Você está na página 1de 154

Índice

Folha de rosto
direito autoral
Conteú do
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo
Obrigado
Romances agora disponíveis
Um trecho de O Poder da Misericó rdia
Sobre o autor
APETITES INSATIÁ VEIS
COMO É DOCE, LIVRO 3
FIONA ZEDDE
Copyright © 2018 por Fiona Zedde
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida de qualquer forma ou por qualquer meio eletrô nico ou mecâ nico,
incluindo sistemas de armazenamento e recuperaçã o de informaçõ es, sem permissã o por escrito do autor, exceto para o
uso de breves citaçõ es em uma resenha do livro.
Crédito da foto: © Shutterstock/Conrado
Design: Red Raven Design e Publicaçã o
CONTEÚ DO

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo
Obrigado
Romances agora disponíveis
Um trecho de O Poder da Misericó rdia
Sobre o autor
CAPÍTULO UM
Sage pensou que seria a primeira a chegar ao restaurante, mas Nuria, a mulher sexy
que já estava sentada à sua mesa, parecia estar lá há uns bons dez minutos. A culpa foi dela
por tentar fazer uma rapidinha antes de sair de casa.
Nuria tinha a bebida na mã o e olhava preguiçosamente ao redor quando Sage se
aproximou.
“Ei, macha .” Nuria ergueu a bochecha para um beijo enquanto Sage deslizava para a
cadeira ao lado dela na mesa redonda preparada para quatro pessoas. Ela cheirava
vertiginosamente a um perfume escuro e doce. “Como está o casal feliz e disfuncional
hoje?” Nuria perguntou com um sorriso.
“Estamos bem, como sempre.” Sage beliscou a bunda da amiga como vingança pelo
comentá rio rude sobre ela e sua namorada, Phil. "Nã o, graças à sua má mente."
“Vadia…” Nuria riu e, de brincadeira, raspou as unhas compridas na cabeça de Sage, mal
perturbando o desbotamento baixo na lateral e os cachos muito mais longos e apertados na
parte superior.
Sedutoramente vestida com um vestido branco que contrastava com o sonho uniforme de
cacau da sua pele, Nuria ocupava muito mais espaço do que o seu corpo médio deveria ter.
Mesmo sentada e quieta, sua personalidade grandiosa a rodeava como a coroa pulsante do
sol.
Junto com Rémi e Dez, Nuria era uma de suas amigas mais pró ximas. Essas mulheres eram
as ú nicas que conheciam Sage no seu estado mais gay. Ela é mais gratuita. "Por que você
está aqui tã o cedo?" Sage mal olhou para o fino cardá pio de bebidas perto de seu lugar, já
sabendo o que ela queria.
“Eu já estava na vizinhança”, disse Nuria.
"O quê, você está transando com alguém deste lado da cidade?"
“Nem todos os aspectos da minha vida sã o sobre foder, você sabe”, disse ela, embora seus
olhos cor de uísque e chocolate escuro brilhassem com provocaçã o.
Nuria estava bem ciente da sua reputaçã o dentro do círculo de amigos e no mundo em
geral, mas nã o fez nada para domá -la. Ela fodia quem ela queria, homem ou mulher, podia
beber qualquer um de seus amigos debaixo da mesa e, embora firmemente na casa dos
trinta como o resto do grupo, parecia nã o ter pressa em se acalmar. Ela era tã o selvagem
aos trinta e três quanto tinha sido aos vinte e três, inferno, provavelmente até aos treze.
Sage acenou para a garçonete, pronta para começar a festa. “Você está dizendo que nã o
estava rolando nos lençó is de alguém algumas horas atrá s?”
Sua amiga riu. “Foi há uma hora, muito obrigado.”
A garçonete apareceu, uma coisa bonita e muito jovem, com um piercing no septo. Ela
olhou para Nuria com uma curiosidade a que Sage já estava habituado.
"O que posso trazer para você esta noite?" a garçonete perguntou assim que ela se livrou da
desavergonhada foda com os olhos que Nuria a tratou.
“Rum branco Appleton Estate”, disse Sage. “A garrafa inteira, com uma garrafa de suco de
abacaxi.”
A garota assentiu, mas nã o rabiscou nada. "E você?" Ela se virou para Nuria e Sage deu uma
olhada em sua bunda, exibida com bom gosto em calças pretas, a linda curva de suas costas
e sua espessa queda de cabelo preto até o meio das costas.
Sage esperava que Nuria pedisse o nú mero da rapariga, porque ela fazia merdas assim, mas
a amiga só pediu um sete e sete, sorrindo para a rapariga com todo o corpo.
"Claro." A voz da garota estava um pouco sem fô lego. “A propó sito, eu gosto do seu
negó cio.” Ela apontou para o piercing de Nuria, um piercing prateado entre o lá bio inferior
roxo escuro e a ponta do queixo pontudo. “Muito retrô .”
Nú ria piscou. “Uh... obrigado?” ela murmurou, franzindo a testa.
A garota sorriu e entã o se afastou.
Sá bio riu. “Você tem que deixar esses jovens em paz, minha garota. Eles estã o recém-saídos
aqui hoje em dia.
Nuria fez um gesto de desprezo e depois tocou no piercing. “Isso acabou?”
“O fato de você ter dito ‘acabou’ em vez do que quer que os fetos estejam dizendo
atualmente deve lhe dizer muito.” Sage recostou-se na cadeira para apreciar o restaurante-
bar recém-inaugurado, sugerido pelo amigo deles, Dez.
Era legal o suficiente, embora nã o estivesse no mesmo nível do bar de jazz de propriedade
de Rémi. O Wilde's Bar and Grille era uma típica cobertura de Miami com vista para a Baía
de Biscayne e as luzes brilhantes da cidade. A crítica do Yelp que Sage leu prometia
bartenders seminus mexendo no bar enquanto preparavam alguns dos coquetéis mais
letais de Miami.
Ela varreu o lugar com o olhar novamente. Até agora, a multidã o estava contida, os pés dos
bartenders firmemente no chã o e a iluminaçã o fraca. Talvez toda aquela diversã o
estridente devesse acontecer mais tarde. Embora ela nã o soubesse quando, já que o Wilde
fechava à s duas da manhã .
“Acho que deveria me sentir insultada”, disse Nuria, aparentemente ainda presa ao
piercing.
“Eu nã o sei por que, querido. Temos a mesma idade, você sabe. Estou muito velho para
dizer que merda é ‘iluminada’ ou algo assim também.”
“Oh meu Deus…” Nuria revirou os olhos. “Fale por si mesmo, macha . Ainda tenho muito
fogo em mim. Quer chamem isso de iluminado, acontecendo ou gostoso .” Ela pronunciou a
ú ltima palavra como se estivesse falando sobre comida. Ou o ú ltimo filme pornô realmente
bom que ela viu.
“ Gostoso ?”
Nuria levantou um ombro. “Algo que uma garota brasileira com quem saí semana passada
estava dizendo.”
"Tem certeza de que ela estava falando sobre você e nã o sobre o pudim ou o que quer que
você estivesse alimentando para ela naquele momento?" Sá bio perguntou.
Nuria era uma cozinheira fenomenal, embora apenas seus amigos e o raro companheiro de
foda soubessem disso. Apesar de seu novo trabalho como agente de talentos, ela ainda
encontrava tempo para preparar pratos elaborados e criminosamente saborosos que
convidava seus amigos para compartilhar.
“Foda-se,” Nuria rosnou com um sorriso.
“Esse convite está aberto a todos na mesa?” Rémi, residente linda e durona, apareceu do
nada e se inclinou para dar beijos europeus na bochecha de Nuria.
Os cachos de Rémi brilhavam sob a luz fraca do teto, cortados baixos e destacando seu
lindo rosto de modelo que era todo sorrisos. Sua roupa preta sobre preta - camisa de
botõ es enrolada nos cotovelos, jeans, botas de cowboy - contornava sua forma alta e
musculosa de uma forma que até Sage invejava, embora ela soubesse que nã o ficava tã o
mal em seu pró prio jeans preto e apertado. branco T.
“Como se você fosse me aceitar.” Nuria deu um tapinha na cadeira ao seu lado e Rémi a
pegou depois de trocar um abraço e tapinhas nas costas com Sage.
“Coisas mais estranhas aconteceram por aqui.” Rémi colocou o capacete de motociclista no
meio da mesa e pendurou a jaqueta de couro nas costas da cadeira.
"Nã o é tã o estranho." Nuria sacudiu a cabeça e fez com que a espessa massa de dreadlocks
enrolados deslizasse até a metade de suas costas. Todos sabiam que Rémi nã o tocaria nela
com o clitó ris de outra sapatã o.
Rémi estava apaixonado e monogâ mico – em êxtase, ridiculamente, invejavelmente –
envolvido com uma mulher com quase o dobro da sua idade. Uma mulher que por acaso
também era a mã e de seu melhor amigo, Dez.
Todo o início desse relacionamento foi um monte de problemas, mas todo mundo já havia
superado isso.
“E aí, Sá bio?” Rémi acomodou-se na cadeira. “Sair sozinho esta noite? Onde está Phil?
“Ela está em algum tipo de palestra com seus amigos geeks da ciência.”
"Legal." Um olhar passou pelo rosto de Rémi, e ela compartilhou um breve olhar com Nuria,
que ergueu um ombro estreito e encolheu os ombros. “Quem é nossa garçonete?”
“Nã o sei”, disse Sage ao mesmo tempo que Nuria disse: “O nome dela é Crystal”.
Rémi lançou um olhar a Nuria. “Já está trabalhando com ela?”
“De jeito nenhum, querido. Sou apenas observador.”
Sage nã o tinha ideia de como Nuria tinha “observado” o nome da garota quando ela nem
usava crachá , mas tanto faz.
"Aqui vem ela." Sage acenou para a garota esguia que atravessava a multidã o carregando as
bebidas em uma pequena bandeja redonda.
Ela tinha que admitir que a jovem garçonete era fofa. Mas nã o havia nenhuma maneira que
ela iria transar com ela. Tecnicamente, se Sage tivesse começado a bombear bebês cedo, ela
teria idade suficiente para ser mã e de Crystal. Inferno, em sua ú ltima viagem à Jamaica, ela
conheceu algumas mulheres de sua idade que eram malditas avós .
Seu corpo ondulou com um estremecimento de horror.
Isso era novo para ela. Cinco anos atrá s, ela nã o teria pensado nada em dormir com uma
garota de dezoito anos. Entã o, novamente, cinco anos atrá s, ela mal tinha completado vinte
e cinco anos, nada perto da chata e chata de trinta anos que ela era agora.
Crystal, a Garçonete, distribuiu as bebidas e anotou o pedido de Rémi, seus olhos ansiosos
saltando entre Rémi e Nuria, provavelmente se perguntando qual deles ela poderia atrair
para a cama ou para o banheiro desocupado mais pró ximo. O olhar era ó bvio para Sage, que
já o vira em inú meros homens e mulheres ao longo dos anos. Era preciso alguém com um
ego forte para sair com todas essas vadias bonitas e nã o ficar complexo com sua pró pria
aparência.
E Sage era esse alguém.
Com uma altura média de 1,70 metro, sua aparência era tudo menos isso. Rosto de queixo
quadrado, olhos estreitos e diretos, nariz reto, até mesmo a lacuna entre os dentes brancos
perolados. Separadamente, essas características pertenciam a um modelo de pista, mas
juntas tiveram um efeito diferente.
Sage sabia que havia algo um pouco estranho em sua aparência, talvez fosse seu rosto de
idiota presunçoso, poderia até mesmo ser sua testa enorme de Rihanna. Ela nunca poderia
ser bonita, ou mesmo bonita. Chamada de “impressionante” mais do que tudo, ela gostava
de pensar que sua aparência, como a cocaína, se tornava mais viciante a cada exposiçã o.
Seu corpo, porém, causou uma impressã o imediata e poderosa. Tendo pulado a fase
estranha e cheia de espinhas quando criança, sua pele morena profunda era lisa e perfeita,
apenas um tom ou três mais clara do que as tatuagens tribais pretas cobrindo ambos os
braços, as costas, uma coxa e descendo até envolver o corpo. parte superior do pé como
dedos abstratos. Acrescente a isso o fato de que ela sabia cantar como Tracy Chapman e
tinha uma carreira nova, mas bem-sucedida, gravando mú sicas para filmes e se
apresentando em locais de tamanho decente pela cidade, Sage era basicamente uma erva-
de-gato lésbica.
“Obrigado, Cristal.” Rémi mostrou à garçonete o quanto ela estava grata com um sorriso e
uma nota de vinte dó lares, uma gorjeta quase o dobro do custo da bebida.
“Ok, grande apostador.” Nuria provocou Rémi com um movimento dos dedos e depois
pegou a taça de martini para roubar um gole da bebida rosa choque. "Hum. Isso tem um
gosto bom. Talvez eu devesse comprar um.
“Ficaria bem com os lá bios rosados que você acabou de mostrar debaixo da saia”, disse
Rémi com um sorriso.
Nuria inclinou-se, os lá bios superiores franzidos num beijo e brilhando em vermelho. "Ah...
você percebeu."
“Sério, pessoal?” Sage nunca estava de bom humor quando eles brincavam um com o outro
daquele jeito. Parecia quase um incesto.
“Nã o se preocupe, querido”, disse Nuria. “Você também pode dar uma olhada.” Ela girou no
assento, as coxas já se afastando sob a saia. Sage desviou o olhar com um grito, cobrindo os
olhos para garantir.
“Cheguei bem na hora do show, pelo que vejo.”
O ú ltimo do grupo, Dez Nichols, apareceu. Ela andava pela mesa dando e recebendo abraços
da maioria, mas um beijo de Nuria.
"Olá bébé." O ronronar sedutor de Nuria foi dirigido estritamente a Dez.
Com seus lindos olhos ardendo com um calor brincalhã o, Dez enterrou a mã o nos
dreadlocks grossos e encaracolados de Nuria enquanto o beijo demorava um pouco demais
para ser verdadeiramente platô nico. Mas isso também nã o iria a lugar nenhum. Dez tinha
sua pró pria mulher e nã o recebia nenhuma outra em sua cama ultimamente. Nem mesmo
aqueles que se pareciam com Nuria.
Uma vergonha. Sage adorava ver Dez e Rémi trabalhando juntos em uma mulher. No auge
de seu poder como The Good Time Twins, era ridículo assisti-los. Infinitamente
gananciosos e alimentando-se um do outro de uma forma que a mulher entre eles sempre
gostou. Agora, porém, eles estavam vivendo vidas menos agitadas, ambos unidos e
acorrentados à s mulheres por quem se apaixonaram.
Sage e Phil tinham suas pró prias coisas. Completamente comprometidos um com o outro,
mas livres do fardo de restriçõ es artificiais como a monogamia ou mesmo alianças de
casamento. Eles foram fiéis um ao outro onde isso realmente importava: em seus coraçõ es
e mentes.
Ela nã o diria que era melhor do que seus amigos tinham, mas mesmo que ela nã o dissesse,
era melhor.
Pensar no que ela e Phil tinham levado a mente de Sage de volta ao interlú dio que tiveram
no chã o da sala pouco antes de ela sair, a lembrança da boca e das mã os de Phil e o prazer
de cerrar os dentes que a fez levantar-se do chã o e quase explodiu. suas cordas vocais.
Talvez depois do trabalho no laborató rio, Phil voltasse para casa e eles...
“Posso ver em seu rosto o que você está pensando.” Dedos beliscaram a lateral do corpo de
Sage e ela gritou, afastando-se de Nuria.
"O que?"
“Você estava pensando em alguma coisa nojenta que você e Phil fizeram mais cedo. Eu
conheço esse olhar. Nú ria riu. Ela obviamente aprovou.
“Nã o foi nada nojento”, disse Sage, impotente diante do sorriso que surgiu em sua boca. “E
tenho certeza que você fez muito mais.”
“Ela pegou você lá , amor”, disse Rémi com um sorriso.
Nú ria revirou os olhos. “Vocês dois sã o tã o nojentos. Todos vocês sã o. Tã o apaixonado e
dominando o resto de nó s... Ela olhou ao redor da mesa. "E com isso quero dizer eu." Já que
ela era a ú nica solteira na mesa.
“Nã o tenho culpa de que Phil seja perfeito para mim”, disse Sage.
“Merda, ainda nã o consigo acreditar que vocês dois estã o juntos há tanto tempo.” Dez
ergueu sua bebida, recentemente entregue pela jovem e adorá vel Crystal, para Sage. “É uma
loucura.”
Rémi assentiu, embora parecesse mais satisfeita do que surpresa.
Seu relacionamento com Phil foi o ú nico milagre na vida de Sage, pelo qual ela estava muito
grata. Mesmo com a crescente sensaçã o de que algo estava acontecendo com Phil, ela ainda
estava feliz por estar com sua mulher.
O que quer que estivesse acontecendo, provavelmente nã o tinha nada a ver com eles como
casal. Phil tinha seus pró prios problemas familiares que estavam chegando ao auge. Os pais
à beira do divó rcio, embora as brigas constantes desde que ela era jovem, muitas vezes a
fizessem desejar em voz alta que eles terminassem e poupassem a todos do trauma diá rio.
O relacionamento difícil dos Howards deixou Sage grata pela estabilidade de seus pró prios
pais, embora Trevor e Vivian Bennett nã o a conhecessem tã o completamente como ela à s
vezes gostaria que conhecessem.
À s vezes ela se perguntava se eles sabiam.
Entã o ela descartou. Se sua mã e soubesse sobre eles, nã o havia como ela manter a boca
fechada sobre isso. Sage teria recebido um telefonema em poucos instantes e nã o poderia
imaginar que seria tã o facilmente recebida em casa.
“A briga de gato e cachorro que vocês dois travam à s vezes é um pouco demais.” Nuria
observou Sage com aquele seu olhar inescrutá vel. “Por mais que vocês dois briguem, pensei
que teriam desistido de ficar juntos anos atrá s.”
“Mas eles fazem as pazes tã o intensamente quanto lutam.” A boca de Rémi se torceu. “Eu já
vi isso. E acredite, nã o é algo que eu queira ver nunca mais. Especialmente nã o ao vivo e
direto do meu escritó rio.”
Uma onda de calor percorreu as bochechas de Sage, e ela ficou muito grata pela escuridã o
de sua pele que disfarçava seu rubor. Mais de uma vez, ela e Phil acabaram no clube de
Rémi, Gillespie's, envolvidos em uma de suas enormes brigas e festas de foda.
Embora eles tivessem se acalmado no ú ltimo ano, ela e Phil começaram a brigar aos gritos
em lugares infelizmente pú blicos. Geralmente por causa de alguém, um ou outro estava
fodendo. Mas tã o rá pido e quente quanto seus temperamentos queimavam, o desejo um
pelo outro queimava mais e facilmente anulava qualquer raiva ou ressentimento que cada
um sentisse. O sexo de reconciliaçã o deles foi épico pra caralho .
À s vezes, Sage se preocupava com o fato de eles apenas brigarem para que pudessem foder
um ao outro com a selvageria desenfreada dos animais no cio. “Nó s nã o somos tã o ruins
assim,” ela protestou de qualquer maneira.
Gemidos ecoaram pela mesa.
"Tudo o que você disser, querido."
“Eu nã o posso acreditar que você diria essa merda com uma cara séria.”
“Ok, pró ximo tó pico de conversa…”
"Sim por favor…"
ELES PASSARAM cerca de quatro horas no restaurante. Falando merda, comendo muita
comida, atualizando o que perderam na vida um do outro desde os ú ltimos dias em que
todos se viram. Bons tempos.
Mas, como um idiota disse uma vez, todas as coisas boas tinham que acabar.
Rémi foi o primeiro a encerrar a noite. O restaurante, que vinha ficando cada vez mais vazio
na ú ltima hora, estava olhando de soslaio para eles de qualquer maneira.
“Preciso ir”, Rémi jogou algum dinheiro no meio da mesa. “Claudia vai me encontrar em
breve.”
Do outro lado da mesa, Dez nem sequer se encolheu à mençã o de sua mã e. As coisas
mudaram muito nos ú ltimos dois anos.
“Sim, o lugar parece pronto para nos expulsar de qualquer maneira”, concordou Sage.
Eles pagaram a conta e seguiram caminho.
Fora do restaurante, Nuria e Dez foram para carros separados. Sage fez companhia a Rémi
na beira do estacionamento vazio enquanto Rémi esperava Claudia aparecer no tá xi. O que
uma professora universitá ria e raposa de meia-idade como Claudia estava fazendo
brincando com Rémi tã o tarde em uma noite de aula, Sage nã o tinha ideia. Mas o que quer
que tenha sido, deve ser uma das coisas que mantém o relacionamento deles fresco e
apaixonado.
“As coisas estã o indo bem entre você e Phil?” Rémi calçou as luvas de montaria e olhou para
Rémi por baixo das sobrancelhas exuberantes. “Você parecia distraído quando
conversá vamos mais cedo.”
Sá bio encolheu os ombros. "Sim. Eu e a velha ainda estamos fazendo nossas coisas, você
sabe.
Um sorriso ergueu o canto da boca de Rémi. "Eu sei."
Sage pensou ter visto uma pitada de julgamento ali. Ou talvez ela tenha imaginado. Ela
sabia que, exceto por um ou dois incidentes quando se conheceram, a cama de Rémi e
Claudia só tinha espaço para os dois. Embora sua amiga nunca tenha entrado em detalhes,
Sage sabia, pela maneira como Rémi se comportava, que o sexo entre ela e Claudia ainda
queimava os lençó is. Rémi era muito faná tica para estar em algo onde ela nã o conseguia se
divertir regularmente e, ainda por cima, espetacularmente.
“Nã o há nada de errado na forma como eu e Phil fazemos nossas coisas”, disse Sage na
defensiva. Mas logo depois de dizer isso, ela poderia ter mordido a língua.
“Ei, nã o acho que haja algo de errado com o que vocês estã o fazendo.” Rémi enrolou os
dedos nas luvas de couro apertadas para ter certeza de que elas se ajustavam bem, depois
olhou ao redor do estacionamento, obviamente procurando por sua mulher. “Faça até ficar
satisfeito, é o que diz a mú sica e é assim que você deve viver. Quando e se essa coisa aberta
parar de funcionar para vocês, é aí que vocês param. Se continuar sendo doce, continue.”
Rémi encolheu os ombros como se isso nã o significasse nada para ela.
Rémi nã o estava dizendo nada que Sage nã o soubesse, mas o desconforto vinha crescendo
sob sua pele nas ú ltimas semanas, deixando-a na defensiva. Nã o faz sentido descontar em
seus amigos.
“Desculpe”, disse Sage.
"Nã o é grande."
Nesse momento, um tá xi entrou no estacionamento e parou perto da motocicleta de Rémi.
A porta se abriu e Claudia saiu.
Apenas… Droga.
Sage fechou o rosto para fazer parecer que ela não engoliu a pró pria língua.
A mulher de Rémi parecia valer um bilhã o de dó lares. Dinheiro.
Aos cinquenta e dois anos, Claudia era magra, mas cheia de curvas, com a bunda alta e justa
para ioga sob jeans escuros. Uma blusa branca transparente brilhava sob a jaqueta de
couro preta de gola alta e botas de motociclista de salto baixo abraçavam seus pés
pequenos e delicados.
Na maioria dos dias, ela era facilmente a mulher mais bonita de Miami além de Phil. Seus
cachos curtos e brancos como a neve exibiam a escuridã o suave de seu rosto e a faziam
parecer um pouco com uma duende, especialmente com aquele queixo pontudo e olhos
levemente inclinados que enrugavam com os raios de sol nos cantos. E ela tinha a boca
mais gentil que Sage já tinha visto.
A porta do tá xi fechou-se com um estrondo e Claudia afastou-se dela e dirigiu-se a Rémi
com um olhar suave. Sua boca gentil tornou-se toda sensualidade exuberante e Sage se
sentiu um pouco sujo olhando para ela. Como se ela estivesse observando seus pais prestes
a foder.
"Aqui está ela." Rémi ergueu o punho para receber um empurrã o de Sage. “Vejo você no
final da semana.”
“Legal”, disse Sage enquanto Rémi saía correndo para pegar sua mulher.
Sorrindo largamente, Rémi se aproximou de Claudia como se ela fosse o ú nico ser que
existia no mundo inteiro.
Os dois estavam longe o suficiente de onde Sage estava para que ela nã o ouvisse o que
diziam um ao outro. Mas a maneira como Rémi colocou as duas mã os na cintura estreita de
Claudia e a puxou para um beijo foi inconfundível.
Havia paixã o ali, sim. Bocas abertas para devorar, corpos grudados. Mas o gesto da mã o de
Rémi no meio das costas de Claudia era uma doce ternura. Como se ela estivesse segurando
seu amante perto e permitindo que ela sentisse cada grama de sua paixã o. Mas ela também
segurou Claudia como se ela fosse preciosa. Nã o é delicado, mas é valorizado de uma forma
que vai além das palavras. Além do preço. Além de qualquer coisa.
Quando foi a ú ltima vez que ela e Phil estiveram juntos assim?
Sage nã o conseguia se lembrar.
Ela engoliu em seco e pegou o telefone como desculpa para nã o olhar para a amiga e
amante. Enquanto ela mexia na funçã o de chamada do telefone, a bicicleta ganhou vida. Ela
encontrou o nome de Phil em “favoritos” e, quando olhou para cima, a bicicleta de Rémi
com sua preciosa carga já estava saindo do estacionamento.
Na traseira da moto, Claudia agarrou-se à cintura de Rémi, parecendo ao mesmo tempo
majestosa e sexy. Os dois eram lindos juntos. Perfeitamente emparelhado de uma forma
que a maioria das pessoas só poderia sonhar.
Sage passou o dedo sobre o nome de Phil no telefone, mas nã o conectou. Em vez disso, ela
olhou para a estrada iluminada muito depois de os dois amantes terem desaparecido.
CAPÍTULO DOIS
Certa noite, há quase um ano, Sage quase pediu Phil em casamento. Ela nã o sabia de
onde vinha o impulso, apenas que ele a dominava como a embriaguez de uma bebida de
frutas, inesperada, mas nã o totalmente indesejá vel.
Eles ficaram em casa, só os dois. Netflix na TV. A pipoca favorita de Phil em uma tigela entre
eles. Seus pés descalços estendidos na poltrona.
Chewing Gum passava na tela e Phil ria a cada cinco segundos com as travessuras do
personagem principal.
“Oh meu Deus, ela é hilá ria!” Phil cutucou Sage com seus dedos salgados de pipoca e
desabou ao lado de Sage com um ataque de risadas.
Só entã o, a luz da televisã o transformou-a num retrato deslumbrante de tons cinzentos.
Sage perdeu o fô lego. Naquele momento, o riso de sua mulher, o incrível contentamento
brilhando dentro dela. Ela queria manter tudo para sempre.
Você quer se casar comigo?
A pergunta explodiu na língua de Sage e pairou ali a noite toda.
Uma questã o. Quatro palavras.
Mas ela nã o teve coragem, entã o a pergunta permaneceu informe em sua boca.
Sobrecarregado pelo medo. Em ú ltima aná lise, nã o dito.
CAPÍTULO TRÊ S
Sua mulher estava escondendo alguma coisa.
Sage nã o sabia o que era, mas seu clitó ris estava envolvido agora, nã o conseguia se
importar totalmente.
“É isso, querido...” Ela gemeu longa e profundamente, arqueando a boca montando seu
clitó ris.
Eles estavam juntos há tempo suficiente para que Phillida soubesse exatamente o que era
bom. Exatamente como Sage gostou. Quã o difícil, quã o rá pido, quã o... “Porra, querido!” O
prazer correu através dela em um deslizamento quente, reunindo-se em seus quadris, em
sua boceta que estava encharcada e pingando por toda a boca de Phil. Ela estava a um passo
de gozar... Só mais um... Phil se afastou.
"Sua vadia..." Sage gemeu de frustraçã o quando a boca risonha de sua mulher se retirou,
molhada e brilhante, de sua boceta.
"Sim, mas você me ama." Phil tirou o cabelo do rosto, os fios macios caindo sobre seus
ombros e rosto, destacando o visual sexual matinal que Sage tanto amava. Mas havia algo
que ela amaria ainda mais agora.
"Você vai me comer fora ou o quê?"
Mã os agarraram suas coxas e deslizaram entre elas para acariciar seu clitó ris, sua fenda, e
abaixaram para disparar brevemente até seu traseiro. “Nesse ritmo, você tem sorte de
receber um maldito beijo de bom dia.” Phil brincou com ela com uma mordida na coxa, e
Sage sibilou de dor. E prazer.
“Achei que era isso que você já me deu.” Sage sabia que ela exibia um sorriso arrogante.
Mas foi culpa de Phil. Ela foi a razã o pela qual Sage acordou feliz e sexualmente voraz todas
as manhã s durante os ú ltimos doze anos ou mais. Suas manhã s eram tã o boas porque Phil
estava lá . Fodendo ela. Comendo ela. Amá -la.
Phil riu, a estranha covinha logo abaixo e à direita de sua boca fazendo uma marca na linda
casca do biscoito de chá . “Você é mimado,” Phil murmurou com seu sorriso provocador. “Eu
deveria fazer você esperar.”
Mas ela nã o o fez. Sage gemeu com o toque de dedos conhecedores em seu clitó ris. O toque
despertou prazer em toda sua boceta e endureceu ainda mais seu clitó ris contra o sino da
barra de titâ nio através de seu capuz clitoriano. Ela engasgou, e o som ricocheteou pelo
quarto deles e saiu pela porta que eles nunca se preocuparam em fechar.
"Foda-me, querido." Sage gemeu o apelo, contorcendo-se sob os dedos habilidosos,
ansiando por ser preenchido.
"Nada para você." E Phil inclinou a cabeça.
A boca quente cobriu seu clitó ris, sugou o metal duro através de sua carne macia e lambeu
um gemido vindo do nú cleo de Sage. Suas costas se arquearam na doce pontada da luxú ria,
os lençó is roçando sob sua pele aquecida, aquecendo com o suor da manhã . Outro golpe de
língua e entã o—
“Ah!” Os dedos deslizaram profundamente dentro de Sage, "Porra... assim mesmo."
Prazer elegante. A língua perfurada de Phil em seu clitó ris, seus dedos deslizando
profundamente dentro de Sage, acariciando as paredes chorosas de sua boceta enquanto a
língua conhecedora a virava do avesso.
Ela agarrou os lençó is e torceu os quadris contra o rosto de sua mulher, ofegando o nome
de Phil com cada toque daqueles dedos conhecedores, cada sucçã o de sua língua.
Tã o bom, tã o foda-
Entã o o prazer roubou o resto dos seus pensamentos. Os dedos se curvaram dentro dela
para encontrar aquele lugar que a fazia gritar.
“Deus, droga!” E assim, ela terminou.
Sua visã o ficou branca como gelo enquanto o prazer percorria todo o seu corpo, destruindo
todo o resto. O sol da manhã , o som do rá dio tocando pela casa, o cheiro do café da manhã
vindo da má quina cronometrada que lhe dizia que já passava da hora de ela sair da cama. O
esperma apagou tudo, menos Phil. Tudo, exceto a mulher que ela adorava.
“Phillida…” Sage ofegou, enquanto flutuava de volta à terra, a pele escorregadia de suor, o
coraçã o disparado apó s a linha de chegada. Ela lambeu os lá bios secos.
Sua mulher riu. “Eu adoro quando você chama meu nome.” Ela levantou a cabeça entre as
pernas de Sage, a boca e o queixo molhados, mechas de cabelo grudadas nas bochechas
ú midas.
"Oh sim…?" Sage se abaixou, nadando da letargia de seu esperma matinal para segurar a
nuca de Phil e puxá -la para cima para conectar suas bocas em um beijo desleixado.
O sal do prazer dela estava perfeito nos lá bios de Phil. Ela provou o sabor, perseguiu-o,
acariciando vagarosamente a língua de sua mulher com a sua, chupando o piercing de
titâ nio através do mú sculo liso e á gil, devolvendo um pouco do prazer que sentia a Phillida.
Ela puxou Phil para cima de seu corpo, seus seios e barrigas pressionados juntos, beijando-
os, virando-os na cama até que Phil estivesse debaixo dela, sua coxa entre as de Phil e eles
estavam se esfregando, movendo-se sinuosamente na cama, as faíscas de nova excitaçã o e
desejo lambendo o corpo de Sage.
Ela estava mais do que pronta para ir novamente.
Era quase sobrenatural o quã o excitada essa mulher poderia deixá -la, mesmo depois de
doze anos compartilhando a mesma cama - ou qualquer lugar semi-privado que eles
pudessem discutir para foder um ao outro. Ela nunca se cansava de tocar em Phil, de amá -
la.
“Eu te amo tanto,” ela gemeu na boca de Phil.
A boceta de Phil estava encharcada. Ele facilmente pegou dois dedos de Sage, depois três.
Phil gemeu e engasgou na boca de Sage, seus quadris se movendo mais rá pido para
perseguir a satisfaçã o que Sage oferecia.
Phil gemeu o nome dela, circulando os quadris na cama. Os gemidos de desejo no fundo de
sua garganta puxaram Sage mais fundo, fazendo-a querer ouvir mais, sentir mais. Ela
acariciou a carne molhada, fodendo-a com os dedos, engolindo os ruídos suaves do desejo
impotente com sua boca devoradora. Um golpe mais rá pido, um movimento do polegar
contra o clitó ris de Phil, uma curva dos dedos.
Phil afastou a boca da de Sage com um suspiro longo e desesperado para recuperar o
fô lego. Ao mesmo tempo, sua boceta apertou os dedos de Sage, jorrando e apertando sua
plenitude nos lençó is.
Seu prazer veio silenciosamente, em sons suaves e infantis que Sage nunca tinha ouvido de
outra mulher. Phil nã o era um gritador. Nunca foi. E quando eles se conheceram, isso
preocupou Sage, fazendo-a se perguntar se estava fazendo tudo certo. Mas com o passar
dos anos, ela aprendeu a ler os sinais mais sutis de seu deleite – e os nã o tã o sutis – para
saber o que estava funcionando, o que a excitava, o que a fazia enlouquecer.
Sorrindo com triunfo, ela fodeu a boceta de Phil, diminuindo a velocidade dos golpes
enquanto as contraçõ es apertadas ficavam cada vez menores e mais leves, menos
desesperadas. Seu pulso doeu, mas ela continuou fodendo até saber que Phil estava farto.
Quase.
Os sucos escorregadios de Phil escorriam pelos dedos e pulso de Sage.
“Querido...” Phil choramingou. Seu lá bio inferior tremeu e lá grimas de prazer vazaram dos
cantos dos olhos.
Mas ainda não.
Elegante e elétrica, ela se contorceu sob Sage, seu corpo quente e escorregadio de suor,
quadris fodidos, boceta molhada sugando os três dedos de Sage. Pequenos relâ mpagos de
prazer dispararam entre as pernas de Sage, mas ela os controlou com a pressã o de suas
coxas. Isso nã o era sobre ela agora. Ela fodeu sua mulher, gentil e doce.
Tão perto.
"Sim, querido, sim." Sage gemeu em encorajamento.
Entã o Phil estremeceu uma ú ltima vez e Sage, estremecendo por dentro de prazer solidá rio,
caiu entre as pernas de Phil enquanto desabava nos lençó is, ofegante de sua liberaçã o.
Perfeito.
Os cabelos de Phil espalharam-se sobre o travesseiro. Seus olhos se fecharam e sua
respiraçã o veio rapidamente. O suor do sexo deles brilhava por todo o seu lindo rosto,
garganta e seios arfantes.
“Acho que você me fodeu até dormir”, disse ela sem abrir os olhos.
"Eu duvido disso." Sage riu baixinho. Seu amor estava tã o sonolento quanto ela. O que nã o
foi de todo.
Mentindo a afirmaçã o de Phil de estar dormindo, suas coxas apertaram em torno de Sage e
ela resistiu, estremecendo em êxtase.
Sim, a mulher dela estava longe de dormir e, além disso, foi apenas um orgasmo.
Ela fez um som baixo de contentamento e lentamente puxou os dedos para fora, suspirando
quando a boceta apertou em torno de seus dedos e Phil fez um gemido suave.
“Um de seus amigos do laborató rio ligou”, disse Sage, lembrando-se de repente da
mensagem anterior. Ela acariciou levemente o clitó ris de Phil em desculpas. “Ele disse algo
sobre precisar de você lá esta manhã .”
“Nã o é justo”, disse Phil. "E sabado." Mas ela abriu os olhos. Seu olhar parecia como a luz do
sol no rosto de Sage, quente e precioso.
“Hoje simplesmente nã o é o seu dia. É a sua vez de preparar o café da manhã .” Sage deu um
tapinha na coxa de Phil com um sorriso e se levantou da cama. “Eu gostaria de um smoothie
de vegetais e omelete de clara de ovo”, ela gritou da porta aberta do banheiro.
“Eu deveria dizer para você ir se foder”, murmurou Phil.
Sage abriu a porta do chuveiro. “Mas você já cuidou disso, entã o…”
Atrá s dela, Phil gargalhava. “Você é um pé no saco.”
“Mas eu sou seu pé no saco.”
"Tã o verdade."
Sage sentiu seu sorriso crescer o suficiente para dar a cara de Coringa. Ela fechou a porta de
vidro e abriu a á gua. Hoje seria um dia muito bom.
Uma hora depois, Sage saiu do banheiro ao som de uma notificaçã o de mensagem em seu
celular.
Sem textos. Mas ela tinha uma chamada perdida.
Ela apertou o botã o play e colocou a mensagem no viva-voz, deixando o telefone na cama
enquanto passava creme na pele.
"Sá bio. Sã o mamã e e papai.”
Inclinando-se para passar a loçã o com aroma cítrico nas panturrilhas e coxas musculosas,
ela franziu a testa ao ver o tom alegre na voz de sua mã e.
Uma mulher naturalmente tensa, sua mã e ficava mais feliz quando ela estava prestes a se
meter em alguma merda.
“Por que você nã o atende o telefone?” Sua mã e fez uma pausa como se estivesse falando
com uma secretá ria eletrô nica antiquada e pudesse de alguma forma fazer com que a
pessoa que estava ouvindo atendesse a chamada. Entã o, depois de nã o ter recebido a
interrupçã o que claramente esperava, ela continuou. “Em breve iremos a Miami para a
formatura de Errol. Espero que você nã o tenha esquecido. Uma semana vamos ficar.”
Outra pausa que só deu a Sage silêncio suficiente para ouvir o pró prio batimento cardíaco
repentinamente fora de controle trovejando em seus ouvidos. “Ok, ligue de volta para que
eu possa lhe dar os detalhes. Seu pai está muito animado para ver Miami novamente.
Tchau."
"Essa era sua mã e?" Phil veio do outro banheiro anexo vestido com suas roupas sexy e
geek.
Calça escura que abraçava sua bunda perfeita, uma camisa preta que se agarrava à curva de
seus seios. Ela tomou banho e molhou a escova até que ela voltasse a formar cachos
elá sticos e enrolados em volta do rosto.
Uma forte batida em seu coraçã o e um aperto em sua barriga — ambas reaçõ es normais ao
ver a mulher que ela amava e adorava — paralisaram Sage por um momento. Ela olhou até
que sua mulher ergueu uma sobrancelha provocante para fazê-la responder à pergunta.
Depois de doze anos, ela ainda estava mal.
"Sua mã e está vindo?" Phil perguntou. "Aqui? Com seu pai?"
“Eles sã o, sim.” Entã o o cérebro de Sage se recuperou. Os pais dela. Visitando. "Ah Merda."
“Essa é uma maneira de colocar as coisas.” O sorriso de Phil parecia cansado. Ambos
sabiam o que aquela visita significava.
Nos anos desde que seus pais se “aposentaram” – ou seja lá como você chama isso, quando
duas pessoas que nunca tiveram que trabalhar um dia em suas vidas voltaram para uma
ilha que deixaram quando eram jovens – Vivian e Trevor Bennett só tinham posto os pés
em Miami algumas vezes. Talvez três ou quatro.
E a cada vez, Sage fingia que Phil era apenas seu amigo.
Seus pais eram jamaicanos. Ela era jamaicana. De jeito nenhum Sage poderia deixá -los
realmente vê-la e conhecê-la em toda a sua gló ria de “sapatã o mau”. Eles nunca aceitariam
isso. Eles nunca a aceitariam . Ela já tinha visto de perto o que uma família homofó bica era
capaz de fazer com alguém que supostamente amava. Ela estava morrendo de medo de que
a mesma coisa acontecesse com ela.
Suas amigas à s vezes zombavam dela por ainda estar no armá rio, rindo e se perguntando
em voz alta como seus pais podiam ser cegos para ela - um garanhã o de calças, meio
coberto de tatuagens e que nunca teve namorado - ser gay.
Mas isso nunca surgiu entre ela e seus pais. Pelo menos foi o que Sage disse a si mesma.
Agora, o garoto que eles haviam adotado desde entã o, um garoto chamado Errol Sage que
nunca conhecera, estava se formando no ensino médio e eles estavam chegando para o
grande evento.
“Merda…” Sage murmurou novamente, e seu estô mago embrulhou de ansiedade.
“Vai ficar tudo bem, querido.” Sem olhar nos olhos dela, Phil deu um beijo seco na bochecha
de Sage e se dirigiu para a porta do quarto. “Vamos lidar com isso como fizemos das outras
vezes.”
O som de seus passos de salto agulha ecoou quando ela saiu do grosso tapete turco e pisou
no azulejo de travertino dourado. Sem olhar para trá s uma vez, ela desapareceu pelo longo
corredor, saindo pela porta da frente. Ela deixou Sage no rastro persistente de seu perfume
floral sutil. O cheiro era uma acusaçã o, uma doçura que ela nã o merecia.
Sage praguejou novamente. Ela sabia que Phil estava cansado de ser enfiado de volta no
armá rio toda vez que seus pais vinham visitá -lo. Era uma merda e muito inconveniente, e
nã o apenas porque Sage tinha que dormir longe da mulher que amava. Doze malditos anos.
Isso durou muito tempo.
A casa ressoou num silêncio vazio apó s a saída de Phil. Sage gemeu alto. A cama afundou
sob sua bunda nua quando ela se sentou, os braços entrelaçados com força, os olhos fixos,
secos e cegos, no tapete entre seus pés.
Este armá rio onde ela se trancou estava machucando a mulher que ela amava, mas ela teria
coragem de mudar as coisas agora?
CAPÍTULO QUATRO
Uma criança na Jamaica, Sage estava morrendo de medo de sua sexualidade. Nã o sobre
o que significava ser gay ou algo assim. Mas sobre o que todo mundo faria se descobrisse
que ela gostava de buceta em vez de pau.
Ela nã o vivia debaixo de uma rocha, mesmo quando criança, entã o ela sabia que alguns
jamaicanos raivosos se envolveram em suas besteiras e sentimentos machistas e mataram
o chefe da ú nica organizaçã o gay e lésbica da ilha. Isso a aterrorizou.
As pessoas na escola, na igreja dos pais dela e até na vizinhança diziam que o homem
merecia. Merda, eles fizeram um maldito desfile comemorando seu assassinato. Apenas por
amar alguém que eles nã o aprovavam.
A morte do homem gravou tristeza e medo profundamente em seus ossos.
Entã o, ela ficou sozinha, ignorando os meninos que pediam para ir até a floresta com ela e
brincar de “mostre-me”. E ela definitivamente ignorou as garotas que queriam brincar de
beijar em seu internato exclusivo, praticando em fazer com que suas bocas e corpos
fizessem a coisa certa em preparaçã o para os garotos com quem eventualmente transariam
e se casariam. Sage manteve-se mais trancada do que Fort Knox. E entã o os pais dela
decidiram que iriam se mudar para a América.
A mudança nã o teve nada a ver com dinheiro. Eles tinham dinheiro, herdaram parte dele e
ganharam o resto investindo e usando seu considerá vel brilhantismo financeiro. Os pais
dela eram tã o parecidos na visã o do mundo e nas origens — eles eram vizinhos enquanto
cresciam — que Sage teria suspeitado que fossem irmã os. Três coisas dominaram o tempo
de seus pais: Igreja. Fazendo dinheiro. Viagem.
Seu pai teve a oportunidade de fazer parte do conselho de uma empresa em Miami,
pró spera e enorme, que insistia que seus membros do conselho morassem na América. Ele
mudou-se com a família e por que nã o? Nã o era como se ele estivesse fazendo alguma coisa
na Jamaica além de jogar pó lo e mostrar aos habitantes locais o quã o rico ele era.
Sage nunca ficou tã o grata por nada em sua vida.
No ensino médio, ela rapidamente fez amizade com outros gays e começou a se
transformar lentamente. A pessoa que saiu de casa dificilmente foi a mesma que apareceu
na escola - ela trocou de roupa assim que a casa ficou a menos de um quilô metro atrá s dela
- e fez tatuagens em segredo, usou camiseta branca e jeans largos, depois camisa de botã o.
camisas e calças sob medida. Beijei garotas e fui a festas, conheci Dez, Rémi e algumas
outras garotas da escola que eram descaradamente elas mesmas. Ela nunca os convidou
para sua casa. Eles nunca souberam que ela estava no armá rio de casa. E quando seu pai
deixou o conselho e voltou para a Jamaica por insistência de sua mã e, ela sentiu um alívio
ainda maior e agarrou aquele ú ltimo pedaço de liberdade.
Eles perguntaram se ela queria que eles ficassem com ela enquanto ela estivesse na
faculdade. Mas ela lhes deu toda a permissã o de que precisavam. E ela viveu sua vida.
E agora, eles estavam voltando para destruir aquela vida que ela construiu direto para o
inferno.
CAPÍTULO CINCO
Mais tarde naquela semana, quando Dez ligou para convidar ela e Phil para um
encontro duplo, Sage aceitou o convite com uma quantidade embaraçosa de desespero.
Nesse ponto, ela estava pronta para praticamente qualquer coisa para evitar pensar na
visita iminente dos pais.
Dez e sua linda esposa, Victoria, os pegaram em seu Porsche SUV vermelho e os levaram ao
cinema.
“O que estamos vendo, afinal?” Sage perguntou do banco do passageiro da frente.
“Aquele filme de Taraji onde ela interpreta uma assassina durona”, respondeu Phil. Por
insistência de Victoria, ambas as mulheres descansaram na parte de trá s enquanto Sage e
Dez sentaram-se na frente.
“Bom, eu sempre quis ver isso,” Victoria disse, afofando os cachos soltos que caíam ao redor
de seu rosto e ombros. “Boa escolha, querido.” Ela estendeu a mã o entre os assentos com os
dedos com pontas vermelhas e esfregou o ombro da esposa.
Dez grunhiu, mas qualquer tolo poderia ver o quã o satisfeita ela estava apenas com aquele
pequeno elogio de sua esposa. Depois de três anos juntos, eles ainda eram nojentos de
estarem por perto à s vezes.
Menos de meia hora depois, eles acabaram no teatro ao ar livre do parque. Era o lugar
perfeito para ver um filme, especialmente nas noites secas de outono. Depois do filme, eles
pegaram cafés e hambú rgueres de carne em um food truck e foram passear pelas trilhas
sinuosas e bem iluminadas do parque.
A noite estava fresca e perfeita, pelo menos para os padrõ es de Miami. O que significava
apenas que eles nã o estavam suando os clitó ris lá fora. Eles começaram andando lado a
lado, mas terminaram com Victoria e Phil na frente, enquanto Sage e Dez lentamente
seguiam na retaguarda.
“Bem, nã o foi tã o ruim quanto pensei que seria”, disse Sage, tomando um gole de café.
O filme foi bom, nã o ó timo. Mas foi muito bom ver uma mulher negra como protagonista de
um filme que nã o se apoiava fortemente em todos os estereó tipos habituais.
“Foi muito bom”, disse Dez com um sorriso. “Me dê um filme com uma garota de salto alto e
peitos lindos e eu estou no paraíso.”
Sage soltou uma risada. “Se ao menos todos fossem tã o fá ceis de satisfazer.”
O sorriso de Dez desapareceu. Ela olhou para frente, para onde Phil e Victoria estavam
rindo juntos sobre alguma coisa. "Está tudo bem com você e Phil?"
"Yeah, yeah. Nó s somos legais." Ela nã o mencionou a sensaçã o incô moda que tinha de que
algo estava errado com Phillida. À s vezes, parecia que Phil se voltava para ela com palavras
esperando para sair de sua boca, entã o seus lá bios se apertavam e uma risada, uma piada
ou um convite inundavam Sage. “Meus pais estã o vindo para a cidade de novo, só isso.”
“Certo, certo...” Dez assentiu com o rosto atento. “Entã o, é o mesmo plano de jogo de
sempre para vocês?”
"Sim, por que nã o seria?"
Dez encolheu os ombros. “Achei que Phil já estaria cansado dessa porcaria. Vocês estã o
juntos há doze anos, nã o há doze dias. Ficar escondido como um segredo sujo nã o pode ser
bom para ela.”
Sage estava pensando a mesma coisa, mas nã o podia fazer nada a respeito. A vida que ela
tinha era a vida que ela tinha. Ela nunca pediu pais jamaicanos ou ser de um país que a
apedrejaria até a morte por amar do jeito que ela amava.
“Nã o posso fazer nada a respeito”, murmurou Sage. “As coisas sã o o que sã o.”
“Suponho que se é isso que você está disposto a aceitar...” Dez encolheu os ombros
novamente.
Mas Dez nunca poderia entender. Ela foi criada por pais relativamente liberais que, em sua
maioria, abraçavam todo o seu eu gay - tudo bem, seu pai era um idiota e um trapaceiro.
Sage nunca teve essa vida. Ela nunca teve essa aceitaçã o.
Um grito baixo de excitaçã o atraiu seus olhos para Phil e Victoria. As mulheres pararam de
andar e agora conversavam com um casal de lésbicas, mulheres de cabelos compridos,
vestidos de grife e sapatos prá ticos, mas sexy. Eles eram lindos.
Um deles tinha a mã o apoiada em um carrinho enorme.
“Ela está ficando tã o grande!” As palavras chegaram a Sage um momento antes de Phil
enfiar a mã o no carrinho e pegar um bebê que parecia sonolento.
O sorriso no rosto de sua mulher era absolutamente apaixonado quando ela segurou a
criança no quadril e disse algo que Sage nã o conseguiu ouvir. Phil e Victoria arrulharam
para a criança enquanto as mã es lésbicas gostosas pareciam orgulhosas como o inferno.
Como se eles tivessem feito algo incrível juntos.
Por acordo tá cito, Sage e Dez diminuíram o passo até ficarem praticamente parados. Os
dois estranhos pareciam mulheres que ambos teriam transado antigamente. Pelo menos
era antigamente para Dez com seu eu casado e monogâ mico. Se eles nã o tivessem o filho
com eles, Sage os convidaria para voltar para casa com ela e Phil para um quarteto quente.
“Você é um animal,” Dez murmurou.
"O que?"
“Eu sei o que você está pensando e nã o é nem um pouco fofo.”
“Como se ir para casa com duas gostosas e transar com elas cegamente nã o fosse uma
merda que você já fez.” Sage fez um som de desdém. "Mais de uma vez."
Dez piscou e depois olhou para as mulheres. Ambos eram curvilíneos, sofisticados e
equilibrados, mas algo neles sugeria que eles se sujavam da maneira mais estranha entre os
lençó is. “Você nã o está errado,” Dez disse.
Sage bebeu o resto do café e foi em direçã o a uma lata de lixo no caminho. Dez fez o mesmo.
Phil e Victoria ainda estavam admirando o bebê, entã o ela os deixou sozinhos. A noite
pairava do outro lado do pô r do sol, atualmente queimando os céus acima deles, mas
ninguém estava com pressa.
Sage enfiou as mã os nos bolsos da calça jeans skinny. Era mais fá cil observar Phil do que ir
até lá e fingir que estava fazendo barulho por causa de algum garoto qualquer. Se ela
tivesse um, adoraria incondicionalmente, mas nã o era apenas uma admiradora geral de
bebês.
Uma das mulheres olhou além de Victoria e Phil, seu olhar intrigado pousou onde Sage e
Dez estavam. A luxú ria praticamente escorria de suas ó rbitas enquanto observava Dez. Mas
Dez claramente nã o estava interessado.
“Você já sentiu falta disso?” Sá bio perguntou.
"O que?"
Sage curvou o canto da boca para a amiga. Dez nã o a estava enganando e sua amiga
finalmente deu uma risada relutante.
“Você está tentando me causar problemas aqui?” Dez perguntou.
"Você me conhece melhor que isso."
Deliberadamente dando as costas para a sedenta mamã e bebê, Dez encolheu os ombros.
“Nã o tenho certeza se 'sinto falta' é a maneira certa de dizer o que sinto à s vezes.” Ela olhou
por cima do ombro e Sage percebeu que ela nã o estava olhando para a mã e do bebê, mas
para a pró pria esposa. “À s vezes me pergunto como diabos vim parar aqui. Com fins de
semana discretos, uma esposa e mais ninguém na cama conosco.” Ela fez um som de
espanto. “É uma vida totalmente diferente daquela que eu costumava ter. E à s vezes me
sinto outra pessoa. Tipo, eu desisti do meu verdadeiro eu por essa mulher? Seus olhos
voltaram para Sage como se fosse uma pergunta real.
"Droga, sério?" Sage engoliu em seco quando um desconforto espesso subiu em sua
garganta. Dez amava sua esposa mais do que... mais do que qualquer coisa. Se ela estava
com dú vidas, o que isso significava para Sage?
Com um sorriso brilhante, Dez continuou. “Entã o percebo que prefiro essa mulher do que
todas as putas anô nimas do mundo.” Ela apontou o queixo para onde sua esposa estava.
“Victoria nã o reclama e geme quando eu tiro meus sapatos no hall de entrada e os deixo lá .
Ela apó ia minhas boas ideias e me questiona sobre as ruins. E eu fodo com ela como um
deus porque ela é a ú nica deusa no meu mundo.” Dez balançou as sobrancelhas e sorriu,
depois ficou séria de repente.
“De qualquer forma, a mudança é necessá ria”, ela continuou. “Se fugirmos disso, estaremos
fugindo também da nossa pró pria felicidade e de saber quem realmente somos. Além disso,
eu nã o queria ser aquela sapatona velha e pervertida no bar ainda tentando amarrar os
jovens nascidos na mesma década em que ganhei minha primeira jaqueta de couro.
Sage teve que rir. "Palavra." Ela nunca faria uma merda dessas. Os jovens estavam
completamente fora dos limites.
“Vocês dois estã o aqui se escondendo do bebê grande e mau no carrinho?” Victoria
apareceu atrá s de Dez com Phil ao seu lado. Ela passou o braço em volta da cintura da
esposa e se inclinou para um beijo rá pido.
“Nã o”, disse Sage. “Estamos apenas falando sobre os velhos tempos.”
Victoria franziu os lá bios e olhou de soslaio para ela e Dez. "Eu imagino…"
Com um sorriso distraído, Phil lançou um olhar por cima do ombro para o casal que
continuava caminhando com seu bebê. A expressã o em seu rosto era suave. Saudade
misturada com…resignaçã o?
A preocupaçã o latejava na barriga de Sage. Ela pegou a mã o de Phil e puxou-a para perto,
murmurando palavras indistintas de conforto, aliviada quando sua mulher conseguiu um
leve sorriso em resposta.
“Essas coisas estã o todas no passado, amor.” Dez acariciou a garganta de sua esposa com
um sorriso sedutor e um olhar carregado para Sage. “Estamos todos caminhando em
direçã o ao futuro agora.”
CAPÍTULO SEIS
Sage saiu do SUV, entregou as chaves ao manobrista e caminhou até o lado do
passageiro para ajudar Phil a sair do carro.
“Isso é muito melhor do que eu pensava”, ela inclinou a cabeça para sussurrar no ouvido de
Phil.
Phil, perigosa com saltos altos e um vestido amarelo brilhante – decote profundo, um colar
triplo de finas correntes de ouro caindo em seu decote – que a fazia parecer uma
encarnaçã o de Oxum, sorriu e passou um braço em volta da cintura de Sage.
“Eu já adoro isso”, disse ela.
Ao redor deles, câ meras disparavam e flashes lançavam raios através da multidã o de
fotó grafos. Uma longa fila de carros e manobristas correndo para ajudar motoristas e
passageiros serpenteava atrá s deles.
Sage nã o ia à estreia de um filme há anos, e foi apenas o tédio e o desejo inesperado de Phil
por uma noite na cidade que a arrastou de um encontro que ela marcou com duas ginastas
negras russas. Os ingressos para a estreia foram cortesia de Nuria, que agora era uma
espécie de agente das estrelas.
Ela já os havia convidado para sair antes, mas nenhum deles, nem mesmo Rémi, que ainda
era modelo de vez em quando, estava particularmente inclinado a se misturar com os ricos
e superexpostos. Mas Phil queria ver o filme e a atriz (e ator) que interpretou uma mulher
trans pó s e pré-operató ria. Sage ficou bastante chocado quando Nuria anunciou que eles
estavam trazendo uma histó ria tã o abertamente estranha para Hollywood.
Rémi apenas torceu a boca com cinismo. "Nã o se preocupe. Tenho certeza que eles vã o
estragar tudo.”
Entã o aqui estavam eles.
E Sage teve que admitir que nã o foi tã o ruim. Ela mexeu os ombros sob a jaqueta do
smoking e quase flutuou ao lado de Phil enquanto as câ meras piscavam e clicavam. Os
fotó grafos nã o tinham ideia de quem eles eram, ela tinha certeza. Eles estavam apenas
tirando fotos deles para o caso de serem importantes.
“Espero que haja comida”, disse ela.
“É melhor que haja.” Phil apertou o braço em volta da cintura de Sage e sorriu. “Eu usei meu
vestido elá stico só para garantir.”
Como se algum peso extra ousasse grudar nela. Nos doze anos em que estiveram juntos,
Phil nã o ganhou nem um quilo. Sage a encontrou com um metro e setenta de altura
perfeita, e ela ainda era isso e nem um grama a mais.
Os acompanhantes de terno escuro os levaram pelo tapete vermelho até o enorme teatro.
Era um espaço aberto de linhas clá ssicas, má rmore exuberante e tetos altos. A acú stica era
incrível. Com um sorriso, Sage imaginou que seria o local ideal para uma orgia. Gemidos,
grunhidos e tapas fortes rolando um apó s o outro e em estéreo, os sons ecoando e
amplificados pelos tetos altos e corredores amplos.
“Este lugar é incrível!” Phil se virou e o vestido amarelo brilhante girou em torno de suas
longas pernas.
O lugar já estava mais da metade cheio. Mulheres em vestidos e smokings de grife, os
pró prios homens em ternos e smokings. Sage notou algumas pessoas que ela viu na tela da
televisã o. Uma atriz por quem ela teve uma queda na adolescência, sua esposa, que era
muito mais jovem que ele, e uma atual estrela pop em ascensã o. Estrelas de cinema e TV de
parede a parede, e eles. Sage riu com o pensamento.
"Você está aqui!" Nuria apareceu no meio da aglomeraçã o de corpos com um sorriso e um
abraço em cada um, o aroma escuro e comestível do seu perfume despertando os sentidos
de Sage enquanto eles se pressionavam brevemente.
“Dissemos que viríamos, agora aqui estamos.”
“Sirva-se do que quiser.” Nuria gesticulou para os empregados de uniforme branco que
circulavam entre os belos e ricos tabuleiros de aperitivos e bebidas. Ela poderia estar
falando sobre os garçons, a comida ou ambos. “O filme começará em cerca de trinta
minutos ou mais. As luzes diminuirã o quando chegar a hora de entrar. Enquanto isso,
apenas misture-se e divirta-se e me mande uma mensagem se precisar de alguma coisa.
Entã o ela se foi novamente.
“Quando ela decide fazer um trabalho, ela aposta tudo, né?” Phil sorriu ao ver as costas de
Nuria desaparecerem na multidã o.
“Você sabe que ela quer. Ela é uma garota do tipo tudo ou nada, e essa é uma das coisas que
adoro nela.”
"Sim." Um olhar melancó lico apareceu no rosto de Phil. “Eu gostaria de poder viver assim.”
"Você nã o sabe?"
"Nã o, na verdade nã o." Entã o seu rosto clareou, a covinha apareceu, seus dentes brancos
brilharam. Ela puxou Sage em direçã o a uma placa anunciada como Estaçã o de Uísque.
“Vamos verificar isso.”
Sage permitiu a distraçã o, mas fez uma anotaçã o mental para perguntar a Phil o que ela
queria dizer. Nada disso significava nada se eles nã o estivessem vivendo a vida que
queriam. Mas por enquanto, uísque.
Eles foram até o glorificado bar para provar a seleçã o de uísques da Escó cia e de outros
lugares do mundo. Quando saíram da estaçã o de uísque, cada um com um copo de algo
fumegante e delicioso nas mã os e o sabor de dois dos três uísques que haviam
experimentado ainda escorregadio na língua, Sage se sentiu bem .
Do bolso, seu celular tocou com um telefonema.
"Onde você está ?"
“Perto da frente do teatro.” A voz de Rémi, cheia de aborrecimento, veio alto pelo telefone.
“Tem um cara perto de mim vestido como Jack Sparrow.”
Sage esticou o pescoço e olhou para frente, avistando dentes de ouro e longos dreadlocks
em um cara branco. “Acho que entendi de quem você está falando.” Ela se virou para Phil.
“Levante a mã o, querido, para que Rémi possa ver você.” Ela estava bem ciente de que sua
altura modesta - também conhecida como baixa pra caralho - tornava quase impossível
para qualquer um que a conhecesse identificá -la naquela multidã o de saltos altos e um
metro e oitenta, além de protagonistas e aspirantes a estrelas de cinema.
Phil ergueu a mã o, usando a bolsa amarela brilhante para chamar ainda mais atençã o,
depois fez melhor com um assobio penetrante. O som voltou para ela através do telefone.
"Você ouviu isso?"
Rémi riu. “Acho que todo mundo fez. Eu te vejo. Indo nessa direçã o agora.
Alguns momentos depois, ela emergiu da multidã o, bonita e elegante em calças simples e
um blazer, a mã o da namorada enfiada na dobra do cotovelo.
“Ei, meninas!” Claudia acenou para eles, um movimento majestoso de sua mã o que fez Sage
sorrir.
Assim como Rémi, ela usava calças, mas as dela eram capri pretas justas, elegantes e
clá ssicas, que abraçavam as linhas de seus quadris, coxas e pernas. Uma blusa de gola alta
em vermelho-rosa refletia a cor de seus lá bios.
“Este lugar está lotado.” Rémi enfiou o telefone no bolso interno da jaqueta e puxou a
sorridente Claudia para fora do caminho de um trio de estrelas que passavam agitando
suas unhas em forma de garras.
— Conte-me sobre isso — murmurou Sage. “Nã o pensei que as pessoas em Miami
gostassem tanto de estreias de filmes.”
“Talvez nã o, mas amamos nossas estrelas de cinema.” Phil beijou Rémi na bochecha e
abraçou Claudia, seu corpo um pouco rígido, mesmo depois de dois anos tentando se
acostumar com ela e Rémi juntos.
Sage sabia que Phil ainda estava tendo dificuldades para se adaptar a lidar com Claudia
Nichols como colega. Ou pelo menos alguém com quem Sage e o resto das outras mulheres
saíam quando faziam “coisas de casal”.
“Há muitos deles esta noite”, disse Claudia.
Ela olhou em volta apreciativamente, os olhos saltando de um lindo rosto e forma para
outro antes de pousar de volta em Rémi. Sage a imaginou pensando que ninguém naquela
festa era tã o lindo quanto seu amante.
“Este filme é um ó timo projeto”, disse Phil. “Fiquei realmente surpreso ao saber que o livro
foi adquirido por um estú dio tã o grande. Tem potencial para ser o Brokeback Mountain
trans.”
“Nã o tenho certeza se isso é necessariamente uma coisa boa”, disse Claudia com uma risada
suave.
"Você sabe o que eu quero dizer. Pelo menos faça com que a conversa e as experiências das
pessoas LGBT sejam o foco de um filme, e também nã o de uma forma estereotipada.”
“Acho que veremos quando chegarmos lá .”
Um flash de dreadlocks enrolados e verde claro chamou a atençã o de Sage. Nuria acenando
para eles. Ela cutucou Rémi. “Acho que a mais recente agente poderosa de Hollywood quer
que nos juntemos a ela.”
Passaram por entre a multidã o perfumada e ricamente vestida até chegarem ao lado de
Nuria.
“Ei, amores!” Ela passou um braço em volta de Rémi e o outro em volta de Claudia. “Você
conhece minha cliente, Collette.” Ela os apresentou novamente a Collette Victor, já uma
estrela na França e um talento em ascensã o na América. “E conheça Zachary e Zoe Baxter.”
Ela inclinou a cabeça na direçã o de um homem e uma mulher, obviamente irmã os, ambos
com cabelos pretos caindo até o meio das costas e maçã s do rosto salientes. “As estrelas do
filme.”
"Um prazer." Phil estendeu a mã o para o homem Baxter antes de Sage ou qualquer um dos
outros, com um sorriso pequeno, mas genuíno. “Estou realmente ansioso pelo filme.”
As apresentaçõ es circularam em círculo.
Eles eram bastante interessantes como pessoas, mas nã o demorou muito para que Sage
ficasse entediado. Sendo membro deles, os ricos ociosos nunca foram tã o interessantes
para ela, mas Phil permaneceu pró ximo dos dois irmã os, fazendo perguntas sobre o filme e
como eles conseguiram seus papéis. Depois de um rá pido toque na espinha de Phil para
que sua namorada soubesse que ela estava se afastando, Sage saiu em busca de coisas mais
interessantes para fazer.
As luzes piscaram, anunciando o início iminente do filme, e interromperam uma conversa
esquecível que Sage estava tendo com uma estrela de Hollywood enrustida, com decote
profundo e seios memorá veis. Valeria a pena convidá -la para uma foda rá pida no hotel do
outro lado da rua? Provavelmente nã o. Seios bonitos custavam um centavo o par nesta
cidade.
“Talvez pudéssemos fazer uma dramatizaçã o ou algo assim”, disse a estrela com uma
lambida em seus lá bios vermelhos brilhantes. “Eu sou muito bom nisso.”
Uh, hein…
As luzes de alerta piscaram novamente, e Sage procurou por seus amigos, preferindo
sentar-se com Phil e suas filhas do que correr atrá s de alguma mulher que poderia ou nã o
cair de joelhos por Sage mais tarde.
Nã o foi uma grande decisã o.
“Acho que chegou a hora”, ela disse com arrependimento fingido e se afastou da mulher
que tinha o decote praticamente no ombro de Sage.
A estrela mordeu o lá bio. Entã o, apó s um suspiro de decisã o, colocou o cartã o no bolso da
frente de Sage, os dedos acariciando o quadril durante a transferência. “Estou no Ritz em
Coconut Grove.” Entã o a mulher se foi.
É sempre bom ter opçõ es.
Sage abriu caminho no meio da multidã o, a maioria das pessoas se movendo em direçã o à
entrada em arco da sala de projeçã o. Ela examinou a multidã o, procurando aquele brilho
amarelo, aquela explosã o de cabelo que pertencia a Phil. Mas ela viu primeiro Rémi,
encostado em uma coluna, com as mã os nos bolsos enquanto conversava com Claudia. Um
sorriso brincou em sua boca enquanto ela ouvia o que quer que sua mulher estivesse
dizendo, entã o ela riu, os dedos flutuando ao longo do queixo de Claudia e depois de volta
aos bolsos como se ela nã o pudesse deixar de tocar. Apesar de como eles começaram - em
segredo e arriscando a amizade de longa data que Rémi tinha com Dez - eles eram lindos de
se ver, à s vezes dolorosos com seu ó bvio amor e desejo um pelo outro.
“Ei, vocês estã o vendo Phil ou Nuria?”
“Nuria provavelmente vai cuidar de seu cliente, mas já tenho os assentos que ela reservou
para nó s.” Rémi pegou um conjunto de ingressos e passou um par para Sage. “Temos todos
eles seguidos. Enviei uma foto dos ingressos para todos hoje cedo.” Rémi havia conseguido
os ingressos com Nuria alguns dias antes, mas nã o teve oportunidade de distribuí-los
pessoalmente.
"Legal. Vou esperar mais alguns minutos aqui por Phil e depois entro.
"Tudo bem." Rémi passou o braço em volta de Claudia. “Vejo você lá .”
Sage foi procurar Phil. Quando ela estava prestes a desistir e entrar na sala de projeçã o, um
tom familiar de amarelo entrou em seu campo de visã o. Phil caminhava com Zoe Baxter,
seus passos sincronizados, seus corpos roçando em alguns lugares e de uma maneira que
Sage estava mais do que familiarizado. Ela abriu a boca para chamar a namorada. Mas algo
a fez parar.
Phil estava no modo de jogo. Aquela zona onde ela estava flertando com a intençã o de
foder. E parecia que ela iria marcar se a maneira como a outra mulher se inclinou para Phil
fosse alguma pista.
Algo distraiu Zoe Baxter e a fez virar-se para Sage. E Sage respirou fundo. Phil nã o estava
flertando com Zoe, ela estava flertando com Zachary , o irmã o. O fundo do seu estô mago
caiu e ela engoliu em seco.
Talvez ela nã o tivesse visto o que pensava. Mas outra olhada em Phil com o homem só
confirmou o que ela já sabia. Os olhos da namorada, os lá bios entreabertos num sorriso
predató rio, devoravam a figura elegante do homem de terno escuro. Ela tocou o braço dele
para trazer sua atençã o de volta para ela, os dedos permanecendo contra o material preto
do paletó dele, entã o o pescoço se inclinou para trá s para rir de algo que ele disse.
Isso foi algum tipo de piada?
As luzes piscaram novamente, desta vez em um vermelho brilhante, e Sage tomou uma
decisã o dividida, virando-se para entrar no teatro em vez de esperar por Phil. Ela navegou
até o teatro e até a fileira de assentos. Quando ela conseguiu uma das cadeiras vazias, Dez e
Victoria já estavam lá , sentados ao lado de Rémi e Claudia. Nuria sentou-se mesmo à frente
deles com o seu cliente, olhando ocasionalmente por cima do ombro e fazendo comentá rios
aos amigos que soavam distorcidos aos ouvidos de Sage.
Uma mã o apertou seu ombro. "Você está bem, querido?" Phil sentou-se na cadeira ao lado
dela que estava vazia.
Sage assentiu, sem conseguir usar as cordas vocais. Sua pele ficou vermelha com o calor e
depois com o frio, e ela estremeceu. Ela estava exagerando? Com um leve sorriso
preocupado, Phil tocou sua coxa e, depois de examinar o rosto de Sage em busca de tudo o
que ela nã o encontrou, recostou-se nos assentos forrados de veludo.
Alguém fez um anú ncio e apresentou o filme. O filme começou. Os créditos rolaram. Mas
Sage nã o viu nem registrou nada disso.
Quando as luzes da casa voltaram a acender, ela piscou diante da claridade repentina.
Aplausos irromperam ao seu redor e a multidã o se levantou, aplaudindo ainda o que
aparentemente tinha sido um filme digno de tal reaçã o. Sage nã o se lembrava de nada que
tivesse acontecido na tela.
Nuria voltou-se para eles. “Vou encontrar vocês na festa depois. Eu tenho que encerrar
algumas coisas aqui primeiro.” A sua cliente murmurou qualquer coisa e Nuria deu umas
palmadinhas nas costas da rapariga, com a mã o a descer mais do que o estritamente
necessá rio.
“Vamos esperar até que a maioria dessas pessoas saia daqui”, disse Dez, olhando para a
multidã o que fervilhava em direçã o a todas as saídas. Ela manteve as mã os nos quadris de
Claudia.
A consciência das coisas ao seu redor estava voltando para Sage. Com o fim dos sons do
filme, as luzes, os amigos se movimentando, uma sensaçã o de normalidade estava se
reafirmando. Estas eram as mesmas pessoas que ela sempre conheceu. Phil era a mesma
mulher que ela sempre conheceu. Eles amavam-se. O que ela pensou ter visto antes nã o
fazia sentido. Talvez ela estivesse muito tensa com a visita planejada dos pais.
"Claro. É uma boa ideia”, ela assinou a sugestã o de Rémi.
“Onde é a festa depois?”
“Está aqui”, disse Nuria. “Apenas em um salã o de baile maior do que aquele em que nos
receberam antes.”
Logo, o fluxo de pessoas diminuiu o suficiente para que saíssem do auditó rio e se
dirigissem ao salã o de baile. Sage estava mais do que ciente de Phil bem na sua frente, até
teve presença de espírito suficiente para agarrar a mã o que Phil estendeu atrá s dela para
Sage segurar. A mã o esguia estava quente e seca. O aperto firme.
O que quer que ela tenha pensado que viu antes, ela obviamente inventou.
O salã o de baile era enorme. Muito maior do que aquele em que todos estavam
encurralados antes, com estaçõ es de comida e bebidas ao longo de cada parede, garçons
com roupas mais festivas, mú sica dançante fluindo de uma porta aberta de onde luzes
estroboscó picas piscavam acenavam. Era exatamente o tipo de lugar onde Sage
normalmente estaria. Licor e mulheres lindas. Mú sica badalada e espaço para curtir tudo
sem se sentir apertado.
“Vou dançar”, disse Dez, entã o sussurrou algo no ouvido de Victoria que fez sua esposa rir.
“Eu também quero dançar”, disse Phil. “Esta mú sica está no ponto.” Ela se virou para seguir
Dez e Victoria até a pista de dança, mas Sage agarrou sua mã o.
"Ei." Ela nem sabia o que iria dizer.
Você estava pensando seriamente em foder aquele cara? Essa nã o era uma pergunta que ela
pensava que faria à namorada.
Anos atrá s, quando Dez teve um caso com um garoto bissexual da faculdade, Phil quase
perdeu a cabeça. Falando sobre como Dez era hétero agora e se perguntando se ela já havia
sido lésbica. Ela se acalmou desde aqueles primeiros dias volá teis, especialmente depois
que todos entenderam que sua raiva era por ter sido abandonada sem cerimô nia por Dez,
sem adeus, sem “Preciso de tempo para me resolver”, sem nada. Todos eles foram feridos e
tiraram isso de seus sistemas de vá rias maneiras. Especialmente depois que Dez voltou e
compartilhou o que sentia pelo namorado e o que sentia agora pela esposa.
"E aí, querido?" Phil girou em seus braços com um sorriso, elevando-se casualmente sobre
Sage daquele jeito que ambos estavam acostumados, uma pose fá cil que pressionava o
rosto de Sage na garganta de Phil, ou colocava seus seios em uma altura conveniente. Ela
passou as unhas pelas costas de Sage.
“O que foi aquilo lá atrá s?” Sá bio perguntou.
“De volta para onde?” Uma carranca apareceu entre os olhos de Phil.
Talvez este nã o fosse o lugar para uma conversa.
“Philida.”
Os dois se viraram ao ouvir a voz masculina, Sage ficou tensa com a suspeita de saber
exatamente quem acabara de chamar o nome da namorada. Ela nã o estava errada.
Zachary Baxter atravessou a multidã o em direçã o a eles e depois fez uma pausa para
aceitar o que Sage presumiu serem parabéns por fazer um bom filme. O homem de smoking
que parou Zachary parecia feliz pra caralho por estar conversando com o ator, mas Zachary
continuou olhando por cima do ombro do homem para Phil. Phil, que se afastou
ligeiramente de Sage, deixando de lado a carícia íntima para colocar uma mã o casual sobre
os ombros de Sage. Foi como um tapa na cara. Ela cerrou os dentes.
“Lá atrá s, com ele”, disse Sage.
"O que-?!" Mas eles estavam juntos há muito tempo para que aquela falsa confusã o
funcionasse.
"Você está me dizendo que nã o quer transar com ele?" Sage manteve a voz baixa, mas podia
sentir seu temperamento borbulhando sob o esterno, uma ameaça de implosã o.
A essa altura, Zachary já havia escapado de seu simpatizante e estava a poucos passos de
distâ ncia deles.
"Sá bio!" Phil se aproximou e baixou a voz.
"Está tudo bem?"
— Eu sugiro que você cuide da sua vida — retrucou Sage.
Phil colocou a mã o em seu ombro. “Querido, nã o faça cena.” A voz dela era baixa comparada
ao grito quase a plenos pulmõ es de Sage.
A temperatura do sá bio subiu mais alto. Depois de todas as brigas pú blicas que tiveram ao
longo dos anos, agora Phil queria ser discreto, agora que aquele idiota estava envolvido?
Estrela de cinema ou nã o, foda-se ele!
“Estamos bem, Zachary.” Phil lançou um olhar suplicante para o ator antes de dar toda a
atençã o a Sage. Atençã o que ela merecia. Mas Zachary nã o se afastou. Ele nã o era a parte
importante disso.
“Você vai me contar o que está acontecendo?” A raiva cresceu dentro dela o suficiente para
queimar o que restava de seu bom senso. "Você está tentando transar com ele?"
Olhando para eles, uma enxurrada de sussurros começou ao redor deles. Porra. Mas apesar
de saber que estava fazendo uma grande merda, sabendo que havia câ meras por perto, que
havia câ meras no lugar onde Nuria estava fazendo seu maldito trabalho, Sage ficou furioso
e queria que Phil soubesse disso.
Phil se afastou, a tristeza estampada em seu rosto. Ela cruzou os braços sobre o peito, de
repente parecendo fria em seu amarelo de verã o. “Nã o estou agora, mas quero.” As palavras
foram calmas. Um sussurro baixo que Sage quis fingir que nunca ouviu.
"Porra!" Ela respirou fundo, depois outra. "Eu preciso de-"
Mã os fortes agarraram seus ombros por trá s. Ela rosnou e se virou, ou pelo menos tentou.
“Acalme-se, Sá bio.” A voz de Rémi ressoou em seu ouvido. “Você precisa levar isso para
outro lugar. Em algum lugar privado.
Rémi apertou seus ombros novamente, com um toque de comando que ninguém mais
conseguiria com Sage. Dez atravessou a multidã o com sua esposa e mã e seguindo por
perto. Mais estranhos se aglomeraram ao redor deles em uma tentativa nã o tã o sutil de ver
o que estava acontecendo, alguns levantando seus celulares para captar a estupidez de
Sage.
Zachary Baxter observava Sage como se ela fosse um cachorro raivoso que precisasse ser
sacrificado, a preocupaçã o por Phil estampada em seu rosto estupidamente bonito. Como
se ela fosse machucar a pró pria namorada.
Dez se aproximou e passou o braço ao redor da cintura de Phil. Ela apontou a cabeça em
direçã o à porta. “Devíamos sair.” Ela trocou um olhar com Rémi e os dois se viraram para a
entrada do teatro, de alguma forma encurralando Sage e Phil entre eles. A visã o de Sage
ficou turva nas bordas, consciente das pessoas que os observavam com seus sussurros
animados e risadas nã o tã o baixas.
Eles chegaram à frente do teatro e um de seus carros já estava lá , o grande SUV de Rémi,
com Claudia ocupando o banco do motorista e o manobrista recuando com um olhar
curioso para a festa crescente.
“Entre”, ordenou Rémi.
Phil estava logo atrá s dela. Ela podia sentir o cheiro do perfume que havia colocado antes
de partirem, um perfume leve e floral que haviam adquirido juntos na ú ltima viagem a
Milã o. O cheiro agora era excessivamente doce e a ideia de ficar preso com ele, com Phil, no
carro por qualquer período de tempo era insuportá vel.
Sage balançou a cabeça e parou na porta aberta do SUV preto. "Nã o posso."
“Só por enquanto”, disse Rémi. “Depois que deixarmos esse circo para trá s, você pode fazer
o que quiser. As pessoas estã o olhando e se você ficar, provavelmente irã o te seguir com
uma câ mera ou algo igualmente estú pido. Nã o tenho certeza se você quer isso.
“Ela nã o quer ficar no carro comigo”, disse Phil logo atrá s dela. "Leve-a e eu pegarei nosso
carro."
Mesmo no meio de virar o mundo de Sage de cabeça para baixo, saber que Phil podia ler
sua mente aliviou um pouco a tensã o de seus ombros. Ela entrou no SUV e sentiu Phil
recuar. Seu cheiro desapareceu.
“Tudo bem”, disse Dez.
Depois de uma conversa sussurrada com Victoria, ela subiu no banco de trá s com Sage e
fechou a porta, deixando Victoria parada com Phil, que parecia atordoado, na calçada.
Depois que Rémi sentou-se no banco do passageiro dianteiro do SUV, eles partiram.
“Que porra está acontecendo com vocês dois?” Rémi perguntou. “Isso é mais da mesma
merda?”
Sua cabeça bateu para trá s contra o assento de couro. Deus, ela desejava que as coisas
fossem iguais. “Nã o...Phillida...” Mais palavras lhe faltaram. Quaisquer outras palavras
gaguejaram por trá s do nó na garganta. O que estava acontecendo? O que ela ia fazer?
“Vou para casa e todos vocês podem pegar o carro”, disse Claudia calmamente.
“Querida…” Rémi começou.
"Nã o, está tudo bem. Isso parece intenso e tenho certeza de que ela prefere falar sobre isso
em particular do que me receber aqui.”
Rémi nã o protestou mais. Tanto ela quanto Sage sabiam que Claudia estava certa. Embora
ela nã o tivesse certeza de que, uma vez conseguida essa privacidade, ela poderia dizer
qualquer coisa. Um peso de tristeza e traiçã o pressionou seu peito.
“Obrigado, Clá udia.” Apesar dos fragmentos de agonia que latejavam dentro dela, Sage
estendeu a mã o para apertar o braço da mulher.
"De nada querido. Espero que isso possa ser consertado, seja lá o que for.”
O carro dirigiu em silêncio por pouco tempo, o motor grande e quase silencioso os levou
para longe do teatro, passando pelo centro de Miami, até Coconut Grove. Claudia saiu do
carro, com a bolsa na mã o, e Rémi saiu do carro, fechando os dois do lado de fora em
relativa privacidade por alguns segundos antes de Rémi sentar no banco do motorista e
sair da garagem. Ela soltou um suspiro.
“Entã o, conte-nos. O que está acontecendo com vocês dois agora?
O coraçã o de Sage bateu na garganta, impedindo qualquer palavra. Ela estava sendo
completamente estú pida?
“Aparentemente, Phil está heterossexual agora.”
"O que?" Rémi virou-se completamente em seu assento. Foi um milagre o SUV nã o ter
entrado em outra pista.
“Isso nem faz sentido”, disse Dez. “Comece do início.”
"Esse é o começo." Ou o fim. “Eu a vi prestes a jogar a calcinha naquele cara do filme. Entã o
eu liguei para ela. Ela nã o negou querer transar com ele.
“Isso nã o significa que ela seja heterossexual”, disse Dez.
“Se ela gosta de pau agora, nã o importa como ela se chama.”
“Você nã o acha que está sendo um pouco irracional?”
"Seriamente?" Sage abriu os olhos para olhar Rémi.
"Sim. Claudia é bi, você nã o me vê tendo a mínima para isso. Ela sacudiu a cabeça na
direçã o de Dez. “Você se lembra que Dez saiu com aquele cara, Ruben, há alguns anos. E
daí?"
"E daí?" Sage sentou-se, olhando para as duas amigas como se elas tivessem enlouquecido.
“Você nã o está em um relacionamento aberto, é isso. Você nã o precisa comer a boceta da
sua garota sabendo que pode chupar com muita força e acabar com a porra de um cara na
boca.
Dez revirou os olhos. “Vocês dois nã o praticam sexo seguro com os aleató rios com quem
vocês ficam?” Seu olhar dizia que ela estava bem preparada para julgar Sage se a resposta
fosse “nã o”.
“Sim, mas esse nã o é o ponto.”
Rémi murmurou alguns palavrõ es no banco da frente.
O silêncio caiu no SUV e ele continuou divagando. Parecia que a maior parte de Miami
passava pelas janelas – Little Haiti, Miami Gardens, North Miami Beach. A escuridã o
brilhava com as luzes da cidade por onde passavam, os pequenos shoppings, outros carros,
pessoas ainda esperando nos ô nibus, bicicletas trabalhando ilegalmente nas calçadas. Sage
sentiu-se esgotado. Vazio.
Dias antes, ela estava pensando novamente em casamento, algo que Phil nunca havia
mencionado, mas Sage sabia que ela queria. Pelo menos ela falou sobre ter um filho e o que
isso significaria para o tipo de vida que eles tinham agora.
Como filha de pais que a amavam, mas praticamente a deixaram sozinha, Sage estava
apá tica em ser mã e. Ela nã o tinha nenhum desejo particular de ter um filho e,
definitivamente, também nã o tinha talento para criar filhos. Mas depois do choque inicial
ao descobrir que Phil queria filhos, ela estava disposta a mudar suas vidas para criar um.
Ela estava disposta e pronta para se casar.
Mas agora nã o.
“Eu ia pedir a ela em casamento”, disse Sage.
Dez apertou sua coxa. “Você ainda pode.”
Sage quase balançou a cabeça. "O inferno que eu posso." A capa de bravata que ela usava
parecia pesada e indesejá vel — era de Phil que eles estavam falando, pelo amor de Deus!
—, mas ela nã o conseguia ignorar isso. Foi tudo o que manteve suas entranhas quebradas
unidas. Ela cerrou o punho com força suficiente para doer.
Rémi emitiu novamente um som parecido com vapor, a respiraçã o escapando por entre os
dentes em um longo silvo. “Você está sendo muito estú pido agora.”
“Sim, você é,” Dez concordou naturalmente.
Agora Sage revirou os olhos. Claro, eles estavam concordando um com o outro. Os dois
sempre foram pró ximos, mesmo depois do fiasco que levou Rémi a se apaixonar pela mã e
de Dez. Eles haviam reparado aquela fenda e estavam mais unidos do que nunca.
Se fosse Sage naquela posiçã o, teria sido uma perda para sempre. Algo além do reparo. Sua
mã e sempre a acusou, com razã o, de ser implacá vel. A garota que roubou os macacos de
Sage quando ela tinha apenas seis anos ainda estava na sua lista de merda. Nas visitas à
Jamaica, ela mal tolerava a presença da menina, preferindo passear pela rua com cachorros
infestados de carrapatos do que fingir que ainda nã o estava chateada com algo que a
menina fez quando ainda tinha dentes de leite. Foi uma falha. Mas um Sá bio nã o estava
disposto a corrigir. Ela provavelmente nem saberia como.
O carro zumbia embaixo deles. Por baixo de seus cílios semicerrados, o mundo veio até ela
em círculos brilhantes e quase imperceptíveis. Nada claro. Tudo lindo. Ela queria que as
coisas continuassem assim.
"O que você vai fazer?"
Seus olhos se abriram totalmente para o olhar severo de Dez. Boca tensa, maçã s do rosto
acentuadas, a luz do lado de fora da janela sombreando e revelando alternadamente a
intensidade brilhante de seus olhos.
“Eles farã o o que sempre fazem”, disse Rémi, com a voz rouca de impaciência. "Foda-se e
depois converse." Ela tinha visto o suficiente das brigas de Phil e Sage para saber
exatamente como algo assim geralmente acontecia.
“Se a ideia de ela transar com um cara é o que deixa sua boxer em apuros, entã o encerre
seu maldito relacionamento. Você nã o mencionou sugerir isso a ela uma vez?
Há algum tempo, Sage havia dito algo sobre encerrar seu relacionamento aberto, mas ela
estava se sentindo sentimental depois de sair com seus amigos monogâ micos em um
piquenique noturno. Phil estava fora para se encontrar com uma garota ou outra e o
piquenique foi algo de ú ltima hora, organizado para que os casais pudessem passar uma
noite tranquila juntos. Phil nã o pô de comparecer, entã o Nuria foi sua substituta,
aparecendo com cara de jogo, até vestindo um vestido retrô dos anos 1950, completo com
bolinhas e um grande laço vermelho na cintura. Ela carregava uma cesta de piquenique
antiquada, balançando-a atrevidamente enquanto caminhava pela grama para encontrá -
los. Nuria foi um bom esportista em ser a substituta. Como sempre, ela foi uma ó tima
companhia, contando piadas e tentando escandalizar a todos com histó rias de sua ú ltima
aventura sexual.
Mas, para Sage, nã o era a mesma coisa sem Phil, sua parceira, a mulher que ela poderia
facilmente imaginar como sua esposa.
“Ela e eu nã o podemos ter um relacionamento fechado”, disse Sage a Dez e Rémi. “Esse nã o
foi o nosso acordo.”
Foi um acordo que eles fizeram há mais de dez anos, quando Miami era apenas um bufê
interminá vel de bucetas que ambos queriam se empanturrar.
“Nã o sei por que você está sendo tã o teimoso”, disse Dez, finalmente sentando-se
molemente no assento ao lado de Sage. Ela bateu os dedos no joelho levantado e trocou um
olhar com Rémi pelo espelho retrovisor.
Com aquele olhar, algo dentro de Sage se abriu.
Rémi e Dez eram pró ximos. Parceiros. Nã o a proximidade dos amantes, mas algo que nada
poderia quebrar em dois. Ao contrá rio dela e Phil.
Sage sentou-se, fechou os olhos com força e os abriu, piscando para afastar um ataque
irritante e indesejado de lá grimas. “Deixe-me sair aqui.”
"O que?"
“Eu só preciso caminhar. Esta pequena viagem nã o está ajudando. Nã o suporto olhar para
vocês agora, nenhum de vocês.” Ela estendeu a mã o para a maçaneta da porta. “Pare a
porra do carro e me deixe sair.”
A preocupaçã o no rosto de Dez a dividiu em duas. Ela agarrou a alça e apertou. A porta se
abriu.
"Porra!" Amaldiçoando, Rémi virou o carro para a faixa da extrema direita com um guincho
de pneus e pisou no freio. Sage deu um salto para frente no banco, o cinto de segurança
prendendo dolorosamente seu peito. Ao lado dela, Dez agarrou-se à barra de “ah, merda” e
olhou para Sage, com choque e medo em seu rosto.
"Que porra você está fazendo?" Ela gritou. “Você está tentando se matar? Mate-nos?"
Mas isso nã o era sobre eles. Por que eles nã o conseguiam entender isso?
O SUV estava parado, com o motor ligado. Rémi se virou para encarar Sage, os olhos
brilhando. “Que porra você está fumando? Você está chapado?
Uma fú ria de buzinas de carros soou atrá s deles, mais pneus cantando na calçada. Sage
abriu a porta do carro e pulou para fora, ignorando os xingamentos que choviam sobre eles
vindos dos cerca de uma dú zia de carros que haviam parado bem a tempo atrá s deles, dos
curiosos na calçada, das pessoas espionando de outras pistas.
Dez saltou do SUV atrá s dela e a seguiu, os saltos de suas botas batendo furiosamente na
calçada. “Um dia desses seu maldito temperamento vai te colocar em apuros!”
"Hoje nao!" Sage enfiou as mã os nos bolsos. “Nã o me siga. Eu tenho meu telefone.
Encontrarei meu pró prio caminho para casa.” Ela gritou a ú ltima palavra por cima do
ombro e atravessou o estacionamento vazio do banco. Ainda assim, ela ouviu o som de sua
amiga atrá s dela, buzinando que lhe dizia que Rémi nã o havia engatado o SUV novamente
para partir. “Foda-se! Vocês dois. Estou falando sério!"
Entã o ela correu.
Ela nã o sabia para onde estava indo. Ela só precisava se afastar de seus olhares bem-
intencionados. A ló gica deles. A maldita felicidade deles.
Nenhum deles sabia o que ela estava passando. Provavelmente nunca o fariam.
Sá bio correu.
A respiraçã o saiu de seus lá bios entreabertos. Seus sapatos sociais batiam com força na
calçada a cada passo e seus pés já doíam. Mas aquela dor nã o era nada comparada com o
que estava acontecendo dentro do seu peito. Ela correu por outro estacionamento, com os
pés presos nos arbustos bem cuidados. Ela tropeçou e tropeçou em um pinheiro e a casca
arranhou suas palmas.
— Caramba, Phil!
Ela gritou e correu e correu e gritou, lamentando a perda de um futuro com o qual ela nem
sabia que contava.
CAPÍTULO SETE
Tarde da noite, Sage bateu em uma porta do outro lado da cidade. A caminhada até lá
foi longa, mas ela precisava disso. Ao contrá rio do que seus amigos provavelmente
esperavam, ela nã o correu para casa para confrontar Phil. Ela também nã o ficou
completamente bêbada e tentou abrir caminho através do bar.
Era tarde. Já passou da hora de qualquer um de seus amigos voltar de uma noite de
devassidã o.
A porta se abriu.
“Entre, querido.” Nuria enfiou as mã os na sombra escura dos dreadlocks enrolados e tirou-
os do rosto. Ela amarrou o cinto do roupã o de cetim brilhante na cintura. Ela parecia
cansada, preocupada. “Estou feliz que você veio aqui.”
Era ó bvio que Nuria nã o estava dormindo. Em sua sala de estar enorme e rebaixada, a TV
transmitia os detalhes sinistros de um assassinato que deu errado. Um sinal de seu vício em
TV policial. O cheiro do café misturava-se com o perfume persistente das flores frescas que
ela sempre mantinha em seu condomínio. Um buquê de rosas vermelhas brilhantes estava
sobre uma mesa lateral antiga. Sem olhar, Sage percebeu que havia outro buquê de flores
no meio da mesa da cozinha, igualmente vermelho e igualmente lindo.
Ela tirou a jaqueta e os sapatos e os deixou perto da porta.
“Você nã o deveria estar dormindo ou festejando?” Sá bio perguntou.
Nuria fez um ruído de irritaçã o. “Como posso me divertir sabendo que você está correndo
por Miami como um louco, sabe Deus em que tipo de estado emocional?” Ela passou as
mã os pelos cabelos novamente e foi para a cozinha. “Que tipo de amigo você me
considera?” ela murmurou enquanto se afastava.
Quando ela voltou, Sage estava sentada no sofá , fingindo assistir a saga se desenrolando na
tela. Namorados do ensino médio envolvidos em uma tó rrida e aparentemente mortal
relaçã o a três com um professor de uma escola pró xima.
Nuria colocou uma xícara quente de chocolate quente picante nas mã os de Sage e aninhou-
se no sofá com uma xícara de café fresco.
“Você quer conversar sobre isso?” — perguntou Nú ria.
"Na verdade."
"OK." Nuria tomou um gole de café e voltou a atençã o para a televisã o.
Os atores que interpretavam os namorados do ensino médio pareciam ter mais de trinta
anos do que dezoito anos, mas estavam colocando tudo de si na performance, incluindo as
cenas de sexo simuladas com o “professor” que os atraiu para longe de sua sociedade de
honra e para um mundo de pecado.
“Phil me disse que ela era bissexual hoje.”
Pela expressã o no rosto de Nuria, pela total falta de surpresa, ela já devia saber. Ela
pressionou a xícara de café contra o lá bio inferior, dando total atençã o a Sage.
"Você já sabe?"
Nú ria encolheu os ombros. “Eu suspeitei quando ela começou a me fazer essas perguntas
aleató rias sobre ser bi, há cerca de um ano.”
Um ano? Sage engoliu o ataque de raiva com a boca cheia de chocolate quente.
"Por que você nã o me contou?"
Nuria lançou-lhe um olhar e ela teve que desviar o olhar. A amiga dela tinha seu pró prio
có digo de ética, por mais fodido que pudesse parecer para as outras pessoas. E ela era um
cofre quando se tratava de guardar segredos.
“Sim, eu sei, eu sei”, murmurou Sage, erguendo a mã o defensiva antes que Nuria pudesse
dizer qualquer coisa. “Mas estamos falando do meu relacionamento aqui.”
“Sim, mas também estamos falando sobre a vida de Phil. Suas escolhas e sua
autodescoberta. Achei que ela contaria a você quando estivesse pronta. Nuria suspirou e fez
uma cara de arrependimento. “Presumo que a forma como tudo veio à tona nã o foi a ideal.”
Sage se lembrou daquele ator presunçoso com cabelos longos e rosto de Hollywood,
sorrindo para Phil como se já estivesse imaginando como ela seria na cama dele. Ela cerrou
a mandíbula. Depois contou tudo a Nuria.
“Entã o, nã o, nã o foi o ideal.” Sage passou os dedos pelos cachos curtos e firmes. A dor de
cabeça que explodira em seu crâ nio no teatro latejava ainda mais forte atrá s de seus olhos.
“Nã o é isso que eu quero”, disse Sage. "Ela sabe disso."
"É provavelmente por isso que ela estava preocupada em contar a você." Nuria parecia tã o
razoá vel que Sage teve vontade de cuspir. "Entã o o que você vai fazer?"
"O que eu deveria fazer?"
“Agir como um adulto?” Nú ria ergueu uma sobrancelha.
Sage se irritou. “Já estou lidando com essa merda como um adulto.”
“Nã o estou lhe dando pontos de adulto por nã o espancar um estranho na frente dos
repó rteres, se é isso que você quer.”
Sage ficou orgulhosa do fato de nã o ter tentado o lindo ator. Ambos os mú sculos vieram da
academia. Ela teve aulas de kick-boxing, mas ele sem dú vida tinha segurança. Poderia ter
sido uma partida equilibrada.
Nuria bufou com impaciência e pousou a chá vena de café. “Estou falando sério, você sabe.
Você tem que fazer alguma coisa . Fugir noite adentro como uma criança mimada nã o vai
adiantar.
“Realmente nã o preciso do seu sermã o, Nuria. Nã o foi para isso que vim aqui.”
"Entã o por que você veio?"
Sage honestamente nã o sabia. Para um ouvido amigá vel? Conversar com alguém que era
bissexual e saber o que aconteceu com o relacionamento dela? Fazer com que uma amiga
ouça e fique do lado dela?
Nuria podia ser a melhor amiga de Sage – eram duas raparigas da ilha que formaram uma
forte ligaçã o desde o dia em que se conheceram – mas também era amiga de todas elas. Phil
incluído.
Um suspiro frustrado saiu da boca de Sage.
No sofá , Nuria apenas cobriu as pernas com o roupã o e soprou o café.
“Como é que eu nã o sabia disso sobre ela?” Sage andava de um lado para o outro da sala de
Nuria. Ela queria chorar e gritar como uma criança tendo um ataque de raiva. “Ela...
estamos juntos há doze anos. Eu a vi foder. Eu sei que ela gosta de mulheres... pelo menos
pensei que sim. Agora descubro que ela é heterossexual.
Nuria franziu o rosto. “Como você ignora a escolha ó bvia – que ela é bissexual – e chega a
dizer que ela é heterossexual. Ninguém finge tanto que gosta de buceta.
“Mas bi? Sério?" Antes que ela pudesse se conter, ela fez um som de desgosto.
"Com licença?" Nuria nã o se mexeu, mas o seu rosto contraiu-se e o aperto na caneca de
café ficou longe de ser relaxado. “Você esqueceu com quem está falando?”
“Nã o foi isso que eu quis dizer e você sabe disso.”
“Aparentemente, tenho muitas suposiçõ es”, disse Nuria. Sua voz estava tensa agora. Ela se
levantou do sofá com seu café e saiu da sala em um redemoinho de cetim azul e dourado. O
barulho alto da torneira veio da cozinha, entã o ela voltou com um copo de leite. Sem café.
Ela colocou o pano escorregadio com mais firmeza sobre os ombros e sentou-se no canto
do sofá para dar total atençã o a Sage. “Diga-me o que você quis dizer. Nã o quero assumir
nada.”
“Nuria, você sabe que nã o tenho nenhum problema com você ser bi.”
Mas entre eles estava a consciência de que, apesar de ter sentido uma atraçã o inicial por
Nuria quando se conheceram, Sage nunca tinha tentado nada com ela. Embora Sage nã o
tivesse certeza de como formou essa preferência, ela nunca se envolveu voluntariamente
com uma mulher bissexual. Seja para sexo ou qualquer coisa com potencial de longo prazo.
Ela flertava loucamente com garotas bi, mas isso era tudo.
“Mas você está enojado com Phil agora? É isso que estou conseguindo com esta conversa.”
Nuria agarrou com mais força o copo de leite entre as mã os, mas nã o bebeu. “Ela nã o
mudou nada. Ela é a mesma mulher por quem você supostamente se apaixonou, a mesma
mulher que você quase pediu em casamento na primavera passada, mas agora, porque ela
diz que pode gostar de um pouco de pau em sua vida, você está pronto para descartá -la
completamente?
Sage nã o diria exatamente dessa forma, mas Nuria era implacá vel.
Ela continuou: “Se o seu suposto amor pode desaparecer tã o rapidamente, entã o você nã o o
chamou pelo nome certo”.
— Nã o me irrite com isto, Nuria — murmurou ela. “Isso nã o é o que eu preciso de você
agora.” A dor de cabeça ameaçava abrir sua cabeça agora. Ela fechou os olhos com força e
pressionou os nó s dos dedos contra a testa.
O rosto de Nuria ficou duro. “Entã o o que exatamente você precisa do seu amigo bissexual,
a quem você acabou de dizer que está enojado com a bissexualidade recém-percebida de
sua namorada? Diga-me, o que exatamente você precisa que eu devo fornecer?
Droga! Tudo estava saindo errado. “Eu já te contei o que aconteceu comigo quando eu tinha
quatorze anos?”
Nuria olhou para Sage. “Entã o, você está mudando para a hora da histó ria agora?”
“Qual é, isso é importante...” Sage nã o gostava de implorar, mas a histó ria estava na ponta
da língua. O momento parecia importante demais para ela nã o cuspi-lo.
“Tudo bem”, Nuria murmurou e cruzou os braços sobre o peito. "Vá em frente."
Sage engoliu em seco, a memó ria subindo para sufocá -la, como sempre acontecia quando
ela permitia que ela viesse à tona. “Quando eu era criança na Jamaica, tinha muita inveja
das outras crianças que se mudaram para a América.
Ciú me era uma palavra suave para o ressentimento á cido que ardia em suas entranhas e
em seus olhos quando alguém que ela conhecia na vizinhança tinha a chance de liberdade
pela qual ela ansiava.
“Eu nã o estava em casa e estava morrendo de medo de ter algum amigo que parecesse um
pouco estranho. Mas, por alguma razã o, Clarence e eu nos tornamos amigos de qualquer
maneira. Ele era talvez um ano mais novo que eu.
O rosto da sua velha amiga apareceu por trá s dos olhos semicerrados. Pele como arroz
integral, um sorriso grande e atrevido.
“De qualquer forma, Clarence ganhou o bilhete dourado quando seus pais se mudaram para
a América a trabalho. Fiquei feliz por ele, mas o ciú me quase me comeu vivo. Clarence e eu
sabíamos que você poderia ser tã o gay quanto quisesse na América – lésbica, queer, trans,
qualquer coisa assim – e o país inteiro se virou e abraçou você.” Ao olhar incrédulo de
Nuria, Sage encolheu os ombros. “É ramos crianças em uma ilha. Tudo o que tínhamos para
ver era a TV. De qualquer forma, Clarence foi embora e fiquei muito feliz por ele.
“Mantivemos contato por e-mail e tudo mais, mas um dia...” A memó ria queimou atrá s de
seus olhos. “…um dia, recebi a notícia de que ele estava morto.
“Mas nã o foi qualquer morte. Seus tios e primos se uniram contra ele e o espancaram como
uma piñ ata. Quebrou a cabeça nas ruas de Nova York. Eles... eles até tiraram uma foto e a
divulgaram online por um tempo.” Uma bola de pedra se alojou na garganta de Sage e ela a
moveu para poder terminar. “Eu nunca quis ver aquela foto. Mas entã o eu fiz. Seu rosto
virou uma bagunça polpuda. Dentes espalhados pelo chã o. Tanto sangue.
Sua pró pria família o matou porque ele era gay, mesmo nesta terra de amor e aceitaçã o gay,
onde ele deveria estar seguro. Onde todos deveriam estar seguros.
"Isso é horrível." Nuria deslizou pelo sofá para agarrar a mã o de Sage e entrelaçar os dedos.
“Lamento que você tenha lidado com isso quando criança e sinto muito por seu amigo.”
"Eu sei. É ... uma merda.
Os dedos de Nuria apertaram os dela, num toque de apoio e simpatia. "Nã o quero ser um
idiota, querido, mas o que isso tem a ver com você e Phil agora?"
Sage lambeu os lá bios secos e disse o que vinha escondendo de si mesma há muito tempo.
— À s vezes — Sage cerrou a mandíbula —, sinto que o que aconteceu com Clarence,
mesmo que nã o tenha acontecido comigo, me ferrou muito. Quero dizer, obviamente isso
estragou a vida de Clarence, você sabe que acabou, mas ... a morte dele... me deixou com
tanto medo de tudo .
Por causa disso, ela tinha medo de contar a verdade aos pais. E essa coisa com Phil... Ela
sentiu como se estivesse perdendo alguém que amava novamente.
“Olha… Talvez vir aqui nã o tenha sido a melhor ideia para mim.” Apesar das pernas ainda
trêmulas, Sage se levantou. Ela passou a mã o á spera pelo rosto. Ela estava tã o cansada.
O copo de leite bateu numa base de madeira quando Nuria o colocou sobre a mesa. “Nã o
seja estú pido”, disse ela. “Vá para o quarto de hó spedes e descanse.” A exaustã o puxou sua
voz. Ela puxou uma das mechas enroladas penduradas abaixo do queixo. “Podemos
conversar mais pela manhã .”
Sage olhou para a porta e depois para o rosto de Nuria. "OK." Um suspiro saiu de sua
garganta. "Pela manhã ."
HORAS DEPOIS, Sage acordou se sentindo uma merda. Embora ela nã o tenha bebido
nenhuma bebida alcoó lica na noite anterior, sua boca tinha gosto de algo que havia entrado
nela, cagado e morrido de uma infestaçã o de vermes. Pelo menos sua dor de cabeça
desapareceu.
Um gemido escapou de seus lá bios enquanto ela lentamente rolava de costas na cama
queen-size. Acordar foi lento e doloroso. Os mú sculos de suas pernas doíam por causa da
caminhada longa e quase sempre sem rumo e a planta dos pés parecia que alguém os
atacou com um taco de beisebol.
Nota para mim mesmo: é impossível fugir literalmente dos seus sentimentos.
Especialmente em sapatos sociais de couro italiano.
Ela piscou para o teto e se esforçou para ouvir o que estava acontecendo no resto do
apartamento. Mas tudo estava quieto.
Depois do que ela disse ontem à noite, ela ainda tinha Nuria como amiga?
Sage estremeceu, lembrando-se da dor no rosto de Nuria quando ela vomitou a sua
frustraçã o. A ú ltima coisa que Sage queria era machucar a amiga. Pensando bem, ela se
sentiu estú pida ao dizer essas coisas para Nuria, uma mulher que aceitava e amava todas as
partes de si mesma, inclusive sua bissexualidade.
Ok, chega disso.
Sage arrastou o corpo cansado da cama, tomou um banho rá pido e pegou uma muda de
roupa do estoque que guardava lá . Determinada, ela entrou na sala pronta para conversar
sobre tudo.
Mas o condomínio estava vazio. A chave reserva da casa de Sage e Phil estava no meio da
ilha da cozinha. Ao lado havia um bilhete escrito em um Post-it rosa choque.
TIVE que correr para o trabalho. Meu cliente está agindo como um idiota hoje. Ainda não
terminamos de conversar.
Me ligue mais tarde. -N.
QUANDO ela saiu do tá xi e caminhou até a casa que dividia com Phil, eram apenas 9 horas
da manhã . As portas da garagem estavam bem fechadas. Nenhum carro estava estacionado
na entrada circular. Assim como na casa de Nuria, tudo estava tranquilo.
As palmeiras de galhos longos que protegiam o jardim da frente da rua balançavam com a
brisa, e a meia dú zia de á rvores de murta crepe que ladeavam o caminho espalhavam suas
flores roxas por toda a grama verde e pela calçada cinza. Um esquilo tagarelou e pulou
entre as palmeiras.
Dentro de casa, ela colocou as chaves no bolso, em vez de colocá -las na tigela de cerâ mica
ao lado da porta, como faria normalmente. Nada parecia normal hoje.
Durante os ú ltimos meses, ela e Phil acordaram juntos, fizeram sexo matinal lento e depois
sentaram-se na varanda dos fundos com suas bebidas matinais, conversando ou apenas
compartilhando o silêncio. Muito longe de suas habituais festas de foda movidas a drogas
quando moravam em Wynwood. A nova casa em Coral Gables, com seus vizinhos
tranquilos, piscina cercada e quintal enorme, era um sinal de que suas vidas haviam
mudado, de sua disposiçã o de mudar ainda mais para o pró ximo passo.
Um bebê. Casado. O desespero tomou conta de Sage como uma onda arrepiante. Tudo isso
se foi agora.
Ela foi em direçã o ao quarto.
“Phillida?” ela chamou, sua voz baixa.
Nenhuma resposta.
Mas a porta do quarto estava fechada. Ela o abriu com a preocupaçã o roendo sua barriga. A
cama nã o estava vazia. E Phil nã o estava sozinho.
CAPÍTULO OITO
O chã o do quarto era uma confusã o de roupas descartadas. Um par de sapatos de salto
alto caiu de lado perto da porta. O vestido amarelo de Phil virou do avesso. A bolsa dela.
Calças pretas de smoking e uma jaqueta também estavam quase amassadas. O quarto em si
estava escuro, as persianas fechadas para impedir a entrada da luz solar repugnante e
alegre. Mas Sage nã o precisava de luz para ver o casal entrelaçado na cama.
Phil parecia devastado, mesmo dormindo. Seu rosto, normalmente mais tranquilo
enquanto ela dormia, estava inchado e tingido de cinza. Seu cabelo grosso ainda estava
preso até o topo da cabeça em uma coroa escura de cachos e cachos. Ela nã o se preocupou
em tirar a maquiagem ou a calcinha. O rímel borrou ao redor dos olhos e o travesseiro sob
sua bochecha estava coberto de pó escuro com base. O restante das lá grimas manchou o
rosto de Phil e, embora presa no sono, ela se contorceu como se estivesse com dor. A culpa
revirou o estô mago de Sage enquanto ela observava. Junto com uma satisfaçã o doentia.
Bom, pelo menos ela nã o era a ú nica sofrendo.
A calcinha de Phil, sutiã e calcinha combinando em ouro profundo, exibia seu corpo com
perfeiçã o. Mas essa perfeiçã o era fá cil de ignorar com a tristeza que assolava seu rosto. Ela
era uma mulher com dor, e isso transparecia. Na altura da barriga, a corrente de platina
com seu pingente de infinito piscava zombeteiramente para Sage. Um presente que ela deu
a Phil anos atrá s.
Prova de que nada era para sempre.
Phil estava deitada de frente para sua companheira de cama, que também usava apenas
roupas íntimas. Suas mã os estavam frouxamente entrelaçadas enquanto dormiam.
Vitó ria. Esposa de Dez.
Sua selva de cachos claros e escuros caía sobre o travesseiro e ao redor de seu rosto,
escondendo sua expressã o.
Sage apertou a mandíbula com tanta força que doeu.
Foi isso que ela fez? Levar sua mulher para os braços de outro na pior noite de suas vidas
como casal?
Você nã o fez nada de errado.
Mas ela ignorou a voz que tentava conceder-lhe a absolviçã o.
Fora do quarto, ela olhou em volta confusa. As linhas familiares da casa que ela dividira
com Phil durante o ano passado pareciam estranhas e hostis. O sofá onde tiveram
momentos de intimidade, sexuais ou nã o, desafiou-a a ir embora. Enquanto a dispersã o do
jornal científico de Phil ao lado das revistas de mú sica de Sage zombava dela. Sinais de sua
vida juntos que eram agora... e agora?
Eles pareciam nada.
De repente, Sage nã o pô de mais estar em casa. Na garagem, ela pegou o carro que eles
tinham viajado no dia anterior – eles deram as mã os no caminho para a estreia do filme –
engolindo em seco com os vestígios do cheiro de Phil ainda presos nos bancos de couro.
Ela bateu nos controles das janelas, derrubando todas as quatro janelas com uma sinfonia
de gemidos eletrô nicos. Sage nã o sabia para onde estava indo. Mas isso nã o importava.
Assim como na noite anterior, seus amigos apenas lhe proporcionaram uma fuga da cena
da traiçã o de Phil. Agora, ela só precisava estar em movimento. Precisava estar ausente.
Mas cada lugar por onde ela passava, para onde quer que olhasse, lembrava-lhe Phil e a
base que construíram juntos e que agora estava reduzida a pó .
Ela queria uivar como um lobo enlouquecido pela dor. Uivar e destruir as coisas.
Mas ela apenas seguiu em frente.
ELA ACABOU no ú nico lugar em que conseguia pensar na cidade que nã o tinha nenhuma
lembrança ligada a Phil. Wilde's, o bar onde ela e suas amigas se encontraram para o ú ltimo
jantar. Phil nunca esteve lá . Perfeito.
Era cedo. Faltam poucos minutos para as dez da manhã de sá bado. E havia uma multidã o.
Gays do brunch esperando para se sentar. Um pá tio quase cheio com o som de conversas e
risadas chovendo até onde ela esperava que a anfitriã encontrasse um lugar para um
singleton.
“Você pode sentar no bar”, disse a mulher de blusa vermelha e saia preta.
Ela deslizou para o suporte de couro acolchoado, apoiou os cotovelos no balcã o polido e
pediu um Bloody Mary.
“Extra picante, por favor.”
“Claro, querido.”
O garoto atrá s do bar lembrou a Sage aquele garoto que Dez fodeu no ú ltimo ano de
faculdade. Bonito e obviamente gay. Pele clara e morena. Um corpo esguio e flexível sob as
roupas que ele usava muito bem.
Merda. Ela estava virando bi também? Verificando caras aleató rios para quem ela nã o dava
a mínima?
Sage girou no banco para conferir o resto do bar do restaurante. Estava movimentado ,
quase tã o movimentado quanto seu lugar favorito para brunch, o Novelette's, aos
domingos, uma coleçã o apressada de imagens e sons de profissionais uniformizados
correndo entre mesas lotadas. Quase todo mundo no restaurante exalava um ar de
felicidade despreocupada que Sage invejava com uma dor lancinante.
Pare de ser tão dramático.
Mas mesmo o comando severo de seu pró prio cérebro nã o foi suficiente para fechar a
torneira interna das lá grimas.
“Aqui está , querido…”
Ela se virou para trá s no banquinho a tempo de pegar o cotovelo na borda do copo que o
barman colocou na frente dela.
"Porra!"
Com um barulho de gelo e um estalido de vidro contra a madeira, o Bloody Mary derramou-
se por todo o bar, por toda a sua camisa, salpicando-a de vermelho e despejando frio
congelante em seu colo. O vidro caiu no chã o, mas nã o quebrou.
Sage praguejou novamente e pulou do banco. Vermelho frio pingava de sua camisa, de sua
calça jeans.
"Oh querido! Eu sinto muito." O barman correu pelo bar com um pano, tentando enxugar o
copo cheio de coquetel vermelho com alguns guardanapos esparsos.
Ela queria ficar chateada com ele, mas em parte era culpa dela, tã o perdida em suas
pró prias besteiras que nã o o ouviu chegando por trá s dela, girando rá pido o suficiente para
que até o barman mais atento fosse pego... guarda.
"É legal." Ela recuou de sua tentativa de limpeza. “Basta me indicar o banheiro mais
pró ximo e eu cuidarei disso.”
Com um aceno de mã os e mais desculpas, ele apontou e a conduziu até um corredor escuro
onde placas de gênero para banheiros brilhavam fracamente. Caminhando com as pernas
arqueadas para impedir que o frio e a umidade penetrassem mais em sua virilha, ela
cambaleou em direçã o ao banheiro.
"Ah Merda!" Uma forma esbelta vindo na direçã o oposta saiu rapidamente de seu caminho
e entã o parou. "Você está bem?" Era uma mulher, uma menina, que parecia vagamente
familiar, embora Sage nã o conseguisse pensar em como.
“Está tudo bem”, disse ela, ainda caminhando em direçã o ao banheiro. “Parece pior do que
é.”
A garota a seguiu. “Isso nã o é sangue, é? Eu posso ligar-"
“Nã o, apenas o sangue de alguns tomates.” Sage abriu a porta do banheiro e olhou surpresa
por cima do ombro para a garota que a seguia. Na luz mais forte, ela viu que a garota usava
um uniforme com o nome do lugar costurado discretamente no peito esquerdo.
"Oh! Graças a deus!" Ela pressionou a mã o sobre o peito e soltou um suspiro de alívio.
“Nã o se preocupe, eu nã o processaria seu chefe mesmo que fosse sangue. Isso foi tudo
culpa minha.
Ela pegou um punhado de guardanapos do dispensador e esfregou a frente da calça jeans.
Quando eles estavam tã o secos quanto poderiam ficar, ela arrancou a camiseta e enfiou
tudo sob a torneira quente. O suco de tomate escorreu pelo ralo e ela rapidamente o lavou e
depois torceu o má ximo que pô de para nã o parecer uma vítima de homicídio saindo do
lugar.
De repente, ela percebeu o completo silêncio atrá s dela. Ela olhou no espelho e viu a garota
olhando, boquiaberta, para as costas de Sage e para o reflexo de seu peito no espelho.
Quando ela percebeu que Sage estava olhando, ela fechou a boca e deu alguns passos para
trá s. Ela tropeçou na parede e grunhiu, corando, um sutil aumento de cor surgindo sob sua
pele morena pá lida. Nem uma vez ela tirou os olhos do corpo de Sage e das tatuagens que
marcavam sua pele.
"Uh…"
Por mais lisonjeiro que fosse, Sage nã o estava com humor. Ela torceu a camisa um pouco
mais – foda-se sua estú pida por vestir branco em um dia em que ela estava se sentindo tã o
arruinada – entã o a vestiu novamente. A camisa molhada grudava em seu peito e braços,
mostrando claramente o sutiã esportivo por baixo e os mú sculos que ela trabalhou duro na
academia.
“Você quer...” Os olhos da garota percorreram cada centímetro de pele à mostra. “…quer
uma camisa para vestir?”
“Já estou usando uma”, disse Sage, embora nã o tivesse planejado um concurso de camisetas
molhadas quando saísse de casa. "Estou bem."
A garota lambeu os lá bios e depois mordeu o canto da boca. “Tenho uma camisa no meu
armá rio que você pode ficar com você.”
Sage pensou em suas opçõ es. Nã o era como se ela pudesse sair do restaurante sem se sentir
constrangida com a camiseta manchada e molhada. Ela estava com muita vergonha de
voltar para a casa de Nuria para comprar mais roupas e voltar para sua pró pria casa nã o
era algo com que ela estivesse preparada para lidar.
"Claro. Por que nã o?"
"OK." Os olhos da garota percorreram o corpo de Sage novamente, entã o ela saiu do
banheiro, sem desviar o olhar até que a porta bloqueasse sua visã o. O som de seus passos
do lado de fora da porta disse a Sage que ela estava correndo para pegar a camisa que
tinha.
Esta é uma má ideia.
Sage se olhou no espelho, mas desviou o pró prio olhar, as mã os se curvando na borda fria
da pia. Quando a porta do banheiro se abriu, ela se virou, esperando a garçonete. Mas, em
vez disso, um trio de garotas apareceu de salto alto, obviamente embriagadas.
Eles pararam quando viram Sage — o que teria sido engraçado se Sage estivesse com
vontade de rir — quase caindo como dominó s, como se tivessem batido coletivamente em
uma parede de tijolos.
“Tem certeza de que está no banheiro certo?” Um deles perguntou torcendo a boca.
Uma de suas amigas empurrou seu ombro. “Pare com isso, Mandi.” Mas ela arruinou o
efeito rindo.
A ú ltima amiga olhou Sage de cima a baixo como se ela fosse o ú ltimo pedaço de bife de
primeira em um buffet livre. Ela apertou os lá bios, olhando com os olhos arregalados
enquanto os outros dois desapareciam nos banheiros vizinhos.
A porta do banheiro se abriu novamente. Desta vez foi a jovem garçonete. Sem fô lego, ela
apertou uma camisa xadrez de botã o contra o peito arfante. Ela correu todo o caminho até
lá e voltou?
"Aqui." Ela empurrou a camisa para Sage, e a garota bêbada olhou entre os dois com
curiosidade estampada em seu rosto e nã o fez nenhuma tentativa de entrar em um dos
outros três banheiros vazios. Em qualquer outro dia, Sage teria se oferecido para abalar seu
mundo. Mas…
Ela pegou a camisa e a vestiu. "Obrigado."
A manta azul-clara era um pouco apertada nos ombros e no volume dos braços, mas cobria
as partes importantes e a fazia parecer decente o suficiente para andar pelo restaurante
sem atrair atençã o para a qual ela nã o estava com disposiçã o.
"De nada." A jovem garçonete colocou a mochila que carregava no ombro. "Você quer…?"
Ela ergueu o ombro em direçã o à porta.
"Claro."
À s vezes, Sage nã o sabia por que fazia metade das merdas que fazia. Merda com portas
claramente marcadas como “nã o entre”. Mas ela cometeu um erro com os olhos bem
abertos e nã o viu por que desta vez foi diferente.
Ela seguiu a garota pela porta dos fundos do restaurante e saiu para o dia quente. A luz do
sol imediatamente penetrou na pele de Sage, provocando calor e suor. Muito obrigado,
Flanela.
“Eu nã o moro muito longe daqui se você quiser tomar banho e... hum... lavar suas roupas na
lavanderia lá embaixo.” Seus olhos castanhos eram grandes e esperançosos.
Bambi, a gatinha sexy. Ou foi um cervo sexual?
De qualquer forma, aceitar a oferta desajeitada da garota era melhor do que ficar pensando
nos destroços que ela havia deixado em casa. “Tudo bem”, disse Sage.
Quando a menina seguiu em direçã o à rua em vez de ao estacionamento, ela começou a
repensar suas escolhas. De novo. Essa garota nã o tinha carro?
A relutâ ncia de Sage deve ter ficado evidente em seu rosto porque a garota apontou para
frente. “Minha casa fica a poucos passos daqui. Nã o muito longe.
E a maneira como ela olhou para Sage, com os olhos arregalados saltando do rosto para o
corpo, fez com que ela se lembrasse de repente de onde vira seu rosto antes. Esta era a
jovem garçonete do Wilde's na noite em que ela e suas amigas foram jantar lá . Naquela
noite, a menina olhou fixamente para Rémi e Nuria, praticamente babando toda vez que
passava pela mesa deles.
Naquela época, Sage nã o prestou muita atençã o à garota, a nã o ser para reconhecer que ela
era atraente o suficiente para um feto. Mas com o sol queimando em sua cabeça e a raiva
assolando-a pela perda de sua vida com Phil, sua autopreservaçã o e sua bú ssola moral
geralmente está vel estavam em frangalhos.
Entã o, ela percebeu que a garota parecia uma Zoe Saldana mais jovem, com rabo de cavalo
longo, boca larga e queixo pontudo. Nã o é o tipo habitual de garota de Sage. Mas nã o um
que ela recusaria, dado o conjunto certo de motivaçõ es.
“Ah, meu nome é Crystal, a propó sito.” Ela nã o ofereceu a mã o.
Sage deu seu pró prio nome. "Você se lembra de mim?" Os saltos de suas botas bateram no
concreto.
Crystal coçou a ponta do nariz e desviou o olhar brevemente. "Sim. Você foi à casa de Wilde
com seus... amigos uma vez. Sage tinha certeza de que ela estava prestes a dizer “seus
amigos gostosos”.
"Isso mesmo." Pelo menos eles estavam começando o que quer que fosse em pé de
igualdade. Ela enfiou as mã os nos bolsos, afastando o material ú mido da virilha o má ximo
possível. Jeans molhados nã o eram a coisa mais confortá vel para pressionar em sua boceta,
especialmente quando você nã o estava usando nenhuma maldita roupa íntima.
Alguns minutos se passaram em um silêncio meio constrangedor. “Entã o...” Crystal
começou, mordendo o lá bio inferior com os dentes. "Onde estã o seus amigos?"
Ela achava que eles sairiam dos arbustos para um quarteto quente?
“Provavelmente em casa”, disse ela. “Dois deles sã o casados”, ou tã o bom quanto. “—e nã o
transar com outras pessoas.” Melhor tirar isso do caminho caso ela quisesse usar Sage para
entrar nas calças de Rémi ou Dez. Nã o teria sido a primeira vez.
"Oh, tudo bem."
Eles chegaram ao prédio dela, um local Art Déco um pouco degradado que havia sido
ignorado no boom de reformas daquele bairro, e subiram as escadas até seu pequeno
apartamento no segundo andar.
Crystal pendurou a mochila em um gancho atrá s da porta e enfiou as chaves, penduradas
em um cordã o verde anunciando uma universidade local, no bolso externo da bolsa.
"Este sou eu."
O apartamento parecia exatamente com o que Sage esperava. Pequeno, com o que pareciam
ser mó veis de segunda mã o cuidadosamente colocados ao redor da pequena sala de estar:
um sofá xadrez, uma pequena TV em cima de uma mesa de centro vintage desgastada e
duas luminá rias incompatíveis em lados opostos do sofá . As paredes eram de um branco
neutro, mas cerca de uma dú zia de pô steres de filmes emoldurados iluminavam as coisas. A
aparência do apartamento junto com o cheiro – molho de tomate misturado com
removedor de esmalte e maconha – davam a ele uma vibraçã o distinta de estudante
universitá rio.
“Obrigado por me convidar,” Sage murmurou. Por que ela estava aqui de novo? "Você pode
me indicar o seu chuveiro?"
"Sim, sim, claro!" Crystal parecia feliz por ter algo para fazer além de olhar para Sage. “É
por aqui.” Ela seguiu na frente por um pequeno corredor e abriu uma das duas portas.
“Tenho toalhas e panos de lavagem na prateleira. Use o que quiser.
O banheiro estava limpo como o resto do apartamento. Prateleiras embutidas continham
toalhas e toalhas de rosto cuidadosamente dobradas, ligeiramente desbotadas e
incompatíveis, e uma cortina de chuveiro com padrã o tropical cercava a combinaçã o de
banheira e chuveiro. Uma calcinha floral rosa estava pendurada no varã o do chuveiro.
Crystal pegou a calcinha no momento em que os olhos de Sage pousaram nelas. Ela abaixou
a cabeça.
"Eu... uh... lavo-os quando tomo banho."
Sage cedeu ao leve fio de diversã o. “Você é da Jamaica? Isso é uma merda que meus primos
do interior costumavam fazer.”
Os olhos de Crystal se voltaram para Sage. “Eu estou, na verdade.”
Sério?
"Droga. Eu também."
“Sim, eu imaginei.”
Certo. Seu sotaque. Por mais que ela tenha tentado nos primeiros dias na América, ela nã o
conseguiu se livrar completamente disso. Crystal, porém, nã o tinha nenhum traço de
sotaque. Pelo que Sage sabia, ela poderia ser de qualquer lugar dos Estados Unidos.
Eles se entreolharam novamente, estranhos no minú sculo banheiro. Entã o Crystal coçou o
nariz e recuou lentamente e saiu pela porta. “Deixe-me saber se você precisar de alguma
coisa.”
Sage estava procurando como ligar o chuveiro quando Crystal apareceu novamente atrá s
dela. “Você pode me dar suas roupas e eu as jogarei na má quina de lavar. Nã o me custa
nada a mais.”
"Claro." Entã o, como nã o estava com vontade de demonstrar modéstia, Sage rapidamente
tirou as roupas molhadas, sem a calcinha, e as passou para ela. "Muito obrigado."
"OK." Crystal fechou os olhos com força por um momento, depois se aproximou o suficiente
para que Sage pensasse que ela estava tentando um beijo. "Uh... você liga assim." Ela ligou o
chuveiro com um puxã o forte em algum mecanismo escondido na boca da torneira da
banheira. Crystal gritou e saltou para trá s a tempo de evitar molhar o cabelo. Suas
bochechas escureceram com um rubor.
"Obrigado."
"Claro." Entã o ela desapareceu novamente, desta vez fechando a porta do banheiro atrá s
dela com um clique.
Sage ficou de cueca, olhando para o fluxo de á gua, por muito tempo. Pensamentos passando
por sua cabeça, tã o rá pido quanto a á gua saiu da torneira, rá pido demais para ela entender.
Esta foi uma espécie de fuga, um caminho que ela já havia tomado muitas vezes antes.
Ela iria continuar até o seu fim inevitá vel?
Chega dessa porcaria de pensamento.
Ela tirou a calcinha e entrou no chuveiro. Vinte minutos depois, ela saiu, surpresa ao ver
um moletom e uma camiseta esperando por ela em cima do assento fechado do vaso
sanitá rio. Ela nem tinha ouvido Crystal voltar para o banheiro.
“Obrigada pelas roupas”, disse ela a Crystal ao sair do corredor.
O apartamento era pequeno o suficiente para que ela pudesse ver a porta da frente de
Crystal, sua cozinha e a porta do que parecia ser uma pequena varanda de onde ela estava.
Apenas uma bancada baixa separava a cozinha da sala de estar, entã o Sage teve uma visã o
clara de Crystal mexendo alguma coisa em uma panela. O cheiro de algo cremoso e rico em
tomate inundou o pequeno apartamento.
"De nada." Vestindo um vestido cinza solto e com o cabelo preso em um rabo de cavalo
desleixado, ela parecia muito mais confortá vel do que antes. "Você quer algo para comer?
Estou fazendo queijo grelhado com sopa de tomate.
Sage nã o tinha isso há anos. Nã o desde Claudia, “Sra. Nichols” para ela e seus amigos da
época, costumava prepará -los como lanche depois da escola. Seu estô mago roncou entã o,
respondendo à pergunta para ela.
“Claro”, ela disse de qualquer maneira. "Isso seria legal." Tudo o que ela bebeu foi o copo de
suco de laranja no Nuria's e a promessa do Bloody Mary que se espalhou por toda a sua
manhã . "Obrigado."
Crystal desviou o olhar, balançando o rabo de cavalo, e depois voltou para o fogã o. “Estará
pronto em cerca de dez minutos. Só ... — Por cima do ombro, ela apontou para Sage e para o
resto do apartamento. "…sinta-se a vontade. Como queiras."
Como queiras. Isso foi um grande convite. Apesar das ú ltimas horas de merda que ela teve,
Sage se viu sorrindo.
Isso nã o estava acontecendo como ela pensava. Talvez isso fosse uma coisa boa.
Longe do ritmo frenético do restaurante onde Crystal trabalhava, a garota era meiga, quase
tímida. Ou talvez ela estivesse apenas agindo de acordo com sua idade.
Sage terminou de secar o cabelo com a toalha, jogou-a por cima do ombro e explorou a sala,
os livros na estante, o console de videogame ligado à TV, os pô steres de filmes na parede
que ela nunca tinha visto. Crystal aparentemente gostava de filmes estrangeiros.
“Você fala alguma língua estrangeira ou apenas lê as legendas?”
“Eu falo um pouco de espanhol, só isso”, disse ela.
O som de algo gorduroso, seja manteiga ou queijo, chiando em uma panela veio da cozinha.
Um aroma amanteigado invadiu o nariz de Sage. Momentos depois, o cheiro forte de pã o
quente fez seu estô mago se apertar com a lembrança da fome. Quando foi a ú ltima vez que
ela comeu alguma coisa?
“A maioria sã o pô steres da minha mã e,” Crystal continuou, embora Sage estivesse meio
envergonhada por tê-la desligado naqueles poucos segundos em que sua fome era mais
importante do que suas maneiras. “Ela gostava muito de coisas antigas das quais quase
ninguém ouviu falar. Eu os guardo porque eles me lembram dela.
Uma dor delicada latejava na voz de Crystal, apesar da forma descuidada como ela falava.
"É ela…?"
"Ela morreu."
"Sinto muito por ouvir isso."
"É legal. Você nã o a matou.
Sage desviou o olhar do pô ster em preto e branco com o título do filme escrito em
português. “Eu nã o preciso ser o assassino dela para me arrepender.”
“Sim...” Sua voz diminuiu para nada.
Os sons vindos da cozinha engoliram o que de outra forma teria sido um silêncio
constrangedor. A estante parecia uma parte mais segura do apartamento para explorar,
entã o ela foi até lá , mas, para o caso de haver alguma dor ali esperando para ser
desencadeada, ela nã o comentou nada do que viu.
Minutos depois, Crystal saiu da cozinha com uma bandeja redonda na mã o. Estava
carregado com tigelas de sopa, um prato de sanduíches de queijo grelhado e á gua fria em
copos de Star Trek. Spock e Uhura. “Você quer comer aqui ou no sofá ?”
Sage desviou os olhos dos ó culos de Star Trek, perguntando-se novamente quantos anos
aquela garota teria. Ela voltou sua mente para a verdadeira questã o em questã o. A barra de
café da manhã seria mais confortá vel. Mas entã o eles teriam que continuar uma conversa
de verdade e Sage achava que nã o tinha nada para conversar com Crystal.
“O sofá é legal. Talvez possamos assistir um pouco de TV ou algo assim.
Mordiscando o canto da boca, Crystal entrou na sala e colocou delicadamente a bandeja de
comida na mesinha de centro.
“Sente-se”, ela convidou com um pequeno aceno estranho de mã o.
Ela colocou a comida em dois lugares na ampla mesa de centro: uma tigela de sopa, um
prato cheio de quatro triâ ngulos com três tipos de queijo pingando, dois copos altos de
á gua com rodelas de limã o nas laterais. Ela colocou as colheres em guardanapos dobrados
separados e ajustou-as pelo menos duas vezes antes de se sentar. Entã o ela pegou o
controle remoto e recostou-se no sofá . Seu joelho saltou com ó bvio nervosismo.
Sage disse, tentando fazer a coisa semi-decente e ignorar o quanto a garota parecia alternar
entre ficar nervosa e à beira da seduçã o. Naquele momento, ela decidiu nã o aproveitar
nenhum dos dois estados de espírito. Cristal era jovem. Ela nã o deveria convidar um
estranho para sua casa.
"O que você quer assistir?" Cristal perguntou.
“Praticamente qualquer coisa”, disse Sage. “Eu sou fá cil.”
A verdade é que ela nã o assistia muita TV. Esteja ela sozinha ou com Phil, ela prefere ler ou
ouvir mú sica. A intimidade do silêncio era algo que ela amava. E algo que ela adorava
especialmente compartilhar com a namorada. Um nó de emoçã o subiu em sua garganta,
ameaçando sufocá -la. Lá grimas brotaram em seus olhos e ela tossiu, cobrindo a boca com o
punho e desviando o olhar.
Porra. O que ela estava fazendo aqui?
Mas ela sabia a resposta para essa pergunta. Evitando a vida dela. Virar as costas para as
coisas que deveriam ser familiares e agora a lembravam muito de quanto em sua vida
agora era desconhecido. Desconhecido como Marte ou andando na lua.
Ao seu lado, Crystal mexeu novamente na colher, batendo-a no copo d’á gua. “Você
provavelmente nã o assiste muita TV, né?”
Sage pensou em mentir, mas descartou a ideia. Essa garota era uma estranha. Mentiras nã o
teriam sentido entre eles.
"Nã o, na verdade nã o. Mas quando estiver em Roma... Sage encolheu os ombros.
Ela se sentou em frente à comida, o calor da coxa de Crystal a poucos centímetros da dela, e
pegou seu copo de á gua Spock. “Obrigado pela comida e por tudo.”
Seus copos tilintaram.
"De nada." Crystal tomou um gole de á gua e pigarreou. Ela colocou o copo em uma base
para copos, sem olhar para Sage. "Na verdade, estou surpreso que você tenha vindo para
casa comigo."
“Estou surpreso que você tenha me perguntado. Você nã o tem medo que eu mate você e
roube seu... — Ela olhou ao redor do pequeno apartamento em busca de algo que valesse a
pena levar. “…Coleçã o de xícaras de Star Trek ou algo assim?”
Um sorriso surgiu no rosto de Crystal. "Na verdade. Seu reló gio provavelmente pode pagar
meu aluguel por um ano.” Ela olhou para o Cartier incisivamente antes de pegar a colher.
“Achei que estava seguro.”
O sorriso permaneceu em seu rosto enquanto ela bebia da colher.
“Eu poderia ser do tipo que mata por diversã o, nã o por necessidade”, disse Sage ao mesmo
tempo em que percebeu o quã o assustador isso parecia. "Esqueça que eu disse isso."
"Sim por favor." Crystal revirou os olhos, seu sorriso mostrando mais dentes.
Sage pegou seu sanduíche e deu uma grande mordida, suspirando ao sentir a mordida
distinta do queijo gorgonzola, o cheiro inesperado e crocante das sementes de cominho.
Cheddar forte e talvez parmesã o também estavam misturados lá . Os sabores combinados
eram quase uma festa para seu paladar. Embora, verdade seja dita, fosse quase impossível
estragar um sanduíche de queijo grelhado.
“Isso é bom”, ela disse depois de engolir o pedaço e, irresistivelmente, lamber dos lá bios
uma mancha do que tinha gosto de manteiga dourada.
"Obrigado." Outro sorriso, este cheio de travessura presunçosa, curvou a boca de Crystal.
Seus olhos brilhavam por trá s dos exuberantes cílios. “Peguei o queijo do trabalho.”
“E a receita do sanduíche?”
“Sim, isso também. Por mais que adore queijo, nunca me ocorreu misturá -los assim. É bom,
mas nã o tenho condiçõ es de comprá -lo, entã o... — Ela encolheu os ombros e nã o pareceu
nem um pouco envergonhada.
“Vou fazer o pedido quando voltar ao restaurante.”
“Ou você pode simplesmente vir aqui e comer quando quiser.”
As palavras pairaram entre eles, um convite de um tipo totalmente diferente. Embora eles
nã o tivessem se tocado e Sage nã o tivesse planos de tocar a garota, o ar no apartamento de
repente ficou mais espesso e cheio de intençã o. Nada disso é dela. Sage largou o sanduíche
e esfregou as pontas dos dedos escorregadios.
“Escute, Cristal…”
Uma boca ú mida colidiu com a dela e os braços de Sage de repente estavam cheios de uma
jovem se contorcendo, com metade do seu peso, mas com o dobro da determinaçã o para se
aproximar.
O peso macio caiu sobre ela e ela grunhiu, soltando um suspiro assustado imediatamente
engolido por uma boca quente que cheirava a sopa de tomate e queijo derretido. Ela
agarrou os braços de Crystal, mas suas mã os escorregadias deslizaram sobre a pele nua e
elas caíram de volta no sofá , o cobertor estendido sobre o sofá xadrez cheirando a
amaciante e incenso de capim-limã o.
"Espere…"
Mas esperar o quê?
Mas seu corpo já estava respondendo aos sinais que o compeliam há anos: seios firmes
pressionando seu peito, uma mulher disposta e com desejo armada diretamente para Sage,
mesmo que a boca dela nã o fosse exatamente especialista.
Ela arrancou a boca. “Crystal, isso nã o é uma boa ideia.”
Quem exatamente estava falando? Certo, o adulto.
Crystal afastou a boca apenas para pressioná -la na garganta de Sage, mordiscando os
dentes, lambendo com a língua aquele ponto sob a orelha que deixava Sage fraco. “Nã o foi
para isso que você veio aqui?”
O calor familiar se enrolou em sua barriga, deslizando para baixo para encher os lá bios de
sua boceta e deixá -la molhada.
"Nã o, na verdade nã o." Mas as palavras saíram trêmulas, especialmente quando mã os
quentes deslizaram sob a camisa larga e cobriram seus seios. Os polegares de Crystal
percorreram seus mamilos com um toque astuto. Talvez Crystal nã o fosse tã o inexperiente
quanto pensava. E talvez ela nã o fosse tã o imune aos adolescentes quanto pensava.
“Quantos anos você tem, afinal?” Ela engasgou com a pergunta enquanto sua mente ainda
era sua, o desejo de ficar nua e de ter a boca da garota em seus mamilos que ela tocava com
tanta firmeza e habilidade rapidamente assumiu o controle.
"Sou velha o suficiente." Como se tivesse lido a mente de Sage, Crystal moveu a boca para
baixo. "Eu estava servindo bebida para você outra noite, lembra?"
As garçonetes que serviam bebidas alcoó licas tinham que ter pelo menos vinte e um anos,
certo?
Entã o Crystal empurrou a camisa emprestada para cima, prendeu a boca no mamilo de
Sage e empurrou qualquer outro pensamento coerente nã o relacionado a gozar para fora
da mente de Sage.
Deus, ela se sentia bem. Descomplicado. Os dedos finos puxaram e rolaram o mamilo que
nã o estava em sua boca. Entre suas pernas, Sage estava molhada e ela tinha certeza de que
a virilha da calça de moletom já estava precisando desesperadamente de roupa lavada.
Gemendo, ela agarrou os ombros de Crystal apenas em busca de algo em que se agarrar. A
garota cantarolava de prazer enquanto chupava os seios de Sage, um depois o outro, os
dedos a enlouquecendo e ela nem tinha tocado a boceta de Sage.
Isso nã o a impediu de se aproximar da garota, procurando algo para esfregar seu clitó ris e
seu capuz perfurado. Deus... ela estava tã o desesperadamente excitada. Tã o desesperado
para esquecer que o ú ltimo dia havia acontecido.
Se ela deixasse isso seguir seu curso natural, entã o talvez, apenas talvez, ela deixasse a
cama – ou sofá – desse estranho e voltasse para casa para ver tudo voltar ao normal. Phil no
closet, experimentando seu vestido mais recente, pronta para arrastar Sage para a ú ltima
peça, bar ou festa de sexo, seus olhos castanhos derretidos cheios de amor e do para
sempre sobre o qual eles nã o haviam conversado, mas estavam caminhando juntos. .
"Voce é muito gostoso!" Crystal gemeu na pele de Sage, seus dedos puxando, um beliscã o
constante e uma liberaçã o que chocou um grito de Sage. Sua mente voltou para o aqui e
agora, a realidade de uma garota muito jovem com a intençã o de fazê-la gozar sem tocar
sua boceta.
Crystal se moveu, ajustando-se em cima de Sage até que sua coxa caiu entre as de Sage.
Finalmente!
Sage empurrou para cima, esfregando-se na coxa esbelta da garota, sua boceta tã o molhada,
a excitaçã o quase dolorosa quando apertou mais em sua barriga, sua boceta doendo por
uma boca, uma língua, qualquer coisa. Mas isso — ela empurrou para cima, rangendo
freneticamente agora — isso pode ser suficiente. Os dentes rasparam o mamilo, as unhas
pressionadas na carne macia do outro seio. Crystal gemeu em sua carne, o som como se ela
estivesse comendo algo tã o bom que nã o suportava tirá -lo da boca. Com os quadris torcidos
e frenéticos, ela transou com Sage como uma adolescente no banco de trá s de um carro
lutando contra o toque de recolher. E Sage perdeu completamente a cabeça.
Ela gritou até sua garganta ficar rouca. Quando ela voltou a si, tudo o que conseguia ouvir
era o som da respiraçã o pesada deles na sala. Seu coraçã o disparou e sua boca parecia seca
como um deserto. Crystal estava deitada em cima dela, a boca ainda sugando fracamente o
seio de Sage, mas seus quadris estavam imó veis. Sage sentiu uma grande mancha molhada
na coxa. Como se alguém tivesse derramado outra bebida em suas roupas. Mas essa
umidade nã o era fria.
Crystal era uma esquisita. Nada como Phil, cujos orgasmos sutis ela teve que aprender e
depois descobrir ao longo dos anos em que estiveram juntos.
Uma dor surda tomou conta do peito de Sage, e ela se contorceu sob o leve peso de Crystal.
A garota lambeu os lá bios, olhando para Sage com as pontas suadas de seu rabo de cavalo
selvagem. "É aqui que você me diz que nã o deveríamos ter feito isso e depois sair daqui
com suas roupas meio secas?"
Se Sage fosse uma boa pessoa, ela responderia sim e sairia de debaixo da garota molhada e
ainda trêmula e levaria sua bunda de volta para casa para enfrentar seus problemas. Mas
Crystal se moveu e a pressã o ondulante de sua coxa contra o clitó ris de Sage reacendeu
uma brasa que ainda nã o havia apagado.
“Nã o”, ela disse e sentiu uma estranha satisfaçã o ao ver a expressã o de surpresa da garota.
"Eu quero ver esses seus lindos peitos." As costas da garota estavam quentes e ú midas
enquanto ela arrastava as mã os por toda sua extensã o, puxando consigo a parte de cima do
vestido. "Entã o eu quero provar você de cima a baixo."
A realidade poderia esperar para sempre no que dizia respeito a Sage. Ela se inclinou e
puxou a ponta escura do mamilo de Crystal em sua boca.
A garota gemeu, um som longo e vibrante no clitó ris.
“Estou tã o feliz por ter acertado.” Crystal ofegou em meio a um gemido, seus dedos
flexionando nos ombros de Sage com cada mordida dos dentes de Sage em seus mamilos.
Crystal ficou de joelhos no sofá , agachando-se sobre Sage e levantando a bunda para fora.
Ela nã o estava usando calcinha. Sage suspirou com o sabor viciante do mamilo gordo em
sua boca, seus dedos deslizando por uma coxa quente e entrando na boceta molhada e
acolhedora. Eles suspiraram juntos, o sofá gemendo com seu peso, e Sage se perdeu no som
molhado e decadente de seus dedos fodendo uma boceta que, no momento, estava
pingando para ela e só para ela.
CAPÍTULO NOVE
S nã o lidava bem com o estresse. Quando a vida a pressionava, ela ou afastava a dor ou
cantava sobre ela até que toda a lembrança desaparecesse. Evitar seu esteio, o medo de ser
morta pelas mesmas pessoas que professavam amá -la, era outra razã o pela qual ela nunca
confessou a seus pais. A lembrança do rosto avesso de Clarence passou brevemente por
trá s de seus olhos.
Ela engoliu a familiar bola de fogo de terror e dor. Eles odiariam Sage, a lésbica. Eles podem
até querer que ela morra. É melhor ter o amor condicional deles do que nenhum amor
deles.
Sage apertou as mã os ao redor do volante e pisou no acelerador. O caminhã o resistiu sob
ela e acelerou. Nos piores dias, ela se sentia uma covarde. Em outros dias, ela desejava ter
nascido heterossexual, ou pelo menos poder fingir.
Depois de fazer promessas vagas de ligar, ela saiu do apartamento de Crystal e voltou ao
restaurante para pegar o carro. De lá , ela foi para o estú dio de mú sica. Com Dennis Brown
tocando no aparelho de som, com as janelas do SUV totalmente abertas, ela desceu a I-95
em direçã o a Coconut Grove.
Nunca pensei que você iria me decepcionar...
Ela cantou junto a mú sica antiga, nostalgia de seus dias de pré-adolescência na cozinha dos
pais, a ajudante deles, Srta. Opal, cozinhando a comida favorita de Sage enquanto seus
calcanhares descalços batiam na borda do banquinho em que ela estava sentada. A
senhorita Opal, que nunca teve filhos, satisfazia Sage com quase tudo que ela pedia. Comida.
Mú sica. Qualquer fruta que ela passasse no caminho para o trabalho pela manhã .
Especialmente as ameixas de junho nas quais Sage era viciado.
A mú sica continuou e a memó ria de Sage voltou no tempo.
Ela sempre pensava em Miss Opal quando ouvia certas mú sicas. As mú sicas antigas que
tocavam ao fundo, Miss Opal, trabalhavam e Sage a incomodava incessantemente. A culpa
agarrava sua garganta na maior parte do tempo. Ela felizmente deixou a Jamaica para
estudar o ensino médio e sua grande vida lésbica, sem pensar nas coisas e pessoas
abandonadas em seu retrovisor.
Sage amava Miss Opal, talvez tanto quanto seus pais. E por causa desse amor e medo de
serem rejeitados, ela permitiu que a conexã o que eles tinham se tornasse mais frá gil a cada
ano. Claro que ela visitou a Jamaica e fez questã o de ver a Srta. Opal todas as vezes, mas à
medida que ficou mais certa dessa identidade lésbica, ela se conteve.
O telefone tocou, e o tom eletrô nico tirou Sage de seus pensamentos pesados.
O display do Bluetooth mostrava um nú mero jamaicano, mas nã o familiar. Sá bio franziu a
testa. Ela esperava que seus pais - ou pelo menos sua mã e, que falava por si mesma e por
seu marido como uma unidade - ligassem e confirmassem o horá rio de embarque no
aeroporto. Com as coisas acontecendo com Phillida, ela convenientemente se permitiu
esquecer a visita deles. Mas agora, essa breve pausa aparentemente acabou.
Nada de atrasar o inevitá vel, certo?
Sage atendeu o telefone pressionando um botã o no volante. A mú sica parou
automaticamente.
"Olá ?"
"Amor de Bebê!"
Essa não era a voz de sua mã e. E sua mã e nunca a cumprimentaria daquele jeito.
“Hum… Olá .”
“É a senhorita Opal, querido.”
Ela acabou de conjurar a mulher do ar?
“Ei, senhorita Opal... O quê...?” Embora ela nã o visse a mulher há quase três anos, eles
ocasionalmente conversavam ao telefone e conseguiam trocar pelo menos quatro cartas
por ano. Um para cada aniversá rio, Natal e Dia da Independência da Jamaica. Nenhum
desses dias chegaria em breve.
"Como vai você?" Sage finalmente teve a presença de espírito de perguntar.
"Bom bebê. Bom." O som de panelas batendo veio pelo telefone, depois uma voz falando ao
fundo.”
“Calma, cara! Você nã o vê que estou no telefone? A voz da senhorita Opal diminuiu por um
momento antes de voltar forte na linha. “Sua mã e está vindo para lá , e seu pai também,
suponho, mas ela e eu está vamos conversando esta manhã e ela acabou de me convidar
para ir com ela.”
O choque quase fez Sage sair da estrada.
“Você está bem, querido? Acabei de ouvir um barulho estranho vindo de lá .”
"Estou bem." Com um movimento rá pido da mã o, Sage endireitou o volante e praguejou
quando os pneus do carro cantaram, quase compensando demais e batendo na barreira de
concreto. “Só dirigindo.”
“Tenha cuidado, querido. Ouvi dizer que eles tentaram matar você lá em Miami.
“Nã o mais do que na Jamaica”, disse ela, voltando automaticamente à s brincadeiras
naturais, apesar da surpresa.
“De qualquer forma, amores. Eu só queria te contar a novidade, para que você nã o fique
muito chocado quando tiver que buscar nó s três em vez de dois na pró xima semana.”
Semana que vem?
Sage nem se deu ao trabalho de perguntar como seus pais conseguiram um visto para a
senhorita Opal visitar a América. Parecia que eles eram tã o difíceis de conseguir quanto
empregos na igreja.
“Você sabe em que dia e hora seu aviã o deve pousar?” Porque ela nã o duvidaria que sua
mã e ligasse para ela do aeroporto para dizer que ela estava esperando o embarque no voo
com destino a Miami. Ou pior ainda, envie-lhe uma mensagem rá pida quando eles já
estiverem do outro lado e indo para a alfâ ndega do Miami International.
“Sim, deixe-me ver… a Sra. Bennett já comprou os ingressos e eu tenho as informaçõ es aqui
na geladeira.”
Ela devia estar ligando de sua casinha naquele momento. Ficava no mesmo terreno da casa
dos pais dela. Os pais de Sage nã o permitiam nada na geladeira. Nem mesmo uma lista de
compras.
“Ah, aqui está .” A senhorita Opal recitou o dia e a hora que fizeram as mã os de Sage
apertarem o volante. Desta vez, ela conseguiu nã o causar um engavetamento de vá rios
carros com sua reaçã o.
“Tudo bem, senhorita Opala. Estarei lá para buscá -lo.
"Obrigado, querido. Depois de todo esse tempo, mal posso esperar para ver como você vive
aí na América.”
Oh, você quer dizer minha grande vida de sapatã o?
“Vou me certificar de ter um lugar agradá vel e confortá vel para você ficar”, ela disse, grata
por nã o estar no FaceTime para que a Srta. Opal nã o pudesse ver seu rosto em pâ nico.
“Eu sei que você vai, querido. Esse é exatamente o tipo de namorada que você é.
As palavras da senhorita Opal fizeram Sage sorrir.
“De qualquer forma, querido, querido. Tenho que terminar de fazer essa sopa e trazer esse
garoto inú til aqui para me ajudar. Falo com você em breve." Resmungar ao fundo fez Sage
suspeitar que o “menino inú til” tinha ouvido o comentá rio dela.
“Tudo bem, senhorita Opala.”
A chamada foi desconectada.
“Foda-me…”
A coisa adulta que Sage deveria fazer seria ligar para os pais e confirmar a data de chegada
e se a Srta. Opal também viria. Mas havia um limite para a vida adulta que ela poderia fazer
agora. Ela mudou a mú sica para Drake e permitiu que a batida apagasse quaisquer
pensamentos inú teis pelo resto da viagem.
No estú dio, ela entrou com a chave. Há cerca de um ano, uma diretora lésbica relativamente
conhecida pediu-lhe que escrevesse algumas mú sicas para um pró ximo filme. Sage
imediatamente disse “sim”. Nã o fez mal que uma atriz por quem ela tinha uma queda
enorme quando criança desempenhasse o papel principal e muito sapatã o.
Sage já havia escrito as mú sicas e elas foram “aprovadas”, mas ela queria gravá -las sozinha
na privacidade do estú dio antes que o produtor se envolvesse. E nã o fez mal nenhum que
as pró ximas horas lhe dessem uma razã o legítima para evitar Phil e casa por mais um
pouco.
Colocando as chaves no bolso da jaqueta, ela entrou na sala reservada. Nã o demorou muito
para ela descobrir quem deveria conhecer. Uma figura pá lida e careca já estava sentada na
mesa de som, fones de ouvido na orelha, dedos manipulando os botõ es e botõ es.
“Ei, Leda.”
Leda Swann - e Sage suspeitava fortemente que esse nã o era seu nome verdadeiro - era
uma das pessoas da mú sica dos bastidores ligadas ao filme. Ela estaria na cidade nas
pró ximas noites e queria estar lá quando Sage gravasse as primeiras mú sicas.
Embora nã o fossem melhores amigos, eles conversaram bastante ao telefone e
pessoalmente durante o ú ltimo ano para se conhecerem um pouco.
“Ei, cara de boneca.” Leda, baixa e sexy e feia, com pele clara, lá bios vermelhos e tatuagens
nas mangas compridas, lançou a Sage um olhar preocupado de corpo inteiro. "Tudo bom?"
— O melhor que puderem por enquanto — disse Sage, sem se preocupar em mentir.
“Se você quiser conversar...” Leda levantou um ombro para indicar o que nã o foi dito.
“Obrigado, mas acabei esquecendo toda essa merda, trabalhando um pouco e talvez
cumprindo esse prazo para tirar meu empresá rio da minha bunda.”
"Bom o bastante." Leda subiu no banco em frente ao console digital, abandonando o que
quer que estivesse fazendo quando Sage entrou. As solas de suas botas grossas bateram no
chã o enquanto ela se acomodava. Ela pegou um iPad. “Adoro a mú sica que você escreveu
para a cena do rompimento, mas quero que considere uma pequena mudança…”
"Tudo bem. O que você tem em mente?"
Com Leda ao seu lado, Sage se perdeu no ritmo do trabalho.
Era um trabalho que ela adorava, embora, até Nuria o sugerir, nunca tivesse pensado que
faria algo mais com a sua voz do que cantar ocasionalmente no clube de Rémi. Mas assim
que ela começou a levar seu canto a sério, o trabalho começou a aparecer. Mú sicas em
trilhas sonoras de filmes independentes, apresentaçõ es em clubes locais, alguns comerciais
aqui e ali, até alguns festivais de mú sica na Europa.
Alguns dias, a mú sica era quase tã o boa quanto o sexo. Durante aqueles minutos que ela
gravou no estú dio ou cantou sob as luzes quentes do palco, isso a transportou para um
lugar dentro de sua mente onde nada doía e tudo era perfeito. Era um lugar de que ela
precisava agora mais do que nunca. Com Leda observando-a do lado de fora da cabine à
prova de som, Sage ajustou os fones de ouvido. Depois de respirar fundo, reorganizando
melhor todas as partes de seu corpo, ela começou a cantar.
Todo o resto ela cuidaria mais tarde.
CAPÍTULO DEZ
Mais tarde chegou mais cedo do que ela queria.
Sage tinha acabado de terminar a segunda faixa, com algumas letras reescritas
espontaneamente, e estava ouvindo com Leda pelos fones de ouvido. A mú sica era linda e
agradava aos ouvidos de Sage. Foi um bá lsamo para a revolta em seu coraçã o. Leda
balançando a cabeça acompanhando a batida lenta e sensual com um sorriso.
“Que tal repetir o segundo verso aqui? Parece ó timo como está , mas essas letras sã o
perfeitas e vale a pena exibi-las.” Ela cantarolou o verso e Sage assentiu também. Fazia
sentido.
MEU CORAÇÃO É a lua
um lugar que você colonizou
então abandonado para explorar
um mundo mais fácil.
"YEAH, YEAH." Sage fez uma anotaçã o rá pida em seu telefone.
A porta se abriu fazendo-a pular.
“Está ocupado! Você nã o consegue ler a maldita placa na frente? Ela gritou as palavras por
cima do ombro e continuou digitando no aplicativo de notas sem olhar para ver quem era.
“Hum... Sá bio.” A voz de Leda levantou sua cabeça.
"O que?"
Leda apontou. E Sage engoliu o nó repentino e farpado que sentiu na garganta. Phillida
estava parada na porta, ainda usando o vestido amarelo da noite da estreia do filme. O
vestido brilhante de Phil, suas pulseiras, a espessa nuvem de cabelo puxada para trá s do
rosto. Quase tudo nela parecia exatamente como naquela noite. Exceto pelo rosto dela.
Batom vermelho borrado pintava sua boca, queixo e embaixo do nariz. Seu rímel e
delineador estavam borrados, fazendo parecer que ela havia levado um soco nos dois olhos.
Phil parecia destruído.
O punho de Sage cerrou-se ao seu lado.
“Consigo ler a placa perfeitamente”, disse Phil, fechando a porta atrá s dela com um estalo
brusco.
“Acho que vou...” Leda tirou os fones de ouvido e colocou-os cuidadosamente ao lado da
mesa de som. “… vá fazer uma pausa para fumar.” Ela pegou a bolsa das costas da cadeira e
saiu com passos pesados de botas.
Sage apreciou o tato de sua Leda. A mulher nã o fumava, ela só estava dando espaço para
eles. O som dela saindo os deixou afogados em silêncio. Sage se mexeu e deixou cair os
fones de ouvido ao lado dos que Leda havia abandonado. Ela nã o estava pronta para isso.
Seu estô mago se revirou de ansiedade.
"O que está em sua mente?" ela finalmente perguntou quando Phillida ficou do outro lado
da porta fechada, observando-a.
Seu rosto estava nu de dor. “Você nã o pode continuar me evitando”, Phil resmungou.
“Nã o é isso que estou fazendo.” Sage estremeceu quando as palavras saíram de sua boca.
Ela sempre foi uma mentirosa de merda. "Eu vim esta manhã ."
"E?"
"E o que?" Sá bio encolheu os ombros. “Você estava dormindo, entã o eu fui embora.”
“Você poderia ter ficado. Você poderia ter me acordado.
Sim, ela poderia ter feito isso. Mas o covarde dentro dela correu para fora da porta e
diretamente entre as pernas abertas de outra mulher. Mas nã o era ela quem estava errada
aqui. Ela nã o iria sentir vergonha.
“Ficar para quê?” Sage perguntou, seus lá bios curvados em um rosnado. "Para você mentir
para mim um pouco mais?"
Phillida recuou como se tivesse levado um tapa. "Eu nunca menti para você."
“Mas você também nunca me contou a verdade. Você está escondendo isso de mim há
meses.” Depois que Sage começou a falar, ela nã o conseguiu mais parar. "Eu sabia que algo
estava errado. Eu sabia disso. Só que nunca, em todos os meus pesadelos, pensei que você
iria querer tirar um pau da minha vida.
“Você nã o está sendo justo. Eu nunca te traí. Eu nunca menti. Eu só ... eu sabia que você
reagiria dessa maneira. Esta é a razã o pela qual nã o te contei. Ainda nã o. Eu nunca quis ver
essa expressã o em seu rosto. Phil apontou um dedo para Sage. “—aquele olhar que você
sempre faz quando fala sobre ‘aqueles bissexuais nojentos’ se voltou contra mim.”
"O que? Nã o quero comer depois de um cara, e com certeza nã o quero que minha esposa ou
a mã e dos meus filhos me beijem com a mesma boca que está chupando pau e...
O suspiro chocado de Phil fez com que seu discurso fosse interrompido abruptamente.
"Esposa?" Phil apertou a garganta dela, os dedos finos tremendo. "Esposa? Senti falta da
sua proposta em casamento?
Eles só conversaram sobre casamento. À s vezes fazendo especulaçõ es risonhas sobre a vida
de casados de seus amigos, sobre como eles deviam ser chatos, mesmo quando algo por
trá s de suas risadas era obviamente tenso de uma forma que nenhum deles teve a ousadia
de enfrentar.
"Nã o. E tenho certeza que nã o vou fazer isso agora.” Sage nã o conseguiu retirar as palavras.
Agora nã o.
"Você é um verdadeiro bastardo, sabia disso?"
A dor evidente no rosto de Phil aumentou a dor na barriga de Sage. “Eu nunca disse que nã o
era,” ela murmurou. Essa foi uma das coisas que Phil disse sobre Sage no início de seu caso
amoroso. Aquela Sage era uma idiota com quase todo mundo, menos com aqueles que ela
amava. Parte da razã o pela qual as pessoas ficavam tã o encantadas, mas também
intimidadas por ela.
Ela nã o tinha a beleza impressionante de Rémi, Dez ou mesmo de Nuria. Mas seu sarcasmo
constante, sua disposiçã o de confrontar todos em suas merdas e dar elogios quando ela
sentia que eram devidos, atraiu todos sob seu feitiço e à s vezes até implorando por sua
aprovaçã o.
“Nã o”, disse Phil suavemente. Seus braços caíram para os lados, flá cidos. "Você nunca fez."
Ela parecia derrotada, nada parecida com a mulher feroz que sempre devolvia a Sage tanta
merda quanto ela repartia. Nã o que Phil pudesse ter feito isso agora. Isso estava longe de
ser um de seus argumentos habituais. Discussõ es que giravam em torno de merdas
estú pidas que realmente nunca importavam. Se essa fosse uma daquelas velhas discussõ es,
eles já estariam no chã o do estú dio, beijando-se furiosamente, um deles a meio caminho de
ficar nu enquanto juravam seu amor eterno um pelo outro.
Mas isso nunca iria acontecer.
Uma dor repentina percorreu o peito de Sage, e ela reprimiu um suspiro. “Acho que você
deveria ir”, disse ela, abruptamente exausta. “Nã o foi inteligente da sua parte vir aqui.”
Um calor indignado brilhou nos olhos de Phil, e Sage ficou quase feliz em ver isso. "Você
está me chamando de estú pido agora?"
“Nó s dois sabemos a resposta para essa pergunta.” Phil era de longe o mais inteligente dos
dois, e ela tinha seus diplomas da Ivy League e sua filiaçã o à Mensa para provar isso.
"Entã o o que você está me dizendo exatamente?" Phil exigiu.
As palavras ficaram presas na garganta de Sage, mas ela conseguiu tossir. “Estou dizendo
que simplesmente nã o posso... nã o posso estar com você agora.”
"De forma alguma?"
"De forma alguma."
O ar sibilou entre os dentes de Phil como um balã o esvaziando. Entã o seus braços cruzados
formaram uma barreira sobre seu peito, sobre seu coraçã o. Lentamente, seu rosto se
reorganizou. Tornou-se mais frio, depois frio. E as lá grimas que jorravam das bordas dos
olhos pararam como se estivessem sendo sugadas de volta.
“Ainda precisamos conversar”, disse Phil finalmente, com a voz baixa e comedida. “Temos
que resolver isso.”
Sage balançou a cabeça e deu um passo incerto para o lado e para longe de Phil. Tudo o que
ela construiu com Phil nos ú ltimos doze anos realmente desapareceu. O pensamento
atingiu Sage como um golpe no peito. Se ela nã o estivesse encostada na caixa de som,
provavelmente teria caído. Sua mente passou por tudo o que havia acontecido no ú ltimo
dia e meio.
E agora os pais dela também estariam aqui.
Os pais dela. E a senhorita Opala.
Foi demais.
A respiraçã o agitou-se nos pulmõ es de Sage. Seu estô mago embrulhou, mas ela lutou para
se controlar e engoliu em seco. Sua língua arrastou-se pesadamente pela secura de lixa de
seus lá bios. “Se… Você pode sair de casa por alguns dias na pró xima semana? É quando
meus pais vêm.”
O desprezo brilhou nos olhos de Phil, eliminando qualquer vestígio de má goa. Com um
sorriso de escá rnio, ela se ergueu em toda a sua altura, com o queixo saliente. Sage se
preparou para a explosã o de raiva de Phil apenas para ver Phil se virar silenciosamente e
sair do estú dio.
No silêncio chocado, Sage percebeu entã o que os pés de Phil estavam descalços. O bater das
solas nuas de seu amante contra a madeira lisa ecoou, vazio e alto, muito depois de a porta
se fechar atrá s dela.
CAPÍTULO ONZE
Depois de sair do estú dio, Sage conseguiu um quarto no Four Seasons pelos pró ximos
dias.
Ela tentou se convencer de que era para dar tempo e privacidade a Phil para arrumar suas
coisas e ir embora, mas a realidade é que Sage era covarde demais. Embora isso fosse o que
ela queria, a ideia de ver Phil se separar da casa que construíram juntos a fazia sentir-se
mal.
Ela já havia feito isso antes com Phil, pedindo-lhe que saísse de casa durante o breve
período da visita de seus pais. Phil nunca gostou disso. E ela sempre aproveitava esses
momentos para argumentar com Sage sobre assumir o compromisso de sua família. Desta
vez, Sage nã o teria que lidar com esse agravamento ou se preocupar se Phil deixou ou nã o
restos de si mesma na casa deles. Ela nã o teria que lidar com nada no que dizia respeito a
Phil. Nã o mais.
Quase uma hora depois de sua festa de piedade no bar do hotel, a mã e de Sage finalmente
ligou para ela sobre a visita a Miami.
“Opal mal pode esperar para morar na mesma casa que você novamente. Mesmo que seja
apenas por uma semana.” A mã e dela começou com isso quando Sage atendeu o telefone.
“Bom dia para você também, mã e.”
“Nã o seja espertinho, Sage Danielle.”
Como se ela ousasse nesta fase do jogo. Sage equilibrou o telefone entre a orelha e o ombro
e acenou com a cabeça agradecendo ao barman quando ele lhe deslizou um segundo rum e
Coca-Cola, esperando que ela terminasse o que estava em sua mã o muito em breve. Alguém
esbarrou em Sage rindo, um de um grupo de ternos que parecia estar comemorando
alguma coisa pela manhã .
“Desculpe”, disse a engravatada com uma risada e voltou para seus companheiros sem
esperar pela resposta de Sage.
“Você está em um bar?” Sage podia ouvir a indignaçã o na voz da mã e, mesmo de tã o longe.
“É muito cedo para beber”, disse Sage, esquivando-se da questã o. Ela teve muita prá tica
com isso ao longo dos anos. O barman passou por ela com uma sobrancelha vagamente
levantada. Sage o ignorou. “O que está acontecendo, mã e?”
Sons de fundo e trechos de uma conversa pró xima chegaram até Sage pelo telefone. Bom,
sua mã e nã o poderia dar-lhe toda a atençã o em dar-lhe merda por viver sua vida. “Nã o,
Trevor, esse nã o. Espere... Sá bio!
"Sim, mã e." Ela tomou o ú ltimo gole de sua primeira bebida e deslizou-a para o barman,
depois pegou a nova que ele acabara de deixar. "Ainda estou aqui."
“Chegaremos no sá bado à tarde. Você tem tempo para nos buscar ou devemos pegar um
tá xi? Nã o foi uma pergunta real. Se Sage sequer insinuasse que estava ocupada demais para
buscar a mã e no aeroporto, ela ouviria sobre suas falhas como filha até o tú mulo.
“Eu vou buscá -lo. Sem problemas. Você tem as informaçõ es do voo?
A mã e dela deu a Sage os mesmos detalhes que a Srta. Opal havia fornecido. "Entendi.
Encontro você assim que passar pela alfâ ndega.
"Bom."
E foi isso.
“Podemos estar com muita fome para esperar você cozinhar, entã o você pode nos levar
para um bom jantar mais cedo.”
É bom saber que ela já estava planejando o dia e a noite de Sage também.
"Claro."
Um dos ternos estava prestando muita atençã o à conversa de Sage, ou talvez apenas a ela,
olhando Sage por cima da borda de sua taça de martini enquanto os outros em seu grupo
conversavam sobre algum negó cio ou outro.
A mulher parecia tensa, o cabelo preso em um penteado que puxava as bordas do rosto
como uma plá stica instantâ nea. O terno azul-marinho que ela usava nã o ajudava em nada
seu corpo, mas seu rosto era interessante o suficiente com seus lá bios vermelhos e gordos e
a verruga no canto de um olho.
“Eu tenho que ir, mã e. Meus amigos acabaram de chegar. Sage ficou de olho na mulher, que
nã o parecia nem um pouco envergonhada por ser pega olhando fixamente.
"OK, querido. Vejo você no sá bado."
“Tudo bem, amor ao papai e à Srta. Opal.”
Assim que a mã e desligou, ela colocou o telefone no bolso e apoiou os antebraços no bar. A
condensaçã o de sua bebida penetrou na base para copos e a bebida em si estava a caminho
de se tornar metade á gua e gelo. Embora ela quisesse muito tomar uma bebida quando
desceu ao bar, agora a ideia de ficar bêbada havia perdido um pouco do seu apelo.
Os pais dela estavam vindo. Phil tinha ido embora. Se ela continuasse, ela só se daria o doce
presente de uma ressaca no dia seguinte. Uma cabeça latejante e um estô mago complicado
só aumentariam o sofrimento de ter que fingir que nã o era uma sapatã o grande e
masculina quando seus pais e a Srta. Opal chegassem à cidade.
“Porra...” ela murmurou.
“Isso seria bom agora, nã o seria?”
O terno estava mais pró ximo de Sage do que da ú ltima vez que ela olhou, tendo tomado o
lugar daquele que tropeçou em Sage durante seu telefonema. O estranho lambeu a borda de
sua taça de martini e deu a Sage a mais profunda foda nos olhos que ela já havia feito em
muito tempo.
Sage decidiu se fazer de bobo. “O que seria legal?”
A mulher nã o permitiu que ela se fizesse de boba por muito tempo. "Uma boa e longa foda."
Ela tomou um gole lento de seu martini, a língua pressionando o copo, longo e achatado o
suficiente para mostrar o pino de prata perfurando-o. “Eu tenho um quarto lá em cima.”
O vislumbre de prata na língua da mulher provocou uma resposta aguda na barriga de
Sage. Mas provavelmente nã o era o que a mulher queria.
Filida. Arenque. Sua promessa.
Sage apertou as coxas e a barra curva através do capuz do clitó ris pressionou para trá s,
enviando uma onda de prazer direto para seu nú cleo. Eles fizeram os piercings juntos, um
sinal nã o oficial de seu compromisso que só eles conheciam. Ambos eram feitos de titâ nio e,
quando Phil caía sobre ela, ela adorava sacudir a língua para encaixar as bolas de metal. Ela
disse que era a mú sica especial deles.
Sage engoliu o nó ardente na garganta e tomou um longo gole de bebida quando isso nã o
ajudou. Ela limpou a garganta, olhou para a mulher uma vez antes de se virar para encarar
o bar e o barman que pairava por perto, observando a escassa multidã o do bar e polindo
copos agora que nã o havia ninguém por perto precisando de bebidas frescas.
“Boa sorte em encontrar aquela foda matinal”, disse Sage. “Este parece ser um bom lugar
para isso.” Ela bebeu o má ximo que pô de da bebida de um só gole e se afastou do bar.
CAPÍTULO DOZE
Sage viu seus pais antes de eles a verem. Eles saíram da alfâ ndega, o pai dela
empurrando um carrinho de bagagem carregado com três malas que pareciam pesar
demais do lugar onde Sage estava. Comida da Jamaica, provavelmente. Mesmo depois de
todos esses anos, eles tinham amigos jamaicanos que moravam em Miami e pediram que
trouxessem de volta o que provavelmente consideravam a melhor parte da Jamaica.
Comida. Espadilha frita. Fruta-pã o assada. Chippies de banana. O doce de chocolate que
Sage adorava quando criança, mas nã o suportava o sabor de agora.
Afastou-se da coluna, enviou uma ú ltima mensagem a Nuria para encerrar a conversa
distraída que tinham tido sobre a suposta bifobia de Sage e guardou o telefone no bolso de
trá s. Ela ergueu a mã o para acenar no mesmo momento em que seu pai empurrou o
carrinho em sua direçã o.
"Sá bio!" Sua grande voz ecoou pelo movimentado saguã o.
Estando longe dele, longe deles, era fá cil para Sage esquecer o homem enérgico que ele era
longe da esposa. Seu peito largo, corpo poderoso e voz carregada insinuavam que ele era
um homem no controle de todas as coisas em seu mundo. E longe da esposa, ele ocupava
mais espaço do que quando estava com ela. O caso de um homem poderoso cedendo o
controle a alguém menor que ele por escolha pró pria. Seria uma dinâ mica interessante se
Sage se permitisse pensar a respeito. Mas ela propositalmente nã o o fez.
"Papai."
Ele habilmente manobrou o carrinho em meio à multidã o do fim de semana, com um
sorriso largo e muito satisfeito. Ao seu lado, sua esposa, bonita e conservadora em suas
“roupas de aeroporto” que consistiam em um terninho preto e sapatos de salto baixo, tinha
o telefone na mã o e o usava para acenar para Sage. A senhorita Opal, que Sage nã o via há
anos, apesar de conversar com ela pelo menos uma vez por mês desde que deixou a
Jamaica quando criança, parecia estar indo à igreja com seu chapéu amarelo largo, vestido
branco e sapatos amarelos.
Ela segurava um prato embrulhado em papel alumínio à sua frente como um escudo
enquanto seu olhar arregalado percorria o aeroporto. Mas assim que viu Sage, seus olhos
focaram como um raio laser e seu sorriso quase partiu seu rosto ao meio.
"Sá bio! Meu querido filho.” Ela correu no meio da multidã o, evitando milagrosamente ser
examinada nos ombros, para abraçar Sage. A borda do prato cravou nas costas de Sage
enquanto eles se abraçavam. A senhorita Opal cheirava a á gua de rosas e ackee cozido.
Assim como o Lar.
“Espero que nã o tenhamos feito você esperar muito”, disse o pai. “Essa linha de imigraçã o
foi um assassinato.”
“Nã o, de jeito nenhum. Nã o foi problema esperar — disse Sage por cima da cabeça da Srta.
Opal, ainda apertando a mulher que conseguira encolher pelo menos cinco centímetros
desde a ú ltima vez que se viram, mas cuja afeiçã o só aumentara. “Eu me mantenho
ocupado.”
“Vocês estã o bem, amores”, disse a Srta. Opal. “Um pouco mais magro do que da ú ltima vez,
mas ainda assim bom.” Ela puxou o decote da camisa de Sage.
Apesar do calor, Sage vestia uma camisa de manga comprida e calça comprida, mantendo
tudo coberto, exceto o V de pele revelado pelos dois botõ es abertos de sua camisa. Seus
pais a tinham visto desde a ú ltima série de tatuagens, mas a Srta. Opal nã o. Ela nã o queria
jogá -los sobre ela ainda.
“Você tem um homem aqui te tratando bem?”
Sage estremeceu. "Nenhum homem…"
Ela imaginou ou seus pais apenas olharam por cima da cabeça da Srta. Opal?
Sua mã e deu um suspiro tempestuoso que levantou o pano sobre seu peito significativo.
"Tudo bem agora. Todo mundo pronto?
Depois de trocar um rá pido abraço com os pais, mantendo o braço firmemente em volta da
Srta. Opal, Sage os acompanhou até o carro estacionado. Assim que colocaram o cinto de
segurança, ela navegou no agitado trá fego do aeroporto e seguiu para a I-95 com o resto
dos carros fugindo do aeroporto. Ela nã o sabia qual trâ nsito estava pior, indo ou vindo.
“Vocês querem comer primeiro ou se refrescar em casa antes de sair para comer?”
“Vamos deixar essas sacolas”, disse a mã e. “Nã o quero que algum criminoso inú til invada
seu carro e roube nossa bagagem. A senhorita Opal levou quase o dia todo para assar as
tortas de banana.
“Tortas de banana?” Sage se animou. Do banco do passageiro, a Srta. Opal piscou para ela.
Tortas de banana eram, sem dú vida, as favoritas de Sage de todas as coisas deliciosas que a
Srta. Opal fazia. “Definitivamente nã o queremos isso”, disse ela, e virou o carro em direçã o
a casa.
Como nã o iriam ficar muito tempo, Sage nã o se deu ao trabalho de abrir a porta da garagem
para estacionar lá dentro. Com as entranhas tropeçando de quase ansiedade, ela parou em
casa e estacionou o carro na entrada circular. A rua estava tranquila e as altas palmeiras ao
redor da propriedade davam ao jardim da frente uma sensaçã o de privacidade, apesar da
proximidade real dos vizinhos.
"Uau! Isso é legal!" A senhorita Opal caiu do carro, ainda segurando o prato embrulhado em
papel alumínio. Ela olhou em volta com admiraçã o estampada em seu rosto.
Sage tentou ver a casa através dos olhos da senhorita Opal, uma casa menor do que onde
seus pais moravam. A casa de dois andares, em estilo mediterrâ neo, com uma varanda para
dormir no segundo andar e uma explosã o de flores roxas subindo pela entrada, flores pelas
quais o paisagista era bem pago para cuidar. Roxo era a cor favorita de Phil.
“Entre. O interior é ainda melhor.” Para começar, tinha o ar condicionado ligado.
Com a enorme bolsa Louis Vuitton da mã e arrastada pelo ombro, Sage destrancou e abriu a
porta, passando pelo hall de entrada bem iluminado, com a luz entrando pelo mosaico de
vitrais acima da porta da frente. “Vou simplesmente colocar suas malas em seus quartos e
vocês poderã o se refrescar ou fazer o que precisarem. Podemos partir quando... Seus pés e
suas palavras tropeçaram. "-Você está pronto."
Seu cérebro nã o conseguia processar o que ela estava vendo ou o que nã o estava.
De suas pernas compridas esparramadas no sofá , Phil se espreguiçou e bocejou e a parte
superior da calça do pijama que ela usava - branca e sedosa - subiu para mostrar sua
barriga lisa e a corrente de platina na barriga curvada logo abaixo empoleirou seu umbigo.
Seu laptop estava aberto ao lado dela e seu celular estava na poltrona ao lado de seus pés.
"Olá ." Ela lançou um olhar desafiador para Sage antes de sorrir para seus pais.
"O que você está -?"
“Philida! Que surpresa agradá vel ver você.
O pai de Sage deixou cair a bolsa no meio do chã o da sala e foi até onde Phil estava se
levantando graciosamente. Seu sorriso era largo e feliz.
“É bom ver você também, papai Bennett. Eu nã o sabia que você chegaria hoje.
Uma pulsaçã o bateu forte no pescoço de Sage e ela agarrou a alça da bolsa por cima do
ombro como se estivesse tentando estrangulá -la até a morte. Melhor a bolsa do que o
maldito pescoço de Phil. Ela nã o pô de deixar de notar sua mã e, que estava parada na
entrada da ampla sala de estar, parecendo ter acabado de chupar um limã o, os lá bios
franzidos e em desaprovaçã o, enquanto olhava para qualquer lugar, menos para Phil.
“Isso é justo, já que nã o sabíamos que você estaria aqui”, disse a mã e de Sage.
— Somos dois — murmurou Sage.
Aparentemente despreocupado, Phil praticamente flutuou do pai de Sage e de suas
calorosas boas-vindas para ficar na frente da senhorita Opal. “Você deve ser a mulher mais
incrível do mundo”, disse ela à Srta. Opal, com um sorriso genuíno e deixando seus olhos
castanhos brilhando. “Sou Phillida, uma grande amiga de Sage.”
Sage quase deu um pulo, mas a Srta. Opal estava se exibindo sob a há bil seduçã o de Phil.
Sua pele de carvalho brilhava de prazer e o sorriso mostrando a dentadura a fazia parecer
quase uma criança.
"Senhor. Bennett fala sobre você à s vezes, querido. Você é ainda mais bonita do que ele
disse — disse a senhorita Opal.
Outro som da mã e de Sage. O que Phil ignorou enquanto dava um abraço na senhorita Opal
como se ela fosse uma parente querida e há muito perdida. Quando ela se afastou, a Srta.
Opal a seguiu com os olhos, parecendo realmente satisfeita, enquanto se dirigia até a mã e
de Sage, que ainda parecia sentir o cheiro de algo morto e podre há muito tempo.
"Sra. Bennett, é bom ver você de novo. Eles nem trocaram beijos no ar.
"Você parece... confortá vel, querido."
O sorriso de Phil nã o vacilou. “Tento ser o má ximo possível.” Entã o ela se virou, a seda
branca movendo-se graciosamente em torno das linhas de seu corpo alto e elegante. Ela
devia estar usando calcinha porque as pontas dos seios, que geralmente se faziam notar na
seda, estavam visivelmente ausentes.
"Sage, você pode mostrar o quarto dos seus pais e eu levarei as malas da Srta. Opal para o
outro quarto de hó spedes."
Seu pai piscou confuso, mas Sage fez a ú nica coisa que podia fazer, que foi o que Phil disse.
A bolsa em seu ombro de repente pareceu dez vezes mais pesada, especialmente com o
peso adicional do olhar desconfiado de sua mã e. Seus pais a seguiram pelo corredor.
No quarto de hó spedes, decorado em tons de marrom e azul safira, ela largou a bolsa da
mã e e a enorme sacola de rodinhas do pai que carregava.
"Olha Você aqui." Ela engoliu em seco e lutou contra a idade para limpar o caroço enorme
que se formou ali nos ú ltimos minutos. “O banheiro é ali se você quiser se arrumar antes de
sairmos.”
E ela pensou que seria isso, mas ela deveria ter sabido melhor, pelo menos por parte de sua
mã e.
“Que diabos ela está fazendo aqui? Ela parece bem confortá vel de camisola e com suas
coisas espalhadas por toda parte.”
“Uh...” O cérebro de Sage entrou em curto-circuito completamente.
"Nã o importa. Aquela garota é sempre uma visã o bem-vinda”, seu pai estrondeou, mexendo
em sua bagagem de mã o e tirando seu kit Dopp. “Ela poderia vir comer conosco.” Depois
desapareceu no banheiro, deixando a porta aberta. Ele tirou o telefone do bolso da jaqueta,
mexendo nele enquanto olhava para a tela através dos ó culos bifocais.
“Nã o se atreva a convidá -la para sair conosco, Sage Bennett.”
Um barulho indecifrá vel flutuou no banheiro. Seu pai murmurando para si mesmo. O toque
familiar de uma mensagem enviada veio de seu telefone.
Do fundo do corredor, Sage ouviu a voz suave de Phil, depois a risada alta e estridente da
Srta. Opal, que de alguma forma fez sua mã e franzir a testa. Sage sentiu uma có lica no
estô mago novamente.
"Eu gosto dela." O pai dela saiu do banheiro enxugando as mã os em uma pequena toalha. O
cheiro de enxaguató rio bucal de menta o seguiu até o quarto. “Ela é muito inteligente. Você
leu o artigo dela no Science Journal America sobre as populaçõ es intestinais microbianas
em veganos versus vegetarianos? Pesquisa realmente interessante. Passando pelo espelho
de corpo inteiro, ele passou a mã o pelo queixo, olhando criticamente para o queixo ainda
sem barba antes de dar um tapinha no bolso de trá s para ter certeza de que sua carteira
ainda estava lá .
Sage piscou. “Eu li aquele artigo”, ela disse depois de um momento de silêncio surpreso.
“Mas a maior parte passou direto pela minha cabeça.”
Seu pai soltou uma risada. "Eu também."
À s vezes ela esquecia como Phil e seu pai se davam bem e o quanto eles tinham em comum.
Embora Phil se autodenominasse uma aficionado pela ciência, ela se mantinha atualizada
com as informaçõ es das obscuras revistas científicas que assinava e mantinha um
laborató rio do outro lado da cidade com alguns de seus amigos da Mensa. Em uma das
visitas de seu pai, Sage chegou a trocar endereços de e-mail com ele, outro suposto
aficionado pela ciência.
A mã e de Sage fez um barulho de desaprovaçã o e aproximou-se do marido.
E foi isso, pensou Sage com bastante alívio. O que sua mã e queria, ela geralmente
conseguia.
Ela saiu do quarto, indo em direçã o ao quarto que ela e Phil dividiam. Usado para
compartilhar.
Phil estava lá , nua, exceto por uma calcinha fio dental preta e um sutiã combinando,
oferecendo seus seios para inspeçã o. Ela passou por Sage e entrou no armá rio, inclinando o
ombro para o lado para evitar tocá -lo.
“Que porra você está fazendo aqui? Você deveria ter ido embora. Com a pele tremendo com
uma onda repentina de raiva e desamparo, Sage seguiu atrá s dela.
“Esta é minha casa também, caso você tenha esquecido.”
Phil tirou um vestido preto do cabide, sacudiu-o e segurou-o na frente dela. Ela estava se
preparando para sair? Algo na maneira como ela olhava para si mesma fez com que Sage se
lembrasse de seu pai naquele momento. Depois de um aceno de satisfaçã o, Phil vestiu o
vestido preto e elegante que a abraçava dos joelhos aos ombros, e Sage deu um passo à
frente no piloto automá tico para ajudá -la a fechar o vestido. Apó s uma breve pausa, Phil
virou as costas e ficou imó vel enquanto Sage puxava suavemente o zíper, respirando o leve
cheiro de ó leo de coco que permanecia no cabelo de Phil.
Sá bio congelou. Nã o, eles nã o poderiam mais ter esse “normal” entre eles.
Quando Phil se afastou dela, Sage agarrou seu braço. “Nã o podemos fazer isso. Nã o com
meus pais aqui.
"Solte-me." Os olhos de Phil brilharam, raiva misturada com má goa.
Sage deixou cair a mã o como se tivesse se queimado. Ela lutou para se firmar nessa nova
dinâ mica, nesse desastre em que eles haviam se tornado. “Você deveria ter ido embora.” Ela
sibilou as palavras, uma acusaçã o.
"E você deveria agir como um idiota comigo e tentar me expulsar da casa que eu
parcialmente possuo, entã o talvez estejamos quites por enquanto." Ela girou, calçou saltos
pretos, colocou batom em uma pequena bolsa preta e deixou Sage sozinha no armá rio.
Quando ela voltou para a sala, seus pais estavam lá , seu pai com um sorriso satisfeito
enquanto mostrava algo a Phil em seu telefone. Ela combinava com a altura dele em seus
saltos altos. Sua mã e estava sentada no sofá , rígida e ereta, a bolsa no colo e apertada entre
as mã os, os olhos grudados na porta como se estivesse esperando o fim de uma sentença de
prisã o. Sage olhou de um rosto para o outro, certa de ter perdido alguma coisa. Antes que
ela pudesse perguntar o que era, a voz da senhorita Opal soou na cozinha.
“Este fogã o é bonito e grande. E tã o limpo. Você ao menos cozinha aqui?
“Sim, mas eu limpo bem.” Sage lançou um olhar ao redor da sala, tentando nã o deixar sua
ansiedade transparecer, querendo que todos fossem felizes, ou no caso de sua mã e, tã o
felizes quanto pudessem e nã o começassem nenhuma merda. Ela deu alguns passos em
direçã o à mã e, que parecia estar roendo unhas, mudou de ideia e foi para a cozinha.
A senhorita Opal estava na metade da despensa, curvando-se para olhar as prateleiras mais
baixas.
“Nã o reconheço a maioria das coisas aqui”, disse ela, parecendo satisfeita.
A senhorita Opal adorava cozinhar, tanto para si mesma quanto para as crianças que
entravam e saíam de sua vida. Muitos dias, Sage passava pela casa dela e a encontrava na
cozinha, a casa vazia, exceto ela, cozinhando ou apoiando, lendo um romance de bolso
enquanto uma panela borbulhava e a cozinha transbordava de aromas deliciosos.
“Você pode usar o que quiser aqui.” Sage ficou de costas para o balcã o, apertando e
soltando os dedos na borda.
“Claro, querido”, disse a Srta. Opal.
Sage passou um dedo pela borda lisa de granito do balcã o. “Estamos prontos para sair
quando você estiver.”
"Claro! Eu nã o queria te segurar. Eu estava apenas sendo intrometido enquanto todos se
recompunham.”
“Você nã o está nos segurando.”
Um bufo suave e um sorriso rá pido. “Acho que a Sra. Bennett pode se sentir um pouco
diferente”, disse a Srta. Opal. “Ela está segurando aquele sofá pelo que provavelmente
pensa ser uma hora inteira.” Sua voz era suave, reservada, mas provocadora. Ela trabalhava
para os pais de Sage há tempo suficiente para conhecer todos os seus defeitos.
"Está bem." Sage se afastou do balcã o, aliviada por encontrar algo para sorrir. "Preparar?"
Ela ofereceu o braço para a senhorita Opal e elas saíram juntas da cozinha.
Na sala, as coisas estavam exatamente como ela deixou. Phil, agora com um colar grosso em
forma de estrela logo abaixo da clavícula e o telefone guardado, estava tentando conversar
com os pais de Phil. Nã o estava funcionando muito bem.
O que ela ainda estava fazendo lá ?
"Tudo bem." Sage forçou um sorriso alegre. “Todo mundo pronto?”
“Claro, filha.” Apesar do olhar sombrio da esposa, ele praticamente saltou em direçã o à
porta, mantendo-a aberta para as mulheres passarem.
“Obrigado, gentil senhor”, disse Phil com um sorriso risonho.
“Você vai conosco?” Sage se sentiu estú pido por perguntar.
No espírito de perguntas fú teis, Phil deu-lhe uma rá pida olhada. “Você nã o fica com calor
com todas essas roupas, querido?” ela perguntou, a voz baixa e falsamente solícita. Ela
sabia muito bem que Sage estava usando uma camisa de mangas compridas para manter
suas tatuagens fora de vista.
Eles zombaram um do outro.
“Eu a convidei para vir junto”, disse o pai, ignorando a brincadeira, com a mã o na maçaneta,
o sorriso fá cil e despreocupado. “Há muito espaço no seu grande SUV. Além disso, estou
pagando, caso você esteja chorando falido atualmente.
Ele estava obviamente brincando, já que seria necessá rio o fim do mundo como eles sabiam
para que Sage e o resto de sua família estivessem realmente falidos. Mas, por mais
experiente financeiramente que fosse, seu pai era obscuro como uma caixa de pedras no
que diz respeito à s emoçõ es e à s pessoas. Por exemplo, por que diabos ele achava que
convidar Phil para jantar com eles estava certo?
Uma pontada de dor em sua mandíbula alertou Sage de que ela estava cerrando os dentes
com muita força. Ela deixou as outras mulheres saírem antes dela, mexendo nas chaves
para evitar olhar feio para o pai.
Seria um jantar longo.
CAPÍTULO TREZE
“ Devíamos ir ao lugar onde você nos trouxe comida da ú ltima vez”, disse o pai de Sage.
“Eu nunca comi comida jamaicana tã o boa fora de um yaad.”
Claro, ele estava falando sobre o Novlette's, um restaurante onde Sage e o resto de seus
amigos, seus amigos muito gays, frequentavam o tempo todo. Quase tã o frequentemente
quanto o clube de Rémi. Mas ela nã o queria levá -los a algum lugar onde houvesse risco de
alguém reconhecê-la, ou ela e Phil. Isso nã o era algo que ela teria pensado antes, mas Phil
no carro com sua mã e carrancuda e a Srta. Opal, que achava tudo sobre Phil e Miami
fascinante, assustou-a e a fez ser mais cuidadosa do que o normal.
Sage pigarreou. “Por que nã o tentamos algum lugar um pouco diferente?” ela sugeriu. “Se
você nã o gostar, podemos ir até a casa da Novlette antes de vocês saírem.” E quando Phil
nã o estava com eles.
O olhar que Phil lançou para ela pelo espelho retrovisor disse claramente a Sage que ela
nã o estava enganando ninguém.
“Tudo bem...” Sua mã e olhou para ela com algo parecido com suspeita.
“Desde que seja um lugar onde possamos sentar do lado de fora”, disse a Srta. Opal. “É
muito bom aqui. Quero ver o má ximo possível antes de partir.”
Sage repassou mentalmente uma lista de restaurantes onde ninguém a conhecia, onde
havia lugares ao ar livre e uma vista decente. “Eu conheço exatamente o lugar”, disse ela.
No banco de trá s, Phil estava sentado atrá s dela com um braço pendurado para fora do
carro, enquanto o pai de Sage estava sentado no banco do meio entre as duas mulheres. Ele
parecia feliz como um porco na merda. Sua esposa nã o.
“Contanto que você saiba para onde está indo e a comida seja boa”, disse o pai. Entã o ele
voltou a mexer no telefone. Ele enviou uma mensagem. “A propó sito, convidei Errol para
vir comer conosco. Espero que todos vocês nã o se importem.”
“Você convidou todos os tipos de pessoas para comer conosco, por que mais um deveria ser
diferente?”
"Mã e…"
Sage lançou um olhar de frustraçã o para a mã e, nã o apenas por causa da grosseria de sua
declaraçã o com Phil sentado ali, mas porque Errol nã o era qualquer um. Ele foi a razã o pela
qual eles vieram até aqui.
Uma emoçã o suave alisou o rosto da mã e, sua versã o de um pedido de desculpas, mas ela
nã o disse nada. O sorriso de Phil, tal como era, permaneceu em seu rosto. “Seria bom
conhecer Errol. Ouvimos falar dele, mas nunca nos conhecemos.
"Nó s?" O rosto de sua mã e se contraiu novamente.
“É estranho você viver no mesmo estado e nunca ter conhecido Errol. O mundo pode ser
tã o pequeno e grande ao mesmo tempo”, disse o pai de Sage. Como sempre, ele estava
ignorando a grosseria de sua esposa, vivendo em um mundo de sua pró pria criaçã o,
parecendo cumprir tudo o que ela queria, mas vivendo sua pró pria vida de qualquer
maneira.
Quando a mã e dela contou a Sage pela primeira vez sobre Errol, como ele era ó rfã o na
Jamaica e sem recursos, que o estavam patrocinando porque muitas pessoas aceitavam
crianças da China ou de outro lugar além de sua terra natal, ela ficou surpresa. Ela ainda
ficou surpresa, mas ficou feliz por eles terem decidido compartilhar o que tinham para
ajudar Errol e outras crianças como ele na Jamaica.
Até onde ela sabia, ele era o ú nico que eles patrocinaram ativamente e levaram da Jamaica,
enviaram para um internato particular e prometeram pagar também seu diploma
universitá rio. Eles ajudaram crianças em um orfanato em casa, mas nenhuma das crianças
individualmente até esse ponto.
“É ”, Phil concordou. “Como se eu nã o tivesse ideia quando você me escreveu sobre meu
artigo no Science Journal America que você era o pai de Sage. Um mundo tã o pequeno.”
Sage sentiu um sobressalto de surpresa. Ela nã o tinha ideia de que foi assim que eles se
conheceram. Ela pensou que era apenas ele conhecendo Phil gradualmente por meio de
exposiçã o cuidadosa e repetida ao longo dos anos.
“Exatamente”, disse o pai de Sage. “Uma feliz coincidência.”
Sua mã e fez um barulho e, por alguns momentos constrangedores, o silêncio ressoou alto
no SUV. Entã o, felizmente, eles chegaram ao restaurante. Sag estacionou o carro no
estacionamento, aliviado por nã o estar lotado com o trâ nsito do início da noite de sá bado.
Entã o, novamente, eles estavam em uma pausa entre o almoço e o jantar. Depois das seis,
provavelmente seria impossível entrar no local sem uma reserva. Pelo menos parecia assim
pelas duas vezes em que ela esteve lá antes. Para um lugar novo, era muito popular.
"Estava aqui!" Sage anunciou desnecessariamente.
Phil lançou-lhe um olhar desinteressado e saiu da caminhonete. “Sim,” ela murmurou
baixinho.
Sage saltou do carro enquanto seus pais lutavam com os cintos de segurança e começaram
a descer juntos da caminhonete.
“Você nã o precisava vir, você sabe,” ela murmurou baixinho, feliz por seus pais terem saído
do outro lado da caminhonete.
“Eu nã o quero ser rude com seu pai. Ele me convidou."
“Mas você nã o se importa em ser rude com minha mã e?”
Phil revirou os olhos. “Este nã o é o momento...” Ela enfiou a bolsinha debaixo do braço e
passou por Sage, balançando a bunda sob o vestido preto justo que conseguia ultrapassar a
linha entre elegante e sexy como o pecado. Suas palmas coçavam para segurar aquela
bunda, para sentir os glú teos musculosos que ela adorava agarrar e morder quando
estavam fodendo.
Respirando fundo, ela bateu a porta do motorista e guardou as chaves da caminhonete. O
estacionamento pavimentado era novo, liso com listras recém-pintadas mergulhando nas
vagas, um manobrista esperando na frente para pegar a caminhonete se quisessem, um
prédio que parecia novo e ainda mais impressionante, moderno sem ser frio, algo que ela
Eu tinha perdido a ú ltima vez que ela esteve lá .
Seus pais e a Srta. Opal caminhavam de braços dados, deixando Sage caminhando
rigidamente ao lado de Phil em direçã o à s portas duplas do restaurante. O terraço
envolvente no segundo andar nã o estava mais do que meio cheio. Muito espaço para a
pequena família de Sage. E o acompanhante deles, pensou ela, pensando em Errol e em seu
aparecimento iminente.
A anfitriã os acomodou rapidamente e sem esperar no terraço envolvente, encontrando
lugar para eles na seçã o com vista para a baía.
“Isso é tã o bom”, disse a Srta. Opal, arrastando a ú ltima palavra.
O lugar era decente. Nã o tã o bom quanto o clube de Rémi, é claro.
— Mas ainda prefiro o Gillespie's — disse Phil, repetindo os pensamentos de Sage. Ela
sorriu para sua mulher antes que pudesse pensar melhor. E por um momento, Phil sorriu
para ela, um olhar íntimo que dizia que eles estavam na mesma pá gina, nã o apenas sobre
isso, mas sobre tudo o mais em suas vidas.
Mas isso nã o era mais verdade.
Mexendo-se na cadeira, Sage desviou os olhos de Phil e tropeçou no olhar curioso da
senhorita Opal. “O que é Gillespie?” Senhorita Opala perguntou.
“Uh… hum… o de Rémi é… é… hum…”
“É um clube de propriedade de nosso amigo”, disse Phil, preenchendo facilmente a lacuna
entre os murmú rios confusos de Sage.
O que diabos havia de errado com ela? Ela nã o conseguia compartilhar nada real sobre sua
vida? Mas foi isso que aconteceu quando você estava no armá rio. Cada verdade era um
campo minado de descobertas desastrosas, cada parte autêntica da sua vida que você
considerava boa e segura tornou-se algo para se envergonhar, algo para questionar. Um
tremor de infelicidade percorreu sua pele.
"Sim. Está na cidade, na á gua. Uma visã o muito melhor.”
“Por que você nã o nos levou lá ? A comida é boa, certo?
“O melhor”, disse Phil, cheio de veneno suave.
“Só pensei em tentar algo um pouco diferente pela primeira vez.”
“Bem, o mesmo para você é diferente para nó s, já que nunca estivemos lá ”, disse o pai dela.
Sage se contorceu sob os olhares combinados de todos os outros na mesa. Uma garçonete
apareceu na mesa e Sage teve vontade de beijá -la.
“Olá , sou Mattie e cuidarei de você hoje. Posso começar com alguma coisa para beber?
Quando ela saiu com as ordens, seu pai iniciou uma conversa com Phil sobre Neil deGrasse
Tyson e seus prová veis perseguidores. Apesar da discussã o animada, Sage ainda sentia o
olhar de Phil sobre ela e o evitou deliberadamente.
Agora nã o. Por favor.
O início de uma dor de cabeça latejava logo atrá s de seu olho direito e seu corpo parecia
pesado e pesado, um lembrete de que ela nã o havia dormido bem na noite anterior. Mesmo
o sol forte do fim da tarde, que geralmente a alimentava como uma bateria, nã o ajudava.
Queimou sua pele através de suas roupas, a camisa de mangas compridas escondendo suas
tatuagens, na parte de trá s do pescoço, através das curvas curtas, mas grossas, sobre seu
couro cabeludo.
Soltando um suspiro silencioso que sacudiu todo o seu corpo, Sage percorreu o olhar pelas
outras mesas do terraço onde estavam sentados. O pú blico no Wilde's era o mais diferente
possível do Gillespie's. Eclético, mas com uma forte vibraçã o mafiosa. Caras de blazer
apesar do calor, provavelmente carregando um tipo diferente de calor em coldres sob as
roupas, garotas usando maquiagem espessa mais adequada para madrugada, a maioria
usando joias suficientes para cegar os olhos se você olhasse por muito tempo. Alguns
turistas aqui e ali ocupavam espaço aleató rio, mas pareciam um pouco deslocados. Mas
talvez nã o mais do que ela e sua família fizeram.
Seus olhos fizeram outra varredura no lugar, entã o ela congelou. Foi isso…?
O cabelo comprido, desta vez enrolado em um topete como o da princesa de um filme da
Disney, era definitivamente o mesmo. Seus olhos desviaram do cabelo da garota e
encontraram um par de olhos castanhos claros olhando para ela. A surpresa disso instalou-
se em seu estô mago.
Cristal. Como uma idiota, ela nã o contava que Crystal estivesse na casa de Wilde em seu dia
de folga.
"Você está bem, querido?"
Claro, foi a senhorita Opal quem notou sua hesitaçã o.
“Sim, estou bem. Apenas pensei ter visto alguém que conheço. Nã o fazia sentido mentir
quando a reaçã o dela dizia isso claramente.
Sentado no lado oposto da mesa a Sage, Phil se virou para olhar. "Quem?"
Nã o demorou muito para descobrir de quem Sage estava falando. Basicamente porque
Crystal nã o parava de olhar. "Você conhece ela?"
Pega de surpresa com sua inesperada franqueza, quando geralmente era mais cautelosa
com os pais, Sage fez um gesto vago. "Sim. Eu a encontrei algumas vezes.” Literalmente
duas vezes. O olhar de Phil se estreitou, e era ó bvio que ela sabia exatamente em que
consistia o encontro de Phil uma ou duas vezes com essa garota obviamente jovem.
Seus lá bios se torceram. "Você vai dizer oi para o seu amiguinho?"
"Olha Você aqui!" A garçonete apareceu com as bebidas e Sage novamente teve vontade de
dar-lhe o maior beijo, ou pelo menos uma gorjeta que equivalesse à mesma coisa. Com um
sorriso firme, a alegre Mattie serviu com eficiência as bebidas ao redor da mesa. “Você está
pronto para pedir suas refeiçõ es?”
"Sim!" Sage interveio como se a ideia de comer naquele lugar fosse a melhor que ela já
tivera na vida. Mas ela nã o se lembrava de nada que a garota disse sobre os pratos especiais
e com certeza nem tinha olhado o cardá pio.
“Quero o especial”, disse ela.
Mattie franziu a testa. "Qual deles?"
Todo restaurante tinha peixe no cardá pio, certo? “Eu quero o peixe.”
O sorriso da garota parecia dolorido. "Sinto muito, senhorita... mas qual?"
Com um som de impaciência, Phil sentou-se na cadeira. “Ela vai querer o cordeiro.”
“Ela disse que queria peixe”, disse a mã e de Sage.
Phil tentou seu sorriso falso mais sincero para a mã e de Sage. “Ela nã o estava prestando
atençã o ao que Mattie disse antes. Ela adora cordeiro. Ela prefere isso do que o peixe.
Sem esperar por uma resposta, ela acenou com a cabeça uma vez para a garçonete e depois
recitou seu pró prio pedido. Quando a garçonete recebeu todos os pedidos e saiu correndo
para avisar a cozinha, Sage estava se contorcendo na cadeira. Nã o apenas pelos olhares que
seus pais lançaram entre ela e Phil, mas também pelo olhar venenoso que Phil lançou em
sua direçã o.
"Oh Deus! Desculpe estou atrasado! Fiquei tã o perdido no caminho até aqui. A voz
estridente arrastou o olhar culpado de Sage para longe de Phil e de seus pais. Um garoto
esbelto, feminino, com uma camisa fina e assimétrica que descia até os joelhos na frente e
roçava as panturrilhas nas costas, jeans skinny que poderiam muito bem ser calças de ioga
e botas desajeitadas que ele usava desamarradas, correu até a mesa deles. . “Isso significa
que nã o recebo comida?” Suas palavras provocantes eram obviamente dirigidas à mesa
deles, mas Sage estava condenada se ela conhecia esse garoto gay obviamente inflamado.
Mas sua mã e se levantou logo atrá s do marido. “Você chegou na hora certa, querido!”
A boca de Sage caiu aberta enquanto seus pais enxameavam o menino com abraços.
CAPÍTULO QUATORZE
“ Errol?” Sage nã o conseguiria esconder o choque, mesmo que tentasse. O garoto era tã o
visivelmente alegre quanto ela, os quadris balançando sob a camisa fina e as calças justas, o
cabelo alisado e caindo sobre os ombros em ondas elegantes e grossas.
Do abrigo dos braços dos pais, a criança olhou para Sage. "Sim, sou eu." Seu sorriso era
ofuscante e doce. Ele gentilmente se livrou dos braços dos pais dela depois de dar um
ú ltimo beijo em cada um deles, em seguida, deslizou para perto de Sage, embora ela ainda
estivesse sentada. “É bom finalmente conhecer você, quase irmã .”
Quase irmã .
Sage ficou surpreso demais para fazer mais do que tolerar seu abraço quando ele se
inclinou para abraçá -la na cadeira. Mas Phil tinha melhores maneiras – ou talvez ela
estivesse menos atordoada – entã o ela se levantou para abraçar o menino.
“Meu nome é Phillida”, disse ela, parecendo ao mesmo tempo uma mã e orgulhosa e uma
espécie de fã . “Você é tão bonita.”
Ele realmente corou, sua pele pá lida de noz-pecã ficou colorida como uma princesa em um
livro de histó rias. "Obrigado!" Ele a agarrou em um abraço de corpo inteiro e eles se
encararam, uma sociedade instantâ nea de admiraçã o mú tua, porque era muito ó bvio o
quã o lindo Phil era. Para Sage, pareceu que demorou muito até que Errol deixasse Phil ir
para que ele pudesse afundar graciosamente no assento vazio que os pais de Sage
reservaram para ele. “Desculpe novamente por chegar tã o tarde. Este restaurante é um
pouco difícil de encontrar.”
“Sim, é tã o novo que até o GPS ficou confuso.” Phil agitou os dedos longos para descartar
seu pedido de desculpas. “Nã o se preocupe com isso. Estamos felizes por você ter
conseguido.
Sage pigarreou. "Um sim. E... uh... parabéns por terminar a escola com nota 4,0. Os pais dela
falaram com entusiasmo sobre as notas excelentes dele durante mais de um telefonema.
“Mamã e e papai estã o muito orgulhosos.”
Errol estendeu as duas mã os para tocar o casal de cada lado dele. “Viv e Trevor sã o a ú nica
razã o pela qual cheguei até aqui. Eles salvaram minha vida. O mínimo que posso fazer é
estudar bastante e mostrar que eles nã o perderam tempo comigo.” Sua voz suave vibrava
com sinceridade e paixã o.
“Mesmo que você tenha sido o ú ltimo da turma, ver você feliz e prosperando é o suficiente
para nó s”, disse a mã e de Sage. A cara de limã o que ela usava desapareceu quando Errol
apareceu. Ela parecia tã o genuinamente feliz em ver o garoto que Sage estava
completamente confuso com tudo isso.
“Ele é disciplinado demais para ser o ú ltimo da turma”, disse o pai dela. Um mú sculo
apertou em sua mandíbula devido à intensa emoçã o. “Estamos muito orgulhosos de você,
Errol.”
O menino corou novamente.
A garçonete voltou para anotar o pedido de Errol, e o garoto, tã o seguro e confiante de si
mesmo, examinou o cardá pio e fez uma escolha rá pida e decisiva. Os pais de Sage olharam
para ele com adoraçã o quando Mattie saiu da mesa para fazer seu pedido de comida.
“Entã o diga-nos, querido, o que você está fazendo agora que está prestes a ter o verã o
inteiro de folga?” Sua mã e se inclinou, o queixo apoiado na palma da mã o erguida,
aparentemente ansiosa para ouvir tudo sobre os planos de verã o de seu filho gay quase
adotado.
Era tudo irreal.
Sage se afastou da mesa, murmurando algo sobre o banheiro, e entã o praticamente
atravessou o restaurante correndo em direçã o à s placas de banheiro. Apenas um minuto se
passou antes que a porta do banheiro se abrisse atrá s dela e Phil entrasse de salto alto.
“Você acha que eles sabem?” Phil perguntou, mantendo a voz baixa.
“Você quer dizer que Errol é um bicha gigante?” Todo o corpo de Sage estava quente
demais, suas bochechas queimando como se ela estivesse com febre. Ela jogou á gua no
rosto, tomando cuidado para nã o sujar a camisa. “Bem, se eles conseguiram nã o ver minha
grande bunda gay por tanto tempo, posso ver como eles poderiam facilmente nã o ver a
dele.”
“Mas e se eles já souberem sobre você?”
Sage se virou para olhar para Phil. "O que?"
"Você me ouviu." Phil estava com os pés afastados e as mã os nos bolsos do vestido. Seu
olhar fixou Sage onde ela estava. "E se eles já souberem que você é uma grande sapatona
que gosta de nada melhor do que comer buceta e se amarrar para me foder quando eu
deixar?" Ela levantou a cabeça em desafio.
Sage nã o conseguia nem imaginar um mundo onde isso fosse verdade. “Eles nã o podem
saber”, ela disse, sua voz saindo tã o á spera que doeu. “Eles nã o podem.” Entã o isso
significaria que ela estava se protegendo por nada, escondendo Phil e a coisa milagrosa que
eles compartilhavam — costumavam compartilhar — porque era ela quem estava com
medo. “Nã o”, disse Sage novamente.
Phil bufou, mas foi um som suave, quase gentil. "OK, querido."
Sage nã o conseguiu pensar em mais nada para dizer.
Momentos depois, eles saíram juntos do banheiro sem dizer mais nada e voltaram para a
mesa onde sua mã e os tratou com um olhar desconfiado e de olhos estreitos. O pai e a Srta.
Opal mal olharam para eles.
Eles sabiam? O coraçã o de Sage bateu forte com esse pensamento.
Mas com o passar do tempo e ninguém disse nada, ela gradualmente relaxou. O resto da
refeiçã o transcorreu com uma correria surreal. Os pais de Sage bajularam Errol e o
encorajaram a comer, perguntando quais eram seus planos agora que ele estava se
formando no ensino médio - matriculando-se em uma escola de arte em Boca Raton,
aparentemente - e perguntando de que ajuda ele precisava enquanto eles estavam lá .
Sage nã o pô de evitar. Ela ficava olhando para Phil para ver se ela estava se recuperando
tanto daquela grande revelaçã o de Errol quanto Sage. Mas ela parecia tã o envolvida na
festa de amor de Errol quanto os pais de Sage, fazendo-lhe perguntas, convidando-o para
um brunch sempre que ele tivesse um dia livre e até perguntando se ele estava saindo com
alguém.
“Estou saindo com um cara”, ele respondeu. “Ele é legal, mas estou focado principalmente
nos meus planos escolares, você sabe.”
“Isso é inteligente”, disse o pai de Sage e quase causou um ataque cardíaco em Sage.
Phil apenas sorriu para o garoto. Filha de pais geniais, ela havia concluído pelo menos três
cursos avançados aos dezoito anos e só voltou para Miami para frequentar a escola com
crianças de sua idade porque queria ser “normal”. A escola tinha sido tudo para ela até o
ú ltimo diploma e nessa época ela estava focada em recuperar toda a diversã o que havia
perdido. Era ó bvio que ela adorava o quanto Errol gostava da escola.
Mas o fato de Phil estar preso em Errol nã o significava que ela nã o tivesse notado Sage.
Algumas vezes, Sage percebeu seus olhares de pena, mas eles nã o persistiram.
Eles encerraram a refeiçã o com Errol convidando os pais de Sage para uma galeria em
Wynwood que tinha algumas de suas obras de arte (ele fez pinturas a ó leo surrealistas que
eram um mashup de Dali e Kehinde Wiley) que ele estava animado para mostrar a eles. Ele
obviamente nã o convidou ela e Phil, pensou Sage. Talvez porque ele quisesse ter seus quase
pais só para ele.
“Isso é ó timo, querido”, disse a mã e. “Estou animado para vê-los pessoalmente. Aposto que
as fotos do celular nã o lhes fazem justiça.”
A expressã o de prazer tímido de Errol aumentou a culpa e a vergonha de Sage. Nos quatro
anos desde que seus pais o patrocinaram, ela nunca pensou em ir vê-lo, muito menos para
perguntar sobre seu trabalho. Além de verificar com seus pais se ele nã o os estava
enganando, ela ignorou a presença dele em suas vidas. A suposiçã o de que ele era outro
jamaicano que falaria merda sobre gays a fez apagá -lo de sua mente. As coisas eram
obviamente diferentes agora.
Ela teria que se lembrar de fazer uma viagem para ver o trabalho dele.
“Dirija com cuidado, Errol”, disse ela. “Você sabe que os motoristas de Miami sã o malucos.”
Ele estava levando os pais dela e a Srta. Opal para a galeria em seu pró prio carro.
Depois de uma breve hesitaçã o, Sage tirou a chave da casa do chaveiro e passou-a para o
pai. “Pegue isso e entre sempre que voltar.”
Todos estavam em volta dos destroços de pratos, xícaras e guardanapos amassados vazios
sobre a mesa. O pai dela enfiou a carteira de volta no bolso depois de pagar a conta e subiu
a cintura da calça, o que parecia mais um há bito em vez de uma necessidade.
"Nã o querida. Ligaremos para você quando voltarmos”, disse a mã e. “Você precisará de
uma chave para entrar em sua pró pria casa.”
O que ela deveria ter feito era fazer uma có pia para os pais, mas sua mente nã o estava
funcionando direito nos ú ltimos dias. “Nã o há problema. Phil também tem uma chave.
Sua mã e franziu a testa, o primeiro olhar negativo em seu rosto desde que Errol apareceu.
“Nã o se preocupe com isso, Vivi.” O pai de Sage enfiou a chave no bolso e passou a mã o nas
costas da esposa. “Vamos pegar a estrada antes que a galeria fique lotada.”
Eles saíram do restaurante, Errol tagarelando sobre como estava feliz por os Bennett
estarem na cidade novamente, sua voz num ritmo crescente e decrescente que parecia
muito com uma cançã o.
Enquanto comiam, o restaurante ficou mais lotado, pelo menos havia mais pessoas
sentadas à s mesas do que quando chegaram lá , e quando saíram, percorrendo um caminho
sinuoso entre as mesas lotadas, Sage percebeu novamente que Crystal os observava. ela, o
rosto da garota uma confusã o de luxú ria e esperança.
Crystal estava sentada a uma grande mesa com pelo menos três outras pessoas que se
juntaram ao olhar. Phil olhou para Sage, mas nã o disse nada, mesmo quando eles estavam
no estacionamento e se despedindo de seus pais e da senhorita Opal, que partiu no velho
mas limpo Honda Civic de 4 portas de Errol.
Algo desagradá vel despertou no peito de Sage. Apesar do nervosismo que sentia por estar
perto dos pais e da Srta. Opal, ela nã o conseguia deixar de se sentir um pouco abandonada
por eles. Sim, eles vieram para Miami para a formatura de Errol, mas ela era filha deles,
caramba. E a senhorita Opal era... sua senhorita Opal. Esse algo provavelmente era ciú me.
Com as mã os nos bolsos, Sage observou enquanto eles se afastavam, acompanhando seu
progresso pelo grande estacionamento e depois pela rua quando Errol se juntou
cuidadosamente ao fluxo do trâ nsito. Assim que teve certeza de que eles estavam fora de
vista, ela arregaçou as mangas da camisa e desabotoou mais um botã o do colarinho.
Ao seu lado, ela podia sentir Phil vibrando com a necessidade de descarregar exatamente o
que estava em sua mente. Ela fechou os olhos brevemente e seguiu em direçã o ao SUV. Na
porta do motorista, ela se virou para Phil, que a acompanhava em silêncio.
Com um suspiro nos lá bios, Sage se virou, com os braços cruzados sobre o peito. "Apenas
cuspa."
“Cuspar o quê, exatamente?”
“Jesus, porra! É isso que você vai fazer quando for ó bvio o que está em sua mente?
“Se é tã o ó bvio, entã o me diga.” Com a bolsa debaixo do braço, Phil colocou as mã os nos
quadris, uma sobrancelha arqueada desdenhosamente. Era uma pose com a qual Sage
estava bem familiarizado. Phil estava chateado e pronto para entrar na cara dela sobre
alguma coisa. Mas desta vez, em vez de entrar em seu espaço, Phil manteve distâ ncia. Cerca
de um metro e meio se estendiam entre eles, e aquele espaço parecia tã o largo quanto um
oceano.
"Você está chateado por eu ter dormido com aquela garota." Embora Phil nã o tivesse
nenhuma base moral para se sustentar nesse desentendimento em particular, Sage nã o
conseguia evitar a defensiva em sua voz.
“Tudo bem...” Phil disse com uma voz lenta e zombeteira.
"Certo o que?"
“Isso é tudo que você conseguiu com suas incríveis habilidades de leitura de mentes?”
Sage rosnou. Ela queria estrangular Phil, mas nã o se mexeu. Embora mesmo no meio de
suas discussõ es mais intensas, eles nunca tivessem posto as mã os um no outro. Nã o é
assim.
"Eu transei com ela alguns dias atrá s, quando estava chateado com você, ok?" ela retrucou.
“É isso que você quer ouvir?”
Antes da grande revelaçã o bissexual de Phil, eles tinham uma regra contra fodas por
vingança. Se eles estavam chateados um com o outro, nã o descontavam seus sentimentos
nos corpos de estranhos. Eles conversaram sobre as coisas. Eles foderam a raiva um do
outro.
“Foi você quem quebrou nossas regras.”
Sage franziu a testa com força suficiente para fazer uma testa Klingon. “Qual regra? Aquele
que disse que deveríamos ser honestos um com o outro? Nã o, eu guardei esse. Ao contrá rio
de você.
— Você está perdendo a fu... Algo que ela viu por cima do ombro de Sage cortou o resto do
que ela ia dizer. Seus dentes estalaram e sua respiraçã o saiu num silvo.
Sage se virou e viu Crystal entrando no estacionamento com três caras e outra mulher que
Sage percebeu que estava sentada com ela à mesa. O grupo de cinco pessoas moveu-se
propositalmente na direçã o de Sage e Phil.
“Que porra é essa?” Phil perguntou, a imagem da agressã o feminina.
“Calma”, disse Sage. “Nã o exagere nas coisas. Nada disso é culpa da garota.”
"Você ao menos sabe o nome dela?" Phil murmurou a pergunta pelo canto da boca. “De
qualquer forma, estragar seu pedacinho lateral é a ú ltima coisa que me preocupa”, ela disse
baixinho enquanto Crystal e suas amigas se aproximavam. À medida que se aproximavam,
Sage nã o pô de deixar de notar o quã o hostis os amigos de Crystal pareciam. E entã o, a cada
passo que aproximava ainda mais o grupo, ela percebia a semelhança entre eles. Pele
escura, cabelos longos, queixo pontudo.
Phil fez uma ú ltima escavaçã o antes de atacá -los. "Você pode ter fodido ela, mas acho que
pode ser você quem está fodido agora."
O grupo de só sias de Crystal se espalhou em um semicírculo na frente de Sage e Phil. Sua
namorada colocou sua pequena bolsa debaixo do braço e os encarou com as mã os soltas ao
lado do corpo. Eles nã o tiveram que esperar muito para descobrir o que estava
acontecendo.
“Você é o pervertido que fodeu nossa irmã menor de idade?”
Menor de idade?
Mas Sage nã o escondeu o choque. Ao ouvir a inspiraçã o rá pida de Phil, ela se virou, com
uma negaçã o nos lá bios. Mas Phil balançou a cabeça uma vez, um movimento brusco que
lembrou Sage de manter a cabeça no jogo e se concentrar na parte importante do que
estava acontecendo agora. Ou seja, que esse grupo de irmã os protetores parecia decidido a
chutar a bunda dela.
“Você é menor de idade?” Ela fez a pergunta a Crystal, tentando manter a calma.
Droga, ela sabia que transar com ela tinha sido uma má ideia no momento em que isso
mexeu em suas calças. Quando diabos ela aprenderia a ouvir seu instinto em vez de se
questionar? “Mas eu perguntei quantos anos você tinha.”
O pâ nico passou pelas feiçõ es da garota e ela mordeu o lá bio, sem dizer nada.
“Como você pode não pensar que ela é uma isca de prisã o?” Um dos homens apontou um
dedo para Crystal. “Parece que ela ainda está na porra do ensino médio.”
Embora Sage discordasse, ela nã o achava que agora era o momento certo para expressar
isso. “Eu nã o sabia que ela nã o era legal.”
“Exatamente quã o menor de idade é essa garota?” Phil dirigiu sua pergunta ao homem que
parecia estar no comando de todo esse confronto.
“A formatura do ensino médio dela é no pró ximo fim de semana”, a mulher interrompeu,
obviamente ansiosa por uma briga. Seu peito inchava sob a jaqueta de couro com tachas e
seus punhos fechavam e abriam ao lado do corpo.
Ensino médio?
Crystal tinha carteira de estudante. Ela morava sozinha em um apartamento tipo
dormitó rio. Esses idiotas eram de verdade?
“Eu tinha doze anos quando me formei no ensino médio.” Phil era alta e ereta, com o queixo
ligeiramente erguido para olhar para todos eles, inclusive Sage. "Você tem que ser mais
específico."
“Ela acabou de fazer dezoito anos”, gritou um dos caras.
Outra inspiraçã o de Phil e um olhar que dizia claramente o idiota que ela achava que Sage
era. E Sage se sentia um idiota, até mesmo um hipó crita. Ela foi a principal a falar sobre
como ela nã o transava ou namorava garotas jovens. Ela se encolheu lembrando de todas as
merdas que falou na noite em que conheceu Crystal. Rémi e Dez iriam infernizá -la por isso,
com certeza. Nuria apenas riria pra caramba e depois lançaria a isca de prisã o para Sage
pelo resto da vida. O que provavelmente levaria cerca de dez minutos se esses idiotas
tivessem algo a dizer sobre isso.
“O que exatamente você quer fazer aqui?” Phil exigiu. “Sage nã o sabia que essa garota nã o
tinha idade suficiente para foder, pelo menos nã o de acordo com os seus padrõ es. Ela nã o é
R. Kelly, de propó sito para prender o rabo de menores para merdas e sorrisos.
Uma comparaçã o com o pedo Kelly. Merda. Este dia poderia realmente ficar pior?
Isso, surpreendentemente, nã o diminuiu a agressividade vinda do grande grupo.
“Ela fodeu Crystal e foi embora”, disse um dos caras.
"Sim, ela nã o é exatamente uma criança, mas essa garota simplesmente desistiu dela." Isso
veio de um dos irmã os mais razoá veis.
“Você queria algo diferente do que aconteceu naquele dia no sofá ?” Sá bio perguntou. Ok,
talvez isso tenha sido muitos detalhes. Um dos homens rosnou de verdade, ou pode ter sido
a irmã .
Crystal ainda nã o disse nada, apenas parecia mais envergonhada do que qualquer coisa.
“Olha, se nã o adianta esse tête-à -tête, vamos embora. Nã o ando em estacionamentos desde
o ensino médio.” A boca de Phil se torceu e lançou um olhar de pena para Crystal. "Embora
aparentemente isso tenha sido na semana passada para você."
Ela estendeu a mã o, com a palma para cima.
Sage deixou cair as chaves do carro nas mã os de Phil e Phil friamente destrancou o SUV e
empurrou Sage para dentro e completamente por cima do console central até o banco do
passageiro. Ela subiu ao lado de Sage, acomodando-se atrá s do volante antes de trancar a
porta. Os asseclas de Crystal ficaram paralisados por um momento, provavelmente tã o
chocados quanto Sage, antes de correrem em direçã o ao caminhã o como um só . Phil ligou o
carro, nã o deu nenhum aviso antes de sair do estacionamento. Eles nã o eram estú pidos o
suficiente para atrapalhar.
Eles dirigiram em silêncio por um longo tempo, o som da estrada se movendo rapidamente
sob os pneus do caminhã o era o ú nico som entre eles. A barriga de Sage se contorceu de
culpa. A menos de um quilô metro e meio de casa, Phil finalmente falou.
“Essa é a merda que você faz quando está chateado comigo de verdade, hein?”
"Chateado com você?" Sage se virou no banco para olhar para ela. “Isso é um pouco mais do
que eu estar chateado com você.”
Phil ajustou o ar em sua garganta. “Você está sendo um idiota agora.”
"Olha, eu sei que nã o ganhei nenhum ponto por pensar com inteligência quando pulei na
cama com Crystal, mas você... você..." Sage estalou e os sentimentos que a dominaram
durante os ú ltimos dias voltaram. para arrastá -la sob uma maré feroz. “Eu nã o quero esse
tipo de vida, Phillida. Eu te disse isso anos atrá s, quando nos conhecemos.
“Entã o, você esperava que eu continuasse sendo o mesmo jovem ingênuo de vinte anos que
você conheceu na faculdade? Isso é estupido." O couro do volante rangeu sob o aperto de
suas mã os. “Eu nunca menti para você sobre o que eu queria. Eu queria você naquela época.
Eu ainda quero você."
“Mas agora você também quer pau.”
Phil estremeceu, seus lá bios se estreitando até ficarem quase em uma linha reta. "Nã o é tã o
simples assim."
“Entã o simplifique para mim com suas palavras, porque do meu ponto de vista, a merda é
bem direta e seca.” Uma placa de rua familiar passou pela janela. O desvio para o bairro
deles. "Onde você está …?"
“Apenas cale a boca e deixe-me dirigir.”
Sá bio cala a boca. E eles dirigiram. Milhas e milhas. Um movimento dos dedos de Phil perto
do quilô metro quinze ligou o rá dio e acabou com um pouco do silêncio desconfortá vel
entre eles. Ela mudou os canais do rá dio via satélite até Halsey começar a tocar, entã o
recostou-se com um grunhido, o silêncio anterior agora preenchido com um som vazio.
Nã o demorou muito para que Sage percebesse para onde eles estavam indo.
Sage e Phil sempre foram selvagens juntos. Dois elementos gravitando um em direçã o ao
outro, instantaneamente combustíveis. Uma explosã o imediata quando se conheceram, que
só se tornou mais intensa com o passar dos anos. Mas à s vezes até eles precisavam de um
lugar onde pudessem ficar inertes juntos, longe de tudo, para se estabelecerem e
permitirem que a paz flutuasse sobre eles, mesmo que apenas por enquanto.
O lugar que encontraram, eles nã o iam com muita frequência. Mas quando eles precisaram,
ele estava lá .
Depois de menos de uma hora dirigindo, Phil estacionou o carro, enfiou os sapatos e a bolsa
sob o banco do motorista e jogou as chaves do carro para Sage.
Um zumbido de está tica começou na base do pescoço de Sage e logo se espalhou por todo o
seu corpo. Se ela fosse honesta consigo mesma, admitiria estar com medo. Mas hoje nã o era
um dia para honestidade.
“Lembra quando viemos aqui pela primeira vez?” Phil perguntou.
Foi difícil esquecer. Na faculdade, a atraçã o deles era tã o dolorosamente explosiva que eles
queimavam demais em pú blico. Phil, aos vinte anos, uma estranha combinaçã o de garota
nerd e aberraçã o exibicionista, chocou seus colegas na universidade. Gênio e criança
prodígio, ela fazia tudo direitinho. Quando chegou à Sage, ela já tinha doutorado, dois
mestrados e faixa preta em alguma arte marcial ou outra. Ela estudou nanotecnologia por
diversã o e teve cerca de um zilhã o de artigos publicados em revistas científicas de renome
mundial. Era ó bvio que ela estava se contendo academicamente, para que pudesse se
encaixar. É ó bvio também que ela poderia ter sido um pouco desinibida demais para a
relativamente tranquila Miami.
Estar com alunos mais velhos durante a maior parte de sua vida a afetou, cansou-a um
pouco, dada a experiência que ela nã o deveria ter tido, e ela estava mais do que feliz em
compartilhar essa experiência com Sage, ensiná -la, corrompê-la. Mas Sage adorou cada
momento.
Uma noite, eles saíram cambaleando de uma festa da escola no meio de um lugar seguro. O
terreno de um hotel abandonado, propriedade privada vazia e um paraíso para eles e seus
amigos de faculdade.
Eles começaram a se beijar, se beijando em desespero e Sage se lembrou de como sua pele
parecia estar em chamas, o calor vindo de dentro de seu corpo, impossível de extinguir, nã o
importa o quanto ela beijasse Phil, apertasse seus seios, mordesse seus seios macios. pele.
Ela se sentiu delirante, fora de si. Era mais que luxú ria, mais que paixã o.
Eles fugiram para um dos trechos vazios de grama atrá s do hotel abandonado e foderam
até que ela ficou em carne viva, por dentro e por fora, com a voz rouca de tanto gritar.
“Caramba, vocês dois! Obter um quarto!" Alguém gritou. “Este lugar tem cerca de cinquenta
mil deles.”
Mas Sage precisava de mais do que um quarto. Para ela, e para Phil também, estar perto de
todo mundo era demais. As emoçõ es que se agitavam entre eles perturbavam todos ao seu
redor, perturbavam até mesmo Sage. Mas ela nã o queria deixá -los ir. Até mesmo o
pensamento daquela perda a paralisou na grama, onde ela estava deitada com os dedos de
Phil ainda dentro dela, seu coraçã o começando a acelerar novamente, mas por uma razã o
totalmente diferente da anterior.
Nã o haveria mais ninguém para nenhum deles agora, ninguém que significasse tanto,
pensou Sage entã o. Ela se lembrava de estar exultante e assustada ao mesmo tempo. À luz
brilhante da lua naquela noite tranquila e longínqua, os olhos de Phil brilharam com a
mesma sensaçã o. Sua boca estava voltada para baixo e séria, sua expressã o um pouco triste.
Com um som parecido com um beijo molhado, Sage puxou os dedos de Phil entre as pernas,
o corpo ainda elétrico e demais e perfeito ao mesmo tempo. Ela vestiu as roupas, agarrou
Phil e correu.
Ela nã o se lembrava exatamente como encontraram o lugar. Só que depois de tropeçar em
pedras e subir dunas de areia, eles cambalearam, sem fô lego, até uma praia á rida.
Areia branca brilhante na escuridã o, um conjunto de pedras altas e pontiagudas em ambos
os lados de um pequeno trecho de praia. Uma gruta perfeitamente isolada. Estava
absolutamente imaculado, sem nenhum dos sinais de que outros universitá rios ou festeiros
descuidados o tivessem encontrado - sem preservativos usados, latas de cerveja vazias ou
garrafas de bebidas alcoó licas.
Eles caíram juntos na areia, seus corpos estrelados, apenas suas mã os se tocando. Essa
conexã o, embora pequena, parecia inquebrá vel. Eles nã o fizeram sexo novamente naquela
noite, apenas ficaram juntos, respirando e sobrecarregados.
Agora, aquela noite parecia distante.
Com Phil, Sage seguiu o longo caminho familiar, ofegando e caminhando pela areia, de mã os
dadas, mais por há bito do que por qualquer desejo de se agarrarem um ao outro. Mas
quando Sage percebeu que seus dedos seguravam os de Phil, ela reavaliou esse
pensamento. Talvez ela quisesse segurá -la, pelo menos desta ú ltima vez, antes que tudo que
era “Sage e Phil” finalmente se despedaçasse e os pedaços fossem levados pelo vento.
A areia fina puxava seus pés, nua pelo exemplo de Phil e pela experiência de tentar subir e
descer dunas de areia instá veis com sapatos sociais. Ambos estavam ofegantes quando
chegaram ao topo da duna e começaram a abençoada descida até a gruta, a gravidade
puxando-os inexoravelmente para o lugar onde estavam mais expostos um ao outro. Muito
real.
No fundo da duna, respirando pesadamente apesar de ambos treinarem
semirregularmente, eles se entreolharam sob a meia-lua. Phil largou a mã o de Sage e se
afastou, mas os olhos deles permaneceram conectados.
A maré subiu até seus pés, mais alta do que Sage lembrava antes. Caso contrá rio, o
santuá rio deles era o mesmo. As memó rias sensoriais enraizadas em cada grã o de areia, em
cada fluxo transitó rio de á gua e em cada inspiraçã o de ar quase dominaram Sage. Ela
cerrou os dentes com força, mas isso nã o impediu a dor.
Eles se conheciam há mais de doze anos, e quase todos esses anos passaram na cama um do
outro, envolvidos um no outro, mesmo enquanto outros amantes iam e vinham.
Tudo isso acabou. Perdido.
“Por que você me trouxe de volta aqui?” Sage perguntou, a dor tornando sua voz cruel. Ela
cruzou os braços sobre o peito, esperançosamente com força suficiente para evitar que se
despedaçasse.
Phil apertou os lá bios e se virou. Ela ficou quieta por muito tempo, a longa linha de costas
voltada para Sage, o vestido escuro flutuando em volta do corpo por causa do vento
insistente. E entã o. "Eu te amo."
“Você nã o acha que eu sei disso?” Sage teve vontade de gritar e mal se conteve. “Isso é o que
torna tudo pior.”
Phil finalmente se virou e Sage pô de ver as lá grimas brilhando como diamantes cativos nos
cantos dos olhos. “Nã o estou fazendo isso para machucar você, Sage.”
“Você poderia ter me enganado.”
“Você acha que eu quero lidar com essa merda?” Phil parecia atordoado, magoado. A
quilô metros de distâ ncia da mulher confiante e zombeteira que deixou Sage louca no jantar
com os pais. Ela afastou a espessa nuvem de cabelo do rosto, as mã os tremendo
visivelmente ao luar. “Tudo o que eu pensava que era, tudo em torno do qual construí
minha identidade é… é diferente agora. Sinto-me completamente perdido.” A
vulnerabilidade pairava sobre ela como bandagens rasgadas e ensanguentadas, e Sage
precisou de tudo para nã o cruzar o espaço entre eles e puxar Phil para seus braços.
“Como você acha que eu me sinto?” Sá bio exigiu.
Phil parou de repente. “Isso nã o é sobre você.”
“Você está certo”, disse Sage. “Isso é sobre nós e por que você quer acabar com o que
temos.”
Durante anos, ela pensou que seus pais a rejeitariam assim que soubessem quem ela
amava. Por causa disso, Phil e os amigos eram tudo o que Sage tinha. Agora, com uma ú nica
confissã o de Phil, ela perdeu metade dos alicerces de sua vida.
“Você é tã o egoísta...” Phil pressionou os dedos nas têmporas, sua frustraçã o ó bvia. “Mas
tudo bem. Podemos fazer isso do jeito que você quiser. Você nã o quer se casar comigo
agora. Você nã o quer que eu saia com seus pais. Merda, você nem quer mais que eu more
em nossa casa.” Phil cuspiu uma maldiçã o e caminhou em direçã o à beira da á gua,
ignorando as ondas que deslizavam sobre seus pés. "Você está com medo!"
"Você quer dizer o meu medo de que você me deixe pelo primeiro pau duro que aparecer?"
Dizer essas palavras realmente a deixou um pouco enjoada. Ela se contorceu para longe da
agonia no rosto de Phil, sentindo como se fosse um reflexo do seu pró prio rosto.
Quando ela se voltou para Phil, a mulher que um dia amou estava olhando para ela com
uma expressã o estranha e ilegível. Sage se contorceu. Normalmente, ela nã o precisava
adivinhar o que Phil estava pensando.
— Tudo bem — disse Phil depois de um momento tenso, com a boca estreitada e a maior
parte do batom sumido. “Vamos parar por um segundo e nos reagrupar.”
Phil recuou e o vento acariciou seu cabelo e seu vestido, agitando-os em torno de seu corpo
esguio e gracioso. Um suspiro passou por seus lá bios e ela se afastou de Sage para
vasculhar a fenda nas rochas onde guardavam um cobertor e outros itens essenciais.
“Ok...” Com os braços ainda cruzados, Sage recuou e observou Phil estender o cobertor
enorme na areia e sentar-se de pernas cruzadas. Tudo em silêncio. Sage sentou-se na ponta
do cobertor. Nã o era como se ela fosse ofender ninguém além de si mesma ao se levantar e
observar Phil rolar no cobertor que tinha sido idéia dela esconder ali.
Phil respirou fundo. “Sage, você e eu estamos reagindo desde aquela noite na estreia. Você
teve um choque, eu entendo. Mas estamos juntos há doze anos. Nã o podemos jogar isso
fora.” Phil respirou fundo como se estivesse se preparando para mergulhar de um
penhasco. “Quero que resolvamos isso.”
A respiraçã o de Sage engatou. Ela desejou que fosse tã o simples, mas nã o era. Ela nã o
poderia estar com Phil se Phil quisesse transar com homens. Sem chance. “Nã o”, ela disse.
“Nã o há nada para resolver.”
Entre o som das ondas e a brisa batendo nas rochas, ela ouviu a inspiraçã o rá pida de Phil.
Ela fechou os olhos com força, incapaz de olhar para seu ex-amante. Ela nã o era bifó bica ou
como Nuria queria chamar. Ela simplesmente sabia o que queria.
“Diga-me”, disse Phil. “Diga-me exatamente o que você quer dizer para que nã o haja mal-
entendidos.”
Mesmo de tã o longe, Sage sentiu o tremor no corpo de Phil, mas com a inclinaçã o da cabeça,
o chicote do vento que arrastou as nuvens escuras de seu cabelo sobre seu rosto, ela nã o
conseguia ver sua expressã o.
“Diga-me”, ela disse novamente.
“Eu quero estar com você”, disse Sage, o resto do que ela tinha a dizer permanecendo
amargo e errado em sua língua como uma confissã o suja. “Mas eu nã o quero ficar com você
bissexual .”
Embora a expressã o de Phil nã o tenha mudado, suas pernas estremeceram repentinamente
em cima do cobertor, os pés descalços cavando na areia. Manchas de areia branca sujavam
a pele lisa e escura. Ela parecia uma marionete com fios cortados. Seus cílios tremularam
descontroladamente.
"E é isso?" Sua voz era apenas um sussurro. “Nã o há mais nada que eu possa dizer para
fazer você mudar de ideia?”
O coraçã o de Sage deu um salto no peito. "Nã o."
“Deus, Sá bio!” Phil engasgou, e o som foi como dor. “Depois de tudo que passamos juntos?
Depois de todos os anos que nos amamos e duramos... através de tudo?
“Isso é diferente e você sabe disso.” Elas eram lésbicas juntas, o mundo delas era um
mundo de mulheres. Quando brincavam juntos, só brincavam com mulheres. Mudar isso foi
como transformar seu sangue em vinagre. Isso machuca. Destruiu tudo.
“Mas e isso?” Dedos frios enrolaram-se na nuca de Sage, num equilíbrio entre
possessividade e ternura com que Phil sempre a abraçou. E Deus, doeu. “E a maneira como
eu faço você se sentir?” Os dedos deslizaram mais alto em seu cabelo, passando por seu
couro cabeludo. Sá bio estremeceu. Pele arrepiada, mamilos endurecidos sob a camisa fina.
“Isso nã o significa porra nenhuma”, disse Sage, lutando contra a excitaçã o que passava
como uma língua quente entre suas pernas.
"Mentiroso." Phil a beijou.
A pressã o de sua boca era familiar e imediatamente terna. Se ela tivesse tentado ser rude,
Sage teria se afastado com algum insulto na língua. Mas era como se eles estivessem
sempre um com o outro. Uma leve pressã o de lá bios macios, um há lito quente soprando em
seu rosto, dedos em concha em suas bochechas e seus corpos se aproximando
inevitavelmente.
Nã o... Isso nã o estava certo. Nã o era isso que ela queria.
Mas os beijos continuaram. Um toque delicado em um canto de sua boca, depois no outro,
arrepios de calor saindo daquele ponto suave de contato e irradiando por toda ela.
Esta era Phillida. O amor dela. Amante dela.
O primeiro a tocar seu coraçã o. O ú ltimo.
Phil se afastou e seus olhos eram um universo de dor, escuro com pontos de luz vastos
demais para serem meras estrelas. “Ninguém mais pode fazer você se sentir como eu”,
murmurou Phil. "Ninguém." Seus seios quentes e firmes pressionaram Sage. O cobertor se
moveu sob eles e foi como se o mundo deles estivesse se movendo, desmoronando e
desmoronando. Sage agarrou-se a ele.
"Nã o!" Ela abriu a boca e devorou o que nã o queria perder. Seus dentes estalaram, lá bios
machucados enquanto Sage aprofundava e tornava o beijo á spero.
O há lito quente pairou sobre seu queixo enquanto ela se afastava desta vez, tateando a gola
do vestido de Phil em busca do fecho ao mesmo tempo em que Phil puxava sua camisa para
cima e para fora. Suas calças desabotoadas, abertas, uma mã o mergulhou em sua calcinha.
Um polegar conhecedor sacudiu seu clitó ris, os dedos mergulharam em sua boceta
encharcada.
Os dedos de Sage procuraram o zíper e ainda nã o encontraram nada. Frustrada, ela
finalmente rasgou o vestido, o tecido caro rasgou, dando-lhe a visã o dos seios arfantes de
Phil no sutiã preto. Ela arrancou isso também e prendeu a língua em um seio quente e
arfante.
Oh Deus…
Sage mordeu o pescoço, agarrou seus braços com mais força, dominada pelo desespero.
Sentimentos desconhecidos e desconfortá veis trovejaram através dela, alimentando esse
desespero. Se esse estranho veneno fosse tudo o que tinham entre eles agora, depois de
doze anos de amor indomá vel e incondicional, ela beberia cada gota.
O sabor dela era familiar, a loçã o levemente amarga em sua pele que também tinha um
cheiro doce. Essa doçura amarga combinou-se para confundir os sentidos de Sage, mas
outro cheiro forte, de medo e desesperança, atingiu Sage no coraçã o. Mas ela bebeu isso
também, abriu as pernas para a foda líquida dos dedos de Phil dentro dela, ao mesmo
tempo em que os mamilos de Phil pressionavam com força contra sua língua, ficando mais
firmes com cada sucçã o decadente e respiraçã o quente e ofegante.
"Por favor…"
Um deles estava chorando agora, e Sage percebeu, com um aperto nauseante no estô mago,
que era ela. “Phil, nã o faça isso!” Ela chupou o mamilo de Phil em sua boca junto com o sal
de suas pró prias lá grimas. Ela chupou e implorou, lambeu e implorou, raspou os dentes na
ponta grossa e á spera de um mamilo e implorou um pouco mais, embora nã o soubesse o
que estava implorando.
A sensaçã o percorreu seu corpo. Prazer, dor, arrependimento e a onda de um orgasmo
devastador causado pelo impulso e torçã o implacá veis dos dedos de Phil, pelo toque de
beija-flor de seu polegar no clitó ris de Sage.
Ela jogou a cabeça para trá s e gritou de prazer.
Esta foi a ú ltima vez. O conhecimento trovejou através dela. Bati nela. Se fosse isso, e tinha
que ser, entã o Sage precisava de mais.
Ela se arrastou pelo cobertor, o tecido do vestido de Phil se arrepiou na areia, o som de
seus soluços á speros balançando entre eles. Grã os de areia das pernas de Phil debaixo de
sua língua, o cheiro argiloso da boceta de Phil, molhada e mais inebriante que o mar,
chamando sua boca. Sua língua gotejava com o desejo de provar uma ú ltima vez, seus dedos
enrolados firmemente na pele macia.
"Sá bio!" Seu amor gritou quando a boca de Sage agarrou seu clitó ris duro e escorregadio. O
cheiro e o sabor almiscarados, o sal de sua luxú ria. "Eu te amo!" Ofegante, Phil pressionou
sua boceta pingando na boca de Sage, sua voz era um apelo desesperado. "Querido, nã o...
nã o nos deixe para trá s."
O vento rasgou suas roupas. A á gua espirrou sobre suas pernas, encharcando o cobertor.
Sucos familiares escorriam pelo queixo de Sage. Pela ú ltima vez.
Ela soluçou e deslizou dois dedos para acariciar aquele local que fez Phil gritar, beliscando
os mamilos no ritmo do movimento de sua língua no clitó ris de Phil, Phil gritou, chorou,
implorou. Isso quase quebrou Sage, mas ela nã o conseguiu parar o curso que Phil havia
começado na estreia do filme. Ela nã o podia. Gemendo, ela colocou a mã o sobre a boca de
Phil, abafando suas palavras. Ela nã o parou os dedos ou a língua.
Isso parecia cru e desesperador de uma forma que nã o acontecia entre eles há meses.
Phil moveu-se sob ela, agitado e frenético em sua busca pelo orgasmo. Pela liberdade de
gritar o que ela quisesse. Mesmo com a boca presa à boceta de Phil e os olhos fechados para
afastar a dor no rosto de seu amante, ela sentiu o movimento frenético da cabeça de Phil,
sua cabeça balançando para frente e para trá s no cobertor tentando tirar a mã o de Sage de
sua boca.
"Oh Deus…"
E Sage sentiu gosto de sal e umidade, percebendo que eram suas lá grimas, nã o apenas o
desejo e o desespero de Phil. A mã o dela sobre a boca de Phil escorregou e os sons ficaram
altos novamente. Os dedos mergulharam em sua boca molhada e ofegante. Há lito quente
soprando contra seus dedos, os gritos que eram em parte de dor, em parte de prazer, todos
de desespero.
Phil mordeu os dedos e os dois uivaram.
Segundos se passaram. Minutos.
Sage piscou para tirar o suor dos olhos e olhou para as estrelas. Suas calças caíam até a
metade das coxas junto com a calcinha. As batidas cada vez menores de seu orgasmo
latejavam fracamente entre suas pernas.
Ao lado dela, Phil estava deitado de lado, de costas para ela, as coxas ainda bem abertas, o
vestido puxado até a cintura. Sua corrente de platina na barriga brilhava ao luar. O som de
sua respiraçã o ofegante era alto, mesmo com a rajada do vento. A á gua escorregou pelos
pés descalços de Sage, encharcando a bainha da calça, mas esse fato parecia muito distante
para ter importâ ncia.
"Eu quero ir para casa." Phil nã o se virou.
Sua voz estava vazia, sem emoçã o, mas nã o poderia estar mais cheia de dor se ela tivesse
gritado. No entanto, a maior tristeza de tudo isso era que ambos sabiam que a casa que ela
queria, a casa que partilharam durante tanto tempo e tã o bem, já nã o existia.
Sage cerrou os dentes com força, mas o gemido de dor escapou dela mesmo assim. A luz das
estrelas e da lua queimavam no céu. Brilhante tã o longe da cidade. Eles compartilharam
essa opiniã o milhares de vezes ao longo dos anos, uma visã o da qual ela nunca se cansava.
Mas Sage nã o queria participar disso agora. Respirando através de outra flecha de dor, ela
lambeu os lá bios, ainda molhados pelo prazer de Phil.
Ela enterrou o rosto nos braços, a tristeza correndo sobre ela como uma maré. “Podemos ir
agora?”
"OK."
Mas nenhum deles se levantou.
Poderia ter passado uma hora, dez minutos ou uma vida inteira antes que Phil se mudasse.
Mantendo o rosto abaixado, ela se levantou e puxou o vestido para baixo, arrumando o
cabelo com os dedos. Suas costas estavam retas enquanto ela olhava para o oceano,
evitando o tempo todo olhar para Sage.
Sage queria tocá -la, acariciar aquelas costas e dar a ambos algum tipo de conforto. Mas eles
já haviam superado isso. Ela tropeçou e arrumou suas pró prias roupas antes de pegar o
cobertor e enfiá -lo de volta no baú à prova d'á gua.
Eles nã o precisariam mais disso.
Eles nã o precisariam mais de sua gruta.
Outra onda de tristeza quase a derrubou onde estava.
Phil engoliu em seco. "Estou pronto."
Com Sage dirigindo, eles deixaram a gruta juntos, mas assim que chegaram à civilizaçã o, um
trecho de estrada com pequenas lojas e prédios de altura média nas bordas, Phil pediu para
sair.
Sua exigência tirou Sage de seus pensamentos circulares. "Por que? O que você está
fazendo?"
“Isso nã o é mais algo com que você precisa se preocupar, nã o é?” Ela fechou a porta com
cuidado, com os sapatos nos pés e a bolsa debaixo do braço.
Sage abaixou a janela para olhar para Phil. Por que ela estava tornando isso mais difícil do
que precisava ser? “Está escuro aqui. Nã o é seguro."
“A segurança é relativa.” Ela já estava digitando em seu telefone. “Estou ligando para um
Uber. Você pode ir para casa com a consciência tranquila. Entã o ela mostrou a tela do
telefone que mostrava um carro a poucos minutos de distâ ncia.
Mas Sage nunca abandonou ninguém, independentemente das circunstâ ncias. A ironia
desse pensamento nã o passou despercebida para ela, mesmo enquanto tentava se
convencer de que nã o estava fazendo nada de errado. Ela apertou a mã o na alavanca de
câ mbio, observando Phil se afastar do carro e avançar na calçada, os calcanhares batendo
firmemente contra o cimento.
O Uber veio rapidamente. Só depois que as luzes traseiras do Nissan verde-escuro
desapareceram na rua e viraram a esquina é que Sage estacionou a caminhonete de volta
no trâ nsito e se dirigiu para a casa que nã o parecia mais um lar.
Foi a viagem mais longa de sua vida.
CAPÍTULO QUINZE
A idade estava esgotada. Ela empurrou a porta da casa e se encolheu diante dos cheiros
familiares do lugar: o ó leo com aroma de baunilha que Phil queimava em todos os cô modos,
leves traços de seu perfume com aroma de peô nia, notas do chá de limã o que Phil bebia
todas as manhã s.
Suas chaves chacoalharam na cerâ mica quando ela as deixou cair na tigela perto da porta.
Passos pesados a levaram para dentro da casa, através do amplo corredor e da sala de
estar. Ela parou.
Sua mã e e a Srta. Opal estavam sentadas juntas no sofá enquanto a TV passava algum tipo
de game show, mas nã o estavam prestando atençã o ao apresentador desdentado na tela.
Em vez disso, sentaram-se juntos, quase pressionados joelho contra joelho, conversando.
Eles ficaram em silêncio quando Sage entrou na sala.
“Tem certeza de que está bem?” a voz de seu pai veio da cozinha.
O estô mago de Sage embrulhou quando Phil respondeu suavemente. “Nã o, mas
eventualmente estarei.”
Sage nã o conseguiu vê-los, mas percebeu que a mã e e a Srta. Opal olharam brevemente
naquela direçã o.
"Amor de Bebê." A senhorita Opal avaliou Sage com olhar astuto. "O que aconteceu?"
Merda. Sua boca ainda estava sangrando? Ela passou a língua no local dolorido onde Phil a
havia mordido, depois corou quando dois pares de olhos seguiram o movimento. O olhar de
desaprovaçã o que nunca desapareceu do rosto da mã e tornou-se mais intenso. Com o peso
da senhorita Opal e os olhares de sua mã e, ela sentiu cada pedaço de areia grudado em sua
pele desde o tempo que passou na gruta com Phil. A bainha de suas calças se arrastava pela
á gua do mar e ela tinha certeza de que manchas de areia clara se destacavam contra o preto
de sua camisa amassada e para fora da calça. Basicamente, ela parecia exatamente com o
que estava fazendo – fodendo na praia.
“Nã o aconteceu nada de especial, senhorita Opal”, ela disse em negaçã o automá tica.
"Eu posso dizer que você está mentindo." O pai dela apareceu da cozinha com uma xícara
de chá na mã o. Ele passou por Sage e apertou seu ombro, com os olhos cheios de pena.
Por que?
Os saltos altos no azulejo interromperam o início de mais uma mentira. Phil veio da cozinha
com uma caneca grande onde ela normalmente bebia camomila na hora de dormir. Ela
parecia tã o rude quanto Sage. Seu vestido escuro com pedaços de areia grudados nele. O
cabelo dela estava mais desgrenhado do que quando eles deixaram os pais de Sage mais
cedo naquele dia. Grã os de areia fina brilhando contra sua pele.
Nã o foi preciso ser Sherlock Holmes para descobrir que eles estiveram juntos. E que o que
quer que tenha acontecido entre eles nã o foi bom. Seus olhos passaram por Sage e ela
andou pela sala, abrindo um caminho ó bvio para evitá -la.
“Você pode mentir mais para eles se quiser, mas vou para a cama.” Phil jogou as palavras
por cima do ombro e desapareceu pelo corredor em direçã o ao quarto. A porta bateu.
"O que está acontecendo?"
Sage balançou a cabeça, um movimento rá pido e brusco que a deixou tonta. Ela nã o sabia o
que dizer a eles, já que a verdade estava obviamente fora de questã o. “Estou cansada”, ela
disse esfregando a mã o no rosto. “Estou indo para a cama também.”
"Sá bio-"
“Deixe-a ir, Vivi. Acho que nossa garota tem algumas coisas para resolver.
As palavras de seu pai a seguiram pelo corredor até o ú nico quarto de hó spedes vazio. Lá ,
ela se despiu e subiu na cama desconhecida, com os dentes sujos e tudo. Sage estava
deitada sob o ar-condicionado, seus pensamentos girando em todas as direçõ es.
Anos atrá s, era bastante simples. Nã o sã o permitidos bissexuais. Pelo menos nã o na cama
dela.
Até onde ela sabia, essa política nunca incomodou nenhum de seus amigos e ela nunca teve
que verificar sua atitude em relaçã o aos bissexuais. Mas entã o, Dez ficou com seu namorado
da faculdade. Rémi se apaixonou e conseguiu seduzir a hetero Claudia. E Nuria continuou
fodendo quem ela queria: homens, mulheres e todos os demais.
Durante tudo isso, Phil foi uma constante. E agora ela se foi.
Suspirando, Sage rolou e estremeceu. As marcas de mordida de Phil. Eles queimaram a pele
acima das costelas. Macio e latejante.
A memó ria recente a inundou. Ela e Phil na areia, ofegantes e desesperados. O cobertor
deles foi arrastado até a metade debaixo deles e quase nenhuma proteçã o contra a areia
á spera e os pedaços de conchas cravados em sua carne. O cheiro quente do sexo deles
subindo como fumaça ao redor deles. Os gritos desesperados e soluçantes que ambos
fizeram.
Seria assim que as coisas terminariam entre eles? Em uma memó ria de dor e sexo. Marcas
de dentes e uma sensaçã o de lar destruída.
Esta é sua escolha.
Uma voz que parecia suspeitamente com a de Rémi zombou dela.
Nã o, esta foi a escolha de Phillida. Ela quebrou o acordo. Ela mudou os termos do
relacionamento deles.
Outra respiraçã o dolorosa sibilou entre os dentes de Sage quando ela rolou para o lado
oposto da cama. O sono parecia ainda mais distante do que nunca. A bateria do telefone
estava quase descarregada, mas tinha energia suficiente para lhe dizer que já passava das
cinco da manhã .
Foda-se.
Ela se levantou, vestiu um roupã o e caminhou silenciosamente em direçã o à cozinha.
Depois de uma xícara de chá de menta, ela se sentou no balcã o do café da manhã olhando
pelas amplas janelas. A escuridã o cobriu quase tudo. Mas ela conseguia distinguir os
contornos dos arbustos altos que protegiam o quintal dos olhares indiscretos dos vizinhos.
Anos atrá s, eles se mudaram do que carinhosamente chamavam de “casa de merda” para
esta parte mais tranquila de Miami. Embora ela e Phil nã o tivessem conversado
explicitamente sobre isso, eles estavam se preparando para outra fase de suas vidas. Rémi
tinha Clá udia. Dez e Victoria eram casados em silêncio e pensavam em ter um filho. E
através das conversas que tiveram, ela e Phil perceberam que queriam um pedaço daquela
domesticidade tranquila para si também.
Mas nã o muito quieto, e nã o tã o cedo.
Entã o, eles compraram a casa, diminuíram o ritmo das festas, desistiram das drogas que
antes pareciam tã o necessá rias e agora pareciam demais. Agora, Sage estava prestes a ficar
preso sozinho em uma casa sem futuro.
"É muita respiraçã o pesada que você está sentindo."
Ela quase pulou fora de si. "Merda!"
Com uma risada divertida, a Srta. Opal arrastou-se em sua direçã o no escuro, os chinelos
batendo no chã o. Um clique no interruptor da luz iluminou a cozinha cromada e de
má rmore e Sage estremeceu com a claridade repentina.
“Apenas a quantidade normal de respiraçã o pesada”, disse Sage assim que recuperou a
respiraçã o sob controle.
“Ah, hum.”
A senhorita Opal contornou lentamente a extremidade mais comprida da bancada do café
da manhã e foi até o fogã o, onde acendeu uma chama azul sob o bule de chá . Ela usava um
roupã o grosso puxado até o pescoço, os punhos muito longos dobrados sobre os pulsos. O
ar condicionado sempre a deixava com frio.
A porta da despensa se abriu com um movimento do pulso e ela vasculhou o interior, logo
emergindo com um punhado de bananas verdes e o recipiente de farinha. Ela se acomodou
na pia com as bananas e um ralador.
“Entã o, você vai me dizer o que há de errado?” ela perguntou. Quando Sage abriu a boca, a
senhorita Opal rapidamente a interrompeu. “Nã o me diga que nã o é nada. “Um cego pode
ver que você e Phillida tiveram uma grande discussã o.” Ela abriu a torneira da tigela de
bananas e começou a descascar as bananas com uma faca. "O que você fez?"
Sage mexeu-se desconfortavelmente no banco alto. “Por que você acha que eu fiz alguma
coisa?”
"Porque você parece culpado."
Mas Sage nã o se sentiu culpado. Nada disso foi culpa dela.
"Nã o é grande coisa." Sage forçou as palavras a passarem pela garganta seca. “Nã o é como...
como...”
“Nã o é como se você a amasse? Era essa a mentira que você ia me contar?
Sage tossiu chá por todo o balcã o de má rmore salpicado de café da manhã . "Nã o!" Ela tossiu
novamente, com a garganta queimando.
A senhorita Opal estava de costas para Sage, mas parecia que a mulher a prendeu com seu
olhar que tudo vê, como quando ela era criança.
“Eu... eu... Ah, merda.” Sage tropeçou em todas as mentiras possíveis para negar o que a
senhorita Opal estava dizendo. Mas de repente ela estava tã o cansada. Seus cotovelos
bateram na superfície dura do bar. Ela deixou cair o rosto entre as mã os enquanto o mundo
como ela conhecia mudava sob seus pés.
“Está tudo bem, querido. Eu te amo. Sua mamã e, seu papai e eu só queremos o melhor para
você, para que você seja feliz.”
O estô mago de Sage subiu até a garganta como se ela estivesse no topo de uma montanha-
russa prestes a cair. Sua cabeça girou e pressionou os dedos com força no rosto.
Finalmente, ela levantou a cabeça. “Quando vocês souberam?”
Apenas os sons da senhorita Opal chacoalhando pela cozinha quebraram o silêncio. Uma
faca caindo na pia. Uma tigela de metal encostada na bancada.
"Anos. Desde o início, talvez. Está vamos esperando que você nos contasse, mas você nunca
o fez.
As bochechas de Sage se arrepiaram de vergonha. Ela queria enterrar o rosto nas mã os
novamente, mas já tinha se escondido o suficiente na areia. Ela manteve os olhos nas costas
da Srta. Opal, no movimento de seu corpo franzino enquanto ela ralava as bananas com a
mã o, em vez de usar o processador de alimentos que Sage lhe mostrara como usar alguns
dias antes. O som constante de um pedaço de banana verde deslizando contra o ralador de
metal encheu a cozinha.
Eles sabiam sobre ela.
Eles sabiam.
“Mas em vez de nos contar, você simplesmente se afastou”, continuou a senhorita Opal. “É …
nó s nã o esperá vamos isso. Antes que percebêssemos, você já era adulto e estava tã o
distante. Você estava perdido para nó s.
Se a senhorita Opal estava dizendo a verdade, Sage havia se perdido. Ela presumiu que seus
pais eram como os jamaicanos de quem ela ouvia falar nos noticiá rios, em lanchonetes e
cadeiras de barbeiro em Fort Lauderdale. Em vez de esperar que eles a rejeitassem, ela os
tratou como estranhos.
Idiota. Por ter sido a mais estú pida do quintal, ela perdeu algo que poderia ter sido dela e
agora pertencia a Errol.
“Mas você nunca disse nada”, protestou ela, apesar de saber o quanto era difícil para eles
conversar sobre coisas importantes. Como sentimentos, e assumir-se, e qualquer outra
coisa que tivesse a possibilidade de alguém desatar a chorar feio.
“Eu sei”, disse a Srta. Opal. “E eu me arrependo. Eu estava dizendo à sua mã e que talvez
agora pudéssemos consertar as coisas. Mas... — Ela se virou, a tristeza encharcada nas
rugas que cercavam seus profundos olhos de carvalho. “… você parece tã o infeliz agora. E
nã o acho que seja por nossa causa.”
Sentimentos pegajosos e sujos rolavam no peito de Sage. Com os lá bios pressionados, o
coraçã o apertado, ela desejou poder desaparecer por alguns minutos. Horas. Dias. O
sussurro de passos se aproximando levantou sua cabeça.
O pai dela estava na porta, o roupã o aberto sobre o pijama. “Eu também quero entrar nessa
conversa.”
Ele foi até a cozinha, puxou uma caneca do armá rio e preparou uma xícara de chá de erva
febril. Assim que terminou, ele se sentou ao lado de Sage no balcã o do café da manhã e
sentou-se com a caneca de chá entre as mã os. Ele lançou a Sage seu olhar de “espera”.
Desconforto e medo cutucaram o pouco de chá que Sage já tinha em seu estô mago,
ameaçando trazê-lo de volta. Ela engoliu em seco e se forçou a tomar outro gole. Estava frio
e sem gosto. Sua língua, seca e pesada em sua boca, ainda estava grata pela umidade. “Eu...”
E isso foi o má ximo que ela conseguiu. O que ela poderia dizer que faria sentido para eles?
“Apenas nos conte o que aconteceu.” Pela primeira vez em muito tempo, seu pai pareceu lê-
la com bastante facilidade. Ela estava tã o transparente ultimamente?
Mais silêncio. Seu pai e a Srta. Opal esperaram pacientemente antes que ela finalmente
abrisse a boca e deixasse escapar o que quer que estivesse esperando ali.
“Phil... ela...” Talvez nã o houvesse muita coisa esperando lá , afinal. “Quando ela e eu ficamos
juntos, ambos gostá vamos das mesmas coisas. Só mulheres." Ela engoliu em seco. Parecia
tã o trivial quando ela realmente estava dizendo isso. “E agora, ela... expandiu seus
interesses. Ela mudou. Ela nã o é a pessoa por quem eu me apaixonei... — ela tropeçou nas
palavras. "-apaixonou por."
Ela lançou um olhar para seu pai para ver como ele estava recebendo a revelaçã o. Sim, a
senhorita Opal disse que ele sabia, mas foi uma grande coisa para ela deixar escapar assim.
Seu estô mago se apertou. Mas ele nã o reagiu além de continuar observando, parecendo
esperar pelo resto do que ela tinha a dizer. “As coisas estã o muito diferentes agora”, ela
concluiu.
O pai dela passou a caneca de uma mã o para a outra, mas nã o bebeu. "Você terminou com
Phillida?"
Senhorita Opal virou-se para olhar para ela. E Sage só conseguiu olhar da Srta. Opal para o
pai, outra vez com a língua presa. Eles nã o apenas esperavam que ela fosse uma grande
sapatã o, mas também sabiam que ela e Phil estavam — ou estiveram — juntos?
“Eu… nã o estamos mais juntos.”
“Porque ela gosta de homens e mulheres e você nã o esperava isso?” Isto veio da Srta. Opal.
“Nã o é tã o simples assim”, disse Sage, odiando parecer tã o defensiva.
“Entã o me diga de uma forma que eu possa entender, porque estou me sentindo um pouco
confuso aqui.” Seu pai falou suave e baixo. Na verdade, ele parecia confuso.
Sage tentou novamente. “Temos uma espécie de relacionamento nã o tradicional. Nó s nã o
apenas... saímos um com o outro.
Seu pai fez um barulho. “Eu juro, vocês, jovens, acham que inventaram tudo. Pessoas
casadas estã o balançando desde o início do casamento”, disse ele. “Nã o faz muito tempo,
sua mã e e eu...”
"Nã o nã o nã o!" Sage levou a mã o aos ouvidos. “Eu definitivamente nã o quero ouvir isso.”
Nã o sobre seus pais transando com outras pessoas quando ela mal conseguia encarar a
realidade deles transando um com o outro.
“Você nã o é muito tolerante, nã o é?” A decepçã o marcou o tom da Srta. Opal.
Ao lado dela, seu pai assentiu. “Tanto que você está fazendo com Phillida a mesma coisa
que esperava que fizéssemos com você.”
Sage engasgou. Parecia que um peso de mil quilos caiu sobre seu peito. "O que? Nã o!"
“Entã o o que é isso, Sage?” A senhorita Opal a chamou pelo nome verdadeiro e ela piscou
em reaçã o de espanto.
Ela não estava sendo intolerante. “Você nã o entende”, disse ela, mas a luta a derrubou com
as palavras da Srta. Opal.
“Talvez seja você quem nã o entende, filha.” O pai dela finalmente tomou um gole de chá e
depois franziu a testa, o sabor aparentemente nã o era o que ele esperava. Ele
provavelmente esqueceu de colocar mel nele. “Quando você ama alguém, você
simplesmente ama essa pessoa. Você nã o tira esse amor porque eles deixam de ser o que
você espera. Estar em um relacionamento é ficar com sua esposa nos momentos bons e
ruins, na fome e na festa. Você nã o pode escolher o que vai fazer por perto.”
Ele nã o entendeu. Como ele poderia, se ele tinha sido o cadela de sua esposa enquanto Sage
estava prestando atençã o em como eles eram um com o outro? Se de repente ele ganhasse
coragem, sua esposa provavelmente nã o o reconheceria.
“Papai, eu nã o...”
"O que você está fazendo acordado tã o cedo?" A mã e de Sage entrou na cozinha arrastando
os pés com chinelos nos azulejos.
Sá bio gemeu. Ela também nã o.
“Estamos falando sobre Sage estar com medo”, interrompeu o pai.
Sua mã e parecia com os olhos turvos, mas estava acordada o suficiente para nã o esbarrar
nas coisas. "Ela já está pronta para nos contar a coisa?"
Ela repetiu as açõ es do marido minutos antes, mas levou consigo o recipiente de açú car
mascavo quando se sentou na ilha da cozinha, deixando vazio apenas o banco na frente de
Sage. Essa foi a ú nica razã o pela qual Sage viu o sorriso no rosto da Srta. Opal, uma espécie
de “eu avisei”, enquanto ela mexia a panela que borbulhava no fogã o.
Lentamente, a cozinha foi se enchendo do cheiro quente do mingau de banana. A boca de
Sage se abriu e nã o era porque ela estava com fome do que a Srta. Opal estava cozinhando.
“Ela me contou”, disse a Srta. Opal. Por que ela tinha que parecer tã o satisfeita consigo
mesma?
“Sage escorregou e me contou também, depois passamos a conversar sobre outras coisas”,
disse o pai.
"Como…?"
“Como Phillida”, disse a senhorita Opal.
O rosto de sua mã e se contraiu e ela olhou para sua caneca de chá .
Sage atribuiu sua exaustã o ao motivo pelo qual de repente ela nã o conseguia mais segurar a
língua. “Por que você nã o gosta de Phil?” ela perguntou.
“Eu nã o desgosto dela—”
“Perdoe minha linguagem, mamã e, mas isso é besteira.” Droga, ela deve estar muito
cansada para dizer isso em voz alta.
“Cuidado. Ela ainda é sua mã e e merece respeito.” O pai dela nã o bateu nela, mas a
expressã o em seu rosto dizia que ele queria.
Sá bio se encolheu. "Desculpe."
“Como eu estava dizendo, nã o é que eu nã o goste dela,” sua mã e continuou como se nã o
tivesse sido interrompida. “Ela simplesmente nã o é boa o suficiente para você.”
Não esta bom o suficiente?
"O que? Ela é a melhor mulher do mundo. Ninguém poderia pedir um amigo ou amante
melhor.” Que tipo de mulher sua mã e pensava que Phil era? Sage nã o perdeu os olhares que
a senhorita Opal e seu pai trocaram, mas estava irritada demais para questioná -los.
“Que tipo de mulher permite que sua esposa ou algo assim a expulse toda vez que os sogros
aparecem?” Sua mã e franziu a testa para Sage enquanto tomava sua xícara de chá
fumegante. “Phillida é fraca .” Ela soltou a ú ltima palavra como se fosse o pior pecado
possível. “Você precisa de alguém forte que possa enfrentá -lo e que você possa defender.” A
caneca de chá nunca saiu das mã os da mã e. Ela fez uma pausa entre cada frase, apenas o
tempo suficiente para tomar um gole gigante de chá . “De jeito nenhum eu permitiria que a
desaprovaçã o dos pais do meu marido virasse minha casa de cabeça para baixo. Nunca."
Pela segunda vez naquela manhã , Sage ficou boquiaberto. O pai dela assentiu enquanto a
esposa falava, os olhos movendo-se entre ela e Sage enquanto a Srta. Opal permanecia na
cozinha, ocupada, mas obviamente prestando atençã o.
— Mas você nunca... Você... — Sage balbuciou, tentando dizer pelo menos uma das dezenas
de coisas que se acumulavam no fundo de sua garganta, ansiosa para falar. “Você agiu como
se odiasse o fato de eu ser lésbica e culpou Phil por me tornar gay.”
“Você assumiu tudo isso sozinho, Sage. Você era gay ou algo assim muito antes de conhecer
Phil. Seu pai e eu sabemos disso. Senhorita Opala também. Sua mã e fez uma pausa e olhou
para a cozinha para encontrar o olhar da Srta. Opal. Ela pareceu receber algum tipo de força
da outra mulher porque se virou para Sage com um pouco menos de tensã o no rosto. “Você
já pensou em conversar conosco sobre alguma dessas coisas antes de nos excluir da sua
vida?
Com a ú ltima palavra, sua mã e parecia à beira das lá grimas, e isso destruiu Sage.
Isso foi tudo culpa dela. A vida que ela viveu separada dos pais. A tristeza de Phil. A tensã o
em sua casa agora. Ela pressionou a mã o sobre o peito dolorido e desejou que tudo fosse
diferente.
Mas ela nã o podia mudar o passado. — Sinto muito — sussurrou Sage.
De repente, ela estava mais perto de hiperventilar do que nunca em sua vida.
"O que está errado?" A mã o da senhorita Opal tocou suavemente suas costas.
"Tudo." Sage soltou uma ú nica palavra.
Seu peito queimava. Ela nã o conseguia recuperar o fô lego. As besteiras que Phil teve de
suportar ao longo dos anos, tudo por nada. As vezes em que Phil teve que voltar para o
armá rio toda vez que os pais de Sage vinham visitá -lo. O comprometimento constante de
sua força apenas para fazer Sage se sentir segura no mundo estreito que ela criou para si
mesma. Sage podia contar com as duas mã os as vezes que Phil pedia que ela considerasse
assumir o compromisso de sua família e confiar que seus pais nã o a deixariam de lado.
Mas ela disse nã o. Uma e outra vez.
A senhorita Opal apareceu ao seu lado, a mã o quente no ombro de Sage, a aceitaçã o e o
aroma reconfortante de mingau de banana irradiando dela. “Nã o é tarde demais para
mudar o tipo de vida que você tem, meu coraçã o.” A mã o dela fez círculos suaves nas costas
de Sage. “Se você perceber que está vivendo sua vida da maneira errada e nã o fizer nenhum
movimento para melhorar, é aí que você está realmente – como dizem as crianças hoje em
dia – fazendo merda.”
A maldiçã o inesperada da senhorita Opal surpreendeu Sage com uma gargalhada. Quando
sua boca se abriu para permitir a risada, ela sentiu o gosto das lá grimas. E, pela primeira
vez, a possibilidade de mudança.
"Ela está certa, você sabe." A voz de seu pai era suave e cheia de simpatia. "Nã o é tã o tarde.
Nó s amamos você e estamos aqui.”
Sage nã o sabia o que dizer. Sentindo-se como uma criança chamada ao escritó rio do pai
para conversar, ela mordeu o lá bio. A dor a deixou de castigo, e ela estava mais do que grata
por isso.
“Sinto muito, papai”, ela disse e só de falar parecia que ela estava gargarejando cascalho.
Ela entã o se virou para a mã e, incapaz de continuar olhando para a tristeza em seu rosto, e
se virou. “Mamã e, me desculpe.” Sage fechou os olhos com força e quase começou a chorar
de novo. Seus ombros caíram e sua cabeça parecia pesada demais para ser levantada.
“Eu sei que você está , querido”, disse a mã e. “Nó s também somos a favor de deixar isso
durar tanto tempo.” Ela fez uma pausa. “É por isso que acho que seu pai, senhorita Opal, e
eu iremos para um hotel hoje.”
As lá grimas de Sage pararam.
O pai de Sage concordou imediatamente. "Verdadeiro. Vocês, meninas, precisam resolver as
coisas. Estarmos aqui na sua casa...
“Aquele que vocês têm juntos”, acrescentou a Srta. Opal.
“...está apenas atrapalhando a convivência de vocês.” Seu pai continuou enquanto
concordava com o que a Srta. Opal disse.
“Vocês nã o precisam sair.”
"Sim, querida." A senhorita Opal deu um ú ltimo tapinha em seu ombro antes de voltar para
o mingau.
“A formatura é daqui a alguns dias, mas você precisa de todo o tempo possível para
consertar sua casa.”
“Aproveite esta chance, Sá bio. Você nã o quer acabar vivendo com arrependimento nesta
grande e velha casa vazia.”
Todos falaram, um apó s o outro, mas as palavras pareciam vir de uma só voz. Eles estavam
unidos. Eles tinham certeza. E nã o havia nada que ela pudesse fazer sobre isso.
CAPÍTULO DEZESSEIS
Depois de tudo o que aconteceu, nã o havia como Sage não ir à formatura de Errol.
Mesmo ela nã o era tã o idiota. Ela nã o conhecia o cara, mas agora ela queria. Talvez até
precisasse. Havia uma grande chance de que se ela o conhecesse em primeiro lugar, ela
também conheceria melhor seus pais, e eles nã o teriam se tornado tã o assustadores e
monstruosos em sua mente.
Depois que seus pais a abandonaram e foram para um hotel chique na praia e Phil
desapareceu para onde quer que ela tivesse ido para escapar da tensã o na casa, Sage ligou
para Nuria para pedir conselhos sobre que tipo de presente dar a Errol.
"O que está acontecendo agora?" foi assim que Nuria atendeu o telefone.
No ú ltimo minuto, como sempre, Sage procurou em seu armá rio roupas adequadas para a
formatura, com o telefone enfiado entre a orelha e o ombro. "O que você está falando?" Ela
franziu a testa para uma camisa azul elétrica com a qual Phil sempre adorou beijá -la. — Por
que alguma coisa tem que estar acontecendo? Sage ignorou a camisa e continuou olhando.
“Hoje em dia você está cheio de drama, querido. Espero que você esteja autoconsciente o
suficiente para perceber isso.”
Sage nã o conteve o suspiro, e até ela teve que admitir que parecia dramá tico. “Vou para
uma formatura. O cara da Jamaica que meus pais têm patrocinado nos ú ltimos anos.”
“Sim, eu me lembro dele. Você nunca quis conhecê-lo porque pensou que ele iria querer
apedrejá -lo por ser gay, ou algo parecido. Certo?"
Embora Nuria obviamente nã o pudesse vê-la, Sage contorceu-se. "Sim algo assim." Ela
parou com a mã o apoiada em uma calça preta, debatendo se deveria ou nã o confessar o
nível total de sua estupidez. “Mas isso nã o é um problema agora.”
"Por que?"
Ela revirou os olhos e tirou a calça do grosso cabide de pinho. “Porque ele é tã o gay quanto
eu.”
Risadas de surpresa ecoaram pelo telefone. "realmente?"
“Sim, realmente.” Ela mal conseguiu pronunciar a palavra por causa do som da risada de
Nuria. "Sim. Ria.
"Oh meu Deus! Isso significa que você estava errado sobre eles? Ele é super gay, como arco-
íris voando de sua bunda, gay tã o difícil de perder, mais ou menos como você? Nuria
gargalhou novamente, gostando demais disso. "Ou ele é discretamente gay e você descobriu
quando o encontrou chupando o pau de um cara?"
“O que há com você e sua obsessã o por chupar pau?”
“Responda a porra da pergunta.” A risada ainda estava presente em sua voz.
“Bunda arco-íris,” Sage murmurou. Ela recuou e pegou a camisa azul.
Desta vez, Sage realmente nã o conseguiu dizer uma palavra, a risada foi muito alta e longa.
“Você é um idiota”, disse Nuria finalmente.
"Acredite em mim, eu sei."
Sua amiga ficou em silêncio por um momento. “Mas você sabe que eu entendo. É difícil
prever como os pais reagirã o quando você revelar algo sobre si mesmo que eles nã o
esperam.” Sua voz era baixa e pensativa. “Você sabe que eu entendo isso mais do que
ninguém.”
Os pais de Nuria, caramba, toda a sua família sabia que ela era bissexual. Mas eles eram em
sua maioria indiferentes a ela e à sua vida em geral, sem saber com quem ela estava
namorando, fosse homem ou mulher, por longos períodos de tempo. Nã o que Nuria tenha
namorado alguém por muito tempo, ou mesmo exclusivamente.
“Eu sei”, disse Sage, igualmente calmamente. Ela parou em frente à sapateira, a mã o
apoiada na parede do armá rio, a cabeça baixa para olhar por entre os pés descalços. Seus
dedos apertaram o telefone.
"Entã o, o que você precisa de mim, querido?"
“Venha comigo para escolher um presente de formatura para um estranho que se formou
no ensino médio.”
Nuria riu novamente, um som baixo e cheio de calor. "Eu posso fazer isso."
Ela acabou ajudando Sage a escolher um presente bonito, embrulhou-o e, como Phil nã o
estava em casa na hora de ela ir embora, apareceu como seu acompanhante na formatura
de Errol.
Quando ela chegou à formatura, Phil já estava lá .
“Bom”, disse Phil depois de um olhar longo e pensativo para a camisa azul elétrica de Sage.
“Vocês chegaram na hora certa. Eu tive que quase bater com o corpo em uma família inteira
de jogadores de rugby para manter esses assentos.” Ela moveu a bolsa e um longo lenço
pendurado em dois assentos para Nuria e Sage se sentarem.
Com a pele arrepiada ao ver o olhar de Phil, Sage sentou-se perto dos pais e da Srta. Opal.
“Ei, querido coelhinho!” Nuria praticamente sentou no colo de Phil depois de trocarem
breves beijos nos lá bios. Eles sempre se beijaram na boca, beijos breves que nunca
incomodaram Sage antes, mas a fizeram olhar para os pais e para a Srta. Opal para ver
quais eram as reaçõ es deles. Eles nã o pareciam se importar. Ou até mesmo notar.
"Qual é o plano?" — perguntou Nú ria. “Vamos cantar um grito de alegria ou apenas bater
palmas e pular como qualquer outra formatura?”
Os pais de Sage olharam para ela como se a achassem louca. Mas quando Nuria piscou o
olho à mã e de Sage — à mã e dela! —, o pai riu-se e a mã e sorriu de volta. Talvez nã o
houvesse nada com que ela se preocupar, afinal.
A formatura passou rapidamente, com Errol atravessando o palco com seus cordõ es
dourados summa cum laude. Nuria e Phil saltaram para cima e para baixo, gritando o seu
nome enquanto o pai de Sage assobiava para toda a casa. A mã e de Sage bateu palmas e
agitou uma bandeira jamaicana que tirou da bolsa no ú ltimo minuto.
“Estamos orgulhosos de você, Errol!” ela gritou.
Errol congelou no palco por um momento, os olhos arregalados enquanto procurava na
multidã o a origem dos aplausos. Quando encontrou Sage e o resto da família, seu sorriso
era de pura felicidade.
Sage ficou aliviado e inquieto. Esse era o tipo de apoio inabalá vel que ela poderia ter se
tivesse assumido o compromisso dos pais todo esse tempo? Seus olhos arderam, mas ela se
recusou a deixar cair qualquer lá grima. Este nã o era um momento para arrependimento.
Ela e o grupo foram jantar no restaurante favorito de Errol, que acabou sendo o Novlette's,
entre todos os lugares, onde a mesa deles era apenas uma entre vá rias com recém-
formados usando parte ou todo o seu traje de boné e vestido. Novlette saiu de trá s do
balcã o e trouxe para ele um pequeno bolo com o nome dele. Sage nem percebeu que eles se
conheciam.
Depois de um tempo, ficou demais e ela saiu da mesa com a pretensã o de ir ao banheiro.
Mas ela saiu para o pá tio dos fundos. A á rea estava fechada, inclinada até o cais, onde as
pessoas podiam chegar ao restaurante de barco e atracar enquanto comiam no restaurante
ou em seus barcos.
"Você está bem, querido?"
Ela nã o ficou surpresa que fosse a senhorita Opal, aproximando-se dela como sempre. Sage
nã o respondeu à pergunta imediatamente.
"Por que ele?" ela finalmente perguntou, respondendo e nã o respondendo.
A senhorita Opal colocou os braços magros sobre a grade ao lado dos de Sage. O cheiro de
seu perfume antigo, á gua de rosas com um toque cítrico, tomou conta dela, acalmou-a.
“Talvez porque você nunca permitiu que eles te amassem como você é de verdade.”
Sage fechou os olhos com força e as lá grimas que a ameaçaram durante a formatura
surgiram novamente contra ela. Desta vez, ela os deixou cair. A senhorita Opal passou o
braço pelas costas de Sage. O calor de seu corpo magro e aparentemente frá gil, com toda a
sua força, penetrando em Sage.
“Fui tã o estú pida”, ela ofegou em meio à s lá grimas.
"Nã o é estú pido, apenas com medo." Mã os calejadas faziam círculos suaves em suas costas.
“Todos nó s ficamos com medo à s vezes. É o que nos faz proteger.”
“Mesmo quando nã o há nada do que nos proteger?”
“Talvez especialmente entã o.”
O arrependimento se acumulou no estô mago de Sage, agitou-se e depois subiu até sua
garganta. Tinha gosto muito de bile. “Sim...” Ela inclinou a cabeça para se apoiar no ombro
da Srta. Opal, embora fosse um caminho mais longo do que ela estava acostumada e
ameaçou ter cã ibras no pescoço mais tarde, mas por enquanto, era exatamente o que ela
precisava.
CAPÍTULO DEZESSETE
Seus pais nã o ficaram muito tempo depois da formatura. No aeroporto, Sage estacionou
o carro e os acompanhou até a fila de segurança.
“Da pró xima vez que viermos, poderemos ficar mais tempo”, disse o pai.
Sua mã e lhe deu um abraço apertado. “Sim, quando sua família estiver reunida novamente
e você estiver em sã consciência novamente, faremos mais.”
“E talvez possamos até ter um bom jantar com seus amigos”, disse a Srta. Opal.
Eles conheciam Rémi e Dez há anos, mas nunca conheceram seus amantes antes do jantar
de formatura. Sua mã e ficou instantaneamente encantada com Claudia e nã o parava de
falar sobre como ela era elegante e bonita. Se a mã e nã o parecesse tã o tranquila com o
marido, Sage teria se preocupado com aquela paixã o espontâ nea por uma mulher.
“Sim, isso seria ó timo.” Entã o ela falou com seu coraçã o cru. “Talvez neste Natal? Apenas
me diga quando vocês três podem vir e eu comprarei os ingressos.”
Todos trocaram um olhar.
“Sim, acho que podemos conseguir isso.” Foi o pai dela quem falou.
"Sim definitivamente." A mã e estendeu a mã o e abraçou Sage mais uma vez. “E certifique-se
de que sua mulher saiba que ela é bem-vinda. Seja justo com ela e consigo mesmo.
Um nó grosso caiu na garganta de Sage e ela engoliu em seco. “Obrigado, mamã e. Vou avisá -
la.
"Bom."
“Agora, vá e coloque sua vida em ordem. Essa mulher nã o vai esperar a vida inteira por
você.”
Sage nã o teve coragem nem coragem de dizer a ela que estava tudo acabado. “Estou feliz
que vocês vieram”, disse ela, dando um ú ltimo abraço em cada um deles. “Envie um e-mail
ou ligue com suas datas para que possamos organizar algo só lido para o Natal.”
A senhorita Opala nã o perdeu nada. “Pelo menos tente, querido.” Ela segurou Sage por mais
tempo.
Sage ficou observando o movimento lento da linha de segurança muito depois de todos os
três terem desaparecido apó s a assustadora varredura corporal. Ela nã o queria ir para casa.
Ainda nã o. Ela deixou Phil lá , flutuando pela casa em seu roupã o de seda, lindo e silencioso,
provavelmente esperando que algum homem viesse levá -la embora.
Ela ainda estava olhando para a fila de estranhos e pensando em sua vida doméstica de
merda quando seu telefone tocou.
Era Errol.
"Ei." Ela se virou para voltar para fora e para seu carro. Nã o adiantava ficar ali parada como
uma idiota e pensando em coisas que ela nã o poderia mudar. “Obrigado por me ligar de
volta.”
CAPÍTULO DEZOITO
“Você sabe que legalmente nã o posso beber, certo?” Errol estava sentado em um
banquinho ao lado do bar onde Sage o convidara para sentar, ainda radiante da formatura,
seu corpo magro e gracioso coberto pelo que Sage tinha certeza ser uma roupa de presente
de formatura. Uma camisa fina de linho cor de pêssego com mangas três quartos, usada
para fora da calça de linho branco. Unhas pintadas de rosa apareciam em elegantes
sandá lias de couro.
Quando Sage apenas olhou para ele, ele bufou com um sorriso. “Eu me formei no ensino
médio, nã o na faculdade”, disse ele. “O que significa que ainda nã o tenho vinte e um anos.”
Ela nã o via qual era o problema. Aos dezoito anos, ela nunca se importou muito com o que
era legal, apenas divertido. Ela bebeu, cheirou, fumou, engoliu tudo o que quis para chegar
à altitude desejada da noite.
“Entã o, você nã o quer uma bebida?”
Errol sorriu. “Eu nã o disse isso.”
Sage sinalizou para o barman se aproximar. Depois que ela pediu seu habitual rum e coca-
cola, Errol pegou uma piñ a colada. Assim que ela entregou algum dinheiro, ela o levou para
uma mesa perto da grade.
"Entã o, no que você está pensando?" Errol perguntou a ela assim que se sentaram.
Nã o havia animosidade em sua voz, apenas curiosidade em saber o que estava
acontecendo.
"Nã o muito." Sage saboreou a doçura da bebida na língua, a explosã o de efervescência que
fez seu nariz se contorcer mesmo depois de todos esses anos e de inú meras versõ es da
bebida. “Só tive vontade de conversar um pouco com você.”
Errol brincava principalmente com sua bebida, girando o copo curvo entre as mã os. “Por
que agora, depois de todos os anos que estou aqui?” ele perguntou. “Eu pedi para você vir
almoçar ou algo assim comigo algumas vezes, mas você sempre disse que estava muito
ocupado.”
Um rubor de vergonha subiu à s bochechas de Sage. Sim, ela tinha sido aquela idiota. Em
nome da divulgaçã o completa e num esforço para ser melhor do que antes, ela avançou
lentamente em direçã o à honestidade.
“Eu nã o estava pronto para conhecer o cara que ocupou meu lugar com meus pais.” A
bebida borbulhou em sua boca novamente. E ela quase nã o percebeu o suspiro de surpresa
de Errol.
"Sério?"
"Sim." Sá bio encolheu os ombros. Ela sabia disso naquela época, mas agora estava
dolorosamente consciente disso, de como estava errada.
“Nã o era você quem nã o queria ir muito para casa e nã o tinha muito a dizer quando
ligavam?”
Como diabos ele sabia disso?
“Eles falam muito sobre você”, disse Errol, respondendo à pergunta nã o feita. “Eles também
estã o orgulhosos de você, eu acho. Embora... — A voz dele sumiu e ela nã o precisou ser uma
leitora de mentes para descobrir o resto da frase abortada: Embora você seja um pouco
idiota. O que era verdade.
“Eu era um idiota e um idiota. Estou tentando nã o ser tã o assim agora.”
Outro sorriso. Um deslizamento malicioso de olhos risonhos. “Como vai isso para você?”
“Tem sido difícil pra caralho...” O que era uma espécie de eufemismo. Ela afastou todo
mundo, e estava levando tempo e humildade que ela nã o possuía muito para consertar as
coisas.
“Você nã o parece ser do tipo que facilita as coisas”, disse ele, finalmente tomando um gole
de sua bebida derretida.
Ela nã o se incomodou em negar. Qualquer pessoa que estivesse em sua companhia por
mais de dez minutos poderia ver sua alma de papel. Ela gostava de diversã o. Adorei Fil. Foi
um hipó crita. Claro como vidro.
“Bem, estou tentando mudar isso agora, pelo menos um pouco.” Ela mastigou um pedaço de
gelo e a voz da Srta. Opal veio até ela do passado. Você não deve mastigar gelo. Você vai
bagunçar seus lindos dentes.
“Entã o, atire.” Erroll disse. “Como posso ajudar esta pobre menina rica a acalmar sua
consciência?”
Ela revirou os olhos. Esse garoto era um verdadeiro espertinho. “Diga-me...” Sage fez uma
pausa, pensando em todas as coisas que queria saber. “Diga-me como meus pais
encontraram você.”
Ele se contorceu, parecendo desconfortá vel pela primeira vez desde que se sentaram
juntos. “Nã o é bonito.”
“Nã o estou pedindo um conto de fadas.”
"Você tem certeza sobre isso?" Ele olhou para ela com um leve sorriso, mas nã o havia
humor nisso. “Bem, eu vou te dar um de qualquer maneira. Chama-se Cinderela, estilo
jamaicano.”
Errol brincava com seu refrigerante, as mã os girando o copo alto e girando, ocasionalmente
olhando para Sage, com uma expressã o pensativa no rosto. Finalmente, ele falou. “Eles me
encontraram na ravina.”
O choque atingiu o peito de Sage.
A ravina era um lugar de merda. Uma série de valas de drenagem em Kingston, infernais e
imundas, mas também praticamente o ú nico espaço “seguro” para os meninos gays na
Jamaica escaparem. Eram crianças que foram expulsas de suas casas ou que simplesmente
foram embora porque estavam cansadas de serem tratadas como lixo por suas famílias.
“Eu estava lá há alguns meses. Foi difícil me acostumar a dormir em canos de esgoto e
ficar... vendendo minha boca ou minha bunda para comer. Alguns deles se recusaram a
fazer essa merda.” Ele encolheu os ombros como se suas escolhas fossem aquelas que ele
entendia, nã o fossem nada comparadas com a outra coisa. A coisa que os levou à s ruas em
primeiro lugar. “Eles roubaram ou cometeram golpes, os mais bonitos e menores fingiram
ser meninas e depois chantagearam os caras heterossexuais com quem foderam para que
pagassem-lhes dinheiro para silêncio.”
Merda perigosa. Nada que Sage soubesse por experiência pró pria. Errol estava certo, ela
era uma menina pobre e rica. Ela tinha reclamaçõ es, mas sempre tinha um lugar para
dormir. Sempre tive pessoas para mostrar a ela que se importavam.
Com os ombros gradualmente se curvando, ficando mais estreitos à medida que ele
mergulhava nas memó rias do passado do qual havia escapado, Errol dedilhava o ró tulo do
frasco marrom enquanto falava. “Quando meu pai me expulsou, eu nã o pude acreditar.
Tínhamos nossas diferenças, mas tudo parecia bem. Eu estava estudando e trabalhando em
alguns empregos online para trazer dinheiro para a família. Mas entã o... — Ele parou.
Seu pai arranjou uma nova namorada, bonita e sexualmente aventureira o suficiente para
tentar qualquer coisa, até mesmo as coisas malucas que Errol pai tinha visto na TV. Ele
havia pisado em seu pai e nela com frequência suficiente para saber. E as paredes da sua
pequena casa eram finas.
“Ela nã o queria compartilhá -lo, talvez.” Ele encolheu os ombros novamente. "Nã o sei."
Um dia, depois da escola, ela cercou Errol no jardim da frente. Ele estava com sua mochila e
estava animado porque conseguiu um novo cliente disposto a pagar-lhe uma taxa decente
pelas atualizaçõ es de seu site. Como sempre, ele planejava economizar metade e contribuir
com o restante para a casa.
“Entendo o que você está fazendo”, ela gritou, enfiando um dedo ossudo no rosto de Errol.
“Você está tentando ser uma esposa para ele. Trazendo seu dinheirinho e balançando a
bunda na cara dele!
Foi louco. Todas as vezes que ela olhou para ele com veneno no olhar, ele nunca pensou que
algo assim estivesse passando por sua mente.
“Foi tã o estú pido. Acho que ela nem acreditou. Mas meu pai fez.
Errol caiu de bunda na rua apenas com a mochila que rapidamente encheu de roupas e o
cartã o do banco vinculado à sua conta poupança.
Entre as economias e o trabalho que conseguiu, evitou passar fome, mas nã o tinha onde
morar. Entã o, ele acabou na ravina com muitos garotos gays e garotas trans de Kingston.
“À s vezes, um ou dois meninos desapareciam. Mas as pessoas nã o se importavam, você
sabe. Para nossas pró prias famílias éramos descartá veis, de que outra forma os estranhos
deveriam sentir por nó s?
Os estranhos que entravam na ravina eram homens furtivos, com dinheiro na carteira e
com vontade de foder algo diferente, incapazes de serem abertos sobre o que preferiam em
casa. À s vezes, esses estranhos eram cruéis. Assassino. Foder e depois matar os mesmos
garotos que eles procuravam por prazer. Para escapar.
A ravina quase matou Errol.
“As pessoas acham que a vida é barata na Jamaica em geral, vale ainda menos do que um
boquete de dez minutos na ravina.”
Os meninos se esfaquearam, atiraram uns nos outros, arranharam e se partiram em dois.
Eles haviam sido feridos, estavam com dor e nã o sabiam mais nada a fazer a nã o ser
transmitir essa dor. Um para o outro, para qualquer pessoa estú pida o suficiente para se
aproximar.
“Você poderia ter derrubado um pedaço de pã o no dia em que os Bennett pararam para me
ajudar.” Ele revirou os olhos e sorriu, carinhoso e dolorido ao mesmo tempo. “Eu estava
saindo da biblioteca quando alguém me empurrou da bicicleta. Eu estava xingando e
falando mal, tentando voltar para a bicicleta, fugir dos dois caras que pareciam prontos
para me chutar até a morte. Mas eles pararam o carro e me ajudaram a levantar, esperando
que eu limpasse os arranhõ es nos joelhos. Depois me levaram para jantar e me contaram
sobre a filha deles...
Sage estremeceu com isso.
Errol continuou “Entã o perguntei se eles poderiam me ajudar”. Seu sorriso vazou. “Eu nã o
estava orgulhoso o suficiente para dizer nã o.”
“Entã o, eles ajudaram você a voltar aos estudos, ajudaram você a conseguir um visto
americano e pronto. Tudo porque você foi empurrado da bicicleta na frente deles?
"Bastante. Acho que eu era apenas um garoto gay que eles precisavam resgatar. Porque eles
nã o puderam resgatar você, sabe?
“Resgatar-me?”
"Sim. Eu acho que por você mesmo.
Os dentes de Sage cerraram-se com força suficiente para ranger sua mandíbula, prendendo
a reaçã o automá tica que ela queria cuspir em Errol. Ela se manteve imó vel. Sua mã o
apertou o vidro frio e seus sentimentos passaram por ela rá pido demais para serem
identificados. Outro gole da bebida borbulhou na língua.
“Você acha que preciso ser resgatado?” ela perguntou assim que se controlou.
“Eu nã o conheço você”, Errol disse encolhendo os ombros. “Entã o, eu realmente nã o posso
dizer.”
Embora nã o parecesse que ele estivesse criticando Sage, ela sentiu o choque de qualquer
maneira. Ela teve a oportunidade de conhecê-lo nos quatro anos desde que ele esteve na
América. Seus pais lhe disseram para contatá -lo, dizendo que ela poderia se surpreender
com o que eles tinham em comum. Mas ela sempre teve desculpas. Ou, mais precisamente,
ela nã o queria conhecê-lo.
Droga. Ela poderia ter se poupado de muita merda se apenas... Ela cortou aquela linha de
pensamento inú til. Nã o importava agora. Eles só poderiam seguir em frente.
Ela engoliu o resto de sua bebida. "Você tem razã o."
"Claro que sou." Ele sorriu, mostrando um pouco do que ela percebeu ser sua vivacidade
natural. Foi meio fofo.
Ela grunhiu uma risada curta, incapaz de chegar onde ele estava ainda. “Ei, você quer sair
daqui e fazer uma refeiçã o de verdade? Este lugar é um pouco decadente.
"Claro. Achei que você estava tentando me dizer alguma coisa quando sugeriu este lugar.
"Nã o. Eu só estava... — Ela levantou um ombro para indicar seu esquecimento geral e ele
riu como se ela quisesse. “Entã o você quer ir para a Novlette's ou para algum outro lugar?”
“Você escolhe”, disse ele.
Naturalmente, eles acabaram no Gillespie's, entrando facilmente no local geralmente
lotado, apesar de nã o terem reserva. Vale a pena ter amigos em lugares ú teis.
Sage e Errol se acomodaram em uma mesa tranquila no andar superior do restaurante e
bar, com uma mesa cheia de comida, já que ela se lembrava do quanto ele poderia comer.
Rémi nã o estava à vista, mas isso nã o significava que sua amiga nã o estivesse trabalhando.
Sage enviou a Rémi uma mensagem rá pida para avisá -la de que estava no prédio e depois
voltou a prestar atençã o em seu companheiro de almoço.
"Para que possamos tirar o quanto eu sou um idiota do caminho, conte-me sobre você."
"Droga, você realmente se intromete, nã o é?"
“Estou tentando recuperar o tempo perdido.” Como se isso fosse possível.
Durante um longo almoço, ele contou a ela sobre a nova vida que construiu para si mesmo
em Miami, o cara com quem estava saindo, mas com quem ainda nã o tinha feito sexo.
"Por que nã o?"
“Da pró xima vez que eu fizer sexo, quero que seja importante, agora que nã o preciso fazer
isso apenas para sobreviver, você sabe.”
O menino era muito doce para seu pró prio bem.
Em troca de sua confiança, ela contou tudo sobre Phil e o quanto ela tinha sido idiota.
“Eu teria dado um pé na sua bunda em um minuto”, ele disse, lançando-lhe um olhar sério.
“Que bom que você nã o é minha namorada entã o,” ela disse com um sorriso impenitente,
apenas para brincar sobre isso agora que as coisas estavam... melhores.
Depois que a refeiçã o terminou, ela o convidou para ir até sua casa no final da semana para
um jantar em família e disse-lhe para trazer o namorado, se quisesse. Sem sexo nã o
significava sem companheirismo.
Ele disse que pensaria no assunto e entã o foi embora, acenando para ela pela janela de seu
Honda Civic limpo com um sorriso largo. Sage nã o se sentiu a idiota que pensava que se
sentiria quando sorriu e acenou de volta.
CAPÍTULO DEZENOVE
“ Este é o lugar cubano mais doce que conheço no momento.” Nuria lançou o comentá rio
por cima do ombro enquanto se dirigia para o restaurante, os quadris balançando em jeans
brancos justos e sapatos de salto alto dourados com fundo vermelho. Uma blusa dourada,
leve e transparente, expunha sua barriga lisa.
“Você sabe que eu adoro o ponto ideal”, disse Sage. Ela tentou sorrir, mas sua piada parecia
monó tona.
“Uh, hum...”
A anfitriã rapidamente os acomodou em uma mesa bem iluminada no segundo andar do
restaurante de estilo loft. O lugar era pequeno, mais ou menos do tamanho de um loft de
verdade, com seis pequenas mesas no andar de cima, onde eles se sentavam, e o dobro
disso no andar de baixo. A comida cheirava bem, mas Sage nã o estava com vontade de
apreciá -la.
Dias se passaram desde a ú ltima vez que ela viu Nuria na formatura de Errol. Eles
conversaram sobre coisas, passaram por cima do grande elefante na sala de sua amizade,
mas nã o chegaram a uma conclusã o que satisfizesse a ambos.
Com um movimento de contentamento, Nuria acomodou-se na sua cadeira assim que o
empregado lhe trouxe o mojito e o rum e coca-cola de Sage.
"Entã o, o que está acontecendo com você, macha ?" Nuria fez uma pausa com a bebida
perto dos lá bios roxos profundos. "Você parece uma merda."
“Muito obrigado…” Sage murmurou. Ela engoliu metade do rum e da coca-cola em alguns
goles.
“Obviamente você possui um espelho, entã o isso nã o pode ser novidade.”
“Bem, estou tentando agir como se tudo estivesse bem.”
“Esse nunca é um bom plano, posso dizer isso por experiência pró pria.” Nuria tomou um
gole de mojito e lambeu uma gota da bebida do lá bio inferior. “Gosto de combinar meu
interior com meu exterior tanto quanto possível, e como sempre estou fabulosa...” Ela abriu
os braços e recostou-se na cadeira para que Sage pudesse dar uma boa olhada em toda a
sua fabulosidade. “—Eu trabalho muito para me fazer feliz, nã o importa o que o resto do
mundo me faça fazer.”
"Fá cil para você dizer, amor."
Pequenas rugas de expressã o marcavam a suavidade da pele cor de mogno de Nuria. “Você
sabe que isso nã o é verdade…”
Sim, Sage sabia melhor. No final das contas, as coisas nã o foram mais fá ceis para Nuria do
que para os outros.
"Desculpe."
“Nã o se desculpe”, disse Nuria. “Diga-me o que está acontecendo. Além do que eu já sei,
claro. Você estragou tudo e expulsou Phil. Você me mostrou toda a sua bunda bifó bica...
Sage balbuciou em protesto, mas Nuria continuou. “... e você finalmente tirou a cabeça da
bunda o suficiente para ver que seus pais sã o melhores do que você imaginava.” Ela apoiou
um cotovelo na mesa e equilibrou o queixo pontudo no primeiro. "O que mais?"
“Eu disse que nã o sou bifóbico ou...”
"Yeah, yeah. Pule isso. Você precisa superar quaisquer problemas que tenha com meu
pessoal. Você ainda nã o chegou lá e porque eu te amo, serei paciente. Mas vamos ser
sinceros um com o outro e seguir em frente de onde estamos, ok?
Sage respirou fundo e pensou na mudança radical que ocorreu em sua vida nos ú ltimos
dias. "OK."
A garçonete apareceu naquele momento com a comida, travessas de ropa vieja, arroz e
feijã o e tostones, no meio da mesa para eles compartilharem.
“Obrigada, querida”, disse Nuria à garçonete e imediatamente pegou o prato vazio para
começar a se servir. Quando ela ligou para convidar Sage para sair, ela alegou estar
morrendo de fome .
Embora Sage ainda nã o conseguisse comer, ela colocou um pouco da comida em seu prato.
“Essa separaçã o nã o é tã o fá cil quanto pensei que seria”, disse ela.
Os tostones e a carne desfiada do prato de Nuria desapareciam rapidamente na sua boca.
Mas ela ainda conseguia falar muito bem. "Ah, entã o você pensou que expulsar a mulher
que estava em seu coraçã o há mais de uma década seria como irritar seu chá da manhã ?"
Mastigando devagar, ela olhou para Sage com uma sobrancelha levantada, como se
estivesse realmente esperando por uma resposta.
Claro, ela nã o entenderia. “Eu nã o posso ficar com alguém bi.”
“ Alguém ”, Nuria repetiu com um sorriso de escá rnio. “Eu me pergunto qual é o verdadeiro
motivo para você ser tã o anti-bi? Porque nã o pode ser o seu medo de doenças. A maneira
como você trata essas vadias como se nã o conseguisse pegar caranguejos ou qualquer
outra coisa quando joga a boca nas bucetas delas. Ela fez uma pausa e apontou um garfo
cheio de arroz e feijã o para Sage. “Definitivamente há algo mais aqui. E do jeito que você
está agindo, me pergunto se você sabe o que é.
“Nã o”, disse Sage balançando rapidamente a cabeça. “Nã o é nenhuma merda profunda que
você possa estar pensando. Eu simplesmente nã o gosto disso.
Para dar algo aos dedos, ela desembrulhou desajeitadamente os utensílios do guardanapo
de papel.
Nuria lambeu alguns grã os de arroz que restavam no canto da boca. “Se isso for verdade,
você é um idiota ainda maior do que eu pensava.” Ela bufou de desgosto e desviou o olhar,
seu olhar vagando além da grade e descendo as escadas.
Entã o ela piscou.
"O que?" Sage seguiu o olhar de Nuria para ver o que fez a sua amiga ficar tã o surpresa.
Sua boca se abriu. O garfo que ela segurava entre os dedos caiu e bateu no prato. Que porra
é essa?
Desta vez, ela nã o cometeu o mesmo erro. Sim, o cabelo comprido era grosso e caía sobre
ombros esbeltos, mas o pomo de Adã o era ó bvio desse â ngulo. Este era Zachary Baxter, o
homem que Phil desejou na estreia do filme. E naquele exato momento, ele estava sentado a
uma mesa com a pró pria Phil.
Eles estavam rindo. Suas mã os repousavam pró ximas à mesa. Eles estavam bebendo vinho.
O rum e a coca que Sage bebeu antes ameaçaram voltar. Ela engoliu em seco.
Lá embaixo, Phil e Zachary Baxter continuavam se divertindo muito. Parecia que eles
estavam sentados ali há algum tempo. Um prato vazio com restos de comida estava no meio
da pequena mesa entre eles e suas bebidas pareciam pelo menos meio terminadas.
Sem pensar, Sage se afastou da mesa e ficou de pé.
"Sente-se, querido." Nuria largou o garfo. “O que Phil está fazendo aqui nã o é da sua conta.
Nã o mais."
Mas Sage nã o podia aceitar isso. Uma raiva vermelha a fez descer as escadas e subir até a
mesa iluminada pelo sol perto da janela. Eles nã o a notaram a princípio. Baxter e Phil
continuaram conversando, em voz baixa e íntima.
A verdadeira queimadura disso era que eles pareciam bem juntos. Phil com seu vestido
preto justo – como se ela estivesse de luto – com o cabelo alisado e enrolado em um
penteado elegante. Seu rosto era tã o lindo que realmente doía olhar para ela de frente.
O cara também usava preto. Uma camisa social, calças e mocassins italianos pretos foscos.
Seu cabelo estava solto nas costas e ele era obviamente mais alto que Phil, embora ela
usasse salto agulha.
"Você já transou com ele?" Sage rosnou.
Dois pares de olhos se ergueram para olhar para ela. Deu-lhe uma espécie de alegria
selvagem ver os sorrisos desaparecerem dos seus rostos.
“Se eu fiz isso, nã o é da sua conta”, disse Phil calmamente. Mas ela afastou a mã o dele sobre
a mesa.
"Você realmente deve odiá -la agora." O cara teve a coragem de falar com Sage. A voz dele
era profunda e bonita o suficiente para quem gosta desse tipo de coisa, o que obviamente
Phil gostava agora. “Você nã o pode amar alguém e correr para envergonhá -lo em pú blico
assim”, ele continuou, seus olhos castanhos duros e desafiadores. Mas ele foi inteligente o
suficiente para permanecer neste assento.
— Vá se foder — Sage rosnou para ele.
“O que você quer, Sá bio?” Phil perguntou, sua voz irritantemente calma.
“Eu quero que você nã o esteja aqui com esse idiota.”
“Mais uma vez, o que eu faço nã o é mais da sua conta”, disse Phil. “Você deixou isso muito
claro para mim outro dia.”
A raiva impotente correu desenfreada pelas veias de Sage, inundando todo o seu corpo com
calor. “Phil, você nã o pode fazer isso!”
As pessoas estavam começando a olhar, mas ela nã o dava a mínima.
A cadeira de Phil recuou abruptamente da mesa no momento em que um garçom se
aproximou deles.
“Está tudo bem aqui?” o servidor perguntou olhando de Sage para Phil com preocupaçã o e
baixo em sua voz.
"Estamos bem." Phil disse entre os dentes cerrados. Levantando-se, ela agarrou o braço de
Sage com força suficiente para machucá -lo. “Mesmo que nã o seja necessá rio, obrigado por
nos verificar. Meu amigo está um pouco chateado. Ela se virou para Baxter com um sorriso
tenso de desculpas. “Sinto muito por isso, Zachary.” Entã o, sem esperar pela resposta de
seu acompanhante, ela puxou Sage em direçã o a um corredor estreito e à placa que dizia
“banheiros”.
Pelo menos uma dú zia de olhos os observaram passar rapidamente.
Assim que a porta do banheiro se fechou atrá s deles, Phil soltou o braço de Sage como se
ela estivesse com peste. “Nã o sei qual é o seu problema, mas é melhor você superar isso
rápido ”, sibilou Phil.
“Meu problema é você e esse cara!” Sage gritou de volta. "Que porra você está fazendo aqui
com ele?"
Os olhos de Phil se estreitaram com má goa e malícia. “Viver minha vida longe de você. É
isso que as pessoas fazem quando terminam, até mesmo as lésbicas.”
"Nã o!" O peito de Sage arfou. Parecia que ela tinha uma locomotiva roncando em seu peito,
rumo ao descarrilamento. Ela caminhou até o outro lado do banheiro, seus passos pesados
levando-a para frente e para trá s, passando por cada um dos quatro banheiros vazios.
“Você nã o pode... você simplesmente nã o pode...”
O trem descontrolado dentro dela rolou mais rá pido. Ela começou a tremer.
“Eu nã o posso o quê? Superou você? Tem uma vida? Phil praguejou e se afastou de Sage,
seus saltos altos batendo ruidosamente no piso. “Nã o funciona assim. Você pode nã o
acreditar nisso, mas na verdade existem pessoas por aí que gostam de mim exatamente
como eu sou. Tudo de mim. Essas sã o pessoas a quem nã o preciso implorar para ficarem
comigo.”
Isso nã o estava certo. Nã o apenas por causa daquele homem lá fora, que provavelmente
estava com o pau, as bolas e as mã os em cima de Phil. Nã o era certo que houvesse alguém lá
fora que estimasse e cuidasse de Phil mais do que ela.
É assim que você trata alguém que ama? Uma pequena voz sussurrou no fundo de sua
mente.
O pensamento a fez tropeçar para trá s. Mesmo que ela nã o quisesse estar com Phil daquele
jeito, ela ainda a amava. Certo?
“Querido...” Ela estendeu a mã o.
Phil recuou. "Nã o!" Pela primeira vez, ela perdeu a calma e seu rosto se enrugou como um
lenço de papel. “Nã o, Sá bio.” Ela recuou. “Você nã o pode fazer isso comigo!”
Mas Sage continuou avançando e avançando.
Parte dela sabia que Phil nã o merecia isso, mas ela era uma confusã o de desejo e desejo e
um ciú me inexplicá vel que nã o tinha fim. Este homem nã o deveria ter Phil. Ele nã o era
digno dela.
Sage largou a mã o, mas continuou se aproximando. “Você ainda nã o transou com ele. Eu
posso ver isso em seu rosto.
“Se eu tenho ou nã o, nã o é da sua conta.” A voz de Phil se fortaleceu. Mas ela continuou
recuando.
"Você é da minha conta." Movendo-se com a rapidez de uma cobra, Sage segurou a virilha
de Phil através do vestido preto fino. “ Este é o meu negó cio.”
As costas de Phil atingiram a ú ltima cabine e a porta se abriu, jogando-a no banheiro. Sage o
seguiu, sem fô lego, sem sentidos, a locomotiva em seu peito chacoalhando a cem
quilô metros por hora.
A porta do box se fechou atrá s deles e Sage teve a presença de espírito de procurar a
pequena trava frá gil e trancá -los.
"O que você pensa que está fazendo?" Phil exigiu, sua voz á spera.
Sage caiu de joelhos. "Nã o sei."
E honestamente por Deus, ela nã o fez isso. Mesmo que ela devesse ter esperado por isso,
ver Phil com aquele cara quase a derrubou. Seu coraçã o deu um salto dentro do peito e
depois explodiu, completamente pulverizado pela visã o deles juntos.
“Levante-se”, Phil retrucou. "Você está sendo ridícula." Mas sua voz estava um pouco sem
fô lego.
Eles já estiveram em lugares como este antes. E a superficialidade disso, a pró pria ideia de
foder em uma cabine para deficientes, enquanto estava separado de outras pessoas por
uma desculpa frá gil para uma porta que nem chegava até o chã o, fez a boceta de Sage
inundar-se de excitaçã o.
A respiraçã o de Sage estremeceu em seu peito. Seu clitó ris de repente parecia muito grande
em seu short, gordo e grosso e dolorido por estimulaçã o. Ainda de joelhos, ela agarrou os
quadris de Phil.
“Tem certeza de que é isso que você quer que eu faça?” Ela puxou o algodã o macio do
vestido de Phil, passando pelos joelhos e subindo pelas coxas. Phil nã o estava usando
calcinha.
Mã os firmes apertaram os ombros de Sage. "Sá bio…"
"Sim?" Se Phil dissesse nã o, ela a deixaria ir. Sim, ela se quebraria em um milhã o de
pedaços, mas se levantaria e voltaria para o almoço e fingiria que nada disso aconteceu.
Sage tentou mostrar tudo isso em seu rosto.
Um suspiro lento escapou da boca aberta de Phil. "Sim."
Graças a Deus! Antes que Phil pudesse mudar de ideia, Sage abriu as coxas macias e
aninhou-se suavemente entre elas.
Dedos agarraram seu cabelo e apertaram. Arrastou a cabeça para trá s para que nã o tivesse
escolha a nã o ser olhar para Phil. “Nã o”, disse Phil. Ela lambeu os lá bios, olhando para ela
com as pá lpebras pesadas. O vison elegante de seu cabelo caiu para emoldurar seu rosto
em uma escuridã o brilhante. “Faça com força. Nã o finja que isso é mais do que é.”
A reaçã o apertou o estô mago de Sage.
A coisa mais sensata a fazer era levantar-se e sair da cabine. Apenas vá embora.
O olhar de Phil a desafiou. O que você quer fazer?
Com um gemido profundo, ela abriu mais as coxas de Phil e as costas de sua mulher
bateram contra a parede com um som estranhamente eró tico. Phil engasgou. Ela já estava
toda molhada. A umidade escorregadia de sua boceta cumprimentou a boca de Sage.
Escorregadio. Inchado. Com fome.
O cheiro quente arrancou um longo gemido do â mago de Sage.
Sage mergulhou, lambendo a carne macia e argilosa até que o suco escorresse por seu
queixo. Seus dedos cravaram com força nas coxas de Phil, alimentando Phil com a aspereza
que ela disse que queria. Mas a rata voraz debaixo da sua língua nã o queria que fosse forte.
Nã o queria que fosse difícil. Sage já fazia amor com ele há tempo suficiente para saber. O
rosa se abriu para ela, querendo, mas com uma pitada de relutâ ncia. Ele implorou para ser
persuadido e atendido.
Acima dela, Phil mordeu o lá bio. Ela agarrou e apertou o pró prio seio através do vestido
fino, puxando um mamilo. Apertei. Ofegante silenciosamente, ela balançou sua boceta
contra a boca de Sage.
Bom. Tã o bom.
Phil nunca tirou os olhos de Sage. O desafio estava presente nas profundezas rodopiantes
de seu olhar. O prazer dela também foi.
Droga, ela sentiu falta disso...
Gemendo e com fome, ela distraiu Phil com a dor em seus dedos, agarrando sua pele macia
com força suficiente para machucar enquanto lambia a carne familiar e salgada que ela
chamou de lar por doze anos. Com fome de cada sabor, ela chupou o lindo e minú sculo
clitó ris em sua boca, lambendo a parte inferior com movimentos firmes e seguros. A
umidade jorrou em sua boca aberta e ela gemeu, bebendo tudo. A sua pró pria rata apertou-
se de excitaçã o e gotejou o seu pró prio prazer. O piercing no clitó ris só aumentou a
sensaçã o.
Uma suave respiraçã o sonora. Os dedos em seu cabelo se apertaram. Phil recostou-se ainda
mais na parede e ergueu as coxas, uma apó s a outra, para colocá -las sobre os ombros de
Sage.
Sage manteve os olhos abertos, observando cada mudança e movimento em seu rosto.
A cada golpe de sua língua, a respiraçã o de Phil ficava mais á spera. Seus cílios caíram,
lutando para permanecer abertos e ver Sage comê-la.
Tã o linda.
Phil circulou sua boceta contra sua boca, frenético e duro. Mas Sage fez seus toques gentis.
Firme, mas macio. Um momento se passou e depois dois. A respiraçã o de Phil falhou e ela
diminuiu o movimento selvagem de seus quadris e se rendeu à gentileza de Sage.
Exatamente o que Sage estava esperando.
Ela puxou a boca para trá s. "Você quer isso, querido?"
Os olhos de Phil se abriram e seus lá bios se separaram, uma resposta obviamente irritada
prestes a saltar em sua língua. Sage enfiou dois dedos profundamente em sua boceta
escorregadia e os enrolou, mirando naquele lugar que ela conhecia tã o bem. As costas de
Phil se soltaram da parede no momento em que suas mã os agarraram os ombros de Sage.
Sua boca se abriu mais, seus olhos. O prazer torceu seu rosto.
"Oh…"
Esse primeiro impulso foi apenas o começo.
O pró ximo empurrou outro ruído mais suave de Phil. Tã o suave, tã o delicioso que se Sage
nã o estivesse prestando atençã o, ela nã o teria ouvido.
Um estrondo baixo soou do lado de fora do banheiro. O som da porta se abrindo e alguém
entrando.
Sage continuou lambendo.
“Se vocês, vadias, estã o aqui, porra, é melhor se apressarem.” A voz de Nuria soou divertida.
“Há um limite de conversa fiada que posso ter com Zachary. Ele pode estar enlouquecendo
imaginando o que vocês dois estã o fazendo, mas mesmo ele nã o vai esperar lá fora para
sempre. Entã o a porta se abriu novamente. Ela se foi.
Durante toda a breve visita de Nuria, Sage nunca parou de foder Phil. Ela chupou aquele
doce clitó ris ao ritmo das estocadas de seus dedos, entrando cada vez mais nele com cada
deslizamento descontrolado da umidade de Phil contra seu rosto.
“Oh...” A boceta de Phil estremeceu contra sua boca.
Sage continuou, acariciando aquele ponto dentro de Phil enquanto chupava e lambia seu
clitó ris. Aquele som doce veio de novo e aquela boceta perfeita apertou com força em seus
dedos, ondulando, ondulando...
Um arrepio de triunfo percorreu a barriga de Sage.
É isso, querido. Venha até mim.
Com um gemido quase silencioso, Phil desabou contra a parede do banheiro. Seus seios
balançavam sob o vestido preto. Gentilmente, Sage removeu as coxas trêmulas de seus
ombros e colocou Phil de pé. Dentro de suas calças, sua boceta estava ansiosa para gozar.
Com as mã os trêmulas, ela acariciou o bico rígido de um mamilo que cutucava o vestido de
Phil, tocando-se através do algodã o quente de sua calça ao mesmo tempo. Sua boceta
apertou com força e estremecimentos de prazer elétrico lamberam sua espinha. Ela estava
tã o perto. Só mais um pouquinho…
"Nã o." Phil afastou a mã o de Sage de seu peito. Ela ajeitou o vestido. Um pouco de seu
batom sumiu, foi arrancado enquanto Sage comia sua doce boceta. — Você nã o pode gozar
— ela murmurou, contornando Sage. "Nã o comigo."
Huh? Sage sentiu-se estú pido de desejo.
Seu clitó ris latejava como um batimento cardíaco insistente e o sabor da boceta de Phil era
como o mais doce dos temperos em sua língua. Ela doeu .
Mas Phil nã o estava disposto a lhe dar nenhum alívio.
Quando ela se recompô s e percebeu o que estava acontecendo, Phil já havia destrancado a
porta do box e estava lavando as mã os na pia. A á gua espirrou por todo o balcã o. As luzes
fortes do banheiro brilhavam intensamente sobre sua cabeça escura e seus lá bios
vermelhos e mordidos, sobre os mamilos rígidos que ainda tentavam fazer buracos em seu
vestido.
“Fil?”
Phil ativou o dispensador de papel toalha com um aceno de mã o e arrancou o papel pardo
que ele cuspiu. “Terminamos aqui, certo?” Depois de limpar as mã os com força, ela jogou o
pedaço de papel no lixo. “Você já provou a si mesmo que ainda pode controlar meus
pauzinhos.”
“Nã o é disso que se trata”, Sage apressou-se em dizer. Ela apertou as coxas para manter sua
boceta sob controle.
"Entã o, o que é?" Phil cruzou os braços, os lá bios tensos enquanto esperava. Quando Sage
nã o conseguiu encontrar mais nada para dizer, ela respirou fundo. "Isso foi o que eu pensei.
Porque você descobriu que eu gosto de pau de vez em quando, você quer me desmontar e
brincar com as peças que você aprova e depois jogar fora o resto.
Não vou brincar com você”, insistiu Sage, embora nã o tivesse ideia do que estava fazendo.
“Entã o como você chama isso?” Phil fez um barulho á spero e balançou a cabeça. O cabelo
preto e grosso balançava em torno de seu rosto. "Você sabe o que? Nã o responda a essa
pergunta. Tenho certeza de que nã o quero ouvir o que você tem a dizer.
Entã o ela saiu do banheiro sem olhar duas vezes para o que estava deixando para trá s.
CAPÍTULO VINTE
Sage nã o conseguia se livrar da ú ltima conversa que teve com Phil. Ou o sexo.
Quando ela se lavou no banheiro e voltou para o restaurante, Phil e seu acompanhante já
haviam partido. Nuria ainda estava lá , no entanto. Sua amiga havia terminado a maior parte
da comida e sentou-se à mesa com um segundo mojito, trocando nus com uma garota que
conheceu em Los Angeles. Ela estava extremamente despreocupada com todo o drama.
Depois que Nuria terminou de rir do que aconteceu no banheiro, Sage foi para casa pronta
para se desculpar com Phil. Mas embora o Corvette amarelo estivesse parado na garagem
para dois carros, Phil nã o estava à vista.
Na verdade, ela nã o voltou para casa por dois dias. No terceiro dia, Sage voltou de uma
longa noite no estú dio de gravaçã o e viu o corpo elegante de Phil estirado no sofá como se
nada de estranho tivesse acontecido entre eles.
"Onde você esteve?" ela perguntou.
Phil ergueu os olhos do diá rio que estava lendo, com ó culos pretos de armaçã o grossa
apoiados no nariz. “Dormindo com todos os homens gostosos de Miami, você?”
Sage praguejou baixinho e foi embora.
No quarto de hó spedes onde dormia desde a visita dos pais, ela colocou o telefone para
carregar. Assim que ela o conectou, o telefone tocou com um lembrete mensal sobre os
planos que ela tinha naquela noite com Phil, Rémi e Dez.
Foi por isso que Phil voltou de onde ela fugiu?
Amaldiçoando novamente, ela arrancou a camisa de botã o e jogou-a no cesto de roupa suja.
Com metade dos ouvidos atentos a Phil e metade de sua atençã o ocupada com possíveis
desculpas para nã o ir ao Shadow and Vine, ela quase perdeu o som de seu telefone tocando.
Mas ela percebeu no ú ltimo toque. "Oi mã e."
“Sage, como vã o as coisas em casa entre você e Phillida?” sua mã e perguntou assim que ela
terminou com as gentilezas habituais.
"Uh... ela está bem." Sage esfregou as têmporas e desejou ter uma resposta mais verdadeira.
Uma dor de cabeça já latejava atrá s de seus olhos e ameaçava arruinar sua noite inteira.
"Ela está realmente bem?" sua mã e perguntou.
"Sim. Ela está na sala, provavelmente lendo um dos artigos sobre os quais papai lhe contou.
Sua mã e fez um barulho de desaprovaçã o. “Parece que você nã o resolveu o que há de
errado entre vocês dois.”
Era muito estranho conversar com a mã e sobre Phil depois de anos evitando-a como
assunto de conversa.
“Nã o é uma coisa tã o fá cil de consertar, mã e.”
Outro barulho chegou até ela através do telefone, este de dú vida. Rapidamente, ela mudou
de assunto. Quando Sage desligou o telefone (ela foi passada da mã e para o pai e depois
para a Srta. Opal), ela estava convencida de que sua família estava pronta para adotar Phil,
apesar do fato de eles nã o estarem mais juntos.
Que diferença um mês fez.
Da sala de estar, ela ouviu o som fraco de pá ginas sendo viradas.
Ela se cutucou para lavar a bunda em vez de ouvir cada movimento de Phil como um
canalha. No chuveiro, ela tentou manter a mente vazia e os pensamentos longe de Phil e...
de qualquer outra coisa que importasse. Ainda assim, com o ritmo tranquilo da á gua
batendo no azulejo e espirrando em sua pele, a tristeza a percorria de um lado para o outro
como um enjô o.
Depois do banho, ela se sentiu limpa e a dor de cabeça desapareceu, mas ela estava mais
retorcida por dentro do que nunca. Distraído. Secando o cabelo com uma toalha, ela saiu do
banheiro e foi para o quarto principal, onde ainda guardava suas roupas. Os ladrilhos
pareciam frios e firmes sob seus pés descalços.
Com seus pensamentos a um milhã o de quilô metros de distâ ncia, ela quase esbarrou em
Phil saindo do quarto. "Merda!"
Phil lançou-lhe um rá pido olhar de cima a baixo, os olhos demorando-se no roupã o
grudado na pele ú mida de Sage. “Com licença”, disse ela antes de continuar em direçã o à
porta da frente.
Vestindo jeans pretos justos, saltos roxos e uma camisa preta transparente o suficiente
para Sage ver seu sutiã e o decote praticamente saindo dele, ela estava vestida para foder.
Ela nã o cometeu o erro de perguntar a Phil para onde estava indo. "Você nã o vai ao Shadow
and Vine conosco esta noite?" ela perguntou em vez disso.
Phil nem sequer se virou. "Nã o. Eu tenho outra coisa para fazer. Divirta-se, no entanto. As
chaves do Corvette tilintaram quando ela as pegou e entã o ela desapareceu.
Seriamente? Foi a isso que eles foram reduzidos, vivendo como colegas de quarto que mal
se suportavam?
Eles nã o podiam continuar assim, dividindo a casa por despeito e se machucando mais a
cada dia. A tristeza borbulhou dentro dela novamente, mas ela a afastou.
Se Phil nã o fosse ao clube, ela mesma teria feito outros planos.
Sage ligou para Hope e Candler.
"O que você quer fazer hoje à noite?" ela perguntou com o telefone equilibrado entre a
bochecha e o ombro, o short masculino estalando em seus quadris depois que ela o vestiu.
Candler parecia estar na estrada, o som do vento passando por uma janela aberta vindo
pelo telefone. “Eu e Hope estamos indo para Shadow and Vine.”
Esses curingas estavam indo para lá também? Sage afastou a cortina e olhou para o quintal
iluminado pela luz noturna, a piscina de um azul cintilante. Em uma das cadeiras, um
pedaço amarelo atraiu sua atençã o. A parte de baixo do maiô de Phil que eles perderam
enquanto brincavam por lá . Seus dedos apertaram as cortinas e ela desviou o olhar daquela
pequena lembrança de coisas que nunca mais teria.
“Eu mesmo estava indo nessa direçã o”, disse Sage. Shadow and Vine era um “cabaré de
sensualidade” que se autodenominava que atendia principalmente mulheres. Era o lugar
onde ela e suas amigas costumavam ir no encontro mensal em que todas comparecevam, a
menos que houvesse algum tipo de emergência.
Mas com tudo o que estava acontecendo em suas vidas, Sage duvidava que algum deles
aparecesse.
"Legal! Venha sentar conosco. Richelle e Marty também estarã o lá . Vai ser um grupo legal,
como nos velhos tempos.”
Os velhos tempos. Certo.
Hope e Candler eram garanhõ es durõ es que ela conheceu quando se assumiu. Ela saiu com
eles algumas vezes, mas o relacionamento deles nã o durou como com Rémi, Dez, Nuria e
até mesmo com Phil. Embora ela arranjasse tempo para sair com eles pelo menos algumas
vezes por mês, havia algo neles e em seus há bitos que nã o agradava a Sage. Eles nã o
transavam tanto quanto Rémi e companhia, tendiam a ser mais baunilha, apesar de seu
exterior duro, e falavam muito sobre monogamia, valores tradicionais e essas merdas. O
que quase todo mundo em seu grupo gostava agora.
Ela saiu de seu humor desconfortá vel e tirou o roupã o, pegando o frasco de loçã o para
começar a se arrumar. “Encontrarei todos vocês lá .”
Depois de uma refeiçã o rá pida em sua cozinha silenciosa e de um telefonema para se
certificar de que seus pais e a Srta. Opal estavam bem, ela saiu de casa. Já passava das onze
quando ela chegou ao Shadows and Vine, pouco antes do início dos principais filmes da
noite. Depois de pagar a taxa de entrada, ela entrou nas salas iluminadas do clube e da
masmorra que Sage e suas amigas geralmente tratavam como um clube de strip. A mú sica
era alta e cheia de sexo. A voz de Donna Summer ofegante sob a batida forte. Amo te amar
amor.
À s vezes Nuria tocava, mas na maioria das vezes ela se sentava à mesa e no bar com o resto
deles, falando merda, bebendo e assistindo a pelo menos um dos shows de sexo. Uma
sensaçã o de perda latejava logo abaixo de seu peito. Sage respirou fundo, reconheceu o que
era e depois ignorou. Nada aconteceria se ela se afundasse nesse sentimento esta noite.
Depois de enviar uma mensagem de texto para saber onde eles estavam, ela encontrou
facilmente Candler e sua turma. Eles deviam ter chegado cedo e vigiado uma das mesas da
frente da enorme sala que era quase como um jantar de teatro. Mas nã o houve jantar,
apenas tanta bebida quanto o seu corpo aguentava, salas privadas para se deliciar e para os
outros verem você se deliciar, e um semicírculo de varandas VIP no segundo nível para
pessoas que gostavam de assistir de longe e nã o respingar qualquer coisa neles do palco.
"Sá bio!" Candler gritou seu nome no meio de uma mú sica forte e grave. Alguém na mesa
ergueu a face iluminada de um celular, apontando-o na direçã o de Sage. O baixo, lento e
sensual, dava ideias aos clientes, e a batida era alta o suficiente para abafar os sons do sexo
ou de qualquer outra coisa que estivesse acontecendo nos cantos escuros do clube.
Algumas pessoas dançaram na pista circular elevada sob a cabine do DJ, mas
provavelmente estavam só brias demais para que seus quadris relaxassem o suficiente para
dançar. Isso viria muito mais tarde.
A mú sica interminá vel de Donna ainda tocava, seus gemidos sensuais acompanhando os
passos de Sage até a mesa onde estavam quatro pessoas que ela nã o via há algumas
semanas.
“Que bom ver você, cara.” A mesa era pequena, mas tinha espaço mais que suficiente para
todos, e Sage estendeu a mã o de dois que ela nã o conhecia.
“Mesmo”, ela disse. “Já faz um minuto.”
"Verdadeiro." Candler fez uma série de apresentaçõ es e depois ergueu um cartã o quadrado
piscante, sinalizando para uma garçonete na sala semi-escura. "O que você quer beber?"
Quando o garçom chegou, musculoso e com calças apertadas o suficiente para fazê-lo gritar,
Sage pediu seu habitual rum com coca-cola.
O palco ainda estava escuro, apenas sombras vagas em sua superfície elevada para dar
alguma pista sobre como seria o primeiro show. Embora o lugar nã o fosse um clube de
strip, a parte mais popular do entretenimento oferecido no Shadows and Vine eram seus
shows de sexo, à s vezes amadores e divertidos, mas na maioria das vezes uma mistura de
show de strip e Cirque du Soleil. Nuria gostava de se apresentar à s vezes, só por diversã o,
ou para atrair a foda daquela noite para sua cama.
"Entã o o que você tem feito?" Candler perguntou, a pele pá lida brilhando na penumbra, seu
sorriso fino e conhecedor.
Embora nã o fossem pró ximos, Candler a conhecia há muito tempo. Ou eles se conheciam.
Ela sabia que Candler era um monogâ mico em série, gostava de sexo com uma mulher e
uma cinta, embora pensasse que sabia tudo sobre Sage. O sorriso no rosto dela, um sorriso
na verdade, era tudo sobre a suposiçã o de que Sage estava tramando alguma merda
excêntrica e maluca desde a ú ltima vez que se viram. O que pode ou nã o ter sido verdade.
Nos ú ltimos meses, tudo tinha sido principalmente uma merda excêntrica com Phil - ela
sentiu aquela sensaçã o de perda novamente e lutou contra isso - tudo o mais que ela fazia
com outras mulheres tinha sido bastante baunilha. Até mesmo as cenas das quais ela
participou, uma pequena brincadeira de couro aqui e ali, algumas palmadas leves, exigindo
que a garota chamasse seu pai, eram bem inofensivas.
“Só o de sempre”, Sage se contentou em dizer.
“Ouvi dizer que seu amigo Rémi ficou para sempre com uma garota bi. Eles vã o até se casar,
certo?
“Ouvi dizer que é a mã e de Dez!” Richelle gritou, jogando a cabeça para trá s. “Deve ter sido
uma viagem, certo?”
“Merda…” Uma das novas garotas parecia impressionada e horrorizada. “Se um dos meus
amigos viesse atrá s da minha mã e, eu bateria naquela vadia com um taco.”
Sage revirou os olhos. “Isso é problema deles e eles estã o bem com isso agora.” Ela nunca
contaria a essas pessoas como Dez lutou contra isso, quase abandonou sua amizade com
Rémi e até mesmo virou as costas para sua pró pria mã e. “Assunto de gente adulta”, ela
disse, injetando um tom de finalidade em sua voz. Mas as pessoas simpló rias à mesa
aparentemente nã o ouviram.
“Remi nã o está com medo de que essa nova peça volte para o marido? Presumo que ela nã o
se tornou lésbica de repente. Nã o depois de ter dois filhos e uma vida inteira com um
homem. Você nã o pode confiar nessas vadias, cara.
“Eles nã o sã o realmente bi de qualquer maneira. A maioria deles só quer manter um pé no
armá rio e manter suas opçõ es em aberto.”
“Sim, eles nã o querem sair e lidar com a verdadeira merda que enfrentamos todos os dias.”
A bebida estava na frente de Sage, a fina linha de á gua em sua superfície se espalhando pelo
resto do rum e da coca-cola. Debaixo da mesa, seus dedos cravaram-se em sua coxa, o jeans
embotando a pressã o de suas unhas. Essa merda nã o estava realmente acontecendo,
estava?
“Nã o vejo nada de errado com eles”, disse Marty. E Sage começou a relaxar. Talvez eles
pudessem ter uma discussã o real sobre isso, em vez de culpar as pessoas bi por tudo, desde
a AIDS ao aquecimento global. O que eles estavam dizendo nã o estava muito longe do que
ela pensava, mas ela nã o queria aqueles idiotas falando merda sobre Claudia e Rémi. Sobre
Nú ria. Sobre Fil.
“Sim”, Marty continuou. “Eu foderia uma garota bi em um minuto. Ouvi dizer que eles sã o
um bando de malucos, fariam qualquer maldita coisa que você quisesse, e provavelmente
até foderiam uma cabra se você colocasse uma correia nela.
“Exatamente”, disse Richelle como se Marty tivesse acabado de admitir ter participado de
rituais satâ nicos. “Essa é apenas uma razã o para nã o brincar com eles. Eles te dariam AIDS
de cabra ou algo assim.”
Marty chupou os dentes com desdém. “Tanto faz, cara. Eu sempre uso represas dentá rias e
essas coisas. Eu sempre uso uma capa de chuva na alça. Ela riu muito e muito, como se
tivesse feito a maior piada. “Mas eu nunca faria o que Rémi fez. Eu nunca me casaria com
uma vadia bi. Isso é simplesmente desagradá vel. Ela deu um estremecimento teatral.
A comida que Sage havia comido antes revirou em seu estô mago. Ela sabia que muitas
lésbicas nã o faziam a coisa bi, mas a forma como falavam sobre as pessoas da sua pró pria
comunidade... Nuria. Fil. Ela fechou a mã o em cima da coxa para parar o tremor enquanto,
ao mesmo tempo, bem no fundo, ela se contorcia. Foi assim que ela falou quando falou com
Nuria e com Phil? De jeito nenhum. “Você nã o sabe o quã o estú pido você parece dizendo
essa merda.”
"Sim." Hope estreitou os olhos para Marty. "Qual é a diferença? Uma noite comendo uma
boceta doente ou uma vida inteira comendo isso? Por que você arriscaria sua vida assim?
Os preservativos rompem o tempo todo. Antes que você perceba, você estará mijando
sangue e terá uma maldita colô nia de caranguejos rastejando em sua merda.
Sage cerrou os dentes com tanta força que jurou que seu maxilar rangeu. “Isso é uma merda
da velha escola que todos vocês estã o falando agora. Na verdade, é foder todas essas
lésbicas costas com costas, como todos vocês fazem, que vai te dar alguma merda para
fazer sua boceta cair. Ou até eu. Adoro foder e nem sempre uso proteçã o. Claro, eu só fodo
lésbicas, mas muitas dessas garotas circulam muito como eu.”
"E daí? Você está defendendo esse estilo de vida nojento agora?”
Estilo de vida nojento? “Você ao menos se ouve? Vocês parecem aqueles malditos faná ticos
heterossexuais.
“Bem, merda, parece que você quer se casar com alguma bi-garota.”
"Sim. É isso que você quer fazer?"
Parecia que toda a mesa se virou para olhar para ela e Sage mal se conteve para nã o abrir a
boca e sair com alguma merda defensiva e de desculpas. “Se eu fiz isso, nã o há nada de
errado com isso. Nã o podemos falar sobre querer igualdade e respeito quando no segundo
seguinte estamos falando merda sobre parte de nossa pró pria comunidade e dizendo que
eles nã o merecem se casar e ser felizes como você só porque têm uma vida diferente de
você. Isso é realmente fodido.
Um punho bateu na mesa. “Calma, pessoal. Droga!" Candler virou a cabeça para olhar para
Sage. “Tenho certeza de que Richelle estava apenas brincando.”
“Eu nã o estava, e você sabe disso. Você me conhece há tempo suficiente para saber o que
penso sobre essa bagunça bissexual.”
"Sim. Mas você nã o precisa gritar essa merda do alto. Especialmente nã o aqui.
O clube se orgulhava de ser inclusivo. Nã o necessariamente para heterossexuais, mas para
todos que afirmavam fazer parte do arco-íris e queriam assistir sexo ao vivo. Era uma
política que eles carimbavam nas portas e nos folhetos de convites para suas festas. Nã o é
permitida bifobia, transfobia ou homofobia. Sage nã o percebeu que havia memorizado a
política até que ela lhe veio à mente.
“Vocês estã o uma bagunça. Você sabe que essas pessoas carregam mais doenças do que o
resto de nó s e você ainda está brincando.” Richelle chupou os dentes, uma verdadeira
jamaicana naquele momento. “Vá em frente, brinque e pegue gonorréia na garganta.”
Olhando para todos os outros na mesa, ela pegou sua bebida e engoliu o copo inteiro.
Toda essa conversa foi uma loucura. Nem parecia real. Sage se inclinou na direçã o de
Richelle, com a intençã o de perguntar de onde ela havia conseguido os fatos. Mas a sala
subitamente mergulhou numa escuridã o mais profunda. Um arco-íris de luzes
estroboscó picas brilhou e eles ficaram no escuro novamente.
Sage piscou para afastar os pontos de luz, imagem residual do brilho repentino, e percebeu
que, enquanto eles estavam no meio da “discussã o”, havia movimento acontecendo no
palco. As luzes da sala principal diminuíram ainda mais, cobrindo-os em completa
escuridã o.
A maioria das garçonetes e garçons já havia desaparecido, apenas o brilho fraco de suas
gravatas-borboleta revelava onde eles estavam, a maioria alinhando-se nas bordas da sala.
Um holofote caiu no meio do palco, cercando uma figura vestida de preto que posou em
silêncio por alguns segundos, dando tempo para qualquer um que estivesse assistindo - e a
maior parte do clube estava assistindo - tempo para apreciar sua roupa. O macacã o que
abraçava o pau, apertado o suficiente para mostrar o corpo duro, mas flexível do qual eles
obviamente se orgulhavam, era tã o justo quanto uma fantasia de patinador artístico e tã o
dramá tico com um decote em V baixo o suficiente para mostrar os pelos encaracolados do
peito e o parte inferior de seu pacote de seis. Ele brilhava como se fosse feito inteiramente
de pequenos cristais, piscava escandalosamente sob os holofotes e lançava arcos de luz
colorida por todo o palco. Eles fizeram uma curva lenta e o pú blico gentilmente soltou uma
série de assobios agudos de lobo.
“Senhoras, senhores, queridos de todos os tipos e inclinaçõ es! Bem-vindo ao Friday Flight
of Fancy. Eles se envaideceram novamente, movendo-se pelo palco com graça felina, o
brilho do fogo dos cristais acentuando cada passo. “Temos um presente especial...” Uma
piscadela agitou um grande leque de cílios e Sage percebeu entã o que os cílios estavam
pontilhados de cristais, ou pelo menos glitter também.
Uma mú sica começou a tocar.
Limite ao seu amor, de James Blake.
Um dos favoritos de Phillida.
“Nã o direi muito mais”, a visã o no palco riu. “Eu nã o gostaria de estragar a surpresa. Sejam
bem-vindos ao palco a estrela desta noite, Silvia, Senhora da Noite.” Eles levantaram o
braço, os dedos apontados para o teto e todos olharam para cima automaticamente.
Um suspiro de agradecimento.
Uma mulher pendurada em sedas roxas no teto alto, uma perna torcida no tecido, o corpo
nu.
Nã o, nã o nu. Sage piscou para se livrar da ilusã o de nudez.
A mulher na verdade usava uma malha cor de carne com lantejoulas pretas brilhantes
girando sobre o formato de seus seios e sua boceta. Seu cabelo, grosso, grande e natural,
estava preso em um coque no topo da cabeça. Ela mostrou dentes brilhantes para o pú blico
um momento antes de fazer um movimento e o tecido a soltar. Ela rolou repetidamente,
cada vez mais rá pido, em direçã o ao chã o.
Ela ia cair!
Mas nã o. Ela parou sua descida rá pida como um raio a apenas trinta centímetros do chã o,
ergueu a cabeça baixa e sorriu novamente para o pú blico. Agora que ela estava mais baixa,
Sage percebeu que ela tinha dentes muito afiados, presas reais que pareciam mortais na
moldura de seus profundos lá bios cor de vinho.
É VERDADE OU DESAFIO…
LENTAMENTE, graciosamente, ela se libertou das cintilantes sedas roxas.
“Bem-vindos, queridos”, ela ronronou para o pú blico, sua voz clara e exuberante, apesar da
presença dos dentes muito longos. “Eu sou Sílvia.” Sage esperava ouvir pelo menos um
sussurro. “Obrigado por ter vindo.” Ela se virou, ficando de costas para o pú blico, exibindo
o comprimento verdadeiramente nu e esbelto de suas costas, a carne lisa com mú sculos
movendo-se sob a pele bonita. “Esta noite, eu adoraria que um de vocês viesse.” Um
burburinho de interesse animado percorreu a sala principal, agora lotada. "Quaisquer
voluntá rios?"
Embora ela tivesse outras coisas em mente, Sage nã o conseguia passar pelo clube naquela
escuridã o e ela nã o queria ser aquela idiota com a lanterna do telefone distraindo todo
mundo do que eles vinham ver. Mas ela também queria ir embora.
Luzes brilharam sobre o pú blico entã o, mostrando dezenas de mã os se levantando para
aceitar o desafio de se voluntariar para o que quer que Silvia, Senhora da Noite, tivesse em
mente. Uma mã o perto da frente estava bem levantada, a mulher de pé e balançando a mã o
enluvada para frente e para trá s. As luvas pareciam de couro preto, muito macias e muito
caras.
Silvia olhou para o pú blico com um brilho de satisfaçã o e seus olhos devem ter encontrado
a mesma mulher que atraiu a atençã o de Sage. “Você aí, com a luva preta. Venha, se tiver
coragem, seja meu deleite saboroso esta noite.
Um gemido de decepçã o e saudade frustrada veio de uma mesa pró xima. Sage quase sorriu.
Havia muitas pessoas no show e interessadas em brincar para que alguém tivesse uma
chance real de ser escolhido. E ela meio que suspeitava que havia uma planta na plateia
pronta para saltar quando chegasse a chamada de voluntá rios. À s vezes, os jogos que
jogavam iam muito, muito além do que um amador se sentiria confortá vel.
Mesmo antes de Silvia terminar de anunciar sua escolha, a mã o enluvada desapareceu, uma
cadeira recuou ruidosamente e uma mulher esguia caminhava em direçã o ao palco. Os
holofotes seguiram seus movimentos juvenis de balanço do quadril em direçã o à
dominatrix cheia de dentes. O pequeno voluntá rio parecia jovem. Quase muito jovem. E
havia algo nela. Algo…
Porra, nã o…
Crystal, e nã o havia dú vida na mente de Sage de que aquela era a jovem Crystal, deslizou
até o palco, com movimentos rígidos, sorriso largo e cheio de falsas bravatas.
“Aquela garota parece louca, jovem”, murmurou um dos idiotas em sua mesa.
Nã o me diga. Se os irmã os e irmã s superprotetores de Crystal pensassem que o que Sage
tinha feito com Crystal era algo para fazer ameaças, entã o isso os levaria direto para o
territó rio homicida. O que diabos aquela garota estava pensando?
"Sim. Ela deve ter uma identidade muito falsa para entrar aqui.
“Os pais dela deveriam chutar a bunda do maldito porteiro.”
Mas o pessoal na porta de Shadows and Vine era diligente como o inferno. Eles nã o
permitiam que qualquer um passasse pelas suas portas e subisse no palco para ser fatiado
– ou algo assim – por um sá dico quente.
Talvez Crystal conhecesse alguém. Ou talvez ela tenha enganado a mulher na porta, assim
como enganou Sage. E a mulher na porta apenas a deixou entrar, nã o a fodeu no sofá de seu
pequeno apartamento de estudante com alguma ideia distorcida de vingança.
As bochechas de Sage queimaram. Sim, ela estragou tudo. Grande momento.
No palco, as luzes que abraçavam a forma elegante e magnética de Silvia se espalharam
lentamente. Aos poucos, eles revelaram uma espécie de bandeja médica, luvas,
instrumentos de aparência estéril brilhando à luz, líquidos em frascos lacrados. Uma
cadeira baixa de couro esperava perto da pequena mesa de instrumentos. E ao lado da
bandeja, uma cadeira de couro com aspecto mais confortá vel, com apoios de braços
cromados e encosto alto.
Que porra é essa? Crystal sabia no que estava se metendo aqui?
“Venha, minha querida,” Silvia praticamente ronronou enquanto puxava Crystal para o
palco e para a cadeira de couro.
A cadeira de couro afundou ligeiramente com o peso de Crystal e Silvia sorriu para ela, os
dentes brancos brilhando e predató rios. Depois amarrou os braços de Crystal nos braços
cromados com um par de grossas algemas de couro.
Silvia parecia pronta para comer Crystal viva. Com um giro negligente da mã o enluvada,
Silva virou lentamente a cadeira em que Crystal estava sentada, exibindo a garota para o
pú blico. O pescoço comprido e o rosto bonito, os seios firmes e altos sob o profundo decote
em V da blusa. As coxas grossas e as pernas longas embrulhadas em calças de couro.
A cadeira nem sequer rangeu. Mas o pú blico vibrava de entusiasmo. Para Sage, parecia que
ele prendeu a respiraçã o coletivamente. Sim, as mulheres na mesa dela falavam sobre a
jovem Crystal, mas isso nã o as impedia de olhar para ela com admiraçã o. Ela era jovem,
parecia à beira da maturidade, mas ainda estava firme. A pulsaçã o em seu pescoço
comprido batia rá pido. Isso era ó bvio na luz que brilhava sobre ela.
Seus cílios tremularam descontroladamente contra suas bochechas e ela lambeu os lá bios.
"Você está feliz por estar aqui, querido?" Silvia passou um longo dedo pelo pescoço de
Crystal, bem ao longo daquela pulsaçã o descontrolada.
“S… sim.”
"Hmmm." Os dedos no pescoço de Crystal deslizaram para baixo, descendo pelo peito,
seguindo o V de pele nua. “Acho que vou aceitar isso por enquanto.” Silvia beliscou o
mamilo através da camisa e Crystal gritou. O pú blico deu uma risadinha. Silvia cantarolou
novamente.
Com alguns movimentos graciosos e sedutores, Silvia tirou desinfetante de algum lugar —
o cheiro dele foi repentino e forte no quarto — e limpou a lateral do pescoço de Crystal.
A garota piscou para o pú blico, os olhos olhando furiosamente ao redor.
Ela estava procurando por alguém lá fora?
Uma agulha apareceu na mã o de Silvia e, depois de levantar uma sobrancelha para o
pú blico e dar um sorriso largo, ela deslizou a agulha no pescoço de Crystal.
Um lento suspiro de dor saiu dela. Duas gotas de sangue brotaram de ambos os lados da
agulha, rubis brilhantes em sua pele sépia, e Silvia as lambeu.
Sage sentou-se na cadeira. Isso nã o parecia certo.
Mas Crystal nã o pediu para acabar com isso. Na verdade, ela caiu para trá s na cadeira. Seus
olhos ainda piscavam amplamente. Ainda procurou o pú blico. Quando Silvia tocou seu
pescoço novamente, ela gemeu, um som entrecortado que nã o se parecia em nada com os
barulhos que ela fazia quando estava excitada.
As mã os da mulher alta moveram-se em direçã o à garganta de Crystal, lentamente, com
uma eficiência quase mecâ nica. Quando suas mã os se afastaram, Sage pô de ver um piercing
no pescoço de Crystal, como se um vampiro a tivesse mordido, deixando duas alfinetadas
de luz, diamantes, em vez de rubis. Ou sangue.
O pú blico aplaudiu. Merda. As joias repentinas foram tã o bonitas quanto inesperadas. Entã o
Silvia tirou a blusa de Crystal.
Seus pequenos seios nus. Mamilos macios. O peso delicado deles era vulnerá vel sob as luzes
brilhantes.
Silvia inclinou Crystal para trá s na cadeira para que todos pudessem vê-la. “Ela nã o é
linda?”
Pela expressã o dos rostos que Sage conseguia ver no escuro, ninguém discordava. Crystal
era jovem e fofa, firme em todos os lugares, com uma inocência suja que Sage conhecia por
experiência pró pria.
No palco, Crystal caiu na cadeira e Silvia a virou de lado para o pú blico e para a câ mera
transmitindo todos os seus gemidos e gemidos na imagem projetada grande o suficiente
para que todos no clube pudessem ver.
As mã os enluvadas de Silvia produziram outro pano anti-séptico e, desta vez, ela limpou
todo o lado esquerdo de Crystal.
Espere um segundo... Ela iria perfurar toda a lateral da garota?
Crystal choramingou novamente e se aninhou na cadeira.
Silvia se aproximou dela e o monitor mostrou seus olhos brilhantes, a forma como focaram
na veia latejante da garganta de Crystal, no piercing que ela já colocou ali, no medo ó bvio da
garota.
Sage sabia que vampiros nã o existiam. Mas naquele momento, com a cena acontecendo no
palco, ela poderia ter jurado diante de um tribunal, em uma pilha inteira de Bíblias, que
Silvia era uma vampira de verdade e que estava prestes a drenar Crystal até secar.
Na tela e em cores vivas no palco, Silvia deslizou uma agulha de cabo verde na lateral do
corpo de Crystal e a garota gritou, diante do pico de dor, parecendo mais alerta do que
antes, o lá bio inferior tremendo, os olhos indo e voltando entre Silvia e a audiência.
Com aquele som, uma sensaçã o de erro tomou conta das entranhas de Sage. Crystal nã o
queria estar lá . Ela clamava por ajuda a cada movimento dos olhos, embora nã o dissesse
uma palavra. Ela só falava com os dentes minú sculos à mostra e os lá bios bem abertos em
um sorriso. Mas seus olhos eram grandes poços de puro pâ nico.
“Eu nã o acho que aquela garota realmente goste dessa merda.”
Pela expressã o em seu rosto, Crystal parecia estar a um passo de gritar. Pelo menos ela
faria isso se tivesse algum senso de autopreservaçã o. Mas pelo que Sage sabia dela até
agora, ela tinha uma confiança de criança no mundo, ou talvez isso fosse apenas
ingenuidade.
Crystal choramingou e voltou os olhos em pâ nico para a câ mera. Ela nã o poderia ter gritado
por socorro mais alto.
Sage nã o conseguia mais assistir a essa merda. Ela deu um pulo, ignorando os olhares que
as outras mulheres em sua mesa lhe deram, e correu em direçã o ao palco, com a luz de seu
telefone, navegando cuidadosamente entre as mesas até chegar ao palco, pulou para a
plataforma onde Crystal estava obviamente deitada. paralisado de medo. Os holofotes
estavam quentes em seu pescoço e costas, instantaneamente fazendo com que o suor
escorresse pela linha do cabelo.
"Ela terminou aqui." Ela se abaixou para desfazer as fivelas que prendiam seus braços à
cadeira. Apesar das luzes quentes, a pele de Crystal estava fria ao toque. Ela estava em
choque?
Silvia ficou em sua altura total e intimidante. Tã o perto que ela tinha mais de um metro e
oitenta de altura com os saltos altos que usou ao sair das sedas do trapézio. Seu olhar
intenso fixou-se em Sage. "Nã o é da sua conta."
Sage nã o teria ficado surpresa se ela terminasse a declaraçã o chamando-a de “humana”.
Sim, essa merda foi demais.
A mulher se aproximou com sua altura ameaçadora e dentes rangentes. Mas Sage nunca
gostou de ser intimidada por estranhos sobre os quais ela nã o sabia nada. Sendo baixa
durante toda a sua vida, ela teve que avaliar as ameaças e lidar com elas à medida que elas
surgiam, nã o permitindo que sua desvantagem de altura a privasse de tudo o que ela
queria. Ela ignorou Silvia, terminou de desafivelar Crystal e colocou a garota suavemente
em pé. Ela choramingou e caiu nos braços de Sage, seus pró prios braços segurando Sage
pela cintura enquanto seus grandes olhos imploravam por algo que Sage nã o tinha a
oferecer.
— Ela está com medo — murmurou Sage, tirando a jaqueta fina e enrolando-a nos ombros
de Crystal. “Se você é burro demais para ver isso, entã o talvez nã o devesse fazer isso.”
A dominatrix se aproximou abruptamente, estendendo a mã o com garras e Sage duvidou
que fosse para lhe dar mais cinco. O MC apareceu do nada, com o microfone nas costas.
“Talvez você devesse deixar isso passar, Silvia. Provavelmente nã o deveríamos tê-la
escolhido de qualquer maneira.”
Silvia disse alguma coisa, mas Sage nã o esperou para ver o que era. Com um grunhido
baixo, ela levantou Crystal nos braços e a tirou do palco. Ela deu um suspiro agradecido,
grata pelo holofote que a seguiu para fora da plataforma e a guiou em direçã o à saída. Um
murmú rio de vozes aumentou, ficando cada vez mais alto a cada passo que ela dava pela
sala lotada.
"Isso é pra valer?"
“Acho que faz parte do show.”
“De jeito nenhum eu deixaria alguém roubar meu submarino de uma cena como essa!”
Sage ignorou tudo e atravessou a multidã o, o peso quase morto de Crystal, agarrado e
choramingando, ficando mais pesado a cada passo. Mas ela nã o parou. Ela nem queria
correr o risco de entrar no banheiro. Nã o havia como dizer o que aconteceria lá .
Embora ela frequentasse Shadows and Vine há anos e confiasse neles tanto quanto confiava
em um lugar para servir boas bebidas para ela e seus amigos, no minuto em que eles
permitiram que um sá dico começasse a trabalhar em um novato ó bvio, o aquecimento ou
nã o, foi o momento em que a perderam como cliente.
Com o show acontecendo, a multidã o era pequena na porta, mas ainda com pelo menos
uma dú zia de pessoas atravessando o corredor e ela virou de lado, empurrando as pessoas
para fora do caminho o mais gentilmente que podia com um “com licença” escrito nela.
lá bios. A maioria saiu rapidamente de seu caminho assim que percebeu a situaçã o. A
anfitriã na porta ficou de pé atrá s do pó dio.
"Ela está bem?" Ela se moveu em direçã o a Sage e Crystal, mas tirou a garota do alcance,
segurando-a protetoramente contra o peito.
“Ela só precisa sair daqui”, disse Sage. Seus braços queimavam por carregar o peso da
garota, mas nã o havia como soltá -la.
"Está bem, está bem." Ela apontou para outra porta onde apenas um ú nico segurança,
musculoso, permanecia com o olhar movendo-se constante e cuidadosamente ao redor do
clube. “Por ali.”
E entã o eles saíram ao ar livre, Sage engolindo o oxigênio mais abundante, livre do cheiro
de couro, do anti-séptico e da excitaçã o. Depois de uma rá pida varredura no
estacionamento, ela encontrou seu SUV e se dirigiu para lá com Crystal se mexendo e
murmurando em seu peito.
“Você veio me buscar.” Crystal piscou para Sage, seu sorriso vacilante.
O que? Antes que Sage pudesse dar uma resposta adequada, um grito chamou sua atençã o.
"Ei! Sá bio!"
Rémi e Dez, ambos vestidos com jeans escuros e jaquetas de couro de verã o, estavam
praticamente correndo em sua direçã o. "O que está acontecendo?" Rémi foi quem falou.
Ela apontou a cabeça para Crystal, que ainda caía em seus braços, mas olhava para os
recém-chegados sem nenhum reconhecimento no rosto. Outro som patético saiu de sua
garganta. “Ela se ofereceu para fazer parte do show hoje à noite. Eu nã o acho que ela sabia
no que estava se metendo.”
Dez se aproximou, seus olhos escuros absorvendo rapidamente a situaçã o. “Ela precisa ir
ao hospital?” Ela já estava com o telefone na mã o.
"Eu nã o acho. Talvez um lugar para relaxar por um segundo. Eu ia colocá -la no meu carro e
limpá -la com o kit de primeiros socorros que está no porta-malas.” A ú nica agulha em seu
lado sangrou lentamente.
“Coloque-a no banco de trá s da minha caminhonete”, disse Rémi, assumindo
instantaneamente o comando. “Vou pegar seu kit de primeiros socorros e levaremos ela
para um lugar seguro.”
Dez pegou o kit no porta-malas de Sage enquanto Rémi abria a caminhonete, abria a porta
do banco traseiro e recuava enquanto Sage puxava a garota ainda resmungando
cuidadosamente contra o couro. Depois que Crystal se acomodou, descansando de lado
para que nã o houvesse pressã o nas agulhas, Sage sentou-se ao lado dela. Perto dali, ela
ouviu Rémi falando, palavras suaves que ela nã o conseguia ouvir, em seu celular.
"Aqui." Dez lhe entregou o kit médico e recuou.
“Você provavelmente deveria tirar essas agulhas.”
"Sim." Com cuidado, ela o soltou, enxugando o ferimento com lenços antissépticos antes de
aplicar antibió ticos e depois colocou um curativo. “Ela é boa”, disse Sage.
"Legal."
Rémi bateu a porta dos fundos um instante antes de fazer o mesmo com a porta oposta. Os
dois subiram no banco da frente e seguiram caminho, saindo com cuidado do
estacionamento.
“Que porra aconteceu?” Rémi se virou para olhar para Sage e Crystal. “Achei que você nã o
viria hoje à noite.”
"Sim. Eu...” O que diabos ela estava fazendo? O que ela estava pensando? Tudo tinha sido
culpa e desamparo, sentimentos confusos que tinham tudo a ver com Phil. Ela queria uma
saída e conseguiu isso. “Merda… nã o sei o que estava pensando.”
“E a outra coisa?” Dez apontou a cabeça para Crystal enquanto Rémi permanecia
ameaçadoramente silenciosa, apenas dirigindo a caminhonete para qualquer “lugar seguro”
que ela achasse que eles precisavam.
“Ela se ofereceu para fazer parte da cena esta noite. Ela nã o estava pronta.
“Achei que havia plantas na plateia”, disse Rémi, falando pela primeira vez.
"Sim." Dez franziu a testa provavelmente pensando, como Sage, em todas aquelas vezes em
que eles assistiram cenas semelhantes e os traseiros obviamente pré-arranjados subiram
ao palco, ansiosos e obviamente experientes.
“Merda, eu também pensei isso. Quando eles a escolheram, pensei que ela fosse apenas uma
mulher que eles haviam escolhido antecipadamente.” Até que ela viu o rosto de Crystal e
percebeu que esse objetivo nã o sabia o que ela estava prestes a fazer. “Ela é complicada. Ela
pode parecer inocente, mas é complicada. Eu nã o ficaria surpreso se ela conseguisse trocar
com a garota normal.”
"Por que ela faria algo tã o estú pido?"
Sage fechou a boca.
Mas sem olhar para o banco de trá s, Rémi acertou em cheio. “De jeito nenhum…”
"O que?" Dez parecia confuso.
"Ela é aquela garota que você fodeu outro dia?" Rémi fez a pergunta, embora obviamente já
soubesse a resposta. "Phil disse algo sobre ela perseguir você."
“Ela nã o está me perseguindo.” Mas mesmo Sage nã o ficou convencida por sua defesa
aparentemente fraca.
Dez bufou. “Eu pensei que você nã o gostasse dos jovens. Nã o foi isso que você disse outro
dia?
“Por que todo mundo continua jogando essa merda na minha cara?”
“Entã o nã o diga merda que vai voltar para te assombrar.”
Sage sentiu os olhos de Crystal sobre eles o tempo todo, observando cada um deles
enquanto as acusaçõ es voavam. “O que você estava fazendo naquele lugar?” ela perguntou,
sua voz baixa.
"Eu... eu só tive vontade de sair."
“Caso alguém neste carro queira dizer a verdade, estou sentado aqui e pronto para ouvi-la.”
Rémi murmurou outra coisa que Sage estava distraído demais para ouvir. Momentos
depois, o SUV parou em uma entrada silenciosa. Casa de Rémi. Claro.
"OK." Dez soltou o cinto de segurança e saiu do carro. “Vamos colocá -la no meu antigo
quarto.”
"Tudo bem."
Certo. Isso nã o foi nada estranho. A foda adolescente de Sage se escondeu no antigo quarto
de Dez, que por acaso ficava na casa que Rémi agora dividia com seu amante gostoso,
também conhecido como mã e de Dez. Sage passou a mã o no rosto e estremeceu com o
cheiro de antisséptico que impregnava o rosto, apesar das luvas que ela usou enquanto
cuidava de Crystal.
Enquanto ela convenceu Crystal a se sentar, Dez destrancou a porta da frente e momentos
depois, uma figura esbelta em uma camisola fina e um roupã o apareceu na porta. Clá udia.
“Você precisa de ajuda, amor?”
“Acho que ficaremos bem.” Rémi abaixou a cabeça para enterrar o rosto na garganta de
Claudia, abafando as pró ximas palavras. Entã o ela se afastou. “Você preparou o quarto?”
"Claro. Eu também tenho uma aspirina para ela, ela precisa.”
Juntos, eles ajudaram Crystal, sem resistir e em silêncio, a entrar na casa e a percorrer o
corredor silencioso até o quarto que Sage visitara inú meras vezes quando criança. Os
lençó is já estavam puxados e ela colocou Crystal debaixo dos lençó is depois de tirar os
sapatos.
Claudia apareceu do outro lado da cama com um copinho de laranja. “Aqui está um pouco
de suco. Isso ajudará a acalmar os nervos dela. Sem ser solicitada, ela sentou-se na cama.
“Oi, querido. Você pode beber isso para mim? Ela moveu o copo em direçã o à boca de
Crystal, mas a garota virou a cabeça, choramingando.
“Ela aceitará se Sage der a ela”, disse Rémi atrá s de Claudia.
Sage fez uma careta para os dois, mas pegou o suco de Claudia sem dizer uma palavra e
ajudou Crystal a se sentar. “Beba isso.”
A sala estava barulhenta com silenciosos “eu avisei” enquanto Crystal, apoiada na mã o de
Sage atrá s da cabeça, obedientemente abria a boca e começava a beber.
Sage sentiu o rosto esquentar, o calor da cabeça de Crystal na palma da mã o só ajudou a
chamuscá -la de vergonha. Alguém pigarreou.
“Vamos dar-lhes um pouco de espaço.” Essa era Claudia, sempre prá tica.
Mesmo que ela nã o estivesse olhando para cima, Sage sentiu a maioria deles sair, seus
passos silenciosos saindo da sala até que ela ficou sozinha com Crystal e Dez sentados em
silêncio na cadeira do outro lado da sala. A amiga dela nã o disse nada.
Com um som suave e um movimento de cabeça, Crystal sinalizou que ela havia parado de
beber.
“Faça com que ela tome uma das pílulas que a mã e deixou.”
Com certeza, havia um frasco na mesa de cabeceira pró xima, rotulado como força extra
com codeína. A garota deveria tomar algo tã o forte? Foi apenas o que equivalia a um
piercing de demonstraçã o, pelo amor de Deus.
“Também a ajudará a dormir”, disse Dez. “Ela pode nã o estar preparada para o
constrangimento de enfrentar tudo isso”, ela apontou para a sala e além. "-agora mesmo."
Sim. Isso decidiu. Ela colocou um comprimido perto da boca de Crystal. “Só mais um gole
para engolir isso.”
Mais uma vez, a garota obedientemente abriu a boca. Depois que o comprimido desceu por
sua garganta com outro gole de suco de laranja, Sage a deixou descansar nos travesseiros.
Crystal olhou para ela com gratidã o, um sorriso trêmulo, uma expressã o no rosto que Sage
nã o conseguia nem começar a interpretar. Com um suspiro, Crystal virou-se de lado e
puxou o lençol ainda mais até o queixo, mas só se virou até certo ponto, aconchegando-se
na cama para evitar a pressã o dos furos e, Sage notou com uma careta, manter Sage à
vista. .
“Você é um idiota,” Dez murmurou.
Ela estava com medo de que sua amiga estivesse certa. Soltando outro suspiro inevitá vel,
ela deu um tapinha desajeitado na mã o de Crystal. "Descanse um pouco, ok."
"OK." A resposta dela foi suave, já cheia de sono.
Uma vez que seus olhos se fecharam, Sage se levantou e sentiu Dez começar a segui-la. A
casa em si estava silenciosa, embora uma luz fraca brilhasse na sala de estar. Por há bito, ela
seguiu pelo confortá vel quarto onde passara muitos anos com as amigas e seguiu pelo
caminho desgastado até as portas duplas que davam para fora e para a piscina. Assim que
ela abriu a porta com um clique suave, o som de uma conversa tranquila fluiu em sua
direçã o.
Eles estavam à beira da piscina. Claudia e Rémi estavam sentados ombro a ombro na beira
da piscina, as pernas nuas balançando na á gua enquanto falavam em voz baixa. As botas de
Rémi estavam jogadas ali perto, com as calças enroladas até os joelhos. Sage hesitou, como
sempre, um pouco desconcertado com a intimidade deles. Mas Dez só surgiu por trá s dela,
caiu em uma das espreguiçadeiras, esparramou-se de costas e tirou os sapatos.
“Que porra é essa, Sá bio?” O olhar que Dez lhe deu deveria tê-la incinerado onde estava.
Mas ela ignorou a amiga e sentou-se em uma das cadeiras do lado oposto da piscina.
"Ela conseguiu adormecer?" Claudia perguntou, sua voz cheia de preocupaçã o.
“Ela fez isso”, respondeu Sage. “Obrigado pelas pílulas.”
Embora ela tivesse parado de se referir a ela como “Sra. Nichols” ou “Sra. N” alguns anos
antes, ela nunca havia perdido o há bito de prestar o mais cuidadoso respeito a Claudia
Nichols. Ela nã o só nã o era “senhora” de nada, como agora era totalmente mulher de Rémi e
tinha muito pouco a ver com o homem que Dez e seu irmã o gêmeo chamavam de pai.
"De nada." Claudia deu-lhe um sorriso reconfortante, embora Sage nã o soubesse por que, já
que era Crystal quem precisava de conforto, e nã o ela.
"Você parece nervoso, cara." Rémi inclinou-se ligeiramente para o lado, apoiando
momentaneamente a bochecha na de Claudia, e arqueou uma sobrancelha para Sage. "Você
está bem."
“Estou bem.”
Um grunhido incrédulo veio da direçã o de Dez, embora seus olhos estivessem focados em
seu telefone, os polegares voando em sua superfície enquanto ela mandava uma mensagem
para alguém. Provavelmente sua esposa. A voz baixa de Claudia disse algo que Sage nã o
conseguiu ouvir e Rémi respondeu acariciando as costas da namorada. Sage mordeu o
interior do lá bio e desviou o olhar.
Por muito tempo, ela pensou que ela e Phil tinham o que seus amigos estavam perdendo.
Companheirismo perfeito. Mas com essa noçã o completamente fodida, doía estar na casa
onde obviamente vivia tanto amor.
Uma dor aguda irradiava do esterno de Sage. “Eu deveria ir,” ela murmurou, tropeçando e
com a intençã o de sair e pegar um tá xi de volta para Shadows and Vine, onde ela havia
deixado o carro.
“Vá e faça o quê, deixe sua isca de prisã o aqui?” Rémi olhou para ela como se ela tivesse
enlouquecido. "Nã o."
“Sim, isso nã o é inteligente, Sage.”
Foda-se inteligente. Ela nã o se inscreveu para nada disso. Nã o a dor, certamente nã o para
alguma criança... Merda. Cometa um erro que poderia facilmente ter cometido naquela
idade.
"Multar. Você tem razã o. Deixe-me descobrir o que fazer e entã o...
As portas do pá tio se abriram e Phil passou por elas, alta e de olhos estreitos, calçando seus
sapatos de salto agulha roxos. "O que está acontecendo?"
"O que você está fazendo aqui?" Sage se levantou, o coraçã o batendo forte no peito.
“Você nã o respondeu minha pergunta.” Phil deixou a porta aberta e se aproximou, os saltos
altos batendo no concreto.
Sage estava prestes a dizer-lhe para fechar a porta tal como a tinha encontrado quando
Nuria apareceu por trá s dela e observou a cena com um ú nico movimento do seu olhar
completamente desinteressado. Eles estavam juntos? Ela voltou à conversa bem a tempo de
ouvir Phil fazer a Dez a mesma pergunta que ela havia feito a Sage.
Dez deslizou o telefone de volta no bolso da calça. “Você viu minha mensagem. A garota
está desmaiada no quarto de hó spedes agora.”
Todo mundo estava se unindo contra ela agora? "Você contou a ela sobre isso?" Sage olhou
para os dois.
"O que?" Dez já parecia entediado com a conversa. “Eu deveria manter essa estupidez em
segredo? De Phil? Nã o, cara.
Pelo canto do olho, Sage viu Nuria tirar os sapatos e juntar-se a Rémi e Claudia na beira da
piscina. Ela beijou as duas mulheres na bochecha e depois sentou-se, com os pés na á gua
para assistir tudo como se fosse uma novela.
“Em primeiro lugar, pensei que todos nós tínhamos planos de ir juntos para Shadows e
Vine.” Phil usou um ú nico dedo para indicar todos no pá tio. "E em segundo lugar-"
“Mas você nã o estava lá , você e Nuria estavam em outro lugar.”
"Com ciú mes, querido?" Nuria parecia divertida.
"Certo." Mas nã o estava muito longe. Embora ela nã o soubesse com quem ela era mais...
possessiva. Nuria, que deveria ser sua melhor amiga, mas estava namorando Phil,
provavelmente conversando sobre bissexualidade. Ou Phil, que ela ainda considerava,
apesar de toda a besteira, como seu melhor amigo. Alguém com quem ela compartilhava
tudo, incluindo todas as merdas sobre si mesma.
“Se você quiser saber sobre o que conversamos, basta perguntar.” Phil estava ao lado dela,
com o quadril levantado em desafio. Sua postura era combativa, mas seus olhos eram
suaves, uma nuvem melancó lica obscurecendo sua habitual vivacidade. Mas ela seria uma
idiota auto-iludida se nã o soubesse do que se tratava aquele olhar ou por que ele estava no
rosto de Phil, em primeiro lugar. “Mas espere, isso mesmo, você realmente nã o quer saber
tudo sobre mim. Apenas as coisas que você considera aceitá veis.”
“Meninas, por favor.” A voz de Claudia cortou a noite quente. Mas além de fixar o olhar nos
dois, ela nã o fez mais nada. Disse, nada mais.
Mas Rémi nã o teve tal relutâ ncia. “Vocês dois se recomponham. Aquela garota ali precisa de
ajuda, nã o importa como ou por que isso aconteceu. Lide com ela, leve-a de volta para onde
ela pertence e lide com suas merdas. Isso já dura há muito tempo.”
“Você nã o pode dizer a todo mundo o que fazer, Rémi. Esta nã o é a porra da sua sala de
jogos.
Os olhos salpicados de verde de Rémi ficaram gelados. Ela olhou para Nú ria. “Lide com seu
amigo.”
A á gua espirrou quando ela tirou os pés da piscina e se levantou, pegando a mã o de Claudia
para ajudá -la a se levantar. Momentos depois, o casal desapareceu dentro da casa, o
deslizamento e o estalo das portas de vidro foram um som final e alto no silêncio.
“Vou dar uma olhada nessa garotinha”, disse Phil antes que ela também saísse e entrasse
em casa.
“Como diabos você consegue chatear Rémi entre todas as pessoas?” Dez revirou os olhos,
levantando-se com um grunhido e arrastou o telefone de volta para enviar o que Sage
presumiu ser outra mensagem. “Estou indo para casa. Deixe-me saber se precisar de ajuda
com essa bagunça. Phil disse que o pessoal dela queria te dar uma surra naquela noite. Você
sabe que se eles quiserem derrubar, Rémi e eu protegemos você.
Sim, ela sabia disso. Mas esta situaçã o parecia ainda mais ridícula do que o normal.
“Obrigada”, ela disse. “Eu vou lidar com tudo isso. Nã o é grande coisa."
"OK." Dez arrastou a palavra, enchendo-a com todo tipo de dú vida. “Você sabe como me
encontrar. Estou voltando para casa, para a esposa.
Mas em uma fraçã o de segundo, seu olhar passou de irritada para apaixonada com a
mençã o de Victoria. Dificilmente “a esposa”, e definitivamente o amor de sua vida que tirou
Dez de seus modos prostitutos e autodestrutivos e lhe deu o equilíbrio que nenhum deles
sabia que ela estava procurando, muito menos ela.
“Legal,” Dez disse. "Eu te ligo mais tarde."
Entã o Sage ficou sozinho no convés com Nuria, a piscina cintilando em turquesa e ainda
ondulando com a passagem dos pés de Rémi e Claudia. Com a distâ ncia de pés que os
separava, Sage se sentia muito distante de sua melhor amiga. Eles nã o conseguiram se
conectar de verdade desde aquela noite desastrosa da revelaçã o de Phil, quando Sage
provou ser ainda mais idiota do que jamais imaginou.
Sage pigarreou. “Entã o…” O constrangimento ficou ainda pior.
"E daí?" Nuria lançou-lhe um olhar antipá tico. “Você quer perguntar sobre o que eu e Phil
conversamos?”
"Nã o. Na verdade. Eu posso adivinhar.
A risada baixa de Nuria nã o foi nem um pouco divertida. “Tenho certeza que você estaria
errado. Nem tudo gira em torno de vocês, queridos.
“Eu nã o estava pensando que todos vocês estavam falando de mim!” ela protestou. “Sobre
toda a coisa bi, claro.”
“O que você transformaria em uma coisa toda sobre você. Pobre garanhã o traído e
estritamente clitó ris que nã o quer nada com paus e bolas reais. Especialmente se eles
estiveram na boca da namorada dela.”
Sage jurou que quase engasgou. "Porra! Parar. Isso é-"
"Bruto?"
"Claro que sim. Mas também desnecessá rio pra caralho. Eu nã o quero ouvir sobre nenhuma
dessas merdas.”
“Pelo que Phil diz, você nã o quer ouvir muitas coisas. Você sempre foi um idiota e eu nunca
percebi isso?
As palavras de Nuria a fizeram recuar.
“O que diabos isso quer dizer?” Sá bio perguntou.
“Se você precisa que eu decifre isso, entã o eu realmente nã o posso ajudá -lo.” Nuria
consultou o reló gio. “De qualquer forma, deixe-me sair daqui. Um passarinho me disse que
você estará muito ocupado nos pró ximos.” Entã o ela também se foi.
A solidã o da noite oprimiu Sage. Todos os seus amigos desapareceram dentro de casa e a
deixaram entregue à sua pró pria culpa. Entã o faça algo a respeito. Aquela maldita voz
novamente. Mas o que diabos ela poderia fazer? Nã o era como se ela pudesse voltar no
tempo e fazer com que Phil nã o fosse mais bissexual. Mesmo que ela pudesse identificar
exatamente quando essa mudança aconteceu.
Eu nunca me casaria com uma vadia bi. Isso é simplesmente desagradável.
Foi isso que ela se tornou? Apenas mais um estereó tipo de merda de um garanhã o tacanho?
As palavras de Marty apunhalaram sua memó ria novamente, e sua pró pria reaçã o, nã o
forte o suficiente para defender as mulheres que amava contra estranhos.
Deus, ela era tã o covarde.
A luz da lua brilhava sobre a superfície da piscina. Seu reflexo ondulante. A á gua parecia
fresca e convidativa. No mínimo oferecia um momento de distraçã o de seus pensamentos,
de tudo. Ela se imaginou pulando na á gua, com botas e tudo, tendo o peso cobrindo sua
boca, seus olhos, bloqueando tudo, exceto o som constante de seu pró prio coraçã o batendo.
A batida de suas botas contra o concreto avisou que ela havia se aproximado da borda. Sua
imagem vacilou. O corpo compacto, as roupas escuras, a tristeza formando redemoinhos
em seu rosto.
“Deus…” Esta nã o foi uma boa combinaçã o. Ela se afastou da á gua, estendendo a mã o para o
telefone.
Phil estava na porta aberta que dava para a casa. Ela simplesmente observou o rosto de
Sage, sua pró pria expressã o vazia. Finalmente, ela falou. "Estou indo embora."
"OK."
Ela ficou parada na porta por mais um momento, os lá bios entreabertos como se tivesse
mais a dizer. Mas entã o ela simplesmente deu as costas para Sage e voltou para casa.
Silêncio novamente. A atraçã o da piscina, o esquecimento da á gua. Mas de jeito nenhum.
Sage pegou o telefone e chamou um tá xi. Ela simplesmente voltaria para o clube, pegaria
seu carro e depois voltaria para pegar Crystal e levaria a garota de volta para sua casa.
Esperançosamente, a chegada da manhã a traria de volta aos seus sentidos, ela e Sage.
Mas as coisas nã o saíram exatamente como planejado. Quando ela voltou com o carro para
buscar Crystal, a garota já havia partido, levada para algum lugar por Phil Rémi que lhe
disse na porta, sua voz rosnada traindo que ela nã o havia perdoado completamente Sage
por aquela piada sobre a sala de jogos.
A surpresa permaneceu com Sage muito depois de ela ter saído da casa de Rémi e Claudia e
voltado para a sua, encontrando o caminho através da escuridã o e entrando no quarto de
hó spedes. Ela estava exausta demais para ficar acordada e se preocupar. O sono veio rá pida
e completamente, varrendo qualquer culpa e tristeza persistente que quase a empurrou,
completamente vestida, para dentro da piscina.
Amanhã . Tudo ficaria melhor amanhã .
CAPÍTULO VINTE E UM
Ela acordou com vozes.
Baixo e macio. Dois tons diferentes rolando juntos em harmonia na casa da qual ela nã o
estava acostumada a ficar separada. Antes de cair na cama, ela deixou a porta aberta, certa
de que nã o havia ninguém na casa além dela. Obviamente, ela estava errada.
Gemendo baixinho, Sage rolou e enterrou o rosto no travesseiro, o peso de seu corpo
pressionando os lençó is, todo o seu ser parecendo mais pesado do que antes, mais pesado
do que ela se lembrava de ter estado em sua vida. OK. Ela estava pronta para que isso
acabasse agora.
Ela teve sorte. Seus pais nã o eram pobres. Eles nunca a deixaram morrer de fome. Ela tinha
os melhores amigos que continuaram a apoiá -la em todas as merdas e decisõ es ruins. Mas
agora, mesmo com a incerteza de sua vida com Phil e sabendo dos anos desperdiçados que
poderia ter passado com seus pais, ela sabia que tinha vivido muito bem.
A risada ecoou pela casa e deslizou pelo corredor até o quarto onde ela havia se exilado. Ela
semicerrou os olhos para ver o reló gio ainda em seu pulso. Eram quase duas da tarde. Já
passou da hora dela se levantar.
Depois de vestir as roupas da noite anterior, ela tropeçou pelo corredor, passando a mã o no
cabelo e depois esfregando os olhos. Era a voz de Phil. Ela reconheceu facilmente o toque
de sua risada, a maneira como ela se transformou em risadas e depois em um suspiro baixo
e divertido. Na entrada da sala, ela quase tropeçou nos pés.
Vestindo calças de dormir largas e uma regata sobre os seios sem sutiã , Phil sentou-se no
sofá enorme ao lado de Crystal. Uma bandeja contendo dois pequenos pratos de comida —
café da manhã feito provavelmente por Phil — estava sobre a poltrona, perto dos joelhos, e
o cheiro de bacon e biscoitos feitos na hora percorria a sala vindo da cozinha.
Crystal parecia quase feliz, vestida com uma das camisas desbotadas de Sage que ela havia
enrolado nos cotovelos. Seus pés estavam descalços, o cabelo preso no rabo de cavalo
habitual enquanto ela se sentava enrolada no sofá e conversava com Phil.
Eles nã o a notaram.
“O que há com sua família? Eles sã o um pouco malucos, você nã o acha? Phil perguntou a
Cristal.
“Eles sã o simplesmente superprotetores. Eu sou a mais nova e...” Ela encolheu os ombros
como se isso explicasse tudo.
Phil segurava um pedaço de bacon entre dois dedos. “Eles precisam pisar no freio antes que
alguém se machuque.” O bacon estalou ruidosamente entre os dentes.
“Eles nã o machucariam ninguém, especialmente sua namorada”, Crystal disse revirando os
olhos. “Sage é sua namorada, certo?”
Phil fez um barulho duvidoso. "Oh, tudo bem." Ela lentamente terminou de mastigar o
bacon na boca. “Nã o, Sage nã o é meu. Nã o mais."
A dor de suas palavras atingiu Sage de forma aguda e profunda. Isso foi culpa dela, mas
ainda assim...
Cristal avançou. "Mas você costumava ser?"
Como ela sabia...? Mas antes que Sage pudesse terminar o pensamento, seus olhos
encontraram o troféu do Billboard Award em seu pedestal, o retrato em preto e branco dela
e de Phil feito apenas dois anos antes, Phil em um vestido de noite brilhante, de gola alta e
obviamente de alta costura, sentado em em primeiro plano, a fumaça subindo do charuto
que ela segurava perto dos lá bios sérios.
Na foto, Sage estava ao fundo vestindo uma camisa A, ombros tatuados e elegantes com
mú sculos, suspensó rios caídos nas coxas e seu rosto arrogante de perfil. Era um retrato que
Phil havia tirado quando os pais de Sage vieram visitá -lo. Mesmo antes de saírem da cidade,
ela o trouxe de volta e o colocou onde pertencia. Sage supô s que isso era justo.
“Sim, costumá vamos ser.” Phil pegou um pedaço de bacon de um dos dois pratos e mordeu
enquanto desviava o olhar de Crystal. Nesse movimento rá pido, ela notou Sage. “Você vai
ficar escondido no canto a manhã toda ou se juntar a nó s no café da manhã ?”
Seu tom, brincalhã o e amigá vel, pegou Sage desprevenido. Ontem à noite, ela parecia
querer despedaçar Sage com as pró prias mã os.
“Nã o tenho certeza”, disse ela. Mas ela lentamente entrou na sala de qualquer maneira.
“Tem café?”
“O que seu nariz está lhe dizendo?”
Sage estreitou os olhos para Phil. Entã o era assim que seria?
Carrancuda, ela fez um desvio até a cozinha para tomar café. A cozinha estava uma bagunça
organizada. Uma travessa de bacon e ovos, cuidadosamente colocada em cima de toalhas de
papel que absorveram qualquer ó leo restante, estava coberta com uma cú pula de vidro
para bolo na ilha imaculada da cozinha, ao lado de uma cesta de biscoitos ainda quentes.
O café esperava, ainda fresco e cheirando como uma tarde normal de fim de semana na casa
deles. Porque ela nã o comia carne de porco, ela sabia que o bacon era de vaca, porque ela
nã o fazia farinha branca, os biscoitos eram de trigo, e porque o café aromatizado era o
diabo, o Yirgacheffe etíope era simples.
Mas quando ela pegou o leite de amêndoa para colocar em sua caneca, descobriu que o
creme de avelã estava bem no centro da geladeira. Ela sempre ficava louca quando Phil nã o
colocava os condimentos de volta em seu devido compartimento, a ú nica coisa em sua vida
pela qual ela era obsessivamente cuidadosa. Mas ela deixou exatamente onde estava antes
de fechar a geladeira.
Quando ela voltou para a sala, eles ainda estavam sentados pró ximos, mas Crystal estava
com a bandeja no colo e devorava o sanduíche que fizera com biscoito, bacon e ovos
mexidos. Phil era quem falava a maior parte do tempo, mas a jovem assentia, fazendo
ruídos afirmativos com a boca cheia demais.
“E funciona para nó s”, Phil estava dizendo. “Ou pelo menos acontecia até recentemente.”
Crystal murmurou algo que obviamente pretendia ser uma pergunta, mas Sage nã o
entendeu uma palavra.
Aparentemente, Phil também nã o. "O que você disse, querido?" Mordiscando
pacientemente uma fatia de bacon, ela esperou até que Crystal engolisse seu ú ltimo pedaço
do sanduíche.
“O que aconteceu para mudar as coisas?” Cristal perguntou.
Phil encolheu os ombros e depois olhou para cima, prendendo Sage com os olhos. “As
coisas simplesmente aconteceram.”
"Certo." Crystal voltou a comer seu sanduíche mesmo depois de perceber para onde a
atençã o de Phil havia se desviado. "Entã o, você nã o está chateado porque ela me fodeu?"
“Eu nã o diria isso.” A voz de Phil estava seca como um deserto. “Nó s nã o transamos por
vingança, ou pelo menos nã o transamos. Nó s transamos quando ou porque queremos.
Porque é divertido. Nã o para se vingar da outra pessoa.
"Entendo. Seu relacionamento é construído sobre o amor que vocês têm um pelo outro,
entã o as coisas que vocês fazem, mesmo que pareçam estar fora do relacionamento, devem
ser de alguma forma baseadas no amor também para manter o relacionamento unido,
mesmo sagrado em um caminho." Um ruído de compreensã o veio de Crystal, um ruído
surpreendentemente maduro vindo de alguém que Sage basicamente considerava uma
criança. “Entã o o que Sage fez deve ter sido uma grande bagunça.”
"Eu penso que sim."
“Oh, caramba...” Naquele momento, Crystal parecia tanto com uma criança que Sage se
encolheu. Ela realmente fodeu essa garota e achou que estava tudo bem?
A garota mordiscou seu sanduíche, obviamente pensando demais.
"Entã o você... você faria isso também?" A hesitaçã o tomou conta da voz de Crystal quando
ela finalmente falou, mas ela também parecia determinada.
Sage sabia exatamente o que ela estava perguntando. Ela prendeu a respiraçã o com um
silvo agudo, mas as outras duas mulheres na sala a ignoraram. Essa garota estava tã o
inocente. Se ao menos seus irmã os e irmã s raivosos tivessem uma maldita pista.
"O que você está falando?" Phil perguntou com uma carranca.
A garota dela nã o estava sendo normalmente esperta, pensou Sage com uma onda de
despeito. “Ela quer foder você também”, disse ela, com á cido escorrendo de sua língua.
Phil desviou o olhar para Crystal, a contraçã o no canto da boca delatando sua diversã o.
"Sério, querido?" Claro, isso nunca vai acontecer.
“Bem...” Crystal gaguejou e olhou entre Sage e Phil. “Quero dizer que você está em uma
coisa aberta, certo? E nã o é que eu esteja pedindo para você se vingar, me foder. Você...
você está sendo muito legal comigo.
— Eu nã o te alimentei, entã o você me devia uma foda — murmurou Phil. “Eu nã o trabalho
assim, e se é assim que você tem conduzido seus negó cios, você precisa avaliar seriamente
algumas coisas.”
"Nã o!" Crystal largou o sanduíche e endireitou-se, torcendo os dedos no colo como uma
criança implorando por um doce. "Nã o é desse jeito. Gosto de você. Você nã o gosta de mim?
Sage revirou os olhos. Deus os salve de crianças carentes. Mas quando ela fixou o olhar em
Phil, havia algo suave em seu rosto. Ah, ela provavelmente estava se lembrando de ser uma
criança carente e ingênua, sempre querendo agradar. Estourando de hormô nios e saudade.
“Querida, você nã o me deve nada.” Phil olhou para Crystal com a paciência que Sage nã o
tinha. "Eu sou... legal com você porque é a coisa certa a fazer, nã o importa como você
entrou na minha vida."
Mas isso nã o fez Crystal recuar. Na verdade, ela se aproximou de Phil. “E daí se eu só quiser
isso? E nã o estou dizendo que você deveria me foder porque é isso que eu quero, mas... —
Ela desabotoou a camisa que usava e Sage estremeceu porque a maldita garota ainda nã o
tinha limpado a gordura do bacon das mã os. Aí ela nã o estava mais pensando porque
Crystal agora estava sentada no sofá com a camisa totalmente aberta, os seios à mostra e a
calcinha minú scula a ú nica coisa que mantinha sua boceta coberta. Entã o ela conseguiu isso
também. “Você nã o quer...” E foi quase ridículo o modo como ela exibiu seu corpo jovem
diante de Phil, como se Phil nunca tivesse comido um pedaço fresco antes.
Phil suspirou. Ela inclinou a cabeça para o lado, os cantos dos olhos puxando com simpatia,
talvez até pena. “Cubra-se, querido.”
"Nã o!"
E Sage recostou-se, espantada, quando Crystal subiu no colo de Phil, parou com seus rostos
a poucos centímetros de distâ ncia e depois se inclinou para beijá -la ternamente na boca.
Aquele beijo nã o foi nada parecido com o que ela compartilhou com Sage em sua pequena
sala de estar.
Isso foi terno, curioso e consciente. Depois de apenas alguns momentos, ela se afastou do
beijo relativamente casto, com a boca brilhando com o ó leo do café da manhã e da boca de
Phil. Seu rosto estava dolorosamente nu de desejo por Phil. Por amor.
“Tudo bem, é isso”, disse Sage, levantando-se. O ciú me revirou seu estô mago como uma
doença. Ela nã o gostou da sensaçã o. “Deixe-me levá -lo para casa. Isto está saindo do
controle."
Mas Phil surpreendeu os dois quando ela balançou a cabeça. "Tudo bem." Ela colocou as
mã os sobre as coxas de Crystal, agarrou-as e puxou a garota para mais perto até que sua
virilha estivesse encostada na barriga de Phil. "Venha aqui, querido."
À s vezes, Sage esquecia que Phil nã o tinha os mesmos problemas que ela. Ou talvez ela
simplesmente nã o fosse hipó crita. Ela nunca fez nenhuma afirmaçã o de que garotas — ou
pessoas agora, Sage supô s, já que ela era toda bissexual — com menos de 21 anos eram
jovens demais para ela foder. Embora antes ela sempre dissesse que era lésbica, ela nunca
foi estú pida o suficiente para dizer o que ou quem ela nunca faria.
Phil tentou algo que ela nunca teve, rejeitou ou abraçou como queria e entã o seguiu em
frente. Ela sempre esteve aberta a mudanças, o relâ mpago para a terra firme de Sage.
Portanto, nã o deveria ter surpreendido Sage que Phil estendesse a mã o para Crystal como
um amante. Mas de alguma forma aconteceu.
Phil gostava de Sage, amava-a, mas eles nã o eram iguais. Era fá cil esquecer isso à s vezes.
Enquanto ela observava, Phil atraiu Crystal para outro beijo. Uma pressã o lenta dos lá bios
em uma bochecha, depois na outra, um alô e adeus europeu mais íntimo. O que quer que
Crystal esperasse, nã o foi isso e ela engasgou, um som infeliz.
— Você é muito gentil — murmurou Phil quando ela se afastou para dar uma olhada longa
e minuciosa em Crystal. Um longo dedo acariciou a bochecha suavemente arredondada da
garota. “É por isso que acho que deveríamos terminar a tarde aqui mesmo.”
"Huh?" Quando Crystal percebeu o que estava acontecendo, seus olhos ficaram grandes,
redondos e tristes. "Mas…"
Muito gentilmente, Phil tirou a garota do colo e colocou-a no sofá . “Eu ia... fazer algo para
provar um ponto. Mas nã o vou. Nã o posso. Nã o preciso ser cruel com você só porque Sage
foi cruel comigo.”
Sage se mexeu onde estava sentada. Cruel? Nã o. Nã o foi isso que Sage fez. Foi isso?
“Mas você nã o está sendo cruel! Eu quero isso." Crystal olhou desesperadamente para Phil
que, Sage nã o pô de deixar de notar, estava evitando os olhos dela. "Por favor!"
"Nã o, querido. Coloque suas roupas de volta. Eu deixei isso... seja lá o que for que estamos
fazendo aqui, se arrastar por muito tempo.
"Com certeza", Sage murmurou, embora depois de falar, ela percebeu que as coisas teriam
sido melhores se ela tivesse mantido a boca fechada.
"Realmente?" A sobrancelha de Phil ergueu-se e de repente ela pareceu friamente furiosa.
"Entã o você é o ú nico que tem o direito de transar com ela?"
Sage soltou um suspiro. “Nã o foi isso que eu quis dizer e você sabe disso.”
"O que você quis dizer entã o?" Phil retrucou, instantaneamente pronto para se defender do
desafio de Sage. “Porque eu nã o lido com padrõ es duplos.”
Ciente de Crystal observando a briga enquanto rapidamente vestia a calcinha e a camisa,
Sage se contorceu. “Por que você nã o conta a ela o que você fez, Phil, em vez de me fazer
parecer o vilã o.”
“Nã o estou interessado em fazer você parecer o bandido, querido.” Phil zombou. Você está
fazendo um ó timo trabalho sozinho.”
“Qual é o problema entã o?” Crystal entrou na conversa, os olhos passando entre Sage e Phil.
“Por que você nã o pode simplesmente dizer o que aconteceu?”
Mas Sage estava farto dela.
“Nosso relacionamento nã o está aqui para seu entretenimento, Crystal,” ela retrucou.
“Nã o temos um relacionamento.” Phil arqueou uma sobrancelha. “Nã o foi isso que você me
disse outro dia na praia?”
E lá estava a verdadeira faca nas costelas. Uma dor aguda, como uma lâ mina de verdade
afundando em sua lateral, empurrando a agonia para fora de seu peito e quase subindo pela
garganta, manteve Sage congelada, a respiraçã o presa em seu peito. "Isso nã o é justo. Se
nã o tivemos um relacionamento, entã o por que você está aqui na minha casa?”
“ Sua casa?” Phil rosnou. "Você é um idiota." As calças largas em volta de suas longas pernas
esvoaçaram quando ela se levantou rapidamente. “Nã o sei onde Crystal mora e achei que
era melhor para ela dormir para descansar do que aconteceu com ela ontem à noite na
companhia de outras pessoas, em vez de ficar sozinha.” Ela saiu da sala. O som de algo
metá lico veio da cozinha, o clique forte de uma caneca na ilha de má rmore.
"Vocês provavelmente nã o ficaram juntos por muito tempo, né?" Crystal bocejou e tirou os
longos cabelos do rosto. “Você é péssimo em se relacionar com as pessoas. Até ela. E ela
parece muito legal.
Ela é legal , Sage queria dizer. Mas ela cerrou os dentes.
Momentos depois, Phil estava de volta. “Vou sair”, disse ela, mal olhando para Sage. “Acho
que você tem isso sob controle agora.”
"O que?" Sage deu um pulo e sibilou quando derramou café quente na mã o e na coxa. Ela
amaldiçoou, abandonou a caneca na mesinha lateral e arrancou o pano quente e ú mido de
sua pele. Foda-se, isso dó i! "Você vai deixá -la aqui?"
Os lá bios de Phil se torceram em zombaria. "O quê, você tem medo que ela morda?"
— Ela já sabe que nã o gosto disso — gritou Crystal, com a voz à beira da provocaçã o.
Sage a ignorou.
“Você deveria ficar, Phil.” De repente, ela nã o queria que Phil fosse.
A ideia de ela ir embora era insuportá vel. Agora, com Phil em casa fazendo café e relaxando
de pijama como em um sá bado normal, parecia certo . Ela deu um passo em direçã o a Phil,
mas Phil recuou e cruzou os braços sobre o peito. A dor espasmou seu rosto.
“Estou indo embora”, ela disse e sua voz era forte e inflexível. — E vou levar comigo sua
linda isca de quase prisã o. Ela levantou a voz. “Vamos, Cristal, querida. Vou levar você para
casa.
"O que?!" Ela estava levando Crystal para casa para transar com ela no mesmo sofá que
Sage estava? Isso foi demais, mesmo para Phil.
A mente de Crystal estava obviamente seguindo o mesmo caminho que a de Sage porque
ela veio correndo até Phil, já vestida e sorrindo muito, em tempo recorde. "Estou pronto!"
Isso não estava bem. Sage abriu a boca. "Ouvir-"
Phil ignorou Sage completamente e apenas pegou as chaves e caminhou em direçã o à porta
que dava para a garagem. Crystal praticamente se apoiou nas costas.
“Posso simplesmente colocá -la em um tá xi, pelo amor de Deus!” Sage nã o se envergonhou
de persegui-los, mas foi por pouco.
O som da porta da garagem se abrindo sacudiu seus dentes e a fez cerrar os dedos nas
bordas da porta onde ela estava.
Não vá , ela implorou silenciosamente. Por favor. Fique e lute comigo. Qualquer coisa menos
isso.
Mas Phil nã o era um leitor de mentes e nã o demorou muito para que seu Corvette amarelo
brilhante saísse de ré da garagem e a porta se fechasse atrá s dela.
Depois que os ú ltimos sons da porta da garagem desapareceram, o vazio da casa caiu ao
seu redor como uma avalanche. Alto. Doloroso. Insuportá vel. Sage estava parado na porta,
com as mã os ainda cerradas na madeira, esperando por... alguma coisa.
Mas nada aconteceu e ela finalmente teve que se mudar.
A noite voltou para ela. Crystal, carente e procurando desesperadamente por ela. Phil,
magoado e atacando. Enquanto ela apenas ficou ali, presa em sua pró pria incerteza. Em seu
medo.
Porra.
Sage olhou para o reló gio e depois desviou o olhar. Sem mais nada para fazer, ela se limpou
depois do café da tarde. Guarde a comida, lave a louça. Limpei as bancadas e a ilha da
cozinha. Uma hora se passou. Depois dois.
O que diabos ela estava fazendo com Crystal por tanto tempo?
A mesma coisa que você fez com ela outro dia, sua mente estú pida forneceu
prestativamente. As imagens indesejadas tomaram conta dela.
Phil empurrando Crystal para o sofá . As duas mulheres entrelaçadas e nuas. Bucetas à
mostra e se esfregando uma contra a outra. Phil gozando com um estremecimento contido.
Crystal perguntaria se ela veio? Será que ela saberia o que fazer com uma mulher que nã o
transmitiu seu orgasmo para o mundo?
Outra hora se passou.
“Eu deveria ir embora”, disse Sage para o ar vazio.
Mas ela nã o o fez. Em vez disso, num acesso de desespero, ela ligou para Dez. "Ei o que é
que está s a pensar fazer?"
“O de sempre.” A voz de Dez ressoou profunda e contente através do telefone. “Só
relaxando em casa. A propó sito, desculpe por nã o ter ligado para verificar sua situaçã o esta
manhã . Victoria e eu brigamos e... Dez riu. "Você sabe como é."
Sim, ela sabia como é. Ou ela costumava fazer isso. Ela e Phil passaram muitas manhã s
preguiçosas de sá bado fazendo sexo lento e ensolarado antes de arrastarem a bunda para
fora da cama tarde demais para fazer qualquer coisa ú til.
“Sim...” Sage disse mesmo assim. “Isso parece muito bom.” Ela passou os dedos frios pelos
cachos grossos de sua coroa.
"Mas você nã o faz isso." A voz de Dez perdeu um pouco de sua suavidade, como se ela
tivesse se sentado onde quer que estivesse. "E aí? Phil fez isca de peixe de verdade com o
seu pedacinho da noite passada?
Seus amigos sempre souberam atingir o cerne das coisas. "Nã o, ela... ela a levou para casa."
"Oh sério?" O tom de Dez ecoava todas as suspeitas que Sage teve quando Phil e Crystal
partiram juntos.
“Sim, mas é legal.” Sage forçou as palavras.
"Porque vocês dois terminaram?"
"Algo parecido."
“Merda...” Dez pronunciou o palavrã o. “Você está sendo um idiota agora. Como diabos você
pode desperdiçar doze anos em alguma besteira está além da minha compreensã o.
Foi principalmente besteira. Até Sage tinha que admitir isso agora. “Eu simplesmente nã o
sei o que diabos fazer.”
"Fá cil. Apenas rasteje. Digamos que você estragou tudo e prove que quer mudar e pare de
ser um verdadeiro idiota, para variar. Você sabe, estamos velhos demais para fazer esse
tipo de porcaria.”
Muito velho, muito cansado também... tudo.
“Você sabe que é mais fá cil falar do que fazer, certo?”
“A maioria das coisas é. Nã o significa que nã o os fazemos.” O som de movimento e farfalhar
de roupas chegou até Sage pelo telefone. “Quando me apaixonei por Ruben na faculdade,
fiquei chocado.” Ruben. O cara com quem Dez fugiu depois de anos se declarando lésbica.
“Parecia que todo o meu mundo mudou. Toda a minha identidade. Em parte foi por isso que
fugi com ele em vez de ficar aqui em Miami. Eu nã o teria aguentado se meus amigos me
rejeitassem por causa de quem eu estava transando.” Dez suspirou pelo telefone. “Entã o eu
corri. Quando voltei para Miami para ver minha mã e, encontrar o caminho de volta para
vocês foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. Nunca contei a ninguém, mas fiquei muito
grato por sua aceitaçã o. Nã o sei o que eu teria feito se você tivesse me rejeitado. Você nã o
deu grande importâ ncia a quem eu estava transando, pelo menos nã o na minha cara, e
continuamos com nossas vidas. Dez fez uma pausa. “Se você ama Phil como diz, por que nã o
pode fazer o mesmo por ela?”
Uma forte emoçã o deslizou pela garganta de Sage. “Eu a amo. Porra... tanto. Mas... O som da
porta da garagem cortou o resto do que ela queria dizer. Ela engoliu em seco. “Escute, eu
preciso ir. Phil está de volta.
Esse fato por si só a fez querer dar cambalhotas.
“Tudo bem...” O suspiro de Dez soprou duramente contra o receptor do telefone e no
ouvido de Sage. “Apenas seja bom com Phil. Se você nã o a quer, deixe-a encontrar a
felicidade com outra pessoa.”
Outra pessoa? A pró pria ideia distorceu a faca enferrujada do ciú me já enterrada nas
entranhas de Sage. Entã o ela pensou em Zachary Baxter e na mã o de Phil naquele dia no
restaurante. Seu mal-estar piorou.
"Eu tenho que ir." Apesar das lá grimas, ela conseguiu ver o suficiente da tela do telefone
para encerrar a ligaçã o.
Em que diabos ela estava se transformando?
"Isso é uma conversa privada?" Phil entrou na sala de estar, ainda com a roupa de dormir
com que havia saído de casa. Ela parecia cansada. “É por isso que você encerrou a ligaçã o
tã o rá pido?”
Ela chegou perto o suficiente para Sage sentir seu cheiro. Nenhum cheiro de sexo. Nenhum
sabonete floral barato do banheiro de Crystal. O alívio quase deixou Sage tonto.
“Nada privado. Pelo menos nã o da maneira que você provavelmente está pensando”, disse
ela, embora nã o tivesse muita certeza do que Phil estava pensando naquele momento. “Era
apenas Dez.”
Phil lançou-lhe um olhar cheio de suspeita e depois cantarolou uma resposta evasiva
enquanto ela atravessava a sala e ia para a cozinha. Fora da vista, Sage ainda acompanhava
seus movimentos através do som. A porta da geladeira abrindo e fechando, um vidro
batendo na bancada. O gorgolejar do suco sendo derramado. Ela entrou na sala com um
copo de suco de abacaxi, sem gelo, e afundou no sofá . Lá , ela inclinou a cabeça para trá s e
fechou os olhos com um suspiro.
O que aconteceu lá com ela e Crystal?
"Entã o…"
Phil abriu um olho, mas nã o disse nada. Ela apenas esperou.
Apesar do que seu nariz lhe disse, a pergunta saiu de qualquer maneira. “Você e Crystal...?”
Lentamente, Phil endireitou-se no sofá . “E se eu fizesse?”
“Bem, se você fizesse isso, estaria tudo bem. É justo. Sage pesou cuidadosamente as
pró ximas palavras, perguntando-se como exatamente expressá -las.
Phil fez um barulho impaciente. “Por que você simplesmente nã o faz a pergunta que
realmente está em sua mente e para de dançar em torno dela?”
Multar. “Você dormiu com Baxter?” Pronto, a questã o estava fora agora.
"Se eu disser sim, isso significa que você terminou comigo?"
Semanas atrá s, a resposta a essa pergunta teria sido “com certeza”, mas agora Sage nã o era
tã o claro. Outras razõ es para sua raiva, razõ es reais, estavam se acumulando em sua
consciência e ela simplesmente nã o conseguia ignorá -las.
Ainda…
“Só nã o quero que as coisas mudem entre nó s”, disse ela. Enquanto falava, ela se lembrou
das palavras de Dez antes, sobre a necessidade de mudança. Mas ela se recusou a acreditar
nisso, nã o sobre ela e Phil. “Antes de você… confessar, nossa vida era perfeita.”
“Sua vida talvez, mas nã o a minha.” As palavras suaves de Phil ecoaram fracamente por um
momento.
Mas eles cortavam como as facas mais afiadas.
“Isso nã o é verdade. Você era feliz. Esqueça toda essa coisa de pau e fique comigo. Estamos
bem juntos, você sabe disso. Sage estava tã o perto de implorar que se sentiu patética. Mas
ela finalmente estava aceitando que, nã o importava o que Phil quisesse, ela era a mulher
que queria. Phil só precisava... ficar.
Phil colocou o copo intocado de suco de abacaxi na mesinha de centro. “Posso ver por que
você se manteve no armá rio todos esses anos. Nã o foi por causa dos seus pais. Você vive
com medo e espera que todos façam o mesmo. Eu nã o farei mais isso. Nã o posso."
Sage enrijeceu. "Eu nã o tenho medo de nada. Você é quem de repente está com medo de ser
lésbica agora. Você só quer ser hétero e deixar toda essa merda gay para trá s...
"O que?" Phil levantou-se de um salto, com os olhos arregalados de raiva e decepçã o. “Eu...
quer saber? Foda- se. Phil se virou e caminhou pelo corredor até o quarto principal, sua voz
deixando um rastro atrá s dela. “Eu superei essa merda egoísta e tacanha que você está
fazendo. Pensei que se esperasse, se ainda nã o me mudasse, se mostrasse o que temos...
Mas nã o. Obviamente sou o idiota que Rémi me acusou de ser.”
Nã o pronto para perdê-la de vista, Sage os seguiu, batendo a porta do quarto atrá s deles.
Ela acendeu uma luz. "O que você quer dizer? Phil, vamos lá . Eu só ... Mas ela nã o conseguia
continuar.
“Você só quer? Quer foder aquela garota e me comer também, depois alegar que todos os
bissexuais te fodem para que você possa continuar sendo o maldito má rtir como tem agido
nas ú ltimas semanas? Nã o. Eu terminei completamente .” A respiraçã o de Phil veio
rapidamente, a fú ria ó bvia nos movimentos espasmó dicos de seu corpo, na maneira como
ela arrancou as roupas de Sage como se estivessem doendo. A blusa. As calças. Deixando-a
completamente nua e caminhando em direçã o à cadeira onde suas roupas da noite anterior
estavam cuidadosamente dobradas.
“Querido, espere…”
"Nã o! Você nã o pode me 'amar'. Agora nã o. Nunca. Cansei de deixar você foder comigo, de
fingir que nada disso me machuca enquanto você passa por sua crise. Ela zombou da ú ltima
palavra, puxando o jeans preto sobre as pernas, um apó s o outro. “Vá encontrar uma lésbica
pura para aguentar todas as suas merdas, e quando ela nã o se conformar com suas idéias
de como as pessoas deveriam se comportar e nã o mudar, tenho certeza que você
simplesmente vai terminar com ela também e fingir que a culpa é toda dela. Tenha uma boa
vida! Suas mã os tremiam enquanto ela lutava para fechar os botõ es da calça jeans e
agarrou a blusa.
Sage agarrou o braço dela. “Você sabe que nã o é assim!”
“Tudo o que sei é o que você me disse e o que me mostrou.” Phil puxou a camisa pela
cabeça, ou pelo menos tentou, mas Sage puxou-a para poder ver seu rosto. Phil puxou-o de
volta com um silvo baixo. “Eu nã o posso ser outra pessoa, Sage. Nem mesmo para você.
Phil vestiu a camisa e alisou o cabelo.
Como diabos eles chegaram a isso?
O desespero tomou conta do peito de Sage, a verdade subindo por sua garganta, apesar de
quantas vezes ela engoliu.
“Eu nã o posso te dar a maldita criança que você quer!” Sage congelou, os olhos arregalados,
o coraçã o batendo forte como um tambor de guerra. “Você nã o vê que eu nã o posso fazer
isso? Nã o posso ver você se afastar de mim com um homem, sabendo que apenas um idiota
pode lhe dar o que você deseja há tanto tempo.
O silêncio ecoou na sala. Entã o Phil respirou fundo e trêmulo, o que fez seu corpo ficar alto
e reto. Ela engoliu algumas vezes antes de falar novamente. “Eu nunca te abandonaria.
Achei que você soubesse disso.
Nunca houve muito tempo em que você quisesse um filho e nã o tivesse uma fonte pronta
de porra para dar a você. Ela já tinha visto isso o suficiente em casais da comunidade.
“Phillida, nã o faça promessas que nã o possa cumprir”, disse ela, cansada.
Eles se entreolharam, sem mais palavras entre eles.
Phil finalmente falou. “Entã o isso realmente nã o tem nada a ver com eu ser bissexual?”
“Eu nã o disse isso. Tem tudo a ver com isso. Pelo menos com os paus nã o destacá veis que
você quer de repente.”
Afastando-se dela, Phil cruzou os braços sobre o peito e olhou pela grande janela salpicada
com o início da chuva. Escuridã o lá fora, luz artificial e o silêncio frio lá dentro.
“Eu nunca pedi isso, você sabe disso”, disse Phil depois de um longo tempo. Seus ombros
estreitos estavam rígidos, sua postura defensiva, como se ela estivesse pronta apenas para
que Sage a machucasse.
Sage nã o queria machucá -la, nã o mesmo. Mas ela nã o sabia como lidar com isso. “Mas você
quer um filho. Isso é o que você deseja há meses. Nã o é?
Os ombros de Phil subiam e desciam com sua respiraçã o á spera. "Sim."
Eles dançaram em torno do assunto, até mesmo planejando fazer acontecer, mas como a
maioria das coisas que aconteceram com eles, eles nã o discutiram, apenas presumiram e
seguiram em frente.
“Você sabe que nã o posso te dar isso.” Dizer que parecia um grande fracasso. Tã o estú pido.
"Sim você pode. Você sabe que pode. Nó s vimos isso acontecer.” Alguns amigos tangenciais
de Phil adotaram ou tiveram filhos por meio de inseminaçã o artificial. Era a nova “coisa”
lésbica a fazer, ela brincou antes. Seu tom implicava que ela nã o queria nada disso.
“Mas quã o conveniente é que depois disso você me diga que quer um pau na sua vida?
Coincidência demais, e você sabe disso.
Um relâ mpago iluminou a dor no rosto de Phil e um trovã o sacudiu a casa. A chuva caiu
com mais força, batendo um SOS urgente no telhado.
“Se eu quisesse pular a clínica de inseminaçã o e fazer com que algum cara enfiasse o pau
em mim só para ter um bebê, eu teria dito isso. O fato de eu ser bi nã o tem nada a ver com
isso.”
Sage balançou a cabeça. “Eu só nã o quero perder você,” ela finalmente engasgou.
“E foi por isso que você me jogou fora?”
“Eu nã o—”
"Sim, você fez." A voz de Phil vibrou de dor.
Ela nã o precisou dizer mais nada. Os detalhes fodidos dos ú ltimos dias passaram por trá s
das pá lpebras de Sage em vívida alta definiçã o. Dor apó s dor. Rejeiçã o apó s rejeiçã o. No
meio de tudo isso, ela se sentiu justificada, até mesmo vitimada. Mas agora, com a distâ ncia
e o tempo e a mulher que ela amava estó ica e de olhar duro à sua frente, ela nã o tinha
escolha senã o ver os destroços que suas açõ es haviam deixado para trá s.
“Sinto muito”, disse Sage.
"Eu sei. Mas à s vezes isso nã o é bom o suficiente.” A tristeza na voz de Phil torceu a faca do
arrependimento no peito de Sage.
Os cantos dos olhos de Phil se apertaram. “Estou indo embora de verdade desta vez. Já
fiquei muito tempo. Com movimentos desarticulados e rígidos, ela calçou os saltos altos e
pegou a bolsa da cô moda. “Acho que conversaremos mais tarde.”
“Onde você está indo, afinal?” Eles conversaram muito sobre a partida de Phil, mas
nenhuma palavra sobre para onde ela iria.
“Ainda nã o tenho certeza, mas vou descobrir alguma coisa”, disse Phil, sem diminuir o
passo.
Sage a seguiu desde o quarto. Outras palavras se acumularam atrá s de seus lá bios, prontas
para serem liberadas e de alguma forma convencer Phil de que... que ela estava
arrependida. Ela nã o orava com muita frequência, ou nunca, mas cerrou os punhos e orou a
todas as divindades de que já tinha ouvido falar para que Phil ficasse e pelo menos
começasse a perdoá -la.
O relâ mpago brilhou novamente, o estrondo do trovã o rá pido, e Sage sentiu a vibraçã o do
trovã o por todo o seu corpo. Entã o o mundo ficou escuro. Ela quase esbarrou em Phil que
parou de repente, ambos congelados na escuridã o repentina e absoluta.
"Seriamente? Isto está acontecendo agora?" Phil, que já estava com a mã o na porta da
garagem, girou a maçaneta e espiou lá dentro.
Tudo estava escuro, a forma enorme de ambos os carros escondida em camadas de sombra.
“Por que você estacionou lá , afinal?” Sá bio perguntou. “Você poderia simplesmente ter
deixado seu carro na garagem.”
"Bem, eu nã o fiz isso, ok?" Phil murmurou, claramente irritado.
“E agora você está preso aqui.”
Por mais rude que afirmasse ser, Sage nunca se preocupou em descobrir como abrir a porta
da garagem sem eletricidade. Supondo que houvesse uma maneira.
“Bem, meu carro pode estar preso aqui, mas eu nã o. Vou pegar um tá xi agora e vou buscá -lo
mais tarde. Phil tirou o telefone da bolsa. "Merda." Ela franziu a testa para a tela escura
como se ela tivesse feito mal a ela. "Está morto." A repulsa, seja pelo telefone ou por ela
mesma, por nã o carregá -lo, veio alto e bom som.
“Você pode usar o meu”, disse Sage. Eles nã o tinham telefone residencial.
Eles voltaram ao quarto para pegar o telefone de Sage, mas descobriram que ele também
estava escuro e mudo. Outro peso de papel de novecentos dó lares.
“Você está brincando comigo,” Phil murmurou.
Um calor rá pido invadiu o rosto de Sage, mas ela se recusou a agir como se fosse ela quem
tivesse fodido tudo. Ela recuou com os braços cruzados e olhou para Phil.
"Merda." Phil teve a graça de parecer envergonhado. Afinal, foi ela quem apareceu em casa
com o telefone quase desligado. Pelo menos Sage tinha a desculpa de estar em casa, um
lugar onde ela sempre se esquecia de carregar o telefone, a menos que Phil a lembrasse.
Phil se virou com um silvo de frustraçã o e saiu do quarto com um rá pido clique dos saltos
altos contra o piso de cerâ mica.
Merda. O que eles iriam fazer agora?
Sage o seguiu, navegando cuidadosamente pela casa escura e saindo pela porta da frente. O
cheiro da noite chuvosa penetrou no nariz de Sage. Ela respirou fundo, acompanhou e
acompanhou os passos de Phil pela pequena varanda. Com um clique silencioso, ela abriu o
guarda-chuva que pegou no suporte ao sair e o ergueu sobre a cabeça de Phil.
Phil sorriu brevemente para ela em agradecimento.
As lâ mpadas solares ao longo da passarela brilhavam no escuro, guiando seus passos lentos
até a beira da entrada circular vazia. A chuva, nem forte nem leve, batia com o guarda-
chuva sobre suas cabeças. A á gua da chuva rodopiava em torno dos pés descalços de Sage.
Todo o bairro estava coberto de escuridã o.
O ar quente da noite passou pelos ombros nus e pela garganta de Sage. Ela inclinou a
cabeça para trá s para olhar as estrelas. Eles piscaram para ela de seu lugar na imensa
escuridã o como se tivessem um segredo para contar. Mas ela tinha a sensaçã o de que
nenhum segredo seria compartilhado esta noite. Nem pelas estrelas, nem por ninguém.
“De quem foi a ideia de não ter um telefone residencial de novo?”
“Seu”, respondeu Sage, agora observando a sombra infinita que se tornara sua vizinhança.
Onde eles guardavam suas lanternas? Eles tinham baterias?
“É melhor voltarmos para dentro”, disse Phil. “Nã o adianta ficar aí parecendo alvos no
Expurgo.”
Sage revirou os olhos. “O primeiro filho da puta que vier aqui tentando purgar vai levar
uma bala bem no meio dos olhos.”
“Você nem sabe onde guardamos a arma”, disse Phil com uma risada suave.
"Verdadeiro."
Guiada pelas lâ mpadas solares, Sage voltou para casa com Phil ao seu lado e ainda sob o
amplo guarda-chuva.
“Entã o... e agora?” Phil fechou a porta depois que Sage sacudiu o guarda-chuva e o colocou
de volta no suporte baixo.
Os detalhes de sua forma estavam envoltos em sombras, mas Sage conseguia distinguir
claramente a elevaçã o de seus ombros em confronto.
Bem, se havia uma coisa para a qual Sage nã o estava com disposiçã o era mais confronto. Ela
já estava farta disso por hoje, muito obrigada. Ela
“Eu nã o sei sobre você, mas eu poderia tomar uma bebida”, disse ela. Mas a primeira coisa
foi a primeira.
Ela acendeu as velas da sala, quase duas dú zias delas, com o isqueiro prateado que
mantinham facilmente acessível na estante. A luz das velas tremeluzia dourada e suave ao
redor da sala, emprestando ao grande espaço uma intimidade, uma suavidade que nã o
tinha há muito tempo. Gotas de chuva batiam continuamente no telhado, um som que
parecia mú sica. Com a chuva e a luz das velas, as sombras suaves envolvendo a sala, era
fá cil fingir que as ú ltimas semanas nã o tinham acontecido.
Uma ilusã o perigosa.
O jeans sussurrava contra o couro enquanto Phil afundava no sofá e se deitava. “Deus… O
que as pessoas faziam antes da eletricidade?”
“Eles foram dormir cedo e acordaram com o sol. Talvez jogar jogos de tabuleiro?
Embebedar-se? Sage ignorou sua leve irritaçã o e foi até o bar, onde pretendia preparar uma
bebida bem grande. “Graças a Deus pelo progresso e pelas invençõ es modernas.”
“Tenho certeza de que as crianças de hoje sentem o mesmo em relaçã o à internet e à
pornografia gratuita.”
“Chegamos tã o longe...” Ela preparou dois drinques, um rum com Coca-Cola para ela e um
martini sujo extra para Phil, e os levou até o sofá .
Phil murmurou um agradecimento e sentou-se, pegando o martini. Um gole, depois um
suspiro baixo saiu de sua boca. “Você nã o perdeu seu toque,” ela disse franzindo os lá bios.
Você ainda me conhece , dizia seu olhar. Eu não mudei. Na verdade.
“Talvez nã o, mas perdi a cabeça. Só um pouco."
E a divisã o entre eles voltou nitidamente ao foco.
"Você encontrou de novo?" Phil sentou-se com a taça de martini inclinada perto da boca,
em uma pose de completo relaxamento no sofá . Sem sapatos, pernas longas esticadas no
jeans escuro, ombros para trá s. Mas Sage a conhecia bem o suficiente para sentir a tensã o
praticamente vibrando nela. Apertou sua boca em uma linha macia.
“Estou tentando”, disse Sage.
Ela falou suavemente, combinando com o tom baixo de Phil. Talvez fosse a luz das velas.
Talvez fosse porque esta noite era a primeira vez desde que esteve no Shadow and Vine
com aquelas outras mulheres, as chamadas amigas, que ela podia ver o que havia se
tornado. O que ela tinha feito.
A escuridã o muitas vezes mudava as coisas. Trouxe consigo uma clareza que muitas vezes
falta durante o dia, um espaço semelhante ao de um ú tero que alimentava as coisas que a
luz do dia obliterava.
As palavras de seu pai voltaram para ela.
Você está agindo como o fanático que pensava que sua mãe era.
Doeu, mas também era verdade. Sage tentou lamber o nervosismo dos lá bios.
“Eu te amo, Phil. Nã o posso mais fingir que nã o. E isso me machucou, toda essa merda
acontecendo entre nó s.” Ela ergueu a mã o quando Phil abriu a boca. "Eu sei. Isto nã o é
sobre mim. Eu sei que. É por isso que estou perguntando, honestamente, o que você quer
que eu faça com o que você me disse?
Era uma pergunta que ela nunca tinha feito, na verdade nã o.
Os cílios de Phil baixaram para esconder sua expressã o enquanto ela tomava um gole de
martini. Tudo o que Sage conseguia ver era o grande leque de seus cílios contra o rosto.
“O que você precisa, Phillida?” ela perguntou novamente.
O copo na mã o de Phil tremeu e lá grimas silenciosas deslizaram pelo seu rosto e caíram,
uma por uma, no martini mal tocado.
Phil olhou para cima, com os olhos grandes e ú midos. “Eu preciso que fiquemos nó s.
Preciso da vida que planejamos juntos.”
O nó na garganta de Sage ficou maior. “Estou com medo...” Ela sufocou as palavras. “...que
nã o posso lhe dar o tipo de vida que você deseja agora. Estou com medo de que você
encontre isso com outra pessoa.
“Eu nunca vou deixar você”, Phil disse suavemente. Ela embalou o martini no colo enquanto
os dedos puxavam a haste do copo. Ela encontrou os olhos de Sage enquanto falava. "Eu te
falei isso. Nã o para qualquer mulher, qualquer homem. Ou mesmo qualquer criança que vá
parar na minha barriga. Nó s juramos isso um ao outro. Lembrar?"
Sá bio assentiu. Claro, ela se lembrou. Mesmo que tenha sido ela quem quebrou essa
promessa.
Se ela quebrasse sua palavra com tanta facilidade, o que impediria Phil de fazer a mesma
coisa?
Mas ela sabia que Phil nunca faria isso. Sua garota manteve sua palavra até nas menores
coisas. Compromissos. Ameaças. Comprando merda na lista de compras. Sage era quem
fazia merda constantemente. Inferno, até mesmo o atrito com seus pais era culpa dela. Em
algum momento, ela teve que começar a limpar sua bagunça. O gelo chacoalhou em seu
copo quando ela largou a bebida que mal havia tocado.
“Fui um idiota, sei disso, mas eu...”
Uma forte enxurrada de batidas na porta da frente interrompeu o resto de suas palavras. O
som de vozes ecoou, abafado demais para ela entender.
Sage virou-se em direçã o à porta. “Que porra é essa?”
A chuva ainda batia forte no telhado e as vidraças estavam borradas com linhas de á gua
caindo. Quem estava lá fora a esta hora da noite com esse tempo de merda?
Seus telefones estavam mudos. E se alguém estivesse tentando contatá -los?
E se algo estivesse errado?
A luz bruxuleante das velas mostrou as mesmas perguntas no rosto de Phil. Ela e Phil
correram ao mesmo tempo em direçã o à porta da frente.
"Quem é esse?" Phil perguntou assim que Sage destrancou a porta e a abriu.
Alguém pode precisar de ajuda.
Mas nã o.
O relâ mpago brilhou novamente, iluminando a figura na porta deles. Um terror inominá vel
tomou conta do peito de Sage e ela quase bateu a porta. Nã o era um bicho-papã o
mascarado com uma faca. Era Zachary Baxter.
O homem estava encharcado, com o cabelo grudado no rosto e nos ombros, as roupas
pingando á gua e grudadas no corpo por causa da chuva constante.
Esse cara nã o precisava estar em algum lugar de Hollywood?
"O que você quer?" ela exigiu.
Apesar da chuva torrencial, ele parecia tã o confortá vel como se estivesse no convés de um
iate tomando sol.
“Estou aqui para ver Phillida”, disse ele.
Ninguém a chama assim, exceto eu. As palavras ineficazes agitaram-se no cérebro de Sage.
“Zach.” Phil surgiu por trá s dela, com a mã o no ombro de Sage. “Isso é uma surpresa.” Ela
lançou um olhar para Sage e abriu mais a porta. “Saia da chuva. Nã o faz sentido você ficar aí
parado como um rato afogado.”
"Obrigado." Ele sorriu levemente e contornou Sage, que estava congelado na entrada. Esse
cara estava na casa dela. O que estava acontecendo? O que isso significa?
Baxter pingava constantemente á gua da chuva no saguã o e, só por isso, Sage estava pronto
para empurrá -lo de volta para a chuva e dizer “boa sorte, vadia”. Mas momentos depois,
Phillida apareceu com uma toalha grande.
“Seque-se, por favor.” Ela olhou para Sage novamente: “Eu prometo que ela nã o vai
morder”.
Para transformar Phil em um mentiroso, Sage rosnou.
O cara nã o parecia nem um pouco intimidado, no entanto.
“Obrigado pela toalha, mas só estou aqui por alguns minutos.” Ele pegou a toalha e passou-
a rapidamente no rosto e na garganta. “Estou saindo da cidade esta noite e queria ter
certeza de que colocarei isso de volta em suas mã os.”
"O que…?"
Ele enfiou a mã o no bolso da calça jeans, tirou um envelope e entregou-o a Phil. “Eu sei o
quã o especial isso é para você.”
Phil abriu o envelope e engasgou. Um eco do som que saiu da garganta de Sage.
Uma corrente de platina com o símbolo do infinito brilhava na palma da mã o de Phil. A
corrente na barriga que Sage lhe dera anos atrá s e que ela raramente tirava.
“Oh meu Deus, obrigado!” Phil apertou a mã o em torno dele e deu a Baxter um sorriso
agradecido. Ela avançou como se fosse abraçá -lo, mas se conteve no ú ltimo minuto. Um leve
sorriso surgiu na boca de Baxter diante de sua ó bvia hesitaçã o. “Eu realmente aprecio isso”,
disse Phil. “Tenho procurado por isso em todos os lugares.”
“Posso imaginar o quã o frenético você estava.” Ele inclinou a cabeça na direçã o de Sage. “A
propó sito, você é uma mulher de muita sorte.”
Phil mordeu o lá bio, com uma expressã o desconhecida de indecisã o no rosto. “Você é um
bom homem, Zach. Obrigado!" Entã o ela avançou e deu um abraço rá pido em Baxter antes
de recuar. Ela tropeçou em Sage, que a pegou facilmente, segurando-se para salvar sua vida.
“Nã o se preocupe, Sage”, disse Baxter. “Por alguma razã o, a ú nica pessoa que ela quer é
você. Se ela tivesse me dado uma chance, eu a levaria de aviã o para Los Angeles comigo
esta noite ou, inferno, talvez passeando por Miami por um tempo. Mas acho que é verdade
o que dizem, os bons sã o sempre levados.” Ele passou dedos gentis pela bochecha de Phil.
“Talvez eu veja você por aí”, disse ele, depois se virou e voltou para a chuva.
A porta se fechou firmemente atrá s dele, deixando-os em alto silêncio.
Finalmente, Sage nã o aguentou mais. "O que... o que foi isso?"
Phil lambeu os lá bios e levou o punho cerrado, aquele com a corrente na barriga, até o
peito. Seu suspiro suave sussurrou entre eles. Na escuridã o do hall de entrada, com apenas
as velas da sala para dar uma luz tênue, ela parecia um fantasma, uma criatura efêmera que
estava na casa de Sage apenas por ilusã o.
De repente, Sage pensou que, se piscasse por muito tempo, Phil desapareceria.
“Você estava lá ”, Phil murmurou em resposta à pergunta dela, entã o ela voltou para a sala
de estar. “Ele devolveu algo que pertencia a mim.”
“Como ele conseguiu isso?”
"Como você pensa?"
“Você fez sexo com ele.” Nã o foi uma pergunta.
"Sim."
"E…?"
“Talvez eu devesse fazer essa pergunta a você.” A luz das velas brilhou no rosto de Phil
enquanto ela se dirigia para a cadeira onde estava sentada antes de Zachary Baxter chegar
à porta. “Agora você sabe que dormi com um homem. O que isso significa para você, para
nó s?
Tudo estava disparando no cérebro de Sage a mil quilô metros por hora. Baxter e seu lindo
rosto. Sua oferta de levar Phil para Los Angeles ou ficar aqui. Este era um homem que
ganhava a vida como ator, que se importava o suficiente com a mulher de Sage para trazê-la
de volta algo que...
"Você disse a ele que eu dei isso para você?" Sage acenou com a cabeça em direçã o à
corrente na barriga.
“Sim”, disse Phil. “Eu contei a ele sobre nó s antes de fazermos qualquer coisa. Eu disse a ele
que nã o estava disponível para mais do que uma aventura... eu só queria ver como era.” Ela
nunca tinha estado com um homem antes.
"E?"
"Foi bom. Ele é um amante muito intuitivo e se preocupa com sua parceira. Ele aprende
rá pido. Como você." Phil deu um breve sorriso tingido de nervosismo. “Mas ele nã o é você.
Você é quem eu quero como meu parceiro.”
Imagens passaram por trá s das pá lpebras de Sage. Sua mulher com este homem. Mas ela os
afastou. Nã o importa o quã o bom tenha sido entre Phil e Baxter, era apenas sexo. No final,
nã o foi nada.
Um peso que estava no peito de Sage desde que ela viu o ator em sua porta foi diminuindo
lentamente. “Entã o, você nã o vai me deixar por ele?”
“Você nunca escuta quando eu falo, nã o é? Eu te disse, nã o vou embora. Você me expulsou e
eu ainda estou aqui, isso nã o diz alguma coisa?
Sim. Dizia que Sage tinha sido um completo idiota. Ela quase jogou sua felicidade pela
janela do carro e deu ré.
“Merda...” Ela desabou no sofá ao lado de Phil.
O couro sussurrou levemente quando Phil se virou para olhar para ela. "Sim."
Suspirando, ela entrelaçou os dedos com os de Phil e deslizou perto o suficiente para sentir
cada expiraçã o dos lá bios entreabertos de seu amor. A ternura por sua mulher assumiu o
controle e a deixou nua.
Ela nunca acreditou em coisas como culpa ou penitência. De qualquer forma, esses
conceitos nã o estavam todos ligados à religiã o? Mas agora ela sentia aquela terrível
sensaçã o de vergonha pelo que tinha feito a Phil. Para o amor dela. Com um pau cheio de
massa de bebê ou nã o, Zachary Baxter nã o era uma ameaça maior para seu lar feliz do que
suas amantes casuais tinham sido. Sage era um idiota. O herege no templo sagrado do seu
amor.
Agora, ela precisava fazer penitência.
“Dizer que sinto muito nã o é suficiente”, Sage disse com a voz rouca em meio à s lá grimas
que obstruíam sua garganta. “Eu sei disso agora.”
Phil apertou os dedos dela. "Você?"
"Sim. Eu faço. Diga-me, como posso consertar isso?
"Consertar? Eu... eu nã o acho que alguma coisa tenha realmente quebrado — disse Phil
suavemente. “Mas isso nã o pode acontecer novamente.”
“Nã o vai.” Sage sabia que ela estava falando sobre o drama com os policiais, a loucura com
Crystal e o rompimento estú pido e desnecessá rio deles. “Eu prometo”, disse ela.
Nas ú ltimas semanas, ela se arrastou tanto para dentro de sua pró pria bunda que nã o
percebeu a merda que estava fazendo. Sim, Phil era bi. Sim, esta foi uma grande mudança.
Nã o seria fá cil. Mas ela nã o podia deixar sua mulher lutando sozinha só porque ela estava...
lutando.
Nenhum juiz ou ministro lhes deu uma bênçã o, mas a situaçã o deles era para melhor ou
para pior. Enquanto ambos viveram.
Ela prometeu isso a Phil anos atrá s e, se necessá rio, renovaria essa promessa.
Ela amava sua mulher. No mínimo, a coisa com os pais mostrava que ela era uma covarde.
Nada que ela nã o soubesse antes, mas, merda, foi uma liçã o difícil de aprender na vida real.
Por causa dessa covardia, ela desperdiçou anos de proximidade com seus pais. Ela quase
desperdiçou os doze anos que passou com Phil e a chance de muitos mais.
Eles estavam deitados juntos no sofá , com as mã os entrelaçadas, e as sombras da noite os
envolviam com segurança como um cobertor de amantes. O silêncio entre eles foi uma
terna absolviçã o e ela adormeceu pacificamente.
— Eu te amo — sussurrou Sage pouco antes de cair da beirada.
"Eu sei." As palavras suaves roçaram seus lá bios como um beijo.
Na escuridã o, ela sorriu.
EPÍLOGO
O oceano se estendia dos dois lados da rodovia e brilhava em um azul turquesa brilhante
sob o sol do fim da tarde. Sage dirigiu seu SUV pela Rodovia 1 em direçã o a Key West, o
volante segurado levemente entre os dedos.
Ela se sentiu tã o feliz que foi um pouco nojento.
No banco do passageiro, Phil, vestindo um maiô azul brilhante e uma saia amarelo-claro,
parecia completamente relaxado. Ela se recostou no banco com os pés descalços apoiados
no painel, os dedos brilhando com esmalte azul. Observando o cená rio bonito, embora
monó tono, passar, Phil apoiou a cabeça no encosto e cantarolou a mú sica de Halsey que
vibrava nos alto-falantes.
No meio do zumbido, Phil preguiçosamente virou a cabeça da janela. "Gostou do que está
vendo?"
"Sempre."
Sua mulher inclinou a cabeça em um olhar sexy de “venha me foder” e Sage se animou nas
calças. O que Phil estava fazendo agora?
Ela manteve as mã os no volante, metade de sua atençã o na estrada, a outra firmemente em
Phillida.
Eles percorreram um longo caminho desde aquela noite louca na estreia do filme, meses
atrá s, mas ainda havia trabalho a fazer. Seus problemas nã o foram resolvidos magicamente.
Sage ainda estava preocupado com toda a coisa da bissexualidade. Ainda com ciú mes. Mas
ela sabia que queria manter Phil ao seu lado pelo maior tempo possível. Talvez para
sempre.
Com sua linda boca aberta em um sorriso provocador, Phil lentamente tirou algo do bolso
da saia. Era pequeno, roxo e tinha o formato vagamente de uma onda. Se as ondas
zumbissem e parecessem que algo vinha do espaço sideral.
Distraído, Sage franziu a testa. Ela sabia onde já tinha visto aquela coisa antes. E quanto
custou.
“Nã o acredito que você comprou essa coisa”, murmurou Sage.
Ela voltou sua atençã o totalmente para a estrada por um momento, só para ter certeza de
que nã o iria bater no para-choque de alguém. Mas a estrada à frente do caminhã o estava
livre por pelo menos oitocentos metros.
“Por que você nã o consegue acreditar?” Phil perguntou.
“Aquela coisa custava pelo menos mais de cem dó lares.” Talvez mais. Sage estava olhando
por cima do ombro de Phil enquanto sua mulher clicava no boletim informativo semanal da
sex shop como uma criança em uma loja de doces digital.
"Correto." Phil assentiu como se Sage fosse o idiota aqui. “O que significa que é um vibrador
muito bom.” Ela apertou o brinquedo em questã o como se já fosse seu favorito. Era tã o
grande quanto a palma da sua mã o.
Sage olhou para o brinquedo em dú vida. Nã o parecia suficientemente poderoso para o tipo
de vibraçã o que sua mulher normalmente gostava. “Essa é uma grande suposiçã o a se
fazer.”
"Eu nã o duvidei de você quando você derrubou quase dois mil naquele idiota assustador e
realista feito no porã o de algum pervertido alemã o."
"Mas você fez isso." Sage se lembrava claramente de Phil dizendo “de jeito nenhum!” e
rindo quando ela tirou o brinquedo. Mas a risada se transformou em gemidos altos e gritos
de prazer quando Sage teve os tentá culos zumbindo, um enterrado na bunda de Phil, o
outro em sua boceta pingando.
“É verdade”, disse Phil, “mas nã o vamos viver no passado”. Ela rolou a pequena vibraçã o
roxa entre os dedos. “Isso é lindo, nã o é?”
— Bonito nã o é o que conta, querido — murmurou Sage com um sorriso superior,
praticamente desafiando Phil a usar o brinquedo. Mas por que outro motivo ela o pegou, a
menos que pretendesse usá -lo?
“Acredite em mim, é mais do que um rosto bonito.” Phil fez uma covinha. “Meio parecido
comigo.” Ela apertou um botã o oculto no brinquedo e a coisa ganhou vida.
Sage manteve as duas mã os no volante, os olhos fixos na frente. Bem, talvez um pouco para
a direita para ter certeza de que ela nã o estava ignorando sua mulher. Tentando nã o
parecer obviamente ansiosa, ela se contorceu apenas um pouco na cadeira. “Entã o... hum...
você já experimentou?”
"Claro." O brinquedo pulou na palma da mã o de Phil, o nariz alongado roçando a base dos
dedos dela. Parecia um pequeno animal de caça com uma coisa em mente.
Sage lambeu os lá bios, ansiosa agora para colocar o show na estrada, por assim dizer. “Você
vai me mostrar do que se trata sua nova compra cara?”
"Você realmente quer ver?" Phil acariciou de brincadeira a cabeça do vibrador com o
polegar.
Merda. Sage se mexeu novamente no assento de couro e já estava faltando dois segundos
para implorar a Phil para brincar consigo mesma.
“Só se você quiser, querido”, disse ela. Mas o tom ofegante em sua voz arruinou qualquer
tentativa de indiferença.
Mas, Phil, a pequena provocadora já estava com a mã o na bainha da saia. Lentamente, ela
puxou o material amarelo transparente.
Seu brinquedo zumbiu.
Sage engoliu em seco.
Phil puxou lentamente a saia. A bainha deslizou por suas longas pernas e coxas grossas,
expondo sua bela pele à luz do sol. A boca de Sage encheu de á gua. A buceta dela também.
Finalmente, finalmente, a saia moveu-se nos ú ltimos centímetros. O V de pêlos pubianos
bem aparado de Phil apareceu. Depois, sua linda buceta.
Sage soltou um suspiro e apertou o volante com força suficiente para doer. "Você nã o podia
esperar até chegarmos ao chalé para fazer isso comigo?"
“Todo mundo já está lá , lembra?”
Como ela poderia esquecer? Cerca de uma semana depois que ela e Phil voltaram a ficar
juntos, Dez começou a cantar “ Reunited and it feel so good ” sempre que os via. Entã o,
finalmente, quando Sage estava pronta para enfiar qualquer coisa goela abaixo para calá -la,
Dez disse que comprou uma casa para eles, os três casais, no canal de Key West. Um fim de
semana prolongado para reconectar e rejuvenescer. Uma escapadela de casal.
“E Nú ria?” Sage perguntou, sendo um espertinho.
Dez encolheu os ombros. “Ela está em San Diego ou em algum lugar de Hollywood com seu
traseiro recém-empregado. Quem diabos sabe?
E assim, a viagem foi uma aventura. Quase uma da tarde e meia hora antes do destino, Dez,
Rémi e suas mulheres já os esperavam em um grande chalé de três quartos em Key West.
Mas voltando ao que era realmente importante…
Observando Phil, Sage mordeu o lá bio e se contorceu mais um pouco. Sim, eles estavam a
apenas meia hora de onde estavam indo, mas ela nã o podia esperar mais um segundo.
“Mostre-me o que seu brinquedinho pode fazer, querido.”
O sorriso molhado de Phil era a pró pria definiçã o de pecado. "O prazer é meu."
Mantendo os pés descalços no painel, ela separou lentamente as pernas e deslizou os dedos
entre as coxas. Ela penteou seu arbusto sedoso para abrir os lá bios que já estavam
brilhantes e molhados.
A língua de Sage ficou molhada com a necessidade de provar o desejo de sua mulher.
Porra…
“Você deveria apenas usar os dedos,” ela disse, os olhos treinados na abertura rosa
gotejante de Phil enquanto ela enrolava os quadris e a bunda no assento, procurando
estímulo contra seu clitó ris. “Você já está na metade do caminho.”
“Dedos nã o sã o o que eu quero agora, querido.” A voz de Phil estava se perdendo em sua
luxú ria. Ele retumbou baixo, ficando mais profundo quanto mais excitada ela ficava.
Esticando-se elegantemente como uma pantera, ela ergueu os quadris, recostando-se no
assento para se desnudar ainda mais para Sage.
Com outro movimento da língua sobre os lá bios já ú midos, Phil deslizou o brinquedo
vibrante entre as pernas. A pequena vibraçã o ansiosa cutucou seu clitó ris imediatamente, e
ela gritou.
"Oh!" Ela estremeceu no assento e Sage jurou que sentiu a mesma onda de prazer em seu
pró prio colo.
Phil agarrou a borda do assento com uma das mã os e abriu mais as pernas. "É tão bom. E
esta é a configuraçã o mais baixa.”
Droga.
Sage mexeu a bunda no assento, esfregando-se para frente e para trá s no couro. Um gemido
surgiu do fundo de seu peito. Deus... Ela estava prestes a desistir disso? Merda.
"Você gosta do que vê, querido?" Phil engasgou com a pergunta.
Tudo o que Sage pô de fazer foi assentir. Em seguida, dê uma rá pida olhada em direçã o à
estrada para ter certeza de que eles nã o estavam prestes a sofrer um acidente.
Depois ela voltou a prestar atençã o no que era realmente importante.
O clitó ris de Phil, inchado e molhado, pulou embaixo do brinquedo. Parecia uma vibraçã o
infernal. A pequena vibraçã o roxa mergulhou entre as asas de borboleta dos lá bios ú midos
de sua boceta e depois flutuou de volta, molhada e brilhante, para dançar em cima do
clitó ris de Phil novamente.
A sua mulher estava agora a gemer continuamente, o som do seu prazer criando um
zumbido na pró pria rata de Sage. Ela engoliu em seco, tentando desesperadamente dizer
um pouco do que sentia.
“Eu amo o que vejo, querida.” Sage lançou outro olhar distraído pelo para-brisa. “E eu amo
você pra caralho.”
"Sim…?" Respiraçõ es suaves e ofegantes. Os deliciosos quadris de Phil deslizando para
frente e para trá s no assento para encontrar o brinquedo que ela segurava entre os dedos
com força. Sage já percebeu que ela estava perto de gozar. "Quanto você me ama, querido?"
Phil ofegou.
Essa foi fá cil. “Todo o caminho. Sem limites. Para sempre."
"Nã o importa o que?"
"Nã o importa o que." Sage já havia sido um idiota antes, mas isso acabou. Eles ainda tinham
muito o que conversar. Ela nã o estava pronta para compartilhar sua mulher com um
homem, mas nã o estava pronta para descartar seu amor por causa de um hipotético
encontro com um pau. Se Phil chegasse até ela com o desejo de dormir com um homem,
eles conversariam sobre isso. Eles fariam toda a coisa lésbica (pelo bem de Sage, de
qualquer maneira) e processariam tudo isso, mas ela nunca abandonaria sua mulher. Agora
nã o. Nunca.
"Sá bio!"
Phil começou a tremer, os quadris balançando descontroladamente, os dentes cravando-se
com força no lá bio inferior. Seus olhos se fecharam e ela estendeu a mã o cegamente por
cima do assento e agarrou o seio de Sage, beliscando um mamilo através do tecido fino de
sua regata.
Foi um aperto forte, apenas o suficiente para aumentar a luxú ria que rasgava Sage ao ver
seu amante se divertindo no assento de couro, seus sucos pingando no couro, o cheiro de
sua boceta, salgado e de dar á gua na boca, puxando-a para mais perto. para algo bom.
Outro gemido saiu dos lá bios de Sage. Porra, o amor dela parecia bom. A fricçã o da calça
jeans de Sage contra seu clitó ris foi outro tipo de bem. Inferno, foi ó timo pra caralho .
"Eu te amo tanto, bebê!" ela engasgou.
“Quero pedir a Errol para ser nosso doador de esperma!” Phil gritou, seus quadris
balançando mais.
"O que…?" A costura da calça jeans de Sage a esfregava com mais força, pressionando-a com
firmeza, e a umidade e a eletricidade se misturavam em suas calças. Respirando com
dificuldade o suficiente para secar os lá bios, ela cravou as unhas curtas no volante. Essa
leve sensaçã o adicional disparou seu clitó ris e desligou completamente sua mente. “O que
você quiser, querido...”
"Sim?" Phil ofegou, suas pernas tremendo e rígidas e seus mamilos como balas sob a parte
superior do biquíni frá gil.
"Sim!"
“Sage... meu bebê... meu coraçã o. Eu te amo muito." Ela engasgou uma ú ltima vez, depois
gemeu, sua boceta jorrando e respingando no assento e no chã o da caminhonete com o fino
fluxo líquido de seu esperma.
Os sons, a visã o dela totalmente aberta e rosada e pulsante, também arrastaram Sage para
o limite. No final, ela nã o conseguiu parar. Nã o pude evitar. Ela fechou os olhos com força e
cravou as unhas no volante de couro.
A sinfonia de sua respiraçã o ofegante, a mú sica do prazer compartilhado, encheu o carro
por longos e latejantes momentos e Sage, com os olhos ainda fechados, tremeu com isso.
"Bebé bebé!" A voz de Phil cheia de pâ nico puxou Sage de volta para onde ela realmente
estava.
No carro. Acelerando pela rodovia para Key West.
Merda!
Velocidade era a palavra-chave. Sage diminuiu abruptamente o acelerador. “Desculpe,
querido...” Ela lambeu os lá bios e fez uma oraçã o rá pida e agradecida por ninguém ter
estado perto deles na estrada.
Ainda bêbada de luxú ria, ela se contorceu no assento, o esperma refrescante em suas calças
estava rapidamente se tornando desconfortá vel. Mas isso era secundá rio em relaçã o ao que
passou pela sua mente.
Doador de esperma?
"Você acabou de brincar comigo?" Ela deslizou um olhar em direçã o a sua mulher.
“Você se sente enganado?” Phil suspirou e se esticou no assento, o corpo elegante, o rosto
ú mido de suor, os olhos satisfeitos. Seus dedos roçaram o mamilo ainda duro de Sage
através da regata.
Inferno, sim, ela se sentiu enganada.
Mas ela também se sentiu bem o suficiente para derreter por todo o carro e pingar de
prazer por todo o corpo delicioso de Phil. Apesar da umidade fresca espalhada por toda sua
calcinha, uma respiraçã o profunda e satisfató ria a percorreu.
"Entã o, você nã o disse nada." Phil tirou os pés do painel e arrumou as longas saias cor de
sol em volta das coxas, como uma rainha se acomodando em seu trono. Seus dedos
puxaram o tecido da saia, traindo seu nervosismo. Ela era tã o fofa. “O que você acha de eu
pedir a Errol para ser nosso doador?” ela perguntou finalmente.
Sage quase riu, mas se conteve. A ú ltima vez que Errol foi jantar na casa deles, ela pensou
em perguntar a mesma coisa. Ela decidiu esperar, sem ter certeza se Phil estava pronto
para esse passo importante. Mas aparentemente, sua mulher estava mais que pronta.
"Claro Baby." Sage apertou a coxa de Phil através da linda saia. "O que você quiser." E ela
quis dizer isso.
“Bom, porque ele já disse que faria isso.” Um fio de nervosismo percorreu a confissã o
ofegante de Phil.
"Por que você se incomodou em me perguntar entã o?" Sá bio murmurou.
“Nã o seja assim, querido. Eu só ...” Pela primeira vez desde o orgasmo, ela encontrou os
olhos de Sage e obviamente viu o humor ali. “Sua vadia! Você está me fazendo contorcer de
propó sito!” Ela deu um tapa na coxa de Sage, um som agudo e alto. O alívio contraiu os
cantos de sua boca.
"Ei, isso doeu!" Mas Sage nã o conseguiu mais conter o riso. Seu alívio.
Eles estavam de volta na mesma pá gina e foi incrivelmente bom. Como deveria ser.
“Você é um idiota à s vezes...” Phil murmurou, mas seu sorriso era tã o brilhante quanto o sol
do fim da tarde.
"Isso é parte do motivo pelo qual você me ama, querido."
Phil grunhiu. "Na verdade."
A mú sica mudou para algo melancó lico e sensual, e o som dela se misturou com o som leve
do cansaço do SUV correndo pela estrada. Seguindo a batida da mú sica, Sage bateu os
dedos no volante enquanto. Seu rosto doía, ela estava sorrindo tanto.
“Entã o nó s realmente vamos fazer isso, hein?” ela perguntou.
Phil mordeu o lá bio com um sorriso pró prio, parecendo ao mesmo tempo animado e
nervoso. "Eu acho que sim."
A mú sica e o som dos pneus contra a estrada ecoaram entre eles por alguns instantes.
Eles passaram o resto da viagem conversando sobre o que significava para eles ter um filho.
Para mudar suas vidas. Quando chegaram ao bangalô de dois andares que deveriam dividir
com Dez, Victoria, Rémi e Claudia pelos pró ximos três dias, eles já haviam escolhido nomes
para seu hipotético bebê.
“Já era hora de todos vocês chegarem aqui.” Dez caminhou até encontrá -los, relaxada e
casualmente sexy, com calças de linho enroladas até os tornozelos e uma regata que exibia
seus mú sculos elegantes. A porta da frente estava aberta atrá s dela e gargalhadas altas e
femininas jorraram. “Está vamos esperando.”
Pelas amplas janelas da casa verde-limã o e branca, Sage pô de ver as outras três mulheres
reunidas em torno da mesa de centro. Sage nã o sabia se eles estavam jogando cartas ou
falando besteira sobre uma das muitas histó rias ridículas de Rémi.
“Agora você nã o precisa mais esperar”, disse Phil, saltando da caminhonete. "Aqui
estamos." Girando em um círculo balançando a saia, ela sorriu largamente como se
estivesse fazendo um teste para The Sound of Music. A felicidade ficava bem nela.
Sage tentou nã o ficar com ciú mes quando Dez levantou Phil em um grande abraço,
deixando os pés descalços pendurados a centímetros do chã o.
“Senti falta dessa expressã o no seu rosto.” Dez sorriu para Phil que, com suas saias
amarelas brilhantes e cabelos grossos soltos ao redor do rosto, parecia um raio de sol.
Embora soubesse que tudo estava perdoado, Sage estremeceu. Foi uma reaçã o instintiva.
Sim, ela era uma idiota. Por causa dela, durante meses, o sorriso de Phil decolou para
lugares desconhecidos.
Mas Sage acabou com a merda. Esta mulher a fez mais feliz do que qualquer outra. Ela faria
o que fosse necessá rio para mantê-la por perto.
"Vocês vã o entrar ou vã o fazer caretas um para o outro a tarde toda?" ela murmurou para
eles, apenas brincando um pouco.
Dez olhou para ela através da linda explosã o do cabelo de Phil. "Agora que você
mencionou..." Ela beijou Phil ruidosamente em ambas as bochechas e Phil, rindo como uma
coisa selvagem com a cabeça jogada para trá s e o cabelo balançando na brisa salgada,
permitiu que ela o fizesse.
Entã o ela olhou para Sage, cujo coraçã o se apertou ao ver a expressã o nos olhos de sua
mulher. Phil estendeu a mã o, os dedos bem abertos e balançando de brincadeira.
“Vamos, querido,” ela convidou com um sorriso. As bordas daquele sorriso eram suaves,
pedindo promessas que Sage estava ansioso para cumprir.
Sou seu. Você é meu. É isso.
Com um sorriso de resposta e uma alegria quente no peito, Sage agarrou a mã o de sua
mulher. Ela permitiu que Phil a puxasse pela entrada da garagem e ao lado do amigo, em
direçã o ao resto de tudo o que suas vidas juntos trariam.
OBRIGADO
Muito obrigado por ler APETITES INSATIÁ VEIS, livro 3 da série Como é Doce! Se você
gostou, reserve um tempo para escrever uma avaliaçã o com estrela on-line – nã o precisa
ser longa – e compartilhe sua experiência com um ou três amigos.
Para ficar por dentro dos ú ltimos lançamentos e obter leituras gratuitas, assine meu
boletim informativo aqui: http://eepurl.com/bjpDDr
Para me encontrar na internet, acesse meu site www.fionazedde.com , minhas pá ginas no
Facebook, Twitter e/ou Tumblr. Você pode até usar o e-mail antigo: f.zedde@gmail.com .
NOVELAS AGORA DISPONÍVEIS
Bênçã o
Quebrado em lugares moles
Prazeres Perigosos
Les Tales (coleçã o de novelas com Skyy e Nikki Rashan)
Beladona (novela)
Ascensã o da Rainha da Chuva
O poder da misericó rdia
Para a Itá lia com Amor (novela e contos)
Quando ela diz sim (histó rias)
Todo Desejo Sombrio (Vampire Desire #1)
Desejo ao Amanhecer (Vampire Desire #2)
Um Gosto de Pecado (Como é Doce #1)
Faminto por isso (como é doce # 2)
Volte para mim (como é doce #2.5)
UM EXCERTO DO PODER DA MISERICÓ RDIA
Mai estava no telhado do prédio de vinte andares, nua, exceto pelo manto de sua
inquietaçã o. Uma leve dor latejava em suas costas – arranhõ es da mulher anô nima que ela
havia levado para a cama apenas duas horas antes – suas coxas doíam pelo trabalho que ela
fez para trazer prazer a ambos, e os mú sculos de seus braços ainda queimavam. A cidade de
Atlanta, repleta de estrelas acima e luzes brilhantes abaixo, cantarolava suas cançõ es
particulares de fim de noite. Um sussurro do trá fego na rua. Um helicó ptero distante. A
linha de base forte de uma mú sica rap enquanto um carro passava.
A mulher com quem ela voltou para casa ainda dormia pacificamente em sua cama, um
andar abaixo, mas a mesma paz escapou de Mai. Mais cedo naquela noite, uma inquietaçã o
familiar a empurrou para seu bar local favorito, um lugar escuro o suficiente para prazeres
privados, mas com um pá tio aberto para tomar ar fresco e um bar bem abastecido o
suficiente para afogar até as tristezas mais profundas. Mas ela nã o foi lá em busca de
tristeza ou de ar fresco.
A mulher que ela encontrou nã o era exatamente o que ela desejava, mas naquele momento,
com demô nios familiares puxando-a, a forma exuberante com a cabeça cheia de espirais
elá sticas tinha sido suficiente. Ela tinha gosto de esquecimento, dor subsumida, prazer sem
a consequência de um amanhã . Faminta pelo que o estranho havia oferecido, Mai a devorou
— a carne molhada entre as coxas, a boca ofegante e macia, os seios como mangas maduras
no verã o.
Mas depois disso, Mai ainda estava nervosa. Apertado. Os grandes mú sculos de seus braços
e coxas saltaram sob sua pele, contando os momentos em direçã o a uma implosã o que ela
nã o queria que acontecesse. Ela revirou os ombros e esticou o pescoço, espalhando os
sentidos para sentir o que estava acontecendo na cidade abaixo. Tudo correu até ela em
uma onda de som e cor:
Casais sussurrando intimamente um com o outro enquanto os lençó is debaixo deles
farfalhavam ao ritmo do ato sexual. Um carro da polícia rugindo pelas ruas da cidade com
sirenes tocando e luzes azuis acesas. Até crianças pequenas estavam acordadas e brincando
em um pá tio pró ximo, o que era estranho no início do outono, quando as escolas estavam
em funcionamento. E era cada vez mais do mesmo, numa onda crescente de consciência do
assassinato, do sexo, da crueldade e do riso. A tapeçaria de uma grande cidade.
Mai sentiu tudo, o movimento incessante de Atlanta – um organismo selvagem em
constante fluxo que nã o podia ser domesticado. Todas essas coisas que se desenrolavam
abaixo dela estavam muito longe ou muito tarde para ela mudar. Outras coisas... Mai
inclinou a cabeça em direçã o ao som de gritos pulsando sob sua audiçã o consciente.
Gritos de terror.
Um fogo.
A respiraçã o de Mai engatou e seu corpo inconscientemente balançou em direçã o
aquela explosã o de calor a apenas três quilô metros de distâ ncia. Ela estreitou o olhar em
direçã o ao fogo, aguçando sua audiçã o. Nenhuma sirene se dirigiu para lá . Ainda nã o. Ela
perdeu um momento desejando o telefone que havia deixado no bolso da jaqueta
descartada em algum lugar no chã o do estranho.
Entã o ela pulou.
SOBRE O AUTOR
Fiona Zedde, nascida na Jamaica, é autora de vá rios romances, incluindo os finalistas do Lambda Literary Award, Bliss e
Every Dark Desire. Seu romance, Dangerous Pleasures, recebeu uma crítica estrelada pela Publishers Weekly e foi
vencedor do prêmio About.com Readers 'Choice de Melhor Romance ou Memó ria Lésbica. Seu ú ltimo trabalho, The Power
of Mercy , já está disponível.
The Power of Mercy é o segundo da coleçã o SuperHeroine da Ylva Publishing e apresenta a meta-humana, Mai, uma
mulher tã o forte quanto vulnerá vel. Para ela, pular em prédios em chamas é fá cil, sã o as mulheres em sua vida que tornam
as coisas realmente perigosas.
Índice
Folha de rosto
direito autoral
Conteú do
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo
Obrigado
Romances agora disponíveis
Um trecho de O Poder da Misericó rdia
Sobre o autor

Você também pode gostar