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Apostila

Ensino de Artes

Sumário:

Introdução

1. O Planejamento das Aulas de Arte

2. Influência da Colonização Portuguesa na Arte brasileira

3. Influência Africana na Arte Brasileira

4. O Indígena na Cultura Brasileira

5. Movimentos Migratórios e Influências Regionais

6. Miscigenação

7. A Busca da Identidade Nacional nas Artes

Bibliografia – Literatura Complementar


A Primeira Missa no Brasil (1861), pintura de Victor Meirelles. Museu Nacional de Belas Artes.

Introdução

O ensino de Artes deve estar vinculado a uma busca por nossa identidade
cultural, visto que a arte em si é uma manifestação de cultura, ainda que esteja
vinculada aos processos criativos de artistas individuais. Desse modo, é
importante que o docente de artes possua um repertório metodológico e
estratégias de ensino claras, mas também que saiba situar a arte que está sendo
ensinada, ao seu contexto cultural, no caso, o contexto cultural brasileiro.

Com este intuito, aqui fornecemos aos alunos um capítulo inicial de


planejamento e composição prática de aulas, após o que desenvolvemos um
aprofundamento na cultura artística brasileira. Assim, sugerimos aos docentes
que entrelacem as técnicas e planos aqui apresentados, com a cultura artística
brasileira, riquíssima, porque é o cadinho onde se misturam influências de
culturas diversas.
1. O Planejamento das Aulas de Arte

- Fale sobre a lição por dias ou semanas - boas ideias crescem com o tempo.
Considere o uso de perguntas que deixem os alunos curiosos e inspirados.
Incentive algumas ideias e abordagens individuais.

- Distribuir materiais (evite interrupções mais tarde).

- Reveja algo que estudado recentemente e apresente o trabalho atual. O uso


de perguntas durante a revisão permite que os alunos saibam que você espera
que as coisas sejam lembradas e usadas novamente.

- Pratique o que é novo antes que os alunos sejam solicitados a ser criativos. Os
alunos que têm prática antes do projeto tendem a ser mais confiantes e criativos
do que aqueles que não têm ideia do que estão fazendo. A prática e as perguntas
podem substituir muitas demonstrações e exemplos de professores que podem
prejudicar o pensamento, a imaginação e a criatividade individuais.

- Apresentar a tarefa principal e motivar por mais de uma maneira. Algumas


maneiras incluem ver, tocar, saborear, ouvir, cheirar, jogos, praticar um processo,
equipes de ideias competitivas, projetos colaborativos, drama, dança,
experimentação de poesia e séries acidentais e assim por diante.

- Tempo do aluno na tarefa - muitas vezes, perguntas abertas motivacionais são


usadas para ajudar a enriquecer, personalizar e focar as ideias durante esse
tempo. Se as coisas não estiverem indo bem, pare tudo e reoriente a classe. Se
as coisas estão indo bem, é bom apoiar e permitir que a criatividade flua.

- Tempo de crítica - os alunos podem aprender abordagens de crítica que são


afirmativas e baseadas na descoberta que incentivam o aprendizado sem
desligar ou desencorajar os participantes.

- Finais e conexões - discuta a história da arte relacionada com a arte em suas


vidas - revise o que foi aprendido e como eles aprenderam. A maneira como
aprendemos no estúdio de arte costuma ser bem diferente do que nas outras
aulas.
- Configure e preveja as próximas sessões para ativar o pensamento, o esboço,
o registro no diário, o pensamento subconsciente e as ideias.

A ordem em que as coisas são feitas diz muito sobre a filosofia de educação do
professor.

1. Nível de habilidades artísticas:

Boas aulas de arte precisam de alguma dificuldade para serem


desafiadoras, mas precisam ser fáceis o suficiente para evitar muita frustração.
Habilidades artísticas são coisas como: desenho observacional, habilidade de
fazer argila, habilidade de fazer ferramentas e materiais e habilidade de usar
ativamente a imaginação.

- Sua lição será fácil o suficiente para que eles não desanimem?

- Os alunos serão desafiados o suficiente para manter o interesse?

- As habilidades são aprendidas praticando. As melhores lições são aquelas que


incluem treinamento prático junto com criadores de interesse que motivam a
prática de habilidades.

O pensamento imaginativo pode não ser considerado uma habilidade,


mas é uma habilidade mais básica do que a maioria das habilidades artísticas.
Professores de arte e professores de redação estão em boas posições para
ajudarem os alunos a reter, praticar e desenvolver seus poderes de imaginação.
A imaginação nos torna humanos, mas muitos trabalhos escolares parecem ter
o objetivo de desencorajar a imaginação. Cada projeto de arte precisa ser pelo
menos parcialmente avaliado com base em seu efeito na atitude dos alunos em
relação à capacidade de usar suas habilidades de imaginação.

Frequentemente a escola extingue o pensamento divergente e a centelha


imaginativa de uma criança, porque grande parte do trabalho escolar está
centrado em aprender a resposta certa. Na arte, a criança pode continuar a
acreditar que frequentemente existem muitas respostas e que os limites são
frequentemente muito artificiais. Nossa capacidade de imaginação e
especulação é uma das habilidades básicas que nos dá a centelha humana. A
educação deve incendiá-lo em vez de extingui-lo.

2. Consciência do mundo da arte:

Boas aulas de arte revisam o conhecimento anterior da arte.

- A qual trabalho de artista você pode se referir e esperar que os alunos saibam
do que você está falando?

- Que exemplos históricos são familiares?

- Que exemplos de outras culturas são familiares para seus alunos?

3. Conhecimento do vocabulário de arte:

- Que novos termos de arte seus alunos conhecem, precisam revisar pelo uso
regular e precisam aprender com sua introdução com esta lição?

- Que princípios de design eles conhecem ou precisam aprender?

- Eles são bons em analisar como a arte afeta os espectadores?

4. Atitude e motivação:

Quanto entusiasmo os alunos mostram para aprender novas habilidades,


para a prática de habilidades rotineiras, para novos conceitos, para aprender as
estratégias que os artistas usam? A maioria dos alunos quer se sair bem. A
chance de dominar algo ou pelo menos ver que eles estão melhorando tem um
efeito muito positivo na atitude e na motivação. Alguns alunos têm a ideia
equivocada de que não podem se sair bem na arte porque não são talentosos.
A habilidade é principalmente o resultado de uma prática eficaz.
O trabalho do professor de arte é tornar as coisas difíceis fáceis o
suficiente para evitar muita frustração, e tornar as coisas fáceis desafiadoras o
suficiente para não serem chatas. É trabalho do docente saber como as
habilidades artísticas podem ser praticadas de forma a produzir melhorias
perceptíveis no domínio. O reconhecimento de um domínio aprimorado é uma
das motivações mais fortes nas aulas de arte. Este é um motivo para termos
críticas e exposições dos trabalhos dos alunos.

O que seus alunos sabem sobre os propósitos da arte no mundo e em


suas vidas? Quando os alunos sentem que o que estão fazendo tem um
propósito além deles mesmos, ficam muito mais propensos a serem inspirados
a trabalhar duro para fazer bem. Alguns dos muitos propósitos da arte podem
ser revisados conforme se relacionam com cada lição.

A motivação é geralmente mais forte quando os alunos se sentem


responsáveis por suas ideias. Isso significa que tem que ter uma palavra a dizer
em algumas escolhas importantes feitas. Quando é sua escolha, eles estão mais
aptos a trabalhar duro porque estão mais aptos a se preocupar com isso. Os
alunos mais entediados são aqueles que estão trabalhando em uma tarefa que
foi claramente definida, mas que tem muito pouco espaço para ideias pessoais,
muito pouca razão percebida para o que estavam fazendo e nenhuma ideia
sobre o que estavam aprendendo fazendo o trabalho.

5. Nível de desenvolvimento da arte:

- Seus alunos fazem pinturas, esculturas típicas e assim por diante para sua
idade?

- Quantos são mais avançados e quantos são menos avançados do que o


esperado para sua idade?

- Como isso pode ser abordado na lição?

A classificação não se baseia no que se sabe no final, mas no que se


aprende do início ao fim. O aprendizado é baseado no que muda, não no que
permanece o mesmo. É justo dar uma nota melhor a alguém que já sabia antes
da aula e avançou muito pouco? Ou as melhores notas deveriam ir para alunos
que não sabiam, mas usaram o projeto para aprender coisas novas e construir
novos conhecimentos? Se pudermos igualar a dificuldade ao nível de
desenvolvimento, estaremos mais aptos a desafiar sem frustração indevida.

6.Planejamento retroativo:

Primeiro, resumir as habilidades artísticas específicas a serem


desenvolvidas, os conhecimentos artísticos específicos a serem aprendidos e
as atitudes a serem promovidas. Essas são as metas e objetivos da lição, ou
unidade de aula. Bons professores costumam escrever primeiro o exame final.
Alguns chamam isso de planejamento retroativo.

Algumas aulas podem se concentrar mais na construção de habilidades,


outras podem ser planejadas para estimular a imaginação e a criatividade e
algumas podem enfatizar o aprendizado dos princípios do design e dos
elementos artísticos, ou a estrutura da arte. Algumas lições podem ensinar
principalmente aos alunos abordagens de estilo. Cada lição pode terminar com
alguns exemplos do mundo da arte ou do mundo real que revisam e se baseiam
no quadro de referência fornecido pela lição.

Na verdade, uma das melhores maneiras de um professor obter uma boa


aula é pegar uma grande obra de arte e desconstruir o processo criativo e as
estratégias usadas pelo (s) artista (s) que criaram a obra. Esse processo produz
uma variedade incontável de maneiras de abordar a criatividade e a
materialização de ideias na arte visual.

Geralmente, é melhor evitar surpreender os alunos com algo para o qual


eles não se prepararam. A mente é uma máquina de imaginação incrível e
poderosa. As ideias artísticas crescem com o tempo na mente do artista.
Acontece quando dormimos, quando comemos, quando assistimos TV, quando
conversamos com amigos, quando sonhamos acordados e assim por diante. Em
estudos do cérebro, as imagens cerebrais mostram que nosso hipocampo se
torna ativo quando estamos dormindo e quando não estamos pensando em
nada.

Por outro lado, as ideias não podem nos atingir se ainda não tivermos nos
concentrado em um problema artístico. Os professores de arte ajudam os alunos
a aprender essa habilidade antecipando intencionalmente as próximas tarefas e
fazendo perguntas que estimulam os hipocampos dos alunos. Os alunos são
convidados a manter um diário com as ideias que lhes ocorrem quando não
estão pensando sobre a tarefa.

7. Materiais de trabalho:

Comece por ter a classe instalada com o maior número possível de


materiais de trabalho. Isso é feito primeiro para evitar a necessidade de
interrupções, comoções e movimentos, uma vez que eles estão se concentrando
nas tarefas em mãos.

Muitos professores de arte desenvolvem uma rotina ordenada em que se


espera que os alunos peguem o que for necessário ao entrarem na sala, antes
de irem para seus lugares. Se eles podem ver uma lista afixada ou uma folha de
papel em sua mesa, podem pegar as coisas assim que entrarem na sala. Alguns
professores atribuem tarefas a certos alunos para trazer suprimentos a fim de
limitar os movimentos do grupo. Alguns professores retêm um item simples para
evitar que os alunos comecem antes de terem a motivação, o foco e as
instruções para a aula. Outros professores fornecem instruções por escrito para
a primeira atividade de aprendizagem, de forma que nenhuma instrução verbal
seja necessária enquanto o professor confere a frequência.

8. Aquecimento de abertura:

Neste ponto, alguns professores estabelecem um ritual de início ou


aquecimento. Isso concentra a atenção e sintoniza com a arte. Alguns minutos
de desenho de contorno silencioso podem servir como um aquecimento de
rotina e fornecer uma chance de praticar uma habilidade artística. O professor
tem um tempo para marcar a presença enquanto os alunos estão trabalhando.
Alguns professores têm uma caixa no centro de cada área de trabalho com
"Objetos de Hoje" para praticar o desenho nos primeiros minutos enquanto os
alunos se acomodam para a aula. As instruções estão no quadro ou nas mesas.

9. Rever e introduzir:

Uma breve sessão de revisão é sempre apropriada no início da sessão.


Faça perguntas aos alunos sobre os conceitos-chave e o vocabulário artístico
aprendido em uma lição recente. Veja se eles conseguem se lembrar de
conceitos estudados recentemente e ajude-os a compreender como as ideias e
habilidades os ajudarão nesta lição.

10. Introdução da lição

Apresente brevemente os objetivos e questões da lição. Foque seu


pensamento para que as ideias tenham a chance de emergir durante o tempo
de preparação. Espere para dar as instruções detalhadas até que eles estejam
prontos para trabalhar no projeto principal da aula.

Os alunos precisam saber como funcionam os materiais e o processo para


serem criativos em suas interpretações do conteúdo e do design de seu trabalho.
Se for um novo processo, é justo permitir e esperar que eles tenham uma sessão
de prática preliminar.

Esta parte da lição pode ter algum tempo para "brincar" com os materiais
para ver o que surge por acidente. Limite o tempo para isso. Assim que os alunos
deixarem de se envolver em uma pesquisa, passe para uma atividade
estruturada. Pode ser útil neste momento pedir aos alunos que compartilhem
suas descobertas.
Exemplo: A classe está prestes a fazer um projeto onde o meio será aquarelas
transparentes sobre uma composição de giz de cera. Dê a cada criança cinco
pequenos pedaços de papel e alguns minutos para testar esta combinação de
materiais, permitindo qualquer sequência e qualquer combinação de cores em
vários pequenos pedaços de papel.

Apresente algumas instruções passo a passo cuidadosamente planejadas


sobre o processo. Geralmente, não se trata de uma demonstração do professor,
mas de um aprendizado participativo prático. Cada aluno acompanha usando
materiais de arte. Esta parte da aula não é arte, é habilidade artística ou ofício
cuidadosamente apresentado pelo professor. A arte surge imediatamente
quando os alunos se encarregam de suas próprias ideias e trabalham enquanto
realizam a parte principal da tarefa.

Exemplo: A turma está prestes a trabalhar com lápis de desenho B6. Estes têm
grafite suave que permite um preto escuro muito forte. Antes de usar esses lápis
para desenhar, peça-lhes que façam as linhas a seguir com cerca de 12
centímetros de comprimento:

- Peça-lhes que façam uma linha contínua muito escura de cerca de 12


centímetros de comprimento com um único movimento.

- Peça-lhes para fazerem uma linha semelhante, mas deve ser tão leve que é
quase invisível.

- Peça-lhes para fazerem uma linha contínua semelhante que tenha um tom a
meio caminho entre a linha escura e clara – um tom médio.

- Peça-lhes para fazerem uma linha que tenha um valor a meio caminho entre a
linha escura e a linha de meio-tom.

- Peça uma linha que esteja a meio caminho entre a linha de tons claros e
médios.

- Pergunte se eles podem fazer uma linha contínua, nunca parando, mas que
muda e fica mais clara e mais escura à medida que atravessa o papel. Pratique
isso várias vezes.
- Peça-lhes que estudem todas essas linhas e descrevam onde estão no espaço.
Qual está mais perto? Qual está mais longe? O que está acontecendo com
aqueles que têm partes claras e escuras? Um desenho deve ter muitos tipos de
linha ou apenas um tipo de linha? Porque?

O professor pode perguntar: "Por que você acha que os artistas tentam
usar algumas linhas que são muito escuras, algumas muito claras e algumas
que são médias?" A menos que os alunos pensem ativamente sobre por que
estão fazendo as coisas, eles geralmente se esquecem de usar o que estão
aprendendo. Quando eles começam sua arte, eles ainda podem voltar a hábitos
perversos, a menos que sejam lembrados com esta pergunta "por que"
novamente enquanto estão trabalhando. Quando uma aula de arte começa a
mudar hábitos de pensamento, os alunos levam benefícios que são bons para
toda a vida.

Se possível, não faça uma demonstração para os alunos assistirem.


Geralmente é mais eficaz fazer com que cada um faça ativamente uma pequena
amostra do processo. As demonstrações do professor podem ser usadas se for
muito perigoso ou muito complexo para explicar passo a passo enquanto todos
fazem isso.

Às vezes, os professores acham que é mais criativo permitir que os alunos


tenham total liberdade para decidir sobre qualquer assunto. Isso pode
apresentar vários problemas. Se os professores disserem: "Faça o que quiser
para o assunto", a maioria dos alunos simplesmente faz o que era fácil e bem-
sucedido no passado. Essa abordagem também implica que o conteúdo é
imaterial e sem importância. O docente poderia dizer: faça o que lhe interessa,
mas tente algo que não tenha experimentado recentemente. Ou, poderia dizer:
se você está repetindo algo, tem que haver algo modificado para que, depois de
terminar, você possa comparar e aprender o que funciona melhor.

As aulas de arte precisam ajudar os alunos a aprender maneiras de criar


conteúdo significativo e importante para seus trabalhos. Como podemos esperar
propriedade e motivação se o conteúdo é banalizado?
Todo o conteúdo de arte vem de três fontes: observação, memória e / ou
imaginação. As aulas de observação são importantes para a formação de
habilidades do aluno.

A memória é rica se vier de uma rica experiência. Nós nos lembramos do


que notamos. Quando uma criança está fascinada e absorta em uma
experiência, será um prazer lembrá-la e expressá-la. Os professores e outras
pessoas podem estimular a curiosidade e a consciência. Professores, pais e
outras pessoas podem fazer muitas perguntas para aumentar a conscientização
antes, durante e depois das viagens de campo e atividades semelhantes. Alguns
esboços podem ser feitos no local. Na aula, eles podem ser desenvolvidos em
um desenho maior, pintura, colagem, diorama e assim por diante. Os alunos
devem ser informados com antecedência da viagem de campo e que ela será a
base para o trabalho artístico. Isso aumenta a consciência, a atenção e as
observações durante o passeio.

A imaginação nos dá um poder incrível. É o que nos permite especular


sobre o futuro. Até nos permite imaginar o que os outros pensam de nós e como
nossas ações podem afetar os outros. Isso nos permite pensar em maneiras
alternativas de agir. A arte, a escrita criativa, a narração de histórias, o
fingimento, o drama, as canções, etc., nos permitem praticar e desenvolver
nossos poderes de imaginação.

Precisamos aumentar o número de maneiras de ensinar o


desenvolvimento de novas ideias para o trabalho de arte. Aqui estão algumas
maneiras usadas por professores de arte e artistas para ajudar a decidir sobre o
conteúdo de um projeto de arte. Eles podem ser usados para observação,
memória ou imaginação. Podemos incentivar nossos alunos a praticar esses
métodos.

- Os alunos selecionam o melhor conteúdo e ideias de esboços anteriores

- Os alunos fazem uma série de novos esboços tratando de si próprios ou de


outro assunto interessante.
- Os alunos desenvolvem longas listas de atributos sobre si mesmos - em
seguida, compartilha as listas com os colegas e as acrescenta, classifica, etc.

- Os alunos listam suas atividades diárias, suas rotinas de fim de semana, suas
atividades de verão, suas celebrações e eventos familiares, seus heróis, seus
medos, etc.

- Os alunos listam os melhores e piores atributos de sua vizinhança, meio


ambiente e instituições e questões sociais.

- Os alunos listam os melhores e piores atributos de um produto que estão


projetando, os usos e funções do produto, os usuários do produto, os materiais
usados para fazer o produto e os processos usados para fabricar o produto.

As crianças gostam de encenações, histórias, poemas e assim por diante.


Essas atividades podem ser usadas para promover a riqueza de imagens em
seu trabalho. Quando os professores usam histórias ou poesia de livros, eles
não devem mostrar as ilustrações, a menos que queiram arruinar a aula de arte
para os alunos. As ilustrações podem ser compartilhadas após as crianças terem
feito seu trabalho criativo

Ensine o desenvolvimento de ideias fornecendo mais tempo e mais


eventos preliminares para enfocar o problema antes do tempo de decidir sobre
uma ideia. Atribua tarefas de casa, como esboços, que se concentrem em
encontrar tópicos e ideias para uma próxima lição. Os artistas frequentemente
estão envolvidos em muitos projetos ao mesmo tempo. Considere iniciar várias
atribuições e incentivar os alunos a esperar que em suas mentes subconscientes
surjam ideias com o tempo.

Nas aulas de arte é preciso ajudar os alunos a aprender maneiras de usar


os elementos visuais e princípios de design para alcançar os efeitos que eles
querem expressar em seu trabalho. Um bom design geralmente busca unidade,
harmonia e boa integração de diversos efeitos visuais. Por outro lado, precisa
de forte interesse, ênfase, repetição, variação, movimento, emoção e conteúdo
expressivo.
Considere atividades motivacionais especiais para enriquecer seu quadro
de referência para projetos de trabalho de mídia criativa. Estes podem ser
exercícios sensoriais para torná-los mais conscientes da textura, tom, matiz,
tamanho, profundidade, intensidade ou alguma outra qualidade visual que está
sendo aprendida.

O esboço preliminar e o planejamento em papel separado são uma


excelente maneira de os alunos se prepararem para o projeto principal. Para
muitas aulas, é apropriado requerer algum planejamento preliminar. É também
uma chance de os ajudar a aprender sobre qualidade, ajudando-os a aprender
maneiras de discernir suas melhores ideias e as melhores maneiras de organizar
suas composições.

11. Desenvolvimento do estilo:

As aulas de arte podem ajudar os alunos a aprender maneiras de


compreender e desenvolver o estilo em seu trabalho. Isso pode parecer difícil
de fazer sem mostrar exemplos de trabalho de artistas. No entanto, existem
muitos exemplos de estilo individual em outras áreas da vida de nossos alunos
que eles já entendem. Eles sabem sobre estilo na música, nas roupas, no jantar,
no cabelo, na caligrafia, nos carros e assim por diante. Todas essas áreas têm
grandes categorias, bem como variações individuais. Não desenvolvemos um
estilo pessoal através do trabalho de cópia ou mesmo imitando o estilo de outra
pessoa.

A maioria dos artistas maduros se enquadra em uma das quatro grandes


categorias, mas também tem um estilo reconhecível muito individual dentro da
categoria maior. A maioria dos estilos de arte se enquadra no realismo
(naturalismo), expressionismo, formalismo (incluindo minimalismo), ou
surrealismo (fantástico).

Os alunos costumam experimentar vários estilos. Idealmente, queremos


alunos que possam desenvolver experimentalmente estilos originais, em vez de
alunos que imitem ou copiem estilos estabelecidos. Uma vez que pode levar
anos e muitos trabalhos antes que se possa esperar que um artista tenha um
estilo distinto maduro, os alunos são incentivados a experimentar o estilo,
procurando maneiras eficazes de obter resultados. Nos experimentos a seguir,
é provável que cada aluno veja o surgimento de um estilo individual.

Experimentos preliminares direcionados ao estilo podem incluir:

- Ouvir seções curtas de vários estilos de música muito diferentes. Os alunos


podem fazer sessões de marcação de 30 segundos em resposta a sons e ritmos
musicais contrastantes.

- Usando um marcador escuro, cada aluno assina seu nome no papel e os


compara.

- Preencher texturas em caixas pré-desenhadas. Não permita imagens ou


assuntos. Já as texturas representam ruídos que não podem ser identificados
de forma que cada aluno terá que ouvir a textura do ruído.

Periodicamente, durante esses experimentos, o professor aponta que


cada pessoa está encontrando uma maneira única de fazer isso. Cada pessoa
eventualmente, com muita experimentação e prática, desenvolve sua própria
"postura estética" e seu próprio "estilo de assinatura". Grandes artistas não são
ótimos porque aprenderam a copiar ou imitar outro estilo. Grandes artistas são
ótimos pelo que contribuem.

O problema com muitos livros de instruções de desenho é que eles


prescrevem atalhos e fórmulas que dão sucesso sem qualquer observação real.
Sem desenvolver muita habilidade, eles substituem a motivação para realmente
aprender. Os professores que ensinam desenho por desenho para as crianças
não estão direcionando suas mentes para a tarefa de aprendizagem correta. A
tarefa não é replicar um desenho. Se a tarefa de aprendizagem é imaginar e
criar um desenho observando o mundo real, a criança aprende a desenhar
qualquer coisa - não apenas o que está sendo ensinado.
12. Definição e início do projeto principal:

Certifique-se de que as instruções sejam compreendidas e que os alunos


se sintam à vontade com suas expectativas. Capacite-os a criar. Defina limites
para encorajar a resolução de problemas, mas permita a propriedade individual
de ideias e trabalho. Explique os pontos principais que você planeja avaliar.
Alguns professores fazem um pôster com seus pontos de avaliação. Alguns
usam apostila.

Seja especialmente sensível às perguntas assim que elas começarem a


ocorrer. Se houver mais de uma ou duas perguntas, pare e esclareça as coisas
para toda a classe. Se houver alunos mais lentos, certifique-se de que eles
entendam, mas dê tempo para pensar, experimentar, planejar e olhar para mais
de uma opção.

Enquanto eles estão trabalhando, fique atento à classe e pense em


maneiras de mantê-los concentrados. Os professores de arte percebem quando
uma aula está saindo do caminho. Os alunos começam a discutir suas vidas
sociais e outros tópicos que nada têm a ver com o problema em questão.

Uma série de perguntas focadas, mas abertas, pode trazer os alunos de


volta à tarefa. Boas perguntas abertas trazem riqueza e conteúdo ao seu
trabalho. As perguntas ajudam o conhecimento passivo a se tornar
conhecimento ativo e a incluí-lo na obra de arte. Perguntas abertas (aquelas
com muitas respostas possíveis) estimulam a imaginação.

Perguntas focadas, mas abertas geralmente resultam em um trabalho


muito mais rico do aluno. Eles se surpreendem com o quão bem podem se sair
se realmente fizeram observações cuidadosas. Isso funciona com um indivíduo
ou com todo o grupo. Se vários alunos estão se debatendo ao mesmo tempo,
pode ser mais eficiente chamar a atenção de toda a classe e levar algum tempo
para se reorientar.

Alguns alunos são impulsivos e se apressam em terminar sem dar


atenção suficiente a aspectos importantes do trabalho. Você deve incentivá-los
a desenvolver produtos mais complexos. "Esta parte parece realmente
interessante. Eu me pergunto o que você poderia fazer para tornar esta outra
parte tão interessante." "Vejo alguns efeitos de profundidade agradáveis aqui
pela forma como as cores funcionam. Aqui está um espaço vazio. O que poderia
acontecer nesta área que adiciona interesse? "Um professor pode ajudar esses
alunos a se tornarem mais ponderados, levantando questões sobre as quais
pensar em seu trabalho. Eventualmente, os hábitos do aluno irão melhorar se o
professor for insistente e consistente. Seja positivo, mas continue fazendo
perguntas.

Outros alunos são deficientes por serem muito lentos e deliberados. Eles
podem ser perfeccionistas porque têm medo de cometer erros. Tranquilize-os.
Eles precisam de confiança para experimentar abordagens expressivas. Eles
precisam valorizar o aprendizado que vem com os erros e ver como acontecem
os "acidentes felizes". Capacite-os, construindo sua confiança. Não incentive
esses alunos a recomeçarem, a menos que tenham uma ideia melhor que estão
ansiosos para experimentar.

Não fique tentado a dizer a eles que a qualidade não importa e não diga:
"Eu também não sou um artista." Diga: "Costumo cometer erros quando estou
aprendendo algo novo, mas gosto dos meus porque eles me ajudam a aprender,
apontando o que preciso praticar mais. Muitas vezes, não apago meus erros até
terminar para poder aprendo com eles. Quando terminado o trabalho, até podem
ser deixado alguns erros porque acrescentam movimento ou emoção extra e
magia ao trabalho. Às vezes, os erros são a melhor parte. Às vezes, eles nos
dão uma ideia de algo melhor para tentar." Encoraje-os, apontando que algumas
coisas só são aprendidas através da prática e quanto mais praticar, melhor ele
vai ficar.

Descubra a melhor parte do que eles fizeram e diga por que você pensa assim.
Não use elogios vazios ou gerais, mas elogie junto com informações específicas
para que eles possam aprender com elas. Um acidente sério pode justificar um
recomeço. Perfeccionistas deliberados e que duvidam de si mesmos podem se
beneficiar particularmente de atribuições que começam com "acidentes
intencionais" que são transformados em obras de arte pelos esforços criativos
do indivíduo.
Nunca faça nenhum trabalho para os alunos. Não desenhe em seus
papéis. Existem outras maneiras de ajudar sem tirar a propriedade e o
empoderamento. O bom ensino torna as coisas difíceis mais fáceis e as coisas
fáceis mais difíceis, mas um bom professor nunca faz o trabalho e nunca resolve
o problema para o aluno. Se você precisa desenhar para ilustrar um ponto, faça-
o em seu próprio papel - nunca no deles.

Se eles estiverem tendo problemas para desenhar ou modelar a partir da


observação, vá até a coisa que está sendo observada e pergunte em detalhes o
que eles veem. Se for necessário mais, explique em detalhes o que você vê. Se
estiverem trabalhando com imaginação ou memória, use perguntas detalhadas
para ajudá-los a lembrar e valorizar suas próprias experiências passadas.
Incentive a palavra “desafiador” em vez de “difícil”.

Evite tarefas para as quais eles não tenham um quadro de referência


razoável. Ao ouvir as conversas dos alunos, aprenda seus reais interesses.
Baseie os tópicos em seus interesses, experiências e o que pode ser observado
dentro ou perto da sala de aula.

Quando um aluno tem medo de tentar algo, dê-lhe papel extra para fazer
vários experimentos ou praticar. Os artistas frequentemente fazem
experimentos, praticam e pesquisam antes de se sentirem prontos para
experimentá-los em seu trabalho real. Claro que os artistas trabalham de acordo
com os mais diversos estilos e estratégias e alguns deles querem que toda a
expressividade dos erros e falsos começos permaneçam como evidências do
processo criativo. Para um expressionista abstrato (pintor de ação), muito do
significado e sentimento do trabalho seria perdido se ele tivesse pré-planejado
ou praticado, mas para a maioria dos estilos de arte é comum praticar ou fazer
esboços antes do trabalho real.

13. Finalização do trabalho:

Discuta a obra acabada como uma forma de afirmar e rever os conceitos


aprendidos. Seja justo e inclusivo. Críticas afirmativas e baseadas em
descobertas ajudam a produzir uma grande cultura de aprendizagem de arte em
sala de aula. Todos podem responder à pergunta: "O que você nota primeiro?",
mas nem todo mundo pode explicar as razões pelas quais notam algo primeiro
em uma composição. Faça-os praticar a análise e interpretação do trabalho.
Exija comentários que especulem sobre por que notamos algo primeiro. Ajude-
os a aprender a analisar os efeitos de cor, tamanho, brilho, exclusividade,
assunto e assim por diante.

A interpretação refere-se aos significados e sentimentos vistos. Podemos


pedir ideias para títulos. Podemos discutir as razões visuais dos significados e
sentimentos observados. Precisamos aprender sobre a riqueza de significados
e sentimentos possíveis em um ambiente de grupo.

Nunca permita comentários de julgamento como: "Não vejo por que


alguém usaria essa cor para ..." Ao comentar sobre uma fraqueza percebida,
permita apenas perguntas neutras para que o aluno artista possa ser solicitado
a explicar em vez de defender uma escolha. "Podemos falar um pouco sobre os
efeitos que essa cor está produzindo? Quem pode nos dar uma ideia?"
Enquadre as perguntas em termos sem julgamento. Use perguntas para
aumentar a conscientização, não para declarar erros. A arte é uma busca. A
crítica faz descobertas.

Utiliza um tempo suficiente para incluir cada obra ou adaptar um sistema


justo que inclua todos em uma série de aulas. Enfatize o que é positivo e use
perguntas para iniciar a discussão. Aproveite as oportunidades de
aprendizagem. Algumas situações podem funcionar melhor se isso for feito em
grupos menores. Isso pode começar quando os primeiros quatro a seis alunos
concluírem um projeto. Cada vez que outros quatro a seis alunos terminam,
outro grupo de discussão é formado. Formulários escritos também podem ser
usados às vezes.

Ajude os alunos a aprender como questionar, como descrever, como


analisar e encoraje-os a especular sobre os possíveis significados
(interpretações) e sentimentos no trabalho uns dos outros. Temos que ajudá-los
a aprender a ser observadores e críticos cuidadosos que tenham empatia uns
com os outros e com seu trabalho, ideias e sentimentos. Um dos principais
objetivos da crítica é encontrar, reconhecer e explorar as descobertas na obra.
O objetivo secundário é cultivar uma cultura positiva e melhores habilidades de
relacionamento. A arte do estúdio é uma busca pela arte. Se pularmos a crítica,
podemos perder metade do aprendizado.

Depois de terem feito seu trabalho criativo, surge o momento ideal para
apresentar a arte de outra cultura, especialmente se a aula foi planejada para
levar a isso. Incentive-os a ver semelhanças e diferenças. Incentive a
especulação sobre significado e simbolismo.

Assim como um ritual de início pode ajudar a focar e centralizar a atenção da


classe, um ritual de encerramento dá significado e relevância que são vitais para
o aprendizado. Este também é um bom momento para fazer perguntas sobre
como eles agora perceberão as coisas de forma diferente ao saírem da sala de
arte por causa da lição em que trabalharam hoje. Isso mudará a maneira como
eles veem as cores? Quais serão as coisas novas que eles notam em suas
experiências cotidianas?

Temos a chance de melhorar a mente e os hábitos de pensamento dos


alunos fazendo pelo menos uma dessas coisas na hora do encerramento da
aula:

- Reveja os principais pontos e vocabulário.

- Fale sobre as aulas que estão sendo planejadas para o futuro.

- Solicite ideias para futuras aulas de arte.

- Faça perguntas sobre arte aberta para pensar.

Quando os alunos estão significativamente envolvidos na aprendizagem,


continuar os projetos de semana a semana ou de sessão a sessão não é perda
de tempo. O cérebro que pode pensar em ideias se prenunciarmos as perguntas
antes da aula, também pode imaginar novas ideias e melhores alternativas para
tentar. O tempo entre as sessões de trabalho permite que se pense em novas
ideias. Os artistas frequentemente continuam seu trabalho de sessão em
sessão.

Quando os alunos estão fazendo coisas sobre si mesmos, quando as


crianças encontram um propósito, veem a maestria e experimentam autonomia
na arte, muitas vezes têm um período de atenção muito mais longo para a arte
do que para outros estudos. Estudos mostram que podemos usar a arte como
forma de prolongar o tempo de atenção. Muitas vezes a arte é uma perda de
tempo porque só foi ensinada como uma "atividade para as mãos" resultando
em produtos para decoração, na melhor das hipóteses, mas sem aprender sobre
a arte como disciplina e sem propriedade das ideias de quem a fez. Algumas
crianças gostam disso, mas outras acham que é um trabalho enfadonho.

Se possível, reserve um tempo para ensinar a lição inteira, continuando


uma lição ao longo de várias sessões. Pense nisso como uma unidade, se isso
ajudar. Esta é uma opção muito melhor do que omitir as partes significativas.
Você pode repetir os rituais de abertura para iniciar cada sessão e incluir uma
breve revisão antes de cada sessão.

Se o tempo total for um problema real, considere agendar menos aulas


em vez de pular oportunidades de aprendizagem significativas. O tempo que
gastamos em cada assunto nem sempre faz sentido. Pode ser simplesmente
resultado de tradição, em vez de pesquisa significativa.

14. Materiais necessários:

A melhor maneira de aumentar a confiança é fazer as atividades e projetos


você mesmo antes de dar a aula. É fácil descobrir quais materiais são
necessários quando você faz isso sozinho. Frequentemente, fazemos
descobertas importantes ao fazer isso. Faça uma lista dos materiais à medida
que os usa.

Enquanto trabalha, faça anotações sobre perguntas essenciais para fazer


os alunos pensarem e mantê-los focados enquanto trabalham. Fazer isso é uma
ótima maneira de ter certeza de que tudo está planejado. Abstenha-se de
mostrar este trabalho até que os alunos tenham a chance de fazer seus próprios
trabalhos.

Ensinar é prática. Cada experiência é uma chance de melhorar. Faça


anotações de sucessos e falhas. Como em qualquer habilidade, procuramos tirar
o melhor proveito de nossos pontos fortes e tentar remediar nossas fraquezas.

2. Influência da Colonização Portuguesa na Arte brasileira

O Brasil é um país muito extenso e heterogêneo. É um país composto por


26 estados mais o Distrito Federal e apresenta muitas diferenças ao longo de
seu extenso território. Em um país tão vasto e com grande índice de imigração,
as características não são as mesmas em todo o território. Em um território em
que vivem e circulam pessoas de diferentes lugares do mundo, a cultura passa
por transformações constantes. A convivência gerada através do encontro de
diversos estilos, culturas e grupos faz do Brasil um país de grande diversidade
cultural.
Os brasileiros são o resultado de uma intensa mistura de culturas de
diversas partes do mundo. São índios, portugueses, africanos, espanhóis,
italianos, árabes, alemães, japoneses entre outros povos que influenciaram na
formação da população brasileira. No entanto, dentre todos estes povos que
contribuíram para a formação da cultura brasileira, são três nações que foram
fundamentais na origem do povo, que foram os indígenas, os portugueses e
também os africanos. Durante longos anos, a cultura, os costumes, as línguas,
crenças e maneiras distintas de viver desses três povos, principalmente, foram
se misturando e formando a base da cultura brasileira.

Os portugueses aportaram no país há mais de 500 anos. No entanto,


quando chegaram no Brasil, se depararam com milhares de nativos em um
território que até então não era conhecido pelo resto do mundo. O território onde
se encontra o Brasil, já era habitado por volta de cinco milhões de índios tupis.
Os tupis povoavam quase toda a costa brasileira e se encontravam desde o sul
do estado de São Paulo até o Ceará. Estes povos indígenas já habitavam o país
bem antes da vinda dos portugueses ao Brasil.

Houveram muitas mudanças com a chegada dos portugueses no país.


Além de introduzirem a cultura e hábitos de seu país de origem, trouxeram na
sequência de sua chegada os povos africanos, que vieram traficados da África
para trabalharem como escravos. A língua foi outra característica significativa
implantada pelos portugueses, tornando-se o idioma oficial do país.

A implantação da língua portuguesa demorou consideravelmente, já que


os indígenas nativos apresentavam seu próprio idioma. Apenas em torno de
1750 é que a língua portuguesa veio a ser utilizada com maior frequência.

No entanto, o português utilizado no Brasil é bem diferente do português


falado em Portugal. Esta diferença é consequência da influência sofrida por
outras línguas, como as línguas indígenas e africanas, por exemplo. Nosso
vocabulário está cheio de nomes e palavras de origem tupi, como Ubiratã,
Ubatuba, jacaré, arara, ipê, jacarandá, mandioca, entre tantos outros exemplos.

Além da língua portuguesa, os portugueses trouxeram instrumentos de


ferro como facões, machados, espadas, armas de fogos, entre outras
ferramentas e objetos não encontrados entre os nativos. Devido à chegada dos
africanos escravizados pelos portugueses, o Brasil agregou mais outras tantas
características em sua cultura, como a crença nos orixás, da religião do
candomblé, assim como na música brasileira, em que são utilizados muitos
instrumentos africanos.

A língua portuguesa também foi influenciada, pelos africanos, com alguns


sotaques e palavras como acarajé, angu, búzio, cafuné, macaco, quindim,
senzala, entre tantas outras. São muitos os brasileiros de descendência africana
que contribuíram para a formação da arte no país, como Machado de Assis e
Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho).

A partir do século XIX o país veio a receber mais imigrantes, provenientes


principalmente da Europa. Além dos índios, africanos e portugueses que
começaram a formar a população brasileira, outros estrangeiros vieram
complementar a sociedade brasileira, consequentemente intensificando a
miscigenação.

Italianos, alemães, japoneses, libaneses, poloneses, ucranianos, sírios e


coreanos, entre outros povos imigrantes, trouxeram posteriormente, suas
culturas para o Brasil. Sendo assim a cultura brasileira, apresenta características
de muitas culturas trazidas de diversos países. São muitos povos que formam
uma grande nação.

Com a chegada de mais imigrantes nos séculos XIX e XX as áreas do sul


e do sudeste brasileiro foram as mais colonizadas por estes novos imigrantes.
Na região sul do Brasil chegaram alemães e poloneses e mais para o interior de
São Paulo concentraram-se os italianos e os japoneses.

A cidade de São Paulo é constituída por indivíduos de diversas origens.


Nesta pode ser encontrado um número muito grande de culturas. Dentre esta
diversidade de povos, dois merecem mais destaque, que são os italianos e os
japoneses. É na cidade de São Paulo que se localiza a maior concentração de
italianos e de seus descendentes, principalmente nos bairros do Bixiga, do Brás
e da Mooca. Já a colônia japonesa está concentrada, principalmente, no bairro
da Liberdade.
A cidade de Curitiba, localizada no estado Paraná, é considerada a capital
da colônia polonesa no Brasil. Esta cidade tem a maior população de poloneses
e seus descendentes do país. Os poloneses estão localizados principalmente
em bairros como Santa Cândida, Pilarzinho e Orleans. As cidades de Blumenau,
em Santa Catarina, e Gramado, no Rio Grande do Sul, abrigam principalmente
povos descendentes de alemães. Este fato pode ser observado em festas
típicas, como a famosa Oktoberfest, que acontece anualmente na cidade de
Blumenau, assim como nas construções ou na preservação da língua em alguns
povoados destes estados.

A cultura africana, por sua vez, é bastante presente na cidade de


Salvador, na Bahia. Esta cidade tem umas das maiores populações de
descendentes de africanos do mundo. É possível serem observadas as
características da cultura africana na dança, na culinária, assim como, na
religião.

A introdução de tantos povos ao Brasil trouxe diversas riquezas culturais,


contribuindo assim, para a formação e miscigenação do povo brasileiro. Em toda
a comida, dança, música, literatura, arquitetura, artes, festas e tradições
populares pode ser notada a presença das culturas estrangeiras introduzidas na
formação cultural brasileira. Em um país como o Brasil, com uma grande
população e um extenso território, a cultura se apresenta rica e abrangente.
Portanto o Brasil pode ser considerado um país privilegiado culturalmente.

O processo colonizador no Brasil foi o fator crucial para a miscigenação


das referências na arte regional, que existe atualmente em todo o território
brasileiro. Durante o período de colonização, a intenção foi a de extrair o máximo
de riquezas que fosse possível do território brasileiro.

No caso de confrontos de elementos de resistência, como a cultura local,


por exemplo, os colonizadores confrontaram, domaram, e até destruíram. Desta
maneira, a imposição cultural está diretamente associada à hegemonia ou ao
imperialismo de uma nação mais poderosa economicamente sobre outra mais
vulnerável. Portanto, a cultura portuguesa chegou dominante e impôs sua base
cristã católica, sua língua, seus costumes e comportamentos, tanto aos índios
nativos, quanto aos africanos traficados para serem usados para o trabalho
escravo.

A literatura de cordel remonta aos trovadores medievais.

O traço colonial encontrado na região Nordeste do país pode ser


observado de maneira intensa na literatura, principalmente na literatura de
cordel, que tem sua origem na Idade Média europeia e foi trazida para o país
pelos portugueses. A literatura de cordel apresenta um referencial regional e é
muita aceita pelo público para o qual é direcionada, e também é muito apreciada
por outras regiões do país.

A interpretação pode ser consideravelmente diferenciada quando o leitor


se identifica com o universo retratado pela obra. Comumente, com a literatura de
cordel, se apresentam diversas manifestações artísticas de caráter popular,
como os repentes, cuja origem remonta aos trovadores medievais.

No Norte do Brasil, a figura do colonizador europeu carimbou sua marca


na primeira expressão de teatro popular no país que foi o boi-bumbá, também
conhecido popularmente como bumba meu boi. Esta arte de distração popular
foi trazida pelo europeu e se mantém como tradição, em várias regiões
brasileiras, até os dias atuais. Divulgando, entre outras, esta tradição cultural, no
Festival de Parintins são abordados rituais indígenas, costumes ribeirinhos,
lendas e outros aspectos regionais.

Bumba-meu-boi

Os colonizadores portugueses contribuíram consideravelmente para a


cultura enquanto modificavam e adaptavam as danças originalmente indígenas,
como a Dança dos Mascarados, na região Centro-Oeste, originária dos
costumes indígenas, mas que foi enriquecida por espanhóis e portugueses. Os
europeus, na maioria portugueses, ainda preservam sua presença em eventos
culturais como a Cavalhada, encontrada na região central do Brasil, que vem a
ser uma apresentação teatral transcorrida ao ar livre, onde homens montados a
cavalo representam uma luta medieval entre os mouros e os cristãos.

A Arte Colonial no Brasil abrange o seguinte período, entre a vinda dos


portugueses até a independência, no ano 1822:

• Primeiros anos de colonização portuguesa – 1500 até 1630;

• A influência da Arte Holandesa no Brasil – 1630 a 1645 – exercida pelos


holandeses; que se infiltraram clandestinamente no Nordeste brasileiro.
• Barroco Brasileiro – inicia-se no começo do século 18, e se estende até o início
do século 19 – foi um estilo que entrou tardiamente no Brasil e que apresentou
características rococós.

• Academicismo – teve seu início a partir do ano 1816, através da instalação da


Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que foi fundada por Dom João VI e pela
vinda da Missão Artística Francesa.

Entre os povos que formaram o Brasil, os europeus, principalmente os de


origem portuguesa, foram os que exerceram maior influência na constituição da
cultura brasileira. Foram 322 anos em que o território foi colonizado por Portugal,
o que implicou na introdução tanto de pessoas quanto da cultura de Portugal
para as terras colonizadas. A quantidade de colonos portugueses cresceu
consideravelmente durante o século XVIII, no período do Ciclo do Ouro.

No ano de 1808, a corte de D. João VI se transferiu para o Brasil, um


evento de consideráveis implicações econômicas, políticas e também culturais.
A imigração portuguesa não foi interrompida pela Independência do Brasil,
considerando que Portugal foi uma das fontes mais importantes de imigrantes
destinados ao Brasil até metade do século XX.

A herança portuguesa mais evidente para a cultura brasileira é a língua


portuguesa, atualmente falada por praticamente todos os habitantes do país. A
religião católica, muito abrangente no país, foi também herança da colonização
portuguesa. O catolicismo, intensamente seguido em Portugal, concedeu ao
Brasil as tradições do calendário cristão, com suas festas e procissões. As duas
festas mais significativas e tradicionais no país, que são o carnaval e as festas
juninas, foram inseridas pelos colonizadores portugueses. Além destas, vários
folguedos regionalistas, como o fandango e a farra do boi trazem grande
influência portuguesa.

O folclore brasileiro, de origem portuguesa, apresenta a crença em seres


fantásticos como a cuca, o bicho-papão e o lobisomem, além de muitas lendas
e jogos infantis, assim como, as cantigas de roda.

Na culinária, são muitos os pratos típicos brasileiros que são o resultado


da adequação de pratos portugueses às condições da vida na colônia. A
cachaça, por exemplo, foi produzida nos engenhos para substituir a bagaceira
portuguesa, aguardente extraída bagaço da uva. Alguns pratos portugueses se
incorporaram aos hábitos brasileiros, como as bacalhoadas e outros pratos
derivados do bacalhau.

Os portugueses trouxeram muitas espécies de plantas exóticas para a


colônia, atualmente muito apreciadas no Brasil, como a jaca e a manga. De um
modo geral, a cultura portuguesa foi responsável pela implementação no país
dos grandes movimentos artísticos europeus, que foram o renascimento, o
maneirismo, o barroco, o rococó e o neoclassicismo.

Portanto, as artes no Brasil colônia manifestam considerável influência da


arte portuguesa, como nos escritos do jesuíta luso-brasileiro Padre Antônio
Vieira ou na decoração de talha dourada e pinturas magníficas de muitas igrejas
do período colonial, por exemplo. Tal influência continuou mesmo após a
Independência, tanto na arte erudita como na arte popular.

Literatura

A literatura no Brasil colônia surge com os primeiros escritos de viajantes


e missionários europeus, que documentavam suas viagens pela terra recém-
colonizada. Ainda que esses primeiros escritos não possam ser considerados
realmente como Literatura, por estarem muito atrelados à crônica histórica, são
ainda assim o ponto de partida para a constituição da identidade literária e
cultural brasileira.

A Literatura no Brasil está intimamente vinculada à Literatura portuguesa.


Por muito tempo, a produção literária brasileira esteve dominada pelo
pensamento português. Com o Romantismo, a Literatura de nosso país
emancipou-se, alcançando sua autonomia e gerando manifestações literárias
próprias. Para simplificar o estudo da literatura brasileira, ela foi dividida
didaticamente nas diferentes Escolas Literárias:

• Quinhentismo (1500 – 1601)

• Barroco (1601 – 1728)

• Arcadismo (1768 - 1836)


• Romantismo (1836 – 1881)

• Realismo e Naturalismo (1881 – 1922)

• Parnasianismo (1882 - 1922)

• Simbolismo (1893 - 1922)

• Pré-Modernismo (1902 - 1922)

• Modernismo e suas outras correntes, que abrangem a Literatura


contemporânea.

Cada escola literária desenvolve temas peculiares, com textos e autores


aproximando-se em estilo e concepções ideológicas. Considerando o
desenvolvimento da Literatura brasileira baseada na língua portuguesa, vemos
que ela transita ao redor do espectro cultural lusófono, como um desdobramento
da literatura portuguesa. Nossa literatura também é integrante da Literatura
latino-americana, sendo a única em língua portuguesa. Ela inicia-se com a
atividade literária fomentada pelos jesuítas após a colonização do Brasil, durante
o século XVI.

Arquitetura:

Nos primeiros trinta anos que se seguiram à chegada dos portugueses,


eles se estabeleceram na costa brasileira. Primeiro, foram construídas as
feitorias, que seriam construções bastante simples e precárias, cercadas por
muros de pau-a-pique, considerando que os portugueses temiam ser atacados
pelos índios. O rei de Portugal preocupado, com a possibilidade de outros povos
ocuparem as terras brasileiras, enviou a colônia, no ano de 1530, uma expedição
comandada por Martim Afonso de Sousa para dar início, de fato, à colonização.
Martim Afonso no ano de 1532 fundou a Vila de São Vicente e também instalou
o primeiro engenho de açúcar, dando início ao plantio de cana-de-açúcar, que
se tornaria a principal fonte de riqueza produzida no país.

Com a divisão em capitanias hereditárias, a partir de 1534, havia a


necessidade de se construir habitações para os colonizadores recém-chegados.
Foram erguidas as casas de taipa, feitas de varas, galhos e cipós entrelaçados
e cobertos com barro. Para que o barro fosse mais consistente e tivesse melhor
resistência à água da chuva, ele era amassado junto com sangue de boi e óleo
de peixe.

As habitações de taipa de pilão são feitas com uma técnica de origem


árabe. É feita com paredes de barro amassado e prensado, eventualmente
misturado com cal para controlar a acidez da mistura. Algumas das primeiras
cidades foram construídas em taipa de pilão, sendo que na Assíria descobriram-
se vestígios de fundações feitas em taipa de pilão, datadas de 5.000 a.C.

A taipa de mão, também chamada de pau-a-pique, taipa de sopapo, taipa


de sebe ou barro armado, constitui-se de uma técnica relativamente simples, na
qual as paredes são armadas com madeira ou bambu, sendo preenchidas com
barro e fibra. A Taipa de mão tem uma característica muito interessante. Ao
contrário da Taipa de Pilão, em que as paredes são elaboradas em formas e o
barro é socado com o pilão, sendo depois montadas, esse tipo de construção
exige duas pessoas para que seja preenchida a trama de madeira,
simultaneamente atirando o barro, uma de cada lado da estrutura, para
preencher os vãos.

Vamos listar a seguir algumas das construções de taipa mais importantes


do Brasil:

- Muralha ao redor de Salvador, construída por Tomé de Sousa;

- Igreja Matriz de Cananéia; Vila de São Vicente, destruída por um maremoto e


reconstruída entre 1542 e 1545;

- Casa da Companhia de Jesus, que deu origem à cidade de São Paulo.

Com a posse efetiva da terra, foram estabelecidos os poderes civis e


religiosos. Os jesuítas chegam ao Brasil em 1549, os beneditinos, em 1581, os
franciscanos, em 1584. Daí em diante, surgem manifestações artísticas dos
colonizadores na Bahia, em Pernambuco, em São Vicente, na Paraíba, no
Espírito Santo e no Rio de Janeiro.

Os portugueses tinham numerosos arquitetos, mestre-de-obras,


pedreiros, marmoristas, carpinteiros, marceneiros e artesãos, vindos da Europa.
Desse modo, gradualmente vão aparecendo as cidades e suas construções.
Com o fracasso do sistema de capitanias hereditárias, surgiam os primeiros
aglomerados urbanos, que se expandiam sem planejamento.

Em 1580, Salvador tem 15.000 habitantes, possuindo uma extensa praça


com prédios de administração pública, diversas ruas e um número razoável de
moradias de pedra. A casa-grande constituía a moradia da família do senhor de
engenho. Nela habitavam, juntamente com a família, alguns agregados. O
conforto da casa-grande fazia contraste com a miséria e as terríveis condições
de higiene das senzalas, que eram as habitações dos escravos. Os edifícios
públicos e religiosos do século 16 possuíam, usualmente, traços do Maneirismo.

No início do século 17, a economia do Brasil colonial já estava delineada,


bem como a arquitetura militar, pública e religiosa. Podemos destacar, nesse
período, a construção dos fortes de defesa das cidades costeiras, frente às
incursões francesas.

A seguir, os principais fortes:

- Fortaleza de Lage (1608), em Recife;

- Forte de São Diogo (1909 – 1612), em Salvador;

- Forte de São Mateus (1617), em Cabo Frio.

Os arquitetos mais renomados do período colonial foram: Francisco Dias,


Francisco Frias de Mesquita, Gregório de Magalhães e Fernandes Pinto Alpoim

Pintura:

Com a chegada dos portugueses no Brasil, no último ano do século 15,


Portugal era regido por Dom Manuel, o Venturoso (1469-1521), passando por
um período de grande atividade artística, incentivado pelas Grandes
Navegações, pela fundação do vasto império colonial ultramarino português e
pela extraordinária riqueza material.

No que tange à arte da pintura, que nunca foi uma prioridade nacional,
diversas oficinas começariam a aparecer em cidades como Lisboa, Coimbra,
Vizeu e Évora. Posteriormente, elas produziriam os painéis e retábulos d os
conventos e igrejas portuguesas, substituindo as importações de obras
flamengas, que até então eram as mais usuais.
Neste mesmo período, vários pintores flamengos, atraídos pelas riquezas,
chegavam a Portugal. Logo eles se tornariam os instrutores e mestres de uma
excelente linhagem de pintores, como Jorge Afonso, Francisco Henriques, Frei
Carlos, Vasco Fernandes, Cristóvão de Figueiredo, Gregório Lopes e Garcia
Fernandes. Quando não eram de origem flamenga, como parece ter sido
Francisco Henriques e Frei Carlos, recebiam forte influência da pintura flamenga,
iniciada no ano de 1428, quando o famoso pintor Jan Van Eyck esteve no país.
Esta influência só diminuiu nos anos derradeiros do reinado de Dom João III,
substituída pela influência italiana.

Devido ao mecenato artístico de Dom João III, puderam receber formação


na Itália diversos pintores maneiristas, como Gaspar Dias, António Campelo,
Francisco Venegas, Fernão Gomes e o miniaturista Francisco de Holanda, que,
em Roma, ficou amigo de Michelangelo.

Permaneceram também em Lisboa, no início do século 16, o grande pintor


maneirista flamengo Anthonis Mor e seu discípulo espanhol, Sánchez Coello.
Ainda assim, a segunda metade do século 16 determina para as artes em
Portugal, uma decadência generalizada, que seria mais acentuada após 1580,
quando Portugal passa a ser governado pela Espanha, só vindo a se libertar
muitos anos depois, em meados do século 17.

Um documento que atesta o estado da pintura e à baixa condição


profissional dos pintores portugueses na época, é o Regimento dos Pintores de
Lisboa, de 1572, onde o legislador diferencia três categorias de pintores: os
executantes a óleo; os que pintavam a fresco ou a têmpera; e os encarnadores
de imagens. Na sequência, determinava que qualquer um deles estava
autorizado a pintar portas, janelas ou paredes.

No primeiro século da colonização brasileira, não foram trazidos pintores,


mas sim administradores, soldados, mestres-de-obras e artífices, uma grande
quantidade de degredados e, posteriormente a 1549, os jesuítas missionários.
Seriam justamente estes os primeiros pintores europeus em atividade no Brasil,
relevando com sua habilidade a falta de aprendizado formal. Sua arte servia a
edificação dos fiéis, a salvação das almas e a maior glória de Deus e de sua
Igreja. Sendo executada por religiosos, era esperado que a pintura do século 16,
assim como toda a pintura realizada no Brasil Colonial, fosse exclusivamente
religiosa, com alguns poucos retratos e algumas raras e primárias
representações paisagísticas, que serviam de cenografia para cenas da vida de
Cristo e dos santos.

Entre os nomes que se destacam, todos de obra ignorada, podemos citar:

- Manoel Álvares, que permaneceu alguns meses na Bahia, em 1560, a caminho


da Índia. Para o Padre Serafim Leite, este foi "o primeiro pintor digno deste nome,
que passou pelo Brasil".

- Manoel Sanchez chegou em 1574.

- Francisco Dias, arquiteto e também pintor, estava no Brasil desde 1577.

- Belchior Paulo ou Paielo, desembarcado em 1587, possível autor de um retrato


de José de Anchieta e que trabalhou em Pernambuco, na Bahia, no Espírito
Santo e ainda em outras regiões brasileiras.

- Hierônimo de Mendonça, que, em 1595, residia em Olinda,

- Rita Joana de Souza, nascida também em Olinda e ali falecida aos 23 anos,
em 1618.

No transcorrer da primeira metade do século 17, porém ainda de alguma


forma ligados ao século 16, podemos citar:

- Em Pernambuco, os flamengos João Batista (protestante convertido ao


Catolicismo, em 1606) e Remacle Le Gott (vindo em 1628);

- Na Bahia, Antônio Bastos, Aleixo Cabral, André Rodrigues e Manoel Pinheiro.

- No Maranhão, Frei Cristóvão de Lisboa, chegado em 1624, primeiro Custódio


da Ordem Franciscana no Maranhão, autor de um valioso manuscrito, com
imagens de animais e plantas que precedem em mais de uma década os
denominados pintores de Nassau.
Santa Gertrudes Magma – pintor anônimo – século 17

No período colonial, muitas obras têm sua autoria indefinida, refletindo o


grau de organização social da colônia e sua dedicação à arte, de modo geral.
Prioritário em relação a arte, era ocupar e defender a terra dos invasores, coisa
bastante dificultosa. Quando pesquisamos sobre a Arte Holandesa no Brasil,
podemos compreender como a Arte exerce um papel importante na colonização
brasileira por parte dos Holandeses, na pessoa de Maurício de Nassau, o
administrador da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, no Brasil.

Escultura:

A escultura, no início da colonização brasileira, é quase inexistente. No


fim do século 16, surgem os primeiros indícios esculturais, quando as vilas
começam a aparecer no litoral com os primeiros edifícios públicos e religiosos.

O primeiro escultor conhecido no Brasil é o português João Gonçalo


Fernandes, de 1560. João Gonçalo, que morreu na Bahia em 1581, era
ceramista e pedreiro. O artista era contemporâneo do governador-geral, Mem de
Sá, e do clérigo jesuíta Manuel da Nóbrega. entretanto, em função das condições
primárias da Colônia, as obras eram normalmente importadas da Europa.

O primeiro nome importante no século 17, é do entalhador português Frei


Domingos da Conceição da Silva, que exerceu sua arte no Mosteiro de São
Bento, no Rio de Janeiro. A talha, no início da colonização, constitui a principal
atividade escultórica em nosso país.

No que se refere à estatuária devocional, dois nomes destacam-se: Frei


Agostinho da Piedade e Frei Agostinho de Jesus.

Interior do Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro

O Mosteiro de São Bento, na cidade do Rio de Janeiro, é um dos mais


importantes monumentos coloniais brasileiros. Fundado em 1590, tem a fachada
no estilo maneirista, sendo que seu interior é coberto por talhas douradas, nos
estilos Barroco e Rococó. É usual vermos diversos estilos de Arte em uma
mesma igreja, em função das reformas e melhorias executadas pelos artistas.
3. Influência Africana na Arte Brasileira

Com grande influência indígena e africana, a dança nordestina possui


muitos ritmos que misturam características dos dois povos, como o ritmo “coco”.
O frevo, recorrente nos estados do Pernambuco e Paraíba, possui passos que
remetem à capoeira. Além desses dois ritmos, o samba também surgiu de um
ritmo africano, denominado “semba”, com referências de vários outros ritmos
tribais da África.

A África também legou sua cultura nas representações artísticas da região


Norte. O catimbó, muito influente no estado do Pará, caracteriza-se por ser um
estilo musical que demonstra a criatividade artística desse povo. Originalmente
criado pelos índios, aperfeiçoou-se com a chegada dos escravos, chegando a
representar um batuque africano. Esse ritmo contagiou inclusive os
colonizadores portugueses, que favoreciam essa manifestação cultural,
participando da dança e misturando nela características europeias, como o
castanholar dos dedos, originário das danças folclóricas lusitanas.
O catimbó, de origem indígena, hoje chega a simular um batuque africano. Foto: Helder Torres

A aprovação dos senhores portugueses frente às manifestações artísticas


dos escravos, também pode ser vista na Marujada. Em agradecimento a seus
benfeitores por permitirem a organização da festa em louvor a São Benedito, os
negros dançavam de casa em casa, originando este ritmo.

É bem conhecida a extensa influência negra na cultura brasileira desde o


século XVI: música, dança, alimentação, religião, vocabulário, vestuário e
adornos. A vertente africana contribuiu decisivamente para que a arte brasileira
desenvolvesse características próprias. Em diversos casos, os fatores artísticos
africanos misturaram-se aos indígenas e portugueses, gerando novos
componentes artísticos de uma belíssima arte afro-brasileira.

Até a atualidade temos dificuldade em definir o que é arte afro-brasileira,


isto devido à complexidade de uma manifestação que não se enquadra apenas
no campo artístico, mas também nos campos social, religioso e cultural, em uma
modalidade de arte que não expressa nada sozinha, necessitando de seu
contexto, de sua história e de seu povo para realizar-se.

Os primeiros estudos sobre a cultura afro-brasileira são datados dos


séculos XVIII e XIX. Debret, Rugendas, Carlos Julião, e outros documentalistas,
registraram das ruas, praças, festas populares e manifestações religiosas uma
extensa e valiosa iconografia de costumes. As obras iniciais manifestam uma
visão exótica do escravo africano, estranho aos olhos dos europeus, ainda pouco
habituados aos trópicos.

Objetos eram coletados pelos etnólogos com o intuito de evitar a perda


dessas culturas, bem como para testemunharem sobre a origem e a evolução
do homem. Essas peças eram valorizadas por seu exotismo e pela raridade de
seus materiais de composição. O valor da cultura afro e de seus objetos estéticos
era vinculado à sua capacidade de informação sobre os estágios primitivos da
cultura humana.

No século XIX, o negro dirige novamente olhar sobre si mesmo. É quando


os escravos fazem a troca do trabalho no engenho e na casa grande pelo
manuseio da paleta. Uma litografia de Johann Moritz Rugendas expõe uma cena
de escravidão em que um negro que desenha sobre a parede. Ainda que seja
ficcional, a imagem mostra um feito excepcional: mesmo com a escravidão, em
que a representação dos africanos e afrodescendentes era limitada, um escravo
utiliza as artes plástico-visuais como meio de auto representação.

Posteriormente à segunda metade do século XIX, o processo gradual que


vai levar à abolição da escravatura, encaminha para Rio de Janeiro milhares de
negros livres procurando trabalho, os quais unem-se aos africanos crioulos e
mestiços que já trabalhavam na antiga capital do império, concentrando-se nas
zonas central e portuária. Esses negros livres vão formar a ‘Pequena África’ e
outros núcleos da arte africana no Rio de Janeiro.

No Barroco brasileiro, são claras as influências africanas, com a presença


dos anjos mulato e da genuína arte mulata. Madonas negras pintadas nas
paredes das igrejas, assim como Madonas brancas recebendo as orações de
negros. Imagens de santos africanos compondo altares. Anjinhos negros,
mulatos e brancos brincando entre guirlandas, simulando uma harmonia celestial
bem distante da realidade terrena.

Outro exemplo interessante de adaptação e reformulação interpretativa


refere-se às imagens de Cosme e Damião, que na Europa eram caracterizados
como dois médicos que só foram representados juntos no Brasil, onde
normalmente ficam sobre o mesmo pedestal, tomando a forma de dois irmãos
gêmeos, como os Ibeji gêmeos do culto africano.
Na representação católica dos negros na Colônia, podemos encontrar
São Elesbão, um rei etíope vitorioso sobre um rei árabe, o triunfo de um negro
sobre um branco. Santa Efigênia princesa da Núbia, convertida por São Mateus,
São Benedito siciliano descendente de escravos, Santo Antônio de Noto,
mulçumano escravizado por cristãos e Nossa Senhora do Rosário, protetora das
irmandades terceiras dos negros, de onde surgiram os terços elaborados com
sementes de um tipo de capim designadas como lágrimas de Nossa Senhora.
Pode-se também mencionar imagens cujo sexo faz menção à fecundidade na
estatuária africana, encobertas por vestes esculpidas ou por tecidos e brocados.

Assim como na África, a arte negra no Brasil está vinculada à ideia da sua
cultura, de seu cotidiano e de seus ritos religiosos. A arte católica também remete
à mão-de-obra afrodescendente, que a executou magistralmente com nomes
que se destacam no século XVIII: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e
Valentim da Fonseca e Silva, o mestre Valentim, considerados os expoentes
mais elevados da arte colonial brasileira.

Na arte afro-brasileira são maioria as esculturas em duas dimensões,


possivelmente devido a questões de ordem econômica, ainda que na África se
encontrassem esculturas bidimensionais representando os símbolos e
ferramentas dos orixás. As esculturas afro-brasileiras se mostram como uma
forma de afirmar a identidade étnica, diferenciando sua cultura, visto que tantos
objetos de uso cotidiano são revestidos de caráter simbólico: portas e portais
para suas casas, cadeiras e utensílios diversos.

Diversas são as características artísticas oriundas da África e assimiladas


na arte produzida no Brasil, tão entrelaçadas com nossa realidade miscigenada
que podemos encontrar elementos tradicionalmente africanos juntamente com
influências da estética europeia. Detalhes, como a posição tradicional de joelhos
numa figura equilibrada em torno de um eixo, ou mesmo os olhos salientes,
concepções tipicamente africanas, juntam-se ao uso de traços fisionômicos do
europeu, como o nariz e a boca, a forma dos seios ou o formato da cabeça, que
adquire tamanho mais proporcional ao corpo, de modo diverso dos padrões
adotados originalmente.
A arte afro-brasileira certamente não é apenas a arte executada por
negros no território brasileiro. Iorubás, Bantus e Nagôs estão no Brasil
miscigenados com índios, europeus e asiáticos, sendo parte de nossa cultura e
parte de nossa arte. A arte afro-brasileira está em todo lugar, permeando os
terreiros de umbanda, já bastante sincretizada com as culturas europeia e
indígena. Também está nas igrejas barrocas e em toda a arte feita no Brasil,
visto estarmos todos próximos, compartilhando os espaços, culturas e crenças
que se misturam.

Não possuímos mais uma arte afro-brasileira, luso-brasileira, ásio-


brasileira, nativo-brasileira, o que podemos ver é uma arte multifacetada,
multicolorida, abundante em sua cultura miscigenada. Possuímos uma arte
verdadeiramente brasileira.

Ter consciência sobre a igualdade e valor do ser humano de qualquer


etnia é fundamental para o estudo e busca de nossas raízes. Com a
implementação da lei n. 10.639, de 09 de janeiro de 2003, foi decretada a
obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Este fato
constitui um desafio para os educadores, porém é a consolidação de um projeto
social que atenua as diferenças do nosso processo histórico.

4. O Indígena na Cultura Brasileira


Apesar da grande opressão do colonizador, alguns aspectos da cultura
indígena nativa ainda permanecem atuantes no folclore brasileiro. A forte
presença dos nativos na região Norte, expressa sua arte principalmente por meio
de pinturas no corpo e acessórios utilizados durante suas celebrações. A
matéria-prima do artesanato dessa região é proveniente da natureza, prática
originária dos índios, que confeccionam enfeites para o corpo e utensílios
domésticos com objetos naturais.

Essa atividade transpõe as fronteiras regionais, sendo fonte de renda para


milhares de pessoas, mostrando uma grande variedade em função das
diferentes tradições presentes nos estados. Existem artefatos elaborados em
argila ou madeiras e fibras típicas da região, redes tecidas, bem como artefatos
comerciais feitos para os turistas, como as garrafas com imagens compostas
com areia colorida.

Cerâmica Tupi-Guarani
Artesanato da região Norte

O artesanato da região Norte tem grande influência indígena, entretanto,


o que distingue a atividade nas diversas regiões é a matéria-prima utilizada,
usualmente coletada da natureza, variando de acordo com o tipo da vegetação
e a fauna de cada local.

É considerada arte indígena brasileira a arte elaborada pelos povos nativos


do Brasil, antes e depois da colonização portuguesa iniciada no século XVI.
Levando-se em conta a grande diversidade de tribos indígenas no Brasil, pode-
se afirmar que elas se destacam na arte da cerâmica, do trançado e de enfeites
no corpo.

Concepção:

Quando afirmamos que um objeto indígena possui qualidades artísticas,


podemos estar trabalhando com conceitos que são característicos da civilização
ocidental, porém estranhos ao indígena. Diversos povos não possuem nem
mesmo uma palavra para designar arte. Ainda assim, os objetos elaborados
pelos índios têm fascinado os ocidentais desde os primeiros contatos, sendo
difícil não lhes atribuir qualidades artísticas, devido a seu grande apelo plástico,
sua originalidade, da aura de mistério e exotismo que permeia suas culturas,
suas associações simbólicas e sociais ou suas funções rituais ou mágicas,
fatores que são relevantes também na definição ocidental de diversas categorias
artísticas.

A arte indígena se diferencia da arte contemporânea ocidental devido ao


seu caráter tradicionalista e seu predominante utilitarismo. Ela tende a seguir
padrões herdados coletivamente, desenvolvendo pouca variação ao longo do
tempo, formando-se um repertório de formas, usos e significados estabilizados
e bem caracterizados. Isso possibilita diferenciar os trabalhos de uma tribo dos
de outras, aproximando sua arte do folclore.

Não existe a figura do artista individual, com a preocupação da criação


incessante do novo, mais que com a preservação da tradição herdada. O
indivíduo, entretanto, invariavelmente deixa marcas próprias na obra que,
rigorosamente limitada, ainda assim permite reconhecer os mestres de cada
modalidade, cujo trabalho se destaca entre os demais, habilitando o artista hábil
a ensinar a outros a tradição.

As produções indígenas são quase sempre voltadas para algum uso. Não
se distinguem arte e artefato, não ocorrendo o conceito de arte por si mesma,
voltada principalmente para o puro desfrute estético. Isso não implica, entretanto,
em dizer que os índios desconheçam o conceito de beleza. Ao contrário,
possuem grande sensibilidade estética. Porém, os objetos decorados, os
entalhes, a cestaria, a cerâmica, a ornamentação corporal, a música, a dança,
são destinados a funções específicas, ou expressam coisas definidas, com
verdadeira linguagem de domínio público.

No contexto da imensa diversidade de culturas indígenas do Brasil,


generalizações podem gerar falsos conceitos, sendo que cada povo tem seu
próprio universo de concepções.

Materiais:

É necessário lembrar que tanto um grupo quanto outro contam com uma
grande quantidade de elementos naturais para confeccionar seus objetos:
madeiras, caroços, fibras, palmas, palhas, cipós, sementes, cocos, resinas,
couros, ossos, dentes, conchas, garras e coloridas plumas das mais diversas
aves. Obviamente, com um material tão diversificado, as oportunidades de
criação são muito extensas, como por exemplo, os barcos e os remos dos
Karajá, os objetos trançados dos Baniwa, as estacas de cavar e as pás de virar
biju dos índios xinguanos.

As peças de cerâmica remanescentes, testemunham os costumes dos


diferentes povos indígenas, bem como uma linguagem artística bastante
impressionante. Esta é uma característica marcante das peças da Ilha de Marajó,
que são divididas em dois tipos: Santarém e Marajoara. As peças de Santarém,
apresentam menor tamanho, sendo, porém, muito bem trabalhadas. Já as peças
Marajoara, têm tamanho grande e usualmente possuem pinturas de deuses ou
animais, com predominância de cores avermelhadas.

Para os índios, as máscaras possuem um duplo caráter: ao mesmo tempo


que são artefatos produzidos por homens comuns, são a personificação viva do
ser sobrenatural que representam. Elas são confeccionadas com troncos de
árvores, cabaças e palhas de buriti, sendo normalmente usadas em danças
cerimoniais.

As cores mais utilizadas pelos índios para a pintura corporal são o


vermelho vivo do urucum, o negro esverdeado da tintura do suco do jenipapo e
o branco da tabatinga. O gosto pela pintura corporal vincula-se ao esforço de
infundir no corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas. Por intermédio da
pintura corporal algumas tribos homenageiam seus deuses, sendo que cada
grupo, como guerreiros, nobres e povo, se pinta e se enfeita de modo diverso.
Algumas pinturas são muito bem elaboradas, rompendo artisticamente com as
formas do corpo humano.

Outra grande herança artística dos índios foi o artesanato com elaboração
de colares, pulseiras, brincos e braçadeiras, usualmente ornamentados com
penas e caudas de aves, dando origem a “arte plumária”, que podia servir para
distinguir grupos sociais no interior das tribos. Também nos legaram sua
influência na dança e no canto, como por exemplo o povo Pataxó, que se
harmonizava com a natureza e o divino através do “Awê” ou “Heruê”, procurando
a união e a paz do povo, celebrando seus antepassados, cantando e dançando,
buscando forças para persistir frente às adversidades da vida.
5. Movimentos Migratórios e Influências Regionais

Com o advento dos imigrantes italianos, alemães e asiáticos, foram


acrescentados aspectos diversos à cultura brasileira. Alguns desses grupos
preservaram as tradições de suas regiões de origem, rejeitando interferências
culturais exógenas, o que os distinguiu do território onde se encontravam. Isso
também ocorreu com as migrações internas. Em função de a cultura ser algo
vivo, ela inevitavelmente se transforma e se recria com as diversas transmissões
de tradições e costumes.

Centro Oeste

A região Centro-Oeste recebeu uma multiplicidade de contribuições


culturais de indígenas, europeus, fazendeiros mineiros e paulistas, bandeirantes,
gaúchos, bolivianos e paraguaios, bem como dos migrantes que se dirigiram à
região com a fundação de Brasília. Um reflexo dessa mistura é a dificuldade de
identificar a procedência de certos aspectos culturais.

O cururu é uma manifestação cultural típica no estado do Mato Grosso,


onde os únicos participantes são os homens, que homenageiam santos
padroeiros de cidades do interior do estado. É uma dança que possivelmente
tem procedência indígena. Há, entretanto, quem afirme que ela foi trazida pelos
bandeirantes paulistas. Existe também quem diga que ela é uma mistura geral
de misticismo indígena, religiosidade jesuíta e ritmos africanos.

A música da região é representada pela música caipira de raiz, modas de


viola do interior, além das duplas sertanejas, provenientes majoritariamente do
estado de Goiás, mas que fazem sucesso em todo o país. O forró também é
influente devido à grande população nordestina que vive ali. Nas regiões
metropolitanas, há influências diversas, do rock ao tecnobrega.

Região Sul
Blumenau (SC) possui forte arquitetura europeia. Foto: divulgação

A região Sul teve sua cultura mais influenciada por imigrantes europeus
do que por índios ou africanos. As colônias de alemães, italianos, poloneses e
ucranianos, enriqueceram as tradições e expressões culturais da região. Além
das danças, muito influenciadas por características europeias, a arquitetura
sulista é uma característica artística e cultural bastante influenciada por
imigrantes. Em Santa Catarina, por exemplo, existe uma grande proporção de
casas que ainda preservam a arquitetura tipicamente europeia.

Sudeste

Possivelmente a região mais diversificada do país, o Sudeste sofreu


influências constantes de povos nativos, que passaram e se fixaram, que apenas
passaram ou que ainda passam pela região. Recebeu ainda cortes europeias,
imigrantes europeus, asiáticos, africanos, americanos, migrantes de todas as
outras regiões do país, contando ainda com a presença do indígena nativo.
6. Miscigenação

O Brasil possui a população mais miscigenada do planeta, com espaço


para as mais diversas religiões, crenças, simbologias, culinária, costumes e
diversas outras manifestações culturais. O país possui, dentre tantas riquezas,
alguns de seus patrimônios culturais reconhecidos pela UNESCO como
Patrimônio Cultural da Humanidade

Como consequência dessa diversidade, ocorre um caldeirão cultural onde


tudo se mistura: música, danças europeias, ritos da capoeira, cantos indígenas,
batida do maracatu, a malandragem do samba, o barulho das guitarras
roqueiras, o artesanato indígena, quadros de artistas contemporâneos, ovos
decorados ucranianos (pessankas), sandálias nordestinas e diversos outros
produtos e características do diversificado povo brasileiro.

Com tanta miscigenação no Brasil, pode-se afirmar que nosso país tem
uma identidade cultural múltipla. A miscigenação consiste no cruzamento de
etnias humanas diferentes. Esse processo também é denominado mestiçagem
ou caldeamento. O mestiço é aquele que nasce de pais de etnias diferentes,
apresentando constituições genéticas e culturais diversas.

De modo geral, tende-se a considerar a miscigenação como a união entre


brancos e negros, brancos e amarelos, e entre amarelos e negros, ou seja, a
união dos grandes grupos étnicos mais genéricos de que a espécie humana se
constitui, e que são popularmente conhecidos como raças. Não existe nenhum
grupo humano racialmente puro na atualidade, visto que as populações
contemporâneas são resultantes de um longo processo de miscigenação que
variou tremendamente com o passar do tempo.

7. A Busca da Identidade Nacional nas Artes

O Modernismo caracterizou-se como um movimento artístico-cultural que


transformou o modo de fazer arte nas primeiras décadas do Século XX no Brasil
e no mundo. O maior destaque era a Literatura, que era considerada pela crítica
como uma arte extremamente conservadora. Em função disso, um grupo de
intelectuais brasileiros, inspirou-se em movimentos vanguardistas europeus,
decidindo romper com os modelos estabelecidos.

O Modernismo tinha a proposta de causar uma revolução na chamada


Belle Époque, uma época de paz entre as nações que influenciou as artes,
gerando um cenário de calmaria na cultura europeia. Desse modo, poetas,
escritores e pintores realizaram, em 1922, a Semana de Arte Moderna, com o
intuito de apresentar à sociedade paulistana os princípios do movimento.

Alguns artistas brasileiros incomodavam-se com a influência europeia nas


artes, fato histórico que remetia a um passado colonial dependente em relação
à metrópole. Portanto, os modernistas tinham como objetivo criar um movimento
artístico com traços tipicamente nacionais, assumindo suas características
históricas e folclóricas, porém sem ufanismo ou patriotismo. Rapidamente, o
modelo romântico de fazer arte foi substituído por uma postura mais crítica da
sociedade.

No início, o evento não foi bem recepcionado por propor a desconstrução


do modo de fazer literatura, elaborado e consolidado ao longo dos séculos,
sendo que as vaias, gritos e xingamentos foram a reação de uma sociedade
elitista e conservadora, que não compreendeu imediatamente os preceitos
modernistas, principalmente no que concerne ao não respeito pelas normas
gramaticais da língua portuguesa, sendo que esse foi o ponto de maior polêmica.

Com o tempo, entretanto, a sociedade compreendeu o objetivo do


movimento, consolidando seus integrantes entre os grandes nomes das artes
brasileiras. Essa foi uma escola literária ousada que elaborou a proposta de
chocar os velhos cânones da sociedade paulistana da década de 20,
extremamente conservadora. Desse modo, desconstruíram completamente os
padrões artísticos vigentes, tais como o nacionalismo romântico e o formalismo
parnasiano.

A principal proposta modernista foi a procura por uma identidade nacional,


que deveria passar pela linguagem. Com esse intuito, vários poemas foram
escritos com erros gramaticais propositais, como forma de afrontar o
academicismo e a subordinação brasileira a Portugal. Procurou-se, desse modo,
valorizar a forma brasileira de expressão em detrimento da portuguesa.
Entretanto, tal proposta não teve boa aceitação no início do século XX, sendo
que atualmente, quase 100 anos depois, ainda provoca espanto com textos que
transgridam a norma culta da língua.

Uma das principais características do Modernismo foi a procura pela


identidade nacional, característica designada como Nacionalismo. Isso ocorria
em função de o Brasil ser considerado uma colônia que absorvia tudo que era
ditado pela metrópole europeia, apenas reproduzindo, nas escolas literárias
anteriores, tudo que era valorizado na Europa, principalmente em Portugal. Em
função disso, os modernistas decidiram pela ruptura com esse modelo,
aproveitando somente os aspectos positivos da cultura estrangeira, sem permitir
que esta predominasse sobre a cultura nacional e sem deixar de valorizar os
aspectos nativos, retirando das obras, entretanto, o nacionalismo ufanista
romântico.

O movimento desempenhou um importante papel na atualização das


ideias, na divulgação da nossa cultura e na valorização da linguagem local por
intermédio da arte literária. A rejeição de velhos padrões importados da
metrópole e o interesse profundo nas particularidades da vida brasileira, foram
medidas importantes na procura por autonomia na área da criação artística e
literária.

O Brasil completava o seu 1º centenário da Independência Política de


Portugal (1822-1922), passando a lutar pela independência cultural, por
intermédio de uma revolução nas artes. Assim, o Modernismo representou a
ruptura para com um modelo pré-estabelecido, retratando o indivíduo brasileiro
em suas particularidades e construindo, desse modo, uma identidade artística
própria.

A Primeira Fase Modernista elaborou publicações e gerou movimentos


que, de forma diversa, refletiram a arte brasileira essencial, cultivando o
nacionalismo. Dentre os principais movimentos, podemos ressaltar:

a) Movimento Pau-Brasil – Revisitou o passado histórico brasileiro de modo


crítico, opondo-se ao Nacionalismo romântico do sec. XIX, resgatando o
primitivismo;
b) Movimento da Antropofagia – Apoiou-se nos rituais indígenas, em que se
devorava carne humana na crença de que os poderes e qualidades do “alimento”
seriam assimiladas pelo canibal. Dessa forma, inspirando-se nesse passado
colonial, o Modernismo canibalesco devoraria a arte europeia, digerindo-a e
aproveitando seus aspectos positivos na abordagem de uma arte nacional, com
seu folclore, sua cultura, sua língua e demais características tupiniquins. Dessa
forma não se perderia a identidade nacional, mas também esta não seria
diminuída pelo patriotismo retratado de forma exagerada.

Uma pintura de Tarsila do Amaral foi considerada símbolo desse


manifesto: O Abaporu, que significa “homem que come gente”, popularmente
conhecido como Pé-grande, tornou-se um símbolo de brasilidade. A antropofagia
modernista constitui uma atitude brasileira de incorporação ritual dos valores
europeus, com a finalidade de ultrapassar a civilização patriarcal e capitalista,
com sua normatividade rígida no plano social e suas imposições culturais no
plano psicológico. Assim, trata-se de atitudes, valores, comportamentos e cultura
nacionais sendo questionadas e transformadas;

c) Movimento Verde-Amarelismo – teve a proposta de ser um movimento


autêntico, de resgate da cultura nacional sem influências externas;

d) Movimento da Anta – Semelhante ao Verde-Amarelismo, pregando a


valorização do cenário cultural brasileiro, escolhendo como símbolo a anta,
animal típico do país;

e) Revista klaxon – era uma publicação que divulgava os ideais modernistas,


assim como suas produções artísticas.

O Modernismo de 1922 teve a proposta de ousar e causar polêmica,


sendo nesse aspecto muito bem-sucedido em suas metas, visto ter conseguido
chamar a atenção para questões evidentes na sociedade brasileira, mas que
eram excluídos do debate e da discussão pública de forma aberta e democrática.

Assista o filme no link abaixo, complementando suas reflexões sobre o


tema: A Miscigenação nas Artes

https://www.youtube.com/watch?v=mf7Z2ipFvGo
Bibliografia – Literatura Complementar

BARBOSA, A. M. T. B. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Editora


Perspectiva, 1991.

BARBOSA, A. M. T. B.. Teoria e Prática da Educação Artística. 3. ed. São Paulo:


Cultrix, 1979.

JANSON, H.W., JANSON, Anthony F. Iniciação à história da arte. Trad. Jefferson


Camargol, 2ªed., São Paulo: Martins Fontes, 1996.

MARTINS, Mirian C.; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática


do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo:
FTD, 1998.

OSTROWER, F. Universos da arte. 14. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

RIBEIRO, Darcy. “O povo brasileiro “. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

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