Você está na página 1de 1

Circuitos espaciais da economia urbana

Role a página para navegar.

Nesta seção, você vai conhecer algumas das principais ideias de Milton Santos sobre a
perspectiva dos circuitos da economia urbana.

Quando se menciona a palavra “economia”, no que você pensa?


O que você aprendeu sobre esse assunto quando estava nas aulas
de Geografia na escola?

Para muitas pessoas, as respostas estão atreladas à economia resultante da indústria, da


agricultura, das redes de comércio e serviços, ou até mesmo da bolsa de valores e dos bancos.
Mas, afinal, quais elementos são essenciais para compreender a complexidade deste assunto?

Milton Santos, ao longo de sua trajetória, desenvolve muitos conceitos importantes para
explicar e compreender o espaço geográfico em sua totalidade. Em suas reflexões, esteve
presente a discussão sobre os circuitos espaciais da economia, conceito essencial para entender
a organização territorial da produção e da circulação de bens e serviços como uma atividade
desigual, caracterizada por espaço e poder econômico.

Em seus debates, defendeu o papel


desempenhado por diferentes atividades e tipos
de empregos existentes nas cidades ao afirmar,
de forma categórica, o papel decisivo de
atividades como o artesanato, o pequeno
comércio, a prestação de serviços (ferrarias,
carpintarias, construção civil, corte e costura,
entre outras) e o comércio ambulante.

Ao considerar essas atividades como parte


integrante de um circuito econômico, o geógrafo
traz uma importante contribuição aos debates e
estudos sobre as cidades e suas economias em
seus respectivos contextos nacionais.

! Importante

Para Milton Santos, a economia pobre da cidade tem, por sua densidade, um papel
motor na economia urbana. Tal economia corresponde às atividades que permitem a
sobrevivência das pessoas que não têm acesso, de modo regular, aos bens de consumo
corrente considerados como o mínimo indispensável em uma certa sociedade.

Milton Santos queria chamar a atenção para o fato


de que havia uma diferença central entre os
processos de urbanização ocorridos em países
desenvolvidos e subdesenvolvidos. No primeiro
caso, as sucessivas revoluções tecnológicas
deram-se em um ritmo suave que permitiu às
cidades e às redes urbanas uma organização lenta.

Já no segundo caso, os fortes ritmos de


crescimento urbano, principalmente ao longo
das décadas de 1950 a 1970, determinaram uma
rápida e mais recente urbanização, marcada pela
intensa metropolização e periferização.

Para o geógrafo baiano, o processo de urbanização


nos países periféricos foi marcado pela
instabilidade, pela descontinuidade e,
principalmente, pela existência de enormes
diferenças de renda.

Saiba mais
As primeiras reflexões escritas do geógrafo sobre os circuitos
espaciais da economia urbana são desenvolvidas nos anos 70,
nas quais é possível destacar a influência de autores como
Furtado (1968), Kayser (1966), Marrama (1961) e Mckee (1970).

Como marco para a apresentação da teoria dos circuitos da


economia urbana, temos o livro “Les villes du Tiers Monde”,
publicado na França em 1971, que apresenta a teoria de
maneira mais sistematizada em sua última parte, em especial
no capítulo XVI (“Le double circuit de l’economie urbaine des
pays sous-développés”).

Na sequência, você vai conhecer como a modernização tecnológica


influencia os circuitos espaciais da economia.

Você também pode gostar