do valor da condenação, mesmo se não houver fixação
ou cálculo do valor devido a título de custas e intimação da parte para o preparo do recurso,
e não houver o pagamento das respectivas custas.

b) Caso o empregado ajuíze reclamação trabalhista requerendo que o juiz fixe a data do
gozo de suas férias, a sentença cominará, independentemente do pedido autoral, pena
diária de 5% do salário mínimo, devida ao empregado até que seja cumprida;

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c) Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante


das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do
comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de
pagá-las acrescidas de cinquenta por cento, independentemente do pedido autoral.

d) Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de


incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa
física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos
termos do artigo seguinte.

e) Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o


pedido inicial ou a condenação.

34. Assinale a única peça que, segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas, não é obrigatória a
juntada na interposição de Agravo de Instrumento:

a) Certidão de intimação da decisão agravada.

b) Decisão Agravada.

c) Procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

d) Ata de audiência.

e) Petição Inicial.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:

a) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a contribuição destinada ao Serviço Brasileiro


de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae possui natureza de contribuição de
intervenção no domínio econômico.

b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a contribuição destinada ao Serviço Brasileiro de


Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae pode ser instituída por lei ordinária.

c) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a contribuição destinada ao Sebrae pode ser


cobrada de empresas de grande porte.

d) Para o Superior Tribunal de Justiça, as empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às


contribuições ao Sesc e Senac, salvo se integradas noutro serviço social.

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e) As leis anteriores à Constituição Federal de 1988 que previam a incidência de contribuição


destinada ao Sesc sobre a folha de salários não foram recepcionadas, uma vez que possuem
a mesma base de cálculos das contribuições para a seguridade social expressamente
previstas na Constituição.

36. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:

a) Admite-se o recolhimento post mortem de contribuições previdenciárias a fim de que,


reconhecida a qualidade de segurado do falecido, seja garantida a concessão de pensão por
morte aos seus dependentes.

b) O segurado do regime geral de previdência social tem direito adquirido a benefício


calculado de modo mais vantajoso, sob a vigência da mesma lei, consideradas todas as
datas em que o direito poderia ter sido exercido, desde quando preenchidos os requisitos
para a jubilação.

c) É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido
essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data
do seu óbito.

d) A aposentadoria é regida pela lei vigente ao tempo em que reunidos os requisitos


necessários à obtenção do benefício.

e) A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data
do óbito do segurado.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA A

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Acerca do princípio da dignidade da pessoa humana, assinale o item correto:

a) A garantia constitucional do mínimo existencial representa, no contexto de nosso


ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa
humana. No entanto, de acordo com a jurisprudência do STF, face ao postulado da
supremacia do interesse público sobre o privado, essa garantia não limita a invocação da
cláusula da reserva do possível.

b) De acordo com a jurisprudência do STF, a mera instauração de inquérito, ainda que


evidente a atipicidade da conduta, não constitui violação ao princípio da dignidade da
pessoa humana.

c) A inserção do princípio da dignidade da pessoa humana na Constituição Federal faz


com que ele não deva ser reconhecido somente como um valor moral, mas também como
norma jurídica impositiva, revestida de normatividade, impondo aos poderes públicos o
dever de respeito e proteção a dignidade dos indivíduos e adotando medidas positivas para
prover meios necessários a uma vida digna.

d) A adoção da dignidade humana como fundamento da República Federativa do Brasil


tem reflexos na ordem social, mas não na ordem econômica, regida pela livre iniciativa.

e) Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência por parte do preso ou de terceiros,


justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

COMENTÁRIO

De acordo com a jurisprudência do STF, a cláusula da reserva do possível não pode ser invocada pelo
Poder Público com o propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas
públicas definidas na própria Constituição. Segundo o Tribunal, ela encontra insuperável limitação na
garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso ordenamento
positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana. A noção de ‘mínimo
existencial’, que resulta, de modo implícito, de determinados preceitos constitucionais (CF, art. 1º, III, e
art. 3º, III), compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir
condições adequadas de existência digna, em ordem a assegurar à pessoa acesso efetivo ao direito geral

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de liberdade e, também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição


de direitos sociais básicos, tais como o direito à educação, o direito à proteção integral da criança e do
adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, o direito à moradia, o direito à alimentação e
o direito à segurança. Nesse sentido é o ARE 639.337-AgR. Portanto, incorreto o item “a”.

Quanto ao item “b”, o entendimento do STF nos autos do HC nº 82.969 foi justamente o contrário, no
sentido de que a mera instauração de inquérito, quando evidente a atipicidade da conduta, constitui
meio hábil a impor violação aos direitos fundamentais, em especial ao princípio da dignidade humana.
Portanto, incorreto o item “b”.

No item “d”, atentem que a dignidade da pessoa humana é o núcleo axiológico do constitucionalismo
contemporâneo, constitui o valor constitucional supremo e, enquanto tal, deve servir, não apenas como
razão para a decisão de casos concretos, mas principalmente como diretriz para a elaboração, interpretação
e aplicação das normas que compõem a ordem jurídica em geral, incluindo a ordem econômica. Não
por outro motivo o caput do artigo 170 estabelece que “a ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social (...)”. Assim, incorreto o item “d”.

Quanto ao item “e”, ele reflete parte do texto da súmula vinculante nº 11 do STF. Entretanto, nessa súmula
são citados outros casos em que se admite o uso de algemas: fundado receio de fuga, ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros. Assim, incorreto o item “e”.

O item correto, portanto, é o “c”. Acerca do tema, colaciono entendimento de Dirley da Cunha Junior e
Marcelo Novelino acerca do tema:

Dentre os fundamentos do Estado brasileiro, a dignidade da pessoa humana possui um


papel de destaque. Núcleo axiológico do constitucionalismo contemporâneo, constitui o valor
constitucional supremo e, enquanto tal, deve servir, não apenas como razão para a decisão de
casos concretos, mas principalmente como diretriz para a elaboração, interpretação e aplicação
das normas que compõem a ordem jurídica em geral, e o sistema de direitos fundamentais, em
particular. Como consequência da consagração da dignidade humana no texto constitucional
impõe-se o reconhecimento de que a pessoa não é simplesmente um reflexo da ordem jurídica,
mas, ao contrário, deve constituir o seu objetivo supremo, sendo que na relação entre o indivíduo
e o Estado deve haver sempre uma presunção a favor do ser humano e da sua personalidade.
O indivíduo deve servir de “limite e fundamento do domínio político da República”, pois o Estado
existe para o homem e não o homem para o Estado. A positivação constitucional impõe que a
dignidade, apesar de ser originariamente um valor moral, seja reconhecida também como um
valor tipicamente jurídico, revestido de normatividade: sua consagração como fundamento do
Estado brasileiro não significa uma atribuição de dignidade às pessoas, mas sim a imposição
aos poderes públicos do dever de respeito e proteção da dignidade dos indivíduos, assim como
a promoção dos meios necessários a uma vida digna.

(DA CUNHA JR. Dirley. NOVELINO, Marcelo. Constituição Federal para concursos. Juspodium,

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Salvador, 2014. 5ª ed. Pgs. 14/15).

GABARITO: LETRA “C“

2. Acerca dos remédios constitucionais, assinale a alternativa correta:

a) Tratando-se de direito fundamental do acusado, deve ser conhecido o habeas corpus


contra omissão de relator de extradição ainda que fundado em fato ou direito estrangeiro
cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.

b) Admite-se a formação de litisconsórcio passivo, em sede de mandado de injunção, entre


a autoridade competente para a elaboração da norma regulamentadora de dispositivo
constitucional e particulares.

c) O habeas corpus não é instrumental próprio a questionar a sequência de processo


administrativo.

d) A entidade de classe não tem legitimação para o mandado de segurança quando a


pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

e) O habeas data deve ser manejado para a obtenção de informação de interesse particular
negada pela Administração.

COMENTÁRIO

O item “a” contraria a súmula nº 692 do STF, com o seguinte teor: “Não se conhece de habeas corpus
contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
dos autos, nem foi ele provocado a respeito”. Portanto, incorreto o item.

Com relação ao item “b”, o STF possui entendimento pela impossibilidade de formação de litisconsórcio
passivo, em sede de mandado de injunção, entre a autoridade competente para a elaboração da
norma regulamentadora de dispositivo constitucional e particulares. No entendimento do Tribunal o
mandado de injunção se dirige as autoridades ou órgãos públicos que se pretendem omissos quanto
a regulamentação que viabilize o exercício dos direitos e liberdade constitucionais e das prerrogativas
inerentes a nacionalidade, a soberania e a cidadania, não se configurando, assim, hipótese de cabimento
do litisconsórcio passivo entre essas autoridades e órgãos públicos que deverão, se for o caso, elaborar a
regulamentação necessária, e particulares que, em favor do impetrante do mandado de injunção, vierem
a ser obrigados ao cumprimento da norma regulamentadora, quando vier esta, em decorrência de sua
elaboração, a entrar em vigor. Nesse sentido é o MI nº 1.007 e o AgR no MI nº 323.

O item “d” está incorreto, ao contrariar o enunciado da Súmula nº 630 do STF, com o seguinte teor: “A
entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria”.

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Quanto ao item “e”, o STJ já entendeu no REsp 781.969 que o habeas data assegura o conhecimento de
informações relativas à própria pessoa do impetrante; e o objetivo é sempre o de conhecer e retificar
essas informações, quando errôneas, para evitar o seu uso indevido. O direito à informação de interesse
particular ou coletivo (art. 52, XXXIII), se negado pela Administração, deve ser protegido pela via judicial
ordinária ou pelo mandado de segurança e não pelo habeas data.

O item correto, portanto, é o “c”. Conforme entendeu o STF no HC 100.664, o habeas corpus é ação
constitucional de envergadura maior, voltada a preservar a liberdade de ir e vir, descabendo o uso do
remédio para afastar o curso de processo administrativo.

GABARITO: LETRA “C“

3. Acerca do Poder Executivo, assinale o item correto:

a) Em razão do princípio da simetria, não afronta os princípios constitucionais da harmonia


e independência entre os Poderes e da liberdade de locomoção norma estadual que exige
prévia licença da Assembleia Legislativa para que o governador e o vice-governador possam
ausentar-se do País por qualquer prazo.

b) O Presidente ficará suspenso de suas funções, nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; e nos crimes de responsabilidade,
após a instauração do processo pelo Senado Federal. Se, decorrido o prazo de cento e
oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente e
será suspenso o processo.

c) Não pode o Presidente da República, exercendo a competência constitucional para


conceder indulto, impor condições para tê-lo como aperfeiçoado.

d) Compete ao Conselho de Defesa Nacional a declaração de guerra e de celebração da


paz.

e) Não se admite que no Ato das Disposições Constitucionais Transitórios de um Estado


da Federação seja fixado prazo para que o Poder Executivo encaminhe ao Poder Legislativo
projeto de Lei Orgânica da Administração Pública.

COMENTÁRIO

O item “a” está incorreto, já que em razão do princípio da simetria a licença prévia se justifica quando a
ausência superar 15 dias, nos termos do art. 83 da Constituição Federal. Nesse sentido foi o julgamento
do STF na ADI nº 738.

O erro do item “b”, nos termos do art. 86, §2º, da Constituição Federal, está em afirmar que o não
julgamento do processo em 180 dias implicará na sua suspensão. Na verdade, o transcurso do prazo não

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prejudicará o regular andamento do processo.

Quanto ao item “c”, já decidiu o STF no HC 96.475 que a concessão do benefício do indulto é uma
faculdade atribuída ao Presidente da República. Desta forma, admite-se a imposição de condições para
tê-lo como aperfeiçoado, desde que em conformidade com a Constituição Federal. Assim, incorreto o
item “c”.

Quanto ao item “d”, embora o art. 91, §1º, I, da Constituição, autorize que o Conselho de Defesa opine
nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, a competência para declarar guerra, no
caso de agressão estrangeira, desde que autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
do Congresso Nacional, é o do Presidente da República (art. 84, XIX e XX).

O item correto, portanto, é o “e”. Entendeu o STF na ADI nº 179 que é inconstitucional qualquer tentativa
do Poder Legislativo de definir previamente conteúdos ou estabelecer prazos para que o Poder Executivo,
em relação às matérias afetas a sua iniciativa, apresente proposições legislativas, mesmo em sede da
Constituição estadual, porquanto ofende, na seara administrativa, a garantia de gestão superior dada ao
chefe daquele Poder. Assim, correto o item.

GABARITO: LETRA “E“

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

4. Acerca da compensação tributária em âmbito federal, assinale a alternativa incorreta:

a) A compensação tributária depende de regras próprias e específicas, não sendo possível


a ela aplicar, ainda que subsidiariamente, as regras gerais do Código Civil acerca do tema.

b) À míngua de previsão legislativa específica, não se afigura possível a compensação entre


crédito tributário e aquele oriundo de precatório não adimplido pelo ente público.

c) A compensação pode ser efetuada pelo Fisco, de ofício, ou pelo contribuinte, na sistemática
do lançamento por homologação. Na primeira hipótese, todavia, a jurisprudência tem
entendido que a compensação não pode se dar quando o crédito tributário a ser liquidado
esteja com a sua exigibilidade suspensa.

d) A compensação, na forma declarada pelo contribuinte, extingue o crédito tributário, sob


condição resolutiva.

e) Quando a compensação for considerada não-declarada pela autoridade fiscal competente,


faculta-se ao contribuinte declarante a interposição de recurso administrativo com efeito

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suspensivo em face daquela decisão.

COMENTÁRIO

Letra a. Correta. A compensação consiste em um encontro de contas entre dois sujeitos que são
reciprocamente credor e devedor um do outro. O Código Civil define a compensação, prevendo-a
dentre as causas extintivas da relação jurídica obrigacional, em seu art. 368, segundo o qual “Se duas
pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até
onde se compensarem”. Esse raciocínio também é aplicável na relação tributária, isto é, quando o sujeito
ativo do vínculo for pessoa jurídica de direito público que seja credora de quantia relativa a tributo. No
ponto, importante conhecer o que dispõe o art. 170 do CTN: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as
garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a
compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo
contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará,
para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior
que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da
compensação e a do vencimento”. Com efeito, importante destacar que inexiste direito à compensação
decorrente diretamente do Código Tributário Nacional, vez que a mesma sempre dependerá de lei que a
autorize e estabeleça condições e limites para a sua realização:

“[...] A Primeira Seção do STJ, ao julgar, sob o rito do art. 543-C do CPC, o Recurso Especial 1.008.343/
SP (Rel. Ministro LUIZ FUX, DJe de 01/02/2010), proclamou que a compensação tributária adquire
a natureza de direito subjetivo do contribuinte, em havendo a concomitância de três elementos
essenciais: (i) existência de crédito tributário, como produto do ato administrativo do lançamento
ou do ato-norma do contribuinte que constitui o crédito tributário; (ii) existência de débito do
Fisco, como resultado: (a) de ato administrativo de invalidação do lançamento tributário, (b) de
decisão administrativa, (c) de decisão judicial, ou (d) de ato do próprio administrado, quando
autorizado em lei, cabendo à Administração Tributária a fiscalização e ulterior homologação
do débito do Fisco, apurado pelo contribuinte; e (iii) existência de lei específica, editada pelo
ente competente, que autorize a compensação, ex vi do art. 170 do CTN. A Segunda Turma
desta Corte, ao julgar o REsp 987.943/SC (Rel. Ministra ELIANA CALMON, DJe de 28.02.2008),
proclamou que “o art. 170 do CTN dispõe que somente a lei pode autorizar a compensação
de créditos tributários, nas condições e sob as garantias que estipular”; que “a compensação
tributária depende de regras próprias e específicas, não sendo possível aplicar subsidiariamente
as regras gerais do Código Civil”; e que o legislador não quis aplicar, à compensação de tributos
indevidamente pagos, as regras do Direito Privado. A prova dessa assertiva é que o art. 374 do
atual Código Civil - que determinava que a compensação das dívidas fiscais e parafiscais seria
regida pelo disposto no Capítulo VII daquele diploma legal - foi revogado pela Lei 10.677/2003,
logo após a entrada em vigor do Código Civil. (AgRg no AgRg no AgRg no AREsp 123.471/RS, Rel.
Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/10/2014, DJe 09/10/2014)”.

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Letra b. Correta. Pelo fato de que a compensação em matéria tributária sempre depender de lei que a
autorize e delimite seus contornos, tem-se negado a possibilidade de compensação, inexistindo a devida
previsão legislativa, entre crédito tributário e aquele oriundo de precatório não adimplido pelo ente
público: “Nos termos da jurisprudência desta Corte, a ausência de legislação estadual específica autorizativa
impede a compensação de precatório vencido e não pago com créditos de ICMS do mesmo Estado, nos
termos do art. 170 do Código Tributário Nacional - CTN. (AgRg no REsp 1034405/RS, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013)”. Anota-se que esta lei indicada pelo
art. 170 do CTN será federal, estadual ou municipal, podendo cada respectivo ente político autorizar a
compensação de tributos jungidos à sua respectiva esfera de competência.

Letras c e d. Corretas. Em âmbito federal, a compensação pode ser efetuada pelo Fisco, de ofício, ou pelo
contribuinte. A compensação de ofício pela própria autoridade fiscal tem lugar quando, havendo pedido
administrativo de restituição de indébito ou recebimento de outros créditos em dinheiro, a Receita Federal
do Brasil, verificando que o requerente também está com débito em aberto para com ela, procede à
compensação dos valores. Subsistindo saldo a favor do contribuinte, ele será restituído em dinheiro. Os
dispositivos que atualmente regulamentam o tema são o art. 7º do DL 2.287/86, o art. 89, §8º, da Lei
8.212/91, e o art. 73 da Lei nº 9.430/96. Destaca-se, todavia, conforme jurisprudência firmado do STJ, que
não estão sujeitos à compensação de ofício os créditos tributários com exigibilidade suspensa, como
acontece, p. ex, naqueles que estejam parcelados:

“PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA


(ART. 543-C, DO CPC). ART. 535, DO CPC, AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO. COMPENSAÇÃO DE
OFÍCIO PREVISTA NO ART. 73, DA LEI N. 9.430/96 E NO ART. 7º, DO DECRETO-LEI N. 2.287/86.
CONCORDÂNCIA TÁCITA E RETENÇÃO DE VALOR A SER RESTITUÍDO OU RESSARCIDO PELA
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. LEGALIDADE DO ART. 6º E PARÁGRAFOS DO DECRETO
N. 2.138/97. ILEGALIDADE DO PROCEDIMENTO APENAS QUANDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO A
SER LIQUIDADO SE ENCONTRAR COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA (ART. 151, DO CTN). (..) . O
art. 6º e parágrafos, do Decreto n. 2.138/97, bem como as instruções normativas da Secretaria
da Receita Federal que regulamentam a compensação de ofício no âmbito da Administração
Tributária Federal (arts. 6º, 8º e 12, da IN SRF 21/1997; art. 24, da IN SRF 210/2002; art. 34, da IN
SRF 460/2004; art. 34, da IN SRF 600/2005; e art. 49, da IN SRF 900/2008), extrapolaram o art.
7º, do Decreto-Lei n. 2.287/86, tanto em sua redação original quanto na redação atual dada pelo
art. 114, da Lei n. 11.196, de 2005, somente no que diz respeito à imposição da compensação de
ofício aos débitos do sujeito passivo que se encontram com exigibilidade suspensa, na forma do
art. 151, do CTN (v.g. débitos inclusos no REFIS, PAES, PAEX, etc.). Fora dos casos previstos no art.
151, do CTN, a compensação de ofício é ato vinculado da Fazenda Pública Federal a que deve
se submeter o sujeito passivo, inclusive sendo lícitos os procedimentos de concordância tácita
e retenção previstos nos §§ 1º e 3º, do art. 6º, do Decreto n. 2.138/97. [...]. No caso concreto,
trata-se de restituição de valores indevidamente pagos a título de Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica - IRPJ com a imputação de ofício em débitos do mesmo sujeito passivo para os quais
não há informação de suspensão na forma do art. 151, do CTN. Impõe-se a obediência ao art.

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6º e parágrafos do Decreto n. 2.138/97 e normativos próprios. Recurso especial parcialmente


provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543- C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008.
REsp 1213082/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
10/08/2011, DJe 18/08/2011”. De outro lado, a compensação também pode ser realizada pelo
contribuinte no regime de lançamento por homologação, isto é, quando ele, na qualidade de
titular de direito a ressarcimento de determinado indébito, utiliza-se desse crédito para quitar
débitos junto ao Fisco mediante compensação. Em outros termos, o próprio contribuinte,
apurando créditos relativos a recolhimentos indevidos de tributos administrados pela
Secretaria da Receita Federal, realiza a compensação, apresentando documento denominado
de Declaração de Compensação (DCOMP), do qual constem informações relativas aos créditos
utilizados e aos respectivos débitos compensados. A compensação efetuada pelo contribuinte
extingue o crédito tributário, sob condição resolutória, ou seja, produz efeitos imediatos,
sujeitando-se, contudo, à fiscalização pela Administração, que poderá rejeitá-la. Com efeito,
dispõe o Fisco de um prazo de 5 anos, contado da entrega da declaração de compensação,
para homologá-la (inclusive tacitamente com o transcurso do aludido prazo quinquenal) ou
não, negando assim efeitos à compensação e dando o débito do contribuinte por aberto:
“MEDIDA CAUTELAR. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. A compensação, na forma declarada pelo
contribuinte, extingue o crédito tributário, sob condição resolutiva (L. 9.430/96, art. 74, § 2º);
extinto o crédito, não há como cobrá-lo, nem como suspendê-lo, porque o crédito simplesmente
não existe. A condição resolutiva pode, todavia, surtir seus efeitos se, no prazo de até cinco
anos contados da entrega da declaração (L. 9.430/96, art. 74, § 5º), a autoridade fiscal deixar
de homologar a compensação; esse ato corresponde ao lançamento de ofício, tanto que dele
cabe impugnação e, mal sucedida esta, recurso para o Conselho de Contribuintes (hoje, sob a
denominação de Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - Carf). Quer dizer, o período de
(5) cinco anos que se segue à declaração de compensação corresponde ao prazo que a Fazenda
Pública tem para constituir o crédito tributário; é, portanto, um prazo de decadência, não de
prescrição, que só inicia com a decisão que indefere o pedido compensação. Nessa linha, estão
equivocados os precedentes jurisprudenciais que atribuem à declaração de compensação o
efeito de suspender a exigibilidade do crédito tributário; a declaração de compensação, como
visto, extingue o crédito tributário sob condição resolutiva. Agravo regimental provido para
indeferir a medida cautelar. (AgRg na MC 20.634/PE, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 21/05/2013, DJe 28/05/2013)”.

Letra e. Incorreta (gabarito). Na hipótese de não-homologação, ao contribuinte se faculta o direito à


apresentação de impugnação e recurso administrativos, ambos com efeito suspensivo da exigibilidade
do crédito tributário, conforme previsão dos parágrafos 9º a 11º do art. 74 da Lei 9.430/96. Não sendo
provida a insurgência administrativa do contribuinte, o montante do débito por ele apontado na DCOMP
será considerado como confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos
indevidamente compensados, podendo ser encaminhada a declaração para a inscrição em dívida ativa
e correlato ajuizamento da execução fiscal. Cabe aqui, contudo, uma importante e relevante distinção.

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A não-homologação difere da situação da compensação não declarada, esta caracterizada quando a lei
expressamente vede a possibilidade de o contribuinte realizar compensação, hipótese em que, diante da
vedação legal inequívoca, inexistirá direito à impugnação ou recurso com efeito suspensivo. As hipóteses
em que a compensação será considerada não declarada encontram-se previstas no §12º do art. 74 da
Lei nº 9.430/96 (dentre as quais, p.ex., quando o crédito for de terceiro, decorrer de decisão judicial não
transitada em julgado, referir a título público ou a crédito-prêmio do IPI, etc.). Deste modo:

TRIBUTÁRIO. CRÉDITO-PRÊMIO. COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO PELA ADMINISTRAÇÃO.


RECURSO ADMINISTRATIVO PENDENTE. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO TRIBUTO.
FORNECIMENTO DE CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA. IMPOSSIBILIDADE. 1.
A legislação que disciplina o instituto da compensação evoluiu substancialmente a partir da
edição da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em especial com a introdução no ordenamento
jurídico da Lei Complementar 104/01, e das Leis 10.637/02 (conversão da MP 66, de 29.08.02),
10.833/03 (conversão da MP 135, de 30.10.03) e 11.051/04, que alteraram e incluíram dispositivos
naquela lei ordinária. 2. A Primeira Seção ? ao examinar a matéria à luz da redação original
do art. 74 da Lei 9.430/96, portanto, sem as alterações engendradas pelas Leis 10.637/02,
10.833/03 e 11.051/04 ? concluiu que o pedido de compensação e o recurso interposto contra o
seu indeferimento suspendem a exigibilidade do crédito tributário, já que a situação enquadra-
se na hipótese do art. 151, III, do CTN. Precedentes. 3. Todavia, o art. 74 da Lei 9.430/96 sofreu
profundas alterações ao longo dos anos, sobretudo após a edição das Leis 10.637/02, 10.833/03
e 11.051/04, as quais acresceram conteúdo significativo à norma, modificando substancialmente
a sistemática de compensação. Segundo as novas regras, o contribuinte não mais precisa
requerer a compensação, basta apenas declará-la à Secretaria da Receita Federal, o que já é
suficiente para extinguir o crédito tributário sob condição resolutória da ulterior homologação
do Fisco, que pode ser expressa ou tácita (no prazo de cinco anos). Por outro lado, fixou-se
uma série de restrições à compensação embasadas na natureza do crédito a ser compensado.
Assim, por exemplo, passou-se a não mais admitir a compensação de créditos decorrentes de
decisão judicial ainda não transitada em julgado, de créditos de terceiros ou do crédito-prêmio
de IPI. 4. Por expressa disposição do parágrafo 12 do art. 74 da Lei 9.430/96, “será considerada
não declarada a compensação” (...) “em que o crédito” (...) refira-se ao crédito-prêmio de IPI”.
Já o parágrafo 13, ao fazer remissão ao § 11, deixa claro não ser aplicável à declaração de
compensação relativa ao crédito-prêmio de IPI o art. 151, III, do CTN. 5. Dessa forma, por
previsão inequívoca do art. 74 da Lei 9.430/96, a simples declaração de compensação relativa
ao crédito-prêmio de IPI não suspende a exigibilidade do crédito tributário ? a menos que
esteja presente alguma outra causa de suspensão elencada no art. 151 do CTN ?, razão porque
poderá a Fazenda Nacional recusar-se a emitir a certidão de regularidade fiscal. 6. Recurso
especial provido. (REsp 1157847/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
24/03/2010, DJe 06/04/2010)

Deste modo, em síntese:

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Possibilidade de impugnação/ recurso administrativo com


Compensação REJEITADA/NÃO-HOMOLOGADA
efeito suspensivo

Compensação considerada NÃO-DECLARADA


Não há suspensão da exigibilidade do crédito mesmo na
(p.ex: utilização de crédito de terceiro ou oriundo de decisão pendência de recurso administrativo
judicial não transitada em julgado)

Tudo até aqui dito acerca da compensação realizada pelo contribuinte encontra-se na atual redação do
art. 74 da Lei nº 9.430/96, dispositivo de leitura obrigatória por aqueles que irão prestar o concurso da
PGFN.

GABARITO: LETRA “E“

5. Julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a alternativa que estiver correta:

I. O Estado acreditante e o Chefe de Missão Diplomática estão isentos de todos os impostos,


nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários
ou inquilinos, inclusive os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes
sejam prestados.

II. Deve ser de plano extinta a execução fiscal aforada em face do Estado estrangeiro
para a cobrança de taxa decorrente de serviço individualizado e específico prestado em seu
favor.

III. Encontra respaldo constitucional exigir do Estado acreditante, quando proprietário


de bem imóvel onde sediada a respectiva Missão Diplomática, o pagamento de taxa de
iluminação pública.

a) Todas as assertivas estão incorretas.

b) Todas as assertivas estão corretas.

c) Somente o item III está correto.

d) Somente os itens I e II estão corretos.

e) Somente o item II está correto.

COMENTÁRIO

Todas as assertivas encontram-se incorretas, senão vejamos:

Item I. Incorreto. Em regra, por força do que dispõem os textos das Convenções de Viena de 1961 e 1963,
os estados estrangeiros são isentos (embora alguns julgados e doutrinadores façam referência ao termo

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ao termo “imunes”) da cobrança de impostos e taxas:

Convenção de Viena Sobre Relações Diplomáticas, promulgada no Brasil pelo Decreto nº


56.435/1965.

Artigo 23

1. O Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os impostos e taxas, nacionais,
regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários ou inquilinos,
excetuados os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes sejam prestados.

2. A isenção fiscal a que se refere este artigo não se aplica aos impostos e taxas cujo pagamento,
na conformidade da legislação do Estado acreditado, incumbir as pessoas que contratem com
o Estado acreditante ou com o Chefe da Missão.

Convenção de Viena sobre Relações Consulares, promulgada no Brasil pelo Decreto nº


61.068/1967.

ARTIGO 32º

Isenção fiscal dos locais consulares

1. Os locais consulares e a residência do chefe da repartição consular de carreira de que for


proprietário o Estado que envia ou pessoa que atue em seu nome, estarão isentos de quaisquer
impostos e taxas nacionais, regionais e municipais, excetuadas as taxas cobradas em pagamento
de serviços específicos prestados.

2. A isenção fiscal prevista no parágrafo 1 do presente artigo não se aplica aos mesmos impostos
e taxas que, de acordo com as leis e regulamentos do Estado receptor, devam ser pagos pela
pessoa que contratou com o Estado que envia ou com a pessoa que atue em seu nome.

Como sublinhado acima, inobstante a previsão da isenção fiscal como regra, é estabelecida exceção –
admitindo a tributação – relativamente às taxas cobradas por serviços específicos que sejam prestados ao
estado estrangeiro. Nesse sentido:

“[...] Os Estados estrangeiros gozam de imunidade de jurisdição e tributária, com esteio,


respectivamente, nos arts. 23, da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, e 32, da
Convenção de Viena sobre Relações Consulares, estando, assim, isentos do pagamento de tributos
que recaiam sobre seu patrimônio ou lhes sejam exigidos pela prestação não individualizada
de serviços. (EDcl no RO 43⁄RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe 14⁄04⁄2008)”;
“Afasta-se a imunidade jurisdicional do Estado estrangeiro quando a questão subjacente é de
natureza civil, comercial ou trabalhista, ou, de qualquer forma se enquadre no âmbito do direito
privado. Tratando-se de questão tributária ou de direito público, sujeita-se a imunidade aos
acordos internacionais firmados pelos Estados soberanos. Os artigos 23 e 32 da Convenção
de Viena imunizam o Estado estrangeiro e o Chefe da Missão ‘de todos os impostos e taxas,

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nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários ou


inquilinos, excetuados os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes sejam
prestados’. É indevida a cobrança do IPTU, já que abarcado pela regra de imunidade prevista na
Convenção. (RO 45⁄RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJ 28⁄11⁄2005, p. 240)”.

Item II. Incorreto, pois o STJ tem jurisprudência firmada no sentido de que, antes de se extinguir a
execução fiscal promovida em face do Estado estrangeiro deve ser ao mesmo previamente franqueada
a possibilidade de renúncia expressa à imunidade de execução, hipótese em que o processo terá curso
normalmente. Com efeito, conforme também bem anota a doutrina, existe inclusive a possibilidade de
pagamento voluntário do débito pelo Estado estrangeiro, sendo possível ainda apontar as seguintes
exceções à imunidade da jurisdição executória:

[...] Em resumo, a imunidade de execução do Estado estrangeiro ainda resiste quase absoluta.
Em todo caso, podem ser elencadas as seguintes possibilidades de satisfação do débito do
ente estatal estrangeiro derrotado em processo judicial: - Pagamento voluntário pelo Estado
estrangeiro; - Negociações conduzidas pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil e,
correlata a esta possibilidade, a solicitação de pagamento pelas vias diplomáticas; - Expedição de
carta rogatória ao Estado estrangeiro; - Execução de bens não afetos aos serviços diplomáticos e
consulares do Estado estrangeiro, como recursos financeiros vinculados a atividades empresariais
disponíveis em contas bancárias; - Renúncia à imunidade de execução pelo Estado estrangeiro.
Destacamos, por fim, que a imunidade de execução é autônoma em relação à imunidade de
jurisdição. Nesse sentido, a renúncia à imunidade de jurisdição diante de conflitos relativos a
atos de império não implica abrir mão da imunidade de execução, relativamente à qual nova
renúncia é necessária. Ao mesmo tempo, lembramos que a inexistência de imunidade nos atos
de gestão não afeta a manutenção da imunidade de execução. (PORTELA, Paulo Henrique
Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. 6ª Ed. 2014. Págs. 201-202)

Nessa toada a jurisprudência do STJ:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E INTERNACIONAL PÚBLICO. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO


DE ESTADO ESTRANGEIRO. Antes de se extinguir a execução fiscal para a cobrança de taxa
decorrente de prestação de serviço individualizado e específico, deve-se cientificar o Estado
estrangeiro executado, para lhe oportunizar eventual renúncia à imunidade de jurisdição.
Encontra-se pacificado na jurisprudência do STJ o entendimento de que os Estados estrangeiros
possuem imunidade tributária e de jurisdição, segundo os preceitos das Convenções de Viena
de 1961 (art. 23) e de 1963 (art. 32), que concedem isenção sobre impostos e taxas, ressalvadas
aquelas decorrentes da prestação de serviços individualizados e específicos que lhes sejam
prestados. Prevalece no STF a orientação de que, “salvo renúncia, é absoluta a imunidade
do Estado estrangeiro à jurisdição executória” (ACO 543 AgR, Tribunal Pleno, DJ 24/11/2006).
Por essa razão, se a existência da demanda for comunicada ao Estado estrangeiro, e este não
renunciar expressamente à imunidade de jurisdição, o processo deve ser extinto sem resolução
de mérito (STF, ACO 645 AgR, Tribunal Pleno, DJ 17/8/2007). RO 138-RJ, Rel. Min. Herman

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Benjamin, julgado em 25/2/2014.”

Item III. Incorreto, pois, embora seja em tese possível a tributação por taxa de prestação de serviços
individualizados e específicos prestados ao Estado Estrangeiro, o STF tem jurisprudência sumulada no
sentido da inconstitucionalidade da famigerada Taxa de Iluminação Pública, posto ser este um serviço
destinado a toda a coletividade (uti universi), não específico e tampouco divisível. Nesse sentido a Súmula
Vinculante nº 41, a qual dispõe que “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa”.

GABARITO: LETRA “A“

6. Assinale a alternativa correta:

a) Segundo a jurisprudência do STJ, na execução fiscal a intimação do representante da


Fazenda Nacional deve ser sempre pessoal, ainda que o órgão da respectiva Procuradoria
não possua sede na comarca de tramitação do processo.

b) Pode a Fazenda Pública requerer, na própria inicial da execução fiscal, que a citação do
executado se dê mediante edital, especialmente quando provado que este foi do lançamento
anteriormente notificado, na via administrativa, pela via editalícia.

c) Por ausência de norma legal específica, não é possível a utilização do “seguro garantia
judicial” como caução à execução fiscal, não havendo previsão do instituto dentre as
modalidades possíveis de garantia do juízo executivo previstas no art. 9º da LEF.

d) Na execução judicial da dívida ativa da União, suas autarquias e fundações públicas,


será facultado ao exequente indicar desde logo bens do executado à penhora, a qual será
efetivada posteriormente à citação inicial do mesmo.

e) Havendo ampliação da penhora, cabe a oposição de novos embargos de devedor, desde


que limitados aos aspectos formais do novo ato constritivo.

COMENTÁRIO

Letra a. Incorreta. Embora a LEF possua regra específica assegurando a intimação pessoal do representante
fazendário no âmbito da execução fiscal (Art. 25 - Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante
judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente. Parágrafo Único - A intimação de que trata este artigo
poderá ser feita mediante vista dos autos, com imediata remessa ao representante judicial da Fazenda
Pública, pelo cartório ou secretaria”), o STJ ressalva de tal comando a hipótese em que a execução fiscal
tramitar em comarca/subseção diversa daquela em que sediado o órgão de representação judicial da
Fazenda Nacional, situação em que se admitirá a excepcional hipótese de intimação desta mediante carta
com aviso de recebimento: “

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INTIMAÇÃO POR CARTA COM AVISO DE RECEBIMENTO DO


REPRESENTANTE DA FAZENDA PÚBLICA NACIONAL. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO
CPC E RES. 8/2008-STJ). É válida a intimação do representante judicial da Fazenda Pública
Nacional por carta com aviso de recebimento quando o respectivo órgão não possuir sede
na comarca em que tramita o feito. O STJ uniformizou o entendimento de que a Fazenda
Pública Nacional, em regra, possui a prerrogativa da intimação pessoal. Entretanto, no caso de
inexistência de órgão de representação judicial na comarca em que tramita o feito, admite-se a
intimação pelos Correios, à luz do art. 237, II, do CPC, aplicável subsidiariamente às execuções
fiscais. Ademais, o próprio legislador adotou a mesma solução nos casos de intimações a serem
concretizadas fora da sede do juízo (art. 6º, § 2º, da Lei 9.028/1995) (STJ, Informativo nº 0522,
Período: 1º de agosto de 2013, Primeira Seção REsp 1.352.882-MS, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 12/6/2013)”.

Letra b. Incorreta, vez que embora admitida a citação por edital na execução fiscal, é ela medida
excepcional, somente cabível quando frustrado o ato citatório por correio e por oficial de justiça:

“PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. CITAÇÃO POR EDITAL. CONDIÇÃO
DE CABIMENTO: FRUSTRAÇÃO DAS DEMAIS MODALIDADES DE CITAÇÃO (POR CORREIO E
POR OFICIAL DE JUSTIÇA). LEI 6830/80, ART. 8º. 1. Segundo o art. 8º da Lei 6.830/30, a citação
por edital, na execução fiscal, somente é cabível quando não exitosas as outras modalidades
de citação ali previstas: a citação por correio e a citação por Oficial de Justiça. Precedentes de
ambas as Turmas do STJ. 2. Recurso especial improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-
C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 1103050/BA, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/03/2009, DJe 06/04/2009)”.

Este entendimento atualmente encontra-se inclusive Sumulado no Enunciado nº 414 do STJ, segundo o
qual “A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades”. Assim,
mesmo que a notificação do anterior lançamento, no âmbito do processo administrativo fiscal - PAF
(Decreto nº 70.235/1972) tenha se realizado por edital, na execução fiscal deve ser antes de tudo tentada
a citação do executado pelos meios ordinários (correio e oficial de justiça), para que, somente se inexitosos
estes, seja o ato citatório realizado por meio de edital.

Letra c. Incorreta. O enunciado da questão espelha o entendimento do STJ anteriormente ao advento da


Lei nº 13.043/2014, na parte em que acrescentou no art. 9º da LEF a possibilidade de que o executado
garanta o juízo mediante seguro garantia. Assim, atualmente, é equivocado afirmar que o seguro garantia
judicial não pode ser oferecido em garantia do executivo fiscal. Vejamos como ficou a atual redação do
art. 9º da LEF:

Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos
indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: I - efetuar depósito em dinheiro,
à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;
II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia; (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014)

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III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou IV - indicar à penhora bens
oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública. O seguinte precedente do STJ é bem
didático nesse sentido, também afirmando que a alteração legislativa tem aplicação imediata
às execuções em curso, posto se tratar de norma de natureza processual: “PROCESSUAL CIVIL.
EXECUÇÃO FISCAL. SEGURO-GARANTIA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. LEI 13.043/2014.
MODALIDADE EXPRESSAMENTE INSERIDA NA LEI DE EXECUÇÃO FISCAL. ART. 9°, II, DA LEF.
NORMA PROCESSUAL. APLICABILIDADE IMEDIATA. CABIMENTO. 1. Cinge-se a controvérsia a
definir se o seguro garantia judicial pode ser utilizado, em Execução Fiscal, como modalidade de
garantia da dívida. 2. A jurisprudência do STJ, em atenção ao princípio da especialidade, era no
sentido do não cabimento, uma vez que o art. 9° da LEF não contemplava o seguro-garantia
como meio adequado a assegurar a Execução Fiscal. 3. Sucede que a Lei 13.043/2014 deu nova
redação ao art. 9°, II, da LEF para facultar expressamente ao executado a possibilidade de
“oferecer fiança bancária ou seguro garantia”. A norma é de cunho processual, de modo que
possui aplicabilidade imediata aos processos em curso. 4. Não merece acolhida, portanto, a
pretensão da Fazenda Pública do Estado de São Paulo de impedir que a dívida seja garantida
mediante oferecimento de seguro-garantia. 5. Recurso Especial não provido. (REsp 1508171/SP,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 06/04/2015)”.

Letra d. Incorreta, pois no caso a penhora será efetivada concomitante com a citação inicial do devedor
(e não posteriormente como indicado o enunciado). Cuida tal expediente de previsão contida no art. 53
da Lei nº 8.212/91, segundo a qual:

“Art. 53. Na execução judicial da dívida ativa da União, suas autarquias e fundações públicas,
será facultado ao exequente indicar bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente
com a citação inicial do devedor. § 1º Os bens penhorados nos termos deste artigo ficam
desde logo indisponíveis. § 2º Efetuado o pagamento integral da dívida executada, com seus
acréscimos legais, no prazo de 2 (dois) dias úteis contados da citação, independentemente
da juntada aos autos do respectivo mandado, poderá ser liberada a penhora, desde que não
haja outra execução pendente. § 3º O disposto neste artigo aplica-se também às execuções
já processadas. § 4º Não sendo opostos embargos, no caso legal, ou sendo eles julgados
improcedentes, os autos serão conclusos ao juiz do feito, para determinar o prosseguimento
da execução”. Embora tal dispositivo se encontre na lei de custeio da seguridade social (Lei
nº 8.212/91) não fica a sua aplicação cingida às execuções das contribuições ditas sociais ou
previdenciárias, mas alcança qualquer execução fiscal da dívida ativa da União, autarquias
e fundações públicas federais. Com efeito, permite-se com tal expediente que se realize a
penhora de bens do executado concomitantemente com a sua citação, isto é, antes mesmo
de qualquer manifestação processual do mesmo. Sobre o preceito, o seguinte acórdão do STJ:
Sobre o preceito, o seguinte acórdão do STJ: “TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. NOMEAÇÃO DE
BENS À PENHORA. CONCOMITÂNCIA COM A CITAÇÃO. POSSIBILIDADE. DIREITO SUBJETIVO.
EXEGESE DO ART. 53 DA LEI N. 8.212/1991. PERDA DO OBJETO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Nos
termos do art. 53 da Lei n. 8.212/91, “Na execução judicial da dívida ativa da União, suas

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autarquias e fundações públicas, será facultado ao exequente indicar bens à penhora, a qual
será efetivada concomitantemente com a citação inicial do devedor.” 2. O requerimento de
constrição em concomitância com a citação insculpida no art. 53 da Lei n. 8.212/91 visa assegurar
maior celeridade aos feitos executivos, rendendo espaço a importantes alterações promovidas
no Processo de Execução, restabelecendo o princípio de que “a execução deve ser feita no
interesse do credor”, sem que implique revogação dos dispositivos da Lei n. 6.830/80 - Lei de
Execuções Fiscais ou do CPC. 3. A possibilidade de indicação de bens a penhora pelo credor
não retira do executado a possibilidade de comprovar a onerosidade sofrida pela constrição
efetuada. Exegese do art. 620 do CPC. 4. A Fazenda Nacional não enseja burlar a citação válida
e proceder penhora antes de sua efetivação, pois o requerimento é para que a constrição ocorra
concomitantemente, o que encontra amparo no art. 53 da Lei n. 8.212/91. 5. As alegações da
agravante, de que já houve a citação e oferta de bens a penhora, e que a exigibilidade do crédito
encontra-se suspensa, são matérias fáticas a ser examinadas pela Corte de origem, quando
do retorno dos autos à Instância a quo, o que rechaça o argumento de perda de objeto do
especial, pois subsiste a tese jurídica trazida a esta Corte para análise: possibilidade de o credor
indicar bens a penhora e requerer sua efetiva realização em concomitância com a citação
valida. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 195.657/BA, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/10/2012, DJe 24/10/2012)”.

Letra e. Correta (gabarito), conforme o entendimento sufragado pelo STJ no seguinte REsp representativo
da controvérsia:

“PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C,


DO CPC. PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DO EXECUTADO. EXECUÇÃO FISCAL.
PENHORA DO FATURAMENTO DA EMPRESA APÓS A OCORRÊNCIA DE LEILÃO NEGATIVO
DO BEM ANTERIORMENTE PENHORADO. NOVOS EMBARGOS. POSSIBILIDADE. DISCUSSÃO
ADSTRITA AOS ASPECTOS FORMAIS DA PENHORA. ARTIGO 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO
CPC. EXCLUSÃO DA MULTA IMPOSTA. SÚMULA 98/STJ. 1. A anulação da penhora implica
reabertura de prazo para embargar, não assim o reforço ou a redução, posto permanecer
de pé a primeira constrição, salvo para alegação de matérias suscitáveis a qualquer tempo
ou inerente ao incorreto reforço ou diminuição da extensão da constrição. 2. É admissível o
ajuizamento de novos embargos de devedor, ainda que nas hipóteses de reforço ou substituição
da penhora, quando a discussão adstringir-se aos aspectos formais do novo ato constritivo 3. A
penhora supostamente irregular é, hodiernamente, matéria passível de alegação em embargos,
o que, outrora, reclamaria simples pedido. 4. A aplicação subsidiária do Código de Processo Civil
(conjugada à inexistência de normatização em contrário na lex specialis) autoriza a aplicação
da aludida exegese aos embargos de devedor, intentados no âmbito da execução fiscal, os
quais se dirigem contra a penhora de 20% (vinte por cento) do faturamento da empresa, que
se realizou após resultarem negativos os leilões sobre o bem anteriormente penhorado, não se
mantendo, portanto, a constrição inicialmente efetivada. 5. In casu, restou noticiado na inicial
dos embargos do devedor que: “A Fazenda do Estado de São Paulo propôs Execução Fiscal,

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amparada nas Certidões da Dívida Ativa nº 108.280.810 e 108.139.667, referentes a suposta


dívida fiscal relativa ao Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços declarado e não
pago. Após a sua citação, foi efetuada a penhora sobre bem da empresa, ao que se seguiu
a oposição de embargos à execução, julgados improcedentes, cujo trânsito em julgado já foi
verificado. Em função da realização de leilões em que não houve licitantes, a Fazenda do Estado
requereu a penhora sobre o faturamento da empresa, o que foi deferido até o limite de 20%
(vinte por cento) do seu montante, contra qual foi interposto agravo de instrumento perante o
E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Processo nº 166.037-5/9), que se encontra em
fase de embargos declaratórios visando o necessário prequestionamento para interposição de
recursos aos Tribunais Constitucionais em face do v. acórdão que manteve o ‘decisum’.Tendo
sido lavrado o competente auto no dia 04 de setembro p.p., se insurge, agora, a Embargante,
mediante a oposição destes embargos, dada a manifesta ilegalidade de sua realização.” 6.
Consequentemente, não se revelam intempestivos os embargos de devedor ajuizados no
trintídio que sucedeu a intimação da penhora de 20% (vinte por cento) sobre o faturamento da
empresa, medida constritiva excepcional, cuja aplicação reclama o atendimento aos requisitos
da (i) comprovação de inexistência de outros bens passíveis de penhora, (ii) nomeação de
administrador (ao qual incumbirá a presentação das formas de administração e pagamento) e
(iii) fixação de percentual que não inviabilize a atividade econômica empresarial. [...] 9. Recurso
especial provido para que, uma vez ultrapassado o requisito da intempestividade, o Juízo
Singular prossiga na apreciação dos embargos do devedor que se dirigem contra a penhora
do faturamento da empresa, devendo ser excluída a multa por embargos procrastinatórios.
Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp
1116287/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/12/2009, DJe 04/02/2010)”.

GABARITO: LETRA “E“

7. Assinale a alternativa correta acerca do tratamento normativo e jurisprudencial conferido à


cobrança dos créditos tributários federais de baixo valor:

a) O Procurador da Fazenda Nacional requererá a extinção da execução fiscal de débito


com a Fazenda Nacional cujo valor seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
desde que não conste nos autos garantia, integral ou parcial, útil à satisfação do crédito.

b) A existência, nos autos da execução em curso, de garantia, seja integral ou parcial, útil
à satisfação do crédito, é irrelevante para a análise da viabilidade do prosseguimento da
execução fiscal de pequeno valor.

c) Arquivada a execução fiscal em razão do diminuto montante do débito executado, pode


ela ser reativada caso este posteriormente venha a alcançar o limite mínimo de R$ 20.000,00
(vinte mil reais), ainda que decorridos mais de cinco anos a contar do arquivamento do

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processo.

d) A normativa da Portaria MF nº 75/2012, especialmente o limite mínimo de R$ 20.000,00


(vinte mil reais) ali previsto para o não ajuizamento ou prosseguimento das execuções
fiscais, não se aplica aos executivos fiscais promovidos pelas autarquias federais e pelos
conselhos regionais de fiscalização profissional.

e) O limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) aplica-se às execuções fiscais relativas a débitos
decorrentes de multa criminal.

COMENTÁRIO

É importante ao candidato do certame da PGFN ler e ter conhecimento das disposições dos arts. 20 e
20-A da Lei nº 10.522/02, atualizados e complementados pela Portaria MF nº 75, de 22 de março de
2012, a qual prevê, dentre outras providências, importantes regras acerca da inscrição em dívida ativa
e do ajuizamento de execuções fiscais relativas a débitos considerados de baixo valor no âmbito da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Letra a. Incorreta. A teor do art. 20 da Lei 10.522/2002, alterada pela Lei 11.033/2004, serão arquivados,
sem baixa na distribuição, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União
pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior
a R$ 10.000,00 (dez mil reais). A portaria nº 75 do Ministério da Fazenda, editada em 22/03/2012, trouxe
atualização deste valor, passando a determinar o não ajuizamento ou o arquivamento de execuções
fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00.
Conforme o art. 2º da Portaria MF nº 75/2012, preenchidos os respectivos pressupostos, compete ao
Procurador da Fazenda responsável requerer o arquivamento do feito, sem baixa na distribuição, e não
a extinção do processo, até porque possível a reativação do processo, dentro do prazo prescricional
intercorrente, uma vez superado o limite mínimo de R$ 20.000,00 (vinte mil reais): “Art. 2º O Procurador
da Fazenda Nacional requererá o arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos
com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
desde que não ocorrida a citação pessoal do executado e não conste dos autos garantia útil à satisfação do
crédito. Parágrafo único. O disposto no caput se aplica às execuções que ainda não tenham sido esgotadas
as diligências para que se considere frustrada a citação do executado”.

Letra b. Incorreta, pois a existência de garantia, integral ou parcial, útil à satisfação do crédito cobrado na
execução fiscal, ainda que de valor inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) impõe o regular prosseguimento
desta, até porque, verificada a hipótese, o arquivamento dos autos representaria verdadeiro retrocesso à
marcha executiva e à satisfação do crédito público, vez que aí bastaria a realização dos atos expropriatórios
relativamente ao bem objeto da anterior garantia. Tal ressalva, como visto, consta da parte final do art.
2º da Portaria MF nº 75/2012 (Art. 2º O Procurador da Fazenda Nacional requererá o arquivamento, sem
baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja
igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), desde que não ocorrida a citação pessoal do executado e

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não conste dos autos garantia útil à satisfação do crédito”).

Letra c. Incorreta, pois ainda que se faculte a reativação do processo arquivado em razão do pequeno
valor do débito exequendo (Lei nº 10.522/2002, art. 20, §1º - “Os autos de execução a que se refere este
artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados”), a retomada da
marcha processual deve ocorrer dentro dos 5 anos subsequentes ao arquivamento. Raciocínio inverso
implicaria em eternizar a execução fiscal, autorizando a retomada de seu curso ainda que passados
muitos anos do momento em que foi arquivada. Nesse sentido:

“[...] Ainda que a execução fiscal tenha sido arquivada em razão do pequeno valor do débito
executado, sem baixa na distribuição, nos termos do art. 20 da Lei 10.522/2002, deve ser
reconhecida a prescrição intercorrente se o processo ficar paralisado por mais de cinco anos
a contar da decisão que determina o arquivamento, pois essa norma não constitui causa
de suspensão do prazo prescricional. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. A
mesma razão que impõe à incidência da prescrição intercorrente quando não localizados o
devedor ou bens penhoráveis – impedir a existência de execuções eternas e imprescritíveis –,
também justifica o decreto de prescrição nos casos em que as execuções são arquivadas em
face do pequeno valor dos créditos executados. O § 1º do art. 20 da Lei 10.522/02 - que permite
sejam reativadas as execuções quando ultrapassado o limite legal – deve ser interpretado em
conjunto com a norma do art. 40, § 4º, da LEF – que prevê a prescrição intercorrente -, de
modo a estabelecer um limite temporal para o desarquivamento das execuções, obstando assim
a perpetuidade dessas ações de cobrança. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n.º 08/2008. (REsp 1102554/MG, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/05/2009, DJe 08/06/2009)”.

Letra d. Correta (gabarito). Conforme jurisprudência do STJ, as disposições da Lei 10.522/02, na redação
da Portaria MF nº 75/2012, tendo em conta o caráter específico de tais diplomas, destinam-se apenas às
execuções fiscais encabeçadas pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, não se aplicando àquelas
em que figurem como exequentes as autarquias federais ou os conselhos de fiscalização profissional:

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO


PROFISSIONAL. DÉBITOS COM VALORES INFERIORES A R$ 10.000,00. ARQUIVAMENTO SEM
BAIXA. IMPOSSIBILIDADE. ARTIGO 20, DA LEI 10.522/02. INAPLICABILIDADE. LEI 12.514/11.
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO, SUJEITO AO REGIME DO
ARTIGO 543-C, DO CPC. 1. Recurso especial no qual se debate a possibilidade de aplicação do
artigo 20 da Lei 10.522/02 às execuções fiscais propostas pelos Conselhos Regionais de Fiscalização
Profissional. 2. Da simples leitura do artigo em comento, verifica-se que a determinação nele
contida, de arquivamento, sem baixa, das execuções fiscais referentes aos débitos com valores
inferiores a R$ 10.000,00 (dez mil reais) destina-se exclusivamente aos débitos inscritos como
dívida ativa da União, pela Procuradoria da Fazenda Nacional ou por ela cobrados. 3. A
possibilidade/necessidade de arquivamento do feito em razão do valor da execução fiscal foi
determinada pela Lei 10.522/02, mediante critérios específicos dos débitos de natureza tributária

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cuja credora é a União, dentre os quais os custos gerados para a administração pública para
a propositura e o impulso de demandas desta natureza, em comparação com os benefícios
pecuniários que poderão advir de sua procedência. 4. Não há falar em aplicação, por analogia, do
referido dispositivo legal aos Conselhos de Fiscalização Profissional, ainda que se entenda que as
mencionadas entidades tenham natureza de autarquias, mormente porque há regra específica
destinada às execuções fiscais propostas pelos Conselhos de Fiscalização Profissional, prevista
pelo artigo 8º da Lei n. 12.514/2011, a qual, pelo Princípio da Especialidade, deve ser aplicada no
caso concreto. 5. A submissão dos Conselhos de fiscalização profissional ao regramento do artigo
20 da Lei 10.522/02 configura, em última análise, vedação ao direito de acesso ao poder judiciário
e à obtenção da tutela jurisdicional adequada, assegurados constitucionalmente, uma vez que
cria obstáculo desarrazoado para que as entidades em questão efetuem as cobranças de valores
aos quais têm direito. 6. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do artigo 543-C, do
CPC. (REsp 1363163/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
11/09/2013, DJe 30/09/2013)”. “DIREITO PÚBLICO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. EXECUÇÃO FISCAL. ARQUIVAMENTO. ART. 20 DA LEI N. 10.522/2002. IBAMA.
AUTARQUIA FEDERAL. PROCURADORIA-GERAL FEDERAL. INAPLICABILIDADE. 1. Ao apreciar
o Recurso Especial 1.363.163/SP (Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJe 30/9/2013), interposto
pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo - CRECI - 2ª Região,
a Primeira Seção entendeu que a possibilidade de arquivamento do feito em razão do diminuto
valor da execução a que alude o art. 20 da Lei n. 10.522/2002 destina-se exclusivamente aos
débitos inscritos como Dívida Ativa da União, pela Procuradoria da Fazenda Nacional ou por ela
cobrados. 2. Naquela assentada, formou-se a compreensão de que o dispositivo em comento,
efetivamente, não deixa dúvidas de que o comando nele inserido refere-se unicamente aos
débitos inscritos na Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por
ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). 3. Não se
demonstra possível, portanto, aplicar-se, por analogia, o referido dispositivo legal às execuções
fiscais que se vinculam a regramento específico, ainda que propostas por entidades de natureza
autárquica federal, como no caso dos autos. 4. Desse modo, conclui-se que o disposto no art.
20 da Lei n. 10.522/2002 não se aplica às execuções de créditos das autarquias federais cobrados
pela Procuradoria-Geral Federal. 5. Recurso especial provido para determinar o prosseguimento
da execução fiscal. Acórdão submetido ao regime estatuído pelo art. 543-C do CPC e Resolução
STJ 8/2008. (REsp 1343591/MA, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
11/12/2013, DJe 18/12/2013)”.

Letra e. Incorreta. Conforme a Súmula nº 521 do STJ “A legitimidade para a execução fiscal de multa
pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda
Pública”. Nesse sentido, é comum que tais valores, na hipótese de cobrança pela PGFN (isto é, quando
oriundos de condenações decorrentes de algum dos segmentos do judiciário da União), sejam de baixo
valor, o que mesmo assim não impede a propositura da execução, até por conta da própria função da
pena. Nesse sentido a previsão do §1º do art. 1º da Portaria MF nº 75/2012: “§ 1º Os limites estabelecidos

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no caput não se aplicam quando se tratar de débitos decorrentes de aplicação de multa criminal”.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

8. Julgue os itens a seguir, à luz da Lei que estatuiu as Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal (Lei nº 4.320/64) e das disposições constitucionais aplicáveis, assinalando a
assertiva correta:

a) Conforme o Princípio da Unidade, previsto na Lei nº 4.320/64, o orçamento das unidades


federativas deverá se concentrar em um único documento.

b) Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de
dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas.

c) Os créditos adicionais constituem-se em autorizações de despesa não computadas ou


insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento, dependendo sua abertura da existência de
recursos disponíveis para o seu custeio.

d) Os créditos especiais, espécies do gênero “créditos adicionais”, se destinam a atender


despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica e terão vigência adstrita
ao exercício financeiro em que forem abertos, não podendo a lei, nesse ponto, dispor em
sentido contrário.

e) Conforme disposto na Lei nº 4.320/64, os tributos são espécies de receitas originárias.

COMENTÁRIO

a) De fato, o Princípio da Unidade está previsto na Lei nº 4.320/64, mais precisamente em seu Art. 2º, a
par dos Princípios da Universalidade e da Anualidade. Contudo, a definição apresentada na assertiva está
equivocada, pois a unidade “não se refere a uma unidade documental, mas de orientação política” (LEITE,
Harrison. Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 70). Assim,

com o fito de se evitar diversos orçamentos, o que baralharia sua fiscalização, o legislador
achou por bem que os entes federativos, independentemente da complexidade de sua
organização, devam elaborar apenas um orçamento, ainda que vertido em mais de um
documento, ou em subdivisões, como ocorre com a lei orçamentária anual, que comporta
três suborçamentos, quais sejam, o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o
orçamento de investimento (art. 165, §5, da CF), mas nem por isso desrespeita a unidade da

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orçamentação (LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 70).

b) A assertiva corresponde ao disposto no Art. 36 da Lei n.º 4320/64. Conforme Ricardo Damasceno de
Almeida e Marcelo Jucá Lisboa,

Restos a pagar são as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro,
logo, são restos a pagar as despesas de um exercício (pois neste são empenhadas),
mas que serão pagas em um exercício subsequente. Segundo a definição de MISABEL
ABREU MACHADO DERZI, “restos a pagar são as despesas orçamentárias ainda não pagas,
computadas no exercício e transferidas, depois de relacionadas, para a conta de restos a
pagar (exercício seguinte) com saldo existente no dia 31 de dezembro.” (Comentários à Lei de
Responsabilidade Fiscal, Coord. Ives Gandra da Silva Martins e Carlos Valder do Nascimento,
3ª Ed., p. 317) [...] Direito Financeiro: Lei nº 4320/1964, 2ª Ed., pág 168.

Não esquecer que, quando passa a integrar o orçamento do ano seguinte, a despesa, antes considerada
orçamentária, passa a ser considerada extraorçamentária.

c) A primeira parte da assertiva está correta, trazendo o conceito de crédito orçamentário previsto no Art.
40 da Lei nº 4.320/64. Contudo, está equivocada ao tratar as três espécies de créditos orçamentários da
mesma forma no que se refere à necessidade de indicação de recursos disponíveis para o seu custeio.
Isso porque o Art. 43 da Lei nº 4.320/64 menciona a existência de recursos disponíveis como requisito
somente para os casos de abertura de créditos suplementares e especiais, mas não para os créditos
extraordinários, do que se depreende que sua indicação, nesse caso, é facultativa.

d) As duas primeiras orações da assertiva estão corretas, conforme Art. 41, II, da Lei nº 4.320/64. Contudo,
o enunciado ignorou a parte final do disposto no Art. 45 da mesma Lei, segundo o qual “os créditos
adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição
legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários”.

No ponto, não esquecer a previsão do Art. 167, §2º, da CF, segundo a qual:

Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem


autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento
do exercício financeiro subsequente.

e) A assertiva está incorreta, pois, na dicção do Art. 9º da Lei nº 4320/64, “tributo é a receita derivada
instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos
termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinado-se o seu produto ao custeio
de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades”.

Sobre a distinção entre receitas originárias e derivadas, transcrevo os ensinamentos de Ricardo Damasceno
de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, segundo os quais as receitas originárias (também chamadas de
patrimoniais ou de direito privado).

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são as auferidas pelo Estado em decorrência da exploração do patrimônio público e sem o


exercício do seu poder soberano, no qual o Estado atua como particular por meio da exploração
de atividades privadas, tais como preços públicos, alugueis de imóveis e inversões financeiras,
exploração de loterias, royaltys da exploração de energia elétrica, petróleo, mineração etc.
(Direito Financeiro: lei nº 4320/64, 2ª Ed., pág. 95).

Já as receitas derivadas

são as provenientes do patrimônio de particulares em razão do exercício do poder de tributar,


por parte do Estado, os rendimentos e patrimônio da coletividade, impostas coercitivamente
aos cidadãos em decorrência do poder de império do Estado, tais como a cobrança de
tributos [...].(Direito Financeiro: lei nº 4320/64, 2ª Ed., pág. 97)

Por fim, observem que o referido artigo tratou os tributos como se a eles correspondessem apenas três
espécies. Referida disposição deve ser lida à luz do entendimento atual do Supremo Tribunal Federal,
segundo o qual temos, hoje, 5 (e não 3) espécies de tributo: impostos, taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios e contribuições especiais (teoria pentapartida).

GABARITO: LETRA “B“

9. Acerca das disposições constantes da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000 - LRF) e à luz
da disciplina constitucional vigente quanto às leis orçamentárias, julgue os itens a seguir:

I. O anexo de metas fiscais, que integrará a Lei Orçamentária Anual, conterá, dentre
outros aspectos, demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três
exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos
da política econômica nacional.

II. Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que
as atenderão, constarão da Lei Orçamentária Anual, sendo que o refinanciamento da dívida
pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.

III. A Lei de Diretrizes Orçamentárias não é uma inovação da Constituição Federal de 1988.

IV. A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

a) Nenhum dos itens acima está correto.

b) Apenas um dos itens acima está correto.

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c) Apenas dois dos itens acima estão corretos.

d) Apenas três dos itens acima estão corretos.

e) Todos os itens acima estão corretos.

COMENTÁRIO

Elaborei essa questão para ver se vocês estão afiados quanto às três espécies de Leis Orçamentárias: Plano
Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). Não tenham
dúvidas de que elas serão objeto de cobrança. Portanto, leiam e releiam as disposições da Constituição
e da LRF sobre o tema!

Item I: A assertiva está incorreta, pois o Anexo de Metas Fiscais, conforme Art. 4º, §1º, e §2º, II, da LRF,
integrará a LDO, e não a LOA.

No ponto, o STF, quanto do julgamento da Medida Cautelar requerida na ADI 2238, já se manifestou no
sentido de que “[...] O inciso II do § 2º do art. 4º apenas obriga Estados e Municípios a demonstrarem a
viabilidade das metas programadas, em face das diretrizes traçadas pela política econômica do Governo
Federal (políticas creditícia e de juros, previsões sobre inflação, etc.), o que não encontra óbice na
Constituição. [...]”

Item II: O item está correto, representando a conjugação do disposto nos §§ 1º e 2º do Art. 5º da LRF.

Sobre a dívida pública, não esquecer que:

è Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre a dívida
pública (Art. 48, II, da CF);

è Dispor sobre dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais
entidades controladas pelo Poder Público, é matéria reservada à Lei Complementar (Art. 163, II, da
CF);

è Compete privativamente ao Senado Federal fixar, por proposta do Presidente da República,


limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios (Art. 52, VI, da CF).

Item III: O item está errado, vez que a LDO surgiu no Brasil por meio da Constituição Federal de 1988. O
mesmo pode ser dito com relação ao PPA. Nas lições de Sérgio Mendes,

A Constituição Federal de 1988 recuperou a figura do planejamento na Administração Pública


brasileira, com a integração entre plano e orçamento por meio da criação do Plano Plurianual
e da Lei de Diretrizes Orçamentárias. O PPA, assim como a LDO, é uma inovação da CF/1988.
Antes do PPA e da CF/1988, existiam outros instrumentos de planejamento estratégico,
como o Orçamento Plurianual de Investimentos (OPI), com três anos de duração, o qual não

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se confunde com o PPA, que possui quatro anos de duração (Administração Financeira e
Orçamentária, 2ª Ed., 2011, pág 37).

Item IV: A assertiva está correta, conforme Art. 165, §1º, da CF (a seção específica sobre a LDO, prevista
na redação original da LRF, foi vetada).

Conforme Sérgio Mendes,

O PPA deve ser elaborado de forma regionalizada. Um grande desafio do planejamento é


promover, de maneira integrada, oportunidades de investimentos que sejam definidas a partir
das realidades regionais e locais, levando a um desenvolvimento mais equilibrado entre as
diversas regiões do País. [...] O papel do Plano Plurianual nesse contexto é o de implementar
o necessário elo entre o planejamento de longo prazo e os orçamentos anuais (grifei)”
(Administração Financeira e Orçamentária, 2ª Ed., 2011, pág 38).

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

10. Julgue os itens a seguir, à luz da disciplina constitucional e da jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal:

I. Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios legislar


concorrentemente sobre direito econômico.

II. A chamada constituição econômica não se resume às disposições constantes do Título


VII da Constituição Federal, podendo ser verificada em diversos outros tópicos da Lei Maior.

III. A cassação de registro especial para a fabricação e comercialização de cigarros, em


virtude de descumprimento de obrigações tributárias por parte da empresa constitui
inadmissível sanção política.

IV. A norma constitucional segundo a qual “a lei estabelecerá o estatuto jurídico da


empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços”
não se aplica às empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais)
que prestam serviço público.

a) Nenhum dos itens acima está correto.

b) Apenas um dos itens acima está correto.

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c) Apenas dois dos itens acima estão corretos.

d) Apenas três dos itens acima estão corretos.

e) Todos os itens acima estão corretos.

COMENTÁRIO

Item I: Está errado, pois os Municípios não legislam sobre direito econômico de forma concorrente com
a União, os Estados e o Distrito Federal, nos moldes do Art. 24, I, da CF. Porém, no ponto, cabe lembrar
que os Municípios podem, sim, legislar sobre Direito Econômico, seja para tratar de assuntos de interesse
local, seja para suplementar a legislação federal ou estadual, naquilo que couber (Art. 30, I e II da CF).

Nesse contexto, transcrevo a Súmula Vinculante nº 38, cujo enunciado foi recentemente aprovado: “É
competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.”

Aproveito o ensejo para alertá-los também sobre a recente aprovação do Enunciado de Súmula
Vinculante nº 49, cujo tema foi tratado na rodada 1 deste Curso: “Ofende o princípio da livre concorrência
lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área”.

Item II: O item está correto. Trata-se de uma adaptação de questão cobrada em concurso de ingresso no
Ministério Público Federal (20º Concurso).

Segundo as lições de Leonardo Vizeu,

Por Constituição Econômica entende-se toda a normatização que o texto constitucional


dedica à matéria econômica. A Constituição Econômica pode ser entendida tanto em sentido
material, quanto em sentido formal, adotando-se, por analogia, a teoria de classificação
das constituições quanto ao conteúdo. Por Constituição Econômica material entende-se
todas as normas de extração constitucional que versem sobre matéria econômica, estejam
ou não disciplinadas em capítulo próprio. Por sua vez, a Constituição Econômica formal se
traduz no título ou capítulo específico, dedicado exclusivamente à Ordem Econômica (Direito
Econômico para Concursos, 2011, pág 38).

Item III: O item está errado, por contrariar decisão tomada pelo Plenário do STF ao julgar o Recurso
Extraordinário nº 550.769/RJ. Por reputar esse julgamento (embora não unânime e cuja decisão ainda não
transitou em julgado) de extrema importância para ambos os concursos (AU e PFN), transcrevo, abaixo,
trecho relevante do Informativo nº 707 do STF:

Preponderou o voto do Min. Joaquim Barbosa, relator e Presidente. Salientou, inicialmente,


precedentes da Corte no sentido da proibição constitucional às sanções políticas. Asseverou
que essa orientação não serviria, entretanto, de escusa ao deliberado e temerário desrespeito
à legislação tributária. Não haveria se falar em sanção política se as restrições à prática

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3ª RODADA - 05/08/2015

de atividade econômica combatessem estruturas empresariais que se utilizassem


da inadimplência tributária para obter maior vantagem concorrencial. Assim, para
ser reputada inconstitucional, a restrição ao exercício de atividade econômica deveria ser
desproporcional.

Atenção! No caso, foi admitida a aplicação de penalidade por descumprimento a legislação tributária em
razão de previsão legal específica e em atenção ao postulado da livre concorrência, deixando bem claro,
contudo, se tratar de caso diverso daqueles tratados nas Súmulas 70, 323 e 547 do STF (que também
são de extrema importância para os concursos. Por isso, leiam!).

Item IV: A assertiva está correta, correspondendo à interpretação unânime conferida ao Art. 173, §1º, da
Constituição, pelo Plenário do STF.

Segue a ementa da ADI 1642/MG (grifei a parte mais importante):

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ALÍNEA “d” DO INCISO XXIII DO ARTIGO


62 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. APROVAÇÃO DO PROVIMENTO,
PELO EXECUTIVO, DOS CARGOS DE PRESIDENTE DAS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA INDIRETA ESTADUAL PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO
DISPOSTO NO ARTIGO 173, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DISTINÇÃO ENTRE EMPRESAS
ESTATAIS PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO E EMPRESAS ESTATAIS QUE DESENVOLVEM
ATIVIDADE ECONÔMICA EM SENTIDO ESTRITO. REGIME JURÍDICO ESTRUTURAL E REGIME
JURÍDICO FUNCIONAL DAS EMPRESAS ESTATAIS. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL.
INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO. 1. Esta Corte em oportunidades anteriores
definiu que a aprovação, pelo Legislativo, da indicação dos Presidentes das entidades da
Administração Pública Indireta restringe-se às autarquias e fundações públicas, dela excluídas
as sociedades de economia mista e as empresas públicas. Precedentes. 2. As sociedades de
economia mista e as empresas públicas que explorem atividade econômica em sentido
estrito estão sujeitas, nos termos do disposto no § 1º do artigo 173 da Constituição do
Brasil, ao regime jurídico próprio das empresas privadas. 3. Distinção entre empresas
estatais que prestam serviço público e empresas estatais que empreendem atividade
econômica em sentido estrito 4. O § 1º do artigo 173 da Constituição do Brasil não se
aplica às empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais) que
prestam serviço público. 5. A intromissão do Poder Legislativo no processo de provimento
das diretorias das empresas estatais colide com o princípio da harmonia e interdependência
entre os poderes. A escolha dos dirigentes dessas empresas é matéria inserida no âmbito do
regime estrutural de cada uma delas. 6. Pedido julgado parcialmente procedente para dar
interpretação conforme à Constituição à alínea “d” do inciso XXIII do artigo 62 da Constituição
do Estado de Minas Gerais, para restringir sua aplicação às autarquias e fundações públicas,
dela excluídas as empresas estatais, todas elas.

GABARITO: LETRA “C“

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3ª RODADA - 05/08/2015

11. À luz do que dispõe o Art. 173 da Constituição Federal, segundo o qual a “lei reprimirá o abuso
do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros”, e tendo por base a legislação correlata, assinale a única assertiva
incorreta:

a) Com a instituição de um novo sistema brasileiro de defesa da concorrência, através


da Lei n.º 12.529/11, é possível dizer que o campo de atuação do CADE foi ampliado, eis
que a referida autarquia, além de poderes judicantes, agora também é dotada de poderes
instrutórios.

b) Na aplicação das penas estabelecidas na nova Lei Antitruste, o grau de lesão (ou perigo de
lesão) à economia nacional será levado em consideração, conforme previsão legal expressa.

c) Conforme regramento vigente, serão submetidos ao CADE pelas partes envolvidas na


operação os atos de concentração econômica em que, cumulativamente: I - pelo menos
um dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento
bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente
ou superior a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais); e II - pelo menos um outro
grupo envolvido na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual
ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a
R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais).

d) Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for
capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando
controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual
ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia.

e) A conquista do mercado relevante, quando resultante de processo natural fundado na


maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores, não caracteriza o
ilícito previsto no inciso II do Artigo 36 da Lei Antitruste.

COMENTÁRIO

a) A assertiva está correta. Na vigência da Lei n.º 8.884/94 (Arts. 13 e 14), a instrução dos procedimentos
administrativos cabia à Secretaria de Direito Econômico, órgão integrante da estrutura do Ministério
da Justiça. Com a reestruturação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, a competência para
instruir os procedimentos administrativos passou a ser da Superintendência Geral, órgão que integra a
estrutura do Cade (Arts. 5º, II, e 13, V) e que não existia na vigência da antiga Lei Antitruste.

b) A assertiva está correta, na medida em que o Art. 45 da Lei n.º 12.529/11, ao tratar da aplicação das
penas no âmbito do SBDC, prevê expressamente, em seu inciso V, que o grau de lesão à economia
nacional será levado em consideração. Tal disposição está em consonância, sobretudo, com a previsão

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do parágrafo único do Art. 1º do referido diploma legal, segundo o qual “a coletividade é a titular dos
bens jurídicos protegidos por esta Lei”.

c) A assertiva estaria correta, não fosse a edição, em 2012, da Portaria Interministerial nº 994, que aumentou
os valores para 750.000.000,00 (setecentos e cinquenta milhões de reais) e 75.000.000,00 (setenta e cinco
milhões de reais), respectivamente, nas hipóteses dos incisos I e II do Art. 88 da Lei nº 12.529/11.

A alteração dos valores através de Portaria Interministerial (Ministros da Fazenda e da Justiça) encontrou
guarida na previsão constante do §1º do Art. 88 da referida Lei, segundo o qual: “os valores mencionados
nos incisos I e II do caput deste artigo poderão ser adequados, simultânea ou independentemente, por
indicação do Plenário do Cade, por portaria interministerial dos Ministros de Estado da Fazenda e da
Justiça”.

d) A assertiva está correta, na medida em que corresponde ao preceito do Art. 36, §2º, da Lei nº 12.529/11.
Cabe anotar que referida regra é semelhante à constante da antiga Lei Antitruste (Lei nº 8.884/94), que
previa o mesmo percentual (20%), mas continha redação um pouco diversa.

e) A assertiva está correta, à luz do Art. 36, §1º, da Lei nº 12.529/11. Assim, é possível afirmar que “dominar
mercado relevante de bens ou serviços” nem sempre se constituirá em infração contra a ordem econômica.

Sobre as infrações contra a ordem econômica, não esquecer que:

è Independem de culpa; e

è O alcance dos efeitos nocivos previstos nos incisos do Art. 36 da Lei nº 12.529/11 não é
condição para a caracterização da infração.

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

12. Acerca dos contratos administrativos e das licitações públicas, assinale o item correto:

a) Compete ao agente ou setor técnico da administração declarar que o objeto licitatório


é de natureza comum para efeito de utilização da modalidade pregão e definir se o objeto
corresponde a obra ou serviço de engenharia, sendo atribuição do órgão jurídico analisar o
devido enquadramento da modalidade licitatória aplicável.

b) Serviços a serem executados de forma contínua poderão ter a sua duração prorrogada
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas
para a administração, limitada a setenta meses.

c) A negativa de desapropriação em contrato de construção de obra constitui espécie de

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3ª RODADA - 05/08/2015

interferência imprevista no contrato.

d) O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a


terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato. No entanto, a fiscalização
ou o acompanhamento pelo órgão interessado pode reduzir essa responsabilidade.

e) Não se admite antecipação de pagamento em contrato administrativo, em nenhuma


hipótese.

COMENTÁRIO

O erro do item “b”, nos termos do art. 57, II, da Lei 8.666/93 está no prazo mencionado, o qual é limitado
a 60 meses, e não 70 como afirmado.

Com relação ao item “c”, as interferências imprevistas constituem situações que existem ao tempo da
celebração do contrato, mas que só podem ser descobertas ao tempo da execução. São exemplos as
irregularidades no solo, o que acaba alterando as despesas do contrato. Nesse contexto, a negativa de
desapropriação não pode ser classificada como interferência imprevista, mas como fato da administração,
que corresponde àquelas situações que configuram uma atuação estatal direta e específica, atingindo
o contrato de forma direta. Referida negativa acaba atingindo a construção da obra, que necessita da
área desapropriada para ser executada, e, por consequência, o objeto principal do contrato. Portanto,
incorreto o item “c”.

Com relação ao item “d”, o art. 70 da Lei 8.666/1993 dispõe que o contratado é responsável pelos danos
causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo
órgão interessado. Portanto, incorreto o item “d”.

Com relação ao item “e”, embora a vedação de antecipação de pagamento seja a regra, a Orientação
Normativa nº 37 da AGU traz algumas situações específicas em que a antecipação pode ser admitida:

ON nº 37 da AGU

“A ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO SOMENTE DEVE SER ADMITIDA EM SITUAÇÕES


EXCEPCIONAIS, DEVIDAMENTE JUSTIFICADA PELA ADMINISTRAÇÃO, DEMONSTRANDO-SE A
EXISTÊNCIA DE INTERESSE PÚBLICO, OBSERVADOS OS SEGUINTES CRITÉRIOS: 1) REPRESENTE
CONDIÇÃO SEM A QUAL NÃO SEJA POSSÍVEL OBTER O BEM OU ASSEGURAR A PRESTAÇÃO
DO SERVIÇO, OU PROPICIE SENSÍVEL ECONOMIA DE RECURSOS; 2) EXISTÊNCIA DE PREVISÃO
NO EDITAL DE LICITAÇÃO OU NOS INSTRUMENTOS FORMAIS DE CONTRATAÇÃO DIRETA; E
3) ADOÇÃO DE INDISPENSÁVEIS GARANTIAS, COMO AS DO ART. 56 DA LEI Nº 8.666/93, OU
CAUTELAS, COMO POR EXEMPLO A PREVISÃO DE DEVOLUÇÃO DO VALOR ANTECIPADO
CASO NÃO EXECUTADO O OBJETO, A COMPROVAÇÃO DE EXECUÇÃO DE PARTE OU ETAPA
DO OBJETO E A EMISSÃO DE TÍTULO DE CRÉDITO PELO CONTRATADO, ENTRE OUTRAS.”

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3ª RODADA - 05/08/2015

Assim, incorreto o item “e”.

O item correto, portanto, é o “a”. O art. 1º da Lei 10.520/2002, que dispõe acerca do pregão, prescreve
que essa modalidade de licitação pode ser adotada para aquisição de bens e serviços comuns. O
enquadramento do bem para fins de utilização da modalidade pregão como comum não cabe ao órgão
jurídico que analisa a minuta do edital de licitação e o respectivo contrato, mas ao setor técnico competente
da Administração. Ressalta-se também que quando a licitação envolver obra ou serviço de engenharia,
algumas regras específicas deverão ser observadas. Exemplo disso é a necessidade de que haja nos autos
Projeto Básico e Executivo da obra aprovado pela autoridade competente. Conforme entendimento da
AGU plasmado na ON nº 54 abaixo colacionada, a definição como obra de engenharia também cabe ao
órgão técnico competente da Administração.

ON Nº 54 da AGU

“COMPETE AO AGENTE OU SETOR TÉCNICO DA ADMINISTRAÇÃO DECLARAR QUE O OBJETO


LICITATÓRIO É DE NATUREZA COMUM PARA EFEITO DE UTILIZAÇÃO DA MODALIDADE
PREGÃO E DEFINIR SE O OBJETO CORRESPONDE A OBRA OU SERVIÇO DE ENGENHARIA,
SENDO ATRIBUIÇÃO DO ÓRGÃO JURÍDICO ANALISAR O DEVIDO ENQUADRAMENTO DA
MODALIDADE LICITATÓRIA APLICÁVEL.”

GABARITO: LETRA “A“

13. Acerca da estrutura e funcionamento da Advocacia-Geral da União, do Ministério da Fazenda


e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a
alternativa correta:

I. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional é o órgão jurídico do Ministério da Fazenda,


diretamente subordinado ao Ministro de Estado, dirigido pelo Procurador-Geral da Fazenda
Nacional e tem por finalidade privativa representar a Fazenda Nacional nos Conselhos
de Contribuintes, Superior de Tarifa, de Terras na União e noutros órgãos de deliberação
coletiva, conforme o prevejam as leis e regulamentos, e nos atos e instrumentos previstos
no Decreto-Lei nº 147/1967, quando não se reservar ao Ministro de Estado tal atribuição.

II. Os pareceres do Advogado-Geral da União são por este submetidos à aprovação do


Presidente da República. O parecer aprovado e publicado juntamente com o despacho
presidencial vincula a Administração Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados
a lhe dar fiel cumprimento. Entretanto, o parecer aprovado, mas não publicado, obriga
apenas as repartições interessadas, a partir do momento em que dele tenham ciência.

III. Não é competência da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional exercer a representação


e promover a defesa e o controle dos interesses da Fazenda Nacional nas sociedades de
economia mista e outras entidades de cujo capital participe o Tesouro Nacional.

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3ª RODADA - 05/08/2015

IV. Na defesa dos direitos ou interesses da União, os órgãos ou entidades da Administração


Federal fornecerão os elementos de fato, de direito e outros necessários à atuação dos
membros da AGU, inclusive nas hipóteses de mandado de segurança, habeas data e habeas
corpus impetrados contra ato ou omissão de autoridade federal. Estas requisições terão
tratamento preferencial e serão atendidas no prazo nelas assinalado.

V. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional constitui órgão de execução da Advocacia-


Geral da União.

a) Somente os itens I e II estão corretos.

b) Somente os itens II e IV estão corretos.

c) Somente os itens III e V estão incorretos.

d) Somente os itens I e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

COMENTÁRIO

O item I está de acordo com o art. 1º, IV, do Decreto-Lei nº 147/1967.

Quanto ao item II, ele está correto, nos termos do art. 40, §1º e §2º, da LC nº 73/1993.

O item III está incorreto, nos termos que prevê o art. 10, XII, do Decreto-Lei nº 147/1967.

O item IV está de acordo com o art. 4º, e seu §1º, da Lei 9.028/1995. Inclusive, o não atendimento desta
requisição gera responsabilização nos termos da Lei 8.112/1990.

Com relação ao item V, ele está incorreto, já que a PGFN constitui órgão de direção superior da AGU,
e não de execução como afirmado (art. 2º, I, “a”, da LC nº 73/1993). Relembro aqui o quadro que já foi
trabalhado no CEI-AGU para auxiliar a memorização:

Composição da Advocacia-Geral da União


Órgão de assistência direta e
Órgãos de direção superior Órgãos de execução imediata ao Advogado-Geral da
União

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3ª RODADA - 05/08/2015

Advogado-Geral da União Procuradorias Regionais da União e


da Fazenda Nacional e Procuradorias
Procuradoria-Geral da União e a da da União e da Fazenda Nacional
Fazenda Nacional nos Estados e no Distrito Federal e
Consultoria-Geral da União Procuradorias Seccionais destas Gabinete do Advogado-Geral da
Consultoria da União, Consultorias União
Conselho Superior da Advocacia-Geral
da União Jurídicas dos Ministérios, da Secretaria-
Geral e das demais Secretarias da
Corregedoria-Geral da Advocacia da Presidência da República e do Estado-
União Maior das Forças Armadas

Assim, estão corretos os itens I, II e IV, e incorretos os itens III e V. Portanto, a alternativa correta é a letra C.

GABARITO: LETRA “C“

14. Acerca das autarquias, assinale o item correto:

a) A OAB, por estar voltada a finalidade exclusivamente corporativa, constitui espécie de


conselho de fiscalização profissional, razão pela qual tem natureza jurídica de autarquia.

b) A qualificação de uma autarquia como executiva é perene.

c) Somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição de autarquia, empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.

d) Quanto ao regime jurídico, a Agência Nacional de Energia Elétrica pode ser classificada
como autarquia sob regime especial.

e) Alguns doutrinadores classificam como autarquias territoriais aquelas criadas no âmbito


do Distrito Federal, como decorrência da autonomia deste ente.

COMENTÁRIO

Com relação ao item “a”, o STF reconheceu a natureza jurídica de autarquia aos conselhos de fiscalização
profissional no julgamento da ADI nº 1.717. No entanto, no julgamento da ADI nº 3.026, o Tribunal
excepcionou a OAB dos demais conselhos de fiscalização profissional. Para o Tribunal, a OAB constitui
serviço público independente, não integrando a Administração Indireta, e não estando sujeita às restrições
ínsitas às autarquias, como o controle orçamentário, financeiro, operacional e patrimonial exercido pelo
TCU. No entender do Tribunal, a Ordem dos Advogados do Brasil possui natureza jurídica de autarquia
“sui generis”. Portanto, incorreto o item “a”.

Com relação ao item “b”, lembra-se que as agências executivas nada mais são do que velhas autarquias
e fundações que estão sucateadas, e executam um plano de reestruturação para readquirir eficiência.

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Para tanto, necessitam de maior liberdade (autonomia) e recursos públicos, razão pela qual celebram
com a administração direta um contrato de gestão para implementar esse plano de reestruturação (cujos
requisitos vem elencados na Lei 9.649/1998). Dentre os principais requisitos trazidos pela Lei está: ter um
plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; e ter celebrado
contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor. A qualificação como agência executiva será feita
em ato do Presidente da República. Acerca dos contratos de gestão a serem celebrados, o §1º do art. 52
lembra que “os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão celebrados com periodicidade mínima
de um ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade,
bem como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento”.
Assim, a qualificação como agência executiva é temporária, e não perene como afirmado. Ela decorre da
celebração do contrato de gestão junto ao Ministério supervisor, a fim de conferir à autarquia meios para
que implemente seu plano de reestruturação. Findo esse contrato, ela volta a ser uma autarquia comum.
Portanto, incorreto o item “b”.

Quanto ao item “c”, ele está incorreto, conforme redação do art. 37, XIX, da Constituição Federal, abaixo
colacionada:

Art. 37. XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação;

O item “e” também está incorreto. A classificação em autarquias territoriais, tratada por alguns autores,
refere-se às autarquias formadas pelos territórios federais, pessoas jurídicas de direito público, criadas
pela Constituição Federal para administrar áreas do território nacional que não possuam condições
socioeconômicas de serem Estados-membros.

Assim, o item correto é o “d”. De acordo com o regime jurídico, classificam-se como autarquias sob
regime especial aquelas sujeitas a uma disciplina jurídica especial, caracterizada pela atribuição de certas
prerrogativas. Nesse sentido, são espécies as agências reguladoras (como a ANEEL), cujo regime especial
corresponde a uma maior autonomia e liberdade que desfrutam em relação aos entes da Administração
Direta, embora permaneçam sujeitas à supervisão ministerial, tais como: função diferenciada, de
normatizar, regulamentar e fiscalizar as diversas atividades; investidura especial dos dirigentes, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação prévia do Senado Federal; mandado fixo dos dirigentes; e
autonomia financeira.

GABARITO: LETRA “D“

15. Acerca da Lei de Acesso à Informação, assinale o item incorreto:

a) Como regra geral, deve-se conceder acesso à documentação constante de processo


administrativo disciplinar que ainda esteja em curso, ainda que o interessado não seja parte
no processo.

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3ª RODADA - 05/08/2015

b) Aplicam-se as disposições da Lei de Acesso à Informação, no que couber, às entidades


privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público,
recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de
gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.

c) Não pode a Administração impor exigências relativas aos motivos determinantes da


solicitação de informações de interesse público.

d) Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa
de direitos fundamentais. Além disso, as informações ou documentos que versem sobre
condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou
a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.

e) São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto,


passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam
prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do
País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos
internacionais.

COMENTÁRIO

O item “b” está de acordo com o art. 2º da Lei 12.527/2011.

Com relação ao item “c”, ele está de acordo com o que prevê o art. 10, §3º, da Lei.

Quanto ao item “d”, corresponde à redação do art. 21, e parágrafo único, da Lei.

Já o item “e”, corresponde à redação do art. 23, II.

O item incorreto, portanto, é o “a”. O art. 7º, §3º, da 12.527/2011, ressalta que o direito de acesso aos
documentos ou às informações neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato
administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo. Ressalta a CGU em seu Manual
de Processo Administrativo Disciplinar (Manual de Processo Administrativo Disciplinar, Controladoria-Geral
da União - CGU. Brasília. 2015. p. 120) que todo processo disciplinar em andamento consubstancia uma
sequência de atos que culminarão na tomada de decisão em relação à responsabilidade administrativa
sobre determinado fato, razão pela qual os procedimentos dessa natureza, quando em curso, incluem-se
na hipótese ali prevista. Assim, quando os procedimentos correcionais estiverem tramitando não há de
se falar em publicidade geral e irrestrita, de modo que, como regra geral, não se deve conceder acesso
à documentação constante de processo administrativo disciplinar que ainda esteja em curso. De outro
norte, uma vez concluído o processo disciplinar, ou seja, com a edição de seu julgamento, deixa de
subsistir a situação que justifica a negativa de acesso a seu conteúdo, não devendo a Administração opor
restrição ao acesso de conteúdo de processo disciplinar já concluído por parte de quem assim solicitar.

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3ª RODADA - 05/08/2015

GABARITO: LETRA “A“

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

16. Sobre o direito internacional da navegação aérea, assinale a alternativa correta:

a) A Convenção de Chicago de 1944 é o principal tratado internacional sobre aviação


civil, que regula por completo a matéria, inclusive no que toca à responsabilidade civil do
transportador.

b) A Convenção de Chicago de 1944 se aplica a aeronaves civis e estatais.

c) As aeronaves têm a nacionalidade do Estado em que sediados ou residentes os seus


proprietários.

d) É possível que uma aeronave tenha mais de uma nacionalidade.

e) Nenhuma aeronave, capaz de navegar sem piloto, poderá sobrevoar sem piloto o
território de um Estado sem autorização especial do citado Estado e de conformidade com
os termos da mesma autorização.

COMENTÁRIO

A alternativa “a” está errada, porque, em que pese a Convenção de Chicago de 1944 possa ser apontada
como o principal tratado internacional sobre aviação civil, o tema referente à responsabilidade civil do
transportador é tratado em outro diploma internacional, qual seja, a Convenção de Varsóvia de 1929.

Também errada a alternativa “b”, ao passo que o artigo 3º, alínea “a”, da Convenção de Chicago dispõe
que a referida Convenção só se aplica a aeronaves civis e não a governamentais.

Noutro giro, o artigo 17 da Convenção de Chicago afirma que as aeronaves “terão a nacionalidade do
Estado em que estejam registradas” e, na sequência, o artigo 18 dita que “nenhuma aeronave poderá
registrar-se legalmente em mais de um Estado”, ou seja, equivocadas as assertivas das alíneas “c” e “d”.

Por fim, correta a alternativa “e”, que transcreve o conteúdo do artigo 8º da Convenção de Chicago.

GABARITO: LETRA “E“

17. Sobre a proteção internacional dos direitos humanos, assinale a alternativa incorreta:

a) A Carta da ONU não criou órgãos especificamente voltados a promover a observância


dos direitos humanos, tampouco definiu o conceito de direitos humanos.

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3ª RODADA - 05/08/2015

b) Qualquer pessoa pode apresentar petição individual diretamente à Corte Interamericana


de Direitos Humanos.

c) O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, têm a forma de tratado internacional e criaram
mecanismos de monitoramento dos direitos humanos, por meio da ONU.

d) A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em


Nova Iorque, em 2007, é o único tratado internacional de direitos humanos que, até o
momento, em razão do seu processo de ratificação, possui equivalência com as emendas
constitucionais.

e) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, possui a forma de resolução da


Assembleia Geral da ONU e não criou órgão responsável por zelar pelos direitos que o seu
texto estabelece.

COMENTÁRIO

Correta a alternativa “a”, dado que a carta da ONU não criou órgãos especificamente voltados a promover
a observância dos direitos humanos e, como leciona Valerio Mazzuoli1, não conceituou o que vem a ser
direitos humanos.

A alternativa incorreta e que, portanto, deveria ser assinalada como resposta, é a da alínea “b”, uma vez
que, nos termos do artigo 61 da Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 (Pacto de São
José da Costa Rica) “somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão
da Corte”. Com efeito, é a Comissão – e não a Corte – Interamericana de Direitos Humanos que pode
receber diretamente petições veiculadas por particulares (“pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização” – artigo 44
da Convenção).

Certa a alternativa “c”, pois os Pactos de Nova Iorque, de 1966, além de se tratarem de tratados internacionais,
criaram:

(...) mecanismos de monitoramento dos direitos humanos, por meio da Organização das
Nações Unidas, a exemplo dos relatórios temáticos (ou reports) em que cada Estado relata à
ONU o modo pelo qual está implementando os direitos humanos no país, e das comunicações
interestatais, em que um dos Estados-partes no acordo alega que outro Estado-parte incorreu ou
está incorrendo internamente em violação de direitos humanos consagrados pelo compromisso
firmado entre ambos.2

1 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.
948.
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 961.

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3ª RODADA - 05/08/2015

Também correta a alternativa “d”, pois não há, até o momento, outro tratado de direitos humanos –
além da referida Convenção de Nova Iorque – que tenha sido ratificado pelo procedimento previsto no
parágrafo 3º do artigo 5º da Constituição Federal de 1988.

Por fim, certa a alternativa “e”, visto que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, efetivamente
foi editada como resolução da Assembleia Geral da ONU e, como ensina Mazzuoli:

(...) não encerrou além do que direitos substanciais, não tendo instituído qualquer órgão
internacional com competência para zelar pelo cumprimento dos direitos que o seu texto
estabelece.3

GABARITO: LETRA “B“

18. Sobre nacionalidade e naturalização, assinale a alternativa correta:

a) São brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,


exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral.

b) Podem ser naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na


República Federativa do Brasil há mais de dez anos ininterruptos e sem condenação penal,
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

c) Aos portugueses com residência permanente no Brasil, se houver reciprocidade em favor


de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos
em lei.

d) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua


naturalização, por decisão do Ministro da Justiça, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional.

e) Não é possível a perda da nacionalidade pelo brasileiro nato.

COMENTÁRIO

Singela questão sobre nacionalidade e naturalização que poderia ser toda resolvida com base na
literalidade do art. 12 da Constituição Federal.

Correta a alínea “a”, que transcreve o disposto no art. 12, II, “a”, da Constituição.

No mais, os equívocos das outras alternativas são os seguintes:

Alternativa “b”: residência ininterrupta por mais de quinze (e não dez) anos no Brasil (art. 12, II, “b”, da CF);

3 Ibidem, p. 951.

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3ª RODADA - 05/08/2015

Alternativa “c”: salvo os casos previstos na Constituição e não em lei (art. 12, § 1º, da CF);

Alternativa “d”: naturalização cancelada por sentença judicial e não por decisão do Ministro da Justiça (art.
12, § 4º, I, da CF);

Alternativa “e”: é possível a perda da nacionalidade pelo brasileiro nato caso esse venha a adquirir outra
nacionalidade, nos termos e observadas as exceções do inciso II, do parágrafo 4º do art. 12 da Constituição.

GABARITO: LETRA “A“

19. Sobre a solução de conflitos internacionais, assinale a alternativa correta:

a) A conciliação consiste na ajuda de terceiro Estado para a solução pacífica de um litígio


internacional.

b) A mediação é método solene de solução de controvérsias pelo qual uma comissão de


mediadores, composta por representantes dos Estados envolvidos no litígio e pessoas
neutras, emite parecer propondo a solução do conflito.

c) Todos os membros das ONU, a fim de contribuir para a manutenção da paz e da


segurança internacionais, devem proporcionar ao Conselho de Segurança, a seu pedido e de
conformidade com o acordo ou acordos especiais, forças armadas, assistência e facilidades,
inclusive direitos de passagem.

d) É vedado aos Estados que não sejam membros da ONU acionar o Conselho de Segurança
ou a Assembleia Geral da mesma organização para intervir em uma controvérsia em que
sejam parte.

e) O uso de força armada para a solução de conflitos internacionais por determinação do


Conselho de Segurança da ONU deverá ser aprovado pela Assembleia Geral da mesma
organização internacional.

COMENTÁRIO

As alternativas “a” e “b” invertem entre si os conceitos de conciliação e de mediação. Assim, o conceito de
mediação é aquele posto na alínea “a”, enquanto a definição de conciliação se encontra na assertiva “b”.
Ambas alternativas incorretas, portanto.

A alternativa “c” é a correta, tratando-se de transcrição do conteúdo do parágrafo 1 do artigo 43 da Carta


das Nações Unidas.

Adiante, incorreta a alternativa “d”, visto que o artigo 35, parágrafo 2, da Carta da ONU dispõe que:

Um Estado que não for Membro das Nações Unidas poderá solicitar a atenção do Conselho de

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3ª RODADA - 05/08/2015

Segurança ou da Assembléia Geral para qualquer controvérsia em que seja parte, uma vez que
aceite, previamente, em relação a essa controvérsia, as obrigações de solução pacífica previstas
na presente Carta.

Por fim, incorreta a alternativa “e”, dado competir ao Conselho de Segurança da ONU, independentemente
de manifestação da Assembleia Geral, decidir sobre o uso de força armada para a solução de conflito
internacional, como se denota do artigo 42 e seguintes da carta da ONU. In verbis:

Artigo 42. No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo
41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar a efeito, por meio de forças
aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e
a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras
operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

20. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência dos títulos de crédito:

I. No que se refere à forma de transferência ou circulação dos títulos de crédito, é correto


afirmar que os títulos nominais com cláusula não à ordem circulam mediante cessão civil
seguida de tradição.

II. Os títulos de crédito contêm obrigações quesíveis.

III. O endosso e o aval constituem declarações cambiárias facultativas com finalidades


distintas: enquanto o primeiro visa à transferência do título, podendo ou não implicar em
responsabilidade pelo adimplemento, o segundo visa garantir o seu pagamento.

IV. Quanto ao modelo, os títulos de crédito podem ser classificados como “livres” ou
“vinculados”, sendo a duplicata exemplo deste último.

a) Apenas a assertiva I está correta.

b) Apenas a assertiva II está correta.

c) Apenas as assertivas I e II estão corretas.]

d) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.

e) Todas as assertivas estão corretas.

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3ª RODADA - 05/08/2015

COMENTÁRIO

Item I: A assertiva está correta, eis que o título nominal, conforme André Luiz Santa Cruz Ramos, “indica
expressamente o seu titular, ou seja, o credor”. Daí podemos perceber porque não basta a mera tradição
para a adequada circulação do título. Há uma pessoa identificada na cártula. Logo, a circulação demanda
um ato formal e complementar, a ser praticado por essa pessoa ou por quem a represente. Ensina o
referido autor que: “nos títulos nominais com cláusula à ordem, esse ato formal é o endosso, típico do
regime jurídico cambial (Art. 910 do Código Civil). Já nos títulos nominais com cláusula “não à ordem”
esse ato formal é a cessão civil de crédito, a qual, como o próprio nome já indica, submete-se ao regime
jurídico civil”. (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2012, pág 438).

Item II- A assertiva está correta. Conforme explica Marlon Tomazette,

Como o devedor não tem certeza de quem é o atual credor do título [em razão da possibilidade
de circulação], nada mais lógico do que exigir que o credor o apresente, para poder exigir
o seu pagamento. Diante da necessidade de apresentação do documento ao devedor, é
óbvio que o título de crédito contém uma obrigação quesível, no sentido de que cabe ao
credor dirigir-se ao devedor para exigir o cumprimento da obrigação. (Curso de Direito
Empresarial: Títulos de Crédito. Vol. 2, 4ª Ed., pág 20).

Item III- A assertiva está correta, conforme lições de Marlon Tomazette abaixo transcritas:

O aval é uma declaração cambiária facultativa, que torna o declarante responsável pelo
pagamento do título. Neste particular, há uma semelhança com o endosso, que também é
uma declaração cambial facultativa, que torna o endossante, em regra, devedor do título.
Apesar dessa semelhança, é certo que estamos diante de institutos completamente distintos.
Ambos têm finalidade distinta, vale dizer, o endosso visa a transferir a propriedade do título,
já o aval visa garantir o pagamento desse título. Outrossim, a assunção de responsabilidade
também os difere, na medida em que a responsabilidade do endossante decorre da lei, já a
do avalista de um ato de vontade. Além disso, quem endossa pode não assumir obrigação
nenhuma (endosso sem garantia), já quem avaliza sempre assumirá obrigação [...](Curso de
Direito Empresarial: Títulos de Crédito. Vol. 2, 4ª Ed., págs 139-140).

Item IV: A assertiva está correta. Conforme o magistério de Marlon Tomazette,

Nos títulos vinculados, há um padrão exigido para a emissão do documento, ou seja, não
basta que o documento possua todas as indicações previstas em lei, é necessário que o
documento siga um modelo padronizado, sob pena de não ter qualquer valor como título de
crédito. São exemplos de títulos vinculados: o cheque e a duplicata, cujos modelos são
estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional. De outro lado, temos os títulos chamados
livres, nos quais não há um modelo aprovado, de modo que qualquer documento que atenda
aos requisitos legais pode ser considerado como título de crédito. São exemplos de títulos
livres: a letra de câmbio e a nota promissória. (págs 67/68).

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3ª RODADA - 05/08/2015

GABARITO: LETRA “E“

21. Assinale a alternativa incorreta acerca legislação falimentar brasileira e sua intepretação
jurisprudencial:

a) É desnecessário o prévio ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com


fundamento na impontualidade do devedor.

b) É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação


judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou
da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

c) As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos
termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação
judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos no Código Tributário Nacional, ocasião
em que as microempresas e empresas de pequeno porte farão jus a prazos 20% (vinte por
cento) superiores àqueles regularmente concedidos às demais empresas.

d) Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo
administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa
falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização
judicial.

e) A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações, ordenará a


intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e
de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem
conhecimento da falência. A mesma providência deve ser tomada pelo juízo quando do
deferimento do processamento da recuperação judicial.

COMENTÁRIO

a) A assertiva está correta, conforme manifestação da Terceira Turma do STJ, que, citando precedentes da
4ª Turma, em decisão noticiada em seu informativo de jurisprudência n.º 547, decidiu que:

DIREITO EMPRESARIAL. HIPÓTESES AUTÔNOMAS DE PEDIDO DE FALÊNCIA.

É desnecessário o prévio ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com


fundamento na impontualidade do devedor. Isso porque o art. 94, I e II, da Lei de Falências (Lei
11.101/2005) prevê a impontualidade e a execução frustrada como hipóteses autônomas de falência,
não condicionando a primeira à segunda. Precedentes citados: REsp 1.079.229-SP, Quarta Turma, DJe
12/6/2014; e AgRg no Ag 1.073.663-PR, Quarta Turma, DJe 10/2/2011. REsp 1.354.776-MG, Min. Rel.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014.

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No ponto, cabe mencionar que a impontualidade injustificada e a execução frustrada (previstas,


respectivamente, nos incisos I e II do Art. 94 da Lei º 11.101/205) configuram hipóteses diferentes
e autônomas entre si, de modo que não é dado ao julgador exigir que o título executivo protestado
apto a embasar o pedido de falência por impontualidade injustificada seja objeto de prévia tentativa de
recebimento mediante processo de execução.

b) A assertiva está correta, à luz do Art. 3º da Lei nº 11.101/2005. Mas, afinal, qual o critério para definir
qual é o principal estabelecimento?

André Luiz Santa Cruz Ramos, citando jurisprudência do STJ e o enunciado nº 465 do CJF, alerta que para
o direito falimentar, a correta noção de principal estabelecimento está ligada ao aspecto econômico: é o
local onde o devedor concentra o maior volume de negócios, o qual, frise-se, muitas vezes não coincide
com o local da sede da empresa ou do seu centro administrativo (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª
Ed., 2011, pág 622).

c) A assertiva está correta, reproduzindo o conteúdo do Art. 68 e parágrafo único da Lei de Falências
e Recuperação Judicial. A concessão de prazos 20% maiores para as Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte foi incluída na legislação falimentar através da Lei Complementar nº 147 de 2014, ou
seja, constitui recente inovação legislativa, em atenção ao postulado normativo constante do Art. 179 da
Constituição Federal.

d) A assertiva estaria correta, não fosse a atribuição ao Juízo da competência para autorizar o cumprimento
dos contratos bilaterais pelo administrador judicial. Isso porque a Lei de Falências, em seu Art. 117, confere
tal atribuição ao Comitê de Credores, e não ao Poder Judiciário. Regra idêntica está prevista no Art. 118,
com relação aos contratos unilaterais. No ponto, observar que o rol do Art. 27, que trata das atribuições
do Comitê de Credores, é exemplificativo, e não taxativo.

e) A assertiva está correta, na medida em que reproduz, respectivamente, as regras constantes dos Arts.
99, XIII, e 52, V, da Lei de Falências. Por estarem prestando concurso para ingresso na Advocacia Pública,
recomendo que deem especial atenção aos dispositivos que mencionam a Fazenda Pública, pois as
chances de serem cobrados são enormes.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO CIVIL

22. De acordo com a teoria geral dos contratos, julgue as alternativas a seguir.

I. Os contratos aleatórios são caracterizados pelo fato de que a prestação de uma das
partes, no momento da celebração do negócio jurídico, não é conhecida com exatidão,
dependendo de um evento futuro e incerto.

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II. O preceito do “duty to mitigate the loss” consiste no dever imposto ao credor de
mitigar as perdas sofridas pelo devedor, sendo consequência direta do princípio da boa-fé
subjetiva.

III. A “supressio” consiste nos casos nos quais o decurso do tempo permite concluir o
surgimento de uma posição jurídica, arrimada na regra da boa-fé.

IV. A “surrectio” consiste na redução do conteúdo de determinada obrigação, em virtude da


inércia de umas das partes em exercer suas faculdades ou direitos, gerando na contraparte
legítima expectativa.

V. O contrato, como instrumento típico de direito pessoal, gera efeitos entre os


pactuantes, na luz do princípio da relatividade dos efeitos contratuais que, no entanto,
admite exceções, de modo que é possível afirmar que os contratos também produzem
efeitos perante terceiros.

a) I e III estão corretas.

b) II e V estão corretas.

c) III e IV estão corretas.

d) I e V estão corretas.

e) II e III estão corretas.

COMENTÁRIO

Contrato aleatório é o contrato oneroso, sujeito a evento futuro e incerto, no qual a prestação assumida
por uma das partes submete-se a uma álea, ou seja, a um fator desconhecido (sorte, por exemplo),
podendo resultar em perdas ou lucros para as partes envolvidas.

Os contratos aleatórios podem ser:

(i) emptio spei – art. 458, CC (venda da esperança; a probabilidade de existir), abrange o risco sobre a
existência da própria coisa, sendo ajustado um preço, que será devido na totalidade ao alienante, ainda
que a coisa não venha a existir, salvo se o risco assumido pelo devedor se cumprir por dolo ou culpa do
credor. Ex: contrato de venda de colheita futura.

(ii) emptio rei speratae – art. 459, CC (venda da coisa esperada), o risco versa sobre a quantidade
exata da coisa, pois a partes fixaram um mínimo como quantidade do objeto, logo, o risco é menor. O
vendedor também terá direito ao preço ajustado, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior
a esperada, desde que não concorra com culpa. Se a coisa não vier a existir, não há alienação, lodo o

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credor deve restituir o preço recebido. Ex: contrato de venda de colheita futura.

Portanto, o item “I” está correto.

Segundo a doutrina o preceito do duty to mitigate the loss consiste em dever imposto ao credor de
mitigar suas perdas, isto é, seus prejuízos. Portanto, o item “II” está incorreto.

Destaque-se o Enunciado n. 169, da III Jornada de Direito Civil, segundo o qual, “o princípio da boa-fé
objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.

Importante consignar que o dever de mitigar o próprio prejuízo, é dever anexo ao contrato, derivado da
boa conduta que deve existir entre os negociantes.

Nas palavras de Flávio Tartuce4 “a supressio (Verwirkung) significa a supressão, por renúncia tácita, de um
direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos”. E continua o autor
“Ao mesmo tempo em que o credor perde um direito por essa supressão, surge um direito a favor do
devedor, por meio da surrectio (Erwirkung), direito este que não existia juridicamente até então, mas
que decorre da efetividade social, de acordo com os costumes. Em outras palavras, enquanto a supressio
constitui a perda de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu não exercício no tempo; a surrectio é
o surgimento de um direito diante de práticas, usos e costumes”. Exemplo: o pagamento feito de forma
reiterada em local diverso do pactuado – art. 330, CC. Logo, os itens III e IV estão incorretos, uma vez que
houve inversão nos conceitos apresentados.

De acordo com o Princípio da relatividade dos contratos, este somente vincula aqueles que dele participam
(res inter alios), logo, quem não é parte na relação contratual não pode exigir seu cumprimento, nem ser
compelido a cumprir o contrato. No entanto, o referido princípio encontra exceções no ordenamento
jurídico vigente, razão pela qual é possível afirmar que os terceiros podem sofrer seus efeitos. Exemplos:
estipulação em favor de terceiro; promessa de fato de terceiro; contrato com pessoa a declarar. Logo, o
item “V” está correto.

GABARITO: LETRA “D“

23. Sobre os institutos da prescrição e decadência, assinale a alternativa correta.

a) A contagem do prazo decadencial tem início no momento em que surge o direito, não
se interrompe, nem se suspende, em razão do decurso do tempo, podendo ser reconhecida,
de ofício, pelo juiz.

b) Ocorrendo a prescrição opera-se a extinção da pretensão, ou seja, do direito por ela


representado, de modo que aquele que paga dívida prescrita pode pleitear, judicialmente,
a devolução da quantia já paga.

c) Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
4 Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume único. GEN. Edição 2015. Pág. 500.

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prazos previstos na lei. Assim sendo, a pretensão ressarcitória nasce concomitantemente ao


surgimento da lesão ao direito.

d) As partes não podem estabelecer prazo decadencial, uma vez que a decadência tem
sede legal. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Ainda, a decadência é causa de
extinção dos direitos potestativo.

e) A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, recomeçando a


correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
No prazo prescricional em curso não há direito adquirido.

COMENTÁRIO

A decadência deve ser compreendida como sendo a perda de um direito em razão da ausência do seu
exercício. O início da contagem do prazo decadencial se dá com o surgimento do direito, admitindo,
quando previsto em lei, a aplicação das normas que impedem, suspendem ou interrompem a
prescrição - art. 207, CC.

A decadência legal deve ser reconhecida de ofício pelo juiz, no entanto, “se a decadência for convencional,
a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a
alegação” – art. 211, CC.

Logo, a alternativa “A” está incorreta.

O Código Civil de 2002 adotou a tese de da prescrição da pretensão, ou seja, pode-se dizer que a
prescrição é uma pena de natureza civil, que se aplica ao negligente que não exerce seu direito de exigir,
em juízo, a sua pretensão, isto é, a prestação devida, em um determinado lapso temporal. Assim sendo,
o direito em si permanece incólume, entretanto, não mais terá proteção jurídica para solucioná-lo.

Destarte, a dívida prescrita, isto é, a obrigação natural, é inexigível, de modo que não gera direito a um
cumprimento. Desta forma, tem-se uma obrigação na qual não há o elemento responsabilidade, mas o
débito continuará existindo, logo, é possível o seu adimplemento voluntário, entretanto, “não se pode
repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível” - art.
822, CC.

Portanto, a alternativa “B” está incorreta.

O Superior Tribunal de Justiça entende que a teoria da actio nata pressupõe a ciência inequívoca da
lesão e do responsável pelo ilícito, razão por que “o surgimento da pretensão ressarcitória não se
dá necessariamente no momento em que ocorre a lesão ao direito, mas sim quando o titular do direito
subjetivo violado obtém plena ciência da lesão e de toda a sua extensão, bem como do responsável
pelo ilícito, inexistindo, ainda, qualquer condição que o impeça de exercer o correlato direito de ação
(pretensão). Compreensão conferida à teoria da actio nata (nascimento da pretensão) [...] (REsp 1347715/
RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 04/12/2014).

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Portanto, a alternativa “C” está incorreta.

Segundo o Código Civil, temos que “se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode
alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação” – art. 211, CC. Desta forma,
a decadência pode ser legal ou convencional, neste caso será definida por acordo entre as partes. Além
dos direitos potestativos, importante lembrar que a decadência prejudica as ações constitutivas. Portanto,
a alternativa “D” está incorreta.

Dispõe o Código Civil que “a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
[...] Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do
último ato do processo para a interromper” - Art. 202.

É juridicamente possível que a legislação altere os prazos prescricionais em curso, ampliando-os


ou reduzindo-os, de modo que não há direito adquirido na prescrição ainda em curso, ou seja, não
consumada. Nesse sentido, tomemos como exemplo a norma do art. 2.028 do Código Civil, que consigna
que “serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em
vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada”.

Portanto, a alternativa “E” está correta.

GABARITO: LETRA “E“

24. Quanto às pessoas jurídicas, julgue as alternativas a seguir:

I. O Código Civil em vigor, segundo a doutrina majoritária, adotou a teoria da realidade


técnica ou jurídica, para explicar o fenômeno da pessoa jurídica.

II. O registro da pessoa jurídica tem natureza jurídica constitutiva de direito. O direito de
anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro, decai em três anos.

III. De acordo com o Código Civil, a desconsideração da personalidade jurídica reclama a


ocorrência de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, e a demonstração da intenção
fraudulenta dos sócios. É necessária a propositura de ação autônoma para requerer a
desconsideração.

IV. As associações são entidades de direito privado, com fins não econômicos, portanto,
não podem obter lucros. Tendo em vista o caráter personalíssimo da associação, o estatuto
não poderá instituir categorias com vantagens especiais.

V. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor tem a faculdade
de transferir a propriedade sobre os bens dotados, sendo, deste modo, retratável o ato de
instituição.

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a) I e II estão corretos.

b) I e IV estão corretos.

c) III e V estão corretos.

d) II e IV estão corretos.

e) II e III estão corretos.

COMENTÁRIO

O Código Civil brasileiro adotou a teoria da realidade técnica, para explicar a natureza jurídica das pessoas
jurídicas. Segundo a referida teoria a PJ teria existência e atuação social real (não é uma abstração),
embora a sua personalidade seja fruto da técnica jurídica. Assim, a PJ tem personalidade independente
de seus sócios.

Portanto, o item “I” está correto.

Como consequência da adoção da teoria da realidade técnica, podemos afirmar que o nascimento da
pessoa jurídica ocorre com o registro do ato de constituição no Registro Público competente, sendo
assim, o registro é ato de natureza constitutiva do direito, de modo que a partir dele admite-se falar
em aquisição de personalidade. Ver: art. 46 e parágrafo único, do CC.

Obs.: O registro de nascimento da pessoa natural tem natureza declaratória, pois a personalidade jurídica
é adquirida no nascimento com vida.

Portanto, o item “II” está correto.

A aplicação da teoria da desconsideração da pessoa jurídica ou teoria da penetração ou disregard


doctrine, tem amparo legal no art. 50, do CC – teoria maior, e exige a presença dos seguintes requisitos:
(i) requerimento da parte ou do MP; (ii) abuso de personalidade que se configura mediante (a) desvio de
finalidade ou (b) confusão patrimonial. Portanto, não tem como requisito a necessidade de demonstração
da intenção (dolo/culpa) dos sócios, isto porque o CC adotou viés objetivo para a caracterização do
abuso. O STJ entende que é desnecessário o ajuizamento de ação autônoma para a verificação da fraude
ou da confusão patrimonial. Portanto, o item “III” está incorreto.

Importante lembrar que a desconsideração afasta o princípio da separação patrimonial, na busca do


patrimônio dos administradores ou dos sócios da pessoa jurídica, não se trata, pois, de situação que
gera a extinção da personalidade jurídica.

Enunciados das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal

7 – Art. 50: Só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando houver a prática de


ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido.

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281 – Art. 50: A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil,
prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.

282 – Art. 50: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta
para caracterizar abuso da personalidade jurídica.

283 – Art. 50: É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada “inversa”


para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens
pessoais, com prejuízo a terceiros.

284 – Art. 50: As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-
econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.

285 – Art. 50: A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, pode ser invocada
pela pessoa jurídica, em seu favor.

406 - Art. 50: A desconsideração da personalidade jurídica alcança os grupos de sociedade


quando estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do Código Civil e houver prejuízo para
os credores até o limite transferido entre as sociedades.

Segundo o Código Civil “constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos” – art. 53. No entanto, é possível que a associação obtenha lucro no exercício de
sua atividade, sendo vedada, pela legislação, a repartição de lucros entre os associados. “As associações
podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa” – Enunciado n. 534, da
VI Jornada de Direito Civil. Portanto, o item “IV” está incorreto.

Por fim, dispõe o Código Civil em seu “art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto
poderá instituir categorias com vantagens especiais”. O caráter personalíssimo da associação refere-
se à qualidade de associado, que difere do direito de propriedade sobre a fração ideal da associação, que
se transfere ao herdeiro, caso haja previsão, nesse sentido, no título associativo.

“Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial
de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”
– art. 62, CC. Portanto, a fundação poderá ser constituída testamento ou por ato inter vivos, mediante
escritura pública, sendo, neste caso, irretratável, uma vez que “[...] o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela,
por mandado judicial” – art. 64, CC. Esse mandado judicial deve ser postulado pelo Ministério Público, a
quem incumbe zelar pelas fundações.

Portanto, o item “V” está incorreto.

GABARITO: LETRA “A“

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

25. Assinale a alternativa correta:

a) Saneado o feito, é possível a alteração dos elementos objetivos da demanda desde que
a existente concordância da parte ré.

b) A decisão que comina astreintes durante a fase de conhecimento faz coisa julgada,
impedindo posterior revisão no momento de sua execução.

c) É de 10 dias o prazo peremptório de que dispõe o autor da demanda para promover


à emenda da inicial que apresente defeitos ou irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito.

d) Ainda que não prequestionadas, admite-se, em recurso especial, a análise das chamadas
questões de ordem pública.

e) No tema da análise da presença das condições da ação, a jurisprudência do STJ filia-se


à teoria da asserção, segundo a qual a possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade e o
interesse de agir são aferidos “in status assertionis”.

COMENTÁRIO

Letra a. Incorreta, pois não é possível a modificação dos elementos objetivos da demanda (= pedido e
causa de pedir) após o saneamento do feito, conforme preconiza o parágrafo único do art. 264 do CPC:
“Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do
réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração
do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo”.
Deste modo, relativamente à alteração dos elementos objetivos da demanda (pedido e causa de pedir):

ANTES DA CITAÇÃO Possível, independentemente de concordância do réu.


APÓS A CITAÇÃO Possível, mas com a concordância do réu
APÓS O SANEAMENTO Não é possível

Letra b. Incorreta, pois conforme a jurisprudência do STJ:

“A decisão que comina astreintes não preclui, não fazendo tampouco coisa julgada. A
jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a multa cominatória não integra a coisa
julgada, sendo apenas um meio de coerção indireta ao cumprimento do julgado, podendo ser
cominada, alterada ou suprimida posteriormente” (Informativo nº 0539/2014, Segunda Seção,
REsp 1.333.988-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 9/4/2014); “A decisão
que arbitra a astreinte não faz coisa julgada material, pois ao magistrado é facultado impor

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3ª RODADA - 05/08/2015

essa coerção, de ofício ou a requerimento da parte, cabendo a ele, da mesma forma, a sua
revogação nos casos em que a multa se tornar desnecessária [...] É cabível exceção de pré-
executividade com objetivo de discutir matéria atinente à astreinte”. (REsp 1019455/MT, Rel.
Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 15/12/2011); “O
artigo 461, § 6º, do Código de Processo Civil permite que o magistrado exclua ou altere, de
ofício ou a requerimento da parte, a multa quando esta se tornar insuficiente, excessiva, ou
desnecessária, mesmo após transitada em julgado a sentença, não se observando a preclusão”.
(AgRg no AREsp 408.030/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 18/02/2014, DJe 24/02/2014).

Letra c. Incorreta, pois o prazo de 10 dias para a emenda da inicial previsto no art. 284 do CPC possui,
conforme entendimento do STJ, natureza dilatória:

“Para fins do disposto no art. 543-C, o prazo do art. 284 do Código de Processo Civil não é
peremptório, mas dilatório, ou seja, pode ser reduzido ou ampliado por convenção das partes ou
por determinação do juiz, nos termos do art. 181 do Código de Processo Civil” (REsp 1133689/PE,
Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/03/2012, DJe 18/05/2012).

Letra d. Incorreta. Para que o recurso especial seja conhecido é fundamental que a causa federal esteja
expressamente enfrentada no acórdão recorrido. Não é necessário, todavia, que a decisão recorrida
tenha feito referência expressa aos dispositivos legais que a parte entende violados. Com efeito, o que
importa é que o acórdão objeto do recurso tenha efetivamente apreciado a tese jurídica que depende da
compreensão do direito infraconstitucional federal. A atual jurisprudência do STJ, ademais, tem entendido
que a exigência do prequestionamento aplica-se inclusive às chamadas questões de ordem pública, em
regra cognoscíveis ex officio pelo juiz (p.ex.: prescrição, condições da ação), vedando assim sejam elas
conhecidas na instância especial à míngua do seu prequestionamento e enfrentamento na instância
ordinária:

“É firme o entendimento no âmbito do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que não


se pode conhecer, em sede de recurso especial, de matéria não prequestionada, ainda que
de ordem pública. [...] O entendimento de que é possível conhecer das questões de ordem
pública de ofício, ainda que não prequestionadas ou suscitadas, na excepcional hipótese de o
recurso especial ter sido conhecido por outros fundamentos, em razão do efeito translativo, foi
superado em nova análise pela Corte Especial, que concluiu pela necessidade do requisito do
prequestionamento na instância extraordinária” (AgRg nos EDcl no REsp 1469360/SP, Rel. MIN.
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/11/2014, DJe 26/11/2014)

Letra e. Correta (gabarito). Na linha da teoria eclética de Liebman, adotada pelo CPC brasileiro, o exercício
do exercício do direito de ação não é totalmente vinculado a uma sentença favorável (teoria concreta)
tampouco totalmente abstrato, senão exercido mediante o preenchimento das chamadas condições da
ação, quais sejam: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade ad causam (art. 267,
VI, do CPC). Uma distinção muito recorrente na jurisprudência e nas provas de concursos diz com o
momento processual adequado para que o juiz avalie a presença, ou não, dessas condicionantes que

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3ª RODADA - 05/08/2015

possibilitam ao autor obter um pronunciamento judicial quanto ao caso por ele apresentado. Por exemplo:
Demanda indenizatória na qual o autor aponta como ré, responsável assim pelo sinistro, determinada
pessoa. A inicial é recebida, reconhecendo-se, ao menos em juízo sumário, a legitimidade passiva do
demandado. Citado, este apresenta contestação e o processo é instruído, de modo que ao final da
instrução constata-se que o ocupante do polo passivo não concorreu para a causação do evento. Nesse
cenário, o juiz deve proferir sentença sem exame do mérito reconhecendo a ilegitimidade passiva ad
causam (art. 267, VI, do CPC) ou a questão é de mérito devendo ser julgado improcedente o pedido do
autor (art. 269, I, do CPC)? Duas correntes surgem sobre o tema: teoria da demonstração (o caso seria de
reconhecer a ilegitimidade passiva) e teoria da asserção (o caso seria de julgar improcedente o pedido),
que podem assim ser sistematizadas:

Teoria da Asserção ou Adstrição Teoria da Exposição ou Comprovação


- As condições da ação são analisadas, pelo juiz,
preliminarmente, apenas pelas afirmações ou assertivas
deduzidas pelo autor na inicial (ou, no caso de reconvenção,
pelo réu).
- As condições da ação devem ser demonstradas pela
- As simples afirmações das partes são suficientes para
parte, inclusive através de produção probatória.
preencher as condições da ação.
- Podem ser verificadas a qualquer momento.
- Somente no caso de absoluta discrepância, deve o magistrado
extinguir a demanda por carência de ação, não havendo, - Em havendo verificação superveniente da inexistência
inclusive, análise probatória superveniente da presença das de uma condição da ação (por ausência de prova nesse
condições. sentido), o processo será extinto sem resolução de mérito
(art. 267, V)
- Verificação posterior de ausência de condição da ação deve
ser resolvida no julgamento do mérito, improcedência do
pedido, fazendo coisa julgada material.

- Posição dominante

Anota-se, nesse sentido, que a jurisprudência majoritária do STJ tem seguido a teoria da asserção no que
tange ao exame das condições da condição, conforme se percebe dos julgados a seguir:

“CONDIÇÕES DA AÇÃO. PRECLUSÃO. TEORIA DA ASSERÇÃO. POSSIBILIDADE JURÍDICA.


LEGITIMIDADE PASSIVA. HONORÁRIOS CONTRATUAIS. [...] Como consabido, não há preclusão
em relação às condições da ação que, por se tratar de matéria de ordem pública, cognoscível
de ofício e insuscetível de preclusão, devem ser apreciadas pelo tribunal intermediário, ainda
que arguidas em sede recursal. Contudo, a qualificação pelo recorrente de uma defesa de
mérito como se condição da ação fosse não modifica sua natureza. Pela teoria da asserção, a
verificação das condições da ação é realizada com base nos fatos narrados na inicial”. (REsp
595.188-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 22/11/2011. Informativo nº 0502/2012);
“EMBARGOS INFRINGENTES. MATÉRIA FORMALMENTE PROCESSUAL. TEORIA DA ASSERÇÃO.
[...] Para a Min. Relatora, adotando a teoria da asserção, se, na análise das condições da ação,
o juiz realizar cognição profunda sobre as alegações contidas na petição, depois de esgotados
os meios probatórios, terá, na verdade, proferido juízo sobre o mérito da controvérsia” (REsp
1.157.383-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/8/2012).

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GABARITO: LETRA “E“

26. Considerando a jurisprudência dominante acerca do julgamento imediato das ações repetitivas
(art. 285-A, CPC), julgue os itens a seguir:

I. A aplicação do dispositivo pressupõe a existência da chamada dupla conformidade do


entendimento exposto na sentença de improcedência prima facie.

II. Pode o magistrado validamente deixar de reproduzir a sentença anteriormente


proferida e se limitar a mencionar a existência anterior de total improcedência do pedido
formulado pelo autor.

III. A apelação que impugna sentença liminar de improcedência possui efeito regressivo.
Ademais, interposta a apelação, deve o réu deve ser intimado para, querendo, apresentar
as suas contrarrazões.

a) Todas as assertivas estão corretas.

b) Nenhuma das assertivas está correta.

c) Apenas os itens I e III estão corretos.

d) Apenas o item I está correto.

e) Apenas os itens II e III estão corretos.

COMENTÁRIO

Item I. Correto. Como a previsão do art. 285-A foi concebida com vistas à racionalização e à economia
processuais, parte da doutrina nela concebe também a existência de um pressuposto implícito, qual
seja, a conformidade entre o entendimento do magistrado e aquele da instância superior. Do contrário,
de nada adiantaria o julgamento liminar de improcedência caso a sentença viesse a ser reformada e os
autos devolvidos para prosseguimento do processo na instância de origem. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça encampa essa conclusão, naquilo que denomina de dupla conformidade, negando
a aplicação do art. 285-A quando a sentença de primeiro de grau, embora em consonância com a
jurisprudência do STJ, divirja do entendimento do tribunal de segunda instância:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APLICABILIDADE DO ART. 285-A DO CPC CONDICIONADA


À DUPLA CONFORMIDADE. Não é possível a aplicação do art. 285-A do CPC quando o
entendimento exposto na sentença, apesar de estar em consonância com a jurisprudência do
STJ, divergir do entendimento do tribunal de origem. Isso porque, se o entendimento constante
da sentença não for o mesmo do tribunal local, eventual apelação interposta será provida e

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os autos retornarão ao juízo de primeiro grau para processamento e julgamento da ação.


Assim, ao invés de acelerar o trâmite processual, em atenção aos princípios da celeridade e
economia processuais, na verdade estaria atrasando o encerramento da ação. Nesse diapasão,
deve-se reconhecer que o disposto no art. 285-A do CPC fundamenta-se na ideia de que a
improcedência liminar somente está autorizada quando a tese jurídica trazida para julgamento
estiver tão amadurecida que a sua discussão, naquele processo, seja dispensável. Ressalte-se
que a mencionada dispensabilidade somente é verificada pela unidade de entendimento entre
a sentença de improcedência, o tribunal local e os tribunais superiores” (REsp 1.225.227-MS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013); “A aplicação do art. 285-A do CPC, mecanismo
de celeridade e economia processual, supõe alinhamento entre o juízo sentenciante, quanto à
matéria repetitiva, e o entendimento cristalizado nas instâncias superiores, sobretudo junto ao
Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal” (REsp 1109398/MS, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 16/06/2011, DJe 01/08/2011). Deste modo,
tem-se que a conformidade do entendimento do juízo sentenciante deve se dar tanto em
relação com aquele das instâncias Superiores (STF ou STJ), quanto com aquele do Tribunal de
2º grau ao qual vinculado o juiz (TRF ou TJ), naquilo que se denomina dupla conformidade.

Item II. Incorreto:

“O julgamento liminar de mérito previsto no art. 285-A do CPC é medida excepcional, admitida
apenas quando presentes, concomitantemente, os requisitos elencados no referido dispositivo. A
aplicação do aludido comando legal está adstrita às hipóteses em que a matéria controvertida for
exclusivamente de direito e que no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência
em casos idênticos; ademais, não basta a mera menção às sentenças anteriormente prolatadas,
sendo necessária a reprodução dos paradigmas. A desatenção aos requisitos do art. 285-A do
CPC impõe a cassação da sentença e a baixa dos autos para regular processamento da ação”
(AgRg no REsp 1177368/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA,
julgado em 03/02/2011, DJe 21/02/2011).

Item III. Incorreto, vez que, embora previsto o efeito regressivo na apelação do autor, o caso é de citação
do réu para apresentar contrarrazões:

“No caso de interposição de apelação pela parte autora em face de sentença de improcedência
total do pedido, prolatada com base no art. 285-A do CPC, deve haver a citação do réu para
oferecer contrarrazões, oportunidade em que ocorrerá a triangulação da relação jurídico-
processual, sendo cabível a condenação em honorários nos termos do art. 20 do CPC” (REsp
1.117.091/ES, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, DJe 3/11/11).

Anota-se que o §1º do art. 285-A consubstancia uma das exceções ao postulado da inalterabilidade da
sentença previsto no art. 463 do CPC, autorizando que o magistrado venha a se retratar da sentença
de liminar improcedência antes proferida, no prazo de 5 dias, em havendo apelação por parte do autor.
Se assim proceder o julgador, a apelação restará prejudicada e o feito terá normal prosseguimento no

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primeiro grau com a citação do réu para responder à demanda. Não havendo retratação, o réu será
citado para responder ao recurso de apelação no prazo de 15 (quinze) dias.

GABARITO: LETRA “D“

27. Marque a alternativa correta:

a) Cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo a
agravo de instrumento.

b) Após a apresentação da petição inicial ou da contestação, admite-se a juntada de


documento novo indispensável à propositura da ação.

c) A jurisprudência do STJ reconhece valor probatório, com presunção iuris tantum de


veracidade, das planilhas apresentadas pela Fazenda Nacional em juízo, que se constituem
em espelhos das declarações de ajuste anual prestadas pelo contribuinte.

d) O valor da causa deve constar da petição inicial e será, em havendo também pedido
subsidiário, aquele de maior valor.

e) O terceiro, parte em outro feito no qual também se discute a tese a ser firmada em
recurso repetitivo, possui interesse jurídico para intervir, como assistente simples, no
processo paradigma submetido ao rito do art. 543-C do CPC.

COMENTÁRIO

Letra a. Incorreta, conforme o seguinte julgado divulgado no Informativo nº 541 do STJ:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INAPLICABILIDADE DO RECURSO ESPECIAL CONTRA ACÓRDÃO


QUE INDEFERE EFEITO SUSPENSIVO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. Não cabe recurso
especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo a agravo de instrumento.
A decisão colegiada que entende pela ausência dos requisitos necessários à atribuição do efeito
suspensivo a agravo de instrumento não resulta em decisão de única ou última instância, como
previsto art. 105, III, da CF. Há necessidade de que o Tribunal julgue, definitivamente, o agravo
de instrumento em seu mérito para que a parte vencida possa ter acesso à instância especial.
A propósito, o STF sedimentou entendimento que corrobora esse posicionamento com a edição
da Súmula 735: “não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar”.
REsp 1.289.317-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/5/2014.

Letra b. Incorreta, pois a juntada documental a posteriori somente é admitida tratando-se de documento
dispensável à propositura da ação. Anota-se, nessa linha, que STJ tem relativizado a questão da
extemporaneidade da apresentação de prova documental após a apresentação da inicial ou contestação,
desde que: (I) não se trate de documento indispensável à propositura da ação + (II) não haja má-fé na

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ocultação do mesmo + (III) seja assegurado o contraditório à parte adversa:

“PROCESSO CIVIL. AÇÃO POSSESSÓRIA. JUNTADA EXTEMPORÂNEA DE DOCUMENTOS.


DETERMINAÇÃO DE DESENTRANHAMENTO. PODERES INSTRUTÓRIOS DO JUÍZO.
RELATIVIZAÇÃO. NECESSIDADE DE CONTRADITÓRIO. 1. É admitida a juntada de documentos
novos após a petição inicial e a contestação desde que: (i) não se trate de documento indispensável
à propositura da ação; (ii) não haja má fé na ocultação do documento; (iii) seja ouvida a parte
contrária (art. 398 do CPC). 2. Dessarte, a mera declaração de intempestividade não tem, por
si só, o condão de provocar o desentranhamento do documento dos autos, impedindo o seu
conhecimento pelo Tribunal a quo, mormente tendo em vista a maior amplitude, no processo
civil moderno, dos poderes instrutórios do juiz, ao qual cabe determinar, até mesmo de ofício, a
produção de provas necessárias à instrução do processo (art. 130 do CPC). 3. De fato, o processo
civil contemporâneo encontra-se marcado inexoravelmente pela maior participação do órgão
jurisdicional na construção do conjunto probatório, o que, no caso em apreço, autorizaria o
Juízo a determinar a produção da prova consubstanciada em documento público, tornando
irrelevante o fato de ela ter permanecido acostada aos autos a despeito da ordem para seu
desentranhamento” (REsp 1072276/RN, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 21/02/2013, DJe 12/03/2013).

Letra c. Correta (gabarito), conforme o seguinte e importante entendimento do STJ:

“[...]Em sede de embargos à execução contra a Fazenda Pública cujo objeto é a repetição de
imposto de renda, não se pode tratar como documento particular os demonstrativos de cálculo
(planilhas) elaborados pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN e adotados em
suas petições com base em dados obtidos junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRF
(órgão público que detém todas as informações a respeito das declarações do imposto de renda
dos contribuintes) por se tratarem de verdadeiros atos administrativos enunciativos que, por
isso, gozam do atributo de presunção de legitimidade. 3. Desse modo, os dados informados em
tais planilhas constituem prova idônea, dotada de presunção de veracidade e legitimidade, na
forma do art. 333, I e 334, IV, do CPC, havendo o contribuinte que demonstrar fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito da Fazenda Nacional, a fim de ilidir a presunção relativa,
consoante o art. 333, II, do CPC. [...] Devem os autos retornar ao Tribunal a quo para que,
atentando-se aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, inclusive às planilhas de cálculos
apresentadas pela Fazenda Nacional (com presunção relativa), analise a alegada compensação,
para fins do art. 741, V, do CPC. 5. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido
ao regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008” (REsp 1298407/DF, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/05/2012).

Letra d. Questão que se resolvia com a mera leitura e compreensão do art. 259 do CPC. Destaco aqui a
extrema importância da leitura da “lei seca” para a primeira fase do concurso (por mais chato e repugnante
que isso possa parecer!!). Insistam na prática da leitura da lei, ainda que intercalando com a jurisprudência
e feitura de exercícios, de modo a assim tornar tal prática menos cansativa (isso ameniza um pouco o

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sofrimento hehe). Vale anotar que, conforme o inciso IV do art. 259 do CPC, o valor da causa será, se
houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.

Letra e. Incorreta, pois na hipótese o STJ já rechaçou a presença de interesse jurídico do terceiro:

“Não configura interesse jurídico apto a justificar o ingresso de terceiro como assistente simples
em processo submetido ao rito do art. 543-C do CPC o fato de o requerente ser parte em outro
feito no qual se discute tese a ser firmada em recurso repetitivo. Isso porque, nessa situação, o
interesse do terceiro que pretende ingressar como assistente no julgamento do recurso submetido
à sistemática dos recursos repetitivos é meramente subjetivo, quando muito reflexo, de cunho
meramente econômico, o que não justifica sua admissão como assistente simples. Outrossim,
o requerente não se enquadra no rol do art. 543-C, § 4º, do CPC, sendo certo ainda que nem
mesmo aqueles inseridos da referida lista podem ser admitidos como assistentes no procedimento
de recursos representativos, não sendo possível, também, a interposição de recurso por eles
para impugnar a decisão que vier a ser prolatada. Ademais, a admissão da tese sustentada
pelo requerente abriria a possibilidade de manifestação de todos aqueles que figuram em feitos
que tiveram a tramitação suspensa em vista da afetação, o que, evidentemente, inviabilizaria o
julgamento de recursos repetitivos”. (REsp 1.418.593-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 14/5/2014, divulgado no Informativo nº 540).

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

28. Sobre a aplicação da lei penal no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta.

a) O “abolitio criminis” é o fenômeno pelo qual lei posterior deixa de considerar crime
determinado fato. No Brasil não se admite a figura da “abolitio criminis temporalis”.

b) No crime permanente, caso editada lei nova no curso da atividade criminosa, aquela será
aplicada, desde que mais benéfica e passe a viger antes de cessada a permanência.

c) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas


as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

d) De acordo com o princípio da nacionalidade, aplica-se a lei nacional aos crimes praticados
em aeronaves ou embarcações, mercantes ou de propriedade privada, quando não forem
julgados no território estrangeiro.

e) Os crimes cometidos contra a Administração Pública brasileira, no estrangeiro, estão


sujeitos à lei brasileira.

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COMENTÁRIO

O Código Penal assevera que “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória” – art. 2º, CP.
Portanto, nos termos do art. 107, III, do CP, a “abolitio criminis” é causa de extinção da punibilidade.

Nas palavras de Rogério Greco5 temos que “tem-se entendido por abolitio criminis temporalis, ou suspensão
da tipicidade, a situação na qual a aplicação de determinado tipo penal encontra-se temporariamente
suspensa, não permitindo, consequentemente, a punição do agente que pratica o comportamento típico
durante o prazo da suspensão”. Portanto, a alternativa “A” está incorreta. Obs.: Vide Súmula 513 do STJ.

Os delitos permanentes são os que se consumam com uma única conduta, embora a situação
antijurídica gerada se prolongue no tempo até quando queira o agente. É possível que no curso da
execução criminosa seja editada nova lei penal, fazendo surgir aparente conflito de leis penais no tempo.
Neste caso, tratando-se de crime permanente aplica-se a lei nova, ainda que mais severa, desde que
passe a viger antes de cessada a permanência. A mesma regra se aplica nos crimes continuados. Nesse
sentido o STF editou a súmula n. 711, segundo a qual “a lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência”. Portanto, a alternativa “B” está incorreta.

Diz-se temporária a lei quando esta traz de modo expresso em seu texto o dia do início, bem como do
término de sua vigência. Excepcional é a lei que foi editada em razão de situações igualmente excepcionais
(anormais), cuja vigência está limitada a duração da referida situação que conduziu a edição do diploma
legal. Ex: lei editada para regular fatos ocorridos em estado de guerra. Logo, são leis autorrevogáveis que
nasceram para atender situações anônimas.

Importante perceber que o art. 3º, do CP, cuja redação corresponde a literalidade do enunciado em
análise, autoriza que em relação a essas leis seja aplicada a ultra-atividade gravosa, devido à sua
finalidade. Logo, a alternativa “C” está correta.

O princípio da extraterritorialidade norteia a aplicação da lei penal brasileira a determinados infrações


penais cometidas para além das fronteiras do nosso país, sendo: (i) incondicionada, ainda que o agente
tenha sido absolvido ou acusado no estrangeiro - art. 7º, I, CP, e (ii) condicionada, ou seja, desde que
haja o concurso de algumas condições – art. 7º, II, §§ 2º e 3º, do CP. Alguns autores denominam de
extraterritorialidade hipercondicionada a hipótese do §3º, II, art. 7º, CP.

Nesta seara, destacam-se alguns princípios basilares da extraterritorialidade, dentre os quais podemos
citar: (i) princípio da nacionalidade (personalidade): a) nacionalidade ativa: aplica-se a lei nacional
ao crime cometido por nacional fora do seu país – art. 7º, II, b, CP; b) nacionalidade passiva: crime
cometido por nacional contra nacional, ou contra bem jurídico nacional; (ii) princípio da representação
(bandeira/pavilhão): praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados – art. 7º, II, c. Portanto, a alternativa “D”
5 Grecco, Rogério. Curso de Direito Penal. Editora Impetus. 17ª Ed. 2015. Pág. 163.

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está incorreta, diante da conceituação equivocada do princípio da nacionalidade.

Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados contra a administração pública brasileira, no
estrangeiro, desde que tenha sido cometido por quem esteja a seu serviço, nos termos do art. 7º, I, c,
CP. Portanto, a alternativa “E” está incorreta.

GABARITO: LETRA “C“

29. Sobre os crimes contra licitações, assinale a alternativa correta.

a) Os crimes definidos na Lei n. 8.666/1993 não admitem a tentativa, sujeitando os seus


autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego,
função ou mandato eletivo.

b) O crime de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, não exige dolo
específico do agente de lesar o erário público.

c) O delito de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, pressupõe a
qualidade de funcionário público do agente.

d) O delito de impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento


licitatório, não admite a suspensão condicional do processo, sendo de competência da
Justiça Comum, e consuma-se com o prejuízo causado à Administração Pública.

e) A prática do crime de fraudar o caráter competitivo do procedimento licitatório em


concurso formal com o crime de fraudar licitação mediante elevação arbitrária de preços,
configura “bis in idem”.

COMENTÁRIO

Consigna o art. 83, da Lei n. 8.666/1993 que “os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente
tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do
cargo, emprego, função ou mandato eletivo”. Portanto, a alternativa “A” está incorreta, já que tais crimes
admitem a tentativa.

Importante lembrar que o crime previsto no art. 89, da Lei n. 8.666/1993, é tipo penal misto alternativo,
ou seja, a prática de mais um núcleo do tipo não gera concurso de crimes. Ainda que pese a existência
de alguma celeuma jurisprudencial, esta tem se inclinado no sentido que vem sendo adotado pelo STF,
segundo o qual “a incidência da norma que se extrai do art. 89, caput, da Lei nº 8.666/93 depende da
presença de um claro elemento subjetivo do agente político: a vontade livre e consciente (dolo) de lesar
o Erário, pois é assim que se garante a necessária distinção entre atos próprios do cotidiano político-

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administrativo e atos que revelam o cometimento de ilícitos penais” [AP 559, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
Primeira Turma, julgado em 26/08/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-214 DIVULG 30-10-2014 PUBLIC
31-10-2014]. Portanto, a alternativa “B” está incorreta.

O delito de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar
as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, é crime próprio, de modo que somente
poderá ser praticado por funcionário público. O particular incorrerá nas mesmas penas, desde que
tenha comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

Portanto, a alternativa “C” está correta.

O delito de impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório, não
exige qualquer resultado causador de prejuízo à Administração Pública, consumando-se com a realização
da conduta descrita no tipo penal. Admite a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima
cominada não ultrapassa 1 ano – ver: art. 89, da Lei n. 9.099/1995. Tendo em vista que a pena máxima
cominada não ultrapassa 2 anos, compete ao Juizado Especial Criminal processar e julgar tais delitos.
Portanto, a alternativa “D” está incorreta.

Segundo o STJ, temos que “tratando-se de tipos penais totalmente distintos, é possível o concurso de
crimes, pois o objeto, no tocante ao crime do art. 90 da Lei nº 8.666/93, é a preservação do caráter
competitivo do procedimento licitatório, enquanto que na figura penal do art. 96, inciso I, o delinquente,
mediante fraude, atinge diretamente a licitação, elevando arbitrariamente os preços, em prejuízo da
Fazenda Pública”. [REsp 1315619/RJ, Rel. Ministro CAMPOS MARQUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/PR), QUINTA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 30/08/2013]. Logo, não há se falar em “bis in
idem”. Portanto, a alternativa “E” está incorreta.

GABARITO: LETRA “C“

30. Sobre as causas de extinção da punibilidade na ação penal de iniciativa privada, julgue os
itens a seguir.

I. O oferecimento de queixa ou representação perante juízo absolutamente incompetente


não tem o condão de superar a decadência, de modo que após o decurso do prazo de 4
meses, contados da ciência da autoria, haverá extinção da punibilidade.

II. A renúncia ao direito de queixa, que se opera de forma expressa, é retratável e por força
do princípio da divisibilidade pode ser concedida apenas em relação a um dos coautores.

III. O perdão do ofendido é ato unilateral, pode ser oferecido antes do processo, bem
como no curso da ação penal, decorre do princípio da conveniência, podendo ser oferecido
até o trânsito em julgado do processo penal.

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IV. Perempção é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em


virtude da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade nas
hipóteses de ação penal exclusivamente privada e de ação penal privada personalíssima.

V. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será


intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado
de que o seu silêncio importará aceitação.

a) I, III e IV estão incorretas.

b) II, IV e V estão incorretas.

c) I, II e V estão incorretas.

d) I, II e III estão incorretas.

e) II, III e IV estão incorretas.

COMENTÁRIO

O prazo decadencial para oferecimento da queixa-crime é de 6 (seis) meses, contados a partir do


conhecimento da autoria. A contagem desse prazo é feita a partir da regra contida no art. 10 do CP (conta-
se o dia de início e exclui –se o dia do vencimento), não se interrompendo, suspendo ou prorrogando.
Expirando-se num domingo ou feriado, não pode ser prorrogado, como se dá com os prazos processuais
(CPP, art. 798, §3°). “Como a decadência é considerada a perda do direito de ação penal privada ou do
direito de representação pelo seu não exercício no prazo legal, conclui-se que, ainda que oferecida a
queixa-crime perante juízo incompetente (incompetência absoluta ou relativa), estará superada
a decadência, desde que observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses previsto no art. 38 do CPP6”.
Portanto, o item “I” está incorreto.

A renúncia ocorre quando a vítima se recusa a adotar alguma providência contra o acusado, abdicando
o seu direito de queixa. É ato unilateral, ou seja, independe de aceitação do agressor, sendo irretratável
já que enseja a extinção da punibilidade. Na luz do princípio da indivisibilidade da ação penal privada,
a renúncia em favor de um agressor, necessariamente beneficia os demais – Ver: art. 49, do CPP. Pode ser
feita de forma expressa ou tácita.

O perdão do ofendido é o ato bilateral, no curso do processo, pelo qual o querelante decide não
mais prosseguir com a demanda, perdoando o querelado. Ou seja, o perdão depende da aceitação do
agressor e não pode ser oferecido antes do início da ação penal, razão pela qual se diz que decorre do
princípio da disponibilidade. O perdão pode ser oferecido até o trânsito em julgado da sentença
condenatória – Ver: art. 106, §2º, CP. Portanto, o item “III” está incorreto.

6 De Lima, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Editora Juspodivm. Ed. 2015. Pág. 257.

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Segundo Nucci a perempção “trata-se de uma sanção processual pela inércia do particular na condução
da ação penal privada, impedindo-o de prosseguir na demanda. Perempção origina-se de perimir, que
significa matar, destruir. É instituto aplicável apenas à ação penal privada exclusiva, e não na subsidiária da
pública”. Portanto, o item “IV” está correto.

As causas de perempção estão previstas no art. 60, do CPP, cuja leitura se recomenda.

Por ser o perdão ato bilateral, o querelado será intimado para, no prazo de 3 (três) dias, se manifestar,
sendo que o seu silêncio importará em aceitação. Portanto, o item “V” está correto, repetindo a literalidade
do art. 58, do CPP.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DO TRABALHO

31. Assinale a assertiva incorreta:

a) A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do


contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.

b) Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na


legislação trabalhista referente a período anterior a mudança de regime celetista para
estatutário, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da lei que estabeleceu a
mudança.

c) Exceto na hipótese de previsão contratual ou legal expressa, a opção do funcionário


público pelo regime trabalhista implica a renúncia dos direitos inerentes ao regime
estatutário.

d) A exclusão de parcela salarial deferida em reclamação trabalhista no período celetista,


após a passagem para o regime estatutário, configura violação à coisa julgada, ao ato
jurídico perfeito, ao direito adquirido e à irredutibilidade de vencimentos.

e) O tempo de serviço público federal, prestado sob regime celetista, deve ser contado para
todos os efeitos, incorporando-se ao patrimônio dos servidores públicos transformados em
estatutários.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Correta – É a redação da Súmula 382 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-382 MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO.

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PRESCRIÇÃO BIENAL (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 128 da SBDI-1) - Res.


129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de


trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime. (ex-OJ nº 128
da SBDI-1 - inserida em 20.04.1998)

Alternativa “B”: Correta – Conforme entendimento consolidado do Tribunal Superior do Trabalho:

138. COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO (nova


redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 249 da SBDI-1) - DJ
20.04.2005

Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação


trabalhista referente a período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido
ajuizada após a edição da referida lei. A superveniência de regime estatutário em substituição
ao celetista, mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista.

O Supremo Tribunal Federal possui o mesmo entendimento:

(...) É da competência da Justiça do Trabalho o julgamento das causas decorrentes do contrato


de trabalho de servidor público pleiteando vantagens relativas a período anterior à transição
do regime celetista para o estatutário. (ARE 715057 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira
Turma, julgado em 26/05/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-111 DIVULG 10-06-2015 PUBLIC
11-06-2015)

Alternativa “C”: Correta - O TST entende que em caso de alteração do regime jurídico não há a formação
de um regime híbrido no qual os servidores poderiam aproveitar os benefícios dos dois regimes, ou seja,
em caso de opção por um dos regimes há renúncia pelo outro, é o entendimento cristalizado na Súmula
243:

OPÇÃO PELO REGIME TRABALHISTA. SUPRESSÃO DAS VANTAGENS ESTATUTÁRIAS (mantida)


- Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Exceto na hipótese de previsão contratual ou legal expressa, a opção do funcionário público


pelo regime trabalhista implica a renúncia dos direitos inerentes ao regime estatutário.

Corrobora o Supremo Tribunal Federal:

(...) Administrativo. Servidor público celetista. Advento da Lei nº 8.112/90, que transformou
vínculos celetistas em estatutários. (...) 1. É pacífica a jurisprudência da Corte no sentido
da impossibilidade de o servidor público que teve o vínculo com a Administração
transformado de celetista em estatutário pela Lei nº 8.112/90 manter as vantagens
típicas do regime anterior. (...) (ARE 758277 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira
Turma, julgado em 11/02/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-046 DIVULG 07-03-2014 PUBLIC

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10-03-2014)

Alternativa “D”: Incorreta – Assertiva contrária à jurisprudência consolidada do STF:

(...) 1. O entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes do assinalado na decisão
agravada, não diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo Tribunal Federal,
no sentido de que diante da transposição do servidor público celetista para o regime
estatutário, extinto em decorrência o contrato de trabalho, não há falar em direito
adquirido a diferenças remuneratórias deferidas em decisão trabalhista.(...) (ARE 808607
AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 02/06/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 15-06-2015 PUBLIC 16-06-2015)

(...) 1. O servidor público celetista transposto para regime estatutário não possui direito
adquirido às diferenças remuneratórias decorrentes de sentença trabalhista, tendo em
vista a mudança de regime. Precedentes: AI 859.743-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira
Turma, DJe de 26/2/2014; RE 447.592-AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe de
3/9/2013; RE 576.397-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 21/11/2012; AI
572.366-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe de 25/4/2012; e RE 562.757-ED, Rel.
Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de 21/8/2012. (...) 3. A exclusão de parcela salarial
deferida em reclamação trabalhista no período celetista, após a passagem para o regime
estatutário, não configura violação à coisa julgada, ao ato jurídico perfeito, ao direito
adquirido e à irredutibilidade de vencimentos. Entendimento do Plenário do Supremo
Tribunal Federal (MS nº 24.381/DF).” 3. Agravo regimental DESPROVIDO. (AI 861226 AgR,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 14/04/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-083 DIVULG 05-05-2015 PUBLIC 06-05-2015)

Alternativa “E”: Correta – A redação da assertiva foi retirada da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal:

(...) O tempo de serviço público federal, prestado sob regime celetista, deve ser
contado para todos os efeitos, incorporando-se ao patrimônio dos servidores públicos
transformados em estatutários. (...) (RE 333244 AgR, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO,
Primeira Turma, julgado em 01/02/2005, DJ 04-03-2005 PP-00021 EMENT VOL-02182-04 PP-
00714)

(...) 1. A jurisprudência da Corte é no sentido de que o servidor que laborou em condições


insalubres, quando regido pelo regime celetista, pode somar esse período, ainda que convertido
em tempo de atividade comum, com a incidência dos acréscimos legais, ao tempo trabalhado
posteriormente sob o regime estatutário, inclusive para fins de aposentadoria e contagem
recíproca entre regimes previdenciários distintos. 2. Agravo regimental não provido. (RE
603581 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 18/11/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-238 DIVULG 03-12-2014 PUBLIC 04-12-2014)

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EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


ADMINISTRATIVO. APOSENTADORIA DE SERVIDOR PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE REGIME
JURÍDICO DE CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO PARA
TODOS OS FINS. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
(ARE 675303 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 18/09/2012,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-195 DIVULG 03-10-2012 PUBLIC 04-10-2012).

GABARITO: LETRA “D“

32. Assinale a assertiva incorreta:

a) Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência


de concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Administração Pública
Indireta, continua a existir após a sua privatização.

b) O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de
se manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público,
ainda que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto,
qualquer dilação probatória.

c) Ao exarar o parecer na remessa de ofício, na qualidade de “custos legis”, o Ministério


Público não tem legitimidade para arguir a prescrição em favor de entidade de direito
público, em matéria de direito patrimonial.

d) Por vedação constitucional, prevista no art. 37, XIII, não é possível equiparação salarial
envolvendo empregados públicos, seja empregado da Administração Direta ou de Sociedade
de Economia Mista.

e) Há interesse do Ministério Público do Trabalho para recorrer contra decisão que declara
a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública,
após a CF/1988, sem a prévia aprovação em concurso público.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Correta – É a redação da Súmula 430 do Tribunal Superior do Trabalho:

SUM-430 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONCURSO


PÚBLICO. NULIDADE. ULTERIOR PRIVATIZAÇÃO. CONVALIDAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA DO
VÍCIO - Res. 177/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012

Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência de


concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Administração Pública
Indireta, continua a existir após a sua privatização.

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Alternativa “B”: Correta – É entendimento cristalizado na OJ da SBDI-1 nº 350 do Tribunal Superior do


Trabalho:

OJ-SDI1-350 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. NULIDADE DO CONTRATO DE


TRABALHO NÃO SUSCITADA PELO ENTE PÚBLICO NO MOMENTO DA DEFESA. ARGUIÇÃO
EM PARECER. POSSIBILIDADE (alterada em decorrência do julgamento do processo TST IUJE-
RR 526538/1999.2) – Res. 162/2009, DEJT divulgado em 23, 24 e 25.11.2009

O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de se
manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público, ainda
que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto, qualquer
dilação probatória.

Alternativa “C”: Correta – Conforme OJ da SBDI-1 nº 130 do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI1-130 PRESCRIÇÃO. MINISTÉRIO PÚBLICO. ARGUIÇÃO. “CUSTOS LEGIS”. ILEGITIMIDADE


(nova redação) - DJ 20.04.2005.

Ao exarar o parecer na remessa de ofício, na qualidade de “custos legis”, o Ministério Público


não tem legitimidade para arguir a prescrição em favor de entidade de direito público, em
matéria de direito patrimonial (arts. 194 do CC de 2002 e 219, § 5º, do CPC).

Alternativa “D”: Incorreta – A Constituição Federal, em seu artigo 37, XIII, veda equiparação de qualquer
espécie remuneratória para efeito de remuneração do serviço público, in verbis:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o


efeito de remuneração de pessoal do serviço público;

Nessa seara, o Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que o artigo 461 da CLT, que trata
da equiparação entre empregados, não é aplicável à Administração Direta, Autárquica e Fundacional,
conforme OJ SBDI-1 nº 297:

OJ-SDI1-297 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. SERVIDOR PÚBLICO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA,


AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL. ART. 37, XIII, DA CF/1988 (DJ 11.08.2003)

O art. 37, inciso XIII, da CF/1988, veda a equiparação de qualquer natureza para o efeito de
remuneração do pessoal do serviço público, sendo juridicamente impossível a aplicação da
norma infraconstitucional prevista no art. 461 da CLT quando se pleiteia equiparação salarial
entre servidores públicos, independentemente de terem sido contratados pela CLT.

Entretanto, o TST deu ao mesmo dispositivo interpretação diversa nos casos envolvendo empregados de
sociedade de economia mista e de empresas públicas, ao entender que o art. 37, XIII, da Constituição

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Federal, é destinado somente às pessoas de direito público e que quando sociedade de economia mista
ou empresa pública contrata empregados sob o regime da CLT, equipara-se a empregador privado. Tal
entendimento foi consolidado por meio da Súmula nº 455:

Súmula nº 455 do TST - EQUIPARAÇÃO SALARIAL. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. ART.


37, XIII, DA CF/1988. POSSIBILIDADE. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 353 da
SBDI-1 com nova redação) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014

À sociedade de economia mista não se aplica a vedação à equiparação prevista no art. 37,
XIII, da CF/1988, pois, ao admitir empregados sob o regime da CLT, equipara-se a empregador
privado, conforme disposto no art. 173, § 1º, II, da CF/1988.

Diante do exposto, a assertiva em tela está errada, já que a vedação existente art. 37, XIII, da Constituição
Federal, não se estende às empresas públicas e sociedades de economia mista.

Alternativa “E”: Correta – Conforme OJ da SBDI-1 nº 338 do Tribunal Superior do Trabalho:

OJ-SDI1-338 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. LEGITIMIDADE PARA RECORRER.


SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E EMPRESA PÚBLICA. CONTRATO NULO (DJ 04.05.2004)

Há interesse do Ministério Público do Trabalho para recorrer contra decisão que declara a
existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública,
após a CF/1988, sem a prévia aprovação em concurso público.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

33. São exemplos do princípio da extrapetição na justiça do trabalho, exceto:

a) Aplica-se a pena de deserção do recurso, independentemente do pedido da parte


contrária, na hipótese de acréscimo do valor da condenação, mesmo se não houver fixação
ou cálculo do valor devido a título de custas e intimação da parte para o preparo do recurso,
e não houver o pagamento das respectivas custas.

b) Caso o empregado ajuíze reclamação trabalhista requerendo que o juiz fixe a data do
gozo de suas férias, a sentença cominará, independentemente do pedido autoral, pena
diária de 5% do salário mínimo, devida ao empregado até que seja cumprida;

c) Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante


das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do
comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de

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3ª RODADA - 05/08/2015

pagá-las acrescidas de cinquenta por cento, independentemente do pedido autoral.

d) Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de


incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa
física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos
termos do artigo seguinte.

e) Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o


pedido inicial ou a condenação.

COMENTÁRIO

“O princípio da extrapetição permite que o juiz, nos casos expressamente previsto em lei, condene o réu em
pedidos não contidos na petição inicial, ou seja, autoriza o julgador a conceder mais do que o pleiteado,
ou mesmo vantagem diversa da que foi requerida.” (SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho, Método: 2011,
pg. 178)

Alternativa “A”: Incorreta – De acordo com a Súmula 25, III, do TST:

SUM-25 CUSTAS PROCESSUAIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. (alterada a Súmula


e incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 104 e 186 da SBDI-1) - Res. 197/2015 - DEJT
divulgado em 14, 15 e 18.05.2015

I - A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada,


independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária, das quais
ficara isenta a parte então vencida;

II - No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou


atualização do valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo
pagamento pela parte vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, reembolsar a
quantia; (ex-OJ nº 186 da SBDI-I)

III - Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da condenação, não houve
fixação ou cálculo do valor devido a título de custas e tampouco intimação da parte para o
preparo do recurso, devendo ser as custas pagas ao final; (ex-OJ nº 104 da SBDI-I)

IV - O reembolso das custas à parte vencedora faz-se necessário mesmo na hipótese em que
a parte vencida for pessoa isenta do seu pagamento, nos termos do art. 790-A, parágrafo
único, da CLT.

Alternativa “B”: Correta – Conforme o art. 137, §2º, do Texto Consolidado:

Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o
empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.

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§ 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as férias, o


empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença, da época de gozo
das mesmas.

§ 2º - A sentença dominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo da região,
devida ao empregado até que seja cumprida.

Alternativa “C”: Correta – Conforme o art. 467 do Texto Consolidado:

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o


montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data
do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de
pagá-las acrescidas de cinquenta por cento.

Alternativa “D”: Correta – Conforme o art. 496 do Texto Consolidado:

Art. 496 - Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau
de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa
física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos
termos do artigo seguinte.

Explicita tal entendimento o inciso II, da Súmula 396 do TST:

SUM-396 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO SALÁRIO


RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILIDADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO
“EXTRA PETITA” (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 106 e 116 da SBDI-1) - Res.
129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os salários do


período compreendido entre a data da despedida e o final do período de estabilidade, não
lhe sendo assegurada a reintegração no emprego. (ex-OJ nº 116 da SBDI-1 - inserida em
01.10.1997)

II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário quando o
pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT. (ex-OJ nº 106 da SBDI-1 -
inserida em 20.11.1997)

Alternativa “E”: Correta – De acordo com a Súmula nº 211 do TST:

SUM-211 JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL


E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido
inicial ou a condenação.

GABARITO: LETRA “A“

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34. Assinale a única peça que, segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas, não é obrigatória a
juntada na interposição de Agravo de Instrumento:

a) Certidão de intimação da decisão agravada.

b) Decisão Agravada.

c) Procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

d) Ata de audiência.

e) Petição Inicial.

COMENTÁRIO

O objetivo da presente questão é alertar os alunos que laboram apenas na esfera cível: as peças
obrigatórias do agravo de instrumento trabalhista são diversas do agravo de instrumento previsto no
Código de Processo Civil, que requer cópia da decisão agravada, certidão de intimação e cópia das
procurações, conforme art. 525, I.

Por sua vez, o art. 897, b), da Consolidação das Leis Trabalhistas, dispõe que é cabível o agravo de
instrumento das decisões que denegarem a interposição de recursos. Já o §5º do mesmo dispositivo
determina que tal agravo seja instruído, obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, com cópias
da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos
advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária,
do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do
recolhimento das custas e do depósito recursal.

Assim, a única peça não exigida pela CLT é a ata de audiência, assim, a deve ser assinalada a letra “D”.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:

a) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a contribuição destinada ao Serviço Brasileiro


de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae possui natureza de contribuição de
intervenção no domínio econômico.

b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a contribuição destinada ao Serviço Brasileiro de


Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae pode ser instituída por lei ordinária.

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c) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a contribuição destinada ao Sebrae pode ser


cobrada de empresas de grande porte.

d) Para o Superior Tribunal de Justiça, as empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às


contribuições ao Sesc e Senac, salvo se integradas noutro serviço social.

e) As leis anteriores à Constituição Federal de 1988 que previam a incidência de contribuição


destinada ao Sesc sobre a folha de salários não foram recepcionadas, uma vez que possuem
a mesma base de cálculos das contribuições para a seguridade social expressamente
previstas na Constituição.

COMENTÁRIO

Alternativas “A” e “B”: Corretas – Tais conclusões são extraídas do Informativo de Jurisprudência nº 703
do STF:

A contribuição destinada ao Sebrae possui natureza de contribuição de intervenção no domínio


econômico e não necessita de edição de lei complementar para ser instituída. Com base nessa
jurisprudência, o Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se alegava: a)
indevida exigência do pagamento da referida exação, pois criada por meio de lei ordinária, em afronta
ao art. 146, II, a, da CF; e b) identidade de fato gerador e base de cálculo com outras contribuições, em
violação ao art. 195, § 4º, c/c o art. 154, I, ambos da CF. Reputou-se que o acórdão recorrido estaria em
consonância com a orientação da Corte. (...) Precedente citado: RE 396266/SC (DJU de 27.2.2004). RE
635682/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.4.2013. (RE-635682)

Para melhor compreensão da matéria transcreve-se trechos do inteiro teor do Acórdão:

“O tributo em questão destina-se a viabilizar a promoção do desenvolvimento das micro


e pequenas empresas e deve, portanto, ser enquadrado na classe das contribuições
de intervenção no domínio econômico, e não nas das contribuições sociais. Essa
constatação afasta a incidência do disposto no art. 240 e também a do art. 195, § 4º, ambos
da Constituição Federal. Conforme reiteradamente decidiu o Supremo Tribunal Federal, o fato
de a contribuição de intervenção no domínio econômico sujeitar-se ao art. 146, III, “a”, não leva
à conclusão de que o tributo deva ser instituído mediante lei complementar. Vale dizer, tais
contribuições sujeitam-se, sim, às normas gerais estabelecidas pela legislação complementar
em matéria tributária, mas não é de se exigir que elas próprias sejam veiculadas apenas por
meio de lei complementar. Não há vício formal na instituição da contribuição para o SEBRAE
mediante lei ordinária.

Quanto à natureza jurídica, embora a Lei 8.029, de 12 de abril de 1990, refira-se à contribuição
destinada ao SEBRAE como “adicional às alíquotas das contribuições sociais” relativas às
entidades de que trata o art. 1º do Decreto-Lei 2.318/86, a exação em tela é, na verdade,
uma contribuição de intervenção no domínio econômico. Trata-se de tributo destinado a

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custear uma intervenção no domínio econômico, em benefício das micro e pequenas


empresas, e não ao financiamento da seguridade social.”

Alternativa “C”: Correta – A Corte Constitucional possui jurisprudência pacificada que, por ter natureza
de contribuição de intervenção no domínio econômico, a contribuição destinada ao Sebrae não possui
referibilidade restrita, dessa sorte, sua incidência não se limita as micro e pequenas. Assim, é legítima a
cobrança da exação em tela das empresas de grande e médio porte, conforme aresto abaixo:

(...) 6. Intervenção no domínio econômico. É válida a cobrança do tributo independentemente


de contraprestação direta em favor do contribuinte. 7. Recurso extraordinário não
provido. 8. Acórdão recorrido mantido quanto aos honorários fixados. (RE 635682, Relator(a):
Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-098 DIVULG 23-05-2013 PUBLIC 24-05-2013)

Destaca-se que o presente tema foi alvo de questionamento na 2ª Fase do último concurso para Procurador
da Fazenda Nacional.

Alternativa “D”: Correta – A doutrina sintetiza a querela:

“As contribuições aos SESC e ao SENAC são cobradas dos estabelecimentos comerciais
referidos no quadro de que trata o art. 577 da CLT.

Ocorre que as empresas prestadoras de serviços não estão aludidas expressamente nesse
quadro, o que embasou a sua insurgência contra a cobrança das referidas contribuições.”
(PAULSEN, Leandro. VELLOSO, Andrei Pitten. Contribuições: teoria geral, contribuições em
espécie. 2ª ed – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, pg 337)

O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o tema através da Súmula nº 499:

As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc e Senac, salvo se


integradas noutro serviço social.

Alternativa “E”: Incorreta – A Constituição Federal em seu art. 240 expressamente prevê tal incidência:

Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos
empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical.

Corrobora a doutrina:

“De qualquer modo, ela serviu para afastar infundados questionamentos quanto à recepção
das contribuições ao SESC/SENAC e ao SESI/SENAI pela Constituição de 1988, uma vez que
a folha de salários (materialidade sobre a qual incidem) é uma manifestação de capacidade
contributiva já reservada às contribuições de seguridade social.” (PAULSEN, Leandro. VELLOSO,
Andrei Pitten. Contribuições: teoria geral, contribuições em espécie. 2ª ed – Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2013, pg 333)

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GABARITO: LETRA “E“

36. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:

a) Admite-se o recolhimento post mortem de contribuições previdenciárias a fim de que,


reconhecida a qualidade de segurado do falecido, seja garantida a concessão de pensão por
morte aos seus dependentes.

b) O segurado do regime geral de previdência social tem direito adquirido a benefício


calculado de modo mais vantajoso, sob a vigência da mesma lei, consideradas todas as
datas em que o direito poderia ter sido exercido, desde quando preenchidos os requisitos
para a jubilação.

c) É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido
essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data
do seu óbito.

d) A aposentadoria é regida pela lei vigente ao tempo em que reunidos os requisitos


necessários à obtenção do benefício.

e) A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data
do óbito do segurado.

COMENTÁRIO

Alternativa “A”: Incorreta – O Superior Tribunal de Justiça entendeu de forma diversa, conforme o
noticiado no informativo de jurisprudência nº 525 do Superior Tribunal de Justiça:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECOLHIMENTO POST MORTEM DAS CONTRIBUIÇÕES


PREVIDENCIÁRIAS PARA A CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. Não se admite o
recolhimento post mortem de contribuições previdenciárias a fim de que, reconhecida
a qualidade de segurado do falecido, seja garantida a concessão de pensão por morte
aos seus dependentes. De fato, esse benefício é devido ao conjunto de dependentes do
segurado que falecer, mas desde que exista, ao tempo do óbito, a qualidade de segurado do
instituidor. Nesse contexto, é imprescindível o recolhimento das contribuições pelo próprio
contribuinte, de acordo com o art. 30, II, da Lei 8.212/1991. Sendo assim, não obstante o
exercício de atividade pelo segurado obrigatório ensejar sua filiação obrigatória no RGPS,
para seus dependentes perceberem a pensão por morte, são necessários a inscrição e o
recolhimento das respectivas contribuições em época anterior ao óbito, diante da natureza
contributiva do sistema. Dessa forma, não há base legal para uma inscrição post mortem ou
para que sejam regularizadas, após a morte do segurado, as contribuições não recolhidas
em vida por ele. Precedente citado: REsp 1.328.298-PR, Segunda Turma, DJe 28/9/2012. REsp

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1.346.852-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 21/5/2013.

Alternativa “B”: Correta – Foi o entendimento noticiado no informativo de jurisprudência nº 695 do


Supremo Tribunal Federal:

Aposentadoria: preenchimento de requisitos e direito adquirido ao melhor benefício - 7

O segurado do regime geral de previdência social tem direito adquirido a benefício


calculado de modo mais vantajoso, sob a vigência da mesma lei, consideradas todas
as datas em que o direito poderia ter sido exercido, desde quando preenchidos os
requisitos para a jubilação. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, proveu,
em parte, recurso extraordinário para garantir a possibilidade de os segurados verem seus
benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maior renda mensal inicial
(RMI) possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na
mesma data caso tivessem requerido o benefício em algum momento anterior, desde quando
possível a aposentadoria proporcional, com efeitos financeiros a contar do desligamento do
emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas a decadência do direito à
revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. Prevaleceu o voto da Min. Ellen Gracie
— v. Informativo 617. Observou, inicialmente, não se estar, no caso, diante de questão de
direito intertemporal, mas da preservação do direito adquirido em face de novas circunstâncias
de fato, devendo-se, com base no Enunciado 359 da Súmula do STF, distinguir a aquisição
do direito do seu exercício. Asseverou que, cumpridos os requisitos mínimos (tempo
de serviço e carência ou tempo de contribuição e idade, conforme o regime jurídico
vigente à época), o segurado adquiriria o direito ao benefício. Explicitou, no ponto, que
a modificação posterior nas circunstâncias de fato não suprimiria o direito já incorporado
ao patrimônio do seu titular. Dessa forma, o segurado poderia exercer o seu direito assim
que preenchidos os requisitos para tanto ou fazê-lo mais adiante, normalmente por optar
em prosseguir na ativa, inclusive com vistas a obter aposentadoria integral ou, ainda, para
melhorar o fator previdenciário aplicável. RE 630501/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o
acórdão Min. Marco Aurélio, 21.2.2013. (RE-630501)

Aposentadoria: preenchimento de requisitos e direito adquirido ao melhor benefício - 8


Reputou que, uma vez incorporado o direito à aposentação ao patrimônio do segurado, sua
permanência na ativa não poderia prejudicá-lo. Esclareceu que, ao não exercer seu direito
assim que cumpridos os requisitos mínimos para tanto, o segurado deixaria de perceber o
benefício mensal desde já e ainda prosseguiria contribuindo para o sistema. Não faria sentido
que, ao requerer o mesmo benefício posteriormente (aposentadoria), o valor da sua RMI fosse
inferior àquele que já poderia ter obtido. Aduziu que admitir que circunstâncias posteriores
pudessem ensejar renda mensal inferior à garantida no momento do cumprimento dos
requisitos mínimos seria permitir que o direito adquirido não pudesse ser exercido tal como
adquirido. Vencidos os Ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Gilmar
Mendes, que consideravam o requerimento de aposentadoria ato jurídico perfeito, por não se

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tratar, na hipótese, de inovação legislativa. RE 630501/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o
acórdão Min. Marco Aurélio, 21.2.2013. (RE-630501)

Alternativa “C”: Correta – É o entendimento sumulado do STJ:

Súmula 416: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter
perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até
a data do seu óbito.

Alternativa “D”: Correta – É o entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal:

Súmula nº 359: Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se


pela lei vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários.

O seguinte aresto deixa o tema mais claro:

(...) 2. O entendimento sumulado por esta Corte é no sentido de que a aposentadoria é


regida pela lei vigente ao tempo em que reunidos os requisitos necessários à obtenção
do benefício (Súmula/STF 359). (...) (AI 522667 ED, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO,
Primeira Turma, julgado em 26/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-123 DIVULG 24-06-
2015 PUBLIC 25-06-2015)

Alternativa “E”: Correta – É o entendimento sumulado do STJ:

Súmula 340: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente
na data do óbito do segurado.

GABARITO: LETRA “A“

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