Você está na página 1de 17

8TRATAMENTO DE CALDO

Calagem
Os objetivos da calagem podem ser assim resumidos:
 Corrigir o pH do caldo até o valor desejado (7,0 a 7,2).
 Reação com ácidos orgânicos presentes no caldo.
 Provocar floculação de colóides e consequente agrupamento do material em suspensão no caldo.

A cal (CaO) é adicionada ao caldo na forma de leite de cal (Ca(OH)2) ou sacarato de cálcio.

Controle de pH
Independentemente da utilização de sacarato de cálcio ou leite de cal na calagem do caldo é
fundamental um controle adequado do pH do caldo. A experiência tem mostrado que:

 Frequentemente os problemas com o controle de pH são devidos a fatores operacionais, e muito


menos devidos a problemas com o aparelho ou eletrodos utilizados.
 Recomenda-se, todavia, dar preferência aos eletrodos de imersão em que a solução de KCl flui
através da membrana.
 Deve-se realizar uma limpeza automática da membrana duas vezes por turno (cada 4 horas), por
imersão em ácido nítrico concentrado, uma vez que somente jato de água não é suficiente para limpar
a membrana.
 Eletrodos sujos podem dar a falsa impressão de um controle ajustado corretamente, já que a
intensidade da incrustação diminui a sensibilidade do sinal de pH (Figura 9).
 As instalações mais modernas possuem sondas retráteis instaladas em linha, com limpeza
automática.
 Modificar o loop (e em alguns casos o programa) do controlador de pH para reduzir o tempo de
resposta e aumentar a sensibilidade do controlador em benefício do controle do pH.
 Quando se reduz o tempo de resposta se reduz a faixa e a duração das variações do pH do caldo. O
resultado é um controle mais consistente na alimentação dos decantadores levando a uma melhor
floculação, a qual contribui para redução dos níveis de bagacilho no caldo clarificado.
 Flutuações na vazão e concentração do leite de cal, bem como na vazão de caldo, nem sempre
recebem atenção adequada e a culpa recai no controlador do pH.
 A utilização de sacarato de cálcio a quente (T > 65°C) contribui para minimizar as flutuações do pH,
em virtude de uma reação mais rápida e uma composição mais constante da solução de sacarato.

DOSAGEM DE POLÍMERO
Objetivos da aplicação de polímero
Pode-se dizer que os objetivos da adição de polímero ao caldo é promover a formação de flocos mais
densos no processo de clarificação do caldo, visando:

 Maior velocidade de sedimentação;


 Compactação e redução do volume de lodo;
 Redução na turbidez do caldo clarificado;
 Produzir um lodo de melhor filtrabilidade, e consequentemente um caldo filtrado mais limpo;
 Menores perdas de sacarose na torta.

Normalmente a dosagem necessária varia de 1 a 3 ppm em relação à matéria-prima, sendo que a


adição de grandes quantidades pode provocar o efeito contrário.

CUIDADOS NO PREPARO E DOSAGEM DE POLÍMERO


Preparo do polímero
 Os tanques de preparo devem ser construídos em aço inoxidável, ou em aço carbono revestidos com
resina epóxi.
 As tubulações de interligação podem ser de aço inoxidável ou de PVC.
 Manter uma agitação mecânica leve (60 rpm).
 Diluição no preparo: 0,1%
 Diluição em linha até 0,02%

Água de diluição (exigências)


 Isenta de sólidos em suspensão
 Baixa dureza
 pH entre 7 e 8 para preparo da solução em tanques revestidos, e pH entre 9,0 - 9,5 para tanques não
revestidos (Figura 11).
 Utilizar de preferência água condensada com temperatura não superior a 50°C.

Dosagem de polímero
 Bomba dosadora de deslocamento positivo é o tipo mais indicado.
 Devem ser utilizados medidores de vazão de rotâmetros, para medição da vazão de polímero em
cada decantador.
 O ponto de aplicação não deve ser um local de muita turbulência, porém, onde se possa garantir a
sua total homogeneização com o caldo, sem quebra da cadeia polimérica (Figura 12).

DECANTAÇÃO
A seguir examinaremos todos estes itens e sua influência na obtenção de um caldo clarificado
de boa qualidade.

1) Temperatura do caldo alimentando o decantador


Após aquecimento a 105 °C e sua passagem pelo balão de flash, a temperatura do caldo diminui para
cerca de 98 °C. Uma pequena variação nesta temperatura poderá ocorrer em função da altura da
usina em relação ao nível do mar.
Caso a temperatura seja baixa, a decantação será mais difícil e incompleta levando a:
 Menor velocidade de decantação das partículas em suspensão;
 Coagulação incompleta;
 Presença de bagacilho e sólidos no caldo clarificado.

Na prática podemos constatar que a temperatura está baixa observando a chaminé do balão de flash.
Se a quantidade de vapor saindo pela chaminé for muito pouca, a razão é a baixa temperatura do
caldo após os aquecedores.

2) Temperatura do caldo clarificado


A queda de temperatura no interior do decantador deve ser a menor possível para obtermos uma boa
decantação, e para tal a temperatura do caldo clarificado não deve ser inferior a 95°C. Temperaturas
baixas levam também a um maior consumo de vapor na evaporação.

Os principais fatores que podem influenciar a queda de temperatura são:


 Tempo de retenção muito longo. Se o caldo permanecer no interior do decantador por um tempo
maior que o necessário poderá existir queda de temperatura.
 Capacidade excessiva. Se a capacidade do decantador for maior que a necessária, poderemos ter
quedas na temperatura devido ao aumento do tempo de retenção. Algumas vezes, quando a usina
necessitar reduzir a moagem, pode ser necessária a parada de alguns decantadores.
 Isolamento defeituoso. Os decantadores devem sempre ser bem isolados para evitar perdas de
calor.
 Quando a temperatura do caldo é baixa podem ocorrer perdas de açúcar devido à ação de
microorganismos, o que fatalmente acontece em temperaturas abaixo de 70°C.

3) Tempo de retenção
O tempo médio que o caldo deve permanecer no interior dos decantadores convencionais é de 3,0 -
3,5 horas. Nos decantadores tipo rápido e sem bandejas este tempo pode ser inferior a 1,0 h.
Se este tempo for muito curto a decantação será incompleta, com produção de caldo turvo, prejudicial
para a produção de açúcar. No caso do tempo de retenção ser muito longo ocorrerão perdas de
açúcar e aumento na coloração.

4) Queda de pH
Chamamos de queda de pH a diferença entre os valores de pH do caldo entrando no decantador e do
caldo clarificado saindo do decantador.
O valor da queda de pH não deve ser maior que 0,5, ou seja, o pH do caldo dosado deve ser 7,0 - 7,2
e o pH do caldo clarificado deve estar entre 6,5 e 6,7.

As razões para grandes quedas de pH podem ser:


 Aquecimento do caldo insuficiente;
 Temperaturas muito altas;
 Valores de pH elevados;
 Valores de pH baixos;
 Tempo de retenção muito longo;
 Nível de lodo alto dentro do decantador;
 Hidratação deficiente da cal.
Valores excessivos de queda de pH indicam problemas no tratamento do caldo e na operação dos
decantadores, além de representarem perdas e destruição de açúcares, e, portanto, esta variável deve
ser monitorada continuamente.

5) pH do caldo que alimenta o decantador


A experiência demonstra que o valor ideal do pH do caldo a ser decantado deve ser 7,0 - 7,2, pois
proporciona uma boa coagulação do caldo sem provocar perdas de açúcar.
Quando o pH for muito alto (> 8,0) teremos degradação de açúcares redutores, aumento na cor do
caldo e aumento na incrustação dos aquecedores e evaporadores.
Por outro lado, se o pH for muito baixo (< 6,8), além de maior inversão, a floculação será deficiente e a
decantação produzirá caldo clarificado com turbidez elevada e presença de bagacilho em suspensão.

6) Turbidez do caldo clarificado


No caso de se obter caldo turvo na saída do decantador, é necessária uma revisão e correção dos
vários fatores relacionados com o tratamento do caldo e operação dos decantadores, tais como:
 Temperatura do caldo dosado;
 Tempo de retenção;
 Queda de pH;
 pH do caldo dosado;
 Nível de lodo no decantador;
 Adição de polímero;
 Adição de fosfato.

7) Bagacilho no caldo clarificado


O motivo mais frequente da presença de bagacilho no caldo clarificado é a degasagem
insuficiente do caldo, causada por:
 Subdimensionamento do balão de flash.
 Nível do balão de flash muito superior ao nível do decantador.
 Temperatura do caldo na entrada do tanque flash inconstante e insuficiente para uma boa
degasagem.

Outras causas também podem ser citadas, tais como:


 Floculação deficiente causada por erros operacionais ou ineficiência/desempenho do equipamento.
 Tempo de decantação insuficiente.
 Excessivo retorno de sólidos via caldo clarificado devido à baixa retenção de sólidos nos filtros.
 Insuficiente dosagem de polímero.
 Elevado volume de lodo no decantador.

8) Vazão de caldo clarificado irregular


A vazão do caldo clarificado na saída dos decantadores deve ser controlada com a finalidade de evitar
o aparecimento de correntes e movimentos no interior do decantador.
As quantidades de caldo clarificado que saem de cada compartimento do decantador devem ser
iguais. Isto pode ser conseguido com uma boa regulagem das canecas que controlam a saída de
caldo do decantador.

Os decantadores que possuem duas saídas de caldo de cada compartimento exigem maior atenção
por parte dos operadores. Não devemos deixar que a quantidade de caldo retirada em uma saída seja
maior que na outra.
Decantadores sem bandejas são ainda mais exigentes que os convencionais e a vazão de caldo
devem ser sempre constantes.

9) Nível de lodo no interior do decantador


A manutenção de altos níveis de lodo no decantador é prejudicial por permitir o desenvolvimento de
microrganismos, os quais produzem gases que prejudicam a decantação, impedindo a sedimentação
das partículas em suspensão (3).
Os decantadores possuem tomadas de amostras no compartimento do fundo, que permitem a
verificação do nível de lodo, estas devem ser checadas periodicamente.
Devemos lembrar também que a retirada do lodo deve ser contínua. Há casos em que o operador
mantém o lodo dentro do decantador, fazendo a retirada de tempos em tempos. Este procedimento é
duplamente prejudicial. Quando o lodo é mantido dentro do decantador passam a existir condições
para o desenvolvimento de microrganismos; no momento em que o operador faz a retirada
intermitente do lodo, são criadas correntes que também prejudicam a decantação.

Em alguns casos o motivo apresentado para a retenção de lodo no interior do decantador é que
o lodo está muito “fino” (pouco concentrado). Geralmente as razões para a presença de lodo
muito diluído são encontradas no tratamento do caldo. Devemos verificar:
1) pH;
2) Temperatura;
3) Remoção de gases;
4) Aplicação de fostato;
5) Aplicação de floculantes.

Por outro lado, o lodo “fino” é benéfico para redução de pol da torta dos filtros e este fato deve
ser considerado sem, todavia, prejudicar a operação dos decantadores.

10) Extração de gases


Os decantadores possuem saídas em todos os compartimentos para remover ar e gases
incondensáveis que se acumulam nas bandejas.
Essas saídas de gases devem permanecer sempre limpas e abertas para garantir a remoção desses
gases e deveriam estarem conectadps à caixa de lodo existente na parte superior do decantador.

11) Isolamento do decantador


Todo o decantador deve ter um bom isolamento térmico para conservar a temperatura do caldo e
evitar perdas térmicas.
A falta ou deficiência no isolamento provocam o aparecimento de correntes no interior do decantador,
que prejudicam a clarificação.

12) Velocidade do caldo


Um importante fator para a performance dos decantadores é a velocidade do caldo entrando no
decantador. Altas velocidades provocam turbulência, que danificam os flocos já formados e tornam a
decantação deficiente.
Maiores cuidados são exigidos nas usinas em que operam com vários decantadores, onde a
distribuição do caldo deve ser proporcional à capacidade de cada decantador.
A instalação de câmaras amortecedoras na entrada de um decantador contribui para reduzir essas
velocidades elevadas e devem ser instaladas em todos os decantadores.
Acrescenta-se ainda que essas câmaras são geralmente um dos locais mais adequados para a adição
de polímero.

13) Efeito da adição de polímero


Uma clarificação eficiente está sempre relacionada com a correta formação de flocos, resultado de um
bom desempenho das etapas anteriores de tratamento físico e químico do caldo.

Alguns controles devem ser adotados:


 A quantidade de polímero adicionada deve ser determinada através da observação da floculação do
caldo entrando no decantador, após ter recebido o polímero. Geralmente a dosagem de polímero
usada no caldo situa-se entre 1 a 3 gramas por tonelada de cana.
 O operador deve usar um tubo ou recipiente de vidro para coletar uma mostra do caldo já floculado e
observar. Os flocos formados devem ser grandes e decantarem rapidamente. Se isto não estiver
acontecendo é necessário realizar uma verificação cuidadosa nas várias etapas do tratamento de
caldo discutidas anteriormente.

FILTRAÇÃO
O bagacilho auxilia na formação de um meio filtrante durante o tempo em que a seção submersa do
filtro permanece em contato com o lodo. A porosidade da torta formada determinará a capacidade de
filtração. Se o controle do vácuo não for adequado a formação da torta não será eficaz e causará
grande recirculação de impurezas.

8 - Pol da torta
Uma torta com uma quantidade de açúcar (pol) residual da ordem de 1% pode ser obtida com o
equipamento correto e condições adequadas de operação.
Se a pol da torta é alta devemos checar os seguintes itens:

1) Vácuo: o baixo vácuo deve ser de 7 - 10 ”Hg e o alto vácuo de 18 - 20”Hg.


2) Espessura da camada de torta: deve ser mantida entre 7 e 10 mm.
3) Bagacilho:
A quantidade de bagacilho misturada com o lodo afeta a pol da torta. Um excesso de bagacilho produz
torta mais espessa e, portanto, maior pol. A quantidade de bagacilho seco % lodo de alimentação do
filtro deve ser suficiente para manter uma relação fibra (fibra/não fibra) na faixa de 0,4 - 0,5.
Com a utilização de bagacilho de boa qualidade (30% passante por peneira de 14 mesh) uma relação
fibra no lodo na faixa de 0,35 a 0,4 é insuficiente para uma boa filtrabilidade.
Como exemplo, para um lodo com uma percentagem em peso de sólidos não fibra (areia, argila e
sólidos precipitados na clarificação) de 6,0%, para manter uma relação fibra de 0,4 será necessária
uma quantidade de bagacilho (existente no lodo mais adicionado) de 6 x 0,4 = 2,4 % (base seca).

4) pH e adição de polímero:
O pH do lodo deve ser ajustado na faixa de 7,5 a 8,0 com leite de cal e é recomendada e a adição de
polímero de baixo peso molecular e alto grau de hidrólise, em uma dosagem de 2,5 - 5,0 ppm calculado
sobre o lodo.

5) Quantidade de água para lavagem:


A quantidade ideal é de 150 - 200% do peso de torta produzida. Valores menores resultam em pol da
torta elevada e valores maiores pouco contribuem. Quando a água escorre sobre a superfície da torta
é uma indicação de que a torta não aceita mais água. Logicamente este fato está relacionado com o
vácuo aplicado na seção de lavagem, uma vez que quanto maior for este vácuo maior será a
capacidade de sucção de água.

6) Vácuo aplicado no filtro


A finalidade do baixo vácuo é permitir a formação de uma camada de torta sobre a tela do filtro (“pega
da torta”). O propósito do alto vácuo é permitir a lavagem com água e secar a torta. Não se deve
permitir a formação de sulcos na camada da torta, o que prejudicaria o vácuo formado.
Durante o período de baixo vácuo obtém-se um caldo turvo e com o alto vácuo obtém-se um caldo
mais claro. Se o baixo vácuo for defeituoso a camada da torta não se formará adequadamente,
afetando a operação do filtro. No caso de problemas com o alto vácuo, a lavagem e secagem da torta
não serão completas, produzindo pol e umidade elevadas.
Nas extremidades do filtro existem dois vacuômetros: uma para baixo vácuo e outro para alto vácuo.
Os vacuômetros devem estar calibrados para que os níveis de vácuo sejam sempre verificados.
A válvula no cabeçote do filtro, a tubulação e tanques de filtrado devem ser inspecionados e não
devem apresentar vazamentos.
Pouca atenção é dada ao condensador barométrico, o qual poderá sofrer corrosão e ser perfurado,
permitindo a entrada de ar. Deve-se ainda manter um selo hidráulico através da coluna barométrica. A
falta deste selo não permitirá a formação do vácuo desejado. Também a temperatura e quantidade de
água enviada para o condensador devem ser sempre controladas.

7) Entupimento nos tubos de sucção


Geralmente existem 24 seções em um filtro, ou seja, cada setor com 15°. Cada seção é ligada ao
sistema de vácuo por tubos metálicos denominados tubos de sucção. Estes tubos, localizados no
interior do tambor do filtro, se estendem até à válvula no cabeçote do filtro. Se estes tubos estiverem
entupidos não existirá vácuo na seção correspondente e não haverá a formação da camada de torta
na área ligada ao tubo entupido. Se o tubo estiver parcialmente entupido a remoção de caldo e água
será prejudicada produzindo torta com elevada umidade e pol.
O entupimento pode ocorrer quando o lodo se torna muito diluído e a quantidade de bagacilho
adicionado for insuficiente. Qualquer área da tela não coberta com torta pode ser indicação de que os
tubos de sucção ou tela estão entupidos.
Se existirem tubos entupidos devemos parar o filtro assim que possível, remover a tela da seção e
aplicar ar ou água sob pressão na entrada dos tubos de sucção.

8) Entupimento das telas


As perfurações existentes na tela são muito pequenas e têm o formato de um cone. O lado com
aberturas de menor tamanho deve ser instalado na face externa do tambor. Instaladas dessa maneira
as telas entupirão com maior dificuldade.
Algumas vezes, mesmo quando instalados corretamente, as telas ficam obstruídas pelas
seguintes razões:
 Lodo muito diluído ou “fino”;
 Mistura deficiente entre o lodo e o bagacilho no misturador;
 Quantidade de bagacilho insuficiente;
 Excesso de ceras;
 Quantidade de água insuficiente;
 Uso dos raspadores ineficientes;
 Baixa temperatura do lodo.

O entupimento pode ser observado pela existência de áreas do filtro não cobertas por torta, ou áreas
cobertas com uma camada muito fina e com grande quantidade de cera. No caso de ceras, estas
podem ser removidas raspando-se a tela com uma espátula de madeira ou borracha, tomando-se
cuidado para não danificar as telas.
A limpeza também pode ser feita fazendo funcionar o filtro vazio e aplicando água quente sob pressão
com uma mangueira. Ar comprimido também pode facilitar o trabalho.
Portanto, nos casos em que áreas do filtro não são cobertas com torta, as razões podem ser:
 Grande quantidade de ceras;
 Telas ou tubos entupidos;
 Telas instaladas incorretamente.

9) Sistema de agitação do lodo


O agitador localiza-se no tanque do filtro onde parte do tambor é submersa. Sua finalidade é manter
os sólidos da mistura lodo-bagacilho sempre suspensos.
É importante verificar o funcionamento do agitador. Observando-se defeitos o filtro deve ser parado, o
agitador deve ser limpo com água e consertado, evitando danos maiores ao filtro. O agitador deve se
localizar o mais próximo possível do fundo do tanque do filtro e o mais distante do tambor para evitar
destruição da camada filtrante.
Em casos de paradas de curta duração o agitador deve sempre ser mantido em operação. Se o lodo
for mantido no filtro, com a parada do agitador, os sólidos se depositarão no fundo e, quando o filtro
voltar a funcionar o agitador pode danificar-se. Portanto, em longas paradas o filtro deve sempre ser
liquidado.

10) Nível de lodo no tanque do filtro


É necessário manter o lodo no nível correto e uniformemente misturado. O resultado será uma maior
capacidade e melhor operação dos filtros.
O nível correto é conseguido mantendo-se um controle de nível no tanque do filtro atuando na válvula
de alimentação. A recirculação de lodo deve ser mantida a um mínimo para evitar excessiva
turbulência no tanque do filtro e no tanque de lodo, com quebra dos flocos formados.

11) Água para lavagem de torta


Os resultados operacionais do filtro estão diretamente relacionados com a eficácia com que a água de
lavagem desloca o açúcar contido na torta.
A lavagem pode ser feita por pulverização ou por gotejamento. A quantidade de água adicionada deve
ser suficiente para manter a superfície da torta com leve excesso de água. Água correndo sobre a
superfície destrói a torta, abrindo sulcos na camada de torta.
Para uma boa lavagem da torta no filtro é essencial que a água utilizada seja limpa e quente a uma
pressão constante. Os condensados de aquecedores, vácuos e evaporação são boas fontes de água
quente. A temperatura da água deve ser em torno de 80°C. Ela deve passar por um filtro (tela com
abertura de 100 mesh) para remover material em suspensão, que entupiria os bicos. A pressão da
água deve ser superior a 1 kgf/cm2. Pressão variável da água faz variar a qualidade da pulverização e
a quantidade de água nos bicos aspersores.
O filtro de água deve ser inspecionado para se observar a existência de entupimento, e se ocorrer a
quantidade de água diminui consideravelmente. O filtro deve ser aberto, limpo e a tela deve ser
trocada se necessário.

12) Bicos aspersores


Em certas ocasiões as aberturas de saída dos bicos aspersores se danificam ou desgastam,
necessitando substituição dos mesmos.
Quando o filtro de água não recebe a devida atenção, os bicos podem entupir, alterando o formato dos
jatos de água e neste caso a lavagem da torta será prejudicada. Para que a lavagem da torta e a
recuperação do açúcar sejam eficientes, todos os bicos aspersores devem funcionar corretamente. Os
bicos podem ser limpos com jatos de ar.

13) Canaletas de gotejamento


Quando a distribuição de água for através de tubos e canaletas de gotejamento estes devem ser
nivelados para fornecer uma distribuição uniforme de água em todo o comprimento do tambor. A
distribuição uniforme é importante na recuperação do açúcar da torta e deve receber a atenção
necessária. Não devemos esquecer que a correta aplicação da água é tão importante quanto a
quantidade de água aplicada na lavagem.

14) Raspador de torta


A função do raspador é separar a torta do tambor do filtro no final do ciclo de secagem. Se a borracha
do raspador sofre desgaste o contato do metal do raspador com o tambor provocará danos à tela. Se
a borracha se apresentar desgastada a limpeza das telas poderá ser incompleta, reduzindo a
capacidade do filtro.
No raspador de torta existe um contrapeso cuja finalidade é manter o raspador pressionado contra a
tela do filtro. Quando a torta não se separa da tela podemos aplicar uma pressão maior no raspador,
para isto devemos mover o contrapeso até encontrarmos uma posição onde o contato seja completo.
A pressão do raspador não deve ser excessiva para não provocar danos à tela.

15) Adição de bagacilho


O filtro rotativo a vácuo requer que o lodo seja misturado com uma certa quantidade de bagacilho fino
para aumentar a filtrabilidade dos sólidos em suspensão.
O bagaço, saindo das moendas, passa pelo transportador tipo esteira onde é peneirado por chapa
perfurada, obtendo-o bagacilho necessário. É desejável que acima de 90% do bagacilho passe
através de uma peneira de 14 mesh.
É comum ocorrerem quebras ou entupimentos nas peneiras, neste caso o conserto ou substituição
deve ser feito rapidamente para que o filtro não opere sem bagacilho.
Os tipos de transporte de bagacilho normalmente encontrados nas usinas brasileiras são transporte
pneumático ou via lodo.
A quantidade de bagacilho adicionada deve ser da ordem de 3 a 5 kg por tonelada de cana moída,
devendo sempre ser observada a relação fibra citada anteriormente. Dosagens excessivas devem ser
evitadas por provocarem obstrução na tubulação de retorno de lodo e dificultarem a lavagem da torta
provocando aumento nas perdas de açúcar. Quando a dosagem é pequena, obtém-se caldo filtrado
com elevada turbidez e a formação da torta ser torna mais difícil. Existirá o perigo de entupimento nas
telas e tubos de sucção devido à quantidade de sólidos passando com o caldo.
O misturador de bagacilho deve ser localizado próximo aos filtros para minimizar entupimentos, e a
mistura do bagacilho com o lodo deve ser a mais homogênea possível. Muita atenção deve ser dada
para que não ocorram vazamentos de lodo.

16) Espessura da camada de torta


Mantendo-se constante a quantidade de bagacilho adicionada, a espessura da camada de torta
dependerá principalmente da velocidade de rotação do filtro. Quanto maior for a velocidade de
rotação, mais fina será a camada de torta. O controle de velocidade de rotação do filtro utiliza um
variador de velocidade.
A espessura da camada de torta deve ser observada constantemente e corrigida sempre que
necessário para manter a espessura entre 7 e 10 mm.
Se a camada for grossa teremos elevada pol e umidade na torta. Com camadas finas temos redução
na capacidade do filtro, riscos de entupimento e caldo filtrado com elevada turbidez (baixa retenção).

A espessura da camada é influenciada por:


 Velocidade de rotação do filtro;
 Quantidade de bagacilho adicionada;
 Vácuo aplicado.

17) Qualidade do lodo


Em algumas ocasiões poderemos ter lodo diluído ou fino vindo dos decantadores, ocasionando
dificuldades para a formação da torta no filtro.

Para melhorar a operação do filtro podemos:


 Aumentar o pH do lodo para 7.5 - 8.0 adicionando leite de cal;
 Adicionar floculante;
 Ajustar a quantidade de bagacilho adicionado.

18) Limpeza dos filtros


Os filtros devem sofrer limpeza periódica. As usinas que programam paradas para limpeza dos
evaporadores devem limpar os filtros nestas ocasiões.
Para limpeza do tanque, após o filtro ter sido drenado, devemos operar o filtro com os bicos de
lavagem abertos e o tanque cheio com água quente durante uma hora.
Essa prática assegurará a limpeza de todos os componentes do filtro e reduzirá os gastos com
reparos.

19) Balões receptores de caldo filtrado


Os balões de caldo filtrado claro e turvo, por estarem ligados ao sistema de vácuo, não devem
apresentar vazamento de ar. A válvula quebra-vácuo deve funcionar corretamente. Qualquer
vazamento deve ser imediatamente eliminado.

20) Velocidade de rotação do tambor do filtro


A velocidade recomendada de rotação é 10 -15 rotações por hora e controlada por um regulador de
velocidade.
Velocidades excessivas proporcionam a produção de torta com espessura fina, e velocidades baixas
resultam em torta mais espessa. A velocidade deve ser ajustada em função da quantidade de lodo a
ser processada.

21) Umidade da torta


A umidade da torta deve ser inferior a 75%, o que irá depender do condicionamento do lodo,
quantidade de água adicionada, vácuo aplicado e tempo de secagem.
Vários estudos demostram que a quantidade ótima de água aplicada na lavagem de torta é 150%
(peso de água % peso de torta) e que valores maiores terão pouco efeito na redução da pol da torta.

FILTROS

LAVAGEM DA TORTA
A torta no filtro rotativo a vácuo é lavada com água para deslocar o açúcar contido nela. Os resultados
operacionais do filtro estão diretamente relacionados com a eficácia com que a água de lavagem
desloca o açúcar. A lavagem depende da aplicação uniforme de uma quantidade suficiente de água
sobre a superfície exposta da torta, para mantê-la molhada.
A lavagem pode ser feita por pulverização ou por gotejamento. A quantidade de água adicionada deve
ser suficiente para manter a superfície da torta com leve excesso de água. Água correndo sobre a
superfície destrói a torta, abrindo sulcos na camada de torta.
Para uma boa lavagem no filtro, é essencial que a água utilizada seja limpa e quente, a uma pressão
constante. Os condensados de aquecedores, vácuos e evaporação são boas fontes de água quente. A

temperatura da água deve ser superior a 80oC. Ela deve passar por um filtro (tela com abertura de
100mesh) para remover matéria estranha, que entupiria os bicos. A pressão da água deve ser superior
a 1kgf/cm2. Pressão variável da água faz variar a qualidade da pulverização e a quantidade de água
dos bicos aspersores.
O filtro de água deve ser inspecionado para observarmos a existência de entupimento. Se isto
acontece teremos a pressão e a quantidade de água diminuindo consideravelmente. O filtro deve ser
aberto, limpo e a tela deve ser trocada se necessário.

Bicos aspersores
Os bicos aspersores ainda são os mais indicados para a lavagem da torta.
Em certas ocasiões as saídas dos bicos aspersores de danificam ou desgastam necessitando
substituição.
Quando o filtro de água não recebe a devida atenção, os bicos podem entupir, alterando o formato dos
jato de água ou permitindo o gotejamento. Neste caso a lavagem da torta será prejudicada e poderá
ser deslocada da tela. Para que a lavagem e recuperação do açúcar sejam eficiente todos os bicos
aspersores devem funcionar corretamente. Os bicos podem ser limpos com jatos de ar.
É recomendado que as tubulações de água após o filtro e que sustentam os bicos sejam de aço inox.

Canaletas e gotejamento
Os tubos e canaletas de gotejamento devem ser nivelados para fornecer uma distribuição uniforme de
água em todo o comprimento do tambor. A distribuição uniforme é importante na recuperação do
açúcar da torta e deve receber a atenção necessária. Não devemos esquecer que a correta aplicação
da água é tão importante quanto a quantidade de água aplicada na lavagem.

Quantidade de água para lavagem


A quantidade ideal é de 150 - 200% do peso de torta produzida. Valores menores resultam em pol da
torta elevada e valores maiores pouco influem. Quando a água escorre sobre a superfície da torta, isto
é uma indicação de que a torta não aceita mais água. Logicamente este fato está relacionado com o
vácuo aplicado na lavagem e a permeabilidade do meio filtrante. Quanto maior for este vácuo maior
será a sucção de caldo filtrado.

PREPARO DO LODO

Correção do pH
Como foi descrito anteriormente a adição da quantidade e qualidade correta de bagacilho é de
fundamental importância para a boa performance do filtro rotativo a vácuo. No entanto somente isto
não é o suficiente.
O lodo deverá estar floculado para que no momento da filtração o caldo liberado do lodo esteja mais
limpo e as partículas em suspensão retidas nos flocos formados. Para que isto ocorra é fundamental a
correção de pH do lodo com leite de cal a valores na faixa de 8,0 a 8,5.

Adição de polímero
Muitas vezes a adição do polímero no lodo é dispensável quando o mesmo apresenta boas
características de filtrabilidade. No entanto, em outras vezes é grande a diferença na qualidade do
caldo filtrado (melhor retenção) e na polarização da torta quando se adiciona polímero. A dosagem

recomendada (2) é de 4 a 5ppm em relação ao lodo, o que representa aproximadamente 1ppm em


relação a cana. Polímero de baixo peso molecular e elevado grau de hidrólise são os mais

recomendados para adição no lodo (2).

Diluição do lodo
Tem sido prática comum em algumas usinas a diluição do lodo, com o objetivo de melhorar as
características de filtrabilidade do mesmo.

Foi observado que a diluição do lodo a nível de 2 a 3oBrix inferior ao Brix do caldo clarificado foi
suficiente para melhorar a floculação e consequentemente a filtração. Esta é apenas uma constatação
prática para alguns casos e não deverá ser tomada como regra geral.
Estudiosos no assunto como Lionnet (2) cita que para uma boa condição de filtrabilidade o lodo não
deve ter mais que 4% (em peso) de sólidos não fibra e esta é a razão de necessidade de diluição
eventual do lodo citado. Evidentemente a quantidade de fibra necessária deve ser paralelamente
observada como já foi citado no item 2.4.
A água utilizada deve ser água condensada com temperatura superior a 80ºC.

Recirculação de caldo filtrado no lodo

Attard (7) recomenda a recirculação do caldo filtrado no lodo em substituição parcial ou total da água
de diluição. Para a relação fibra/sólidos não fibra  0,5 uma taxa de 20% de recirculação de caldo
filtrado é tolerada.
Quando o lodo estiver muito concentrado recomenda-se a utilização do retorno de caldo filtrado
juntamente com água de diluição, de forma a manter o lodo com boas características de filtrabilidade.
Evidentemente a diluição é um dos fatores que auxiliam a filtração e deve estar associada à correção
de pH e adição de polímero conforme citado anteriormente.

Temperatura do lodo

É importante que a temperatura do lodo na alimentação do filtro seja superior a 80ºC (1), fato que
melhora a filtrabilidade pelas seguintes razões:
 Menor viscosidade de solução.
 Maior arraste das ceras e gomas que se solubilizam no caldo, impedindo que o filtro fique
"encerado".

Para isto é recomendado o isolamento térmico dos tanques de lodo.


Caso seja necessário o aquecimento, o mesmo deverá ser por serpentina e nunca por contato direto
para evitar a quebra dos flocos.
POL DA TORTA
Se a pol da torta estiver elevada o que devemos checar:

1) Vácuo aplicado
 Vácuo baixo: 7 a 10"Hg
 Vácuo alto : 18 a 20"Hg

2) Espessura de camada
Ideal: 7 a 10mm
A espessura da torta está ligada com vácuo aplicado na pega, bagacilho adicionado, a rotação do filtro
e concentração do lodo.

3) Bagacilho adicionado
Normalmente a adição de bagacilho varia de 3 a 6kg/TC.
Esta variação é grande devido as diferentes características do lodo a ser processado. Por exemplo,
lodo proveniente de um caldo peneirado em peneira fina exige muito mais bagacilho do que o lodo
proveniente de caldo que passa apenas por cush-cush (peneira). Outra grande variação é quando
existe período prolongado de chuva, onde o lodo é muito mais carregado de sólidos minerais. Nestes
momentos, para manter a relação de fibra ideal, maior ou igual a 0,35, é necessário adicionar mais
bagacilho.

4) pH do lodo
Para melhorar a filtrabilidade do lodo dever-se adicionar o leite de cal até pH na faixa de 8,0 - 8,5.

5) Adição de polímero
Por motivo semelhante ao da cal, o polímero ajuda a melhorar a filtrabilidade e porosidade da torta.
Deve-se usar polímero de baixo peso molecular na proporção de 4 a 5ppm em relação ao lodo (1ppm
em relação a cana).

6) Água de lavagem
 Valores encontrados: 100 a 200% torta.
 Valores superiores a 200% torta em geral não provocam mais queda significativa de pol e podem
reduzir a retenção.

 A temperatura da água de lavagem deve sempre ser superior a 80 oC. As razões são que a
solubilidade da sacarose aumenta com a temperatura e maior arraste das ceras.

7) Rotação do filtro
Quanto menor a rotação menor a pol devido ao maior tempo de lavagem.
 Valores encontrados: 10 a 30rph
 Valores recomendados: 10 a 15rph
2.11.2 Retenção de sólidos
A baixa retenção de sólidos pode estar relacionada com:
1) Falta de bagacilho.
2) Má qualidade do bagacilho.
3) Mistura inadequada do bagacilho com o lodo.
4) Excesso de água de lavagem.
5) Rotação excessiva (pequena espessura de camada filtrante).
6) Vácuo aplicado: vácuo elevado na pega (formação da torta) causa baixa retenção.
7) Má floculação.

UMIDADE DA TORTA
Se a umidade da torta for elevada deve-se checar:

1) Vácuo aplicado na lavagem/secagem


Quando maior o vácuo aplicado na lavagem/secagem menor será a umidade da torta.

2) Quantidade de água adicionada.

3) Porosidade da torta
Está relacionada principalmente com:
 Quantidade/qualidade do bagacilho;

−pHdolodo;¿}−Adiaode po limero;¿}¿ ¿ floculação

4) Espessura da camada
Está relacionada com:
 Vácuo aplicado na pega;
 Quantidade de bagacilho;
 Rotação do filtro;
 Concentração do lodo;

5) Tempo de secagem (alto vácuo)


Está relacionado com:
 Rotação do filtro.
https://pt.linkedin.com/pulse/filtra%C3%A7%C3%A3o-do-lodo-para-produ%C3%A7%C3%A3o-de-a
%C3%A7%C3%BAcar-bruno-francisco

Você também pode gostar