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MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

I - O QUE É PESQUISA?

- O procedimento racional e sistemático que tem como objectivo proporcionar


respostas aos problemas que são propostos.

Quando é que a pesquisa é requerida:

1. Quando não se dispõe de informação suficiente para resolver o problema;

2. Quando a informação disponível se encontra em desordem e não possa ser


adequadamente relacionada ao problema.

II - REQUISITOS PARA UMA PESQUISA

1. Qualidades Pessoais do Pesquisador:


 Conhecimento do assunto a ser pesquisado.
 Curiosidade.
 Integridade intelectual.
 Atitude auto-correctiva.
 Sensibilidade social.
 Imaginação disciplinada.
 Perseverança e paciência.
 Confiança na experiência.

2. Recursos:
 Deve-se ter em conta os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis.
 Deve-se valorar os recursos em termos pecuniários.

III - ELABORAÇÃO DE UM PROJECTO DE PESQUISA

Justificação:
 A pesquisa como toda a actividade racional e sistemática exige que as acções a
desenvolver sejam planificadas.
 Para conferir maior eficiência a investigação, exige-se o cumprimento dos prazos
e metas.

Elementos de um projecto de pesquisa:

1. Formulação do problema.
2. Construção de hipóteses ou especificação dos objectivos.
3. Identificação do tipo de pesquisa.
4. Operacionalização das variáveis.
5. Selecção da amostra.

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6. Elaboração dos instrumentos e determinação da estratégia de colecta de dados.
7. Determinação do plano de análise dos dados.
8. Previsão da forma de apresentação dos resultados.
9. Cronograma da execução da pesquisa.
10. Definição dos recursos humanos, materiais e financeiros a serem alocados.

IV - COMO FORMULAR UM PROBLEMA DE PESQUISA?

O que é um problema?

 Questão matemática proposta para que se lhe dê a solução.


 Questão não solvida e que é objecto de discussão, em qualquer domínio de
conhecimento.
 Proposta duvidosa que pode ter diversas soluções.
 Qualquer questão que dá margem à hesitação ou perplexidade, por difícil de
explicar ou resolver.
 Conflito afectivo que impede ou afecta o equilíbrio psicológico do indivíduo.

Tipos de problemas:

Grupo A
- Como fazer para melhorar as condições das prisões?
- Como acabar com o trabalho infantil nas zonas rurais?

Grupo B
- Como acabar com a violência doméstica?
- Como acabar com a descriminação dos portadores de HIV-SIDA nas
empresas?

Grupo C
- Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária?
- A desnutrição determina o rebaixamento intelectual?

Um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas
como testáveis i.e, que envolvem variáveis susceptíveis de observação ou de
manipulação.

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V - POR QUE FORMULAR UM PROBLEMA?
Para apurar:
- As razões subjacentes – de ordem prática ou intelectual.
- Se as respostas são suficientes para subsidiar determinada acção.

VI - COMO FORMULAR UM PROBLEMA?

1. Condições necessárias:
 Imersão sistemática no Objecto.
 Estudo da literatura existente.
 Discussão com pessoas que possuem muita experiência prática.

2. Regras práticas param a formulação de questões:

 O problema deve ser formulado como pergunta.


 O problema deve ser claro e preciso.
 O problema deve ser empírico.
 O problema deve ser susceptível de solução.
 O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável.

VII - COMO CONTRUIR HIPÓTESES?

1. Hipóteses – É uma solução possível, susceptível de ser verdadeira ou falsa. É


uma proposição testável que pode vir a ser a solução do problema.

P: Quem são os maiores violadores de Direitos Humanos?


H: Os fundamentalistas religiosos.

2. Como chegar a uma hipótese?

Fontes:
a) Observação.

b) Resultados de outras pesquisas.

c) Teorias

d) Intuições

3. As hipóteses são necessárias em todas pesquisas?

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VIII – CLASSIFICAÇAO DAS PESQUISAS

1. Classificação com base nos objectivos.

a) Pesquisa exploratória

- Proporciona maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais


explícito ou a construir hipóteses.

Envolve:
۰ Levantamentos bibliográfico
۰ Entrevista com cientistas ou conhecedores da matéria.
۰ Análise de exemplos que estimulam a compreensão.

b) Pesquisa Descritiva
Visa:
- Descrição das características de determinada população ou fenómeno.

Envolve:
۰ Questionários
۰ Observação sistemática

c) Pesquisas explicativas

- Identificam factores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos


fenómenos

2. Classificação com base nos procedimentos técnicos utilizados

Esta classificação facilita a análise dos factos do ponto de vista empírico para
confrontar a visão teórica com os dados da realidade.

a) Pesquisa Bibliográfica
Desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído de livros e artigos
científicos

Fontes:
- Livros de leitura corrente
- Livros de referência
- Publicações periódicas

Vantagens:
- Cobertura ampla de informação
- Reconstrução de factos históricos

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- Centralização de dados dispersos

Desvantagens:
- Equivocidade e subjectivismo

b) Pesquisa Documental
Desenvolvida com base em materiais ainda sem tratamento analítico.

Não respondem definitivamente a um problema mas proporcionam melhor visão desse


problema ou hipótese que conduzem a sua verificação.

Fontes:
- Documentos de 1ª Mão
- Documentos de 2ª Mão

Vantagens:
- Grande fonte de dados
- Custo baixo
- Não exige contacto com o sujeito da pesquisa.

Desvantagens:

- Pouco representativa
- Maior subjectivismo nos documentos.

c)Pesquisa de Levantamento

Interrogação directa das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

Vantagens:

- Conhecimento directo da realidade


- Economia e rapidez
- Quantificação
- Adequado para estudos descritivos e não explicativos
- Recomendável para estudos eleitorais comportamento do consumidor,
opiniões e atitudes.

Desvantagens:

- Ênfase nos aspectos perceptivos;


- Pouca profundidade nos estudos das estruturas e dos processos sociais;

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- Limitada na apreensão do processo de mudança;
- Inapropriado para estudos psicológicos e psicossociais;
- Não aplicável para relações e estruturas sociais complexas.

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ELABORAÇÃO DE TRABALHO CIENTÍFICO

A recolha e tratamento de dados.

FONTES:
1. Bibliográfica
- Periódicos
- Livros (manuais e monografias)
- Jurisprudência
- Internet
2. Documental
3. Empírica (física ou humana)

I – Leitura do Material Bibliográfico e Documental

Objectivos:
- Identificar a informação constante no material;
- Estabelecer relações entre a informação e os dados obtidos para o
problema proposto;
- Analisar a consistência da informação e os dados apresentados pelos
autores.

Para o efeito, recomenda-se duas modalidades de leitura do material bibliográfico: leitura


exploratória, leitura selectiva e analítica.

Leitura exploratória

É feita mediante exame de folha do rosto, do índice e das notas de rodapé ou por
outra, através da introdução, prefácio e conclusão. Esta tem como objectivo dar visão
global da obra e sua utilidade para a pesquisa.

a) Leitura selectiva

Esta permite determinar o material ou informação que interessa para a pesquisa.

b) Leitura analítica

Esta leitura passa por 4 momentos: leitura integral da obra para ter uma visão do todo;
identificação das ideias chaves; hierarquização das ideias; sintetização das ideias.

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Com esta leitura já se pode registar ou tomar notas das ideias principais contidas no texto
que estejam relacionadas com o problema em pesquisa. Deve-se anotar as ideias
principais e os dados potencialmente importantes. Nas anotações deve-se ter em conta as
transcrições (devem ser feitas ipsis litteris) ou parafraseação. De preferência as notas
devem ser feitas com frases próprias.

II – Construção da Base de Dados

1. Opção pela utilização de uma BD electrónica ?

Vantagens:
• Celeridade nas referências no texto
• Celeridade na construção da bibliografia a final
• Buscas (palavras-chave)
• Compilação de fichas bibliográficas
• Arquivo bibliográfico – utilizável de trabalho para trabalho e actualizável
Desvantagens:
• Organização prévia – criteriosa
• Limitações nas citações no texto

2. Escolha da base de dados


• Programa de citações no processador de texto
• Compatibilidade com o processador de texto
• Função de pesquisa
• Espaço para construção de fichas
Exemplo:
www.procite.com
www. endnote.com

3. Vários tipos de fichas:


i. fichas bibliográficas simples
ii. fichas de leitura
iii. fichas de citações
iv. fichas de trabalho (organização do tema, fichas de
sugestões, fichas problemáticas,…)
v. …

 Fichas bibliográficas (notas das referencias bibliográficas)


 Ficha de leitura (Referências bibliográficas; Palavras-chave; Resumo;
Transcrição de citações; Apreciação crítica; Observações)
 Fichas de citações (registos de ideias, hipóteses).

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ASSUNTO Autor: Observação
Título:
Editora:
Ano:

Pág.

III - REDACÇÃO

Não há Regras fixas


Deve-se ter em conta 3 elementos:
1. Conteúdo
- Introdução
- Desenvolvimento
- Conclusão
2. Estilo
- Impessoalidade
- Clareza
- Precisão
- Concisão

3. Aspectos Gráficos
- Organização das partes e titulação
- O trabalho deve ser dividido em título e subtítulos ou capítulos.
- Podem ser numerados segundo o sistema progressivo ou alfanumérico.
Sistema Progressivo
Capitulo
1.1. Secção
1.1.1. Subsecção

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Ou
Sistema Alfanumérico
I Capitulo
A Secção
1. Subsecção
a) ....
b).....

4. Abreviaturas Universais

Ibidem ou Ibid. = na mesma obra


Idem ou Id. = do mesmo autor
Op.cit. (opere citato) = na obra citada
Loc.cit. (loco citato) = no lugar citado
Et seq. (et sequente) = seguinte ou o que se segue
Passim = aqui e ali; em vários trechos ou passagens
Cf. (confer) = confira
Apud = citado por
[s.l] (sine loco) = sem local de publicação
[s.n] (sine nomine) = sem nome da editora
Et al = e outros
Compil. = compilador
Ed. = editor
Adapt. = adaptador

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5. MODELOS PARA REFERÊNCIAS E CITAÇÕES

MODELOS: ABNT, Vancouver e APA

 MODELO APA

CITAÇÃO

Consiste no acto de transcrever literalmente as palavras retiradas de um texto de um


determinado autor, para outro texto, com a observância fiel de todas as suas
características (vírgula, ponto, negrito, itálico, etc.).

PRINCIPAIS FORMAS DE CITAÇÃO:

Direta, Indireta e outras formas de citação

Citação Direta

“É a transcrição ou cópia de um parágrafo, uma frase ou uma expressão, usando


exatamente as mesmas palavras usadas pelo autor do trabalho consultado. Nesse caso,
repete-se palavra por palavra e estas devem vir, obrigatoriamente entre “aspas duplas”, ou
com destaque gráfico, seguidas da indicação da fonte consultada.”

Citação Indireta ou Paráfrase

É a transcrição das ideias de um autor usando suas próprias palavras. Ao contrário da


citação direta, a citação indireta deve ser encorajada pois é a maneira que o pesquisador
tem de ler, compreender e gerar conhecimento a partir do conhecimento de outros
autores.

Dicas para se fazer uma citação indireta:

a) Leia e releia o texto original até que seja capaz de reescrevê-lo com suas
próprias palavras;
b) Não use aspas nas citações indiretas/paráfrases;
c) Anote os dados referentes a fonte: sobrenome do autor seguido do ano de
publicação da obra;
d) Confira a citação;
e) Faça a referência no final do trabalho.

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CITAÇÃO DE CITAÇÃO

No texto: Citar o apelido do autor do documento não consultado, seguindo das


expressões: citado por; conforme ou segundo e o apelido do autor que consultou a obra.
Ex. no texto:
Cistac, citado por Mutemba (1998) apresenta a formulação do problema…..
Em nota de Rodapé: mencionar os dados do documento original.
Ex: Rodapé faz-se a referência do autor citado.
1) CISTAC, Gilles, Metodologia Jurídica, apud Mutemba, Carlos (2009) …..

2) Na lista de referências: Faz-se a referência do documento consultado,

NOTAS DE RODAPÉ

Destinam-se a tecer esclarecimentos ou considerações que não devem ser incluídas no


texto para não interromper a sequência lógica da leitura.
1. Bibliográfica – Indicam fontes bibliográficas para a compreensão ou ampliação de
conhecimentos do leitor. Tradução de textos feitos em língua estrangeira ou
indicação da língua original.
2. Explicativas – Comentários ou observações do autor.

Ex: APELIDO, Nome (Ano) Título, Edição, Editora, Cidade


- Mais de 3 Autores: CISTAC, Gilles, et al

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 APELIDO, Nome (Ano) Título, Edição, Editora, Cidade


- Mais de 3 Autores: CISTAC, Gilles, et al

 Compilador – pessoa que produz uma obra com material extraído da obra de
outras pessoas.
- TRINDADE, João (compil) …

 Editor – pessoa que prepara e publica uma obra ou colecção de obras.


- PASCOAL, Barros, (ed)

 Adaptador – pessoa que modifica uma obra, ajustando-a a um determinado fim ou


tipo do leitor.
- CORREIA, Paulo, (adapt)

 Entidades Colectivas – Obras de carácter administrativo ou legal.


- Associação de estudantes da UNL, Lisboa…
- Angola, Ministério da Cultura, …
- Maputo, Conselho Municipal, …
- ISCTEM, Escola Superior de Direito…

 Conferências, Congressos, Seminários


- Designação do encontro, número, ano, local de realização, título, local de
publicação, editora, data
Ex: Jornadas Científicas, I, 2010, Maputo, Direito das Sociedades,
Imprensa Universitária,

 Obras de responsabilidade de entidades colectivas, publicações anónimas ou não


assinadas.

- História ilustrada debanda Desenhada, Maputo, 1995, Vol. I,

- Colonialismo e Luta de Libertação: 7º Caderno sobre a Guerra Colonial.

NB: Não se usa o termo anónimo

 Monografia, Dissertação e Tese

- HENRIQUES, Henriques (1999) Minorias Étnicas e Direito Cultural,


Dissertação, Mestrado, University of Bristol.

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 Artigos de Publicação Periódica

- Revistas: Autor, Título do Artigo, Título do Jornal, dia, Mês, Ano, Volume,
fascículo, pág.

- Artigo de Jornal: Autor, título do artigo, título do caderno ou


suplemento, in jornal, dia, mês, ano, pág

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BIBLIOGRAFIA

- APELIDO, Nome (Ano) Título, Edição, Editora, Cidade

1. OBRAS DE REFERÊNCIA

2. LEGISLAÇÃO
2.1. Constituição
2.2. Códigos
2.3. Leis
2.4. Decretos

3. PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
(Revistas e Jornais)

4. OUTRAS FONTES
(Teses, monografias, entrevistas…)

5. SITES DA INTERNET
www. …., data.

 Língua portuguesa
http://www.govmoz.gov.mz/index.htm
http://www.verbojuridico.net
http://www.dji.com.br
http://www.unimep.br/fd/ppgd/cadernosdedireitov11/00_Capa4.html

http://www.ambito-juridico.com.br
http://www.jus.com.br/doutrina/

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http://conjur.uol.com.br

 Língua francesa
http://www.precisement.org/internet_jur/droit_fr_revues.htm
http://www.laportedudroit.com
http://www.justiceintheworld.org

 Língua inglesa
http://www.journal.law.mcgill.ca
http://www1.umn.edu/twincities/index.php
http://www.hg.org/index.html
http://www.loc.gov/law/public/law.html
http://www.loc.gov/law/guide/mozambique.html
http://jurist.law.pitt.edu/world/mozambique.htm

http://www.law.du.edu/naturalresources/Individual%20Countries/Mo
zambique.htm
http://www.austlii.edu.au/

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ELABORACÃO DA PROPOSTA DE TRABALHO

1. Tema

2. Justificação da escolha do tema.


As razões de ordem teórica e prática que justificam a realização da pesquisa: O
contributo; relevância social.

3. Identificação do Problema.

Identificar claramente o problema; sua delimitação; as hipóteses a ser testadas.


4. Objectivos.
Os objectivos podem ser gerais ou específicos.
Referir o que é pretendido com o desenvolvimento da pesquisa e os resultados que se
procura alcançar. (enfatizar; demonstrar; propor; analisar...)

5. Métodos e técnica de trabalho


Especificação da metodologia a ser adoptada

6. Meios a utilizar

7. Estrutura do trabalho
O trabalho deve ser dividido em título e subtítulos ou capítulos. Podem ser numerados
segundo o sistema progressivo ou alfanumérico.
Sistema Progressivo
1. Capitulo
1.1. Secção
1.1.1. Subsecção
Sistema Alfanumérico
I Capitulo
A Secção
1. Subsecção
a) ....
b).....

8. Cronograma de actividades
Listagem das actividades
9. Orçamento

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Estimativa dos custos da pesquisa. Os gastos podem ser reunidos em vários itens:
Gastos com o pessoal e gastos com o material.

Por: H.Henriques

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