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3 Rodada
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3ª RODADA - 05/08/2015
RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL
3ª RODADA - 05/08/2015
RECADO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua
gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
PROFESSORES
CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..
JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.
SUMÁRIO
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.
DIREITO CONSTITUCIONAL
e) O habeas data deve ser manejado para a obtenção de informação de interesse particular
negada pela Administração.
b) O Presidente ficará suspenso de suas funções, nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; e nos crimes de responsabilidade,
após a instauração do processo pelo Senado Federal. Se, decorrido o prazo de cento e
oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente e
será suspenso o processo.
DIREITO TRIBUTÁRIO
c) A compensação pode ser efetuada pelo Fisco, de ofício, ou pelo contribuinte, na sistemática
do lançamento por homologação. Na primeira hipótese, todavia, a jurisprudência tem
entendido que a compensação não pode se dar quando o crédito tributário a ser liquidado
esteja com a sua exigibilidade suspensa.
II. Deve ser de plano extinta a execução fiscal aforada em face do Estado estrangeiro
para a cobrança de taxa decorrente de serviço individualizado e específico prestado em seu
favor.
b) Pode a Fazenda Pública requerer, na própria inicial da execução fiscal, que a citação do
executado se dê mediante edital, especialmente quando provado que este foi do lançamento
anteriormente notificado, na via administrativa, pela via editalícia.
c) Por ausência de norma legal específica, não é possível a utilização do “seguro garantia
judicial” como caução à execução fiscal, não havendo previsão do instituto dentre as
modalidades possíveis de garantia do juízo executivo previstas no art. 9º da LEF.
b) A existência, nos autos da execução em curso, de garantia, seja integral ou parcial, útil
à satisfação do crédito, é irrelevante para a análise da viabilidade do prosseguimento da
execução fiscal de pequeno valor.
e) O limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) aplica-se às execuções fiscais relativas a débitos
decorrentes de multa criminal.
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, à luz da Lei que estatuiu as Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal (Lei nº 4.320/64) e das disposições constitucionais aplicáveis, assinalando a
assertiva correta:
b) Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de
dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas.
9. Acerca das disposições constantes da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000 - LRF) e à luz
da disciplina constitucional vigente quanto às leis orçamentárias, julgue os itens a seguir:
I. O anexo de metas fiscais, que integrará a Lei Orçamentária Anual, conterá, dentre
outros aspectos, demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três
exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos
da política econômica nacional.
II. Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que
as atenderão, constarão da Lei Orçamentária Anual, sendo que o refinanciamento da dívida
pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.
III. A Lei de Diretrizes Orçamentárias não é uma inovação da Constituição Federal de 1988.
IV. A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.
DIREITO ECONÔMICO
11. À luz do que dispõe o Art. 173 da Constituição Federal, segundo o qual a “lei reprimirá o abuso
do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros”, e tendo por base a legislação correlata, assinale a única assertiva
incorreta:
b) Na aplicação das penas estabelecidas na nova Lei Antitruste, o grau de lesão (ou perigo de
lesão) à economia nacional será levado em consideração, conforme previsão legal expressa.
d) Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for
capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando
controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual
ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia.
DIREITO ADMINISTRATIVO
12. Acerca dos contratos administrativos e das licitações públicas, assinale o item correto:
b) Serviços a serem executados de forma contínua poderão ter a sua duração prorrogada
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas
para a administração, limitada a setenta meses.
c) Somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição de autarquia, empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.
d) Quanto ao regime jurídico, a Agência Nacional de Energia Elétrica pode ser classificada
como autarquia sob regime especial.
d) Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa
de direitos fundamentais. Além disso, as informações ou documentos que versem sobre
condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou
a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.
e) Nenhuma aeronave, capaz de navegar sem piloto, poderá sobrevoar sem piloto o
território de um Estado sem autorização especial do citado Estado e de conformidade com
os termos da mesma autorização.
17. Sobre a proteção internacional dos direitos humanos, assinale a alternativa incorreta:
c) O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, têm a forma de tratado internacional e criaram
mecanismos de monitoramento dos direitos humanos, por meio da ONU.
texto estabelece.
d) É vedado aos Estados que não sejam membros da ONU acionar o Conselho de Segurança
ou a Assembleia Geral da mesma organização para intervir em uma controvérsia em que
sejam parte.
organização internacional.
DIREITO EMPRESARIAL
20. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência dos títulos de crédito:
IV. Quanto ao modelo, os títulos de crédito podem ser classificados como “livres” ou
“vinculados”, sendo a duplicata exemplo deste último.
21. Assinale a alternativa incorreta acerca legislação falimentar brasileira e sua intepretação
jurisprudencial:
c) As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos
termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação
judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos no Código Tributário Nacional, ocasião
em que as microempresas e empresas de pequeno porte farão jus a prazos 20% (vinte por
d) Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo
administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa
falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização
judicial.
DIREITO CIVIL
22. De acordo com a teoria geral dos contratos, julgue as alternativas a seguir.
I. Os contratos aleatórios são caracterizados pelo fato de que a prestação de uma das
partes, no momento da celebração do negócio jurídico, não é conhecida com exatidão,
dependendo de um evento futuro e incerto.
II. O preceito do “duty to mitigate the loss” consiste no dever imposto ao credor de
mitigar as perdas sofridas pelo devedor, sendo consequência direta do princípio da boa-fé
subjetiva.
III. A “supressio” consiste nos casos nos quais o decurso do tempo permite concluir o
surgimento de uma posição jurídica, arrimada na regra da boa-fé.
b) II e V estão corretas.
d) I e V estão corretas.
a) A contagem do prazo decadencial tem início no momento em que surge o direito, não
se interrompe, nem se suspende, em razão do decurso do tempo, podendo ser reconhecida,
de ofício, pelo juiz.
c) Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
prazos previstos na lei. Assim sendo, a pretensão ressarcitória nasce concomitantemente ao
surgimento da lesão ao direito.
d) As partes não podem estabelecer prazo decadencial, uma vez que a decadência tem
sede legal. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Ainda, a decadência é causa de
extinção dos direitos potestativo.
II. O registro da pessoa jurídica tem natureza jurídica constitutiva de direito. O direito de
anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro, decai em três anos.
IV. As associações são entidades de direito privado, com fins não econômicos, portanto,
não podem obter lucros. Tendo em vista o caráter personalíssimo da associação, o estatuto
V. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor tem a faculdade
de transferir a propriedade sobre os bens dotados, sendo, deste modo, retratável o ato de
instituição.
a) I e II estão corretos.
b) I e IV estão corretos.
d) II e IV estão corretos.
a) Saneado o feito, é possível a alteração dos elementos objetivos da demanda desde que
a existente concordância da parte ré.
b) A decisão que comina astreintes durante a fase de conhecimento faz coisa julgada,
impedindo posterior revisão no momento de sua execução.
d) Ainda que não prequestionadas, admite-se, em recurso especial, a análise das chamadas
questões de ordem pública.
26. Considerando a jurisprudência dominante acerca do julgamento imediato das ações repetitivas
(art. 285-A, CPC), julgue os itens a seguir:
III. A apelação que impugna sentença liminar de improcedência possui efeito regressivo.
Ademais, interposta a apelação, deve o réu deve ser intimado para, querendo, apresentar
as suas contrarrazões.
a) Cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo a
agravo de instrumento.
d) O valor da causa deve constar da petição inicial e será, em havendo também pedido
subsidiário, aquele de maior valor.
e) O terceiro, parte em outro feito no qual também se discute a tese a ser firmada em
recurso repetitivo, possui interesse jurídico para intervir, como assistente simples, no
processo paradigma submetido ao rito do art. 543-C do CPC.
28. Sobre a aplicação da lei penal no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta.
a) O “abolitio criminis” é o fenômeno pelo qual lei posterior deixa de considerar crime
determinado fato. No Brasil não se admite a figura da “abolitio criminis temporalis”.
b) No crime permanente, caso editada lei nova no curso da atividade criminosa, aquela será
aplicada, desde que mais benéfica e passe a viger antes de cessada a permanência.
d) De acordo com o princípio da nacionalidade, aplica-se a lei nacional aos crimes praticados
em aeronaves ou embarcações, mercantes ou de propriedade privada, quando não forem
julgados no território estrangeiro.
b) O crime de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, não exige dolo
específico do agente de lesar o erário público.
c) O delito de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, pressupõe a
qualidade de funcionário público do agente.
30. Sobre as causas de extinção da punibilidade na ação penal de iniciativa privada, julgue os
itens a seguir.
II. A renúncia ao direito de queixa, que se opera de forma expressa, é retratável e por força
do princípio da divisibilidade pode ser concedida apenas em relação a um dos coautores.
III. O perdão do ofendido é ato unilateral, pode ser oferecido antes do processo, bem
como no curso da ação penal, decorre do princípio da conveniência, podendo ser oferecido
até o trânsito em julgado do processo penal.
c) I, II e V estão incorretas.
DIREITO DO TRABALHO
após a passagem para o regime estatutário, configura violação à coisa julgada, ao ato
jurídico perfeito, ao direito adquirido e à irredutibilidade de vencimentos.
e) O tempo de serviço público federal, prestado sob regime celetista, deve ser contado para
todos os efeitos, incorporando-se ao patrimônio dos servidores públicos transformados em
estatutários.
b) O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de
se manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público,
ainda que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto,
qualquer dilação probatória.
d) Por vedação constitucional, prevista no art. 37, XIII, não é possível equiparação salarial
envolvendo empregados públicos, seja empregado da Administração Direta ou de Sociedade
de Economia Mista.
e) Há interesse do Ministério Público do Trabalho para recorrer contra decisão que declara
a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública,
após a CF/1988, sem a prévia aprovação em concurso público.
b) Caso o empregado ajuíze reclamação trabalhista requerendo que o juiz fixe a data do
gozo de suas férias, a sentença cominará, independentemente do pedido autoral, pena
diária de 5% do salário mínimo, devida ao empregado até que seja cumprida;
34. Assinale a única peça que, segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas, não é obrigatória a
juntada na interposição de Agravo de Instrumento:
b) Decisão Agravada.
d) Ata de audiência.
e) Petição Inicial.
35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:
36. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:
c) É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido
essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data
do seu óbito.
e) A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data
do óbito do segurado.
QUESTÃO 1 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA A
DIREITO CONSTITUCIONAL
COMENTÁRIO
De acordo com a jurisprudência do STF, a cláusula da reserva do possível não pode ser invocada pelo
Poder Público com o propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas
públicas definidas na própria Constituição. Segundo o Tribunal, ela encontra insuperável limitação na
garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso ordenamento
positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana. A noção de ‘mínimo
existencial’, que resulta, de modo implícito, de determinados preceitos constitucionais (CF, art. 1º, III, e
art. 3º, III), compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir
condições adequadas de existência digna, em ordem a assegurar à pessoa acesso efetivo ao direito geral
Quanto ao item “b”, o entendimento do STF nos autos do HC nº 82.969 foi justamente o contrário, no
sentido de que a mera instauração de inquérito, quando evidente a atipicidade da conduta, constitui
meio hábil a impor violação aos direitos fundamentais, em especial ao princípio da dignidade humana.
Portanto, incorreto o item “b”.
No item “d”, atentem que a dignidade da pessoa humana é o núcleo axiológico do constitucionalismo
contemporâneo, constitui o valor constitucional supremo e, enquanto tal, deve servir, não apenas como
razão para a decisão de casos concretos, mas principalmente como diretriz para a elaboração, interpretação
e aplicação das normas que compõem a ordem jurídica em geral, incluindo a ordem econômica. Não
por outro motivo o caput do artigo 170 estabelece que “a ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social (...)”. Assim, incorreto o item “d”.
Quanto ao item “e”, ele reflete parte do texto da súmula vinculante nº 11 do STF. Entretanto, nessa súmula
são citados outros casos em que se admite o uso de algemas: fundado receio de fuga, ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros. Assim, incorreto o item “e”.
O item correto, portanto, é o “c”. Acerca do tema, colaciono entendimento de Dirley da Cunha Junior e
Marcelo Novelino acerca do tema:
(DA CUNHA JR. Dirley. NOVELINO, Marcelo. Constituição Federal para concursos. Juspodium,
e) O habeas data deve ser manejado para a obtenção de informação de interesse particular
negada pela Administração.
COMENTÁRIO
O item “a” contraria a súmula nº 692 do STF, com o seguinte teor: “Não se conhece de habeas corpus
contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
dos autos, nem foi ele provocado a respeito”. Portanto, incorreto o item.
Com relação ao item “b”, o STF possui entendimento pela impossibilidade de formação de litisconsórcio
passivo, em sede de mandado de injunção, entre a autoridade competente para a elaboração da
norma regulamentadora de dispositivo constitucional e particulares. No entendimento do Tribunal o
mandado de injunção se dirige as autoridades ou órgãos públicos que se pretendem omissos quanto
a regulamentação que viabilize o exercício dos direitos e liberdade constitucionais e das prerrogativas
inerentes a nacionalidade, a soberania e a cidadania, não se configurando, assim, hipótese de cabimento
do litisconsórcio passivo entre essas autoridades e órgãos públicos que deverão, se for o caso, elaborar a
regulamentação necessária, e particulares que, em favor do impetrante do mandado de injunção, vierem
a ser obrigados ao cumprimento da norma regulamentadora, quando vier esta, em decorrência de sua
elaboração, a entrar em vigor. Nesse sentido é o MI nº 1.007 e o AgR no MI nº 323.
O item “d” está incorreto, ao contrariar o enunciado da Súmula nº 630 do STF, com o seguinte teor: “A
entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria”.
Quanto ao item “e”, o STJ já entendeu no REsp 781.969 que o habeas data assegura o conhecimento de
informações relativas à própria pessoa do impetrante; e o objetivo é sempre o de conhecer e retificar
essas informações, quando errôneas, para evitar o seu uso indevido. O direito à informação de interesse
particular ou coletivo (art. 52, XXXIII), se negado pela Administração, deve ser protegido pela via judicial
ordinária ou pelo mandado de segurança e não pelo habeas data.
O item correto, portanto, é o “c”. Conforme entendeu o STF no HC 100.664, o habeas corpus é ação
constitucional de envergadura maior, voltada a preservar a liberdade de ir e vir, descabendo o uso do
remédio para afastar o curso de processo administrativo.
b) O Presidente ficará suspenso de suas funções, nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; e nos crimes de responsabilidade,
após a instauração do processo pelo Senado Federal. Se, decorrido o prazo de cento e
oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente e
será suspenso o processo.
COMENTÁRIO
O item “a” está incorreto, já que em razão do princípio da simetria a licença prévia se justifica quando a
ausência superar 15 dias, nos termos do art. 83 da Constituição Federal. Nesse sentido foi o julgamento
do STF na ADI nº 738.
O erro do item “b”, nos termos do art. 86, §2º, da Constituição Federal, está em afirmar que o não
julgamento do processo em 180 dias implicará na sua suspensão. Na verdade, o transcurso do prazo não
Quanto ao item “c”, já decidiu o STF no HC 96.475 que a concessão do benefício do indulto é uma
faculdade atribuída ao Presidente da República. Desta forma, admite-se a imposição de condições para
tê-lo como aperfeiçoado, desde que em conformidade com a Constituição Federal. Assim, incorreto o
item “c”.
Quanto ao item “d”, embora o art. 91, §1º, I, da Constituição, autorize que o Conselho de Defesa opine
nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, a competência para declarar guerra, no
caso de agressão estrangeira, desde que autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
do Congresso Nacional, é o do Presidente da República (art. 84, XIX e XX).
O item correto, portanto, é o “e”. Entendeu o STF na ADI nº 179 que é inconstitucional qualquer tentativa
do Poder Legislativo de definir previamente conteúdos ou estabelecer prazos para que o Poder Executivo,
em relação às matérias afetas a sua iniciativa, apresente proposições legislativas, mesmo em sede da
Constituição estadual, porquanto ofende, na seara administrativa, a garantia de gestão superior dada ao
chefe daquele Poder. Assim, correto o item.
DIREITO TRIBUTÁRIO
c) A compensação pode ser efetuada pelo Fisco, de ofício, ou pelo contribuinte, na sistemática
do lançamento por homologação. Na primeira hipótese, todavia, a jurisprudência tem
entendido que a compensação não pode se dar quando o crédito tributário a ser liquidado
esteja com a sua exigibilidade suspensa.
COMENTÁRIO
Letra a. Correta. A compensação consiste em um encontro de contas entre dois sujeitos que são
reciprocamente credor e devedor um do outro. O Código Civil define a compensação, prevendo-a
dentre as causas extintivas da relação jurídica obrigacional, em seu art. 368, segundo o qual “Se duas
pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até
onde se compensarem”. Esse raciocínio também é aplicável na relação tributária, isto é, quando o sujeito
ativo do vínculo for pessoa jurídica de direito público que seja credora de quantia relativa a tributo. No
ponto, importante conhecer o que dispõe o art. 170 do CTN: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as
garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a
compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo
contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará,
para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior
que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da
compensação e a do vencimento”. Com efeito, importante destacar que inexiste direito à compensação
decorrente diretamente do Código Tributário Nacional, vez que a mesma sempre dependerá de lei que a
autorize e estabeleça condições e limites para a sua realização:
“[...] A Primeira Seção do STJ, ao julgar, sob o rito do art. 543-C do CPC, o Recurso Especial 1.008.343/
SP (Rel. Ministro LUIZ FUX, DJe de 01/02/2010), proclamou que a compensação tributária adquire
a natureza de direito subjetivo do contribuinte, em havendo a concomitância de três elementos
essenciais: (i) existência de crédito tributário, como produto do ato administrativo do lançamento
ou do ato-norma do contribuinte que constitui o crédito tributário; (ii) existência de débito do
Fisco, como resultado: (a) de ato administrativo de invalidação do lançamento tributário, (b) de
decisão administrativa, (c) de decisão judicial, ou (d) de ato do próprio administrado, quando
autorizado em lei, cabendo à Administração Tributária a fiscalização e ulterior homologação
do débito do Fisco, apurado pelo contribuinte; e (iii) existência de lei específica, editada pelo
ente competente, que autorize a compensação, ex vi do art. 170 do CTN. A Segunda Turma
desta Corte, ao julgar o REsp 987.943/SC (Rel. Ministra ELIANA CALMON, DJe de 28.02.2008),
proclamou que “o art. 170 do CTN dispõe que somente a lei pode autorizar a compensação
de créditos tributários, nas condições e sob as garantias que estipular”; que “a compensação
tributária depende de regras próprias e específicas, não sendo possível aplicar subsidiariamente
as regras gerais do Código Civil”; e que o legislador não quis aplicar, à compensação de tributos
indevidamente pagos, as regras do Direito Privado. A prova dessa assertiva é que o art. 374 do
atual Código Civil - que determinava que a compensação das dívidas fiscais e parafiscais seria
regida pelo disposto no Capítulo VII daquele diploma legal - foi revogado pela Lei 10.677/2003,
logo após a entrada em vigor do Código Civil. (AgRg no AgRg no AgRg no AREsp 123.471/RS, Rel.
Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/10/2014, DJe 09/10/2014)”.
Letra b. Correta. Pelo fato de que a compensação em matéria tributária sempre depender de lei que a
autorize e delimite seus contornos, tem-se negado a possibilidade de compensação, inexistindo a devida
previsão legislativa, entre crédito tributário e aquele oriundo de precatório não adimplido pelo ente
público: “Nos termos da jurisprudência desta Corte, a ausência de legislação estadual específica autorizativa
impede a compensação de precatório vencido e não pago com créditos de ICMS do mesmo Estado, nos
termos do art. 170 do Código Tributário Nacional - CTN. (AgRg no REsp 1034405/RS, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013)”. Anota-se que esta lei indicada pelo
art. 170 do CTN será federal, estadual ou municipal, podendo cada respectivo ente político autorizar a
compensação de tributos jungidos à sua respectiva esfera de competência.
Letras c e d. Corretas. Em âmbito federal, a compensação pode ser efetuada pelo Fisco, de ofício, ou pelo
contribuinte. A compensação de ofício pela própria autoridade fiscal tem lugar quando, havendo pedido
administrativo de restituição de indébito ou recebimento de outros créditos em dinheiro, a Receita Federal
do Brasil, verificando que o requerente também está com débito em aberto para com ela, procede à
compensação dos valores. Subsistindo saldo a favor do contribuinte, ele será restituído em dinheiro. Os
dispositivos que atualmente regulamentam o tema são o art. 7º do DL 2.287/86, o art. 89, §8º, da Lei
8.212/91, e o art. 73 da Lei nº 9.430/96. Destaca-se, todavia, conforme jurisprudência firmado do STJ, que
não estão sujeitos à compensação de ofício os créditos tributários com exigibilidade suspensa, como
acontece, p. ex, naqueles que estejam parcelados:
A não-homologação difere da situação da compensação não declarada, esta caracterizada quando a lei
expressamente vede a possibilidade de o contribuinte realizar compensação, hipótese em que, diante da
vedação legal inequívoca, inexistirá direito à impugnação ou recurso com efeito suspensivo. As hipóteses
em que a compensação será considerada não declarada encontram-se previstas no §12º do art. 74 da
Lei nº 9.430/96 (dentre as quais, p.ex., quando o crédito for de terceiro, decorrer de decisão judicial não
transitada em julgado, referir a título público ou a crédito-prêmio do IPI, etc.). Deste modo:
Tudo até aqui dito acerca da compensação realizada pelo contribuinte encontra-se na atual redação do
art. 74 da Lei nº 9.430/96, dispositivo de leitura obrigatória por aqueles que irão prestar o concurso da
PGFN.
II. Deve ser de plano extinta a execução fiscal aforada em face do Estado estrangeiro
para a cobrança de taxa decorrente de serviço individualizado e específico prestado em seu
favor.
COMENTÁRIO
Item I. Incorreto. Em regra, por força do que dispõem os textos das Convenções de Viena de 1961 e 1963,
os estados estrangeiros são isentos (embora alguns julgados e doutrinadores façam referência ao termo
Artigo 23
1. O Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os impostos e taxas, nacionais,
regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários ou inquilinos,
excetuados os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes sejam prestados.
2. A isenção fiscal a que se refere este artigo não se aplica aos impostos e taxas cujo pagamento,
na conformidade da legislação do Estado acreditado, incumbir as pessoas que contratem com
o Estado acreditante ou com o Chefe da Missão.
ARTIGO 32º
2. A isenção fiscal prevista no parágrafo 1 do presente artigo não se aplica aos mesmos impostos
e taxas que, de acordo com as leis e regulamentos do Estado receptor, devam ser pagos pela
pessoa que contratou com o Estado que envia ou com a pessoa que atue em seu nome.
Como sublinhado acima, inobstante a previsão da isenção fiscal como regra, é estabelecida exceção –
admitindo a tributação – relativamente às taxas cobradas por serviços específicos que sejam prestados ao
estado estrangeiro. Nesse sentido:
Item II. Incorreto, pois o STJ tem jurisprudência firmada no sentido de que, antes de se extinguir a
execução fiscal promovida em face do Estado estrangeiro deve ser ao mesmo previamente franqueada
a possibilidade de renúncia expressa à imunidade de execução, hipótese em que o processo terá curso
normalmente. Com efeito, conforme também bem anota a doutrina, existe inclusive a possibilidade de
pagamento voluntário do débito pelo Estado estrangeiro, sendo possível ainda apontar as seguintes
exceções à imunidade da jurisdição executória:
[...] Em resumo, a imunidade de execução do Estado estrangeiro ainda resiste quase absoluta.
Em todo caso, podem ser elencadas as seguintes possibilidades de satisfação do débito do
ente estatal estrangeiro derrotado em processo judicial: - Pagamento voluntário pelo Estado
estrangeiro; - Negociações conduzidas pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil e,
correlata a esta possibilidade, a solicitação de pagamento pelas vias diplomáticas; - Expedição de
carta rogatória ao Estado estrangeiro; - Execução de bens não afetos aos serviços diplomáticos e
consulares do Estado estrangeiro, como recursos financeiros vinculados a atividades empresariais
disponíveis em contas bancárias; - Renúncia à imunidade de execução pelo Estado estrangeiro.
Destacamos, por fim, que a imunidade de execução é autônoma em relação à imunidade de
jurisdição. Nesse sentido, a renúncia à imunidade de jurisdição diante de conflitos relativos a
atos de império não implica abrir mão da imunidade de execução, relativamente à qual nova
renúncia é necessária. Ao mesmo tempo, lembramos que a inexistência de imunidade nos atos
de gestão não afeta a manutenção da imunidade de execução. (PORTELA, Paulo Henrique
Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. 6ª Ed. 2014. Págs. 201-202)
Item III. Incorreto, pois, embora seja em tese possível a tributação por taxa de prestação de serviços
individualizados e específicos prestados ao Estado Estrangeiro, o STF tem jurisprudência sumulada no
sentido da inconstitucionalidade da famigerada Taxa de Iluminação Pública, posto ser este um serviço
destinado a toda a coletividade (uti universi), não específico e tampouco divisível. Nesse sentido a Súmula
Vinculante nº 41, a qual dispõe que “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa”.
b) Pode a Fazenda Pública requerer, na própria inicial da execução fiscal, que a citação do
executado se dê mediante edital, especialmente quando provado que este foi do lançamento
anteriormente notificado, na via administrativa, pela via editalícia.
c) Por ausência de norma legal específica, não é possível a utilização do “seguro garantia
judicial” como caução à execução fiscal, não havendo previsão do instituto dentre as
modalidades possíveis de garantia do juízo executivo previstas no art. 9º da LEF.
COMENTÁRIO
Letra a. Incorreta. Embora a LEF possua regra específica assegurando a intimação pessoal do representante
fazendário no âmbito da execução fiscal (Art. 25 - Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante
judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente. Parágrafo Único - A intimação de que trata este artigo
poderá ser feita mediante vista dos autos, com imediata remessa ao representante judicial da Fazenda
Pública, pelo cartório ou secretaria”), o STJ ressalva de tal comando a hipótese em que a execução fiscal
tramitar em comarca/subseção diversa daquela em que sediado o órgão de representação judicial da
Fazenda Nacional, situação em que se admitirá a excepcional hipótese de intimação desta mediante carta
com aviso de recebimento: “
Letra b. Incorreta, vez que embora admitida a citação por edital na execução fiscal, é ela medida
excepcional, somente cabível quando frustrado o ato citatório por correio e por oficial de justiça:
“PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. CITAÇÃO POR EDITAL. CONDIÇÃO
DE CABIMENTO: FRUSTRAÇÃO DAS DEMAIS MODALIDADES DE CITAÇÃO (POR CORREIO E
POR OFICIAL DE JUSTIÇA). LEI 6830/80, ART. 8º. 1. Segundo o art. 8º da Lei 6.830/30, a citação
por edital, na execução fiscal, somente é cabível quando não exitosas as outras modalidades
de citação ali previstas: a citação por correio e a citação por Oficial de Justiça. Precedentes de
ambas as Turmas do STJ. 2. Recurso especial improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-
C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 1103050/BA, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/03/2009, DJe 06/04/2009)”.
Este entendimento atualmente encontra-se inclusive Sumulado no Enunciado nº 414 do STJ, segundo o
qual “A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades”. Assim,
mesmo que a notificação do anterior lançamento, no âmbito do processo administrativo fiscal - PAF
(Decreto nº 70.235/1972) tenha se realizado por edital, na execução fiscal deve ser antes de tudo tentada
a citação do executado pelos meios ordinários (correio e oficial de justiça), para que, somente se inexitosos
estes, seja o ato citatório realizado por meio de edital.
Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos
indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: I - efetuar depósito em dinheiro,
à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;
II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia; (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014)
III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou IV - indicar à penhora bens
oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública. O seguinte precedente do STJ é bem
didático nesse sentido, também afirmando que a alteração legislativa tem aplicação imediata
às execuções em curso, posto se tratar de norma de natureza processual: “PROCESSUAL CIVIL.
EXECUÇÃO FISCAL. SEGURO-GARANTIA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. LEI 13.043/2014.
MODALIDADE EXPRESSAMENTE INSERIDA NA LEI DE EXECUÇÃO FISCAL. ART. 9°, II, DA LEF.
NORMA PROCESSUAL. APLICABILIDADE IMEDIATA. CABIMENTO. 1. Cinge-se a controvérsia a
definir se o seguro garantia judicial pode ser utilizado, em Execução Fiscal, como modalidade de
garantia da dívida. 2. A jurisprudência do STJ, em atenção ao princípio da especialidade, era no
sentido do não cabimento, uma vez que o art. 9° da LEF não contemplava o seguro-garantia
como meio adequado a assegurar a Execução Fiscal. 3. Sucede que a Lei 13.043/2014 deu nova
redação ao art. 9°, II, da LEF para facultar expressamente ao executado a possibilidade de
“oferecer fiança bancária ou seguro garantia”. A norma é de cunho processual, de modo que
possui aplicabilidade imediata aos processos em curso. 4. Não merece acolhida, portanto, a
pretensão da Fazenda Pública do Estado de São Paulo de impedir que a dívida seja garantida
mediante oferecimento de seguro-garantia. 5. Recurso Especial não provido. (REsp 1508171/SP,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 06/04/2015)”.
Letra d. Incorreta, pois no caso a penhora será efetivada concomitante com a citação inicial do devedor
(e não posteriormente como indicado o enunciado). Cuida tal expediente de previsão contida no art. 53
da Lei nº 8.212/91, segundo a qual:
“Art. 53. Na execução judicial da dívida ativa da União, suas autarquias e fundações públicas,
será facultado ao exequente indicar bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente
com a citação inicial do devedor. § 1º Os bens penhorados nos termos deste artigo ficam
desde logo indisponíveis. § 2º Efetuado o pagamento integral da dívida executada, com seus
acréscimos legais, no prazo de 2 (dois) dias úteis contados da citação, independentemente
da juntada aos autos do respectivo mandado, poderá ser liberada a penhora, desde que não
haja outra execução pendente. § 3º O disposto neste artigo aplica-se também às execuções
já processadas. § 4º Não sendo opostos embargos, no caso legal, ou sendo eles julgados
improcedentes, os autos serão conclusos ao juiz do feito, para determinar o prosseguimento
da execução”. Embora tal dispositivo se encontre na lei de custeio da seguridade social (Lei
nº 8.212/91) não fica a sua aplicação cingida às execuções das contribuições ditas sociais ou
previdenciárias, mas alcança qualquer execução fiscal da dívida ativa da União, autarquias
e fundações públicas federais. Com efeito, permite-se com tal expediente que se realize a
penhora de bens do executado concomitantemente com a sua citação, isto é, antes mesmo
de qualquer manifestação processual do mesmo. Sobre o preceito, o seguinte acórdão do STJ:
Sobre o preceito, o seguinte acórdão do STJ: “TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. NOMEAÇÃO DE
BENS À PENHORA. CONCOMITÂNCIA COM A CITAÇÃO. POSSIBILIDADE. DIREITO SUBJETIVO.
EXEGESE DO ART. 53 DA LEI N. 8.212/1991. PERDA DO OBJETO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Nos
termos do art. 53 da Lei n. 8.212/91, “Na execução judicial da dívida ativa da União, suas
autarquias e fundações públicas, será facultado ao exequente indicar bens à penhora, a qual
será efetivada concomitantemente com a citação inicial do devedor.” 2. O requerimento de
constrição em concomitância com a citação insculpida no art. 53 da Lei n. 8.212/91 visa assegurar
maior celeridade aos feitos executivos, rendendo espaço a importantes alterações promovidas
no Processo de Execução, restabelecendo o princípio de que “a execução deve ser feita no
interesse do credor”, sem que implique revogação dos dispositivos da Lei n. 6.830/80 - Lei de
Execuções Fiscais ou do CPC. 3. A possibilidade de indicação de bens a penhora pelo credor
não retira do executado a possibilidade de comprovar a onerosidade sofrida pela constrição
efetuada. Exegese do art. 620 do CPC. 4. A Fazenda Nacional não enseja burlar a citação válida
e proceder penhora antes de sua efetivação, pois o requerimento é para que a constrição ocorra
concomitantemente, o que encontra amparo no art. 53 da Lei n. 8.212/91. 5. As alegações da
agravante, de que já houve a citação e oferta de bens a penhora, e que a exigibilidade do crédito
encontra-se suspensa, são matérias fáticas a ser examinadas pela Corte de origem, quando
do retorno dos autos à Instância a quo, o que rechaça o argumento de perda de objeto do
especial, pois subsiste a tese jurídica trazida a esta Corte para análise: possibilidade de o credor
indicar bens a penhora e requerer sua efetiva realização em concomitância com a citação
valida. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 195.657/BA, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/10/2012, DJe 24/10/2012)”.
Letra e. Correta (gabarito), conforme o entendimento sufragado pelo STJ no seguinte REsp representativo
da controvérsia:
b) A existência, nos autos da execução em curso, de garantia, seja integral ou parcial, útil
à satisfação do crédito, é irrelevante para a análise da viabilidade do prosseguimento da
execução fiscal de pequeno valor.
processo.
e) O limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) aplica-se às execuções fiscais relativas a débitos
decorrentes de multa criminal.
COMENTÁRIO
É importante ao candidato do certame da PGFN ler e ter conhecimento das disposições dos arts. 20 e
20-A da Lei nº 10.522/02, atualizados e complementados pela Portaria MF nº 75, de 22 de março de
2012, a qual prevê, dentre outras providências, importantes regras acerca da inscrição em dívida ativa
e do ajuizamento de execuções fiscais relativas a débitos considerados de baixo valor no âmbito da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
Letra a. Incorreta. A teor do art. 20 da Lei 10.522/2002, alterada pela Lei 11.033/2004, serão arquivados,
sem baixa na distribuição, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União
pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior
a R$ 10.000,00 (dez mil reais). A portaria nº 75 do Ministério da Fazenda, editada em 22/03/2012, trouxe
atualização deste valor, passando a determinar o não ajuizamento ou o arquivamento de execuções
fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00.
Conforme o art. 2º da Portaria MF nº 75/2012, preenchidos os respectivos pressupostos, compete ao
Procurador da Fazenda responsável requerer o arquivamento do feito, sem baixa na distribuição, e não
a extinção do processo, até porque possível a reativação do processo, dentro do prazo prescricional
intercorrente, uma vez superado o limite mínimo de R$ 20.000,00 (vinte mil reais): “Art. 2º O Procurador
da Fazenda Nacional requererá o arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos
com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
desde que não ocorrida a citação pessoal do executado e não conste dos autos garantia útil à satisfação do
crédito. Parágrafo único. O disposto no caput se aplica às execuções que ainda não tenham sido esgotadas
as diligências para que se considere frustrada a citação do executado”.
Letra b. Incorreta, pois a existência de garantia, integral ou parcial, útil à satisfação do crédito cobrado na
execução fiscal, ainda que de valor inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) impõe o regular prosseguimento
desta, até porque, verificada a hipótese, o arquivamento dos autos representaria verdadeiro retrocesso à
marcha executiva e à satisfação do crédito público, vez que aí bastaria a realização dos atos expropriatórios
relativamente ao bem objeto da anterior garantia. Tal ressalva, como visto, consta da parte final do art.
2º da Portaria MF nº 75/2012 (Art. 2º O Procurador da Fazenda Nacional requererá o arquivamento, sem
baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja
igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), desde que não ocorrida a citação pessoal do executado e
Letra c. Incorreta, pois ainda que se faculte a reativação do processo arquivado em razão do pequeno
valor do débito exequendo (Lei nº 10.522/2002, art. 20, §1º - “Os autos de execução a que se refere este
artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados”), a retomada da
marcha processual deve ocorrer dentro dos 5 anos subsequentes ao arquivamento. Raciocínio inverso
implicaria em eternizar a execução fiscal, autorizando a retomada de seu curso ainda que passados
muitos anos do momento em que foi arquivada. Nesse sentido:
“[...] Ainda que a execução fiscal tenha sido arquivada em razão do pequeno valor do débito
executado, sem baixa na distribuição, nos termos do art. 20 da Lei 10.522/2002, deve ser
reconhecida a prescrição intercorrente se o processo ficar paralisado por mais de cinco anos
a contar da decisão que determina o arquivamento, pois essa norma não constitui causa
de suspensão do prazo prescricional. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. A
mesma razão que impõe à incidência da prescrição intercorrente quando não localizados o
devedor ou bens penhoráveis – impedir a existência de execuções eternas e imprescritíveis –,
também justifica o decreto de prescrição nos casos em que as execuções são arquivadas em
face do pequeno valor dos créditos executados. O § 1º do art. 20 da Lei 10.522/02 - que permite
sejam reativadas as execuções quando ultrapassado o limite legal – deve ser interpretado em
conjunto com a norma do art. 40, § 4º, da LEF – que prevê a prescrição intercorrente -, de
modo a estabelecer um limite temporal para o desarquivamento das execuções, obstando assim
a perpetuidade dessas ações de cobrança. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n.º 08/2008. (REsp 1102554/MG, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/05/2009, DJe 08/06/2009)”.
Letra d. Correta (gabarito). Conforme jurisprudência do STJ, as disposições da Lei 10.522/02, na redação
da Portaria MF nº 75/2012, tendo em conta o caráter específico de tais diplomas, destinam-se apenas às
execuções fiscais encabeçadas pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, não se aplicando àquelas
em que figurem como exequentes as autarquias federais ou os conselhos de fiscalização profissional:
cuja credora é a União, dentre os quais os custos gerados para a administração pública para
a propositura e o impulso de demandas desta natureza, em comparação com os benefícios
pecuniários que poderão advir de sua procedência. 4. Não há falar em aplicação, por analogia, do
referido dispositivo legal aos Conselhos de Fiscalização Profissional, ainda que se entenda que as
mencionadas entidades tenham natureza de autarquias, mormente porque há regra específica
destinada às execuções fiscais propostas pelos Conselhos de Fiscalização Profissional, prevista
pelo artigo 8º da Lei n. 12.514/2011, a qual, pelo Princípio da Especialidade, deve ser aplicada no
caso concreto. 5. A submissão dos Conselhos de fiscalização profissional ao regramento do artigo
20 da Lei 10.522/02 configura, em última análise, vedação ao direito de acesso ao poder judiciário
e à obtenção da tutela jurisdicional adequada, assegurados constitucionalmente, uma vez que
cria obstáculo desarrazoado para que as entidades em questão efetuem as cobranças de valores
aos quais têm direito. 6. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do artigo 543-C, do
CPC. (REsp 1363163/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
11/09/2013, DJe 30/09/2013)”. “DIREITO PÚBLICO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. EXECUÇÃO FISCAL. ARQUIVAMENTO. ART. 20 DA LEI N. 10.522/2002. IBAMA.
AUTARQUIA FEDERAL. PROCURADORIA-GERAL FEDERAL. INAPLICABILIDADE. 1. Ao apreciar
o Recurso Especial 1.363.163/SP (Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJe 30/9/2013), interposto
pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo - CRECI - 2ª Região,
a Primeira Seção entendeu que a possibilidade de arquivamento do feito em razão do diminuto
valor da execução a que alude o art. 20 da Lei n. 10.522/2002 destina-se exclusivamente aos
débitos inscritos como Dívida Ativa da União, pela Procuradoria da Fazenda Nacional ou por ela
cobrados. 2. Naquela assentada, formou-se a compreensão de que o dispositivo em comento,
efetivamente, não deixa dúvidas de que o comando nele inserido refere-se unicamente aos
débitos inscritos na Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por
ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). 3. Não se
demonstra possível, portanto, aplicar-se, por analogia, o referido dispositivo legal às execuções
fiscais que se vinculam a regramento específico, ainda que propostas por entidades de natureza
autárquica federal, como no caso dos autos. 4. Desse modo, conclui-se que o disposto no art.
20 da Lei n. 10.522/2002 não se aplica às execuções de créditos das autarquias federais cobrados
pela Procuradoria-Geral Federal. 5. Recurso especial provido para determinar o prosseguimento
da execução fiscal. Acórdão submetido ao regime estatuído pelo art. 543-C do CPC e Resolução
STJ 8/2008. (REsp 1343591/MA, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
11/12/2013, DJe 18/12/2013)”.
Letra e. Incorreta. Conforme a Súmula nº 521 do STJ “A legitimidade para a execução fiscal de multa
pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda
Pública”. Nesse sentido, é comum que tais valores, na hipótese de cobrança pela PGFN (isto é, quando
oriundos de condenações decorrentes de algum dos segmentos do judiciário da União), sejam de baixo
valor, o que mesmo assim não impede a propositura da execução, até por conta da própria função da
pena. Nesse sentido a previsão do §1º do art. 1º da Portaria MF nº 75/2012: “§ 1º Os limites estabelecidos
no caput não se aplicam quando se tratar de débitos decorrentes de aplicação de multa criminal”.
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, à luz da Lei que estatuiu as Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal (Lei nº 4.320/64) e das disposições constitucionais aplicáveis, assinalando a
assertiva correta:
b) Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de
dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas.
COMENTÁRIO
a) De fato, o Princípio da Unidade está previsto na Lei nº 4.320/64, mais precisamente em seu Art. 2º, a
par dos Princípios da Universalidade e da Anualidade. Contudo, a definição apresentada na assertiva está
equivocada, pois a unidade “não se refere a uma unidade documental, mas de orientação política” (LEITE,
Harrison. Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 70). Assim,
com o fito de se evitar diversos orçamentos, o que baralharia sua fiscalização, o legislador
achou por bem que os entes federativos, independentemente da complexidade de sua
organização, devam elaborar apenas um orçamento, ainda que vertido em mais de um
documento, ou em subdivisões, como ocorre com a lei orçamentária anual, que comporta
três suborçamentos, quais sejam, o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o
orçamento de investimento (art. 165, §5, da CF), mas nem por isso desrespeita a unidade da
orçamentação (LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 70).
b) A assertiva corresponde ao disposto no Art. 36 da Lei n.º 4320/64. Conforme Ricardo Damasceno de
Almeida e Marcelo Jucá Lisboa,
Restos a pagar são as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro,
logo, são restos a pagar as despesas de um exercício (pois neste são empenhadas),
mas que serão pagas em um exercício subsequente. Segundo a definição de MISABEL
ABREU MACHADO DERZI, “restos a pagar são as despesas orçamentárias ainda não pagas,
computadas no exercício e transferidas, depois de relacionadas, para a conta de restos a
pagar (exercício seguinte) com saldo existente no dia 31 de dezembro.” (Comentários à Lei de
Responsabilidade Fiscal, Coord. Ives Gandra da Silva Martins e Carlos Valder do Nascimento,
3ª Ed., p. 317) [...] Direito Financeiro: Lei nº 4320/1964, 2ª Ed., pág 168.
Não esquecer que, quando passa a integrar o orçamento do ano seguinte, a despesa, antes considerada
orçamentária, passa a ser considerada extraorçamentária.
c) A primeira parte da assertiva está correta, trazendo o conceito de crédito orçamentário previsto no Art.
40 da Lei nº 4.320/64. Contudo, está equivocada ao tratar as três espécies de créditos orçamentários da
mesma forma no que se refere à necessidade de indicação de recursos disponíveis para o seu custeio.
Isso porque o Art. 43 da Lei nº 4.320/64 menciona a existência de recursos disponíveis como requisito
somente para os casos de abertura de créditos suplementares e especiais, mas não para os créditos
extraordinários, do que se depreende que sua indicação, nesse caso, é facultativa.
d) As duas primeiras orações da assertiva estão corretas, conforme Art. 41, II, da Lei nº 4.320/64. Contudo,
o enunciado ignorou a parte final do disposto no Art. 45 da mesma Lei, segundo o qual “os créditos
adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição
legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários”.
No ponto, não esquecer a previsão do Art. 167, §2º, da CF, segundo a qual:
e) A assertiva está incorreta, pois, na dicção do Art. 9º da Lei nº 4320/64, “tributo é a receita derivada
instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos
termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinado-se o seu produto ao custeio
de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades”.
Sobre a distinção entre receitas originárias e derivadas, transcrevo os ensinamentos de Ricardo Damasceno
de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, segundo os quais as receitas originárias (também chamadas de
patrimoniais ou de direito privado).
Já as receitas derivadas
Por fim, observem que o referido artigo tratou os tributos como se a eles correspondessem apenas três
espécies. Referida disposição deve ser lida à luz do entendimento atual do Supremo Tribunal Federal,
segundo o qual temos, hoje, 5 (e não 3) espécies de tributo: impostos, taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios e contribuições especiais (teoria pentapartida).
9. Acerca das disposições constantes da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000 - LRF) e à luz
da disciplina constitucional vigente quanto às leis orçamentárias, julgue os itens a seguir:
I. O anexo de metas fiscais, que integrará a Lei Orçamentária Anual, conterá, dentre
outros aspectos, demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três
exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos
da política econômica nacional.
II. Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que
as atenderão, constarão da Lei Orçamentária Anual, sendo que o refinanciamento da dívida
pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.
III. A Lei de Diretrizes Orçamentárias não é uma inovação da Constituição Federal de 1988.
IV. A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras
delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.
COMENTÁRIO
Elaborei essa questão para ver se vocês estão afiados quanto às três espécies de Leis Orçamentárias: Plano
Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). Não tenham
dúvidas de que elas serão objeto de cobrança. Portanto, leiam e releiam as disposições da Constituição
e da LRF sobre o tema!
Item I: A assertiva está incorreta, pois o Anexo de Metas Fiscais, conforme Art. 4º, §1º, e §2º, II, da LRF,
integrará a LDO, e não a LOA.
No ponto, o STF, quanto do julgamento da Medida Cautelar requerida na ADI 2238, já se manifestou no
sentido de que “[...] O inciso II do § 2º do art. 4º apenas obriga Estados e Municípios a demonstrarem a
viabilidade das metas programadas, em face das diretrizes traçadas pela política econômica do Governo
Federal (políticas creditícia e de juros, previsões sobre inflação, etc.), o que não encontra óbice na
Constituição. [...]”
Item II: O item está correto, representando a conjugação do disposto nos §§ 1º e 2º do Art. 5º da LRF.
è Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre a dívida
pública (Art. 48, II, da CF);
è Dispor sobre dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais
entidades controladas pelo Poder Público, é matéria reservada à Lei Complementar (Art. 163, II, da
CF);
Item III: O item está errado, vez que a LDO surgiu no Brasil por meio da Constituição Federal de 1988. O
mesmo pode ser dito com relação ao PPA. Nas lições de Sérgio Mendes,
se confunde com o PPA, que possui quatro anos de duração (Administração Financeira e
Orçamentária, 2ª Ed., 2011, pág 37).
Item IV: A assertiva está correta, conforme Art. 165, §1º, da CF (a seção específica sobre a LDO, prevista
na redação original da LRF, foi vetada).
DIREITO ECONÔMICO
COMENTÁRIO
Item I: Está errado, pois os Municípios não legislam sobre direito econômico de forma concorrente com
a União, os Estados e o Distrito Federal, nos moldes do Art. 24, I, da CF. Porém, no ponto, cabe lembrar
que os Municípios podem, sim, legislar sobre Direito Econômico, seja para tratar de assuntos de interesse
local, seja para suplementar a legislação federal ou estadual, naquilo que couber (Art. 30, I e II da CF).
Nesse contexto, transcrevo a Súmula Vinculante nº 38, cujo enunciado foi recentemente aprovado: “É
competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.”
Aproveito o ensejo para alertá-los também sobre a recente aprovação do Enunciado de Súmula
Vinculante nº 49, cujo tema foi tratado na rodada 1 deste Curso: “Ofende o princípio da livre concorrência
lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área”.
Item II: O item está correto. Trata-se de uma adaptação de questão cobrada em concurso de ingresso no
Ministério Público Federal (20º Concurso).
Item III: O item está errado, por contrariar decisão tomada pelo Plenário do STF ao julgar o Recurso
Extraordinário nº 550.769/RJ. Por reputar esse julgamento (embora não unânime e cuja decisão ainda não
transitou em julgado) de extrema importância para ambos os concursos (AU e PFN), transcrevo, abaixo,
trecho relevante do Informativo nº 707 do STF:
Atenção! No caso, foi admitida a aplicação de penalidade por descumprimento a legislação tributária em
razão de previsão legal específica e em atenção ao postulado da livre concorrência, deixando bem claro,
contudo, se tratar de caso diverso daqueles tratados nas Súmulas 70, 323 e 547 do STF (que também
são de extrema importância para os concursos. Por isso, leiam!).
Item IV: A assertiva está correta, correspondendo à interpretação unânime conferida ao Art. 173, §1º, da
Constituição, pelo Plenário do STF.
11. À luz do que dispõe o Art. 173 da Constituição Federal, segundo o qual a “lei reprimirá o abuso
do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros”, e tendo por base a legislação correlata, assinale a única assertiva
incorreta:
b) Na aplicação das penas estabelecidas na nova Lei Antitruste, o grau de lesão (ou perigo de
lesão) à economia nacional será levado em consideração, conforme previsão legal expressa.
d) Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for
capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando
controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual
ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia.
COMENTÁRIO
a) A assertiva está correta. Na vigência da Lei n.º 8.884/94 (Arts. 13 e 14), a instrução dos procedimentos
administrativos cabia à Secretaria de Direito Econômico, órgão integrante da estrutura do Ministério
da Justiça. Com a reestruturação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, a competência para
instruir os procedimentos administrativos passou a ser da Superintendência Geral, órgão que integra a
estrutura do Cade (Arts. 5º, II, e 13, V) e que não existia na vigência da antiga Lei Antitruste.
b) A assertiva está correta, na medida em que o Art. 45 da Lei n.º 12.529/11, ao tratar da aplicação das
penas no âmbito do SBDC, prevê expressamente, em seu inciso V, que o grau de lesão à economia
nacional será levado em consideração. Tal disposição está em consonância, sobretudo, com a previsão
do parágrafo único do Art. 1º do referido diploma legal, segundo o qual “a coletividade é a titular dos
bens jurídicos protegidos por esta Lei”.
c) A assertiva estaria correta, não fosse a edição, em 2012, da Portaria Interministerial nº 994, que aumentou
os valores para 750.000.000,00 (setecentos e cinquenta milhões de reais) e 75.000.000,00 (setenta e cinco
milhões de reais), respectivamente, nas hipóteses dos incisos I e II do Art. 88 da Lei nº 12.529/11.
A alteração dos valores através de Portaria Interministerial (Ministros da Fazenda e da Justiça) encontrou
guarida na previsão constante do §1º do Art. 88 da referida Lei, segundo o qual: “os valores mencionados
nos incisos I e II do caput deste artigo poderão ser adequados, simultânea ou independentemente, por
indicação do Plenário do Cade, por portaria interministerial dos Ministros de Estado da Fazenda e da
Justiça”.
d) A assertiva está correta, na medida em que corresponde ao preceito do Art. 36, §2º, da Lei nº 12.529/11.
Cabe anotar que referida regra é semelhante à constante da antiga Lei Antitruste (Lei nº 8.884/94), que
previa o mesmo percentual (20%), mas continha redação um pouco diversa.
e) A assertiva está correta, à luz do Art. 36, §1º, da Lei nº 12.529/11. Assim, é possível afirmar que “dominar
mercado relevante de bens ou serviços” nem sempre se constituirá em infração contra a ordem econômica.
è Independem de culpa; e
è O alcance dos efeitos nocivos previstos nos incisos do Art. 36 da Lei nº 12.529/11 não é
condição para a caracterização da infração.
DIREITO ADMINISTRATIVO
12. Acerca dos contratos administrativos e das licitações públicas, assinale o item correto:
b) Serviços a serem executados de forma contínua poderão ter a sua duração prorrogada
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas
para a administração, limitada a setenta meses.
COMENTÁRIO
O erro do item “b”, nos termos do art. 57, II, da Lei 8.666/93 está no prazo mencionado, o qual é limitado
a 60 meses, e não 70 como afirmado.
Com relação ao item “c”, as interferências imprevistas constituem situações que existem ao tempo da
celebração do contrato, mas que só podem ser descobertas ao tempo da execução. São exemplos as
irregularidades no solo, o que acaba alterando as despesas do contrato. Nesse contexto, a negativa de
desapropriação não pode ser classificada como interferência imprevista, mas como fato da administração,
que corresponde àquelas situações que configuram uma atuação estatal direta e específica, atingindo
o contrato de forma direta. Referida negativa acaba atingindo a construção da obra, que necessita da
área desapropriada para ser executada, e, por consequência, o objeto principal do contrato. Portanto,
incorreto o item “c”.
Com relação ao item “d”, o art. 70 da Lei 8.666/1993 dispõe que o contratado é responsável pelos danos
causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo
órgão interessado. Portanto, incorreto o item “d”.
Com relação ao item “e”, embora a vedação de antecipação de pagamento seja a regra, a Orientação
Normativa nº 37 da AGU traz algumas situações específicas em que a antecipação pode ser admitida:
ON nº 37 da AGU
O item correto, portanto, é o “a”. O art. 1º da Lei 10.520/2002, que dispõe acerca do pregão, prescreve
que essa modalidade de licitação pode ser adotada para aquisição de bens e serviços comuns. O
enquadramento do bem para fins de utilização da modalidade pregão como comum não cabe ao órgão
jurídico que analisa a minuta do edital de licitação e o respectivo contrato, mas ao setor técnico competente
da Administração. Ressalta-se também que quando a licitação envolver obra ou serviço de engenharia,
algumas regras específicas deverão ser observadas. Exemplo disso é a necessidade de que haja nos autos
Projeto Básico e Executivo da obra aprovado pela autoridade competente. Conforme entendimento da
AGU plasmado na ON nº 54 abaixo colacionada, a definição como obra de engenharia também cabe ao
órgão técnico competente da Administração.
ON Nº 54 da AGU
COMENTÁRIO
Quanto ao item II, ele está correto, nos termos do art. 40, §1º e §2º, da LC nº 73/1993.
O item III está incorreto, nos termos que prevê o art. 10, XII, do Decreto-Lei nº 147/1967.
O item IV está de acordo com o art. 4º, e seu §1º, da Lei 9.028/1995. Inclusive, o não atendimento desta
requisição gera responsabilização nos termos da Lei 8.112/1990.
Com relação ao item V, ele está incorreto, já que a PGFN constitui órgão de direção superior da AGU,
e não de execução como afirmado (art. 2º, I, “a”, da LC nº 73/1993). Relembro aqui o quadro que já foi
trabalhado no CEI-AGU para auxiliar a memorização:
Assim, estão corretos os itens I, II e IV, e incorretos os itens III e V. Portanto, a alternativa correta é a letra C.
c) Somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição de autarquia, empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.
d) Quanto ao regime jurídico, a Agência Nacional de Energia Elétrica pode ser classificada
como autarquia sob regime especial.
COMENTÁRIO
Com relação ao item “a”, o STF reconheceu a natureza jurídica de autarquia aos conselhos de fiscalização
profissional no julgamento da ADI nº 1.717. No entanto, no julgamento da ADI nº 3.026, o Tribunal
excepcionou a OAB dos demais conselhos de fiscalização profissional. Para o Tribunal, a OAB constitui
serviço público independente, não integrando a Administração Indireta, e não estando sujeita às restrições
ínsitas às autarquias, como o controle orçamentário, financeiro, operacional e patrimonial exercido pelo
TCU. No entender do Tribunal, a Ordem dos Advogados do Brasil possui natureza jurídica de autarquia
“sui generis”. Portanto, incorreto o item “a”.
Com relação ao item “b”, lembra-se que as agências executivas nada mais são do que velhas autarquias
e fundações que estão sucateadas, e executam um plano de reestruturação para readquirir eficiência.
Para tanto, necessitam de maior liberdade (autonomia) e recursos públicos, razão pela qual celebram
com a administração direta um contrato de gestão para implementar esse plano de reestruturação (cujos
requisitos vem elencados na Lei 9.649/1998). Dentre os principais requisitos trazidos pela Lei está: ter um
plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; e ter celebrado
contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor. A qualificação como agência executiva será feita
em ato do Presidente da República. Acerca dos contratos de gestão a serem celebrados, o §1º do art. 52
lembra que “os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão celebrados com periodicidade mínima
de um ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade,
bem como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento”.
Assim, a qualificação como agência executiva é temporária, e não perene como afirmado. Ela decorre da
celebração do contrato de gestão junto ao Ministério supervisor, a fim de conferir à autarquia meios para
que implemente seu plano de reestruturação. Findo esse contrato, ela volta a ser uma autarquia comum.
Portanto, incorreto o item “b”.
Quanto ao item “c”, ele está incorreto, conforme redação do art. 37, XIX, da Constituição Federal, abaixo
colacionada:
Art. 37. XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
O item “e” também está incorreto. A classificação em autarquias territoriais, tratada por alguns autores,
refere-se às autarquias formadas pelos territórios federais, pessoas jurídicas de direito público, criadas
pela Constituição Federal para administrar áreas do território nacional que não possuam condições
socioeconômicas de serem Estados-membros.
Assim, o item correto é o “d”. De acordo com o regime jurídico, classificam-se como autarquias sob
regime especial aquelas sujeitas a uma disciplina jurídica especial, caracterizada pela atribuição de certas
prerrogativas. Nesse sentido, são espécies as agências reguladoras (como a ANEEL), cujo regime especial
corresponde a uma maior autonomia e liberdade que desfrutam em relação aos entes da Administração
Direta, embora permaneçam sujeitas à supervisão ministerial, tais como: função diferenciada, de
normatizar, regulamentar e fiscalizar as diversas atividades; investidura especial dos dirigentes, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação prévia do Senado Federal; mandado fixo dos dirigentes; e
autonomia financeira.
d) Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa
de direitos fundamentais. Além disso, as informações ou documentos que versem sobre
condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou
a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.
COMENTÁRIO
Com relação ao item “c”, ele está de acordo com o que prevê o art. 10, §3º, da Lei.
Quanto ao item “d”, corresponde à redação do art. 21, e parágrafo único, da Lei.
O item incorreto, portanto, é o “a”. O art. 7º, §3º, da 12.527/2011, ressalta que o direito de acesso aos
documentos ou às informações neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato
administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo. Ressalta a CGU em seu Manual
de Processo Administrativo Disciplinar (Manual de Processo Administrativo Disciplinar, Controladoria-Geral
da União - CGU. Brasília. 2015. p. 120) que todo processo disciplinar em andamento consubstancia uma
sequência de atos que culminarão na tomada de decisão em relação à responsabilidade administrativa
sobre determinado fato, razão pela qual os procedimentos dessa natureza, quando em curso, incluem-se
na hipótese ali prevista. Assim, quando os procedimentos correcionais estiverem tramitando não há de
se falar em publicidade geral e irrestrita, de modo que, como regra geral, não se deve conceder acesso
à documentação constante de processo administrativo disciplinar que ainda esteja em curso. De outro
norte, uma vez concluído o processo disciplinar, ou seja, com a edição de seu julgamento, deixa de
subsistir a situação que justifica a negativa de acesso a seu conteúdo, não devendo a Administração opor
restrição ao acesso de conteúdo de processo disciplinar já concluído por parte de quem assim solicitar.
e) Nenhuma aeronave, capaz de navegar sem piloto, poderá sobrevoar sem piloto o
território de um Estado sem autorização especial do citado Estado e de conformidade com
os termos da mesma autorização.
COMENTÁRIO
A alternativa “a” está errada, porque, em que pese a Convenção de Chicago de 1944 possa ser apontada
como o principal tratado internacional sobre aviação civil, o tema referente à responsabilidade civil do
transportador é tratado em outro diploma internacional, qual seja, a Convenção de Varsóvia de 1929.
Também errada a alternativa “b”, ao passo que o artigo 3º, alínea “a”, da Convenção de Chicago dispõe
que a referida Convenção só se aplica a aeronaves civis e não a governamentais.
Noutro giro, o artigo 17 da Convenção de Chicago afirma que as aeronaves “terão a nacionalidade do
Estado em que estejam registradas” e, na sequência, o artigo 18 dita que “nenhuma aeronave poderá
registrar-se legalmente em mais de um Estado”, ou seja, equivocadas as assertivas das alíneas “c” e “d”.
Por fim, correta a alternativa “e”, que transcreve o conteúdo do artigo 8º da Convenção de Chicago.
17. Sobre a proteção internacional dos direitos humanos, assinale a alternativa incorreta:
c) O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, têm a forma de tratado internacional e criaram
mecanismos de monitoramento dos direitos humanos, por meio da ONU.
COMENTÁRIO
Correta a alternativa “a”, dado que a carta da ONU não criou órgãos especificamente voltados a promover
a observância dos direitos humanos e, como leciona Valerio Mazzuoli1, não conceituou o que vem a ser
direitos humanos.
A alternativa incorreta e que, portanto, deveria ser assinalada como resposta, é a da alínea “b”, uma vez
que, nos termos do artigo 61 da Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 (Pacto de São
José da Costa Rica) “somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão
da Corte”. Com efeito, é a Comissão – e não a Corte – Interamericana de Direitos Humanos que pode
receber diretamente petições veiculadas por particulares (“pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização” – artigo 44
da Convenção).
Certa a alternativa “c”, pois os Pactos de Nova Iorque, de 1966, além de se tratarem de tratados internacionais,
criaram:
(...) mecanismos de monitoramento dos direitos humanos, por meio da Organização das
Nações Unidas, a exemplo dos relatórios temáticos (ou reports) em que cada Estado relata à
ONU o modo pelo qual está implementando os direitos humanos no país, e das comunicações
interestatais, em que um dos Estados-partes no acordo alega que outro Estado-parte incorreu ou
está incorrendo internamente em violação de direitos humanos consagrados pelo compromisso
firmado entre ambos.2
1 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.
948.
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 961.
Também correta a alternativa “d”, pois não há, até o momento, outro tratado de direitos humanos –
além da referida Convenção de Nova Iorque – que tenha sido ratificado pelo procedimento previsto no
parágrafo 3º do artigo 5º da Constituição Federal de 1988.
Por fim, certa a alternativa “e”, visto que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, efetivamente
foi editada como resolução da Assembleia Geral da ONU e, como ensina Mazzuoli:
(...) não encerrou além do que direitos substanciais, não tendo instituído qualquer órgão
internacional com competência para zelar pelo cumprimento dos direitos que o seu texto
estabelece.3
COMENTÁRIO
Singela questão sobre nacionalidade e naturalização que poderia ser toda resolvida com base na
literalidade do art. 12 da Constituição Federal.
Correta a alínea “a”, que transcreve o disposto no art. 12, II, “a”, da Constituição.
Alternativa “b”: residência ininterrupta por mais de quinze (e não dez) anos no Brasil (art. 12, II, “b”, da CF);
3 Ibidem, p. 951.
Alternativa “c”: salvo os casos previstos na Constituição e não em lei (art. 12, § 1º, da CF);
Alternativa “d”: naturalização cancelada por sentença judicial e não por decisão do Ministro da Justiça (art.
12, § 4º, I, da CF);
Alternativa “e”: é possível a perda da nacionalidade pelo brasileiro nato caso esse venha a adquirir outra
nacionalidade, nos termos e observadas as exceções do inciso II, do parágrafo 4º do art. 12 da Constituição.
d) É vedado aos Estados que não sejam membros da ONU acionar o Conselho de Segurança
ou a Assembleia Geral da mesma organização para intervir em uma controvérsia em que
sejam parte.
COMENTÁRIO
As alternativas “a” e “b” invertem entre si os conceitos de conciliação e de mediação. Assim, o conceito de
mediação é aquele posto na alínea “a”, enquanto a definição de conciliação se encontra na assertiva “b”.
Ambas alternativas incorretas, portanto.
Adiante, incorreta a alternativa “d”, visto que o artigo 35, parágrafo 2, da Carta da ONU dispõe que:
Um Estado que não for Membro das Nações Unidas poderá solicitar a atenção do Conselho de
Segurança ou da Assembléia Geral para qualquer controvérsia em que seja parte, uma vez que
aceite, previamente, em relação a essa controvérsia, as obrigações de solução pacífica previstas
na presente Carta.
Por fim, incorreta a alternativa “e”, dado competir ao Conselho de Segurança da ONU, independentemente
de manifestação da Assembleia Geral, decidir sobre o uso de força armada para a solução de conflito
internacional, como se denota do artigo 42 e seguintes da carta da ONU. In verbis:
Artigo 42. No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo
41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar a efeito, por meio de forças
aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e
a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras
operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.
DIREITO EMPRESARIAL
20. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência dos títulos de crédito:
IV. Quanto ao modelo, os títulos de crédito podem ser classificados como “livres” ou
“vinculados”, sendo a duplicata exemplo deste último.
COMENTÁRIO
Item I: A assertiva está correta, eis que o título nominal, conforme André Luiz Santa Cruz Ramos, “indica
expressamente o seu titular, ou seja, o credor”. Daí podemos perceber porque não basta a mera tradição
para a adequada circulação do título. Há uma pessoa identificada na cártula. Logo, a circulação demanda
um ato formal e complementar, a ser praticado por essa pessoa ou por quem a represente. Ensina o
referido autor que: “nos títulos nominais com cláusula à ordem, esse ato formal é o endosso, típico do
regime jurídico cambial (Art. 910 do Código Civil). Já nos títulos nominais com cláusula “não à ordem”
esse ato formal é a cessão civil de crédito, a qual, como o próprio nome já indica, submete-se ao regime
jurídico civil”. (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2012, pág 438).
Como o devedor não tem certeza de quem é o atual credor do título [em razão da possibilidade
de circulação], nada mais lógico do que exigir que o credor o apresente, para poder exigir
o seu pagamento. Diante da necessidade de apresentação do documento ao devedor, é
óbvio que o título de crédito contém uma obrigação quesível, no sentido de que cabe ao
credor dirigir-se ao devedor para exigir o cumprimento da obrigação. (Curso de Direito
Empresarial: Títulos de Crédito. Vol. 2, 4ª Ed., pág 20).
Item III- A assertiva está correta, conforme lições de Marlon Tomazette abaixo transcritas:
O aval é uma declaração cambiária facultativa, que torna o declarante responsável pelo
pagamento do título. Neste particular, há uma semelhança com o endosso, que também é
uma declaração cambial facultativa, que torna o endossante, em regra, devedor do título.
Apesar dessa semelhança, é certo que estamos diante de institutos completamente distintos.
Ambos têm finalidade distinta, vale dizer, o endosso visa a transferir a propriedade do título,
já o aval visa garantir o pagamento desse título. Outrossim, a assunção de responsabilidade
também os difere, na medida em que a responsabilidade do endossante decorre da lei, já a
do avalista de um ato de vontade. Além disso, quem endossa pode não assumir obrigação
nenhuma (endosso sem garantia), já quem avaliza sempre assumirá obrigação [...](Curso de
Direito Empresarial: Títulos de Crédito. Vol. 2, 4ª Ed., págs 139-140).
Nos títulos vinculados, há um padrão exigido para a emissão do documento, ou seja, não
basta que o documento possua todas as indicações previstas em lei, é necessário que o
documento siga um modelo padronizado, sob pena de não ter qualquer valor como título de
crédito. São exemplos de títulos vinculados: o cheque e a duplicata, cujos modelos são
estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional. De outro lado, temos os títulos chamados
livres, nos quais não há um modelo aprovado, de modo que qualquer documento que atenda
aos requisitos legais pode ser considerado como título de crédito. São exemplos de títulos
livres: a letra de câmbio e a nota promissória. (págs 67/68).
21. Assinale a alternativa incorreta acerca legislação falimentar brasileira e sua intepretação
jurisprudencial:
c) As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos
termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação
judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos no Código Tributário Nacional, ocasião
em que as microempresas e empresas de pequeno porte farão jus a prazos 20% (vinte por
cento) superiores àqueles regularmente concedidos às demais empresas.
d) Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo
administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa
falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização
judicial.
COMENTÁRIO
a) A assertiva está correta, conforme manifestação da Terceira Turma do STJ, que, citando precedentes da
4ª Turma, em decisão noticiada em seu informativo de jurisprudência n.º 547, decidiu que:
b) A assertiva está correta, à luz do Art. 3º da Lei nº 11.101/2005. Mas, afinal, qual o critério para definir
qual é o principal estabelecimento?
André Luiz Santa Cruz Ramos, citando jurisprudência do STJ e o enunciado nº 465 do CJF, alerta que para
o direito falimentar, a correta noção de principal estabelecimento está ligada ao aspecto econômico: é o
local onde o devedor concentra o maior volume de negócios, o qual, frise-se, muitas vezes não coincide
com o local da sede da empresa ou do seu centro administrativo (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª
Ed., 2011, pág 622).
c) A assertiva está correta, reproduzindo o conteúdo do Art. 68 e parágrafo único da Lei de Falências
e Recuperação Judicial. A concessão de prazos 20% maiores para as Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte foi incluída na legislação falimentar através da Lei Complementar nº 147 de 2014, ou
seja, constitui recente inovação legislativa, em atenção ao postulado normativo constante do Art. 179 da
Constituição Federal.
d) A assertiva estaria correta, não fosse a atribuição ao Juízo da competência para autorizar o cumprimento
dos contratos bilaterais pelo administrador judicial. Isso porque a Lei de Falências, em seu Art. 117, confere
tal atribuição ao Comitê de Credores, e não ao Poder Judiciário. Regra idêntica está prevista no Art. 118,
com relação aos contratos unilaterais. No ponto, observar que o rol do Art. 27, que trata das atribuições
do Comitê de Credores, é exemplificativo, e não taxativo.
e) A assertiva está correta, na medida em que reproduz, respectivamente, as regras constantes dos Arts.
99, XIII, e 52, V, da Lei de Falências. Por estarem prestando concurso para ingresso na Advocacia Pública,
recomendo que deem especial atenção aos dispositivos que mencionam a Fazenda Pública, pois as
chances de serem cobrados são enormes.
DIREITO CIVIL
22. De acordo com a teoria geral dos contratos, julgue as alternativas a seguir.
I. Os contratos aleatórios são caracterizados pelo fato de que a prestação de uma das
partes, no momento da celebração do negócio jurídico, não é conhecida com exatidão,
dependendo de um evento futuro e incerto.
II. O preceito do “duty to mitigate the loss” consiste no dever imposto ao credor de
mitigar as perdas sofridas pelo devedor, sendo consequência direta do princípio da boa-fé
subjetiva.
III. A “supressio” consiste nos casos nos quais o decurso do tempo permite concluir o
surgimento de uma posição jurídica, arrimada na regra da boa-fé.
b) II e V estão corretas.
d) I e V estão corretas.
COMENTÁRIO
Contrato aleatório é o contrato oneroso, sujeito a evento futuro e incerto, no qual a prestação assumida
por uma das partes submete-se a uma álea, ou seja, a um fator desconhecido (sorte, por exemplo),
podendo resultar em perdas ou lucros para as partes envolvidas.
(i) emptio spei – art. 458, CC (venda da esperança; a probabilidade de existir), abrange o risco sobre a
existência da própria coisa, sendo ajustado um preço, que será devido na totalidade ao alienante, ainda
que a coisa não venha a existir, salvo se o risco assumido pelo devedor se cumprir por dolo ou culpa do
credor. Ex: contrato de venda de colheita futura.
(ii) emptio rei speratae – art. 459, CC (venda da coisa esperada), o risco versa sobre a quantidade
exata da coisa, pois a partes fixaram um mínimo como quantidade do objeto, logo, o risco é menor. O
vendedor também terá direito ao preço ajustado, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior
a esperada, desde que não concorra com culpa. Se a coisa não vier a existir, não há alienação, lodo o
credor deve restituir o preço recebido. Ex: contrato de venda de colheita futura.
Segundo a doutrina o preceito do duty to mitigate the loss consiste em dever imposto ao credor de
mitigar suas perdas, isto é, seus prejuízos. Portanto, o item “II” está incorreto.
Destaque-se o Enunciado n. 169, da III Jornada de Direito Civil, segundo o qual, “o princípio da boa-fé
objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.
Importante consignar que o dever de mitigar o próprio prejuízo, é dever anexo ao contrato, derivado da
boa conduta que deve existir entre os negociantes.
Nas palavras de Flávio Tartuce4 “a supressio (Verwirkung) significa a supressão, por renúncia tácita, de um
direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos”. E continua o autor
“Ao mesmo tempo em que o credor perde um direito por essa supressão, surge um direito a favor do
devedor, por meio da surrectio (Erwirkung), direito este que não existia juridicamente até então, mas
que decorre da efetividade social, de acordo com os costumes. Em outras palavras, enquanto a supressio
constitui a perda de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu não exercício no tempo; a surrectio é
o surgimento de um direito diante de práticas, usos e costumes”. Exemplo: o pagamento feito de forma
reiterada em local diverso do pactuado – art. 330, CC. Logo, os itens III e IV estão incorretos, uma vez que
houve inversão nos conceitos apresentados.
De acordo com o Princípio da relatividade dos contratos, este somente vincula aqueles que dele participam
(res inter alios), logo, quem não é parte na relação contratual não pode exigir seu cumprimento, nem ser
compelido a cumprir o contrato. No entanto, o referido princípio encontra exceções no ordenamento
jurídico vigente, razão pela qual é possível afirmar que os terceiros podem sofrer seus efeitos. Exemplos:
estipulação em favor de terceiro; promessa de fato de terceiro; contrato com pessoa a declarar. Logo, o
item “V” está correto.
a) A contagem do prazo decadencial tem início no momento em que surge o direito, não
se interrompe, nem se suspende, em razão do decurso do tempo, podendo ser reconhecida,
de ofício, pelo juiz.
c) Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
4 Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume único. GEN. Edição 2015. Pág. 500.
d) As partes não podem estabelecer prazo decadencial, uma vez que a decadência tem
sede legal. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Ainda, a decadência é causa de
extinção dos direitos potestativo.
COMENTÁRIO
A decadência deve ser compreendida como sendo a perda de um direito em razão da ausência do seu
exercício. O início da contagem do prazo decadencial se dá com o surgimento do direito, admitindo,
quando previsto em lei, a aplicação das normas que impedem, suspendem ou interrompem a
prescrição - art. 207, CC.
A decadência legal deve ser reconhecida de ofício pelo juiz, no entanto, “se a decadência for convencional,
a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a
alegação” – art. 211, CC.
O Código Civil de 2002 adotou a tese de da prescrição da pretensão, ou seja, pode-se dizer que a
prescrição é uma pena de natureza civil, que se aplica ao negligente que não exerce seu direito de exigir,
em juízo, a sua pretensão, isto é, a prestação devida, em um determinado lapso temporal. Assim sendo,
o direito em si permanece incólume, entretanto, não mais terá proteção jurídica para solucioná-lo.
Destarte, a dívida prescrita, isto é, a obrigação natural, é inexigível, de modo que não gera direito a um
cumprimento. Desta forma, tem-se uma obrigação na qual não há o elemento responsabilidade, mas o
débito continuará existindo, logo, é possível o seu adimplemento voluntário, entretanto, “não se pode
repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível” - art.
822, CC.
O Superior Tribunal de Justiça entende que a teoria da actio nata pressupõe a ciência inequívoca da
lesão e do responsável pelo ilícito, razão por que “o surgimento da pretensão ressarcitória não se
dá necessariamente no momento em que ocorre a lesão ao direito, mas sim quando o titular do direito
subjetivo violado obtém plena ciência da lesão e de toda a sua extensão, bem como do responsável
pelo ilícito, inexistindo, ainda, qualquer condição que o impeça de exercer o correlato direito de ação
(pretensão). Compreensão conferida à teoria da actio nata (nascimento da pretensão) [...] (REsp 1347715/
RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 04/12/2014).
Segundo o Código Civil, temos que “se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode
alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação” – art. 211, CC. Desta forma,
a decadência pode ser legal ou convencional, neste caso será definida por acordo entre as partes. Além
dos direitos potestativos, importante lembrar que a decadência prejudica as ações constitutivas. Portanto,
a alternativa “D” está incorreta.
Dispõe o Código Civil que “a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
[...] Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do
último ato do processo para a interromper” - Art. 202.
II. O registro da pessoa jurídica tem natureza jurídica constitutiva de direito. O direito de
anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro, decai em três anos.
IV. As associações são entidades de direito privado, com fins não econômicos, portanto,
não podem obter lucros. Tendo em vista o caráter personalíssimo da associação, o estatuto
não poderá instituir categorias com vantagens especiais.
V. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor tem a faculdade
de transferir a propriedade sobre os bens dotados, sendo, deste modo, retratável o ato de
instituição.
a) I e II estão corretos.
b) I e IV estão corretos.
d) II e IV estão corretos.
COMENTÁRIO
O Código Civil brasileiro adotou a teoria da realidade técnica, para explicar a natureza jurídica das pessoas
jurídicas. Segundo a referida teoria a PJ teria existência e atuação social real (não é uma abstração),
embora a sua personalidade seja fruto da técnica jurídica. Assim, a PJ tem personalidade independente
de seus sócios.
Como consequência da adoção da teoria da realidade técnica, podemos afirmar que o nascimento da
pessoa jurídica ocorre com o registro do ato de constituição no Registro Público competente, sendo
assim, o registro é ato de natureza constitutiva do direito, de modo que a partir dele admite-se falar
em aquisição de personalidade. Ver: art. 46 e parágrafo único, do CC.
Obs.: O registro de nascimento da pessoa natural tem natureza declaratória, pois a personalidade jurídica
é adquirida no nascimento com vida.
281 – Art. 50: A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil,
prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.
282 – Art. 50: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta
para caracterizar abuso da personalidade jurídica.
284 – Art. 50: As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-
econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.
285 – Art. 50: A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, pode ser invocada
pela pessoa jurídica, em seu favor.
Segundo o Código Civil “constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos” – art. 53. No entanto, é possível que a associação obtenha lucro no exercício de
sua atividade, sendo vedada, pela legislação, a repartição de lucros entre os associados. “As associações
podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa” – Enunciado n. 534, da
VI Jornada de Direito Civil. Portanto, o item “IV” está incorreto.
Por fim, dispõe o Código Civil em seu “art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto
poderá instituir categorias com vantagens especiais”. O caráter personalíssimo da associação refere-
se à qualidade de associado, que difere do direito de propriedade sobre a fração ideal da associação, que
se transfere ao herdeiro, caso haja previsão, nesse sentido, no título associativo.
“Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial
de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”
– art. 62, CC. Portanto, a fundação poderá ser constituída testamento ou por ato inter vivos, mediante
escritura pública, sendo, neste caso, irretratável, uma vez que “[...] o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela,
por mandado judicial” – art. 64, CC. Esse mandado judicial deve ser postulado pelo Ministério Público, a
quem incumbe zelar pelas fundações.
a) Saneado o feito, é possível a alteração dos elementos objetivos da demanda desde que
a existente concordância da parte ré.
b) A decisão que comina astreintes durante a fase de conhecimento faz coisa julgada,
impedindo posterior revisão no momento de sua execução.
d) Ainda que não prequestionadas, admite-se, em recurso especial, a análise das chamadas
questões de ordem pública.
COMENTÁRIO
Letra a. Incorreta, pois não é possível a modificação dos elementos objetivos da demanda (= pedido e
causa de pedir) após o saneamento do feito, conforme preconiza o parágrafo único do art. 264 do CPC:
“Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do
réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração
do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo”.
Deste modo, relativamente à alteração dos elementos objetivos da demanda (pedido e causa de pedir):
“A decisão que comina astreintes não preclui, não fazendo tampouco coisa julgada. A
jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a multa cominatória não integra a coisa
julgada, sendo apenas um meio de coerção indireta ao cumprimento do julgado, podendo ser
cominada, alterada ou suprimida posteriormente” (Informativo nº 0539/2014, Segunda Seção,
REsp 1.333.988-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 9/4/2014); “A decisão
que arbitra a astreinte não faz coisa julgada material, pois ao magistrado é facultado impor
essa coerção, de ofício ou a requerimento da parte, cabendo a ele, da mesma forma, a sua
revogação nos casos em que a multa se tornar desnecessária [...] É cabível exceção de pré-
executividade com objetivo de discutir matéria atinente à astreinte”. (REsp 1019455/MT, Rel.
Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 15/12/2011); “O
artigo 461, § 6º, do Código de Processo Civil permite que o magistrado exclua ou altere, de
ofício ou a requerimento da parte, a multa quando esta se tornar insuficiente, excessiva, ou
desnecessária, mesmo após transitada em julgado a sentença, não se observando a preclusão”.
(AgRg no AREsp 408.030/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 18/02/2014, DJe 24/02/2014).
Letra c. Incorreta, pois o prazo de 10 dias para a emenda da inicial previsto no art. 284 do CPC possui,
conforme entendimento do STJ, natureza dilatória:
“Para fins do disposto no art. 543-C, o prazo do art. 284 do Código de Processo Civil não é
peremptório, mas dilatório, ou seja, pode ser reduzido ou ampliado por convenção das partes ou
por determinação do juiz, nos termos do art. 181 do Código de Processo Civil” (REsp 1133689/PE,
Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/03/2012, DJe 18/05/2012).
Letra d. Incorreta. Para que o recurso especial seja conhecido é fundamental que a causa federal esteja
expressamente enfrentada no acórdão recorrido. Não é necessário, todavia, que a decisão recorrida
tenha feito referência expressa aos dispositivos legais que a parte entende violados. Com efeito, o que
importa é que o acórdão objeto do recurso tenha efetivamente apreciado a tese jurídica que depende da
compreensão do direito infraconstitucional federal. A atual jurisprudência do STJ, ademais, tem entendido
que a exigência do prequestionamento aplica-se inclusive às chamadas questões de ordem pública, em
regra cognoscíveis ex officio pelo juiz (p.ex.: prescrição, condições da ação), vedando assim sejam elas
conhecidas na instância especial à míngua do seu prequestionamento e enfrentamento na instância
ordinária:
Letra e. Correta (gabarito). Na linha da teoria eclética de Liebman, adotada pelo CPC brasileiro, o exercício
do exercício do direito de ação não é totalmente vinculado a uma sentença favorável (teoria concreta)
tampouco totalmente abstrato, senão exercido mediante o preenchimento das chamadas condições da
ação, quais sejam: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade ad causam (art. 267,
VI, do CPC). Uma distinção muito recorrente na jurisprudência e nas provas de concursos diz com o
momento processual adequado para que o juiz avalie a presença, ou não, dessas condicionantes que
possibilitam ao autor obter um pronunciamento judicial quanto ao caso por ele apresentado. Por exemplo:
Demanda indenizatória na qual o autor aponta como ré, responsável assim pelo sinistro, determinada
pessoa. A inicial é recebida, reconhecendo-se, ao menos em juízo sumário, a legitimidade passiva do
demandado. Citado, este apresenta contestação e o processo é instruído, de modo que ao final da
instrução constata-se que o ocupante do polo passivo não concorreu para a causação do evento. Nesse
cenário, o juiz deve proferir sentença sem exame do mérito reconhecendo a ilegitimidade passiva ad
causam (art. 267, VI, do CPC) ou a questão é de mérito devendo ser julgado improcedente o pedido do
autor (art. 269, I, do CPC)? Duas correntes surgem sobre o tema: teoria da demonstração (o caso seria de
reconhecer a ilegitimidade passiva) e teoria da asserção (o caso seria de julgar improcedente o pedido),
que podem assim ser sistematizadas:
- Posição dominante
Anota-se, nesse sentido, que a jurisprudência majoritária do STJ tem seguido a teoria da asserção no que
tange ao exame das condições da condição, conforme se percebe dos julgados a seguir:
26. Considerando a jurisprudência dominante acerca do julgamento imediato das ações repetitivas
(art. 285-A, CPC), julgue os itens a seguir:
III. A apelação que impugna sentença liminar de improcedência possui efeito regressivo.
Ademais, interposta a apelação, deve o réu deve ser intimado para, querendo, apresentar
as suas contrarrazões.
COMENTÁRIO
Item I. Correto. Como a previsão do art. 285-A foi concebida com vistas à racionalização e à economia
processuais, parte da doutrina nela concebe também a existência de um pressuposto implícito, qual
seja, a conformidade entre o entendimento do magistrado e aquele da instância superior. Do contrário,
de nada adiantaria o julgamento liminar de improcedência caso a sentença viesse a ser reformada e os
autos devolvidos para prosseguimento do processo na instância de origem. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça encampa essa conclusão, naquilo que denomina de dupla conformidade, negando
a aplicação do art. 285-A quando a sentença de primeiro de grau, embora em consonância com a
jurisprudência do STJ, divirja do entendimento do tribunal de segunda instância:
“O julgamento liminar de mérito previsto no art. 285-A do CPC é medida excepcional, admitida
apenas quando presentes, concomitantemente, os requisitos elencados no referido dispositivo. A
aplicação do aludido comando legal está adstrita às hipóteses em que a matéria controvertida for
exclusivamente de direito e que no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência
em casos idênticos; ademais, não basta a mera menção às sentenças anteriormente prolatadas,
sendo necessária a reprodução dos paradigmas. A desatenção aos requisitos do art. 285-A do
CPC impõe a cassação da sentença e a baixa dos autos para regular processamento da ação”
(AgRg no REsp 1177368/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA,
julgado em 03/02/2011, DJe 21/02/2011).
Item III. Incorreto, vez que, embora previsto o efeito regressivo na apelação do autor, o caso é de citação
do réu para apresentar contrarrazões:
“No caso de interposição de apelação pela parte autora em face de sentença de improcedência
total do pedido, prolatada com base no art. 285-A do CPC, deve haver a citação do réu para
oferecer contrarrazões, oportunidade em que ocorrerá a triangulação da relação jurídico-
processual, sendo cabível a condenação em honorários nos termos do art. 20 do CPC” (REsp
1.117.091/ES, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, DJe 3/11/11).
Anota-se que o §1º do art. 285-A consubstancia uma das exceções ao postulado da inalterabilidade da
sentença previsto no art. 463 do CPC, autorizando que o magistrado venha a se retratar da sentença
de liminar improcedência antes proferida, no prazo de 5 dias, em havendo apelação por parte do autor.
Se assim proceder o julgador, a apelação restará prejudicada e o feito terá normal prosseguimento no
primeiro grau com a citação do réu para responder à demanda. Não havendo retratação, o réu será
citado para responder ao recurso de apelação no prazo de 15 (quinze) dias.
a) Cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo a
agravo de instrumento.
d) O valor da causa deve constar da petição inicial e será, em havendo também pedido
subsidiário, aquele de maior valor.
e) O terceiro, parte em outro feito no qual também se discute a tese a ser firmada em
recurso repetitivo, possui interesse jurídico para intervir, como assistente simples, no
processo paradigma submetido ao rito do art. 543-C do CPC.
COMENTÁRIO
Letra b. Incorreta, pois a juntada documental a posteriori somente é admitida tratando-se de documento
dispensável à propositura da ação. Anota-se, nessa linha, que STJ tem relativizado a questão da
extemporaneidade da apresentação de prova documental após a apresentação da inicial ou contestação,
desde que: (I) não se trate de documento indispensável à propositura da ação + (II) não haja má-fé na
“[...]Em sede de embargos à execução contra a Fazenda Pública cujo objeto é a repetição de
imposto de renda, não se pode tratar como documento particular os demonstrativos de cálculo
(planilhas) elaborados pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN e adotados em
suas petições com base em dados obtidos junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRF
(órgão público que detém todas as informações a respeito das declarações do imposto de renda
dos contribuintes) por se tratarem de verdadeiros atos administrativos enunciativos que, por
isso, gozam do atributo de presunção de legitimidade. 3. Desse modo, os dados informados em
tais planilhas constituem prova idônea, dotada de presunção de veracidade e legitimidade, na
forma do art. 333, I e 334, IV, do CPC, havendo o contribuinte que demonstrar fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito da Fazenda Nacional, a fim de ilidir a presunção relativa,
consoante o art. 333, II, do CPC. [...] Devem os autos retornar ao Tribunal a quo para que,
atentando-se aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, inclusive às planilhas de cálculos
apresentadas pela Fazenda Nacional (com presunção relativa), analise a alegada compensação,
para fins do art. 741, V, do CPC. 5. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido
ao regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008” (REsp 1298407/DF, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/05/2012).
Letra d. Questão que se resolvia com a mera leitura e compreensão do art. 259 do CPC. Destaco aqui a
extrema importância da leitura da “lei seca” para a primeira fase do concurso (por mais chato e repugnante
que isso possa parecer!!). Insistam na prática da leitura da lei, ainda que intercalando com a jurisprudência
e feitura de exercícios, de modo a assim tornar tal prática menos cansativa (isso ameniza um pouco o
sofrimento hehe). Vale anotar que, conforme o inciso IV do art. 259 do CPC, o valor da causa será, se
houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
Letra e. Incorreta, pois na hipótese o STJ já rechaçou a presença de interesse jurídico do terceiro:
“Não configura interesse jurídico apto a justificar o ingresso de terceiro como assistente simples
em processo submetido ao rito do art. 543-C do CPC o fato de o requerente ser parte em outro
feito no qual se discute tese a ser firmada em recurso repetitivo. Isso porque, nessa situação, o
interesse do terceiro que pretende ingressar como assistente no julgamento do recurso submetido
à sistemática dos recursos repetitivos é meramente subjetivo, quando muito reflexo, de cunho
meramente econômico, o que não justifica sua admissão como assistente simples. Outrossim,
o requerente não se enquadra no rol do art. 543-C, § 4º, do CPC, sendo certo ainda que nem
mesmo aqueles inseridos da referida lista podem ser admitidos como assistentes no procedimento
de recursos representativos, não sendo possível, também, a interposição de recurso por eles
para impugnar a decisão que vier a ser prolatada. Ademais, a admissão da tese sustentada
pelo requerente abriria a possibilidade de manifestação de todos aqueles que figuram em feitos
que tiveram a tramitação suspensa em vista da afetação, o que, evidentemente, inviabilizaria o
julgamento de recursos repetitivos”. (REsp 1.418.593-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 14/5/2014, divulgado no Informativo nº 540).
28. Sobre a aplicação da lei penal no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta.
a) O “abolitio criminis” é o fenômeno pelo qual lei posterior deixa de considerar crime
determinado fato. No Brasil não se admite a figura da “abolitio criminis temporalis”.
b) No crime permanente, caso editada lei nova no curso da atividade criminosa, aquela será
aplicada, desde que mais benéfica e passe a viger antes de cessada a permanência.
d) De acordo com o princípio da nacionalidade, aplica-se a lei nacional aos crimes praticados
em aeronaves ou embarcações, mercantes ou de propriedade privada, quando não forem
julgados no território estrangeiro.
COMENTÁRIO
O Código Penal assevera que “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória” – art. 2º, CP.
Portanto, nos termos do art. 107, III, do CP, a “abolitio criminis” é causa de extinção da punibilidade.
Nas palavras de Rogério Greco5 temos que “tem-se entendido por abolitio criminis temporalis, ou suspensão
da tipicidade, a situação na qual a aplicação de determinado tipo penal encontra-se temporariamente
suspensa, não permitindo, consequentemente, a punição do agente que pratica o comportamento típico
durante o prazo da suspensão”. Portanto, a alternativa “A” está incorreta. Obs.: Vide Súmula 513 do STJ.
Os delitos permanentes são os que se consumam com uma única conduta, embora a situação
antijurídica gerada se prolongue no tempo até quando queira o agente. É possível que no curso da
execução criminosa seja editada nova lei penal, fazendo surgir aparente conflito de leis penais no tempo.
Neste caso, tratando-se de crime permanente aplica-se a lei nova, ainda que mais severa, desde que
passe a viger antes de cessada a permanência. A mesma regra se aplica nos crimes continuados. Nesse
sentido o STF editou a súmula n. 711, segundo a qual “a lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência”. Portanto, a alternativa “B” está incorreta.
Diz-se temporária a lei quando esta traz de modo expresso em seu texto o dia do início, bem como do
término de sua vigência. Excepcional é a lei que foi editada em razão de situações igualmente excepcionais
(anormais), cuja vigência está limitada a duração da referida situação que conduziu a edição do diploma
legal. Ex: lei editada para regular fatos ocorridos em estado de guerra. Logo, são leis autorrevogáveis que
nasceram para atender situações anônimas.
Importante perceber que o art. 3º, do CP, cuja redação corresponde a literalidade do enunciado em
análise, autoriza que em relação a essas leis seja aplicada a ultra-atividade gravosa, devido à sua
finalidade. Logo, a alternativa “C” está correta.
Nesta seara, destacam-se alguns princípios basilares da extraterritorialidade, dentre os quais podemos
citar: (i) princípio da nacionalidade (personalidade): a) nacionalidade ativa: aplica-se a lei nacional
ao crime cometido por nacional fora do seu país – art. 7º, II, b, CP; b) nacionalidade passiva: crime
cometido por nacional contra nacional, ou contra bem jurídico nacional; (ii) princípio da representação
(bandeira/pavilhão): praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados – art. 7º, II, c. Portanto, a alternativa “D”
5 Grecco, Rogério. Curso de Direito Penal. Editora Impetus. 17ª Ed. 2015. Pág. 163.
Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados contra a administração pública brasileira, no
estrangeiro, desde que tenha sido cometido por quem esteja a seu serviço, nos termos do art. 7º, I, c,
CP. Portanto, a alternativa “E” está incorreta.
b) O crime de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, não exige dolo
específico do agente de lesar o erário público.
c) O delito de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, pressupõe a
qualidade de funcionário público do agente.
COMENTÁRIO
Consigna o art. 83, da Lei n. 8.666/1993 que “os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente
tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além das sanções penais, à perda do
cargo, emprego, função ou mandato eletivo”. Portanto, a alternativa “A” está incorreta, já que tais crimes
admitem a tentativa.
Importante lembrar que o crime previsto no art. 89, da Lei n. 8.666/1993, é tipo penal misto alternativo,
ou seja, a prática de mais um núcleo do tipo não gera concurso de crimes. Ainda que pese a existência
de alguma celeuma jurisprudencial, esta tem se inclinado no sentido que vem sendo adotado pelo STF,
segundo o qual “a incidência da norma que se extrai do art. 89, caput, da Lei nº 8.666/93 depende da
presença de um claro elemento subjetivo do agente político: a vontade livre e consciente (dolo) de lesar
o Erário, pois é assim que se garante a necessária distinção entre atos próprios do cotidiano político-
administrativo e atos que revelam o cometimento de ilícitos penais” [AP 559, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
Primeira Turma, julgado em 26/08/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-214 DIVULG 30-10-2014 PUBLIC
31-10-2014]. Portanto, a alternativa “B” está incorreta.
O delito de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar
as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade, é crime próprio, de modo que somente
poderá ser praticado por funcionário público. O particular incorrerá nas mesmas penas, desde que
tenha comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
O delito de impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório, não
exige qualquer resultado causador de prejuízo à Administração Pública, consumando-se com a realização
da conduta descrita no tipo penal. Admite a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima
cominada não ultrapassa 1 ano – ver: art. 89, da Lei n. 9.099/1995. Tendo em vista que a pena máxima
cominada não ultrapassa 2 anos, compete ao Juizado Especial Criminal processar e julgar tais delitos.
Portanto, a alternativa “D” está incorreta.
Segundo o STJ, temos que “tratando-se de tipos penais totalmente distintos, é possível o concurso de
crimes, pois o objeto, no tocante ao crime do art. 90 da Lei nº 8.666/93, é a preservação do caráter
competitivo do procedimento licitatório, enquanto que na figura penal do art. 96, inciso I, o delinquente,
mediante fraude, atinge diretamente a licitação, elevando arbitrariamente os preços, em prejuízo da
Fazenda Pública”. [REsp 1315619/RJ, Rel. Ministro CAMPOS MARQUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/PR), QUINTA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 30/08/2013]. Logo, não há se falar em “bis in
idem”. Portanto, a alternativa “E” está incorreta.
30. Sobre as causas de extinção da punibilidade na ação penal de iniciativa privada, julgue os
itens a seguir.
II. A renúncia ao direito de queixa, que se opera de forma expressa, é retratável e por força
do princípio da divisibilidade pode ser concedida apenas em relação a um dos coautores.
III. O perdão do ofendido é ato unilateral, pode ser oferecido antes do processo, bem
como no curso da ação penal, decorre do princípio da conveniência, podendo ser oferecido
até o trânsito em julgado do processo penal.
c) I, II e V estão incorretas.
COMENTÁRIO
A renúncia ocorre quando a vítima se recusa a adotar alguma providência contra o acusado, abdicando
o seu direito de queixa. É ato unilateral, ou seja, independe de aceitação do agressor, sendo irretratável
já que enseja a extinção da punibilidade. Na luz do princípio da indivisibilidade da ação penal privada,
a renúncia em favor de um agressor, necessariamente beneficia os demais – Ver: art. 49, do CPP. Pode ser
feita de forma expressa ou tácita.
O perdão do ofendido é o ato bilateral, no curso do processo, pelo qual o querelante decide não
mais prosseguir com a demanda, perdoando o querelado. Ou seja, o perdão depende da aceitação do
agressor e não pode ser oferecido antes do início da ação penal, razão pela qual se diz que decorre do
princípio da disponibilidade. O perdão pode ser oferecido até o trânsito em julgado da sentença
condenatória – Ver: art. 106, §2º, CP. Portanto, o item “III” está incorreto.
6 De Lima, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Editora Juspodivm. Ed. 2015. Pág. 257.
Segundo Nucci a perempção “trata-se de uma sanção processual pela inércia do particular na condução
da ação penal privada, impedindo-o de prosseguir na demanda. Perempção origina-se de perimir, que
significa matar, destruir. É instituto aplicável apenas à ação penal privada exclusiva, e não na subsidiária da
pública”. Portanto, o item “IV” está correto.
As causas de perempção estão previstas no art. 60, do CPP, cuja leitura se recomenda.
Por ser o perdão ato bilateral, o querelado será intimado para, no prazo de 3 (três) dias, se manifestar,
sendo que o seu silêncio importará em aceitação. Portanto, o item “V” está correto, repetindo a literalidade
do art. 58, do CPP.
DIREITO DO TRABALHO
e) O tempo de serviço público federal, prestado sob regime celetista, deve ser contado para
todos os efeitos, incorporando-se ao patrimônio dos servidores públicos transformados em
estatutários.
COMENTÁRIO
Alternativa “C”: Correta - O TST entende que em caso de alteração do regime jurídico não há a formação
de um regime híbrido no qual os servidores poderiam aproveitar os benefícios dos dois regimes, ou seja,
em caso de opção por um dos regimes há renúncia pelo outro, é o entendimento cristalizado na Súmula
243:
(...) Administrativo. Servidor público celetista. Advento da Lei nº 8.112/90, que transformou
vínculos celetistas em estatutários. (...) 1. É pacífica a jurisprudência da Corte no sentido
da impossibilidade de o servidor público que teve o vínculo com a Administração
transformado de celetista em estatutário pela Lei nº 8.112/90 manter as vantagens
típicas do regime anterior. (...) (ARE 758277 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira
Turma, julgado em 11/02/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-046 DIVULG 07-03-2014 PUBLIC
10-03-2014)
(...) 1. O entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes do assinalado na decisão
agravada, não diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo Tribunal Federal,
no sentido de que diante da transposição do servidor público celetista para o regime
estatutário, extinto em decorrência o contrato de trabalho, não há falar em direito
adquirido a diferenças remuneratórias deferidas em decisão trabalhista.(...) (ARE 808607
AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 02/06/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 15-06-2015 PUBLIC 16-06-2015)
(...) 1. O servidor público celetista transposto para regime estatutário não possui direito
adquirido às diferenças remuneratórias decorrentes de sentença trabalhista, tendo em
vista a mudança de regime. Precedentes: AI 859.743-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira
Turma, DJe de 26/2/2014; RE 447.592-AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, DJe de
3/9/2013; RE 576.397-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 21/11/2012; AI
572.366-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe de 25/4/2012; e RE 562.757-ED, Rel.
Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de 21/8/2012. (...) 3. A exclusão de parcela salarial
deferida em reclamação trabalhista no período celetista, após a passagem para o regime
estatutário, não configura violação à coisa julgada, ao ato jurídico perfeito, ao direito
adquirido e à irredutibilidade de vencimentos. Entendimento do Plenário do Supremo
Tribunal Federal (MS nº 24.381/DF).” 3. Agravo regimental DESPROVIDO. (AI 861226 AgR,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 14/04/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-083 DIVULG 05-05-2015 PUBLIC 06-05-2015)
Alternativa “E”: Correta – A redação da assertiva foi retirada da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal:
(...) O tempo de serviço público federal, prestado sob regime celetista, deve ser
contado para todos os efeitos, incorporando-se ao patrimônio dos servidores públicos
transformados em estatutários. (...) (RE 333244 AgR, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO,
Primeira Turma, julgado em 01/02/2005, DJ 04-03-2005 PP-00021 EMENT VOL-02182-04 PP-
00714)
b) O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de
se manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público,
ainda que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto,
qualquer dilação probatória.
d) Por vedação constitucional, prevista no art. 37, XIII, não é possível equiparação salarial
envolvendo empregados públicos, seja empregado da Administração Direta ou de Sociedade
de Economia Mista.
e) Há interesse do Ministério Público do Trabalho para recorrer contra decisão que declara
a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública,
após a CF/1988, sem a prévia aprovação em concurso público.
COMENTÁRIO
O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de se
manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público, ainda
que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto, qualquer
dilação probatória.
Alternativa “D”: Incorreta – A Constituição Federal, em seu artigo 37, XIII, veda equiparação de qualquer
espécie remuneratória para efeito de remuneração do serviço público, in verbis:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)
Nessa seara, o Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que o artigo 461 da CLT, que trata
da equiparação entre empregados, não é aplicável à Administração Direta, Autárquica e Fundacional,
conforme OJ SBDI-1 nº 297:
O art. 37, inciso XIII, da CF/1988, veda a equiparação de qualquer natureza para o efeito de
remuneração do pessoal do serviço público, sendo juridicamente impossível a aplicação da
norma infraconstitucional prevista no art. 461 da CLT quando se pleiteia equiparação salarial
entre servidores públicos, independentemente de terem sido contratados pela CLT.
Entretanto, o TST deu ao mesmo dispositivo interpretação diversa nos casos envolvendo empregados de
sociedade de economia mista e de empresas públicas, ao entender que o art. 37, XIII, da Constituição
Federal, é destinado somente às pessoas de direito público e que quando sociedade de economia mista
ou empresa pública contrata empregados sob o regime da CLT, equipara-se a empregador privado. Tal
entendimento foi consolidado por meio da Súmula nº 455:
À sociedade de economia mista não se aplica a vedação à equiparação prevista no art. 37,
XIII, da CF/1988, pois, ao admitir empregados sob o regime da CLT, equipara-se a empregador
privado, conforme disposto no art. 173, § 1º, II, da CF/1988.
Diante do exposto, a assertiva em tela está errada, já que a vedação existente art. 37, XIII, da Constituição
Federal, não se estende às empresas públicas e sociedades de economia mista.
Há interesse do Ministério Público do Trabalho para recorrer contra decisão que declara a
existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública,
após a CF/1988, sem a prévia aprovação em concurso público.
b) Caso o empregado ajuíze reclamação trabalhista requerendo que o juiz fixe a data do
gozo de suas férias, a sentença cominará, independentemente do pedido autoral, pena
diária de 5% do salário mínimo, devida ao empregado até que seja cumprida;
COMENTÁRIO
“O princípio da extrapetição permite que o juiz, nos casos expressamente previsto em lei, condene o réu em
pedidos não contidos na petição inicial, ou seja, autoriza o julgador a conceder mais do que o pleiteado,
ou mesmo vantagem diversa da que foi requerida.” (SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho, Método: 2011,
pg. 178)
III - Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da condenação, não houve
fixação ou cálculo do valor devido a título de custas e tampouco intimação da parte para o
preparo do recurso, devendo ser as custas pagas ao final; (ex-OJ nº 104 da SBDI-I)
IV - O reembolso das custas à parte vencedora faz-se necessário mesmo na hipótese em que
a parte vencida for pessoa isenta do seu pagamento, nos termos do art. 790-A, parágrafo
único, da CLT.
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o
empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
§ 2º - A sentença dominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo da região,
devida ao empregado até que seja cumprida.
Art. 496 - Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau
de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa
física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos
termos do artigo seguinte.
II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário quando o
pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT. (ex-OJ nº 106 da SBDI-1 -
inserida em 20.11.1997)
Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido
inicial ou a condenação.
34. Assinale a única peça que, segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas, não é obrigatória a
juntada na interposição de Agravo de Instrumento:
b) Decisão Agravada.
d) Ata de audiência.
e) Petição Inicial.
COMENTÁRIO
O objetivo da presente questão é alertar os alunos que laboram apenas na esfera cível: as peças
obrigatórias do agravo de instrumento trabalhista são diversas do agravo de instrumento previsto no
Código de Processo Civil, que requer cópia da decisão agravada, certidão de intimação e cópia das
procurações, conforme art. 525, I.
Por sua vez, o art. 897, b), da Consolidação das Leis Trabalhistas, dispõe que é cabível o agravo de
instrumento das decisões que denegarem a interposição de recursos. Já o §5º do mesmo dispositivo
determina que tal agravo seja instruído, obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, com cópias
da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das procurações outorgadas aos
advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária,
do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da comprovação do
recolhimento das custas e do depósito recursal.
Assim, a única peça não exigida pela CLT é a ata de audiência, assim, a deve ser assinalada a letra “D”.
35. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:
COMENTÁRIO
Alternativas “A” e “B”: Corretas – Tais conclusões são extraídas do Informativo de Jurisprudência nº 703
do STF:
Quanto à natureza jurídica, embora a Lei 8.029, de 12 de abril de 1990, refira-se à contribuição
destinada ao SEBRAE como “adicional às alíquotas das contribuições sociais” relativas às
entidades de que trata o art. 1º do Decreto-Lei 2.318/86, a exação em tela é, na verdade,
uma contribuição de intervenção no domínio econômico. Trata-se de tributo destinado a
Alternativa “C”: Correta – A Corte Constitucional possui jurisprudência pacificada que, por ter natureza
de contribuição de intervenção no domínio econômico, a contribuição destinada ao Sebrae não possui
referibilidade restrita, dessa sorte, sua incidência não se limita as micro e pequenas. Assim, é legítima a
cobrança da exação em tela das empresas de grande e médio porte, conforme aresto abaixo:
Destaca-se que o presente tema foi alvo de questionamento na 2ª Fase do último concurso para Procurador
da Fazenda Nacional.
“As contribuições aos SESC e ao SENAC são cobradas dos estabelecimentos comerciais
referidos no quadro de que trata o art. 577 da CLT.
Ocorre que as empresas prestadoras de serviços não estão aludidas expressamente nesse
quadro, o que embasou a sua insurgência contra a cobrança das referidas contribuições.”
(PAULSEN, Leandro. VELLOSO, Andrei Pitten. Contribuições: teoria geral, contribuições em
espécie. 2ª ed – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, pg 337)
Alternativa “E”: Incorreta – A Constituição Federal em seu art. 240 expressamente prevê tal incidência:
Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos
empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical.
Corrobora a doutrina:
“De qualquer modo, ela serviu para afastar infundados questionamentos quanto à recepção
das contribuições ao SESC/SENAC e ao SESI/SENAI pela Constituição de 1988, uma vez que
a folha de salários (materialidade sobre a qual incidem) é uma manifestação de capacidade
contributiva já reservada às contribuições de seguridade social.” (PAULSEN, Leandro. VELLOSO,
Andrei Pitten. Contribuições: teoria geral, contribuições em espécie. 2ª ed – Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2013, pg 333)
36. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a assertiva incorreta:
c) É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido
essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data
do seu óbito.
e) A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data
do óbito do segurado.
COMENTÁRIO
Alternativa “A”: Incorreta – O Superior Tribunal de Justiça entendeu de forma diversa, conforme o
noticiado no informativo de jurisprudência nº 525 do Superior Tribunal de Justiça:
tratar, na hipótese, de inovação legislativa. RE 630501/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o
acórdão Min. Marco Aurélio, 21.2.2013. (RE-630501)
Súmula 416: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter
perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até
a data do seu óbito.
Súmula 340: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente
na data do óbito do segurado.
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