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Planos Corporais Biológicos

(Biological Design)
Introdução: tamanho e forma
• Os corpos, da mesma forma que as construções,
devem obedecer as leis da Física.
• Todo animal deve estar equipado para responder às
demandas biológicas: o longo pescoço das girafas, as
unhas dos gatos, a pele grossa do urso polar.
• De forma prioritária, as estruturas devem obedecer as
leis da Física. Por exemplo, a gravidade age em todos
os corpos e assim, os corpos de vertebrados terrestres
de grande porte têm que apresentar ossos e
cartilagens suficientemente resistentes para sustentar
seus pesos e para deslocar o corpo de uma posição à
outra.
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92.JPG
Tamanho e forma
• Mas se o esqueleto não funciona de forma
adequada, a sobrevivência do animal está
comprometida.
• Assim, ao longo da história da evolução em geral e
da evolução humana em particular, as estruturas
representam a solução de problemas representados
pelas forças físicas básicas (Karl Popper propôs
definir a evolução como respostas às resoluções de
problemas).
• Desta forma, a variação de tamanho entre os
organismos deve ser acompanhada por formas
adequadas para cada tamanho.
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https://qph.cf2.quoracdn.net/main-qimg-
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Tamanho e forma
• Por exemplo, a capacidade de salto do
gafanhoto é de mais de 100 vezes seu próprio
tamanho. Mas se esse gafanhoto fosse do
tamanho de um ser humano, seria impossível
que ele realizasse esse feito.
• O tamanho comanda as diferenças de
desempenho.
Mantendo a forma em diferentes
tamanhos determina outras funções
• No caso da família de cordas, o contrabaixo, o
violoncelo a viola e o violino apresentam o
mesmo formato.
• Considerando o violino, sua caixa de
ressonância é pequena em relação à do
contrabaixo e consequentemente, a faixa de
frequência de suas notas é mais alta que a do
contrabaixo.
Tamanho e forma
• No caso de teste de modelos de desempenho de
navios, os testes devem ser feitos com controle da
força da ondas de maneira adequada ao tamanho do
modelo de navio.
https://www.khi.co.jp/corp/asmb/test-
images/resistd-3.jpg
• O tamanho e a forma estão estreitamente ligados,
tanto dentro quanto fora da biologia. O estudo das
consequências do tamanho é chamado de escala.
Dessa forma, tanto o musaranho quanto o elefante
partilham aspectos básicos como a mesma
arquitetura esquelética, passos metabólicos e
temperatura corporal. Mas diferem em aspectos
metabólicos, sendo o consumo de oxigênio por kg de
peso, muito mais intenso em formas de pequeno
porte.
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gure-16-07a.jpg
https://reptilis.net/wordpress/wp-
content/uploads/2011/04/I10-83-metabolic.jpg
Tamanho
• Por causa da diferença em tamanhos, os mundos
de uma mosca, de um ser humano e de um
elefante devem enfrentar desafios físicos
completamente diferentes.
• Quando saímos do box do banheiro, carregamos
na pele aproximadamente 250 g de água na
nossa pele, sem muito esforço. Porém, se
escorregarmos no box, corremos um sério risco
de quebrarmos algum osso, devido à ação da
gravidade.
Tamanho
• Mas no caso de uma mosca, se não fosse por causa das
propriedades impermeáveis do seu esqueleto de quitina,
ela ficaria presa mesmo a uma gota de água, devido à
tensão superficial.
• Para os insetos, a gravidade é pouco relevante. Observe
uma formiga carregando 10 vezes seu próprio peso para
cima e para baixo. Se cair, não se machuca.
• Em geral, quanto maior o animal, maiores são os problemas
com a gravidade. Quanto menor o animal, maiores serão os
problemas com as forças de superfície. Esses problemas
não são biológicos e sim de geometria e das relações entre
o comprimento, a superfície e o volume.
https://live.staticflickr.com/82/237875014_4
d579d57c5_b.jpg
Relações entre comprimento,
superfície e volume
• Se o formato continua sendo o mesmo, mas há
um aumento do tamanho, as relações entre
comprimento, área de superfície, volume e massa
mudam.
• Se um cubo duplica seu comprimento duas vezes,
suas arestas passam de 1x para 2x e depois para
4x. A superfície total mudará para 4x e depois
para 16x. O volume do cubo original aumentará
para a escala de 8x e 64x durante esses dois
aumentos.
Relações entre comprimento,
superfície e volume
• Devido a essas mudanças, uma alteração em
tamanho deve necessariamente envolver uma
mudança no plano corporal para manter o
desempenho original.
• Em termos matemáticos:
a superfície S apresenta a relação do
quadrado das dimensões lineares:
S ∞ l2
Relações entre comprimento,
superfície e volume
• O volume V, porém, aumenta ainda mais
rapidamente, numa função ao cubo das
dimensões lineares:
V ∞ l3
• Esta relação proporcional aplica-se para qualquer
forma geométrica que se expande ou se reduz.
Dessa forma, o aumento em 10 vezes a dimensão
linear de um organismo aumentará sua superfície
100 vezes e seu volume, 1.000 vezes. O
organismo deve alterar sua forma para
acomodar estas mudanças sem comprometer
suas funções vitais.
Mudanças de área ou superfície
• Para facilitar o início de uma fogueira, é preciso
cortar um pedaço de toco em muitas lascas,
aumentando a superfície.
• Da mesma forma, muitos processos biológicos
dependem da superfície exposta. A trituração do
alimento permite sua melhor digestão. O
intercâmbio eficiente de gases como dióxido de
carbono e oxigênio precisa de superfícies
adequadas, fornecidas por brânquias e pulmões,
aos quais chegam a milhares de capilares.
Área ou superfície
• No intestino, as dobras permitem uma absorção
mais eficiente do alimento.
• A resistência óssea ou a força muscular são
proporcionais à seção transversal dos ossos ou
músculos envolvidos.
• Num organismo aquático microscópico, o
movimento ciliar é suficiente para a locomoção
desse organismo. Em animais maiores, estes
cílios já não são eficientes e então observamos
sistemas baseados em esforço muscular.
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oryEpithelium.png
Área ou superfície
• Em animais de grande porte, o sistema digestório
tem que apresentar uma grande superfície de
absorção para assimilar o alimento condizente
com seu volume. Da mesma forma, as relações
de superfície comandam a absorção de gases em
brânquias e pulmões, a difusão do sangue e o
ganho e perda de calor do corpo.
• J.B.S. Haldane disse em 1956 que “a anatomia
comparada é basicamente a luta para o aumento
da superfície de maneira proporcional com o
volume”.
Área ou superfície
• Na medida em que o tamanho do corpo aumenta, o
consumo de oxigênio por unidade de massa corporal
diminui.
• Embora seja evidente que animais de grande porte ingerem
maior quantidade de alimentos que os de pequeno porte, o
metabolismo dos animais de grande porte, por unidade de
biomassa, é relativamente menor.
• A quantidade diária de alimento que um pequeno
mamífero consome equivale a várias vezes sua massa
corporal. As taxas metabólicas desses animais são maiores
e têm que consumir mais oxigênio para satisfazer suas
necessidades.
Área ou superfície
• Em parte, isso é explicado pelo fato que da
dissipação de calor é proporcional à superfície
corporal enquanto que a geração de calor é
proporcional ao volume.
• Pequenos animais apresentam maior
superfície relativa que volume.
Massa e volume
• Quando um objeto sólido aumenta seu volume, sua
massa também aumenta proporcionalmente. A massa
aumenta então ao cubo do aumento da dimensão
linear.
• Em animais terrestres, a massa do corpo é carregada
pelos membros e a resistência dos membros é
proporcional à superfície de sua seção transversal.
• Uma mudança no tamanho corporal pode representar
um desencontro entre a massa corporal e a superfície
de seção transversal dos membros.
http://senenvazquez.weebly.com/uploads/1
/3/7/5/13751416/6611381.jpg?789
Massa e volume
• Como já observamos, um aumento de 10
vezes na dimensão linear determina um
aumento de 1.000 vezes na massa, mas
apenas 100 vezes na dimensão de superfície.
• Portanto, um aumento de 10 vezes o tamanho
do animal terrestre deve ser acompanhado
por mudanças, sob o risco dos membros não
serem capazes de carregar a massa corporal.
Massa e volume
• Por esse motivo, os ossos de animais de grande
porte são mais resistentes e maiores que os de
pequenos animais.
• Esse aumento da massa em relação à superfície
explica por que os animais maiores estão mais
presos à lei da gravidade.
• Da mesma forma, e retornando ao exemplo da
família de cordas, se o formato dos objetos for
mantido em diferentes tamanhos, então eles
devem ter um desempenho (função)
diferenciado.
Forma
• Para permanecer funcionalmente balanceado,
um animal deve apresentar um corpo que
possa ser alterado na medida em que seu
comprimento, superfície e massa crescem a
diferentes taxas.
• Como resultado, um organismo deve
apresentar diferentes formas em diferentes
idades.
Alometria
• Na medida em que o animal cresce, suas
proporções também mudam. Isso é evidente
quando lembramos que as crianças não são
miniaturas de adultos.
• Quando comparados com adultos, a criança
apresenta uma cabeça muito grande e membros
curtos.
• Essa mudança em forma em correlação com a
alteração de tamanho é chamada de alometria.
Alometria
• A detecção da alometria é feita com base na
comparação de diferentes partes ao longo do
crescimento do animal.
• A relação entre duas partes x e y pode ser
expressada conforme a equação alométrica:
y = bxa
Onde b e a são constantes. Quando a equação é
plotada num papel logarítmico, observamos
uma linha reta.
Alometria
• As relações alométricas descrevem mudanças na
forma que acompanham mudanças no tamanho.
Às vezes, uma tendência filogenética pode ser
observada dentro de um grupo de organismos ao
longo do tempo.
• A relação de alometria entre duas estruturas a e
b é considerada positiva, se a crescer mais que a
referência b. Pode ser negativa se ocorrer o
contrário.
• A relação entre duas estruturas pode também ser
isométrica, se não for alométrica.
https://www.mun.ca/biology/scarr/Positive_
allometry.gif

https://www.nature.com/scitable/content/ne
0000/ne0000/ne0000/ne0000/13285281/Shi
ngletonFigure-1.jpg
Grade de transformação de D’Arcy Thompson. Os pontos de referência no crânio
fetal podem ser relocalizados no crânio adulto. A grade reconstruída enfatiza a
alteração da forma.
Grades de transformação podem também ser utilizadas no estudo da filogenia. À
esquerda, espécies aparentadas e que apresentam morfologia mais generalista.
Isometria
• Ocorre quando as partes do corpo crescem
mantendo as mesmas proporções.
O caso de seis espécies de salamandras do
gênero Desmognathus
As consequências de ser do tamanho
certo
• Animais de diferentes portes aproveitam certas
vantagens.
• Os animais de grande porte têm um número
menor de predadores. Porte grande também é
vantajoso em espécies nas quais os machos
brigam para acasalar.
• Por outro lado, os de pequeno porte também
têm suas vantagens: em ambientes instáveis, um
pouco de grama pode sustentar um grupo de
roedores durante uma seca.
As consequências de ser do tamanho
certo
• Quando a condição melhora, a capacidade de
reprodução rápida e de apresentarem
gerações curtas permite adequar a população
a essa mudança ambiental. Animais de grande
porte devem migrar ou morrer quando
ocorrem secas. Esses animais também
apresentam taxas baixas de reprodução e
podem demorar anos para recuperar suas
populações.
As consequências de ser do tamanho
certo
• Quanto maior for o animal, maior será a
necessidade de adequar seu plano corporal ao
aumento de peso e aos efeitos da gravidade.
• Por esse motivo, não é surpresa que o maior
animal, a baleia azul, evoluiu em ambiente
aquático onde a água sustenta sua massa
corporal.
• Para os animais terrestres, existe um limite de
crescimento, quando os membros se tornam tão
poderosos que dificultam sua locomoção.
As consequências de ser do tamanho
certo
• Desta forma, Godzilla e King Kong são
impossíveis.
• Partes corporais utilizadas para display ou
defesa também apresentam alometria, como
cornos de bovídeos, chifres de cervídeos.
Biomecânica
• As forças físicas estão constantemente presentes
no ambiente do animal.
• Embora as partes do animal são adequadas para
capturar presas, fugir de predadores e para
copular, essas partes têm também que se
adequar as leis físicas.
• A análise do plano biológico requer uma
compreensão das forças físicas que comandam o
animal.
• A área de Biomecânica ou Bioengenharia utiliza
conceitos da engenharia mecânica.
Míssil hipersônico (5-25 vezes a
velocidade do som)

https://sites.breakingmedia.com/uploads/sites/3/2019/06/Raytheon-
Hypersonic-cruise-missile.jpg
Biomecânica
• A mecânica é a mais antiga das ciências físicas e sua
história começa pelo menos há 5.000 anos com a
construção das pirâmides do Egito. Continua hoje com
os engenheiros que desenham naves espaciais.
• Ironicamente, geralmente os engenheiros e os biólogos
trabalham em sentidos contrários. O engenheiro
começa com o problema de atravessar um rio e conclui
com uma ponte. O biólogo começa com uma estrutura
biológica como uma asa e trabalha o problema físico,
neste caso, o voo.
Princípios fundamentais da
biomecânica
• Certamente os animais são mais do que
máquinas, mas a perspectiva da biomecânica
dá uma abordagem bem clara do desenho
biológico.
• Comprimento, tempo e massa
• Unidades
• Velocidade, aceleração, força e similares
Centro de massa
• Se estamos interessados no corpo inteiro do animal e
não só nas suas partes, podemos idealizar a massa
do animal concentrada em apenas um ponto: seu
centro de massa. Também coincide com o centro de
gravidade, o ponto onde o peso se concentra.
• Em termos leigos, é o ponto no qual o corpo do
animal se mantém em equilíbrio. Quando a
movimentação do animal muda a configuração das
partes, o centro de gravidade também se desloca,
podendo até ficar momentaneamente fora do corpo!
Centro de gravidade
• https://cdn.britannica.com/44/63044-004-
2DF6DD5C/Diagram-drum-center-of-gravity-
stable-equilibrium-pull-
torque.jpg?s=1500x700&q=85
Vetores
• Os vetores descrevem medidas de variáveis
com certa magnitude e uma direção.
Exemplos de vetores são força e velocidade.
• Medidas que apresentam apenas magnitude
mas não apresentam direção, são chamadas
quantidades escalares. Exemplos:
temperatura e duração em termos de tempo.
Leis básicas de força
• Três leis fundamentais de Newton:
• 1) Primeira lei da inércia. Todo corpo continua em
seu estado de repouso ou de movimento. Inércia é a
resistência do corpo de alterar seu estado de
movimento.
• 2) Segunda lei da inércia. A alteração do movimento
é proporcional à força exercida sobre ele.
• 3) Terceira lei da inércia. Entre dois objetos em
contato, para cada ação há uma reação oposta e
igual.
Corpos livres e forças
• Para calcular as forças, é útil isolar cada parte
do restante, para decompor as forças que
agem naquela parte.
• Quando caminhamos, exercemos uma força
contra o substrato. O chão também exerce
uma força semelhante, na forma do princípio
de ação e reação da Terceira Lei de Newton.
Quando essa força é menor, afundamos no
substrato.
https://www.thoughtco.com/thmb/TUvK1i6eIJTLxAvkRBT-3DMI-
CU=/1500x0/filters:no_upscale():max_bytes(150000):strip_icc()/quest-for-
fire-496550911-5ad8f2d78e1b6e0037d9c405.jpg
Corpos livres e forças
• Se as forças são iguais e opostas, elas se
cancelam e as duas estão equilibradas.
• Quando o equilíbrio se rompe, ocorre o
movimento.
• Da mesma forma, a mecânica tem uma área
de estudo de forças em equilíbrio, chamada
estática. Quando o estudo é o movimento,
estamos nos referindo à outra área: a da
dinâmica.
A dinâmica do salto ornamental
• Quando um atleta se prepara para seu salto,
na extremidade do trampolim, ele exerce uma
força que é devolvida pela prancha.
Em A, o atleta e a prancha estão em equilíbrio. Em B, as
duas forças representadas por vetores, estão
mostrando essa igualdade.
Em B, o atleta imprime uma força maior que seu
próprio peso e o trampolim reage a essa força,
impulsionando-o.
Torques e alavancas
• Nos vertebrados, os músculos geram forças e os
elementos esqueléticos aplicam estas forças.
• Um bom exemplo é o caso da gangorra; sua ação
depende de pesos opostos e das distâncias desses
pesos do pivô central, chamado de fulcro. A distância
do peso ao pivô chama-se braço da alavanca.
• O efeito do peso depende dessa distância, quanto
mais distante, maior sua ação.
Saída de força
• Uma força que age a uma distância do pivô
tende a virar a gangorra no ponto de rotação.
Formalmente, produz torque.
• Quando mais força de alavanca é necessária,
reduzimos alavanca externa e aumentamos a
alavanca interna.
Para obter mais força de saída, o ponto do pivô
é movido para mais perto da saída e mais longe
da força do impulso.
https://static.sciencelearn.org.nz/images/images/000/002/3
71/embed/Mechanical-advantage20161111-16325-
13rsc8q.jpg?1674168087
Saída de maior velocidade ou
distância
• Se a velocidade ou distância é necessária, ocorre o
encurtamento da alavanca interna e o alongamento
da alavanca externa.
• Mas, o aumento da velocidade e da distância diminui
a força do torque externo.
• Em termos de engenharia, o torque é definido
como o momento em torno de um ponto e o
braço da alavanca como o braço do momento.
https://i0.wp.com/unbreakablestrengthco.com/wp-
content/uploads/2019/03/moment-arm-demo.jpg?resize=782%2C329&ssl=1
• Fica claro que na física, teremos ou saída de
força ou de velocidade, não podemos ter
ambas ao mesmo tempo!
• Consideremos os membros dianteiros de dois
mamíferos, um deles especializado em corrida
e o outro em cavar. No cavador observamos
um processo de cotovelo relativamente
grande e um antebraço curto, que dá muita
força e pouca velocidade na mão.
Fossiomanus sinensis e Jueconodon cheni aparentados
com os mamíferos, viveram há 120 ma no nordeste da
China

https://www.siliconrepublic.com/wp-
content/uploads/2021/04/261334_web-718x523.jpeg
Dakotaraptor steini, terópode dromaeusarídeo
do final do Cretáceo
By Taphonomy - Own work, CC BY-SA 4.0,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=44775066
• No caso do mamífero corredor, o tornozelo é
pequeno e os ossos tarsais são mais
compridos, fornecendo muita velocidade e
pouca força aos dedos.

https://sites.google.com/a/upei.ca/locomotion/_/rsrc/1385376375631/home/curso
rial/mammal%20limbs.jpg?height=320&width=310
Em ungulados, os músculos podem funcionar como
uma engrenagem de baixa rotação e maior força.
Por outro lado, o músculo semimembranoso do glúteo,
funciona como alta rotação, imprimindo maior
velocidade.
Terra e Fluído
• Para os vertebrados terrestres, a maioria da
forças externas que agem sobre eles são
derivadas dos efeitos da gravidade.
• Quando os vertebrados se deslocam em
fluidos como a água e o ar, sofrem a influência
das forças próprias do meio onde estão. Como
as forças são diferentes, os designs biológicos
adaptativos também o são.
A vida na terra: gravidade
• A gravidade age sobre um corpo imprimindo-
lhe aceleração. A aceleração média da
gravidade terrestre é de 9,8 m s-2 na direção
do centro da Terra.
Um marisco jogado pela gaivota,
ganha aceleração na medida que
se aproxima ao substrato.
• A Segunda Lei de Newton F = ma indica que
um animal que pesa 90 kg produz uma força
total de 882,9 N (90 x 9,8 m s-2 ). O efeito da
gravidade nos tetrápodes é resistida pelos
membros.
A vida na terra: gravidade
• O peso de um animal quadrúpede é distribuído entre
seus quatro membros. A força exercida pelos
membros dependerá da distância do membro ao
centro de gravidade do animal.
• No caso do dinossauro Diplodocus, com peso
corporal de 18 toneladas métricas, distribui seu peso
em 4 toneladas para os membros anteriores e 14
toneladas para os membros posteriores.
• Assim, os animais maiores estão mais presos às
forças da gravidade do que os animais menores.
No caso do Diplodocus, com 18 toneladas
métricas, seu centro de gravidade está mais
próximo dos membros posteriores.
A vida nos fluidos
• A água e o ar são fluidos. Certamente o ar é
menos denso (800 vezes menos) e viscoso que
a água, mas sua natureza de fluído tem
aspectos semelhantes aos da água.
• Quando um corpo se desloca num fluido, este
exerce uma resistência no sentido oposto ao
corpo em movimento, chamada arrasto.
• O arrasto principal é o arrasto de atrito ou o
arrasto de pressão.
A vida nos fluidos: fluídos
dinâmicos
• Na medida em que o animal se desloca, o atrito do
arrasto vai depender da viscosidade do fluido, da
área e da textura da superfície e da velocidade
relativa do fluido e da superfície.
• Se pudéssemos observar o fluxo das partículas do
fluido em contato com a superfície do animal,
teríamos uma imagem de camadas que escorrem
uma ao lado da outra no fluido.
• A camada mais próxima à superfície do animal
chama-se camada limítrofe. Instabilidades naturais
na camada limite podem provocar turbulência.
Linhas de corrente
• Se as camadas do fluído não conseguem fazer uma
volta aguda após a passagem do objeto, as camadas
do fluxo tendem a se separar, o qual é chamado de
separação de fluxo. Essa condição leva ao arrasto de
pressão, com as camadas do meio se deslocando
mais rapidamente, ocorrendo uma queda de
pressão.
• Isso pode ser visto como uma esteira de fluído
alterado, atrás de um barco em movimento.
https://previews.123rf.com/images/jazziel/jazziel1808/jazziel180800016
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fast-motor-boat.jpg
• Um corpo afilado e estendido que preencha
esta área de separação potencial, estimula as
linhas de corrente a que se encontrem atrás
dele, reduzindo assim a pressão de arrasto.
Linhas de corrente. A separação
das linhas é a turbulência
As pequenas concavidades da bola de golfe mantém a camada limítrofe maior
mas suavizam as linhas de corrente e reduzem a esteira alterada, diminuindo o
arrasto de pressão. Dessa forma, uma bola de golfe se desloca com o dobro da
velocidade de uma bola de superfície lisa.
A vida nos fluidos
• O perfil de atrito depende do formato do
objeto.
• Assim, a borda fina da asa de uma ave
representa um pequeno perfil de atrito. Mas
quando as asas se levantam, a resistência da
asa aberta aumenta a resistência.
• As disciplinas que lidam com o movimento de
corpos em fluidos chamam-se hidrodinâmica e
aerodinâmica.
A vida nos fluidos
• Quando aplicadas aos animais, estas disciplinas mostram
como as forças físicas são afetadas pelo tamanho e pelo
formato.
• Re = ρ l U / µ
• Esta relação é chamada de Número de Reynolds, onde ρ é a
densidade do fluido e µ é a medida de sua viscosidade; l é
uma expressão que indica as características de formato e o
tamanho do corpo e U é sua velocidade no fluido.
• O número foi desenvolvido no século XIX e quando o valor é
baixo, expressa maior atrito da pele do organismo com o
meio.
Número de Reynolds
• Para que serve esse número?
• Para criar condições experimentais em escalas
diferentes e que sejam fidedignas com os
fenômenos em escala real.
• Por exemplo, criar as condições de túneis de
esquilos da família Sciuridae. O fator dos
túneis serem 10 vezes menores é compensado
com fluxo 10 vezes maior do ar que por eles
passa.
Estática dos fluidos
• Os fluidos, mesmo os de pouca densidade
como o ar, exercem uma pressão nos corpos
que neles se encontram. A unidade de
pressão, o Pascal é equivalente a um Newton
por metro quadrado (1 N=força necessária
para acelerar 1 kg de massa a um metro por
segundo).
• No nível do mar, a pressão é de 101.000
Pascais = 1 atmosfera de pressão.
Estática dos fluidos
• Nós e os animais terrestres não percebemos
esta pressão porque ela é compensada por
uma força igual dos nossos fluidos para saírem
do corpo.
• Por esse motivo, os sistemas respiratórios
precisam de mudanças relativamente
pequenas de pressão para permitir a
passagem de ar para dentro e para fora dos
pulmões.
Estática dos fluidos
• Quando nos deslocamos entre regiões de baixa
pressão para regiões de alta pressão, essa diferença
é evidente na pressão dos nossos ouvidos médios.
• O aumento de pressão é também evidente quando
mergulhamos. Em água doce, o aumento de pressão
é de 9,8x103 Pascais e a 5 m de profundidade, é de
49x103 Pascais, ou qual equivale a respirar com um
peso de 90 kg no peito.
Estática dos fluidos
• Assim, o dinossauro Brachiosaurus teria que
suportar 49x103 N a 5 m para cada metro
quadrado de seu peito. Certamente, esses
animais não tinham hábitos aquáticos.
Estática dos fluidos
• Flutuabilidade. Descreve a tendência de um objeto flutuar ou
afundar. Arquimedes (287-212) na sua célebre expressão
“Eureka!” descobriu que a flutuabilidade estava relacionada
com quanto o volume do objeto é deslocado em relação ao
seu próprio peso.
• Se a densidade do objeto for menor que a da água, o objeto
flutuará. Muitos peixes têm uma bexiga com diferentes
composições de gás. Quando o peixe se desloca para águas
mais profundas, o volume desse gás se reduz, aumentando a
densidade total do peixe. Os peixes podem secretar mais gás
e alcançarem novamente a flutuabilidade neutra.
Máquinas
• Podemos também estar interessados em mais
do que o movimento do mecanismo. Podemos
estudar a transferência de forças. Os sistemas
que transferem forças são chamados de
máquinas.
• Assim, as mandíbulas de um animal herbívoro
são uma máquina na qual a força dos
músculos da mandíbula é transferida ao longo
da mandíbula, para os dentes molares.
Resistência dos materiais
• Uma estrutura que sustenta um peso, resiste ou
transmite as forças que lhe são aplicadas.
• As estruturas resistem três tipos de forças:
• Forças compressivas
• Forças de tensão.
• Forças de cisalhamento.
• A resistência máxima a essas forças é conhecida
como resistência à compressão, resistência à tensão
e resistência ao cisalhamento.
Resistência dos materiais
• A maioria dos materiais é especialmente resistente
às forças de compressão e pouco resistentes às
forças de tensão e de deslocamento.
• Quando um objeto cede e entorta, as forças
compressivas aumentam na parte interna do objeto
e as forças de tensão aumentam na parte externa. Se
o entorto continua, ocorrem quebras no lado que
ocorre a tensão e podem se propagar pela estrutura,
determinando sua ruptura.
Desenho e colapso biológicos
• Fratura por fadiga. Os ossos, como outras máquinas, podem
não resistir o uso prolongado ou estressante e serem,
conforme cunhado por engenheiros, a fratura por fadiga. Isso
foi observado logo depois do começo da Revolução Industrial,
quando peças de máquinas quebravam mesmo sendo usadas
dentro dos limites de segurança.
• Com o uso prolongado, as peças desenvolviam microfraturas,
as quais poderiam parecer individualmente insignificantes,
mas que no conjunto, determinavam a fratura da peça.
Desenho e colapso biológicos
• Fraturas por carga. Nos vertebrados, os ossos
recebem cargas simétricas. Quando são cargas
assimétricas, outros elementos como
músculos ou tendões agem para reduzir a
tendência da carga de encurvamento do osso.
Respostas dos tecidos a estresse
mecânico
• Os tecidos podem responder ao estresse
mecânico. Se um tecido vivo não é submetido
a estresse, ele tende a diminuir e se tornar
atrofiado. Exemplo, osso de cachorro:
Respostas dos tecidos a estresse
mecânico
• Por outro lado, se o nível de estresse
aumenta, ocorre a hipertrofia, como pode ser
visto no corte de um fêmur de um porco,
submetido a atividades físicas ao longo de um
ano.
Respostas dos tecidos a estresse
mecânico
• A divisão e proliferação celulares sob estresse é chamada de
hiperplasia.
• Quando não há aumento do número de células, falamos em
hipertrofia.
• Todos os tecidos têm algum grau de capacidade fisiológica de
resposta ao estresse, mesmo depois da diferenciação
embriológica. O treinamento com pesos aumenta a massa
muscular e reforça os tendões. A corrida de longa distância
também melhora a circulação, aumenta o volume sanguíneo e
torna mais eficiente o metabolismo dos lipídeos
armazenados.
• Capacidade de resposta do osso.
• Influências ambientais (raquitismo)
• Controle endócrino do fosfato de cálcio no
osso.
Capacidade de resposta do osso
• Embora os ossos cumpram suas funções como
estruturas rígidas, eles podem se modificar
em resposta a estímulos ambientais, como
bandagens colocadas em bebês e crianças.
Outras influências ambientais
• Quatro tipos de influências ambientais podem
alterar ou melhorar as configurações genéticas
dos ossos:
• (a) um agente patogênico pode alterar o
padrão de deposição dos sais de cálcio; (b) a
nutrição, no qual se inclui a condição de
raquitismo; (c) o efeito dos hormônios, que
podem retirar ou estimular o depósito de sais
nos ossos; (d) o estresse mecânico.
O estresse mecânico sobre os
ossos
• Os ossos vão respondendo como estruturas, à
gravidade, aos músculos e ao crescimento. Os
vertebrados crescem, desempenham funções
de luta, autoproteção, captura de presas, etc.
• As pessoas de idade também alteram suas
funções e tudo isso altera o estresse mecânico
sobre os ossos.
Hipertrofia e atrofia dos ossos
• A resposta dos ossos ao estresse mecânico
depende da duração temporal da força. Se a
pressão for contínua, como acontece com
alguns tumores, o osso se atrofia. Por
exemplo, no caso de aneurismas que se
formam em proximidade aos ossos.
• Aparelhos ortodônticos forçam os dentes
dentro dos seus alvéolos, levando os dentes a
novas posições.
Intercâmbios a contracorrente,
concorrente e corrente cruzada

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