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PARADIGMS, METAPHORS AND PUZZLE SOLVING

IN ORGANIZATION THEORY

Gareth Morgan

Distinguished Research Professor


at York University in Toronto -
Schulich School of Business.

Prof. Cristiano J. C. A. Cunha, Dr. rer. pol.


Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento
Laboratório de Liderança e Gestão Responsável
Objetivos do autor

 Apresentar uma crítica (humanista radical) que sugere que a


TO tem sido aprisionada por suas metáforas;
 Discute a natureza metafórica da teoria;
 Sugere que o desenvolvimento das ciências sociais seria melhor
se os pesquisadores fossem mais explícitos sobre a natureza
das crenças ontológicas que eles trazem para os seus estudos;
 Sugere um pluralismo teórico e metodológico para o
desenvolvimento de novas perspectivas na TO.
Introdução

 Exemplo do camponês (Manheim, 1936);

As maneiras de ver o mundo são mediadas pelo


contexto social;

 A aquisição de novos pontos de vista depende de


um desprendimento do ponto de vista anterior;

 A visão ortodoxa assume status de “real” e


permanece sem questionamentos.
Paradigmas, metáforas e “puzzle solving”

Kuhn (1962) utilizou 21 significados de “paradigma”, divididos em 3 grupos:


- Visão completa da realidade;
- idéias-base de escolas de pensamento nas ciências sociais;
- Uso de ferramentas específicas para o “puzzle solving”
científico
 Contribuição mais importante de Kuhn: a identificação de paradigmas
como realidades alternativas;
 “Paradigma” é uma visão da realidade, implícita ou explícita;
 A análise dos paradigmas “descobre” as suposições
da visão de mundo e torna possível a compreensão de
perspectivas comuns em teorias que parecem dispersas.
Paradigmas, metáforas e “puzzle solving”

 Cada paradigma inclui diferentes escolas de pensamento (maneiras


diferentes de observar e estudar uma visão de mundo compartilhada)-
metáforas.
 No nível de “puzzle solving” é possível identificar várias formas de
atividades de pesquisa que objetivam operacionalizar as implicações
de uma metáfora, definindo uma escola particular de pensamento.
 Neste nível de análise, muitos textos, modelos e ferramentas de
pesquisa competem pela atenção da comunidade científica.

PUZZLE SOLVING ACTIVITIES CIÊNCIA NORMAL


Paradigmas como realidades alternativas

Natureza da ciência

Sociologia de Dominação - Mudança Radical


Paradigma radical- Paradigma radical-estruturalista
humanista
Natureza da sociedade

Subjetivo Objetivo
Paradigma interpretativo Paradigma funcionalista

Sociologia de Regulação
Paradigma funcionalista

 Supõe que: 1) a sociedade possui uma existência


concreta e real, e 2) possui um caráter sistêmico orientado
para produzir um estado ordenado e regulado;

 A pesquisa nas ciências sociais busca explicar o papel do


ser humano na sociedade;

 As suposições ontológicas encorajam a crença de um


ciência social objetiva e livre de valores, por meio da qual
o cientista se distancia do fenômeno analisado a partir do
rigor das técnicas metodológicas;

 Esta perspectiva é pragmática e reguladora.


Paradigmas interpretativo

O mundo social possui um status ontológico


precário - a realidade social não existe
concretamente. É resultado das experiências
subjetivas e inter-subjetivas dos indivíduos.

A sociedade é compreendida pelo viés do


participante da ação em vez do viés do
observador;
Paradigmas interpretativo

Os teóricos interpretativistas consideram a


tentativa funcionalista de estabelecer uma
ciência social objetiva como uma tarefa
impossível.

A ciência é uma rede jogos de linguagem,


baseada em conceitos e regras subjetivamente
construídos, que os praticantes da ciência
criam e seguem.

O status do conhecimento científico é


considerado como sendo tão problemático
como o senso de conhecimento do dia-a-dia da
vida comum.
Paradigmas radical-humanista

A realidade é socialmente construída - “prisão psíquica.

O processo de criação da realidade abre caminhos, limita e


controla a mente dos seres humanos, alienando-os de suas
verdadeiras potencialidades.

Todas as coisas geram dominação ideológica;

Ligações entre pensamento e ação (praxis) como um meio de


superar a alienação ideológica.
Paradigma radical-estruturalista

Considera a sociedade como uma força de dominação.

Concepção materialista da realidade social, definida como


estruturas ontologicamente rígidas, concretas e reais.

A realidade existe por si só, sendo caracterizada por tensões


e contradições intrínsecas entre elementos opostos, que
conduzem a uma mudança radical no sistema como um todo.

Praxis como um meio de superar a dominação.


Status epistemológico da metáfora

 Os pesquisadores elaboram construtos simbólicos para


tornar concretas as relações entre subjetivo e objetivo,
por meio de um processo que captura apenas uma
visão restrita de ambos.

 A ciência é construída por meio de ferramentas


epistemológicas imperfeitas.

 A pesquisa científica é um processo criativo no qual os


pesquisadores observam o mundo metaforicamente, por
meio de uma linguagem e conceitos que estruturam
suas percepções acerca de um fenômeno.
Status epistemológico da metáfora

A metáfora é baseada em uma verdade parcial

X Y XY x y

Nenhuma metáfora captura a natureza completa da realidade organizacional.

Diferentes metáforas capturam a realidade organizacional de formas distintas.


Status epistemológico da metáfora

 Reconhecer que as teorias sociais são


metafóricas é reconhecer que elas são
empreendimentos essencialmente subjetivos,
baseadas na produção de análises unilaterais da
vida social.
Metáfora na Teoria das Organizações

1. Paradigma Funcionalista

 Metáfora da máquina

Metáfora do organismo – A organização é considerada


como uma entidade viva, em constante mutação, interagindo
com seu ambiente para satisfazer suas necessidades.

Maior ênfase na Teoria dos Sistemas Abertos.

 Metáfora cibernética;
 “Loosely coupled system”;
 Ecologia das populações;
 Escolha estratégica;
 Teatro;
 Cultura;
 Sistema político.
Metáfora na Teoria das Organizações

2. Paradigma Interpretativo

 As realidades organizacionais são fundamentadas no


uso de diferentes tipos de linguagem verbal e não-
verbal. A linguagem não é apenas para fins
comunicativos e descritivos, ela é ontológica.

 Metáfora do texto: a atividade organizacional é vista


como um documento simbólico, podendo ser
interpretada e analisada por métodos hermenêuticos.

 Metáfora da “realização” (etnometodologia) e do “sense


making”.
Metáfora na Teoria das Organizações

3. Paradigma Radical-humanista

 Todos os conceitos e modos de ação simbólica que sustentam a vida


organizacional são permeados pelas suas propriedades alienadoras;

 Metáfora predominante: prisão psíquica (realidades organizacionais


confinantes e dominadoras);

 Reificação - os indivíduos “super-concretizam” seus mundos,


percebendos-o como objetivos e reais, e como algo independente de
sua vontade e ação;

 Ênfase em como modelos ideológicos de dominação podem ser


manipulados por aqueles que têm poder, em busca de proveito
próprio;

 Os agentes organizacionais são vistos como prisioneiros psíquicos;

 “Processos inconscientes”;

 Teoria anti-organizacional (questiona as premissas do funcionalismo).


Metáfora na Teoria das Organizações

4. Paradigma Radical-estruturalista

 Organizações são instrumentos de dominação,


integrantes de um processo mais amplo de domínio de
toda a sociedade.

 Utiliza insights da metáfora da máquina, entretanto


enfatiza as qualidades opressivas das organizações.

 Estuda como as estruturas de poder dentro das


organizações se relacionam com o as estruturas de
poder do mundo econômico e político;

 Insights da prisão psíquica são utilizados para


evidenciar a articulação ideológica como sendo parte
de um modelo amplo de dominação sócio econômica;

 Schismatic and Catastrophe metaphors.


Considerações finais

 A ortodoxia na T.O. se desenvolveu a partir de


metáforas funcionalistas;

 Essas suposições permanecem implícitas e


raramente são questionadas;

 O desafio apresentado para a T.O ortodoxa a partir


dos diferentes paradigmas apresentados é “repensar”
a natureza do fenômeno a ser estudado;

 As diferentes abordagens permitem observar o


mesmo fenômeno por diferentes ângulos,
enriquecendo a T.O.;

 Cada paradigma questiona as bases dos paradigmas


alternativos.

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