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Apostila Nocoes Basicas de Negociacao
Apostila Nocoes Basicas de Negociacao
EAD
NOÇÕES
BÁSICAS DE
NEGOCIAÇÃO
ÍNDICE
Introdução .................................................................................................................... 03
Locador é aquele que detém o direito de dispor de um imóvel .................................... 03
Qual parte pode usar os serviços de um corretor de imóveis ....................................... 03
Quem pode ser locador ............................................................................................ 04
Quem pode ser Locatário ......................................................................................... 04
Diferença entre Locação e Empréstimo ........................................................................... 05
7 artigos do Código Civil sobre comodato ........................................................................ 05
Jurisprudência nº 504 sobre Contrato de Comodato ......................................................... 07
Obrigações do Locador e do Locatário ............................................................................. 08
Locação, Sublocação e Cessão do imóvel a terceiros ......................................................... 10
Sublocação .............................................................................................................. 10
Cessão da Locação ................................................................................................... 11
Fluxo para determinação da Relação Jurídica (locação, comodato, sublocação, cessão) ........ 12
Exemplos de cláusula vetando sublocação e afins em contrato de locação ......................... 12
O Aluguel ...................................................................................................................... 13
O cálculo do reajuste ............................................................................................... 13
Índices mais comuns ................................................................................................ 13
Definição de Ato Ilícito ............................................................................................. 14
Consequências do Ato Ilícito ..................................................................................... 15
O Prazo da Locação e as multas ...................................................................................... 15
Cláusula penal moratória .......................................................................................... 19
Cláusula penal compensatória .................................................................................. 20
Dispensa de multa ................................................................................................... 21
Garantias Locatícias ....................................................................................................... 22
Caução ................................................................................................................... 22
Fiança .................................................................................................................... 24
Seguro de Fiança Locatícia ........................................................................................ 24
Cessão Fiduciária de Quotas de Fundo de Investimento ............................................... 26
Dupla Garantia Locatícia é Contravenção Penal ........................................................... 28
Locação Sem Garantia .................................................................................................... 29
Inadimplência do locatário e Ações de Despejo ................................................................ 29
Executando a Garantia Locatícia de Caução ................................................................ 31
Executando a Garantia Locatícia de Fiança ................................................................. 31
Executando a Garantia Locatícia de Seguro de Fiança Locatícia ..................................... 32
Executando a Garantia Locatícia de Cessão Fiduciária de Quotas de Fundo de Investimento ..... 33
Análise do locatário ....................................................................................................... 34
Vistoria antes, durante e depois da locação ..................................................................... 37
OMDEL
Esse modelo de Negociação foi desenvolvido e muitas vezes, faz com que o corretor de imóveis acre-
divulgado no livro Como chegar ao sim, de Roger Fi- dite que a oportunidade da venda será única.
sher, William Ury e Bruce Patton. É uma metodologia O estilo GANHA-GANHA é um estilo que atual-
que nasceu na Harvard Business School e foi batiza- mente tem se provado ser mais sustentável e que dá
da de “negociação baseada em princípios”. Antes de melhores resultados a todas as partes. Neste estilo o
entrarmos neste modelo vamos conhecer um pouco foco é que ambas as partes saiam satisfeitas com
o que há na literatura sobre o assunto. confiança e soluções de problemas para ambos os
Na verdade, a literatura sobre o assunto definem lados. É o estilo onde um entende o interesse do ou-
04 estratégias, ou estilos, como preferem alguns au- tro, se coloca no lugar o outro e ambos buscam pon-
tores, de negociações que são: tos de congruência para se chegar a um bom acordo.
As partes buscam alternativas e soluções em conjun-
• Perde-Perde; to visando maximizarem seus objetivos.
• Perde-Ganha; Entendido estes quatro estilos ou estratégias,
• Ganha-Perde; vale a pena entendermos uma outra visão de alguns
• Ganha-Ganha. estudiosos, que divide a matéria de negociação em
duas abordagens:
No estilo PERDE-PERDE – normalmente há diver-
gências entre os negociadores, os dois preferem perder • Distributiva;
à ceder, ou ver o outro ganhando algo. Há muitas vezes • Integrativa.
sentimentos como raiva, mágoa, e um não se impor-
ta em perder, desde que o outro perca também. Esse A negociação distributiva é aquela que se de-
tipo de negociação é comum acontecer em divórcios senvolve em torno de uma questão central, e todas
por exemplo, ou partilhas de heranças, onde há mui- as partes envolvidas tentam tirar o melhor proveito
tas questões pessoais envolvidas no acordo. Este estilo possível, com uma postura competitiva, cujo objeti-
leva ambas as partes a terem prejuízos significativos. vo é abocanhar a maior fatia possível do bolo – bolo
Há ainda uma outra interpretação para esta es- esse que é visto como algo fixo. Simplificando : Come
tratégia como define Lewick (2014) – que esta estra- mais quem tem a boca maior.
tégia acontece quando uma parte quer muito evitar E como o nome DISTRIBUTIVA já diz – os resulta-
conflitos, então age de maneira passiva não se preo- dos envolvem distribuição – sempre que um ganha o
cupando em negociar ou ver seus interesses atendi- outro perde. Nesta abordagem se encaixam os estilos
dos, nem tampouco da outra parte. acima GANHA-PERDE e PERDE-PERDE (RAIFFA, 2002).
O estilo PERDE-GANHA é meio comum de veri- Neste modelo a persuasão é a maior aliada, ba-
ficarmos em relações com clientes novos, onde para seada no GANHA-PERDE (o bom negociador vai ga-
se cativar ou fidelizar um cliente o fornecedor abre nhar e o outro vai perder). É um método que hoje já
concessões onde ele tem algumas perdas a curto pra- está sendo questionado e superado.
zo. No entanto, está visualizando o fortalecimento de Em termos de comportamentos nesta aborda-
uma relação duradoura onde haverá ganhos futuros. gem vemos a utilização de truques, ameaças, “pega-
Para conseguir este objetivo ele se propõe a perder dinhas”, armadilhas, pois o que interessa são os fins
numa negociação inicial abrindo concessões, dando e não os meios.
muitos descontos ou flexibilizando as condições de No modelo de abordagem integrativa, o bolo não
pagamento demasiadamente. Como o nome diz um é considerado fixo, mas algo que pode crescer. De for-
sai perdendo em função da contraparte ganhar. ma que todos trabalhem cooperando para aumentar
O estilo GANHA-PERDE é o mais comum, pois é o bolo. Ou seja, outros valores ou objetos são adiciona-
o estilo onde as partes querem obter o máximo de dos ao objetivo central, o que faz ampliar os recursos
vantagem e pensam em seus interesses próprios, a serem divididos, possibilitando a satisfação de am-
não pensam a longo prazo, mas sim em obter o me- bas as partes, de forma igualitária. (WATKINS, 2004).
lhor resultado imediato. Tendo sucesso todo mundo ganha uma fatia
Normalmente estas negociações são as mais do tamanho que desejava e fica satisfeito com o
comuns no mercado imobiliário, sabendo-se que resultado das tratativas.
o bem imóvel é um bem de alto valor, essa crença É um modelo mais aceitável, mais sustentável
CONCEITOS DE NEGOCIAÇÃO
Há muitas definições mas encontramos uma bem por meio de um acordo, ou seja, um ajuste, um pac-
simples e clara, segundo a Sociedade Brasileira de Co- to, uma combinação”.
aching, que é: “A negociação é basicamente um pro- Segundo os autores do livro “Como chegar ao
cesso de troca em que duas ou mais partes procuram SIM” Fisher, Ury e Patton – pode-se conceituar a
chegar a um acordo mutuamente satisfatório. negociação como:
Sendo assim, é um processo de comunicação “Um meio básico de conseguir o que se quer de
com o objetivo de se chegar a um acordo bom para outrem. É uma comunicação bidirecional concebida
todas as partes, e parte da necessidade de alinhar para chegar a um acordo, quando você e o outro lado
interesses conflituosos.” têm alguns interesses em comum, e outros opostos.”
Para ACUFF (1993): “a negociação é o processo A negociação é um processo que exige planeja-
de comunicação com o propósito de atingir um acor- mento, execução e controle e está situada no passa-
do agradável sobre diferentes ideias e necessidade”. do, presente e futuro.
Para WANDERLEY (1998) “negociação é o proces- É normalmente originada de uma situação ou
so de alcançar objetivos por meio de um acordo nas problema ocorrido no passado, visando uma solução
situações em que existam conflitos, isto é, divergên- para o presente ou futuro.
cias e antagonismos, de interesses, ideias e posições. Tudo começa quando uma das partes sente a ne-
O que diferencia a negociação de outras formas de se cessidade de resolver um determinado problema ou
alcançar objetivos é que, na negociação, isto é feito solucionar um conflito.
Acreditamos que já nascemos negociando, usa- rem interesses diferentes e, quando há divergência é
mos o poder de nosso choro para negociar com a comum haver conflitos. Uma negociação não ocorre
mamãe o horário da mamadeira. Negociamos com com todos concordando ou não concordando com as
os pais, filhos, chefes, cônjuges, amigos, clientes, for- propostas feitas, sempre há divergências a serem re-
necedores, prestadores de serviços, enfim, a arte de solvidas. Onde há divergências de ideias, resistência,
negociar está presente em todos os momentos e fa- pode surgir o conflito, e quando as possibilidades de
ses de nossas vidas. negociação são baixas, as chances de ocorrer confli-
E é comum as pessoas em papéis diferentes te- to aumentam.
Há possíveis fontes que podem gerar conflitos e que podem estar presentes nas
negociações que são:
• Disputa de poder;
• Desejo de Sucesso;
• Falta de Recursos;
• Diferenças Culturais;
• Mudanças;
• Ambiente Hostil;
• Acomodação;
• Manipulação;
• Necessidades insatisfeitas;
• Preconceitos;
• Falta de informação;
• Objetivos muito divergentes;
• Valores;
• Pressupostos.
Muitas são as variáveis geradoras de conflitos.
Em relações conflituosas há um círculo de ação e podemos criar espirais construtivas que levem à um
reação em escalada progressiva. Um círculo vicioso bom acordo.
onde ofensor e vítima trocam papéis e se alternam. A colaboração produz espirais construtivas e a
Numa negociação isso pode acontecer, mesmo que competição a espirais destrutivas. Portanto, sempre
de forma mais branda. que houver COLABORAÇÃO nas negociações as pos-
Para cada ação vai haver uma reação não espera- sibilidades de sucesso são bem maiores.
da, polarizada, e pode ser destrutiva – criando uma Comumente os estudiosos do assunto dizem que
espiral de conflito. São as espirais de conflitos que existem duas formas básicas de negociar:
podem ser construtivas e destrutivas.
Mas o importante é que nem toda espiral é to- 1. A primeira, evita o conflito e para isso conta
talmente negativa. Um conflito pode fazer com que com a com a benevolência do negociador através da
as partes se movimentem para um ponto de conver- empatia, realizando concessões, o que nos remete à
gência, no qual um acordo seja possível, dessa forma abordagem Integrativa.
POSIÇÃO
• Números (volumes);
• Cotas (metas);
• Pessoas (equipes);
• Produtos (mix);
• Descontos (percentuais);
• Dinheiro (preços).
INTERESSE
Normalmente interesses são emocionais, imen- Muitas vezes para buscar o real interesse temos
suráveis, qualitativo, intangível. que fazer a pergunta:
Criar valor é justamente mostrar o que um aspec- Para gerar opções podemos utilizar a técnica de
to, uma concessão, uma convergência vai ajudar no BRAINSTORMING.
interesse das partes. Você que está intermediando
uma operação entre clientes deve mostrar às partes O que é isso?
o que uma concessão ajuda, o que ela cria de valor e É você imaginar TUDO que poderia ser uma op-
tentar equilibrar isso a ponto de chegarem num bom ção e listar, sem questionar nada, se é viável ou não,
acordo. Se você trabalhar bem valorizando as con- obtendo o máximo de opções possíveis. Depois,
cessões, para quem ela é importante, vai criar valor num segundo momento, você verifica dentre todas
para chegar a um bom acordo. as opções que veio à mente, o que é viável e o que
não é, fazendo uma triagem.
3) BUSCA DE OPÇÕES PARA GANHOS MÚTUOS O BRAINSTORMING acontece com a criativida-
de, a liberdade de se pensar em muitos caminhos,
Talvez um dos elementos que toma maior tempo muitas soluções, depois é que analisamos uma a
na negociação baseada na doutrina de Harvard é a uma, e excluímos o que não é possível. Isso ajuda
geração de opções. Este é o momento em que de- o processo criativo, além de facilitar as avaliações
vemos exercitar nossa criatividade para construir o das melhores opções para formar uma proposta
caminho para alcançar os interesses de que tratamos ou contraproposta.
no item anterior. Ao buscar esta geração de opções é muito im-
Devemos nos lembrar de que a geração de op- portante que você conheça também os aspectos ju-
ções deve buscar como foco os interesses já desen- rídicos, documentais, leis que envolvem o negócio,
volvidos e identificados de ambas as partes, com contratos – pois às vezes, uma opção esbarra em al-
o objetivo de atender a uma proposta mútua de gum impedimento legal ou contratual.
GANHA-GANHA.
Esse é o momento de colocar fermento no bolo 4) INSISTIR EM CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO
e fazê-lo crescer. Fisher e Ury recomendam que não
sejamos muito críticos no momento de criação (de As partes não podem experimentar o sentimen-
opções), pois se criticarmos as ideias criadas pode- to de injustiça, assim será difícil prosseguir e chegar
mos inibir a imaginação, e deixar a oportunidade de a um bom acordo, neste momento começam os con-
uma GRANDE IDEIA ir embora. Nessa fase o senso flitos. Portanto, todos os pontos devem ser esclare-
crítico em demasia não ajuda, só atrapalha. cidos, as dúvidas resolvidas e para isso precisamos
Por isso, é aconselhável buscar algumas alternativas padrões que possam ser
aplicadas em diferentes situações. Para definir critérios claros podem-se usar:
• Valor de mercado
• Precedentes
• Estudo científicos
• Casos semelhantes
• Padrões profissionais
• Tradição, costumes, cultura
• Leis
• Índices
• Custos
• Jurisprudências
Lembrando que para um critério ser objetivo e rência (ambos os lados devem sugerir, concordando
legítimo deve ser independente das vontades das sobre os princípios ou padrões a serem aplicados);
partes e ter embasamento. 2) Argumentar e estar aberto a contra argumen-
tações (em caso de cada lado propor um padrão di-
Os três passos seguintes são guias poderosas ferente, a solução deve ser adotada igualmente com
para o exercício de uma negociação baseada em prin- base objetiva: Ex.: meio-termo entre o custo de de-
cípios, a serem exercitados com os lados envolvidos: preciação e o valor de mercado);
3) Não ceder às pressões (ser contra o suborno,
1) Buscar conjuntamente os critérios objetivos ameaça, apelo manipulativo à confiança ou à simples
para resolver a questão, de preferencia com transpa- recusa arbitrária).
ALTERNATIVAS
Você já ouviu falar em BATNA (do inglês Best Al- de uma negociação sem prejudicar o orçamento ou a
ternative To a Negotiated Agreement) ou traduzido base de custo do produto ou serviço?
para o português - MAPAN (Melhor Alternativa para O BATNA ou MAPAN foi criada com o intuito de
um Acordo Negociado) ? aumentar o poder de negociação do cliente e propor
O termo (BATNA/MAPAN) foi criado em 1981 um limite na negociação. Com isto, qualquer valor
por Roger Fisher, William Ury, e Bruce Patton e refe- fora deste limite não deve ser considerado.
re-se a uma ESTRATÉGIA DE NEGOCIAÇÃO COLABO- Saber o momento certo de não seguir com uma
RATIVA e representa o poder de barganha de cada negociação é um passo importante que o cliente
uma das partes numa mesa de negociação. tem que dar para não fazer uma má negociação. No
O cliente tem que ter um plano B numa nego- conceito do BATNA ou MAPAN, sempre deve haver
ciação, caso contrário como ele saberá a hora de sair um limite para uma negociação parar.
A seguir veremos um outro conceito interessante Ter a ZOPA definida é importante, porque se não
nesta metodologia de Harvard que é a ZOPA (Zone of tiver o encontro de possibilidades, não existe nego-
possible Agreement) que é a Zona de Acordo Possível. ciação. A ZOPA é o intervalo de intersecção entre os
Exemplo, quero vender meu imóvel por 500 mil , dois interesses.
mas meu preço reserva é 480 mil e a pessoa interes- A BATNA/MAPAN e a ZOPA são ferramentas
sada pode pagar até 490 mil nesse imóvel, não mais para serem utilizadas nesta metodologia que pode-
do que isso. rão fortalece-lo para chegar a um bom acordo.
Essa margem de 480 mil até 490 mil é a zona
de acordo possível, ou seja, a ZOPA. Como não co- O Programa de Negociação de Harvard destaca 5
nhecemos o limite do outro lado – o jogo se torna fases da negociação: a preparação, a criação, a nego-
dinâmico, pois você faz a proposta e vem a contra ciação, o fechamento e a reconstrução.
proposta para um possível acordo. Veremos a seguir cada uma destas fases.
ETAPAS DA NEGOCIAÇÃO
REFERÊNCIAS
FISHER, Roger; URY, William e PATTON, Bruce – Como chegar ao SIM - Editora Sextante – 2018
ACUFF, F. L. How to negotiate anything with anyone anywhere around the world. New York: American Ma-
nagement Association, 1993.
Curso Negociation Secrets for Master Negociators, Por Dr. Claudia Winkler- LLM. Harvard
Manual de Negociação segundo a Teoria de Harvard – AGU – Escola da Advocacia Geral da União – Mi-
nistro Vitor Nunes Leal – Brasília, 2017.Acessado através do link: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/
portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigi-
talLivros/TodosOsLivros/Manual-de-negociacao-baseado-na-teoria-Harvard.pdf