Você está na página 1de 15

CURSO

EAD

NOÇÕES
BÁSICAS DE
NEGOCIAÇÃO
ÍNDICE
Introdução .................................................................................................................... 03
Locador é aquele que detém o direito de dispor de um imóvel .................................... 03
Qual parte pode usar os serviços de um corretor de imóveis ....................................... 03
Quem pode ser locador ............................................................................................ 04
Quem pode ser Locatário ......................................................................................... 04
Diferença entre Locação e Empréstimo ........................................................................... 05
7 artigos do Código Civil sobre comodato ........................................................................ 05
Jurisprudência nº 504 sobre Contrato de Comodato ......................................................... 07
Obrigações do Locador e do Locatário ............................................................................. 08
Locação, Sublocação e Cessão do imóvel a terceiros ......................................................... 10
Sublocação .............................................................................................................. 10
Cessão da Locação ................................................................................................... 11
Fluxo para determinação da Relação Jurídica (locação, comodato, sublocação, cessão) ........ 12
Exemplos de cláusula vetando sublocação e afins em contrato de locação ......................... 12
O Aluguel ...................................................................................................................... 13
O cálculo do reajuste ............................................................................................... 13
Índices mais comuns ................................................................................................ 13
Definição de Ato Ilícito ............................................................................................. 14
Consequências do Ato Ilícito ..................................................................................... 15
O Prazo da Locação e as multas ...................................................................................... 15
Cláusula penal moratória .......................................................................................... 19
Cláusula penal compensatória .................................................................................. 20
Dispensa de multa ................................................................................................... 21
Garantias Locatícias ....................................................................................................... 22
Caução ................................................................................................................... 22
Fiança .................................................................................................................... 24
Seguro de Fiança Locatícia ........................................................................................ 24
Cessão Fiduciária de Quotas de Fundo de Investimento ............................................... 26
Dupla Garantia Locatícia é Contravenção Penal ........................................................... 28
Locação Sem Garantia .................................................................................................... 29
Inadimplência do locatário e Ações de Despejo ................................................................ 29
Executando a Garantia Locatícia de Caução ................................................................ 31
Executando a Garantia Locatícia de Fiança ................................................................. 31
Executando a Garantia Locatícia de Seguro de Fiança Locatícia ..................................... 32
Executando a Garantia Locatícia de Cessão Fiduciária de Quotas de Fundo de Investimento ..... 33
Análise do locatário ....................................................................................................... 34
Vistoria antes, durante e depois da locação ..................................................................... 37
OMDEL

Termo de Vistoria .................................................................................................... 38


Locação não residencial .................................................................................................. 39
Contrato “built to suit” – locação com construção ajustada ............................................... 43
Ação Renovatória ........................................................................................................... 44
Locação para temporada ................................................................................................ 46
Ação Revisional de Aluguel ............................................................................................. 47
Ação de Despejo ............................................................................................................ 49

2 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material.


NOÇÕES BÁSICAS DE NEGOCIAÇÃO – Modelo HARVARD

Esse modelo de Negociação foi desenvolvido e muitas vezes, faz com que o corretor de imóveis acre-
divulgado no livro Como chegar ao sim, de Roger Fi- dite que a oportunidade da venda será única.
sher, William Ury e Bruce Patton. É uma metodologia O estilo GANHA-GANHA é um estilo que atual-
que nasceu na Harvard Business School e foi batiza- mente tem se provado ser mais sustentável e que dá
da de “negociação baseada em princípios”. Antes de melhores resultados a todas as partes. Neste estilo o
entrarmos neste modelo vamos conhecer um pouco foco é que ambas as partes saiam satisfeitas com
o que há na literatura sobre o assunto. confiança e soluções de problemas para ambos os
Na verdade, a literatura sobre o assunto definem lados. É o estilo onde um entende o interesse do ou-
04 estratégias, ou estilos, como preferem alguns au- tro, se coloca no lugar o outro e ambos buscam pon-
tores, de negociações que são: tos de congruência para se chegar a um bom acordo.
As partes buscam alternativas e soluções em conjun-
• Perde-Perde; to visando maximizarem seus objetivos.
• Perde-Ganha; Entendido estes quatro estilos ou estratégias,
• Ganha-Perde; vale a pena entendermos uma outra visão de alguns
• Ganha-Ganha. estudiosos, que divide a matéria de negociação em
duas abordagens:
No estilo PERDE-PERDE – normalmente há diver-
gências entre os negociadores, os dois preferem perder • Distributiva;
à ceder, ou ver o outro ganhando algo. Há muitas vezes • Integrativa.
sentimentos como raiva, mágoa, e um não se impor-
ta em perder, desde que o outro perca também. Esse A negociação distributiva é aquela que se de-
tipo de negociação é comum acontecer em divórcios senvolve em torno de uma questão central, e todas
por exemplo, ou partilhas de heranças, onde há mui- as partes envolvidas tentam tirar o melhor proveito
tas questões pessoais envolvidas no acordo. Este estilo possível, com uma postura competitiva, cujo objeti-
leva ambas as partes a terem prejuízos significativos. vo é abocanhar a maior fatia possível do bolo – bolo
Há ainda uma outra interpretação para esta es- esse que é visto como algo fixo. Simplificando : Come
tratégia como define Lewick (2014) – que esta estra- mais quem tem a boca maior.
tégia acontece quando uma parte quer muito evitar E como o nome DISTRIBUTIVA já diz – os resulta-
conflitos, então age de maneira passiva não se preo- dos envolvem distribuição – sempre que um ganha o
cupando em negociar ou ver seus interesses atendi- outro perde. Nesta abordagem se encaixam os estilos
dos, nem tampouco da outra parte. acima GANHA-PERDE e PERDE-PERDE (RAIFFA, 2002).
O estilo PERDE-GANHA é meio comum de veri- Neste modelo a persuasão é a maior aliada, ba-
ficarmos em relações com clientes novos, onde para seada no GANHA-PERDE (o bom negociador vai ga-
se cativar ou fidelizar um cliente o fornecedor abre nhar e o outro vai perder). É um método que hoje já
concessões onde ele tem algumas perdas a curto pra- está sendo questionado e superado.
zo. No entanto, está visualizando o fortalecimento de Em termos de comportamentos nesta aborda-
uma relação duradoura onde haverá ganhos futuros. gem vemos a utilização de truques, ameaças, “pega-
Para conseguir este objetivo ele se propõe a perder dinhas”, armadilhas, pois o que interessa são os fins
numa negociação inicial abrindo concessões, dando e não os meios.
muitos descontos ou flexibilizando as condições de No modelo de abordagem integrativa, o bolo não
pagamento demasiadamente. Como o nome diz um é considerado fixo, mas algo que pode crescer. De for-
sai perdendo em função da contraparte ganhar. ma que todos trabalhem cooperando para aumentar
O estilo GANHA-PERDE é o mais comum, pois é o bolo. Ou seja, outros valores ou objetos são adiciona-
o estilo onde as partes querem obter o máximo de dos ao objetivo central, o que faz ampliar os recursos
vantagem e pensam em seus interesses próprios, a serem divididos, possibilitando a satisfação de am-
não pensam a longo prazo, mas sim em obter o me- bas as partes, de forma igualitária. (WATKINS, 2004).
lhor resultado imediato. Tendo sucesso todo mundo ganha uma fatia
Normalmente estas negociações são as mais do tamanho que desejava e fica satisfeito com o
comuns no mercado imobiliário, sabendo-se que resultado das tratativas.
o bem imóvel é um bem de alto valor, essa crença É um modelo mais aceitável, mais sustentável

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 3


pois integra todos os interesses e todos ganham. se aprende e que se aprimora. Quanto mais treina-
Hoje se fala que esta abordagem é baseada em mos e negociamos melhores tendemos a ficar.
princípios baseada na premissa GANHA-GANHA,
em que todas as partes saem satisfeitas e o acordo No entanto para desenvolver essa capacida-
feito entre elas é bom para todos. de teremos também que treinar outras habilidades
É um método mais recente que tem sido estu- como:
dado, especialmente na Universidade de Harvard, e
por isso focaremos nele. • A nossa comunicação;
Agora que entendemos as diferentes estratégias • A arte de ouvir;
e também as abordagens de alguns estudiosos – va- • A arte de fazer perguntas;
mos refletir sobre o que é negociação. • A empatia;
Podemos dizer que negociação é um caminho • A diplomacia;
que pode fazer você alcançar todos seus objetivos e • O compartilhamento de informações;
metas, mas não é um balão apagado que cai no seu • O entendimento dos gestos, da linguagem cor-
colo do nada, você tem que trabalhar para isso, tem poral do outro;
que buscar e estar preparado. • A resolução de conflitos, enfim, para negociar
A Capacidade de Negociar é uma habilidade que bem temos que exercitar várias outras competências.

CONCEITOS DE NEGOCIAÇÃO

Há muitas definições mas encontramos uma bem por meio de um acordo, ou seja, um ajuste, um pac-
simples e clara, segundo a Sociedade Brasileira de Co- to, uma combinação”.
aching, que é: “A negociação é basicamente um pro- Segundo os autores do livro “Como chegar ao
cesso de troca em que duas ou mais partes procuram SIM” Fisher, Ury e Patton – pode-se conceituar a
chegar a um acordo mutuamente satisfatório. negociação como:
Sendo assim, é um processo de comunicação “Um meio básico de conseguir o que se quer de
com o objetivo de se chegar a um acordo bom para outrem. É uma comunicação bidirecional concebida
todas as partes, e parte da necessidade de alinhar para chegar a um acordo, quando você e o outro lado
interesses conflituosos.” têm alguns interesses em comum, e outros opostos.”
Para ACUFF (1993): “a negociação é o processo A negociação é um processo que exige planeja-
de comunicação com o propósito de atingir um acor- mento, execução e controle e está situada no passa-
do agradável sobre diferentes ideias e necessidade”. do, presente e futuro.
Para WANDERLEY (1998) “negociação é o proces- É normalmente originada de uma situação ou
so de alcançar objetivos por meio de um acordo nas problema ocorrido no passado, visando uma solução
situações em que existam conflitos, isto é, divergên- para o presente ou futuro.
cias e antagonismos, de interesses, ideias e posições. Tudo começa quando uma das partes sente a ne-
O que diferencia a negociação de outras formas de se cessidade de resolver um determinado problema ou
alcançar objetivos é que, na negociação, isto é feito solucionar um conflito.

Onde há conflito, há a necessidade de se negociar – e nas negociações normal-


mente surgem os conflitos.
RESUMINDO... A negociação é um caminho
• A principal maneira de satisfazer nossos interesses
• É uma oportunidade de criar algo totalmente novo
• É um processo e NÃO um EVENTO!
• É UM PROCESSO PARA ALCANÇAR QUALQUER OBJETIVO

4 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material.


E QUANDO NEGOCIAMOS?

Acreditamos que já nascemos negociando, usa- rem interesses diferentes e, quando há divergência é
mos o poder de nosso choro para negociar com a comum haver conflitos. Uma negociação não ocorre
mamãe o horário da mamadeira. Negociamos com com todos concordando ou não concordando com as
os pais, filhos, chefes, cônjuges, amigos, clientes, for- propostas feitas, sempre há divergências a serem re-
necedores, prestadores de serviços, enfim, a arte de solvidas. Onde há divergências de ideias, resistência,
negociar está presente em todos os momentos e fa- pode surgir o conflito, e quando as possibilidades de
ses de nossas vidas. negociação são baixas, as chances de ocorrer confli-
E é comum as pessoas em papéis diferentes te- to aumentam.

DE ONDE SURGEM OS CONFLITOS?

Há possíveis fontes que podem gerar conflitos e que podem estar presentes nas
negociações que são:
• Disputa de poder;
• Desejo de Sucesso;
• Falta de Recursos;
• Diferenças Culturais;
• Mudanças;
• Ambiente Hostil;
• Acomodação;
• Manipulação;
• Necessidades insatisfeitas;
• Preconceitos;
• Falta de informação;
• Objetivos muito divergentes;
• Valores;
• Pressupostos.
Muitas são as variáveis geradoras de conflitos.

ESPIRAIS CONSTRUTIVAS E DESTRUTIVAS

Em relações conflituosas há um círculo de ação e podemos criar espirais construtivas que levem à um
reação em escalada progressiva. Um círculo vicioso bom acordo.
onde ofensor e vítima trocam papéis e se alternam. A colaboração produz espirais construtivas e a
Numa negociação isso pode acontecer, mesmo que competição a espirais destrutivas. Portanto, sempre
de forma mais branda. que houver COLABORAÇÃO nas negociações as pos-
Para cada ação vai haver uma reação não espera- sibilidades de sucesso são bem maiores.
da, polarizada, e pode ser destrutiva – criando uma Comumente os estudiosos do assunto dizem que
espiral de conflito. São as espirais de conflitos que existem duas formas básicas de negociar:
podem ser construtivas e destrutivas.
Mas o importante é que nem toda espiral é to- 1. A primeira, evita o conflito e para isso conta
talmente negativa. Um conflito pode fazer com que com a com a benevolência do negociador através da
as partes se movimentem para um ponto de conver- empatia, realizando concessões, o que nos remete à
gência, no qual um acordo seja possível, dessa forma abordagem Integrativa.

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 5


2. A segunda, provoca comportamentos mais ás- • Separar PESSOAS dos PROBLEMAS;
peros, pois se deseja vencer a qualquer custo, sem • Não negociar por POSIÇÕES , e sim por INTERESSES;
abrir mão da sua posição, o que prejudica a realiza- • Busca de OPÇÕES para ganhos mútuos;
ção do acordo e futuros relacionamentos entre os • Insistir em CRITÉRIOS objetivos de avaliação.
negociadores. Esta segunda estimula o conflito e
está mais ligada à abordagem distributiva É muito fácil confundirmos o problema com a
Diante de um conflito, temos que primeiro en- pessoa envolvida nele e, não raras vezes, o proble-
tender os interesses reais dos envolvidos na negocia- ma parece ser a própria pessoa. Porém, um bom
ção e buscar espirais construtivas, através de pontos negociador deve ser capaz de fazer a distinção entre
de convergência, sempre através da empatia. o conflito e as pessoas nele envolvidas. Por isso, os
O método da negociação baseada em princí- autores, Fisher e Ury, defendem que é importante
pios, desenvolvido no Projeto de Negociação de manter o foco nas questões que devem ser tratadas
Harvard quis conciliar duas maneiras de negociar, e não nas pessoas envolvidas.
uma maneira baseada em condescendência pelos É comum a parte ter 2 tipos de interesses :
negociadores que querem evitar o conflito e a se-
gunda com rigor e competitividade, pois se dese- 1) NO PROBLEMA E NO RELACIONAMENTO
ja levar a melhor parte da negociação. No modelo
HARVARD desenvolveu-se uma nova uma nova for- Portanto, concentre-se no seu objetivo, no alvo
ma de agir, muito mais assertiva e sustentável : o a ser conquistado e para isso é necessário construir
conceito do “ganha-ganha”. uma atmosfera favorável ao diálogo, para haver mais
Este conceito promove a busca de benefícios chances de um acordo.
mútuos numa negociação, e se os interesses de uma Recomenda-se ser duro com relação ao problema
das partes entrarem em conflito, o ideal é insistir em e afável com as pessoas, para que fique claro que o
padrões justos, equivalentes, independente da von- problema não são os indivíduos, nem as possíveis di-
tade de qualquer dos lados. ferenças entre eles, mas sim a questão que deve ser
O método da negociação baseada em princípios é resolvida com a participação das partes envolvidas.
rigoroso quanto aos méritos, e suave com as pessoas. Nesse momento a empatia é muito importante
Este método sugere a busca de um resultado pois é através de um clima amistoso e afável que se
que agrade e satisfaça ambas as partes, sem arma- constrói confiança, no entanto, o problema, os con-
dilhas, sem jogos antiéticos, sem truques. As partes flitos devem ser tratados com seriedade e firmeza.
devem se tratar como parceiros que estão em busca
de um bom acordo para ambos. Mas para isso faz- 2) A NEGOCIAÇÃO É BASEADA EM POSIÇÃO
-se necessária a colaboração de todos os envolvidos OU INTERESSE?
e muitas vezes a busca desta colaboração se constrói
num processo, que perdura ao longo das tratativas. De forma mais convencional as pessoas nego-
Não é algo pronto ou que já se tenha de antemão. ciam tomando uma posição, ou seja, a de vendedor,
O processo dessa busca de consenso, reciprocidade, ou comprador; de pai e filho; de chefe, ou subor-
benefícios mútuos é o que se constrói para finalmen- dinado, o que normalmente gera desvantagem para
te conquistar um bom negócio para as partes envol- um lado. Se focarmos em posições será fácil perce-
vidas numa negociação. ber que nas relações há posições mais frágeis que
É comum nos estudos sobre negociação a metá- outras, mais vulneráveis, o que facilita termos pos-
fora com um bolo a ser dividido, e se afirmar que se síveis vencedores e perdedores. Nesta situação as
deve aumentar o bolo, para só então, cortá-lo e dis- negociações não são boas para todas as partes pois
tribuí-lo. Assim, quanto maior o bolo, maior a possi- não se descobre o que de fato, a outra parte deseja,
bilidade de satisfação entre os participantes e maior MAS que estão em posições diferentes.
a chance de se chegar a um acordo. Por isso devemos sempre questionar qual é a ra-
Numa mesa de negociação deve-se focar nos zão da posição tal? E dessa forma sair dessa situação
interesses e seus pontos congruentes e não em po- e focar nos interesses. Posições diferentes levam à
sições. Ser firme nos argumentos, porém ser brando divergências, desequilíbrio e distanciamento. Se vol-
com os clientes, com as pessoas. tarmos aos interesses caminhamos para um ponto
Para tanto, deve-se, desde o início, partir das se- em comum, congruência, consenso.
guintes premissas: Na negociação por interesses perguntamos às partes:

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material.


– Por que você quer isso? Pra que você quer isso? nha. É fazer com que as duas partes saiam satisfei-
tas, sem uma tirar nada da outra.
Temos que identificar o INTERESSE de cada um Para isso vamos entender melhor o que caracte-
para criar uma situação convergente, de ganha-ga- riza POSIÇÃO e o que caracteriza INTERESSE.

POSIÇÃO

Normalmente posições são fixas, racionais, men-


suráveis, quantitativas.

• Números (volumes);
• Cotas (metas);
• Pessoas (equipes);
• Produtos (mix);
• Descontos (percentuais);
• Dinheiro (preços).

INTERESSE

Normalmente interesses são emocionais, imen- Muitas vezes para buscar o real interesse temos
suráveis, qualitativo, intangível. que fazer a pergunta:

• Necessidades; – POR QUE NÃO?


• Aspirações;
• Esperanças; Assim buscaremos por impedimentos à aceita-
• Desejos; ção do acordo e conhecendo o que está impedindo
• Receios; podemos trabalhar estes aspectos.
• Temores. Numa negociação você pode encontrar muitos
interesses bem diferentes em seus clientes que estão
Para negociar baseado em interesses, é impor- negociando. Muitas vezes, para um é importante a
tante ter em mente a sua real motivação para a ne- garantia em algum aspecto, para o outro, o impor-
gociação e conhecer os objetivos a curto, médio e tante são as condições do financiamento, enfim...
longo prazos. Estando diante de interesses bem diferentes, o
Os objetivos de vida, pessoais e profissionais vão importante é criar valor e atender aos interesses de
guiar suas decisões sobre haver ou não acordo. ambos sem conflitar.
Não hesite em perguntar POR QUE/PARA QUE? Sabendo que há diferentes interesses em ambos
os lados, reiteramos que algumas concessões serão
✓ Você quer vender sua casa. Por quê? imprescindíveis, é onde entra a sua arte e maestria
✓ Para ganhar dinheiro. Para quê? em descobrir a régua de prioridades ou de valoração
✓ Para comprar outra casa. Por quê? de cada interesse. Para entender essas prioridades
✓ Para mudar de bairro. Por quê? você deverá fazer boas perguntas e ir a fundo nos
✓ Porque quero uma vida tranquila no interior. interesses dos seus clientes.
✓ Aí você descobre o real interesse – “mudar Na intermediação as concessões devem ser bem
para o interior para ter vida tranquila”. valorizadas e aquele que ganhou com a concessão
deve enxergar isso, assim como aquele que abriu a
É como descascar uma cebola, vai se aprofun- concessão tem que ver algum valor agregado nisso.
dando até chegar ao cerne da questão e descobrir o Ambos precisam se sentir valorizados.
real interesse. Criar valor é justamente mostrar o que um aspec-

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 7


to, uma concessão, uma convergência vai ajudar no Supomos que o objetivo de uma negociação seja
interesse das partes. Você que está intermediando chegar a um acordo entre vendedor e comprador so-
uma operação entre clientes deve mostrar às partesbre o valor de determinado bem, então, é interessan-
o que uma concessão ajuda, o que ela cria de valor e
te pesquisar o valor de mercado e, também, contar
tentar equilibrar isso a ponto de chegarem num bomcom a avaliação de um especialista.
acordo. Se você trabalhar bem valorizando as con- Para se obter uma negociação equilibrada, sem
cessões, para quem ela é importante, vai criar valor
que uma das partes saia se sentindo lesada ou frus-
para chegar a um bom acordo. trada, o intermediador tem que observar os inte-
Sabendo que há diferentes interesses em ambosresses de todos os envolvidos e buscar aumentar a
os lados, reiteramos que algumas concessões serão gama de opções.
imprescindíveis, é onde entra a sua arte e maestria Não devemos ficar preso à uma única opção ou
em descobrir a régua de prioridades ou de valoração
algum julgamento prematuro, ou analisar só os inte-
de cada interesse. Para entender essas prioridadesresses de uma das partes ou, ainda, acreditar que, se
você deverá fazer boas perguntas e ir a fundo nos alguma parte ganha, a outra tem que perder. Presos
interesses dos seus clientes. à esses paradigmas não conseguiremos ampliar os
horizontes e obter mais opções.
Na intermediação as concessões devem ser bem Para isso é preciso estar preparado para cená-
valorizadas e aquele que ganhou com a concessão rios diferentes e, portanto, incluir diversas opções.
deve enxergar isso, assim como aquele que abriu a Ao considerar diversas alternativas é mais prová-
concessão tem que ver algum valor agregado nisso. vel que se atinja um ponto de benefício mútuo com
Ambos precisam se sentir valorizados. maior facilidade.

Criar valor é justamente mostrar o que um aspec- Para gerar opções podemos utilizar a técnica de
to, uma concessão, uma convergência vai ajudar no BRAINSTORMING.
interesse das partes. Você que está intermediando
uma operação entre clientes deve mostrar às partes O que é isso?
o que uma concessão ajuda, o que ela cria de valor e É você imaginar TUDO que poderia ser uma op-
tentar equilibrar isso a ponto de chegarem num bom ção e listar, sem questionar nada, se é viável ou não,
acordo. Se você trabalhar bem valorizando as con- obtendo o máximo de opções possíveis. Depois,
cessões, para quem ela é importante, vai criar valor num segundo momento, você verifica dentre todas
para chegar a um bom acordo. as opções que veio à mente, o que é viável e o que
não é, fazendo uma triagem.
3) BUSCA DE OPÇÕES PARA GANHOS MÚTUOS O BRAINSTORMING acontece com a criativida-
de, a liberdade de se pensar em muitos caminhos,
Talvez um dos elementos que toma maior tempo muitas soluções, depois é que analisamos uma a
na negociação baseada na doutrina de Harvard é a uma, e excluímos o que não é possível. Isso ajuda
geração de opções. Este é o momento em que de- o processo criativo, além de facilitar as avaliações
vemos exercitar nossa criatividade para construir o das melhores opções para formar uma proposta
caminho para alcançar os interesses de que tratamos ou contraproposta.
no item anterior. Ao buscar esta geração de opções é muito im-
Devemos nos lembrar de que a geração de op- portante que você conheça também os aspectos ju-
ções deve buscar como foco os interesses já desen- rídicos, documentais, leis que envolvem o negócio,
volvidos e identificados de ambas as partes, com contratos – pois às vezes, uma opção esbarra em al-
o objetivo de atender a uma proposta mútua de gum impedimento legal ou contratual.
GANHA-GANHA.
Esse é o momento de colocar fermento no bolo 4) INSISTIR EM CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO
e fazê-lo crescer. Fisher e Ury recomendam que não
sejamos muito críticos no momento de criação (de As partes não podem experimentar o sentimen-
opções), pois se criticarmos as ideias criadas pode- to de injustiça, assim será difícil prosseguir e chegar
mos inibir a imaginação, e deixar a oportunidade de a um bom acordo, neste momento começam os con-
uma GRANDE IDEIA ir embora. Nessa fase o senso flitos. Portanto, todos os pontos devem ser esclare-
crítico em demasia não ajuda, só atrapalha. cidos, as dúvidas resolvidas e para isso precisamos

8 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material.


utilizar critérios. Os padrões de equidade, critérios científicos e
E o ideal é que estes critérios sejam visivelmente matemáticos, devem ser utilizados para obtermos um
justos, imparciais e facilmente aceitos por todos. É, resultado melhor, pois são difíceis de serem contes-
portanto, fundamental que sejam utilizados padrões tados. Quanto mais utilizarmos estes padrões, mais
objetivos, com referências verificáveis facilmente pe- embasamento teremos para possibilitar futuros negó-
las partes, para que a tomada de decisões fique “con- cios. Com a utilização destes critérios o estresse é re-
fortável” para ambos. duzido e o relacionamento entre as partes se garante.

Por isso, é aconselhável buscar algumas alternativas padrões que possam ser
aplicadas em diferentes situações. Para definir critérios claros podem-se usar:

• Valor de mercado
• Precedentes
• Estudo científicos
• Casos semelhantes
• Padrões profissionais
• Tradição, costumes, cultura
• Leis
• Índices
• Custos
• Jurisprudências

Lembrando que para um critério ser objetivo e rência (ambos os lados devem sugerir, concordando
legítimo deve ser independente das vontades das sobre os princípios ou padrões a serem aplicados);
partes e ter embasamento. 2) Argumentar e estar aberto a contra argumen-
tações (em caso de cada lado propor um padrão di-
Os três passos seguintes são guias poderosas ferente, a solução deve ser adotada igualmente com
para o exercício de uma negociação baseada em prin- base objetiva: Ex.: meio-termo entre o custo de de-
cípios, a serem exercitados com os lados envolvidos: preciação e o valor de mercado);
3) Não ceder às pressões (ser contra o suborno,
1) Buscar conjuntamente os critérios objetivos ameaça, apelo manipulativo à confiança ou à simples
para resolver a questão, de preferencia com transpa- recusa arbitrária).

ALTERNATIVAS

Você já ouviu falar em BATNA (do inglês Best Al- de uma negociação sem prejudicar o orçamento ou a
ternative To a Negotiated Agreement) ou traduzido base de custo do produto ou serviço?
para o português - MAPAN (Melhor Alternativa para O BATNA ou MAPAN foi criada com o intuito de
um Acordo Negociado) ? aumentar o poder de negociação do cliente e propor
O termo (BATNA/MAPAN) foi criado em 1981 um limite na negociação. Com isto, qualquer valor
por Roger Fisher, William Ury, e Bruce Patton e refe- fora deste limite não deve ser considerado.
re-se a uma ESTRATÉGIA DE NEGOCIAÇÃO COLABO- Saber o momento certo de não seguir com uma
RATIVA e representa o poder de barganha de cada negociação é um passo importante que o cliente
uma das partes numa mesa de negociação. tem que dar para não fazer uma má negociação. No
O cliente tem que ter um plano B numa nego- conceito do BATNA ou MAPAN, sempre deve haver
ciação, caso contrário como ele saberá a hora de sair um limite para uma negociação parar.

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 9


Elaborar sua BATNA/MAPAN significa determi- Ao definir sua BATNA/MAPAN se atente para al-
nar quais opções você tem e qual o melhor para você, guns riscos como ser condescendente demais com a
caso você não consiga alcançar um acordo. Você vai visão da outra parte e já ir concordando com tudo
definir qual é a proposta minimamente aceitável muito rapidamente. Isso pode ser um grande erro, é
para fechar o acordo. Neste caso, você terá que sa- um dos maiores perigos da negociação.
ber do seu cliente qual a MAPAN dele, ou seja qual Outro ponto de atenção é ao adotar um valor
o valor mínimo que ele aceitaria numa negociação. final arbitrário (limite de valor para fechamento do
acordo), você pode até evitar de aceitar um acordo
Para gerar opções de MAPAN são necessárias 3 muito ruim, mas também poderá limitar sua capaci-
operações: dade de propor soluções criativas e de chegar a um
entendimento mais sensato.
1) Criar uma lista de opções; Outro risco é estar muito comprometido emo-
2) Aperfeiçoar suas melhores ideias e transfor- cionalmente para chegar a um acordo, sem ter de-
mar as mais promissoras em alternativas reais; senvolvido sua MAPAN.
3) Selecionar a melhor alternativa entre as Melhor do que estabelecer um limite de valor,
disponíveis. é utilizar esses limites como sistema de alerta para
comparar a proposta oferecida pela outra parte com
Devemos ter em mente que a sua melhor alter- a sua MAPAN. Pedir um tempo ao outro lado, se for
nativa a um acordo negociado (BATNA ou MAPAN) é o caso, para essa análise.
sua fonte de poder durante uma negociação. É igualmente importante conhecer as alterna-
Sua BATNA/MAPAN permite que você se afaste, tivas da outra parte para saber quais as chances de
se o outro lado não lhe der um acordo melhor do que aceitação das opções que você apresentar.
sua melhor alternativa. Se a sua MAPAN for fraca, se suas alternativas
são fracas mantenha segredo, no entanto, se for
Para desenvolver seu poder, responda às seguin- forte, então você pode deixar que saibam qual é a
tes perguntas: sua MAPAN.
Descobrir a MAPAN da outra parte é uma boa es-
1. Qual é a minha BATNA/MAPAN? (Essa deve tratégia, pois você saberá até onde pode chegar e fa-
ser a primeira pergunta que você se faz ao se prepa- zer uma análise prévia deste limite. Forçar o limite ou
rar para as negociações. Se o que o outro lado pode não, dependerá de outra série de variáveis que você
oferecer está abaixo da sua BATNA/MAPAN talvez o deve pesar para entender até onde poderá chegar.
ideal é deixar a negociação, pois ela não será produ- Concluindo a MAPAN ou BATNA – é o seu limi-
tiva para você) te numa negociação. Você deve entender até que o
2. Devo abrir a minha BATNA/MAPAN para o ponto é interessante é chegar e partir de onde o ide-
outro lado durante as negociações? (Como regra ge- al é sair da negociação. Deve ter isso claro para que
ral, você desejará divulgar uma BATNA/MAPAN for- não insista em um acordo ruim e da qual venha se
te, porque isso indica sua força e você desejará ocul- arrepender.
tar uma BATNA fraca.)
3. Eu sei o qual é a BATNA/MAPAN do outro
lado? Como posso encontrar a BATNA/MAPAN de-
les? (É dessa maneira que você determinará a força
do outro lado. Decida quais perguntas fazer durante
a negociação para encontrar o BATNA/MAPAN do
outro lado.)
4. Como posso enfraquecer a BATNA/MAPA do
outro lado? (Em outras palavras, como você pode en-
fraquecer o poder do outro lado? Antes da negocia-
ção, tente prever a BATNA deles e pense em como
você pode enfraquecê-lo.)
5. Como posso fortalecer minha BATNA/MA-
PAN? (Em outras palavras, como você pode fortale-
cer seu poder durante a negociação?

10 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material.


ZOPA

A seguir veremos um outro conceito interessante Ter a ZOPA definida é importante, porque se não
nesta metodologia de Harvard que é a ZOPA (Zone of tiver o encontro de possibilidades, não existe nego-
possible Agreement) que é a Zona de Acordo Possível. ciação. A ZOPA é o intervalo de intersecção entre os
Exemplo, quero vender meu imóvel por 500 mil , dois interesses.
mas meu preço reserva é 480 mil e a pessoa interes- A BATNA/MAPAN e a ZOPA são ferramentas
sada pode pagar até 490 mil nesse imóvel, não mais para serem utilizadas nesta metodologia que pode-
do que isso. rão fortalece-lo para chegar a um bom acordo.
Essa margem de 480 mil até 490 mil é a zona
de acordo possível, ou seja, a ZOPA. Como não co- O Programa de Negociação de Harvard destaca 5
nhecemos o limite do outro lado – o jogo se torna fases da negociação: a preparação, a criação, a nego-
dinâmico, pois você faz a proposta e vem a contra ciação, o fechamento e a reconstrução.
proposta para um possível acordo. Veremos a seguir cada uma destas fases.

ETAPAS DA NEGOCIAÇÃO

1. PREPARAÇÃO a MAPAN da outra parte. Até onde ela chega? Qual


2. CRIAÇÃO será o plano B dela?
3. NEGOCIAÇÃO ou DISTRIBUIÇÃO É razoável se supor que o outro negociador so-
4. FECHAMENTO mente irá aceitar o acordo se a nossa proposta for
5. RECONSTRUÇÃO superior à MAPAN dele. Assim, é necessário que o
negociador, durante a preparação, coloque-se no lu-
1) PREPARAÇÃO gar do outro e tente enxergar, sob o seu ponto de
vista, quais alternativas ele tem à sua disposição.
Uma das coisas mais importantes na hora da pre- Manter a calma e uma certa frieza que advém de
paração para uma negociação é saber quais são os uma maior racionalidade é o ideal quando entramos
meus interesses (ou do seu cliente, se vai interme- numa negociação, o fator emocional pode dificultar
diar uma negociação para ele). o processo de tomada de decisão.
Temos que descobrir quais são os reais interesses. Pode ser que a negociação exija, ainda, a elabo-
ração de estudos técnicos, como a realização de cál-
• Quais são os interesses que estão em jogo? culos, simulações, perícias, estudo de mercado, ou
• O que eu desejo obter, que só possa ser conse- mesmo de consultas informais à área técnica, como
guido com a colaboração da parte adversa? a jurídica, por exemplo.
• E o que eu possuo ou posso fazer, que a outra Isso permitirá visualizar os pontos que são pos-
parte pode desejar? síveis de negociação e auxiliar na elaboração de pro-
postas, opções e alternativas, as quais poderão ser
Sabido quais são os reais interesses, o próximo debatidas ao longo da negociação. A parte que pos-
passo é estudar a outra parte, procurar saber com sui mais conhecimento possui uma significativa van-
quem vai negociar, que perfil essa pessoa tem, se é a tagem na negociação. A coleta de informações úteis
tomadora de decisão. facilitará a fixação dos limites da negociação.
O ideal é mapear e escrever os pontos fortes e Pontos importantes que devem ser registrados são:
fracos dos negociadores • Interesses (do representado e da parte adversa);
Prever quais as perguntas que podem ser feitas • BATNA/MAPAN (sua e se possível da outra parte);
na mesa de negociação e verificar essas respostas an- • ZOPA;
tecipadamente. • Informações a serem levantadas;
Definir os limites aceitáveis MAPAN e ZOPA , • Proposta (se houver) e opções;
para que se prossiga com a negociação. • Critérios de legitimidade de eventual proposta;
Qual o valor mínimo aceitável, qual o plano B, • Tópicos a serem destacados na comunicação;
qual o valor ideal que se quer buscar. • Oportunidades para a criação de valor;
É igualmente desejável tentar identificar qual é • Partes interessadas que devem ser consultadas.

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 11


A preparação para uma negociação envolve pla- Essas perguntas fazem parte de uma sondagem
nejar as opções de acordo que possam satisfazer os que vai norteá-lo a intermediar uma boa negociação
interesses da outra parte. Pode ser necessário co- entre as partes. Lembre-se que esta sondagem deve
lher algumas informações antes de decidir por efe- ser feita, se possível, com as duas partes. Você deve
tivamente apresentar uma proposta (ancoragem). conhecer bem o vendedor e o comprador, locador e
Levando em consideração que cada negociação é locatário pois vai lidar com as duas pontas.
única, o negociador deve estudar o caso e verificar
quais as particularidades de cada um, e quais as op- 2) CRIAÇÃO
ções viáveis para a situação. Tão importante quanto
estudar as opções possíveis, é planejar a forma de No modelo GANHA-GANHA na fase de criação
comunicar essas opções (framing). A forma como se buscamos o foco na cooperação entre as partes.
comunica faz toda a diferença e o momento em que O negociador deve estar atento, para explorar
se comunica também. Portanto a comunicação é algo oportunidades, discutir opções, buscar oportunida-
importante numa mesa de negociação. des de cooperação, identificar soluções criativas e, se
O negociador deve se preocupar em apresentar tudo mais falhar, obter informações estratégicas, que
critérios e justificativas que possam fundamentar, ra- poderão auxiliar na construção de uma boa proposta
cionalmente, as propostas apresentadas (legitimida- para todas as partes. Nessa fase, o negociador deve-
de). Esses critérios podem ser precedentes jurispru- rá procurar identificar:
denciais, estudos de mercado, avaliações mercado-
lógicas, legislação vigente, parâmetros utilizados em • Interesses comuns;
outras propostas, estudos técnicos, resultados de pe- • Opções de ganhos mútuos;
rícias, ou parâmetros de reciprocidade e equidade. • Trocas de baixo custo/fáceis;
Assim, é importante que na fase de preparação • Preferências distintas
o negociador considere os interesses da parte e mos-
tre que as opções apresentadas atendem da melhor Esta fase é chamada de criação pois é nesta parte
forma possível aos interesses da outra parte na nego- que o negociador deve tentar criar valor ao acordo.
ciação. Apresentar a proposta justificando-a nos pró- Então aqui entram novas opções, verificação dos
prios interesses é um erro grosseiro de negociação. interesses para ver em que poderemos melhorar
Será difícil a outra parte aceitar um acordo onde só para ambas as partes.
se atende aos interesses daquele que fez a proposta, Claro que existem negociações em que não have-
obviamente vai se sentir lesada ou injustiçada. rá oportunidade de se criar valor à nenhuma parte.
Na fase da PREPARAÇÃO, uma das coisas mais Contudo, em negociações complexas, as oportunida-
importantes é fazer perguntas. des de criação de valor podem tornar um acordo em
As perguntas devem ser construídas na conversa uma oportunidade de negócio extremamente atrati-
inicial, conforme vão falando do negócio. vo e lucrativo.
Com certeza também deve haver reciprocidade
ou seja, a contraparte também fará perguntas e você 3) NEGOCIAÇÃO OU DISTRIBUIÇÃO
deverá responde-las.
Em perguntas abertas devemos utilizar as palavras: Após a fase da criação , responsável por agregar
valores à negociação e aumentar as possibilidades
• Onde? de satisfação dos interesses envolvidos, é chegada a
• O que? hora de “dividir o bolo”.
• Como? Nesta fase alguns dos conceitos mais importan-
• De que forma? tes da teoria da negociação, delineados pela Escola
• Me diga... de Harvard, tomam corpo. É nela, por exemplo, que
• Fale a respeito... o conceito de BATNA/MAPAN assume protagonis-
mo. Conhecer bem a sua melhor alternativa lhe dará
Já a pergunta POR QUE? Nem sempre ajuda e segurança suficiente para buscar seu alvo ou, se for
pode ser mais desafiadora. Portanto, temos que ter o caso, abandonar a negociação em busca de uma
muito cuidado com perguntas que se iniciam com alternativa que melhor lhe convenha. Ao mesmo
POR QUE... talvez PARA QUÊ seja mais interessante tempo, conhecer bem as alternativas da outra par-
para se chegar ao objetivo da pessoa. te, em especial a melhor delas, pode representar o

12 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material.


salto de um bom acordo, para um excelente acordo. um negociador, e essa é uma condição que deve ser
A chave para um bom acordo pode estar em saber considerada.
o quanto determinado bem vale para o outro, e não Portanto, é preciso entendermos o limite para
para si mesmo. De posse desta informação você estar numa negociação e o porque aquela negocia-
poderá obter um excelente acordo ao invés de um ção não é interessante para uma das partes.
apenas satisfatório. Nesta fase da Negociação também é importan-
Um passo muito importante numa negociação te ter claro qual a ZOPA que envolve o negócio, até
é a primeira proposta a ser colocada sobre a mesa. mesmo para ser capaz de reconhecer até quando
Chama-se a isso de ancoragem. permanecer na negociação é interessante.
Vamos explicar melhor o que é uma ancoragem Relembrando em todas as negociações há uma
em negociação. margem de negociação admissível, seria o espaço
Este termo tem a ver com um princípio psicológi- entre a melhor proposta possível e a pior proposta
co de não ser capaz de ignorar a primeira informação aceitável. Essa margem de uma negociação aceitá-
que você recebeu, ou seja somos muito influencia- vel entre aquilo que se deseja obter chamamos de
dos em formar nossas referências baseados nas pri- preço-alvo, e o que aceitam obter do acordo, o valor
meiras informações/impressões que tivemos. ideal, chamamos de preço de reserva. E essa mar-
Sendo a negociação um processo que lida com gem entre o preço alvo e o preço de reserva chama-
tomada de decisões e via de regra, incidem sobre nú- mos “Zona de Possível Acordo “, a ZOPA.
meros, que podem estar envolvidos em contextos de Dentro dessa zona há a possibilidade de se con-
incertezas, a ancoragem surge como um elemento cluir um acordo.
que passa a fazer parte deste processo num determi- Importante lembrar que se a proposta estiver
nado momento. fora da ZOPA talvez seja o momento de desistir ou
Segundo GALINSKY e MUSSWEILER, 2001, o pri- então partir para outras estratégias.
meiro lance de uma negociação é considerado um Ainda nesta fase da negociação ou distribuição
valor âncora, independentemente de quem o realize. William Ury aponta as três reações mais comuns
O que significa que o primeiro a fazer uma proposta num processo de negociação que não contribuem
terá a atenção voltada à resposta da mesma. em nada para uma boa conclusão: o revide, a con-
Existem várias pesquisas que mostram que a téc- cessão e a ruptura.
nica da ancoragem afeta até mesmo negociadores • O revide é baseado na filosofia de “olho por
experientes. Hoje o Marketing digital utiliza ampla- olho, dente por dente”. É a postura de tratar o outro
mente esta técnica onde expõem os produtos, cur- como oponente, e a negociação como um jogo, onde
sos, serviços sempre com um valor bem mais alto, e você quer ser o ganhador e luta para isso. Qualquer
aos poucos vão apresentando vários bônus e descon- ponto que você não concorde vai querer revidar e
tos até uma oferta bem mais viável. isso se torna um círculo vicioso que gera ação e re-
Sendo assim, apresentar a primeira propos- ação. Uma jogo de queda de braços que não leva a
ta pode ser algo interessante pois você tem mais bons negócios.
chances de que as negociações de valores girem em • A concessão - É uma atitude que pode acon-
torno do referencial dado na primeira oferta. Porém, tecer decorrente de estratégias mais duras e agressi-
ancorar envolve riscos, se a sua proposta for inade- vas, ou simplesmente pelo fato de recebermos uma
quada, estiver muito fora do real valor de mercado primeira proposta que supere a expectativa, preci-
ou em condições muito agressivas, – você pode per- pitando a aceitação de uma oferta sem que a ZOPA
der credibilidade e a negociação não evolui para um fosse explorada adequadamente. Essa atitude pode
bom final. apressar um negócio que não será um bom negócio.
Quando a ancoragem é feita com embasamen- A atitude da concessão em exagero pode quebrar
to técnico, ou seja, uma boa avaliação de mercado, confiança e a legitimidade de um possível acordo.
comparativos com produtos semelhantes, e outros • A ruptura – Vem de uma má compreensão
indicadores objetivos, a ancoragem permite ao ne- onde uma das partes, pode ocorrer por questões
gociador uma boa condução a seu favor pois se torna emocionais onde um se sente ofendido, lesado, in-
crível e sustentável. justiçado, por interpretação equivocada que leva
Tem momentos em que NÃO negociar pode ser a contraparte romper e deixar a negociação. Sim,
um bom negócio. Neste momento dizer NÃO à uma um mal entendido coloca tudo a perder. E a ruptura
proposta pode estar sendo um melhor acordo para pode acontecer a partir de detalhes, de uma narrati-

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 13


va, de uma colocação em hora errada. É preciso es- perspectiva de um bom acordo e levar a negociação
tar bem atento! água abaixo.
Essas reações podem até gerar resultados po- Nesta fase outro ponto de extrema importância
sitivos também, mas via de regra, seus impactos é a legitimidade das propostas colocadas na mesa. O
são altos e “caros” – ou seja, podem acabar com a que significa encontrar critérios objetivos que deem

Nesta fase do processo é importante:

• Ouvir atentamente todas as partes e envolvidos na negociação.


• Colocar-se no lugar do outro, mostrando-se capaz de compreender os seus
interesses.
• Dirimir todas as dúvidas, confirmando aquilo que está sendo proposto.
• Procurar não fazer uso de palavras ou expressões negativas, que possam tra-
zer um “peso” desnecessário.
• Ser transparente e objetivo ao colocar seus interesses.
• Não solicitar algo em troca de qualquer concessão de sua parte.
• Se ater ao PRAZO do processo.

legitimidade à sua proposta. Esses critérios como já 5) RECONSTRUÇÃO


mencionamos anteriormente, tornam a proposta crí-
vel, bem menos vulnerável à oposições, dão robustez Depois de fechado o negócio algumas atitudes
às tratativas. podem contribuir para a consolidação de bons rela-
O contrário, que significa a falta de critérios téc-
cionamentos, e criar boas pontes para negociações
nicos, concretos, objetivos e táticas agressivas po- futuras: elogiar, encorajar a outra parte com um
dem levar à perda de credibilidade do negociador. discurso positivo, afirmar a legitimidade do acordo e
oferecer um aperto de mão, um almoço, um brinde
4) FECHAMENTO que seja pertinente ao perfil do cliente, ou simples-
mente um sorriso e votos de felicidades com o novo
O fechamento é o momento de construir o com- negócio. O ideal é valorizar o desfecho e empoderar
promisso com todos os esforços que foram emprega- os clientes, dando a certeza que fizeram um excelen-
dos nas fases anteriores. O bom negociador quando te negócio.
chegar aqui, no momento do fechamento – vai con- É o momento de investir no relacionamento que
trolar as emoções e conflitos que já foram resolvidos às vezes se desgastou durante o processo, de pedir
lá trás, para agora firmar um acordo bom, minima- um feedback ou até falar sobre os pontos positivos
mente para as todas as partes. da negociação.
No fechamento às vezes há a necessidade de re- Nesta fase será apenas a consolidação do que já
visar os reais interesses de ambas as partes, princi- passou de forma positiva, portanto, cuide de todo
palmente os convergentes, que sejam comuns para o processo de negociação, estude suas fases, estude
fortalecer os benefícios do fechamento. Porém, re- as ferramentas, treine, quando tiver um cliente em
discutir pontos que já foram discutidos anteriormen- tratativa anote alguns pontos importantes. Faça per-
te poderão levar à um retrocesso bem perigoso nesta guntas abertas que te levarão a conhecer os verda-
hora. O que já foi discutido, vendido, argumentado deiros interesses do seu cliente, descubra A BATNA/
deve ser apenas resumido se necessário. É importan- MAPAN de seus clientes, assim como a ZOPA – gere
te deixar bem claro nesta hora todas as informações opções de valor para o seu cliente, valorize conces-
que compõem as propostas e o contrato, e dirimir as sões feitas. Assim municiado de todas as ferramen-
dúvidas que ainda restam – principalmente, no to- tas que aprendeu poderá conduzir seus clientes à
cante à parte financeira. E finalmente solicitar o com- um bom acordo e realizar uma negociação que trará
promisso de ambas as partes. muitos frutos à você corretor de imóveis.

14 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material.


E para você se aperfeiçoar ainda mais indicamos • Técnicas de Negociação e alta Performance
na tela algumas palestras sobre negociação que es- • Quebrando Paradigmas nas negociações
tão na TV CRECI. • Técnicas Avançadas de Negociação
Acesse tv.crecisp.gov.br e busque por alguns • Negociações em tempos de crise
destes títulos : • Técnicas de Negociação e suas abordagens
• Negociação Estratégica: O xeque mate para • A comunicação na nova negociação do Ganha-Ganha
o sucesso

REFERÊNCIAS

FISHER, Roger; URY, William e PATTON, Bruce – Como chegar ao SIM - Editora Sextante – 2018

ACUFF, F. L. How to negotiate anything with anyone anywhere around the world. New York: American Ma-
nagement Association, 1993.

WANDERLEY, José Augusto; Negociação Total, 1998 Edit. Gente

Curso Negociation Secrets for Master Negociators, Por Dr. Claudia Winkler- LLM. Harvard

Lead Negotiation Trainer | The Negotiation Academy


https://www.udemy.com/course/negotiation-secrets-for-master-negotiators/

Manual de Negociação segundo a Teoria de Harvard – AGU – Escola da Advocacia Geral da União – Mi-
nistro Vitor Nunes Leal – Brasília, 2017.Acessado através do link: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/
portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigi-
talLivros/TodosOsLivros/Manual-de-negociacao-baseado-na-teoria-Harvard.pdf

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 15

Você também pode gostar