O que significam as fases da Interfase? Onde ocorrem as duas principais
checagens (Checkpoints)? Quais as diferenças? A duplicação do DNA ocorre em determinado período da interfase o que permitiu a divisão da interfase em 3 estágios sucessivos, G1, S e G2. O período G1 se caracteriza por uma intensa síntese de RNA e proteínas, ocorrendo um marcante aumento do citoplasma da célula-filha recém formada. É nesta fase que se refaz o citoplasma, dividido durante a mitose. O período S está relacionado a síntese. Inicialmente a célula aumenta a quantidade de DNA polimerase e RNA e duplica seu DNA. As duas cadeias que constituem a dupla hélice separam-se e cada nucleotídeo serve de molde para a síntese de uma nova molécula de DNA devido a polimerização de desoxinucleotídeos sobre o molde da cadeia inicial, graças a atividade da DNA polimerase. O período G2 representa um tempo adicional para o crescimento celular, de maneira que a célula possa assegurar uma completa replicação do DNA antes da mitose. Neste período ocorre uma discreta síntese de RNA e proteínas essenciais para o início da mitose. É considerado o segundo período de crescimento. A célula agora está preparada para a mitose, que é a fase final e microscopicamente visível do ciclo celular. O primeiro ponto R (ponto de restrição) é regulado principalmente pelos fatores de crescimento extracelulares que sinalizam a proliferação celular. Na presença dos fatores de crescimento apropriados, as células atravessam o ponto de restrição e entram na fase S. Uma vez que tenham passado pelo ponto de restrição, as células estão comprometidas a entrar na fase S e prosseguir com a divisão celular, mesmo na ausência de um fator de estímulo suplementar. Ao contrário, se os fatores de crescimento não estiverem disponíveis em G1, a continuação através do ciclo celular para no ponto de restrição, e essas células entram em G0. Um mecanismo de controle que ocorre em G1 é a interrupção temporária do ciclo celular nessa fase, induzida pela presença de danos no DNA, para que mecanismos de reparo operem antes da fase de replicação. Nos mamíferos, o sinal de parada é dado em G1 por uma proteína conhecida como p53, cujos níveis intracelulares aumentam em resposta a eventuais danos à molécula de DNA, impedindo que a célula prossiga e efetue a replicação do DNA danificado. No segundo ponto R a célula permanece em G2 até que todo o seu genoma tenha sido replicado e os possíveis danos reparados antes de serem transmitidos às células-filhas. É durante esse período que as proteínas não- histônicas, que vão se associar aos cromossomos durante a mitose, ainda serão sintetizadas e é também o período em que ocorre o acúmulo de um complexo proteico citoplasmático, denominado de fator promotor de maturação (MPF). O MPF é considerado o regulador geral da transição de G2 para M, induzindo a entrada na mitose e sendo responsável por quatro eventos típicos dessa fase: condensação cromossômica, ruptura do envoltório nuclear, montagem do fuso e degradação da proteína cíclica. Ainda durante o período G2, temos a síntese de RNA’s, principalmente daqueles extranucleares, e a síntese proteica, iniciada no período G1, que continua a ocorrer, somente sendo interrompida no período seguinte, a mitose. Relação Teórico-Prática O estágio G1 é o mais variável em termos de tempo. Pode durar horas, meses ou anos. Nos tecidos de rápida renovação, cujas células estão constantemente em divisão, o período G1 é curto, como exemplo temos o epitélio que reveste o intestino delgado, que se renova a cada 3 dias. Todos estes tecidos são extremamente sensíveis aos tratamentos que afetam a replicação do DNA (drogas e radiações), razão pela qual são os primeiros a lesados nos tratamentos pela quimioterapia do câncer ou na radioterapia em geral. Embora seja considerado um gene supressor de tumor, porque a maioria das mutações leva à perda de função, o p53 quando sofre alguns tipos de mutações pode exercer um efeito negativo dominante, ou seja, o produto do único alelo mutado interage e inativa o alelo normal, induzindo o câncer e atuando, portanto, como um oncogene. É interessante que algumas substâncias sabidamente carcinogênicas podem induzir mutações específicas em p53. Mutações em p53 também podem aumentar a quimio resistência, de acordo com a hipótese de que ele serve como marcador da resposta ao tratamento, o que já foi confirmado, inclusive, em câncer de pulmão e de cabeça e pescoço. A relação entre mutações no p53 e clínica adversa já está bem estabelecida, o que reflete a importância de sua proteína na regulação e crescimento das células tumorais. Por exemplo, em LMC (leucemia mieloide crônica), embora o início da doença dependa da junção BCR/ABL, a progressão envolve alterações em p53. Em pacientes com LMC, alterações em p53 são encontradas em cerca de 30% dos casos, especialmente em crise blástica e os estudos moleculares têm indicado que em cerca de 25% dos casos em progressão, há inativação do p53 provocada por rearranjos ou mutações em ponto. Referências GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. FETT-CONTE, Agnes C.; SALLES, Andréa BCF. A importância do gene p53 na carcinogênese humana. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 24, p. 85-89, 2002.